Preparação de Trompetistas para Audições - Ricardo Sigari

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FACULDADE CANTAREIRA

RICARDO NEIRA SIGARI

PREPARAÇÃO DE TROMPETISTAS PARA


AUDIÇÕES

São Paulo
fev/2018
RICARDO NEIRA SIGARI

PREPARAÇÃO DE TROMPETISTAS PARA


AUDIÇÕES:
Promenade (Ravel), Solo da Bailarina (Stravinsky) e Solo de
Abertura da 5ª Sinfonia (Mahler)

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em


Música da Faculdade Cantareira, em cumprimento
parcial às exigências para obtenção do título de
Bacharel em Música (trompete).

Orientador: Prof. Dr. Celso Mojola

São Paulo
fev/2018
Dedico este trabalho ao professor Gilberto Siqueira por ter servido de inspiração e

motivação por todos esses anos.

ii
SUMÁRIO

Lista de imagens .......................................................................................................... v

Lista de figuras ............................................................................................................ vi

Resumo .................................................................................................................. vii

Abstract ................................................................................................................ viii

Agradecimentos .......................................................................................................... ix

Introdução ................................................................................................................... 1

Capítulo 1 – Audições ................................................................................................ 2

1.1 Audições Orquestrais .............................................................................. 2

1.2 Audições Selecionadas .......................................................................... 5

Capítulo 2 – Trompetistas Consultados ......................................................................... 7

2.1 Marlon Humphreys ................................................................................ 8

2.2 Fernando Dissenha ................................................................................. 10

2.3 Érico Fonseca ......................................................................................... 12

Capítulo 3 – Excertos Selecionados ............................................................................ 14

3.1 Promenade- Quadros de Uma Exposição ............................................... 15

3.2 Solo da Bailarina – Petrouchka ............................................................... 19

3.3 Solo de Abertura – Quinta Sinfonia de Mahler ....................................... 25

Considerações Finais .................................................................................................. 30


iii
Anexos .................................................................................................................. 31

Questionário Marlon Humphreys ............................................................... 31

Questionário Fernando Dissenha ................................................................ 38

Questionário Érico Fonseca ........................................................................ 42

Edital Osesp ................................................................................................ 46

Partitura Quinta Sinfonia de Mahler ........................................................... 49

Partitura Petrouchka .................................................................................... 51

Partitura Promenade .................................................................................... 53

Referências ................................................................................................................. 55

iv
LISTA DE IMAGENS

IMG. 1 – Marlon Humphreys ...................................................................................... 8

IMG. 2 – Fernando Dissenha ..................................................................................... 10

IMG. 3 – Érico Fonseca ............................................................................................. 12

v
LISTA DE FIGURAS

FIG. 1 – Promenade ................................................................................................... 15

FIG. 2 – Instruções de andamento ............................................................................. 16

FIG. 3 – Intervalo de oitava ....................................................................................... 18

FIG. 4 – Solo da Bailarina ......................................................................................... 19

FIG. 5 – Fanfarras ...................................................................................................... 20

FIG. 6 – Escalas ligadas iniciadas em Lá ................................................................... 21

FIG. 7 – Escalas ligadas iniciadas em Si ................................................................... 21

FIG. 8 – Arpejos ascendentes e descendentes ............................................................ 22

FIG. 9 – Arpejos descendentes iniciados em Lá ........................................................ 22

FIG. 10 – Fragmentos de escala iniciados em Ré ...................................................... 23

FIG. 11 – Solo de abertura da Quinta Sinfonia .......................................................... 25

FIG. 12 – “Em passo médio. Estrito. Como um cortejo funebre” ............................. 26

FIG. 13 – Tercinas da cadência .................................................................................. 27

FIG. 14 – Figuras lentas ............................................................................................. 28

FIG. 15 – Figuras rápidas ........................................................................................... 28

FIG. 16 – Fá grave ..................................................................................................... 29

vi
RESUMO

No trabalho a seguir, será feita uma análise interpretativa de três excertos

orquestrais que se mostraram mais relevantes ao ser feita uma comparação entre os

editais das ultimas audições para orquestras que ocorreram no Brasil.

O trabalho tem como base para suas informações um questionário que foi enviado

para trompetistas de diversas grandes orquestras do Brasil.

Palavras-chave: Audições; Trompete; Excertos; Orquestra

vii
ABSTRACT

In this monograph, is going to made an interpretative analysis about three

orchestral excerpts that showed up to be more relevant when a comparison between the

editals of the last orchestral auditions that happened in Brazil.

The base for the monograph will be a questionnaire that was sent to trumpet

players from major orchestras in Brazil.

Key-words: Audition; Trumpet; Excerpt; Orchestra

viii
AGRADECIMENTOS

Agradeço à todos os professores da Faculdade Cantareira, em especial aos

professores Celso Mojola, por ter me orientado nesta pesquisa, Amarildo Nascimento,

pelos anos de aula e de todo cuidado envolvido e ao professor Fernando Dissenha por

ter acreditado no meu potencial. Agradeço também à meus pais por toda força e ajuda

em todos os momentos, e à minha tia Patricia por todo investimento em mim colocado.

À todos os amigos de classe pelas risadas e conselhos musicais ou não.

ix
INTRODUÇÃO

A preparação para uma audição pode ser uma tarefa árdua e um tanto quanto

assustadora para um trompetista. Existem numerosas compilações de excertos

orquestrais importantes, mas pouco material escrito por trompetistas de orquestra é

encontrado. Esse trabalho falará sobre a preparação para uma audição, citando os

aspectos mais importantes de cada excerto selecionado.

