Apostila Microbiologia de Alimentos
Apostila Microbiologia de Alimentos
Apostila Microbiologia de Alimentos
Árvore filogenética
Essa árvore filogenética é constituída com base em genes específicos
desses microrganismos, normalmente se utiliza o gene que quantifica o RNA
ribossômico, que tem uma certa conservação, ou seja, a sequência de
nucleotídeos é conservada, e ao mesmo tempo algumas regiões tem
variações, o que permite estabelecer os ramos, e quanto mais próximo um
ramo do outro, mais relação os microrganismos têm entre si.
A principal diferença entre procarioto (bactéria) e eucarioto é que o
último possui uma membrana delimitando o núcleo, o que não está presente na
bactéria e isso acomete a replicação celular, a bactéria tem um único
cromossomo circular e por não ter essa estrutura envolvente a transcrição e a
tradução ocorrem simultaneamente, dessa forma a velocidade de transcrever e
traduzir num procarioto é muito mais rápida que em um eucarioto.
Isso é importante, porque alguns fármacos tem especificidade para atuar
em bactéria é justamente nessas diferenças entre bactérias e eucariotos, que
um tem e outro não.
Morfologia celular
!
Os microrganismos possuem morfologias distintas, para bactérias nós
temos dois tipos de morfologia:
1. Cocos: que são esféricos, podem estar isolados ou juntos.
2. Bastonetes:
Esses arranjos, diplococos, estreptococos tem a ver com o padrão de
divisão dos cocos, quando a bactéria é esférica ela não tem um padrão de
divisão muito bem definido, isso é genético, para cada espécie ocorre de uma
forma, dando os diferentes arranjos.
Duas morfologias não tão usuais, é o espirial, que tem alguns
microrganismos característicos e vibrião também.
Essas células bacterianas são células pequenas, tem em torno de 3
micrometros de tamanho e dá para nós diferenciarmos de uma célula de
levedura que tem em torno de 5 a 10 micrometros e de uma célula de eucarioto
(célula animal) que tem em torno de 200 micrometros, então, a diferença de
tamanho também pode ser utilizada para diferenciar as células.
Os fungos, possuem hifas, que podem ser segmentadas ou não
segmentadas com 1 ou 2 núcleos, os fungos da área de alimentos crescem em
um micélio vegetativo e depois têm o micélio reprodutivo.
!
Está extremamente relacionado com a morfologia, temos a parede de
Gram + e de Gram -, o correto é chamar envelope celular e não parede.
• GRAM POSITIVA: Parede de peptideoglicano mais espessa e
tem a presença de proteínas e ácido tecoico e lipotecoico que
estão nessa estrutura e vão ser fatores antigênicos para as
bactérias.
Bioquímica
Uma bactéria tem normalmente as mesmas vias que nós temos, só que
tem alguns alternativas para degradar componentes, possui a via glicolítica
(obtém energia), tem outras vias para a utilização de outros substratos, que
não a glicose, como acarbose, para obtenção de energia, tem ciclo de Krebs e
cadeia de transporte de elétrons.
A diferença é que na gente parte da via ocorre no citoplasma e outra
parte na mitocôndria, e aqui, como a bactéria não tem divisão, tudo isso
acontece no citoplasma e essa parte de cadeia de transporte de elétrons
ocorre na membrana da bactéria.
Isso é importante pois em alguns processo de biotecnologia, precisa-se
maximizar a produção de algum composto de interesse, então fornece-se o
substrato para o microrganismo e eu quero por exemplo, aumentar a produção
de ácido láctico ou acético eu posso trabalhar dessa forma.
!
Nós conhecemos 1 a 2% da microbiota existente no planeta, tudo que
conhecemos foi baseado em cultivo, coleta a amostra e leva para o laboratório,
então eu conheço o que cresce, o que eu não consegui colocar condições
ideias no laboratório para ele crescer, então muito do que nós conhecemos são
dependente de métodos laboratoriais de cultivo.
