Jornalismo Especializado em Revista PDF
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ESCOLA DE COMUNICAÇÃO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
JORNALISMO
CAROLINA BERGER
RIO DE JANEIRO
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
JORNALISMO
CAROLINA BERGER
RIO DE JANEIRO
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO
TERMO DE APROVAÇÃO
Monografia examinada:
Rio de Janeiro, no dia ........./........./..........
Comissão Examinadora:
RIO DE JANEIRO
2011
FICHA CATALOGRÁFICA
RESUMO
Este trabalho busca apresentar, através do estudo de caso da Revista da Papelaria, as características
que compõem o jornalismo especializado e segmentado e sua aplicação em revistas. O
desenvolvimento da pesquisa e da análise teve como foco a produção jornalística neste contexto,
demonstrando como a especialização temática interfere no cotidiano do repórter, através das
especificidades das etapas fundamentais do jornalismo – pauta, apuração, redação e edição. A
Revista da Papelaria é uma publicação de alcance nacional direcionada a profissionais de papelaria
e teve analisadas suas edições no período de julho de 2010 a junho de 2011
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 1
2. O JORNALISMO ESPECIALIZADO..................................................................................... 3
2.1. A segmentação da sociedade............................................................................................ 4
2.2. Nos jornais ou nas revistas............................................................................................... 7
2.3. Linguagem segmentada................................................................................................... 11
6. CONCLUSÃO................................................................................................................... 56
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 58
ANEXOS........................................................................................................................... 60
1
1 – Introdução
2 - Jornalismo Especializado
1“Hay que repetir que no son los medios los que especializan sino los contenidos. En todo caso los nuevos
medios facilitan la difusión de los contenidos especializados, aunque, hoy por hoy, es la prensa la que ha llevado
más lejos a la especialización.”
5
Sendo assim, o “Jornalismo Segmentado pode ser observado como mais um resultado
da fragmentação social contemporânea e, por outro, pode ser tido como consequência
saudável da existência de grupos sociais formados a partir de uma perspectiva das atividades
profissionais dos indivíduos” (ROVIDA, 2011, p. 38). E se a segmentação não é exclusiva à
atividade jornalística, menos ainda o Jornalismo Segmentado é exclusivo ao jornalismo
impresso.
A autora diz que as estratégias dos jornais para atingirem todos os públicos,
concorrendo com tantos outros meios mais eficazes na tarefa de segmentar, culminaram com
o desenvolvimento dos suplementos nos formatos em que conhecemos atualmente - longe de
serem supérfluos para as empresas jornalísticas ou para seus leitores:
2 “La especialización priodística es fruto, en gran medida, de las exigencias de la audiencia, cada vez más
diversa, que demanda contenidos específicos – como lo son sus intereses – y que éstos se aborden en
profundidad y rigor. En definitiva, com calidad informativa.”
8
Nos jornais, ela é percebida desde a divisão das editorias. Em entrevista a Carmen
Carvalho, Kardec Pinto Vallada exemplificou: “'O caderno de telenovela para a mãe, o de
esporte ou de curiosidade de adolescentes para o filho, o de economia para o pai'. Assim,
cativando todos da família, por meio da segmentação, as empresas garantem o lucro”
(CARVALHO, 2007, p. 8). Pode-se citar ainda os suplementos, que ganharam força no Brasil
nos anos 1960. Nessa década, O Estado de S. Paulo lançou a Edição dos Esportes, o caderno
de turismo e os seguintes suplementos: Agrícola, Feminino e Suplemento Literário. Outros
grandes jornais seguem a mesma tendência, iniciando a publicação de suplementos regulares.
A evolução do jornalismo segmentado nos jornais acompanha as transformações na
sociedade. Na década de 1970, por exemplo, a especialização em economia substituiu a
política, reprimida pelo regime militar. Com público cativado e as mudanças nos hábitos de
consumo, o tema passou ao status de editoria. Entre 1980 e 1990, o jornalismo especializado
se desenvolveu com formato de empresas e sofreu transformações de conteúdo, com matérias
mais detalhadas e criativas.
3 “La información cuya meta deja de ser ofrecer datos circunscritos al acontecimiento, para ofrecer respuestas y
orientación.”
10
Rovida (2011) cita ainda a classificação de Kardec Pinto Vallada para os diferentes
tipos de revistas existentes no mercado, a partir do nível de especialização.
e considerada por grande parte dos teóricos de jornalismo, acaba ficando em segundo plano
nas revistas segmentadas. Tanto pela periodicidade mais distante, que impede o imediatismo
constante, como pela relevância dos assuntos, que precisam ser aprofundados com qualidade
(ROVIDA, 2011, p. 54).
No âmbito das possíveis formas de matérias jornalísticas, Tavares indica que, talvez,
“a reportagem […] seja o exemplo, por excelência, das manifestações deste tipo de jornalismo
(especializado)” (2009, p. 126). Isso porque reportagens ultrapassam o caráter “puramente
noticioso”, podendo exercer a função de aprofundar os assuntos especializados. Em qualquer
meio, a reportagem é – por seu formato – uma representação do jornalismo especializado.
Porém, no caso do jornalismo segmentado nas revistas especializadas, é possível
recorrer a uma linguagem diferenciada, que representa uma característica da última
classificação de Vallada às revistas. Como elas são construídas a partir do grupo de leitores a
que se pretende atingir, é possível optar por um texto mais pessoal, direto, envolvente.
Para segmentar as revistas e seus públicos, foi preciso classificar pessoas com
interesses e características em comum como grupos dentro da sociedade. É por isso que
Marília Scalzo afirma que a revista, na medida em que proporciona um encontro entre editor e
leitor, dá, entre outras sensações, a “de pertencer a um determinado grupo” (SCALZO, 2009,
p. 12). Este grupo é ainda mais profundamente delimitado no caso de revistas especializadas.
Segmentar, porém, não significa tratar sempre dos mesmos assuntos. “É preciso,
também, cuidar da diversificação e do equilíbrio entre as pautas de cada edição. A
17
diversificação, afinal, é o que vai ditar o ritmo da revista e está na própria natureza do
veículo” (SCALZO, 2009, p. 65). Tal variedade não tem unicamente a função de conquistar o
leitor, mas de atingi-lo de forma que justifique a existência daquela revista especializada, pois
esta deve se propor a apresentar novas abordagens sobre temas já presentes no cotidiano do
leitor, assim como em jornais diários, tanto impressos, como na televisão, no rádio e na
internet.
A partir da intenção de aprofundamento dos assuntos, seria improvável a produção de
revistas diárias. É preciso mais tempo de apuração e elaboração da matéria, e também para a
produção de um número considerável de pautas interessantes sobre o tema especificamente
tratado por cada revista já que não se trata de todos os temas, como em publicações menos
segmentadas. Nos jornais, fala-se de moda e decoração, mas foi Arquitetura & Construção
(Editora Abril), por exemplo, que publicou uma matéria detalhando 27 tipos de pisos em
madeira.
