Relatório Final Cpi
Relatório Final Cpi
Relatório Final Cpi
SF/19193.51040-43
Comissão Parlamentar de Inquérito
CPI DE BRUMADINHO
E OUTRAS BARRAGENS
RELATÓRIO
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Julho de 2019
CPI DE BRUMADINHO E OUTRAS BARRAGENS
Composição
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Senadora Juíza Selma (PSL/MT)
Senadora Rose de Freitas (PODE/ES) (Presidente)
Senador Roberto Rocha (PSDB/MA) (Suplente)
Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil (MDB, PP, PRB)
Senador Dário Berger (MDB/SC)
Senador Jáder Barbalho (MDB/PA)
Bloco Parlamentar Senado Independente (PDT,CIDADANIA, PSB, REDE)
Senador Randolfe Rodrigues (REDE/AP) (Vice-Presidente)
Senador Jorge Kajuru (PSB/GO)
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Senador Carlos Viana (PSD/MG) (Relator)
Senador Otto Alencar (PSD/BA) (Suplente)
MENSAGEM DA PRESIDENTE
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pela Polícia Civil mineira, a tragédia de Brumadinho somava 246 mortos
identificados, enquanto 24 pessoas continuavam desaparecidas. Ou seja, 270
vítimas fatais.
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modelo.
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Pelo que tem sido revelado pelas investigações e pelos
depoimentos desta CPI, evidentemente esta não é a verdade.
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Não podemos mais tolerar tanta destruição em nome da
ganância de uns poucos, que não têm a menor consideração para com o seu
semelhante. Basta! Basta!
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Por fim, destaco que nosso trabalho não teria sido o mesmo sem
nosso incansável relator, Senador Carlos Viana, que trabalhou com afinco e
determinação para cumprir a pesada tarefa que lhe foi confiada. Sem o seu
empenho, certamente não teríamos chegado até aqui.
Por fim, agradeço aos meus Colegas, integrantes desta CPI, que
perseveraram até hoje.
Muita obrigada.
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Presidente da CPI de Brumadinho
e outras barragens
MENSAGEM DO RELATOR
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nada fosse feito, uma tragédia ainda maior aconteceria. Na tentativa de
despertar as autoridades para a iminente repetição do desastre, fiz esse alerta,
publicamente, em várias ocasiões.
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Algumas propostas aqui apresentadas podem ser consideradas
duras. Prefiro dizer que estão à altura dos fatos. E que, por serem incisivas e
claras, terão o poder de fomentar inovações e novos comportamentos por
parte de uma indústria que precisa se renovar para ser aceita pela sociedade.
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da CPI. Com sua experiência e sabedoria, a senadora Rose de Freitas
conduziu este Colegiado para um resultado de sucesso, em meio a tantas
pressões e expectativas.
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Sumário
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
1.1 Contexto da CPI................................................................................................... 10
1.2 Aspectos técnicos de segurança de barragens ....................................................... 29
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1.2.1 Tratamento (Beneficiamento) de Minérios..................................................... 29
1.2.2 As Barragens de Rejeitos de Mineração ......................................................... 37
1.2.3 Operação e Monitoramento de Barragens de Rejeitos de Mineração .............. 44
2 AUDIÊNCIAS DA CPI ............................................................................................. 56
2.1 Depoimento de Fábio Schvartsman ...................................................................... 56
2.2 Depoimentos de Alexandre Campanha, Makoto Namba, André Yassuda e Ana Lúcia
Yoda ........................................................................................................................... 71
2.3 Depoimentos de Cristina Malheiros e Renzo Carvalho............................................ 78
2.4 Depoimento de Gerd Poppinga ............................................................................ 90
2.5 Depoimentos de César Grandchamp, Felipe Rocha e Arsênio Negro Júnior ............. 97
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3.2 Barragem I: eventos e alertas ............................................................................. 175
3.3 Declarações de estabilidade: relações perigosas .................................................. 187
3.4 Gerência e direção: quem sabia e quem deveria saber......................................... 194
4 RECOMENDAÇÕES SOBRE REGULAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DE BARRAGENS .............. 206
4.1 Diagnóstico ....................................................................................................... 207
4.2 Recomendações ................................................................................................ 209
5 INDICIAMENTOS................................................................................................ 219
5.1 Sociedade de riscos e direito penal ..................................................................... 219
5.1. A relevância penal da omissão............................................................................ 220
5.2. Duas hipóteses gerais: risco moral e defeito de organização ................................ 222
5.3. Tolerância ao risco............................................................................................. 223
5.4. Defeito de organização ...................................................................................... 248
5.5. Sugestão de indiciamentos................................................................................. 259
6 PROJETOS DE LEI ............................................................................................... 268
6.1 Segurança de barragens de rejeitos de mineração ............................................... 276
6.2 Encargos e tributação do setor minerário............................................................ 298
6.3 Crimes ambientais ............................................................................................. 323
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7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................................... 336
ANEXOS ......................................................................................................................... 342
Anexo I – Requerimento de criação da CPI de Brumadinho e outras barragens................. 343
Anexo II - Projetos de Lei do Congresso Nacional sobre segurança de barragens .............. 346
Anexo III – Resumo do relatório da World Mine Tailings Failures sobre a tragédia de
Brumadinho ................................................................................................................. 371
1 INTRODUÇÃO
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(CPI) criada pelo Requerimento nº 21 de 2019 e aditada pelo Requerimento
197 de 2019, destinada a “apurar as causas do rompimento da barragem na
Mina Córrego do Feijão, da empresa de mineração Vale, em Brumadinho;
tendo como objetivo identificar os responsáveis, quais foram as falhas dos
órgãos competentes, os autores dos laudos técnicos e adoção das
providências cabíveis para evitar novos acidentes”.
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complexo industrial, casas e propriedades rurais, até atingir o rio Paraopeba,
a uma distância de nove quilômetros.
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Como se não bastasse a perda de vidas humanas, a tragédia
provocou ainda prejuízos incalculáveis para o meio ambiente. Os dados
preliminares divulgados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) indicam a perda de 133,27 hectares
de Mata Atlântica. Centenas de animais foram mortos ou recolhidos da
região, que perdeu cerca de 300 hectares de cobertura vegetal. Os rejeitos de
mineração atingiram o Rio Paraopeba, cuja bacia engloba 48 municípios,
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relação aos riscos provocados pelas barragens de rejeitos. No centro dessa
discussão encontra-se a Vale S/A, segunda maior mineradora do mundo, que
tem 133 barragens de minério de ferro no País, sendo 105 em Minas Gerais,
21 no Pará e sete no Mato Grosso do Sul.
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Rodrigues, situado logo abaixo do local de barramento. O volume de rejeitos
formou uma onda compacta de poluentes que ultrapassou a barragem de
Santarém, percorrendo 55km no Rio Gualaxo do Norte até o Rio do Carmo,
e outros 22km até o Rio Doce.
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Após o desastre em Mariana, em função de acordo feito com o
Ministério Público do Estado de Minas Gerais, a mineradora anglo-
australiana BHP, a Vale e a Samarco criaram a Fundação Renova, para
custear as reparações aos atingidos pela tragédia. Pelo cronograma, a
fundação tem até 10 anos para aplicar mais de R$ 4 bilhões em
compensações. As três empresas e seus representantes respondem a ações na
Justiça por homicídios e crimes ambientais.
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cidade em virtude da interrupção dos trabalhos de exploração da Mina
Córrego do Feijão.
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O histórico de acidentes recentes em barragens de mineração
(Herculano Mineração, Samarco Mineração, Mont Polley (Canadá) e
Vale S.A.) mostra que o modelo construtivo a montante era uma opção
para o setor, largamente adotada entre as décadas de 70 e 90, onde
proporcionava a edificação de barragens com menor custo ao
empreendedor.
Contudo, constata-se que este método não pode mais ser tolerado na
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principalmente as mais antigas, devem ter um tratamento diferenciado e
um monitoramento mais de perto até que sejam extintas. Tal situação
demanda alterações e inovações infra legais para que a sociedade esteja
salvaguardada.
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Os dados da ANA, relativos ao ano de 2017, publicados pela
Agência no Relatório de Segurança de Barragens, em novembro de 2018,
são alarmantes. Segundo o texto, o Brasil tem 31 órgãos fiscalizadores de
segurança de barragens. A consolidação dos dados produzidos por esses
órgãos leva ao registro de pouco mais de 24.000 barragens, destinadas aos
mais diversos usos, com predominância daquelas destinadas à irrigação, à
dessedentação animal e à aquicultura.
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das barragens cadastradas no sistema, além de informações relevantes sobre
a segurança das barragens no País.
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eram:
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instalação dos equipamentos.
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a Vale anunciou a eliminação de 10 barragens construídas por alteamento a
montante. No dia 15 de fevereiro, a ANM publicou uma resolução proibindo
a construção de novas barragens a montante e tornando mais rígidas as
normas de segurança. A ANM levou em conta que “existem atualmente
oitenta e quatro barragens de mineração construídas ou alteadas pelo método
a montante ou por método declarado como desconhecido na Política
Nacional de Segurança de Barragens – PNSB”, além de “218 barragens de
mineração classificadas como de alto dano potencial associado, ou seja, dano
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CONFEA/CREA e com experiência comprovada, estabelecer os fatores de
segurança mínimos para as barragens de mineração inseridas na PNSB,
independentemente do método construtivo adotado, com base na ABNT
NBR 13.028/2017, nas normas internacionais e nas boas práticas de
engenharia, sendo vedada a fixação em valor inferior a 1,3 para as análises
de estabilidade e estudos de susceptibilidade à liquefação, considerando
parâmetros de resistência não drenada.”
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No dia 8 de fevereiro, 239 moradores das localidades de
Socorro, Tabuleiro e Piteiras, em Barão de Cocais (MG), foram retirados de
suas casas por causa do registro de um possível desnível da estrutura da
barragem Sul Superior, da mina Gongo Soco, pertencente à Vale. No mesmo
dia, 65 moradores do distrito de Pinheiros, em Itatiaiuçu (MG), foram
evacuados em função do risco da barragem da mina de Serra Azul, da
empresa ArcelorMittal. As empresas alegaram que as operações de
evacuação foram preventivas.
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a Vale. Cabe ressaltar que a estrutura está inativa", assegurou a empresa em
nota.
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uma tragédia que deixou nove mortos e centenas de desabrigados, o
sentimento de dor ainda persiste naquela região.
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risco foi afastado pelas autoridades e a ordem de retorno às residências foi
dada. Mas a barragem efetivamente se rompeu. Uma onda cuja altura foi
estimada em 20 metros avançou rapidamente sobre a cidade e, além das nove
mortes registradas, houve graves danos socioambientais e sérios prejuízos
econômicos.
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colaboradores e para a sociedade. Também é correto afirmar que a redução
do risco em qualquer atividade humana é acompanhada, como regra, pelo
aumento do custo associado à atividade a ser desenvolvida, por conta de
legislações mais exigentes. Essa variação inversa, seja ela proporcional ou
não, aplica-se a todas as atividades de exploração econômica dos recursos
naturais. Em palavras simples: para diminuir riscos, em geral, é necessário
aumentar custos.
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fenômenos cada vez mais frequentes.
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No entanto, o conhecimento atual da engenharia já oferece
opções mais seguras para barragem de rejeitos de mineração, tais como os
métodos de beneficiamento de minério a seco, uma alternativa que permite
prescindir do uso de barragens de rejeitos ou, ao menos, diminuir o tamanho
e o volume dessas estruturas, que podem atingir impressionantes 100 metros
ou mais de altura.
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Essa combinação de falhas e deficiências fermentou um nefasto
processo que culminou na assombrosa tragédia de Brumadinho. Ainda sob a
perplexidade causada pelas desgraças causadas pela avalanche que devastou
os arredores de Mariana no final de 2015, Minas Gerais se viu diante de mais
uma tragédia.
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importantes entre elas. Nos projetos de hidrelétricas, por exemplo, utiliza-se
o conceito de cheia decamilenar, ou seja, calcula-se qual seria a maior cheia
estimada para o ponto de barramento considerado para um determinado rio,
para um intervalo de dez mil anos.
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Criou-se um emaranhado regulatório no qual é possível
encontrar – e nem sempre as distinguir entre si – atribuições dos órgãos
ambientais estaduais; do Ibama; da ANM; da ANA; dos órgãos gestores
estaduais de recursos hídricos; e da Aneel.
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Considerando as barragens classificadas pelo relatório citado,
quanto ao DPA e à Categoria de Risco (CRI), 723 possuíam tanto a CRI
quanto o DPA altos. Para o Brasil como um todo, o relatório da ANA de
2017 aponta que, do total de 24.092 barragens cadastradas, 13.997 (ou 58%)
possuem algum tipo de auto de autorização (outorga, concessão, autorização,
licença etc.), estando, portanto, regularizadas.
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básico de todas as entidades fiscalizadoras. Passados oito anos da publicação
da lei, os órgãos públicos ainda são incapazes de nos dizer qual é o universo
de barragens às quais se aplica a PNSB.
de risco alto ou com dano potencial associado alto, nos termos do Relatório
de Segurança de Barragens de 2017.
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esses órgãos, o histórico de seu desempenho e o modelo de gestão que
predomina em suas estruturas, seria muito otimismo esperar que sejam
capazes de fiscalizar 3.386 barragens até o fim do ano e, mais ainda, de
monitorar, até junho, 205 estruturas desse tipo que apresentem risco.
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Por exemplo, a mesma Vale das tragédias de Mariana e
Brumadinho possui uma estrutura que retém algo em torno de 110 milhões
de metros cúbicos de rejeitos. Essa barragem, denominada Gelado e
localizada em Carajás, é motivo de grande preocupação, uma vez que o
volume de material nela acumulado é muito superior à soma do que foi
liberado pelo rompimento das barragens de Mariana e de Brumadinho.
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Além disso, é atribuição constitucional do Congresso Nacional fiscalizar os
atos do Poder Executivo, o que inclui as providências das autoridades
competentes, no sentido de se evitar rompimentos sucessivos de barragens,
que causaram tanto dano aos cidadãos e às cidadãs de nosso País.
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Inquérito o poder de autoridade judicial. Entretanto, no que tange à
investigação, as CPIs sofrem restrições, não podendo, por exemplo,
determinar buscas e apreensões ou até mesmo prisões. Para vencer esse
obstáculo, a Comissão adotou a abordagem do compartilhamento de provas,
tendo tido acesso às investigações conduzidas pelo Ministério Público e pela
Polícia Federal.
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cuja magnitude exigiu a mobilização de um conjunto formado
majoritariamente por pesquisadores, acadêmicos e especialistas voltados
para a compreensão dos aspectos geológicos, mineralógicos,
socioambientais e da engenharia de barramentos, além, é claro, de outras
autoridades cujas responsabilidades institucionais conectam-se ao tema.
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Priorizamos a firmeza e a serenidade, sempre sustentadas pelo
conhecimento das normas que regem o setor e pelo respeito à vasta legislação
correlata, sempre amparados pela Carta Maior.
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abrangente compreensão do tema, consideramos, também, as proposições
legislativas que tratam dessa complexa temática e que tramitam nesta Casa
– bem como na Câmara dos Deputados. No Anexo I deste relatório estão
listados esses Projetos de Lei, os principais assuntos neles tratados e os
detalhes de suas tramitações.
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Vale. Essa etapa foi concluída com a presença dos Procuradores e
Promotores do Ministério Público, que esclareceram alguns aspectos
importantes para a compreensão do contexto da investigação.
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No capítulo 4 listamos algumas recomendações apresentadas
pelo Tribunal de Contas da União, em seus relatórios e acórdãos, quanto à
estrutura, recursos e forma de atuação da ANM, reconhecendo a capital
importância da Agência para garantir que o setor de mineração atue com
mais segurança.
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mas não menos importante, apresentamos propostas para tipificar os crimes
ambientais associados a esta tragédia.
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análise da entidade World Mining Tailings Failures sobre a tragédia de
Brumadinho, que trata em detalhes os aspectos técnicos envolvidos. A
WMTF é uma respeitada entidade internacional que analisa os mais graves
acidentes da mineração desde 1915.
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se mantém como uma das atividades econômicas de menor taxa de sucesso.
De fato, de cada mil iniciativas de pesquisa mineral em terrenos
desconhecidos, em média, apenas uma resulta em um empreendimento
economicamente viável.
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Com raras exceções, os elementos se apresentam combinados
na forma de minerais, i.e., substâncias naturais, inorgânicas, homogêneas e
com propriedades bem definidas. Os minerais agregam-se na forma de
rochas. Quando um dos minerais componentes da rocha possui valor
econômico, esta é chamada de minério. Os minerais que despertam interesse
econômico são chamados de mineral minério, ou, mais comumente apenas
de minério.
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ou física dos minerais presentes, mas adéqua o minério às etapas de
transformação mineral que se seguirão. Nestas, o elemento de interesse
comercial contido no minério é refinado (purificado) e transformado em um
produto, intermediário ou final.
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compostas, na sua maior parte, por uma única espécie mineral e com
granulometria adequada à técnica de separação escolhida.
1Adão Benvindo da Luz e Fernando A. Freitas Lins. Introdução ao Tratamento de Minérios. Disponível
em: http://mineralis.cetem.gov.br/bitstream/cetem/712/3/CCL00220010.pdf. Acesso em 15 de maio de
2019.
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Essa etapa também é conhecida como concentração, pois visa aumentar o
teor do elemento de interesse econômico no minério extraído na mina. A
título de referência, a Tabela 1 apresenta o teor médio de minérios de
elementos metálicos extraídos no Brasil. Quando os teores são mais baixos,
há maior geração de rejeitos. Assim, por exemplo, o mesmo volume de ferro
produzido resulta em maior volume rejeitos em Minas Gerais que no Pará.
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Níquel GO 1,46%
Ouro GO 0,000042%
Ouro MG 0,000086%
2Disponível em http://www.anm.gov.br/dnpm/publicacoes/serie-estatisticas-e-economia-
mineral/anuario-mineral/anuario-mineral-brasileiro/amb_2018.pdf. Acesso em 18 de junho de 2019.
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todas as possíveis técnicas de separação, suas variantes e características.
Vamos nos ater àquela mais utilizada para separação do minério de ferro no
Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais: a flotação.
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para aumentar a efetividade da separação, como o amido de milho e produtos
químicos diversos.
3 A presença de contaminantes na matéria -prima pode afetar a eficiência dos proces sos de
transformação mineral posteriores. Assim, é preciso balancear a recuperação e a concentração.
Aumentar a recuperação à custa do aumento do teor de contaminantes pode ser desvantajoso.
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Portanto, os produtos de saída da flotação são, de um lado, o
concentrado de minério e, do outro lado, o rejeito, ambos misturados com
água.
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Por fim, a torta é submetida à secagem, com uso de energia
térmica, para retirada da umidade residual.
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principais: i) granulado ou lump ore, entre 32 e 6,3 mm; ii) sinter feed, entre
6,3 mm e 0,15 mm; e iii) pellet feed, menor que 0,15 mm. Apenas o lump
ore pode ser empregado diretamente no alto-forno (equipamento das
siderúrgicas que transforma o minério de ferro em ferro-gusa). O sinter feed
e o pellet feed necessitam de passar por processos de aglomeração antes de
serem carregados no alto-forno.
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operação (consumo de energia) da mineração. Contudo, a filtragem só
compensa ser aplicada à sílica (areia). No caso da lama, como o material não
possui boa drenagem, em caso de chuva forte, transforma-se em polpa
novamente.
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Figura 1 – Fluxograma típico de tratamento de minério4 .
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de ferro não é considerado perigoso no que diz respeito à toxidez. Porém, se
despejado nos rios, ele aumenta a turbidez da água e sedimenta no fundo, o
que pode, respectivamente, tornar a água imprópria para consumo humano e
eliminar a fauna e a flora nesses cursos d’água.
4Adão Benvindo da Luz e Fernando A. Freitas Lins. Introdução ao Tratamento de Minérios. Disponível
em: http://mineralis.cetem.gov.br/bitstream/cetem/712/3/CCL00220010.pdf. Acesso em 15 de maio de
2019.
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1.2.2 As Barragens de Rejeitos de Mineração
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dias atuais, alcançou cerca 2,5 bilhões. Além disso, o teor dos minérios
extraídos caiu ao longo do tempo. No caso do cobre, o teor médio das minas
em produção no mundo caiu em 25% entre 2003 e 20135.
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mineração.
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rejeitos e provocaram 2.157 vítimas fatais 11. A partir desses dados
6 Disponível em
https://ore.exeter.ac.uk/repository/bitstream/handle/10871/34385/Kossoff_etal_Oct2014_AG_manusc
ript_accepted.pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acesso em 16 de junho de 2019.
7 Disponível em https://www.wsj.com/articles/brazils-samarco-disaster-mining-dams-grow-to-colossal-
em 17 de junho de 2019.
9 Disponível em http://www.anm.gov.br/assuntos/barragens/pasta -classificacao-de-barragens-de-
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/120814_relatorio_atividade_min
eracao.pdf. Acesso em 18 de junho de 2019.
11 Disponível em https://worldminetailingsfailures.org/. Acesso em 17 de junho de 2019.
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Tabela 2 – Maiores barragens de rejeitos de mineração por volume e por altura no
Brasil, ordenadas por volume decrescente12 .
Volume Altura
Barragem Município Estado Minério
(m3 ) (m)
Santo Antônio Paracatu MG Ouro 399.058.945,00 104,00
Pontal Itabira MG Ferro 226.957.900,00 69,00
Córrego Baco Pari Alto Horizonte GO Cobre 179.363.962,00 47,00
BL-1 Tapira MG Fosfato 170.000.000,00 91,00
Eustáquio Paracatu MG Ouro 148.349.348,00 94,00
Itabiruçu Itabira MG Ferro 130.751.697,30 71,00
Germano Mariana MG Ferro 129.590.000,00 163,00
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mineração no Brasil, precisamente 219, é classificado como de dano
potencial alto. Essa classificação decorre do potencial de perdas de vidas
humanas e dos impactos econômicos, sociais e ambientais provocados pela
ruptura dessas barragens. Muitas delas ficam em regiões com grande
população, o que explica a possibilidade de numerosas vítimas em casos de
rompimento.
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rejeitos e, infelizmente, registra-se também um histórico de acidentes graves,
conforme apresentado na Tabela 3.
Vítimas
Barragem Município Estado Ano Minério
Fatais
Fernandinho Itabirito MG 1986 Ferro 7
Rio Verde Nova Lima MG 2001 Ferro 5
Herculano Itabirito MG 2014 Ferro 3
13Disponível em https://tailingsdams.info/wp-content/uploads/2019/01/BE-090-Tailings-dams-R1-
Secured.pdf. Acesso em 17 de junho de 2019.
41
paulatinamente, à medida que ela vai sendo preenchida com rejeitos, novos
alteamentos são adicionados, o que dilui o custo de construção da barragem
ao longo da vida útil da mina.
SF/19193.51040-43
por meio do erguimento de um elemento estrutural – um maciço apoiado
sobre uma fundação, – transversalmente à direção de escoamento da água
nos vales, constituindo o dique de partida. Normalmente, o material utilizado
é solo compactado (nesta etapa, a mina não produz e, consequentemente,
ainda não há rejeito disponível para a construção da barragem). A partir do
dique de partida, serão erguidos, de forma sobreposta, os alteamentos.
Usualmente, o próprio rejeito, especialmente a fração mais grossa dele, é
utilizado como material de construção dos alteamentos.
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novo degrau, a crista avança para o interior da barragem, como representado
na Figura 2, daí o nome “alteamento a montante”.
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Figura 2 – Método de alteamento a montante, no qual os degraus acrescentados à
barragem apoiam-se sobre o rejeito.
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Neste ponto, podemos ressaltar outras diferenças entre as
barragens para acúmulo de água e as barragens de rejeitos de mineração. Nas
primeiras, há uma clara distinção entre o conteúdo, i.e., a água, e o material
do dique: concreto, terras ou rochas. O mesmo não ocorre nas barragens de
rejeitos, já que os alteamentos são usualmente construídos com o próprio
rejeito, ainda que drenado e compactado. Além disso, esse rejeito, em razão
da etapa de cominuição no processo de beneficiamento, possui propriedades
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beneficiamento é aspergida na barragem a partir da crista do maciço, como
mostrado na Figura 6. Próximo ao maciço, depositam-se as partículas mais
pesadas e maiores. Enquanto as partículas mais leves e menores são
carreadas em suspensão na água mais para o interior da barragem.
45
SF/19193.51040-43
Figura 6 – Deposição de rejeitos de mineração na barragem14 .
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14 Fonte: Tschuschke, Wojciech & Wróżyńska, Magdalena & Wierzbicki, Jędrzej. (2017). Quality control
for the construction of a tailings dam. Acta geotechnica Slovenica. 14. 3-9.
15 Fonte: Tschuschke, Wojciech & Wróżyńska, Magdalena & Wierzbicki, Jędrzej. (2017). Quality control
for the construction of a tailings dam. Acta geotechnica Slovenica. 14. 3-9.
46
SF/19193.51040-43
desestabilize o maciço, como será explicado na continuidade do texto.
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complexa. Por isso, é tão importante controlar o perfil geotécnico dos rejeitos
e as condições de drenagem na barragem. Especialmente no maciço e na
praia de rejeitos, onde são erguidos os alteamentos, como visto na Figura 8.
A praia de rejeitos contém um material heterogêneo e de elevada porosidade,
que demanda certo tempo para compactar-se. Por essa razão, o ritmo dos
47
SF/19193.51040-43
Figura 8 – Primeiro alteamento da barragem do Fundão 17 .
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da geologia do minério extraído, nas técnicas de tratamento do minério e na
forma de deposição do rejeito podem fazer com que haja variação das
propriedades do material de constituição entre um alteamento e outro.
SF/19193.51040-43
maiores e maior permeabilidade que a lama, sendo mais adequado para a
construção dos alteamentos.
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percola (passa pelos poros do material e fissuras existentes) o maciço. Essa
erosão interna provoca vazios dentro do maciço que vão concentrando o
fluxo de água e agravando a erosão. Os vazios ao se estenderem, podem
atingir o talude de jusante e permitir a vazão, de forma descontrolada, da
água. A erosão provocada pelo vazamento turbulento pode provocar o
rompimento do maciço.