Nós temos métodos independentes de cultivo, que é baseado em DNA,
então você pega uma amostra do solo por exemplo, faz o DNA geral, faz
sequenciamento e sei os microrganismos que estão ali.
Exigências nutricionais
Nós vamos trabalhar na prática com o cultivo, então precisamos
entender do que esses microrganismos necessitam.
• Macronutrientes
- necessários em grandes quantidades
- tem papel importante na construção das estruturas e no metabolismo
para obtenção de energia
• Micronutrientes
- necessários em pequenas quantidades
- são por exemplo, vitaminas, microelementos que possuem função
algumas vezes estrutural, mas na maioria das vezes de cofator de
enzimas
Fonte de carbono
Todo microrganismo depende de uma fonte de carbono para crescer, os
microrganismos quimiorganotróficos dependem de matéria orgânica para
crescerem e são chamados de heterotróficos.
Alguns microrganismos utilizam CO2, podem utilizar compostos
orgânicos para obtenção de energia, mas o carbono para construir as
moléculas vêm do CO2.
Nem todo microrganismos consegue degradar os compostos orgânicos
(carboidratos, lipídeos e proteínas), a medida que o composto é mais
complexo, o microrganismo tem que excretar enzimas extra celulares para
poder quebrar os compostos e raramente a gente tem microrganismos que
utilizam gordura (lipídeos) como fonte de carbono nos alimentos.
• Compostos orgânicos (microrganismos heterotróficos)
Carboidratos
Lipídeos
Proteínas
Fonte de nitrogênio
Cinética de crescimento
!
Quando a gente fala que o microrganismo está crescendo, não é igual
ao nosso crescimento que é em tamanho, crescer aqui é multiplicar, a principal
forma de crescimento para bactéria é a divisão binária, você tem uma célula
que vira 2, 2 viram 4, 4 viram 8. Já para levedura a principal forma de
crescimento é brotamento, a célula mãe é mantida e saem brotos dessa célula
mãe. E no caso de fungos nós vamos ter os micélio vegetativos que dá a
estrutura e a captação de nutrientes do fungo que gera o micélio reprodutivo
contendo os esporos e através desse micélio reprodutivo nós temos diferentes
classificações dos fungos.
Nós vamos detalhar mais o crescimentos das bactérias, que sempre é
uma progressão geométrica, por isso é crescimento exponencial.
Tg é o tempo de geração de uma célula, então a célula acabou de se
dividir ela tem que duplicar material genético e componentes para poder se
dividir de novo e o tempo que ela leva para fazer isso é o que nós chamamos
de Tg. Ele pode ser maior ou menor de acordo com as condições do meio de
cultura ou de incubação, se eu tenho nutrientes favoráveis ao crescimento isso
vai ser cada vez mais reduzido, se você tem uma condição adversa esse
tempo pode demorar horas, dias e as vezes semanas. Então a cada intervalo
desses eu tenho a duplicação da célula.
Curva de crescimento dos microrganismos ao longo do tempo
Nessa curva de crescimento nós avaliamos a cinética de crescimento ao
longo do tempo, então nós temos o microrganismo no meio, meio este que ao
longo do tempo vai tendo seus nutrientes deteriorados, e avaliamos esse
crescimento ao longo do tempo. Então temos 4 fases que são importante para
nós.
1ª: fase lag, que é a fase de adaptação da célula, toda célula microbiana
ela ta adaptada prontamente para utilizar glicose, ele sintetiza enzimas e todos
os componentes para utilizar glicose, se ela chegar em um meio ela vai utilizar
glicose prontamente, se no meio tem outros carboidratos ela não gasta energia
produzindo enzimas para degradar aquilo ali, ela tem um tempo para produzir,
ou seja, adequar-se às condições daquele meio para poder usar a fonte de
energia, essa fase de lag se tiver glicose vai ser bem curtinha, mas se tiver
outra fonte de energia, o microrganismo tem que sintetizar as enzimas, então
demora um pouco mais, por isso é chamada de fase de adaptação.
