Capitulo I - O Debate UV - Norbert Fenzl

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A SUSTENTABILIDADE DE SISTEMAS COMPLEXOS

Conceitos básicos para uma ciência do desenvolvimento


sustentável
Aspectos Teóricos e Práticos

Norbert Fenzl
José Alberto da Costa Machado

Capitulo I

O DEBATE E OS DESAFIOS
Conteúdo

Desenvolvimento Sustentável existe? ....................................................... 3


A lógica da insustentabilidade: Descontando o futuro ....................................... 4
Breve histórico do debate .......................................................................... 6
O Clube de Roma. Os Limites e Além dos Limites do Crescimento...................... 7
O Relatório Brundtland .................................................................................... 8
Os objetivos de desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas ........................ 8
A Economia Ecológica ................................................................................... 10
A Ecologia Profunda (Deep Ecology) .............................................................. 11
O Eco-desenvolvimento e desenvolvimento includente .................................... 11
Os serviços ambientais .................................................................................. 12
Os desafios para as ciências..................................................................... 14
A diversidade do conceito ............................................................................. 15
As diferentes concepções da insustentabilidade .............................................. 17
As diferentes tentativas de aferição da sustentabilidade .................................. 21
Referências............................................................................................... 23

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Desenvolvimento Sustentável existe?

O conceito de Desenvolvimento Sustentável não é simplesmente um modismo intelectual do final


do Século XX, senão é fruto da consciência dos graves problemas ambientais e socioeconômicos
que a humanidade está enfrentando. As sociedades e nações do mundo em pleno processo de
globalização e integração socioeconômicas estão percebendo claramente os limites dos recursos
naturais do planeta. Mais ainda, os princípios e as maneiras em que esta integração mundial
ocorre, produzem efeitos colaterais desastrosos, tais como impactos ambientais de dimensões
planetárias, níveis de injustiça social crescentes e uma voracidade desenfreada em relação aos
recursos naturais. A percepção dessas limitações do modelo econômico globalizado traz
conseqüências profundas na maneira de encarar o futuro da humanidade.

Assim, desenvolvimento sustentável pode ser considerado de certa maneira um contra-


conceito na medida em que ele surge como antítese a um desenvolvimento econômico e social
do planeta que é percebido como insustentável.

Surge então a pergunta: nossa forma de desenvolvimento tem futuro ?


As respostas não são simples e requerem uma nova abordagem baseada na interdisciplinaridade,
quebrando com nossas tradições positivistas e lineares de pensar. De fato, a sociedade humana é
um sistema complexo, longe do equilíbrio e regido por parâmetros que não obedecem à lógica
mecanicista das ciências tradicionais. Eis a razão porque compreender o verdadeiro significado do
conceito de desenvolvimento sustentável requer compreender as dinâmicas dos sistemas
complexos. Desenvolvimento Sustentável, por ser um conceito novo e muito amplo, vem sendo
interpretado das maneiras mais diversas, sempre dependendo dos interesses específicos do
usuário. As dificuldades em torno desse conceito se devem ao grande número de pontos de vista,
do alto nível de abstração e da falta de elementos operacionais capazes de medir concretamente a
sustentabilidade de um processo de desenvolvimento. Em outras palavras: é preciso construir uma
ciência inovadora para a sociedade sustentável.
De um modo geral define-se desenvolvimento sustentável levando-se em conta as seguintes metas
e objetivos básicos:
- A taxa de consumo de recursos renováveis não deve ultrapassar a capacidade de
renovação dos mesmos;
- A quantidade de rejeitos produzidos não deve ultrapassar a capacidade de absorção
dos ecossistemas;
- Recursos não renováveis devem ser utilizados somente na medida em que possam ser
substituídos por um recurso equivalente renovável.
Em síntese: o conceito de desenvolvimento sustentável descreve um processo socioeconômico
ecologicamente sustentável e socialmente justo.
É claro que diretrizes tão vagas, não podem ser traduzidas diretamente em ações práticas ou
políticas públicas consistentes. As dificuldades e obstáculos para transformar esta idéia
aparentemente simples em ações concretas são enormes e os debates e conflitos que surgem em
torno desse conceito são equivalentes ao tamanho do problema que a humanidade está
enfrentando de fato.

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Entretanto, a discussão em torno das questões práticas avançou nas últimas décadas e assistimos
ao surgimento de novas abordagens metodológicas que parecem promissoras 1.

A lógica da insustentabilidade: Descontando o futuro


O ser humano tem a tendência de ser coerente dentro de certos princípios aceitos pelo conjunto da
sociedade e dentro do contexto cultural em que ele for educado. Neste caso, o comportamento do
individuo é considerado normal, ou racional. Assim sendo, a racionalidade é sempre relativa a normas
socialmente aceitas e pode ser perfeitamente irracional em algum outro quadro de referência ética.
Por exemplo, quando queremos entender porque alguns promovem a destruição das florestas
tropicais e a consideram como uma atividade racional, enquanto outros a condenam devemos
perguntar sobre as lógicas que estão fundamentando julgamentos tão antagônicos.

A primeira lógica é basicamente utilitária. As pessoas físicas ou jurídicas que vivem de acordo com
esta lógica, são os centros de suas próprias atenções. Eles consideram ter todo o direito de utilizar
qualquer coisa animada ou inanimada presente no seu redor, contanto que a relação custo-benefício
esteja favorável para si mesmo. Esta foi exatamente a lógica do colonialismo que marcou a história do
mundo nos últimos 500 anos e continua sendo a lógica da economia capitalista atual.
Na era da globalização tal atitude traz conseqüências cada vez mais desastrosas para todos os
indivíduos e sociedades, espécies e ecossistemas que não possuem poder econômico ou político para
garantir seu espaço num mundo onde reina a lei do mais forte. Um excelente exemplo é a atual crise
do sistema financeiro mundial.
Essa postura antropocêntrica e egocêntrica tem raízes nas nossas heranças históricas culturais,
religiosas e filosóficas. Trata-se de um referencial construído, em parte, sobre interpretações
ignorantes do mundo natural ao nosso redor e em parte sobre a necessidade do nosso passado
remoto quando os recursos naturais pareciam infinitos e a luta pela sobrevivência do ser humano
requeria uma dose cavalar de egocentrismo para ter sucesso.

Nesse contexto de lógicas, derrubar a floresta tropical, vender a madeira, colocar o dinheiro no banco
e receber a taxa de juros, que é mais alta do que o valor da taxa de produção de madeira da floresta
é necessariamente um “bom negócio”.
Entretanto, se incluirmos nas nossas reflexões e atos os interesses dos nossos filhos e netos,
percebemos que na realidade estamos vivendo à custa das gerações futuras. Ou seja, estamos
descontando o futuro. Para a economia neoclássica, trata-se de um argumento utilizado para
determinar o futuro valor dos recursos naturais atualmente disponíveis.
BOSSEL (1996) nos dá um exemplo que adaptamos aqui para as condições brasileiras.
Imaginamos um dono de uma fazenda com uma bela árvore de mogno adulto, que certamente
poderá durar ainda uns 100 anos sem aumentar sua biomassa. Digamos que a madeira de mogno
desta árvore vale USD$ 1.000, a preço do mercado atual. Para saber o que fazer com a árvore, o
dono avalia as seguintes opções: derrubar e vender a madeira (i) de imediato, (ii) daqui a dez anos,
(iii) daqui a cinqüenta anos, (iv) daqui a cem anos. E ele sabe que pode investir o dinheiro a uma taxa
segura de juros de sete por cento ao ano.

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Por exemplo, a Holanda desenvolveu um programa interessante chamado Sustainable Technology Development. Este
programa pede que os fluxos antropogênicos devam ser pequenos (20%) em relação aos fluxos naturais. No caso dos
recursos não renováveis, o programa propõe que o uso somente deva ser permitido se há uma perspectiva de reservas pelo
menos por 50 anos. Nesse período precisam ser realizados investimentos para sua substituição.