Essa diferença afeta diretamente o dia a dia do jornalista que trabalha em uma revista
especializada. Os repórteres de jornal, tevê, rádio ou internet - meios em que a produção é
diária – estão condicionados a responder mais rápido aos fatos. Não necessariamente, quem
sai de um jornal para trabalhar em uma revista, tem facilidade em se adaptar, pois o ritmo
novo acarreta também novos desafios. Em uma revista especializada, não basta cobrir e
informar bem os fatos do dia; é preciso desenvolver enfoques e abordagens originais para
cada assunto. Esta ideia está logo na página inicial do site da Autoesporte (Editora Globo),
que descreve a revista da seguinte maneira: “O ideal de Autoesporte é levar ao amante do
universo sobre rodas e aos consumidores de veículos informações precisas e abrangentes, com
uma abordagem original e moderna”. Em maio de 2011, na semana em que a maioria dos
jornais noticiou a “Marcha da Maconha” no Rio de Janeiro, passeata em defesa da
descriminalização da droga, a revista Galileu (Editora Globo) publicou, em seu site, a matéria
“Maconha: a ciência da legalização”, em que apresentou o ponto de vista científico da
questão, entrevistando pesquisadores e neurocientistas.
A segmentação não é algo que se pode classificar como característica presente ou
ausente em determinada revista. A especialização está presente em todas elas e ocorre de
diferentes maneiras - como assunto e tipo de público – e em diferentes níveis. “Na verdade,
como sugere Renato Ortiz, a oposição entre massa e segmento é falsa, tratando-se apenas de
uma questão de grau” (MIRA, 1997, p. 7). Marília Scalzo classifica a segmentação das
18
e não individualizar seu leitor (como a internet) (SCALZO 2009, p. 49). Se bem que o caso da
internet não pode ser comparado às revistas no mesmo nível que é feito com a tevê e os
jornais, pois, neste ambiente, há uma iniciativa muito mais significativa por parte do leitor
(mesmo que ainda não sejamos, enquanto leitores, totalmente independentes).
É inevitável analisar revistas comparando-as com jornais, o mais tradicional meio de
comunicação. A principal diferença está justamente no leitor.
O jornal tem seu público definido da seguinte maneira: “Um programa de tevê ou um
artigo de jornal visa a todo e qualquer indivíduo, indistintamente, na sociedade” (SODRÉ,
1992, p. 19). Por isso, a maneira mais primitiva de segmentação de uma publicação
jornalística é a especificação do público leitor, desde uma época em que as revistas não eram
assim classificadas:
de jogar revistas fora, quem nunca guardou uma publicação, quem nunca pensou em
colecionar um título. É isso: em primeiro lugar, revistas são objetos queridos, fáceis de
carregar e de colecionar” (SCALZO, 2009, p. 12). “No entanto, [no caso das revistas] a
relação estética entre o consumidor e a obra é geralmente mais viva do que na cultura elevada
atual. Isto porque existe maior participação psicoafetiva da parte do espectador – e toda
relação estética é poderosa quando alimentada pela participação” (SODRÉ, 1992, p. 17).
A partir desta relação tão próxima, Scalzo atenta para um dos maiores erros dos
jornalistas: escrever para si e não para os leitores. “Principalmente no jornalismo de revistas,
o leitor é alguém específico […]. E, a não ser que você esteja fazendo uma revista destinada a
um grupo do qual você, coincidentemente, faça parte, nem sempre o que você gostaria de ler é
o que, de fato, o leitor quer, procura e precisa” (SCALZO, 2009, p. 54). O foco no público-
alvo é parte importante entre os grandes princípios que regem o jornalismo em geral e que
são, portanto, os mesmo que devem ser seguidos pelo profissional que deseja trabalhar em
revistas. Porém as semelhanças não vão muito além disso. A mesma autora menciona algumas
peculiaridades, riscos e cuidados referentes aos jornalistas de revistas especializadas.
Não são apenas as perguntas corretas que garantem uma boa apuração. A relação com
as fontes, como um todo, são muito relevantes e, no caso das revistas especializadas, grande
parte das fontes são assessorias de imprensa. “Hoje, quando empresas, celebridades e até
médicos contam com seus assessores de imprensa, prontos para divulgá-los e defender seus
interesses, os jornalistas devem tomar cuidado para não serem pautados pelas assessorias”
(SCALZO, 2009, p. 80). Marília Scalzo alerta para uma prática comum: “Para manter a
independência, é importante que os jornalistas não aceitem presentes ou qualquer outro tipo
de facilidade para realizar seu trabalho. Isso é uma praxe corriqueira, principalmente nas
revistas de serviço” (SCALZO, 2009, p. 80).
Outra situação muitas vezes inevitável nas revistas especializadas e nas de serviço é
que as empresas anunciantes são as mesmas que servem como fontes, o que acaba causando
uma relação delicada entre o jornalista e os profissionais do departamento comercial da
revista, que têm que resistir à tentação de vender espaço de anúncio a partir das matérias
pautadas ou até de propor matérias que possam beneficiar o anunciante. “O melhor argumento
de venda é a relação da publicação com seus leitores e não a pauta da próxima edição”
(NUCCI apud SCALZO, 2009, p. 84).
“Foram dois meses e meio de uma espera pra lá de angustiada. Mas o iPad 2, o tablet
da Apple, finalmente está nas prateleiras do país desde a meia noite de sexta-feira (27)”.
Assim começa a matéria “iPad 2: comprar ou esperar?”, publicada no dia 30 de maio de 2011
em Tecnicidade, coluna sobre tecnologia no site da revista Época São Paulo (Editora Globo).
Outro elemento que caracteriza o texto de revista é a descrição. “Cores, cheiros e descrições
cabem no texto de revista. Apresentar os personagens, humanizar as histórias, dar o máximo
de detalhes sobre elas, também” (SCALZO, 2009, p. 77).
Nem sempre foi assim. Até o início do século XX, o conteúdo das revistas brasileiras
era, predominantemente, formado por artigos e comentários, escritos de maneira opinativa. A
partir de então, com grande influência da atuação de João do Rio (pseudônimo de Paulo
Barreto) na revista Kósmos, os repórteres começaram a ir para a rua buscar informação e
inspiração. Então, passou-se a ver, nas reportagens, descrições, detalhes e personagens da
sociedade real, mas ainda sem a valorizada objetividade (A Revista no Brasil, 2000, p. 41).
Mesmo assim, esses novos tipos de texto ainda ocupavam uma posição secundária, cumprindo
a função de complementar as imagens. “O uso de fotografias, ao lado de caricaturas e de
23
textos leves com sabor de crônica, assinados por autores consagrados, fez dela (A Revista da
Semana) um enorme sucesso que perdurou mais de meio século” (A Revista no Brasil, 2000,
p. 92).
No jornalismo especializado, há, quase que constantemente, certa tensão em relação ao
esgotamento de assunto. É preciso estar sempre buscando novidades dentro de um único tema,
mesmo que não esteja acontecendo nada de extraordinário naquele segmento da sociedade.
Em maio de 2010 e março de 2011, por exemplo, Marie Claire (Editora Gobo) indicou, na
seção “Shopping - acessórios” das edições 230 e 240. Na edição 228, o mesmo tema estava na
seção “Shopping – tendência”. Nesta, havia ainda um editorial de moda construído a partir da
mesma inspiração. Assuntos abordados com grande frequência geram matérias que, muitas
vezes, trazem textos parecidos, que utilizam vocabulário semelhante (SCALZO, 2009, p. 78).
Uma solução é reler matérias anteriores sobre o tema para, se não for possível evitar o mesmo
assunto, que pelo menos não se corra o risco de abordar o mesmo ponto de vista. Essa prática
também é útil no sentido de apontar o que mudou naquele assunto desde a última vez que foi
tratado na revista.