2ª: fase log, depois que ele já se estabilizou, o microrganismo atinge a
sua velocidade máxima de crescimento naquela condição, se eu alterar a
condição para um mais ideal ainda essa velocidade aumenta ainda mais e se
eu tirar ela vai um pouco.
3ª fase: fase estacionária, tem-se uma desaceleração do crescimento
uma vez que os nutrientes já começa a ficar escasso, pois tem falta de
nutrientes, muitos microrganismos lá dentro além de produtos de excreção que
também interfere no metabolismo da bactéria, ai elas começam a ser
inativadas, não é que o crescimento para, é uma coisa dinâmica, o mesmo
tanto que cresce é o mesmo tanto que é inativada, por isso que a curva não
sobe.
4ª fase: morte, se chegar numa situação extrema de falta de nutrientes
no meio, a gente vê essa última fase.
Isso é importante em biotecnologia, tem que saber se o composto de
interesse é parte do metabolismo primário (a maior produção ocorre na fase
lag) ou se ele é produzido (se for por exemplo, um composto de estresse, vai
ser mais produzida na fase estacionária).
Medidas de crescimento microbiano
➢ ATIVIDADE DE ÁGUA
Todo microrganismo, assim como todo ser vivo, precisa de água para o
seu crescimento, essa água vai ser utilizada em reações de hidrolise,
transporte de nutrientes para dentro da célula microbiana, porque normalmente
a célula tem um pH próximo da neutralidade e uma concentração de composto
um pouco maior do que a concentração do meio em que está, não chega a ser
um meio hipotônico, um meio em que essa condição da célula no interior do
citoplasma tem uma quantidade de solutos tão maior assim do que o meio
extracelular, mas tem que ser um pouco maior porque no transporte a água
sempre tende a entrar por osmose para dentro da célula, então é ligeiramente
maior a quantidade de solutos dentro da célula do que do lado de fora. Mas se
eu vario isso, eu vario toda a condição de crescimento de uma célula
microbiana.
➢ ACIDEZ (pH)
Tolerância ao baixo pH
!
Da mesma forma, como na atividade de água, os microrganismos tem
condições de adaptar à um ambiente ácido, porque eu sai da condição ótima
de uma bactéria (pH próximo da neutralidade), começo a acidificar, chega em
um pH de 5, tem no meio externo vários prótons e isso tudo ta querendo entrar
dentro da célula para que o pH lá dentro fique ácido havendo um equilíbrio. Os
prótons estão em quantidade maiores do lado de fora e assim eles tendem a
querer entrar dentro dessa célula, e se isso ocorrer o pH vai aumentar e ai já
era, perde atividade enzimática, os próprios prótons que estão aqui
desnaturam algumas proteínas que estão na membrana e fazem o transporte
de nutrientes. Então tem todo esse efeito desses prótons na presença dessa
célula do microrganismo.
Então a célula faz uma adaptação, ela vai produzir compostos para
tentar neutralizar esse ácido que está entrando, mesmo com todo aparato que
ela tem alguma molécula de ácido entra ali dentro. Ela tem que expulsar isso
daqui (H+) por bombas de prótons que tem na membrana, mas com isso eu
gasto energia, entrou um próton eu quebro um ATP para jogar esse próton para
fora, e assim a energia que eu ia gastar para produzir células eu estou
gastando para mandar próton para fora, e então não tem energia para
aumentar a quantidade de células no meio. Isso acontece tanto para próton
como para hidróxido (OH-).
Outra forma é produzir compostos alcalinos, então temos aminoácidos
que são compostos anfóteros (pode trabalhar como ácido ou como base). O
microrganismo vai pegar, no caso de eu ter produzido um ácido, eu tenho H+
entrando aqui e vai descarboxilar aquele aminoácido, tirou o grupo carboxila
aquilo ali vira uma amina e uma amina consegue aprisionar um próton no
nitrogênio, e nessa reação de descarboxilação eu consumo mais um próton,
além do que gastou do próton que entrou e assim o microrganismo consegue
suportar um pouco mais de ácido. Nem todas as bactérias possuem essas
enzimas no seu citoplasma, porque não conseguem sintetizá-las, mas elas são
acionadas em um pH abaixo de 4, quando o pH chega a 4 as descarboxilases
são ativadas e esse sistema começa a funcionar.