SF/19193.51040-43
(poros) entre os grãos que o compõem. Ao ser submetido a uma carga, o
rejeito fofo tende a se compactar. Entretanto, se não houver como a água
possa ser drenada, i.e., o rejeito é de baixa permeabilidade, a compactação
faz com que pressão da água nos poros (poropressão) aumente e as forças
entre os grãos, que garantem a rigidez do rejeito, diminuam. No limite, o
esqueleto granular do rejeito perde a resistência, os grãos deslizam uns sobre
os outros e o rejeito e flui como um líquido. Essa perda de resistência se dá
no volume do material e não num plano, como ocorre nos deslizamentos de
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possíveis nascentes e do escoamento superficial das áreas em volta da
barragem. Já a perda de água se dá por meio da evaporação, infiltração pela
fundação, percolação pelo maciço, retirada para reaproveitamento e saída
pelos sistemas de drenagem e vertimento.
SF/19193.51040-43
estrutura. São monitorados principalmente a geometria (forma) do maciço e
o nível do lençol freático e a pressão da água intersticial (pressão
piezométrica, pressão da água nos poros do material) no corpo do maciço.
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os marcos na barragem e o marco fixo permitem medir as movimentações
do maciço.
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permite fazer o imageamento completo do alvo de forma constante e detectar
deformações menores que um milímetro em longos períodos de tempo. Os
radares podem ser posicionados próximos à barragem, mas também é
possível fazer o sensoriamento remoto a partir de satélites.
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de uma praia larga na barragem de rejeitos, visto que quanto mais larga a
praia, mais baixa tende a ser a linha freática, como mostra a Figura 9.
52
L.Freática
Lama
Dique de Partida
Rej.Arenoso
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a) Boa Prática
Rej.Arenoso
L.Freática
Lama Dique de Partida
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da água no maciço. Para fazer a medida, é inserido no tubo um sensor atado
à ponta de uma trena graduada. Quando o sensor entra em contato com a
água, emite um ruído (alguns equipamentos emitem um silvo, são
popularmente conhecidos como “pio”). Assim, sabe-se a distância do nível
d’água à boca do tubo. Como a altura (cota) da boca do tubo é conhecida,
pode-se calcular a altura do nível d’água.
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Entretanto, essa técnica envolve riscos que não podem ser
desconsiderados18. A perfuração para instalação dos drenos emprega jatos de
água com alta pressão. Esses jatos podem provocar o fraturamento hidráulico
do maciço e comprometer ainda mais a sua estabilidade.
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determinada profundidade do furo. Dessa forma, o nível de água no tubo vai
variar com a pressão piezométrica (resultante do peso da coluna de água
acima do ponto de medição) da água intersticial na profundidade das
ranhuras. O nível da água dentro do tubo pode ser medido da mesma forma
que no INA. Existem outros piezômetros mais sofisticados, como os
18Disponível em http://portaldamineracao.com.br/wp-content/uploads/2019/04/08-sergio-grillo.pdf.
Acesso em 22 de junho de 2019.
54
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chance de ocorrência de rompimentos.
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O número mais utilizado é 1,519, o mesmo valor adotado pela norma
brasileira (ABNT 13.028:2017) para condições normais de operação. Ou
seja, teoricamente, o maciço suporta cargas até 50% maiores que a carga real.
19Disponível em http://portaldamineracao.com.br/wp-content/uploads/2019/04/06-suzanne-
lacasse.pdf. Acesso em 20 de junho de 2019.
55
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c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
20Disponível em https://portaldamineracao.com.br/wp-content/uploads/2019/04/06-suzanne-
lacasse.pdf. Acesso em 22 de junho de 2019.
56
2 AUDIÊNCIAS DA CPI
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Fábio Schvartsmann, que era Presidente da Vale por ocasião do rompimento
da Barragem I da Mina Córrego do Feijão em Brumadinho (MG).
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relatórios que indicavam estabilidade e qualidade das barragens da empresa.
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Demonstrando conhecer bem o sistema e detalhes da empresa
que presidiu, mesmo em localidades distantes e de fatos que não foram
objeto de matérias jornalísticas – essa questão é crucial –, apontou que uma
denúncia anônima relativa a uma máquina enterrada de forma indevida no
Estado do Pará levou à demissão imediata de “todos os responsáveis: o
gerente da mina, o gerente executivo da região e o diretor da área”.
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barragens, tal como a alemã TÜV SÜD, afirmando que jamais imaginaria
que essas companhias poderiam ter emitido laudo em situação que não
houvesse real estabilidade. Não declinou, porém, os nomes das pessoas
responsáveis pela contratação das empresas, nem das pessoas que receberam
ou elaboraram os laudos.
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Houve intervenção do Senador Kajuru, para informar à
Comissão que, conforme números divulgados na noite anterior ao dia da 3ª
reunião da CPI, o lucro da Vale saltou 391% no quarto trimestre de 2018,
atingindo a marca de US$3,79 bilhões, superando as expectativas que eram
de US$2,63 bilhões. Portanto, ficou claro que a Vale tinha muito dinheiro
disponível para aplicação em segurança, o que infelizmente não foi feito.
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ele havia afirmado, nove meses antes da tragédia, que as barragens estavam
impecáveis e em estado de impressionante qualidade. Perguntou de forma
clara e objetiva ao depoente:
21http://www.vale.com/brasil/PT/investors/information-market/press-releases/Paginas/Vale-informa-
sobre-cria%C3%A7%C3%A3o-do-Comit%C3%AA-Independente-de-Assessoramento-
Extraordin%C3%A1rio-de-Seguran%C3%A7a-de-Barragens.aspx
59
SF/19193.51040-43
evitava apontar quem teriam sido os responsáveis pela tragédia.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
de apontar os culpados, dizendo que
local ou ele não sabia. Se fora informado desse fato após o desastre de
Brumadinho, poderia ter declinado na 3ª reunião da CPI o nome da pessoa
que deveria ter lhe passado essa informação, mas não o fez.
SF/19193.51040-43
estabilidade”, sem mencionar os responsáveis pela elaboração e pelo
recebimento dos tais “laudos”, como se “laudos” fossem produtos de geração
espontânea e não produzidos por seres humanos:
Quem fez? Quem assinou? Quem construiu? Por que foi lá? As
prefeituras que autorizaram? O Governo que não inspecionou? Os
técnicos que atestaram a viabilidade daquela construção?
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Como se vê, a resposta foi mais uma vez evasiva. Não se tratava
de aplicar uma pena criminal aos responsáveis – algo que cabe ao Judiciário
– mas sim dizer quem teria feito isso e aquilo. Não se tratava de uma
qualificação jurídica para os fatos, mas sim de uma descrição dos fatos.
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(Painel Independente de Especialistas em Segurança e Gestão de Riscos de
Estruturas Geotécnicas), que aconteceram em novembro de 2017 e em
outubro de 2018, conforme documentos fornecidos pelos investigadores da
força-tarefa em Minas Gerais. Os documentos especificavam claramente até
mesmo a quantidade de pessoas que iriam morrer se a barragem se rompesse.
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barragem desmoronar por liquefação estática e erosão interna. O risco de a
Barragem I era de 2x10-4 (isso equivale a um risco de 0,02%, é um risco
altíssimo dentro dos critérios técnicos). No final da apresentação, p. 247, o
Sr. Felipe Rocha diz algo muito emblemático "Todos os riscos com
probabilidades maiores que 10-4 por ano são agora incluídos na matriz de
riscos do negócio da Vale e apresentados ao grupo de diretores, ao presidente
e ao conselho de administração". Portanto, o risco da Barragem I era duas
vezes maior que esse limite.
62
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manual que:
“Se o senhor não foi informado, quem falhou em não infor mar
ao senhor?”
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Novamente sem apontar nomes, o depoente disse que jamais
teria chegado ao seu conhecimento, ou ao conhecimento da Diretoria, ou
conhecimento do Conselho, os relatórios mencionados pelo Senador Carlos
Viana.
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“O Juarez Saliba foi o camarada que eu trouxe para a Vale com o
objetivo de avaliar, entre outras coisas, a governança de barragens
da companhia. E, sim, foi ele que emitiu um relatório ”
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relacionados ao controle da barragem de Brumadinho. No depoimento,
Felipe Figueiredo Rocha afirmou que os riscos de operação na chamada
Barragem nº 1 foram discutidos em um painel interno com especialistas, do
qual participaram os diretores Silmar Silva e Lúcio Cavalli. Essa declaração
foi corroborada pelo gerente executivo Alexandre Campanha, que disse
ainda acreditar que os relatórios finais – nos quais se apresentavam
64
SF/19193.51040-43
das pessoas que morreram:
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administrativa debaixo de uma barragem com risco de desabar? ”
23 https://exame.abril.com.br/negocios/funcionarios-presos-da-vale-dizem-que-diretores-sabiam-de-
risco/
65
Ainda que assim não fosse, não é razoável que a Vale ficasse
inerte, simplesmente porque o licenciamento ambiental desejado tardava.
SF/19193.51040-43
Deveria a Vale tomar as providências para a desocupação imediata da área.
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Os laudos já mostravam que pelo menos 300 pessoas poderiam
morrer sem o alarme com as sirenes. A informação estava dentro
da sua empresa. Quem foi o responsável – e aqui eu retomo a
pergunta do Senador Otto – quem foi o responsável por não retirar
especialmente os seus colaboradores, os seus funcionários da
frente da barragem?
SF/19193.51040-43
inacreditáveis frases evasivas ditas pelo depoente como meio de não
responder às perguntas formuladas.
SÜD, que assinou o laudo, com base nos mesmos dados que a
Tractebel utilizou.”
SF/19193.51040-43
De forma incisiva e oportuna, afirma o Senador Kajuru:
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condenado por um crime culposo. A sua atitude omissiva se
encaixa perfeitamente na teoria do domínio do fato, o senhor tinha
obrigação de saber as coisas que o senhor está dizendo que não
sabe – "É da equipe tal, é da equipe tal", é não sei o que... Nada!
Nada o senhor sabe! E isso é típico, típico, e vai lhe levar por um
caminho muito perigoso.”
Não é possível sustentar que o depoente não sabia dos riscos das
barragens. Ele afirma expressamente:
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O depoente respondeu, novamente, de forma evasiva:
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“R$100 mil pareceu ser um valor significativo, tendo em vista a
renda média das pessoas que foram atingidas”
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R$58 milhões por ano é um valor alto. Trata-se de valor de mercado pago
para executivos do porte do depoente. E é assim exatamente porque esse
cargo importa responsabilidade, como expressamente afirmou o depoente.
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O Senador Kajuru perguntou de forma expressa:
SF/19193.51040-43
o depoente foi muito assertivo ao afirmar que o transporte de passageiros
continuava a ser feito por trens.
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desastre (ou crime) de Brumadinho, que expressamente afirmou receber
remuneração compatível com a responsabilidade do cargo.
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participação está diretamente ligada a conhecer as boas práticas
da empresa nos relatórios sem filtro. Então, o senhor aqui, nesse
conselho internacional, assumiu o compromisso de que conhecia
tudo o que estava acontecendo
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SÜD, obtiveram do Supremo Tribunal Federal (STF) habeas corpus
preventivo para lhes assegurar o direito de permanecer em silêncio durante
a audiência e assim permaneceram.
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última Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) da Barragem I da
Mina Córrego do Feijão, em setembro de 2018. O sr. André Yassuda foi o
responsável técnico pela Revisão Periódica de Segurança de Barragens
(RPSB), aprovada em março de 2018.
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“Trata-se de opinião técnica que exige prova do erro ou fraude,
não sendo possível a responsabilização objetiva pelo resultado
ocorrido.”
24HC nº 491.652, decisão monocrática proferida pelo Ministro Nefi Cordeiro, da Sexta Turma, no dia 4
de fevereiro de 2019.
73
SF/19193.51040-43
Isso foi afirmado pela engenheira Ana Lúcia Yoda, da empresa
Tractebel Engineering:
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
questão é relevante, como veremos adiante.
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Como se pode observar, o sr. Alexandre Campanha, embora
dizendo que não manteve nenhuma reunião isolada com funcionários da
TÜV SÜD, confessa que manteve contato com o sr. Makoto, engenheiro da
TÜV SÜD.
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A questão não estava até então muito clara. Indagada se a Vale
teria recebido um laudo da Tractebel Engineering concluindo que a barragem
não estaria mais segura, respondeu a engenheira Ana Lúcia Yoda
negativamente.
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Washington Pirete:
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outro.
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da elaboração dos laudos, com dolo ou culpa.
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“Existe uma área técnica operacional responsável pela segurança
da barragem. Essa área técnica tem os seus respectivos RTs, que
são pessoas que têm por atribuição cuidar da gestão de segurança
da barragem.”
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do restaurante seria o gerente operacional da mina, de nome
Alano Teixeira, que infelizmente veio a falecer no acidente.
Acima do Sr. Alano fica o gerente executivo da operação, de
nome Sr. Rodrigo Melo. E acima do Sr. Rodrigo Melo fica o
diretor de operação, de nome Silmar Silva.”
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Antes da oitiva dessas pessoas, ocorreu a exposição do Sr. Guilherme
Santana Lopes Gomes, representante da Agência Nacional de Mineração
(AMN). Embora não pertença à divisão de segurança de barragens, mas sim
chefie a divisão de recursos minerais, o Sr. Guilherme Gomes mostrou à CPI,
com vídeos e eslaides, o processo de rompimento da barragem.
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responsabilidade técnica (ART) de monitoramento da barragem era da Sra.
Cristina Malheiros, que trabalhava com a equipe de geotecnia operacional,
subordinada ao Sr. Renzo Carvalho.
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Como havia sido visto em depoimentos anteriores, os altos
escalões da Vale enfatizaram um suposto elevadíssimo grau de autonomia
dos engenheiros locais da barragem rompida no tocante a todos os
procedimentos para a segurança da barragem. A indagação, portanto, foi
diretamente ao “xis” da questão.
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tentar sanar essas irregularidades como ficou demonstrado em momentos
posteriores da CPI.
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teria a autonomia necessária para a gestão da segurança, como poderia não
saber de anomalias na barragem que vinham ocorrendo meses antes do
rompimento? Ou essa autonomia era fictícia ou a Sra. Cristina Malheiros
mentiu para a CPI. A resposta a essa questão seria dada pela própria Sra.
Cistina Malheiros em momento posterior nesta mesma audiência da CPI.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
conclusiva possível:
“Sim.”
Prosseguiu o relator:
“Sim.”
SF/19193.51040-43
Portanto, a Sra. Cristina Malheiros sabia dos problemas
existentes na barragem meses antes do rompimento, bem como dos
procedimentos adotados para tentativa de solução desses problemas.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
“Eu não era uma engenheira com funções decisórias de gerência.
Então, eu tinha um cargo técnico de prestar informações técnicas,
e essas informações eu sempre reportei aos meus superiores.”
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informações detalhadas a respeito de como foram a ANM e a diretoria da
Vale informadas a respeito do episódio referente ao 15º DHP.
Indagou o relator:
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tenho uma anomalia na barragem a qual eu não estou conseguindo
controlar. (…) O nível 6 ainda não é desse nível.”
César Grandchamp;
83
Renzo Albieri;
Alano Teixeira;
Marilene Lopes;
Paulo Abrão.
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Isso não significa, obviamente, que apenas essas pessoas
souberam do episódio. Escalões superiores também o sabiam, como ficaria
evidenciado em reuniões posteriores da CPI.
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problemas surgiram. Um deles foi o mau funcionamento dos piezômetros
(dispositivos que monitoram pressão da água na barragem), que registraram
leituras discrepantes e revelaram que havia problemas de leituras desde o dia
10 de janeiro até o dia do rompimento da barragem. Uma troca de e-mails
entre funcionários da Vale, da TÜV SÜD e da Tecwise, nos dias 23 e 24 de
janeiro de 2019, confirma que isso era de conhecimento da empresa, bem
como que cinco piezômetros simplesmente pararam de funcionar.
84
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barragem. O risco que isso causava foi também confessado pela depoente:
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ao meio ambiente. Seria natural que pessoas direta ou indiretamente
relacionadas a essa tragédia sentissem que poderiam ter feito algo para evitá-
la. É simplesmente humano sentir remorsos ou imaginar que algo, por
mínimo que seja, poderia ter sido feito de forma diferente. A depoente,
porém, afirmou textualmente o seguinte:
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sabiam e foram responsáveis pela tragédia. Esse sentimento foi bem
traduzido nas seguintes afirmações do Senador Jorge Kajuru:
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Embora respondendo negativamente, a Vale estava pagando a
presença dos advogados e toda a estratégia de defesa dos seus funcionários.
Exceção a isso foi com relação ao engenheiro Felipe Rocha, que foi ouvido
posteriormente, na 7ª reunião da CPI. Exatamente por não ter advogados
pagos pela Vale, ele apontou os nomes dos diretores que tinham ciência dos
problemas da barragem que viria a se romper.
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simplesmente mentir sem ser incriminada por falso testemunho.
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diagnósticos – e está aqui uma juíza – levam a Vossa Senhoria?”
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sentido que pudesse explicar o que aconteceu na Barragem 1 de
Córrego do Feijão. Excelentíssima, eu entendo que hoje toda a
Engenharia, todos os estudiosos dessa área se perguntam como a
gente vai trabalhar daqui para a frente. Todos nós buscamos
entender o que aconteceu na Barragem 1 de Córrego do Feijão.”
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romper, especialmente levando em consideração o incidente dos DHPs, o
relatório de junho de 2018 descrevendo os problemas e a questão da água
pressurizada.
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de folga e conseguiu sobreviver. Outros engenheiros estavam no
refeitório, quando da ruptura, e conseguiram escapar da onda.
Então, nós sempre trabalhamos acreditando na nossa capacidade,
trabalhando e acreditando que sempre fizemos o melhor e
acreditando na segurança da estrutura. Isso acho que responde
parte da sua pergunta. Além disso, quer dizer, o sentimento, nosso
sentimento de impotência é muito grande na medida em que a
gente não entende, não sabe quais são as causas da ruptura. E é
por isso, obviamente, que eu estou aqui para contribuir com o
máximo do meu conhecimento a respeito do assunto.”
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pela revisão periódica estavam em dia com o seu cumprimento.”
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O relator perguntou se o depoente havia estado em Brumadinho
e a resposta foi afirmativa. A respeito de quem seria o responsável pela
tragédia e poderia ter removido toda a estrutura, a resposta do depoente foi
mais uma vez evasiva, sem apontar nome de qualquer diretor ou superior
hierárquico:
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da questionável comunicação à ANM em nível de risco inferior ao devido, o
depoente confessou que conhecia o tema:
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A 6ª reunião da CPI de Brumadinho foi destinada à oitiva do Sr.
Gerd Poppinga, ex-Diretor-Executivo de Ferrosos e Carvão da Vale S.A,
subordinado diretamente ao ex-Presidente da empresa, Fabio Schvartsman.
Ambos estão afastados da empresa.
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Senador.
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Indagado por que não se indenizou ninguém até hoje, respondeu
simplesmente que existe um trâmite jurídico e existem dificuldades, sendo
responsável o advogado Alex D'Ambrosio e o diretor de sustentabilidade
Osório.
“Eu mantinha reuniões semanais com o meu Diretor Silmar Silva, c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
que é o responsável pelo Corredor Sul-Sudeste, e essas reuniões
semanais eram toda sexta-feira, umas 2h, junto com outros
operadores, outros diretores. A gente tratava de segurança, meio
ambiente e problema de produção, inclusive de barragens, e
nunca, durante essas reuniões, foi levantado qualquer problema
relacionado à Barragem B1.”
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“eu nunca deixei de passar nada ao Sr. Fábio Schvartsman sobre
este assunto.”
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Alencar:
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“Nós tivemos uma fatalidade que me botou esse indicador de
zero.”
“Zero?”
O depoente respondeu:
“Zero?”
O depoente respondeu:
“Sim”
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Indagado então se o presidente afastado da Vale, sr. Fábio
Schvartsman, também havia sofrido penalização no quesito segurança,
respondeu o Sr. Gerd Poppinga.
Nesse momento ficou claro por que o Sr. Gerd Poppinga não
poderia afirmar a inocência do presidente afastado da Vale, sr. Fábio
Schvartsman: as metas de segurança estabelecidas pela própria Vale para
94
SF/19193.51040-43
estabilidade.”
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Na audiência em que foi ouvida a representante da Tractebel,
empresa que fora substituída pela TÜV SÜD para elaboração do laudo de
estabilidade da barragem que veio a se romper, a questão já estava clara. Não
fosse o bastante, a afirmação do sr. Gerd Poppinga a respeito da possibilidade
de existir “conflito de interesse” excluiu qualquer possibilidade de dúvida.
“eu mesmo criei uma nova área dentro da Vale fora das
SF/19193.51040-43
operações, para haver neutralidade, que se chamava gestão de
barragens – uma espécie de primeira linha de defesa para, de uma
certa forma, auditar, uniformizar os critérios –, que é a área do
Alexandre Campanha, que responde ao Lúcio Cavalli. Então, essa
é a primeira linha de defesa. A própria Vale, depois, criou uma
segunda linha de defesa chamada GRN (Gestão de Riscos de
Negócio), aí, sim, ligada não à minha diretoria, mas ligada ao meu
colega e par, Luciano Siani, Diretor Financeiro, onde não
somente barragens eram analisadas, mas também todos os riscos
de negócios.”
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A diretoria sabia de tudo. Assim confessou o depoente:
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Quanto ao presidente afastado da Vale, Sr. Fábio Schvartsman,
vamos mais uma vez lembrar que, no tocante a qualquer relatório ou
documento relacionado à Barragem I, o Sr. Gerard Poppinga já havia
afirmado que:
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área técnica a respeito da segurança das barragens de forma regular. Mas
como funcionava esse mecanismo?
O depoente respondeu:
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Porém, antes de terminar a reunião, indagado pelo relator e pelo Senador
Jorge Kajuru, o Sr. Gerd Poppinga fez nova confissão: a Vale utiliza o
mecanismo dos “preços de transferência” por meio de sua advocacia
tributária:
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obtiveram habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para não
serem presos, poderem deixar de responder perguntas e não serem
incriminados por falso testemunho. Pode parecer desnecessário esse habeas
corpus para quem deseja responder às perguntas. Não é. Como testemunhas,
os depoentes teriam a obrigação de dizer a verdade. Como investigados,
situação conferida pelo habeas corpus, os depoentes poderiam omitir a
verdade ou simplesmente mentir sem sofrer incriminação por falso
testemunho.
98
SF/19193.51040-43
complexas e fui aconselhado a permanecer em silêncio aqui e eu
tendo a respeitar esse aconselhamento. Portanto, não vou
responder.”
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estava baixo e, por isso, recomendou algumas medidas de segurança,
incluindo a instalação de drenos, chamados de DHPs (Drenos Horizontais
Profundos). Durante a instalação dos drenos, teria havido um evento,
chamado “fraturamento hidráulico”25, que teria colocado a barragem em
risco. Mais: o Sr. Arsênio Negro teria afirmado que os DHPs, são “uma coisa
temerária”, uma vez que poderiam induzir rompimentos. A instalação de
25Para colocação de drenos, o maciço da barragem é perfurado com um jato de água com alta pressão.
Durante o processo, há o risco de a água penetrar em fissuras preexistentes no maciço e aumentá -las ou
de formar novas fissuras. Como resultado, a resistência mecânica do maciço é reduzida.
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SF/19193.51040-43
trata apenas de um potencial culpado que se recusa a falar: há fatos alegados,
há fatos suficientemente provados e o depoente não quis se defender, seja
para negar a ocorrência dos fatos ou melhor esclarecê-los, seja para negar
sua responsabilidade por esses fatos.
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no STF e permanecer em silêncio.
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A questão da relevância do pagamento do advogado estar sendo
feito pela Vale (e não por cada empregado ou diretor da Vale ouvido pela
CPI) iria ficar mais clara por ocasião do depoimento do Sr. Felipe Rocha,
que veremos adiante.
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acompanhar algumas dessas auditorias.”
SF/19193.51040-43
informações, o depoente respondeu:
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estudos da TÜV SÜD, 1,09. E também se discutiu quais seriam
as maneiras possíveis de serem feitas na barragem para que
melhorasse esse fator de segurança. Então, foi uma reunião
técnica, onde prevaleceu o valor do fator de segurança de 1,09 da
TÜV SÜD, que foi o valor que foi colocado no certificado, no
atestado de estabilidade.”
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discutidos no descomissionamento, como poços na superfíc ie
mesmo, aberturas de pequenos poços e bombeamento. ”
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Em vez que determinar a evacuação da área – o que importaria custos – a
Vale optou por correr o risco. Assim afirmou o depoente:
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ocorridos a partir de 10 de janeiro de 2019, respondeu o depoente:
“Eu não tinha conhecimento dos e-mails trocados no dia 21, 22,
23 sobre outras anomalias detectadas em instrumentos. Naquele
momento, o delegado me perguntou o que eu achava daquilo. Eu
disse: "Olha, é inadmissível uma coisa dessa. Primeiro, se isso
fosse real, a primeira providência que deveria ter sido tomada era
a ida ao campo, esquecer a automação, ir ao campo, retirar o
instrumento...”
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reservatório dos rejeitos contidos pela barragem, demonstrando que havia
dificuldade na absorção da água, o que indicaria a saturação desse
reservatório e consequente aumento da pressão.
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as pessoas culpadas pelo rompimento da barragem motivou a seguinte
pergunta do Senador Jorge Kajuru a respeito da personalidade do depoente:
“O Artur e a Cristina.”
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O depoente seguinte foi o Sr. Felipe Rocha. Também
acompanhado por advogado, mas que não pediu habeas corpus perante o
STF para omitir a verdade para ser ouvido como investigado e não como
testemunha.
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No caso do Sr. Felipe Rocha, a estratégia não seria defender os interesses da
empresa patrocinadora.