O tema, problematizado e analisado por Reges Toni Shwaab e Frederico de Mello
Brandão Tavares, é o principal elemento das chamadas “matérias-frias” ou “de gaveta”, se
considerarmos o jornalismo diário das hard news. Nas revistas, as matérias que envolvem
assuntos inseridos na sociedade ganham igual ou maior importância que os fatos
extraordinários.
“Na revista, apesar de não se focalizar o acontecido, não se perde o vínculo com o
atual, conferindo aos temas um ar de novidade e de ligação entre diferentes atores sociais”
(SHWAAB; TAVARES, 2009, p. 186). E nas revistas especializadas, o tema já indica a
direção da segmentação, fazendo com que, deste grande tema, desdobrem-se subtemas que
24
pautam as edições. Na revista Crescer (Editora Globo), há matérias que orientam os leitores a
como fazer crianças dormirem ou tomarem remédio. Essas pautas existem como consequência
da segmentação da publicação: informar os pais sobre a criação de seus filhos.
25
A primeira edição da revista Revista da Papelaria (antes, Papel & Arte) foi publicada
em maio de 1993. Nessa época, a publicação tinha sua linha editorial voltada para o público
consumidor de produtos de papelaria. Hoje, os leitores são profissionais do mercado, o que
inclui indústria e, principalmente, varejo. Essa diferença provoca, obviamente, transformações
em seu conteúdo jornalístico. Então, para compreendermos toda a evolução da publicação
estudada, a história será contada desde o início até os dias atuais.
4.1 A editora
A empresa Rama Artes Gráficas e Editora era uma empresa de editoração eletrônica
que elaborava a programação visual de publicações institucionais. Entres os cerca de 70
jornais produzidos, estava a revista da Associação das Empresas Revendedoras de Materiais
de Desenho e Papelarias do Estado do Rio de Janeiro (Amaderj). Nos início dos anos 1990, a
empresa começou a passar por dificuldades financeiras, muito por causa das facilidades
consequentes da tecnologia, que permitiu a redução de custos e possibilitou que as empresas
produzissem suas próprias publicações. O acesso às artes gráficas, facilitado pela
popularização do computador e dos programas de diagramação, fez com que o trabalho
ficasse muito mais concorrido. “A Rama começou a perder campo nesse mercado com esse
fim”5.
Buscando alternativas, os donos da editora decidiram desenvolver uma publicação
própria. Foi assim que nasceu a Papel & Arte, aproveitando o conhecimento obtido com o
trabalho oferecido à Amaderj, instituição que apoiou o projeto. Durante essa crise, a sociedade
foi desfeita e a responsabilidade sobre a revista ficou com o Jorge Vieira, um dos donos da
empresa e atual sócio-proprietário da Hama Editora e diretor comercial da Revista da
Papelaria.
A revista era bimestral e atendia apenas o mercado do Rio de Janeiro. Voltada para os
fãs de produtos de papelaria, a distribuição era gratuita e direcionada a instituições e empresas
que fizessem parte do segmento que se pretendia atingir, como escritórios de arquitetura e
escolas. Ou seja, buscavam-se nichos de pessoas que utilizavam o material de papelaria no dia
a dia. “Falava-se muito mais sobre o uso do material de papelaria que sobre negócios”6.
Com essa forma de distribuição, era difícil identificar se o público que se pretendia
atingir realmente estava interessado e lia a Papel & Arte. Essa mesma característica
dificultava a argumentação com possíveis anunciantes, dentre os quais, havia papelarias.
“Uma boa forma de aferir se tem ou não público é quando a pessoa tem que pagar. Será que,
se o arquiteto tivesse que pagar para receber a revista, ele pagaria?”7 O projeto editorial estava
inviável financeiramente. Então, depois de quatro edições publicadas, a revista ganhou um
formato mais barato; porém, dentro desse novo limite, a qualidade foi mantida. Em formato
tabloide, a revista era impressa em papel offset branco em quatro cores. Foi assim por sete
edições, de junho de 1994 a agosto de 1995.
exemplo, uma seção chamada “Existe um lugar...”, que mostrava curiosidades sobre diversos
locais da cidade aos quais se poderia visitar, como museus. Com este formato, a revista
atendia seu público. Isso era medido pelo contato em eventos do ramo, por exemplo. “Nesses
18 anos, a revista está acompanhando os caminhos do mercado. Hoje, nossos leitores
estranhariam, se colocássemos uma curiosidade simplesmente cultural. O meio de
comunicação é vivo como nós. O leitor pede determinados assuntos e nós atendemos. O
importante é montar canais para identificar isso”10.
Gradativamente, foi montada a rede de relacionamento com as papelarias, que,
inicialmente, também recebiam a revista de maneira gratuita. Na edição bimestral de
maio/junho de 1996, é possível observar o primeiro encarte sugerindo a assinatura da revista,
que custaria R$20,00 por seis edições. Dessa maneira, também foi aberta a possibilidade de
enviar a revista para outros lugares do Brasil, que não apenas o Rio de Janeiro. Segundo
Rosangela, “a verba com assinatura não ajuda a fazer a revista. Paga, no máximo, o transporte
até o assinante. Mas é uma forma de saber o quanto ela é interessante. Ver se as pessoas estão
dispostas a pagar por ela é um mecanismo para saber se ela é importante ou não para o
mercado”11.
Em dezembro de 2005, a 100ª edição foi o marco para a revista tornar-se,
definitivamente, mensal. O atual objetivo é fazer da Revista da Papelaria uma revista de
negócios na qual a papelaria “é notícia”. Os empresários podem ler diversas publicações
voltadas para negócios, pequenas empresas, até direcionadas ao varejo, mas, em nenhuma
dessas, a papelaria será o foco da notícia. É esse espaço que a Revista da Papelaria pretende
preencher.
4.3 O jornalismo
Quando o público da revista era o consumidor final, era importante saber como o post
it foi inventado, por exemplo. Quando se fala de negócios, o público quer saber a margem de
lucro do post it, como expor esse produto, etc. A indústria seria a fonte para os dois casos.
Porém, em vez de um profissional de marketing, com quem os repórteres costumam falar
atualmente, antes, falava-se com gerentes de produto.
Os consumidores, diferentemente do que ocorre atualmente, eram contatados para
tratar, por exemplo, de um caso de relacionamento entre ele e a papelaria. Isso era interessante
10 Idem.
11 Idem.
28
porque os outros consumidores se identificavam, ou não, com aquela situação. Hoje, são
levantadas questões semelhantes para assessorar a papelaria. O varejo serve de fonte com o
objetivo de obter o maior número de informações que gerem aprendizado aos leitores.
É preciso ser humilde para escutar e saber que, antes de ser empresário, quem vai ler a
revista é uma pessoa, com história e estilo de vida. Sabendo que a intenção do jornalista é que
o leitor apreenda algo dali que vai facilitar a vida dele – mesmo que seja para ele se
posicionar contra tudo o que foi escrito –, vai ajudá-lo de alguma forma e vai aumentar o seu
senso crítico. Segundo Rosangela Feitosa, considerando esses fatores somados, é possível
fazer jornalismo segmentado.