O grande problema são as aminas biogênicas (histamina, cadaverina),
que é comum encontrar em alguns tipos de alimentos porque o microrganismo
está fazendo esse processo para manter o pH da célula constante próximo da
neutralidade. E essas aminas são tóxicas para gente, e dependendo da
concentração que elas se encontram nos alimentos (estão mais presente em
alimentos proteicos, porque tem aminoácido) quando ocorre a descarboxilaçao
de um aminoácido (lisina) origina-se a cadaverina, e isso acontece com a
Salmonella. Então existe essa geração de aminas biogênicas e se elas forem
elevadas aquele alimento vai causar mal pra gente, podendo causar febre,
rubor facial, atuando em diferentes sistemas do nosso organismo.
E o outro caso também é verdade, se o pH está tendendo ao alcalino o
microrganismo faz ao contrário, ele ativa as desaminases, então ele precisa
tirar um nitrogênio, que vai ser retirado na forma de amônia, e vai deixar só o
ácido carboxílico (orgânico) para promover a neutralização. Essa ativação das
desaminases acontece em um pH em torno de 8. Então a gente vê que é muito
difícil moldar as condições do microrganismo, não é só falar que tem que
abaixar o pH ou mexer na atividade de água porque eles têm mecanismos de
suportar essas condições de estresse.
Potencial oxi-redução
Eh e os alimentos
!
A gente tem alguns tipos de alimentos que vão favorecer mais ou menos
o crescimento de alguns desses grupos. O queijo por exemplo, quando a gente
o prensa, massa fica mais dura sem oxigênio, e assim temos mais potencial
negativo. A mesma carne que eu tiro um pedaço grande, aquele músculo, tem
um consumo de oxigênio no momento do abate, e a carne tem um potencial
mais negativo, então essa carne em um pedaço grande, lá dentro daquele
pedaço tem possibilidade de crescer um Clostridium por exemplo, um
anaeróbio estrito. Mas se você moer a carne já não favorece mais o Clostridium
e favorece agora uma Pseudomonas aeruginosa que é um aeróbio estrito, que
depende de oxigênio.
Então o que eu quero mostrar ali é o ciclo de processamento de um
alimento que pode mudar potencial de oxi-redução desse alimento. E antes
você tinha um problema que na indústria tem problema com Clostridium, sua
embalagem, seu pedaço de carne está contaminado com esse microrganismo,
aí você moeu esse pedaço de carne parou de ter problemas com Clostridium e
passou a ter problema com Pseudomonas, então os problemas vão mudando
de acordo com o processamento, e cabe a você ter essa visão de que isso tem
a ver com potencial de oxi-redução daquele alimento.
E aqui alguns fatores além dos nutrientes, alguns alimentos tem alguns
fatores antimicrobianos naturais que vão atuar contra o crescimento dos
microrganismos.
!
No leite a gente tem essa proteína, lactoferrina, que interfere na
disponibilidade do ferro para que as bactérias venham a crescer, e as bactérias
dependem do ferro para seu crescimento, e essa proteína do leite
indisponibiliza esse ferro para o crescimento. Algumas bactérias são mais
exigentes em relação ao ferro e outras não, se for uma bactéria mais exigente
isso vai limitar o crescimento dela no leite, as menos exigente sintetizam
moléculas, tem o nome de siderófilos, e conseguem competir por maior
afinidade do ferro com a lactoferrina, então a bactéria, mesmo o ferro estando
indisponível, ela consegue “tomar” o ferro da lactoferrina e utilizá-lo.