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- Se o dono decide derrubar e vender de imediato, ele deposita R$ 1.000 no banco, sobre os
quais ele pode auferir juros (digamos 7%/ano) a partir de agora. Assim ele terá R $ 2.014 em dez
anos, R$ 4.055 em 20 anos, R$ 33.115 em 50 anos e R$ 1.096.633 em cem anos.
- Se o dono decide de derrubar a árvore somente daqui a 10 anos, ele receberia os US$ 1.000
somente daqui a dez anos e deixaria de ganhar os R$10.014 de juros. Em outras palavras, o valor da
madeira agora seria somente R$ 500, se o preço for calculado para uma venda daqui a 10 anos.
- Seguindo este raciocínio, o valor da árvore agora seria somente de R$ 30 hoje, se fosse
derrubada daqui a 100 anos.
Assim sendo, dentro desta lógica, o mais lucrativo é cortar o mogno e colocar R$ 1.000 no banco a
uma taxa de 7% e garantir para os netos uma boa quantidade de dinheiro no banco, o que eles
certamente preferirão no lugar da velha árvore. Do ponto de vista da lógica capitalista isto seria
chamado de gerenciamento sustentável de recursos. Esta é exatamente a lógica com que governos, e
empresas ou indivíduos derrubam florestas tropicais, sobre-pescam os oceanos, esgotam os recursos
naturais e bombeiam campos de petróleo até secarem.
Uma vez que o dinheiro esteja no banco, em princípio, ter-se-á uma “fonte sustentável” de dinheiro,
com um fluxo constante de juros. Isto é (ou pelo menos era até a quebra geral do sistema financeiro
mundial) a lógica vigente.
Claro que os governos e seus gurus economistas vêem a floresta desaparecer, a pesca entrando em
colapso, campos de petróleo secando. Mas, aparentemente, eles descobriram uma “novidade”:
sempre que um recurso natural se torna raro, a tecnologia arranja um substituto . Este credo quase
religioso nas possibilidades da tecnologia, a chamada lei da substitucionalidade, não admite soluções
sustentáveis para o aproveitamento racional dos recursos naturais.

Por outro lado, chegaremos a conclusões racionais totalmente diferentes se valorizarmos o uso
futuro tanto quanto o uso presente (sem descontar nada de um futuro mais do que incerto) e se
forem aceitas as leis da física, da química e da biologia, que impõem limites objetivos a
substitucionalidade. Este referencial é necessário para entender o sentido mais profundo do conceito
de sustentabilidade (HOWARD; NORGAARD, 1990, 1992, 1993).
O problema é que o modo de pensar antropocêntrico e utilitário não apenas desconta os interesses
das gerações futuras de acordo com sua distância no tempo, mas também aplica um desconto
semelhante no que diz respeito à distância social. O que importa e define nosso comportamento são
os interesses pessoais e dos nossos mais próximos, enquanto os interesses de cidadãos de outra
classe social contam muito pouco e os interesses de pessoas muito distantes ou uma exótica espécie
de pássaro contam praticamente nada.
Nesta lógica, é claro que a proteção ambiental e prevenção da poluição fazem sentido apenas se seus
benefícios futuros forem maiores do que os custos atuais. Do contrário, estaríamos irracionalmente
desistindo dos nossos direitos de consumo hoje.
Usando o exemplo da árvore de mogno: se um desastre ambiental custa 1 milhão de dólares em
prejuízos que nos afetam de imediato, pagaríamos muito provavelmente esta quantia para evitar que
ele aconteça. Entretanto, de acordo com a lógica econômico vigente, se ao contrário, os efeitos do
desastre causam este mesmo prejuízo de 1 milhão de dólares somente daqui a cem anos, nós
provavelmente nem pagaríamos os US$ 912 (presumindo, novamente, a utilização da taxa de juros de
7 por cento) que serão necessários a partir de agora para evitar que ele ocorra no futuro.
Foi exatamente este tipo de raciocínio que fez o governo norte-americano cortar as despesas de
manutenção dos diques em New Orleans antes do ciclone Katarina e explica sua resistência em
assinar os acordos de Kyoto (NORDHAUS, 1990, 1993).

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O grande problema do desenvolvimento sustentável é que ele não admite descontos futuros. Um
determinado ecossistema vale hoje tanto para o funcionamento do sistema como um todo, quanto
valerá em 50, 100 ou 1000 anos. Se quisermos que o sistema econômico como um todo seja
sustentável e útil para as gerações futuras, não podemos permitir que economistas ou governos de
plantão determinem os valores monetários para os serviços dos ecossistemas (cujos
funcionamentos ainda são em grande parte desconhecidas) de acordo com interesses imediatistas.

A idéia do desenvolvimento sustentável é baseada na percepção de que a biosfera e a antroposfera se


complementem num sistema só e ambos evoluem juntos. Não há qualquer possibilidade de desconto
temporal do futuro da biosfera em benefício imediato da antroposfera. Ou os dois lados evoluem
juntos ou ambos desaparecerão juntos.
Isto não significa de modo algum que a antroposfera não deve usar os recursos naturais disponíveis
para seu desenvolvimento. Pelo contrário, a sociedade humana precisa tirar sua energia e matéria
necessária da bio e geosfera para sobreviver. Entretanto, a forma como a sociedade global se
apropria e consome estes recursos deve ser repensada e transformada.

Assim, a interdependência entre biosfera e antroposfera, assim como a interdependência entre


culturas, nações, raças e classes sociais, não admite nenhum desconto espacial ou temporal de um
em detrimento do outro. E como a história das guerras, das crises econômicas e financeiras, do
câmbio climático, dos desastres ecológicos e muitas outras calamidades nos deveriam ensinar,
qualquer tentativa neste sentido será paga cruelmente por nós e, sobretudo por nossos filhos e netos.

Concluindo, podemos concordar com BOSSEL (1996) que resume estas reflexões da seguinte
maneira:
1. Com relação ao ambiente natural, significa reconhecer espécies e ecossistemas como
sistemas que têm sua própria identidade, seu valor e direito de existência, no presente e no futuro. O
ambiente natural não pode ser visto como uma fonte, supostamente infinita, de recursos, mas sim
como um espaço de vida do qual depende nossa existência e cujo futuro é nossa responsabilidade;
2. Com relação aos sistemas humanos, significa respeitar os princípios dos direitos humanos,
sem diferenciações por região, religião, raça, convicção política, renda, riqueza, ou educação;
3. Com relação ao futuro significa respeitar o direito à existência e desenvolvimento de futuras
gerações, espécies e ecossistemas, entendendo que na realidade pedimos a terra emprestada aos
nossos filhos.
Dito isso, é fundamental reconhecermos o fato que a natureza presta um serviço vital para as
sociedades humanas que nunca foi devidamente reconhecido e sempre considerado como um
presente gratuito. Desenvolvimento sustentável, portanto exige uma profunda e criativa
reestruturação do nosso modo de produção, e conseqüentemente das relações de produção e
das forças produtivas correspondentes. Assim, chegamos finalmente ao cerne de toda a
problemática e percebemos porque a discussão em torno do desenvolvimento sustentável sempre
parece escapar das questões operacionais e da prática: quanto mais aprofundamos o debate sobre a
insustentabilidade do desenvolvimento atual, o paradigma do capitalismo liberal e da liberdade do
mercado está sendo seriamente e crescentemente questionado.

Breve histórico do debate

A literatura sobre o tema do desenvolvimento sustentável cresceu exponencialmente nas últimas


três décadas, mas em grande parte trata-se de uma crítica ao sistema econômico vigente com

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poucas orientações práticas ou operacionais como a insustentabilidade do processo de
desenvolvimento global poderá ser modificado. É consenso que esta insustentabilidade é
conseqüência do modelo econômico neoliberal, entretanto, após a queda do chamado
“socialismo real” há uma lacuna significante em relação a modelos sociais e econômicos que sejam
capazes de enfrentar a devastadora onda neoliberal da globalização.

As críticas ao modelo de desenvolvimento focalizando os seus impactos ambientais começaram a


tomar corpo a partir dos anos 70, mas é somente a partir da década de 80 que o conceito de
desenvolvimento sustentável começou a ocupar seu espaço na literatura popular e científica e os
impactos sociais do modelo econômico chegaram a ser incluídos no debate.
Inicialmente tratava-se de uma crítica (justa) do modelo econômico que questionava o próprio
conceito de desenvolvimento. Por exemplo, Celso Furtado dizia “temos assim a prova definitiva de
que o desenvolvimento econômico - a idéia de que os povos pobres podem algum dia desfrutar das
formas de vida dos atuais povos ricos - é simplesmente irrealizável” (FURTADO, 2001).

Esta crítica ao modelo de desenvolvimento cresceu tanto em quantidade como em qualidade na


medida em que as evidências da insustentabilidade do sistema econômico se tornaram mais claras
e fundamentadas em dados científicos irrefutáveis, por exemplo, a questão energética, mudanças
climáticas, crise alimentar etc.