Para esse trabalho, trompetistas de orquestra serão entrevistados e será feita uma

compilação das dicas e comentários de todos sobre os excertos. Embora o trabalho tenha

como objetivo falar sobre os excertos escolhidos para audições, é importante deixar

claro que a preparação para uma audição não se dá somente por preparar os excertos

selecionados, e sim a preparação como trompetista, afinal, na orquestra não serão

tocados somente as peças que são pedidas no teste.

Os excertos foram escolhidos tendo como base o edital do último teste para

primeiro trompete promovido pela OSESP (Orquestra Sinfonica do Estado de São

Paulo) e uma conversa em aula com o professor Fernando Dissenha.

Serão selecionados como material para o trabalho três dos excertos mais

recorrentes nos testes. Vale ressaltar que os excertos selecionados por vezes não

aparecem em alguns dos testes, porém fazem parte dos excertos mais pedidos nas

audições e se mostraram mais importantes para a audição do que alguns excertos que

por vezes aparecem em todos os testes.

1
1 AUDIÇÕES

1.1 AS AUDIÇÕES ORQUESTRAIS

Na última metade do século XX, audições para vagas em grandes orquestras se

tornaram procedimento padrão. Até os anos 1940 ou 1950, vagas em orquestras por

vezes eram preenchidas por músicos atendendo a audições individuais por convite de

diretores musicais ou maestros, por indicação de grandes professores. O período entre

1960 e 1990 marcou uma mudaça significante no processo de audições para músicos de

orquestra. Em vez de audições individuais, as orquestras abriram o processo de audição,

fazendo com que os candidatos tocassem frente a uma banca examinadora composta

por membros da orquestra. Os músicos então decidem se o candidato passa de fase ou

é eliminado da audição.

As audições podem ter diversas fases, com intuito de diminuir cada vez mais o

número de concorrentes para as fases finais. Após o candidato enviar um curriculum

para análise, a orquestra pode decidir entre pedir uma pré-audição com o candidato, ou

envia-lo diretamente para audição. Então excertos do repertório orquestral são

selecionados e a lista é enviada aos candidatos selecionados para a audição. As

primeiras fases consistem em os candidatos tocarem os mesmos excertos frente a banca.

As fases mais avançadas, como a semi-final e a final são feitas então quando há menos

concorrentes à vaga. A banca então encaminha sua decisão ao maestro e cabe à ele a

decisão de contratar ou não o candidato.


2
O processo de mudança de audições individuais para audições frente a uma banca

não excluiram problemas como discriminação por genero ou raça. Durante os anos 1950

e 1960, a maioria das orquestras era formada por homens (MARSHALL, 1997). Então,

em uma tentativa de fazer as audições mais justas, as orquestras começaram a fazer

audições “às cegas”, usando um biombo para esconder a identidade dos músicos. É

interessante notar que nos anos 70, 10% dos contratados para orquestras eram mulheres.

Já no começo dos anos 80, 50% dos contratados na New York Philarmonic eram

mulheres (MARSHALL, 1997).

A partir doas anos 90 os processos de audição começaram a variar menos de

orquestra para orquestra. O processo se tornou mais organizado e eficiente: as pessoas

recebiam o horário exato de sua audição para evitar que ocorresse uma aglomeração de

candidatos. Os resultados das fases das audições são anunciados na hora, dando aos

músicos mais tempo para se prepararem para uma próxima fase. Em diversas orquestras

o voto da banca se tornou secreto e na maioria delas o maestro perdeu a total autoridade

para contratar ou não um candidato. As audições passaram a conter uma fase preliminar

e uma fase final, tendo algumas orquestras adicionado uma fase semi-final.

Com a padronização do processo de audições, ficou muito mais fácil se preparar

para uma audição, fazendo assim com que o número de candidatos aumentasse. O

número de vagas em orquestras varia conforme o tempo e não se tem garantia de que

haverá uma vaga, já que quando um músico é contratado para a vaga ele tem garantida

uma estabilidade no emprego. Adicione a isso o fato de que no século XXI as orquestras

estão sofrendo por falta de verba e pode-se ver o número de vagas diminuindo cada vez

mais. Esse fato faz a concorrência por uma vaga aumentar ainda mais, e a cada ano são

formados cada vez mais trompetistas, fazendo a concorrência aumentar ainda mais.
3
Muitos desses trompetistas procuram respostas para como ganhar audições, resposta

essa que pode ser difícil de se encontrar. A intenção desse trabalho é encontrar as

respostas para se ganhar audições tirando informações diretamente de músicos que

fazem parte das bancas examinadoras.

4
1.2 AUDIÇÕES SELECIONADAS

As audições selecionadas para o trabalho fazem parte das mais atuais ocorridas

no Brasil. Vale ressaltar que as audições são todas para posições diferentes, sendo: OSB

3º trompete e OSESP 1º trompete. Fato esse que não interfere no objetivo do trabalho,

já que para qualquer posição que se está pretendendo trabalhar em uma orquestra a

dificuldade da audição é semelhante, pois é prática comum ser requisitado para pessoas

que estão se candidatando à vagas de segundo/terceiro trompete excertos de primeiro

trompete (SIQUEIRA, 2012).

As duas audições tiveram o mesmo formato: na primeira fase o candidato passa

por uma análise de curriculum, se aprovado passa para a segunda fase, na qual é feita

por uma prova presencial com o maestro da orquestra e o candidato toca peças a serem

determinadas no edital, se aprovado o candidato então passa para a audição em si, na

qual tocará as peças e excertos frente à banca formada pelos músicos da orquestra e o

maestro. A audição também é dividida em fases, na primeira os candidatos tocam atrás

de um biombo para que a banca não os veja, a fase é então repetida até que os músicos

da orquestra entrem em consenso sobre quais músicos desejam passar para a próxima

fase, a segunda fase, também chamada de semifinal, é feita sem o biombo e tocada

somente uma vez, há então a deliberação da banca e então decidem se aprovarão algum

e quantos serão os candidatos na fase final. Na fase final os músicos selecionados tocam

mais excertos (diferentes dos das outras fases) e então ao final dela ocorre mais uma

deliberação da banca que é quando decidem se alguém será ou não contratado. Vale

5
ressaltar que não há um padrão de quantos e quais excertos serão tocados em cada fase,

cabendo à cada orquestra tal decisão. Também é importante lembrar que caso a banca

decida que nenhum músico cumpriu com o desejado na fase, a audição se encerra sem

que as outras fases sejam executadas e a vaga permanece em aberto para audições

futuras.

6
2 TROMPETISTAS CONSULTADOS

Para este trabalho foram consultados trompetistas de grandes orquestras do Brasil,

tendo em vista a atividade profissional dos mesmos e a experiência com repertório

orquestral e audições. Os questionários foram enviados para oito trompetistas, porém,

no trabalho somente três questionários respondidos serão utilizados, pois alguns

questionários não foram respondidos, ou então tiveram respostas repetidas ou

insuficientes para serem utilizados.

7
2.1 MARLON HUMPHREYS

IMG. 1 – Marlon Humphreys

Natural de São Paulo, Marlon Humpreys teve formação musical com o professor

Gilberto Siqueira, trompete solo da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo

(Osesp). Em 2000, foi vencedor da quarta edição do Prêmio Weril. Com bolsa de

estudos pela Fundação Vitae, aperfeiçoou-se em Chicago com Mark Ridenour,

professor e trompetista da Orquestra Sinfônica de Chicago, e com Adolph Herseth.

Também foi Trompete Solo na Civic Orchestra of Chicago e atuou regularmente com a

Chicago Symphony, Grand Park Symphony, Rochester Philharmonic e Oak Park

Symphony.

Após terminar seus estudos, Marlon mudou-se para o Japão, onde fundou a Hyogo

Performing Arts Center Orchestra, em que atuou por duas temporadas como Trompete

Solo, e participou do Pacific Music Festival.

8
Atualmente, além de atuar como Trompete Principal da Filarmônica, integra o

grupo de artistas internacionais que formam a World Orchestra for Peace, a Orquestra

Mundial pela Paz, a convite de Valery Gergiev

9
2.2 FERNANDO DISSENHA

IMG. 2 – Fernando Dissenha

Paranaense de São José dos Pinhais, Fernando Dissenha é trompete-solo da Osesp

e atua como solista, camerista, professor, autor e consultor pedagógico.

Desde 1997 como trompete solo da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo,

Dissenha foi o primeiro trompetista a executar na Sala São Paulo o Concerto de Haydn

e o Concerto de Brandenburgo No.2, além de realizar turnês pelo Brasil, América

Latina, Estados Unidos e Europa.

Como vencedor do Juilliard’s Trumpet Concerto Competition (1993), Dissenha

executou o Concerto de Hummel. Atuou também em Nova York como instrumentista

convidado do American Brass Quintet e com maestros como Leonard Slatkin, Gerard

Schwarz, Stanislaw Skrowaczewsky, Denis Russel-Davis, Kurt Masur, Sidney Harth e

Otto-Werner Mueller. Apresentou-se como solista da Orquestra Sinfônica da Venezuela

e de diversas orquestras brasileiras. Por dez anos foi trompetista da Orquestra Sinfônica

do Paraná.
10
Como camerista, Fernando Dissenha integrou o Quinteto de Metais São Paulo

com apresentações nos festivais de Campos do Jordão, Curitiba e Maringá. Em 2008 e

2009 atuou com o Quinteto de Metais da Osesp em diversas cidades paulistas como

parte do Projeto Osesp Itinerante.

Mestre pela Juilliard School - onde foi aluno de Chris Gekker e Mark Gould

Dissenha estudou também na Universidade de Hartford, como bolsista Fundação Vitae.

Já ministrou cursos e master classes em diversas capitais do Brasil, nos festivais de

Campos do Jordão, Jaraguá do Sul, Curitiba, Londrina, Gramado e na Universidade de

Maryland. Atualmente é professor na Faculdade Cantareira, é Trumpet Clinician da

Yamaha Musical do Brasil, e apresenta recitais e workshops no país.

Dissenha iniciou os estudos de música com Pedro Vital, na Banda do Rotary

International de São José dos Pinhais. Posteriormente estudou com Antônio Aparício

Guimarães na EMBAP (Curitiba), e foi integrante da Orquestra Juvenil da Universidade

Federal do Paraná, sob a regência da maestrina Hildegard Soboll Martins. Foi também

aluno de Edgar Batista dos Santos em São Paulo.

11
2.3 ÉRICO FONSECA

IMG. 3 – Érico Fonseca

Érico Fonseca nasceu em Nova Friburgo, onde começou a estudar música na

Sociedade Campesina Friburguense com Uldemberg Fernandes e Vinicius Lugon. Em

1999, foi escolhido como Primeiro Trompete da OSB Jovem. Recebeu uma bolsa de

estudos no Conservatório de Fribourg na Suíça, onde graduou-se em Trompete e

Pedagogia Musical em 2003. É Mestre em Práticas Interpretativas em Trompete pela

Haute École de Musique de Suisse Romande em 2005, como aluno de Jean-François

Michel.

Atualmente, além de integrar a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, é

professor da Universidade Federal de Ouro Preto.

Foi solista com a Orquestra de Câmara de Praga, Aargauer Symphonieorchester

e outros. Na Suíça, integrou a Sinfonie Orchester Biel Solothurn e a Berner

Symphonieorchester durante as temporadas 2001, 2002 e 2003. Foi professor no

12
Conservatoire de Fribourg de 2003 até 2007 e academista da Orquestra Sinfônica da

Ópera de Zurich de 2005 até 2007. Participou de masterclasses com Maurice André,

Hakan Hardenberger, Urban Agnas, Adolph Herseth, Reinhold Friedrich e outros.

Érico foi primeiro lugar no Yamaha Foundation for Europe (2003), finalista do

Yamaha Trumpet Contest em Berlim (2004) e segundo colocado no concurso Jeunesses

Musicales na Chaux-de-Fonds (2001).

13
3 EXCERTOS SELECIONADOS

Os excertos abaixo indicados foram selecionados a partir de uma análise dos

editais das audições para trompete de quatro grandes orquestras brasileiras, também

foram levadas em consideração diversas discussões em aulas com Fernando Dissenha

sobre quais excertos deveriam ser abordados, já que o solo de trompete do Concerto

para Piano em G, de Maurice Ravel, aparece o mesmo número de vezes que o Solo da

Bailarina de Petrouchka nos editais.

14
3.1 PROMENADE – QUADROS DE UMA EXPOSIÇÃO

Modest Mussorgsky compôs “Quadros de uma Exposição” para piano solo em

1874, em 1922 Maurice Ravel fez a orquestração mais conhecida e mais tocada da peça

por encomenda de Serge Koussevitsky, que regeu sua primeira execução em outubro

do mesmo ano (RUSS, 1992).

Promenade é o primeiro movimento da obra, e recorre durante a obra mais cinco

vezes, mudando de tonalidades e instrumentação, o Promenade que será abordado no

trabalho é o primeiro, que abre a peça com um solo de trompete (FIG. 1).

FIG. 1 – Promenade

15
Marlon Humphreys cita, em suas respostas para o questionário proposto, que o

compositor descreve de forma extensa como o músico deve executar o excerto, isso é:

Aleggro giusto, nel modo russico; senza alegreza, ma poco sostenuto, ou seja, Allegro

justo, ao estilo Russo; sem alegria, mas um pouco sustentado (FIG. 2). Humphreys

acredita que ao citar “ao estilo Russo”, o compositor pede para que o excerto não seja

tocado de maneira leve demais, e sim da forma robusta e forte da escola Russa, e que

ao pedir que o músico toque “um pouco sustentado” o desejo do compositor era remeter

ao piano, instrumento para qual a peça foi originalmente escrita.

FIG. 2 – Instruções de andamento

16
Fernando Dissenha lembra que o andamento da execução é determinado pelo

maestro, por isso o músico deve sempre estar preparado para tocar mais rápido ou mais

lento do que está acostumado, pois o maestro pode pedir para que o candidato repita o

excerto em diferentes andamentos em uma audição. Dissenha cita também a

importância de se manter um som homogêneo em toda a extensão do instrumento

durante todo o excerto, além disso, aponta a importância de se estudar com diferentes

articulações, estando assim preparado para qualquer exigência do maestro presente na

audição.

Érico Fonseca faz referência à importância de se estudar com metrônomo e

afinador, para que a relação entre as notas esteja correta, e para que não se cometa o

erro de correr nas colcheias. Érico recomenda atenção especial ao intervalo de oitava

de Lá Bemol no último compasso (Fig. 3).

17
FIG. 3 – Intervalo de oitava

18
3.2 SOLO DA BAILARINA - PETROUCHKA

Petrouchka é um ballet escrito por Igor Stravinksy entre 1910 e 1911 por

encomenda de Serguei Diaguilev, fundador da compania de dança Ballets Russes

(GRESKOVIC, 2005).

Petrouchka é facilmente o excerto orquestral mais requisitado em audições, sendo

a mais tocada a versão de 1947 (SMITH, 1995).

O excerto de Petrouchka que será utilizado no trabalho é o solo da bailarina, que

faz parte do ato III do ballet, começa 1 compasso antes do número 134 de ensaio e se

extende até o número 139 (FIG. 4).

FIG. 4 – Solo da Bailarina

19
Para Petrouchka, Dissenha recomenda que o excerto seja dividido em seis

fragmentos (FIG. 5 a FIG. 10) que serão estudados separadamente, são eles:

Fanfarras:

FIG. 5 – Fanfarras destacadas

20
Escalas ligadas começando em Lá:

FIG. 6 – Escalas ligadas iniciadas em Lá destacadas

Escalas ligadas iniciadas em Si:

FIG. 7 – Escalas ligadas iniciadas em Si destacadas

21
Arpejos ascendentes e descendentes:

FIG. 8 – Arpejos ascendentes e descendentes destacados

Arpejos descendentes iniciados em Lá:

FIG. 9 – Arpejos descendentes iniciados em Lá destacados

22
Fragmentos de escala iniciados em Ré:

FIG. 10 – Fragmentos de escala iniciados em Ré destacados

Após separar em partes, Dissenha indica que cada parte seja estudada

individualmente em andamento lento até que se tenha domínio e se conheça todas as

notas, então começa-se a acelerar o andamento, ainda estudando as partes

individualmente. No momento que se estiver dominando as partes no andamento pedido

pelo compositor, o músico começa a somar as partes até que tenha o excerto todo sob

domínio. Sobre equipamento, Dissenha indica que o excerto seja tocado com trompete

em Si Bemol, ou então trompete em Mi Bemol para que a afinção e precisão se tornem

mais fáceis.

23
Érico Fonseca reporta que muitos candidatos em audições tem problemas rítmicos

para tocar, por isso indica o uso de subdivisões durante todo o estudo de Petrouchka.

Entre os aspectos musicais mais relevantes para o excerto, Fonseca cita, além da

precisão rítmica, a importância do contraste entre as diferentes articulações e

dinâmicas.

Marlon Humphreys, por sua vez, lembra que o músico deve atentar para o fato de

que o excerto citado não conta com pausas, fazendo assim com que o executante não

tenha lugar no qual tomar uma respiração confortável e tranquila, fato esse que muitas

vezes pode gerar ansiedade para se chegar ao final, causando assim que o músico acabe

por acelerar o andamento nos compassos finais do excerto.

24
3.3 SOLO DE ABERTURA – QUINTA SINFONIA DE MAHLER

A sinfonia nº 5 do compositor austríaco Gustav Mahler foi escrita entre 1901 e

1902 (FRANKLIN, 2001). O excerto que será analisado é o solo de abertura que se

inicia no compasso 1 e se extende até o compasso 26 (FIG. 11).

FIG. 11 – Solo de Abertura da Quinta Sinfonia.

25
Para Malon Humphreys, o excerto é um dos mais requisitados e mais importantes

de uma audição devido à grande exposição do solo em meio à orquestra. O fato de o

solo trabalhar todos os extremos do instrumento, tanto em relação à dinâmica, quanto

em relação à tessitura também é fator determinante para que ele esteja presente em todos

os editais. Humphreys menciona o fato de que o excerto se trata de uma marcha fúnebre

em estilo de procissão militar (FIG. 12), e deve-se levar isso em conta para a execução

dele, as tercinas, a pedido do compositor, dever ser tocadas como uma caixa

acompanhando esse cortejo militar.

FIG. 12 – “Em passo médio. Estrito. Como um cortejo funebre” (tradução minha).

26
O pulso deve permanecer inalterado do início ao fim, exceto nas tercinas da
cadência que culmina com a entrada de toda a orquestra (FIG. 13).

FIG. 13 – Tercinas da cadência.

Érico Fonseca aponta que a performance do excerto se inicia antes mesmo de

iniciar a execução, lembrando que a nota Dó Sustenido (trompete em Dó) é uma das

notas que precisa de mais correção de afinação no instrumento, sendo assim necessário

que o trompetista tome o devido cuidado com a afinação dela, cuidado esse que deve

ser tomado em todo o excerto, já que a nota acima citada se faz presente por toda a

extensão do solo, aparecendo por vezes formando arpejos de Dó Sustenido menor, que

são ainda mais difíceis de se afinar. Érico recomenda, portanto, que o afinador seja

usado durante toda a preparação e estudo do excerto.

27
Dissenha indica mais uma vez que se separe o excerto em partes diferentes, sendo

elas:

Figuras lentas (sem tercinas):

FIG. 14 – Figuras lentas.

28
Figuras rápidas (tercinas):

FIG. 15 – Figuras rápidas.

Após feita a divisão, deve-se estudar o que Dissenha chama de “esqueleto” do excerto,

ou seja, somente as figuras lentas (FIG. 14), e então trabalhar separadamente nas

tercinas empregando as dinâmicas e articulações indicadas pelo compositor (FIG. 15).

Então o músico começa a unir o excerto todo, sempre atento à consistência rítmica e

afinação.

Embora o excerto seja escrito para trompete em Si Bemol, recomenda-se o uso de

trompete em Dó para executá-lo, vale lembrar que a última nota (Fá grave) não é

executada, pois a mesma não faz parte da tessitura do instrumento (FIG. 16).

29
FIG. 16 – Fá grave

30
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se notar, no trabalho acima desenvolvido, que muitas das citações dos

entrevistados simplesmente ressaltam o que os compositores já escrevem e pedem

nas partituras dos excertos citados, o que pode levar a se pensar que para ser

aprovado em uma audição basta seguir o que o compositor pede, o que por muitas

vezes se mostra irreal, pois a subjetividade de audições e o gosto pessoal da banca

pode interferir no resultado final de uma audição de maneira importante.

Ao ler os primeiros capítulos do trabalho, nos quais são descritos os

processos pré-audição pode-se notar que nenhum candidato que chega até a fase

na qual toca em frente à banca está despreparado ou tem um nível considerado

inaceitável pela orquestra, o que leva a diversas dúvidas de quais seriam os fatores

determinantes para que o mesmo não fosse aprovado, dúvidas essas reforçadas

pelo fato de o candidato não ter acesso às considerações sobre sua prova de

maneira deliberada da orquestra.

Pode-se determinar assim, que não há como ser formulado um “manual” de

como ser aprovado em audições de orquestra, cabendo ao músico preparar-se para

a audição da forma mais honesta e minusciosa possível.

31
ANEXO A

QUESTIONÁRIO RESPONDIDO POR MARLON HUMPHREYS

PERGUNTAS GERAIS

1 – Nome.

R.: Marlon Humphreys

2 – Onde toca ou tocou.

R.: Principal Trompete, Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

3 – Fale sobre uma preparação geral para uma audição, sem um excerto em específico.

(Tanto tecnicamente quando mentalmente, o que acha importante para estar

completamente seguro na audição)

R.: PREPARANDO-SE PARA UMA AUDIÇÃO

O BÁSICO

Em todas audições é essencial apresentar as seguintes características básicas que um

músico de orquestra deve ter:

1 - Ritmo

2 - Afinação

3 - Qualidade sonora

32
Embora seja o básico, é o que elimina mais de 90% dos candidatos em uma audição.

Não existe um atalho nesse caminho, a estrada é longa mas segue reta e sem segredos.

Estude com metrônomo e afinador todos os dias, intercalando execução de trechos com

e sem os aparelhos, assim você não fica completamente dependente deles para te

manter no ritmo e afinado. É muito útil também gravar seus estudos, muita coisa passa

desapercebida enquanto estamos tocando, portanto a gravação vai apontar esses

problemas ocultos.

E sempre preste muita atenção na leitura, nunca tente adivinhar ritmos, subdivida e

entenda o que está fazendo antes de tocar. Também escute gravações com muita

atenção e não deixe que notas e ritmos errados aconteçam, porque, diferente de um

escroque, tocar notas e ritmos errados em uma audição é simplesmente inaceitável.

SOM E INTERPRETAÇÃO

Além do básico, acima mencionados, é importante demonstrar seu conhecimento sobre

cada peça, o tipo de som adequado e o papel do trompete na obra. Seguir as dinâmicas

indicadas é imprescindível e é prudente não exagerar nos fortes em uma situação de

audição, coloque sempre a qualidade de som em primeiro lugar.

É importante também procurar um bom professor que te coloque no caminho certo de

cada obra, e escutar gravações de qualidade, com orquestras e regentes de nível

internacional, uma ótima ferramenta à sua disposição. Graças ao YouTube, Spotify e

outros, hoje temos fácil acesso a muita coisa boa. Eu pessoalmente recomendo as

gravações de:

33
Adolph Herseth, Chicago Symphony (1948-2001)

Phillip Smith, New York Philarmonic (1978-2014)

Maurice Murphy, London Symphony (1978-2008)

Mais uma dica: é importante conhecer não somente os trechos mais importantes, mas

também o restante da obra como um todo. Isso ajuda a colocar as coisas em

perspectiva.

34
QUINTA SINFONIA DE MAHLER

1 – Para você, qual o motivo de tal excerto estar presente na maior parte das audições?

2 – Cite o que você procura quando os candidatos tocam o excerto na audição.

3 – Se possível, cite como seria para você uma preparação ideal para toca-lo.

4 – Há algum aspecto “mais importante” nesse excerto que necessita de mais atenção

que outros? (ex.: precisão rítmica, extensão, velocidade de articulação)

5 – Por fim, se tiver algum comentário sobre o excerto que ache importante, fique à

vontade para fazê-lo.

R.: É pedida pois trata-se, em primeiro lugar, de um solo importantíssimo no repertório

e sua execução requer um músico que tenha boa sonoridade e controle desde de o piano

até o fortíssimo. Mahler disponibiliza uma grande quantidade de informação de como

deve ser tocado este trecho, mas basicamente, trata-se de uma marcha fúnebre ao estilo

de procissão militar. Importante notar que, a pedido do compositor, as tercinas devem

ser tocadas como uma caixa acompanhado um cortejo militar. É importante

demonstrar solenidade e respeito, pois a cena descreve uma situação de sofrimento e

angústia. Uma informação técnica: o pulso deve permanecer inalterado do começo ao

fim, com exceção a cadência que culmina com a primeira entrada da orquestra.

Além da introdução, é comum ver em listas de audição o solo lírico e piano, que começa

com as violas, ainda no primeiro movimento.

35
PETROUCHKA

1 – Para você, qual o motivo de tal excerto estar presente na maior parte das audições?

2 – Cite o que você procura quando os candidatos tocam o excerto na audição.

3 – Se possível, cite como seria para você uma preparação ideal para toca-lo.

4 – Há algum aspecto “mais importante” nesse excerto que necessita de mais atenção

que outros? (ex.: precisão rítmica, extensão, velocidade de articulação)

5 – Por fim, se tiver algum comentário sobre o excerto que ache importante, fique à

vontade para fazê-lo.

R.: Esse solo é escolhido para que o candidato possa demonstrar tanto sua capacidade

e consistência rítmica, quanto destreza técnica. O personagem da estória tem uma

dualidade peculiar, é uma bailarina mecânica. Portanto, é importante transparecer na

sua interpretação a leveza e graciosidade de uma bailarina, mas também a precisão

robótica de um relógio. Tudo estritamente em tempo e com especial atenção as

diferenças de dinâmica. Dica: é importante manter a calma no fim desse solo.

Infelizmente, não temos um ponto bom onde respirar, portanto a falta de ar pode causar

ansiedade e com isso muitos tendem a correr para que acabe logo.

É importante também preparar outros trechos dessa obra, entre eles o trecho de alta

dificuldade técnica com surdina e o fantasma do Petrushka ao fim, comumente tocado

no trompete pícolo.

36
PROMENADE

1 – Para você, qual o motivo de tal excerto estar presente na maior parte das audições?

2 – Cite o que você procura quando os candidatos tocam o excerto na audição.

3 – Se possível, cite como seria para você uma preparação ideal para toca-lo.

4 – Há algum aspecto “mais importante” nesse excerto que necessita de mais atenção

que outros? (ex.: precisão rítmica, extensão, velocidade de articulação)

5 – Por fim, se tiver algum comentário sobre o excerto que ache importante, fique à

vontade para fazê-lo.

R.: Mais um trecho que começa com o trompete solo, trata-se de uma caminhada

(Promenade) dentro de uma galeria de artes, até que alguma pintura chame atenção.

Assim como o Mahler, logo de cara, muita informação do compositor: Allegro giusto,

nel modo russico; senza alegrezza, ma poco sustenuto. Ou seja: Allegro justo, ao estilo

russo; sem alegria mas um pouco sustentado. Portanto a consistência rítmica já é

exigida pelo próprio compositor, não podemos deixar a coisa leve demais pois estamos

falando do estilo robusto russo, que ele reforça com o "senza alegrezza", e um pouco

sustentado. Acredito que o "poco sustenuto" é uma tentativa de Ravel de se imitar o

som do piano, em homenagem a versão original de Mussorgsky. É importante escolher

um jeito de tocar e mantê-lo durante todo o trecho, seja mais sustentado ou como "bell

tones".

Dicas: Vale a pena estar preparado para fazer dos dois jeitos, caso um membro da

banca venha assim o pedir, afinal de contas, maleabilidade também é essencial para
37
um músico de orquestra. Demonstrar sua capacidade de seguir instruções sem

hesitação vai aumentar a confiança nos jurado da banca de que você é a pessoa que

eles estão procurando. Quando estiver tocando o Promenade, tente se colocar no papel

e imagine-se caminhando entre os quadros, isso ajuda a transparecer o senso de

ocasião em sua interpretação.

ATITUDE DA BANCA

Lembre-se sempre que em uma audição as pessoas te ouvindo estão procurando alguém

para tocar ao lado delas. Queremos que os candidatos toquem bem, que demonstrem

suas qualidades e sabemos como é difícil para o candidato estar ali. Não estamos

procurando defeitos, estamos procurando nosso próximo colega. Busque a perfeição,

pois essa busca te levará a excelência, mas nunca cobre de si próprio a perfeição,

porque, simplesmente, nada é perfeito. Esbarrou uma nota? Falhou algum ataque? Não

tem problema, continue nos mostrando a sua música, o mais importante é tocar bonito.

38
ANEXO B

QUESTIONÁRIO RESPONDIDO POR FERNANDO DISSENHA

PERGUNTAS GERAIS

1 – Nome.

R.: Fernando Dissenha

2 – Onde toca ou tocou.

R.: Osesp - primeiro trompete

3 – Fale sobre uma preparação geral para uma audição, sem um excerto em específico.

(Tanto tecnicamente quando mentalmente, o que acha importante para estar

completamente seguro na audição)

R.: Você deve estar preparado, como trompetista, e não somente como concorrente a

uma audição. Isso significa, tocar bem o trompete e não somente os excertos. Dessa

forma, no máximo, próximo da audição, 60% do tempo deve ser dedicado aos excertos,

o restante do tempo, o trabalho deve priorizar os fundamentos. Mentalmente, imagino

que ajuda realizar diversas "audições simuladas" nós dias que antecedem. Nos

períodos de descanso também devem ser feitas as audições. Essa prática pode ajudar

a visualizar como cada excerto deve ser tocado, mentalmente. Solfejo também é

aconselhável.

39
QUINTA SINFONIA DE MAHLER

1 – Para você, qual o motivo de tal excerto estar presente na maior parte das audições?

R.: Controle, dinâmicas, estilo, articulação e entendimento musical.

2 – Cite o que você procura quando os candidatos tocam o excerto na audição.

R.: Som, respeito à partitura, precisão rítmica e personalidade musical.

3 – Se possível, cite como seria para você uma preparação ideal para toca-lo.

R.: Trabalhar a estrutura (sem as tercinas) para estabelecer a dinâmica e o som. O


"esqueleto" do excerto sem as figuras rápidas. Trabalhar nas tercinas: colocação dos
sforzandos e estacatos. Consistência rítmica. Ouvir o máximo de gravações e ler
sobre o compositor.

4 – Há algum aspecto “mais importante” nesse excerto que necessita de mais atenção

que outros? (ex.: precisão rítmica, extensão, velocidade de articulação)

R.: Respeito à partitura.

5 – Por fim, se tiver algum comentário sobre o excerto que ache importante, fique à

vontade para fazê-lo.

R.: Na audição, o som, estilo e articulação são muito mais importantes que volume.

40
PETROUCHKA

1 – Para você, qual o motivo de tal excerto estar presente na maior parte das audições?

R.: Controle, leveza, articulação, flexibilidade.

2 – Cite o que você procura quando os candidatos tocam o excerto na audição.

R.: Diferenciar as fanfarras das figuras ligadas. Cada nota deve estar centrada e o

excerto deve ter uma sensação de pulso estrito, não apressada.

3 – Se possível, cite como seria para você uma preparação ideal para toca-lo.

R.: Existem basicamente 6 figuras distintas que devem ser preparadas separadamente:

(trompete em Do) Fanfarras Escala ligada começando em sol Escala ligada

começando em la Arpejos ascendentes e descendentes Arpejos descendentes

começando em sol Fragmentos de escalas começando em do

4 – Há algum aspecto “mais importante” nesse excerto que necessita de mais atenção

que outros? (ex.: precisão rítmica, extensão, velocidade de articulação)

R.: O caráter leve e a precisão rítmica.

5 – Por fim, se tiver algum comentário sobre o excerto que ache importante, fique à

vontade para faze-lo.

R.: Comece a trabalhar extremamente lento e subdividindo tudo em colcheias

Recomendo usar o trompete em Sib ou Mib.

41
PROMENADE

1 – Para você, qual o motivo de tal excerto estar presente na maior parte das audições?

R.: Sonoridade e articulação iguais em todos os intervalos, afinação, nobreza no estilo,

controle da respiração.

2 – Cite o que você procura quando os candidatos tocam o excerto na audição.

R.: Som ressonante, mas não forçado, centro das notas, controle dos intervalos.

3 – Se possível, cite como seria para você uma preparação ideal para toca-lo.

R.: Trabalharia bastante com articulações longas, em toda a extensão. Trabalharia a

conexão dos intervalos, em diversas tonalidades Trabalharia diferentes opções de

articulação

4 – Há algum aspecto “mais importante” nesse excerto que necessita de mais atenção

que outros? (ex.: precisão rítmica, extensão, velocidade de articulação)

R.: Afinação é essencial. As colcheias jamais devem ser apressadas Som homogêneo

do começo ao fim

5 – Por fim, se tiver algum comentário sobre o excerto que ache importante, fique à

vontade para faze-lo

R.: Ouvir diversas gravações e ser flexível para adaptar o andamento e a articulação

de acordo com o que for pedido.

42
ANEXO C

QUESTIONÁRIO RESPONDIDO POR ÉRICO FONSECA

PERGUNTAS GERAIS

1 – Nome.

R.: Érico Fonseca

2 – Onde toca ou tocou.

R.: Orquestra Filarmônica de Minas Gerais (desde 2008). Anterior: Berner Sinfonie

Orchester (2001-2003), Orchester der Opernhaus Zürich (2005-2007)

3 – Fale sobre uma preparação geral para uma audição, sem um excerto em específico.

(Tanto tecnicamente quando mentalmente, o que acha importante para estar

completamente seguro na audição)

R.: É necessário que o candidato mantenha uma rotina de fundamentos e exercícios

básicos de técnica, afim de apurá-la.

No meu caso, a prática de atividades físicas (corrida, natação, musculação, muay thai)

ajudou a superar a ansiedade de performance.

Acho importante achar o instrumento ideal para executar determinados excertos, e o

ideal é: aquele que facilitará a sua performance.

43
QUINTA SINFONIA DE MAHLER

1 – Para você, qual o motivo de tal excerto estar presente na maior parte das audições?

R.: Afinação (dó sustenido inicial, arpejos de do sustenido menor são difíceis de afinar),

estilo (executar o excerto de acordo com a tradição), articulação (as tercinas devem

soar claras e definidas).

2 – Cite o que você procura quando os candidatos tocam o excerto na audição.

R.: Em primeiro lugar: precisão rítmica, depois afinação, sonoridade, articulação,

tessitura, estabilidade nas diferentes dinâmicas.

3 – Se possível, cite como seria para você uma preparação ideal para toca-lo.

R.: Trabalhar pacientemente com afinador e metrônomo, buscando tocar em dinâmicas

confortáveis e com pouca pressão, para não cansar os lábios, decorar o excerto, ouvir

gravações.

4 – Há algum aspecto “mais importante” nesse excerto que necessita de mais atenção

que outros? (ex.: precisão rítmica, extensão, velocidade de articulação)

R.: Considero precisão rítmica o aspecto principal. Regentes têm a palavra final em

audições e estes apreciam músicos ritmicamente estáveis.

5 – Por fim, se tiver algum comentário sobre o excerto que ache importante, fique à

vontade para fazê-lo.

R.: Gosto de criar imagens para este excerto, como forma de aliviar a ansiedade de

performance.

44
PETROUCHKA

1 – Para você, qual o motivo de tal excerto estar presente na maior parte das audições?

R.: Avaliar precisão rítmica, diferença de dinâmica e articulação, capacidade de

frasear em meio ao estresse de ter que tomar respirações rápidas.

2 – Cite o que você procura quando os candidatos tocam o excerto na audição.

R.: Precisão rítmica, diferença de dinâmica e articulação, capacidade de frasear em

meio ao estresse de ter que tomar respirações rápidas.

3 – Se possível, cite como seria para você uma preparação ideal para toca-lo.

R.: Estudar primeiramente tudo lentamente e em dinâmicas confortáveis ( piano até

mezzo forte), acelerar o andamento gradativamente até o andamento desejado,

descompactar ou subdividir as células rítmicas.

4 – Há algum aspecto “mais importante” nesse excerto que necessita de mais atenção

que outros? (ex.: precisão rítmica, extensão, velocidade de articulação)

R.: Precisão ‘rítmica, pois a maioria dos candidatos apresentam “problemas” de

ritmo.

5 – Por fim, se tiver algum comentário sobre o excerto que ache importante, fique à

vontade para faze-lo.

R.: Este é um dos excertos mais difíceis e estressantes. Além do solo com a caixa clara

(Bailarina), Petroushka possui diversas intervenções difíceis.

45
PROMENADE

1 – Para você, qual o motivo de tal excerto estar presente na maior parte das audições?

R.: Afinação, sonoridade, fraseado, estabilidade.

2 – Cite o que você procura quando os candidatos tocam o excerto na audição.

R.: Boa relação entre as notas (afinação), musicalidade e estabilidade.

3 – Se possível, cite como seria para você uma preparação ideal para toca-lo.

R.: Trabalhar em diversos andamentos e diversas articulações, com afinador e

metrônomo. Escolher sua própria versão, mas estar sempre pronto a mudar o foco

interpretativo.

4 – Há algum aspecto “mais importante” nesse excerto que necessita de mais atenção

que outros? (ex.: precisão rítmica, extensão, velocidade de articulação)

R.: Afinação, sem dúvidas, sobretudo nos saltos de oitava.

5 – Por fim, se tiver algum comentário sobre o excerto que ache importante, fique à

vontade para faze-lo

R.: Gostaria de parafrasear o grande trompetista Philip Smith: “Be prepared”.

46
ANEXO D

EDITAL OSESP

47
ANEXO E

PARTITURA QUINTA SINFONIA DE MAHLER

50
ANEXO F

PARTITURA PETROUCHKA

52
ANEXO G

PARTITURA PROMENADE

54
REFERÊNCIAS

DIÁLOGO. Entrevista com Gilberto Siqueira. 45’12”. Disponível em:


< https://www.youtube.com/watch?v=a1EaVx7mxV0>. Acesso em: 15 Dez de 2015.

FRANKLIN. Peter. Gustav Mahler. In: The New Grove Dictionary of Music and
Musicians. Disponível em:
<http://www.oxfordmusiconline.com/subscriber/book/omo_gdmi>. Acesso em
02/12/2015.

GRESKOVIC, Robert. Ballet 101: a complete guide to lerning and loving the ballet. 2
ed. Estados Unidos da America: Hal Leonard Corp., 2005. 634 p.

MARSHALL, Jonathan. “’Blind’ Auditions Putting Disccrimination on Center Stage”.


In: San Francisco Chronicle. San Francisco: 1997.

RUSS, Michael. Mussorgsky: pictures at na exhibition. 1. Ed. Estados Unidos da


America: Cambridge – Print On, 1992. 110 p.

SMITH. Philip. Orchestral excerpts for trumpet. Estados Unidos da America: Summit,
1995. 1 CD

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