Os óleos essenciais possuem atividade antimicrobiana, e muitas vezes os
produtos, além de serem desidratados para conservar por um longo período de
tempo, além do fator água, possuem óleos essências que tem uma atividade
antimicrobiana.
Clara de ovo tem lisozima, que é uma enzima que quebra parede celular
das bactérias Gram positivas. É usada para extrair DNA de bactérias Gram
positivas e como a gente não consegue quebrar de forma facilmente a parede,
usamos essa lisozima purificada em uma determina concentração, e o ovo
possui além dela a ovotransferrina, que tem uma ação especifica sobre
Salmonella. E na amora, tem o ácido benzoico que é mais ativa contra os
fungos.
!
Substâncias produzidas por mos
Isso tudo que eu estou falando tem a ver com a ecologia microbiana do
alimento, um determinado microrganismo cresce e outro não, porque um inibe
o outro. Então temos alguns microrganismos que por competição produzem
essas substancias que são, na maioria das vezes ácidos orgânicos, abaixa o
pH do meio e vai inibir o crescimento de outros grupos de microrganismos, e aí
eu tenho a prevalência de um grupo sobre o outro em um determinado
alimento.
• Biodeterioração
• Representantes
• Patogênicos Qualidade
Microbiológica
• Benéficos
O ideal é ter substâncias químicas como indicadoras, uma vez que é mais
fácil analisar e mais fácil eliminar. Para eu saber se um alimento é contaminado
por um microrganismo patogênico que causa risco a saúde, se eu tiver um
marcador químico que irá me indicar a presença de Salmonella seria bem mais
fácil e rápido monitorar isso. Porém, muitas vezes é difícil associar um
composto químico produzido por um microrganismo com deterioração ou
segurança alimentar.
• Microrganismos indicadores
São microrganismos ou produtos do seu metabolismo seja presença em
determinados alimentos é utilizada para predizer a vida de prateleira do
produto.
!
!
Aqui quando nós temos uma carga elevada desses deteriorantes, muitas
vezes o deteriorante ele não é patogênico, as vezes ele irá causa odor ou
sabor desagradável, e além disso uma carga de microrganismos elevada, para
algumas pessoas que tem o sistema imunológico debilitado ou as vezes não
tem a microbiota intestinal em plena atividade, esse alimento ele irá causa
algum problema de saúde nesse paciente.
Esses indicadores devem ter uma relação muito próxima com patógeno
porque tem que estar presente quando possivelmente o patógeno está
presente e quando o patógeno desaparece ele também deve desaparecer. Ele
pode ter uma sobrevivência no alimento um pouco mais estendida do que o
microrganismo patogênico, mas a relação entre ele e o patógeno deve ser bem
íntima, para que quando não tiver patógeno no alimento não pode ter aquele
indicador. O ideal seria isso para indicadores de segurança alimentar.
!
Mais de 50% das doenças de origem alimentar são causadas por
bactérias e dividimos as bactérias em dois grupos: Causadoras de intoxicação
e causadoras de infecção.
Segundo a OMS, 1,5 milhões de casos de diarreia diagnosticados por ano
estão associados a ingestão de alimentos e 70% deles a alimentos
contaminados.
Hoje, praticamente dobrou a lista de microrganismos que devemos
estudar e controlar e isso é devido:
• Globalização: Antes haviam focos muito específicos em
determinadas áreas, mas hoje em dia alimentos que são produzidos
aqui são consumidos do outro lado do mundo então os
microrganismos são levados com certa facilidade.
• Hábitos alimentares: Antes você fazia comida na sua casa para 5, 6
pessoas, mas hoje em dia a alimentação é mais em massa, vai a
restaurantes, então a escalda de produção dos alimentos passou a
ser maior. Assim, a possibilidade de um microrganismo causar
doença de origem alimentar também foi ampliado.
• Produção de alimentos: Com o aumento da população, a demanda
por alimentos é crescente, então temos que sempre estar com novas
tecnologias para ampliar essa produção. Como por exemplo o uso
indiscriminado de antibióticos para conseguir produzir um frango de
2kg em 30, 40 dias. Assim, um microrganismo que não era
patogênico passa a ser patogênico e resistente a algumas drogas.
