Cálculo Diferencial e Integral PDF

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Cálculo Diferencial E

Integral
Prof. Ruy Piehowiak

2011
Copyright © UNIASSELVI 2011

Elaboração:
Prof. Ruy Piehowiak

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

515.43
P613c Piehowiak, Ruy
Cálculo diferencial e integral / Ruy Piehowiak.
Indaial : UNIASSELVI, 2011.

259 p. : il.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-421-8

1. Cálculo integral - diferencial


I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Ensino a Distância. II. Título.

Impresso por:
Apresentação
Seja bem-vindo(a) à disciplina de Cálculo Diferencial e Integral.

Nesta disciplina você irá conhecer os métodos de Cálculo Diferencial e Inte-


gral, que tem como elemento base a função, pois as operações matemáticas no
cálculo serão feitas sobre as funções em processos infinitos, para obter, aplicar
e generalizar resultados.

Para que serve o Cálculo Diferencial e Integral?

Derivada? Integral? Calma, não é tão difícil quanto parece. São apenas opera-
ções matemáticas, que facilitam, e muito, nossas vidas nos dias de hoje.

Portanto, este Caderno de Estudos servirá de rumo para você começar a cons-
truir e organizar seus conhecimentos ao longo desse período de estudo.

A disciplina fornece uma série de ferramental necessário a outras disciplinas


como, por exemplo, para a Física.

O cálculo é considerado um dos maiores feitos do intelecto humano. Espero


que além de perceber a utilidade, também perceba a beleza matemática. O en-
tendimento do conteúdo e das nuances que circundam este estudo é apenas a
ponta do iceberg principalmente para aqueles alunos que pretendem avançar
seus estudos como em especialização, mestrado etc.

Prof. Ruy Piehowiak

III
UNI

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 - LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO ................................................. 1

TÓPICO 1 - LIMITE DE UMA FUNÇÃO ........................................................................................... 3


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 CONCEITO DE LIMITE ...................................................................................................................... 3
3 DEFINIÇÃO DO LIMITE DE UMA FUNÇÃO .............................................................................. 9
4 PROPRIEDADES DO LIMITE ........................................................................................................... 13
4.1 OPERAÇÕES COM LIMITE .......................................................................................................... 14
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 17
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 18

TÓPICO 2 - LIMITES INDETERMINADOS E LATERAIS ............................................................ 19


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 INDETERMINAÇÃO ........................................................................................................................... 19
3 LIMITES LATERAIS ............................................................................................................................ 26
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 34
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 35

TÓPICO 3 - MAIS UM POUCO DE LIMITES ................................................................................... 37


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 37
2 LIMITES NO INFINITO ..................................................................................................................... 37
3 CÁLCULO DE LIMITES NO INFINITO ......................................................................................... 38
4 LIMITES INFINITOS .......................................................................................................................... 44
5 LIMITES FUNDAMENTAIS .............................................................................................................. 51
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 58
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 60

TÓPICO 4 - CONTINUIDADE ............................................................................................................. 63


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63
2 DEFINIÇÃO DE CONTINUIDADE ................................................................................................. 63
3 CONTINUIDADE EM UM INTERVALO ........................................................................................ 69
4 CONTINUIDADE DOS POLINÔNIOS E DAS FUNÇÕES RACIONAIS ............................... 70
5 TEOREMA DO VALOR INTERMEDIÁRIO ................................................................................... 71
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 74
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 77
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 78

UNIDADE 2 - DERIVADA ..................................................................................................................... 81

TÓPICO 1 - DERIVADA DE UMA FUNÇÃO .................................................................................... 83


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 83
2 CONCEITO DE DERIVADA .............................................................................................................. 83
3 INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DA DERIVADA ................................................................... 88
4 DERIVADAS LATERAIS..................................................................................................................... 91

VII
5 CÁLCULO DAS DERIVADAS – REGRAS DE DERIVAÇÃO .................................................... 95
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 100
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 101

TÓPICO 2 - DERIVADA DA FUNÇÃO COMPOSTA ..................................................................... 103


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 103
2 DERIVADA DA FUNÇÃO COMPOSTA – REGRA DA CADEIA ............................................. 103
2.1 DERIVADA DE POTÊNCIAS DE x . ............................................................................................. 105
2.2 DERIVADA DA FUNÇÃO EXPONENCIAL .............................................................................. 106
2.3 DERIVADA DA FUNÇÃO LOGARÍTMICA . ............................................................................. 107
2.4 DERIVADA DA FUNÇÃO EXPONENCIAL COMPOSTA . ..................................................... 108
2.5 DERIVADA DAS FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS . ............................................................... 108
3 DERIVADA DA FUNÇÃO INVERSA .............................................................................................. 110
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 113
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 114

TÓPICO 3 - DERIVADA DE FUNÇÕES IMPLÍCITAS E ALGUMAS APLICAÇÕES .............. 115


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 115
2 DERIVADAS IMPLÍCITAS ................................................................................................................ 115
3 DERIVADAS SUCESSIVAS (OU DE ORDEM SUPERIOR) ....................................................... 119
4 TAXA DE VARIAÇÃO ......................................................................................................................... 121
5 TAXAS RELACIONADAS .................................................................................................................. 124
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 127
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 128

TÓPICO 4 - ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS FUNÇÕES I ........................................... 129


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 129
2 FUNÇÕES CRESCENTES E DECRESCENTES .............................................................................. 129
3 MÁXIMOS E MÍNIMOS ..................................................................................................................... 131
4 CONCAVIDADE .................................................................................................................................. 133
5 PONTOS DE INFLEXÃO .................................................................................................................... 134
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 137
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 138

TÓPICO 5 - ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS FUNÇÕES II ......................................... 139


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 139
2 TESTE DA DERIVADA PRIMEIRA ................................................................................................. 139
3 TESTE DA DERIVADA SEGUNDA ................................................................................................. 141
4 ASSÍNTOTAS HORIZONTAIS E VERTICAIS .............................................................................. 142
5 ESBOÇO DO GRÁFICO ..................................................................................................................... 144
RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 149
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 150

TÓPICO 6 - APLICAÇÕES DA DERIVADA ...................................................................................... 151


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 151
2 TEOREMAS ........................................................................................................................................... 151
2.1 TEOREMA DE ROLLE . .................................................................................................................. 151
2.2 TEOREMA DO VALOR MÉDIO ................................................................................................... 152
3 PROBLEMAS DE MAXIMIZAÇÃO E MINIMIZAÇÃO .............................................................. 154
4 REGRAS DE L’HOSPITAL ................................................................................................................. 159
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 162
RESUMO DO TÓPICO 6 ....................................................................................................................... 166
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 167

VIII
UNIDADE 3 - INTEGRAÇÃO .............................................................................................................. 169

TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO À INTEGRAL ....................................................................................... 171


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 171
2 INTRODUÇÃO À INTEGRAL .......................................................................................................... 171
3 INTEGRAL INDEFINIDA .................................................................................................................. 171
4 PROPRIEDADES DA INTEGRAL INDEFINIDA ......................................................................... 174
5 INTEGRAIS IMEDIATAS ................................................................................................................... 175
6 INTEGRAÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO ............................................................................................ 177
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 186
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 187

TÓPICO 2 - DEFININDO ÁREA COMO UM LIMITE .................................................................... 189


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 189
2 O CONCEITO DE ÁREA .................................................................................................................... 189
3 INTEGRAL DEFINIDA ....................................................................................................................... 190
3.1 SOMA DE RIEMANN . ................................................................................................................... 190
3.2 ÁREA SOB UMA CURVA .............................................................................................................. 192
4 PROPRIEDADES DA INTEGRAL DEFINIDA .............................................................................. 193
5 TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO ............................................................................... 194
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 200
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 201

TÓPICO 3 - APLICAÇÕES DA INTEGRAL DEFINIDA ................................................................ 203


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 203
2 ÁREA ENTRE CURVAS ...................................................................................................................... 203
3 VOLUMES DE SÓLIDOS DE REVOLUÇÃO ................................................................................. 210
3.1 VOLUME POR DISCOS PERPENDICULARES AO EIXO X .................................................... 210
3.2 VOLUME POR DISCOS PERPENDICULARES AO EIXO Y .................................................... 213
4 VALOR MÉDIO DE UMA FUNÇÃO ............................................................................................... 215
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 218
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 219

TÓPICO 4 - MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO I ................................................................................... 221


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 221
2 INTEGRAÇÃO POR PARTES ..................................................................................................... 222
3 INTEGRAIS ENVOLVENDO POTÊNCIAS DE SENO E COSSENO ....................................... 228
3.1 M ÍMPAR ........................................................................................................................................ 229
3.2 N ÍMPAR ......................................................................................................................................... 230
3.3 M, N PAR ....................................................................................................................................... 231
4 INTEGRAIS DE REDUÇÃO OU RECORRÊNCIA ....................................................................... 233
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 237
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 239

TÓPICO 5 - MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO II ................................................................................. 241


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 241
2 INTEGRAÇÃO DAS FUNÇÕES RACIONAIS POR FRAÇÕES PARCIAIS ........................... 241
3 INTEGRAIS IMPRÓPRIAS ................................................................................................................ 247
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 252
RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 255
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 256
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 257

IX
X
UNIDADE 1

LIMITE E CONTINUIDADE DE
UMA FUNÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• expressar algebricamente a definição de função intuitivamente;

• aplicar os conceitos que envolvem limites de funções;

• calcular limites de funções através dos teoremas estudados;

• resolver limites quando ocorrer um tipo de indeterminação;

• analisar a continuidade de uma função no ponto x = a;

• aplicar o Teorema do Valor Intermediário;

• saber aplicar a definição de limite, que serve de base para os demais


conceitos de cálculo.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos, apresentando os
conceitos e os principais teoremas sobre limites de função.
O primeiro tópico inicia mostrando intuitivamente o conceito de
limite a ser estudado nos Tópicos 1, 2 e 3. Em cada tópico são apresentados
conceitos e teoremas seguidos de diversos exemplos para auxiliá-lo(a) na
compreensão e resolução dos exercícios propostos no final de cada tópico.
E ainda é apresentado um resumo do tópico e um texto complementar
contendo um teorema e sua demonstração.

TÓPICO 1 – LIMITE DE UMA FUNÇÃO

TÓPICO 2 – LIMITES INDETERMINADOS E LATERAIS

TÓPICO 3 – MAIS UM POUCO DE LIMITES

TÓPICO 4 – CONTINUIDADE

Assista ao vídeo
desta unidade.

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

LIMITE DE UMA FUNÇÃO

1 INTRODUÇÃO

O século XVII foi extremamente produtivo para o desenvolvimento da


matemática, graças em grande parte à invenção do cálculo, realizada por Isaac
Newton e Gottfried Wilhelm Leibniz.

O estudo do problema da reta tangente motivou o desenvolvimento do


cálculo diferencial, que se baseia no conceito de derivada de uma função. Por outro
lado, o estudo do problema da área levou à criação do cálculo integral, que se
baseia no conceito de antiderivada de uma função.

2 CONCEITO DE LIMITE
É com base nisso que pretendemos apresentar uma noção intuitiva de
limite, para que você possa observar o que ocorre com a função f(x), intuitivamente,
quando x tende para mais ou menos infinito, por exemplo. Usaremos limites para
definir retas tangentes a gráficos de função. Com o limite de uma função também
é possível descobrir o que ocorre com a função num determinado ponto.

Vamos considerar a função f(x) definida pela expressão f(x) = 1 + 1


_, para x
x
≠ 0.

Queremos saber o que ocorre com f(x) quando x assume valores (positivos
ou negativos) arbitrariamente grandes, ou seja, x tende para + ∞, x > 0 e x tende para
- ∞, x < 0. Observamos no quadro a seguir, quando x cresce o que está acontecendo
com a função f(x).

3
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

x f(x) = 1 + 1
_
x
1 2
2 1,5
3 1,333
500 1,002

..
.
1000 1,001

..
.
10000 1,0001

..
.

Quando x cresce, ou seja, x tende para + ∞, a função f(x) aproxima-se cada


vez mais do número 1.

Observe, no quadro a seguir, o que está acontecendo com a função f(x)


quando o valor absoluto de x decresce (para valores negativos de x).

X f(x) = 1 + 1
_
x
-1 0
-2 0,5
-3 0,666
-100 0,99
..
.
-1000 0,998
..
.
-10000 0,9998
..
.

Quando o valor absoluto de x decresce, para valores negativos de x, ou seja,


quando x tende para - ∞, a função f(x) aproxima-se do número 1.

Assim, concluímos dos dois quadros, que quando x tende para + ∞ e


quando x tende para - ∞, a função f(x) tende para 1 e escrevemos:

4
TÓPICO 1 | LIMITE DE UMA FUNÇÃO

UNI

Lê-se o limite da função f(x) quando x tende para + ∞ é 1, assim como o


limite da função f(x) quando x tende para - ∞. Ou ainda, quando x → + ∞, f(x) → 1 e
quando x → - ∞, f(x) → 1.

Agora, veja na figura a seguir como é o gráfico da função f(x) = 1 + 1


_, x ≠ 0.
x
FIGURA 1 - GRÁFICO 1.1

5
4
3
2
1

-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-1
-2
-3
-4
-5

FONTE: O autor

Agora consideramos a função f(x) definida pela expressão ,


para x ≠ 3.

Queremos verificar o que ocorre com f(x) quando x assume valores próximos
de 3. Observemos, no quadro a seguir, o que acontece com a função f(x), quando x
aproxima-se de 3 com valores maiores que 3.

f(x) =
x

5 -0,25

4 -1

3,5 -4

3,1 -100

3,01 -10000

3,001 -1000000

..
.

5
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Então, quando x tende a 3 com valores maiores que 3, a função f(x) assume
valores arbitrariamente grandes em módulo. Simbolicamente, x → 3 com x > 3
enquanto que f(x) → - ∞ .

Observemos, no quadro a seguir, o que está acontecendo com a função


f(x), quando x aproxima-se de 3 com valores menores que 3.

f(x) =
x

1 -0,25

2 -1

2,5 -4

2,9 -100

2,99 -10000

2,999 -1000000

..
.

Então, quando x tende 3 com valores menores que 3, a função f(x) assume
valores arbitrariamente grandes em módulo. Simbolicamente, x → 3 com x <
3 enquanto que f(x) → - ∞ .

Assim, verificando os dois quadros (e também a figura 2) concluímos que,


quando x tende para 3, a função f(x) tende para - ∞ e escrevemos:

FIGURA 2 – GRÁFICO 1.2

FONTE: O autor

6
TÓPICO 1 | LIMITE DE UMA FUNÇÃO

Vamos analisar outra situação: a função f(x) definida por

Queremos analisar o que ocorre com f(x) quando x assume valores próximos
de 2. Observamos, no quadro a seguir, o que está acontecendo com a função f(x)
quando x aproxima-se de 2 com valores maiores que 2. Para a construção da tabela
temos que ver qual sentença pegar, já que a função é dada por três sentenças. Neste
caso, para x > 2 usaremos f(x) = 3 - x.

x f(x) = 3 - x

4 -1

3 0

2,5 0,5

2,1 0,9

2,01 0,99

2,001 0,999

..
.

Então, quando x vai aproximando-se de 2 com valores maiores que 2, a


função f(x) assume valores cada vez mais próximos do número 1. Simbolicamente,
x → 2 com x > 2 enquanto que f(x) → 1.

Observamos, no quadro a seguir, o que está acontecendo com a função f(x),


quando x aproxima-se de 2 com valores menores que 2 e maiores ou igual a zero.
Aqui, usaremos a sentença f(x) = x2.

x f(x) = x2

0 0

1 1

1,5 2,25

1,9 3,61

1,99 3,9601

1,999 3,996001

..
.

Então, quando x vai aproximando-se de 2 com valores menores que 2 ou


igual a zero, a função f(x) assume valores cada vez mais próximos do número 4.
Simbolicamente, x → 2

7
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

com x < 2 enquanto que f(x) → 4.

Assim, verificando os dois quadros (e também a figura 3) concluímos que,


quando x tende para 3, a função f(x) tende para valores diferentes e escrevemos:

FIGURA 3 – GRÁFICO 1.3

FONTE: O autor

Vamos examinar o “limite” de uma função numa outra situação.

Como a função se comporta próximo de x = 3 ?

Observando a função, vemos que se trata de uma função do tipo racional,


na qual seu conjunto domínio é formado por todos os números reais exceto em x =
3, pois para x = 3, a função não é definida. Com isso, para qualquer x ≠ 3, podemos
simplificar a função fatorando o numerador e cancelando os fatores comuns:

= x + 3 para x ≠ 3.

x f(x) = x + 3

2,5 5,5

2,9 5,9

2,99 5,99

2,999 5,999

Agora, atribuindo a x valores próximos de 3, porém maiores que 3, temos:


8
TÓPICO 1 | LIMITE DE UMA FUNÇÃO

x f(x) = x + 3

3,5 6,5

3,1 6,1

3,01 6,01

3,001 6,001

Observamos em ambos os quadros que, quando x se aproxima cada vez


mais de 3, f(x) aproxima-se cada vez mais de 6. Matematicamente, dizemos que f(x)
fica arbitrariamente próximo de 6 conforme x se aproxima de 3 ou, simplesmente,
que f(x) se aproxima do limite 6 quando x se aproxima de 3. Portanto,

x2 - 9
lim =6
x →3 x - 3

3 DEFINIÇÃO DO LIMITE DE UMA FUNÇÃO


Definição 1.1.1 Seja f(x) definida em um intervalo aberto em torno de
a, exceto possivelmente em a. Dizemos que f(x) tem limite L quando x tende
para a e escrevemos se, para cada número ε > 0, existir um número

correspondente δ > 0 tal que, para todos os valores de x com 0 < |x - a| < δ ⇒ |f
(x) - L| < ε.

Esta definição é uma maneira técnica de expressar a ideia de limite que


mostramos nas duas funções anteriormente. Vamos entender alguns elementos na
definição.

Assim, |f (x) - L| < ε quer dizer que podemos tornar o módulo da diferença
tão pequeno quanto desejarmos, desde que tomemos o módulo 0 < |x - a| < δ para
um δ suficientemente pequeno, de tal modo que a - δ < x < a + δ ⇒ L - ε < f(x) < L + ε.

Voltamos à função analisada anteriormente, próximo de x = 3.

Com base nos dois quadros calculados, verificamos que:

x = 2,9 ⇒ f(x) = 5,9 isto é, x – 3 = 2,9 – 3 = -0,1 ⇒ f(x) – 6 = 5,9 – 6 = -0,1


x = 2,99 ⇒ f(x) = 5,99 isto é, x – 3 = 2,99 – 3 = -0,01 ⇒ f(x) – 6 = 5,99 – 6 = -0,01
x = 2,999 ⇒ f(x) = 5,999 isto é, x – 3 = 2,999 – 3 = -0,001 ⇒ f(x) – 6 = 5,999 – 6 = -0,001

e também,

x = 3,1 ⇒ f(x) = 6,1 isto é, x – 3 = 3,1 – 3 = 0,1 ⇒ f(x) – 6 = 6,1 – 6 = 0,1


x = 3,01 ⇒ f(x) = 6,01 isto é, x – 3 = 3,01 – 3 = 0,01 ⇒ f(x) – 6 = 6,01 – 6 = 0,01
x = 3,001 ⇒ f(x) = 6,001 isto é, x – 3 = 3,001 – 3 = 0,001 ⇒ f(x) – 6 = 6,001 – 6 = 0,001
9
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Portanto, podemos reescrever da seguinte forma:

|x – 3| = 0,1 ⇒ |f(x) – 6| = 0,1


|x – 3| = 0,01 ⇒ |f(x) – 6| = 0,01
|x – 3| = 0,001 ⇒ |f(x) – 6| = 0,001

Então se for dado ε = 0,1, tomamos δ = 0,1 e afirmamos que:

0 < |x – 3| < 0,1 ⇒ |f(x) – 6| < 0,1.


Vamos ver como é o gráfico da função .

FIGURA 4 – GRÁFICO DA FUNÇÃO

-2 -1 1 2 3 4 5

FONTE: O autor

Exemplo 1:

Considere a função f(x) = 5 – 2x.

Encontre δ > 0 tal que |f(x) + 3| < 0,02 sempre que .

Mostre, usando a Definição 1.1.1, que o limite .

Resolução:

a) Temos que determinar um δ > 0 que sirva para ε = 0,02. Conforme a


Definição 1.1.1 isso vale para todo x (x ≠ 4), .

10
TÓPICO 1 | LIMITE DE UMA FUNÇÃO

Então,

|f(x) + 3| < 0,02 ⇔ |(5 – 2x) – (–3)| < 0,02


⇔ |(5 – 2x + 3)| < 0,02
⇔ |– 2x + 8| < 0,02
⇔ |– 2 (x - 4)| < 0,02
⇔ 2.|x - 4| < 0,02
⇔ |x - 4| < 0,01

Assim, 0 < |x - 4| < 0,01 ⇒ |f(x) + 3| < 0,02.

Portanto, δ = 0,01.

b) Dado ε > 0, devemos encontrar δ > 0 tal que sempre que


. Tomando x ≠ 4, temos

Portanto, quando . Assim, basta tomar


para qualquer que seja ε > 0. Logo, .

FIGURA 5 – FUNÇÃO DO EXEMPLO 1

-2 -1 1 2 3 4 5 6
-1

-2

-3

-4

-5

FONTE: O autor

11
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Exemplo 2:

Para o limite lim x + 2 = 3 , determine um δ > 0 que sirva para ε = 0,1.


x →7

Resolução:

Caros acadêmicos, percebam o que a questão pede: um δ > 0 tal que para
todo x, 0 < x - 7 < δ ⇒ x + 2 - 3 < 0,1 .

Para obter o δ, vamos fazer duas etapas. Primeiramente, desenvolveremos


a inequação ε a fim de encontrar um intervalo em torno de a = 7, no
qual a desigualdade valha para todo x ≠ a. Então, encontraremos um valor de δ >
0 que coloca o intervalo dentro do intervalo obtido pela primeira
inequação.

(2,9)² < (√x + 2)² < (3,1)²

A desigualdade vale para todo x no intervalo aberto (6,41; 7,61), portanto


ela vale para todo x ≠ 7 nesse intervalo.

Segunda etapa: determinar δ > 0 para colocar o intervalo centrado


dentro do intervalo 6,41 < x < 7,61. A distância de 7 até o ponto
final mais próximo de (6,41; 7,61) é 0,59 (figura 6). Se tomarmos δ = 0,59 ou
qualquer outro número positivo menor, então a desigualdade
colocará x automaticamente entre 6,41 e 7,61 fazendo , ou seja,

12
TÓPICO 1 | LIMITE DE UMA FUNÇÃO

FIGURA 6 – FUNÇÃO E INTERVALO DO EXEMPLO 2

FONTE: O autor

AUTOATIVIDADE

Caro(a) acadêmico(a), sugerimos que você determine valores para delta δ,


como mostramos acima, tendo como valores para épsilon ε = 1, ε = 0,5 , ε = 0,001.

ATENCAO

Observe que ainda não calculamos o limite de uma função, apenas fizemos
análises e verificamos o limite intuitivamente. As duas proposições acima e as propriedades
listadas a seguir serão essenciais para calcular o limite.

4 PROPRIEDADES DO LIMITE

Teorema 1.1.1 (Unicidade do limite) Se e, então


L = M.

UNI

Caro(a) acadêmico(a), é importante que você perceba o significado deste


Teorema, ele quer dizer que se existe , então ele é único.

13
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Proposição 1.1.1 Se a, m e n são números reais, então .

4.1 OPERAÇÕES COM LIMITE

Principais propriedades dos limites:

Se L, M, a, c são números reais e e , então:

a)

b)

c)

d)

e)

f) , para todo n inteiro

g) , desde que L > 0 e n for par

h)

i)

j)

k)

Exemplo 3:

Calcule o limite , usando as propriedades.

14
TÓPICO 1 | LIMITE DE UMA FUNÇÃO

Resolução:

Regras da soma e da diferença

Regra do produto por uma constante

Regra da potência

Proposição 1.1.1

Portanto,

Exemplo 4:

Calcule o limite , usando as propriedades.

Resolução:

Regra do quociente

Regra da soma e da diferença

Regra da potência

Proposição 1.1.1

Portanto,

Exemplo 5:

Calcule o limite , usando as propriedades.

15
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Resolução:
Regras da soma e da
diferença
Regra do produto por
uma constante

Regras da exponencial
e seno

Proposição 1.1.1

Portanto,

Exemplo 6:

Calcule o limite , usando as propriedades.

Resolução:

Regra da raiz

Regras da soma e
da diferença
Regra do produto
por uma constante

Regras da potência

Proposição 1.1.1

Portanto,

E
IMPORTANT

O conceito e o cálculo do limite como mostrado acima é de fundamental


importância para a sequência do estudo. Assim, procure esclarecer todas as dúvidas que
surgirem com o tutor para a compreensão do conteúdo.

16
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu inicialmente o limite de forma intuitiva. Em
seguida, estudou a definição de limite, as proposições e as propriedades.

● Vamos recordar as propriedades do limite.

Se L, M, a, c são números reais e e , então:

para todo n inteiro

desde que L > 0, e n for par

17
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado.


Lembre-se das orientações dadas para o cálculo dos limites.

Nos exercícios de 1 a 3, calcule intuitivamente o limite


fazendo um quadro de valores.

1) em a = -7.

2) em a = 4.

3) em a = 2.

4) Seja f(x) = 2x – 2 e os números L = – 6, a = – 2 e ε = 0,02. Encontre um intervalo


aberto em torno de a no qual a desigualdade |f (x) - L| < ε valha. Dê então um
valor para δ > 0 tal que, para todo x satisfazendo 0 < |x - a| < δ, a desigualdade
|f (x) - L| < ε seja verdadeira.

5) Seja f(x) = √x e os números L = 2, a = 4 e ε = 0,25. Encontre um intervalo aberto


em torno de a no qual a desigualdade |f (x) - L| < ε valha. Dê então uma valor
para δ > 0 tal que, para todo x satisfazendo 0 < |x - a| < δ, a desigualdade |f
(x) - L| < ε seja verdadeira.

Nos exercícios de 6 a 12, calcule os limites usando as propriedades de limites.

6) 10)

7) 11)

8) 12)

9)

Assista ao vídeo de Assista ao vídeo de


resolução da questão 2 resolução da questão 12

18
UNIDADE 1
TÓPICO 2

LIMITES INDETERMINADOS E LATERAIS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico vamos entender o que vem a ser indeterminação. Por exemplo,

se considerarmos os limites e e calcularmos estes limites

usando a propriedade do limite do quociente (e), chegaremos à expressão 0 _ que


0
não possui significado, pois 0
_ não é número algum. Por outro lado, que a resolução
0
destes limites é possível:

2 INDETERMINAÇÃO

Observe que os dois limites têm resultados diferentes. Assim, fica evidente
que a expressão 0
_ não pode ter um valor determinado.
0

UNI

Vamos supor quetenha um valor, ou seja, .

Então, . A segunda igualdade apenas não é verdadeira se k = 0. Ou

seja, o que estamos querendo dizer é que, por exemplo, ou ou

ou... é por este motivo que esta expressão é dita uma indeterminação, ou um símbolo de

indeterminação.

19
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Até agora, calculamos limites do quociente entre duas funções aplicando


o item (e) das propriedades de limites. Mas, vimos que podem ocorrer situações
em que você, usando as propriedades, encontre 0 _. Cuidado quando isto ocorrer: o
_. Neste caso, o que fazer? É o que0veremos a seguir: neste processo
limite nunca é 0
0
utilizaremos alguns artifícios algébricos.

Calculando limites de funções, podemos também chegar a outras expressões


cujo significado, ou valor, não é determinado. Ao todo são sete os símbolos de
indeterminação: 0_, __
∞ , 0.∞, ∞ - ∞, 00, 1∞ e ∞0.
0 ∞

UNI

Sempre que no cálculo de um limite você chegar a um destes símbolos, deve


buscar alguma alternativa para obter o valor do limite usando artifícios algébricos. A este
trabalho dá-se o nome de levantamento de uma indeterminação.

Nosso objetivo aqui é “levantar” uma indeterminação, que é uma expressão


sem sentido que se obtém ao tentar calcular um limite. Vamos então calcular os
limites.

Exemplo 1:

Calcular .

Resolução:

Se no cálculo deste limite você tentar utilizar o item (e) das propriedades
(que não pode ser aplicado aqui, pois o denominador tem limite zero), você
chegará à indeterminação 0
_. Neste caso, o artifício algébrico usado para “levantar”
0
a indeterminação obtida é a FATORAÇÃO.

Para fatorar o denominador x2 – 9 vamos utilizar o produto notável da


forma a2 – b2 = (a – b).(a + b).

Assim, você tem x2 – 9 = x2 – 32 = (x – 3).(x + 3)..

Desta forma, o limite dado será igual a

20
TÓPICO 2 | LIMITES INDETERMINADOS E LATERAIS

Portanto, .

FIGURA 7 – GRÁFICO 2.1

FONTE: O autor

Observe que no gráfico (figura 7) fica evidente a não existência da imagem


para x = 3, representada por uma bolinha aberta sobre a curva.

TURO S
ESTUDOS FU

Caro(a) acadêmico(a), na resolução do exemplo 1 necessitamos fatorar o


polinômio. Caso não se recorde deste procedimento, é importante consultar algum livro do
Ensino Fundamental que aborde este tema.

Exemplo 2:

Calcular .

Resolução:

Se no cálculo deste limite você tentar utilizar o item (e) das propriedades
(que não pode ser aplicado aqui, pois o denominador tem limite zero), você
chegará à indeterminação 0_. Neste caso, o artifício algébrico usado para levantar a
0
indeterminação obtida é a FATORAÇÃO.

Existem algumas formas de obter os binômios a fim de que eles,


multiplicados, resultem no polinômio de 2º grau. Isto é, .

21
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Para fatorar os polinômios, vamos recordar o estudo sobre as raízes de


um polinômio. Quando é uma função racional para a qual p(α) = q(α) = 0,
o numerador e o denominador necessariamente possuem um ou mais fatores
comuns de x - α. Nesse caso, o limite de quando x → α pode ser simplificado
os fatores comuns e calculado o limite da função simplificada.