O que chegou a ser consenso de um número importante de autores é o fato que um


desenvolvimento baseado exclusivamente no aumento e consumo da produção material junto com
o crescimento demográfico é impossível de ser sustentado nas próximas décadas (GEORGESCU-
ROEGEN, 1997; MEADOWS et al., 1972; FURTADO, 2001; DALY, 2003; ALIER, M. J. & JUSMET, J.
R.,2000)

Um dos pioneiros deste debate sobre a insustentabilidade do modelo econômico foi Nicolas
Georgescu-Roegen que publicou, em 1971, um trabalho intitulado The Entropy Law and the
Economic Process. Embora hoje considerado revolucionário, o trabalho foi boicotado pelos
economistas da época. Utilizando uma abordagem termodinâmica, ele analisa a crescente entropia
e irreversibilidade do sistema econômico e sem ainda utilizar o termo desenvolvimento sustentável,
ele chega à conclusão que o atual modelo econômico estará condenado ao fracasso justamente
devido à segunda lei da termodinâmica. A obra de Georgescu-Roegen, reeditada em 1997, serviu
não somente de inspiração para novas abordagens tais como a economia ecológica e a chamada
deep ecology (ecologia profunda) – uma versão fundamentalista - do desenvolvimento sustentável,
mas também para a discussão sobre o problema energético da economia global vigente.
(GEORGESCU-ROEGEN, 1997)

O Clube de Roma. Os Limites e Além dos Limites do Crescimento


Dois trabalhos marcaram historicamente o debate sobre um desenvolvimento sustentável: Os
Limites do Crescimento (1972) e Além dos Limites do Crescimento (1997)

O primeiro foi uma pesquisa conduzida pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) publicado
em 1972 por Dennis Meadows, chamada Os limites para o crescimento, também conhecida como
Relatório do Clube de Roma. O estudo afirma que:

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(i) os limites para o crescimento econômico do planeta (mantidos os níveis de industrialização, de
poluição, de produção de alimentos e de extração dos recursos naturais) serão atingidos em 100
anos;

(ii) uma inversão destas tendências de crescimento e formar uma condição de estabilidade
ecológica e econômica, que se possa manter até um futuro remoto, são possíveis;

(iii) as possibilidades de êxito da inversão dessa tendência dependerão da rapidez em que a


humanidade reage aos desafios colocados (MEADOWS et al., 1972).

Para alcançar a estabilidade econômica e ecológica, Meadows et al. (1972) propõem o crescimento
zero da população global e do capital industrial. Mostram a realidade dos recursos limitados em
base da velha tese de Malthus sobre o perigo do crescimento demográfico da população mundial.

O segundo trabalho (realizado por Donella & Dennis Meadows e Jorgen Randers), publicado em
1997, foi uma atualização dos Limites do Crescimento de 1972, denominada “Beyond the limits:
confronting global colapse”. Desta vez os autores afirmam que um mundo onde os 20 % mais ricos
da população consumem 86% dos recursos naturais e serviços, mais da metade da energia e quase
metade da carne e do peixe, está mais próxima do colapso e longe de alcançar a sustentabilidade.
Finalmente, o relatório pode ser considerado mais contundente e pessimista na sua crítica ao
sistema econômico mundial, afirmando que o sistema de mercado enriquece os ricos, empobrece
os pobres e coloca em risco o planeta (MEADOWS et al., 1997).

O Relatório Brundtland
É importante mencionar também o trabalho da Comissão Mundial de Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD) que elaborou o chamado relatório Brundtland, em boa parte baseado
nos estudos mencionados acima. Embora ligada às Nações Unidas, a CMMAD foi criada em 1983,
como organismo independente, fora do controle dos governos membros da ONU. Apesar das
debilidades do relatório (criticadas por diversos autores), ele apresenta um avanço significativo: ele
estabelece uma ligação direta entre o modelo de desenvolvimento econômico vigente e a pobreza,
a ineficiência na satisfação das necessidades básicas de alimentação, de saúde, da habitação, a
necessidade de estabelecer uma matriz energética que privilegie as fontes renováveis e do
processo de inovação tecnológica e a degradação ambiental.

Os objetivos de desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas


Por mais que os avanços concretos nas mudanças econômicas em direção a uma maior
sustentabilidade pareçam insignificantes, há um progresso importante na percepção dos
problemas que precisam ser levados em consideração. Os objetivos de desenvolvimento do
Milênio das Nações Unidas são um exemplo disso e refletem claramente a insustentabilidade do
atual modelo econômico global e a urgência das mudanças necessárias.
Os objetivos do milênio pretendem:
- Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população com renda inferior a um dólar
PPC por dia e reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população que sofre de
fome é uma meta mais do que justa e urgente;

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- Reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a mortalidade de crianças menores de 5 anos e
reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna são metas
extremamente importantes;
- Reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente e sustentável
a água potável segura.

Para atingir estas e outras metas da mesma importância, a ONU sugere que se integrem os
princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter a perda
de recursos ambientais; que se desenvolva um sistema comercial e financeiro aberto, baseado em
regras, previsível e não discriminatório e que se torne a dívida externa dos países em
desenvolvimento sustentável a longo prazo.

Estas metas podem parecer utópicas frente ao desenvolvimento econômico e social atual do mundo
que corre exatamente na contramão dos sonhos da humanidade. Mesmo assim, elas são
conseqüência de uma tomada de consciência dos governos do mundo que devemos tomar em
consideração como fator positivo.

Hoje a dinâmica da economia global é determinada pela impressionante especulação financeira,


a expansão dos gastos militares, cuja lógica exige necessariamente a criação de conflitos
armados e guerras e o tráfico de drogas ilegais. Estas são as driving forces da acumulação de
capital neste início do Milênio e todas altamente nocivos para o desenvolvimento da humanidade.

A expansão da especulação financeira que desde o fim dos acordos de Bretton Woods, na década
de 70, causou um fantástico enxugamento do capital produtivo e levou centenas de milhões de
pessoas ao desemprego e economias nacionais a beira do colapso.
Somente a título de ilustração, no Brasil o setor bancário cresceu durante a década do plano real de
aproximadamente 1.200%, enquanto o PIB nacional somente teve um crescimento de cerca de
30% no mesmo período.

Enquanto isto, o único setor “produtivo” que de fato teve um crescimento espantoso foi a indústria
bélica. Por exemplo, os gastos militares dos EUA para 2004-2005 são calculados para cerca de
500.000 milhões de dólares: 1.360 milhões por dia, 56,6 milhões por hora, mais de 940.000 dólares
por minuto e quase 16.000 U$ por segundo.
Na guerra do Afeganistão e do Iraque foram gastos até final de 2006 em torno de 700.000 milhões
de dólares, excluindo-se os custos da infra-estrutura e das vidas destruídas durante os conflitos.

Natalie J. Goldring, diretora executiva do Projeto de Segurança Global e Desarmamento da


Universidade de Maryland, demonstra que no auge da guerra fria dos anos de 1970 os gastos
militares do mundo giravam em torno de 900.000 milhões de dólares. Depois da queda do muro de
Berlin, os gastos caíram para 780.000 milhões em 1999 (GELMAN, 2004). Entretanto, no final de
2004 tem-se novamente um gasto global de 950.000 milhões de dólares, 50.000 milhões de dólares
a mais do que no auge da guerra fria. Isto se deve basicamente a impressionante expansão militar
dos EUA, que teve que substituir o seu antigo adversário, o “comunismo mundial” pelo “terrorismo
mundial” para poder garantir a manutenção do lucrativo setor bélico. Hoje os EUA são responsáveis
por cerca da metade dos gastos militares do mundo. (GELMAN, 2004)

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Em resumo, as cinco maiores potências econômicas que produzem atualmente 62% da produção
mundial de armas, são os EUA (500.000 milhões de dólares), Japão (44.000 milhões anuais),
França (40.000 milhões), Reino Unido (35.000 milhões) e China (26.000 milhões). Com a exceção
do Japão, esses países são membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Ao mesmo tempo, a Assembléia geral da ONU vota a cada ano uma resolução pedindo o fim da
carreira armamentista e o desarmamento nuclear em respeito às convenções internacionais em
vigor, (GELMAN, 2004).

Por outro lado, segundo o Banco Mundial, tem-se hoje no mundo 2.800 milhões de seres humanos
vivendo com uma renda inferior a 2 (dois) dólares diários José Luis Machinea, na época secretário
executivo da CEPAL (um organismo da ONU), declarou que nos finais de 2003 havia na América
Latina e no Caribe 20 milhões de pobres a mais que em 1997. Resumindo, a pobreza cresceu numa
taxa de 9.100 latino-americanos por dia, 380 por hora e mais de 6 por minuto. (GELMAN, 2004).

Gore Vidal acaba de dizer que "fomos constantemente envolvidos na guerra porque, segundo nosso
governo, esta é a forma de fazer dinheiro”. Ao mesmo tempo uma estatística oficial dos EUA
indicou que o número de norte-americanos que vivem de baixo da linha de pobreza alcança hoje
35,8 milhões de estadunidenses, o que representa 12,5 % da população total dos EUA. (GELMAN,
2004)

Um grupo de 16 especialistas da ONU elaborou um documento para a 59ª AG dizendo:

numa época em que a erradicação da pobreza e o desenvolvimento do mundo são


metas prioritárias não atingidas por falta de fundos e financiamentos, o aumento
dos gastos militares se torna inquietante[...] a pesar de décadas de debates e
propostas, a comunidade internacional não era capaz de chegar a um acordo que
limite os gastos militares e libere recursos para o desenvolvimento nacional
(http://www.un.org/ga/59/).