• Expectativa de vida: Aumenta a cada dia e com isso tem-se mais
pessoas em grupo de risco, que não possuem um sistema
imunológico tão ativo com as pessoas mais jovens.
• Técnicas de diagnóstico: Antes não se sabia qual a causa daquela
doença, mas hoje em dia com a biologia molecular, mesmo sem
cultivar o microrganismo no laboratório você sabe qual
microrganismo que foi capaz de causar aquele surto de doença de
origem alimentar. A evolução em técnicas de diagnóstico tem uma
contribuição muito significativa para o aumento dessa lista.
!
Essas bactérias estão divididas nos livros em Gram positivas e Gram
negativas. Nós vamos falar de 5 microrganismos causadores de intoxicação,
todos eles são Gram positivos, sendo a Listeria, que é o único Gram positivo
que causa infecção.
Diferenças:
Uma intoxicação é sempre mais rápida porque o agente etiológico, que é
a toxina, já está produzida, eu estou ingerindo algo tóxico, já a infecção, o
microrganismo tem que vencer todas as barreiras e colonizar, atingir o número
certo de células para que o indivíduo venha a ter a reposta da doença. Então
geralmente, não é regra, as intoxicações têm um tempo de incubação mais
curto.
PROVA: Ao comer um frango com arroz, se eu passar mal entre 30 e 40
minutos eu posso suspeitar de intoxicação, onde eu ingeri aquela toxina. Se eu
vou passar mal no dia seguinte, possivelmente vai ser uma infecção.
Toxinas bacterinas: Endotoxina e Exotoxina
!
Aqui somente para diferenciar algumas toxinas bacterianas mas nós
iremos falar mais de exotoxinas, que são proteínas produzidas por bactérias e
excretadas por bactérias, já as endotoxinas nós iremos abordar ao falar de
bactérias Gram -, uma vez que as endotoxinas são partes das bactérias, são os
LPS que nós temos nessas bactérias.
• Exotoxinas: são excretadas
• Endotoxinas: faz parte do mcg, é uma parte do envelope celular do mcg.
Para nós é de mais importância as exotoxinas uma vez que essas podem
estar presentes no alimento, e elas são importantes na produção de injetáveis
onde se deve ter ausência total das mesmas.
Tem-se casos muito específicos em que o microrganismo produz a toxina
no momento de esporulação, quando ele está passando no TGI ele vai
esporular e essa toxina será liberada lá, mas não é uma intoxicação uma vez
que depende dessa passagem pelo TGI. Existem as infecções que são
invasivas, onde o microrganismo chega no TGI, no intestino delgado e começa
a invadir, alguns invadem até o nível da mucosa e outro a nível sistêmico
atingindo outros tecidos e assim, a porta de entrada será o intestino mas irá
atuar em outros órgãos.
Exotoxinas:
Podem ter várias classificações:
• De acordo com as células que atuam: citotóxicas, hepatotóxicas,
neurotóxica, enterotóxica.
• De acordo com o tipo de doença: Toxina botulínica, toxina
estafilocócica, Shiga toxina.
• Atividade: Às vezes atua como enzima, as vezes atua na hemólise.
• Baseado no mecanismo de ação, qual o alvo que ela estará
atuando.
Tipo I: age na membrana, sem entrar na célula alvo
Tipo II: causa danos na membrana
Tipo III: age no interior da célula alvo
1) Intoxicação Estafilocócica
Características da toxina:
• Produtos de confeitaria
É uma fonte de S. aureus, uma vez que a pessoa está ali manipulando o
bolinho, coçou o nariz, faz parte da minha microbiota e eu levo para
aquele alimento.