Na decomposição de um polinômio, pode-se usar o método de Briot-


Ruffini, já que uma das raízes do polinômio é conhecida.

Primeiramente aplicaremos o método de Briot-Ruffini em x2 + 6x + 5, sabendo


que x = – 1 é raiz do polinômio. Assim,
temos que encontrar o outro binômio usando o método.

1º) Colocam-se os coeficientes do polinômio na primeira linha a partir da segunda


coluna. Neste caso; 1, 6, 5.

2º) Na primeira linha, primeira coluna, coloca-se a raiz do polinômio. Raiz: -1.

3º) Na segunda linha, segunda coluna, repete-se o primeiro coeficiente do polinômio.


Neste caso; 1.

4º) Para encontrar o próximo coeficiente, na segunda linha, calcula-se fazendo:


(–1).1 + 6 = 5.

5º) Repete-se este cálculo para os próximos coeficientes; (–1).5 + 5 = 0.

6º) Se o número obtido na segunda linha, abaixo do último coeficiente do polinômio


for zero, então o número que foi colocado na primeira linha, primeira coluna é
raiz do polinômio. E, consequentemente, os números obtidos na segunda linha
são os coeficientes do binômio procurado.

Logo, o binômio procurado é x + 5 e assim, x2 + 6x + 5 = (x + 1).(x + 5).

Repetimos este procedimento para x2 – 3x – 4 = (x + 1).(x – 4).

22
TÓPICO 2 | LIMITES INDETERMINADOS E LATERAIS

Desta forma, o limite dado, será igual a

Portanto, .

TURO S
ESTUDOS FU

Caro(a) acadêmico(a), na resolução do exemplo 2 necessitamos fatorar o


polinômio. Foi mostrado o processo pelo método de Briot-Ruffini, mas existem outros
modos de obter esta fatoração, por exemplo, a divisão por chaves. Se ainda tem dúvidas, não
passe ao próximo exemplo. Sugiro que consulte algum livro do Ensino Médio que aborde o
assunto polinômios para encontrar maiores detalhes do método.

Exemplo 3:

Calcular .

Resolução:

Para calcular este limite acontece a mesma situação do anterior, chegamos


à indeterminação 0
_.
0
Vamos levantar esta indeterminação e, para isto, você usa o artifício
algébrico do produto notável a2 – b2 = (a – b).(a + b). Você multiplica o numerador
da função, , pelo seu conjugado, , para eliminar a raiz quadrada do
numerador. Para não alterar a função você multiplica também o denominador por
.

23
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Como , temos:

Portanto, .

UNI

Caros acadêmicos, este limite resolvido acima pode ser resolvido de outra forma.
Podemos fazer uma substituição do tipo x = t2, t > 0, já que a expressão do numerador é
formada por uma raiz quadrada. Então, fazendo a substituição da variável x por t2 a função

ficará assim, que simplificando temos . Observe que o valor que a variável

tende também deve ser alterado, pois, quando t2 → 16, então x → 4. Fique atento: esta
substituição de variável não elimina a indeterminação, apenas faz com que a raiz saia e
as expressões virem polinômios onde é possível a simplificação. Sugerimos que refaça o
exemplo 3, utilizando esta substituição.

Exemplo 4:

Calcular .

Resolução:

Calculando este limite pela propriedade (e) chegaremos à indeterminação 0


_.
0
Desta vez, para “levantar” a indeterminação, faremos a substituição da

variável x por t3. Aí a função fica da seguinte forma, que, simplificando,

fica . Observe que, quando t3 → 1, então t → 1. Assim,

24
TÓPICO 2 | LIMITES INDETERMINADOS E LATERAIS

este limite é novamente uma situação em que se fatora o

numerador e o denominador.

Portanto, .

Exemplo 5:

Calcular .

Resolução:

Novamente tentamos calcular o limite pelo item (e) das propriedades de


limites e chegamos à indeterminação 0
_.
0
Usaremos o artifício algébrico da racionalização do numerador da função
para “levantar” a indeterminação, como foi feito no exemplo 3. Multiplica-se o
numerador da função, , pelo seu conjugado, . Para não alterar
a função, você multiplica também o denominador por . Já sabemos que a2
– b2 = (a – b).(a + b). Assim,
. Conforme o que foi discutido acima, temos o limite:

25
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Portanto, .

3 LIMITES LATERAIS

Ao considerarmos o cálculo do , estamos interessados no


comportamento da função nos valores próximos de a. Vimos no tópico anterior
que para calcular o limite é preciso analisar o comportamento da função por
valores menores do que a e por valores maiores do que a, isto é, nos valores de x
pertencentes a um intervalo aberto contendo a, porém diferentes de a. Ainda, nos
valores desse intervalo que são maiores ou menores que a.

Definição 1.2.1 Seja f(x) uma função definida em um intervalo aberto (d,
a). Dizemos que um número L é o limite à esquerda da função f(x), quando x tende
para a e indica-se por , se , tal que sempre
que .

Perceba que no limite lateral à esquerda, temos . Este símbolo indica


que devemos considerar apenas os valores de x menores do que a.

26
TÓPICO 2 | LIMITES INDETERMINADOS E LATERAIS

Definição 1.2.2 Seja f(x) uma função definida em um intervalo aberto (a,c).
Dizemos que um número L é o limite à direita da função f(x), quando x tende para
a e indica-se por , se , tal que sempre que
.

Analogamente, no limite lateral à direita temos , onde este símbolo


indica que devemos considerar apenas os valores de x maiores do que a.

Vamos ver agora alguns exemplos aplicando as definições acima:

Exemplo 1:

Dada a função , determinar:

a)

b)

c) Esboce o gráfico do f(x).

Resolução:

a) Pela Definição de limite à esquerda, responderemos este item. Observe que a


função f(x) está definida por f(x) = x2 + 1 se x < 1.

Logo,

Assim,

b) Agora, pela Definição de limite à direita responderemos este item. Observe que
a função f(x) está definida por f(x) = 4 – x se x > 1.

Logo,

Assim,

c) Vamos esboçar o gráfico de f(x) e sugerimos que verifique os limites laterais no


gráfico.

27
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

FIGURA 8 – GRÁFICO 2.2


y
5

1
x

-2 -1 1 2 3 4 5
-1

FONTE: O autor

As setas na figura 8 (gráfico 2.2), colocadas no eixo dos x próximos do 1,


indicam a aproximação pela esquerda do 1 ( ), isto é, por valores menores
que 1, e a outra seta a aproximação pela direita do 1 ( ), isto é, por valores
maiores que 1.

Já as setas na figura 8 colocadas no eixo dos y indicam as tendências dos


limites laterais.

Exemplo 2:

Considere a função . Determinar, se possível, e


. Esboçar o gráfico de f(x).

Resolução:

Não se pode examinar , pois a função f(x) só está definida para x


+ 2 ≥ 0, ou seja, x ≥ 2. Lembra do conceito de domínio de uma função estudado
na disciplina de Introdução ao Cálculo? Se x < –2 então, x + 2 será um número
negativo e . Assim, não existe .

Já o é possível calcular, basta aplicarmos as propriedades e


podemos escrever

28
TÓPICO 2 | LIMITES INDETERMINADOS E LATERAIS

Portanto,

FIGURA 9 – GRÁFICO 2.3


y
2

1
x
-3 -2 -1 1 2 3 4

-1

-2
FONTE: O autor

Observe na figura 9 (gráfico 2.3) a seta à direita do – 2 ( ) no eixo


dos x indicando os valores maiores que – 2 e a s≤eta acima do – 1 no eixo dos y
indicando o valor do limite encontrado.

{
Exemplo 3: -x, se x<0

Considere a função f (x) 3, se 0 ≤ x ≤ 3 . Calcular:


x, se x>3

a)

b)

c)

d)

29
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Resolução:

a) Para x < 0 temos que f(x) = – x , assim, .

b) Para x ≥ 0, 0 ≤ x ≤ 3, temos f(x) = 3, assim, .

Logo, pelo Teorema 3.1, concluímos que não existe .

c) Para x ≤ 3, ou seja, 0 ≤ x ≤ 3, você tem f(x) = 3, assim, .

d) Para x > 3, temos que f(x) = x, assim, .

Como e , concluímos, pelo Teorema 1.1.1, que


.

FIGURA 10 – GRÁFICO 2.4

y
5

1
x

-2 -1 1 2 3 4 5
-1

FONTE: O autor

Teorema 1.2.1 Se f é definida num intervalo aberto contendo a, exceto


possivelmente no ponto a, então se e somente se e .

Exemplo 4:

Dada a função f definida por esboce o gráfico da função

e analise os limites laterais , e .

30
TÓPICO 2 | LIMITES INDETERMINADOS E LATERAIS

Resolução:

FIGURA 11 – GRÁFICO 2.5


y
4

-2 -1 1 2 3 4 5 x

-1

FONTE: O autor

Quando x tende a 2 para valores menores que 2, isto é pela esquerda, então
.

Quando x tende a 2 para valores maiores que 2, isto é pela direita, então
.

Neste caso, existe limite de f(x) quando x tende a 2, mesmo que a função
não esteja definida para x = 2.

Pelo Teorema 1.2.1, conclui-se que .

UNI

● Para que exista um limite , devem existir e ser iguais os limites laterais

à esquerda e à direita, isto é: .

● Quando , então este L é um número real. Portanto, quando dizemos que

existe o limite, é porque existe um número real L tal que .

● ±∞ não é um número real, é um símbolo. Portanto, quando ∞, dizemos que


não existe o limite. O símbolo ±∞ indica o que ocorre com f(x) quando x se aproxima cada
vez mais de a.

31
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Exemplo 5:

Seja . Determine e .

Resolução:

Em primeiro lugar, devemos escrever h(x) sem usar valor absoluto.


Lembramos que , Definição de módulo.

Logo, .

E como temos enfim:

Agora é fácil: e

Portanto, e .

FIGURA 12 – GRÁFICO 2.6

y
8

2
x
-6 -4 -2 2 4 6
-2

-4

-6

FONTE: O autor

Observação: Veja que, pelo Teorema 1.2.1, não existe , pois nos
limites laterais calculados acima eles são diferentes.

32
TÓPICO 2 | LIMITES INDETERMINADOS E LATERAIS

Exemplo 6:

Seja . Determine e .

Resolução:

Logo, ; .

33
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:

● No cálculo de limites envolvendo indeterminação do tipo 0 _, vimos que


0
precisamos utilizar artifícios algébricos a fim de “levantar” a indeterminação.

● Lembre-se de que se p(x) é um polinômio e p(a) = 0, então significa que x = a é


uma raiz do polinômio e pode-se escrever p(x) = (x – a).q(x).

● No cálculo dos limites laterais podemos usar as propriedades dos limites ou


então utilizar o gráfico para determinar o valor do limite.

● O símbolo significa que x se aproxima de a por seu lado negativo, ou


seja, com valores menores do que a.

● O símbolo significa que x se aproxima de a por seu lado positivo, ou seja,


com valores maiores do que a.

● Para que exista o limite , devem existir e serem iguais os limites laterais
à esquerda e à direita, isto é: .

34
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado.


Lembre-se das orientações dadas para o cálculo dos limites.

Nos exercícios de 1 a 8, calcule os limites.

1)

2)

3)

4)

5)

6)

7)

8)

9) Seja . Calcular

10) Seja . Calcular

11) Seja . Calcular

35
12) Na figura 2.7 está esboçado o gráfico de uma função y = f(x). Observando o gráfico,
é possível estimar os seguintes limites:

0 1 2 x

-1/2

-1

a)

b)

c)

d)

e)

f)

13) Seja f(x) uma função definida para todo o número real por:


Determinar o valor da constante k para que exista

14) Seja . Calcular

Assista ao vídeo de Assista ao vídeo de


resolução da questão 5 resolução da questão 8

Assista ao vídeo de Assista ao vídeo de


resolução da questão 9 resolução da questão 13

36
UNIDADE 1
TÓPICO 3

MAIS UM POUCO DE LIMITES

1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior estudamos o comportamento de uma função f(x)
quando x aproxima-se de um número real a. Vimos ainda como levantar uma
indeterminação do tipo 0
_. Nesta seção iremos analisar o comportamento de uma
0
função f(x) quando x assume valores positivos arbitrariamente grandes (quando
x tende para + ∞), ou valores negativos com valores absolutos arbitrariamente
grandes (quando x tende para − ∞).

2 LIMITES NO INFINITO

Para início do nosso estudo, vamos analisar intuitivamente a função


, para x ≠ - 1.

Para valores de x, por exemplo, 0, 2, 5, 10, 100 e 1000 e assim por diante,
de tal forma que x cresça ilimitadamente, construímos o seguinte quadro para os
correspondentes valores da função f(x).

0 1

2 2,31

5 2,67

10 2,82

100 2,98

1000 2,998
Calcular:

À medida que x cresce através de valores positivos, observamos que os


valores da função f(x) se aproximam cada vez mais de 3. Logo, pode-se dizer que
.

37
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

UNI

Em geral, o símbolo (infinito) ∞ não representa nenhum número real e não pode
ser empregado na aritmética na maneira usual.

Definição 1.3.1 Seja f(x) uma função definida em um intervalo (a, + ∞). O
limite de f(x), quando x cresce ilimitadamente, é L, e escreve-se se,
para qualquer ε > 0, existir um número A > 0 tal que sempre que x > A.

TURO S
ESTUDOS FU

Sugerimos que faça uma análise intuitiva da função acima de tal

forma que x decresça ilimitadamente. E conclua o que acontece com .

Definição 1.3.2 Seja f(x) uma função definida em um intervalo (− ∞, a). O


limite de f(x), quando x decresce ilimitadamente, é L, e escreve-se se,
para qualquer ε > 0, existir um número B > 0 tal que sempre que x < B.

UNI

As propriedades dos limites dadas no Tópico 1 permanecem válidas quando


substituímos x → a por x → + ∞ ou x → - ∞.

3 CÁLCULO DE LIMITES NO INFINITO

Teorema 1.3.1 Se n é um número natural positivo, então:

i)

38
TÓPICO 3 | MAIS UM POUCO DE LIMITES

ii)

Vamos agora aplicar o Teorema 1.3.1 na resolução de exemplos.

Exemplo 1:

Calcular o valor de .

Resolução:

Se, no cálculo deste limite tentarmos utilizar o item (e) das propriedades dos

__
limites, você chegará à indeterminação ∞ . Para “levantar” esta indeterminação,
vamos dividir o numerador e o denominador de f(x) por x, lembrando que x precisa
ser considerado positivo. Assim,

Regra do quociente

Regra da raiz

39
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Regra da soma

Regra do produto por uma


constante

Pelo Teorema 1.3.1, e . Calculando o limite quando x

→ ∞, a expressão do lado direito da igualdade acima, fica .

Portanto, .

Exemplo 2:

Calcule .

Resolução:


__
Aqui surge uma indeterminação do tipo ∞ . A fim de usar o Teorema 1.3.1
vamos dividir o numerador e o denominador da fração por x3. Isto é possível, para
x ≠ 0. Então,

Propriedade dos limites

Teorema 1.3.1

Portanto,

Exemplo 3:

Calcule .

40
TÓPICO 3 | MAIS UM POUCO DE LIMITES

Resolução:

Dividindo o numerador e o denominador por x2, por ser a maior potência


de x, e aplicando as propriedades de limites e o Teorema 1.3.1, obtemos:

Propriedade dos limites

Teorema 1.3.1

Portanto, .

Exemplo 4:

Calcule .

Resolução:

Neste caso, para que possamos usar o Teorema 3.1, dividimos os dois
termos da fração por x. Como x → + ∞, podemos supor x > 0 e, assim,
Lembremos que se a e b são positivos, então . Logo,

41
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Portanto,

UNI

Também é possível resolver este tipo de indeterminação, onde ,

supondo que x ≠ 0 nas divisões que faremos. Assim, dividimos o numerador e o denominador
por x e depois aplicamos as propriedades de limites juntamente com o Teorema 1.3.1.

Exemplo 5:

Calcule .

Resolução:

Faremos o mesmo procedimento que no exemplo anterior, só que desta vez


x é negativo (x → - ∞) e assim, podemos supor x < 0, de modo que . Logo,

42
TÓPICO 3 | MAIS UM POUCO DE LIMITES

3
4

Portanto,

Exemplo 6:

Calcule .

Resolução:

Neste exemplo, nos deparamos com uma indeterminação do tipo ∞ - ∞.

Vamos multiplicar e dividir a expressão por

seguindo a racionalização pelo conjugado.

Então, para x ≠ 0, temos:

Assim

Observem que o limite continua indeterminado, porém a indeterminação



__
é do tipo ∞ . Aí, faremos do mesmo modo como acima: dividimos os termos da
fração por x2 e x → + ∞,
43
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

podemos supor x > 0 e, assim, , chega-se a:

Portanto,

4 LIMITES INFINITOS
Vamos estudar limites infinitos, isto é, limites onde o x se aproxima de um
número real a pela esquerda ou pela direita, e queremos saber o comportamento
da função f(x) nestas condições.

Podemos ter o caso em que o limite da função não existe, pois seu valor
não se aproxima de número algum. Assim, o limite poderá ser + ∞ ou - ∞: já
sabemos que estes símbolos são usados para indicar o que acontece com os valores

__
assumidos pela função. E ainda, podemos encontrar indeterminações do tipo ∞
ou ∞ - ∞.

Iniciaremos este estudo, analisando intuitivamente a função ,


para x ≠ 2.

Tomando valores para x, por exemplo, 0, 2, 5, 10, 100 e 1000 e assim por
diante, de tal forma que x cresce ilimitadamente, construímos o seguinte quadro
para os correspondentes valores da função f(x).

44
TÓPICO 3 | MAIS UM POUCO DE LIMITES

0 1

2 2,31

5 2,67

10 2,82

100 2,98

1000 2, 998

À medida que x cresce através de valores positivos, observamos que os


valores da função f(x) se aproximam cada vez mais de 3. Logo, pode-se dizer que
.

FIGURA 13 – GRÁFICO DA FUNÇÃO

y
6

x
-4 -2 2 4 6

-2

-4

FONTE: O autor

UNI

Em geral, o símbolo ∞ (infinito) não representa nenhum número real e não pode
ser empregado na aritmética na maneira usual.

45
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Definição 1.3.2 Seja f(x) uma função definida num intervalo aberto que
contém o ponto a, exceto eventualmente em a. Dizemos que se, para
todo A > 0, existe um δ > 0 tal que f(x) > A sempre que 0 < x − a < δ.

Definição 1.3.3 Seja f(x) uma função definida num intervalo aberto que
contém o ponto a, exceto eventualmente em a. Dizemos que , se
para todo B < 0, existe um δ > 0 tal que f(x) < B sempre que 0 < x − a < δ.

UNI

Além dos limites definidos acima, podemos considerar ainda os limites laterais
infinitos e os limites infinitos no infinito.

Teorema 1.3.2 Se n é um número natural, então:

i)

ii) se n é par
se n é impar

Exemplo 1:
Calcular .

Resolução:
Ao limite aplicamos a propriedade de limites e obtemos
.
Assim, aplicamos o Teorema 1.3.2 item (i), no caso n = 6 e teremos

Portanto, .

46
TÓPICO 3 | MAIS UM POUCO DE LIMITES

Exemplo 2:

Calcular .

Resolução:

Ao limite aplicamos a propriedade de limites e obtemos


.

Assim, aplicamos o Teorema 1.3.2 item (ii), no caso n = 5 (ímpar) e teremos

Portanto, .

Teorema 1.3.3 Seja a um número real qualquer e f(x), g(x) funções tais que
e , sendo k ≠ 0. Então,

a) Se k > 0 e f(x) > 0 para todo x próximo de a, então

b) Se k > 0 e f(x) < 0 para todo x próximo de a, então

c) Se k < 0 e f(x) > 0 para todo x próximo de a, então

d) Se k < 0 e f(x) < 0 para todo x próximo de a, então

UNI

Este Teorema nos permite calcular alguns limites infinitos. Destacamos que ele
também é valido se substituirmos x → a por x → a+, x → a−, x → + ∞ ou x → − ∞.

Exemplo 3:

Calcular .

Resolução:

Usando as propriedades de limites e o Teorema 1.3.2, teremos:

47
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Portanto, .

Exemplo 4:

Determine e .

Resolução:

Para resolver este limite precisamos aplicar a Definição de módulo.

Temos, então que |x| =


{ -x, x < 0
-x, x ≥ 0

Considerando x < 0 , pela Definição de módulo temos |x| = – x. Assim,

Portanto

Considerando x > 0, pela Definição de módulo temos |x| = x. Assim,

Portanto

Exemplo 5:

Calcular .

48
TÓPICO 3 | MAIS UM POUCO DE LIMITES

Resolução:

Quando x → 3, |x – 3| → 0+. Logo,

Portanto

UNI

A função polinomial é definida por:

com a0 ≠ 0. Então . Logo, o limite da função polinomial, quando


x → ± ∞, é igual ao limite do seu termo de maior grau.

Vamos justificar a situação colocada no uni, no exemplo a seguir.

Exemplo 6:

Seja o limite .

Resolução:

Teorema 1.3.1

Logo, e

Exemplo 7:

49
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Exemplo 8:

Exemplo 9:

Teorema 1.3.4 (Limite de função racional) Seja a função racional:

com a0 ≠ 0 e b0 ≠ 0. Então,

O que o Teorema 1.3.4 nos diz é que um limite de uma função racional
pode ser dado pelo limite da razão ou quociente dos termos de maior grau dos
polinômios p(x) e q(x).

Este Teorema vai facilitar o cálculo de limite de uma função racional quando
a variável x tende para + ∞ ou tende para - ∞.

Exemplo 10:

Determinar .

Resolução:

Aplicando o Teorema 1.3.4 neste limite, temos

Portanto,

Exemplo 11:

Determinar .

50
TÓPICO 3 | MAIS UM POUCO DE LIMITES

Resolução:

Aplicando o Teorema 1.3.4 neste limite temos,

Portanto, .

5 LIMITES FUNDAMENTAIS
Nesta seção apresentaremos três Teoremas chamados de limites
fundamentais. Esta denominação se deve ao fato de que, através destes limites,
podemos calcular outros limites.

0
Os limites fundamentais também são casos de indeterminações do tipo _
0
e 1+ ∞.

Teorema 1.3.5 O limite é conhecido como o limite


trigonométrico fundamental.

TURO S
ESTUDOS FU

Veja a demonstração deste Teorema no livro FLEMMING, Diva Marília;


GONÇALVES, Mirian Buss. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2007, p. 121.

Exemplo 1:

Determine .

Resolução:

Para resolver este limite precisamos fazer uma mudança de variável a fim
de podermos aplicar o Teorema 1.3.5.

Fazendo u = 7x, u → 0 quando x → 0. Assim,


51
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Mudança de variável

Teorema 1.3.5

Portanto,

Exemplo 2:

Determine .

Resolução:

Neste limite faremos primeiramente alguns artifícios de cálculo para, em


seguida, utilizar o Teorema 4.4.1. Assim,

Artifício matemático

Teorema 4.4.1

Portanto,

Exemplo 3:

Determine .

Resolução:

Neste caso utilizaremos alguns artifícios de trigonometria para, em seguida,


utilizar o Teorema 4.4.1. Assim,

Definição de secante

52
TÓPICO 3 | MAIS UM POUCO DE LIMITES

Artifício matemático

Relação fundamental da trigonometria

Voltando ao limite, temos:

Teorema 4.4.1

Portanto,

Teorema 1.3.6 Segundo limite fundamental .

O limite da função , de base positiva, quando x → − ∞

ou quando x → − ∞ , é o número irracional e = 2, 71828... (número de Euler),

que é a base dos logaritmos naturais. Ou seja:

, e também

53
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

A função definida por , possui domínio é dado por ,


com x ≠ 0, ou seja, x < -1 ou x > 0.

Relembrando: é igual a .

1º caso: x+1>0 e x>0


x > -1 e x > 0, logo x > 0
2º caso: x + 1 < 0 e x < 0
x < -1 e x < 0, logo x < -1

Portanto, o domínio é a união do caso 1 com o caso 2, ou seja, .

Podemos concluir também que . De fato, fazendo ,

notamos que, x → 0 quando u → ± ∞ e, assim, .

Exemplo 4:

Calcular .

Resolução:

Exemplo 5:

Determine .

Resolução:

Faremos a substituição ou x = ku. Então, x → − ∞ ⇒ u → − ∞ e


temos:

Portanto,

54
TÓPICO 3 | MAIS UM POUCO DE LIMITES

Exemplo 6:

Calcular .

Resolução:

Faremos a substituição 3x = u. Então, x → − ∞ ⇒ u → − ∞ e temos,

Portanto,

Teorema 1.3.7 Terceiro limite fundamental: Seja a > 0 e a ≠ 1. Então,


.

Demonstração:

Consideremos primeiramente a = 1. Assim,


e como In1 = 0

Suponhamos que a > 0 e a ≠ 1. Fazendo u = ax - 1, vamos isolar o x

ax – 1 = u ⇒ ax = u + 1 Definição de logaritmo neperiano


ln ax = ln(u + 1) ⇒ x.ln a = ln(u + 1) Propriedade de logaritmo

Substituindo, temos,

55
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Concluímos que, .

Caso particular do Teorema 1.3.7: , pois ln e = 1.

Exemplo 7:

Calcular .

Resolução:

Faremos uma substituição u = 4x. Assim,

Exemplo 8:

Calcular .

56
TÓPICO 3 | MAIS UM POUCO DE LIMITES

Resolução:

Este limite é uma indeterminação do tipo 0


_, então vamos “levantar” esta
0
indeterminação.

Pelas propriedades de potência, temos .

Colocaremos em evidência o fator 25. Assim,

Teorema 4.4.3

Portanto,

Exemplo 9:

Calcular .

Resolução:

Podemos fatorar o denominador como . Assim,

Teorema 4.4.3

Portanto,

57
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico estudamos os limites no infinito, limites infinitos e os
limites fundamentais.

Nos limites no infinito é importante destacar:

• O Teorema 1.3.2 que diz que o , para n um número natural qualquer.


__
• Vimos como levantar indeterminação do tipo ∞ utilizando algum artifício
algébrico.

• Já nos limites infinitos, vimos o comportamento destes limites de forma intuitiva


e também pelos gráficos.

• Teorema 1.3.1 Se n é um número natural, então:

i)

ii) Se n é par
Se n é impar

• O Teorema 1.3.3 e outros limites importantes podem ser revistos no quadro a


seguir:

lim f(x) lim g(x) h(x) lim h(x) Simbolicamente

k>0

|k>0

k<0

k<0

k 0

58
• Teorema 1.3.4 (Limite de função racional) Seja a função racional

com a0 ≠ 0 e b0 ≠ 0. Então,

.

Também estudamos os limites fundamentais, que foram três.

• Teorema 1.3.5 Limite trigonométrico fundamental .

• Teorema 1.3.6 Segundo limite fundamental .

• Teorema 1.3.7 Terceiro limite fundamental: Seja a > 0 e a ≠ 1. Então,


.

59
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado. Lembre-se
das orientações dadas para o cálculo dos limites.

Nos exercícios 1 a 20, calcule os limites.

1)

2)

3)

4)

5)

6)

7)

8)

9)

10)

11)

12)

Assista ao vídeo de Assista ao vídeo de


resolução da questão 6 resolução da questão 11

60
13)

14)

15)

16)

17)

18)

19)

20)

Assista ao vídeo de
resolução da questão 14

61
62
UNIDADE 1
TÓPICO 4

CONTINUIDADE

1 INTRODUÇÃO
No Tópico 2 nesta unidade nos deparamos com cálculos de limites onde
o limite não existia. Isto é, os limites laterais eram diferentes. Então, aqui iremos
estudar estas situações e outras que envolvem a continuidade ou a descontinuidade
de funções.

Intuitivamente, gostaríamos de dizer que uma função definida num


intervalo é contínua quando seu gráfico é constituído por um traço, isto é, quando
seu gráfico pode ser traçado sem levantar o lápis do papel. Essa ideia intuitiva,
apesar de não ser precisa, poderá ser útil em muitas situações. Também veremos
um Teorema fundamental para o Cálculo, o Teorema do Valor Intermediário.

2 DEFINIÇÃO DE CONTINUIDADE

Definição 1.4.1 Uma função f(x) é contínua no ponto x = a se as seguintes


condições forem satisfeitas:

(i) f(a) está definida no ponto x = a;


(ii) existe;
(iii) .

Quando uma ou mais destas condições não é satisfeita, dizemos que a


função é descontínua em x = a.

Observe os gráficos nas figuras a seguir, que mostram situações de funções


que não são contínuas em x = a.

63
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

FIGURA 14 – GRÁFICO 4.1


y

a x

FONTE: O autor

FIGURA 15 – GRÁFICO 4.2


y

a x

FONTE: O autor

FIGURA 16 – GRÁFICO 4.3

a x

FONTE: O autor

64
TÓPICO 4 | CONTINUIDADE

Exemplo 1:

Analise a continuidade da função no ponto x =


-1.

Resolução:

Precisamos verificar se a função satisfaz as três condições da Definição 4.4.1.

(i) f(-1) = - (-1) = 1, ou seja, em x = -1 a função tem imagem.

(ii) Para tratar a existência do limite no ponto, precisamos calcular os limites


laterais.

Logo, .

(iii) Esta condição é apenas para comparar se os valores no item (i) e (ii) são
iguais. O que comprovamos .

Portanto, a função f(x) é contínua em x = -1.

FIGURA 17 – MOSTRA A CONTINUIDADE DE F(X) EM X = -1

-3 -2 -1 1 2

-1

-2

FONTE: O autor

Exemplo 2:

Analise a continuidade da função no ponto x


= 4.
65
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Resolução:

Novamente, temos que verificar se a função satisfaz as três condições da


Definição 4.4.1.

(i) f(4) = 42 – 4.4 + 3 = 3, condição satisfeita.

(ii) Verificaremos a existência do limite no ponto para isto, vamos calcular


os limites laterais.

Logo, , pois os limites laterais são diferentes.