Uma das coisas que mais ajuda ao repórter da Revista da Papelaria é, em geral, não
conhecer o mercado. “Tentar pensar como uma pessoa que precisa pagar suas contas e
empreender. Colocar-se no lugar dele ajuda muito. Qualquer jornalista treinado, curioso, que
está disponível para se envolver com a história – claro que sem se colocar no lugar do
personagem – consegue dar conta do jornalismo setorial. Ninguém estuda jornalismo para
escrever para papelaria ou pet shop. Mas, quando você está seguro de qual é a sua função, é
fácil.”12
12 Idem.
13 Idem.
29
maquiagem”14. Atualmente, já está assumido que a publicação é uma revista de negócios para
o mercado de papelaria, apesar de ainda haver uma pequena assinatura, na capa, abaixo de
Revista da Papelaria que indica o antigo nome.
14 Idem.
30
A Revista da Papelaria – Papel & Arte é uma publicação nacional mensal voltada para
o mercado de papelaria, como o próprio nome indica. Seu público leitor é formado por
profissionais do setor, em geral, mas, principalmente, por empresários varejistas: os
proprietários e gerentes de papelarias. Contudo, é um segmento com perfis muito
diversificados. Há grandes redes do porte da Kalunga e empresas muito menores. Todas elas
sobrevivem do mesmo negócio, cada uma em determinada dimensão. A responsabilidade da
revista é nutrir com informação os profissionais inseridos em realidades tão diferentes. O que
pode ser óbvio para o gerente de uma grande loja - que tem a oportunidade de contratar
pesquisas de mercado, por exemplo - pode ser uma informação nova que contribua para o
crescimento daquela empresa menor. Às grandes papelarias, a revista atende informando-as
como são vistas no mercado e o que acontece a sua volta, já que o setor de papelarias é
composto, majoritariamente, por papelarias de pequeno e médio porte. Entender como
mercado se comporta e ter uma publicação para ser informado ajuda-as a estabelecer seu nível
de identificação e interesse.
Se o Brasil já é diverso por si só, não poderia ser diferente com as papelarias que estão
dentro do país. Na ISPA (International Stationery Press Association – Associação
Internacional de Imprensa sobre Artigos de Papelaria), a Revista da Papelaria, única
publicação brasileira que participa da entidade, é a que tem maior tiragem e maior
periodicidade. Cada uma das revistas que estão na associação são identificadas como um
centro de informações sobre o segmento em seu respectivo país. Sendo assim, a Revista da
Papelaria é uma fonte segura de informações para o mercado internacional de papelaria que
estiver disposto a investir no Brasil. Outra vantagem de participar da ISPA é a parcerias para
presenciar eventos internacionais, em nome da boa informação.
“Ninguém entende como a gente precisa fazer tanta revista com tanta freqüência para
atender um país”15. O mercado brasileiro é grande em extensão e em número de papelarias. A
Revista da Papelaria possui, em seu cadastro cerca de 36.900 papelarias. Este cenário
apresenta uma logística complicada, ou seja, há quantidade e variedade de assuntos
importantes no mercado. Um desafio da Revista da Papelaria é falar de papelaria de maneira
interessante a um público diversificado. Tanto para grandes redes, na medida em que mostra o
15 Idem.
31
crescimento profissionais como identifica a matéria intitulada “O que há por trás de uma folha
de papel”: “Útil a diversos públicos para diferentes atividades, o papel sulfite pode ser
encontrado com algumas características variáveis. O papel em tamanho A4 é o mais utilizado
em impressões e trabalhos escolares” (Revista da Papelaria, 2011, ed. 166, p. 26) (Anexo 1,
p. I). O objetivo é fazer o dono da papelaria entender e ser um especialista no mercado em
que ele atua. “Queremos que o comércio fature bastante, porque se isso for conseguido por
causa da leitura da revista, nosso objetivo está realizado.” 16 Isto está relacionado à criação de
conteúdo com qualidade suficiente para que o investidor de publicidade também queira ter
vínculo com a revista.
Quando há novidades da sociedade de um modo geral que influenciem o mercado de
papelaria, são publicadas matérias aprofundando o tema sob o ponto de vista do segmento
para o qual a revista é direcionada. Um exemplo foi a matéria “Não dá para impedir, mas
prevenir é urgente”, publicada na edição 159, de novembro de 2010 (Anexo 2, p. II), sobre
segurança no varejo. A ideia da pauta surgiu a partir de diversas notícias divulgadas na
internet sobre assaltos a papelarias, que a redação teve acesso graças ao sistema de alerta do
Google.
16 Idem.
33
reportagens maiores e menores. Valendo-se de que o leitor começará a ler pela capa e seguirá
uma única direção até o final, “acho que esse posicionamento conta uma historinha”, explica
Rosangela Feitosa.
A primeira seção após o Editorial é a Entrevista, seção que se propõe a trazer uma
pessoa que opine ou analise determinado aspecto do mercado de papelaria. Começar por ela
tem como objetivo, apresentar ao leitor, desde as primeiras páginas, que ele tem em mãos uma
revista com conteúdo. Em seguida, o leitor chega à seção Circulando, composta por notas
sobre diversos assuntos. Então, se a entrevista contribui para que o leitor reconheça a
qualidade no conteúdo da revista, o Circulando apresenta, além de qualidade, quantidade e
variedade. A terceira seção fixa é o Perfil do Varejo, que conta a história de uma papelaria,
fazendo com que o leitor se identifique com a revista. Isso faz com que ele se sinta parte da
revista e prossiga a leitura para as matérias com maior profundidade.
Esta parte é iniciada por uma matéria não muito longa, seguida por uma reportagem
mais profunda e buscando alterná-las dessa maneira, de acordo com a profundidade do tema e
o tamanho da matéria. Nesta parte, está inserida a matéria de capa, posicionada do meio para
o final, com o objetivo de manter o interesse do leitor por boa parte da edição até chegar a ela.
Ao final da revista, são encontradas as seções Mercado Global e Vitrine, em geral,
nesta ordem. O Mercado Global não é menos importante que outras seções, mas está mais
distante da realidade do leitor da Revista da Papelaria. Já a Vitrine apresenta lançamentos do
mercado, que os leitores podem, eventualmente, querer adquirir para sua loja. O Onde
Encontrar é uma seção puramente de serviço, para o leitor entrar em contato com uma das
empresas que participaram da edição. Cada edição chega ao fim com o Ponto Final, seção
sempre relacionada a uma matéria da revista com um toque de humor.
A presença das rubricas que não são fixas é variável de diferentes formas. Há as mais
recorrentes, como Mercado e Consultoria, que serão analisadas ainda neste capítulo. Porém, é
possível criar, a qualquer momento, novas rubricas, se for necessário para a publicação de
uma pauta. As pautas são pensadas de acordo com temas considerados pertinentes para o
mercado e não para satisfazer uma rubrica determinada. As rubricas são ferramentas
facilitadoras, sendo úteis à orientação do leitor em relação ao que é tratado a partir dali e
durante as páginas seguintes, com identificação semelhante.
O projeto editorial gráfico da revista também segue uma linha de identificação,
mantendo estruturas idênticas ou muito semelhantes nas seções, objetivando transmitir a
34
5.2 Seções
Entrevista
Esta é uma seção fixa composta por um pingue-pongue com pessoas que tenham
alguma realização notável no mercado de papelaria ou conhecimento sobre determinado
assunto que possa refletir no setor. É uma seção cuja temática varia bastante, mas permanece a
ideia de que haja, nesta seção, uma opinião de impacto ou informação analítica.