Finalmente uma pesquisa realizada por Javier Iguíñiz (economista, diretor da revista Sur de
Medicus Mundi) analisou as rendas per capita desde 1780 e constatou que a desigualdade entre os
países mais ricos e os mais pobres aumentou aproximadamente em 25 vezes até os dias de hoje!
(GELMAN, 2004)

Na busca por alternativas, várias abordagens foram desenvolvidas, por exemplo, a Economia
Ecológica, a Ecologia Profunda e o Eco-desenvolvimento, somente para mencionar os mais
conhecidos.

A Economia Ecológica
Na medida em que o debate sobre desenvolvimento sustentável avançou, ficou cada vez mais claro
que a teoria de sistemas complexos penetrou na discussão, sem que ela fosse explicitamente
mencionada ou desenvolvida como base teórica do desenvolvimento sustentável. Isto é o caso da
chamada economia ecológica criada por ecólogos e economistas que consideram a economia
global como um sistema aberto onde a natureza não pode ser valorizada simplesmente em termos
monetários, mas, deve, sobretudo, incluir considerações consistentes sobre a intensidade materiais

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das economias nacionais e uma valoração dos serviços prestados pelos ecossistemas que não
podem ser considerados como bens gratuitos.

A Ecologia Profunda (Deep Ecology)


O conceito de ecologia profunda se baseia na percepção que o paradigma econômico vigente
insiste em confundir “crescimento do PIB” com “crescimento econômico”, sem admitir que os
custos marginais derivados dos impactos ambientais e sociais podem ser maiores que o valor
monetário dos benefícios da produção. Assim, alguns autores falam de crescimento não-econômico
(DALY, 2003).

O Eco-desenvolvimento e desenvolvimento includente


O termo eco-desenvolvimento foi proposto no início dos anos 1970 por Maurice Strong e
desenvolvido mais tarde por Ignacy Sachs que fala de desenvolvimento includente e considera
que desenvolvimento sustentável é incompatível com o livre jogo sem restrições das forças do
mercado e que a revolução ambiental coincidiu com a contra-revolução neoliberal. De certa
maneira o eco-desenvolvimento critica tanto a maneira unilateral da interpretação da realidade dos
economistas como dos desenvolvimentistas. Sobretudo seus autores criticam as políticas que
separam o crescimento econômico dos problemas sociais e ambientais e consideram que o Estado
e a sociedade civil são fundamentais para fiscalizar e corrigir as deficiências e excessos do mercado
(MONTIBELLER, 2004; SACHS, 2004).

Os Quadros 1 e 2 elaboradas por Enríquez (2008) resumem: (i) as cinco dimensões do


desenvolvimento sustentável com base dos trabalhos de Sachs (1986, 1992, 2002, 2004),
Montibeller (2004), e (ii) Os principais eventos ocorridos entre as décadas de 1970 e 1990 que
contribuíram para a criação e difusão do conceito de desenvolvimento sustentável com base em
(MARQUES, 2003) e (BRUSEKE, 1994).

Dimensão Componentes Objetivos

Criação de postos de trabalho que permitam a obtenção de renda


individual adequada (melhor condição de vida e maior qualificação Redução das
SUSTENTABILIDADE SOCIAL
profissional). Produção de bens dirigidos prioritariamente às desigualdades sociais
necessidades básicas sociais.
Fluxo permanente de investimentos públicos e privados; estes
últimos com especial destaque para o cooperativismo. Manejo Aumento da produção e
SUSTENTABILIDADE
eficiente dos recursos naturais. Absorção, pelas empresas, dos da riqueza social, sem
ECONÔMICA
custos ambientais. Endogeneização: contar com suas próprias dependência externa
forças.
Melhoria da qualidade do
Produzir respeitando os ciclos ecológicos dos ecossistemas. meio ambiente e
SUSTENTABILIDADE Prudência no uso de recursos naturais renováveis. preservação das fontes
ECOLÓGICA Prioridade à produção de biomassa e à industrialização de insumos de recursos energéticos
naturais não-renováveis. Redução da intensidade energética e e naturais para as
aumento da conservação de energia. próximas gerações

SUSTENTABILIDADE Desconcentração espacial (de atividades; de população). Evitar excesso de


ESPACIAL/GEOGRÁFICA Desconcentração/democratização do poder local e regional. aglomerações
Relação cidade/campo equilibrada (benefícios centrípetos).

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SUSTENTABILIDADE Soluções adaptadas a cada ecossistema. Evitar conflitos culturais
CULTURAL Respeito à formação cultural comunitária. com potencial regressivo

Quadro 1- As cinco dimensões do desenvolvimento sustentável.


Fonte: Enríquez (2008).

Ano Evento Contribuição


Conferência de Founex Ressaltou a importância de as estratégias de desenvolvimento integrar com o meio
1971
(Suíça). ambiente, discutindo os efeitos colaterais da atividade agrícola sobre o meio ambiente.
Clube de Roma e a publicação Levou a uma intensa discussão dentro e fora do meio acadêmico, mostrando resultados
1972
“Os limites do crescimento” já alarmantes para finais da década de 1970.
As idéias do ecodesenvolvimento não podem negar a sua relação com a teoria do self-
reliance, defendida nas décadas anteriores por Mahatma Gandhi ou Julius Nyerere. Ul
Uma nova proposta:
1973 Haq (1973) e Dieter Senghaas (1977) radicalizaram a argumentação, defendendo a
Ecodesenvolvimento
necessidade de dissociação entre os países centrais e os países periféricos, para
garantir o desenvolvimento dos últimos.
Declaração de Cocoyok, das Ela contribui para a discussão sobre desenvolvimento e meio ambiente, destacando as
Nações Unidas UNCTAD seguintes hipóteses: a) a explosão populacional tem como uma das suas causas a falta
(Conferências das Nações de recursos de qualquer tipo; pobreza gera o desequilíbrio demográfico; b) a destruição
1974 Unidas sobre Comércio- ambiental na África, Ásia e América Latina é também o resultado da pobreza que leva a
Desenvolvimento) e do UNEP população carente à super-utilização do solo e dos recursos vegetais; c) os países
(Programa de Meio Ambiente industrializados contribuem para os problemas do subdesenvolvimento por causa do
das Nações Unidas) seu nível exagerado de consumo.
As potências coloniais concentraram as melhores terras das colônias nas mãos de uma
minoria, forçando a população pobre a usar outros solos, promovendo a devastação
ambiental. O Relatório Dag Hammarskjöld compartilhou, com a Declaração de Cocoyok,
Relatório Dag - Hammarskjöld
1975 o otimismo e a confiança em um desenvolvimento, a partir da mobilização das próprias
– da ONU
forças (self-reliance). O radicalismo dos dois documentos expressa-se na exigência de
mudanças nas estruturas de propriedade no campo, esboçando o controle dos
produtores sobre os meios de produção.
Neste documento já consta uma seção intitulada “Em direção ao Desenvolvimento
Estratégia de Conservação
1980 Sustentável”, talvez a primeira vez em que o termo sustentabilidade tenha sido usado
Mundial da UICN
como um objetivo a ser alcançado.
Relatório Brundtland: “ DS é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do
Comissão Mundial da ONU
presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem suas
sobre o Meio Ambiente e
próprias necessidades”. Partiu de uma visão complexa das causas dos problemas
Desenvolvimento (CMMD):
1987 socioeconômicos e ecológicos da sociedade global. Sublinhou a interligação entre
Sustentabilidade como
economia, tecnologia, sociedade e política e chama também atenção para uma nova
Estratégia de
postura ética, caracterizada pela responsabilidade tanto entre as gerações quanto entre
Desenvolvimento
os membros contemporâneos da sociedade atual.
Conferência das Nações Mostrou um crescimento do interesse mundial pelo futuro do planeta, muitos países
1992 Unidas sobre Meio Ambiente e deixaram de ignorar as relações entre desenvolvimento socioeconômico e modificações
Desenvolvimento – Rio 92 no meio ambiente.
Quadro 2 - Os principais eventos ocorridos entre as décadas de 1970 e 1990 que contribuíram para a criação e
difusão do conceito de desenvolvimento sustentável
Fonte: Enríquez (2008).