Assim, como o item (ii) não foi satisfeito, podemos concluir que a função
f(x) é descontínua em x = 4, conforme pode ser constato na figura a seguir.

FIGURA 18 – MOSTRA A DESCONTINUIDADE DE f(x) em x = 4


y
14
12

10
8

2
x
-6 -4 -2 2 4 6 8
-2

FONTE: O autor

Exemplo 3:

Verificar a continuidade da função no ponto x = -1.

66
TÓPICO 4 | CONTINUIDADE

Resolução:

Precisamos verificar se a função satisfaz as três condições da Definição 4.4.1.

(i) f(-1) = 1: condição satisfeita.

(ii) Calculemos os limites laterais.

, que é uma
e

indeterminação. Por outro lado,

Assim, os limites laterais são diferentes e concluímos que a função é


descontínua em x = -1.

FIGURA 19 – FUNÇÃO DESCONTÍNUA EM x = -1

y
3

1
x
-4 -3 -2 -1 1 2
-1

-2

-3

FONTE: O autor

Teorema 1.4.1 Se as funções f(x) e g(x) forem contínuas no ponto x = a,


então:

(i) f + g é contínua em x = a;
(ii) f – g é contínua em x = a;
(iii) f . g é contínua em x = a;

(iv) é contínua em x = a se g(a) ≠ 0 e tem uma descontinuidade em x = a se


g(a) = 0;

67
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

Exemplo 4:

Analisar a continuidade da função dada por em x


= 2.

Resolução:

Precisamos verificar se a função satisfaz as três condições da Definição 1.4.1.

(i) f(2) = 4: condição satisfeita.

(ii) Calculemos os limites laterais.

, que é uma
e
indeterminação. Por outro lado,

Assim,

(iii) Neste item temos, .

Portanto, a função é contínua no ponto x = 2.


FIGURA 20 – FUNÇÃO CONTÍNUA EM x = 2
y
5
4

3
2
1
x
-3 -2 -1 1 2 3 4
FONTE: O autor

68
TÓPICO 4 | CONTINUIDADE

Exemplo 5:

Analisar a continuidade da função dada por em x = 0.

Resolução:

(i)) f(0) = 3: condição satisfeita.

(ii) Para calcular os limites laterais, vamos primeiro aplicar a Definição de


módulo.

Recordando, . Assim, se x > 0, então , e se x < 0, então

. Agora, analisando os limites laterais, temos,

e .

Portanto, a função não é contínua em x = 0, pois não existe . Observe


que o limite não existe, porque os limites laterais são diferentes.

FIGURA 21 – FUNÇÃO DESCONTÍNUA EM x = 0


y
4

1
x
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4
-1

-2

FONTE: O autor

3 CONTINUIDADE EM UM INTERVALO
Teorema 1.4.2 Sejam I um intervalo aberto, c ∈ I e f(x) uma função com I ⊂
D(f ). Então f(x) é contínua em c, se, e somente se, for contínua à direita e à esquerda
no ponto c.

Definição 1.4.2 Quando uma função f(x) é contínua em todo ponto a ∈ D(f ),

69
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

diremos, simplesmente, que f(x) é contínua. Caso contrário, diremos que f(x) é descontínua.

Definição 1.4.3 Uma função f(x) é dita contínua em um intervalo fechado


[a,b] se as seguintes condições são satisfeitas:

(i) f(x) é contínua em (a,b).


(ii) f(x) é contínua à direita em x = a.
(iii) f(x) é contínua à esquerda em x = b.

Exemplo 1:

Analisar a continuidade da função dada por .

Resolução:

Como o domínio da função é dado pelo intervalo fechado [-7,7], então


precisamos analisar a continuidade de f(x) no intervalo aberto (-7,7) (Teorema
4.2.1) e nos dois extremos, conforme Definição 4.2.2.

(i) Seja c ∈(-7,7).

Então existe f (c), ∀ c ∈(-7,7) e .


Assim, f(x) é contínua em cada ponto do intervalo (-7,7).

(ii) Para analisar a continuidade à direita em x = -7, calculamos:

(iii) Analisando a continuidade à esquerda em x = 7, calculamos:

Portanto, a função é contínua no intervalo fechado [-7,7].

4 CONTINUIDADE DOS POLINÔNIOS E DAS FUNÇÕES


RACIONAIS
Teorema 1.4.3

(i) Uma função polinomial é contínua para todo número real.


(ii) Uma função racional é contínua em todos os pontos do seu domínio e tem
descontinuidade nos pontos em que o denominador é zero.

Exemplo 1:

70
TÓPICO 4 | CONTINUIDADE

Para quais valores de x há um buraco ou uma interrupção no gráfico da


função ?

Resolução:

A função é racional e pelo Teorema 4.3.1 ela é contínua em


todo seu domínio, exceto nos pontos em que o denominador é zero. Assim, 4 – x2
= 0 obtêm-se dois pontos de descontinuidade, x = -2 e x = 2.

FIGURA 22 – FUNÇÃO DESCONTÍNUA EM x = -2 e x = 2.

FONTE: O autor

5 TEOREMA DO VALOR INTERMEDIÁRIO

Teorema 1.4.4 (Teorema do Valor Intermediário – TVI) Se f(x) é uma função


contínua em um intervalo fechado [a,b] e k é um número qualquer tal que f(a) ≤ k ≤
f(b), então existe no mínimo um número c ∈[a, b] tal que f(c) = k.

71
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

FIGURA 23 – GRÁFICO 4.10


y

f(b)

f(c)= k

f(a)

a c b
x

FONTE: O Autor

UNI

Geometricamente, o Teorema do Valor Intermediário diz que qualquer reta


horizontal y = k interceptando o eixo y entre os números f(a) e f(b) interceptará a curva y =
f(x) pelo menos uma vez no intervalo [a,b].

Observem uma consequência do Teorema 1.4.4: se f(x) é contínua em [a,b]


e se f(a) e f(b) têm sinais opostos, então existe pelo menos um número c entre a
e b tal que f(c) = 0. Vejam esta situação representada nas figuras a seguir.

72
TÓPICO 4 | CONTINUIDADE

FIGURA 24 – GRÁFICO 4.11

f(b)

a
c b
x

f(a)

FONTE: O autor

Exemplo 1:

Verifique que a função f(x) = x4 + 3x2 + 5x - 3 tem pelo menos uma raiz real
no intervalo (0,1).

Resolução:

A função f(x) = x4 + 3x2 + 5x - 3 é contínua em [0,1], conforme o Teorema


1.4.3.

Calculando os extremos do intervalo, temos f(0) = -3 e f(1) = 6 então, como


consequência do Teorema 1.4.4 (TVI) existe c ∈(0,1) tal que f(c) = 0.

Portanto, mostramos que f(x) possui uma raiz real no intervalo (0,1).

Exemplo 2:

Use o Teorema do Valor Intermediário para mostrar que a função f(x) = x4


+ x - 3 possui uma raiz no intervalo (1,2).

Resolução:

73
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

A função f(x) = x4 + x - 3 é contínua em [1,2], conforme o Teorema 1.4.3.


Calculamos a função nos extremos do intervalo, temos f(1) = -1 e f(2) = 15.

Assim, f(1) < 0 e f(2) > 0 e conforme o Teorema 1.4.4 (TVI) existe c ∈(1,2) tal
que f(c) = 0.

Ou seja, a equação x4 + x - 3 tem pelo menos uma raiz c no intervalo (1,2).

Portanto, mostramos que f(x) possui uma raiz real no intervalo (1,2).

LEITURA COMPLEMENTAR

2.9.1 TEOREMA

Se a for qualquer número exceto 0 e então f será contínua em a.

Prova

O domínio de f é o conjunto de todos os números reais, exceto 0. Logo, a


está nesse domínio. A prova estará completa se pudermos mostrar que
. Para provar isso, dois casos devem ser considerados: a > 0 e a < 0. Provaremos o
caso em que a > 0 e deixaremos a demonstração do caso a < 0 como exercício (veja
Exercício 18).

Como está definido para todo x exceto 0, o intervalo aberto requerido


pela Definição 2.1.1 pode ser qualquer intervalo aberto contendo a, mas não
contendo 0.

Considerando a > 0, precisamos mostrar que para todo ε > 0 existe um δ >
0 tal que

se então . (6)

Como

(pois a > 0)

74
TÓPICO 4 | CONTINUIDADE

A afirmativa (6) é equivalente a

se então . (7)

Na parte final de (7), além de |x – a|, temos outro fator: o quociente .

Logo, para provar (7) precisamos restringir δ para obtermos uma

desigualdade envolvendo . Escolhendo o intervalo aberto exigido pela

Definição 2.1.1 como sendo , que contém a, mas não 0, estamos exigindo
. Então,

(pois a > 0)

(8)
Agora

(9)

Como nossa meta é ter , a afirmativa (9) indica que

devemos exigir , isto é, . Assim, com essas duas restrições em δ,

escolhemos . Com esse δ usamos o seguinte argumento:

75
UNIDADE 1 | LIMITE E CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO

(pois a > 0)

(10)

Mostramos em (8) se e , então isto é,


. Continuando a partir de (10), temos:

(pois )

Assim, mostramos que para todos ε > 0, com , a seguinte


afirmativa será verdadeira:

se 0 < |x - a| < δ então .

Isso prova que , se a > 0. Logo, f é contínua em a, se a > 0.



FONTE: LEITHOLD, Louis. O Cálculo com Geometria Analítica. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1994. p.
123-125. v. 1.

76
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico você viu que:

• Uma função f(x) é contínua no ponto x = a se as seguintes condições forem


satisfeitas:
(i) f(a) está definida no ponto x = a;
(ii) existe;
(iii) .

• Se a função não satisfizer uma das condições acima, será dita uma função
descontínua em x = a .

• Também vimos que uma função pode ser contínua em um intervalo.

• Uma função polinomial é contínua para todo número real.

• Uma função racional é contínua em todos os pontos do seu domínio e tem


descontinuidade nos pontos em que o denominador é zero.

• Teorema do Valor Intermediário: Se f(x) é uma função contínua em um intervalo


fechado [a,b] e k é um número qualquer entre f(a) e f(b), inclusive, então existe
no mínimo um número c ∈[a, b] tal que f(c) = k.

77
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado. Lembre-se
das orientações dadas para o cálculo dos limites.

Nos exercícios de 1 a 6, verifique se cada função a seguir é contínua nos pontos


indicados, e esboce os gráficos:

1) em x = 1

2) em x = 3

3) em x = 0

4) em x = -1

5) em x = 1

6) em x = 2

Nos exercícios de 7 a 9 determine, se existirem, os pontos onde as seguintes


funções não são contínuas.

7)

8)

9)

78
10) Use o Teorema do Valor Intermediário para mostrar que a função f(x) = x4
– 2x3 – 4x2 + 8x possui pelo menos uma raiz no intervalo (1,3).

11) Use o Teorema do Valor Intermediário para mostrar que a função f(x) = x3
– 7x2 + 3x + 2 possui três raízes reais distintas no intervalo (-1,5).

Assista ao vídeo de
resolução da questão 2

79
80
UNIDADE 2

DERIVADA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:

 entender e compreender o conceito de derivada de uma função e


seu significado geométrico;

 calcular a derivada de funções elementares;

 calcular a derivada de funções composta, através da regra da cadeia;

 determinar a taxa de variação de uma função;

 encontrar os pontos extremos de uma função;

 resolver problemas que envolvem derivada.

PLANO DE ESTUDOS
Iniciamos a unidade apresentando vários conceitos dos elementos que en-
volvem as equações diferenciais. É preciso se apropriar da terminologia e
das notações. A partir daí, estudaremos as equações diferenciais lineares de
primeira ordem e também de segunda ordem.

TÓPICO 1 – DERIVADA DE UMA FUNÇÃO

TÓPICO 2 – DERIVADA DA FUNÇÃO COMPOSTA

TÓPICO 3 – DERIVADA DE FUNÇÕES IMPLÍCITAS E ALGUMAS APLICAÇÕES

TÓPICO 4 – ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS FUNÇÕES I

TÓPICO 5 – ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS FUNÇÕES II

TÓPICO 6 – APLICAÇÕES DA DERIVADA

Assista ao vídeo
desta unidade.

81
82
UNIDADE 2
TÓPICO 1

DERIVADA DE UMA FUNÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Nesta seção vamos estudar o conceito de uma derivada, que é a principal


ferramenta matemática utilizada para calcular as taxas de variação e compreender
o significado geométrico da derivada.

2 CONCEITO DE DERIVADA

Definição 2.1.1 A derivada de uma função y = f(x) em relação à variável x é


uma função denotada por f ’(x) cujo valor em x é

desde que esse limite exista.

A notação de Leibniz, empregada para derivada de uma função f(x),


df
também pode ser indicada por ou ____.
d(x)

TURO S
ESTUDOS FU

Caro(a) acadêmico(a), o matemático alemão Gottfried Wilhelm Leibniz contribuiu


muito para o desenvolvimento da matemática, principalmente para o cálculo. Sugiro que
pesquise a biografia de Leibniz.

83
UNIDADE 2 | DERIVADA

Exemplo 1:

Calcule a derivada de f(x) para f(x) = 5x² - 7.

Resolução:

Se x for qualquer número do domínio de f(x), então da Definição 2.1.1,


temos:

Portanto, a derivada de uma função f(x) é dada por f ‘(x) = 10x.

Apresentamos agora um esquema para facilitar o cálculo da derivada,


Simmons (2005, p. 80) através da definição.

O processo de calcular realmente a derivada f’(x) chama-se derivação (ou


diferenciação) da função dada f(x). Esta é a operação fundamental do Cálculo, da
qual tudo o mais depende. Em princípio seguiremos simplesmente as instruções
computacionais especificadas em (1). Essas instruções podem ser arranjadas num
procedimento sistemático denominado regra dos três passos (ou etapas).

Passo 1: Escreva a diferença f(x + ∆x) - f(x) para a particular função em


consideração e, se possível, simplifique-a até o ponto em que ∆x seja
um fator.
Passo 2: Divida por ∆x para formar o quociente das diferenças
f(x + ∆x) - f(x),e manipule-o de modo a preparar o caminho para
_____________
∆x
o cálculo de seu limite quando ∆x → 0. Na maioria dos exemplos e
problemas deste capítulo, essa manipulação envolve nada mais que
cancelar ∆x do numerador e do denominador.

84
TÓPICO 1 | DERIVADA DE UMA FUNÇÃO

Passo 3: Calcule o limite do quociente das diferenças quando ∆x → 0.


Se o Passo 2 atingiu seu propósito, só uma simples inspeção é necessária
aqui.

Exemplo 2:

Dada a função , calcule f´(x).

Resolução:

Se x for um número qualquer do domínio de f(x), ou seja, for tal que x ≠ 4,


então da Definição 2.1.1, temos:

Portanto, .

A partir da derivada da função y = f(x), podemos definir a derivada de uma


função no ponto x0. Para isto, basta substituir x por x0 na Definição 2.1.1.

Definição 2.1.2 Dizemos que uma função y = f(x) é diferenciável ou


derivável em x0 se existe o limite

85
UNIDADE 2 | DERIVADA

Também é possível representar f´(x0) por .

Exemplo 3:

Calcule a derivada da função f(x) = 2x³ - 5 no ponto x0 = 3.

Resolução:

Se f(x) = 2x³ - 5 , então f(x) = 2·3³ - 5 = 49.

Assim, utilizando a Definição 1.1.2, temos:

Logo, a função f(x) = 2x³ - 5 é derivável no ponto x0 = 3, sendo f ‘(3) = 54.

Exemplo 4:

Calcule a derivada da função no ponto x0 = 1.

Resolução:

Se , calculamos .

86
TÓPICO 1 | DERIVADA DE UMA FUNÇÃO

Agora, utilizando a Definição 1.1.2, temos:

Indeterminação

Usamos o artifício algébrico a² - b² = (a – b) . (a + b)

Portanto, .

Teorema 2.1.1 Se uma função f(x) é derivável num ponto x0 do seu domínio,
então f(x) é contínua em x0 , ou seja, .

UNI

A partir do Teorema 2.1.1, verificamos que se uma função é descontínua em um


ponto, nesse ponto ela não é derivável. Portanto, a continuidade da função num determinado
ponto é condição necessária para que ela seja derivável nesse ponto. Porém, esta não é uma
condição suficiente: uma função pode ser contínua sem ser derivável num ponto.

Para ilustrar sobre o que foi comentado no ícone acima, vamos ver através
dos dois gráficos a seguir (Figura 25a e Figura 25b) que mostram duas situações
comuns nas quais uma função que é contínua em x0 pode deixar de ser derivável
em x0.

87
UNIDADE 2 | DERIVADA

FIGURA 25a – GRÁFICO 11a

-2 -1 1 2 3 4
-1

-2
FONTE: O autor

FIGURA 25b – GRÁFICO 11b


4

-1 1 2 3 4 5 6
-1
FONTE: O autor

3 INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DA DERIVADA


Veremos que derivada de uma função num dado ponto, quando existe, tem
um significado geométrico importante.

Vamos definir a inclinação de uma curva y = f(x) para, em seguida, encontrar


a equação da reta tangente.

Seja y = f(x) uma curva definida no intervalo (a, b), na figura a seguir. Sejam
P(x1 ,y1) e Q(x2 ,y2) dois pontos distintos da curva. Seja s a reta secante que passa
pelos pontos P e Q. Considerando o triângulo retângulo PMQ, na figura a seguir,
temos que a inclinação da reta s (ou coeficiente angular de s) é:

88
TÓPICO 1 | DERIVADA DE UMA FUNÇÃO

FIGURA 26 – A INCLINAÇÃO DA RETA S (OU COEFICIENTE ANGULAR DE S)


É:

FONTE: O autor

Suponhamos agora que, mantendo P fixo, Q se mova sobre a curva em


direção a P. Diante disto, a inclinação da reta secante s variará. À medida que Q
vai se aproximando cada vez mais de P, a inclinação da secante s varia cada vez
menos, tendendo para o valor limite constante, como mostra a figura a seguir. Esse
valor limite é chamado inclinação da reta tangente à curva no ponto P.

FIGURA 27 – INCLINAÇÃO DA RETA TANGENTE À CURVA NO PONTO P

FONTE: O autor

Definição 2.1.3 Dada uma curva y = f(x), seja P(x1, y1) um ponto sobre esta
curva, a inclinação da reta tangente à curva no ponto P é dada por

quando o limite existe.

89
UNIDADE 2 | DERIVADA

Fazendo x2 = x1 + ∆x, podemos reescrever o limite acima na forma:

Com isso, podemos concluir que a derivada de uma função f(x) em um


ponto x0, quando existe, coincide com o coeficiente angular da reta tangente ao
gráfico da função no ponto de abscissa x0. Você já estudou em Geometria Analítica
como calcular a equação da reta tangente à curva no ponto x0 dado. Então, vejamos
como fazer isso.

A equação de uma reta não vertical passando em um ponto (x0 , y0 ) é y - y0


= m·(x- x0) onde a é o coeficiente angular da reta. Se f(x) é uma função derivável em
x = x0, segue da interpretação geométrica da derivada que a reta tangente ao gráfico
de f(x) no ponto (x0, f(x0)) tem coeficiente angular m = f ‘(x0). Assim, a equação da
reta é dada por y – f(x0) = f(x0 )·(x - x0).

Exemplo 1:

Encontre a inclinação da reta tangente à curva no ponto (1, f(1)).

Resolução:

No exemplo 4, já calculamos que conforme a Definição 2.1.1


corresponde à inclinação da reta no ponto (1, f(1)). Então m = . Agora,
calcula-se .

Usando a equação , temos:

, ou ainda,

Portanto, x – 2y + 1 = 0 é a equação da reta tangente à curva no


ponto (1, f(1)), como pode ser observado no gráfico (figura a seguir).

90
TÓPICO 1 | DERIVADA DE UMA FUNÇÃO

FIGURA 28 – GRÁFICO 1.4

FONTE: O autor

4 DERIVADAS LATERAIS

Definição 2.1.4 Seja f(x) uma função definida no intervalo aberto I e seja a
um elemento de I.

(i) Se existe e é finito, dizemos que f(x) possui derivada


à esquerda em a, representada por .

(ii) Se existe e é finito, dizemos que f(x) possui derivada


à direita em a, representada por .

Uma função é derivável em um ponto, quando as derivadas à direita e à


esquerda nesse ponto existem e são iguais.

Quando as derivadas laterais (esquerda e direita) existem e são diferentes


em um ponto a, dizemos que este é um ponto anguloso do gráfico da função.

Exemplo 1:

Seja . Verifique se f(x) é derivada no ponto x0 = 0. Caso

seja, calcule f ‘(0)=0.

91
UNIDADE 2 | DERIVADA

Resolução:

Observe pelo gráfico (figura a seguir) que f(x) é contínua em x0 = 0.


Estudamos no Tópico 4 da Unidade 1 a continuidade das funções, vista na Definição
2.4.1. Assim, a verificação da continuidade fica a seu cargo.

Para verificar se f(x) é derivada no ponto x0 = 0, é necessário calcular as


derivadas de f neste ponto, pois a expressão que define f à esquerda não é a mesma
que define f à direita de 2.

FIGURA 29 – F(X) É CONTÍNUA EM X0 = 0


6
5
4
3
2
1

-3 -2 -1 1 2 3
-1
-2
-3
-4
-5
-6
FONTE: O autor

Exemplo 2:

Seja . Verifique se f(x) tem derivada no ponto x0 = 2.

Caso tenha, calcule f´(1).

Resolução:

Observe inicialmente que f(x) é contínua em x0 = 2. Para verificar se f(x) tem


derivada no ponto x0 = 2, é necessário calcular as derivadas de f(x) neste ponto,
pois a expressão que define f(x) à esquerda não é a mesma que define f(x) à direita
de 2.
92
TÓPICO 1 | DERIVADA DE UMA FUNÇÃO

Se ∆x → 0-, então ∆x é negativo e, portanto 2 + ∆x < 2. Como f(x) = x², se x


< 2, segue que f(2 + ∆x) = (2 + ∆x)2.

Como , concluímos que f não é derivável em x0 = 2.


FIGURA 30 – GRÁFICO 1.6
y
5

4
3

2
1
x
-2 -1 1 2 3 4 5 6
-1
FONTE: O autor

Exemplo 3:

Calcule as derivadas laterais da função nos pontos x0


= 3 e x0 = 6.

Resolução:

Temos que:

Como , então f(x) não é derivável em x = 3, isto é, não existe f


‘(3).

Em x0 = 6, temos
.

93
UNIDADE 2 | DERIVADA

Discutiremos a diferenciabilidade de uma função num ponto, segundo


Finney (2002, p. 151-152):

Quando uma Função Não Apresenta Derivada em um Ponto?


Uma função terá derivada em um ponto x0 se os coeficientes angulares
das retas secantes que passam por P(xo f(xo)) e um ponto Q próximo
no gráfico tenderem a um limite à medida que Q se aproxima de P.
Quando as secantes não têm uma única posição-limite ou se tornam
verticais à medida que Q tende a P, a derivada não existe. Uma função
não terá derivada em um ponto se o gráfico apresentar
(1) um bico, onde as derivadas laterais são diferentes.

FIGURA 31 – (2) UM PONTO CUSPIDAL, ONDE O COEFICIENTE ANGULAR DE


PQ TENDE A ∞ PARA UM LADO E A - ∞ PARA O OUTRO

FONTE: O autor

FIGURA 32 – (3) UMA TANGENTE VERTICAL, ONDE O COEFICIENTE


ANGULAR DE PQ TENDE A ∞ OU A - ∞ PARA AMBOS OS LADOS
(AQUI, - ∞)

FONTE: O autor

94
TÓPICO 1 | DERIVADA DE UMA FUNÇÃO

FIGURA 33 – (4) UMA DESCONTINUIDADE

FONTE: O autor

FIGURA 34 – GRÁFICO 3.6

FONTE: O autor

5 CÁLCULO DAS DERIVADAS – REGRAS DE DERIVAÇÃO


Na resolução de problemas que envolvem derivadas aplicam-se algumas
regras que nos permitem calcular a derivada sem usar diretamente os limites. Pois,
todas as regras que veremos decorrem dos limites.

a) Derivada de uma constante

Se c é uma constante e f(x) = 0 para todo x, então f´(x) = 0.

95
UNIDADE 2 | DERIVADA

Exemplo 1:

Se f(x) = 5, então e f´(x) = 0.

Exemplo 2:

Se , então f´(x) = 0.

b) Derivada da função identidade

Se f(x) =x, então f´(x) = 1.

c) Derivada de uma função afim

Considerando a função f(x) = ax + b, sendo a e b números reais e a não nulo.


Temos
f´(x) = a.

Exemplo 3:

Se f(x) = 6x – 4, então f´(x) = 6.

Exemplo 4:

Se f(x) = 3 – 7x, então f´(x) = -7.

Se f(x) = - 2x +9, então f´(x) = -2.

d) Derivada de uma potência

Seja f(x) = xn, então f´(x) = n.xn-1.

Exemplo 5:

Se f(x) = x4, então f´(x) = 4x3.

Exemplo 6:

Se então .

e) Derivada da função cosseno

Se f(x) = cos x, então f ´(x) = -sen x.

f) Derivada da função seno

96
TÓPICO 1 | DERIVADA DE UMA FUNÇÃO

Se f(x) = sen x, então f ´(x) = cos x.

g) Derivada da função logarítmica natural (base e)

Se f(x) = ln x, então .

UNI

loge x = ln x, também chamado de logaritmo neperiano.

h) Derivada do produto de uma constante por uma função

Sejam f uma função, c uma constante e g uma função definida por g(x) =
c·f(x). Se f ´(x) existe, então g´(x) = c·f ´(x).

Exemplo 7:

Se f(x) = 2senx, então f ´ (x) = 2cosx.

Exemplo 8:

Se então .

Exemplo 9:

Se então .

Exemplo 10:

Se então .

i) Derivada de uma soma

Sejam f e g duas funções e h a função definida por h(x) = f(x) + g(x). Se f´(x)
e g´(x) existirem, então h´(x) = f ´(x) + g´(x).

Exemplo 11:

Seja então .
Seja g(x) = 3x4 + 5x³ - 7x²- 4 .. Então g´(x) = 3.4x³ + 5.3x² - 7.2x – 0 = 12x³ + 15x²

97
UNIDADE 2 | DERIVADA

- 14x.
Assim, h´(x) = f´(x) + g´(x) = 12x5 – 4x² + 12x³ + 15x² - 14x = 12x5 + 12x³ + 11x²
- 14x.

j) Derivada de um produto

Sejam f e g duas funções quaisquer, consideremos h a função definida por


h(x) = f(x)·g(x). Se f ´(x) e g´(x) existirem, então h´(x) = f(x)·g´(x) + f ´(x)·g(x).

Exemplo 12:

Calcule a derivada da função h(x) = (7x³ - 4x)·(5 + 3x²).

Resolução:

Conforme foi a definição acima, da derivada do produto, vamos identificar


como f e g duas funções envolvidas no cálculo e derivá-los em seguida. Assim,
f(x) = 7x³ - 4x e g(x) = 5 + 3x²
f ‘(x) = 21x² - 4 e g’(x) = 6x.

Aplicando a regra da derivada de um produto temos,


h’(x) = f(x)·g’(x) + f ‘(x)·g(x)
h´(x) = (7x³ - 4x).(6x) + (21x² - 4).(5 + 3x²)
h´(x) = 42x4 – 24x² + 105x² + 63x4 – 20 – 12x²
h´(x) = 105x4 + 69x² - 20
l) Derivada de um quociente

f(x)
Sejam f e g duas funções e h a função definida por h(x) = ____, com g(x) ≠ 0.
g(x)
Se f ‘(x) e g’(x) existirem, então .

Exemplo 13:

Calcule a derivada da função .

Resolução:

Conforme foi definido acima a derivada do quociente, vamos identificar


como f e g duas funções envolvidas no cálculo e derivar em seguida. Assim,

f(x) = 4x² + 3x e g(x) = 5x - x³ e agora derivamos as funções


f ‘(x) = 8x + 3 e g’(x) = 5 - 3x².

Aplicando a regra da derivada de um quociente temos,

98
TÓPICO 1 | DERIVADA DE UMA FUNÇÃO

99
RESUMO DO TÓPICO 1
Caro(a) acadêmico(a), neste tópico você viu que:

• Iniciamos o tópico definindo a derivada dada por .O


importante aqui é saber que a derivada é dada por um limite.

• Como interpretação geométrica desta definição temos que a derivada


corresponde à inclinação da reta tangente à curva num ponto dado.

• Vimos, também, que assim como temos os limites laterais, calculamos as


derivadas laterais.

• Calculamos as derivadas a partir de algumas regras básicas.

100
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado. Lembre-se
das orientações dadas para o cálculo dos limites.

Nas questões de 1 a 5, calcule a derivada da função f(x), no ponto x0.

1) f(x) = x² + 1 no ponto x₀ = 5
2) f(x) = 2x³ no ponto x₀ = 2
3) f(x) = x4 + 3x, no ponto x₀ = 2
4) f(x) = √x, no ponto x₀ = 1
5) f(x) = 4 . ex no ponto x₀ = 2

Nas questões de 6 a 13, encontre as derivadas das funções dadas:

6)
7)

8)

9)

10)

11)

12)

13)

Assista ao vídeo de Assista ao vídeo de


resolução da questão 4 resolução da questão 9

101
Nas questões de 14 a 16, calcule as derivadas laterais , se existirem,
e determine se f é derivável em x0.

14) no ponto x₀ = 0.

15) no ponto x₀ = 2.

16) no ponto x₀ = 3.

Assista ao vídeo de
resolução da questão 14

102
UNIDADE 2 TÓPICO 2

DERIVADA DA FUNÇÃO COMPOSTA

1 INTRODUÇÃO
Para derivar uma função como y = (2x³ - 5)7, será que é preciso desenvolver
o binômio?

Com o auxílio da regra da cadeia, que será estabelecida no próximo


teorema, não é necessário perder tanto tempo. Note que y = f ° g, sendo f(x) = x7 e
g(x) = 2x³ - 5.

