Dto Proc Civil III Casos Praticos Resolvidos

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Dto. Proc Civil III casos práticos resolvidos

Direito (Universidade de Lisboa)

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Baixado por Ariana Oliveira ([email protected])
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Aula Prática 25/02/15


(Dr. Rui Pinto)

CASO PRÁTICO 1

Na sequência de um aparatoso acidente rodoviário, Amílcar e Berto foram


condenados pelo tribunal competente a ressarcir Celeste dos danos patrimoniais
e não patrimoniais resultantes do acidente que envolveu o automóvel daqueles e
a motorizada desta, de acordo com os valores que se viessem a apurar em
execução de sentença, atendendo à impossibilidade de calcular, desde logo e em
termos definitivos, os danos sofridos por Celeste.
Munida da referida sentença, Celeste pretende agora propor ação executiva para
pagamento de quantia certa contra Amílcar e Berto, apresentando, para tal, um
requerimento executivo, no qual, após juntar os valores que considera
necessários para a liquidação da obrigação, conclui por um pedido de 12.500,00
EUR.

1. Celeste tinha um título executivo? Analise a pretensão desta, atendendo


aos pressupostos de exequibilidade extrínseca e intrínseca.

Factos:
1. temos uma sentença condenatória.
2. a sentença não fixa o montante, apenas diz que houve danos patrimoniais e
não patrimoniais.
3. C dá entrada de uma ação executiva apresentando como titulo executivo a
sentença condenatória e conclui que o valor é de 12.500€.

Resolução:
1º Titulo executivo: condição formal de excussão
2º Obrigação certa exigível: condição material da execução
3º Legitimidade: credores e devedores constam do titulo
4º Competência do tribunal: interna, em razão da hierarquia, forma do processo, etc. ou
internacional
5º Forma de processo

Quanto ao titulo executivo

1º Pergunta
Tinha Celeste Titulo executivo?
Estamos perante uma ação executiva, art. 10º, pois C pretende que a quantia apurada
seja paga pelos executados.
O 703/1 c) diz que qualquer sentença condenatória é titulo executivo. Qualquer decisão
judicial que imponha um comando de atuação.

Problema:
Só a sentença condenatória ou também a que reconhece um direito ou a
sentença constitutiva?

Em principio só a sentença condenatória que impõem um comando de atuação. Que é


o caso. Mas o art. 704/5 diz-nos que se for uma sentença genérica, que o tribunal ainda
não condenou num valor concreto, ela não é titulo executivo, se não for previamente
liquidada.
Assim, na verdade não é titulo executivo porque podendo ser, 703/1 a), a falta de
prévio incidente de liquidação de sentença determina a inexequidade do titulo, falta o
quantum.

Por regra, na ação declarativa e na executiva não se podem fazer pedidos genéricos,
incertos ou ilíquidos.

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O pedido deve ser qualitativa e quantitativamente determinado. Um direito certo e


liquido.

Quanto á exequibilidade intrínseca da sentença

Intrínseca: exigível, certa e liquida:

é exigível: Para intentar uma ação de execução, o requerimento executivo deve


declarar o valor da causa. A ação executiva deve obedecer aos pressupostos de
exequibilidade intrínseca e extrínseca, ou seja, a obrigação executada deve ser
exigível, certa e líquida, art.713, caso contrário não é exigível proceder à realização
coerciva da prestação.

É certa: Quantia certa qualitativa: nestes caso o que se pede é que respeite a
obrigação pecuniária (em moeda), art. 550º e ss.

Será que a sentença condenatória, por não ter um valor liquido apurado constitui
um titulo executivo?

É liquida: segundo art. 609/2 parte final, o tribunal condena no que deve ser liquidado
sendo o que se depreende do texto na parte em que diz “de acordo com os valores que
se viessem a apurar em execução de sentença”. Logo depreendemos que se trata de
uma sentença genérica, possível através do art. 556/1.

Excecionalmente, pode haver pedidos genéricos e ilíquidos nos casos específicos do


556. Inclusive a lei autoriza que o juiz condene de forma ilíquida, sem quantificar o
dano, numa condenação relativamente aberta, 609/2.

Podemos chegar á ação executiva com uma sentença condenatória genérica. Mas o
704/6 exige que se tenha que saber qual é o valor para ser possível fazer penhoras.

A lei prevê que a todo o tempo da ação declarativa e mesmo depois do transito em
julgado da sentença condenatória a lei prevê um incidente que serve para liquidar a
sentença – Incidente de Liquidação da sentença – 358. A todo o tempo, na ação
declarativa, podemos fazer um pedido adicional complementar, na posse de todos os
documentos, concretizar o pedido. Inclusive é possível, depois da sentença
condenatória, pedir a reabertura da ação declarava para se poder concretizar o pedido.
A decisão de liquidação vai completar a decisão inicial, não podendo revoga-la, 358/2 –
incidente de liquidação póstumo.

A lei quer que o calculo seja feito no processo delativo e só depois disto é que temos
verdadeiramente um titulo executivo.

Assim,

Segundo art. 704/6 e 609/2, a doutrina diz que só haverá titulo executivo após a
liquidação em processo declarativo. O autor tem o ónus de deduzir o processo
declarativo através do Incidente de Liquidação.

NOTA:
A forma de processo da sentença é o processo sumário.

2 situações:

A - Sentença executiva que não deva ser executada no próprio processo


declativo:

O 550/1 diz que poderá ser ordinária ou sumaria. Segundo 550/2 a) parece ser forma
sumaria.

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Mas não é este o artigo que utilizamos porque diz “sentença que não deva ser
executada no próprio processo”.

O tribunal competente para julgar este processo.

1ª situação: Processo executivo decorre apenso ao processo declativo:

O art. 85, diz que só os tribunais 1ª instancia e os estaduais tem competência


executiva. O tribunal competente depende do titulo executivo. O art. 85 diz que em
regra a ação executiva de sentença deve ser colocada na comarca onde foi proferida a
sentença. Se houver secção de execução, vai para a respetiva seção. Se não houver
secção de execução é o próprio tribunal que tinha competência declarativa que vai
executar a sua própria sentença. Na maior parte do pais, como não há secções de
execução é o tribunal que profere a ação declarativa que executa a própria sentença
(principio da coincidência entre competência declativa e competência declativa).
Assim, era competente o tribunal de 1ª instancia da comarca onde tivesse sido
proferida a decisão, 85.

Assim,

O art. 85 diz que a execução de sentença decorre nos próprios autos da ação
declativa. A ação executiva não é uma ação á parte, decorre por apenso ao processo
declativo, mesmo que haja um juízo de execução, o que se faz é juntar o requerimento
de execução de sentença em anexo ao processo declativo e enviado para o juiz de
execução.

2ª situação: Processo executivo não decorre apenso ao processo declativo:

O art. 550/2 a) diz que se aplica-se a forma sumaria a sentença cuja execução não
decorra dos próprios autos. Que é o oposto ao art. 85.

B - Sentença executiva que é executada no próprio processo declativo:


O art. 626/2 diz que, sem prejuízo do art. 550/3, o processo segue a forma sumaria.