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comunicado em relação aos riscos da Barragem 1. (…) O que me
causa incômodo é esperar que um funcionário que está no nível
mais baixo da empresa consiga definir o conteúdo de uma
apresentação para um presidente de uma empresa do porte da
Vale e também fazer acreditar que ir à Ouvidoria seria mais
eficiente do que apresentar isso para toda a gerência de geotecnia
operacional, para a gerência corporativa, para o meu gerente -
executivo, para diretores e para a própria auditoria da empresa,
que seria mais eficiente ir à Ouvidoria do que apresentar essas
informações para todas essas pessoas.”
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resumo das decisões do painel. Nessa reunião de fechamento,
estavam presentes o Diretor Lúcio Cavalli e o Diretor Silmar
Silva.
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realizado em novembro, sendo que o Relatório de
Sustentabilidade da Vale, assinado pelo Presidente, menciona que
a Vale utiliza o painel de especialistas para tratar de barragens.
Então, esses pontos é que me fazem afirmar que os riscos da
Barragem 1, apesar de não serem riscos iminentes – eram riscos
possíveis –, foram apresentados tanto para a diretoria quanto para
a diretoria executiva.”
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à diretoria da Vale. O relator, contudo, insistiu para que o depoente se
manifestasse novamente a respeito dessa crucial questão.
Indagou o relator:
Respondeu o depoente:
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Essas informações eram de toda publicidade dentro da geotecnia
da Vale e nos níveis de diretoria.”
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de campo para identificar e projetar medidas complementa res
mais eficientes, tais como bermas e mineração de rejeitos, caso se
mostrem necessárias, a fim de reduzir o risco atual. Mas,
enquanto isso, os esforços têm que continuar no sentido de reduzir
o atual nível da superfície freática através de drenos horizontais e
outras soluções de drenagem. A opinião do painel é que a
mineração do rejeito é viável, embora seja necessária uma
engenharia detalhada adequada’.”
Silmar Silva;
Antonio Padovezi;
109
Josimar Pires;
Lucio Cavalli;
Joaquim Toledo;
Diogo Monteiro;
Fabricio Cardozo;
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Alexandre Campanha;
Karina Rapucci;
Fernando Carneiro
Rodrigo Chaves;
Renzo Albieri;
Ednelson Presotti;
Eudes Friguetto;
Alessandro Resende;
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que veio a se romper. Isso constou também do corpo do e-mail, tal como lido
pelo Sr. Felipe Rocha na audiência da CPI.
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O mesmo raciocínio se aplica ao diretor executivo Gerd
Poppinga, ao qual os diretores Lúcio Cavalli e Silmar Silva estão
subordinados, bem como ao diretor executivo Luciano Siani, ao qual o
Comitê Executivo de Riscos está ligado.
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No que se refere ao cumprimento de metas para recebimento de
bônus, o depoente fez um importante corte, explicitando que apenas a partir
do nível de gerência há metas individuais:
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Pirete, que trabalhou durante muitos anos nessa estrutura e
conhecia como ninguém essa estrutura, como engenhe iro
geotécnico, um especialista que reporta ao Alexandre Campanha;
a mãe seria a Cristina Malheiros, que é a engenheira geotécnica
responsável pela inspeção e monitoramento.”
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corpus (para omitir a verdade e não responderem por falso testemunho), no
sentido de que “desconheceriam” ou que “não teriam sido informados” dos
riscos, não se sustenta. Todos sabiam dos riscos porque foram
comprovadamente informados. Mesmo que não soubessem, tinham a
obrigação funcional de conhecê-los.
112
SF/19193.51040-43
A oitiva da Sra. Marilene Lopes começou com uma indagação
do Relator, no sentido de confirmar se a depoente havia enviado o e-mail à
diretoria da Vale, mencionado e apresentado na 7ª audiência da CPI pelo Sr.
Felipe Rocha. Nesse e-mail, a Sra. Cristina Malheiros encaminhou o
relatório de conclusão do Painel Independente de Especialistas em
Segurança e Gestão de Riscos de Estruturas Geotécnicas (PIESEM),
realizado nos dias de 1º a 5 de outubro de 2018, do qual constou exposição
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Contudo, a depoente afirmou que não recebeu resposta a esse e-
mail, exceção feita ao Sr. Alexandre Campanha, pessoa já mencionada várias
vezes e ouvida nesta CPI:
painel exatamente feito para que quem cuida do dia a dia da segurança das
estruturas”, como muito bem afirmou a depoente.
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depoente disse que ela e todos os “donos” (ela se refere ao “dono” do risco,
expressão usada na 7ª audiência desta CPI) e os responsáveis pela gestão da
segurança da Barragem I tinha a mesma ciência:
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responsabilidade técnica específica para a gestão de segurança da
barragem. E só esse geotécnico que conhece a barragem no dia a
dia pode identificar uma situação de risco iminente.”
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que eu tenho.”
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que também ao diretor Lúcio Cavalli foi enviado o e-mail.
26Nas notas taquigráficas, consta, por erro, “Lúcio Carvalho” e não “Lúcio Cavalli”, que é o Diretor de
Planejamento de Ferrosos, subordinado ao diretor executivo Gerd Poppinga.
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depoente:
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as informações para quem poderia agir:
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o Sr. Renzo Albieri.”
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Albieri (gerente de geotecnia) e abaixo do Sr. Renzo Albieri está a
geotécnica Cristina Malheiros.
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ocasião.
27Nas notas taquigráficas, consta a palavra “notação” em vez de “anotação” e “RT” em vez de “ART”,
que significa anotação de responsabilidade técnica.
118
SF/19193.51040-43
Gerd Poppinga, a depoente, Sra. Marilene Lopes, não afirmou que o Sr.
Fábio Schvartsman era inocente. A resposta foi a seguinte:
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e 2018 (novembro de 2017 e outubro de 2018), e, além disso,
apresentamos no Subcomitê Operacional de Gestão de Riscos,
que é um subcomitê corporativo da gestão de riscos corporativa,
e no Comitê Executivo de Riscos, que também é da gestão
corporativa, liderada pelo Diretor Luciano Siani”
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que está alertando para alguma coisa sobre a barragem”) e indagou à
depoente o que ela fez. A resposta foi a seguinte:
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PIESEM. A depoente afirmou:
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que não havia “risco iminente” (expressão usada diversas vezes). Disse a
depoente:
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foi feito no meu trabalho, de tudo que eu poderia contribuir.
Sentei várias horas, não sei aqui afirmar para o senhor quantas
horas foram, mas fiz várias discussões e avaliações para trazer as
informações corretas aqui para os senhores.”
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proposta por esta empresa Pimenta de Ávila Consultoria. Esse
documento, eu posso afirmar, chegou até o nível do meu gerente
executivo. Daí para cima, eu não sei afirmar se ele foi distribuído
para os outros níveis hierárquicos.”
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procedimento em curso e não se pode afirmar a inocência (ou culpa) de
qualquer pessoa.
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pela avaliação se esse risco está dentro ou não de algum nível de
emergência, pelo acionamento do Plano de Ação Emergencial é
exclusiva de cada geotecnia operacional que está no campo.”
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morreram. A resposta foi a seguinte:
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processo relativo ao caso. Acrescentou, ainda, que não foi submetido à
investigação interna na Vale por conta do acidente de Mariana.
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superior hierárquico do Sr. Alano Teixeira, gerente da Mina Córrego do
Feijão, falecido no acidente. O depoente encontrava-se no exterior por
ocasião do evento, na sexta-feira (25 de janeiro de 2018). Retornou
imediatamente ao Brasil quando soube do ocorrido e assumiu função na
equipe de emergência ainda naquele final de semana. Na segunda-feira
seguinte, prestou pêsames à família do subordinado. Afirmou estar falando
a verdade e que poderia ter morrido no acidente, pois seu local de trabalho
era no escritório soterrado pela lama.
124
SF/19193.51040-43
Quando confrontado pelo Senador Kajuru com as declarações
de seu superior na Vale, o Sr. Silmar Silva, de que tinha poderes para ordenar
a evacuação da mina e a remoção de todas as instalações, o depoente afirmou
que, se houvesse o risco iminente de ruptura da estrutura noticiado pela área
técnica, teria iniciado as ações do PAEBM (Plano de Ação de Emergência
para Barragens de Mineração). Como não havia notícia desse risco, não o
fez. Além disso, no dia do rompimento não estava na mina.
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desde os anos 70.
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depoente disse não ser responsável pelas palavras do Sr. Felipe Rocha.
Alegou o depoente que a Barragem I era uma estrutura paralisada, que a
atribuição de fazer o monitoramento, o controle, a auditagem, a inspeção
era de uma área técnica que não era a minha atribuição (dele).
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unidade em Brumadinho. A minha ART é uma ART de gestão de lavra, não
é uma ART de gestão da Barragem B1, porque ela estava paralisada. É isso.
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O depoente disse não poder responder, pois não era sua
atribuição cuidar da barragem desativada e sequer tinha especialidade em
geotecnia. Disse também que esse assunto jamais fora discutido com ele.
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Na sequência, disse que agiria da mesma forma se pudesse voltar no tempo
(antes do rompimento da barragem) e que tinha orgulho de sua vida
profissional de 25 anos na Vale.
Perguntado, mais uma vez, pelo Senador Carlos Viana sobre sua
atribuição na Vale, o depoente afirmou ser gestão operacional da lavra, do
tratamento e do embarque (do minério de ferro).
SF/19193.51040-43
uma página de relatório, produzido pela TÜV SÜD em conjunto com a Vale,
entregue à Agência Nacional de Mineração (ANM). No slide, o Sr. Rodrigo
Melo é apresentado como “Gerência. Responsável Técnico pela Gestão
(ART)”. Gerente Geral do complexo ou mina.
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Gerência [ou seja, os responsáveis diretos por toda a operação,
inclusive da barragem]:
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Retornando ao slide apresentado, o depoente reafirmou que sua
ART era de gestão do complexo e não envolvia a Barragem I porque ela
estava parada. O responsável pela Barragem I, aquele com ART de operação,
manutenção, monitoramento e inspeção, seria o Sr. Lúcio Mendanha,
falecido no acidente. A ART de monitoramento e inspeção também seria da
Sra. Cristina Malheiros.
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quórum, de requerimento de acareação de funcionários e dirigentes da Vale.
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que essa informação, ao circular pelos escalões administrativos da Vale, não
tivesse passado por ele.
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a) edifícios, construções, máquinas, aparelhos e instrumentos
destinados à mineração e ao beneficiamento do produto da
lavra, desde que este seja realizado na área de concessão da
mina:
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declarações do Sr. Rodrigo Melo, de que não acompanhava a situação da
Barragem I e dela nada sabia, fica evidenciada também pelo esforço que a
Vale realizou para licenciar o reaproveitamento de finos de minério contidos
na barragem. Ora, a barragem B1 era um ativo valioso para a Vale e passaria
a ser explorada economicamente em breve, se não tivesse ocorrido o
rompimento. A Vale, por exemplo, instalou um radar interferométrico, um
equipamento sofisticado e caro, para acompanhar possíveis movimentações
do maciço da barragem B1. Assim, no mínimo, seria desidioso que o gerente-
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Nessa hora, não faz sentido pensar em realocar estruturas, operação que
levaria meses. É caso apenas de retirar as pessoas da zona de inundação o
mais rápido possível.
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independia de ser “estartada” pela equipe técnica, como alegou o Sr. Rodrigo
Melo; poderia, isso sim, ter sido tomada por iniciativa própria, na condição
de gerente-executivo da mina, se ele a considerasse necessária.
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o depoente pode omitir a verdade ou simplesmente mentir sem cometer o
crime de falso testemunho.
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adjetivo e encaminhei ao nosso consultor interno, Armando
Mangolim.”
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vários engenheiros, da Vale e da TÜV SÜD, apontando para os riscos da
Barragem I. O depoente respondeu:
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“Se ele tivesse ciência de que houvesse uma mudança no estado
de conservação da barragem e o geotécnico o reportasse e o
avisasse de que existia essa necessidade, ele reportaria.”
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forma abrupta. O depoente, porém, afirmou que a Barragem I não teria dado
qualquer sinal de problema: o habeas corpus lhe concedeu o direito de fazer
essa afirmação sem cometer o crime de falso testemunho. Na verdade, como
vimos nas audiências anteriores, há farto material probatório no sentido de
que problemas existiam e eram de conhecimento do depoente e da diretoria
da Vale.
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“Alguém diz que não vai assinar um laudo. Efetivamente, isso é
sobre o seu trabalho, está sob sua responsabilidade profissio na l
técnica. Quando alguém disse "não vou assinar o laudo", isso não
o incomodou, não o afligiu na sua responsabilidade profissiona l?
"Não vou assinar o laudo" não acendeu um sinal de alerta? "Puxa,
por que será que ele não vai assinar o laudo? Tenho que ver isso.
Pode ter, nesse quadro, alguma anomalia. Eu preciso procurar".
SF/19193.51040-43
seu nome. (…) eu fico numa dúvida: o senhor aqui, neste
depoimento, quer nos fazer crer que a pessoa de cargo mais alto
na geotecnia operacional simplesmente não existe? Ou existe?”
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“Ele não deixou de informar nada sobre a barragem.”
cautelarmente preso porque teria feito “pressão” para que o laudo da empresa
TÜV SÜD fosse favorável à estabilidade da Barragem I.
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sudeste, nos seguintes termos:
SF/19193.51040-43
Mariana, mas, lamentavelmente, somente depois do acidente de
Brumadinho, verificou-se que seria necessário avançar mais em termos de
segurança. Assim, a ANM editou a Resolução nº 4, de 2019, que proibiu
barragens de rejeitos alteadas a montante e estabeleceu prazo para o
monitoramento permanente e automatizado das barragens com dano
potencial alto, entre outras medidas.
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portanto, estavam interditadas. Perguntado sobre como a ANM estava
lidando com essa situação, o Sr. Victor Bicca esclareceu que os
empreendimentos estavam interditados, mas que cabia às empresas executar
as ações de manutenção para obter o laudo de estabilidade.
SF/19193.51040-43
automatizado de recebimento e análise de dados, permite ranquear as
barragens em termos de criticidade e, dessa forma, direcionar a fiscalização.
Somente no ano de 2019, 140 barragens foram vistoriadas, algumas mais de
uma vez, totalizando 250 vistorias.
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rompimento da barragem B1. O Sr. Victor Bicca afirmou que há uma
investigação em curso e que aguardará os resultados para se manifestar, mas
que provavelmente há culpados.
29 Nos solos saturados, a pressão da água no solo é um parâmetro importante para a resistência mecânica
do material. Se a pressão for muito alta, a água infiltrada ocupa os espaços entre os grãos do solo
(percolação) e reduz o contato (atrito) entre eles. Dessa forma, a resistência mecânica do solo é reduzida.
No caso extremo, pode ocorrer a liquefação, isto é, o filme de água entre os grãos faz com que o solo
perca a resistência ao cisalhamento (os grãos perdem o contato entre si e deslizam uns sobre os outros
deslizando no filme de água) e o solo comporta -se como um líquido. A liquefação interna é uma das
principais causas da ruptura em barragens de rejeitos de mineração. Foi o mecanismo que provocou a
falha da barragem do Fundão, em Mariana, e, muito provavelmente, a falha da barragem B1, em
Brumadinho.
139
SF/19193.51040-43
do antigo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), uma
autarquia, na ANM, uma agência reguladora, representou um avanço.
Contudo, o desastre de Brumadinho ocorreu logo após a constituição da
ANM, trinta ou sessenta dias depois, quando ainda se cuidava dos aspectos
práticos da transição do modelo de autarquia para o modelo de agência
reguladora. Além disso, a ANM sofre com restrições orçamentárias,
recebendo menos de 1% dos 7% da Compensação Financeira pela
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a própria Vale anunciou que pretende investir R$ 11 bilhões no
beneficiamento a seco.
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Perguntado pela Senadora Rose de Freitas sobre quem
fiscalizou os alteamentos (13 no total) da Barragem I, o depoente afirmou
que foi (deveria ser) o CREA (Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia), o órgão responsável pela fiscalização do exercício da profissão
da Engenharia, juntamente com o órgão estadual ou municipal responsável
pelo licenciamento ambiental. Para concluir sua resposta, o Sr. Victor Bicca
informou que a ANM fiscaliza e aplica multas quando necessário, mas o
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técnico-científica dos dados e a alta complexidade da questão, poderia
desnecessariamente semear preocupação na sociedade.
30O dreno horizontal profundo, ou DHP, é utilizado para drenagem localizada de camadas ou feições do
maciço geológico. É perfurado com uma pequena inclinação para permitir o escoamento da água por
gravidade. O dreno geralmente é constituído por tubos e filtros de PVC geomecânicos, que retêm as
partículas do solo, mas permitem a saída da água.
141
SF/19193.51040-43
de rejeitos, o depoente afirmou que é preciso atentar para a viabilidade
econômica, mas a tendência é aumentar progressivamente as exigências no
que tange à disposição e reaproveitamento de rejeitos nas concessões de
lavra.
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rejeitos e se a ANM não deveria ser consultada.
SF/19193.51040-43
A Senadora Rose de Freitas perguntou se a mudança no
licenciamento ambiental rebaixou os riscos das barragens (de rejeitos). O
depoente respondeu que a classificação de risco de barragens (de rejeitos)
cabe à ANM. A Senadora redarguiu que se referia ao que a Vale deveria
informar dentro do processo sobre segurança. O depoente informou que o
projeto não envolvia a construção ou aumento da barragem, nem a disposição
de rejeitos, mas apenas o reaproveitamento de rejeitos. Por isso, o
licenciamento poderia ser mais simples. O fato de o licenciamento ser
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considerava que a ANM deveria ser consultada. Acrescentou que o ato
normativo não é da Secretaria de Estado, mas do Conselho Ambiental de
Política Ambiental, e que desconhecia em que bases se deu essa discussão
visto que o Conselho é presidido pelo Secretário Adjunto e ele próprio não
participou do processo.
SF/19193.51040-43
falhas e o que pode ser feito no futuro, o depoente disse ser favorável ao
acompanhamento em tempo real das barragens, à formação de um cadastro
de auditorias junto ao órgão regulador para garantir maior independência a
essas empresas, à descaracterização das barragens alteadas a montante, mas
dentro de premissas técnicas que garantam a segurança, e ao
reaproveitamento de rejeitos. O depoente lembrou que técnicas de
beneficiamento a seco também geram rejeitos, que devem ser empilhados e
monitorados.
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Depois de externar suas preocupações com as alterações no
licenciamento ambiental, a senadora Rose de Freitas encerrou a 11ª Reunião
da CPI de Brumadinho.
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geotecnia da ANM ficarão assoberbados com o grande número de problemas
com barragens de rejeitos revelado após o desastre de Brumadinho e, assim,
não terão condições de repensar estrategicamente a forma de fiscalização
dessas estruturas.
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Quanto à oitiva do Sr. Germano Vieira, nota-se o intenso
questionamento sobre o licenciamento concomitante do reaproveitamento de
rejeitos da Barragem I. Sem entrar no mérito dessa modalidade de
licenciamento, nos parece que não é possível traçar uma relação causa e
efeito entre a forma do licenciamento e o rompimento da barragem,
sobretudo porque as operações de retirada de rejeito não chegaram a ser
iniciadas.
145
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do aproveitamento dos rejeitos da barragem, negligenciasse (mais) a
segurança da estrutura.
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2.10 Depoimentos de Antônio Tonet, Andressa Lanchotti e
Helder Silva
SF/19193.51040-43
no caso, ao reunir, no mesmo dia da tragédia, dez ou mais instituições para
a criação de uma força-tarefa interinstitucional: Ministério Público de Minas
Gerais; Ministério Público do Trabalho; Ministério Público Federal;
Defensoria Pública de Minas Gerais; Defensoria Pública da União; AGE;
AGU; Polícia Militar; Polícia Civil e Defesa Civil. Foram, então, criadas três
frentes de atuação: um núcleo socioambiental, um núcleo socioeconômico e
um núcleo criminal.
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das investigações, faltam ainda alguns laudos periciais, mas em pouco tempo
uma denúncia será apresentada à Justiça.
SF/19193.51040-43
Em seguida, Dr. Helder Silva explica, à luz de teorias mais
recentes, como a Teoria da Imputação Objetiva, que é preciso analisar a
observância, nas atividades de risco, do dever objetivo de cuidado. Há
situações em que a omissão é penalmente relevante, quando o sujeito tinha o
dever objetivo de cuidado.
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documentos, entre os quais constava um documento, produzido pela Vale,
apontando dez barragens que estariam na chamada “ALARP Zone”, a zona
de atenção. Sabendo que, dentre as dez, duas barragens (B1 e B4) já haviam
colapsado, o Ministério Público de Minas Gerais propôs, já no dia primeiro
de fevereiro, uma Ação Civil Pública, na qual postulam diversas medidas,
entre as quais, a contratação de auditorias externas independentes para aferir
a situação dessas barragens, além da atualização ou elaboração de estudos
técnicos, como estudo de cenários de ruptura e planos de ações emergenciais
das barragens.
148
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de Cocais) e a barragem B3/B4, em Nova Lima, todas operadas pela Vale.
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Dr. Tonet, questionado sobre possíveis tentativas de influenciar
o resultado das investigações, respondeu que a força-tarefa postulou, junto
ao Conselho de Administração da Vale, o afastamento da diretoria da
empresa, no que foram atendidos. Esta ação foi fundamental para possibilitar
avanços nos termos de ajustamento de condutas com a Vale.
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Ministério Público tem que trabalhar diuturnamente nesse
processo para praticamente guiar a atuação da Fundação Renova.
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perdido. Exemplifica dizendo que se paga, num pé de fruta produzindo, um
valor menor de que um quilo da mesma fruta na feira.
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fatos, aplicando a boa técnica jurídica.
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itabirítico, que é diferente do encontrado na Austrália ou Canadá, e a
expertise nacional é fornecida ao Cazaquistão, Libéria e Rússia, países que
têm minério de ferro parecido com o nosso.
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A separação gera um conteúdo metálico e um rejeito arenoso,
composto basicamente de sílica, parecido com areia de construção.
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O palestrante apresenta gráficos que mostram a queda drástica
da viscosidade em razão da mistura. O efeito é mais pronunciado quanto
maior a diferença de tamanho de grão dos componentes. A lama contém um
32 A pressão da água no solo é um parâmetro importante para a segurança da barragem. Se a pressão for
muito alta, a água infiltrada ocupa os espaços entre os grãos do solo e reduz o contato entre eles. Dessa
forma, a resistência mecânica do solo é reduzida. No caso extremo, pode ocorrer a liquefação, isto é, o
filme de água entre os grãos faz com que o solo perca a resistência ao cisalhamento (os grão s deslizam
uns sobre os outros) e o solo comporta -se como um líquido. A liquefação interna é uma das principais
causas da ruptura em barragens de rejeitos de mineração. Foi o mecanismo que provocou a falha da
barragem do Fundão, em Mariana, e, muito provavelmente, a falha da barragem B1, em Brumadinho.
152
material muito fino, menor que 1 (um) mícron (um milionésimo de metro),
chamado de coloidal, e que não decanta.
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A primeira sugestão do Sr. Fernando Araújo seria proibir a
disposição da lama e do rejeito arenoso na mesma barragem.
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tecnologias disponíveis, fazendo o empilhamento a seco, com material
estéril, em confinamento. O processo precisa levar em conta que a areia é
muito fina, pode ser arrastada pelo vento, e não se sabe se poderia causar
silicose.
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O material mais crítico é a lama, rica em ferro, e muito fininha.
São geradas anualmente 50 milhões de toneladas. É possível recuperar 40%
do ferro contido nessa lama. Em alguns casos já se conseguiu 57%.
Recuperando 40% do ferro na lama, serão 20 milhões de toneladas de
minério de ferro que deixam de ser problema para se tornar receita. Sobram
ainda 30 milhões de toneladas de lama.
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simplesmente empilhado.
33 Material granular utilizado em operações de fraturamento hidráulico para sustentar a fratura, de modo
a se obter um canal permanente de fluxo entre formação e poço, depois de concluído o bombeio de fluido
e propagação da fratura. Disponível em http://dicionariodopetroleo.com.br/dictionary/propante/.
Acesso em 12 de junho de 2019.
154
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caso contrário, o transporte ficaria caro demais.
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de rejeitos.
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poderia ser pago pela mineradora ou pela agência reguladora.
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Mineral (DNPM). As conclusões dessa fiscalização podem ser sumarizadas
pelo seguinte trecho do relatório:
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Perguntado pelo Senador Carlos Viana se essas falhas eram
devidas à falta de método ou resultavam de pressões exercidas pelas
mineradoras, o Sr. Uriel Papa respondeu que as causas do achado não foram
levantadas pelo TCU, mas certamente havia falta de método. Desde então, a
Agência Nacional de Mineração (ANM) já implantou diversas
recomendações feitas pelo TCU. Porém, um problema que persiste há vários
anos é a estrutura deficiente e precária da ANM, inclusive com redução das
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alguma responsabilidade na ocorrência do acidente. O procedimento segue
três etapas: avaliações da institucionalização da agência, do processo de
tomada de decisão e da transparência. Esse último ponto é relevante porque
a ANM foi diagnosticada como a segunda instituição pública federal mais
vulnerável à corrupção. O Sr. Uriel Papa também enfatizou a falta de quadros
da ANM: há muitas vagas não preenchidas, e 37% dos servidores já recebem
o abono de permanência, ou seja, já podem requerer aposentadoria.
157
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qualquer forma, a mudança teria que ser por iniciativa do Presidente da
República.
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equipamentos, centros de tecnologia, bancos de investimento e outros. Sua
presença na CPI de Brumadinho visa ouvir representante do setor de
mineração no que tange à legislação que regula o funcionamento do setor,
principalmente em relação a tecnologias mais seguras de disposição dos
rejeitos de mineração.
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empreendedora que a ela deu origem.
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tecnologias para a gestão de resíduos, visando sua redução e reutilização,
com agregação de valor econômico. Na mesma linha, propõe uma discussão
mais abrangente sobre o fechamento de minas após sua exaustão, um tema
em que, segundo ele, estamos ainda engatinhando no Brasil e que requer
devido planejamento, com a criação de instrumentos para promover a
utilização adequada dos rejeitos após o fechamento da mina.
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200 mil pessoas e que precisa avançar em direção a novas práticas e novas
tecnologias.
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colocada numa gaveta.
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Em resposta evasiva, o presidente do Ibram informou que o
papel do Ibram é atuar no Brasil inteiro, trazendo a cadeia produtiva para
mais perto do Instituto e que a mudança do Ibram para Minas Gerais tem
como objetivo estar mais próximo das empresas para ajudá-las. Sobre a
segunda pergunta, o Sr. Brumer respondeu, de maneira surpreendentemente
franca:
SF/19193.51040-43
no lucro. E que a única preocupação da empresa era cumprir as normas
vigentes para não ser multada: o que não fosse mandatório na lei não era
prioridade. E se isso acontece com uma gigante multinacional como a Vale,
o que não aconteceria com as empresas menores, aquelas mais distantes da
esfera de atuação da ANM? Com base nisso, indaga ao convidado:
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devem pautar suas decisões por cumprimento à lei ou por medo de multa,
mas que um “novo pensar da mineração” deve ser adotado e é nesse sentido
que o Ibram tem atuado.
como papel do Ibram, sem detalhar o que pretende fazer para contribuir com
o aperfeiçoamento da segurança no setor, mencionando, mais uma vez, que
é preciso aperfeiçoar a comunicação do setor com a sociedade:
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com o setor mineral (...) E aí, não é só com as empresas; eu acho
que nós temos que nos aproximar do Ministério, temos que nos
aproximar da Agência, temos que nos aproximar dos órgãos
reguladores de uma maneira geral.”
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principais do governo para a mineração, ressaltando que não houve muito
tempo para o desenvolvimento desses programas, em face das ações
emergenciais nas quais o evento de Brumadinho se encaixa.
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A primeira pergunta do Relator Carlos Viana é sobre qual o
plano do MME para dar à ANM as condições de cumprir seu papel
institucional. A Sra. Lilian ressaltou que o papel do MME é apenas de
supervisão, dada a autonomia da Agência, mas que tem planos e programas
de estruturação, destacando em particular o aporte de tecnologias eletrônicas,
de sensoriamento remoto, de imagens por satélite, para suprir a carência de
pessoas. Quanto à questão orçamentária, informou que não há muito que o
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regional, no território nacional, que se diferencia do que acontece numa
mina, que requer um outro olhar, de detalhe.
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MME a execução, mas apenas a supervisão da ANM. A Sra. Lilian não
acredita que tenha havido negligência, mas falta de parâmetros confiáveis,
falta de conhecimento, não apenas da Agência, mas de todo o setor, que,
segundo ela, “não sabe exatamente por que isso aconteceu”.
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experiência passada está agora sendo avaliada, mas a nossa
experiência é da completa ausência também do próprio Ministér io
no controle também desse setor, e eu digo "controle" no cobrar as
responsabilidades. (...) Então, hoje, qual é a política do Ministér io
para impedir que isso no futuro não venha acontecer, por
exemplo, em Paracatu, não volte a acontecer lá em Poços de
Caldas, onde temos uma barragem radioativa? O que vai ser feito
daqui para frente como política pública oficial?”
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lembrar também que existe um Ministério do Meio Ambiente, que também
está sempre presente nessas situações”).
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reclamando. E quem sabe a gente possa colaborar agora, pelo
menos a nossa parte com o setor mineral. Onde nós vamos fazer
mudanças, doutora? A senhora, como professora: quais são os
setores que nós vamos colaborar no País? De que maneira nós
vamos tornar a mineração um setor importante, mas seguro? (...)
Onde e por onde nós vamos caminhar? Aonde queremos chegar
com relação à mineração, professora? A senhora, que tem um
doutorado nessa área, onde nós podemos colaborar para não
acontecer de novo?
SF/19193.51040-43
“O Ministério de Minas e Energia não cuida adequadamente das
barragens de rejeitos de mineração. E como é que nós podemos
acreditar? Expõe a população a seus erros, à falta de fiscalização,
regulação, gravíssimos. Como é que a gente pode tratar isso daqui
para a frente? (...) Como é que pode o Ministro anunciar tudo isso
que está anunciando dentro dessa estrutura ineficiente? ‘Olhem,
aqui nessa coordenação, nesse departamento, nessa secretaria,
faltam técnicos; esse técnico não está capacitado; nós não temos
equipamentos suficientes para prosperar", (...), para que a gente
não venha a sofrer consequências como todas que nós sofremos
até agora.”
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nossa postura como cidadãos: se nós cumprimos as regras só
quando estão nos vendo ou se nós cumprimos porque acreditamos
nelas.”
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Mariana e Brumadinho, não se repitam.
3 PROVAS COMPARTILHADAS
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menos importantes, ficaram patentes, juntando-se as oitivas e os documentos
examinados por esta CPI. A primeira e mais importante conclusão é que não
foi um acidente.
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desde 1915. Na introdução do relatório preliminar da WMTF que analisa a
tragédia de Brumadinho, consta, em tradução livre:
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e quem decidiu o que fazer, ou melhor, o que não fazer, tinha ciência de que,
por trás de laudos e números havia um elemento concreto: uma imensa
barragem de lama, que poderia matar e destruir. Esse risco, infelizmente, se
concretizou. A barragem matou, destruiu e ainda não parou de destruir a
economia e a vida de Brumadinho, a vida e os recursos do rio Paraopeba,
nem vai parar tão cedo.
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dos responsáveis. A investigação da CPI se concentrou em quatro
constatações:
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painel de especialistas PIESEM e padrões internacionalmente aceitos.
A produção, análise e revisão dos laudos sofreu interferências
indevidas, para assegurar a obtenção do requisito legal das
Declarações de Condição de Estabilidade (DCE).
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No ano de 2001 a Vale adquiriu a FERTECO Mineração, que
então pertencia ao grupo alemão Thyssen Krupp Stahl, por US$566 milhões.
Portanto, no momento da tragédia, a barragem já pertencia à Vale havia
quase 18 anos.
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I, construída por engenheiros alemães da FERTECO, não tinha seus projetos
de construção e alteamentos documentados apropriadamente, seja porque
esses documentos nunca foram produzidos ou porque foram perdidos ao
longo do tempo.
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Página: 172/398 02/07/2019 09:20:28
Portanto, nem mesmo um consultor especializado, contratado
pela Vale para avaliar os danos causados por um grave acidente de
fraturamento hidráulico, sabia o real estado geotécnico da barragem,
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carregando seu relatório de expressões assustadoramente vagas, como
“talvez”, “é possível supor”, “desconhecem-se”. Isto, repita-se, seis meses
antes da tragédia.
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escavado e a manilha desobstruída. Imediatamente, ocorreu forte
vazão de água.
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barragem. Estes testes de campo e de laboratório é que permitem determinar
a resistência e demais características dos materiais. Através da análise desses
parâmetros é que se calcula o fator de segurança (FS) de uma barragem, que
é o principal parâmetro para declarar a sua estabilidade. Em outro trecho do
relatório, encontramos o seguinte (página 36):
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SF/19193.51040-43
Sem a necessidade de mais explicações, resta patente que,
dezessete anos depois de ter assumido a responsabilidade pela barragem, seis
meses antes da tragédia, a empresa Vale não conhecia, no grau de
profundidade e precisão adequados, as características de projeto ou de
execução da barragem inicial e dos alteamentos da Barragem I.
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Quatro eventos serão aqui relatados em seus detalhes técnicos,
linha do tempo e ações tomadas: o fraturamento hidráulico na instalação do
DHP 15; as leituras anômalas do radar interferométrico; o bloco de canga no
pé da barragem e as medições anômalas dos piezômetros, todos acontecidos
a menos de um ano do rompimento da barragem.
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“piping”). A instalação dos DHPs foi, então, paralisada e foram iniciados os
trabalhos de contenção do vazamento. Naquele momento, os piezômetros
instalados indicaram um rápido aumento da pressão de água. Decorridos três
dias da intervenção, a Vale afirma que o nível de água retornou ao normal.
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Ao registrar o fato junto à ANM através do sistema SIGBM, no
dia 19/06/2019, para a mesma pergunta, a Vale anotou o grau “3” no sistema
SIGBM.
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Questionada sobre este fato em seu depoimento à CPI, Cristina
Malheiros respondeu da seguinte forma:
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
evidenciar qualquer coisa.
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existentes, afirma:
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Fonte: Memorando técnico de Armando Mangolim filho, destacando o DHP 15
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Fonte: Imagens de câmeras de monitoramento obtidas pela CPI
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Particularmente no dia 18/12/2018 às 13:59h, pouco mais de um mês antes
da tragédia, Tércio Costa enviou e-mail para Marcos Domingues, Artur
Ribeiro e Andrea Dornas, todos funcionários da Vale, com cópia para Renzo
Albieri, gerente de geotecnia operacional da Vale, relatando que as medições
do radar mostravam deformações na Barragem I, a partir do mês de
novembro de 2018. Abaixo seguem os principais trechos da mensagem:
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“uma deformação positiva, gradual e constante” indica que a deformação
estava aumentando, inclusive aumentando a velocidade de deformação.
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pressão de água. Não fica claro, pela sequência de mensagens, se foi
solicitada a leitura automatizada dos equipamentos desse trecho.
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da Vale, inclusive com senha de acesso e usuário, em data posterior ao
rompimento da barragem.
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Um bloco de canga é uma estrutura de rochas. Mesmo não tendo
sido copiado neste e-mail, no dia seguinte (31 de julho de 2018), Joaquim
Toledo, Gerente Executivo de Geotecnia Operacional da Vale, tendo acesso
ao relatório (possivelmente através de algum dos seus funcionários), o
encaminhou ao consultor externo Armando Mangolim Filho, com o seguinte
texto:
Mangolin,
A B1 de Feijão é mais tenebrosa que imagino.
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Uma terceira situação que deveria ter chamado a atenção de toda
a equipe foram as leituras anômalas dos piezômetros, registradas entre os
dias 10 de janeiro de 2019 e a véspera da tragédia (24 de janeiro de 2019).
34 De acordo com o relatório do IBPTECH, contratado pela Va le para emitir um parecer sobre o assunto.
35 Novamente, de acordo com o relatório do IBPECH.
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percebe-se que técnicos das empresas TECWISE e BUREAU
Instrumentação também estavam envolvidos no processo de automatização.
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discrepantes e deve ser feito uma análise detalhada tanto quanto conferência
dos TAGs cadastrados, acredito que tenha instrumentos com TAG trocada
Em anexo dados colhidos na ação.
Atenciosamente,
Dênis Valentim
Fabiano / Denis,
As leituras estão incoerentes.
Favor verificar o que aconteceu. Ainda estamos sem leituras para prosseguir
com o monitoramento desta barragem alteada à montante. Priorizar isso!
Se não encontrarem a falha me liga no celular. Precisamos resolver isso rápido.
184
Obrigado,
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Realmente parecem leituras trocadas conferindo com leituras anteriores. PZ79
pelo PZ 51, PZ51 pelo PZ95, PZ 95 pelo PZ05...etc.
Atenciosamente,
Artur Bastos Ribeiro
Prezados,
Precisamos de uma análise rápida de vocês quanto a possíveis divergências
entre o programa do datalogger e a instalação em campo, para sanar este
problema rapidamente.
Caso não tenhamos uma solução rápida, precisamos fazer a coleta manual dos
pontos que geraram divergência.
Obrigado.
Fernando / Denis,
Vamos tentar ir amanhã.
Ainda não temos leituras para o mês de janeiro/19 para as barragens I,
Vargem Grande e B3/B4, e só temos 5 dias úteis até a virada do mês. O risco de
multa do DNPM é muitíssimo alto.
Atenciosamente,
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No dia seguinte, 25 de janeiro de 2019, às 12:28h, a Barragem
I se rompeu, matando 270 pessoas. Após a tragédia, alguns e-mails foram
trocados sobre o mesmo assunto. Destacamos o e-mail de Hélio Cerqueira
enviado no dia 28 de janeiro de 2019 às 19h, para Andrea Dornas, Irahy
Maia, Artur Ribeiro e Cristina Malheiros, com cópia para Marilene Lopes,
Felipe Figueiredo Rocha, Ricardo Coelho, Anderson Fernandes e Herbert
Mascarenhas, com o seguinte texto:
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IBPTECH – Instituto Brasileiro de Peritos em Comércio Eletrônico e
Telemática Ltda, a fim de que emitisse um laudo técnico sobre o
comportamento dos piezômetros no episódio. O laudo produzido pela
IBPTECH, de 26 páginas, disponibilizado pela Vale na Internet36, traz em
sua conclusão o seguinte texto:
36http://www.vale.com/brasil/PT/aboutvale/servicos -para-comunidade/minas-
gerais/atualizacoes_brumadinho/Documents/PDFs/Parecer%20T%C3%A9cnico%20IBP19018.pdf
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confirmaram que os dados coletados pelos instrumentos
piezométricos mantiveram comportamento normal, no âmbito da
Tecnologia da Informação, e não registraram as discrepâncias
questionadas recentemente.
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piezométricos”, que teria sido provocada “por erro na configuração de partes
do sistema”, que seria de responsabilidade dos fornecedores contratados pela
Vale.
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3.3 Declarações de estabilidade: relações perigosas
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revisões de segurança efetuadas na Barragem I.
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especialmente na fundação afim de melhorar o conhecimento da área [...]”.
Além dessa emblemática alteração no texto criado pela auditoria, várias
outras são mostradas na mesma mensagem eletrônica constante no inquérito
IPL 0062/2019.
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postura menos exigente no relativo a críticas de barragens de
rejeito da VALE S.A. prevenisse custos de implementação de
segurança de barragens. É possível identificar menções a críticas,
e sugestões atenuantes nos relatórios em diversas mensagens de
e-mail.
09/04/2018, Cristina Malheiros envia um e-mail para João Paulo Silva, com
cópia para Irahy Maia e Andrea Dornas, todos funcionários da Vale. Diz a
mensagem (grifo nosso):
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Segue para conhecimento as considerações finais da Recomendação Periódica
da Barragem I.
No item:
CONSIDERAÇÕES FINAIS, RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES
Vem esse texto:
“A análise de estabilidade na condição drenada, resultou em fator de
segurança FS = 1,59, utilizando o método de Spencer. Esse valor atende à
norma NBR-13028:2017, que preconiza fator de segurança mínimo superior a
1,50 para a condição de operação.
Entretanto, as análises de estabilidade na condição não-drenada, resultaram
em fatores de segurança inferiores aos mínimos recomendados. Em vista do
exposto, recomenda-se a adequação de sua segurança por meio de
intervenções de caráter geotécnico.”
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SÜD, em setembro de 2018. Novamente, vemos um comportamento
questionável, de uma empresa de auditoria que assina declarações de
estabilidade com base em promessas de ações que, mesmo que sejam
cumpridas, podem chegar tarde demais.
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Em seu depoimento à Polícia Federal, Makoto Namba não
esclarece essa parte, mas na verdade a TÜV SÜD tinha mais de um contrato
com a Vale. Em seu depoimento à Polícia Federal, Joaquim Toledo, gerente
executivo de geotécnica operacional da Vale, confirma que a TÜV SÜD
tinha um contrato para automação dos piezômetros da Barragem I. O mesmo
fato é confirmado por Vinícius da Mota Wedekin, técnico em instrumentação
da TÜV SÜD, em seu depoimento à Polícia Federal.
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O inquérito civil MPMG 0090.16.000311-8, juntamente com o
Procedimento Investigatório Criminal MPMG 0090.09.000013-4,
instaurados pelo Ministério Público de Minas Gerais, mostram, a partir da
folha 538, que a TUV SUD BUREAU DE PROJETOS E CONSULTORIA
LTDA possuía ainda outro contrato com a VALE S.A., celebrado em 21 de
setembro de 2018, tendo como objeto “elaborar alternativas e projeto
conceitual da alternativa escolhida para fechamento da Barragem I,
localizada na Mina Córrego do Feijão”. Trata-se de projeto para a lavra
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Carlos Viana, confirma a possibilidade de conflito de interesses, conforme
se vê abaixo (grifo nosso):
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TÜV SÜD, que estava auditando as nossas barragens,
simultaneamente estava também trabalhando em outros
serviços na empresa, o que pode ser conflito de interesses.
pode ter seus outros contratos cancelados, caso reprove a segurança de uma
barragem.
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mencionar a hipótese de a Vale pressionar a empresa a assinar o laudo de
estabilidade da Barragem I, usando os outros contratos como elemento de
chantagem.
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(FS). Resumidamente, o FS é um número, calculado a partir das variáveis
geotécnicas e das condições de uma barragem. Quanto mais alto o número,
mais segura é a barragem. Duas questões envolvem o fator de segurança:
qual seria o FS mínimo recomendado para barragens do tipo da Barragem I,
e se o método utilizado para calcular o FS seria adequado.
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A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) criou a
norma NBR 13.028, que trata da “Elaboração e apresentação de projetos de
barragens para disposição de rejeitos, contenção de sedimentos e reservação
de água”. A norma, entretanto, não estabelece um fator de segurança mínimo
para a condição não drenada, caso da Barragem I.
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debruçou sobre a questão. Felipe Rocha, funcionário da geotecnia
operacional da Vale, liderado por Marilene Lopes, participou dos encontros
do PIESEM. Em e-mail anexado à investigação policial, Felipe Rocha
comunica a diversos funcionários as conclusões constantes do relatório do 2º
PIESEM Internacional.
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Gostaria de compartilhar com vocês as recomendações do Painel de
Especialistas Internacional referentes à definição de fatores de segurança
associados à análise de estabilidade para o modo de falha liquefação (ruptura
por cisalhamento não drenada). Ainda iremos estabelecer uma diretriz única
para a VALE Ferrosos que deva ser aplicada nos novos estudos, incluindo os
Projetos As Is, Projetos de Fechamento e as próximas Revisões Periódicas. Para
evitarmos a aplicação de critérios e premissas diferentes, essa diretriz deve ser
do conhecimento de todos os responsáveis pelo desenvolvimento de estudos
que envolvam a análise do modo de falha liquefação. Em reunião realizada
com o Campanha, a recomendação foi a de utilizar as diretrizes do Painel de
Especialista Internacional. Estou anexando a este e-mail a apresentação final e
o relatório emitido pelo Painel de Especialistas Internacional que apresenta as
recomendações para a VALE (Ver Capítulo 3 – LIQUEFACTION ANALYSIS ).
* Critério 1: Análise de estabilidade drenada FS ≥ 1,5
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gerente executivo de geotecnia corporativa da Vale, recomendou utilizar as
diretrizes do painel de especialistas.
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Prezados Líderes,
Encaminho-lhes a versão final do relatório do Painel de Especialistas
Internacional, que aconteceu no período de 01 a 05/10/18, em Belo Horizonte.
As principais recomendações do Painel podem ser resumidas nos seguintes
itens (Item 9 - Closing Remarks):
[...]
2) A Barragem I (Feijão) requer mais investigação e monitoramento de
campo para identificar e projetar medidas complementares mais eficientes,
tais como bermas e mineração de rejeitos, caso se mostrem necessárias, a fim
de reduzir o risco atual. Mas, enquanto isso, os esforços têm que continuar no
sentido de reduzir o atual nível da superfície freática através de drenos
horizontais e outras soluções de drenagem. A opinião do Painel é que a
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16/10/2018. Neste item estão anotados: “1) Estudos de alternativas p/
descomissionamento” e “2) Solução proposta”. Seguem-se três anotações:
“material fofo e saturado”, “implantação poços” e “construção berma
reforço”. Ainda, no mesmo item, estão anotados: “FS = 1,20 com execução
poços” e “FS = 1,33, com poços e bermas”.
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Dentro do mesmo conjunto de elementos apreendidos na sala de
Alexandre Campanha, o item 11 corresponde a um conjunto de 15 folhas
impressas, identificadas como “PAINEL ESPECIALISTAS...GRG - Gestão
de Riscos Geotécnicos 06/18/2018”. A perícia realizada no documento
conclui serem informações produzidas a partir do “Painel Especialistas
Nacional”, datado de 18/06/2018.
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18/06/2018 sabiam das deficiências de construção e alteamento da Barragem
I, em relação ao material utilizado e à ausência de drenagem interna. Sabiam
também do elevado nível piezométrico da barragem.
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Em seu segundo depoimento à Polícia Federal na data de
21/02/2019, no mesmo inquérito 0062/2019 (página 1.501), Alexandre
Campanha afirma que “pode afirmar com certeza e convicção que os dados
de avaliação de risco e de probabilidade de ruptura não só da barragem B1,
mas de todas as barragens do corredor Sul Sudeste eram de conhecimento
tanto de SILMAR SILVA quanto de LUCIO CAVALLI, já que ambos
recebiam as apresentações da GESTÃO DE RISCOS GEOTÉCNICOS e
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Toledo, gerente executivo de geotecnia operacional da Vale, na data de 19
de junho de 2018. A mensagem tem como anexo uma apresentação
Powerpoint intitulada “Execução DHP 15 Barragem I Mina Córrego.pptx”,
e traz em seu corpo o seguinte texto: “Segue relatório de fechamento da B1
caso seja necessário compartilhar com o Lúcio e o Silmar”.
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conhecimento dos níveis de gerência e de diretoria da Vale.
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Campanha, gostaria de informar-lhe que concluímos a RPSB das barragens de
DPA Alto e 100% das barragens obtiveram as Declarações de Estabilidade
(DCEs). Todas já foram cadastradas no SIGBM e, portanto, cumprimos
integralmente esse marco legal da Portaria 70.389/2017.
[...]
No entanto, é importante mencionar que algumas estruturas, a despeito do
resultado, merecem atenção total no atendimento às pertinentes
recomendações dos revisores externos, visando garantir, primeiramente, a
segurança das estruturas e também a obtenção da DCE na próxima Auditoria
Externa (Setembro/18). São elas:
Barragem B1 de Feijão: rebaixar a linha freática na estrutura e implantar as
obras de descomissionamento efetivo (lavra controlada) e/ou reforçar a
estrutura;
[...]
199
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De: Alexandre Campanha
Enviada em: segunda-feira, 18 de junho de 2018 11:33
Para: Lucio Cavalli <[email protected]>
Assunto: ENC: Resultados da Revisão Periódica de Segurança de Barragens
(RPSB) - DPA Alto
Sds, ACampanha.
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Para: Silmar Silva <[email protected]>
Assunto: ENC: Resultados da Revisão Periódica de Segurança de Barragens
(RPSB) DPA Alto
Para conhecimento.
Fyi.
Solicito atenção especial em relação às estruturas listadas abaixo pela
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Marilene e vamos tomar todas as providencias necessárias e recomendadas.
Sds.
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Além desse ciclo de mensagens trocadas entre a gerência e a
diretoria, cabe destacar o papel do Subcomitê Operacional de Gestão de
Riscos, coordenado por Eduardo Montarroyos, que faz parte do Comitê
Executivo de Riscos, cujo presidente é Luciano Siani Pires, Diretor
Executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale. O IPL
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0062/2019, folha 2.608, destaca uma convocação de reunião do 1º Subcomitê
de Riscos Operacionais em 2019. A reunião foi organizada por Ricardo
Thauller, Analista de Governança Corporativa em Gestão de Riscos da Vale.
Segue abaixo a convocação eletrônica da reunião (foram suprimidos os
endereços de e-mail. Grifos nossos):
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Participantes opcionais: Emanuela Vasconcelos; Igor Dias; Ricardo Oliveira Silva;
David Abreu; Carlos Sobral; Luiz Rangel; FERNANDO GOMES DA SILVA BATISTA; Jailson
Francisqueto; Dinalva Moreira ([email protected]) Kleuber Silva; luiz; Jose
Fassarella; Claudio Eduardo; Lennon Bento; Helen Pequeno; Eduardo Bessa; Robson
Candido; Andressa Duran; Ana Lima ([email protected]); GABRIEL ROCHA NATALI;
Luis Ragonesi
Prezados,
Segue o material que será apresentado amanhã. Qualquer dúvida estamos à
disposição.
Governança, Risco e Conformidade
Prezados,
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Portanto, de acordo com as evidências colhidas no inquérito
policial, na manhã do dia da tragédia o Subcomitê de Riscos Operacionais
da Vale se reuniu para apreciar, entre outros temas, uma “visão detalhada
dos controles e planos de ação dos riscos das barragens de Ferrosos e
Carvão”, apresentada pelo gerente executivo de governança de geotecnia
corporativa, Alexandre Campanha. Possivelmente, entre as barragens
avaliadas, estaria a Barragem I.
203
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momentos desta CPI. Devido à exiguidade de tempo, sugere-se às
autoridades policiais, se já não o fizeram, que investiguem o que foi discutido
nessa reunião.
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Mesmo não tendo acesso ao completo contexto da mensagem, é
possível concluir que, em 7 de julho de 2016, Gerd Poppinga teve acesso a
uma informação grave, que o fez determinar, no mesmo dia, a paralização
das atividades de produção na Barragem I da Mina Córrego do Feijão, além
de solicitar a avaliação de medidas preventivas de reforço.
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ordenada por Gerd Poppinga foi, provavelmente, definitiva, confirmando a
gravidade dos fatos informados ao diretor executivo de ferrosos. Dois anos
e meio antes da tragédia, um executivo diretamente ligado ao presidente da
empresa ordena a brusca paralização da Barragem I, demonstrando que a
barragem tinha um histórico de problemas, de amplo conhecimento da
diretoria da Vale.
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mesmo tendo sido atestado nos laudos técnicos que não há riscos iminentes,
são eventos que devem ser endereçados imediatamente. Por isso, conforme já
solicitei várias vezes, peço de todos as informações de quaisquer eventos
relevantes e do total apoio para a identificação e implementação das
respectivas ações de melhorias e adequação. Peter
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quanto de elaboração de propostas, restou patente a importância crucial que
tem a Agência que regula e fiscaliza o setor. Nenhuma nova legislação terá,
sozinha, o condão de trazer mais segurança ao setor de mineração, sem que
haja, simultaneamente, o fortalecimento da Agência Nacional de Mineração,
a ANM.
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As deficiências das estruturas internas de controle e
transparência da ANM, que a levaram a ser elencada pelo TCU como um dos
órgãos do Poder Executivo com maior exposição à corrupção e à fraude,
compõem um cenário complexo, quando se vislumbra a possibilidade de um
aumento de recursos do órgão.
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4.1 Diagnóstico
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c) Não há acompanhamento, monitoramento e gestão da ética no
âmbito da ANM, medidas indispensáveis para avaliar se as ações
voltadas para a ética estão atingindo os objetivos esperados; e
TRANSPARÊNCIA E ACCOUNTABILITY
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organização); e,
AUDITORIA INTERNA
suscetíveis a riscos;
4.2 Recomendações
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esta CPI. São elas:
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d) Determinar que as ações de promoção da ética, a serem
definidas, possuam acompanhamento e monitoramento,
conforme previsto no Art. 6º, XI, Regimento Interno da
Comissão de Ética Setorial do DNPM.
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g) Recomendar que sejam definidos critérios, diretrizes e limites
para relacionamento com partes interessadas (internas e
externas à organização), e que seja avaliada a satisfação das
partes interessadas com as informações prestadas.
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trabalhos de avaliação dos controles internos dos
elementos críticos para o alcance dos objetivos
organizacionais;
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colaboradores e gestores da organização manifestarem e
registrarem situações de nepotismo e que possam conduzir a
conflito de interesse. Recomendar também a verificação das
vedações relacionadas a nepotismo e conflito de interesse,
quando do ingresso de colaboradores e gestores da
organização.
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empreendedores, envolvendo aspectos formais e qualitativos
que auxiliassem o órgão na sua missão fiscalizatória.
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Agência implantou o Sistema Integrado de Gestão de Segurança de
Barragens de Mineração (SIGBM) para o cadastro de informações das
barragens para rejeitos de mineração submetidas à PNSB. Embora tenha
trazido diversas melhorias para a atividade de fiscalização da segurança das
barragens, os alertas automatizados disparados pelo Sistema dependem de
informações inseridas pelos próprios empreendedores, ou seja a
autodeclaração das condições e ocorrências das barragens é premissa basilar
no modelo de fiscalização de segurança de barragens adotado no Brasil, o
que faz com que a atuação dos órgãos fiscalizadores parta do pressuposto de
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portanto, conflito de interesse e assimetria de informação entre o
empreendedor e a Agência no tocante a informações que podem iniciar a
ação fiscalizatória deste órgão. O empreendedor pode, por exemplo, omitir
ou distorcer informações de grande relevância para uma possível e
tempestiva atuação da Agência, tornando a atividade de fiscalização
ineficiente.
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Cabe mencionar que há indícios contundentes de que no caso
do rompimento da barragem de Brumadinho houve omissão de informações
pela Vale. Essas informações atrairiam a atenção da Agência, que teria a
oportunidade de atuar na mitigação dos riscos de rompimento, ou dos
possíveis danos, inclusive na salvaguarda das vidas da população a jusante.
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Outro ponto relevante é a obrigatoriedade de instalação de
instrumentos de medição automática nas barragens de rejeitos existentes. O
prazo para a troca ou instalação desses dispositivos pelos empreendedores
termina em julho de 2019. Com base nas informações providas por esses
instrumentos, será possível a realização de monitoramento em tempo real
pela ANM. Porém, a viabilidade dessa ideia depende de investimentos em
material humano e em tecnologia, e com a sua atual estrutura, a Agência
pode não ter capacidade técnica e operacional necessária para tratar as
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que apontaram deficiências nessa formação e no quantitativo de profissionais
especializados. A atividade de segurança de barragens é assunto
interdisciplinar de elevada complexidade, que envolve conhecimentos
técnicos em áreas como engenharia civil, geologia e geotécnica. Assim, outra
forma de melhorar a segurança de barragens é a indução da oferta e a
regulamentação de cursos específicos de forma sistemática e rotineira,
visando formar profissionais habilitados.
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independência e autonomia suficientes. No caso de equipes internas,
claramente, essa independência pode ser comprometida. No caso da
utilização de equipes externas também, vez que estas são contratadas por
longos períodos para a fiscalização das barragens de determinada
mineradora, tornando-as dependentes desse trabalho para sobreviver
financeiramente e perdendo a necessária isenção para avaliar a estabilidade
da estrutura.
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do referido documento por uma consultoria contratada pela Vale. Uma
possível solução para a análise da condição de estabilidade com maior
isenção seria a formação, pela ANM, de listas de consultores selecionados
por sorteio. A remuneração desses consultores caberia à Agência, mediante
pagamento de taxa pelo empreendedor. Situação similar ocorre em processos
judiciais, quando se faz necessária a realização de perícia.
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Em relação à baixa capacidade operacional da Agência, tem-se
a relatar que a ANM foi criada a custo zero, ou seja, sem incremento de
orçamento em relação ao que era disponibilizado para o DNPM, apesar de
17 novas competências terem sido atribuídas a ela, e uma nova competência
ter sido passada do MME para a autarquia. Além disso, o último concurso
para compor o quadro de pessoal do antigo DNPM ocorreu em 2010,
anteriormente à Lei de Segurança de Barragens, e, portanto, não previu a
contratação de técnicos especializados no assunto, o que aumenta o risco de
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dessas soluções perpassa pela digitalização dos processos minerários e de
fiscalização da ANM, tendo em vista que ainda não foi implantado protocolo
eletrônico e grande parte dos processos continuam a existir apenas
fisicamente na Sede e nas Gerências Regionais, o que leva a morosidade,
maiores custos operacionais e dificuldade no controle da operacionalização
desses processos.
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e redução de custos no trabalho da ANM.
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relação institucional com outras agências reguladoras e entidades no âmbito
estadual e municipal poderiam diminuir os impactos na baixa dotação
orçamentária destinada à capacitação, situação que assola a entidade há
muitos anos.
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ser melhor investigada pelo Ministério das Minas e Energia, ao qual se
submetem a ANM e a CPRM.
219
5 INDICIAMENTOS
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“sociedade de riscos”. A sociedade atual está caracterizada por um ambiente
econômico e social rapidamente variante e pelo aparecimento de novas
atividades e avanços tecnológicos sem paralelo na história da humanidade.
O desenvolvimento da técnica tem repercussões diretas no ganho de bem-
estar individual. Contudo, a técnica pode produzir consequências negativas.
Dentre elas, a “configuração do risco de procedência humana como
fenômeno social estrutural” (Silva Sänchez, A expansão do direito penal,
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Socialização do Risco, 2006). Em suma, é um perigo que decorre de decisão
humana. É nessa dimensão que ele interessa ao direito, particularmente ao
direito penal.
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O caso do rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas
Gerais, ilustra bem todos esses pontos. Uma tragédia que envolveu o manejo
da técnica, a produção de riscos, a incerteza sobre a cadeia causal e a morte
de centenas de pessoas.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Art. 13..............................................................................
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado. [grifo nosso]
221
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alguém a realização de uma conduta criadora de um relevante risco proibido
e a produção de um resultado. O comportamento e o resultado normativo só
podem ser atribuídos ao sujeito quando: a conduta impôs ao bem jurídico um
risco juridicamente relevante (risco proibido); e o perigo realizou-se no
resultado. A vida, o patrimônio e o meio ambiente são bens jurídicos
protegidos pela lei que foram colocados sob ameaça concreta com a
inabilidade técnica de várias pessoas ligadas por um vínculo organizacional,
envolvendo, em seu centro, a empresa Vale S.A. Tal risco proibido se
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Brumadinho, é um caso de falta de alimento.
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(onde estaciona, uso da tranca do carro etc.), o que aumenta a probabilidade
de o veículo sofrer danos ou ser furtado. Uma hipótese é a de que a
desativação da Barragem a partir de 2016 tenha aumentado a tolerância ao
risco de seus operadores (com contenção de custos e dada a tendência natural
do fator de segurança aumentar com o tempo).
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aos elementos probatórios colhidos pela CPI e obtidos via compartilhamento
(IP 0062/2019).
Curvas de Risco
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Na p. 25, o documento informa que o custo associado à indenização por
perdas de vidas humanas será dado pelo produto do número estimado de
vidas humanas perdidas pelo valor de indenização a ser pago. O valor de
indenização pela perda de uma vida é fixado em US$ 2,6 milhões, com base
na correção monetária do valor apresentado (US$ 1 milhão) em 1981 na
Curva de Tolerância ao Risco proposta por Whitman.
224
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c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Fonte: Relatório Estabelecimento do contexto e identificação dos eventos de risco em
barragens, Vale S.A, 2015.
Felipe Rocha, técnico de Riscos Geotécnicos da Vale, alertou,
nos seminários internacionais do PIESEM de 2017 e 2018, para o risco de
rompimento de Barragem I. Oportuno informar que Barragem I foi escolhida
para ser estudada no encontro de 2018 entre mais de 130 barragens
analisadas, o que já indicava não ser uma barragem qualquer.
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No quadrante superior à direita estão os “riscos inaceitáveis” (unnacceptable
risks).
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Página: 226/398 02/07/2019 09:20:28
Fonte: Slides da apresentação de Felipe Rocha no PIESEM, novembro de 2017.
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Figura 4 – Risco Social
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Ainda em 2017, a apresentação de Felipe Rocha já alertava para
o perigo mais provável da Barragem I, o de liquefação (na zona de risco
inaceitável):
maiores que 10-4 por ano são agora incluídos na matriz de riscos do negócio
da Vale e apresentados ao grupo de diretores, ao Presidente e ao conselho
de administração” (grifo nosso).
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informando que o Relatório de Sustentabilidade da Vale, assinado pelo
Presidente, menciona que a Vale utiliza o painel de especialistas (PIESEM)
para tratar de barragens.
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Si l mar Silva (Dir. Lúci o Ca valli (Dir.
Opera ções Corredor Pl a nejamento
Sudeste) Ferros os)
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Alexandre Campanha
Lúcio Cavalli (Dir.
(Ger. Exec. Geotecnica
Planejamento Ferrosos)
Corporativa)
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os laudos de estabilidade – o fator de segurança. Não há correlação
necessária entre fator de segurança e risco de rompimento, conforme
informa a análise sobre a Barragem I feita pela World Mine Tailings Failures
(WMTF), organização internacional que investiga acidentes com barragens
de rejeitos.
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apenas com o risco iminente, dado que não há correlação necessária entre
fator de segurança e risco de rompimento. Contudo, isso significa escolher
operar no escuro. A prudência exigiria a adoção de um modelo de curva de
risco, uma vez que a tragédia de Mariana já era fato. Esse tipo de decisão é
estratégica, e depende dos níveis hierárquicos superiores.
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da área técnica. [grifos nossos]
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expandindo o que foi tratado na dissertação, ainda tendo a Barragem I como
estudo de caso (2013). Pirete defendia que a probabilidade de liquefação da
barragem era muito baixa. Outros autores, ente eles o próprio Scott Olson –
primeiro proponente do método usado na dissertação de Pirete –, apontaram
problemas metodológicos (uso incorreto do “método Olson”) na tese, e que
não havia apoio para a sua conclusão.
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de auditoria que foi em seguida substituída pela TÜV SÜD, comunicou a
Pirete, via contato telefônico, que o fator de segurança estava baixo (1,06),
o gestor do contrato informou que, dada a divergência de critério, que a TÜV
SÜD deveria continuar com as análises.
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estáticos ou dinâmicos, como: excesso de poropressões por
carregamentos rápidos (alteamento rápido da barrage m,
elevação do nível do reservatório, etc.), excesso de
poropressões por abalos sísmicos ou vibrações induzidas
(sismos naturais, tráfego de equipamentos, detonações,
rupturas de estruturas adjacentes, etc.), aumento das tensões
cisalhantes ou deformações cisalhantes impostas (remoção de
material do pé da barragem, movimentação da fundação,
etc.), entre outros. [grifos nossos]
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A norma NBR-13028 (2017) não preconiza um fator de segurança
mínimo para o modo de falha liquefação. Entende-se, entretanto,
que para este fenômeno se desenvolver, se faz necessária a
ocorrência de um gatilho, o qual pode ser compreendido como
uma solicitação excepcional, de baixa probabilidade, sendo
suficiente um fator de segurança superior ao unitário.
Apesar desses alertas, a equipe geotécnica local não atuava para c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
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auditora no momento de feitura do laudo, e poderiam deflagrar o processo
de liquefação.
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na suspensão das atividades da empresa no Brasil –, colocam-se dúvidas
sobre a metodologia: “[...] o tempo está contra nós. Além disso temo que não
teremos uma posição técnica definitiva tendo em conta o método que usamos
para avaliar liquefação”. Em outro e-mail, na mesma data, deixa o
engenheiro claro que o assunto “liquefação” era pouco conhecido e estudado,
e que a empresa poderia investir na área.
“que não Olson” foram utilizados para tentar classificar camadas suscetíveis
e não suscetíveis de liquefação, e que Arsenio Negro chegou a lhe mostrar
artigo científico sobre um erro intrínseco no já referido método de
“Equilíbrio Limite” em relação ao fator de segurança. De qualquer forma,
Namba ratifica no depoimento que a Vale havia prometido adotar as
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recomendações da revisão periódica, “apesar da morosidade da
implementação das medidas recomendadas”.
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Foi um dos diretores da empresa, Gerd Poppinga (diretor
executivo de Ferrosos), que reconheceu na CPI que nada fez sobre o conflito
de interesses:
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63.2019.8.13.0090).
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irão assinar ou não?”); e e) que esperaria a “resposta da Corporação”, com
base nas posições técnicas dos engenheiros.
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e a TÜV SÜD.
Falta de informação
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A Vale não tinha completo conhecimento sobre a Barragem I.
Tratava-se de uma barragem antiga, com sucessivos alteamentos feitos com
técnica mais barata e menos segura (de montante), e sem documentação
histórica suficiente (projetos de construção e informações sobre datas,
características geotécnicas e tipos de ensaios realizados). A RPSB de julho
de 2018 menciona divergências documentais sobre os alteamentos e
nomenclatura confusa (sem garantias de que os projetos executivos tenham
sido implantados em sua totalidade), assim como incerteza sobre o sistema
238
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Antes do rompimento da barragem, alguns dados eram
conhecidos da literatura especializada (conforme revisão da literatura
constante do Relatório da WMTF):
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qualidade, entre outros;
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barragem (qualidade da ingerência de engenharia e
manutenção);
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foi confirmado pelo RPSB da TÜV SÜD de julho de 2018, que enfatiza o
problema de drenagem dentro da barragem. A TÜV SÜD ainda chamou a
atenção para uma nascente de água a montante do reservatório.
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liquefação. Um geólogo da empresa já havia chamado a atenção para o
referido bloco em uma inspeção feita em julho de 2018. Em razão disso,
Joaquim Toledo, gerente executivo de Geotecnia Operacional, chegou a
escrever em e-mail que a Barragem I era “mais tenebrosa” do que imaginava.
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liberar limites de alçada a gerentes executivos e gerentes para que pudessem
investir de forma autônoma em projetos que julgassem necessários para a
segurança. Assim, o gestor local tem o limite de até US$ 10 milhões (ou
cerca de R$ 40 milhões), para investir em suas instalações sem ter que pedir
autorização à Diretoria.
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naturalmente sua segurança no tempo –, havia um incentivo para o gestor
evitar gastos altos com segurança (risco moral). Além disso, a empresa busca
conquistar espaço mercadológico diante de outras grandes produtoras de
minério, como BHP e Rio Tinto, e, assim, otimizar seus gastos o máximo
que pode.
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não recebe mais rejeitos (formados basicamente de ferro, sílica e água),
apenas contém o material, a partir de então mais seco, com muito menos
porção líquida. Em teoria, seria mais estável e muito menos propensa a
ruptura do que uma barragem ainda em atividade.
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em novembro de 2018, que apontava deformação crescente invisível ao olho
nu.
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que as discrepâncias resultaram de visualização incorreta dos dados
coletados nos sensores piezométricos, ocorrência que foi provocada por erro
na configuração de partes do sistema.
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fazer a leitura manual dos instrumentos”. Ainda complementou dizendo que
se seu filho estivesse trabalhando nas proximidades, iria comunicá-lo para
deixar o local.
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feita pelo “pessoal do Renzo”, e todas as ocorrências eram repassadas a
Joaquim Toledo.
244
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Renzo Ca rvalho (Ger.
Geotecnia)
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Na apresentação de Felipe Rocha, foi mostrado que com o uso
de sirenes de emergência poderiam ser evitadas quase todas as mortes. A
Vale instalou sirenes sem, contudo, avaliar a efetividade do sistema. Mesmo
sabedora que as sirenes poderiam salvar centenas de pessoas, a empresa não
colocou redundâncias que evitassem falhas do sistema. Na hora do acidente,
as sirenes não tocaram.
Falta de fiscalização
245
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O evento do fraturamento hidráulico em junho de 2018 mostrou
que a Vale podia registrar qualquer coisa via SIGBM, como lhe conviesse
(como a mudança de grau de percolação, de 6 para 3), sem que os órgãos
fiscalizadores oferecessem reação. Em suma, o sistema de fiscalização da
ANM é eminentemente cartorial.
Prevenção x dano
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A análise de risco apresentada por Felipe Rocha em 2017 previa
algo em torno de 300 mortes sem sirenes no caso de rompimento da
Barragem I. O número real ficou bem próximo disso.
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Página: 246/398 02/07/2019 09:20:28
Fonte: Slides da apresentação de Felipe Rocha no PIESEM, novembro de 2017.
Com base no já citado relatório sobre o custo das vidas com fins
à indenização (item 4.1), equivaleria a US$ 780 milhões, ou cerca de R$ 3
bilhões atualmente.
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Em nota pública, a Vale informou que as ações de
descomissionamento de todas as barragens a montante (para descaracterizar
as estruturas como barragens de rejeitos e reintegrá-las ao meio ambiente)
levariam 3 anos e custariam R$ 5 bilhões. A Barragem I demandaria o
pagamento de cerca de R$ 3 bilhões em indenizações apenas pelas mortes
(sem computar o dano ambiental e outros custos decorrentes), adotando-se
os parâmetros do estudo da própria Vale. Após a tragédia, a empresa
informou provisões no valor de cerca de R$ 17 bilhões para o acidente.
247
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precauções B (burden) que reduziriam o dano esperado. As partes devem
considerar essas variáveis em uma análise comparativa de custo-benefício,
antes de se envolverem em atividades que possam resultar em acidentes
dispendiosos, para determinar níveis eficientes de cuidado e controle.
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2019. Pirete informou que apenas ao final de 2018 foi pensado o projeto de
descomissionamento, e a execução das medidas só se dariam a partir de
junho/julho de 2019.
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Organizações, como as empresas, são estruturas que alinham
incentivos e interesses de grupos de pessoas. Governança e compliance
devem gerar incentivos para o cumprimento das normas vigentes em uma
dada sociedade.
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chamada GRN (Gestão de Riscos de Negócio), aí, sim, ligada não
à minha diretoria, mas ligada ao meu colega e par, Luciano Siani,
Diretor Financeiro, onde não somente barragens eram analisadas,
mas também todos os riscos de negócios. Por exemplo, um
navio podia afundar, um trem de passageiro podia
descarrilhar... Isso também era analisado nesse aspecto.
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Como parte dessa nova estratégia organizacional, foi proposta a
desativação de todas as barragens a montante e maior autonomia para os
gerentes.
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setor de Alexandre Campanha) – segundo suas próprias palavras na CPI,
“não é boa prática”; (b) disse que não foi informado do fraturamento
hidráulico de junho de 2018; (c) disse desconhecer apresentações que
apontavam risco de instabilidade; (d) afirmou, mesmo com a experiência
com a barragem que rompeu em Mariana, confiar “piamente” nos laudos de
estabilidade; e (e) disse desconhecer o diagnóstico feito sobre a segurança
das barragens pela equipe do diretor de Estratégia, Juarez Saliba.
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Uma nova governança. E uma nova tragédia pouco mais de 3
anos depois.
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informação.
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inspeções das estruturas cabem às equipes de geotecnia. As
barragens também passam por auditorias de segurança, que são
realizadas sempre por empresas terceiras, altamente
especializadas, que são contratadas diretamente pela área de
Gestão de Riscos e Estruturas Geotécnicas de Ferrosos, que
pertence à Diretoria de Planejamento. O objetivo dessa
desassociação é garantir a separação funcional entre as duas
gerências, a responsável pela auditoria, vinculada à Diretoria
de Planejamento, e a operacional, vinculada à minha
diretoria. [grifos nossos]
SF/19193.51040-43
O SR. CÉSAR AUGUSTO PAULINO GRANDCHAMP – [...]
No caso da B1, eu recebi um relatório com a RT da empresa
responsável pela emissão do relatório, uma empresa de renome
internacional, que é a Tüv Süd. A geração desse relatório foi
acompanhada tanto pela equipe da geotecnia operacional quanto
pela equipe da geotecnia corporativa. Eles acompanhara m,
discutiram o relatório e aprovaram o relatório. Então, quando
chega para minha assinatura, como representante da Vale, já
passou por três equipes de geotecnia, já chega... E assim já foi
checado se está dentro da norma brasileira, já foi checado se a
metodologia usada foi correta. Então, já chega esse documento
para mim, vamos dizer, com esse aval dado pelas equipes
técnicas.
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meses, para um fator de segurança de 1,2 – dois ponto alguma
coisa – com um fator de segurança de 1,09. [grifos nossos]
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A SRA. CRISTINA MALHEIROS – Excelentíssimo, essa
recomendação que é colocada é colocada de forma ampla de que
não houvesse detonações e nem nenhum abalo sísmico na
estrutura da Barragem 1. Eu não tive nenhuma orientação de
que fossem paralisadas as detonações na cava. [grifos nossos]
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estrutura: a Cristina Malheiros –, para elucidar alguns fatos,
algumas questões da barragem que porventura não tinha sido
de conhecimento da TÜV SÜD. [grifos nossos]
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com estabilidade garantida, sempre baseado na capacidade
técnica das equipes que trabalhavam na emissão do relatório .
Então, eu não tinha nenhum tipo de pressão, fazia parte da função.
[...]
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administrativa do contrato. A minha área foi criada em janeiro de
2017, quando fui promovida a gerente; eu era uma engenheira
especialista. Em março de 17, o primeiro painel de especialis tas
internacional recomendou que atividades administrativas
relacionadas aos estudos fossem retiradas das geotecnias
operacionais para dar a elas toda a possibilidade de ficar focada e
dedicada à gestão de segurança.
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O risco moral nos parece evidente no seguinte trecho da fala da
gerente, ao falar sobre o bloco de canga, um dos possíveis gatilhos para
liquefação:
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A SRA. MARILENE CHRISTINA OLIVEIRA LOPES DE
ASSIS ARAÚJO – [...] O meu é o primeiro nível de gerência, e
é um nível técnico, onde as minhas atribuições estão ligadas ao
suporte para a equipe técnica no desenvolvimento das atividades
dela do dia a dia. Não tenho autonomia de aprovação de
orçamento, não tenho autonomia para contratação direta de
empresas, não tenho nenhuma autonomia de tomada de decisão.
É uma área de organização de informação.
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ter sido o gatilho da liquefação da barragem? O que foi feito, Sr.
Joaquim? Eu queria que o senhor deixasse claro o que era tão
assustador na B1 que levou uma pessoa experiente como o senhor
a escrever, a colocar isso dentro de um dos seus e-mails.
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acesso a informação e tomada de decisão.
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Como visto, informou ainda que a nova governança da empresa,
montada após o desastre de Mariana, foi estruturada para que as informações
chegassem à Diretoria Executiva de forma regular.
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laudos de estabilidade em todas elas. Então, foi naquele momento
que soaram as sirenes e que houve a desocupação de diversas
estruturas, com dezenas de pessoas que acabaram sendo tiradas
da potencial zona de risco. [grifos nossos]
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normativa de imperícia, imprudência e negligência.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
c) construção dos poços de rebaixamento;
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k) acionamento do plano de emergência (PAEBM) e
evacuação;
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diluída na estrutura organizacional da empresa (como visto no item 5).
“Qualquer gestor e qualquer funcionário”, conforme a diretoria da empresa,
poderia ter dado início ao plano de emergência, e todos eles dispunham de
informação para interromper o curso causal que levava à tragédia.
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o resultado (mortes e dano ambiental em razão do rompimento da barragem).
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garantidor dos termos do art. 13, § 2º, do CP.
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As seguintes pessoas não foram convocadas a depor na CPI,
razão pela qual também optamos por deixá-las de fora do rol de
indiciamentos: Artur Bastos Ribeiro, Hélio Márcio Lopes de Cerqueira,
Juarez Saliba de Avelar e Washington Pirete da Silva.
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execução, condição para as mortes e o dano ambiental decorrentes.
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impedir futuras mortes e danos ambientais graves.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
pessoa jurídica), todos da Lei nº 9.605, de 1998;
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2º (poluição culposa que provoca mortandade de fauna e flora, com
inviabilização de área para ocupação humana), todos da Lei nº 9.605, de
1998;
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38-A, parágrafo único (destruição culposa de flora de preservação
permanente e de Mata Atlântica), e 54, § 1º, combinado com o inciso I do §
2º (poluição culposa que provoca mortandade de fauna e flora, com
inviabilização de área para ocupação humana), todos da Lei nº 9.605, de
1998;
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7) Silmar Magalhães Silva – artigos 13, § 2º, alínea c, e 70,
combinados com os artigos 121, § 3º (homicídio culposo) e 129, § 6º (lesão
corporal culposa), todos do Código Penal, e artigos 38, parágrafo único, e
38-A, parágrafo único (destruição culposa de flora de preservação
permanente e de Mata Atlântica), e 54, § 1º, combinado com o inciso I do §
2º (poluição culposa que provoca mortandade de fauna e flora, com
inviabilização de área para ocupação humana), todos da Lei nº 9.605, de
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
inviabilização de área para ocupação humana), todos da Lei nº 9.605, de
1998;
SF/19193.51040-43
corporal culposa), todos do Código Penal, e artigos 38, parágrafo único, e
38-A, parágrafo único (destruição culposa de flora de preservação
permanente e de Mata Atlântica), e 54, § 1º, combinado com o inciso I do §
2º (poluição culposa que provoca mortandade de fauna e flora, com
inviabilização de área para ocupação humana), todos da Lei nº 9.605, de
1998;
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12) Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo –
artigos 13, § 2º, alínea c, e 70, combinados com os artigos 121, § 3º
(homicídio culposo) e 129, § 6º (lesão corporal culposa), todos do Código
Penal, e artigos 38, parágrafo único, e 38-A, parágrafo único (destruição
culposa de flora de preservação permanente e de Mata Atlântica), e 54, § 1º,
combinado com o inciso I do § 2º (poluição culposa que provoca mortandade
de fauna e flora, com inviabilização de área para ocupação humana), todos
da Lei nº 9.605, de 1998;
266
SF/19193.51040-43
inciso I do § 2º (poluição culposa que provoca mortandade de fauna e flora,
com inviabilização de área para ocupação humana), todos da Lei nº 9.605,
de 1998;
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38-A, parágrafo único (destruição culposa de flora de preservação
permanente e de Mata Atlântica), e 54, § 1º, combinado com o inciso I do §
2º (poluição culposa que provoca mortandade de fauna e flora, com
inviabilização de área para ocupação humana), todos da Lei nº 9.605, de
1998;
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268
6 PROJETOS DE LEI
SF/19193.51040-43
novembro de 2015, em Mariana, Minas Gerais, causou profunda comoção,
no Brasil e no mundo, em razão da morte de 19 pessoas e da destruição do
ecossistema de um rio inteiro, o Rio Doce.
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Mariana, porém, mostrou o quanto nós brasileiros ignorávamos o perigo
representado pelas barragens de rejeitos de mineração. São verdadeiras
bombas-relógio sobre as quais a sociedade e o Poder Público exercem quase
nenhum controle ou fiscalização.
SF/19193.51040-43
Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS). Diversos deputados, de forma
individual, também apresentaram projetos de lei tratando da segurança de
barragens de rejeitos de mineração ou de temas correlatos.
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Lamentavelmente, ao que parece, os lobistas da Vale são mais
competentes que seus engenheiros geotécnicos. Em 25 de janeiro de 2019,
em Brumadinho, Minas Gerais, outro rompimento de barragem de rejeitos,
a Barragem I da Mina Córrego do Feijão, provocou nova tragédia. Desta
39 Disponível em
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=32CD85B9780907FAEFAE
802DEA4D0E07.proposicoesWebExterno2?codteor=1457004&filename=Tramitacao -
REL+2/2016+CEXBARRA. Acesso em 8 de junho de 2019.
40 Disponível em https://exame.abril.com.br/brasil/apos-mariana-camara-arquivou-22-projetos-de-lei-
feita, com maior gravidade, a perda de vidas humanas foi ampliada para
quase trezentas.
SF/19193.51040-43
Câmara dos Deputados, a Comissão Externa Desastre de Brumadinho e a
CPI do Rompimento da Barragem de Brumadinho, e uma no Senado, a CPI
de Brumadinho e outras barragens. Além disso, os parlamentares
apresentaram dezenas de projetos de lei sobre a segurança de barragens.
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Projeto de Lei nº 550, de 2019. Essa proposição, baseada no Projeto de Lei
do Senado nº 224, de 2016, torna a legislação bem mais rigorosa no que tange
à segurança de barragens e à responsabilização dos empreendedores.
SF/19193.51040-43
de Gongo Soco, de propriedade da Vale, está sendo submetida a um
verdadeiro calvário que inclui: remoção forçada de moradores, ocupação e
destruição de propriedades, sirenes de alarme tocando durante a madrugada,
atividade econômica destroçada, insegurança e desalento quanto ao futuro.
Essas pessoas sofrem um nível de estresse semelhante às populações que
vivem em zonas de guerra.
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Barão de Cocais Sul Superior 458
Macacos B3 e B4 316
Nova Lima Vargem Grande 49
Ouro Preto Forquilha I, II, III, Fábrica 4
Total 1.156
42Disponível em http://www.vale.com/EN/investors/information-market/presentations-
webcast/PresentationsWebcastsDocs/Cover%20Letter_consolidated_i.pdf. Acesso em 25 de junho de
2019.
272
SF/19193.51040-43
qualquer momento. Isso é simplesmente aterrador para todos que habitam a
chamada “mancha de inundação”, nome que a tecnocracia deu àquela área a
jusante das barragens onde as pessoas podem perder a vida e seus bens em
caso de rompimento.
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participaram desta CPI, bem como dos cidadãos que nos acompanharam
durante as audiências públicas, viver a jusante de uma barragem de rejeitos
revelou-se uma roleta-russa coletiva. A integridade das barragens de rejeitos
no Brasil parece ser mais uma questão de sorte que de engenharia.
43Disponível em https://www.oeco.org.br/blogs/salada-verde/agencia-nacional-de-mineracao-interdita-
56-barragens/. Acesso em 9 de junho de 2019.
273
SF/19193.51040-43
Algumas dessas barragens de rejeitos são verdadeiros leviatãs.
Por exemplo, a Barragem de Santo Antônio, em Paracatu, Minas Gerais, já
inativa, mas não descomissionada, possui 104 metros de altura (é mais alta
que as torres do Anexo 1 do Congresso Nacional) e contém 400 milhões de
metros cúbicos de rejeitos (mais de 30 vezes o volume vazado em
Brumadinho). São rejeitos altamente tóxicos, contendo arsênio e cianetos,
provenientes da mineração de ouro. Contudo, a mineração de ouro em
procedimento-para-apurar-seguranca-do-maior-complexo-de-barragens-de-rejeitos-do-pais.ghtml.
Acesso em 9 de junho de 2019.
274
SF/19193.51040-43
Como se vê, exemplos do perigo representado pelas barragens
de rejeitos não faltam. O fato inegável é que pessoas e ecossistemas a jusante
de barragens de rejeitos não estão em condições plenas de segurança. Muitos
dizem que esse ônus é justificável diante dos benefícios econômicos da
mineração. Contudo, o ônus recai sobre as costas da população a jusante das
barragens, enquanto os benefícios vão para os acionistas das mineradoras.
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processamento a seco de minério de ferro. 46 Além disso, a mineradora
provisionou US$ 1,9 bilhão para o descomissionamento de nove barragens
de rejeitos nos próximos anos. 47
46 Disponível em https://www.valor.com.br/empresas/6253413/vale-investira-r-11-bi-na-producao-
seco. Acesso em 9 de junho de 2019.
47 Disponível em https://www.valor.com.br/empresas/6297863/vale-provisiona-us-19-bilhao-para-
SF/19193.51040-43
Pomba e Paraíba do Sul e alcançou 39 municípios da Zona da Mata Mineira
e oito cidades do Norte Fluminense. O abastecimento de água de 700 mil
pessoas foi interrompido e houve grave destruição da flora e da fauna. Foi o
maior desastre ambiental de Minas Gerais até o rompimento da barragem do
Fundão, em Mariana.
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as inativas. O segundo trata de encargos do setor minerário e cria a
participação especial, nos moldes da que já existe no setor de petróleo, para
aumentar a arrecadação da União, estados e municípios com a mineração.
Por fim, o terceiro projeto de lei trata de crimes contra o meio ambiente e
cria novos tipos penais na Lei de Crimes Ambientais para lidar com condutas
que podem provocar tragédias como as de Mariana e de Brumadinho.
276
SF/19193.51040-43
“Proíbe o licenciamento ambiental de novas barragens de
rejeitos e de resíduos industriais, estabelece regras de segurança e prazo
para o descomissionamento das barragens de rejeitos e de resíduos
industriais em construção ou existentes, ativas e inativas, e institui a Taxa
de Fiscalização de Segurança de Barragens de Rejeitos (TFSBR). ”
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
bilhões e bilhões de toneladas de rejeitos de mineração ou resíduos
industriais, perigosamente acumulados em frágeis barragens.
SF/19193.51040-43
Minerais, subsidiária da mineradora australiana Mundo Minerals 48, que
abandonou, em Rio Acima, Minas Gerais, duas barragens com rejeitos da
mineração de ouro? Estas, se vierem a se romper, contaminarão o Rio das
Velhas 49, cuja água abastece a população de Belo Horizonte. A questão foi
judicializada. Entretanto, com o desaparecimento do empreendedor, coube à
Companhia de Saneamento de Minas Gerais o ônus da gestão da segurança
das barragens para evitar o mal maior, a contaminação da água dos belo-
horizontinos.
48 Disponível em http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-04/sem-operar-desde-2011-
mineradora-e-obrigada-desativar-barragens-em-minas. Acesso em 9 de junho de 2019.
49 Disponível em https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/01/31/barragens-com-maior-
potencial-de-dano-do-pais-oferecem-risco-de-contaminacao-quimica-a-manancial-na-grande-bh.ghtml.
Acesso em 9 de junho de 2019.
278
SF/19193.51040-43
barragens de rejeitos, julgamos de extrema relevância adotar uma série de
cuidados para reduzir ao mínimo o risco de novos desastres provocados por
acidentes com essas barragens.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
empreendimento, situados a jusante da barragem. Foram todos engolfados
pela torrente de rejeitos. Infelizmente, as sirenes de alerta não foram
acionadas e as vítimas ficaram indefesas diante do triste destino a que foram
condenadas pela negligência homicida da Vale.
SF/19193.51040-43
instalações ou atividades no empreendimento minerário que impliquem a
presença constante de pessoas na zona de autossalvamento. Assim, mesmo
na eventualidade de um rompimento repentino da barragem, o número de
pessoas vitimadas será menor. A única exceção admitida é para trabalhos
temporários de manutenção e em prol da segurança da barragem.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
todo momento, gerar uma tragédia humana e ambiental. Para mitigar o
sofrimento das pessoas que são retiradas de seus lares situados na zona de
autossalvamento de barragens de rejeitos em situação de emergência,
propomos que, por iniciativa do proprietário, a mineradora seja obrigada a
indenizá-lo pelo imóvel, passando a ser dona da propriedade. Seria uma
espécie de “desapropriação privada inversa”. Dessa forma, essas pessoas
poderão tentar reconstruir suas vidas em lugar mais seguro.
SF/19193.51040-43
Depoimentos e mensagens de e-mail demonstraram os conflitos de interesses
que permeiam os relatórios que atestam a estabilidade dessas barragens.
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pelo rompimento de barragens. A proposição quebra a relação econômica
direta entre o empreendedor da barragem e a empresa de engenharia
responsável pela inspeção da barragem. Essa passa a ser escolhida, por
sorteio ou outro meio que garanta sua independência, pelo órgão fiscalizador
entre os profissionais e as empresas cadastradas por ele. Os serviços
prestados serão remunerados com recursos recolhidos do empreendedor por
meio de uma taxa criada para esse fim, a Taxa de Fiscalização de Segurança
de Barragens de Rejeitos (TFSBR). Acreditamos que, dessa forma, será
281
SF/19193.51040-43
publicar regulamentos normatizando formatos, técnicas, ensaios e
parâmetros dessas inspeções, para garantir a exatidão, a reprodutibilidade e
a comparabilidade dos resultados obtidos. A ANM não precisa reinventar a
roda: diversos países, como o Canadá, os Estados Unidos e a Noruega já
possuem normativos sobre segurança de barragens que poderiam ser
adaptados às condições brasileiras.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
A ANM, ao definir os parâmetros mínimos obrigatórios, bem
como os ensaios necessários e os procedimentos a serem adotados, coibirá a
ação de profissionais venais e mal-intencionados que tiram proveito das
brechas da lei e das normas de engenharia para emitir laudos de estabilidade
ideologicamente falsos.
SF/19193.51040-43
rejeitos, obrigamos o empreendedor a realizar projeto de avaliação,
gerenciamento e comunicação de risco ambiental dessas estruturas e também
apresentar anualmente o relatório de suas ações na área.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
monitoramento, manutenção e ação em caso de emergência compõem essa
responsabilidade e devem ser supervisionados pelo poder público.
SF/19193.51040-43
Sabemos da penúria da ANM em termos humanos e materiais.
Porém, ela é a agência reguladora do setor mineral e não pode, portanto, se
omitir diante de uma situação provocada pela mineração e que implica alto
risco para a população e o meio ambiente. A discussão judicial das
responsabilidades pelas barragens de rejeitos órfãs pode se estender por um
período demasiadamente longo e a barragem, se não tiver a adequada
manutenção, pode vir a romper-se nesse meio tempo, provocando uma
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
físicas, ocorrerá em Brumadinho a repetição do que se viu em Mariana: a
pessoa jurídica, após anos de tramitação de um processo judicial, é
condenada, mas as pessoas físicas causadoras do dano não sofrem qualquer
sanção.
Minuta
SF/19193.51040-43
rejeitos e de barragens de resíduos industr ia is
novas, estabelece regras de segurança e prazo para
o descomissionamento das barragens de rejeitos e
das barragens de resíduos industriais em
construção ou existentes, ativas e inativas, e
institui a Taxa de Fiscalização de Segurança de
Barragens de Rejeitos (TFSBR).
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
I – barragem de rejeitos: barragem destinada à disposição final
ou temporária de rejeitos de mineração;
SF/19193.51040-43
monitoramento da barragem de rejeitos, devendo reportar-se diretamente à
Diretoria e ao Conselho de Administração – ou órgãos equivalentes – do
empreendedor;
SF/19193.51040-43
§ 1º As exigências para licenciamento ambiental de
descomissionamento de barragens de rejeitos e de barragens de resíduos
industriais devem prever, entre outros requisitos, a apresentação do Plano de
Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) do empreendimento, ou sua
atualização, quando já houver sido apresentado na fase de licenciamento do
empreendimento.
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Conselho de Administração, bem como os responsáveis pelo projeto,
construção, operação, manutenção e inspeção das barragens de rejeitos, de
suas responsabilidades em caso de acidente.
SF/19193.51040-43
Art. 8º Os titulares de imóveis situados na ZAS de barragens de
rejeitos que tiveram de desocupá-los por mais de 30 (trinta) dias, corridos ou
alternados, em razão da ameaça de rompimento da barragem podem, a
qualquer tempo, exigir indenização pelo valor do seu imóvel, perdendo a
propriedade em favor do empreendedor da barragem.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
de fiscalização de segurança e de avaliação de riscos de barragens de rejeitos.
SF/19193.51040-43
de rejeitos ou da mesma barragem ao longo do tempo.
I – o fator de segurança;
II – o risco social;
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
abaixo do valor mínimo estabelecido pela ANM, fica suspensa a disposição
de novos rejeitos até que o fator de segurança atinja valor igual ou superior
ao mínimo, devendo o empreendedor realizar imediatamente as intervenções
na barragem de rejeitos necessárias para esse fim.
SF/19193.51040-43
I – risco social intolerável: fica suspensa a disposição de novos
rejeitos até que a barragem atinja a classificação de risco social tolerável ou,
com a anuência justificada da ANM, de risco a ser reduzido, cabendo ao
empreendedor realizar imediatamente as intervenções na barragem
necessárias para esse fim;
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barragens de rejeitos definidos no Anexo 2.
SF/19193.51040-43
§ 1º Os controladores, diretos ou indiretos, respondem
solidariamente com o empreendedor pessoa jurídica pelos danos causados.
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não há sequer ação ajuizada em face do empreendedor.
dias desta, ressalvado o art. 17, que entra em vigor depois de decorridos 120
(cento e vinte) dias da data da publicação oficial.
ANEXO 1
SF/19193.51040-43
Gráfico Frequência (F) x Fatalidades (N)
1,0E-02
1,0E-03
1,0E-04
Frequência (F)
1,0E-07
1,0E-09
1 10 100 1000 10000
Fatalidades (N)
Curva 1 Curva 2
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292
ANEXO 2
SF/19193.51040-43
Tabela 1 – Valor da TFSBR para barragens de rejeitos com volume de
rejeitos contidos de até 100.000 (cem mil) mil metros cúbicos.
Serviço Unidade Valor (R$)
Inspeção de Segurança Regular Inspeção 10.000,00
Inspeção de Segurança Especial Inspeção 10.000,00
Revisão Periódica Revisão 10.000,00
Análise de Risco Análise 5.000,00
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rejeitos contidos maior que 1.000.000 (um milhão) até 3.000.000 (três
milhões) de metros cúbicos.
Serviço Unidade Valor (R$)
Inspeção de Segurança Regular Inspeção 30.000,00
Inspeção de Segurança Especial Inspeção 30.000,00
Revisão Periódica Revisão 30.000,00
Análise de Risco Análise 15.000,00
293
SF/19193.51040-43
Inspeção de Segurança Especial Inspeção 60.000,00
Revisão Periódica Revisão 60.000,00
Análise de Risco Análise 30.000,00
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Revisão Periódica Revisão 120.000,00
Análise de Risco Análise 60.000,00
JUSTIFICAÇÃO
SF/19193.51040-43
tocando durante a madrugada, atividade econômica destroçada, insegurança
e desalento quanto ao futuro. Atualmente mais de mil pessoas foram forçadas
a se retirar de seus lares em razão de problemas com as barragens de rejeitos
da Vale. Essas pessoas sofrem um nível de estresse semelhante às populações
que vivem em zonas de guerra.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
barragens ativas e de cinco anos para as inativas. Trata-se de um prazo
bastante razoável para que os empreendimentos em operação se adaptem à
nova Lei.
SF/19193.51040-43
intergeracional. Não podemos legar aos nossos filhos e netos o passivo
ambiental de bilhões e bilhões de toneladas de rejeitos de mineração e de
resíduos industriais, perigosamente acumulados em frágeis barragens.
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passando pela construção, operação, manutenção, inspeção, e chegando até
o descomissionamento e descaracterização da barragem. Ele não é o
responsável direto por essas atividades, mas as acompanha, registra seu
desenvolvimento e sugere ações em prol do bom desempenho da barragem.
Em sentido metafórico, o engenheiro de registros é como se fosse o “médico
de família” da barragem, conhece em detalhes suas características e faz
recomendações para garantir as condições de higidez da estrutura. No
exercício de suas funções, o engenheiro de registros deve ter acesso tanto ao
nível de operação quanto à alta direção da empresa.
SF/19193.51040-43
Para mitigar o sofrimento daqueles que são retirados de seus
lares situados na zona de autossalvamento de barragens de rejeitos em
situação de emergência, propomos que, por iniciativa do proprietário, a
mineradora seja obrigada a indenizá-lo pelo imóvel, passando a ser dona da
propriedade. Dessa forma, essas pessoas poderão tentar reconstruir suas
vidas em lugar seguro.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
a comparabilidade dos resultados obtidos. Adicionalmente, estabelecemos
um valor mínimo de fator de segurança aceitável igual a 1,5 (um inteiro e
cinco décimos), conforme já consta das normas técnicas brasileiras. O
objetivo é evitar que barragens de rejeitos com fator de segurança pouco
acima de 1 (um) recebam declaração de condição de estabilidade, como
aconteceu em Brumadinho.
que a ANM deva zelar pela segurança dessas barragens de rejeitos órfãs e
providenciar o seu descomissionamento antes que ocorra um desastre de
graves consequências. Para custear essas ações, a ANM poderá utilizar
recursos do Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa
Civil (FUNCAP).
SF/19193.51040-43
controle das empresas operadoras de barragens de rejeitos de mineração
pelos desastres provocados pelo rompimento dessas estruturas. Caso a
responsabilidade não seja legalmente imputada a pessoas físicas, ocorrerá
em Brumadinho a repetição do que se viu em Mariana: a pessoa jurídica,
após anos de tramitação de um processo judicial, é condenada, mas as
pessoas físicas causadoras do dano não sofrem qualquer sanção.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Senador Dário Berger (MDB/SC), Senador Jáder Barbalho (MDB/PA),
Senador Jaques Wagner (PT/BA), Senador Jean Paul Prates (PT/RN),
Senador Jorge Kajuru (PSB/GO), Senadora Juíza Selma (PSL/MT),
Senadora Leila Barros (PSB/DF), Senador Otto Alencar (PSD/BA), Senador
Randolfe Rodrigues (REDE/AP), Senador Roberto Rocha (PSDB/MA),
Senadora Rose de Freitas (PODE/ES), Senador Wellington Fagundes
(PR/MT), Senador Zequinha Marinho (PSC/PA).
298
SF/19193.51040-43
submetida à cobrança de encargos especiais. A razão fundamental é a de que,
na maioria dos países, inclusive no Brasil, os recursos minerais pertencem
ao Estado e, para conceder o direito de uso exclusivo de bens minerais de
sua propriedade, o Estado exige, como contrapartida, pagamento por esse
direito. Além disso, como os bens minerais são exauríveis, seu
aproveitamento reduz o patrimônio de seu proprietário, e este então exige
uma compensação. Por fim, a existência de um excedente, ou seja, de retorno
acima do que seria suficiente para justificar o empreendimento mineiro,
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
empreendimento mineiro.
SF/19193.51040-43
mineração deixou de ter um regime tributário diferenciado. Passou a ser
tributada de forma similar a outras atividades industriais. Além disso, foi
criado um encargo adicional, a CFEM, específico para a mineração.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
atividade econômica (Salário-Educação, Seguro de
Acidentes, Gratificação de Natal, Adicional de Férias,
multa por dispensa sem justa causa)
SF/19193.51040-43
Taxa anual por hectare (não é tributo; pago somente na
fase de pesquisa)
Fonte:
http://www.mme.gov.br/documents/1138775/1256656/P03_RT07_Cenário_Evolutivo_da_Situa
ção_Tributária_da_Mineração_no_Brasil_e_Análise_Comparativa_com_Países_Mineradores_S
elecionados.pdf/65948d6b-6c99-46b5-877f-2533e05d8cbb. Consultado em 14 de maio de 2019.
SF/19193.51040-43
Nesse contexto, como, normalmente, os países que adotam uma
tributação sobre o valor adicionado isentam as exportações desse tributo, a
Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996, conhecida como Lei
Kandir, isentou as exportações de minerais do pagamento de ICMS, para que
os produtores brasileiros não ficassem em desvantagem. Além disso, a Lei
no 10.637, de 2002, suspende o recolhimento de PIS e COFINS para as
matérias primas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem
destinados a elaboração de determinados produtos e a pessoas jurídicas
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produções quase integralmente ao mercado externo, por exemplo, os
produtores de ferro-gusa.
SF/19193.51040-43
casos. O valor da arrecadação com a CFEM é apresentado a seguir.
Fonte:
https://sistemas.dnpm.gov.br/arrecadacao/extra/Relatorios/arrecadacao_cfe
m.aspx. Consultado em 14 de maio de 2019.
SF/19193.51040-43
Esses encargos variam de país para país, sendo diferentes na
forma, e variando conforme o tipo de mineral, a escala de produção, as
alíquotas e as deduções permitidas, e o nível de preços.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
contribuições, há que se levar em consideração as diferenças nas deduções
para depreciação, limitações na dedução de prejuízos, limites na dedução de
pagamento de juros, diferenças na base de cálculo dos royalties e a existência
de regras especiais para estimular a exploração.
SF/19193.51040-43
eleva o ônus para o minerador em 50%. 50
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
sobre os aspectos tributários da mineração brasileira51, o Banco Mundial
referiu-se a dois estudos: um realizado pela ERNST & YOUNG (que utiliza
a metodologia descrita acima) e outro pelo Fraser Institute, que se baseia em
pesquisa junto às empresas de mineração.
50Vale indicar que as empresas costumam comprar as terras dos superficiário quando essa compensaç ão
representa alto custo.
51
http://www.mme.gov.br/documents/1138775/1256656/P03_RT07_Cenario_Evolutivo_da_Situação_Tri
butaria_da_Mineração_no_Brasil_e_Análise_Comparativa_com_Países_Mineradores_Selecionados.pdf/
65948d6b-6c99-46b5-877f-2533e05d8cbb
305
SF/19193.51040-43
destinada à exportação, quando ocorre a desoneração dos impostos sobre
valor agregado. Para o minério de ferro, o estudo colocou o Brasil em 3o
lugar, depois de Venezuela e China, com uma tributação da ordem de
19,70%.
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O certo é que, em todo o mundo, a partir da crise financeira e da
recessão de 2008, diversos países introduziram formas de aumentar a
arrecadação em cima do setor mineral. Quando países enfrentam
dificuldades econômicas e ocorre um aumento expressivo dos preços dos
minerais, os governos costumam olhar para o setor como fonte de receita
para compensar a queda de arrecadação em outras áreas.
SF/19193.51040-43
sobre os lucros das empresas diminuíram, tanto em países em
desenvolvimento quanto em países desenvolvidos.
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do País. O estudo, que se concentrou na mineração de ferro, estimou, para
Minas Gerais, perdas acumuladas de R$ 12,5 bilhões em razão da Lei Kandir
entre 1997 e 2013. Para o Pará, as perdas foram estimadas em R$ 9,4 bilhões.
52“O 3 o relatório preliminar do Novo Código de Mineração está pronto para ser votado? ” Alessandra
Cardoso – Instituto de Estudos Socioeconômicos.
307
SF/19193.51040-43
recursos financeiros entre diferentes países, sem declará-lo às autoridades,
evadir tributos, contornar controles de capital e até transferir recursos obtidos
por meio de atividades ilícitas. Por meio de um deliberado subfaturamento
das exportações e superfaturamento das importações, as corporações,
reduzem seu lucro líquido no Brasil e, consequentemente, pagam menos
IRPJ e CSLL. Usam desse artificio para transferir parte de seus lucros
tributáveis para países com tributação mais favorecida ou sem qualquer
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transferir recursos para o exterior, totalizando 122,29 bilhões de dólares
entre 2006 e 2012, o que significou 67% dos recursos remetidos para o
exterior por meio do faturamento indevido. A outra parcela (32,2%) foi
enviada através do superfaturamento de importações, num montante de
57,99 bilhões de dólares (em valores reais de 2014).54 Esse processo, além
de reduzir o crescimento econômico do país, implica na perda de arrecadação
53 Estudo sobre mensuração da fuga de capitais do setor mineral no Brasil, financiado pela Rede Latino -
Americana sobre Dívida, Desenvolvimento e Direitos (LATINDADD).