2 DERIVADA DA FUNÇÃO COMPOSTA – REGRA DA CADEIA

Então, a estratégia é escrever a função como uma composta de funções mais


simples (como podemos ver as funções acima) que sabemos derivar facilmente.
Assim,

f´(x) = 7x8 e g´(x) = 6x²

Basta encontrar uma maneira de expressar h´(x) em termos dessas duas


derivadas conhecidas. Vamos juntar as duas funções derivadas e considerar a função
composta y = f ° g

y´= f(g(x))´= 7(2x³ - 5)8.6x² = 42x² (2x³ - 5)8

O fato de fornecer uma fórmula que permite derivar qualquer função


composta com auxílio de outras regras de derivação faz com que este seja um dos
teoremas mais importantes do Cálculo.

TEOREMA 2.2.1 (Regra da Cadeia) Se g for diferenciável no ponto x e f


for diferenciável no ponto g(x), então a composição f ° g é diferenciável no ponto
x. Além disso, se
y = f(g(x)) e u = g(x)

então y = f(u) e

103
UNIDADE 2 | DERIVADA

UNI

O nome regra da cadeia é apropriado, porque a derivada procurada é obtida


como dois elos de uma cadeia de derivadas mais simples.

Vamos retomar o cálculo da derivada feito acima e escrevê-lo nos moldes


do Teorema 2.2.1. Introduziremos uma outra variável, u que substituirá g(x).
Então,

y = u7, onde u = g(x) = 2x³ - 5

Assim, derivando as funções y em termos da variável u e também u em


termos da variável x, temos:

e .

Logo, obtemos a derivada procurada com a regra da cadeia:

Observe que esse processo é mais eficiente e mais rápido para calcular a
derivada do que recorrer à enfadonha expansão binomial.

104
TÓPICO 2 | DERIVADA DA FUNÇÃO COMPOSTA

2.1 DERIVADA DE POTÊNCIAS DE x


Se y = un, onde u = g(x) é uma função derivável e n é um número inteiro
não nulo, então:
y´ = n . un-1 . u´.

Exemplo 1:

dy
Calcule ____ se .
g(x)
Resolução:

Tomamos e y = u7, obtemos que y


= f(u(x)). Aplicando o Teorema 2.1.1, temos:

Exemplo 2:

Calcule se .

Resolução:

Primeiro é preciso escrever a função na forma de potência


.

Tomando u = 4x³ - x e , obtemos y = f(u(x)). Aplicando o Teorema


2.2.1, temos:

105
UNIDADE 2 | DERIVADA

Exemplo 3:

Calcular a derivada de y = (2x³ + 4x + 1)5, onde x é um número real qualquer.

Resolução:

Fazendo u = 2x³ + 4x + 1 e f(u) = u5, obtemos y = f(u(x)). Aplicando a regra da


cadeia, .

2.2 DERIVADA DA FUNÇÃO EXPONENCIAL


Se y = au , onde a é um elemento maior que 0 e diferente de 1, e u = g(x) é
uma função derivável, então

y = au . ln a . u´, (a > 0 e a ≠ 1).

Exemplo 4:

Calcular a derivada de .

Resolução:

Fazendo u = 2x4 + 2x3 – 6x + 5 e f(u) = 4u, obtemos que y = f(u(x)). Aplicando


a regra da cadeia, y´ = 4u . ln 4 . u´

UNI

Caso particular: Se y = en, então y´ = ex ln e = ex, onde e é o número neperiano,


ou de Euler.

Exemplo 5:

Calcular a derivada de .

Resolução:

106
TÓPICO 2 | DERIVADA DA FUNÇÃO COMPOSTA

Fazendo u = x5 - 4x3 - 7x2 + 2 e f(u) = eu, obtemos y = f(u(x)). Aplicando a


regra da cadeia, y´ = eu. u´

2.3 DERIVADA DA FUNÇÃO LOGARÍTMICA


Se y = loga u (a > 0 e a ≠ 1) e u = g(x) é uma função derivável, então

Exemplo 6:

Calcular a derivada de y = log3 (x3 – 7x – 4).

Resolução:

Fazendo u = x³ - 7x - 4 e f(u) = log3 u, obtemos y = f(u(x)). Aplicando a


regra da cadeia,

ATENCAO

Caso particular: Se y = ln u e u = g(x) é uma função derivável, então .

Exemplo 7:

Calcular a derivada de y = ln (2x5 + 3x3 – 2x2 + 1).

Resolução:

107
UNIDADE 2 | DERIVADA

Fazendo u = 2x5 + 3x3 – 2x2 + 1 e f(u) = ln u, obtemos y = f(u(x)). Aplicando a


regra da cadeia,

2.4 DERIVADA DA FUNÇÃO EXPONENCIAL COMPOSTA


Se y = uv, onde u = f(x) e v = g(x) são funções deriváveis, então:

y´= v.uv-1.u´ + uv .lnu.v´

Exemplo 8:

Calcular a derivada de .

Resolução:

Fazendo u = x2 - 4 e v = x3 + 4x2 - 6, obtemos y = uv. Aplicando a regra da


cadeia, y´ = v.uv-1.u´ + uv .lnu.v´

2.5 DERIVADA DAS FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

(i) Se y = sen u, então y´ = cos u. u´.


(ii) Se y = cos u, então y´ = - sen u. u´.
(iii) Se y = tg u, então y´ = sec2 u. u´.
(iv) Se y = cotg u, então y´ = - cossec2 u. u´.
(v) Se y = sec u, então y´ = sec u.tg u.u´.
(vi) Se y = cos sec u, então y´ = - cos sec u.tg u.u´.

Exemplo 9:

Calcular a derivada de y = sen (x5 – 3x3 + 4x2 – 7x).

108
TÓPICO 2 | DERIVADA DA FUNÇÃO COMPOSTA

Resolução:

Fazendo u = x5 – 3x3 + 4x2 – 7x e f(u) = sen u, obtemos y = f(u(x)). Aplicando


a regra da cadeia, y´= cos u.u´

y´ = cos(x5 – 3x3 + 4x2 – 7x) . (5x4 – 9x2 + 8x – 7)


y´= (5x4 – 9x2 + 8x – 7) . cos(x5 – 3x3 + 4x2 – 7x)

Exemplo 10:

Calcular a derivada de .

Resolução:

Fazendo e f(u) = cos u, obtemos y = f(u(x)). Aplicando a


regra da cadeia, y´ = - sen u.u´. Observe que, para derivar u, utilizamos a regra do
quociente.

Exemplo 11:

Calcular a derivada de y = tg (-3x2 + 8x – 3).

Resolução:

Fazendo u = – 3x2 + 8x – 3 e f(u) = tg u, obtemos y = f(u(x)). Aplicando a


regra da cadeia, y´ = sec2 u. u´

y´ = sec2 (– 3x2 + 8x – 3). (– 6x + 8)


y´ = (– 6x + 8) sec2 (– 3x2 + 8x – 3)

109
UNIDADE 2 | DERIVADA

Exemplo 12:

Calcular a derivada de y = sec(5 – 4x3).

Resolução:

Fazendo u = 5 – 4x3 e f(u) = sec u, obtemos y = f(u(x)). Aplicando a regra da


cadeia, y´= sec u.tg u. u´

y´= sec(5 – 4x3) . tg(5 – 4x3).( – 12x2)


y´= – 12x2sec(5 – 4x3) . tg(5 – 4x3)

UNI

À medida que o leitor fica mais à vontade com a regra da cadeia, pode querer
dispensar o uso das variáveis dependentes intermediárias, expressando a derivada na forma:

f(g(x))´= f´(g(x)) . g´(x)

Uma maneira conveniente de lembrar essa fórmula consiste em chamar f de “função de fora”
e g de “função de dentro” na composição f(g(x)). Veja no esquema a seguir:

f(g(x))´= f´(g(x)) . g´(x)


Derivada da
função de
dentro
Derivada da função de
fora calculada na função
de dentro

3 DERIVADA DA FUNÇÃO INVERSA


TEOREMA 2.2.2 (Derivada da função inversa) Seja f(x) uma função definida
em um intervalo aberto (a, b). Suponhamos que f(x) admite uma função inversa x
= g(y) contínua. Se f´(x) existe e é diferente de zero para qualquer x ∈(a, b), então g
= f -1 é derivável, e vale:

.
, ou seja,

A derivada de f -1 no ponto y é o inverso da derivada de f no ponto f -1(y).

110
TÓPICO 2 | DERIVADA DA FUNÇÃO COMPOSTA

UNI

Caro(a) acadêmico(a), caso não se recorde como encontrar a inversa de uma


função, pesquise no caderno de Introdução ao Cálculo.

Exemplo 1:

Calcule a derivada da função inversa de f(x) = 2 – 5x.

Resolução:

Conforme o Teorema 2.2.2, basta encontrar f´(x) e inverter o resultado


calculado.

Assim, f´(x) = – 5 e g = f -1 .

Portanto, .

UNI

Também é possível obter a derivada da função inversa de outro modo. Neste


caso, encontramos primeiro a função inversa e em seguida derivamos a função encontrada.

Veja como fica a resolução do exemplo 1 através deste outro procedimento.


Sendo f(x) = 2 – 5x, a sua função inversa é dada por . Agora, temos que
derivar a função inversa obtida. Assim, .

Exemplo 2:

Seja f(x) = 2x5 + 3, calcule a derivada da função inversa da f(x).

Resolução:

Pelo Teorema 2.2.1, basta encontrar f´(x) e inverter o resultado calculado.

Assim, f´(x) = 10x4 e g = f -1. Então, . Agora é preciso escrever x

em função de y, pois lembre-se de que x = g(y). Mas y = f(x) = 2x5 + 3. Então,

111
Substituindo em temos:

Portanto,

112
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico estudamos como derivar funções compostas. A seguir, uma
lista das principais regras de derivação.

Sejam u e v funções deriváveis de x, e n uma constante.

1)

2)

3)

4)

5)

6)

7)

8)

9)

10)

11)

12)

13)

14)

113
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado. Lembre-se
das orientações dadas para o cálculo das derivadas.

Nos exercícios 1 a 8, encontre a função derivada das seguintes funções:

1)

2)

3)

4)

5)

6)

7)

8)

Nos exercícios 9 e 10, determine a derivada da função inversa:

9)

10)

Assista ao vídeo de Assista ao vídeo de


resolução da questão 6 resolução da questão 8

114
UNIDADE 2
TÓPICO 3

DERIVADA DE FUNÇÕES IMPLÍCITAS E


ALGUMAS APLICAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Até aqui, estudamos as funções em que a variável dependente y é dada
explicitamente em termos da variável independente x através de uma relação y =
f(x).

2 DERIVADAS IMPLÍCITAS

Há funções, contudo, que são definidas implicitamente através de uma


equação da forma F(x,y) = 0 envolvendo as variáveis x e y. Um exemplo simples
é a equação da circunferência de raio 1 dada como x2 + y2 – 1 = 0. Nesse caso, é
possível resolver a equação em y, obtendo-se as funções:

e
Há equações mais complicadas, onde a resolução explícita de y em termos
de x não é simples ou possível como é o caso da equação:

2xy2 + cos(xy) + 1 = 0

O objetivo da regra de derivação implícita é o de calcular a derivada de y


como função de x, quando y é dada implicitamente.

Como proceder? A regra consiste em derivar os dois membros da equação


em relação a x usando a regra da cadeia quando preciso e, em seguida, isolar o
termo y.

Na verdade, queremos conhecer y´= f´(x) sem mesmo conhecer f(x).

Exemplo 1:

Encontre a derivada da função definida implicitamente por 2x2 – y3 – 1 = 0.

115
UNIDADE 2 | DERIVADA

Resolução:

Vamos derivar ambos os lados da equação em relação a x. Como y é uma


função de x (y é a função implícita!), devemos usar a regra da cadeia para derivar
y3.

Temos, 4x – 3y2y´– 0 = 0

Portanto, .

UNI

Neste exemplo, é fácil explicitar y como função de . Se


calcularmos y’ através das regras de derivação apenas para confirmar o resultado, obtemos:

Mas, isso pode ser mais complicado em outras funções.

Exemplo 2:

Encontre a derivada da função definida implicitamente por x2 + y2 – 1 = 0.

Resolução:

Derivamos os dois membros da equação (a) em relação a x obtemos 2x


+ 2yy´= 0. Isolando o termo y´, obtém-se que 2yy´= – 2x. Suponha que existe um
intervalo onde y é derivável e onde y ≠ 0. Segue que .

Exemplo 3:

Encontre a derivada da função definida implicitamente por 2xy2 + cos(xy)


+ 1 = 0.

Resolução:

Derivando os dois membros da equação (b) em relação a x obtemos 2y2 +

2x2yy´- sen(xy).[y + xy´] = 0. Isolando o termo . Também

nesse caso pressupõe-se a existência de um intervalo onde y é derivável, x ≠ 0 e 4y


+ sen(xy) ≠ 0.
116
TÓPICO 3 | DERIVADA DE FUNÇÕES IMPLÍCITAS E ALGUMAS APLICAÇÕES

UNI

São quatro os passos para derivar implicitamente uma função:

Passo 1: Derive os dois lados da equação em relação a x, considerando y como uma


função derivável de x.

Passo 2: Reúna os termos que contém y´ em um lado da equação.

Passo 3: Fatore isolando y´ .

Passo 4: Encontre y´ .

Exemplo 4:

Determine os coeficientes angulares das retas tangentes à circunferência


cujo centro é o ponto (3,5) e cujo raio é 2, em cada um dos pontos de abscissa 4.

Resolução:

A equação reduzida da circunferência é: (x – 3)2 + (y – 5)2 = 4 ou, desenvolvendo


as potências, temos a equação geral: x2 + y2 – 6x – 10y + 30 = 0.

Para x = 4, tem-se . Portanto, os pontos de tangência são:

e .

A equação da circunferência define duas funções deriváveis no intervalo


(1,5): f1(x), cujo gráfico é a semicircunferência acima da reta y = 5 que contém o
ponto A, e f2(x), cujo gráfico é semicircunferência inferior que contém o ponto B.
(Veja a figura a seguir). O coeficiente angular das retas tangentes s e t é f1´(4) e
f2´(4), respectivamente.

117
UNIDADE 2 | DERIVADA

FIGURA 35 – GRÁFICO 3.1

7 A

B
3

0
-1 0 1 2 3 4 5 6

FONTE: O autor

Derivando implicitamente a equação x2 + y2 – 6x – 10y + 30 = 0, temos:

2x + 2yy´– 6 – 10 = 0

que é a expressão da derivada, tanto de f1 como de f2.

Logo, , .

Portanto, os coeficientes angulares das retas s e t são e ,


respectivamente.

118
TÓPICO 3 | DERIVADA DE FUNÇÕES IMPLÍCITAS E ALGUMAS APLICAÇÕES

3 DERIVADAS SUCESSIVAS (OU DE ORDEM SUPERIOR)

Seja f uma função derivável num subconjunto A do seu domínio. A função


f ’ : A → R é também chamada de derivada primeira ou de derivada de primeira ordem
de f.

Definição 2.3.1 Seja f uma função derivável. Se f´ também for derivável,


então a sua derivada é chamada derivada segunda de f e é representada por f´´(x)
(lê-se f-duas linhas de x) ou (lê-se derivada segunda de f em relação a x).

Exemplo 1:

Determine a segunda derivada da função f(x) = 4x3 – 7x2 + 5x – 6.

Resolução:

Se f(x) = 4x3 – 7x2 + 5x – 6, então:


f´(x) = 12x2 – 14x + 5
f´´(x) = 24x – 14

Seguindo o procedimento da definição 2.3.1 sucessivamente e supondo que


para algum n ∈ N esteja definida a função derivada de ordem n - 1 de f indicada
como f (n – 1), Chamamos as funções f´(x), f´´(x), f´´´(x) ... de derivadas sucessivas
de f.

Exemplo 2:

Seja a função f(x) = x4 + 3x2 – 1. Obtenha f´´(x), f´´(x), f´´´(x), f(IV)(x) e f(n)(x)
para n qualquer.

Resolução:

Sendo f(x) = x4 + 3x2 – 1, temos:


f´(x) = 4x3 + 6x
f´´(x) = 12x2 + 6
f´´´(x) = 24x
f(IV)(x) = 24

Repare que, a partir da derivada de quinta ordem, todas serão iguais a


zero, ou seja, .

Exemplo 3:

Determine a derivada de ordem n da função .

119
UNIDADE 2 | DERIVADA

Resolução:

Se , então

Exemplo 4:

Seja g(t) = sen t + cos t. Calcule a derivada de ordem 35 da função g.

Resolução:

Se g(t) = sen t + cos t, então:


g´(t) = cos t – sen t
g´´(t) = – sen t – cos t
g´´´(t) = – cos t + sen t
g(4) = sen t + cos t
g(5) = cos t – sen t

Note que g(4) = g. Consequentemente, g(5) = g´, g(6) = g´´ e assim por diante,
ou seja, as derivadas se repetem após quatro derivações. Para obter g(35)(t), basta
dividir 35 por 4 e tomar o resto da divisão, que é 3.

Logo, g(35)(t) = g´´´(t) = - cos t + sen t.

120
TÓPICO 3 | DERIVADA DE FUNÇÕES IMPLÍCITAS E ALGUMAS APLICAÇÕES

4 TAXA DE VARIAÇÃO

Quase sempre ouvimos falar que a taxa de desemprego variou x% de


um período para o outro. Assim como os índices de desemprego variam a uma
certa taxa, encontramos diversos problemas que envolvem uma taxa de variação,
por exemplo: um automóvel realiza um determinado percurso em certo tempo.
Sabemos que a velocidade do automóvel não é constante devido às curvas, tráfego
intenso, portanto, intuitivamente percebemos uma variação na velocidade do
automóvel. Em economia, quando queremos saber a variação dos lucros ou custos
de uma empresa. Na biologia, para calcular como varia a quantidade de bactérias
de uma colônia com o tempo. Na engenharia, como varia o comprimento de um
cano de metal conforme muda a temperatura.

Definição 2.3.2 (Taxa Média de Variação) A taxa média de variação de y =


f(x) em relação a x no intervalo [x0, x1] é

A taxa de variação média indica quanto, em média, variou a função por


unidade de variação no intervalo considerado.

Exemplo 1:

Suponha que no intervalo de sete anos, uma árvore cresceu de 30 cm para


121 cm. Calcule a taxa de variação média de crescimento desta árvore neste período
de tempo.

Resolução:

Para calcular a taxa de variação média utilizaremos a Definição 2.3.2. Assim,

Portanto, isso significa que a árvore cresceu 13 cm a cada ano, em média.

121
UNIDADE 2 | DERIVADA

UNI

∆y
___
Podemos reescrever o quociente definido acima como taxa média de
∆x

variação da seguinte forma onde foi substituído x1 por x0 + ∆x e x1


– x0 por ∆x.

Vamos definir o que se entende por taxa de variação de y em relação a x


quando y é uma função de x.

Definição 2.3.3 A derivada é a taxa instantânea


de variação ou, simplesmente, taxa de variação de y em relação a x.

ATENCAO

Toda derivada pode ser interpretada como uma taxa de variação.

Exemplo 2:

Supondo que esteja caindo areia sobre uma base plana e horizontal a uma
razão de 12 m3 por hora e que o monte mantém sempre a forma de um cone cuja
geratriz forma um ângulo de 60° com a base. Calcule a velocidade com que a
altura do monte aumenta, no instante em que ela é de 6 metros.

Resolução:

Representando por h a altura do cone e por r o raio de sua base, o seu


volume é dado por .

122
TÓPICO 3 | DERIVADA DE FUNÇÕES IMPLÍCITAS E ALGUMAS APLICAÇÕES

FIGURA 36 – A ALTURA DO CONE E POR R O RAIO DE SUA BASE,

O SEU VOLUME É DADO POR

30º

60º

FONTE: O autor

Como temos , ou seja, .

Assim, o volume é uma função de h dada por .

Como a areia cai a uma razão de 12 m3/hora, a taxa de variação do volume


do cone de areia é .

A velocidade de aumento da altura que queremos determinar é a taxa de


dh
variação de h em relação ao tempo: ___ .
dt
Como o volume é uma função de h, e h é uma função de t, temos V(t) = (V
. h)(t)

Pela regra da cadeia temos, então, .

Como , temos:

Logo, , e a velocidade desejada é m/hora.

Exemplo 3:

Supondo que a massa de uma árvore destinada à produção de papel, aos

123
UNIDADE 2 | DERIVADA

dois anos, seja aproximadamente 40kg, aos quatro anos 128kg, e aos oito anos,
256kg. Então o polinômio p(t) = 12t2 – t3 fornece o valor aproximado da massa da
árvore em qualquer momento t entre dois e oito anos. Determine a taxa de variação
instantânea (aproximada) de sua massa, num instante t qualquer entre dois e oito
anos.

Resolução:

Sendo p(t) = 12t2 – t3 a função que representa a massa em função do tempo.

A taxa de variação desejada é então p´(t) = 24t – 3t2.

Assim, por exemplo, no momento em que a árvore completa quatro anos,


a taxa de variação da sua massa é aproximadamente 48 kg/ano, pois p´(4) = 48, e
quando completa seis anos esta taxa é aproximadamente 36 kg/ano, pois p´(6) = 36.

5 TAXAS RELACIONADAS
Em muitos problemas surgem uma ou mais variáveis que são funções de
uma outra variável, que geralmente é o tempo. Digamos, F depende de x e y
que, por sua vez, são ambas funções do tempo t. Ocorre que normalmente não
conhecemos a expressão destas funções de t.

As principais ferramentas usadas para resolver problemas que apresentam


estas características são: a regra da cadeia e a derivação implícita.

Lembre-se de que, se F é uma função derivável de x, e x é uma função


derivável de t, então a regra da cadeia diz que F é uma função derivável de t e
.

Nos problemas a seguir tentaremos encontrar a taxa segundo a qual


certa quantidade está variando em relação a outras, cujas taxas de variação são
conhecidas.

Exemplo 1:

Um balão esférico é enchido de modo que o seu volume aumenta à razão


de 2 cm3/s. Com que taxa aumenta o raio do balão no instante em que este mede
5 cm?

Resolução:

Enquanto o balão é enchido, seu volume V é uma função de raio R e o


raio é uma função do tempo t (a qual não conhecemos). Então V é também função
de t. Para resolver o problema, devemos escrever o(s) dado(s) e o que é pedido em
notação de derivadas.

124
TÓPICO 3 | DERIVADA DE FUNÇÕES IMPLÍCITAS E ALGUMAS APLICAÇÕES

dV dR
Dado: ___ = 2 cm³ /s; pede-se: ___ quando R = 5.
dt dt
dR
dV ___
___
Para estabelecer a relação entre dt e dt , devemos derivar V em relação
a t usando a regra da cadeia. Como V representa o volume de uma esfera de raio
R, temos: .

. Como , temos .

Pelo enunciado

Logo,

Para R = 5, temos .

Isto significa que o raio aumenta à taxa de cm/s quando ele vale 5 cm.

ATENCAO

Note que a taxa de variação do raio é inversamente proporcional ao quadrado do raio.

Exemplo 2:

Em uma serraria, a serragem cai formando um monte em forma de cone


circular reto a uma taxa de 0,25m3 por hora. A geratriz do cone faz um ângulo
de 45° com o solo, que é plano. Com que velocidade sobe o topo do monte no
momento em que este se encontra a quatro metros do solo?

Resolução:

Seja t o tempo, em horas, contado a partir do momento em que a serragem


começa a cair. Seja V o volume de serragem que caiu em t horas.
FIGURA 37 – 3.3

FONTE: O autor

125
UNIDADE 2 | DERIVADA

Sejam h e R a altura e o raio da base, respectivamente, do cone formado


pela serragem. Os dados do problema são:

e outro é ilustrado através da figura a seguir.

FIGURA 38 – 3.4

FONTE: O autor

dh
Pede-se: ___ quando h = 4 m. A relação entre as variáveis V, R e h é
dt
estabelecida pela fórmula do volume do cone . Mas é possível escrever
V como função de uma das variáveis: R ou h.

Observando a Figura 3.4, temos que: e como tg45º = 1, segue


que R = h.

Logo, .

Note que V é função de h e h é função de t. Conforme a regra da cadeia:


, ou seja, .

Para h = 4, temos .

Isto significa que no momento em que o topo do monte está a quatro metros
do solo, ele sobe com velocidade de .

126
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu que:

• Começamos vendo que é possível derivar uma função mesmo que a variável
dependente não esteja isolada, ou seja, que a função não apresente y = f(x) na
sua forma mais usual.

• Nas derivadas sucessivas, vimos que podemos derivar por várias vezes uma
função, desde que a função resultante seja também derivável.

• Resolvemos problemas envolvendo taxa de variação e taxas relacionadas, que


nada mais são do que derivadas de funções de uma ou mais variáveis.

127
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado. Lembre-se
das orientações dadas para o cálculo dos limites.

Nos exercícios 1 a 3, encontre a derivada da função definida implicitamente por


1) x 2 - y 2 = 1 - y 3
2) xe 2y - x 2 y 2 + x - 1 = 0
3) x 4 + 4x 3 y + y 4 = 1

Nos exercícios 4 a 6, encontre as derivadas sucessivas das funções a seguir:

4) f(x) = 2x3 – x2 + 5 obtenha a derivada de 2ª ordem


5) f(x) = 3x5 – 2x4 + 5x2 + 2x – 8 obtenha as derivadas de 3ª e 7ª ordem
6) f(x) = (3t – 2)3 obtenha a derivada de 2ª ordem.

7) Seja s(t) = 2t + 3t2 , para t > 0, a equação do movimento de uma partícula P,


com s em metros e t em segundos. Determine a velocidade e a aceleração
da partícula quando t = 5 segundos.

8) O IPC da economia é descrito pela função g(t) = – 0,2t3 + 3t2 + 100 (0 ≤ t ≤ 9)


onde t = 0 corresponde ao início em 1998. Calcule as derivadas de primeira
e segunda ordem da função IPC no tempo 6.

9) Uma certa espécie de tartaruga está ameaçada de extinção em virtude


de comerciantes estarem vendendo supercarregamentos de ovos como
afrodisíaco. Depois que várias medidas de preservação forem implementadas
espera-se que a população de tartarugas cresça de acordo com a regra

N(t) = 2t3 + 3t2 – 4t + 1000 (0 ≤ t ≤ 10)

onde N(t) denota o tamanho da população ao fim do ano t. Calcule N´´(2) e


N´´(8), interpretando os resultados.

10) Suponhamos que o óleo derramado através da ruptura de um navio-tanque


se espalhe em uma forma circular cujo raio cresce a uma taxa constante de 2
pés/s. Com que velocidade a área do derramamento está crescendo quando
seu raio for de 60 pés?

Assista ao vídeo de Assista ao vídeo de


resolução da questão 3 resolução da questão 7

Assista ao vídeo de
resolução da questão 10

128
UNIDADE 2
TÓPICO 4

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS


FUNÇÕES I

1 INTRODUÇÃO
O objetivo desse tópico é dar condições para usarmos a derivada como
ferramenta para descobrir rapidamente os aspectos mais importantes de uma
função e esboçar seu gráfico.

2 FUNÇÕES CRESCENTES E DECRESCENTES


Nesta seção discutiremos sobre os termos crescente, decrescente e constante,
que são usados para descrever o comportamento de uma função em um intervalo,
à medida que percorremos seu gráfico da esquerda para a direita.

Na figura a seguir mostramos dois gráficos de funções crescente e


decrescente.

FIGURA 39 – FUNÇÕES CRESCENTE E DECRESCENTE

x₁ x₂ x₁ x₂
FONTE: O autor

129
UNIDADE 2 | DERIVADA

Definição 2.4.1 Seja f(x) definida em um intervalo e sejam x1 e x2 pontos


deste intervalo.

(i) f é crescente no intervalo se f(x1) < f(x2) para x1 < x2 .


(ii) f é decrescente no intervalo se f(x1) > f(x2) para x1 < x2.
(iii) f é constante no intervalo se f(x1) = f(x2) para todos os pontos x1 e x2.

Teorema 2.4.1 Seja f(x) uma função contínua em um intervalo fechado [a,b]
e diferenciável no intervalo aberto (a,b).

(i) Se f´(x) > 0 para todo valor de x em (a,b), então f é crescente em [a,b].
(ii) Se f´(x) < 0 para todo valor de x em (a,b), então f é decrescente em [a,b].
(iii) Se f´(x) = 0 para todo valor de x em (a,b), então f é constante em [a,b].

Exemplo 1:

Encontre os intervalos nos quais f(x) = 2x3 – 9x2 + 2 é crescente e os intervalos


nos quais é decrescente.

Resolução:

A figura a seguir mostra o gráfico da função f que sugere que f seja


decrescente para 0 ≤ x ≤ 3 e crescente nos demais intervalos. Para confirmar o
que vimos no gráfico de f, vamos analisar o sinal das derivadas de f.

Seja f(x) = 2x3 – 9x2 + 2, então f´(x) = 6x2 – 18x. FIGURA 40 – GRÁFICO 4.2

Aplicando o Teorema 4.1.1 tem-se que

f´(x) > 0 se x < 0 pois f´(– 1) = 6(–1)2 – 18(–1) > 0


f´(x) < 0 se 0 < x < 3 pois f´(1) = 6(1)2 – 18(1) < 0
f´(x) > 0 se x > 3 pois f´(4) = 6(4)2 – 18(4) > 0

Logo, concluímos que:

f é crescente em (- ∞, 0] FONTE: O autor


f é decrescente em [0, 3]
f é crescente em [3, + ∞).

130
TÓPICO 4 | ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS FUNÇÕES I

3 MÁXIMOS E MÍNIMOS
A figura a seguir nos mostra o gráfico de uma função y = f(x), onde
assinalamos pontos de abscissas x1 , x2 , x3 e x4 .

FIGURA 41 – GRÁFICO 4.3

FONTE: O autor

Esses pontos são chamados pontos extremos da função. f(x1) e f(x3) são
chamados máximos relativos e f(x2), f(x4) são chamados mínimos relativos.

Definição 2.4.2 Dizemos que uma função f tem um máximo relativo em


x0 se houver um intervalo aberto contendo x0 no qual f(x0) é o maior valor, isto é,
f(x0) ≥ f(x) para todo x no intervalo.