Exe. Se for sentença estrangeira: forma sumaria, 550/2 a)


Se for sentença do tribunal arbitral: forma sumaria, 550/2 a)
Se for sentença do tribunal estadual: forma sumaria, 626/2

Há expões,

Nos casos em que há intervenção de um juiz, não há forma sumaria, há uma garantia
de forma ordinária, 550/3. Em casos como incidente de liquidação, incidente de
acertamento da obrigação, incidente de comunicação da divida, execução contra o
fiador, segue sempre forma ordinária, mesmo que, em principio, devesse seguir forma
sumaria. O próprio 626/2 ressalva estas situações.

Na forma sumaria:
Aplicam-se os art. 855 e ss, vai diretamente para o agente de execução, não havendo
em principio despacho liminar do juiz. Quem faz o controlo do processo é o agente de
execução

Se o AE verificar que não há titulo executivo deve remeter o caso ao juiz para que
este profira um despacho de indeferimento liminar.

Concluindo:
A competência e a forma de processo é determinada pelo titulo executivo e pelo valor
da divida.

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2. Manteria a sua resposta se Amílcar e Bento tivessem interposto recurso


da decisão judicial (apelação)?

O recurso de apelação de sentença condenatória tem ou não efeito suspensivo da


exequibilidade da sentença?

O art. 704/1 – a sentença só constitui titulo executivo depois de transito em julgado,


salvo se recurso tem efeito meramente devolutivo, ou seja se o recurso interposto não
tiver efeito suspensivo da eficácia material e condenatória.

Porque se chama devolutivo?

e 647 (efeito da apelação). A apelação tem efeito meramente devolutivo, êxito nos
casos presentes neste artigo.

Em Portugal temos um paradoxo, parecendo que em regra não se pode executar uma
sentença pendente de recurso, mas pode. Porque o recurso de apelação, salvo
algumas exceções, tem efeito meramente devolutivo, assim, a interposição da
apelação não suspende a exequibilidade.

Quais são os casos em isto não se verifica?


647 e 704.
- Em sede de recurso o recorrente (réu), provando que há o risco de prejuízo
considerável, pode dizer que se o autor avançar para a ação executiva, ele pretende
prestar caução para obter efeito suspensivo do recurso (ainda não esta na ação de
excussão).
- Se o réu não prestar caução, o credor ao avançar para a ação executiva,
temos um titulo executivo provisório.
- O art. 704 dá uma nova hipótese de escapatória à execução, pois diz que, já
em sede de execução (já com titulo executivo), podem os executados oferecer para
prestar caução e suspender a marcha do processo executivo.
- Se os devedores nunca prestaram caução, por falta de dinheiro, não
conseguindo suspender a execução, o art. 704 diz que é uma execução provisória
pendente de recurso, podendo ir até ao STJ. Como a interposição de recurso tem efeito
meramente devolutivo, a lei diz que na ação executiva, uma decisão pendente de
recurso, nenhum credor pode ser pago, nem o credor executante, sem que por sua vez
tenha prestado caução, 704/3. A caução serve de garantia.

Ex. ninguém consegue travar a execução, na penhora os bens já foram vendidos e os


credores pagos. Se o recurso der razão aos devedores, pode ser anulada a venda
executiva dos bens. Se depois da venda vier uma revogação da decisão condenatória,
839/1 a), a caução prestada pelos credores pode servir para indemnizar o devedor
absolvido.

Concluindo: REGIME PROVISORIO DE SENTENÇA


constitui titulo executivo a sentença pendente de recurso. Porque o recurso tem efeito
meramente devolutivo e não efeito suspensivo. Há vários possibilidades de suspensão:
- atribuir efeito suspensivo, 847
- suspender a própria execução, 704/3
- mesmo que não seja possível suspender o processo, os credores vão ter que
dar a caução como garantia.
RESPOSTA
Manteria a mesma resposta, pois não era por ter interposto recurso que não era titulo
executivo, pois havia outro vício que no era a recorribilidade da decisão.

3. Explique de que forma seria liquidável a quantia exequenda, bem como a


admissibilidade e o meio processual a que Amílcar e Berto poderiam recorrer
para contestar o valor indicado no requerimento executivo por Celeste.

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O calculo do valor, em principio é feito no requerimento executivo. Temos que distinguir


se trata de uma liquidação Incidental ou não incidental.

Poemos começar por referir o art. 609/2 onde a sentença condenatória refere que,
“será condenado no que se liquidar na execução da sentença”, tal como consta do
texto do caso prático “de acordo com os valores que se viessem a apurar em
execução de sentença”, ou seja, num momento posterior.

Liquidação não incidental: depende apenas de simples calculo aritmético, pois as


contas são feitas baseadas em matéria de facto não controvertidas, coberta pelo titulo
executivo, seja qual titulo for.
Ex. juros de mora legais, só precisam da data que iniciaram e data final. Se alguém
quiser controverter (impugnação), por se ter enganado nas contas, será na oposição á
execução.

Liquidação incidental: não depende apenas de simples calculo aritmético, pois


assenta em matéria de facto controvertido. Há a necessidade do envolvimento de um
juiz para controverter os factos e decidir qual e o valor, não esta abrangido pela
segurança do titulo executivo. Ex. danos patrimoniais, A partiu os óculos a B.
- Se o titulo for uma sentença, art. 358, o incidente de liquidação tem que ser
feito antes da ação de execução, não é no requerimento executivo.
- Se o titulo executivo for um titulo diverso de sentença (do particular
autenticado), 703/1-b tem que ser na própria ação executiva por requerimento
executivo e previsto no titulo executivo. Mesmo que estejamos na forma sumaria, tem
que haver despacho liminar, onde o juiz manda citar o devedor, para deduzir, em
cumulação, oposição à execução e oposição ao valor, (716/4). Na falta de constatação
(360/3) assume-se que o executado assume a divida. Devera haver incidente de
liquidação de titulo diverso de sentença. Sempre que houver incidente a forma sumaria
prevalece sobre a forma ordinária, 550/3-b).

Problemática:
704/6 vs. 716/4 - A liquidação deverá ser feita em sede da Ação Declarativa ou e sede
da Ação Executiva?

Neste caso pratico devia ter havido incidente prévio de liquidação de sentença, não
havendo o que vai acontecer não sabemos.

- O AE recusa a execução por falta de titulo executivo, 855


- Se o AE tiver duvidas envia para o juiz para despacho liminar, 855.
- O AE faz a penhora, depois da penhora é que se faz a citação dos devedores e
depois posteriormente, na oposição á execução, os devedores dirão que não há titulo
executivo e que a obrigação não esta liquida.

Concluindo: O valor devia ter sido contestado em principio em sede de incidente de


liquidação, 716/4 (intervenção do juiz). Não usando o incidente de liquidação e se o
AE utilizar a forma sumaria, só mais tarde na oposição á execução é que o executado
pode contestar.

4. Poderia Celeste, no momento da liquidação da obrigação exequenda,


incluir os montantes relativos a juros de mora, apesar de a sentença não fazer
qualquer referência a estes? Se sim, a partir de quando?

Quanto à obrigação de pagar juros de mora à taxa legal. Anteriormente a esta revisão
do código havia jurisprudência que dizia que não pois se o juiz da ação condenatória
não condenou em juros de mora e eles também não foram pedido, não se podia
executar, outra parte da doutrina dizia que se podia executar porque eram juros que
decorreram da lei. Como tudo decorre da lei, isto só não basta. Assim a lei desde 2003

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tomou uma posição, dizendo que estão incluídos no titulo os juros de mora à taxa legal.
Pode-se pedir juros de mora nos termos do CC ou de leis uniformes, mesmo que não
tenham sido pedidos na decisão condenatória. Que se consideram abrangidos pelo
título executivo, art.703/2. Mesmo que Celeste não pedisse, não teria que pedir, há
uma tolerância no principio do dispositivo.

Ao contrario se são pedidos juros comerciais, estes tem que ser pedidos, pois
não decorre da lei. Resposta diferente seria, se se tratassem de juros que continuem a
vencer-se. Nestes casos a sua liquidação é feita a final, pelo Agente de Execução,
art.716/2.

E se o executado quiser opor um contra-crédito para compensar com os juros? Devia


te-lo feito na ação declativa, agora só o pode fazer na oposição à execução. Pois
sempre que eu venho invocar direitos que não estão no titulo, estou a atrasar a
possibilidade de defesa.

O 805 CC data para contar os juros de mora, nas obrigações puras, nas obrigações
sujeitas a prazo, etc.
O 805/3 CC, o crédito vence desde a data da citação do réu na ação declarativa. Neste
caso pratico a obrigação esta liquida.

Quanto a obrigações ilíquidas há um Acórdão uniformizador de jurisprudência


4/2002 de 9/5 que diz:
- se houver incidente de liquidação não se pode aceitar a data da mora a partir da
citação na ação declarativa, porque na altura não se sabia quanto é que o réu tinha que
pagar. Só fico em mora quando sei quando sei quanto é que tenho que pagar. Vamos
interpretar o art. 805/3 CC restritivamente nos casos em que haja incidente de
liquidação, pois nestes casos a mora conta-se a partir do transito em julgado da
decisão de liquidação.

Perguntas da Semana

1. Há admissibilidade de uma sentença constitutiva ou de simples


apreciação enquanto titulo executivo?
2. Será que a exigibilidade, enquanto pressuposto da exequibilidade
extrínseca é sinónimo de incumprimento?
3. Que consequências advém para a ação executiva se for interposto
recurso da decisão condenatória (com efeito devolutivo), que constitui titulo
executiva, vier a:
a. Revogar a sentença condenatória
b. Modificar a sentença condenatória
c. Confirmar a sentença condenatória

Se a sentença vier a ser revogada ou modificada pelo recurso, temos 2 situações


(704/2):

- a decisão de recurso é anterior à transmissão dos bens penhorados, a penhora


será levantada e não haverá venda dos bens, total ou parcialmente. A instancia
extingue-se ou restringe-se o seu âmbito.
- A decisão de recurso é posterior à transmissão dos bens penhorados, temos o
problema de os bens já poderem eventualmente estar na esfera jurídica de terceiros
adquirentes. Os credores até já podem ter sido pagos, no caso de previamente terem
prestado caução, art. 704/3. Neste caso, verifica-se a ineficácia da venda, 839/1 a) e a
possibilidade de devolução dos bens, 839/3.

Em alternativa o executado pode ficar com a caução prestada pelos credores

Aula Prática 27/02/15


(Dr. Rui Pinto) -

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CASO PRÁTICO 2

Josefina celebrou um contrato-promessa de compra e venda com Mimi, nos


termos do qual ficou acordado que ambas celebrariam no mês seguinte um
contrato de compra e venda da casa de férias desta última. Posteriormente,
tendo Mimi recusado celebrar o contrato prometido, Josefina pediu a execução
específica do contrato prometido, o que veio a acontecer. No entanto, Mimi teima
em não entregar a chave da casa a Josefina.

1. Pode Josefina propor ação executiva contra Mimi para forçar a entrega da
chave da casa ou deve recorrer a uma nova ação declarativa?

Na pendência da ação constitutiva, Mimi não entrega a casa.

No caso importa saber se é necessário uma nova ação condenatória contra uma ação
ilícita sobre o direito já declarado, ou se aquela constituição chega.

Para a maioria da doutrina, no caso a sentença constitutiva, visto já ter criado o direito
que serve como titulo executivo pode ser movida uma ação executiva para fazer valer o
seu direito à casa, mesmo que não se condene a simples declaração de um direito,
esta pode ser imposta coactivamente pela outra parte (condenações implícitas). A
doutrina minoritária não concorda, Rui Pinto diz que não esta no titulo literalmente, o
credor não pedido e vai beneficiar, sendo o problema o fato de que como o credor não
pedido o devedor não se pode defender na ação de processo declarativo. O resultado
da condenação implícita, será conforme á CRP, este procedimento? Será proporcional?
A resposta de RP é que, perante algumas obrigações, parece proporcional,
nomeadamente a de juros de mora, que decorre da própria lei.

Está implícito que quem receber a primeira decisão da ação constitutiva tem que
cumprir com a decisão.

Podemos no entanto, no caso de execução especifica é possível:


Ex. ação de despejo, 14 NRAU, tal como esta na lei, é a situação pela qual se poe
termo a um contrato, é uma ação constitutiva. Esta ação tem implicitamente uma
condenação, mas neste caso, a obrigação de fazer cumprir uma ação constitutiva
decorre da lei, há efeito legal automático.

Desde que não haja surpresas e inesperados direitos, que assim tem que se propor
nova ação declarativa.

2. Admitindo que a pretensão de Josefina relativa à entrega da chave se


encontrava abrangida pelo título executivo, pronuncie-se sobre a consequência
de Josefina propor, desde logo, uma nova ação declarativa, desconsiderando a
exequibilidade do documento em causa.

Imaginemos que o juiz acha que já tem um titulo executivo. O RP entende que quem já
tem titulo executivo, não tem necessidade aparentemente de propor ação, o juiz tem
que decidir de mérito na mesma e condena o autor nas custas.

O interesse processual não é pressuposto processual, e a falta de interesse processual


é condenável com o pagamento de custas, mas o juiz continua a ter que decidir na
ação proposta.

Outro caso é o do procedimento especial de despejo o senhorio que ao contrario de


usar a ação de despejo, pode, para entrega da coisa, recorrer a uma ação
condenatória?
No passado alguns tribunais diziam que não pode usar no procedimento especial de
despejo o recurso a uma ação condenatória. Mas isto esta ultrapassado, o juiz tem que

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decidir e quem paga as custas é o credor, 535, a não ser que o réu conteste e ai há
controversão, neste caso é o réu que paga as custas.

Aula Prática 04 e 06/03/15


(Dr. Rui Pinto)

Caso prático 4

Osvaldo, empreiteiro analfabeto, em agonia no leito da morte, pediu à sua


namorada Nandinha para esta lhe redigir e assinar, a seu rogo, o seu testamento.
Elaborado de acordo com as instruções de Osvaldo, do testamento cerrado
constava o seguinte:
(i) Um legado a Nandinha da sua casa de férias na Comporta, hipotecada a
favor de Miquelino;
(ii) Sem prejuízo do legado, deixou todos os seus bens ao seu único
herdeiro, o irmão Leopoldo;
(iii) Reconheceu ter uma dívida de 100.000,00 EUR para com Miquelino,
resultante de um fornecimento de calçada portuguesa, dívida essa garantida pela
hipoteca já constituída e que onerava a sua casa de férias na Comporta.

Osvaldo faleceu uns meses depois, tendo Nandinha prontamente aceitado o


legado e Leopoldo prontamente aceitado a herança. Miquelino pretende agora,
no âmbito da partilha do acervo hereditário de Osvaldo, reclamar o pagamento
dos 100.000,00 EUR.

1. Miquelino tem título executivo? Contra quem?


AULA DE 04 de Março

Este caso é complicado porque envolve também questões de legitimidade.

A prestação é certa e líquida. O ser exigível vamos presumir, vamos supor que sim.

Agora, em abstrato, se o Leopoldo não aceitasse a herança, a herança ficava com


bens e com uma dívida. A herança jacente tem personalidade ativa e passiva e
podíamos executá-la (12.º a)), para proteger o credor das situações em que ninguém
aceita a herança. Mas não é esse o caso porque no caso a herança foi aceite.

Mas então qual seria o título executivo neste caso?

O testamento. Neste caso é um documento privado autêntico ou autenticado,


testamento público ou testamento cerrado? Se fosse público, teria sido materialmente
firmado por um notário mas a autoria jurídica era das partes (é o mesmo caso de uma
escritura pública), já o testamento cerrado é um documento particular mas é lido e
confirmado perante um notário e este depois autentica-o. Portanto estamos no âmbito
do art. 703/1 b) + 2206/4 CC. Portanto à partida reconhece a dívida, a ser título seria o
testamento cerrado de reconhecimento de dívida.

Mas porque é que na oposição à execução, o devedor (ou devedores) poderiam vir
dizer que este título não era válido? Porque este testamento está viciado de duas
formas:
- Aquele que não sabe ler nem escrever é inábel para fazer testamento cerrado
(2208.ºCC);
- O beneficiário não podia escrever as normas que o beneficiam no testamento
(2197+2199CC).

Portanto há aqui algumas possibilidades de existirem vícios materiais neste


testamento. O testamento aparenta ser um título executivo mas o executado pode vir
invocar a nulidade/arguir a anulabilidade (se o vício não for manifesto é mais
complicado que o agente de execução ou o juiz possam fazê-lo - se se tratarem de

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anulabilidades nem sequer são de conhecimento oficioso). Em princípio, o tribunal só


pode impedir uma execução havendo vícios de conhecimento oficioso e em princípio as
anulabilidades não são. Restaria a oposição à execução.

Outra questão: nós estamos a partir do cenário - e não sabemos - que o testamento foi
ao notário. Se for verdade, no plano formal não há nada a dizer. Se o testamento nem
sequer for ao notário, aí é completamente diferente - seria uma nulidade formal e não
era válido como testamento nem como título executivo porque estava fora do art. 703/1
b). Podiam então dizer-me: mas cabe no art. 703/1 c). Talvez, mas não podemos
esquecer que as alíneas a) a c) do 703/1 supõem que os documentos são formalmente
válidos. Não pedem que os documentos sejam 100% válidos mas exigem que, pelo
menos, sejam formalmente válidos. Se for uma anulabilidade o título ainda pode manter
alguma força executiva mas se for uma invalidade formal o agente de execução não
pode executar aquilo.
Em suma, em princípio talvez os vícios materiais em causa não seriam de
conhecimento oficioso - não impediriam a execução, os vícios formais não sabemos -
só existiriam se o testamento não tivesse ido ao notário.

(Um parêntesis: Que forma seguiria este processo? Aplica-se a nova alínea c) do 550/2
- é processo sumário, o valor da dívida não interessa.)

Outra hipótese de título executivo: Podiam dizer-me que isto era uma partilha e que se
tivesse havido inventário, a lei Lei 23/2013 - art. 20.º diz que a certidão do inventário do
notário tem força executiva. É um título executivo avulso. Isto não está no caso prático.

Outra hipótese de título: o título executivo ser a hipoteca. A hipoteca enunciava a dívida
e foi assinada pelo Osvaldo reconhecendo assim a dívida.

Outra hipótese de título (mais afastada): Pode ser aqui colocada uma injunção? Não
faz parte da matéria mas é importante falar nisto - DL 269/98. A lei permite, através de
um procedimento administrativo, que o requerimento preenchido eletronicamente, se
não for contestado, passa a ter força executiva. Mas há um limite de valor - 15000€ a
não ser que seja obrigação emergente de uma transação comercial (art. 7.º do Anexo
deste DL). Ou seja se o Osvaldo não fosse o cliente final até podia haver aqui um título
executivo por esta via.

Então e agora - contra quem é que se podia colocar a execução?

2. Pronuncie-se sobre a relevância da aceitação do legado e da herança


para a exequibilidade da pretensão de Miquelino.

Se o título for o testamento/certidão de inventário: depois da morte de Osvaldo, quando


a herança já não é jacente, quem deve são os herdeiros. O Leopoldo aceitou a herança
e é o novo devedor.

E como é que o credor comprava que Leopoldo aceitou a herança? Pela habilitação de
herdeiros?

54.º/1 CPC. Das duas uma, ou Leopoldo aceitou a herança depois da ação executiva,
ou na pendência da ação executiva. No nosso caso aceitou antes da ação. Então o
credor vai juntar o título executivo e, se for necessário prova complementar (715.º por
analogia) que comprove a aceitação da herança. Tem que demonstrar que há
reconhecimento de dívida e que houve aceitação da herança.
E se ação for colocada contra a herança jacente e na pendência da ação o Leopoldo
aceitasse a herança? Aí teria que se abrir um incidente de habilitação na ação - 351.º.

Em suma, deve colocar a ação contra o atual devedor - o Leopoldo, mediante


comprovação que este aceitou a herança - 54.º/1 e não 53.º! A ideia é: sempre que se
transfere uma dívida, isso não está no título e é preciso comprovar.

Mas isto não acaba aqui. Neste caso há um pormenor que é a garantia real. O que é
que muda?

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Se o Osvaldo fosse vivo, víamos o 697.º CC + 752.º CPC - benefício da excussão real.
O problema é que, falecido o Osvaldo a garantia passa para um 3.º (Leopoldo) sobre
um bem que não é seu (é de Nandinha) - não se aplica o 697.º CC. Então o credor
pode executar quem quiser, ou executa o Leopoldo ou executa a garantia real, não há
benefício da excussão real neste caso.

Então podem perguntar: mas se a Nandinha não é devedora, como é que ela tem
legitimidade executiva. Porque é que é possível por vezes executar quem não é o
devedor? É o 54/2 que o permite, portanto a Nandinha tem legitimidade! Mas aí o
credor tem que trazer o título executivo e a hipoteca porque tem que demonstrar essa
legitimidade complementar da Nandinha.

Doutrina:
Prof. RP: A minha opinião é que há aí um putativo Litisconsórcio voluntário
conveniente. O credor pode demandar só o Leopoldo, só a Nandinha ou os dois ao
mesmo tempo.
Mas há Profs. que têm uma leitura mais restritiva, entendem que tem que ser a
Nandinha a ser demandada primeiro.

Em suma, podia executar (também) a Nandinha mas esta não tinha benefício da
excussão real.

3. Miquelino propôs ação executiva apenas contra Leopoldo, apresentando


o testamento em questão. Leopoldo afirma que a execução deve iniciar-se pelo
bem hipotecado, a casa de férias na Comporta. Quid juris?
Leopoldo não tem razão quando afirma que a execução deve iniciar-se pelo bem
hipotecado (697 CC). Se o bem fosse do devedor (fosse mesmo dele) aí sim, mas o
bem não é dele. Neste caso o credor tanto pode executar a garantia logo, como pode
executar o Leopoldo, não tendo este uma exceção material como a do 697 – mas não
se pode executar o Leopoldo e o bem hipotecado ao mesmo tempo.

4. Imagine que, iniciada a execução contra Leopoldo, Miquelino constata


que o valor dos bens herdados é inferior ao valor da obrigação exequenda e
pretende demandar Nandinha, que se defende, afirmando que Miquelino
renunciou tacitamente à execução da hipoteca. Quid juris?

Há questões relativas ao 54/2 CPC que já deviam estar historicamente ultrapassadas.


Alguns acham que o 54/2 vem dizer: “não, se houver uma garantia real você tem
sempre que demandar neste caso a Nandinha. Deve começar logo imediatamente por
aqui”. Mas isto é uma interpretação que nem sequer corresponde ao direito
substantivo. Eu (Prof) penso que o que a lei diz é que se for necessário demandar a
garantia real é o art. 54/2 que me dá a legitimidade. Mas a partir daí há flexibilidade.
Portanto, é possível que se execute primeiro o herdeiro e depois é que vamos à
garantia real. O devedor não tem direito de opor a garantia real (o 697 CC não se
aplica neste caso).

A questão é: se a garantia for ao processo tem que se executar primeiro e depois se


não chegar é que vamos ao resto ou se, pelo contrário, está na disponibilidade do
credor escolher. Isto é controverso porque há quem entenda que há aqui uma
legitimidade obrigatória.
A minha (Prof) conclusão é que a Nandinha não pode dizer o que disse. O mero não
exercício da hipoteca não é uma renúncia à execução da hipoteca. Primeiro porque
para renunciar tinha que seguir a mesma forma da hipoteca – a forma escrita – e
depois a renúncia tinha que ser expressa. Tem que haver vontade e forma suficientes.
Conclusão: não há renúncia e pode demandar a Nandinha, o facto de não o ter feito
antes isso não é impeditivo.

NOTA: a lei não refere expressamente este caso, a lei fala muito do caso contrário de a
ação decorrer contra a Nandinha e depois responde à pergunta se se pode por a ação
contra o Leopoldo. É a essa também a questão da pergunta seguinte do caso.

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Baixado por Ariana Oliveira ([email protected])
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5. Suponha que Miquelino propõe ação executiva apenas contra Nandinha,


apresentando o testamento em questão e percebendo, mais tarde, que o valor da
casa de férias é manifestamente inferior ao valor da obrigação exequenda. Quid
juris?

Cá está. Sim, é possível e está expressamente previsto na lei - 54/3 CPC. Uma nota
para dizer que os incidentes de intervenção de terceiros estão “desenhados” para a
ação declarativa (311 ss). São incidentes para produzir uma sentença e não para a
executar. A ação executiva é rígida e, por isso, só nos casos expressamente previstos
na lei é que se pode modificar subjetivamente a instância (no nosso caso temos
previsão expressa – 54/3).
E quanto ao facto de Miquelino ter apresentado o testamento? Se demandasse só o
devedor tinha que juntar a aceitação da herança para execução do testamento. Sendo
um terceiro garante tem o título executivo (o testamento) mas tem que haver depois um
documento que comprove que há garantia real sobre a propriedade daquela pessoa
concreta (o contrato de hipoteca). Mas podemos juntar também o facto de ela ter
aceitado o legado. São 3 elementos: hipoteca, aceitação e título executivo
propriamente dito. Mas se me disserem que o título não era válido, então poderíamos
dizer que se usaria como título a própria escritura de constituição da hipoteca (ver
resposta à pergunta 1) mas de qualquer forma teria sempre que se provar que houve
aceitação.

Uma nota final: há uma relação estreita entre o art. 54 do CPC e os arts. 817 e 818 do
CC.

6. Imagine que Leopoldo, cabeça-de-casal da herança, procedeu, de má-fé, à


alienação gratuita dos bens que compõem a herança a favor de Patrícia. Patrícia
tem legitimidade passiva para a ação executiva intentada por Miquelino?

Patrícia não é devedora, não tem garantia real mas é proprietária dos bens. Vejamos o
818 2ª parte CC. De que ação é que estamos aqui a falar? Da impugnação pauliana
(610 + 612 CC). Não é uma ação fácil, é preciso provar que o 3º estava de má fé.
Conseguindo provar também que o devedor estava a esvaziar a garantia geral das
obrigações que é o património (601 + 817 CC) das duas uma: ou destrata o negocio ou
executa diretamente o terceiro (818 2ª parte CC). Este é um caso de legitimidade que
não está claramente expresso no CPC. Podemos perguntar se cabe no 53 ou no 54/2
do CPC. Eu (Prof) penso que cabe no 54/2 mas não está expressamente previsto no
CPC. Ou seja o 818 1ª parte está expressamente previsto no 54 mas o 818 2ª parte
não está.

7. Suponha que, em execução movida contra Leopoldo, Miquelino indicou à


penhora uma famosa escultura que Leopoldo herdara da sua mãe. Leopoldo
pretende opor-se a esta penhora. Quid juris?

Veja-se o 744 CPC que diz que só certos bens respondem. A esta dívida que advém da
herança só correspondem os bens que também advieram da herança, não se podem
penhorar outros bens neste caso. Os bens da herança funcionam como património
autónomo. Então como é que o Leopoldo se pode defender? Através do mecanismo do
744/2 (e /3 se vier a ser necessário). Em regra, quando há uma penhora ilegal, quando
se penhoram bens do devedor que não podem ser penhorados o meio de oposição
normal é um incidente declarativo de oposição à penhora. Este seria o meio normal e
não é normal no CPC prever-se um meio de oposição por simples requerimento mas tal
é o caso no 744/2. É um procedimento mais simples porque vai para o agente de
execução e não para o juiz.
Então e se o agente de execução indeferir o requerimento? (e o exequente não se
opuser porque se o exequente se opuser o executado terá que fazer um requerimento
ao juiz pelo 744/3)
Nesse caso recorremos ao 723 e reclamamos para o juiz de um erro do agente de
execução que viola a lei.
Uma nota para dizer que em meu (do Prof) entendimento se houver um erro no
processo (reclamação em vez de requerimento no caso do 744/3) não devemos

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Baixado por Ariana Oliveira ([email protected])
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defender que o juiz deva indeferir liminarmente. Tem que haver alguma flexibilidade
nestes casos.

8. Considere agora que Miquelino fornecera igualmente calçada portuguesa


a Leopoldo e que Leopoldo, tal como outros tantos clientes de Miquelino, lhe
devia 50.000,00 EUR, dívida essa titulada por sentença de condenação proferida
em ação declarativa que já decorrera. No âmbito de uma operação de cobrança
em massa das dívidas dos seus clientes, Miquelino pretende propor apenas uma
ação executiva contra Leopoldo, pelas dívidas deste e pela dívida contraída pelo
falecido Osvaldo, com eventual chamamento à demanda de Nandinha, bem como
contra Pedrito, outro cliente que também não lhe pagara os fornecimentos de
calçada portuguesa e cuja dívida se encontrava igualmente titulada por sentença
de condenação proferida em ação declarativa. Quid juris?

Isto é matéria de cumulação e não vale a pena ver com muita atenção. Vou apenas
deixar algumas notas. A ação executiva está tendencialmente feita para se executar
cada dívida de cada vez mas autoriza que se executem várias dívidas ao mesmo
tempo. A pergunta é: em que condições é que o mesmo credor, se tiver vários créditos
contra o mesmo devedor pode juntar tudo num só processo. A resposta é – depende.
Se o título executivo for sentença temos que invocar o art. 710 CPC, se for cumulação
de títulos diferentes é o 709.
Portanto, a resposta é, poderá ser possível a cumulação, neste caso através do 709. E
ficamos assim, não vale a pena complicar mais e ver os requisitos do 709.

(Este regime levanta um outro problema que é o de saber como resolver um caso onde
há sentença e outro título – é o problema de ter dois regimes separados – 709 e 710.
Penso que será no 709 mas temos que ver a forma do processo (seria a ordinária), o
tribunal competente (seria o da sentença). Mas não vou responder mais aqui, vamos
ver isso na aula teórica).

Aula Prática 06 e 11/03/15


(Dr. Rui Pinto)

Caso prático 5

Pedro vendeu um barco a Raquel, por 20.000,00 EUR, no dia 3 de Abril. No


dia 5 de Abril, Pedro dirigiu-se ao Banco X para apresentar a pagamento o
cheque que Raquel lhe entregara. Contudo, o pagamento foi-lhe recusado por
falta de provisão.

Cheque como titulo executivo


- 8 dias para apresentação a pagamento, contados a partir da data nele indicado
como data de emissão (29/1 LUC).
- O sacado (banco) pode paga-lo mesmo depois do prazo de 8 dias (32/2 LUC)
- O sacador (devedor) pode revogar o cheque unilateralmente, obstando o
pagamento depois do prazo de 8 dias (32/1 LUC)
- Se o cheque apresentado no prazo de 8 dias não for pago por falta de provisão
(art. 40 LUC), devera ser feito um protesto pelo credor (ato formal) indicando o dia em
que o cheque foi apresentado e não foi pago.
- A ausência de protesto, pela recusa de pagamento, dentro do prazo determina
que este não pode valer como titulo executivo. O protesto deve ser feito dentro do
prazo, ou no 1º dia útil, se o cheque for apresentado no último dia para pagamento
(41/2 LUC)
- A ação cambiaria prescreve passado 6 meses contados a partir do dia do
termo do prazo de apresentação (art. 52/2 – 2ª parte LUC), dando-se a prescrição do
cheque como titulo cambiário.
- Prescrevendo o titulo de crédito, pode ainda valer como titulo executivo
enquanto documento particular (mero quirografo).

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Baixado por Ariana Oliveira ([email protected])
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Teses de validade de documento como “mero quirografo”:

Maioritária: o credor pode executar como titulo de crédito prescrito a obrigação


subjacente, como simples reconhecimento particular de divida, art. 458 CC, mas já não
servira para executar a obrigação cartolar.

Exigem-se como pressupostos:


- formal: estar assinado pelo devedor;
- material objetivo: a relação subjacente deve constar do titulo de crédito ou do
requerimento executivo. E que, a relação subjacente tenha natureza não foral (este
pressuposto não vale como condição para o prof. Lebre de Freitas). Ex: num contrato
mútuo cujo elevado montante obriga a escritura publica, 1143 CC.
- material subjetivo: o reconhecimento da divida só pode valer nas relações
imediatas (sacador e beneficiário). Não vale para as relações onde há cheques
endossados.

Rui Pinto: nega o valor executivo do cheque. É abusivo afirmar que há uma vontade
negocial de reconhecimento de divida subjacente na assinatura de um cheque. Não
podendo um cheque prescrito continuar a tutelar a obrigação originaria em
consequência de esvaziar o conteúdo da prescrição. O titulo prescrito não é suficiente
para provar a obrigação subjacente. Ao contrario da opinião da doutrina maioritária,
credor, e não o devedor, tem o ónus de provar tal existência.
Esse ónus não pode ser cumprido na ação executiva, só na ação declarativa
autónoma.
A emissão de um cheque a favor de terceiro apenas enuncia uma ordem de pagamento
ao estabelecimento bancário, não constitui qualquer fonte de obrigações nem meio de
as reconhecer.. de um cheque não consta expressamente o motivo da emissão.

A reforma de 2013 veio suprimir a exequibilidade genérica dos documentos


particulares, mas ressalva os títulos de crédito que valem como meros quirógrafos
desde que:
- os fatos constitutivos da relação subjacente constem do próprio documento ou
sejam alegados, exequente do titulo de crédito prescrito, no requerimento executivo.
- O documento deve cumprir os requisitos do mero quirografo.

O exequente não pode basear a execução no titulo prescrito e mais tarde alterar para a
execução de reconhecimento de divida da relação subjacente, pois a causa de pedir é
diferente. A alteração apenas pode ser feita com o acordo do executado (art. 265/1 CC
– impede o uso da réplica nos casos em que o autor é o executado???)

1. Pode Pedro intentar uma ação executiva contra Raquel, anexando ao


requerimento executivo o cheque sem provisão? Manteria a sua resposta se, em
vez de um barco, o negócio subjacente fosse a compra e venda de um imóvel?

Uma coisa é a relação cambial outra coisa é a relação que lhe deu causa. Nos títulos
de crédito esta incorporada a obrigação cambiaria. É principio geral do direito cambiário
que a posse do titulo é condição do exercício do direito nele incorporado. Quanto á
obrigação subjacente, uma copia pode servir como titulo executivo. Assim prescrita a
obrigação cartolar constante do cheque, pode esta ainda valer como titulo executivo da
obrigação subjacente (segundo prof. Lebre de Freitas).

Temos um titulo executivo segundo art. 703/1 c) e 40 da LUC. Se fosse um contrato


compra e venda de um imóvel a resposta seria a mesma porque nestes casos a
relação jurídica subjacente é irrelevante (titulo abstrato).

Posso executar o cheque porque foi sacado (assinado) e porque o mesmo esta em
meu nome, sendo eu o beneficiário.

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Baixado por Ariana Oliveira ([email protected])
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Para que o cheque possa ser apresentado como titulo na ação executiva, art. 40
LUC deve:
- o cheque ser apresentado em tempo útil de 8 dias
- se não tiver havido pagamento
- se houve protesto (ato formal) da falta de provisão no prazo de 6 meses.
(Se faltar protesto por falta de pagamento o cheque não vale como titulo executivo).

O vício deste cheque é o da prescrição. Nem juiz pode indeferir liminarmente nem o AE
recusar a execução baseado num cheque prescrito porque este facto não é de
conhecimento oficioso, 303 CC. Assim cabe ao devedor, na dedução da oposição à
execução que deve alegar a prescrição.

Em abstrato é possível executar um cheque prescrito na oposição à execução.

Se for invocada a prescrição pelo devedor, pode o credor, perante um cheque prescrito
invocar a possibilidade de ser visto como mero quirografo?

Doutrina:
Mesmo que prescreva a obrigação cartolar, pode o cheque valer como documento
particular de reconhecimento de divida assinado pelo devedor? “Não, quem assina um
cheque esta a confessar uma duvida” (prof. Rui Pinto discorda) pois enquanto houver
divida subjacente nem que fosse 20 anos de prazo de prescrição, ainda podia ser
utilizado o cheque.

Assim os requisitos para valer como mero quirografo são:


- Requisito forma: assinado pelo devedor
- Requisito legal, os fatos constitutivos da relação subjacente tem que estar nos
documentos ou referidos no requerimento executivo (a causa da divida).

Quirografo: documento autografo (assinado pelo devedor ou 3) em reconhecimento de


divida.

Posição minoritária, defendida, nomeadamente, pelo Prof. Dr. Rui Pinto, vai no sentido
da não admissibilidade do cheque como título executivo considerando que este não
passa de uma mera ordem de pagamento ao banco, não cabendo na previsão do artigo
46º/1 c) do CPC. Esta última parece-nos ser a posição mais correta não só pelo
argumento literal atrás exposto mas também pela ratio do preceito em questão: não
parece ter sido a intenção do legislador abranger o cheque como título executivo. É
abusivo retirar de uma assinatura a vontade segundo as regras gerais de interpretação
do negocio Jurico.

2. Imagine que Pedro se dirigia ao Banco X no dia 24 de Abril do mesmo


ano. Manteria a sua resposta?

Prazo para pagamento do cheque, art.29 da LUC são 8 dias depois da data posta no
cheque e dia 3 abril já se encontra fora do prazo. o cheque foi passado a 3 de Abril,
sendo que Pedro podia levá-lo a pagamento no prazo de 8 dias (Artigo 29º Lei
Uniforme Cheque). Findo este prazo o cheque não prescreve, sendo que a única
consequência que daí advém é a possibilidade de revogação pelo devedor.

3. Imagine que Pedro se dirigia ao Banco X no dia 20 de Dezembro do


mesmo ano. Manteria a sua resposta?

Passados seis meses a contar dos oito dias, aí sim, o cheque prescreve, art. 52 da
LUC. No caso em apreço, Pedro só levou o cheque a pagamento a 20 de dezembro,
querendo isto dizer que passaram mais de 6 meses, ou seja, o cheque prescreveu.

Se passar 6 meses (letras é 3 anos) aquela obrigação cambiaria prescreve mas não a
obrigação subjacente.
Cabe-nos, então, analisar os pressupostos da exequibilidade intrínseca previstos no
artigo 713º do CPC:

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Baixado por Ariana Oliveira ([email protected])
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- Certeza: obrigação pecuniária em moeda com curso legal (20.000€) – pagamento


de quantia certa;
- Exigibilidade: o cheque foi passado a 3 abril, sendo que Pedro podia levá-lo a
pagamento no prazo de 8 dias (Artigo 29º Lei Uniforme Cheque). Findo este prazo o
cheque não prescreve, sendo que a única consequência que daí advém é a
possibilidade de revogação por parte do devedor. Passados seis meses a contar dos
oito dias, aí sim, o cheque prescreve. No caso em apreço, Cristiana só levou o cheque
a pagamento a 2 de dezembro, querendo isto dizer que passaram mais de 6 meses, ou
seja, o cheque prescreveu.

Coloca-se, então, a questão de saber se este pode ou não continuar a valer como título
executivo: a doutrina maioritária defende que o cheque prescrito continua a valer como
título, mas já não como título cambiário e sim como reconhecimento particular da dívida
(ainda ao abrigo do artigo 703º/1 c) do CPC). Para que isto aconteça devem ser
respeitados os seguintes pressupostos:
- Formal: Cheque pode valer como título executivo desde que satisfaça os
requisitos previstos no artigo 703º/1 c) do CPC;
- Material objectivo: título de crédito tem que mencionar a causa jurídica
subjacente à obrigação de pagamento;
- Obrigação/negócio em causa não pode ser solene (se for negocio solene
compra e venda, podia não valer, prof. Lebre de Freitas diz que se a causa estiver nas
costas do cheque dá para ser titulo executivo);
- Reconhecimento de dívida só vale nas relações imediatas entre sacador e
beneficiário, ou seja, entre Pedro e Raquel, respectivamente.

- Liquidez: a obrigação encontra-se líquida, em face do título executivo, no valor


de 20.000€.

Deste modo, temos título executivo.

Suponha que Pedro tinha endossado o seu cheque a Quina, e que esta, no dia 20
de Dezembro do mesmo ano, apresentou o cheque a pagamento no Banco X, que
lhe comunicou a falta de provisão de Raquel. Quina poderia usar o cheque como
título executivo?

- Reconhecimento de dívida só vale nas relações imediatas entre sacador e


beneficiário, ou seja, entre Pedro e Raquel, respectivamente. Pois se eu saco um
cheque a favor de alguém, logo estou a confessar uma divida (mero quirografo) é só
perante ela, se depois endossa a 3 a relação cambiaria é só nas relações imediatas e
não nas relações com 3º, esta na jurisprudência.

Nota: Uma coisa é executar o cheque pela divida cambial outra coisa é executar o
quirografo na relação subjacente. Imaginemos que eu utilizo a prescrição do cheque
(quirografo) na execução da obrigação subjacente.
A causa de pedir (da causa executiva é o direito à obrigação) não pode alterar a causa
de pedir sem a autorização da outra parte. Dado o principio do dispositivo as partes
podem acordar a alteração da causa de pedir.

Nos casos que eu não consigo alterar a causa de pedir, tenho que colocar nova ação
executiva com o titulo de quirografo. Desistindo da primeira. Não podendo entrar na
ação executiva da compra do barco (divida a 20 anos) com o titulo executivo (cheque)
perante uma divida que prescreve ao fim de 6 meses.

CASO PRATICO 6

Amílcar vendeu a Bento a sua quota na sociedade Lavandaria lda, o preço da


cessão de quotas seria determinado no final do ano, no termo do respectivo
exercício económico, com base no lucro da sociedade que então fosse apurado
por um auditor. De forma a garantir desde logo o pagamento do preço, Amílcar
sacou uma letra em banco a bento, á sua própria ordem, acompanhada de um
pacto de preenchimento acordado entre ambos com critérios para a

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Baixado por Ariana Oliveira ([email protected])
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determinação do preço da quota. Bento aceitou a letra e, na mesma data, Carlos


constituiu-se avalista de Bento.
Em janeiro do ano seguinte, Amílcar preencheu a letra com o montante de 200
000 eur (pesar do auditor ter indicado como preço-referencia da quota valor de
100 000 eur) com data daquele dia e endossou a letra a Duarte.

1. Tendo decorrido mais de um ano após o preenchimento da lera, Duarte


propôs agora ação executiva contra Amílcar e bento, uma vez que este ultimo se
recusou a pagar a letra, quando interpelado para tal, pelo telefone.

Letras e livranças, 70 e 77 (prazos de prescrição)


Letras, 70 temos 3 prazos de prescrição, 3 anos quando estamos a falar de uma ação
intentada pelo portador contra o sacador, 1 ano para os casos do portador contra o
endossante e 6 meses nos casos de endossante contra outro endossante ou contra o
sacador.
A regra é a atribuição de um prazo maior a quem não é obrigado cambiário e aquele
que tem direitos de regresso dentro da cadeia cambiaria um prazo mais curto.
O art. 77 remete as livranças totalmente para o regime das letras.