Os serviços ambientais

De acordo com o estudo Avaliação Ecossistêmica do Milênio, da ONU, entenda-se como


serviços ambientais, todos os serviços prestados pela natureza, tais como a regulação atmosférica,
produção de oxigênio e seqüestro de carbono, reprodução da biodiversidade, os benefícios dos
sistemas hídricos, e até as belezas cênicas que prestam serviços para o lazer e todas as riquezas

12
produzidas através do aproveitamento do turismo etc.
Como a humanidade abusou e continua abusando dos recursos naturais disponíveis do planeta,
estamos entrando numa fase de escassez eminente de serviços ambientais vitais. Estima-se, por
exemplo, que até 2050 faltará água potável para metade da população mundial, se a poluição
continuar no ritmo igual ao do século XX.
De acordo com J. Sachs (2009), todos os serviços prestados pela natureza globalmente
(contabilizados monetariamente) equivalem cerca de US$ 60 trilhões.
Entretanto, os cálculos econômicos tradicionais somente levam em consideração os produtos que
poderiam ser extraídos diretamente de um determinado ecossistema. Por exemplo, a floresta “vale”
o preço da madeira que pode ser extraída etc.
Assim, os serviços ambientais, embora essenciais, nunca foram incluídos nos cálculos e a valoração
econômica dos serviços ambientais pretende corrigir esta omissão e viabilizar a conservação dos
ecossistemas como opção econômica.
Consequentemente, a idéia é remunerar direta ou indiretamente a preservação de um ecossistema .
No caso de uma floresta isto significaria pagar uma determinada quantia de dinheiro a quem
mantém árvores em pé, e o proprietário de uma fazenda com produção agropecuária poderia
substituir sua atividade econômica pela prestação de serviços ambientais, recuperando e
conservando o ecossistema original da propriedade.
Uma das soluções mais difundidas atualmente surgiu do mercado de Carbono (MC) que negocia
emissões através de créditos que pagam ou compensam as reduções de dióxido de carbono (CO 2).
Uma comissão (p.ex. do Banco Mundial) fixa um limite sobre as emissões permitidas e emite
licenças de emissões. Empresas que não tem licenças suficientes para cobrir suas emissões podem
reduzir as emissões ou comprar créditos excedentes de outras corporações. Membros com licenças
sobrando podem vendê-las ou guardá-las para uso futuro.2

No Brasil há uma série de iniciativas que tem os mesmos objetivos e que em certos aspectos
parecem ter maior impacto e são mais aceitos pela sociedade.3

Entretanto há críticas em relação ao MC que precisam ser consideradas e debatidas.


Numa entrevista publicada na revista ComCiência da SBPC, Lohmann (2007) afirma:
uma dificuldade é que todas as tentativas atuais para transformar o carbono em
negócio acabam ajudando os piores poluidores a continuar poluindo. Hoje, os setores
industriais mais responsáveis pela crise climática estão ganhando enormes pacotes
grátis de recém-criados direitos de poluir que eles podem transformar em enormes
lucros. Na Europa, por exemplo, as usinas de geração de energia estão colecionando
centenas de milhões de libras por ano, de lucros que caem do céu, simplesmente por
fazerem o que sempre fizeram, enquanto o cidadão comum sofre com o aumento do
preço da eletricidade, os que poluem menos não ganham nada e os que desenvolvem
energias renováveis estão à míngua. É exatamente o contrário do princípio “poluidor -
pagador”, é o princípio “quem polui ganha”. O que aconteceu é que, assim que a

2 O MC foi implementado através do Protocolo de Kyoto, como medida para enfrentar o aquecimento climático global.
Detalhes podem ser obtidos na página do Banco Mundial www.corbonfinance.org . O Instituto de Pesquisa Ambiental da
Amazônia (IPAM) calcula que cerca de 70% do desmatamento da Amazônia poderá ser evitado com o custo de 10 U$ por
tonelada de Carbono.
3
Proambiente: criado em 2003, o Programa de Desenvolvimento Sócio-ambiental da Produção Familiar (Proambiente) do
Ministério do Meio Ambiente premia com um terço de salário mínimo agricultores e pecuaristas que incorporam práticas de
conservação ambiental; ICMS ecológico: 25% da arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
ICMS podem ser alocados em projetos de preservação ambiental;
 Compensação ambiental financeira paga aos Estados
onde há impactos ambientais inevitáveis causados por atividades econômicos que deve ser investida em projetos de
preservação;
 Reposição florestal para empreendimentos madeireiros para projetos de reflorestamento; Isenção do
pagamento do Imposto Territorial Rural (ITR) para proprietários Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN)

13
capacidade da Terra de limpar sua própria atmosfera do dióxido de carbono se tornou
um valor, essa qualidade já foi convertida em propriedade particular e apropriada pelos
ricos.

As grandes questões que se colocam são: Qual é este custo? Quem vai pagar pelos serviços
ecológicos? Quem vai usufruir deste pagamento? Quem vai usufruir de fato do mercado de
Carbono? Os defensores mais militantes desta proposta opinam que este custo deve ser assumido
por toda a sociedade através de políticas públicas e ações do Estado.

Por mais interessante que esta proposta possa ser aqui se dividem as opiniões e as razões são
relativamente simples de se entender. Vivemos numa economia capitalista cuja força motriz
principal é a acumulação de lucro privado e não o bem estar social e muito menos o “bem estar da
natureza”. Em outras palavras vivemos numa economia onde tradicionalmente os lucros são
privados e os prejuízos são socializados. Há, portanto dois problemas que precisam ser resolvidos
em relação a esta proposta: (i) os lucros da preservação devem ser superiores ao uso destrutivo do
ecossistema considerado, (ii) os lucros devem ser redistribuídos socialmente, se é que a sociedade
paga a conta.

Na declaração de Larry Lohmann (2009) se percebe esta enorme contradição inerente ao mercado
capitalista que por dinâmica própria é absolutamente incapaz de tornar-se mais sustentável,
enquanto não houver regras impostas pela sociedade civil através dos poderes públicos que
definem os rumos do desenvolvimento da economia com uma clara definição das prioridades da
acumulação e do desenvolvimento.

Os desafios para as ciências


Apesar de inúmeras iniciativas e uma vasta literatura sobre o assunto, não há uma ciência
específica que tenha como objeto o desenvolvimento sustentável da sociedade. Por esta razão, é
preciso criar as bases teóricas e metodológicas capazes de construir instrumentos científicos para
reconstruir nossas sociedades e torná-las mais sustentáveis.

Entretanto, esta discussão enfrenta um problema de fundo que reside na própria estrutura de
organização do conhecimento científico. Cada área de conhecimento e cada disciplina acadêmica
têm sua própria linguagem e sua maneira de ver o mundo. Isto se torna problemático quando a
Ciência é chamada a responder de forma interdisciplinar para resolver problemas cada vez mais
complexos.

Atualmente assistimos a uma mudança profunda dos velhos paradigmas em todas as áreas do
conhecimento humano. O novo, ainda aparentemente frágil, já começa a demonstrar sua
vitalidade. Pela primeira vez surgem formas de pensar o complexo, os sistemas complexos,
abertos longe do equilíbrio. A ordem, o absoluto, o determinado, o equilíbrio e processos
reversíveis se tornam casos particulares de um universo em evolução, onde predominam a
complexidade, irreversibilidade e o desequilíbrio.

Nesse contexto surgem novas formas de refletir a realidade sócio-econômica de um mundo


globalizado, o modo de produção4, o mercado e a relação da sociedade com a natureza não

4
Mode de produção é entendido no sentido da definição classica de Karl Marx.

14
humana. As tentativas de integrar os conhecimentos das ciências tradicionais numa teoria mais
ampla capaz de criar parâmetros e indicadores e produzir uma imagem mais holística do processo
socioeconômico que estamos vivendo. Essas propostas buscam novos conceitos mais abrangentes
e mais transparentes, onde o mercado deixa de ser uma nebulosa força da natureza, que justifica o
massacre social de milhões de seres humanos e a voracidade crescente com que as bases
energéticas e materiais da reprodução humana estão sendo consumidos e esgotados.

Em resposta as estas problemáticas surgiram, nos últimos anos, tentativas promissoras em relação
à necessidade de quantificar e qualificar processos de desenvolvimento. Um número crescente de
instituições de pesquisa no mundo todo participa nas tentativas de criar métodos operacionais
capazes de medir o grau de sustentabilidade de processos sociais, econômicos e produtivos de uma
sociedade. O surgimento de sistemas de indicadores; os diversos métodos para medir os
fluxos energético-materiais através dos sistemas sócio-econômicos; a elaboração anual de
mapas e estatísticas sobre as pegadas ecológicas da humanidade; a criação de indicadores
econômicos que tentam superar as deficiências do famoso PIB, e muitos outros.

O objetivo fundamental de todas estas tentativas é de encontrar um acesso empírico mais preciso
aos processos socioeconômicos, algo que a visão exclusivamente monetarista da economia é
incapaz de fornecer. O nosso interesse é construir uma sociedade sustentável e sabendo que a
sociedade é um sistema de alta complexidade. Assim sendo, esse trabalho pretende fornecer
subsídios às seguintes questões:
a) Quais são as diversas abordagens do Desenvolvimento Sustentável e quais os problemas
para criar uma linguagem comum?
b) O que é desenvolvimento sustentável de um sistema complexo?
c) Com quais parâmetros a sustentabilidade de um sistema pode ser medida e
quantificada? Como podemos operacionalizar intervenções políticas na sociedade baseada nas
concepções do desenvolvimento sustentável?
d) Qual é a importância social e política de tais parâmetros e, até onde estes podem
contribuir para melhorar a intervenção política na sociedade e a qualidade de vida da humanidade?

O problema da sustentabilidade tem desafiado a comunidade científica de diversas maneiras.


Primeiramente, o conceito não se desenvolveu predominantemente dentro da comunidade
científica, mas sim nas interfaces entre a política, a esfera pública (ONG’s, mídia etc.), a Economia
e a Ciência. Desse modo, a sustentabilidade é – de certo modo – um conceito difuso quando
comparado a outros conceitos utilizados na linguagem científica.

Em segundo lugar, é necessário o conhecimento sobre solução de problemas provindos de


diferentes disciplinas. A pesquisa interdisciplinar é, portanto, necessária, demandando novas
formas de trabalho e de pesquisa científica e, possivelmente, o desenvolvimento de um novo
paradigma, no sentido T.S. Kuhn (1970)

A diversidade do conceito
O debate sobre os problemas de sustentabilidade na relação da sociedade 5 com a natureza6 parece
ter perdido intensidade após sua fase inicial de denúncia e diagnóstico. Atualmente há uma busca

5
Ao longo deste trabalho o conceito de sociedade será utilizado com o sentido empregado por Giddens (1991, p. 21-23)
como um sistema específico de relações sociais, com unidade analítica centrada nos Estados - Nações (as sociedades), mas

15
de fundamentos para operacionalizar o encaminhamento de soluções que, entretanto, encontra
obstáculos em, pelo menos, três grandes questões:
 Diferentes abordagens na definição do que seja um desenvolvimento sustentável;
 Diferentes concepções sobre o que seja insustentabilidade e, conseqüentemente, os
diferentes entendimentos sobre medidas para superá-la;
 Diferentes tentativas operacionais de aferição da sustentabilidade do desenvolvimento.

Desde a famosa definição dada no Relatório Brundtland (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO
AMBIENTE, 1991) de que desenvolvimento sustentável era aquele que atende as necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias
necessidades, esse conceito não parou de sofrer ajustes para refletir as múltiplas visões daqueles
que o utilizam.

Primeiramente foi utilizado como simples palavra de ordem das militâncias ecológicas. Em uma fase
seguinte o conceito se tornou um pouco mais consistente e passou a expressar certo ideário de
lideranças políticas e científicas. Nos anos recentes, pela necessidade de torná-lo operacional,
pode-se observar que o conceito começou a receber um trato mais formal. Algumas revisões em
relação à trajetória e diversidade de conteúdo desse conceito podem ser vistas em Souza (1996) e
Brüseke (1996).

Na atualidade é possível constatar duas grandes vertentes para seu tratamento.


A primeira, de caráter político - cultural, trata-o como um agregado de valores associados por um
sentido próprio e que se propõe a ser um substrato re-orientador da lógica implícita em todas as
dinâmicas econômicas, especialmente em relação às questões ambientais. A melhor maneira de
expressá-la é colocando os fatores de sua definição em contraste com as características do
desenvolvimento tradicional, conforme Spangenberg (1996b):
Desenvolvimento convencional Desenvolvimento sustentável
 Planejamento ou administração centralizada  Planejamento descentralizado
 Decisões do governo e do setor empresarial  Decisões da sociedade civil
 Metas precisas  Direções e Cenários
 Regras e normas rígidas e burocráticas  Diversidade e flexibilidade
 Planos feitos de cima para baixo  Planos feitos de baixo para cima
 Domínio das elites políticas, militares, econômicas.  Participação, democracia, sociedade civil.
 Crescimento de privilégios e disparidades  Inclusão social, divisão de benefícios e justiça.
 Decisões sigilosas  Decisões transparentes
 Gerência ou manejo mecanicista  Uso de processos de auto-organização
 Somente valores monetários  Valores humanos, éticos, ambientais, sociais e monetários
Quadro 3 - Desenvolvimento convencional versus Desenvolvimento sustentável
Fonte: Spangenberg (1996b).

A segunda, de caráter técnico - normativo, trata-o como um estado de equilíbrio em relação às


demandas da sociedade e à capacidade de suporte do ambiente. Os principais elementos a serem
considerados na “equação do equilíbrio” são aqueles princípios básicos do desenvolvimento
sustentável, mencionados inicialmente, ou seja: a taxa de consumo de recursos renováveis não

com conexões que ultrapassam o sistema sócio-político do Estado e a ordem cultural da nação e configuram um particular
sistema de relações de natureza global (a sociedade).
6
A idéia de natureza tem sido utilizada para designar o âmbito do mundo real que não é criação artificial do homem. Como
a relação do homem se dá apenas com uma parte desse espaço, este trabalho utilizará o conceito de ambiente para
referir-se à porção da natureza com a qual as sociedades interagem.

16
deve ultrapassar a capacidade de renovação dos mesmos; a quantidade de rejeitos produzidos não
deve ultrapassar a capacidade de absorção dos ecossistemas me os recursos não renováveis só
devem ser utilizados se há disponibilidade de reservas de longo prazo.

O ideário difundido a respeito do conceito remete para a esperança de se poder aliar o crescimento
econômico com justiça social e controle dos problemas ambientais. Entretanto, embora as duas
vertentes tragam avanços consideráveis, cada uma centra sua preocupação em um viés ordenador:
a primeira no fator sociocultural e a segunda no fator econômico-ambiental. Ademais, essas
perspectivas surgem mais como fruto de anseios e perspectivas esperançosas do que como
decorrência de formulação teórico-metodológica passível de operacionalização.
Assim, é necessário que se produza um conceito que integre as diversas dimensões do problema,
que seja fruto de uma visão sistematizada e que enseje perspectivas de torná-lo instrumento de
ação sobre a realidade.

As diferentes concepções da insustentabilidade


Com base em trabalhos do Institute of Interdisciplinary Research (IFF), de Viena-Áustria (FISCHER-
KOWALSKI; HABERL; PAYER, 1992, p. 3-6), Machado (1999, p.13-18) sistematizou os aspectos
principais das diferentes concepções de insustentabilidade, inclusive ampliando a relação das
abordagens consideradas até então. São elas: toxicológica, equilíbrio sistêmico, termodinâmica,
ético-moral e econômica, esta última adicionada. Seguem as definições de cada abordagem e o
Quadro 3A com os principais aspectos de cada uma.

A abordagem toxicológica considera que a sociedade produz substâncias químicas que são
depositadas no ambiente e se transformam em fontes de distúrbios ambientais e nocivas para a
sociedade, em especial para a saúde humana. São exemplos dessa constatação: o mercúrio
utilizado nos garimpos, que compromete a vida dos rios e do seu entorno; os pesticidas utilizados
na agricultura intensiva, que comprometem a fauna e as vidas a elas associadas; os resíduos
tóxicos de fábricas ao longo dos rios etc. A grande contribuição dessa linha de abordagem é o
estudo dos processos geradores de substâncias tóxicas visando ao estabelecimento de regulação e
controle.

A abordagem do equilíbrio sistêmico entende o planeta como um mega-sistema que possui


funções com ciclos auto-regulados mantidos em equilíbrio. A sociedade interfere no funcionamento
desses sistemas ao construir hidrelétricas, alterar cursos de rios, realizar experimentos atômicos,
destruir florestas, transferir organismos vivos entre regiões e generalizar o uso de máquinas
geradoras de gases. Os efeitos dessas atividades podem comprometer a auto-regulação desses
sistemas levando-os a funcionar de maneira imprevisível. A grande contribuição dessa abordagem é
a proteção dos pontos ou áreas mais sensíveis do ambiente contra a intervenção humana.

A abordagem termodinâmica interpreta os fenômenos de produção - circulação - consumo das


sociedades humanas sob a ótica das leis da termodinâmica de sistemas abertos. Sob essa ótica, os
processos metabólicos usam energia, transformando-a em energia de qualidade inferior, mais
dispersa e menos concentrada7, processo esse que produz entropia. Em sistemas fechados, se a

7
As leis da entropia foram formuladas por Clausius em 1867, sendo que as duas primeiras dizem, respectivamente, que a
energia do universo é constante e que a entropia do universo tende ao máximo. Embora tendo utilizado como referencial o

17
quantidade de energia concentrada recebida do ambiente não for suficiente para compensar a
quantidade e qualidade da energia manipulada pelo metabolismo do sistema, a entropia aumenta
até a chamada morte termodinâmica do sistema (PRIGOGINE; STENGERS, 1984).
A sociedade industrial globalizada tem seu metabolismo sustentado por duas fontes de energia:
uma provinda de recursos renováveis, os quais são reconstituídos pela apropriação da energia do
sol através da fotossíntese dos vegetais; e a outra provinda de recursos não renováveis (carvão,
minério, petróleo etc.), normalmente encontrados de forma concentrada em depósitos
subterrâneos. Considera-se que a entropia do sistema socioeconômico global tende a aumentar
porque:
 O uso de recursos renováveis, ocorrendo em taxa superior à capacidade de reconstituição
natural, induz o sistema socioeconômico a ampliar, cada vez mais, a apropriação de espaços ainda
não colocados a serviço do seu metabolismo. Isso dilapida o capital natural e empobrece os
espaços naturais com possibilidades de fixação da energia provinda do sol. Assim, o consumo de
energia pelos processos socioeconômicos tende a superar a capacidade de reposição natural dos
ecossistemas, criando déficits geradores de entropia;
 O uso de recursos não renováveis se dá a partir de fontes onde se encontram
concentrados, portanto com baixo nível de entropia. Extraídos e absorvidos pelos processos
socioeconômicos, transformam-se em produtos de uso e, ao final da vida útil, em lixo. Este, face à
sua difícil reintegração aos ciclos biológicos naturais do ambiente, se espalha pela superfície da
terra, causando aumento de entropia de impossível reversão, mesmo utilizando-se as alternativas
da reciclagem. Reconcentrar esses recursos dispersos para serem reaproveitados pelos processos
sócio-econômicos teria alcance parcial sobre o que foi originalmente disperso. Além disso, a
possibilidade de reaproveitamento é minimizada pelo baixo nível de qualidade dos recursos
disponíveis para reciclagem.
A grande contribuição dessa abordagem é o fato que ela focaliza a utilização excessiva de capital
natural em vez da utilização racional dos excedentes e o excesso de subprodutos das atividades
socioeconômicas não absorvíveis pelo ambiente.

A abordagem ético-moral considera que a natureza não é propriedade exclusiva da sociedade, e


sim um todo inter-relacionado, onde as vidas das demais espécies são interdependentes. A
sociedade, transformando o ambiente natural para suas próprias necessidades, sem respeito pela
vida das demais espécies, causa diminuição da biodiversidade e comprometimento das cadeias
alimentares que sustentam o funcionamento dos ecossistemas. A grande contribuição desta linha
de abordagem é a luta para controlar a interferência do homem na vida de outras espécies.

A abordagem econômica considera que o capital natural consumido pelas atividades


socioeconômicas da sociedade, não é levado em conta pelo seu real valor ambiental e muitos
recursos chamados livres (ar, água e diversos serviços prestados pelos ecossistemas etc.) nem são
valorizados economicamente. Essa imperfeição do mercado, enquanto instância única de regulação
do valor desses recursos ofusca o custo verdadeiro dos bens produzidos pelo sistema
socioeconômico e induz o super-consumo, o desperdício e a sobre-exploração do ambiente. A
conseqüência é a escassez e o encarecimento dos recursos comprometidos, criando amarras para o
desenvolvimento econômico das regiões afetadas. As grandes questões para essa abordagem são a

Universo, por ser este o único sistema teoricamente isolado, esse mesmo conceito pode ser utilizado para outros tipos de
sistemas, sejam abertos ou fechados.

18
valorização dos serviços ambientais fornecidos pelos ecossistemas e a incorporação, ao custo dos
recursos naturais, do peso de sua importância em relação ao ambiente.

19
FATORES ABORDAGENS
DISTINTIVOS TOXICOLÓGICA EQUILÍBRIO SISTÊMICO TERMODINÂMICA ÉTICO-MORAL ECONÔMICA
O PROBLEMA Substâncias químicas Intervenções no 1- Uso de energia baseada Transformação do ambiente 1- Esgotamento das
produzidas pela sociedade funcionamento natural dos em recurso não presente no natural para suas próprias reservas de recursos não
ecossistemas em detrimento ciclo corrente da biosfera necessidades sem respeito renováveis
de suas capacidades de (petróleo, minério). pelas demais espécies. 2- Sobre-exploração de
auto-regulaçao 2- Velocidade de uso de ecossistemas fontes de
recursos renováveis acima recursos renováveis e des
da velocidade de serviços ambientais
reconstrução dos mesmos
DANOS CAUSADOS Distúrbios ambientais Funcionamento dos sistemas Produção excessiva de en- Diminuição da Escassez e encarecimento
localizados, perigosos para a naturais de maneira tropia tendente ao colapso biodiversidade e dos recursos comprometidos
vida humana, animal e diferente e imprevisível. dos sistemas naturais. comprometimento de e inviabilização
vegetal. ecossistemas. desenvolvimento áreas
afetadas
QUEM LEGITIMA Médicos, químicos e grande
Climatologistas, cientistas Físicos e economistas Filósofos, naturalistas, Economistas clássicos e
parte do público. agrícolas, biólogos e agên- ambientais. moralistas, religiosos. ecológicos, políticos e
cias de proteção ambiental. empresários
ELEMENTOS DE 1- Onde e quais processos 1- Onde e quais processos 1- Onde e quais processos 1- Onde e quais processos 1- Onde e quais recursos e
POLÍTICA AMBIENTAL emitem substâncias tóxicas. influenciam o equilíbrio fomentam o uso de energia ameaçam ou destroem ecossistemas estão sendo
2- Limites de concentração e natural. produtor de entropia outras espécies comprometidos
montante de emissões. 2- Proteção aos sistemas excessiva e uso de recurso 2- Redução na dependência 2- Inclusão no custo dos
3- Controle de adesão a naturais, proibição de uso e acima da velocidade de da vida humana em relação recursos dos fatores
padrões recuperação. reconstituição a vida de outras espécies. ambientais
3- Controle de efetividade 2- Redução uso energia e 3- Controle sobre grau de 3- Controle da depredação
no retorno ao equilíbrio. recursos não renováveis interferência humana na através do mercado e da
3- Controle se sociedade vida de outras espécies. educação ambiental
está utilizando “excedentes”
ou “capital natural” de
energia e recursos.
OBJETIVOS Limitação de emissões Identificação de sistemas Valorização do trabalho Demonstração do quão Conscientização e valoriza-
POLÍTICOS naturais necessitando de humano em relação ao uso perigoso para outras ção correta dos recursos
proteção. do recurso natural. espécies é o bem-estar naturais e serviços ambien-
humano. tais fornecidos pelos
ecossistemas
Quadro 3A - Concepções sobre causas de danos ao Ambiente
Fonte: Modificado e expandido por Machado (1999) a partir de Fischer-Kowalski, Haberl e Payer (1992, p.4).
Todas as abordagens aqui apresentadas não se excluem. Pelo contrário, se complementam em
muitos aspectos e todas abordam importantes aspectos da relação problemática entre a sociedade
e a natureza, mas, possuindo concepções específicas, portam também estratégias diferenciadas
para solucionar as questões tidas como básicas. Assim, é imprescindível unificar e integrar os
distintos aspectos de todas as abordagens para construir uma matriz teórica que seja capaz de
levar a discussão sobre desenvolvimento sustentável a um patamar de operacionalização prática.

As diferentes tentativas de aferição da sustentabilidade


A necessidade de se sair do plano apenas discursivo no debate sobre sustentabilidade tem
suscitado a produção de indicadores, os quais, naturalmente, são construídos mediante os mais
variados enfoques e fundamentos conceituais. O III capítulo trata especificamente da importância e
da construção de sistemas de indicadores. Considera-se, entretanto, importante mencionar
inicialmente três enfoques usados na construção desses indicadores os quais utilizam pressupostos
e fundamentos completamente distintos entre si, conforme Machado (1999, p.19-22):

a) O primeiro enfoque é o Causalístico - baseia-se na idéia de que ações humanas exercem


pressões ambientais responsáveis por um particular estado do ambiente e que este induz respostas
adaptativas da sociedade. Com essa referência foram desenvolvidos diversos sistemas de
indicadores:
(i) o esquema Pressure-State-Response (PSR) (OECD, 1993) focaliza o estado do ambiente
em relação a questões como destruição das florestas, perda de biodiversidade, mudanças
climáticas e outras, todas, entretanto, consideradas importantes por estarem na agenda
das discussões políticas correntes. Para Spangenberg e Bonniot (1997, p. 4), essa iniciativa
tem problemas porque somente trata o estado do ambiente a partir do presente, sem
considerar os impactos e transformações já ocorridos, detém-se no estado do ambiente
sem relevar as forças motoras causadoras das pressões e induz ações políticas de efeito
apenas curativo em vez de preventivo;
(ii) o esquema Driving force-State-Response (DSR) intenta operacionalizar indicadores de
sustentabilidade em termos de causas, sintomas e soluções. Desenvolvido pelo DPCSD-
Department of Policy Coordination and Sustainable Development da ONU, ele amplia o
esquema PSR, adicionando-lhe as dimensões econômica, social e institucional. Entretanto,
frente a sintomas que pareçam frutos de causas interdependentes, esse esquema não
prevê respostas para redirecionar as causas indutoras e, em outras situações, aponta para
medidas que atuam apenas sobre os efeitos imediatos. Enquanto o esquema PSR é mais
apropriado para economias desenvolvidas, a abordagem DSR acabou por ser mais
adequada para países em desenvolvimento. Isso ensejou o surgimento de uma extensão
do programa original chamado de Changing, Consumption and Production Patterns (CCPP).
As duas propostas do DPCSD tiveram aplicação piloto, em cerca de 20 países de diferentes
regiões da Terra. Ambos conservam uma fraqueza fundamental de não proverem base
para medidas políticas preventivas, já que somente dão conta de fatos já acontecidos
(SPANGENBERG; BONNIOT, 1997, p.8);
(iii) baseado no esquema PSR, o Banco Mundial, desenvolveu seu próprio sistema de
indicadores ambientais (WORLD BANK, 1995). A proposta, embora destinada a monitorar a
aplicabilidade de políticas de desenvolvimento, também inclui critérios relacionados com as
dimensões econômica, social e institucional. Porém, vai mais além. Inclui a definição de
alvos ou objetivos para possibilitar a mensuração do quanto se está próximo ou distante do
fixado. O avanço mais significativo, entretanto, é a ampliação do conceito de riqueza das
nações para além do sentido meramente econômico, ou seja, incluindo também, a
valorização do capital natural e dos recursos humanos;
(iv) o Wuppertal Institute for Climate, Environment and Energy propôs um sistema de
indicadores que intenta suprir as deficiências das iniciativas anteriores (SPANGENBERG
1996a, p.8; SPANGENBERG; BONNIOT, 1997, p. 9). Para esse instituto, indicadores pró-
ativos não devem focalizar sintomas e danos, porque estes só permitem análises a
posteriori. A relevância deve ser dada para as tendências subjacentes que permitem
medidas preventivas antes que os problemas surjam. O instituto considera o constante
aumento da carga de processamentos físicos (physical throughput) da economia como a
força motora básica da insustentabilidade, portanto necessitando ajustes em relação aos
limites impostos pela natureza. Assim, considera necessário definir objetivos para redução
de demanda por recursos naturais, o que acarretaria também diminuição nas emissões de
rejeitos. As estimativas para essa redução deveriam basear-se na permissão de uso daquilo
que eles chamam de espaço ambiental (SPANGENBERG; SCHMIDT-BLEEK, 1997, p. 38),
uma métrica que refletiria a pressão da sociedade sobre o ambiente, fixada com base em
um limite máximo não danoso ao ambiente e um limite mínimo capaz de ensejar vida digna
para cada pessoa. A proposta pressupõe que o uso do espaço ambiental se caracteriza por
um âmbito físico onde ocorre, pela matéria utilizada por seus agentes e pela energia usada.
A relação entre as toneladas de matéria, os quilo-joules de energia e os hectares de terra
usados para produzir algo variaria de produto para produto e de serviço para serviço,
sendo assim possível estabelecer uma métrica unificada para expressar o peso da demanda
de cada produto, serviço ou processo econômico sobre o ambiente.

As iniciativas anteriores buscam, direta - ou indiretamente, quantificar as pressões humanas sobre


o ambiente tanto em termos de demandas por energia, matéria e uso da terra, quanto em termos
de emissões e rejeitos gerados pelos processos produtivos 8. Embora os avanços mais recentes
baseados nesse enfoque, como os propostos pelo Wuppertal Institute, questões importantes
perduram: ausência de visão unificada integrando todas as concepções sobre causas da
insustentabilidade e forte vontade normativa permeando os sistemas de indicadores.
b) O segundo enfoque é o Funcionalista - que se baseia nas funções desenvolvidas pelos
ecossistemas, que Groot (1994, p. 152) classifica como de regulação, suporte, produção e
informação. Essas funções, desempenhadas com base no capital natural do planeta, geram
serviços e bens responsáveis pelo bem-estar humano e que são parte do valor econômico total do
planeta 9. Tais serviços consistem de fluxos de matéria, energia e informação do estoque de capital
natural que, combinados com os serviços produzidos pelo capital humano e manufaturado,
atendem as necessidades da humanidade.
A questão desse enfoque é saber como as mudanças na quantidade e qualidade do capital natural
e serviços dos ecossistemas podem alterar os custos e/ou benefícios de manutenção do bem-estar
humano. Os indicadores indicariam o impacto decorrente das perdas de capital natural e de
serviços ambientais prestados pelos ecossistemas.
Diversos métodos de cálculos presentes na literatura foram integrados em uma proposta síntese
feita por CONSTANZA et al. (1997) que determinou o valor, por hectare, de cada serviço em
relação a cada ecossistema. O valor total anual dos serviços prestados pelos ecossistemas do
planeta foi situado entre U$ 16 a 54 trilhões com média provável estimada em torno de U$ 33
trilhões.

8
Substâncias geradas de forma não intencional, como efeito secundário inevitável das atividades econômicas.
9
Regulação do clima, regulação de gases, regulação de distúrbios, regulação hidrológica, suprimento de água, controle da
erosão e sedimentação de solos, formação de solos, reciclagem de nutrientes, tratamento de rejeitos, polinização, controle
biológico, refúgio, produção de alimento, e de matéria-prima, recreação etc.

22
Esse enfoque é interessante e muito rico para fundamentar correções na forma de apurar o
produto nacional das economias, e também possui grande utilidade para estimar impactos
ambientais na implementação e avaliação de projetos. Entretanto, além dos diversos problemas
apontados pelos próprios autores, destacamos os seguintes:
 a maior parte do valor total estimado decorre de serviços que são difíceis, em alguns casos
impossíveis, de serem valorizados porque não são negociáveis em mercado;
 a proposta desconsidera o fato de que se um desses serviços – digamos o clima mundial -
se degrada a ponto de comprometer a economia global e a própria existência humana, pouco
importa se o valor desse serviço aumenta;
 os valores passíveis de serem estimados relacionam-se com um determinado estado do
ambiente que já foi agredido e, portanto, somente são úteis para medidas corretivas a serem
empregadas muito após as agressões, situação na qual os valores desses serviços já podem
se encontrar completamente modificados;
c) O terceiro enfoque é a Condição humana – é utilizado pelo Programa de Desenvolvimento
das Nações Unidas em seu sistema de indicadores (UNITED NATION’S DEVELOPMENT PROGRAM,
1996) e fixa sua atenção na condição humana, como sendo o alvo mais importante de qualquer
política de desenvolvimento. Trata-se do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), formado
com base nas seguintes variáveis:
- saúde - medida pela expectativa de vida ao nascer com um mínimo estabelecido em 25
anos e o máximo em 95;
- educação - medida pela combinação do percentual de adultos alfabetizados (entre 0% e
100%) e anos de escolaridade (entre 0 e 15);
- renda - expressada pelo PNB per capita, ajustado a custos locais, com o mínimo fixado em
US$ 200 e o máximo em US$ 40.000.
A situação de cada país ou região, para cada uma das variáveis, é enquadrada entre 0 (mínimo) e
1 (máximo). A média das três variáveis determina o IDH de um país ou de uma região. O IDH é
uma métrica simples, de fácil cálculo e de profundo significado. Entretanto não inclui a dimensão
ambiental e, ao fixar os alvos a serem alcançados, as propostas não considera que as expectativas
em relação a cada uma das variáveis são fortemente influenciadas por questões culturais. Além
disso, ao estabelecer objetivos a serem alcançados em termos de desenvolvimento humano, as
propostas não permitem que sejam relevados os custos ambientais decorrentes do caminho
escolhido.
Como visto, existem muitas tentativas de operacionalizar a discussão sobre a sustentabilidade,
entretanto, há necessidade de medir, com unidades operacionais, as diversas pressões que as
atividades econômicas exercem sobre o ambiente e a sociedade. Para construir um sistema
operacional de instrumentos capazes de intervir e modificar o atual modelo econômico é preciso
uma base teórica da qual tais instrumentos possam ser derivados de maneira coerente.

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