Definição 2.4.3 Dizemos que uma função f tem um mínimo relativo em x0


se houver um intervalo aberto contendo x0 no qual f(x0) é o menor valor, isto é,
f(x0) ≤ f(x) para todo x no intervalo.

Teorema 2.4.2 Suponha que f seja definida em um intervalo aberto


contendo o ponto x0. Se f tem um extremo relativo em x = x0, então x = x0 é um
ponto crítico de f, assim, ou f´(x0) = 0 ou f não é diferenciável em x0.

Exemplo 1:

Encontre todos os pontos críticos de f(x) = x4 + 4x3.

Resolução:

A função f, por ser polinomial, é diferenciável em todo o domínio.

Para encontrarmos os pontos críticos devemos resolver a equação f´(x) =


0. Então,

131
UNIDADE 2 | DERIVADA

f´(x) = 4x3 + 12x2 = 0


4x2 (x + 3) = 0.
Logo, x = – 3 e x = 0 são pontos críticos de f.

Exemplo 2:

Encontre os pontos extremos relativos de f(x) = x4 – 4x3 + 4x2.

Resolução:

A função f, por ser polinomial, é diferenciável em todo o domínio.

Para encontrarmos os pontos críticos devemos resolver a equação f´(x) =


0. Então
f´(x) = 4x3 – 12x2 + 8x = 0
4x(x2 – 3x + 2) = 0.

Logo, x = 0, x = 1 e x = 2 são pontos críticos de f.

A partir dos três valores obtidos acima, ficam determinados quatro


intervalos: x < 0, 0 < x < 1, 1 < x < 2 e x > 2 dos quais analisaremos o comportamento
para concluirmos que extremos são estes.

Observação: Para preencher a segunda e terceira colunas da tabela a seguir


temos que definir o sinal das derivadas nos intervalos. A fim de facilitar os cálculos,
escrevemos f´(x) = 4x3 – 12x2 + 8x de maneira decomposta f´(x) = x(x – 1)(x – 2) e
aí, em cada intervalo escolhe-se um valor para x. Por exemplo, para x < 0 tome x
= – 1 e aí o cálculo f´(–1) = (–1)(–1–1)( –1–2) = (–1)(–2)(–3) fica facilitado.

Intervalo x(x-1) (x-2) f'(x) Conclusão


x<0 (-)(-)(-) - f é decrescente
x=0 0 0 f tem um mínimo relativo em (0,0)
0<x<1 (+)(-)(-) + f é crescente
x=1 0 0 f tem um máximo relativo em (1,1)
1<x<2 (+)(+)(-) - f é decrescente
x=2 0 0 f tem um mínimo relativo em (2,0)
x>2 (+)(+)(+) + f é crescente

132
TÓPICO 4 | ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS FUNÇÕES I

4 CONCAVIDADE
Na figura a seguir observamos que, dado um ponto qualquer c entre a e b,
em pontos próximos de c, o gráfico de f está acima da tangente à curva no ponto
P(c, f(c)). Dizemos que a curva tem concavidade voltada para cima no intervalo
(a,b).
FIGURA – 42 GRÁFICO 4.4 (a)

FONTE: O autor

Da mesma forma, a figura a seguir descreve uma função que tem


concavidade voltada para baixo no intervalo (a, b).

GRÁFICO 43 – FUNÇÃO 4.5

FONTE: O autor

Definição 2.4.4 Se f é diferenciável em um intervalo aberto, então dizemos


que f tem concavidade voltada para cima no intervalo aberto se f´(x) é crescente
neste intervalo.

133
UNIDADE 2 | DERIVADA

Definição 2.4.5 Se f é diferenciável em um intervalo aberto, então dizemos


que f tem concavidade voltada para baixo no intervalo aberto se f´(x) é decrescente
neste intervalo.

Teorema 2.4.3 Seja f duas vezes diferenciável em um intervalo aberto (a,b).

(i) Se f´´(x) > 0 para todo valor de x em (a,b), então f tem concavidade voltada
para cima em (a,b).
(ii) Se f´´(x) < 0 para todo valor de x em (a,b), então f tem concavidade voltada
para baixo em (a,b).

Exemplo 1:

Identifique o comportamento da concavidade da função f(x) = x3 – 3x2 +


4x – 12 nos intervalos (- ∞, 1) e (1, + ∞).

Resolução:

Calculando as derivadas de primeira e segunda ordem de f, obtemos

f´(x) = 3x2 – 6x + 4
f´´(x) = 6x – 6.

Pelo Teorema 2.4.3, devemos fazer a análise do sinal da segunda derivada.

Escolhemos um valor de x no intervalo (- ∞, 1), por exemplo, x = – 1 para


obtermos a concavidade deste intervalo. Assim,

f´´(–1) = 6(–1) – 6 = – 12 < 0 então f tem a concavidade voltada para baixo.

E escolhemos um valor de x no intervalo (1, + ∞), por exemplo, x = 4, para


obtermos a concavidade deste intervalo. Assim,

f´´(4) = 6(4) – 6 = 18 > 0 então f tem a concavidade voltada para cima.

Portanto, f tem a concavidade voltada para baixo em (- ∞, 1) e a concavidade


voltada para cima em (1, + ∞).

5 PONTOS DE INFLEXÃO
Vimos no Exemplo 1 acima que a concavidade da função f(x) = x3 – 3x2 +
4x - 12 que é inicialmente côncava para baixo muda para côncava para cima em
x = 1. Os pontos em que uma curva muda a concavidade são chamados de pontos
de inflexão.

134
TÓPICO 4 | ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS FUNÇÕES I

Definição 2.4.6 Se f é contínua em um intervalo aberto contendo o ponto


x0 e muda de concavidade no ponto (x0,f(x0)), então dizemos que o ponto x0 do
domínio, ou o ponto (x0,f(x0)) do gráfico, é um ponto de inflexão de f (figura a
seguir).
FIGURA 44 – GRÁFICO 4.6

FONTE: O autor

Exemplo 1:

Determinar as coordenadas do ponto de inflexão da função f(x) = x4 – 2x3 +


1 e analise a concavidade da função nos intervalos (- ∞, 1), (0, 1) e (1, + ∞).

Resolução:

Calculando as derivadas de primeira e segunda ordem de f, obtemos:

f´(x) = 4x3 – 6x2


f´´(x) = 12x2 – 12x

A análise de sinais da segunda derivada é mostrada na tabela a seguir.

Intervalo f''(x) = 12x² - 12x Conclusão

f tem concavidade voltada para cima em


x<0 +
(-∞, 0)

f tem concavidade voltada para baixo


0<x<1 -
em (0, 1)

f tem concavidade voltada para cima em


x>1 +
(1, + ∞)

135
UNIDADE 2 | DERIVADA

Pelas conclusões obtidas na tabela anterior, há dois pontos de inflexão: em


x = 0 e x = 1, pois f muda a concavidade nestes pontos.

Os pontos de inflexão são (0,f(0)) = (0,1) e (1,f(1)) = (1,0).

Estas conclusões podem ser observadas no gráfico de f (figura a seguir).

FIGURA 45 – GRÁFICO 4.7

-1 1 2 3

-1
FONTE: O autor

136
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico estudamos formas de definir função crescente ou decrescente,
pontos de máximo ou mínimo, definir quanto à concavidade das funções e
também pontos de inflexão. A seguir é apresentado um quadro-resumo destes
itens.

Sinal de f' e f'' Propriedades do gráfico f Forma geral do gráfico

f'(x) > 0 f crescente


f''(x) > 0 f côncava para cima

f'(x) > 0 f crescente


f''(x) < 0 f côncava para baixo

f'(x) < 0 f decrescente


f''(x) > 0 f côncava para cima

f'(x) < 0 f decrescente


f''(x) < 0 f côncava para baixo

137
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado.


Lembre-se das orientações dadas para o cálculo dos limites.

Nos exercícios de 1 a 3, identifique o comportamento das funções em


crescente e decrescente nos intervalos indicados.

1) f(x) = 2x3 – 12x2 + 18x – 2 em (- ∞, 1] e [2,3]


2) f(x) = x3 – 8 em [– 3,5]
3) f(x) = x2 – x + 5 em [– 3,0] e [2,6]

Nos exercícios de 4 a 6, identifique o comportamento das funções


quanto à concavidade nos intervalos indicados.

4) f(x) = x3 – 6x2 + 9x + 1 em (– 5,1) e (2, + ∞)


5) f(x) = 3x4 – 2x3 – 12x2 + 18x + 15 em (- ∞, - 2), e (4, + ∞)

6) em (- ∞, - 1) e (0,7)

Nos exercícios de 7 e 8, encontre os extremos relativos e os pontos de


inflexão das funções a seguir.

7)

8)

138
UNIDADE 2
TÓPICO 5

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
DAS FUNÇÕES II

1 INTRODUÇÃO
Dada uma curva y = f(x), usaremos a derivada para obter alguns dados
acerca da curva. Nesta seção discutiremos critérios para o uso de derivadas e as
retas assíntotas que auxiliaram nestes procedimentos.

Esses dados nos levam a um método geral para construir esboços de


gráficos de funções.

2 TESTE DA DERIVADA PRIMEIRA

Teorema 2.5.1 (Teste da derivada primeira) Suponha f contínua em um


ponto crítico x0.

(i) Se f´(x) > 0 em um intervalo aberto imediatamente à esquerda de x0 e f´(x) < 0


em um intervalo aberto imediatamente à direita de x0, então f tem um máximo
relativo em x0.

(ii) Se f´(x) < 0 em um intervalo aberto imediatamente à esquerda de x0 e f´(x) > 0


em um intervalo aberto imediatamente à direita de x0, então f tem um mínimo
relativo em x0.

(iii) Se f´(x) tiver o mesmo sinal tanto em um intervalo aberto imediatamente à


esquerda de x0 quanto em um intervalo aberto imediatamente à direita de x0,
então f não tem um extremo relativo em x0.

139
UNIDADE 2 | DERIVADA

FIGURA 46 – OS GRÁFICOS ILUSTRAM AS DIVERSAS POSSIBILIDADES DO


TEOREMA 5.1.1

FONTE: O autor

Exemplo 1:

Encontre os extremos relativos de f(x) = x3 + 2x2 – 4x + 2.

Resolução:

Para encontrarmos os pontos críticos devemos resolver a equação f´(x) = 0.


Então

f´(x) = 3x2 + 4x – 4 = 0
(x + 2)(3x – 2) = 0

Assim, x = – 2 e são pontos críticos de f.

Como mostramos na tabela a seguir, podemos concluir pelo teste da


derivada primeira que f tem um máximo relativo em x = – 2 e um mínimo relativo
em .

Intervalo (x + 2)(3x - 2) f' (x) Conclusão


x ≤ -2 (-)(-) + f é crescente
x = -2 0 0 f tem um máximo relativo em (-2, 10)

(+)(-) - f é decrescente
f tem um mínimo relativo em
0 0

(+)(+) + f é crescente

Para definir os sinais na segunda e terceira coluna foram utilizados valores


para x de acordo com seus respectivos intervalos. No intervalo x ≤ – 2, tome x
= – 4 e calculamos:

f(– 4) = (– 4 + 2[3(– 8) – 2] = (– 2)(– 22) = 44 > 0


140
TÓPICO 5 | ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS FUNÇÕES II

3 TESTE DA DERIVADA SEGUNDA


Teorema 2.5.2 (Teste da derivada segunda). Suponha que f seja duas vezes
diferenciável em um ponto crítico x0.

(i) Se f´( x0) = 0 e f´´( x0) > 0, então f tem um mínimo relativo em x0.

(ii) Se f´( x0) = 0 e f´´( x0) < 0, então f tem um máximo relativo em x0.

(iii) Se f´( x0) = 0 e f´´( x0) = 0, então o teste é inconclusivo, isto é, f pode ter um
máximo ou mínimo relativo ou nenhum dos dois em x0.

Exemplo 1:

Encontre os máximos e os mínimos relativos de


aplicando o critério da derivada segunda.

Resolução:

Para encontrarmos os pontos críticos devemos resolver a equação f´(x) =


0. Então

f´(x) = x4 – 5x2 + 4 = 0
(x2 – 1)(x2 – 4) = 0
(x + 1)(x – 1)(x + 2)(x – 2) = 0
Assim, x = ± 1 e x = ± 2 são pontos críticos de f.

Aplicamos o Teorema 2.5.2 para verificar se f tem um extremo relativo


nestes pontos críticos. Temos f´´(x) = 4x3 – 10x.

Como f´´(-2) = 4(-2)3 – 10(-2) = – 12 < 0, f tem um máximo relativo em x = – 2.


Como f´´(-1) = 4(-1)3 – 10(-1) = 6 > 0, f tem um mínimo relativo em x = x = – 1.
Como f´´(1) = 4(1)3 – 10(1) = – 6 < 0, f tem um máximo relativo em x = 1.
Como f´´(2) = 4(2)3 – 10(2) = 12 > 0, f tem um mínimo relativo em x = 2.

No gráfico da função (figura a seguir) podemos observar os pontos


extremos da função.

141
UNIDADE 2 | DERIVADA

FIGURA 47 – GRÁFICO DA FUNÇÃO 5.2


6

-3 -2 -1 1 2 3
-1
-2

-3

-4

-5

-6
FONTE: O autor

4 ASSÍNTOTAS HORIZONTAIS E VERTICAIS

Considere uma função do tipo . O gráfico de uma função desta


se aproxima de uma reta à medida que x cresce ou decresce (ver figura a seguir).
Estas retas são chamadas assíntotas.

FIGURA 48 – GRÁFICO 5.3

FONTE: O autor

Definição 2.5.1 A reta x = a é uma assíntota vertical do gráfico de y = f(x),


se pelo menos uma das seguintes afirmações for verdadeira:

142
TÓPICO 5 | ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS FUNÇÕES II

(i)

(ii)

(iii)

(iv)

Exemplo 1:

Verifique que a reta x = –1 é uma assíntota vertical do gráfico de .

Resolução:

Para verificar esta assíntota, aplicamos a Definição 2.5.1. Assim,


e também .

Portanto, está verificado que a reta x = –1 é uma assíntota vertical do gráfico


de .

Definição 2.5.2 A reta y = b é uma assíntota horizontal do gráfico da função


y = f(x), se pelo menos uma das seguintes afirmações for verdadeira:

(i)

(ii)

Exemplo 2:

Determinar as assíntotas horizontais e verticais do gráfico da função


.

Resolução:

Para encontrar uma assíntota vertical aplicamos a Definição 2.5.1. Assim

, implicando na reta x = 1 em uma assíntota

vertical e , implicando na reta x = 2 em uma


assíntota vertical.

143
UNIDADE 2 | DERIVADA

E agora, para encontrar uma assíntota horizontal, aplicamos a Definição


5.3.2. Assim , implicando na reta y = 0 em uma
assíntota horizontal.

5 ESBOÇO DO GRÁFICO
Nosso objetivo nesta seção não é fazer gráficos milimetricamente exatos,
plotando inúmeros pontos, mas sim aplicarmos os critérios estudados nas
seções anteriores para determinar os extremos de uma função, os intervalos de
crescimento e decrescimento, os intervalos de concavidade, os pontos de inflexão e
outros elementos que constituem ferramentas importantes que auxiliam no esboço
do gráfico, como veremos nos exemplos a seguir.

A figura a seguir apresenta alguns pontos de destaque no gráfico de


funções.

FIGURA 49 – MOSTRA OS PONTOS EXTREMOS DE UMA FUNÇÃO

FONTE: O autor

Exemplo 1:

Esboce a curva da função f(x) = – x3 + 6x2 – 9x + 3.

Resolução:

Vamos fazer um estudo detalhado sobre o que foi estudado.

Iniciamos com o estudo do domínio da função. Como f é uma função


polinomial, seu domínio é o conjunto dos reais D(f) = IR.

O intercepto y (ponto de interseção da curva com o eixo (y) é 3, ou seja,


(0, 3).

144
TÓPICO 5 | ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS FUNÇÕES II

f ’ (x) = - 3x² + 12x – 9


f ’’ (x) = - 6x + 12.

Aplicando o Teorema 2.5.2 e equacionando f ’ (x) = 0, temos:

-3(x² - 4x + 3) = 0
-3(x – 1)(x – 3) = 0
obtendo-se x = 1 e x = 3.

Fazendo f ’’ (x) = 0, temos - 6x + 12 = 0, e daí x = 2.

Faremos uma tabela com base nestes três valores: x = 1, x = 2, x = 3 bem


como nos intervalos entre esses valores. Aplicaremos os vários teoremas vistos
para tirar as conclusões na tabela.

Intervalo f'(x) f''(x) Conclusão


x<1 - + f é decrescente e o gráfico é côncavo para cima
x-1 0 + f tem um mínimo relativo em (1, -1)
1<x<2 + + f é crescente e o gráfico é côncavo para cima
x-2 0 0 f tem um ponto de inflexão em (2, 1)
2<x<3 + - f é crescente e o gráfico é côncavo para baixo
x=3 0 - f tem um máximo relativo em (3, 3)
x>3 - - f é decrescente e o gráfico é côncavo para baixo

Como f é uma função polinomial, não existem assíntotas.

Logo, temos na figura a seguir o esboço do gráfico.

FIGURA 50 – GRÁFICO 5.5


y
6
5

2
1

-1 1 2 3 4 5
-1
-2

-3
FONTE: O autor

145
UNIDADE 2 | DERIVADA

Exemplo 2:

Esboce a curva da função .

Resolução:

Iniciamos com o estudo do domínio da função f.

Esta é uma função racional e seu denominador é um polinômio que é


positivo para qualquer valor de x. Assim, o domínio é o conjunto dos reais D(f) =
IR.
O fato da função ser formada por expressões em x dadas por x² sugere que
o gráfico seja simétrico em relação ao eixo y, situação que é confirmada, fazendo f
(-x) = f (x), ∀ x.

Aplicando o Teorema 2.5.2 e equacionando f ’ (x) = 0, temos x = 0 como


ponto crítico, e fazendo f ’’ (x) = 0, temos .
Faremos uma tabela com base nestes três valores: ,x = 0, .
Aplicaremos vários teoremas para tirar as conclusões na tabela.

Intervalo f'(x) f''(x) Conclusão

- - f é decrescente e o gráfico é côncavo para baixo

0 0
f tem um ponto de inflexão em

- + f é decrescente e o gráfico é côncavo para cima

x=0 0 + f tem um mínimo relativo em (0, 0)

+ + f é crescente e o gráfico é côncavo para cima

0 0
f tem um ponto de inflexão em

+ - f é crescente e o gráfico é côncavo para baixo

146
TÓPICO 5 | ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS FUNÇÕES II

Como o domínio são todos os reais, não existem assíntotas verticais.

Por outro lado, como , segue que y = 1 é uma assíntota


horizontal do gráfico.

Assim, com todas estas informações, traçamos o gráfico da função (figura


a seguir).

FIGURA 51 – GRÁFICO DA FUNÇÃO 5.6

FONTE: O autor

Exemplo 3:

Esboce a curva da função .

Resolução:

O domínio da função é D(f) = IR, pois f é uma função polinomial.

O intercepto y é -1, ou seja, (0, -1).

f ’(x) = 4x³ - 6x² + 2


f ’’(x) = 12x² - 12x

Aplicando o Teorema 2.4.2 e equacionando f’(x) = 0, temos e x=1


pontos críticos fazendo agora f ’’(x) = 0, temos x = 0 e x = 1.

Faremos uma tabela com base nestes três valores: , x = 0 e x = 1.


Aplicaremos vários teoremas para tirar as conclusões na tabela.

147
UNIDADE 2 | DERIVADA

Intervalo f'(x) f''(x) Conclusão


f é decrescente e o gráfico tem concavidade
- +
voltada para cima

0 + f tem um mínimo relativo em

f é crescente e o gráfico tem concavidade voltada


+ +
para cima

x=0 0 0 f tem um ponto de inflexão em (0, -1)


f é crescente e o gráfico tem concavidade voltada
0<x<1 + -
para baixo

x=1 0 0 f tem um ponto de inflexão em (1, 0)

f é crescente e o gráfico tem concavidade voltada


x>1 + +
para cima

As assíntotas não existem, pois f é uma função polinomial.

Logo, temos na figura a seguir o esboço do gráfico.

FIGURA 52 – GRÁFICO 5.7

FONTE: O autor

148
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico vimos testes envolvendo as derivadas assíntotas e o esboço
do gráfico.

• Os testes da primeira e segunda derivada são usados para classificar os pontos


críticos de f em máximo relativo ou mínimo relativo.

• Ainda vimos que uma função pode ter assíntotas horizontais e/ou verticais e,
para isto, calculamos os limites infinitos e no infinito, já estudados no Tópico 3
da Unidade 1.

• O esboço do gráfico reúne tudo o que estudamos nestes dois últimos tópicos.

149
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado. Lembre-se
das orientações dadas para o cálculo dos limites.

Nos exercícios 1 e 2, identifique os pontos extremos das funções.

1)

2)

Nos exercícios 3 e 4, dê as equações das assíntotas verticais e horizontais das


funções.

3)

4)

Nos exercícios de 5 a 7, esboce o gráfico das funções.

5)

6)

7)

150
UNIDADE 2
TÓPICO 6

APLICAÇÕES DA DERIVADA

1 INTRODUÇÃO
Nesta seção vamos discutir um resultado chamado Teorema do Valor Médio.
Enunciado pela primeira vez pelo matemático francês Joseph-Louis Lagrange
(1736-1813), este teorema tem muitas consequências importantes, tanto que é
considerado um dos grandes princípios do Cálculo. Para entendê-lo melhor,
precisamos primeiro enunciar o seguinte teorema.

2 TEOREMAS

2.1 TEOREMA DE ROLLE


Teorema 2.6.1 Seja f uma função definida e contínua em [a, b] e derivável
em (a, b). Se f(a) = f(b) = 0, então existe pelo menos um ponto c entre a e b tal
que f’(c) = 0.

NOTA

O Teorema de Rolle tem uma interpretação geométrica simples. Como já foi


estudado no Tópico 1 desta unidade, a derivada de uma função num ponto x0 é igual ao
coeficiente angular da reta tangente ao gráfico da função no ponto (x0, f(x0)). Se f'(x0) = 0, isso
significa que a reta tangente no ponto (x0, f(x0)) é paralela ao eixo x.

O Teorema 2.6.1. (de Rolle) diz que uma curva derivável tem ao menos uma
tangente horizontal entre dois pontos quaisquer onde a curva intercepta o eixo x.
Em particular, na figura a seguir, essa curva tem três retas horizontais.

151
UNIDADE 2 | DERIVADA

FIGURA 53 - CURVA TEM TRÊS RETAS HORIZONTAIS

FONTE: O autor

TURO S
ESTUDOS FU

O matemático francês Michel Rolle (1652-1719) foi um autodidata em Matemática.


Em 1691, apresentou o teorema que leva seu nome. Para complementar a leitura sobre este
matemático, sugerimos a leitura em ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. v 1. Porto
Alegre: Bookman, 2007, p. 329.

2.2 TEOREMA DO VALOR MÉDIO


Teorema 2.6.2 Seja f uma função contínua em [a, b] e derivável em
(a, b). Então existe pelo menos um número real c no intervalo (a, b) tal que
.

O Teorema 2.6.2 (Teorema do Valor Médio – TVM) afirma que existe pelo
menos um ponto onde a tangente à curva é paralela à corda que une os
pontos P(a, f(a)) e Q(b, f(b)), conforme a figura a seguir.

FIGURA 54 – TANGENTE PARALELA À CORDA

FONTE: O autor

152
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DA DERIVADA

O Teorema do Valor Médio tem uma interpretação física que é a seguinte:


quando x = f(t) é a curva posição em relação ao tempo para um carro movendo-se
ao longo de uma estrada reta, é a velocidade média do carro no intervalo

de tempo a ≤ t ≤ b, enquanto que f’(c) é a velocidade instantânea em t = c. Assim,


o Teorema do Valor Médio estabelece que, pelo menos uma vez durante o intervalo
de tempo, a velocidade instantânea será igual à velocidade média. Por exemplo, se
a velocidade média de um automóvel em um dado percurso for de 95 km/h, então,
em algum momento, o velocímetro marcou 95 km/h.

Exemplo 1:

Determinar o ponto c através do Teorema do Valor Médio, para o caso de


f(x) = x² + 5x, com 1 ≤ x ≤ 3.

Resolução:

Temos a = 1 e b = 3.
F(a) = f(1) = 1 + 5 =6 f(b) = f(3) = 9 + 15 =24
f’(x) = 2x + 5 f’(c) = 2c + 5

, então

2c + 5 = 9

Portanto, c = 2.

Exemplo 2:

Um automóvel percorre 4 km de uma estrada reta em 5 minutos. Prove


que o velocímetro mostra, pelo menos uma vez durante o percurso, exatamente
48 km/h.

Resolução:

O automóvel percorreu 4 km em 5 minutos . Vamos calcular a sua


velocidade média.

153
UNIDADE 2 | DERIVADA

Vm = km/h.

O Teorema do Valor Médio garante que, pelo menos uma vez ao longo dos
4 km, o automóvel esteve a 48 km/h.

3 PROBLEMAS DE MAXIMIZAÇÃO E MINIMIZAÇÃO


Para resolver problemas que envolvem máximos ou mínimos, vamos ter
que lidar com mais de uma variável, e o primeiro passo será identificar qual destas
variáveis deve ser maximizada ou minimizada. Tal variável deverá ser expressa
como função de uma única variável independente para que possamos aplicar o
que estudamos sobre máximos e mínimos.

O procedimento descrito acima é chamado de otimização. Otimizar alguma


coisa significa maximizar ou minimizar alguns de seus aspectos.

Exemplo 1:

Deseja-se construir uma caixa de forma retangular. A caixa que será


construída tem 80 cm de perímetro. Calcule as dimensões dessa caixa para que ela
tenha a maior área possível.

Resolução:

Vamos definir as variáveis do problema.


x: comprimento do retângulo (cm)
y: largura do retângulo (cm)
A: área do retângulo (cm2) y
Assim, a área do retângulo é dada por A = x·y.
Como o perímetro do retângulo é de 80 cm, temos x
2x + 2y = 80 ⇒ y = 40 - x.
Fazendo substituição nas sentenças da área com a do perímetro, obtemos:
A(x) = x(40 – x)
A(x) = 40x – x².

Como representa um comprimento, x não pode ser negativo como com o


perímetro de 80 cm, segue que 0 ≤ x ≤ 40.

Para encontrar a área máxima temos que encontrar o ponto de máximo


relativo da função área. Para isso temos que fazer: A’ = 0 e ter A’’(x) < 0.
A’(x) = 40 – 2x
40 – 2x = 0
X = 20.
A’’(x) = -2. Assim,
A’’(20) = -2.
154
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DA DERIVADA

Então, a partir de x = 20, encontamos o valor de y (largura) substituindo


em y = 40 - x. Daí, y = 20.

Portanto, para que a caixa tenha área máxima, devemos ter x = 20 e y = 20.
Resulta um quadrado, é um caso particular do retângulo.

Apresentamos agora, de acordo com Finney, Weir e Giordano (2002, p.


275), uma estratégia para facilitar a resolução dos problemas.

Estratégia para Resolver Problemas de Máximo e Mínimo

Passo 1 Compreendendo o Problema. Leia o problema atentamente.


Identifique as informações necessárias para resolvê-lo. O que é
desconhecido? O que é dado? O que é pedido?
Passo 2 Desenvolva um Modelo Matemático para o Problema. Desenhe
figuras e indique as partes que são importantes para o problema.
Introduza uma variável para representar a quantidade a ser maximizada
ou minimizada. Utilizando essa variável, escreva uma função cujo valor
extremo forneça a informação pedida.
Passo 3 Determine o Domínio da Função. Determine quais valores da
variável têm sentido no problema. Se possível, esboce o gráfico da
função.
Passo 4 Identifique os Pontos Críticos e as Extremidades. Determine onde a
derivada é zero ou não existe. Utilize aquilo que você sabe sobre a forma
do gráfico de uma função e sobre a física do problema. Use a primeira e
a segunda derivada para identificar e classificar os pontos críticos (onde
f' = 0 ou não existe).
Passo 5 Resolva o Modelo Matemático. Se não estiver seguro sobre o
resultado, utilize outro método para embasar ou confirmar sua solução.
Passo 6 Interprete a Solução. Traduza seu resultado matemático de volta
para a linguagem original do problema e decida se o resultado tem
sentido ou não.

Exemplo 2:

Um fabricante de latas cilíndricas de conservas recebe um pedido muito


grande de latas com volume de 600 ml. Quais as dimensões que minimizarão a
área total da superfície de uma lata como esta e, portanto, a quantidade de metal
necessário para fabricá-la?

Resolução:

Vamos resolver este problema identificando os passos da estratégia


sugerida acima.
Passo 1 - Compreendendo o Problema.

Sendo r e h o raio da base e a altura de uma lata cilíndrica (figura a


seguir), seu volume é

e a área da superfície total é .


155
UNIDADE 2 | DERIVADA

FIGURA 55 – O RAIO DA BASE E A ALTURA DE UMA LATA


CILÍNDRICA

FONTE: O autor

Interpretemos a sentença: “quais as dimensões que minimizarão a área


total da superfície”. Procuramos as dimensões r e h que permitem que a área da
superfície total seja a menor possível e, ainda assim, satisfaça a exigência de que o
volume seja de 600 ml.

Passo 2 - Desenvolva um Modelo Matemático para o Problema.


Devemos minimizar A, que é uma função de duas variáveis, notando que a
equação do volume relaciona essas variáveis. Logo, isolamos a altura h, obtendo:

e substituímos na fórmula da área total para expressar A como função só


de r,

A(r) =

A(r)

Passo 3 - Determine o Domínio da Função.

O gráfico dessa função (figura a seguir) mostra que A é grande quando r


é pequeno ou grande, com um mínimo em algum ponto intermediário, sendo r >
0.

156
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DA DERIVADA

FIGURA 56 – GRÁFICO DA FUNÇÃO 6.4

dA
=0
dr

r=?
FONTE: O autor

Passo 4 - Identifique os Pontos Críticos e as Extremidades.