Na edição 164, de abril de 2011, há uma entrevista com Lia Valls, pesquisadora da
Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. Ela falou sobre a concorrência dos produtos de
papelaria nacionais com os importados da China no mercado brasileiro, a partir de uma
pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que indicava que “quase
a metade das indústrias brasileiras que competem com companhia chinesas perdeu
participação no mercado doméstico em 2010” (Revista da Papelaria, 2010, ed. 164, p. 6)
(Anexo 3, p. VIII). No mês seguinte, o tema foi sustentabilidade a partir da entrada no varejo
da primeira caneta biodegradável produzida no Brasil (Anexo 4, p. X).
Origens pontuais como as que serviram de ponto de partida para os exemplos citados
são sempre “motivos” para pautar entrevistas. Porém, situações constantes do mercado e que
não necessariamente se destacam em determinado momento também pautam esta rubrica. Na
edição 159, de novembro de 2010, por exemplo, a entrevista foi com João Matta, especialista
em consumo infanto-juvenil da ESPM-SP (Anexo 5, p. XI). Não é preciso um fato para que se
pereba a força de crianças e jovens como público de papelarias.
Circulando
Nesta seção fixa, são publicadas notas informativas sobre acontecimentos do mercado
de papelaria. Desde novidades de alguma empresa da indústria até eventos, passando por
notícias das próprias papelarias. Em maio de 2011 (Anexo 6, p. XIII), por exemplo, foram
publicadas, entre outras, notas sobre a vitória da equipe de futebol da Papelaria Arco-Íris no
campeonato de Guajará-Mirim, Rondônia; o veto do prefeito de Maringá, Paraná, à Papelaria
do Povo, que fora derrubado; o encontro entre representantes do Sindicato do Comércio
35
Perfil do Varejo
Esta seção fixa pretende inspirar os leitores a aplicar práticas que possam contribuir
para o sucesso de seu negócio, por meio de histórias de outras papelarias. Seus proprietários
contam como e por que entraram neste ramo, as dificuldades, as soluções para superá-las e
tudo o que deu certo. Para participar, é preciso que a papelaria já seja considerada um bom
negócio. Então buscam-se aquelas com, pelo menos, cinco anos de existência. Como os
leitores são diversificados, uma história não servirá de exemplos para todas, pois as
dificuldades, o mercado e as possibilidades de práticas podem ser muito diferentes em alguns
lugares do país. Assim, sempre se busca variar ao máximo a localização da papelaria, tanto
dentro do Brasil, como dentro das regiões e dos estados, publicando histórias de papelarias de
diferentes portes, de quem está em capitais ou em cidades do interior. Uma maneira de o leitor
identificar as semelhanças e diferenças entre seu negócio e o publicado naquela edição é o
box com o título “Direto da Revenda”, que traz informações como localização, data de
fundação, quantidade de funcionários, área do estabelecimento, público-alvo e produtos mais
vendidos.
Mercado Global
Esta seção fixa reúne uma matéria principal cujo tamanho pode variar de meia a duas
páginas - dependendo da relevância e da quantidade de informação -, e notas sobre eventos e
novidades no mercado internacional. A maior parte das pautas é baseada em eventos pelo
mundo. Na edição 161, de janeiro de 2011, foi divulgada a criação da Creativeworld – The
world of Art andr Craft Supplies (Anexo 7, p. XVIII). A feira independente é, na verdade, a
ampliação de um setor de artesanato que já existia dentro do evento mais importante do
mundo para o mercado de papelaria, a Paperworld Frankfurt, realizada anualmente em
Frankfurt, na Alemanha. Já na edição 164, de abril do mesmo ano, a matéria reuniu diversos
eventos que aconteciam naquele mês, em Portugal, Turquia, China e Taiwan (Anexo 8, p.
37
XIX).
As informações sobre os eventos são encontradas na internet, em revistas
internacionais sobre o tema e também são recebidas em releases por e-mail. Quando é preciso
apurar alguma informação de forma mais detalhada, isso é feito em contato por e-mail.
Dentro do Mercado Global, é encontrada a subseção Conexão, que divulga novidades
sobre as empresas internacionais e multinacionais que atuam no setor de papelaria brasileiro.
Vitrine
Esta seção, também fixa, apresenta os principais lançamentos do mercado de
papelaria, material escolar e informática. Por ela, o leitor tem contato com diversos produtos e
fornecedores, com os quais pode entrar em contato para adquirir aquele e outros itens. São
publicadas imagens do produto, e uma pequena nota indica as características e funções que ele
apresenta. Na Vitrine, procura-se evitar repetição de produtos (dois cadernos, por exemplo),
assim como a repetição de marcas. Dessa forma, é possível atender a diferentes necessidades
das papelarias.
Onde Encontrar
Esta seção lista as empresas entrevistadas na edição e seus respectivos contatos. Há
também um box no qual são listados os anunciantes da edição e as páginas em que aparecem.
Ponto Final
Criada em janeiro de 2010, a seção é composta por uma pequena história em
quadrinhos inspirada em uma das matérias da edição, que não seja a matéria de capa, exibindo
o tema com leveza e humor.
Até 2010, havia as seções fixas Canal Direto - que publicava depoimentos de leitores
sobre a revista - e Em Questão. Esta vinha sempre com um tema específico, relacionado ao
momento da edição, e publicava opiniões e pontos de vista de papeleiros sobre o assunto
questionado. Como ambas dependiam de contato direto com leitores, elas foram prejudicadas
pela redução do investimento na presença online da revista, tanto no que diz respeito ao site,
como à newsletter semanal e pesquisas enviadas por e-mail. Assim, optou-se por eliminar
essas seções e qualquer outra que necessitasse de condições desse tipo até que a atuação na
38
Consultoria
Esta seção é uma espécie de orientação relacionada a situações cotidianas de um
profissional de papelaria. Geralmente, as fontes são formadas por especialistas no tema e
profissionais de papelaria que conheçam a situação abordada e possam falar sobre ela. É uma
rubrica variável, porém frequente. No período analisado, ela estava presente em seis das doze
edições. A Consultoria surge quando há pautas sobre organização dos produtos na loja,
entrada da nota fiscal eletrônica no mercado ou uniformização da equipe, por exemplo.
Mercado
As matérias incluídas nesta rubrica possuem caráter mais informativo/noticioso que de
orientação, se comparadas às reportagens de Consultoria. Na edição 159, de novembro de
2010, por exemplo, foi publicada, sob esta rubrica, a matéria “Não dá para impedir, mas
prevenir é urgente” sobre a segurança no varejo, enquanto algumas páginas anteriores da
mesma edição traziam “Convivência para além da volta às aulas”, matéria de Consultoria
sobre o relacionamento entre papelarias e escolas. Esta rubrica traz situações do mercado um
39
pouco mais pontuais com o objetivo levantar questões e apresentar diversas opiniões sobre o
assunto abordado, tanto do ponto de vista de especialistas como de profissionais do mercado.
De certa forma, pode-se dizer que as matérias de Mercado apresentam situações e as
de Consultoria sugerem como solucionar questões.
Produto
Como o próprio nome indica, as matérias desta rubrica caracterizam determinado item
vendido em papelarias. Aparentemente, as pautas relacionadas a um produto não têm gancho
ou motivação específica. Algumas obedecem a certa sazonalidade. Agendas, por exemplo,
começam a ser lançadas pelos fabricantes, no meio do ano. Até novembro de 2010, havia as
rubricas Produto, Giro e Tecnologia, todas abordando algum produto de papelaria. No final
daquele ano, foi definido que, a partir de 2011, haveria apenas as rubricas Giro e Tecnologia.
A rubrica Produto pretendia falar sobre todos os aspectos do item analisado, tanto suas
características técnicas como seu desempenho de mercado. Porém, percebeu-se uma fórmula
esgotada que não atingia o que se pretendia, e acabava-se por não aprofundar com o devido
detalhamento nenhum dos aspectos abordados.
Até 2010, havia também a rubrica Dossiê, que tinha como objetivo realmente construir
um dossiê sobre um produto. O resultado eram matérias longas em relação às outras
publicadas na revista, com apuração que envolvia grande número de fontes. Devido a essa
estrutura, foi percebido que essas matérias não eram atraentes para o leitor por ficarem
cansativas.
As matérias de produto também cumprem a função de incentivar o investimento
publicitário. Se a indústria de cadernos lança suas novidades entre os meses de agosto e
setembro, este é o momento em que as empresas têm maior necessidade de se comunicar com
as papelarias, que venderão seus produtos ao consumidor final. Assim, a matéria sobre
cadernos no mesmo período consegue, ao mesmo tempo, informar os leitores sobre as
novidades do mercado, e incentivar a indústria a publicar anúncio na mesma edição em que há
uma matéria jornalística sobre cadernos. “Não adianta fazer uma matéria legal se não for
vendável. A Revista da Papelaria, assim como outras revistas, é sustentada pelos anúncios.” 17
Segundo Rosangela Feitosa, há revistas especializadas sustentadas pelos leitores, mas isso
varia de acordo com a proposta. Neste caso, fala-se de negócios, e um dos objetivos é
• Tecnologia
No período em que a revista foi analisada, a rubrica apareceu quatro vezes. Para este
tipo de matéria, são entrevistados fabricantes e consumidores. Assim, apuram-se as
características técnicas do produto no mercado, a utilidade específica de cada uma e as
preferências do consumidor em relação a essas especificidades e funções.
Especial
Uma matéria especial analisa os diversos âmbitos de um único grande tema. Seu
posicionamento no mercado, suas especificações técnicas e como deve ser sua inserção em
uma papelaria. Uma matéria sob esta rubrica é caracterizada pelo tamanho – em geral, ocupa a
partir de seis páginas – e pela natureza do tema. Matérias sobre artesanato ou sobre o
aproveitamento das datas comemorativas em papelarias não estão inseridas no dia a dia de
grande parte das papelarias, assim como não são frequentes entre as matérias da revista, mas
podem trazer informações relevantes para o negócio. Já uma matéria que faça um balanço da
volta às aulas é especial por natureza, pois aborda um tema que não só é conhecido dos
empresários de papelaria, mas é o momento mais importante do ano para a maioria deles. De
julho de 2010 a junho de 2011, houve três matérias especiais. A primeira, publicada na edição
156, de agosto de 2010, foi sobre artesanato (Anexo 9, p. XXI). Falou-se sobre as novidades
de produto no mercado, a preparação necessária para a oferta de cursos, pesquisa sobre o
mercado e experiências de papelarias bem-sucedidas em relação ao trabalho com este tipo de
material.
Na edição 161, de janeiro de 2011, foi publicado um calendário anual abordando
táticas de aproveitamento das datas comemorativas no varejo papeleiro. Além de táticas e
cases de sucesso, foi preparado um calendário com todas as datas que podem ser exploradas
pelos empresários. Este calendário podia ser destacado e utilizado em um mural, por exemplo.
41
Na edição 164, de abril de 2011, a matéria especial foi um balanço da última volta às
aulas, período, indiscutivelmente, relevante para o mercado de papelaria. Foram ouvidos
profissionais do varejo, fabricantes e consumidores, que avaliaram como foi a época de
comprar material escolar, no início de 2011.
Séries
Este é um conjunto de matérias ao qual se recorre quando há um grande tema
pertinente, inviabilizando a publicação de uma única reportagem em uma única edição. Isso
ocorre tanto pela questão de espaço, quanto pelo tempo de apuração e pela estratégia
jornalística, já que reunir uma grande quantidade de informação pode prejudicar a transmissão
da mesma.
De janeiro a abril de 2011, foi publicada a série Papelarias na Web, orientando as
melhores ferramentas e estratégias para o varejo deste ramo estar presente na internet. As
reportagens falaram sobre construção de site, e-commerce, divulgação de sites e redes sociais.
Saindo de uma série e já entrando na seguinte, a edição 165, de maio de 2011, iniciou a série
Papelarias do Brasil, que tem como objetivo traçar o perfil do mercado de papelaria em cada
região do país. É publicada uma região por edição na seguinte ordem: Norte, Nordeste,
Centro-Oeste, Sul e Sudeste.
Outro caso no período estudado é a série Plantão Volta às Aulas, publicado de janeiro
a março de 2011, sob a rubrica Mercado. As fontes foram papelarias de diferentes localidades,
que contaram como estavam as vendas no período e destacavam o que consideravam diferente
dos outros anos.
agosto a 2 de setembro, por exemplo. Então a edição de setembro foi maior, com mais
matérias e com foco nos lançamentos, desenvolvidos para a próxima volta às aulas. A edição
teve matérias com as rubricas Consultoria, Informática, Comportamento e Mercado, além da
matéria de capa (Anexo 10, p. XXVIII), da Entrevista, do Circulando, do Perfil do Varejo, do
Licenciamento (ainda não tinha sido inserido no Circulando) e do Mercado Global. Foram
elaborados também um suplemento antecipando alguns lançamentos da Escolar e o Dossiê
sobre cadernos. Na época, ainda existiam as rubricas Saiba Mais, que contava a história de
um produto, e o Em Questão, que consultava diversos leitores sobre um determinado tema e
publicava as opiniões e expectativas sobre o assunto. A edição contou também com a
apresentação dos finalistas do quarto Prêmio Brasil Excelência em Papelaria, concurso
promovido pela Revista da Papelaria com apoio da empresa organizadora da feira, a Francal
Feiras. No penúltimo dia do evento, foi realizada uma cerimônia na qual foram anunciados os
vencedores. Os finalistas foram selecionados a partir de votação de profissionais de papelarias
e os vencedores, eleitos por um júri técnico. Assim, a Revista da Papelaria, cujas edições
costumam conter cerca de 50 páginas, teve a edição 157, de setembro de 2010, fechada com
144 páginas.
A edição seguinte, de outubro de 2010, possui rubricas que fogem à regra da
publicação, pois estão submetidas à cobertura da feira, para a qual toda a equipe de
reportagem é deslocada da redação, no Rio de Janeiro (RJ), para a capital do estado vizinho.
Lá, são entrevistados organizadores, expositores e visitantes para diversas pautas, pensadas
em torno da feira. Durante os quatro dias de evento, as repórteres têm à disposição, um
fotógrafo, solicitado, conforme a necessidade, para registrar entrevistados, estandes, produtos
e o ambiente da feira. Como não é possível fotografar todos os produtos levados ao evento,
grande parte deles é solicitada às assessorias de imprensa dos fornecedores para ilustrar a
edição de cobertura da feira. A edição 158, de outubro de 2010, tanto pretendia ser uma
unidade de cobertura do evento que, apesar de divida em diferentes matérias, há uma única
assinatura com o nome de todas as repórteres, no início da reportagem (Anexo 11, p.
XXXIII). Exceto na entrevista, que foi publicada algumas páginas antes da matéria da feira,
mas não se distanciou do motivo, pois o entrevistado do mês foi um empresário que frequenta
a feira desde sua primeira edição.
43
5.3 Pautas
A Revista da Papelaria é pautada por três grandes assuntos que permeiam o mercado
permanentemente: produtos, evento datados e assuntos do mercado que contribuam para o
empresário compreender e investir no seu negócio.
A reunião de pauta é a primeira etapa do processo de produção jornalística, e não é
diferente na Revista da Papelaria. Entre a finalização da edição de dezembro de um ano e o
início da edição de janeiro do ano seguinte, a editora da revista propõe uma pauta anual
(Anexo 12, p. XXXV), que é analisada e discutida junto aos outros componentes da equipe de
jornalismo. A existência de uma pauta anual é possibilitada por dois aspectos. O primeiro é
comum a diversos veículos de jornalismo, que repetem assuntos em determinado momento do
ano, pautados, sobretudo, pelas datas comemorativas e outras épocas marcadas – as chamadas
efemérides -, como o mês das noivas em maio. “A única diferença é que colocamos no papel e
assumimos isso.”18 A época de volta às aulas, por exemplo, período relevante para o mercado
de papelaria, também é abordado pela mídia menos especializada, porém com outro enfoque,
voltado a outro público. O mesmo acontece, por exemplo, com a retrospectiva anual, que
acontece em muitas revistas e veículos de comunicação. Na Revista da Papelaria, a
retrospectiva é em relação ao mercado de que trata. Mas é importante destacar que “a pauta
não é matéria feita e publicada, é rascunho da possibilidade de revista.”19
Por ser uma publicação segmentada, a revista dá apoio à comunicação de mercado das
empresas. Para o meio do ano, por exemplo, está prevista na pauta anual uma matéria sobre
agendas. Isso porque é o momento em que os fabricantes desse produto lançam suas
novidades. Assim, ao mesmo tempo em que é importante divulgar este fato e o que há de
diferente relacionado a ele, é o momento em que essas empresas – que servem como fonte,
mas que também são possíveis anunciantes da revista – têm mais necessidade de se comunicar
com o mercado. Assim, ao mesmo tempo, a pauta anual orienta a produção interna e o
investimento publicitário do mercado.
Não só os departamentos de marketing das empresas fabricantes estão interessados na
pauta da revista, como os assessores de imprensa cobram dos jornalistas esta informação. Isso
é possibilitado pela segmentação da revista, que delimita os atores de todo o seu processo. São
poucas as revistas especializadas em papelaria no mercado (além da Revista da Papelaria,
existem mais duas: Papelaria & Negócios e Revista Lojas – Papelaria, informática,
brinquedos & cia.), assim como são limitadas as opções de fontes. A possibilidade de
fabricantes a que se pode recorrer como fontes para falar sobre a produção, e o funcionamento
nas matérias sobre produto está limitada a uma lista de empresas que não pode ser alterada.
Para as vozes dessa matéria não estarem condicionadas somente à indústria, costuma-se
escutar lojistas e consumidores.
As pautas de produto também acontecem de duas maneiras. Os itens básicos de
papelaria e material escolar, como caderno, mochila e caneta esferográfica, possuem
momentos bem marcados dentro do mercado e, consequentemente, quando ele será tratado na
revista. Porém, não há uma limitação. O momento anual para se falar de cadernos é entre
agosto e setembro, mas se houver uma novidade pontual, se for desenvolvida uma
característica nova para o caderno em outro momento do ano, isso será divulgado por ser
notícia. Produtos que são importantes para os lojistas, mas que não sofrem oscilação sazonal,
como o papel sulfite, e produtos que complementam o mix e servem para alavancar as vendas
e atrair clientes, também são incluídos na pauta anual com outros critérios. Então, a partir do
momento em que esses itens são identificados, o objetivo é fornecer informações para que o
lojista conheça melhor o produto oferecido, repasse as informações a sua equipe e a utilize
como argumento de venda, obtendo benefícios. O “feeling” do profissional também contribui,
na medida em que ele se questiona sobre determinados produtos. Na edição 116, de junho de
2011, por exemplo, foi publicada uma matéria sobre pape sulfite sem novidades pontuais, mas
no sentido de mostrar como está o mercado deste produto. Havia muito tempo que o papel
sulfite não pautava uma matéria, então, a pauta é motivada pela possibilidade de alguma
alteração durante esse período.
Isso funciona com as pautas relacionadas a produto. Os outros temas, relacionados à
consultoria, gestão de negócio, consumo, entre outros aspectos do mercado, são incluídos na
pauta anual para servirem de argumento sobre a pertinência da revista para o mercado. É
possível mostrar a relevância da linha editorial e o nível de interesse dos assuntos para o
público-alvo. A pauta anual não é seguida completamente de maneira fiel. A influência de
novos fatos e novas informações é levada em consideração e gera novas pautas, causando
alterações na previsão inicial.
A pauta anual prevê os assuntos que serão abordados em cada edição mensal. Sua
existência é possibilitada pela agenda do mercado, pois já se sabe a época em que
45
determinados produtos são lançados. Também contribui para a existência da pauta anual
conhecer as datas dos eventos do mercado, permitindo que haja uma programação da edição
em que sua cobertura será publicada. Porém, frequentemente, essa pauta é alterada por
diversos motivos, como fatos pontuais que servem de gancho para determinada pauta, ou por
espaço, que acaba provocando o adiamento de matérias frias.
Entre os dias 10 e 15 de cada mês, é definida a pauta para a edição do mês seguinte
(Anexo 13, p. XXXVI). Em geral, a equipe jornalística se reúne, analisa o que estava previsto
na pauta anual, junto com idéias que tenham surgido para a edição em questão e monta uma
proposta de pauta, que é apresentada à editora. Essa sugestão já inclui que repórter fará cada
matéria, o que é determinado baseado na familiaridade de cada repórter com o assunto e
também pelo volume de trabalho, que deve ser equilibrado. Alguns dias depois, toda a equipe
de jornalismo discute e define as pautas que começarão a ser produzidas a partir daquele
momento.
5.5 Redação
Com o objetivo de otimizar a produção da revista, tem-se adotado a estratégia produzir
o texto de cada matéria assim que é finalizada a apuração. Dessa forma, ele pode ser revisado
pela editora e começar a ser diagramado, antes mesmo que todas as matérias estejam prontas.
O texto é informativo e objetivo, acompanhando a idéia de que se fala de negócios, um
tema exato (no sentido matemático da palavra), e distanciando-se do jornalismo opinativo,
propondo-se a expor as falas dos entrevistados de maneira compreensível e organizá-las de
forma coerente. “Não pretendo formar opinião do leitor, mas ser mais uma plataforma de
informação para ele.”20 Isto está muito relacionado ao fato de a revista tratar de assuntos
cotidianos do próprio leitor, que, devido a sua prática cotidiana, já sabe muitas estratégias que
funcionam ou não na sua loja e que produtos vendem mais. Porém, pode-se oferecer indícios
sobre por que determinada tática de venda funciona melhor que outra, entrevistando
especialistas e permitindo que o lojista aprimore essa prática em sua loja.