• Produtos cárneos (presuntos e embutidos)
• Leites e derivados
• Peixes
Para a nossa sorte, eles não são bons competidores, ou seja, não
crescem quando alguém está crescendo ali, e além disso, não possuem uma
boa velocidade de crescimento e não conseguem competir com E.coli, por
exemplo, visto que não conseguem competir pela utilização de nutrientes e
dependem de modificações nas condições ambientais para vir a crescer.
Algumas bactérias antagonistas do S. aureus se estiverem presentes,
pode ser que ele esteja ali presente mas não vai vir a crescer.
A maioria dos microrganismos precisam de atividade de água mínima de
0,90 e ele suporta de 0,85, então, ao secar a carne eu estou privilegiando o
crescimento de S. aureus. Existem dessa forma, fatores intrínsecos e
extrínsecos que devemos considerar a fim de verificar qual o alimento que está
sendo o foco daquele surto de doença de origem alimentar.
Características da intoxicação:
• Bastonetes Gram +
• Anaeróbios estritos
• Esporulado.
• Prefere potencial de hidroxiredução mais negativo no alimento, ou seja,
a falta de oxigênio seria ótima para o crescimento desse uma vez que
ele não tolera oxigênio porque não produz algumas enzimas essências
para desintoxicação das células.
• Atividade de água de crescimento mínimo é de 0,95, ou seja, é elevada,
sendo necessária muita água para o microrganismo crescer.
• Termofílico, temperatura ótima de crescimento acima de 37ºC, entre 40
a 45, porém sua faixa de crescimento é entre 10ºC a 50ºC.
• Nós classificamos esse microrganismo em 4 grupos, dois são muito
importantes na área de alimento e dois importantes na área de saúde
animal. Na de alimentos são os Proteolíticos e os Não Proteolíticos. Os
Proteolíticos, como o próprio nome já diz só degrada proteína e o outro a
fonte de energia é carboidrato. Os proteolíticos estão dentro dessa faixa
de temperatura aqui, e os não proteolíticos também produtores de
toxinas, podem crescer em temperatura de refrigeração, até 3,5ºC.
• pH – 4,5 a 8,5
• Alguns proteolíticos produzem H2S a partir da degradação de proteínas,
essa característica é importante na hora de fazer os testes de
confirmação dessas colônias na parte pratica.
• Habitat: solo (ambiente que dependendo da profundidade não vai estar
em uma condição anaeróbica assim e como que ele vai passar do
intestino do animal para o alimento, por exemplo é porque ele tem
capacidade de esporular. Então não é a célula vegetativa que esta
sendo disseminada pelo alimento, na maioria das vezes são pelos
esporos, o solo possui esporos, os microrganismos em contato com o
oxigênio vão se esporular), águas profundas (microrganismo na sua
forma vegetativa que é a célula ativa), peixes e intestino de animais.
Toxina botulínica
Sintomas:
Começa com uma diarreia rápida e essa diarreia cessa imediatamente por
uma constipação e tem todos os sintomas neurológicos, como perda do
controle da língua, visão fica dupla, dificuldade de respirar, pode vir a óbito.
Tipos de botulismo
OBS.: Alimentos com ph > 5,5 opta por esterilizar 121ºC, 3 min a fim de
garantir a redução do numero de esporos.
SÍNDROME DIARREICA
• É uma infecção que só coloniza o intestino, não invade o tecido.
Você ingere os esporos que entram em contato com seu intestino,
sendo esse colonizado e a toxina vai ser produzida no intestino,
sendo que essa toxina não é termorresistente.
• Existe uma diferença entre essas duas toxinas, uma é
termorresistente e a outra termolábil, a da síndrome emética resiste
as enzimas do TGI, principalmente as enzimas da saliva e o pH baixo
do estômago, já a da síndrome diarreica não resiste a essas
condições, nem de saliva e nem do pH do estômago, por isso
suspeita-se que a toxina seja produzida lá no intestino, porque se ela
fosse ingerida ela seria inativada tanto pela saliva quanto pelo pH.