Como sabemos, para descobrir a localização precisa desse mínimo,
derivamos a função da área, igualamos a derivada a zero e resolvemos,

Passo 5 - Resolva o Modelo Matemático.


As dimensões reais da lata em questão podem ser obtidas ao resolvermos
a última equação. Assim,

ou

Utilizemos esse valor para calcular h:

157
UNIDADE 2 | DERIVADA

ou .

Note que h = 2r.

Passo 6 - Interprete a Solução.


Do ponto de vista de diminuir os custos da matéria-prima, esse resultado
revela que para uma lata cilíndrica de 600 ml, a altura deve ser igual ao diâmetro
da base, com r ≅ 4,57 cm e r ≅ 9,14 cm.

Exemplo 3:

Considere a função custo total f(x) = 20 + 2x + 0,05x², onde f(x) denota o


custo total e x a quantidade produzida. Quantas unidades deverão ser fabricadas
para que o custo médio seja o menor possível?

Resolução:
O custo médio é calculado por .
Para encontrar o menor custo médio possível, temos que encontrar o ponto
de mínimo relativo da função custo médio

Cᵐ (X) =

Cᵐ (X) =

O domínio da função custo médio é x > 0, já que x representa a quantidade


produzida.

Temos que derivar f mas, antes, vamos reescrever a função, de uma


maneira apropriada para facilitar a derivação

ou
ou

Para isso temos que fazer c'ᵐ (x) = 0 e ter c''ᵐ (x) > 0

x² = 400

x = –20 ou x = 20.

158
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DA DERIVADA

Pelo domínio, o único valor a ser combinado é x = 20. Verificamos se

(então 20 é ponto de mínimo relativo, pois )

Portanto, devem ser fabricadas 20 unidades para que o custo médio seja o
menor possível.

4 REGRAS DE L’HOSPITAL
Estudaremos algumas regras para o cálculo de limites indeterminados. Estas
regras baseiam-se no cálculo da derivada e são chamadas de regras de L’hospital,
em homenagem ao matemático francês Guillaume François de L’Hospital (1661-
1707).

Teorema 2.6.3 (Regra de L’Hospital para a indeterminação 0/0) Sejam f e


g funções deriváveis em todos os pontos de um intervalo aberto que contenha x =
a, exceto, possivelmente, em x = a, e que:

se existe , com g'(x) ≠ 0 para x ≠ a, ou se esse limite é ou ,


então:

TURO S
ESTUDOS FU

Caro(a) acadêmico(a), talvez você já tenha consultado algum material de Cálculo


e observou esta regra com “outro” nome: L’Hôpital. Isto é uma curiosidade, se consultar
diversos autores, alguns apresentam L’Hospital enquanto que outros L’Hôpital. Sugiro que
pesquise um pouco mais sobre este matemático francês e sobre esta curiosidade em seu
nome.

159
UNIDADE 2 | DERIVADA

Exemplo 1:
Calcule .

Resolução:

O numerador e o denominador têm um limite zero. Portanto, o limite é


uma forma indeterminada do tipo 0/0. Aplicando o Teorema 2.6.3, obtemos:

Exemplo 2:
Calcule .

Resolução:

O numerador e o denominador têm um limite zero. Portanto, o limite é


uma forma indeterminada do tipo 0/0. Aplicando o Teorema 2.6.3, obtemos:

Exemplo 3:

Calcule .

Resolução:

A indeterminação deste limite é do tipo . Vamos transformá-la numa


indeterminação do tipo 0/0 com o auxílio de logaritmos (ln).

Seja . Então daí

Agora, o limite está pronto para aplicarmos o Teorema 2.6.3:

160
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DA DERIVADA

Como ln L = 1, temos L = e e assim,

Teorema 2.6.4 (Regra de L’Hospital para a indeterminação ) Sejam f e


g funções deriváveis em todos os pontos de um intervalo aberto que contenha x =
a, exceto, possivelmente, em x = a, e que

se existe , com para x ≠ a, ou se esse limite é ou ,


então:

Exemplo 4:

Calcule .

Resolução:

O numerador e o denominador têm um limite . Portanto, o limite é uma


forma indeterminada do tipo . Aplicando o Teorema 2.6.4, obtemos:

Exemplo 5:

Calcule .

Resolução:

O numerador e o denominador têm um limite . Portanto, o limite é uma


forma indeterminada do tipo . Aplicando o Teorema 2.6.4, obtemos:

Calculando o limite acima, a ideterminação do tipo continua, aplicamos


novamente a regra de L’Hospital:

161
UNIDADE 2 | DERIVADA

Exemplo 6:

Calcule .

Resolução:

Os dois termos têm limite . Portanto, o limite é uma forma indeterminada


do tipo . Vamos transformá-la numa indeterminação do tipo 0/0 fazendo

Agora, o limite está pronto para aplicarmos o Teorema 2.6.3:

Calculando o limite acima, a ideterminação do tipo 0/0 continua, aplicamos


novamente a regra de L’Hospital

LEITURA COMPLEMENTAR

2.1 O QUE É CÁLCULO? O PROBLEMA DAS TANGENTES

Começamos nosso estudo de CáIculo com uma breve apreciação sobre seu
conteúdo e as razões de sua importância. Uma vista geral do percurso que esta à
frente pode ajudar-nos a atingir uma clareza de propósito e senso de direção que
nos serão muito úteis no meio dos muitos detalhes técnicos que constituem a parte
principal de nosso trabalho.

O CáIculo é usualmente dividido em duas partes principais - cálculo


diferencial e cálculo integral -, sendo que cada uma tem sua própria terminologia
não familiar, notação enigmática e métodos computacionais especializados.
Acostumar-se a tudo isto exige tempo e prática, processo semelhante ao de
aprender uma nova língua. Entretanto, esse fato não deve nos impedir de ver no
início que os problemas centrais do assunto são realmente muito simples e claros,
sem nada de estranho ou misterioso acerca deles.

162
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DA DERIVADA

Quase todas as ideias e aplicações do Cálculo giram em tomo de dois


problemas geométricos que são muito fáceis de ser entendidos. Ambos se referem
ao gráfico de uma função y = f(x). Evitamos complicações assumindo que esse
gráfico está inteiramente acima do eixo x, como na Fig. 2.1.

Figura 2.1 A essência do Cálculo.

PROBLEMA 1 O problema básico do cálculo diferencial é o problema das


tangentes: calcular o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico num ponto
dado P.

PROBLEMA 2 O problema básico do cálculo integral é o problema das áreas:


calcular a área debaixo do gráfico, entre os pontos x = a e x = b.

O que faremos em seguida estará sempre relacionado com esses dois


problemas, as ideias e técnicas desenvolvidas para resolvê-los e as aplicações
originadas deles*.

* Para os leitores interessados nas origens das palavras, calculus, na Roma Antiga,
era uma pequena pedra ou seixo utilizado para contagem e jogo, e o verbo latino calculare
passou a significar "figurar", "computar", "calcular". Hoje Cálculo é um método ou sistema
de métodos para resolver problemas quantitativos de uma natureza particular, como
no cálculo de probabilidades, cálculo de diferenças finitas, cálculo tensorial, cálculo das
variações, cálculo de resíduos etc. Nosso Cálculo - o ramo da Matemática que compreende
o cálculo diferencial e integral - é às vezes chamado o Cálculo, para distingui-lo de todos
esses outros cálculos subordinados.

À primeira vista, esses problemas parecem de alcance bem limitado.


Esperamos que eles lancem luz, de modo significativo, sobre a Geometria - e eles
o farão. O que é muito surpreendente é constatar que eles têm também muitas
aplicações profundas e de longo alcance em várias ciências. O Cálculo adquire
importância no grande mundo fora da Matemática por meio dessas aplicações
científicas, e um de nossos principais objetivos é introduzir o estudante a uma
variedade delas tão grande quanto possível. Ao mesmo tempo, continuaremos a
enfatizar a Geometria e as aplicações geométricas, pois este é o contexto em que as
ideias do Cálculo são mais facilmente compreendidas.

163
UNIDADE 2 | DERIVADA

Às vezes é dito que o Cálculo foi "inventado" por aqueles dois grandes
gênios do século XVII, Newton e Leibniz**. Na verdade, o Cálculo é o produto
de um longo processo evolutivo que começou na Grécia Antiga e continuou no
século XIX. Newton e Leibniz foram homens verdadeiramente notáveis e suas
contribuições foram de importância decisiva, mas o assunto nem começou nem
terminou com eles.

Os problemas enunciados acima estavam presentes nas mentes de muitos


cientistas europeus da metade do século XVII - mais notadamente em Fermat
- e foi feito um progresso considerável em cada um deles, com engenhosos
métodos especiais. A grande realização de Newton e Leibniz foi reconhecer e
explorar a íntima conexão entre esses problemas, que ninguém tinha entendido
completamente. Especificamente, eles foram os primeiros a entender o significado
do Teorema Fundamental do Cálculo, o qual diz, com efeito, que a solução do problema
da tangente pode ser usada para resolver o problema da área. Esse teorema –
certamente o mais importante de toda a Matemática - foi descoberto por cada um
deles, independentemente um do outro, e eles e seus sucessores usaram-no para
unir as duas metades do assunto numa arte de resolução de problemas de poder e
versatilidade impressionantes.

** É às vezes escrito Leibnitz (pronúncia latina) para sugerir a pronúncia


correta.

Como essas observações sugerem, começamos nosso trabalho fazendo


um estudo bastante completo do problema da tangente. Depois [...] voltamos
ao problema da área. Daí, prosseguimos em várias direções, estendendo nossos
conceitos e instrumentos básicos para classes mais amplas de funções com maior
variedade de aplicações significativas.

Antes de tentar calcular o coeficiente angular de uma reta tangente,


devemos primeiro decidir o que é uma reta tangente - e isto não é tão fácil quanto
parece.

No caso de uma circunferência não há dificuldade. Uma tangente a uma


circunferência (Fig. 2.2, à esquerda) é uma reta que intercepta a circunferência
em apenas um ponto, chamado o ponto de tangência; as retas não-tangentes ou
interceptam a circunferência em dois pontos diferentes ou não a interceptam.

Figura 2.2

164
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DA DERIVADA

Essa situação reflete a ideia intuitiva, que a maioria das pessoas tem de
tangente a uma curva num dado ponto como sendo uma reta que "toca" a curva
naquele ponto*. Ela sugere também a possibilidade de definir uma tangente a uma
curva como uma reta que intercepta a curva em apenas um ponto. Essa definição
foi usada com sucesso pelos gregos ao tratarem de circunferências e algumas
outras curvas especiais, mas, para curvas em geral, ela é totalmente insatisfatória.
Para compreender o porquê, considere a curva mostrada na Fig. 2.2 à direita. Ela
tem uma tangente perfeitamente aceitável (a reta debaixo), que essa definição
rejeitaria, é uma reta obviamente não-tangente (a reta de cima), que seria aceita.

* A palavra latina tangere significa "tocar".

O conceito moderno de reta tangente originou-se com Fermat, em torno


de 1630. Como os estudantes poderão ver, esse conceito é não só um enunciado
razoável acerca da natureza geométrica das tangentes, mas é também a chave de
um processo prático para a construção de tangentes.

Resumidamente, a ideia é esta: considere uma curva y = f(x) e P um dado


ponto fixo sobre essa curva (Fig. 2.3 ). Considere Q um segundo ponto próximo
de P sobre a curva e desenhe a reta secante PQ. A reta tangente em P pode agora
ser encarada como a posição-limite da secante variável quando Q desliza ao longo
da curva em direção a P. Veremos na Seção 2.2 como essa ideia qualitativa leva,
pelo menos, a um método quantitativo para o cálculo do coeficiente angular exato
da tangente em termos da função f(x ) dada.

Figura 2.3 A ideia de Fermat.

Que não haja má compreensão. Essa maneira de pensar acerca de tangentes


não é um ponto técnico de menor importância na geometria de curvas. Pelo
contrário, é uma das três ou quatro ideias mais fecundas que qualquer matemático
já tenha tido, pois, sem ela, não haveria o conceito de velocidade ou aceleração ou
força em Física, nem dinâmica ou astronomia newtoniana, nem ciência física de
qualquer natureza, exceto como mera descrição verbal de fenômenos, e certamente
não teríamos a idade moderna da Engenharia e tecnologia.

FONTE: SIMMONS, George F. Cálculo com geometria analítica. São Paulo: Pearson Makron
Books, 1987. p. 69-72. v. 1.

165
RESUMO DO TÓPICO 6
• Estudamos o Teorema de Rolle e o Teorema do Valor Médio, este último muito
importante no Cálculo e tendo aplicações práticas.

• Resolvemos problemas de otimização, envolvendo máximos e mínimos de


funções onde aplicamos os conceitos estudados nos Tópicos 4 e 5.

• Finalizando este tópico, resolvemos limites indeterminados aplicando a


chamada Regra de L’Hospital. Esta regra facilita o processo de “levantar” a
indeterminação dos limites, que foi estudado no Tópico 2 da Unidade 1.

166
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado. Lembre-se
das orientações dadas para o cálculo dos limites.

1) Verifique se as condições do Teorema do Valor Médio são satisfeitas pela


função f(x) = x³ + 3x² - 5 em [ -1, 2]. Determine os pontos desse intervalo onde
se verifica a afirmação do teorema.

2) Um motorista está dirigindo em uma estrada reta com o limite de velocidade


de 80 km/h. Às 08 horas e 05 minutos da manhã, um controlador cronometra
a velocidade do carro como sendo 75 km/h e, 5 minutos depois, um segundo
controlador, 10 km adiante na estrada, cronometra a velocidade do carro
como sendo de 80 km/h. Explique por que o motorista poderia receber uma
multa por excesso de velocidade.

3) Suponha que a função forneça a quantidade


aproximada de sacas de milho produzidas por hectare, num determinado
terreno, ao se aplicar x gramas de adubo por metro quadrado, onde 0 ≤ x ≤
150. Determinar a quantidade de adubo a ser aplicada por metro quadrado
para obtermos a maior produção possível.

4) Uma caixa d’água (sem tampa) deve ter o formato de um paralelepípedo reto
retângulo, ter altura igual à largura e que a soma das áreas de suas paredes
(incluindo o fundo) seja 6 m2. Determinar suas dimensões para que sua
capacidade seja a maior possível.

5) Encontre o raio e a altura do cilindro circular reto de maior volume que pode
ser inscrito em um cone circular reto com 10 cm de altura e 6 cm de raio.

6) Uma forma líquida de penicilina fabricada por uma firma farmacêutica é


vendida a granel a um preço de R$ 200,00 por unidade. Se o custo total de
produção (em reais) para x unidades for c(x) = 500.000 + 80x + 0,003x² e se a
capacidade de produção da firma for de, no máximo, 30.000 unidades em um
tempo especificado, quantas unidades de penicilina devem ser fabricadas e
vendidas naquele tempo para maximizar o lucro?

167
UNIDADE 3

INTEGRAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:

• reconhecer os diferentes tipos de integrais;

• resolver as integrais através das técnicas de integração por substituição e


integração por partes;

• calcular área entre curvas utilizando as integrais;

• calcular volume de sólidos de revolução;

• calcular valor médio de uma função;

• calcular integrais de funções racionais por frações parciais;

• calcular integrais impróprias.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos, apresentando as principais técnicas
de integração e aplicações de integrais definidas. Em cada tópico é apresentado
o conceito, seguido de diversos exemplos para auxiliá-lo(a) na compreensão e
resolução dos exercícios propostos.
Além disso, é apresentado um resumo do tópico e um texto complementar. Nes-
te texto é dada ênfase à personalidade matemática de Gottfrield Wiheim von
Leibniz, que contribuiu no desenvolvimento do cálculo diferencial e integral.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À INTEGRAL

TÓPICO 2 – DEFININDO ÁREA COMO UM LIMITE

TÓPICO 3 – APLICAÇÕES DA INTEGRAL DEFINIDA

TÓPICO 4 – MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO I

TÓPICO 5 – MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO II

Assista ao vídeo
desta unidade.

169
170
UNIDADE 3
TÓPICO 1

INTRODUÇÃO À INTEGRAL

1 INTRODUÇÃO

Na Unidade 2 estudamos a derivação (cálculo diferencial), que, em termos


geométricos, corresponde ao coeficiente angular da reta tangente à curva. A
derivada também é um método de cálculo para descrever como as funções variam
em um dado momento. Esse fato levou os estudiosos a buscarem um método para
descrever como essas variações instantâneas poderiam se acumular ao longo de
um intervalo para produzir a função.

2 INTRODUÇÃO À INTEGRAL

Havia outro estudo, eles investigavam áreas sob curvas, uma pesquisa que
desenvolveu o segundo ramo principal do cálculo, chamado cálculo integral.

Newton e Leibniz sabiam intuitivamente que existia uma ligação entre


coeficientes angulares de retas tangentes e áreas entre curvas. A descoberta
desta ligação (chamada de Teorema Fundamental do Cálculo) juntou o cálculo
diferencial e integral, tornando-os a ferramenta mais poderosa que os matemáticos
já obtiveram para entender o universo.

3 INTEGRAL INDEFINIDA
Caros acadêmicos, iniciaremos o estudo de determinar uma função f(x) a
partir de um de seus valores conhecidos e sua derivada f´(x).

Primeiro, precisamos encontrar uma fórmula que dê todas as funções que


poderiam ter f(x) como derivada. Essas funções são chamadas primitivas de f(x),
e a fórmula que fornece todas elas é chamada integral indefinida.

A integral indefinida consiste no processo inverso ao da derivação, chamado


de antiderivação.

3_
Para a derivada da função F(x) = x², obtemos F´(x) = f(x) = 3x. Como a
2
integração é o processo inverso da derivação, deve-se obter uma função F(x) tal
que F´(x) = 3x. A função

171
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

3_ 3_
F(x) = x², é uma solução, mas existem outras, como: F1(x) = x² + 4 (F1´(x)
2 2
= 3x = f(x)).

Definição 3.1.1 Uma função F(x) é uma primitiva de uma função f(x) se
F´(x) = f(x) para qualquer x no domínio de f.

Exemplo 1:

Encontre a função primitiva de f(x) = 3x5.

Resolução:

x é uma primitiva da função f(x) = 3x5.


F(x) = __
6

2
1_
Pois, F´(x) = . 6x5 = 3x5 = f(x), satisfaz a Definição 1.1.1.
2
Exemplo 2:

x3 +4 e h(x) = 1_. (x³ + 3) também são primitivas da função


As funções g(x) = __
3 3
f(x) = x².

Resolução:

Verificaremos a igualdade F´(x) = f(x) da Definição 1.1.1. Assim,

1_
g´(x) = . 3x² + 0 = x² = f(x) e
3
1_
h´(x) = . ( x³ + 3)0. 3x² = x² = f(x).
3
Teorema 3.1.1 Se F(x) for qualquer primitiva de f(x) em um intervalo [a,
b] então, para qualquer constante c, a função F(x) + c é também uma primitiva
de f(x) em [a, b].

A constante c é chamada de constante de integração: ela é uma constante


arbitrária, uma vez que a ela pode ser atribuído qualquer valor real.

Definição 3.1.2 O conjunto de todas as primitivas de f(x) é a integral


indefinida de f em relação a x, denotada por:

∫ f(x) dx.

Representamos a integral pelo símbolo ∫. A função f(x) é o integrando de


uma integral e dx indica a variável de integração.

A integral indefinida de uma função ∫ f(x)dx = F(x) + c é na verdade uma


família de funções: para cada valor atribuído à constante de integração c temos

172
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À INTEGRAL

uma nova função que é solução da integral. Um membro específico da família é


determinado atribuindo um valor particular à constante de integração.

Exemplo 3:

Calcule ∫ cos(4x)dx.

Resolução:

1_
F(x) = sen(4x) é uma primitiva da função f(x) = cos (4x).
4
1_
Então, pelo Teorema 1.1.1 ∫ cos(4x)dx = sen(4x) + c.
4
Exemplo 4:

Calcule ∫ 2xdx e faça o gráfico com várias primitivas da f(x).

Resolução:

Como visto anteriormente, há várias primitivas para uma mesma função,


que diferem entre si pelo valor da constante c (constante de integração).

Assim, ∫ 2xdx = x² + c.

Na figura a seguir mostramos o gráfico das curvas y = x² + c.

FIGURA 57 – O GRÁFICO DAS CURVAS y = x² + c

FONTE: O autor

173
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

UNI

Usamos o símbolo ∫ f(x)dx para designar a integral indefinida. De acordo com esta
notação, o símbolo ∫ é chamado sinal de integração e a função f(x) integrando. O símbolo dx
que aparece no integrando serve para identificar a variável sobre a qual integraremos.

4 PROPRIEDADES DA INTEGRAL INDEFINIDA


Assim como os limites e as derivadas, as integrais obedecem às regras
algébricas, conforme veremos a seguir.

1) Integral de uma função: ∫ dx = x + c.

2) Integral da multiplicação por uma constante: Sejam f(x) uma função


integrável e k uma constante real qualquer. Então, ∫ k f(x)dx = k∫ f(x)dx.

Exemplo 1:

∫ 5dx = 5 ∫ dx = 5x + c.

3) Integral da soma: Sejam f(x) e g(x) funções integráveis. Então,

∫ [f(x) + g(x)]dx = ∫ f(x)dx + ∫ g(x)dx.

Exemplo 2:

∫ (x² + x + 4)dx = ∫ x²dx + ∫ xdx + ∫ 4dx = + 4x + c.

4) Integral da diferença: Sejam f(x) e g(x) funções integráveis. Então,

∫ [f(x) – g(x)]dx = ∫ f(x)dx - ∫ g(x)dx.

Exemplo 3:

∫ (x4 – x²)dx = ∫ x4dx -∫ x²dx = + c.

174
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À INTEGRAL

5 INTEGRAIS IMEDIATAS
A integração é o processo inverso da derivação. Assim como, na derivação,
temos “regras” de integração para funções básicas.

TABELA DE INTEGRAIS IMEDIATAS

1) ∫ du = u + c

2) ∫ undu = + c, n ≠ -1

3) ∫ = ln|u| + c

4) ∫ audu = + c, a > 0, a ≠ 1

5) ∫ eudu = eu + c

6) ∫ sen u du = - cos u + c

7) ∫ cos u du = sen u + c

8) ∫ sec² u du = tg u + c

9) ∫ cossec² u du = - cotg u + c

10) ∫ sec u.tg u du = sec u + c

11) ∫ cossec u.contg u du = - cossec u + c

12) ∫ sec u du = ln|sec u + tg u| + c

13) ∫ cossec u du = ln|cossec u – cotg u| + c

14) ∫ tg u du = ln|sec u| + c

15) ∫ cotg u du = ln|sen u| + c

Exemplo 1:

175
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Exemplo 2:

Exemplo 3:

Exemplo 4:

UNI

No caso da função potência f(x) = x -1 = , a integral é especial, porque uma

primitiva da função f(x) = x -1 é a função f(x) = ln|x| . Portanto, = ln|x| + c.

Exemplo 5:

Calcule .

Resolução:

176
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À INTEGRAL

Exemplo 6:

Calcule ∫ (sec x.tg + 7cossec2 x) dx

Resolução:

∫ (sec x.tg + 7cossec2 x) dx = ∫ (sec x.tg x) dx + 7∫ cossec2 x dx = sec x – 7cotg x + c

Exemplo 7:

Calcule .

Resolução:

6 INTEGRAÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO


Algumas integrais são resolvidas aplicando uma das fórmulas básicas
(integrais imediatas) depois de ser feita uma mudança de variável (substituição).
O método da substituição é motivado pela regra da cadeia do ponto de vista
da antidiferenciação. Assim, sejam f(x) e F(x) duas funções tais que F´(x) = f(x) e
suponhamos que g seja uma outra função diferenciável. Vamos derivar a função
composta F (g (x)). Aplicando a regra da cadeia, escrevemos:

[F(g(x))]´ = F´(g(x)) . g´(x)


Integrando a igualdade, temos

∫ F´(g(x)) . g´(x) dx = F(g(x)) + c


e, como temos que F(x) é uma primitiva de f(x),

∫ f´(g(x)) . g´(x) dx = F(g(x)) + c

Veja como se dá a substituição na integral em que a função integrante é


uma derivada de uma função composta.

177
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

∫ f(g(x)) . g´(x) dx = ∫ f(u) du Substituir u = g(x) e du = g´(x) dx


= F(u) + c Encontrar a primitiva F(u) de f(u)
= F(g(x)) + c Voltar para a variável x

O objetivo da técnica de integração é tornar a integral tão simples que a


integral fique semelhante a uma das integrais da tabela de integrais imediatas.

UNI

Caro(a) acadêmico(a), por uma questão de organização nos exemplos que


seguirão, nas suas resoluções a coluna da direita será reservada para mostrar as substituições
feitas e as derivadas necessárias.

Exemplo 1:

Calcule a integral ∫ (x3 – 7)15 3x2 dx

Resolução: Perceba que a escolha da função u é fundamental para o sucesso


da resolução da integral. Também deve ser observado que a função u deverá ser
derivada e, neste caso, tratando-se de funções polinomiais, a função u deve ser a
função de maior grau. Já que, ao aplicar a regra de derivação da potência, a função
diminui o grau, facilitando nossa integração.

Escolhendo como u = x3 – 7 (possui maior grau), então du = 3x2 dx. Assim,


escrevemos a integral como:

178
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À INTEGRAL

UNI

Siga os seguintes passos para calcular a integral ∫ f(g(x)).g´(x) dx.

Passo 1: Faça uma escolha para u, isto é, u = g(x). A escolha deve se basear no fato de que
se quer facilitar a integração.

Passo 2: Calcule .

Passo 3: Faça a substituição u = g(x), du = g´(x) dx. Depois de feita a substituição de variável,
toda a integral deve estar em termos da variável u ; nenhum x deve continuar aparecendo.
Se isto não acontecer, deve-se tentar uma nova escolha para u.

Passo 4: Calcule a integral resultante, se possível. Neste momento, a integral resultante deve
ser uma integral imediata.

Passo 5: Substituir u por g (x); assim a resposta final estará em termos de x.

Exemplo 2:

Calcule a integral .

Resolução:

Novamente, observe que temos duas funções polinomiais. E como já foi


destacado anteriormente, devemos escolher como função u a de maior grau, pois
derivando o grau diminui.

Fazendo a substituição de 3 + 2x5 por u na integral dada, temos u = 3 + 2x5.


Derivando u, temos du = 10x4 dx. Assim, reescrevemos a integral como:

179
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Exemplo 3:

Calcule a integral ∫ e5x dx

Resolução:

Nesta integral, o fato marcante é a presença do e, número de Euler. Pois, na


tabela das integrais imediatas, temos a integral ∫ eu du = eu + c. Assim, comparando
a integral com a tabela, observa-se que o u deve ser a função 5x.

Fazendo a substituição de 5x por u na integral dada, temos u = 5x,


implicando em du = 5 dx. Assim, reescrevemos a integral como:

AUTOATIVIDADE

Resolva as seguintes integrais e tente escrever uma generalização destas


integrais, isto é, escreva uma “regra” para integrais desta forma.
1) ∫ e2x dx
2) ∫ e7x dx
3) ∫ e8x dx

Exemplo 4:

Calcule a integral .

Resolução:

Esta integral se assemelha à integral do exemplo 2.

180
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À INTEGRAL

Precisamos recordar como se escreve um radical na forma de potência:


.

Escolhendo como u = x2 + 5, pois a sua derivada é uma função do 1º grau,


conforme segue du = 2x dx. Assim, reescrevemos a integral como:

ATENCAO

Observe os quatro exemplos feitos anteriormente. Em todos existe uma


coluna à direita mostrando a substituição na variável na integral por u e, em seguida, a
diferenciação das variáveis. Em seu caderno, quando você for resolver os exercícios, procure
seguir a mesma organização apresentada nos exemplos, pois isso ajudará você na próxima
técnica também. Lembre-se de que um dos objetivos da matemática é o de desenvolver no
estudante a organização. Portanto, seja organizado.

Exemplo 5:

Calcule a integral .

Resolução:

Podemos apontar dois motivos para escolher como u = x3: primeiro pelo
fato do grau ser maior (um grau a mais) que na outra função em x e o outro fato é
a comparação com a integral ∫ eu du da tabela. Fazendo a substituição u = x3, temos
du = 3x2 dx. Assim, reescrevemos a integral como:

181
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

E
IMPORTANT

No início deste item (método da integração por substituição) foi mostrado de


onde decorre a integração por substituição [F(g(x))]´ = F´(g(x)) . g´(x). Assim, podemos fazer a
verificação da integral resolvida, isto é, podemos verificar se a função encontrada na integral
F(g(x)) + c corresponde à função primitiva da função integrante F´(g(x)) . g´(x).

Fazendo a verificação:

No exemplo 5, resolvido anteriormente, foi calculada a integral


e obteve-se como função primitiva a função . Então vamos
fazer a verificação se essa função é, de fato, a função primitiva que procurávamos.

Devemos verificar a igualdade [F(g(x))]´ = F´(g(x)) . g´(x).

Veja que a igualdade foi verificada. Este é um recurso que você dispõe para
comprovar que de fato você encontrou a função primitiva através da integral.

E
IMPORTANT

O objetivo da técnica de integração por substituição é substituir a função em


“x” (que tem grau maior) a fim de tornar esta integral tão simples como uma das integrais
imediatas da tabela. Então, após a substituição devemos ter uma integral semelhante a uma
das integrais imediatas.

Exemplo 6:

Calcule a integral ∫ cos(4x) dx.

Resolução:

Nesta integral, perceba a presença da função trigonométrica cos x. Pois, na


tabela das integrais imediatas, temos a integral ∫ cos u du = sen u + c.

Assim, por comparação entre as integrais fazemos a substituição de 4x por


u na integral dada, então u = 4x. Derivando u temos du = 4 dx. Assim, escrevemos
a integral como:

182
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À INTEGRAL

AUTOATIVIDADE

Resolva as seguintes integrais e tente escrever uma generalização destas


integrais, isto é, escreva uma “regra” para integrais desta forma.