Existe uma dose certa entre a objetividade e textos mais próximos do estilo literário.
Apesar de o assunto ser “negócios”, quem lê é sempre uma pessoa, antes de ser o empresário.
Com caráter predominantemente expositivo, passagens em tom literário são contidas e não
prevalecem na Revista da Papelaria, apesar de aparecerem de maneira pontual e sutil, como
nos dois casos a baixo:
20 Idem.
49
A cada novo elemento informativo que se quer inserir na matéria, costuma-se recorrer
a um tópico frasal, que pode ser uma informação obtida com uma das fontes ou uma
constatação obtida pelo conjunto das informações. Seguem alguns exemplos:
• “A novidade de modelos não é exclusividade da gigante alemã. A Acrilex é outra que
busca ter um mix variado, com uma ou outra versão que fuja do clássico estojo com 12
tonalidades” (Revista da Papelaria, 2010, ed. 155, p. 18) (Anexo 22, p. XLIX)
Essas são as características textuais das matérias em geral. As notas que compõem o
Circulando, por exemplo, possuem formato mais próximo ao de uma notícia. Como são textos
mais curtos, é importante informar em menos linhas o que aconteceu. Nesses casos, o lead
logo indica os principais dados relativos ao acontecimento publicado.
• “Até o dia 2 de outubro será realizada a 1ª Mostra 3M de Arte Digital, patrocinada
pela 3M do Brasil” (Revista da Papelaria, 2010, ed. 157, p. 22) (Anexo 25, p. LII).
• “Staples Soul, canal social da gigante multinacional do varejo de papelaria Staples,
realizou o Dia da Comunidade no Brasil” (Revista da Papelaria, 2010, ed. 160, p. 9)
(Anexo 26, p. LIII)
Já os perfis possuem estilo textual que destoam um pouco da objetividade que permeia
as outras matérias; são seções que permitem humanizar o texto. Por serem matérias com
caráter pessoal, elas permitem recursos que garantam este tom e aproximem as duas pessoas -
fonte e leitor. Tanto o Perfil do Varejo como o Perfil do Representante e Consumo são textos
que contam uma história relacionada à vida pessoal e profissional das fontes, na medida em
52
que elas não podem ser completamente dissociadas. Mesmo o Perfil do Varejo e o Perfil do
Representante, que, muitas vezes, possuem maior foco na carreira do entrevistado, são
caracterizados pela personalidade do profissional.
• Perfil do Varejo
“Para quem começou com três concorrentes, as atuais 18 papelarias atrapalham um pouco os
negócios. Para se diferenciar, Daby começou a investir em marketing” (Revista da Papelaria,
2011, ed. 164, p. 14) (Anexo 27, p. XIL).
• Perfil do Representante
“Enquanto Guaraci viaja, sua esposa, Eliene Nascimento Braga, fica ao telefone divulgando
novidades e recebendo relatos de eventuais problemas com vendas” (Revista da Papelaria,
2011, ed. 166, p. 16) (Anexo 28, p. LV).
• Consumo
“Ao telefone, diretamente da Campus Party, importante encontro de tecnologia digital, Lara
Osolins olha em volta e comenta: 'Todo mundo aqui está com o laptop aberto. Mas acho que
sou a única om um bloco ao lado do computador [...]'” (Revista da Papelaria, 2011, ed. 162,
p. 11) (Anexo 29, p. LVI).
físicas, para empresas em geral, para o comércio varejista. Mas, desde a apuração, as
repórteres exibem exemplos de papelarias aos entrevistados, buscando informações
direcionadas aos profissionais deste setor.
Assim como talvez não seja necessário detalhar o funcionamento das Áreas de Livre
Comércio ao papeleiro que está inserido em uma delas, mas muitos no Brasil podem não
saber como elas são colocadas em prática:
• “As papelarias ali localizadas devem se cadastrar na Superintendência da Zona Franca
de Manaus (Suframa) e, no momento da compra, informar seu número de inscrição ao
fornecedor e à transportadora.” (Revista da Papelaria, 2011, ed. 165, p. 29) (Anexo
33, p. LX)
21 Idem.
56
6 – Conclusão
Como uma revista que fala sobre negócios, o texto objetivo predomina na Revista da
Papearia. Já o vocabulário específico não é exclusivo do segmento, mas está presente como
um conjunto dos termos utilizados em segmentos relacionados a este, como economia e
comércio, em geral. Os termos mais específicos são aqueles que fazem referência aos
produtos de papearia.
Este trabalho demonstrou que toda prática jornalística é influenciada tanto pela
sociedade em que está inserido, incluindo principalmente o público a que está direcionado,
assim como pelo formato em que é apresentado, tanto no que diz respeito à plataforma física
quanto ao conteúdo.
58
7 - Referências Bibliográficas
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<http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/fashion-rio-se-inspira-no-mar-e-nas-belas-
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59
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< http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EIT0-10500,00.html> Acesso em: 07 jun.
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SCHWAAB, Reges Toni; TAVARES, Frederico de Mello Brandão. O tema como operador
de sentidos no jornalismo de revista. Revista Galáxia, São Paulo: nº 18, p.180-193, dez.
2009.
ANEXOS
ANEXO 1
I
ANEXO 2
II
III
IV
V
VI
VII
ANEXO 3
VIII
IX
ANEXO 4
X
ANEXO 5
XI
XII
ANEXO 6
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
ANEXO 7
XVIII
ANEXO 8
XIX
XX
ANEXO 9
XXI
XXII
XXIII
XXIV
XXV
XXVI
XXVII
ANEXO 10
XXVIII
XXIX
XXX
XXXI
XXXII
ANEXO11
XXXIII
XXXIV
ANEXO 12
XXXV
ANEXO 13
Entrevista
Membro da Associação Brasileira de Recursos Humanos sobre escolha de funcionários para o
trabalho no varejo.
Repórter: Renata Medeiros
Tecnologia
Caneta gel
Repórter: Renata Medeiros
Clínica Empresarial
Como evitar o desperdício na papelaria (sugerido por uma leitora)
Repórter: Carolina Berger
Evento Credeal
Repórter: Carolina Berger
Consultoria
Cliente: empresas
Repórter: Carolina Berger
Feira
Natal Show
Repórter: Renata Medeiros
Circulando
Repórter: Carolina Berger
XXXVI
Vitrine
Repórter: Carolina Berger
Mercado Global
Repórter: Renata Medeiros
Perfil do Varejo
Repórter: Carolina Berger
XXXVII
ANEXO 14
XXXVIII
ANEXO 15
XXXIX
ANEXO 16
XL
XLI
ANEXO 17
XLII
ANEXO 18
XLIII
ANEXO 19
XLIV
ANEXO 20
XLV
ANEXO 21
XLVI
XLVII
XLVIII
ANEXO 22
XLIX
ANEXO 23
L
ANEXO 24
LI
ANEXO 25
LII
ANEXO 26
LIII
ANEXO 27
LIV
ANEXO 28
LV
ANEXO 29
LVI
ANEXO 30
LVII
ANEXO 31
LVIII
ANEXO 32
LIX
ANEXO 33
LX
ANEXO 34
LXI
ANEXO 35
LXII
ANEXO 36
LXIII
ANEXO 37
LXIV