54 Idem, página 14
308
SF/19193.51040-43
dólares entre 2009 e 2015, uma perda média de mais de 5,59 bilhões de
dólares por ano. Ao montante subfaturado esteve associado uma perda de
arrecadação tributária de 13,305 bilhões de dólares para o mesmo período, o
que significou em média uma perda anual de 1,9 bilhão de dólares.
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vinculada a outra domiciliada no exterior (relação de matriz, filial, sucursal,
controlada, coligada, representante exclusivo, interposta pessoa).
SF/19193.51040-43
exterior, de forma a não haver diminuição indevida da base de cálculo do
Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido (CSLL).
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No que interessa a esta nota, os arts. 18 e 18-A da Lei cuidam
das operações de importação e os arts. 19 e 19-A, das de exportação.
SF/19193.51040-43
Na exportação, o controle fiscal dos preços de transferência dá-
se da seguinte forma:
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vendas nas exportações para empresas vinculadas (art. 48 da IN RFB nº
1.312, de 2012 – “safe harbor” da lucratividade); ou
SF/19193.51040-43
uma receita a menor, portanto a diferença deverá ser adicionada ao lucro real,
bem como ser computada na determinação do lucro presumido ou arbitrado
(IRPJ) e na base de cálculo da CSLL.
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Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005. No uso da competência conferida
pelo dispositivo legal, o Ministro da Fazenda baixou a cada ano portaria com
o fator de reajuste cambial multiplicativo, autorizando sua aplicação a duas
hipóteses. Por meio da Portaria MF nº 563, de 28 de dezembro de 2011 (art.
1º, II), autorizou fosse multiplicado, pelo fator de 1,11, o preço praticado
pela pessoa jurídica nas exportações para pessoas vinculadas, para efeito de
comparação com o preço parâmetro calculado pelo método Custo de
Aquisição ou de Produção mais Tributos e Lucro (CAP), conforme dispõe o
inciso IV do § 3º do art. 19 da Lei nº 9.430, de 1996.
312
SF/19193.51040-43
A autorização legal para que a RFB estabeleça salvaguardas
(“safe harbors”) de lucratividade e de representatividade para a exportação é
veiculada no caput do art. 45 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003.
O § 2º do mesmo dispositivo autoriza o Fisco a fixar percentual de margem
de divergência aceitável.
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brasileira e a da organização com relação, do ponto de vista tributário, às
transações internacionais entre empresas associadas. Conforme anunciado, o
referido projeto objetiva avaliar o potencial do Brasil de se aproximar das
regras relativas aos preços de transferência da OCDE. Cabe destacar que tais
regras são os parâmetros utilizados não apenas pelos países membros da
entidade, mas também servem de referência para outros países.
SF/19193.51040-43
relatórios estatísticos e sistemas de informação.
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Ademais, é “participante” em outros 15 organismos, além de haver aderido
a 38 instrumentos jurídicos da OCDE e solicitado adesão a outros 76 desses
instrumentos, incluindo os Códigos de Liberalização dos Movimentos de
Capital e Operações Invisíveis Correntes.
SF/19193.51040-43
Nesse contexto, a expectativa é de que o Governo Federal se
engaje em um processo de aproximação crescente do arcabouço normativo
pátrio às regras da OCDE. A rigor, há evidências de que isso já está
ocorrendo, como atesta a publicação da IN RFB nº 1.870, de 29 de janeiro
de 2019, que aperfeiçoa vários aspectos das regras de preços de
transferência, tais como a definição de commodity e a fórmula para
determinar a margem de divergência de 5% (3% para as commodities) para
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arrecadação proporcionada pela Vale S.A. Enquanto isso, no mesmo ano, o
lucro da Petrobras superou o lucro da Vale apenas 1,4 vezes. Atribui-se essa
diferença ao caráter preponderantemente exportador do setor extrativo
mineral.56
SF/19193.51040-43
com o tempo, exaure recursos não renováveis e causa impactos ambientais
negativos, não vem, em muitos casos, trazendo resultados para o
desenvolvimento econômico. Tampouco os rendimentos gerados por essa
atividade são partilhados pela sociedade na medida em que deveriam ser.
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à iniciativa privada, majorando a compensação financeira destinada ao
Estado até torná-la equivalente à parcela do valor do produto da extração
representativa da contribuição efetiva da substância mineral encontrada na
jazida, estatizaria, na prática, toda a indústria extrativa mineral.”57
SF/19193.51040-43
”
Conclusão
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de US$ 190,00. Em compensação, em 2015-2016, ficou abaixo de US$
50,00.
SF/19193.51040-43
compensação financeira pelo resultado da exploração de petróleo ou gás
natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica, de
recursos minerais em seus respectivos territórios, plataforma continental,
mar territorial ou zona econômica exclusiva, para criar a participação
especial a ser recolhida sobre a receita líquida da mineração.
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Os desastres provocados pelo rompimento das barragens de
rejeitos de minério de ferro em Mariana e Brumadinho chamaram a atenção
da sociedade para a necessidade de sustentabilidade ambiental na mineração.
Tornou-se evidente o alto custo ambiental dessa atividade econômica.
Contudo, a compensação pelo uso de um recurso esgotável de propriedade
da União é ridiculamente baixa. Por exemplo, de acordo com a Agência
Nacional de Mineração (ANM), a arrecadação da CFEM referente à
produção de ferro somou R$2,1 bilhões em 2018, o que equivale a menos de
um dólar por tonelada extraída. Considerando que a cotação atual do minério
318
SF/19193.51040-43
de ferro. A mineradora, não satisfeita em pagar royalties tão insignificantes,
ainda comprime seus custos a ponto de comprometer a segurança de suas
operações. O resultado dessa ganância desenfreada é bem conhecido:
morticínio e destruição do meio ambiente.
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empreendimentos de menor rentabilidade sem, contudo, capturar uma
parcela significativa dos lucros das minas mais rentáveis.
SF/19193.51040-43
A nossa intenção é aplicar a mesma sistemática no setor da
mineração. Grandes minas, muitas delas ativos de classe mundial, passarão
a pagar uma participação especial sobre a receita líquida, nos moldes do que
já ocorre na produção de petróleo. As minas de menor rentabilidade serão
poupadas da nova exação, mas as minas de maior rentabilidade retornarão
para a sociedade uma parcela maior do lucro que arrancam do subsolo
brasileiro.
Minuta
SF/19193.51040-43
que institui, para os Estados, Distrito Federal e
Municípios, a compensação financeira pelo
resultado da exploração de petróleo ou gás natural,
de recursos hídricos para fins de geração de
energia elétrica, de recursos minerais em seus
respectivos territórios, plataforma continental, mar
territorial ou zona econômica exclusiva, para criar
a participação especial a ser recolhida sobre a
receita líquida da mineração.
JUSTIFICAÇÃO
SF/19193.51040-43
rejeitos de minério de ferro em Mariana e Brumadinho chamaram a atenção
da sociedade para a necessidade de sustentabilidade na mineração. Tornou-
se evidente o alto custo ambiental dessa atividade econômica. Contudo, a
compensação pelo uso de um recurso esgotável de propriedade da União é
ridiculamente baixa. Por exemplo, de acordo com a Agência Nacional de
Mineração (ANM), a arrecadação da CFEM referente à produção de ferro
somou R$2,1 bilhões em 2018, o que equivale a menos de um dólar por
tonelada extraída. Considerando que a cotação atual do minério de ferro gira
em torno de US$100/tonelada, trata-se de uma verdadeira espoliação do
patrimônio nacional!
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de cálculo o faturamento bruto, a CFEM é incapaz de capturar os lucros
extraordinários obtidos por essas minas mais ricas.
SF/19193.51040-43
Senador Antônio Anastasia (PSDB/MG), Senador Carlos Viana (PSD/MG),
Senador Dário Berger (MDB/SC), Senador Jáder Barbalho (MDB/PA),
Senador Jaques Wagner (PT/BA), Senador Jean Paul Prates (PT/RN),
Senador Jorge Kajuru (PSB/GO), Senadora Juíza Selma (PSL/MT),
Senadora Leila Barros (PSB/DF), Senador Otto Alencar (PSD/BA), Senador
Randolfe Rodrigues (REDE/AP), Senador Roberto Rocha (PSDB/MA),
Senadora Rose de Freitas (PODE/ES), Senador Wellington Fagundes
(PR/MT), Senador Zequinha Marinho (PSC/PA).
SF/19193.51040-43
do Feijão, em Brumadinho-MG, e as consequentes perdas humanas,
ambientais e materiais causadas por esses acidentes, trouxeram visibilidade
nacional e internacional para os riscos dessas barragens e a necessidade de
respostas do poder público para evitar que se repitam.
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seres vivos destruiu a cadeia alimentar em alguns ambientes atingidos e a
quantidade de lama liberada provocou assoreamento, desvio de cursos de
água e soterramento de algumas nascentes. A lama carregada pelo Rio Doce
atingiu o litoral do Espírito Santo, causando ali também grande impacto
ambiental nos ecossistemas marinhos.
SF/19193.51040-43
tornou-se emblemático pelo enorme e inaceitável número de perdas
humanas, com quase 300 vítimas, entre mortos e desaparecidos. A natural
indignação e reação a essas fatalidades não impede a constatação de que,
também em Brumadinho, verificou-se um desastre ambiental de grandes
proporções. Nesse caso, a lama atingiu uma grande área e desencadeou a
morte de muitos animais e plantas em uma região rica em biodiversidade,
com remanescentes da Mata Atlântica. A lama alcançou ainda o rio
Paraopeba, um dos afluentes do rio São Francisco, afetando a qualidade da
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
do meio ambiente diante dos riscos oferecidos por empreendimentos como
os de Mariana e Brumadinho, que utilizam as obsoletas barragens de rejeitos
de mineração.
SF/19193.51040-43
toneladas por ano. A destinação desses rejeitos é precária na maior parte das
vezes e oferece riscos às populações e aos recursos naturais, não apenas
locais, mas também num largo alcance geográfico, como mostrado na
tragédia de Mariana. No caso do ouro, o rendimento da produção é ainda
menor, com cerca de apenas 0,65g de minério produzido para cada tonelada
de minério bruto extraído. Isso significa que praticamente 100% da
mineração de ouro se torna resíduo, que precisará ser disposto em algum
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no Brasil e que, necessariamente, deverão ter seus custos internalizados na
economia desse setor.
58 Brasil. Agência Nacional de Mineração. Anuário Mineral Brasileiro: Principais Substâncias Metálicas /
Coord. Geral Osvaldo Barbosa Ferreira Filho; Equipe Técnica por Marina Dalla Costa et al.; – Brasília: ANM,
2019.
326
SF/19193.51040-43
disseminadas.
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caso de acidentes, seja na obrigação de recuperar áreas degradadas.
SF/19193.51040-43
decorrentes deve-se dar por meio do aumento das exigências ambientais e do
reforço na fiscalização. Naturalmente, os preços dos minerais haverão de
refletir os custos socioambientais associados à sua exploração, o que, num
necessário ajuste de mercado, deverá aumentar a eficiência e diminuir o
desperdício no uso dessas matérias-primas.
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Recomenda-se ao Senado Federal celeridade na tramitação dessas propostas,
assim que cheguem a esta Casa.
SF/19193.51040-43
sinalização que diferencia um crime ambiental comum, por maior que seja
sua gravidade, de crimes de extraordinárias proporções, como os de Mariana
e de Brumadinho.
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Uma questão importante que aflorou durante os trabalhos da
CPI foi a necessidade de ritos próprios de licenciamento ambiental para a
construção, operação e descomissionamento de barragens de rejeitos. Para
os objetivos desta CPI, importa aqui assegurar que o descomissionamento de
barragens de rejeitos seja precedido de licenciamento ambiental específico e
que essa licença seja acompanhada de Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas (PRAD), que visa dar cumprimento ao que estabelece o preceito
constitucional de que “aquele que explorar recursos minerais fica obrigado
a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica
exigida pelo órgão público competente, na forma da lei” (CF, art. 225, § 2º).
329
SF/19193.51040-43
do profissional conhecido como engenheiro de registros, EdR (do inglês
engineer of record, ou EoR). Trata-se de medida já contemplada na
legislação de outros países com forte presença da mineração em suas
economias (Austrália e Canadá, por exemplo).
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assegura consistência à engenharia, operação e gerenciamento da barragem
porque os riscos de qualquer falha – em termos de custos, de meio ambiente,
de reputação – são extremamente elevados.
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331
Minuta
SF/19193.51040-43
(Lei de Crimes Ambientais), para tipificar o crime
de desastre ecológico de grande proporção ou que
produza estado de calamidade pública, bem como
a conduta do responsável por desastre relativo a
rompimento de barragem.
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Pena – detenção, de um a dois anos, e multa.
§ 6º Se do crime doloso ou culposo referidos nos §§ 4º e 5º
deste artigo resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa
de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte humana, é
aplicada em dobro.
SF/19193.51040-43
II – provocar a mortandade de animais ou a destruição
significativa da flora;
III – causar poluição hídrica que impeça o abastecime nto
público de água ou a geração de energia hidrelétrica;
IV – interromper atividade agropecuária ou industrial;
V – impedir a pesca, mesmo que temporariamente;
VI – interromper o acesso a comunidades;
VII – causar prejuízos ao patrimônio histórico-cultural;
VIII – afetar o modo de vida de populações indígenas e
comunidades tradicionais; ou
“Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo deve ser
fixado por regulamento, conforme a categoria e a gravidade da
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infração, e atualizado periodicamente, com base nos índices
estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de
R$2.000,00 (dois mil reais) e o máximo de R$1.000.000.000,00 (um
bilhão de reais).” (NR)
JUSTIFICAÇÃO
SF/19193.51040-43
legislação ambiental brasileira, dirimindo contradições e inconsistências,
definindo infrações e estabelecendo penas com uniformização e gradação
adequadas, de maneira harmonizada em um único dispositivo legal, os
muitos anos que se passaram desde sua aprovação justificam ajustes e
complementos em função de novas circunstâncias, informações e
conhecimentos.
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apresentadas naquela Casa, incluindo uma com modificações à Lei de
Crimes Ambientais, na qual nos inspiramos para produzir o presente projeto
de lei.
SF/19193.51040-43
proporção ou estado de calamidade pública que justifique penas mais
elevadas. Além disso, a proposição prevê também a qualificação do crime,
com penas diferenciadas quando houver morte ou lesão corporal de natureza
grave.
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valores de multas devidas por infrações administrativas previstas na lei de
crimes ambientais. O valor anteriormente fixado – além de necessitar ser
corrigido monetariamente – é absolutamente incompatível com a gravidade
e com a extensão dos danos causados por acidentes de proporções grandiosas
como os de Mariana e Brumadinho.
SF/19193.51040-43
Sala das Sessões,
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336
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
SF/19193.51040-43
rompimento da Barragem I da Mina Córrego do Feijão, como também
identificar e sugerir o indiciamento dos responsáveis pelos crimes ali
cometidos. O papel dos órgãos públicos foi debatido na CPI e diversas
sugestões e recomendações emanaram desses trabalhos, seja do ponto de
vista administrativo, seja do ponto de vista legislativo, a fim de evitar novas
tragédias, o que nos permite concluir que o mandato recebido por este
Colegiado foi cumprido com êxito.
SF/19193.51040-43
No entanto, é importante ressaltar aqui que o aprofundamento das
investigações em curso pela força-tarefa e o surgimento de novas provas
podem implicar enquadramentos mais rigorosos, como homicídio por dolo
eventual. É importante que todos os fatos sejam exaustivamente apurados a
fim de que a sociedade brasileira, em particular aqueles afetados mais
diretamente pela tragédia de Brumadinho, não enxergue, mais uma vez, a
ausência de justiça diante da força do poder econômico.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Além disso, a Vale não contava com um sistema de governança e compliance
apto a coordenar os incentivos de diretores, gerentes e funcionários para o
controle do risco e o cumprimento da lei, o que se mostrou relevante para o
desenrolar da causalidade que levou ao rompimento da barragem.
SF/19193.51040-43
construção dos poços de rebaixamento, a evitação dos gatilhos (como as
detonações), o acionamento do plano de emergência e a evacuação, retirada
da estrutura administrativa da empresa do local, adoção pela empresa de uma
curva de tolerância ao risco, etc.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
autonomia e proximidade com os eventos ocorridos. O juiz deve definir o
montante de pena e multa no caso concreto (aumentando ou diminuindo)
para cada um levando em conta essas circunstâncias.
SF/19193.51040-43
o desastre de Mariana, pouco mudou para reverter essa situação.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
constitui contribuição do Congresso Nacional para o qual esta CPI gostaria
de prestar o justo reconhecimento.
SF/19193.51040-43
Código de Mineração. Essa é uma tarefa à qual o Congresso não pode se
furtar.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
(ANA), o fato é que, passados quase dez anos da instituição da Política
Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), 42% das barragens não têm
outorga formal e em 76% dos casos o Poder Público sequer sabe se a
barragem está ou não submetida à PNSB. Esses dados estarrecedores
comprovam a limitação do sistema autodeclaratório atualmente adotado para
o cadastramento de barragens. Diante do quadro exposto, sugerimos que, sob
a organização do Ministério do Desenvolvimento Regional, se constitua um
grupo de trabalho com a participação dos órgãos fiscalizadores de barragens,
para a regularização de todas as barragens no Brasil. Esse trabalho poderia,
341
SF/19193.51040-43
Civil do Estado de Minas Gerais, ao Ministério Público da União, ao
Ministério Público do Estado de Minas Gerais, ao Governador de Estado de
Minas Gerais, ao Ministério das Minas e Energia e ao Ministério do Meio
Ambiente.
SF/19193.51040-43
SENADO FEDERAL
REQUERIMENTO N° 21, DE 2019
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
AUTORIA: Senador Otto Alencar (PSD/BA), Senadora
Eliziane Gama (PPS/MA), Senadora Leila Barros (PSB/DF), Senadora
Mailza Gomes (PP/AC), Senador Angelo Coronel (PSD/BA), Senador
Antonio Anastasia (PSDB/MG), Senador Arolde de Oliveira (PSD/RJ),
Senadora Selma Arruda (PSL/MT), Senadora Simone Tebet (MDB/MS),
Senador Carlos Viana (PSD/MG), Senador Chico Rodrigues (DEM/RR),
Senador Dário Berger (MDB/SC), Senador Davi Alcolumbre (DEM/AP),
Senador Eduardo Girão (PODE/CE), Senador Elmano Férrer (PODE/PI),
Senador Flávio Bolsonaro (PSL/RJ), Senador Humberto Costa (PT/PE),
344
SF/19193.51040-43
(PSD/MS), Senador Omar Aziz (PSD/AM), Senador Oriovisto Guimarães
(PODE/PR), Senador Paulo Paim (PT/RS), Senador Paulo Rocha (PT/PA),
Senador Plínio Valério (PSDB/AM), Senador Randolfe Rodrigues
(REDE/AP), Senador Reguffe (S/Partido/DF), Senador Roberto Rocha
(PSDB/MA), Senador Rodrigo Pacheco (DEM/MG), Senador Romário
(PODE/RJ), Senador Sérgio Petecão (PSD/AC), Senador Tasso Jereissati
(PSDB/CE), Senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB/PB), Senador
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
345
SENADO FEDERAL
SF/19193.51040-43
REQUERIMENTO N° 197, DE 2019
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Senador Marcos do Val (PPS/ES), Senador Oriovisto Guimarães
(PODE/PR), Senador Otto Alencar (PSD/BA), Senador Paulo Rocha
(PT/PA), Senador Plínio Valério (PSDB/AM), Senador Randolfe Rodrigues
(REDE/AP), Senador Romário (PODE/RJ), Senador Styvenson Valentim
(PODE/RN), Senador Telmário Mota (PROS/RR), Senador Wellington
Fagundes (PR/MT)
346
SF/19193.51040-43
PLS nº 224, de 2016, do Senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).
Altera as Leis nº 12.334, de 2010, e nº 9.433, de 1997. Entre outras
disposições, o Projeto explicita a responsabilidade civil objetiva do
empreendedor; cria o Fórum Brasileiro de Segurança de Barragens, para
articulação dos órgãos fiscalizadores e demais partes interessadas no tema
da segurança de barragens; cria Comitê Técnico para análise de acidentes
com barragens, nos moldes do Centro de Investigação e Prevenção de
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
para cobrir danos a terceiros e ao meio ambiente, em caso de acidente ou
desastre, nas barragens de categoria de risco alto e dano potencial alto; torna
obrigatória a contratação de seguro ou a apresentação de garantia financeira
para custear a desativação das barragens destinadas à disposição final ou
temporária de resíduos industriais ou de rejeitos de mineração; e estabelece
sanções administrativas e penais para os empreendedores que deixarem de
cumprir as normas e colocarem em risco a população.
SF/19193.51040-43
real da estabilidade da barragem por meio de instrumentos bem como o
acionamento automático das sirenes de alarme em caso de acidentes e envio
automático de alerta sobre o incidente ao empreendedor, aos órgãos de
defesa civil e ao órgão fiscalizador.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
inovações, como: a obrigatoriedade de o empreendedor remover e realocar,
às suas expensas, os ocupantes de áreas potencialmente afetadas em situação
de emergência quando a barragem for classificada na categoria de alto risco;
proibição de barragens com alteamento a montante; proibição de instalação
de barragens a menos de 10 quilômetros a montante de comunidades,
moradias, edificações ocupadas e corpos hídricos utilizados para
abastecimento público; proibição de ocupação humana a menos de 10
quilômetros a jusante de barragens.
348
SF/19193.51040-43
8.072, de 25 de julho de 1990, e nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. O
Projeto retoma as disposições do PLS nº 224, de 2016, do Senador Ricardo
Ferraço. Além disso, classifica como hediondo o crime de poluição
ambiental que tenha como resultado a morte de pessoas e aumenta suas
penas.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Tramitação: O PL foi distribuído à CCJ em decisão
terminativa. A matéria está com o Relator na CCJ.
SF/19193.51040-43
Altera a Lei nº 12.334, de 2010. Insere dois objetivos na PNSB: i) o
reaproveitamento dos rejeitos de mineração e dos resíduos industriais e ii) a
utilização de tecnologias que reduzam a quantidade de rejeitos.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
CI.
SF/19193.51040-43
com exceção de hidrelétricas.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
tipo e transforma em crime ambiental o não cumprimento dessa disposição.
Também estabelece o prazo máximo de trinta dias para o pagamento das
indenizações.
SF/19193.51040-43
nº 1486, de 2007, e a outros PL.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
o valor máximo dessa multa para 1 bilhão de reais.
SF/19193.51040-43
PL nº 3775, de 2015, do Deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA).
Altera a Lei nº 12.334, de 2010. Entre outras disposições, torna obrigatório
o PAE para todas as barragens incluídas na PNSB, que deverá estar
disponível na internet e ser revisado a cada cinco anos.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
de lei autônoma. Trata da disposição final dos resíduos sólidos e dos rejeitos
de mineração. Entre outras disposições, fixa um percentual mínimo de 25%
de aproveitamento dos rejeitos de mineração em artefatos na construção
civil, que, por sua vez, devem ser usados preferencialmente em construções
de interesse social, financiadas ou custeadas pelo Poder Público. Isenta o
transporte dos rejeitos até a fábrica de artefatos da cobrança de tributos
federais e reparte igualmente o custo desse serviço entre a mineradora e o
fabricante.
SF/19193.51040-43
Tramitação: O PL tramita em regime de prioridade (art. 151,
II, RICD) apensado ao PL nº 3598, de 2015, e a outros PL.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Tramitação: O PL foi arquivado.
SF/19193.51040-43
nº 12.305, de 2010, inclusive a possibilidade de contratação de seguro de
responsabilidade civil.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
PL nº 4287, de 2016, da Comissão Externa destinada a
acompanhar e monitorar os desdobramentos do desastre ambiental, ocorrido
em Mariana (MG) e região no dia 5 de novembro de 2015. Altera a Lei nº
12.334, de 2010. Entre outras disposições, inclui a participação da população
na elaboração do Plano de Ação de Emergência e da defesa civil na
fiscalização das barragens, torna obrigatório o PAE, permite ao poder
público promover o aproveitamento de rejeitos, e torna crime ambiental o
descumprimento dos dispositivos da Lei nº 12.334, de 2010.
355
SF/19193.51040-43
Mineral. Entre outras disposições, estabelece a obrigatoriedade de
contratação de seguro contra acidentes de barragens de rejeitos de mineração
e o aporte de garantias financeiras para desativação dessas barragens.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
PL nº 5848, de 2016, do Deputado Rubens Pereira Júnior
(PCdoB-MA). Projeto de lei autônoma. Entre outras disposições, estabelece
a obrigatoriedade de contratação de seguro contra danos causados pelo
rompimento de barragens e torna crime ambiental a não contratação do
seguro.
SF/19193.51040-43
Tramitação: O PL tramita em regime ordinário (art. 151, III,
RICD) apensado ao PL nº 18, de 2019, e a outros PL.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
12.334, de 2010. Proíbe o uso do método de alteamento a montante na
construção de barragens de mineração.
SF/19193.51040-43
PL nº 109, de 2019, do Deputado Rodrigo Agostinho (PSB-
SP). Altera a Lei nº 12.334, de 2010, e o Decreto-Lei nº 227, de 28 de
fevereiro de 1967 (Código de Mineração). Repete dispositivos do PL nº
3775, de 2015, do Deputado Arnaldo Jordy, e aumenta o valor das multas
constantes no Código de Mineração para até 1 bilhão de reais.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Tramitação: O PL tramita em regime ordinário (art. 151, III,
RICD) apensado ao PL nº 18, de 2019, e a outros PL.
SF/19193.51040-43
método de alteamento a montante na construção, alteração ou acréscimo da
capacidade de barragens destinadas à contenção de rejeitos e institui a
obrigatoriedade de contratação de seguro contra eventual rompimento.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
PL nº 356, de 2019, da Deputada Leandre (PV-PR). Altera a
Lei nº 12.334, de 2010. Reapresentação do PL nº 4287, de 2016, da Comissão
Externa destinada a acompanhar e monitorar os desdobramentos do desastre
ambiental, ocorrido em Mariana (MG) e região no dia 5 de novembro de
2015. Entre outras disposições, inclui a participação da população na
elaboração do Plano de Ação de Emergência e da defesa civil na fiscalização
das barragens, torna obrigatório o PAE, permite ao poder público promover
o aproveitamento de rejeitos, e torna crime ambiental o descumprimento dos
dispositivos da Lei nº 12.334, de 2010.
359
SF/19193.51040-43
rejeitos de mineração.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Procedimentos de Rede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
SF/19193.51040-43
órgãos fiscalizadores que por ação ou omissão der causa ao não cumprimento
dos instrumentos da Política Nacional de Segurança de Barragens.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
seguro ou a apresentação de garantias financeiras, nos processos de
concessão, renovação ou revisão do licenciamento ambiental de barragens
de mineração, para fins de cobertura de danos causados por desastres com
essas estruturas.
SF/19193.51040-43
Tramitação: O PL tramita em regime de urgência (art. 155,
RICD), apensado ao PL nº 5848, de 2016, e a outros PL.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Tramitação: O PL tramita em regime ordinário (art. 151, III,
RICD), apensado ao PL 20, de 2019, e a outros PL.
SF/19193.51040-43
Tramitação: Aguardando Constituição de Comissão
Temporária pela Mesa. O PL tramita em regime de prioridade (art. 151, II,
RICD), apensado ao PL nº 550 (SF), de 2019, e a outros PL.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Tramitação: O PL tramita em regime de prioridade (art. 151,
II, RICD), apensado ao PL nº 3976, de 2015, e a outros PL.
SF/19193.51040-43
na zona de autossalvamento.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Comissão Externa do Desastre de Brumadinho. Altera a Lei nº 12.334, de
2010, e o Código de Mineração. O PL aumenta o universo de barragens
abrangido pela PNSB; altera a definição de barragem, empreendedor;
adiciona o PAE como um dos objetivos da PNSB; aumenta o escopo do
Plano de Segurança da Barragem (PSB), a alta direção do empreendimento
torna-se corresponsável pelo PSB, este passa ter que ser aprovado pela
ANM; o órgão fiscalizador estabelece prazo para o empreendedor realizar as
ações previstas nas inspeções de segurança; torna o PAE obrigatório para
todas as barragens com risco médio ou alto ou dano potencial associado
364
SF/19193.51040-43
de barragens; cria sanções administrativas e penais. No Código de
Mineração, as alterações concentraram-se nas infrações, com aumento do
valor de multas e imputação da caducidade do título em determinadas
situações.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
As disposições que mais aparecem nos projetos acima são:
SF/19193.51040-43
rejeitos e restrições na ZAS.
Projeto Autor Partido Tramitação Seguro Penal Planos Multas Fiscalização Construção Outros
Juninho do Aguarda
2533/2019 DEM-RJ Sim
Pneu Despacho
Odair
2195/2019 PT-MG Ordinário Sim
Cunha
Gilberto
1770/2019 PRB-MG Prioridade Sim
Abramo
1693/2019 Nilto Tatto PT-SP Ordinário Sim Sim
Apensado
Jesus
1130/2019 PDT-AC PL Sim Sim
Sérgio
550/2019
Helio
1083/2019 PSL-RJ Ordinário Sim
Lopes
Helio
1082/2019 PSL-RJ Ordinário Sim
Lopes
Célio
970/2019 PV-CE Urgência Sim
Studart
Rubens PC do B-
793/2019 Urgência Sim Sim
Pereira Jr. MA
716/2019 Fábio Trad PSD-MS Urgência Sim
Joenia
570/2019 Rede-RR Prioridade Sim
Wapichana
Eduardo
516/2019 PMN-MA Prioridade Sim Sim
Braide
Eduardo
515/2019 PMN-MA Ordinário Sim Sim
Braide
359/2019 Leandre PV-PR Ordinário Sim
Projeto Autor Partido Tramitação Seguro Penal Planos Multas Fiscalização Construção Outros
358/2019 Leandre PV-PR Prioridade Sim
357/2019 Leandre PV-PR Ordinário Sim
356/2019 Leandre PV-PR Ordinário Sim Sim Sim
Carmen
336/2019 PPS-SC Ordinário Sim
Zanotto
Rogério
188/2019 PT-MG Ordinário Sim Sim
Correia
184/2019 Igor Timo PODE-MG Ordinário Sim
Celso
110/2019 PSDB-PA Ordinário Sim
Sabino
Rodrigo
109/2019 PSB-SP Ordinário Sim Sim
Agostinho
Cássio
30/2019 PSB-PA Ordinário Sim
Andrade
Weliton
20/2019 PROS-MG Ordinário Sim
Prado
Alessandro
19/2019 Molon e PSB-RJ Ordinário Sim
outros
Alessandro
18/2019 Molon e PSB-RJ Ordinário Sim
outros
Rubens PC do B-
5848/2016 Urgência Sim Sim
Pereira Jr. MA
Helder
5602/2016 PT-ES Ordinário Sim Sim
Salomão
Projeto Autor Partido Tramitação Seguro Penal Planos Multas Fiscalização Construção Outros
Sarney
5263/2016 PV-MA Ordinário Sim
Filho
Com.Ext.
4287/2016 Arquivado Sim Sim
Mariana
Com.Ext.
4286/2016 Prioridade Sim
Mariana
Com.Ext.
4285/2016 Arquivado Sim
Mariana
Marcelo
4214/2015 PP-RR Arquivado
Belinati
Paulo
4141/2015 PSB-ES Arquivado Sim
Foletto
Vinicius
3976/2015 PRB-SP Prioridade Sim
Carvalho
3940/2015 Flavinho PSB-SP Arquivado Sim
Givaldo
3856/2015 PT-ES Arquivado Sim
Vieira
Arnaldo
3775/2015 PPS-PA Arquivado Sim
Jordy
Diego
3759/2015 PSD-MG Ordinário Sim
Andrade
Roberto
3707/2015 PPS-SP Prioridade Sim
Freire
Reginaldo
3650/2015 PT-MG Ordinário Sim
Lopes
Bonifácio
3598/2015 PSDB-MG Prioridade Sim
Andrada
Projeto Autor Partido Tramitação Seguro Penal Planos Multas Fiscalização Construção Outros
Elcione
3563/2015 PMDB-PA Urgência Sim Sim
Barbalho
Wadson PCdoB-
3561/2015 Urgência Sim Sim
Ribeiro MG
Sandra
6259/2013 PSB-RN Arquivado Sim
Rosado
SF/19193.51040-43
A síntese se baseará no texto original da organização World
Mine Tailings Failures (WMTF) e na tradução realizada pela equipe do
Serviço de Tradução e Interpretação do Senado – SETRIN/SGIDOC,
formada por Lívia Aguiar Salomão, Henri Cavalcante Curi e Maria Iracema.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
como Barragem I, ocorrida no dia 25 de janeiro de 2019:
SF/19193.51040-43
sem que houvesse real entendimento de sua situação e teve sua estabilidade
considerada assegurada durante todo esse tempo.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
trabalhos (2010 e 2013) pelo Sr. Washington Pirete, engenheiro geotécnico
da Vale. Entretanto, nenhum documento oficial conhecido traz explanações
sobre o que seja “a metodologia exigida pela Vale” [para avaliação da
estabilidade de barragens de rejeitos]59.
SF/19193.51040-43
projetada pelo engenheiro alemão, Christopher Erb e colocada em operação
em 1976. Porém, não se conhece o projeto original. O que se sabe dele vem
de fontes secundárias. A Barragem I foi projetada para alteamento a
montante, com capacidade total de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos,
altura máxima de 87 metros, relação altura x largura de 1V:1,5H, no talude
de montante, e 1V:1,75H no talude de jusante. [Refere-se à inclinação do
talude. Os valores 1V:1,5H significam que a cada metro a mais na altura, a
base aumenta 1,5 metro. Quanto maior é o H em relação ao V, menor é a
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
segundo o projetista) recoberto por uma camada de laterita [tipo de solo],
com 4 metros de espessura no talude de montante, e com 1 metro no talude
de jusante. Tanto no talude de jusante quanto no de montante, havia uma
berma [aterro, degrau de reforço] com 5 metros de comprimento à altura de
864 metros acima do nível do mar [corresponderia a uma altura de 8 metros
a partir do pé do talude]. Não há registro da existência de sistema interno de
drenagem no dique inicial. A altura do dique inicial era de 18 metros e sua
crista estava a 874 metros acima do nível do mar.
374
SF/19193.51040-43
A autora ressalta um aspecto importante que nem sempre recebe
a devida atenção: como as barragens são estruturas que vão operar por
décadas, é importante acompanhar a evolução da técnica ao longo da vida
útil da barragem, para fazer as correções necessárias na estrutura. Todavia, a
Barragem I era a única instalação disponível para disposição de rejeitos da
mina Córrego do Feijão e, portanto, correções substantivas exigiriam a
interrupção da mineração. Essa parece ser a razão porque correções que
A autora considera que o projeto foi uma das principais causas c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
SF/19193.51040-43
finos de sinter feed: a localização é quase tão importante quanto as condições
de estabilidade para determinar o desempenho de uma barragem no longo
prazo. A Barragem I, situada na região montanhosa do Quadrilátero
Ferrífero, foi construída contra uma encosta de montanha, de elevação
considerável, e estava sempre exposta ao escoamento natural da água do
relevo em volta, como mostra a Figura 1. Nessas condições, não se
recomenda o método de construção por alteamento a montante, pois o afluxo
de água decorrente da chuva e do escoamento superficial do terreno tende a
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
hidrostática dentro do material de preenchimento e do aterramento.
Um aumento incomum e pontual da pressão hidrostática acima dos
níveis do projeto pode ser suficiente para desencadear um
rompimento. O controle de influxos de água através do
represamento, ao seu redor ou abaixo dele é importante para manter
a estabilidade estrutural e controlar os impactos ambientais. A
drenagem interna adequada pode ajudar a proteger contra a
liquefação e melhorar a permeabilidade e a consolidação dos
rejeitos, melhorando, assim, a estabilidade da estrutura.”
376
SF/19193.51040-43
Página: 376/398 02/07/2019 09:20:28
Figura 1 – Vista aérea da Barragem I do Córrego do Feijão: note-se o relevo elevado no
entorno.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
[tendem a ficar saturados de água e tornam-se susceptíveis à liquefação]. O
projetista mencionou que os finos de minério utilizados na construção do
dique inicial eram “facilmente drenáveis”. Contudo, a granulometria do
material utilizado nos alteamentos mudou ao longo do tempo. Dados de 2010
apontam que a granulometria apresentava um padrão fortemente
correlacionado à liquefação e os rejeitos não forneciam resistência suficiente
para apoiar novos alteamentos.
377
SF/19193.51040-43
máxima de 1V:4H. No caso da Barragem I, com três lados [ver Figura 1], a
inclinação deveria ser 1V:10H, ou seja muito menos íngreme que o projeto.
Quanto maior a inclinação, maior a pressão da água acumulada e as pressões
intersticiais associadas (poropressão) contra a base do talude. Se os rejeitos
possuem alta susceptibilidade à liquefação, poropressões elevadas
aumentam o risco de sua ocorrência.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
Barragem I, de 2,2 metros por ano, estivesse bem abaixo do máximo
recomendado na literatura, de 4,6 a 9,2 metros por ano, as propriedades
específicas do sinter feed, de lenta consolidação e secagem, poderiam trazer
problemas de compactação insuficiente, mesmo nessa taxa de alteamento
mais baixa.
SF/19193.51040-43
das instalações, incluindo a escolha de uma barragem a montante para finos
de sinterização.” Além disso, as falhas do projeto seriam agravadas ao longo
da vida útil da Barragem I e a susceptibilidade às liquefações aumentaria
previsivelmente em razão da mudança para um estado de não drenado quase
permanente.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
avanços da engenharia. Caso contrário, de acordo com especialistas, “os
projetos inadequados e incorretos – motivados pela falta de conhecimento
sobre a resistência dos rejeitos – continuarão sendo um dos principais fatores
responsáveis pelos rompimentos”. Os especialistas também chamam a
atenção para a insuficiência de conhecimento sobre os mecanismos de
ruptura de rejeitos não drenados, que levam à liquefação estática e estão
presentes em 50% dos casos de falha.
apresenta um lençol freático em seu interior, seja por falhas de projeto, seja
por falhas de execução. Como a estabilidade da barragem é muito afetada
pelo lençol freático, o nível de água deve ser constantemente controlado por
piezômetros.
SF/19193.51040-43
O fator de segurança (FoS) no limiar de ruptura da barragem é
1. Já o FoS prescrito pela maioria das normas, inclusive a brasileira, é 1,5.
No caso da Barragem I, a certificação foi efetuada a partir de métodos válidos
apenas para barragens drenadas (Effective Stress Analysis – ESA). Contudo,
essa reconhecidamente não era a situação real da barragem. Portanto, deveria
ter sido utilizado o método próprio para barragens não drenadas (Undrained
Stability Analysis – USA). Pelo método recomendado, Brumadinho
apresentou FoS muito abaixo de 1,5. Ainda de acordo com a autora, o FoS
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
na barragem por gravidade e não detectam a altura capilar. A capilaridade
aumenta a altura do rejeito saturado e, como não é detectada, pode
comprometer a estabilidade da barragem sem que a instrumentação acuse a
anormalidade.
água capilar não desce por gravidade. Análises indicam que a estabilidade
da barragem depende fortemente dos fenômenos de capilaridade.
SF/19193.51040-43
desativada. Em todas as barragens analisadas que sofreram ruptura por fluxo
de liquefação, havia os seguintes elementos: barragem saturada, falhas de
drenagem e rejeitos que não estavam consolidados. Esse último aspecto
obriga a limitar a taxa de alteamento das barragens a montante. Segundo a
União Europeia, o índice de alteamento deve ser menor que 5 metros por
ano.
c51cf39685c5ff6950bb28ea707a5b74b8a8a0fc
da Categoria III são aquelas sem projeto específico para o local e com padrão inferior de
construção ou operação; e instalações da Categoria IV são aquelas que utilizam pouca ou
nenhuma engenharia. Probabilidade de Ruptura vs. FoS (Silva et al, 2008).
Como se pode ver na Figura 2, um FoS de 1,5, geralmente recomendado como o mínimo
por muitas autoridades, pode apresentar uma probabilidade anual de ruptura entre 1 em
10-1 e 1 em 10-6 , dependendo da "Categoria" da barragem. A Figura 2 também indica que,
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para todas as barragens de Categoria III e IV com uma ruptura que poderia resultar em
mais de 100 mortes, o limite de admissibilidade definido em ANCOLD Guidelines on
Risk Assessment (Diretrizes da ANCOLD sobre Avaliação de Riscos (ANCOLD, 2003)
não seria atendido, mesmo com FoS de mais de 2.
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presumidos, inferidos de várias fontes de dados (laboratório, perfuração,
correlações empíricas), sob várias condições de carga (por exemplo, estática,
pós-terremoto, construção). De acordo com especialista citado no trabalho:
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seu orientador Romero César Gomes, 2013) e dois relatórios confidenciais
preparados pela TÜV SÜD em 2017 e 2018.
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de 1,5 representa um risco elevado de ruptura. A autora considerou que a
metodologia utilizada por Pirete e Gomes (Método de Equilíbrio Limite 2D)
para avaliar a estabilidade da Barragem I já estaria defasada e, portanto, a da
Vale e a da TÜV SÜD também. Essa metodologia vem sendo aplicada pela
Vale desde 2013, apesar da objeção de especialistas independentes
contratados pela mineradora.
pelo Sr. Frederico Lopes Freire, durante um período de seis anos, verifica-se
a saturação crescente devido ao escoamento natural do entorno, que não era
captado nem desviado, e desaguava dentro da Barragem I, conforme
mostrado na Figura 3.
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Também foi observada uma deformação na face superior
esquerda do maciço onde, no entender da autora, a partir da análise
meticulosa do filme do rompimento da Barragem I, teria se iniciado o
colapso. Nesse ponto, as fotos do Google Earth mostram o aumento do
afluxo de água e a completa saturação da superfície da barragem.
Figura 3 – "A drenagem das águas superficiais provenientes da chuva ou de outras fontes
é coletada em dois locais conforme indicado nas altitudes de 912 m e 913 m. As setas
mostram o fluxo e a direção. No topo da imagem, na altitude de 948 m, há uma infiltração
de água claramente visível, possivelmente proveniente dos pontos de cota mais elevada
localizados atrás da barragem, talvez de um riacho. A floresta densa que se estende por
trás, a partir da barragem, é possivelmente outra fonte de drenagem para dentro da
barragem." – Frederico Lopes Freire
384
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pré-ruptura, as imagens mostram a erosão encosta abaixo. Em 2017, a
revisão periódica de segurança apontou uma grande erosão na base do dique
de partida e acima dela. Em sua análise de 2017, a TÜV SÜD afirma que a
estabilidade do conjunto depende das seções iniciais, inferiores, da Barragem
I, que também demonstraram ter um FoS significativamente menor do que
as seções superiores.
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Figura 5 – Imagem da Barragem I obtida pelo Google Earth em 21 de julho de 2018.
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metodologia empregada por Pirete e Gomes, o Professor Scott Olson, disse
que o seu método foi utilizado de forma incorreta na análise da Barragem
B1, e que a correta aplicação teria levado a prever com exatidão o
rompimento de 25 de janeiro de 2019.
386
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Figura 6 – Resultado do trabalho de Pirete e Gomes sobre os gatilhos de liquefação da
Barragem I.
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estática.
387
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Figura 7 - Curvas de distribuição de tamanho das partículas de rejeitos de CF (ABNT,
1984) [Pirete e Gomes, 2013].
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esses materiais são suscetíveis à liquefação;
• A seção subdividida referenciada do talude a jusante da
Barragem I resultou em nove camadas suscetíveis à liquefação com
as resistências dadas pelos valores médios obtidos das zonas de perfil
SPT [Ensaio Padronizado de Penetração] ou CPT [Ensaio
Penetração de Cone].
• A partir das superfícies de ruptura crítica específicas ao
longo do talude a jusante da Barragem I (obtidas a partir dos valores
corrigidos do SPT ou CPT e subdividas em 16 segmentos), obteve-
se um valor médio da razão da tensão de cisalhamento estática…
igual a 0,207 por meio do domínio crítico dos rejeitos suscetíveis à
liquefação;
• Na hipótese de carregamento estático apenas, os valores de
gatilho do fator de segurança variaram entre 1,14 e 1,36, indicando
que é improvável que os rejeitos da Barragem I se liquefaçam;
388
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programa de testes laboratoriais, e com base em processos de gestão
rígidos adotados na área, demonstram que a Barragem I constitui
uma estrutura de segurança contra os mecanismos de rupturas
induzidas por liquefação;
• Embora a análise de liquefação de Olson (2001) e Olson e
Stark (2003b) tenha sido proposta principalmente para solos não
coesivos, a metodologia é coerente e apropriada para análises
preliminares do potencial de liquefação em depósitos de rejeitos (em
geral, materiais de densidade relativamente baixa com alto grau de
saturação), particularmente barragens de rejeitos a montante.”
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A TÜV SÜD forneceu duas análises aprofundadas sobre a
estabilidade da Barragem I, em 2017 e 2018, sendo a primeira bem mais
abrangente. O relatório de 2017 refere-se à Revisão Periódica de Segurança,
prevista na Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010, que estabelece a
Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) 61.
61 Art. 10. Deverá ser realizada Revisão Periódica de Segurança de Barragem com o objetivo de verificar
o estado geral de segurança da barragem, considerando o atual estado da arte para os critérios de projeto,
a atualização dos dados hidrológicos e as alterações das condições a montante e a jusante da barragem.
389
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a preparação da Barragem I para o início dessas operações.”
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recomenda esse método (e permaneceu em 0,09 no relatório de 2018 da TÜV
SÜD), conforme mostra a Tabela 1.
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Analysis -
cisalhamento de estado = 0.06 a 0.15
Steady State)
permanente
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Os valores mínimos do fator de segurança a serem definidos
pela análise de estabilidade determinística devem considerar as
condições de carregamento, drenadas ou não drenadas, de cada um
dos materiais envolvidos.
Para as condições de carregamento não drenadas, a análise de
estabilidade pode ser executada em tensões totais, com a utilização
de parâmetros de resistência não drenada ou em tensões efetivas,
com a utilização de parâmetros efetivos de resistência e poropressões
estimadas. Para condições drenadas de carregamento, as análises de
estabilidade devem ser efetuadas em tensões efetivas, com a
utilização de parâmetros efetivos de resistência ao cisalhamento e
poropressões estimadas por rede de percolação. Parâmetros de
Fator de
Fase Tipo de ruptura Talude Segurança
Mínimo
Maciço e
Final de construção Montante e jusante 1,3
fundações
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Operação com rede
de fluxo em
condição normal de Maciço e
Jusante 1,5
operação, nível fundações
máximo do
reservatório
Operação com rede
de fluxo em
Maciço e
condição extrema, Jusante 1,3
fundações
nível máximo do
reservatório
Operação com
rebaixamento
rápido do nível do Maciço Montante 1,1
reservatório
Moorhen (sic)
392
Fator de
Fase Tipo de ruptura Talude Segurança
Mínimo
Operação com rede Jusante 1,5
de fluxo em Maciço
Entre bermas 1,3
condição normal
Solicitação sísmica,
Maciço e
com nível máximo Montante e jusante 1,1
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fundações
do reservatório
Etapas sucessivas de barragens alteadas com rejeitos não podem ser analisadas
como “construção final”, devendo atender aos fatores de segurança mínimos
estabelecidos para as condições de operação.
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62 “Statement 19.02.2019
A TÜV SÜD AG (TÜV SÜD) apoia as decisões do governo brasileiro de 18 de fevereiro de 2019 de reforçar
a segurança das barragens de rejeito a montante e/ ou desativar essas barragens até no máximo 2021.
Acreditamos ser de suma importância a decisão de elevar os padrões de segurança nesse período de
transição.
No entanto, há maior incerteza sobre a confiabilidade do atual sistema de DCEs (Declaração de
Condição de Estabilidade da Barragem) quanto às condições de estabilidade das barragens e se o
sistema ainda pode ser considerado apropriado para uma proteção adequada contra riscos graves das
barragens de rejeitos, em particular para a vida humana e o meio ambiente. Considerando essas
preocupações de segurança, a TÜV SÜD Bureau de Projetos e Consultoria LTDA informou à Vale que não
está em posição de emitir futuras DCEs e relatórios até que uma revisão completa do sistema seja
concluída. A TÜV SÜD está oferecendo sua total cooperação e experiência às autoridades e instituições .
Com o apoio de especialistas próprios e externos, a TÜV SÜD está investigando seus processos internos
minuciosamente, bem como possíveis causas do trágico colapso da barragem em Brumadinho. Seria
absolutamente inaceitável para a TÜV SÜD se as declarações fossem assinadas sem respeito às análises.
Isso iria contra todas as regras e a filosofia da empresa.” Disponível em https://www.tuv-sud.com.br/br-
pt/noticias-centro-de-midia/sala-de-noticias/acidente-no-brasil-colapso-de-barragem-de-reservatorio-
de-retencao. Acesso em 24 de junho de 2019.
393
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remineração ou rearranjo ou remoção de solos; de quaisquer vibrações ou
uso de explosivos em qualquer lugar perto da barragem, até que se atinja um
nível mais elevado de certeza quanto à estabilidade.
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As análises de estabilidade sob condições drenadas foram
realizadas e os Fatores de Segurança obtidos foram FS = 1,93 (Seção
2-2), FS = 1,76 (Seção 3-3) e FS = 1,60 (Seção 4-4), … as superfíc ies
críticas de ruptura que afetam a estrutura inteira se estendem abaixo
da elevação 899 (a base do 4º alteamento), indicando que o terço
inferior do talude a jusante é o que determina a estabilidade da
Barragem 1 sob condições drenadas.
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freático dentro da barragem. Afinal, o relatório da TÜV SÜD de 2017 deixa
bastante claro que havia níveis de água críticos e preocupantes na Barragem
I.
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Confirmada a condição não drenada, era tecnicamente
recomendável que se usasse tanto a análise USA-D quanto a USA-SS, e que
se adotasse o valor de FoS mais conservador. Porém, segundo a TÜV SÜD,
foi lhe exigido que usasse o método Vale, adotado pelos outros engenheiros
nas análises de estabilidade de 2013 a 2016.
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Contudo, na Barragem I, todos os FoS calculados considerando
o estado não drenado (USA-D) resultaram em valores abaixo de 1,3:
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cisalhamento (remoção de material da base da barragem,
movimentação da fundação etc.), entre outros.
“A norma NBR-13028 (2017) não recomenda um fator de
segurança mínimo para o rompimento por liquefação. Entretanto,
entende-se que, para o desenvolvimento desse fenômeno é
necessário um gatilho, que pode ser entendido como um evento
excepcional de baixa probabilidade, com um fator de segurança de 1
(rompimento).”
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materiais 63.
63 [ABNT NBR 13028:2017 - Os valores mínimos de fator de segurança a serem determinados pelas
análises determinísticas de estabilidade devem considerar as condições de carregamento, drenado ou
não drenado, de cada um dos materiais envolvidos.
Para condições não drenadas de carregamento, as análises de estabilidade po dem ser executadas em
tensões totais, com a utilização de parâmetros de resistência não drenada ou em tensões efetivas, com
a utilização de parâmetros efetivos de resistência e poropressões estimadas.
Em análises de estabilidade que utilizam parâmetros de resistência não drenada, os fatores de
segurança mínimos devem ser estabelecidos pelo projetista, com base nas boas práticas de engenharia.]
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estabilidade com base exclusivamente no FoS:
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especialmente, a melhora da drenagem no terço inferior crítico da barragem,
a partir da cota de 899 metros até a base (a área que, em 1995, contribuiu
para que o fator de segurança fosse avaliado abaixo de 1,3), como
determinante da estabilidade da barragem como um todo.