1) ∫ cos (5x) dx
2) ∫ cos (7x) dx
3) ∫ sen (6x) dx
4) ∫ sen (3x) dx

Exemplo 7:

Calcule a integral ∫ sen4 x cos x dx.

Resolução:

Nesta integral, a princípio tanto faz a função que chamaremos de u . Mas


devido à potência a função u deve ser a função trigonométrica sen x.

Escolhendo como u = sen x, então du = cos x dx. Assim, escrevemos a integral


como:

183
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Exemplo 8:

Calcule a integral .

Resolução:

Observe que tanto o numerador quanto o denominador da integral são


funções polinomiais. Portanto, devemos escolher como função u a função 9 - 2x
3
do denominador, pois ela tem grau maior, e quando a derivamos, teremos uma
função de grau menor para substituir. E para a resolução da integral temos que usar

uma propriedade de potência: .

Escolhendo como u = 9 – 2x³, então du = -6x² dx. Assim, reescrevemos a


integral como:

Exemplo 9:

Calcule a integral .

Resolução:

Agora a situação é um pouco diferente das anteriores. Pois nas anteriores


as funções polinomiais na integral possuíam graus diferentes e nesta as funções
têm mesmo grau.

Escolhemos como u = 5 + x, então du = dx.

Mas se substituirmos na integral, obtemos

. Isto não pode ocorrer!

184
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À INTEGRAL

Ao trocarmos a variável, a integral tem que ter apenas a nova variável u.


Então na igualdade em que propomos a substituição, devemos escrever a variável
x em função de x e aí substituir na integral, deixando a integral toda na variável
u.
Assim, escrevemos a integral como:

UNI

CUIDADO! CUIDADO! CUIDADO!

Não caia na tentação! É comum o aluno cometer o seguinte erro na fração 


esta simplificação só ocorre com o produto. Assim o correto é  .

Exemplo 10:

Calcule a integral ∫ x(x + 3)9 dx.

Resolução:

Nesta integral, aplica-se um procedimento semelhante ao que foi


apresentado anteriormente.

Escolhendo como u = x + 3, segue que du = dx. Assim, reescrevemos a


integral como:

185
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico você viu que:

• Iniciamos o tópico mostrando que a integração é o processo inverso da derivação.

• As propriedades algébricas estudadas nos limites e nas derivadas são as mesmas


empregadas nas integrais.

• Neste estudo inicial das integrais, aprendemos como calcular integrais imediatas
utilizando a tabela de integração.

• Finalizamos o tópico com a técnica de integração por substituição ou mudança


de variável. Esta técnica tem como finalidade tornar a integral mais simples,
facilitando o cálculo. E ainda vimos que as integrais que são resolvidas por esta
técnica têm suas primitivas como funções compostas. Vamos recordar as etapas
do método.

● As integrais têm a seguinte forma:

∫ f(g(x)). g´(x) dx.

Passo 1: A escolha para u, isto é, u = g(x).

Passo 2: Calcule .

Passo 3: Faça a substituição u = g(x), du = g´(x) dx.

Observe que toda a integral deve estar em termos da variável u ; nenhum


x deve continuar. Se isto não acontecer, deve-se tentar uma nova escolha para u.

Passo 4: Calcule a integral resultante, se possível.

Passo 5: Substituir u por g (x) ; assim a resposta final estará em termos de x.

186
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática a técnica de substituição que


foi apresentada. Lembre-se das orientações dadas para cada tipo de integral
desenvolvida.

Nas questões de 1 a 8, calcule as integrais indefinidas:

1)

2)

3)

4)

5)

6)

7)

8)

Nos exercícios 9 a 12, calcule as integrais fazendo as substituições indicadas.

9)

10)

11)

12)

187
Nos exercícios 13 a 20, calcule as integrais fazendo as substituições
apropriadas.

13)

14)

15)

16)

17)

18)

19)

20)

Assista ao vídeo de
resolução da questão 15

188
UNIDADE 3
TÓPICO 2

DEFININDO ÁREA COMO UM LIMITE

1 INTRODUÇÃO

Os gregos da Antiguidade tinham grande conhecimento acerca de áreas


de triângulos, círculos e configurações relacionadas, mas qualquer outra figura
apresentava um novo e insolúvel problema. O primeiro avanço foi feito pelo
matemático grego Arquimedes, que aplicava uma técnica denominada método da
exaustão para calcular a área de regiões limitadas por parábolas, por espirais e por
várias outras curvas.

2 O CONCEITO DE ÁREA
No século XVII, vários matemáticos utilizavam limites para obter áreas de
figuras com contornos curvilíneos. Mas foram Newton e Leibniz que mostraram
que, se uma quantidade pode ser calculada por exaustão, então pode também ser
calculada muito mais facilmente com o uso de antiderivadas. Esse importante
resultado é denominado Teorema Fundamental do Cálculo.

O problema da área pode ser enunciado como: dada uma função f contínua
e não-negativa em um intervalo [a, b], qual a área da região entre o gráfico de f e
o intervalo [a, b] no eixo x (figura a seguir)?

FIGURA 58 – GRÁFICO 2.1

FONTE: O autor

189
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

3 INTEGRAL DEFINIDA

3.1 SOMA DE RIEMANN


Para resolver o problema da área, utilizaremos a soma de Riemann. Iniciamos
dividindo o intervalo [a, b] em n subintervalos e escolhendo n - 1 pontos: x1, x2,
x3,..., xn-1 entre a e b, sujeitos apenas à condição de que:

a = x0 < x1 < x2 < x3 < ... < xn-1 < xn = b

O conjunto P = {x0 ,x1, x2, x3,..., xn-1, xn } é chamado partição de [a, b].

FIGURA 59 – GRÁFICO 2.2

FONTE: O autor

A partição P define n subintervalos fechados:

[x0 ,x1], [x1 ,x2], [x2, x3],..., [xn-1, xn], onde [xi-1, xi] é o i-ésimo subintervalo de P,
e seu comprimento é ∆xi = xi - xi-1.

Em cada subintervalo selecionamos algum número ci. Depois, em cada


subintervalo construímos um retângulo de base ∆xi e altura f(ci) (figura a seguir).

190
TÓPICO 2 | DEFININDO ÁREA COMO UM LIMITE

FIGURA 60 – GRÁFICO 2.3

FONTE: O autor

Assim, em cada subintervalo formamos o produto f(ci).∆xi. Então Sn


representa a soma das áreas nos n retângulos

Esta soma, que depende da partição P e da escolha dos números ci, é uma
soma de Riemann para f no intervalo [a, b].

Definição 3.2.1 (A integral definida como limite de somas de Riemann)


Seja f uma função definida em um intervalo fechado [a, b]. Para qualquer partição
P de [a, b], escolha os números ci arbitrariamente nos subintervalos [xi-1, xi]. Se
houver um número S tal que:

independentemente de como P e os ci forem escolhidos, então f será


integrável em [a, b] e S será a integral definida de f em [a, b].

UNI

Os resultados apresentados por Riemann acabaram sendo uma ferramenta


fundamental, usada por Einstein, cerca de 50 anos depois, para desenvolver a Teoria da
Relatividade.

191
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

3.2 ÁREA SOB UMA CURVA

A soma de Riemann que é a soma das áreas dos


retângulos (figura 58), fornece uma estimativa para a área da região entre a curva
e o eixo x desde a até b. Como os retângulos dão uma aproximação cada vez
melhor da região, à medida que usamos partições com normas cada vez menores,
a aplicação de limite à soma de Riemann nos fornece o valor da área da região
(figura 57).

Definição 3.2.1 (Área sob uma curva) Se y = f(x) for não negativa e integrável
em um intervalo fechado [a, b], então a área sob a curva y = f(x) desde a até b será
a integral de f de a até b,

Exemplo 1:

Calcule a área sob a função f(x) = 2x + 3 no intervalo fechado [1, 5].


FIGURA 61 – GRÁFICO 2.4

Resolução:

Vamos aplicar a Definição 2.2.2,


mesmo que não tenha sido mostrado como
se calcula a integral definida: este exemplo
não tem a finalidade de mostrar as etapas
com cálculo da integral, mas comprovar seu
resultado. Então,

A = 36 u.a. (unidades de área) FONTE: O autor

Agora, a fim de verificar o resultado acima, vamos calcular a área da região


sob a função utilizando nossos conhecimentos de Geometria. Pelo gráfico da função
(figura 60), percebe-se que a região cinza tem a forma de um trapézio retângulo.
Assim, pela fórmula da área do trapézio a área.

192
TÓPICO 2 | DEFININDO ÁREA COMO UM LIMITE

A = 36 u.a.

Com os dois cálculos é possível observar que a integral fornece de fato o


valor da área, não sendo mais uma aproximação.

UNI

Historicamente, a expressão “f(x) dx” era interpretada como uma área infinitesimal
de um retângulo de altura f(x) e base infinitesimal dx. Então, a área total sob a curva era
obtida somando essas áreas infinitesimais. O símbolo ∫ é um “S” espichado que era usado
para indicar essa soma. Para nós, o símbolo ∫ de integral e o símbolo dx podem servir para
lembrar que a integral definida é realmente o limite de somatório quando ∆xi → 0.

Teorema 2.2.1 Se f é contínua sobre [a, b], então f é integrável em [a, b].

4 PROPRIEDADES DA INTEGRAL DEFINIDA

Definição 3.2.3 Se f for integrável em [a, b], definimos .

Teorema 3.2.1 Se f e g forem integráveis em [a, b] e se k for uma


constante, então k. f, f + g, f - g, são integráveis em [a, b] e

Teorema 3.2.2 Se a < c < b e f for integrável em um intervalo fechado [a,


b] contendo três pontos a, b, c, então:

193
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

não importando como os pontos estejam ordenados.

Teorema 3.2.3

(i) Se f for integrável em [a, b] e f(x) ≥ 0, para todo x em [a, b], então:

(ii) Se f e g forem integráveis em [a, b] e f(x) ≥ g(x) para todo x em [a, b], então:

5 TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO


Teorema 3.2.4 (Teorema Fundamental do Cálculo – Parte 1) Se f é contínua
sobre [a, b], então a função

é derivável em todo ponto x em [a, b] e

Interpretando a equação diferencial , ela tem uma solução para


toda função contínua f, e toda função contínua f é derivada de alguma outra
função, isto é, .

Teorema 3.2.5 (Teorema Fundamental do Cálculo – Parte 2) Se f é contínua


em todo ponto de [a, b] e se F é qualquer primitiva de f em [a, b], então

194
TÓPICO 2 | DEFININDO ÁREA COMO UM LIMITE

A segunda parte do Teorema Fundamental do Cálculo mostra como


calcular integrais definidas a partir de primitivas.

Exemplo 1:

Calcule a integral definida .

Resolução:

Para resolver a integral definida, aplicaremos as propriedades da integral


definida e o Teorema 2.4.2.
Desenvolvendo o produto notável

Propriedades da integral difinida

Primitica de f - tabela de integrais


imediatas

Portanto, .

UNI

A resolução apresentada acima pode ser feita sem aplicar a propriedade da


integral definida (linha 2 da resolução). E, naturalmente, chega-se ao mesmo resultado.

Exemplo 2:
Calcule a integral definida .

195
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Resolução:

Primitiva de f - tabela de integrais imediatas

Teorema 2.4.2

Portanto,

Exemplo 3:

Calcule a integral definida .

Resolução:

Para resolver esta integral definida, primeiro temos que reescrever a função
integrante para usar a tabela de integrais imediatas e depois o Teorema 2.4.2.

Propriedades da potência

Primitiva de f - tabela de integrais


imediatas

Teorema 2.4.2

Portanto,

Definição 3.2.4 (Área líquida com sinal) Se uma função f for contínua em
[a, b], então a área líquida com sinal A entre a curva y = f(x) e o intervalo [a, b] é
definida por
196
TÓPICO 2 | DEFININDO ÁREA COMO UM LIMITE

A expressão “área líquida com sinal” na definição anterior significa que


é feita a soma da área que está acima do eixo x (área positiva) com a área que
está abaixo do eixo y (área negativa). Então, esta soma é o que chamamos de área
líquida com sinal. Observe no exemplo a seguir.

Exemplo 4:

Use a Definição 2.4.1 para encontrar a área líquida com sinal entre o gráfico
de y = senx e o intervalo [0, 2π].

Resolução:
FIGURA 62 – GRÁFICO 2.5
Resolvemos a integral dada por

FONTE: O autor

A área líquida com sinal é nula. Isso se deve ao fato de ter duas regiões no
intervalo [0, 2π] com mesma área, sendo uma positiva (acima do eixo x) e outra
negativa (abaixo do eixo x). Essa conclusão está de acordo com o gráfico de f
mostrado na figura 61.

Exemplo 5:

Calcule a área da região mostrada no gráfico (figura 61) de y = sen x no intervalo


[0, 2π].

Resolução:

No exemplo 2, a área obtida foi zero. Para ter a soma das duas áreas,
aplicaremos o Teorema 2.3.2 e a Definição 2.3.1. Então,

197
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

u.a.

UNI

Caro(a) acadêmico(a), nas questões onde é para calcular a área total, é importante
fazer um esboço do gráfico da função para ver o posicionamento da região em relação ao
eixo x.

Exemplo 6:

Determine a área total da região entre a curva y = x³ - 4x e o eixo x no


intervalo [-2, 1].

Resolução:

Através do gráfico (figura a seguir), percebe-se que no intervalo [-2, 1] há


duas regiões (acima e abaixo do eixo x). Assim, vamos particionar o intervalo dado
em dois subintervalos: [-2,0] e [0, 1]. Integramos f ao longo de cada subintervalo
e somamos os valores absolutos das integrais.

FIGURA 63 – GRÁFICO 2.6


y
4

x
-3 -2 -1 2 3

-1

-2

-3

FONTE: O autor

198
TÓPICO 2 | DEFININDO ÁREA COMO UM LIMITE

Definição 2.3.1

Primitiva de f - tabela de integrais


imediatas

Teorema 2.4.2

u.a.

199
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico estudamos:

 Fizemos um rápido resgate histórico do problema da área: como definir a área de


uma região plana se ela for limitada por uma curva?

 Definimos a soma de Riemann para, em seguida, ter a integral definida: o limite


aplicado à soma de Riemann, que calcula a área abaixo da curva limitada pelo
eixo x.

 Enunciamos o principal resultado do Cálculo, o Teorema Fundamental do


Cálculo, que mostra como calcular integrais definidas a partir de primitivas.

200
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática os conhecimentos sobre as


integrais definidas.

Nas questões de 1 a 6, calcule as integrais definidas:

1)

2)

3)

4)

5)

6)

7) Ache a área da região limitada pela curva y = - x² + 4x e pelo eixo x no


intervalo 1≤ x ≤ 3..

8) Encontre a área da região limitada pela curva y = x³ - 2x² - 5x + 6, , pelo eixo


x e pelas retas x = -1 e x = 2.

9) Calcule a área da região limitada pela curva , pelo eixo x e pelas


retas x = -1 e x = 2.

10) Encontre a área da região limitada pela curva y = 1 – x² e pelo eixo x no


intervalo 0 ≤ x ≤ 2.

Assista ao vídeo de
resolução da questão 6

201
202
UNIDADE 3
TÓPICO 3

APLICAÇÕES DA INTEGRAL DEFINIDA

1 INTRODUÇÃO

No tópico anterior aprendemos como calcular a área de uma região


limitada sob uma curva através da integral definida. Agora vamos aprender a
calcular a área de uma região limitada entre duas curvas.

2 ÁREA ENTRE CURVAS


Considere a região S (figura a seguir) que fica entre duas curvas y = f(x)
e y = g(x) e entre as retas verticais x = a e x = b. Suponhamos f e g funções
contínuas tais que f(x) ≥ g (x) e para todo x em [a, b].

FIGURA 64 – A ÁREA DE UMA REGIÃO LIMITADA ENTRE DUAS CURVAS

FONTE: O autor

Da mesma forma como descrito para as áreas sob as curvas, dividimos


S em n faixas de mesma largura, e então calculamos o valor aproximado da
faixa i-ésima através da área do retângulo de base ∆x e altura (figura
a seguir). Portanto, utilizaremos integrais definidas para calcular a área entre as
curvas, conforme a definição a seguir.

203
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

FIGURA 65 – A ÁREA ENTRE AS CURVAS


y y

f(x*)
i
f(x*) – g (x*)
i
i

0 a b x 0 a b x
– g (x*)
i
x*i
∆x

FONTE: O autor

Definição 3.3.1 Se f e g são contínuas com f(x) ≥ g(x) ao longo de [a, b],
então a área da região entre as curvas y = f(x) e y = g(x) de a até b é a integral
de f - g de a até b

Exemplo 1:

Calcule a área da região compreendida entre as funções e y=x+


1, e as retas x = 1 e x = 4.

Resolução:

Primeiro, fazemos um esboço do gráfico para verificar a posição das curvas


no gráfico.

FIGURA 66 – GRÁFICO 3.3

FONTE: O autor

204
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES DA INTEGRAL DEFINIDA

Através do gráfico (figura 65), definimos a reta como f(x) = x + 1 (limite


superior), a curva como (limite inferior) e, a limitação em x de 1 a 4.

Assim, calcularemos a área por:

Definição 3.1.1

Primitiva de f - tabela de
integrais imediatas

Teorema 2.4.2

Exemplo 2:

Calcule a área da região compreendida entre as funções y = x² e y = -x² +


4x.

Resolução:

Neste enunciado há uma diferença do anterior: não são dados os limites em


x. Novamente, recorreremos ao gráfico (figura a seguir).

205
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

FIGURA 67 – GRÁFICO 3.4

FONTE: O autor

Para a integral definida, consideremos a parábola como f(x) = -x² + 4x


(limite superior) e a outra parábola como g(x) = x² (limite inferior). Os limites em
x são dados pelos pontos de interseção entre as curvas. Assim, igualando-se f e g,
em relação a y, temos:

x² = -x² + 4x
2x² - 4x = 0
x(2x – 4) = 0
x = 0 ou 2x - 4 = 0 ⇒ x = 2 Limites da integral definida

Definição 3.1.1

Primitiva de f - tabela
de integrais imediatas

Teorema 2.4.2

u.a.

206
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES DA INTEGRAL DEFINIDA

Existem situações em que é complicado calcular a área com os limites em


x. Nestes casos, convém integrar em y, ou seja, com os limites de integração no
eixo y.

Definição 3.3.2 Se f e g são contínuas com f(y) ≥ g(y) ao longo de [c, d],
então a área da região entre as curvas x = f(y) e x = g(y) de c até d é a integral
de f - g de c a d:

Exemplo 3:

Calcule a área da região compreendida entre as funções x = y² + 1 e x + y


= 7.

Resolução:

Neste exemplo temos mais novidades: observe o gráfico (figura a seguir) e


veja que, se quisermos integrar em x, precisaremos dividir a área em três regiões
e assim resolvermos três integrais. Mas se resolvermos pela Definição 3.1.2, o
procedimento é o mesmo do Exemplo 2, através de uma única integral.

FIGURA 68 – GRÁFICO 3.5

FONTE: O autor

207
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Para a integral definida, consideremos f(y) = 7 - y a reta (limite superior) e


g(y) = y² + 1 a parábola (limite inferior). Os limites em y são dados pelos pontos
de interseção entre as curvas. Assim, igualando-se f e g, em relação a y, temos:

y = –3 ou y = 2 Limites da integral definida

Definição 3.1.2

Primitiva de f - tabela de integrais


imediatas

Teorema 2.4.2

u.a.

UNI

Caro(a) acadêmico(a), ao ver as duas definições e os exemplos anteriores, você


pode estar se perguntando: quando devo usar a Definição 3.1.1 ou Definição 3.1.2? Vamos
lhe dar uma dica para auxiliar nesta decisão. Considere uma região definida entre duas
funções (figura 68a). Esta região está definida em um intervalo sobre o eixo x (figura 68a) ou
sobre o eixo y (figura 68b).

208
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES DA INTEGRAL DEFINIDA

FIGURA 69a – UM INTERVALO SOBRE O FIGURA 69b – UM INTERVALO SOBRE O


EIXO X EIXO Y

FONTE: O autor FONTE: O autor

Na figura 68a consideramos o intervalo de integração no eixo x ; assim, é


preciso definir as duas funções que limitam a área. Desta forma, podemos utilizar
setas perpendiculares ao eixo x que indicam o crescimento do valor da variável y.
Neste gráfico, todas as setas tocam primeiro numa das funções (neste caso a reta)
que limita a região e depois que as setas atravessam a região elas tocam a outra
função (neste caso a parábola) que delimita a região.

Em contrapartida, na figura 68b consideramos o intervalo de integração


no eixo y ; assim, é preciso definir as duas funções que limitam a área. Utilizamos
setas perpendiculares ao eixo y que indicam o crescimento do valor da variável x.
Neste gráfico todas as setas perpendiculares ao eixo y tocam primeiro a parábola
que limita a região. Depois que as setas atravessam a região, algumas tocam a
reta, enquanto que as outras setas tocam a parábola que delimita a região. E aí
seria preciso dividir a região em duas, por ter duas funções diferentes (à direita)
limitando a região e, consequentemente, teria duas integrais para calcular.

Portanto, diante destas situações a melhor opção é integrar em x , conforme


a figura 69, pois, do contrário teria que montar duas integrais, o que daria mais
trabalho.

209
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

De acordo com a dica dada acima, retorne aos exemplos de cálculo de área
entre curvas e faça uso das setas para definir o modo de calcular (integrar) a área.

3 VOLUMES DE SÓLIDOS DE REVOLUÇÃO


Um sólido de revolução é um sólido obtido pela rotação em 360º, ou seja, uma
volta completa de uma região plana em torno de uma reta (eixo de revolução) que
está no plano da região.

3.1 VOLUME POR DISCOS PERPENDICULARES AO EIXO X


Definição 3.3.3 Suponhamos que um sólido de revolução é obtido
rotacionando-se uma região R delimitada pela curva y = f(x), em torno do eixo
x,sendo f uma função contínua num intervalo [a, b], f(x) ≥ 0, e pelas retas verticais
x = a e x = b, como mostra a figura a seguir. Então o volume V deste sólido é dado
por:

FIGURA 70 – FUNÇÃO 3.6

FONTE: O autor

Exemplo 1:

Encontre o volume do sólido obtido pela rotação em torno do eixo x da


área limitada por y = 2x + 3, y = 0 para x ∈ [0, 4].

Resolução:

Observe o gráfico (figura a seguir). Ele mostra a região que é rotacionada


em torno do eixo x, gerando o sólido sobre o qual calcularemos o seu volume.

210
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES DA INTEGRAL DEFINIDA

FIGURA 71 – GRÁFICO 3.7

FONTE: O autor

Definição 3.2.1

Desenvolvimento produto notável

Primitiva de f - tabela de integrais imediatas

u.v. (unidades de volume)

Definição 3.2.2 Sejam f(x) e g(x) funções reais de variável real contínuas
em [a, b] com f(x) ≥ g(x) ≥ 0. O volume V do sólido de revolução gerado pela
rotação da região limitada em torno do eixo x pelos gráficos de y = f(x), de y =
g(x), de x = a e de x = b é dado por:

211
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Exemplo 2:

Encontre o volume do sólido gerado quando a região delimitada pelas


curvas y = x, y = 2 – x² e x = 0 gira em torno do eixo x.

Resolução:

Agora observamos no gráfico (figura 71) que a região a ser rotacionada


em torno do eixo x está compreendida entre duas funções. Então, definimos a
parábola como f(x) = 2 – x² (limite superior), a reta como g(x) = x (limite inferior)
e, a limitação em x de 0 até 1 (interseção entre as funções).

Igualando as funções para obter o ponto de interseção,


FIGURA 72 – GRÁFICO 3.8

ou

FONTE: O autor

O valor x = - 2 não serve, pois não está compreendido entre as curvas


dadas. Assim, x = 1.

Definição 3.3.4

Primitiva de f - tabela de
integrais imediatas

u.v.

212
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES DA INTEGRAL DEFINIDA

3.2 VOLUME POR DISCOS PERPENDICULARES AO EIXO Y


Definição 3.3.5 Suponhamos que um sólido de revolução é obtido
rotacionando-se uma região R em torno do eixo y, delimitada pela curva x =
f(y), sendo f uma função contínua num intervalo [c, d], f(y) ≥ 0, e pelas retas
horizontais y = c e y = d, como mostra a figura 73 a seguir. Então o volume V
deste sólido é dado por

Exemplo 3:

Determine o volume do sólido obtido com a rotação, em torno do eixo y, da


região limitada pela curva e o eixo y no intervalo .

Resolução:

Definição 3.3.5

FIGURA 73 - GRÁFICO 3.9

FONTE: O autor
u.v.

Definição 3.3.6 Sejam f(y) e g(y) funções reais contínuas em [c, d] com
f(y) ≥ g(y) ≥ 0. O volume V do sólido de revolução gerado pela rotação x da região
limitada pelos gráficos de x = f(y) , de x = g(y), de y = c e de y = d em torno do
eixo é dado por:

213
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Exemplo 4:

Determine o volume do sólido obtido pela rotação da parte da região


delimitada por e ao redor do eixo y no primeiro quadrante.

Resolução:

Observamos no gráfico (figura a seguir) que a região a ser rotacionada em


torno do eixo y está compreendida entre duas funções. Então, definimos a curva
como f(y) = y³ (limite superior), a reta como g(y) = 4y (limite inferior) e a
limitação em y de 0 a 2 (interseção entre as funções).

Igualando as funções para obter o ponto de interseção,

y³ = 4y FIGURA 74 – GRÁFICO 3.10


y³ - 4y = 0
y (y² - 4) = 0
y = 0 ou y = -2 ou y = 2

O valor y = - 2 não serve, pois não


está compreendido entre as curvas dadas.
Assim, y = 0 ou y = 2.

FONTE: O autor

Definição 3.2.4

u.v.

214
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES DA INTEGRAL DEFINIDA

4 VALOR MÉDIO DE UMA FUNÇÃO

Teorema 3.3.1 Se f(x) é contínua em [a, b] então, em algum ponto c em


[a, b], o valor médio de f em [a, b] é definido por:

Interpretação geométrica: Se f(x) ≥ 0 para todo x ∈[a, b], então a área sob o
gráfico de f é igual à área do retângulo de base b - a e altura f(c), conforme pode
ser observado na figura a seguir:

FIGURA 75 – GRÁFICO 3.11

FONTE: O autor

Exemplo 1:

f(x) = 1 + x² é contínua no intervalo [-1, 2]. O Teorema do Valor Médio para


as integrais diz que existe um número c em [-1, 2] tal que f(c) é o valor médio da
função neste intervalo. Calcule este valor médio e encontre o valor c explicitamente.

Resolução:

Aplicamos o Teorema 3.3.1

215
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

f(c) = 2 valor médio de f

Então o valor de c é tal que f(c) = 2. Assim,


1 + c² = 2
c² = 1
c = ± 1.

Exemplo 2:

Determine o valor médio de f(x) = 4 em [0, 3] e calcule qual o ponto do


domínio dado que realmente assume esse valor.

Resolução:

O valor médio de f(x) = 4 - x ao longo de [0, 3] é

A função assume esse valor quando 4 - x = . Então x =

Exemplo 3:

A lei representativa da temperatura (em graus Celsius) em uma casa,


que servirá de geladeira (projeto experimental), durante um dia é dada por

onde t é o tempo em horas, com t = 0 representando


meia-noite. Para a elaboração do projeto de climatização da geladeira, pede-se
determinar a temperatura média diária.

216
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES DA INTEGRAL DEFINIDA

Resolução:

Para calcular a temperatura média (TM), utilizamos o Teorema 3.3.1,


fazendo

Aplicamos a técnica
da substituição

°C.

217
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos:

 Calculamos área entre duas curvas: integrando em x e integrando em y:


e .

 Calculamos volume de sólidos de revolução por discos perpendiculares ao eixo


x:
e .

 Calculamos volume de sólidos de revolução por discos perpendiculares ao eixo


y:
e .

 Calculamos o valor médio de uma função por .

218
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática os conhecimentos sobre as


integrais definidas e as suas aplicações.

1) Encontre a área da região limitada acima por y = x – 6, abaixo por y = x² e


nas laterais por x = 0 e x = 2 .

2) Encontre a área limitada pelas curvas y = x² e y = 4.

3) Determine a área da região compreendida entre a parábola y = 2 – x² e a


reta y = - x.

4) Determine a área do primeiro quadrante que é limitada por ,y=x-2e


y = 0.

5) Calcule a área da região limitada pelas curvas y = 2x² + 10 e y = 4x + 16 de


modo que -2 ≤ x ≤ 5.

6) Calcule a área da região limitada pelas curvas y² + y – 1 = 0 e y – x = 0.

7) Encontre o volume do sólido obtido pela rotação da área limitada por ,


em torno do eixo x, o eixo das abscissas e a reta x = 4.

8) Calcule o volume do sólido que se obtém pela rotação da região limitada por
y = x³, y = 0 e x = 1 em torno do eixo y.

9) Calcule o volume do sólido que se obtém pela rotação da região limitada por
x² = y - 2, 2y – x – 2 = 0, x = 0 e x = 1 em torno do eixo x.

10) A região compreendida entre a parábola y = x² e a reta y = 2x no primeiro


quadrante gira em torno do eixo y para gerar um sólido de revolução.
Determine o volume do sólido.

Nas questões 11 e 12, determine o valor médio da função f(x) no intervalo


dado e em que ponto do domínio f realmente assume esse valor.

11) em [0, 3].

12) f(x) = x² + x em [-12, 0].

Assista ao vídeo de
resolução da questão 9

219
13) Um pesquisador estima que t horas depois da meia-noite, em um
período típico de 24 horas, a temperatura em certa cidade é dada por
, 0 ≤ t ≤ 24 graus Celsius. Qual é a temperatura média na
cidade entre 6 da manhã e 4 da tarde?

14) Um copo de limonada a uma temperatura de 40 ºF é deixado em uma


sala cuja temperatura constante é de 70 ºF. Usando um princípio da
Física denominado Lei do Resfriamento de Newton, pode-se mostrar que,
se a temperatura da limonada atingir os 52 ºF em uma hora, então sua
temperatura T como função do tempo decorrido pode ser modelada pela
equação em que T está em graus Fahrenheit e t, em horas.
Encontre a temperatura média Tm da limonada ao longo das primeiras 5
horas.

220
UNIDADE 3
TÓPICO 4

MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO I

1 INTRODUÇÃO
Nesta seção estudaremos uma técnica de integração que está baseada na
derivação do produto. Observem o que é exposto a seguir.

Sabemos que e .

Assim, .

Isto significa que a integral de um produto geralmente não é o produto das


integrais.

Daí a necessidade de buscar uma técnica de integração para integrais onde


temos o produto de duas funções.

Vamos recordar como se aplica a derivada no produto de duas funções.

Sejam f(x) = x e g(x) = sen x funções reais e consideremos na multiplicação,


obtendo x . sen x para derivarmos, utilizamos a regra da derivada do produto.

Pela tabela de derivadas temos, (u.v)´ = v.u´+ u.v´.

Escrevendo a regra acima com as funções f(x) e g(x), obtemos:

Substituindo as funções, temos:

221
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Usaremos esse exemplo de motivação para deduzirmos a equação da


integração por partes.

2 INTEGRAÇÃO POR PARTES


Sejam f(x) e g(x) funções diferenciáveis em um intervalo aberto. Temos,

Vamos isolar o termo ,

Multiplicando a equação por (-1),

Integrando ambos os lados da igualdade, obtemos

Esta é a fórmula de integração por partes. Ela propicia encontrar a integral

, através da escolha correta das funções para a utilização da fórmula.


Assim, a integral inicial, bastante complicada, é substituída por uma integral mais
simples para ser resolvida .

Costumamos escrever

Então, substituindo u e v na fórmula de integração por partes, encontramos

Na utilização da fórmula, o principal é a escolha apropriada de u e de dv,


de tal maneira que calcular ∫ v du seja mais simples do que calcular ∫ u dv.

222
TÓPICO 4 | MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO I

Exemplo 1:

Calcule a integral ∫ x cox x dx.

Resolução:

Primeiramente, para resolver esta integral devemos escolher


convenientemente u e dv. Observando que a parte da integral que escolhemos
para ser o u deverá ser derivado, e a outra parte (restante) o dv deverá ser
integrada, escolhemos u = x e dv = cos x dx. Assim,

u = x ⇒ du = dx
dv = cos x dx ⇒ v = ∫ cos x dx = sen x.

Aplicando a fórmula da integração por partes, temos ∫ u dv = u.v - ∫ v du


e obtemos ∫ x cos x dx = x. sen x - ∫ senx dx.

Após a substituição na fórmula, observe que resolver a integral ∫ senx dx é


mais simples que resolver a integral inicial ∫ x cos x dx.

Agora calculamos a integral: ∫ x cos x dx = x. sen x - (-cos x) + c

Portanto, ∫ x cos x dx = x. sen x + cos x + c.

Exemplo 2:

Calcule a integral ∫ x ex dx.

Resolução:

Na integral ∫ x ex dx, escolhemos u = x e dv = ex dx. Assim,

u = x ⇒ du = dx
dv = ex dx ⇒ v = ∫ ex dx = ex

Aplicando na fórmula da integração por partes ∫ u dv = u.v - ∫ v du, obtemos

Após a substituição na fórmula, observe que a integral ∫ ex dx é mais simples


que a integral inicial ∫ x ex dx.

Agora calculamos a segunda integral: .

Exemplo 3:

Calcule a integral ∫ In x dx.

223
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Resolução:

Na integral, ∫ In x dx escolhemos u – ln x e dv = dx. Assim,

Aplicando na fórmula ∫ u dv = u.v - ∫ v du, obtemos:

Após a substituição na fórmula, observe que a integral ∫ dx é mais simples


que a integral inicial ∫ dx.

Agora calculamos a segunda integral:

∫ In x dx = x.In x - x + c.

UNI

Caro(a) acadêmico(a), observe que não há outra escolha possível para a função
u, pois, na tabela das integrais imediatas, não tem a integral ∫ In x dx.

224
TÓPICO 4 | MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO I

Exemplo 4:

Calcule a integral ∫ 3x (x + 4)12 dx.

Resolução:

Na integral, ∫ 3x . (x + 4)12 dx, escolhemos u = 3x e dv = (x + 4)12 dx.

Assim,

u = 3x ⇒ du = 3 dx
dv = (x + 4)12 dx ⇒ .

Para calcular a integral ∫ (x + 4)12 dx foi empregada a técnica de integração


por substituição, fazendo u = x + 4. Então du = dx e . Voltando para
a variável x, tem-se .

Aplicando agora a fórmula ∫ u dv = u.v - ∫ v du obtemos:

Após a substituição na fórmula, observe que a integral ∫ (x + 4)13 dx é mais


simples que a integral inicial ∫ 3x(x + 4)12 dx.

Então, calcula-se a ∫ (x + 4)13 dx, utilizando novamente a técnica de


integração por substituição. .

225
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

ATENCAO

Observe que neste método temos que resolver pelo menos duas integrais.
E, muitas vezes, necessitaremos utilizar mais de uma técnica para calcular tais integrais:
precisaremos utilizar a integração por substituição ou mesmo aplicar novamente a técnica
de integração por partes até chegarmos a uma integral imediata (que esteja na tabela de
integração).

Portanto, na integral acima foram utilizadas duas técnicas de integração:


por partes e por substituição.

Exemplo 5:

Calcule a integral ∫ x sen (6x) dx.

Resolução:

Na integral, ∫ x sen (6x) dx escolhemos u = x e dv = sen(6x) dx. Assim,

u = x ⇒ du = dx
dv = sen(6x) dx ⇒ .

Para calcular a integral ∫ sen (6x) dx foi empregada a técnica de integração


por substituição, fazendo u = 6x então du = 6 dx. Assim, temos:

e, voltando para a variável x, tem-se .

Aplicando na fórmula ∫ u dv = u.v - ∫ v du, obtemos:

226
TÓPICO 4 | MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO I

Após a substituição na fórmula, observe que a integral ∫ cos (6x) dx é mais


simples que a integral inicial ∫ x sen (6x) dx.

Então, calcula-se, ∫ cos (6x) dx utilizando novamente a técnica de integração

por substituição. .

Portanto, na integral acima foram utilizadas duas técnicas de integração:


por partes e por substituição.

Exemplo 6:

Calcule a integral ∫ 4x2 sen x dx.

Resolução:

Na integral ∫ 4x2 sen x dx, escolhemos u = 4x² e dv = sen x dx. Assim,

u = 4x² ⇒ du = 8x dx
dv = senxdx ⇒ v = ∫ sen x dx = - cos x.

Aplicando a fórmula ∫ u dv = u.v - ∫ v du, obtemos

Após a substituição na fórmula, observe que a integral ∫ 8x cos x dx é mais


simples que a integral inicial ∫ 4x2 sen x dx.

Agora calculamos a segunda integral novamente por partes. Na integral ∫


8x cos x dx escolhemos u = 8x e dv= cos x dx. Desta vez fazemos:

227
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

u = 8x ⇒ du = 8 dx
dv = cos x dx ⇒ v = ∫ cosx dx = sen x.

Aplicando a fórmula ∫ u dv = u.v - ∫ v du, obtemos:

Juntando o resultado desta integral à integral inicial, temos:

Portanto, na integral acima foram utilizadas duas técnicas de integração:


por partes (duas vezes) e por substituição.

3 INTEGRAIS ENVOLVENDO POTÊNCIAS DE SENO E COSSENO

Estudaremos algumas integrais trigonométricas na forma de potências e


produtos de funções trigonométricas. Serão apresentadas algumas fórmulas que
auxiliarão na resolução das integrais do tipo ∫ senm x cosn x dx.

Como a resolução destas integrais difere conforme os valores de m e n,


vamos estudar cada caso separadamente.

228
TÓPICO 4 | MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO I

3.1 m ímpar
Se m é ímpar, a potência do seno é ímpar (m = 2k + 1), podemos separar
um fator seno e utilizar a identidade trigonométrica conhecida como relação
fundamental da trigonometria sen² x + cos² x = 1. Assim, conseguimos expressar
os fatores remanescentes em termos de cosseno.

Agora, faça uma substituição u = cos x.

Exemplo 1:

Calcule a integral ∫ sen3 x cos2 x dx.

Resolução:

Na integral ∫ sen3 x cos2 x dx, vamos aplicar o procedimento descrito acima


para m = 3 e n = 2.

229
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Nas duas integrais, substituímos u = cos x

Portanto, .

3.2 n ímpar
Quando n é ímpar, agora a potência do cosseno é ímpar (n = 2k + 1), e
podemos separar um fator cosseno e utilizar a identidade trigonométrica cos² x =
1 – sen² x, assim expressamos os fatores remanescentes em termos de seno.

Agora, faça uma substituição u = sen x.

Exemplo 2:

Calcule a integral ∫ sen2 x cos5 x dx.

230
TÓPICO 4 | MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO I

Resolução:

Na integral ∫ sen2 x cos5 x dx, vamos aplicar o procedimento descrito


acima para m = 2 e n = 5.

Nas duas integrais, substituímos u = sen x

Portanto, .

3.3 m, n par

Quando m e n forem pares, as potências de seno e cosseno são pares, e


podemos utilizar as identidades trigonométricas dos arcos-metade

Assim, expressamos os fatores remanescentes em termos de seno.

231
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Agora, desenvolva a potência (1-cos2 2x)k e, em seguida, resolva as integrais


por substituição.

Exemplo 3:

Calcule a integral ∫ sen2 x cos2 x dx.

Resolução:

Na integral ∫ sen2 x cos2 x dx, vamos utilizar as identidades sugeridas


acima.

No membro da esquerda, temos três integrais para resolver. A primeira


é imediata, a segunda sai com uma substituição u = 2x e a terceira aplicamos a
fórmula de redução.

232
TÓPICO 4 | MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO I

Portanto, .

UNI

Os procedimentos apresentados neste tópico não são a única maneira de resolver


tais integrais. Podem ser utilizadas outras identidades trigonométricas para tornar as integrais
mais simples. Aparentemente, essa utilização ocasionará em primitivas aparentemente
diferentes, mas não é verdade: as primitivas serão as mesmas e elas apenas diferenciaram
na apresentação. Algumas manipulações algébricas mostrarão que será possível ver que se
trata da mesma função primitiva. Isto pode ocorrer com os exercícios propostos, isto é, as
respostas que você encontrar podem eventualmente estar um pouco diferentes da resposta
apresentada no final da unidade. Sugiro que verifique a igualdade entre a função primitiva
encontrada e a fornecida como resposta. Bons estudos!!!

4 INTEGRAIS DE REDUÇÃO OU RECORRÊNCIA


A integração de funções potências trigonométricas é resolvida usando a
técnica de integração por partes e, quando a função é seno ou cosseno, existem as
fórmulas de redução ou recorrência para expoentes maiores ou iguais a dois.

Para as integrais:

∫ senn u du e ∫ cosn u du, sendo n inteiro e positivo.

Através da integração por partes, deduzem-se as seguintes fórmulas:

233
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Vamos mostrar alguns exemplos dessas integrais.

Exemplo 1:

Calcule a integral ∫ sen2 x dx.

Resolução:

Na integral ∫ sen2 x dx, vamos aplicar a fórmula de recorrência para n = 2.

Exemplo 2:

Calcule a integral ∫ cos3 x dx.

Resolução:

Na integral ∫ cos3 x dx, vamos aplicar a fórmula de recorrência para n = 3.

234
TÓPICO 4 | MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO I

UNI

Observe que em situações onde o valor de n for maior que 3 é necessário aplicar
novamente a fórmula na integral do segundo membro.

Nestas integrais podem ocorrer também situações em que temos uma constante
multiplicando o argumento das funções trigonométricas. Por exemplo, ∫ sen4 5x dx. Então
o procedimento é: primeiro fazer uma substituição u = 5x e, em seguida, aplicar a fórmula
de redução.

Assim, podemos reescrever as fórmulas apresentadas acima para esses casos.

Exemplo 3:

Calcule a integral ∫ sen4 5x dx.

Resolução:

Na integral ∫ sen4 5x dx, vamos aplicar a fórmula de recorrência para n =


4 e a = 5.

Conforme já comentado, na integral do segundo membro teremos que


aplicar novamente a fórmula de recorrência.

235
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

DICAS

A integração requer bastante habilidade algébrica com as relações e identidades


trigonométricas. Sugiro que consultem o livro: IEZZI, Gelson et al. Fundamentos de
matemática elementar. Trigonometria. 8. ed. São Paulo: Atual, 2004. v. 3.

236
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico você viu:

 A técnica de integração por partes. Vamos recordar as etapas do método. As


integrais têm a seguinte forma:

Passo 1: A escolha conveniente para u e dv, isto é, u = f(x) e dv = g´(x) dx.

Passo 2: Calcule e .

Passo 3: Faça a substituição:

na fórmula de integração por partes;

∫ u dv = u.v - ∫ v du.

Passo 4: Calcule a integral do segundo membro, se possível.

Passo 5: Se a integral do segundo membro não ficou como uma integral imediata,
então aplique alguma técnica conveniente.

 Estudou três procedimentos para o produto de potências de seno e cosseno.

∫ senm x cosn x dx Procedimento Identidades trigonométricas

 Separe um fator de sen x.


m ímpar  Aplique a identidade trigonométrica. sen² x = 1 – cos² x
 Faça a substituição u = cos x.
 Separe um fator de cos x.
n ímpar  Aplique a identidade trigonométrica. cos² x = 1 – sen² x
 Faça a substituição u = sen x.

 Use as identidades trigonométricas


m, n par para reduzir as potências de sen x e
cos x.

237
 Estudou a técnica de integração trigonométrica. As fórmulas de redução

238
AUTOATIVIDADE

Agora é a sua vez! Resolva as integrais aplicando a técnica de integração por


partes. Lembre-se das orientações dadas, o cuidado na escolha das partes u e
dv para cada tipo de integral desenvolvida.

Nos exercícios 1 a 4, calcule as integrais fazendo as substituições indicadas.

1)

2)

3)

4)

Nos exercícios 5 a 10, calcule a integral utilizando a técnica da integração por


partes.

5)

6)

7)

8)

9)

10)

Assista ao vídeo de
resolução da questão 6

239
Nos exercícios 11 a 16, calcule as integrais trigonométricas.

11)

12)

13)

14)

15)

16)

240
UNIDADE 3
TÓPICO 5

MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO II

1 INTRODUÇÃO

p(x)
Uma função da forma ____
q(x) , onde p(x) e q(x) ≠ 0 são polinômios, é chamada
p(x)
de função racional. Tecnicamente, é possível escrever qualquer expressão ____ q(x)
como uma soma de expressões racionais cujos denominadores envolvem potências
de polinômios de grau não superior a 2.

2 INTEGRAÇÃO DAS FUNÇÕES RACIONAIS POR FRAÇÕES


PARCIAIS

Em álgebra, normalmente combinamos duas ou mais frações em uma


única, usando um denominador comum. Por exemplo:

As integrais que resolveremos nesta seção se apresentarão da seguinte forma:

, onde deveremos escrever esta integral como ,


facilitando bastante a integração. Vamos estudar um método geral para a integração
de funções racionais, baseado na ideia de decompor uma função racional em uma
soma de funções racionais mais simples (conforme mostrado acima), que possam
ser integradas pelos métodos estudados anteriormente.

Se p(x) e q(x) são polinômios e se o grau de p(x) é inferior ao de q(x),


p(x)
então podemos decompor a fração ____
q(x) na forma: . Sendo

Fk (k = 1, 2, 3, ..., n) da forma ou , para A, B e C números

reais e n inteiro positivo, ax² + bx + c é irredutível.

Se todos os fatores de q(x) são lineares, então a decomposição em frações


p(x)
____
parciais de q(x) pode ser determinada usando-se a seguinte regra: REGRA DO

241
FATOR LINEAR.

Para cada fator da forma (ax + b)m, a decomposição em frações parciais


contém a seguinte soma de m frações parciais:

onde A1, A2, A3, ..., Am são constantes a serem determinadas.

Exemplo 1:

Calcule .

Resolução:

Fatorando o polinômio x² - 2x - 3, temos x² - 2x – 3 = (x + 1)(x – 3).

Os fatores x + 1 e x – 3 são lineares e aparecem na primeira potência:


assim sendo, cada fator contribui com um fator na decomposição em frações
parciais pela regra do fator linear. Deste modo, a decomposição tem a forma:

onde A e B são constantes a serem determinadas. Assim, aplicando o método de


Descartes, temos:

5x – 3 = A(x – 3) + B(x + 1) Multiplique os dois lados da equação por (x + 1)


(x – 3)
5x – 3 = (A +B) – 3A +B. Combine os termos

Por comparação, equacionamos os coeficientes para obter o sistema linear


a seguir.

242
TÓPICO 5 | MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO II

Portanto,

Exemplo 2:

Calcule .

Resolução:

Fatorando o polinômio x³ + x² - 4x – 4, temos x³ + x² - 4x – 4 = (x – 2)(x + 1)


(x + 2).
Os fatores x – 2, x + 1, e x + 2 são lineares e aparecem na primeira potência:
assim sendo, cada fator contribui com um fator na decomposição em frações
parciais pela regra do fator linear. Deste modo a decomposição tem a forma:

onde A, B, C são constantes a serem determinadas. Assim,

x – 1 = A(x + 1)(x + 2) + B(x – 2)(x + 2) + C(x – 2)(x + 1).

Existe outra maneira prática para determinar os valores das constantes A,


B, C. Tomamos valores de x que anulam os diversos fatores, como segue:

243
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Portanto,

Exemplo 3:

Calcule .

Resolução:

Fatorando o polinômio x³ - 4x², temos x³ - 4x² = x . x² .(x – 4)..

A decomposição tem a forma: onde A, B, C são


constantes a serem determinadas. Assim,

1 = Ax(x – 4) + B(x – 4) + Cx²


1 = (A +C)x² + (– 4A + B)x – 4B.

Determinando os valores das constantes A, B, C pela regra prática. Tomamos


valores de x que anulam os diversos fatores, como segue:

244
TÓPICO 5 | MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO II

Portanto,

Se alguns dos fatores de q(x) são quadráticos irredutíveis, então a


contribuição destes fatores para essa nova decomposição em frações parciais
p(x)
____
de q(x) pode ser determinada a partir da seguinte regra: REGRA DO FATOR
QUADRÁTICO.

Para cada fator da forma (ax² + bx + c)m, a decomposição em frações parciais


é formada pela soma de m frações parciais:

onde A1, A2, A3, ... Am, B1, B2, B3, ... Bm são constantes a serem determinadas.

Exemplo 4:

Calcule .

Resolução:

Fatorando o polinômio x³ + 4x, temos x³ + 4x = x. (x² + 4).

Pela regra do fator linear, o fator x introduz um só termo e pela regra do


fator quadrático, o fator x² + 4 introduz dois termos (uma vez que m =2). Deste
modo a decomposição tem a forma:

onde A, B, C são constantes a serem determinadas.


Assim,

245
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

1 = A(x² + 4) + (Bx + C)x


1 = (A +B)x² + Cx + 4A.

Determinando os valores das constantes A, B, C pelo método de Descartes,


temos:

Portanto,

Exemplo 5:

Calcule .

Resolução:

O polinômio x² + 2 já é irredutível. Deste modo a decomposição tem a


forma:

onde A, B, C são constantes a serem


determinadas.

Assim,

x³ = (Ax + B)(x² +2) + Cx + D


x³ = Ax³ + Bx² + (2A + C)x + 2B + D.

Determinando os valores das constantes A, B, C pelo método de Descartes,


temos:

246
TÓPICO 5 | MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO II

Portanto,

3 INTEGRAIS IMPRÓPRIAS

As integrais definidas estudadas até esta seção são números


reais e f(x) é uma função contínua no intervalo [a, b]. Pode acontecer que, ao
aplicarmos estes conceitos, seja preciso ou conveniente considerar os casos em que
a = − ∞, b = − ∞, ou f seja descontínua em um ou mais pontos do intervalo. Nestas
condições, é preciso ampliar o conceito de integral e as técnicas de integração, de
modo a incluir estes casos adicionais. Estas integrais em que a= − ∞, b = − ∞, ou f
é descontínua em [a, b], são chamadas Integrais Impróprias.

Definição 3.5.1 A integral imprópria de f no intervalo [a, + ∞) é definida


por:

247
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

UNI

Quando este limite existir, dizemos que a integral imprópria converge, e o limite é
definido como sendo o valor da integral. Quando o limite não existir, dizemos que a integral
imprópria diverge, e não é atribuído nenhum valor real. Isto se aplica a todo tipo de integrais
impróprias.

Exemplo 1:

Calcule a integral imprópria .

Resolução:

Conforme a Definição 3.5.1, substituímos o limite superior infinito por um


limite finito b, e então tomamos o limite da integral resultante. Assim,

FIGURA 76 – GRÁFICO 5.1

y
3

1
x
-1 1 2 3 4 5

FONTE: O autor

248
TÓPICO 5 | MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO II

Portanto, e esta integral é convergente. A região mostrada

no gráfico (figura 76) tem área .

Definição 3.5.2 A integral imprópria de f no intervalo (- ∞, b] é definida


por

Exemplo 2:

Calcule a integral imprópria .

Resolução:

Conforme a Definição 3.5.2, substituímos o limite inferior infinito por um


limite finito a, e então tomamos o limite da integral resultante. Assim,

Portanto, e esta integral é convergente.

Definição 3.5.3 A integral imprópria de f no intervalo (- ∞, + ∞) é definida


por:

onde c é um número real qualquer.

249
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

Exemplo 3:

Calcule a integral imprópria .

Resolução:

Portanto, e esta integral é convergente.

Definição 3.5.4 Se f for contínua no intervalo [a, b], exceto por uma
descontinuidade infinita em b, então a integral imprópria de f no intervalo [a, b]
é definida por:

Definição 3.5.5 Se f for contínua no intervalo [a, b], exceto por uma
descontinuidade infinita em a, então a integral imprópria de f no intervalo [a, b]
é definida por:

.
FIGURA 77 – GRÁFICO 5.2
Exemplo 4:

Calcule a integral imprópria .

Resolução:

Observemos que é descontínua em


x = - 1 e a reta x = - 1 é uma assíntota vertical (figura
77). Assim,
FONTE: O autor

250
TÓPICO 5 | MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO II

Portanto não existe e esta integral é divergente.

UNI

O texto a seguir foi extraído da internet em um site bastante completo –


Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada da Universidade de São Paulo. O texto é parte de
uma bibliografia de uma grande personalidade da matemática que contribuiu muito com o
desenvolvimento do Cálculo.

251
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

BIOGRAFIA DE GOTTFRIED WILHELM VON LEIBNIZ (1646-1716)

Leibniz nasceu em Leipzig, Alemanha, no dia 1° de julho de 1646. Ingressou


na Universidade aos 15 anos de idade e, aos 17, já havia adquirido o seu diploma
de bacharel. Estudou Teologia, Direito, Filosofia e Matemática na Universidade.
Para muitos historiadores, Leibniz é tido como o último erudito que possuía
conhecimento universal.

Aos 20 anos de idade já estava preparado para receber o título de doutor


em Direito. Este lhe foi recusado por ser ele muito jovem. Deixou então Leipzig e
foi receber o seu título de doutor na Universidade de Altdorf, em Nuremberg.

A partir daí, Leibniz entrou para a vida diplomática. Como representante


governamental influente, ele teve a oportunidade de viajar muito durante toda a
sua vida. Em 1672 foi para Paris, onde conheceu Huygens, que lhe sugeriu a leitura
dos tratados de 1658 de Blaise Pascal se quisesse tornar-se um matemático. Em
1673 visitou Londres, onde adquiriu uma cópia do Lectiones Geometricae de Isaac
Barrow e tornou-se membro da Royal Society. Foi devido a essa visita a Londres
que apareceram rumores de que Leibniz talvez tivesse visto o trabalho de Newton,
que por sua vez o teria influenciado na descoberta do Cálculo, colocando em
dúvida a legitimidade de suas descobertas relacionadas ao assunto.

Sabemos hoje que isto não teria sido possível, dado que Leibniz, durante
aquela visita a Londres, não possuía conhecimentos de geometria e análise
suficientes para compreender o trabalho de Newton.

A partir daí, a Matemática estaria bastante presente nas descobertas de


Leibniz. Em outra posterior visita a Londres, ele teria levado uma máquina de
calcular, de sua invenção. Uma das inúmeras contribuições de Leibniz à Matemática
foi o estudo da aritmética binária, que, segundo ele, havia sido utilizada pelos
chineses e estaria presente no livro I Ching.

252
TÓPICO 5 | MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO II

Como aconteceu com Newton, o estudo de séries infinitas foi muito


importante no início de suas descobertas. Relacionando o triângulo de Pascal e o
triângulo harmônico, Leibniz percebeu uma maneira de encontrar o resultado de
muitas séries infinitas convergentes. A essa altura ele voltou-se para o trabalho de
Blaise Pascal - Traité des sinus du quart de cercle, que lhe teria dado um importante
insight: a determinação da tangente a uma curva dependia das diferenças das
abscissas e ordenadas na medida em que essas se tornassem infinitamente
pequenas e que a quadratura, isto é, a área, dependia da soma das ordenadas ou
retângulos infinitamente finos.

Esse insight levaria Leibniz em 1676 a chegar às mesmas conclusões a que


havia chegado Newton alguns anos antes: ele tinha em mãos um método muito
importante devido à sua abrangência. Independente de uma função ser racional
ou irracional, algébrica ou transcendente - termo criado por Leibniz -, as operações
de encontrar “somas” (integrais) ou “diferenças” (diferenciais) poderiam ser
sempre aplicadas. O destino havia reservado a Leibniz a tarefa de elaborar uma
notação apropriada para estas operações, assim como as nomenclaturas - Cálculo
Diferencial e Cálculo Integral -, ambas utilizadas atualmente.

O primeiro trabalho sobre Cálculo Diferencial foi publicado por Leibniz em


1684, antes mesmo do que Newton, sob o longo título Nova methodus pro maximis et
minimis, itemque tangentibus, qua nec irrationales quantitates moratur . Nesse trabalho
apareceram as fórmulas:

d(xy) = x dy = y dx (derivada do produto)

( derivada do quociente)

dxn = n xn-1

Dois anos mais tarde, Leibniz publicaria no periódico Acta Eruditorum


um trabalho sobre o Cálculo Integral. Nesse trabalho apresenta-se o problema da
quadratura como um caso especial do método do inverso das tangentes.

Além do Cálculo, Leibniz contribuiu para outras áreas da Matemática. Foi


ele quem generalizou o teorema do binômio em Teorema do Multinômio, para
expansões do tipo (x + y + z)n. A primeira referência do método dos determinantes
no mundo ocidental também foi feita por ele. Leibniz reelaborou e desenvolveu o
conceito de lógica simbólica. Contribuiu também para a teoria de probabilidades
e a análise combinatória.

253
UNIDADE 3 | INTEGRAÇÃO

O peso das descobertas e contribuições de Leibniz para o Cálculo e para a


Matemática como um todo é tão grande que outras importantes áreas de atuação
frequentemente são deixadas de lado. Não obstante, Leibniz é considerado também
um dos sete filósofos modernos mais importantes.

Em Física, Leibniz acabou negando a teoria da gravitação de Newton, pois


acreditava que nenhum corpo podia entrar em movimento “naturalmente”, a não
ser através do contato com outro corpo que o impulsionaria. Ele também rejeitou os
conceitos newtonianos de espaço e tempo absolutos. Junto com Huygens, Leibniz
desenvolveu o conceito de energia cinética. Apesar de tudo, as suas contribuições
para a ciência foram de certa forma obscurecidas por aquelas de Newton. Isto,
entretanto, não o faz menos importante que Newton na descoberta do Cálculo. Na
realidade, Leibniz e Newton foram os dois maiores protagonistas na descoberta
desta poderosa ferramenta matemática, o Cálculo.

É sabido que Leibniz era capaz de ficar sentado na mesma cadeira por vários
dias, pensando. Era um trabalhador incansável, um correspondente universal -
ele tinha mais de 600 correspondentes. Era patriota, cosmopolita e um dos gênios
mais influentes da civilização ocidental. Em julho de 1716 adoeceu, ficou então de
cama até a sua morte, no dia 14 de novembro, em Hannover, Alemanha.

FONTE: Disponível em: <http://www.cepa.if.usp.br>. Acesso em: 19 jan. 2011.

254
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico estudamos e vimos que:

 Estudamos a integração de funções racionais por frações parciais e aí vimos


duas regras para construir a decomposição em frações parciais.

ou

 Finalizando, estudamos a integral imprópria, onde primeiro devemos resolver


a integral para depois calcular o limite. Vimos duas situações das integrais
impróprias.

 Integrais impróprias com limites infinitos de integração:

1) Se f(x) é contínua em então

2) Se f(x) é contínua em então

3) Se f(x) é contínua em então

 Integrais impróprias com descontinuidades infinitas:

1) Se f(x) é contínua em então

2) Se f(x) é contínua em então

255
AUTOATIVIDADE

Agora chegou a sua vez de colocar em prática o que foi estudado. Lembre-
se das orientações dadas para o cálculo das integrais impróprias.

Nos exercícios 1 a 6, calcule as integrais indefinidas por frações parciais.

1)

2)

3)

4)

5)

6)

Nos exercícios 7 a 11, calcule as integrais impróprias.

7)

8)

9)

10)

11)

256
REFERÊNCIAS
ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. Porto Alegre: Bookman, 2007. v. 1.

FINNEY, R. WEIR, M; GIORDANO, F. Cálculo de George B. Thomas Jr. São


Paulo: Addison Wesley, 2002. v. 1.

FLEMMING, Diva Marília; GONÇALVES, Mirian Buss. Cáuculo A: funções,


limite, derivação, integração. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. 3. ed. São Paulo: Harbra,
1994. v. 1.

SIMMONS, George F. Cálculo com geometria analítica. São Paulo: Pearson


Makron Books, 1987. v. 1.

STEWART, James. Cálculo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. v. 1.

257
ANOTAÇÕES

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