Teste Lusiadas
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Educação Literária
A (48 pontos)
Horizonte
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
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PALAVRAS 12
B (40 pontos)
Lê atentamente o seguinte texto.
Quero acabar este discurso dos louvores e virtudes dos peixes com um, que não sei
se foi ouvinte de Santo António e aprendeu dele a pregar. A verdade é que me pregou
a mim, e se eu fora outro, também me convertera. Navegando de aqui para o Pará (que
é bem não fiquem de fora os peixes da nossa costa), vi correr pela tona da água de
5 quando em quando, a saltos, um cardume de peixinhos que não conhecia; e como me
dissessem que os Portugueses lhe chamavam quatro-olhos, quis averiguar ocularmente
a razão deste nome, e achei que verdadeiramente têm quatro-olhos, em tudo cabais e
perfeitos. Dá graças a Deus, lhe disse, e louva a liberalidade de sua divina providência
para contigo; pois às águias, que são os linces do ar, deu somente dois olhos, e aos
10 linces, que são as águias da terra, também dois; e a ti, peixezinho, quatro.
Mais me admirei ainda, considerando nesta maravilha a circunstância do lugar.
Tantos instrumentos de vista a um bichinho do mar, nas praias daquelas mesmas terras
vastíssimas, onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de
gentes há tantos séculos! Oh quão altas e incompreensíveis são as razões de Deus, e
15 quão profundo o abismo de seus juízos!
Filosofando, pois, sobre a causa natural desta providência, notei que aqueles quatro
olhos estão lançados um pouco fora do lugar ordinário, e cada par deles, unidos como
os dois vidros de um relógio de areia, em tal forma que os da parte superior olham
direitamente para cima, e os da parte inferior direitamente para baixo. E a razão desta
20 nova arquitetura, é porque estes peixinhos, que sempre andam na superfície da água,
não só são perseguidos dos outros peixes maiores do mar, senão também de grande
quantidade de aves marítimas, que vivem naquelas praias; e como têm inimigos no
mar e inimigos no ar, dobrou-lhes a natureza as sentinelas e deu-lhes dois olhos, que
25 direitamente olhassem para cima, para se vigiarem das aves, e outros dois que
direitamente olhassem para baixo, para se vigiarem dos peixes.
Oh que bem informara estes quatro-olhos uma alma racional, e que bem empregada
fora neles, melhor que em muitos homens! Esta é a pregação que me fez aquele
peixezinho, ensinando-me que, se tenho fé e uso da razão, só devo olhar direitamente
30 para cima, e só direitamente para baixo: para cima, considerando que há Céu, e para
baixo, lembrando-me que há Inferno. Não me alegou para isso passo da Escritura; mas
então me ensinou o que quis dizer David em um, que eu não entendia: Averte oculos
meos, ne videant vanitatem. “Voltai-me, Senhor, os olhos, para que não vejam a
vaidade”.
Padre António Vieira, Sermões, II (Obras Escolhidas, vol. XI), 2.ª ed., Lisboa: Sá da Costa, 1997.
[“Sermão de Santo António aos Peixes”, cap. III, pp.124-125.]
4. Insere este excerto na estrutura global do sermão e explicita o modo como surge o
discurso figurativo.
5. Infere a presença dos três grandes objetivos do sermão religioso (docere, delectare,
movere) neste excerto.
6. Explicita de que modo se concretiza neste excerto a alegoria e a intencionalidade
crítica.
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PALAVRAS 12
C (16 pontos)
7. O mito sebastianista está presente em algumas obras estudadas ao longo do ensino
secundário.
Escreve uma exposição (130-170 palavras) na qual exponhas a presença do
sebastianismo em Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett e em Mensagem, de
Fernando Pessoa.
A tua exposição deve incluir:
uma introdução ao tema;
um desenvolvimento no qual explicites, para cada uma das obras, a
presença do mito sebastianista, fundamentando as características
apresentadas em, pelo menos, um momento significativo de cada uma das
obras;
uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
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PALAVRAS 12
25 simples de origem. Um leitor dos nossos dias pode achar tudo isto algo suspeito, e a
forma de escrever demasiado explicativa, para não dizer um tanto palavrosa. Por
outro lado, Scott assume as suas simpatias de forma explícita. Não só há claramente
bons e maus no livro, como encontramos discursos de elevada inspiração moral na
boca das personagens. Mas não se pode pedir a um escritor do princípio do
30 Romantismo que escreva como um pós-moderno. E pelo menos Scott estava do lado
certo. O modo como ele contesta o antissemitismo é apenas um de vários aspetos
absolutamente modernos em Ivanhoe.
Luís M. Faria, Revista do Expresso, 19 de agosto de 2017, p. 73.
7. Indica o valor da oração “que disputa o seu amor com a não menos bela e virtuosa
Rebeca” (ll. 11-12).
A rua é um local de passagem, mas é também fonte de sedução para muitos artistas.
Para fundamentar o teu ponto de vista, recorre a dois argumentos, ilustrando cada um
deles com um exemplo significativo.
Bom trabalho!