• Como acontece em casos de síndrome diarreica indica que a toxina
é produzida no intestino e por isso o período de incubação é maior
do que na síndrome emética, porque depende da bactéria colonizar o
intestino e ai sim produzir as toxinas, ao passo de que na síndrome
emética eu estou ingerindo o agente toxico diretamente.
• Incubação: 6 a 15 horas
• Dores abdominais, diarreia aquosa, náuseas
SÍNDROME EMÉTICA
• Ingestão de toxina pré formada no alimento.
• Toxina pré-formada no alimento: cereulide (termorresistente)
• Estimulação do nervo vago
• Provoca vômito, náusea e ocasionalmente diarréia
!
OBS.: Quais são os principais alimentos que eles são encontrados, quais são
as medidas de controle e prevenção para aquele patógeno que pode causar
algum problema no alimento. (PODE CAIR UMA QUESTÃO COM ESSA
PERGUNTA).
Características gerais:
• Listéria é móvel por flagelos peritríquios.
• Depende da temperatura, como microrganismos psicotróficos crescem
em baixas temperaturas, quando está em temperatura ótima de
crescimento (30 º) produz o flagelo, porém quando não encubada a
temperatura ótima de crescimento como a 37º, ela não produz o flagelo.
• É bem resistente ao calor mas é destruída em pasteurização com 65 ºC
por 30 minutos ou 72 ºC por 15 minutos.
• Tem um resistência boa ao NaCl.
• É ubiquitária (está em vários lugares ao mesmo tempo), especialmente
em ambientes onde tem água como em fábricas de laticínios, os quais o
chão fica molhado lugar adequado para a listeria crescer como também
no ralo e tubulações, como exemplo empresas que fabricam sorvete.
Escherichia coli
Micotoxinas
Aflatoxina
• Amendoim, nozes, castanha
• Amêndoas
• Milho
• Feijão
• Frutas secas
• Leite
• Hepatotóxica
• Proliferação biliar
• Degeneração celular
• Carcinogênica
• Redução da imunidade
Ela pode estar envolvida também na ração animal, na soja e milho que
são os principais ingredientes de ração animal. Tanto a B1, B2, G1 e G2 podem
ser ingeridas por esses animais, sendo metabolizadas no fígado, transformada
em um metabolito intermediário que é a aflatoxina epoxide, que se transforma
em uma outra aflatoxina que será ingerida pelo ser humano, a aflatoxina M
(M1, M2) podendo ir para o leite, não sendo só importante no amendoim, mas
também no leite.
Ocratoxina
OBS: Congelar também reduz a atividade de água, uma vez que a água
congelada não está disponível para o microrganismo.
IDA= NOEL/100.
Inativação de microorganismos:
Tratamento térmico: Onde temos a inativação das células pelo calor. Assim, o
efeito das altas temperaturas na célula microbiana é:
• Desnaturação de proteínas
• Inativação de enzimas
• Rompimento da membrana
Esse tempo quer dizer a redução de 1 ciclo log por um certo tempo em
minutos, ou seja 90%. D é dependente do microrganismo, ou seja cada um tem
o seu D, assim, cada estirpe de Salmonella tem seu D, assim como a E. coli e
a em uma temperatura de 160°C o D é um, já a 120° C o D é outro.
Se eu tinha no inico 105 UFC e depois no final eu tenho 104, o tempo que levou
pra reduzir de dez a quinta pra dez a quarta e oq chamamos de D, e o valor de
D (medido em minutos). Podemos achar o D usando a eq da reta.
!
!
F = -t (a temp e fixa!)
• A 60°C ! D = 23 min.
!
!
Nessa exercício a matriz influencia muito, ele falou que é tampão, mas
se fosse leite ou gordura o D seria outro. E quer reduzir a população de 12 pra
zero, ou seja, reduzir 12 ciclos log. O tempo que eu irei levar para fazer isso a
uma temperatura de 111ºC será qual? Para fazer esse calculo não posso usar
o valor de D dado, uma vez que equivale e 121°C e queremos em 111°C,
devendo assim usar a fórmula, assim você substitui os valores e acha o D111°C.: