Hematologia Clinica Series Vermelhas PDF
Hematologia Clinica Series Vermelhas PDF
Hematologia Clinica Series Vermelhas PDF
Séries Vermelhas
Brasília-DF.
Elaboração
Claudia Feriotti
Julio Cesar Pissuti Damalio
Produção
Apresentação................................................................................................................................... 4
Introdução...................................................................................................................................... 7
Unidade i
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
Índices Hematimétricos....................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
Reconhecimento das células da série Eritrocitária e da série Plaquetária................ 23
Unidade iI
ANEMIAS............................................................................................................................................ 52
CAPÍTULO 1
Classificação das anemias.............................................................................................. 52
CAPÍTULO 2
Anemias microcíticas ....................................................................................................... 57
CAPÍTULO 3
Anemias macrocíticas ..................................................................................................... 68
Referências..................................................................................................................................... 75
ANEXO............................................................................................................................................... 78
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
6
Introdução
A ciência da hematologia vem passando por um intenso avanço tecnológico, implicando em uma
necessidade constante de atualização, assim, o caderno de estudos e pesquisa “Hematologia Clínica
- Serie Vermelha” foi elaborado com o objetivo de proporcionar ao aluno um melhor entendimento
na área de hematologia clínica, possibilitando a identificação, a correlação clínica e a interpretação
dos resultados das principais patologias hematológicas.
A automação dentro dos laboratórios é outro fator de fundamental importância, requerendo uma
dinâmica de atualização do profissional, através de constante reciclagem. Sob esta visão, fica
clara a necessidade de se desenvolver práticas laboratoriais modernas e atualizadas, para tanto, a
necessidade de um profissional embasado nos conceitos básicos em hematologia, é primordial para
o desempenho de técnicas mais sofisticadas.
Ao final do curso, o aluno será avaliado mediante aos exercícios propostos, levando em consideração
fatores técnicos, poder de decisão e análise do contexto individual para cada evento aprendido no
decorrer das aulas.
Objetivos
»» Definir os índices hematimétricos, a saber: VCM (Volume Corpuscular Médio),
HCM (Hemoglobina Corpuscular Média), CHCM (Concentração da Hemoglobina
Corpuscular Média).
7
(policromasia), distribuição dos eritrócitos (rouleaux, policitemia), inclusões
(núcleo, corpúsculos de Howell-Joly, anéis de cabot, granulações azurófilas,
ponteado basófilo, corpúsculos de pappenheimer, parasitas [malária], corpúsculos
de Heinz) e artefatos.
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HEMATOLOGIA
CLÍNICA: Unidade i
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1
Índices Hematimétricos
Índices Hematimétricos
O hemograma constitui o meio mais direto e mais prático para estudar os elementos figurados
do sangue periférico - os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas. A contagem
dos eritrócitos normalmente é feita pelo método eletrônico, o que diminui as fontes de erro nos
resultados obtidos. A faixa normal para o homem adulto é de 4,5 a 6,1 milhões por mm3, e de 4,0 a
5,4 milhões por mm3 para a mulher. Na criança, por ocasião do nascimento é de 5,2 milhões, e de 01
a 15 anos é de 4,1 a 5,1 milhões por mm3. (Tabela 1).
A hemoglobina (Hb) e o hematócrito (Ht), como os eritrócitos também variam conforme a idade,
sexo, altitude do local etc.
A hemoglobina é a medida em gramas por decilitro (g/dl) e representa a quantidade da proteína por
unidade de volume do sangue. O hematócrito representa a porção dos eritrócitos no total do sangue.
É medido em porcentagem (%).
9
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
anemias: fornecem dados úteis para o seu diagnóstico e tratamento, além de servirem de base para
a classificação morfológica das anemias. Os valores de referência do eritrograma para diferentes
idades (faixas etárias) e por sexo, em adultos, estão mostrados na tabela 1.
Fonte: <http://www.ciencianews.com.br.>
Determinações absolutas
Conhecendo-se o número de eritrócitos por mililitro cúbico de sangue, a taxa de hemoglobina
em gramas por decilitro e a porcentagem do valor do hematócrito, podem-se obter certos valores
absolutos, em relação ao sangue do próprio paciente, sem referência aos padrões normais fixos
exigidos para o calculo dos índices. As determinações absolutas são as seguintes:
Exemplo:
31 x 10 = 72µm³
VCM =
4,3
10
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Hgb x 10 = valores em pg
HCM =
Hem
Exemplo:
Hb - 12 g/dl
12 x 10 = 26,6 pg
HCM =
4,5
Exemplo:
Hb - 12 g/dl
VCM - 72 µm3
11
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
12
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Exemplos:
45 x 100
45 =1
IV =
5.000.000 x 100
5.000.000
28 x 100
45 = 0,71
IV =
4.350.000 x 100
5.000.000
16 x 100
45 = 1,45
IV =
1.300.000 x 100
5.000.000
13
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
Exemplos:
15,4 x 100
15,4 =1
IC =
5.000.000 x 100
5.000.000
Hemoglobina - 7 g/dl
7 x 100
15,4 = 0,58
IC =
3.880.000 x 100
5.000.000
10,5 x 100
15,4 = 1,32
IC =
2.570.000 x 100
5.000.000
14
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
IC 0,8 = 0,8
IS = IS =
IV 1
Exemplos:
15,4 x 100
15,4 =1
IS =
45 x 100
45
6,5 x 100
15,4 = 0,67
IS =
28 x 100
45
Interpretação
1. O índice volumétrico (IV) revela o tamanho dos eritrócitos, superior aos métodos
de mensuração direta e diafratométricos.
O IV pode apresentar-se:
15
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
O IS pode apresentar-se:
16
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Willians W, Beutler E, Erlev AJ, Lichtman MA. Hematology. New York: McGraw-Hill,
1983:257-405.
http://www.youtube.com/user/academiadeciencia
http://www.slideshare.net/
http://hemo-blog.blogspot.com.br
Caso clínico 1:
Individuo do sexo feminino, com idade de 30 anos, apresentou-se apática em uma
consulta de rotina.
Resultado do hemograma:
GB = 9000/mm3 – normal
Hb = 11,5mg/dl - ↓
Ht = 30% - ↓
VCM = 65,21 fl ↓
HCM = 25 pg↓
CHCM= 38,33↑
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UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
Técnica (Figura 1)
O exame do sangue distendido ou esfregaço sanguíneo deve ser feito do material logo após a coleta
e, se possível, sem ação de qualquer anticoagulante. O material de vidro lamina e lamínulas devem
ser quimicamente limpos e desengordurados.
O esfregaço deve ser fino e regular para se ter boa distribuição das células. Pode-se usar lamínulas,
que permitem melhor distribuição celular, porém o seu uso requer mais habilidade.
Metodologia:
2. Coloca-se a lâmina a qual será feito o esfregaço em um ângulo de 45º sobre a lâmina
a ser estendido o sangue.
3. Assim que a lâmina encostar a gota de sangue, fazer um ligeiro movimento para
traz, permitindo que a gota se distribua uniformemente por capilaridade.
4. Deslizar a lâmina para frente, estendendo-se desta forma a gota de sangue sobre a
lâmina, formando uma camada delgada e uniforme.
Fonte: <http://pt.scribd.com>
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HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Coloração:
A coloração citoquímica pode ser vista como o estudo dos constituintes químicos presentes nas
células por meio de produtos corados, que podem ser observados à luz da microscopia. São de grande
importância para a identificação de tipos celulares e estabelecimento de critérios diagnósticos de
algumas doenças hematológicas. Sob o aspecto prático para a hematologia, as provas citoquímicas
são especialmente importantes para a caracterização e identificação de granulócitos e monócitos,
bem como para as características morfológicas e o conteúdo de hemoglobina dos eritrócitos.
Os corantes químicos apresentam determinados radicais ácidos ou básicos que apresentam afinidade
para certas estruturas ácidas ou básicas dos tecidos. Estes radicais possuem cor que permite a
identificação de determinadas estruturas celulares. Os corantes usados em hematologia são compostos
principalmente de: hematoxilina, corante básico que tem afinidade aos radicais ácidos presentes nos
tecidos, são também chamados de acidófilos; eosina, corante ácido que tem afinidade por radicais
básicos dos tecidos, são também chamados basófilos. O núcleo das células, os quais contêm DNA
(substâncias ácidas), são basofílicos, e, portanto, coram-se pela hematoxilina (de cor roxa); e o
citoplasma, onde as substâncias são básicas, é acidófilo, e cora-se pela eosina (de cor rosa).
Procedimento:
4. transferir a amostra para o frasco com o liquido diluidor, tendo o cuidado de fazer
a lavagem do interior da ponteira (por sucessivas aspiração e expulsão da amostra)
ate que não fique nenhum resquício de amostra no seu interior;
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UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
5. agitar levemente;
9. cada um dos nove quadrantes da câmara tem capacidade de conter o volume de 0,1
mm3 (1mm x 1mm x 0,1 mm); como todo quadrado central, contém um volume de
0,1 mm3 = 1/10 mm3; um quinto desse quadrado central = 1/10 x 1/5 = 1/50 mm3;
10. diluição = 1/200; como 1/50 x 1/200 = 1/ 10.000, o fator de correção para
transformar 1/ 10.000 do mm3 em 1 mm3 será o próprio 10.000. Desse modo,
número de eritrócitos / mm3 = somatório dos cinco quadrados do quadrante central
x 10.000.
Fonte: <http://zunigamartinez.blogspot.com.br>
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HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
»» Hemograma: como fazer e interpretar, Oliveira, R.A.G. 1a ed. São Paulo- LMP,
2007.
Método da cianometaemoglobina
Tem por principio básico a oxidação do íon ferroso (divalente), da hemoglobina, oxiemoglobina e
carboxiemoglobina a ferro férrico (trivalente), pelo ferricianeto, com formação de metemoglobina.
Esta combina-se com o cianeto de potássio para produzir cianometemoglobina (cor vermelho-
alaranjada), que é medida fotocolorimetricamente em 540 nm ou em filtro verde.
Pipetar 5,0 ml do reagente de cor para tubo de ensaio medio; pipetar colocar 20µl de sangue total
(homogenizado).
Cálculo:
Para cálculo da amostra: [Hb amostra] = DO amostra x Fator de correção. A DO (Densidade Ótica)
encontrada no padrão será o controle para comparação com as amostras testes, com mesmo reagente.
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UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
Valores de referência:
Homens: de 14 a 18 g/dl
Mulheres: de 12 a 16 g/dl
Recém-Nascido: de 14 a 19 g/dl
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CAPÍTULO 2
Reconhecimento das células da série
Eritrocitária e da série Plaquetária
Eritrogênese ou eritropoiese
O termo eritropoiese (eritro = RBC, e poiese = fazer) é usado para descrever o processo de formação
e produção dos eritrócitos. No humano adulto, os eritrócitos, grande número de leucócitos e as
plaquetas são formados na medula óssea. No feto, as células sanguíneas também são formadas no
fígado e no baço, e, nos adultos, pode ocorrer em doenças nas quais a medula óssea é destruída
ou sofre fibrose. Nas crianças, as células sanguíneas são ativamente produzidas nas cavidades
medulares de todos os ossos.
Em torno dos 20 anos de idade, a medula óssea das cavidades e dos ossos longos, à exceção da
porção superior do úmero e do fêmur, torna-se inativa. A medula celular ativa é denominada
medula vermelha, enquanto a medula inativa infiltrada por gordura é denominada medula amarela.
A medula óssea é na realidade, um dos maiores órgãos do corpo, e seu tamanho e peso aproximam-
se dos do fígado. Trata-se também de um dos órgãos mais ativos.
Em condições normais, 75% das células presentes na medula óssea pertencem à série mieloide de
células produtoras de leucócitos, e apenas 25% consistem em eritrócitos em processo de maturação,
apesar de existirem 500 vezes mais eritrócitos do que leucócitos na circulação. Essa diferença na
medula reflete o fato de que o tempo médio de vida dos leucócitos é curto, quando comparado à dos
eritrócitos, considerado longo.
O órgão responsável pela sobrevida dos eritrócitos é o rim. Os rins podem detectar baixas
quantidades de oxigênio no sangue. Quando isto ocorre, os rins respondem pela liberação de um
hormônio chamado eritropoietina, que atua na medula óssea vermelha para estimular a produção
de mais eritrócitos.
Uma vez que a eritropoietina estimula a medula óssea para a produção dos eritrócitos, uma série de
eventos ocorre. Na medula óssea há muitas células-tronco (stem cells) capazes de produzir todos os
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UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
tipos de células sanguíneas. Diferenciam-se em células progenitoras, que por sua vez darão origem
aos vários tipos de células sanguíneas, incluindo os eritrócitos.
Quando as células que darão origem aos eritrócitos estão maduras, elas perdem seus núcleos e ficam
cheias de hemoglobina, se tornando em reticulócitos prontos para sair da medula óssea, atravessar
os capilares sanguíneos e caírem na circulação corpórea. Nas amostras de sangue, os reticulócitos
podem ser diferenciados dos eritrócitos porque eles ainda contêm resíduos de seus núcleos. Dentro
de poucos dias, os reticulócitos perdem completamente todo o seu material nuclear e se tornam
eritrócitos, prontos para transportar o oxigênio que o corpo necessita. Após três ou quatro meses,
os eritrócitos começam a se enfraquecer, as membranas começam a se fragilizar e podem sofrer
rupturas durante a passagem pelos pequenos canais durante a circulação.
Estas “células velhas” são sequestradas pelo baço e, em geral, perdem muitos de seus componentes,
em especial o ferro, que é o principal componente da hemoglobina, os mesmos serão reciclados e
formarão novos eritrócitos.
Todos os dias são produzidos novos eritrócitos para substituir os velhos, ou aqueles que tiverem
sofrido danos ou morrerem. O corpo também aumenta a produção de eritrócitos conforme a
demanda de oxigênio, por exemplo, quando uma pessoa está em altas altitudes, onde a quantidade
de oxigênio no ar está drasticamente diminuída, insuficiente quantidade de oxigênio é transportada
para os tecidos, e as células vermelhas são produzidas tão rapidamente que o número de eritrócitos
no sangue encontra-se aumentado.
Da mesma forma, se o suprimento de oxigênio é maior do que o corpo demanda, poucos eritrócitos
serão produzidos, funcionando, portanto como um mecanismo de feedback.
Para que a eritropoese ocorra, é essencial a aquisição de proteínas, carboidratos, sais minerais e
vitaminas. O ferro, o ácido fólico e a vitamina B12 são os elementos essenciais, além da piridoxina
e ácido ascórbico, considerados também essenciais. Para eficiente absorção do ferro, é necessário
também ácido hipoclorídrico e ácido ascórbico, e é dependente de uma proteína denominada
transferrina, que irá transportar o ferro da medula óssea para o fígado e outros órgãos responsáveis
pelo estoque do ferro.
Para a absorção da vitamina B12, é necessária a participação do fator intrínseco, uma substância
secretada pelas células parietais da mucosa gástrica. Para tanto, é necessário o funcionamento
normal da mucosa gástrica para estes elementos serem absorvidos.
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HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Fig. 3 Eritropoiese.
Fonte: <http://www.fcf.usp.br/>
25
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
Fonte: <http://doctorsgates.blogspot.com.br>
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HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Fonte: <http://kobiljak.msu.edu>
27
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
Teorias da Hematogênese
Há divergências quando se trata de estabelecer quais as células que se interpõem entre a célula
mesenquimal primitiva e as células diferenciadas, ou células blastos. Há, portanto duas teorias:
a teoria monofilética, admitindo que todos os elementos morfológicos do sangue provêm de
uma célula ancestral comum a todos; e a outra teoria polifilética, partidária de que cada célula
sanguínea tem seu precursor individual. Muitos autores tendem a adotar a teoria polifilética,
em que cada célula sanguínea tem seu precursor individual. De acordo com vários trabalhos, os
fatores hormonais participam nos mecanismos de formação das células precursoras, assim, a
formação dos eritrócitos acha-se subordinada a eritropoietina, um hormônio produzido pelo rim,
que tem a propriedade de estimular a maturação do hemocitoblasto mieloide, diferenciando-o e
transformando-o em proeritroblasto e, assim sucessivamente, ate o eritrócito maduro. A produção
das plaquetas por sua vez, é regulada pela trombopoetina, e a leucopoetina está envolvida na
regulação da formação dos leucócitos.
Anisocitose
O diâmetro normal dos eritrócitos varia entre 6,5 e 8,5 µm (média 7,5 µm). Os eritrócitos de tamanho
normal são também chamados de normócitos.
28
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Anisocromia
O termo anisocromia é designado para denominar a variação do conteúdo de hemoglobina
dos eritrócitos. A anisocromia ocorre quando na presença de ambos, eritrócitos normocrômicos
e hipocrômicos no sangue. Na anemia sideroblástica, em que os eritrócitos normocrômicos e
hipocrômicos são encontrados, é indicada a produção destas células pela medula óssea. Em outros
casos, como nas transfusões sanguíneas de pacientes que possuem anemia hipocrômica e recebem
sangue com eritrócitos normais; ou ainda, as hemácias normais quando coradas com corante
panóptico, podem apresentar um halo central mais claro após a coloração, indicando uma análise
falso-positiva.
29
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
»» Hemácia com Anel de Cabot: a célula apresenta uma cor lilás-azulada em forma
de anel ou “em oito”, como remanescentes nucleares do final do fuso mitótico. Ocorre
nas anemias megaloblásticas, leucemias, mielodisplasias, talassemias, intoxicação
por chumbo etc. (Figura 6i).
30
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Fonte: <http://www.cienciasnews.com.br/>
Poiquilocitose
A morfologia do eritrócito é bicôncava. Uma região central mais clara (halo) do que a da zona
periférica pode ser vista, quando de frente ao microscópio. Isto é decorrente da distribuição da
hemoglobina da parte bicôncava da hemácia.
31
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
32
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Fonte: <http://www.ciencianews.com.br/>
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UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
c. Células em alvo, que são células cujas membranas são muitos grandes
para as células e que são encontradas em pacientes com doença
hepática, com hemoglobina C, E, ou S e nas síndromes talassêmicas.
Caso clínico 2:
Individuo do sexo masculino, com idade de 33 anos, se apresentou queixando-se
de fadiga e apresentando hepatoesplenomegalia e icterícia. O hemograma revelou:
GB = 6500/mm3 ↓
Hb = 6mg/dl ↓
Ht = 11% ↓
Plaquetas = 450.000/mm3 ↑
34
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
HCM = 40 pg ↑
CHCM = 54,54 %↑
1) 2)
3) 4)
Série Plaquetária
As plaquetas se originam de megacariócitos poliploides, as maiores dentre todas as células
hematopoiéticas, e que representam menos de 1% do total das células nucleadas da medula óssea.
Os megacariócitos originam-se da célula-tronco hematopoiética multipotencial, e em seguida de
uma célula progenitora comprometida. Com base em estudos in vitro e in vivo, é provável que a
proliferação dos megacariócitos seja regulada por pelo menos dois fatores humorais: um fator (Meg-
CSF) que induz a proliferação dos CFU-Megs, e um fator similar à trombopoetina, que promove
diferenciação e maturação dos megacariócitos.
O desenvolvimento dos megacariócitos está caracterizado por endomitose, a divisão nuclear sem
divisão citoplasmática, que resulta em ploidias que variam de 2N a 64N. A maioria é dos tipos 8N
e 16N, com números menores a cada lado. Os lobos nucleares não se correlacionam precisamente
com a ploidia.
35
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
O tempo de maturação para os megacariócitos na medula é de cerca de 5 dias nos seres humanos.
As plaquetas são liberadas nos seios medulares ao longo de um período de várias horas, e os núcleos
dos megacariócitos sofrem fagocitose pelos macrófagos. As plaquetas recém-liberadas parecem
maiores, de metabolismo mais ativo e mais efetivas na homeostasia.
36
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Nos esfregaços corados pelo método panóptico, distinguem-se duas partes das plaquetas:
Nos esfregaços sem coloração, aparecem como corpúsculos de cor cinza, com tendência a formar
agregação amorfa, a que se aderem os primeiros filamentos de fibrina, quando se inicia a coagulação.
Nas preparações a fresco, distinguem-se, também uma zona periférica, hialina transparente, e outra
central, granulosa. A zona central, granulosa, cromófila tem sido considerada de origem nuclear, o
que é inteiramente errôneo, pois não dá as reações especificas da cromatina nuclear. São apenas
substâncias cromatófilas.
Fonte: <http://griho2.udl.es/>
37
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
Fonte: <http://mcvcorpohumano.blogspot.com.br>
Método de Rees-Ecker:
Material
3. câmara de Neubauer;
38
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
5. placa de Petri.
Solução diluidora:
Citrato de Sódio.................................................................3,8 g
Formol a 40%.....................................................................2,0 ml
Água destilada....................................................................100,0 ml
Procedimento:
2. adicionar 0,02 ml (20 µl) de sangue em EDTA ao liquido diluidor; impar a ponteira
com gaze ou papel, lavando a ponteira dentro do líquido;
Cálculos:
Número de plaquetas contadas (Pc) x 10 x 200, ou seja, o valor obtido das Pc contadas em
1/5 de mm2 x 10.000 será igual ao valor das Pc.
Metabolismo do eritrócito
A atividade enzimática deficiente no eritrócito pode resultar em anormalidades que levam a uma
destruição prematura e anemia hemolítica; estas desordens usualmente são herdadas. No entanto,
39
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
mesmo em indivíduos que tenham eritrócitos normais, a interferência com estresse oxidativo no
metabolismo do eritrócito, algumas vezes, pode resultar em hemólise.
Como a hemácia madura não possui mitocôndria, as vias de fosforilação oxidativa e do ciclo de
Krebs não ocorrem. A via glicolítica é responsável por 90% da produção de energia, e, é decorrente
da via Embden-Meyerhof (Figura 10); com glicólise sendo metabolizada a ácido lático com produção
final de dois moles de adenosina trifosfato (ATP). Este último, o ATP, é utilizado nas reações em
que ocorre gasto energético da célula, alterações na polarização de membrana (transporte ativo de
cátions), para manutenção da deformidade da membrana e para preservação do formato bicôncavo
da célula.
O processo oxidativo nas hemácias requer o emprego de compostos de alta energia derivada do
oxigênio, designados coletivamente como oxigênio ativado. A Hb oxidada desnatura e se precipita
como corpúsculos de Heinz, os quais aderem à membrana, induzindo rigidez e tendência à lise.
Deficiências enzimáticas moderadas nesta via (por exemplo na G6PD) podem não estar associadas à
anemia em condições normais; no entanto, um episódio hemolítico agudo pode ocorrer se as células
forem submetidas a um estresse oxidativo (por exemplo uso de droga, infecção).
A uma dada pressão parcial de oxigênio, portanto, uma 2,3 DPG aumentada permite que mais
oxigênio deixe a hemoglobina e vá para os tecidos; a curva de dissociação do oxigênio é desviada
para a direita. A atividade aumentada deste shunt é aparentemente estimulada por hipóxia.
40
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Fonte: <http://ciencianews.com.br>
A membrana eritrocitária
A membrana do eritrócito contém aproximadamente quantidades iguais de lipídeos e proteínas. Os
lipídeos são fosfolipídeos ou lipídeos neutros, e grande parte de colesterol não esterificado, os quais
desempenham função importante na manutenção da flexibilidade e da deformabilidade celular.
As proteínas que compõem a membrana eritrocitária podem ser divididas em duas porções: aquelas
que atravessam a bicamada lipídica, chamadas de proteínas transmembranas, e as proteínas situadas
na base da bicamada lipídica. As principais proteínas transmembranas são a glicoforina A e a
proteína banda 3. A primeira (glicoforina A) é composta por carboidratos situados na região externa
41
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
da molécula, estas proteínas irão gerar carga negativa aos eritrócitos, impedindo a aglutinação dos
mesmos. As glicoforinas (GP) estão relacionadas com os antígenos eritrocitários.
A proteína que exerce papel como canal transportador de ânions e água para a célula é a proteína
banda 3, localizada no interior da bicamada lipídica. A banda 3 se liga com as outras proteínas
ankirina e espectrina, localizadas na região periférica, que serve para fixar a membrana ao
citoesqueleto. As proteínas associadas ao citoesqueleto são denominadas de periféricas. Dentre elas
estão a espectrina, a actina, a ankirina, banda 3, glicoforinas (Figura 11).
Fonte: <http://pt.scribd.com>
Transporte de moléculas
Uma vez que a bicamada lipídica da membrana eritrocitária é impermeável a uma grande parte
de moléculas, consequentemente, vários sistemas de proteínas transportadoras de membrana são
utilizados nos processos transporte de moléculas para dentro ou fora da célula. A proteína banda
3 parece funcionar como um poro transportador, permitindo o transporte de ânions como água,
cloreto e bicarbonato, e também alguns cátions.
42
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/>
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/>
Baskurt O.K, Meiselman H.J. Erythrocyte aggregation: Basic aspects and clinical
importance. Clin Hemorheol Microcirc. 2012 <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/>
Hemoglobina
A hemoglobina é uma proteína conjugada, e o componente de maior importância aos eritrócitos.
Serve de veículo para o transporte de oxigênio, e dióxido de carbono (CO2). Quando completamente
saturada, cada grama de hemoglobina contém cerca de 1,34ml de oxigênio. A massa sanguínea total
do adulto normal contém 600g de hemoglobina capazes de transportar 800ml de oxigênio. Seu peso
molecular é de 64,458kD, e contém ferro o qual reage com uma molécula de oxigênio por equivalente.
Cada molécula de hemoglobina compõe-se de quatro grupos heme, de estrutura porfirínica. Cada
uma contém um átomo de íon ferroso, ligado à parte proteica da molécula, a globina, constituída
de quatro cadeias polipeptídicas. As cadeias polipeptídicas são dispostas aos pares, consistindo-se
em ácidos aminados, ligados uns aos outros em sequência característica, formando longa cadeia.
A molécula tem a forma de elipse helicoide, localizando-se cada grupo heme em sua superfície, em
uma bolsa ou dobra de uma das cadeias polipeptídicas, onde funciona combinando reversivelmente
com o oxigênio e o dióxido de carbono (Figura 12).
A fração heme é a parte corada da molécula responsável pela cor vermelha do sangue; a fração
globínica é incolor.
A hemoglobina é a molécula primordial para transporte de oxigênio dos pulmões, onde sua tensão
é alta, e para os tecidos, onde a tensão é baixa. À tensão do oxigênio de 100 mmHg nos capilares
pulmonares, 95% a 98% da hemoglobina combinam-se com o oxigênio. Nos tecidos onde a tensão
de oxigênio pode reduzir-se a 20 mmHg, o oxigênio dissocia-se logo da hemoglobina, a qual se
transforma em hemoglobina reduzida, contendo menos de 30% de oxigênio. A hemoglobina está no
sangue circulante sob duas formas:
43
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
Cumpre assinalar que a oxigenação da hemoglobina produz a oxiemoglobina. Deve ser diferenciada
da oxidação da hemoglobina, a qual transforma o ferro na forma bivalente ou íon ferroso,
para a forma trivalente (íon férrico), transformando a oxiemoglobina, vermelho-brilhante, na
metemoglobina, castanha.
No cromossomo 11, estão localizados os genes beta, gama e delta, e o gene da cadeia alfa situa-se no
cromossomo 16. O primeiro tipo de hemoglobina normal do sangue do adulto denomina-se HbA:
constitui 95% ou mais de hemoglobina total do adulto. A fração globínica de cada molécula compõe-se
de duas cadeias alfa (α), contendo 141 ácidos aminados cada uma, e duas cadeias beta (β), constituídas
de 146 ácidos aminados. Sua fórmula é α2A β2A, indicando que a molécula é constituída de duas
hemoglobinas normais A, de cadeias alfa (α), e duas hemoglobinas A, de cadeias beta (β).
O terceiro tipo de hemoglobina normal é a hemoglobina fetal (HbF) existente, em alta concentração,
durante a vida fetal. No recém-nascido sua concentração é de 50% a 75% da hemoglobina total
reduzindo-se progressiva e rapidamente a cerca de 5%, aos seis meses de idade, e atingindo a
concentração de apenas 2% ou menos aos dois anos de idade. Compõe-se de duas cadeias alfa (α), e em
lugar das cadeias beta (β), duas cadeias gama (ɣ) com 146 ácidos aminados. Sua fórmula é α2A ɣ2A.
No início da vida fetal, encontram-se dois outros tipos de hemoglobina: as hemoglobinas primitivas
ou embrionárias, que persistem somente durante cerca de três meses no embrião. Compõem-se de
cadeias épsilon (ɛ), diferentes das demais cadeias. São a Hb Gower 1, cuja fórmula é ɛ4Gower 1,e a
HH Gower 2, de fórmula α2Aɛ Gower2.
A sequência dos ácidos aminados de cada cadeia polipeptídica acha-se sob controle genético. Um
gene controla a composição de duas cadeias idênticas: por exemplo, um gene controlando as duas
cadeias alfa e outro gene controlando as duas cadeias beta. Cada molécula hemoglobínica é, pois,
controlada por dois genes. Cada cadeia tem o peso molecular de 16.460 kD.
A sequência dos ácidos aminados das cadeias polipeptídicas é que determina o comportamento
eletroforético e/ou outras propriedades físico-químicas de cada hemoglobina, permitindo sua
identificação. Baseando-se nestes métodos de identificação, as hemoglobinas classificam-se em
44
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
normais e anormais. As normais são as hemoglobinas que podem ser identificadas no hemolisado
do sangue de uma pessoa normal, em diferentes idades. As hemoglobinas anormais são resultantes
de alterações congênitas na composição das cadeias polipeptídicas. A presença de hemoglobinas
normais pode alterar sensivelmente as propriedades fisiológicas dos eritrócitos que as contém.
Fonte: <http://www.hemoglobinopatias.com.br/>
Metemoglobina
Em condições normais, uma pequena quantidade de hemoglobina é constantemente oxidada,
formando-se a metemoglobina. A metemoglobina então é decorrente das mudanças nos processos
fisiológicos da molécula de hemoglobina, ou seja, a mudança de seu estado oxigenado para o
oxidado e vice-versa. Isso leva à mudança do Fe++ (ferroso) em Fe+++ (férrico). A célula tem
sistemas redutores que permitem a volta do Fe+++ ao Fe++, havendo o equilíbrio entre a oxidação
e a redução da hemoglobina.
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UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
Fonte: <http://www.hemoglobinopatias.com.br/>
O grupo Heme
O heme é formado por quatro anéis pirrólicos ligados entre si por um átomo de ferro. Para fazerem a
síntese do heme, os eritroblastos utilizam os aminoácidos glicina e ácido succínico. Uma molécula
de glicina e uma de succinato se condensam para formar o ácido delta levulínico ou delta-ALA.
Depois disso, duas moléculas de ALA se condensam para formar um anel pirrólico, sob a ação da
enzima denominada ALA-desidratase. A seguir, quatro anéis pirrólicos reagem e formam um anel
tetrapirrólico . Esse anel tetrapirrólico permanece unido por pontes de meteno (=CH-), formando
o que se denomina protoporfirina. Nesse ponto, o ferro é incorporado à molécula formando o
heme (Figura 14).
A síntese do heme necessita da presença de oito enzimas : (1) ALA-sintetase; (2) ALA-desidratase; (3)
porfobilinogênio-desaminase; (4) urobilinogênio-sintetase; (5) uroporfirinogênio-decarboxilase;
(6) coproporfirinogênio-oxidase; (7) protoporfirinogênio-oxidase; (8) ferroquelase. A primeira e
as três ultimas enzimas se situam na mitocôndria dos eritroblastos, enquanto que as demais se
localizam no citoplasma.
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HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Até a fase de reticulócito, pode haver incorporação do ferro para a formação do heme. Mais de
300mg de heme são produzidos a cada 24 horas, primariamente para formar a hemoglobina e
também a formação da mioglobina, do citocromo e da catalase.
Fonte: <http://www.hemoglobinopatias.com.br/>
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UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
Fonte: <http://www.hemoglobinopatias.com.br/>
Metabolismo do ferro
O ferro é fornecido ao organismo pela dieta habitual na quantidade média de 14mg/dia, porém apenas
1-2mg, isto é, 5% a 10% dessa quantidade são absorvidos. O ferro da dieta se apresenta só na forma
inorgânica (Fe+++ ou Fe++) ou sob a forma do heme, ligada geralmente à mioglobina da carne.
Chegando ao estômago, o ferro se liga a várias substâncias (proteínas e polissacarídeos), mas o suco
gástrico ácido permite que certa porção fique sob a forma solúvel. O tipo da dieta ingerida modifica
a capacidade de absorção do ferro pela mucosa intestinal.
A absorção do ferro é processada na parte superior do intestino delgado, pelas células da mucosa.
O ferro inorgânico e o ferro ligado ao heme têm mecanismos diferentes de absorção. A absorção do
ferro inorgânico se faz pelas células da mucosa intestinal, as quais utilizam parte desse elemento para
si. Essa porção de ferro é incorporada pelas mitocôndrias das células, e o restante pode atravessar o
citoplasma, entrando na circulação sanguínea.
O ferro hêmico é absorvido como tal pelas células intestinais. Ai ele se separa do heme por ação da
enzima hemoxigenase e depois segue a mesma via do ferro inorgânico.
48
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Desse modo, todo o ferro que atravessa a célula passa para a circulação. A regulação deste
mecanismo de absorção é complexa, incluindo algumas etapas importantes: o ferro que deve ser
absorvido da luz intestinal sofre a ação de uma enzima redutora, a ferrorredutase presente na
mucosa, que transforma o Fe+++ em Fe++; o Fe++ se liga a uma proteína que o transporta para
o interior das células intestinais (enterócitos), denominada DMT1 (divalent metal transporter 1);
uma vez no interior dos enterócitos, o ferro pode passar para o plasma ou ficar retido sob a forma de
ferritina; a passagem do ferro para o plasma também necessita da ação de proteínas, denominadas
IRP (iron regulatory proteins), localizadas na membrana basal dos enterócitos; o ferro que fica nos
enterócitos, ligado à ferritina, é eliminado nas fezes com a descamação da mucosa.
Estocagem de ferro
O ferro não tem via de excreção. Ele é absorvido no intestino, mas não é eliminado. Ao contrário, existe
um mecanismo específico para sua conservação e depósito no organismo. Mediante maior ou menor
quantidade de ferritina contida nas células intestinais, pode-se avaliar o grau de absorção do ferro. Por
sua vez, a variação de ferritina na célula intestinal é reflexo de maior ou menor demanda de ferro pela
medula óssea. Num homem normal, cerca de um quarto do ferro absorvido permanece nos locais de
depósito. Na mulher normal, os depósitos são menores devido às perdas menstruais periódicas.
O ferro se deposita ligado a duas proteínas: a ferritina e a hemossiderina. A ferritina é uma apoferritina
contendo um núcleo férrico, sendo esta a forma solúvel de armazenamento. A hemossiderina, é a
forma insolúvel de armazenamento, é a forma degradada da ferritina. A maior parte está ligada à
ferritina, que é mais facilmente liberada quando aumenta a necessidade de fornecimento de ferro
aos eritroblastos. A hemossiderina corresponde aos agregados grosseiros de ferritina, uma forma
mais estável e menos acessível desse ferro de depósito.
O nível de ferritina plasmática varia em função da quantidade de ferro dos depósitos, sendo sempre
inferior nas mulheres que menstruam em comparação com aquelas que estão na menopausa e com
o sexo masculino.
A quantidade total do ferro no corpo é da ordem de 40mg/kg a 50mg/kg de peso. Deste total, 30mg
estão contidos na hemoglobina, enquanto 10mg/kg a 12mg/kg constituem ferro de depósito, sob a
forma de ferritina e hemossiderina.
Ferro mitocondrial
O ferro livre é encontrado ainda nas mitocôndrias. As mitocôndrias exercem papel importante no
metabolismo do ferro, pois é o local onde ocorre a síntese do grupo heme e do cluster Fe-S. Ainda
não estão bem esclarecidos os mecanismos de entrada do ferro para o interior das mitocôndrias, no
entanto, sabe-se que, através de uma proteína intramitocondrial denominada frataxina, ocorre o
controle da utilização do ferro nas mitocôndrias destinado à síntese do grupo heme ou a gênese dos
clusters Fe-S.
Além disso, a frataxina forma um complexo com o ferro evitando a formação de radicais livres
na mitocôndria. Além do transporte de elétrons que ocorre nas mitocôndrias durante a cadeia
49
UNIDADE I │ HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO
Ainda são pouco descritos os transportadores responsáveis pela saída do grupo heme. No entanto,
há uma molécula transportadora denominada ABCB7 localizada na porção interna da membrana
mitocondrial que exportam os clusters Fe-S para o citosol.
O mecanismo sistêmico é regulado pela absorção, consumo e estoque do ferro, sabendo-se, que
não há uma via de eliminação própria do ferro. Está descrito um hormônio denominado hepcidina,
responsável pela regulação da homeostase do ferro. A sobrecarga de ferro no organismo aumenta
a expressão deste hormônio, enquanto que na anemia e na hipóxia a expressão de hepcidina
encontra-se reduzida.
A redução da passagem de ferro oriunda deste processo de internalização, acarreta à baixa saturação
da transferrina e, consequentemente, menos ferro é liberado para o desenvolvimento do eritroblasto
(Figura 16).
Fonte: <http//blogbionut.blogspot.com.br>
50
HEMATOLOGIA CLÍNICA: INTRODUÇÃO │ UNIDADE I
Andrews N. Molecular control of iron metabolism. Best Practice & Res. Clin.
Haematol. 2005; 18:159-69.
51
ANEMIAS Unidade iI
CAPÍTULO 1
Classificação das anemias
Morfológica
A classificação morfológica das anemias está embasada nos valores obtidos pelos índices
hematimétricos, no entanto, não é possível caracterizar a causa da anemia, mas somente é possível
avaliar o aspecto morfológico das hemácias e correlacionar com os diversos tipos de anemias.
»» anemias hemolíticas.
»» anemias hemolíticas.
52
Anemias │ UNIDADE II
Fonte: <http://www.ciencianews.com.br/>
A Tabela 4 relaciona as principais doenças e suas correlações com os aspectos morfológicos das
hemácias.
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UNIDADE II │ Anemias
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Anemias │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ Anemias
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CAPÍTULO 2
Anemias microcíticas
Anemia ferropriva
Na anemia ferropriva há um balanço negativo de ferro, isto é, a ingestão deste elemento é menor que
a necessidade do organismo. Como foi discutido anteriormente, o ferro é armazenado na forma de
ferritina e de hemossiderina. Nos homens, existem 600mg -1.200mg de ferro estocado, enquanto que
nas mulheres, está reserva é inferior, de 100mg - 400mg. Daí a maior incidência de anemia ferropriva
no sexo feminino. A deficiência de ferro se instala por mecanismos diversos: aumento da necessidade,
excesso de perda (hemorragias), má-absorção do ferro na alimentação, dieta deficiente de ferro.
Nas situações em que a perda de ferro é maior que a ingesta por longos períodos, ocorre a insuficiente
produção de hemoglobina. Em estágios avançados, a deficiência de ferro pode ser caracterizada
por uma anemia hipocrômica e microcítica. Entre as causas citadas mais frequentes relacionadas
com o excesso de perda de ferro estão incluídos: perdas menstruais, menometrorragias (mioma,
fibroma uterino); perdas digestivas: úlceras, câncer gastrointestinal, varizes esofágicas, parasitas
(ancilostomíase), hemorroidas, divertículos; perdas cutâneas: doenças descamativas de evolução
crônica levam a perda de ferro pela pele; outras perdas: epistaxes, hematúrias, hemossiderinúria;
má-absorção do ferro da dieta: gastrectomia, transito intestinal rápido.
Anemia sideroblástica
São anemias raras, classificadas em formas: congênita e adquirida ou secundária. Caracterizam-se
por apresentarem; (1) eritrócitos hipocrômicos no sangue periférico; (2) medula óssea rica em serie
vermelha e (3) ferro elevado no soro.
O quadro típico de eritroblastos medulares contendo grossos grânulos de ferro que se coram
pelo Azul-da-Prússia faz o diagnóstico morfológico. Outro achado frequente é a presença de ferro
acumulado ao redor dos núcleos, em especial dos eritroblastos ortocromáticos, daí o nome de
sideroblastos em anel.
57
UNIDADE II │ Anemias
A anemia sideroblástica congênita é mais rara do que a forma adquirida, e está relacionada com
alterações genéticas. As formas adquiridas são mais comuns, aparecem na idade adulta, e são
encontradas em ambos os sexos.
A contagem de reticulócitos não é usualmente elevada. Não se observa alterações nos leucócitos
e plaquetas, exceto pela doença de base. É observada diminuição da concentração sérica do ferro
e diminuição da capacidade de ligação ao ferro, além do percentual de saturação apresentar-se
diminuído. A protoporfirina eritrocitária e a ferritina sérica estão elevadas.
»» Aquelas que resultam de mutações dos genes que regulam a síntese dos aminoácidos
(sequência) da cadeia polipeptídica da globina, alterando sua estrutura. São
denominadas hemoglobinopatias estruturais.
58
Anemias │ UNIDADE II
A gravidade da doença depende da herança. São moléstias transmitidas, como caráter dominante,
por um ou pelos dois progenitores do individuo. Portanto, existem formas heterozigóticas e
homozigóticas.
Clinicamente, as hemoglobinopatias mais importantes são aquelas que envolvem anomalias nos
genes das cadeias alfa (α) e beta (β) da hemoglobina. Alterações envolvendo as cadeias gama (ɣ),
épsilon (ɛ) e zeta (ʑ) são letais já nas fases iniciais da vida.
As hemácias em foice são rígidas e tendem a ficar estagnadas em órgãos que a circulação é lenta. Com
isso há anoxia relativa, que, por sua vez, facilita a falcização de novas hemácias. Em consequência,
formam-se verdadeiros trombos, que levam a enfarte de tecido adjacente. Este enfarte é seguido de
fibrose e até calcificação. Tipicamente, isso ocorre no baço, onde a rede sinusoidal tem fluxo lento.
Em razão de oclusões vasculares, há fenômenos dolorosos muito intensos. Além das alterações
presentes na hemoglobina das células, ocorrem modificações na membrana: (1) fosforilação
anormal; (2) anomalia da bomba Na/K; (3) auto-oxidação aumentada, o que estimula a fagocitose
por parte dos macrófagos tissulares. Em ambiente pobre em oxigênio, os eritrócitos falcizados
apresentam lesões de membrana que são responsáveis pela perda de potássio e de água para o meio
extracelular, resultando em desidratação dos mesmos.
O quadro clínico resultante se manifesta com tromboses, crises musculares dolorosas, dores
abdominais, dores no peito, edema nos dedos das mãos e dos pés (dactilite); além de úlceras nas
pernas; crises de hemólise aguda (anemia e icterícia); crises de aplasia medular; crise de sequestração
– em crianças pequenas o baço armazena grande quantidade de hemácias, causando anemia profunda;
crises de insuficiência renal; insuficiência gonodal e hipodesenvolvimento dos caracteres sexuais
secundários; sintomatologia ligada à presença de calculose vesicular (cálculos de bilirrubina).
59
UNIDADE II │ Anemias
Aspecto interessante da doença falciforme é a inter-relação entre as células falciforme com as células
endoteliais e os componentes do plasma sanguíneo. A vasoclusão é decorrente da presença física de
grande número de eritrócitos falcizados no interior dos pequenos vasos e também de outros fatores
como: aderência anormal dos eritrócitos ao endotélio; aderência, a este, de segmentados neutrófilos
anormalmente estimulados; alteração da superfície endotelial; presença de moléculas de adesão
(VCAM-1, ICAM-1, E e P-selectinas, que permitem a aderência dos eritrócitos e neutrófilos ao
endotélio; citocinas (IL-6) do plasma que também estimulam a aderência. As proteínas plasmáticas,
como o fator Von Willebrand, trombospondina liberada pelas plaquetas, fibrinogênio e fibronectina
também participam na aderência dos eritrócitos ao endotélio, atuando como intermediários com
as moléculas endoteliais como as integrinas, VCAM, receptor Fc (FC-R), laminina como podemos
observar na figura 17.
60
Anemias │ UNIDADE II
»» Hb βS β thal ° / α α.
»» Hb βS β thal + / α α.
O quadro clínico da forma homozigótica HbS (Hb βS βS) é severo, mas as crises hemolíticas não são
muito frequentes. As formas heterozigóticas Hb βA βS / α normal / α normal, assim como a Hb βA βS
/ α thal / α normal, têm evolução praticamente assintomática, caracterizando-se pela presença de
hemácias falcizadas, hemácias em alvo, hipocromia e microcitose.
A associação com α-talassemia tende a reduzir a severidade das crises falcêmicas, pela redução da
concentração da hemoglobina nas células. Nos casos de heterozigotia, a herança pode revelar que
um dos progenitores tem estigma falciforme e o outro tem estigma talassêmico.
Fonte: <www.hemoglobinopatias.com.br>
Algumas hipóteses foram propostas por alguns autores, de que as hemácias falciformes possam
atuar como irritantes que levam à inflamação à medida que obstruem o fluxo. Os eventos repetitivos
de isquemia localizada e reperfusão podem gerar um estado crônico de lesão tecidual inflamatória.
Essa hipótese se baseia no fato que todos os indivíduos com AF possuem uma mutação idêntica no
gene da globina. Tendo em vista a contagem basal elevada de leucócitos e a baixa quantidade de
HbF, agravando a resposta inflamatória. (Figura 18).
61
UNIDADE II │ Anemias
Fonte: <http://genetica.ufcspa.edu.br>
<http://www.ciencianews.com.br/filmes-cien/filmes-cien-index.htm>
<http://www.us.elsevierhealth.com>
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/>
Caso clínico 3:
Individuo do sexo masculino da raça negra, com idade de 12 anos, apresentou o
seguinte hemograma:
62
Anemias │ UNIDADE II
Chernecky, Cynthia C., and Barbara J. Berger. Laboratory Tests and Diagnostic
Procedures, 3rd ed. Philadelphia, PA: W. B. Saunders Company, 2001.
Kee, Joyce LeFever. Handbook of Laboratory and Diagnostic Tests, 4th ed. Upper
Saddle River, NJ: Prentice Hall, 2001.
A HbC tem tendência a se cristalizar, induzindo a perda de potássio e de água pela célula, aumentando
desta forma, a concentração intracelular de hemoglobina e a probabilidade da HbS polimerizar.
O quadro clínico é a doença falciforme de intensidade não muito acentuada. As crises hemolíticas
são mais amenas, e há esplenomegalia em muitos casos. Como a função esplênica não está
totalmente comprometida, não há risco de infecções tão severas. As oclusões vasculares também
estão presentes, e podem ocorrer episódios dolorosos de necroses ósseas, como a necrose asséptica
da cabeça do fêmur.
Outras hemoglobinopatias
Hemoglobinopatia C
Como foi mencionado, a HbC corresponde à substituição, na posição 6 da cadeia β, do ácido
glutâmico pela lisina. Essa alteração pode ter caráter homozigótico (HbCC) ou heterozigótico
(HbAC). Em ambos os casos as manifestações hemolíticas são discretas. Os exames hematológicos
nesses casos mostram anemia moderada, com reticulocitose discreta, microcitose, esferocitose e
hemácias em alvo.
63
UNIDADE II │ Anemias
Hemoglobinopatia D
A hemoglobina D tem a mobilidade eletroforética semelhante à da hemoglobina S, mas não sofre
o fenômeno da falcização. Está ocorre quando se associa à HbS (forma heterozigótica HbSD). Há
numerosas variantes que recebem o nome do local onde foram descritas, como por exemplo, a HbD-
Punjab, da Índia. A forma HbDD causa anemia e esplenomegalia discretas (Tabela 8).
Hemoglobinopatia E
A hemoglobina E tem mobilidade eletroforética semelhante às HbA2 e C. Na hemoglobinopatia
E (HbEE) pode haver anemia discreta, porém quando há associação com HbS ou com o gene
talassêmico (HbSE e HbSE β thal), o quadro clínico é mais severo. A HbE foi descrita originalmente
no Sudeste Asiático e pode ser encontrada em países que receberam imigrantes daquelas regiões
(Tabela 8).
Síndromes Talassêmicas
Basicamente, nas síndromes talassêmicas ocorre diminuição da síntese das cadeias globínicas alfa e
beta que compõem a hemoglobina. Certas hemoglobinas anormais, que apresentam a substituição
de aminoácidos nas cadeias formadas, também se enquadram nesse grupo de hemoglobinopatias.
A hemoglobina normal do adulto, é controlada pelos genes alfa (α), beta (β), gama (ɣ) e delta (δ),
que comandam a formação independente de cadeias α, β, ɣ e δ, as quais se reúnem, formando
inicialmente dímeros (αβ, αɣ e αδ) e depois tetrâmeros, que correspondem às três hemoglobinas -
α2β2 ou HbA, α2ɣ2 ou HbF, e α2δ2 ou HbA2.
As síndromes talassêmicas incluem vários tipos de alterações das cadeias globínicas, a saber:
»» δβ-talassemias - são formas mais raras com gravidade clínica variável, em que
existe redução por ausência de síntese das cadeias β ou δ.
Existem outros tipos de talassemias: Thal δ, Thal ɣδβ e a chamada persistência hereditária da
hemoglobina fetal, incluídas nesse grupo vasto e complexo de doenças.
64
Anemias │ UNIDADE II
α-Talassemias (α Thal)
A síntese das cadeias α é controlada por um conjunto de genes (cluster α genes ou genes α, situados
no cromossomo 16). Há dois genes α no genoma haploide (α2 α1), portanto, quatro genes α nas células
diploides (α2 α1 / α2 α1). Nas talassemias α, um ou mais genes α podem estar ausentes (deleção)
resultando então formas diferentes da doença:
»» Todos os quatro genes α estão ausentes (- - / - -). Há ausência da síntese das cadeias
α (α°), não se formando a HbA normal. Quando isso ocorre, o excesso de cadeias
ɣ do feto leva à produção de tetrâmeros do tipo ɣ4 , denominado Hb Bart’s. Essa
condição não é compatível com a vida; há morte intraútero com hidropisia fetal.
Podem ser encontradas também pequenas quantidades de tetrâmeros tipo β4, ou
HbH no sangue.
Há formas de α Thal em que a cadeia α apresenta também variação estrutural, formando uma
hemoglobina estruturalmente anômala. Entre estas está a HbCs ou Hb Constant Springer. Nesses
casos, a herança varia, podendo haver homo ou heterozigotia, como por exemplo, α°/αCS ou αCS/αCS.
Outras formas de α Thal apresentam associação com genes β Thal. A interação de genes α e β (β° ou
β+) talassêmicos resulta numa doença de curso clínico diferente, menos severo que aquele presente
em β-talassêmicos puros.
65
UNIDADE II │ Anemias
β-Talassemias (β Thal)
Nesses casos, há falha na síntese de cadeias β, resultando em um excesso de cadeias α. Denomina-
se de β° talassemia quando há ausência total e β+ talassemia quando há diminuição da síntese de
cadeias beta. Os indivíduos homozigóticos podem ser de tipo β° β° ou β+ β+, uma vez que apenas
um gene β está presente no genoma das células haploides, ao contrário do que ocorre com genes que
comandam a síntese de cadeias α.
Uma vez que, aparentemente, a herança dos genes β Thal parece ser mais simples, poder-se-ia
esperar que a genética nesses casos fosse também menos complicada, fato que não é verdadeiro.
As crianças são acometidas após o nascimento. São muito pálidas, anêmicas e podem morrer logo
no primeiro ano de vida se não receberem transfusões de sangue. Essa situação é denominada
talassemia major ou doença de Cooley, descrita por Thomas Cooley em 1925.
A forma homozigótica (β+/ β+, ou Thal major), que incide na região do Mediterrâneo, apresenta
quadro clínico severo, enquanto que a mesma forma homozigótica que incide na raça negra tem
características de menor gravidade, recebendo a denominação Thal intermédia.
A HbA2 β Thal tipo 2 também pode ser homozigótica ou heterozigótica. As dúvidas diagnósticas
nesses casos são grandes, uma vez que as manifestações clínicas variam de discretas e severas.
66
Anemias │ UNIDADE II
A distinção entre todos esses quadros com evolução clínica e achados hematológicos muito próximos
só podem ser feitos, com segurança, pela análise molecular das cadeias globínicas.
Hemoglobinas Lepore
Trata-se de uma talassemia de tipo δβ em que as Hb Lepore se formam por fusão ou crossing-over
entre os genes δ e β, localizados nos dois cromossomos 11 (durante a meiose). A evolução clínica dos
casos de Hb Lepore, homozigóticas, assemelha-se à da β Thal homozigótica.
Fonte: hemoglobinopatias.com.br.
67
CAPÍTULO 3
Anemias macrocíticas
Essas citopenias são responsáveis pela sintomatologia presente nesses casos: síndrome de anemia,
síndrome hemorrágica e síndrome infecciosa. São vários os agentes etiológicos dessas síndromes
de insuficiência funcional da medula óssea: medicamentos (anti-inflamatórios, antibióticos,
anticonvulsivantes); tóxicos (benzeno, inseticidas, solventes químicos); radiações (ionizantes);
infecções (bactérias, vírus (hepatite); metabólitos e imunológicos; tumores (timoma).
Ao lado das aplasias medulares, em que se pode reconhecer um agente causal, há outras em que
este não é determinado. Essas aplasias são ditas idiopáticas, enquanto as primeiras se denominam
secundárias ou adquiridas. Há ainda formas de aplasia medular de natureza constitucional. Nesses
casos, os indivíduos têm uma predisposição genética ou familial para manifestarem a aplasia medular.
O surgimento desta condição é, às vezes, facilitado pelo contato com drogas ou toxinas. Alguns
desses casos podem manifestar-se tardiamente na vida, recebendo então o rótulo de aplasia medular
adquirida, quando, na verdade pertencem ao grupo de doenças constitucionais.
A aplasia medular pode manifestar-se em relação a uma única linhagem hematopoietica, sem
haver grandes alterações das demais células. Identifica-se, então, a aplasia simples ou pura de uma
linhagem, seja ela a linhagem eritrocítica, granulocítica, neutrofílica ou plaquetária. Essas formas
de aplasia pura de uma só linhagem podem ter características de doença constitucional ou serem
adquiridas. Elas são menos frequentes do que as anemias aplásticas em que há comprometimento
de todas as linhagens e podem constituir ou não o prelúdio de uma aplasia medular global.
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Anemias │ UNIDADE II
Anemias Refratárias
Essa denominação engloba anemias adquiridas ou congênitas., com causa conhecida ou ignorada,
decorrentes de dificuldade de amadurecimento normal das células medulares. O defeito reside quase
sempre na célula primordial ou totipotente, resultando em dificuldade maturativa dos precursores
eritroblásticos, granulocíticos e plaquetários.
Nessas anemias não ocorre aplasia medular verdadeira, visto que a celularidade se mantém normal
ou há somente discreta hipoplasia medular. Entretanto, não existe maturação normal, encontrando-
se pancitopenia no sangue periférico. Denominavam-se tais casos pancitopenia periférica com
medula óssea rica em células.
Os defeitos de maturação que ocorrem nas três linhagens medulares recebem as denominações
diseritropoese, disgranulocitopoese e dismegacariocitopoese.
As anemias refratárias congênitas têm curso clínico semelhante e se caracterizam por apresentar:
(1) eritropoese ineficiente na medula óssea e (2) teste de soro acidificado positivo.
São doenças raras e afetam exclusivamente as células eritroblásticas medulares. O exame da medula
óssea revela hiperplasia eritroblástica e modificação do aspecto morfológico dessa linhagem, em
grau maior ou menor. As anemias refratárias congênitas se classificam em três tipos (I,II e III). A
forma mais comum é o tipo II, denominada comumente Hereditary Erytroblastic Multiclearity
with Positive Acidified-Serum-Lysis-Test (HEMPAS).
O quadro clínico da anemia refratária do tipo I é caracterizado por palidez discreta, esplenomegalia
rara, gene autossômico recessivo. O esfregaço sanguíneo mostra anemia macrocítica discreta
poiquilocitose, pontuação basofílica, anisocitose, ferro sérico elevado. A medula óssea apresenta
hiperplasia eritroblástica, aumento de eritroblastos orto e policromáticos binucleados; pontes
internucleares; eritropoese ineficiente aumentada; eritrofagocitose; megaloblastose.
Na anemia refratária do tipo II, os pacientes apresentam um quadro clínico com palidez, icterícia,
esplenomegalia, colicistite calculosa, herança: gene autossômico recessivo. O esfregaço sanguíneo
mostra: anemia macrocítica, alterações morfológicas muito acentuadas das hemácias, lise de
eritrócitos pelo soro normal acidificado, ferro sérico elevado. A medula óssea apresenta: hiperplasia
eritroblástica; aumento de eritroblastos orto e policromáticos bi e multinucleados; eritrofagocitose;
macrófagos aumentados, (aspecto Gaucher-símile).
Na anemia refratária do tipo III, os pacientes apresentam um quadro clínico com palidez,
esplenomegalia, icterícia, herança: gene autossômico dominante (forma rara). O esfregaço sanguíneo
mostra: anemia macrocítica, alterações morfológicas das hemácias, ferro sérico elevado. A medula
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UNIDADE II │ Anemias
Anemia megaloblástica
A anemia megaloblástica aparece por defeito na síntese de DNA em células precursoras da medula
óssea. Quantidades normais de vitamina B12 e de folatos são necessárias para que esta síntese seja
normal. A Vitamina B12 e os folatos interferem na utilização da deoxiuridina (DUMP = deoxiuridina
monofosfato).
Partindo desta substância, forma-se uma timidina monofosfato (TMP), que, por sua vez, entra na
composição da timidina, uma das quatro bases nitrogenadas presentes no DNA. Há inter-relação
entre o metabolismo da vitamina B12 e o dos folatos. Na ausência de cobalamina, o tetraidrofolato
não pode ser liberado, havendo assim acumulo da forma metilada.
Na verdade, os níveis desse folato (metiltetrahidrofolato) no soro são elevados em pacientes com
deficiência de vitamina B12.
Há evidencias de que a vitamina B12 seja importante na passagem normal de compostos folatos
através das membranas celulares. Desse modo, a medula óssea, de um lado, e as células hepáticas,
de outro, têm um aporte deficiente de folatos na vigência da deficiência em B12.
Não se sabe ao certo a causa exata da aparência megaloblástica das células precursoras da medula
óssea (eritroblastos e granulócitos) nas deficiências de B12 e folatos, apenas se correlacionando a
aparência gigante e a cromatina reticulada e delicada dos núcleos ao defeito de síntese do DNA.
Esse composto é armazenado no fígado, mas a maior parte vai para os tecidos, servindo de doador
de radical - CH3. O folato armazenado pelo fígado pode ser cedido ao intestino pela via biliar, o que
matem o nível de folato nesse ponto (ácido êntero-hepático).
Quando ocorrem lesões da mucosa intestinal (como no sprue), ou quando o folato armazenado
pelas células hepáticas fica bloqueado (como no alcoolismo), o ciclo êntero-hepático se altera. Tanto
num caso como no outro, há diminuição do folato absorvido pelo intestino.
70
Anemias │ UNIDADE II
De um modo geral, a deficiência de folatos é mais frequente e grave em indivíduos de baixo nível
socioeconômico, em especial nas idades avançadas e em alcoólatras. A deficiência de folatos é
frequente também naquelas condições em que o indivíduo consome em excesso, entrando num
balanço negativo destes. Isso ocorre na gestação e em doenças como anemia hemolítica, nas quais
há aumento de proliferação (reacional) da série eritrocitária.
Outros casos, como vimos, são de alcoólatras que ingerem poucos poliglutamatos e têm lesão
hepática.
A deficiência de ácido fólico é vista mais comumente do que a deficiência de vitamina B12 em
doenças levando à má absorção. A síndrome de Irmerslund-Gräsbeck é uma alteração de herança
autossômica recessiva, que provoca uma absorção deficiente de vitamina B12.
Em certos países, a infestação pela tênia do peixe (Diphyllobothrium latum) é tão comum que
a deficiência de vitamina B12 pode ocorrer na presença da verminose. O verme compete com o
hospedeiro pela cobalamina ingerida.
O sprue tropical, uma doença absortiva comum no Caribe, Índia e sudeste da Ásia, pode ser tratado
com ácido fólico, associada à terapia antimicrobiana. A ressecção do intestino delgado ou doença
inflamatória do mesmo podem estar associadas a múltiplos defeitos de absorção, incluindo outras
vitaminas.
Existe ainda uma anemia associada com a doença hepática caracterizada pela diminuição da
sobrevida eritrocitária e produção inadequada de eritrócitos. Pode ser evidenciada por volume
sanguíneo aumentado que parece estar relacionado ao grau de hipertensão portal.
Os reticulócitos podem estar aumentados e as plaquetas diminuídas. A medula óssea pode estar
hipercelular e a eritropoiese é macro normoblástica, mais do que a megaloblástica. Este tipo de
anemia não responde à cobalamina (vitamina B12) ou ácido fólico.
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UNIDADE II │ Anemias
Como o volume plasmático está diminuído no hipotireoidismo, o grau aparente da anemia pode não
ser proporcional à diminuição da massa de hemácias. O hipotireoidismo pode evidentemente ser
complicado por deficiência de ferro ou de ácido fólico e vitamina B12.
Em alguns casos de insuficiência renal a hemólise é uma característica significante. Parece haver
um fator extra corpuscular no plasma urêmico que prejudica o metabolismo dos eritrócitos, o que
resulta em células morfologicamente deformadas (equinócios espiculados). Pode ser observado
elevado número de eritrócitos irregulares, contraídos e fragmentados na síndrome hemolítica-
urêmica e na hipertensão maligna como resultado do dano traumático sofrido pelos eritrócitos ao
atravessarem os pequenos vasos sanguíneos lesados.
Alterações na ATP base de membrana dos eritrócitos e na transquetolase podem tornar tais eritrócitos
mais sensíveis às drogas ou produtos químicos oxidantes. Em decorrência à trombocitopenia ou
defeitos funcionais das plaquetas, podem ocorrer sangramentos na doença renal crônica.
Eritrocitoses
Caracterizadas pelo aumento de eritrócitos no eritrograma, aumento da massa eritrocítica,
diminuição do volume plasmático (pseudoeritrose). Dados clínicos: desidratação pelo uso de
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Anemias │ UNIDADE II
diuréticos. Este distúrbio pode ocorrer em determinadas condições patológicas, fisiológicas ou até
mesmo regionais.
A saber:
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paRA (NÃO) FINALIZAR
O estudo da disciplina Hematologia Clínica apresentado neste caderno é de grande importância não
só para o aluno, mas também para os professores que estiveram empenhados neste trabalho. Todo o
educador tem a curiosidade pela busca do novo, quer aprimorar e enriquecer seus conhecimentos, e
desta forma, ambos, professor e aluno são beneficiados. Neste momento de formação, a capacidade
autônoma é de grande relevância, considerando as habilidades crítica e criativa, desenvolvidas
durante este período de aprendizado.
O exame hematológico mais solicitado é o hemograma, pois através da morfologia dos elementos
figurados do sangue é possível diagnosticar muitas doenças infecciosas e crônicas, e, desta
forma, auxiliar no controle evolutivo das mesmas. O exame hematológico também é essencial
nas emergências médicas, cirúrgicas e traumatológicas. O hemograma baseia-se na observação
morfológica e quantificação das células sanguíneas. Portanto, o estudo da morfologia das células
sanguíneas, através da leitura do esfregaço sanguíneo, retrata todos os aspectos laboratoriais
e clínicos na hematologia clínica e representam uma ferramenta poderosa, que pode ajudar nos
exames de rotina laboratorial, bem como na correlação com outros exames laboratoriais.
Portanto, fica claro o objetivo deste caderno de estudos no sentido de aprimorar e consolidar
os conhecimentos em hematologia e auxiliar também nas boas práticas de rotina laboratorial
hematológica.
74
Referências
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Sites de pesquisa:
<http://www.us.elsevierhealth.com>
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/>
<http://www.elsevier.com/journals/>
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ANEXO
Respostas
Casos clínicos
1. Anemia ferropriva – hipocromia, microcitose. Crioglobulina - em decorrência do
CHCM alto (agregação de Hb – poiquilocitose?)
3. Anemia falciforme. Uma vez o paciente sendo da raça negra, e o teste de falcização
foi positivo, também foi encontrado elevado índice de HbS e reticulocitose, podemos
identificar como um quadro de anemia falciforme.
Slides
1. Presença de eritrócitos em “roleaux” e discreta hipocromia em eritrócitos isolados.
No mieloma múltiplo é comum o aparecimento de hemácias empilhadas (em
roleaux). Podem também ocorrer nos casos de viroses em que haja excesso de
imunoglobulinas, ou também a presença de artefatos (técnico).
Alterações:
a. Anel de Cabot
c. Pontilhado basófilo
Ocorrências:
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Anexo
2. Eliptocitose hereditária
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