Ex. preterição de Litisconsórcio necessário, deveríamos dizer que em abstrato a


preterição de um Litisconsórcio necessário é um fundamento à OE, 729/c), falta de um
pressuposto processual, ainda que suprível e em concreto aplicamos ao nosso caso
pratico (ex. se não demandarmos os 2 cônjuges, há quem entenda que estamos
perante uma preterição de Litisconsórcio necessário e há quem entenda que não) se
admitirmos que não existe a preterição de Litisconsórcio voluntário, diríamos que o
fundamento de preterição de Litisconsórcio voluntário, em abstrato, é admissível, mas
no caso em concreto nunca seria procedente (se é admissível e se seria procedente).
Há situações como a nulidade da citação para a ação executiva que não é fundamento
para a OE.

O titulo executivo em causa seria um titulo de credito nos termos do 703/1 c). O titulo
executivo é condição formal da acçao executiva. Ja quato á certeza, exigibilidade e
liquidez, sao condicoes materiais da ação executiva. No caso, como nada é dito sobre
o prazo em concreto, a obrigação é em principio exigida atodo o tempo pelo credor,
777/1 CC. Nas obrigacoes puras o devedor so entra em mora depois de interpolado
para pagar, 804/1 CC e 610/2 – b) CPC. Sendo a obrigação pura e tendo Bento sido
interpolado pelo telefone e nao citado no seu domicilio, 610/2- b), a obrigação nao se
venceu, logo não é exigivel. Nao sendo exigivel, falta a condição material para a
execução. Para elem disso, nos termos do art. 45 da LULL, o portador deve avisar o
seu endossante da falta de aceite ou de pagamento, nos 4 dias uteis que se seguirem
ao dia do protesto. Nos termos do art. 70 LULL as açõe dos endossantes uns contra os
outros e contra o sacador prescrevem ao fim de 6 meses a contar do dia em que o
endossante pagou a letra. No caso a letra encontrava-se prescrita. Nao podendo valer
como titulo de credito, pode ainda valer como mero quirografo. Podendo o credor
executar, nao a obrigação cartolar, mas a obrigacao subjacente, fazendo uso do
mesmo documento mas agora como reconhecimento de uma divida. Daqui podia haver
ainda um titulo pelo 703/1 c) 2ª parte, nos termos do 458 CC. Ou seja, uma vez
prescrito, o credor pode excutar a obrigacao subjacente, fazendo uso do mesmo
documento. Os requisitos saõ: assinado pelo devedor, apresente um acto juridico pela
qual alguem se obriga a pagar certa quantia a outrem, natureza nao formal da relação
subjacente, so podendo valer nas relações imediatas. Neste caso nao se encontrava
prenchido o ultimo requesito, logo não existe titulo excutivo. Para alem deste facto, na
opiniao de RP ao se atribuir a vontade de reconhecimento de divida à assinatura ad
eternrum é o mesmo que ultrapassar a segurança do titulo e os seus limites temporais,
pelo que para o professor, o credor perde o titulo com a prescrição do mesmo.

2. Bento referiu ainda , em sua defesa o seguinte:

i) que nunca tinha sido notificado da cessão de créditos de Amílcar a favor de


Duarte.

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Nos termos do 577/1 CC o credor pode ceder a terceiro o credito, independentemente


do consentimento do devedor. Segundo 853/1 CC a cessão so produz efeitos em
relação ao devedor se este for notificado dela. Portanto a cessão nao tem efeitos sobre
Bento.

ii) Que considerava um ultraje esta ação executiva, pela evidente má-fé do
exequente;

Por outro lado, o 762/2 CC diz que, no cumprimento das obrigacoes devem as partes
proceder de boa-fe, 7 e 8 CPC. Assim, segundo 542/1 e 2 a) CPC, tendo litigado de
má-fé, a parte é condenada em multa a uma indeminização à parte contraria, se a
mesma for solicitada.

iii) Que não entendia por que razão a ação executiva não tinha sido apenas
proposta contra Carlos.

Nos termos do art. 30 da LULL, o pagamento de uma letra pode ser garantido por aval.
No 32 LULL preve-se uma responsabilidade solidaria, nao gozando o avalista de
beneficio da excussão previa. 47 LULL. Significa que qualquer um ou os dois em
conjunto podiam ser citados a pagar. Podendo exigir-se de qualquer um dos devedores
o montane integral da divida.

CASO PRÁTICO 8

Nuno celebrou com o Banco Cantander um contrato de abertura de crédito que


fora autenticado por um notário, nos termos do qual este se obrigava a
disponibilizar àquele, durante um ano, um montante máximo de 50.000,00 EUR,
após a devida solicitação por Nuno. Foi acordada uma taxa de juro de 5% (a
incidir sobre o montante solicitado), bem como comissões correspondentes a
uma taxa de 3% (a incidir sobre o montante disponibilizado).

1. Nuno solicitou apenas 30.000,00 EUR, que foram prontamente


disponibilizados pelo Banco Cantander mediante transferência bancária, mas
Nuno recusa-se a reembolsar o capital e a pagar os juros e as comissões
devidas. O Banco Cantander pretende exigir o pagamento em falta,
apresentando, para tal, o contrato de abertura de crédito, do qual consta a
seguinte cláusula: «O presente documento constitui título executivo». Quid juris?

Contrato de abertura de crédito: no momento da constituição do contrato esta-se a


titular para o futuro (1 ano) uma relação jurídica que se inicia no momento da
constituição do contrato. Nestes contratos convencionam se obrigações futuras.
Quando celebrado um contrato deste tipo, hoje ele é um título executivo onde se
convenciona a disponibilidade do banco entregar até um valor de 50 000, a pedir pelo
Nuno e a forma como valor vai ficar disponível, dai ser também um contrato com
promessa de mútuo. O Nuno obriga-se assim que assina o contrato a pagar a
comissão de imobilização de capital dos 50 000 euros, pode até não pedir nada mas
ainda assim tem que pagar a imobilização do capital (tal como a anuidade de um cartão
de crédito). Se o Nuno pedir 30 000 euros está obrigado a restituir o capital e a pagar
juros ( contrato mútuo), neste caso os juros incidem sobre o capital efetivamente
imobilizado. Os juros estão sinalagmaticamente acoplados à disponibilidade do capital.
Uma coisa é a remuneração da imobilização, outra coisa é a remuneração da
disponibilidade do capital.
O contrato de abertura de crédito só é título de executivo em relação à obrigação
executada quanto à remuneração da comissão de imobilização.

Se passar o prazo e Nuno não pagar nada sobre os 30 000 pedidos o banco?

O banco propõem ação executiva para satisfazer o seu crédito, utilizando como título
executivo o contrato de abertura de crédito, embora não incorpore a obrigação
exequenda, porque a obrigação exequenda (obrigação de pagar juros de reembolso de
capital) só se constitui a partir do momento em que o banco empresta os 30 000, ou

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seja quando o banco cumpre a sua prestação. Assim, com o contrato de abertura de
crédito constituiem-se obrigações futuras (durante a vida do contrato) e não quando
este se celebra. Estas obrigações serão as obrigações exequendas. Assim, se
apresentasse como título executivo o contrato de abertura de crédito, este apenas
incorporaria o pagamento da comissão de imobilização, pois esta é a devida existente
a partir do momento em que celebra o contrato, art. 707.

O Nuno tem 3 obrigações exequendas: pagar a comissão de imobilização, pagar os


juros e reembolsar o capital. O contrato de abertura de crédito apenas pode incorporar
a obrigação exequenda de pagamento da comissão de imobilização, porque não pode
incorporar uma obrigação que ainda não se constituiu. A obrigação de reembolso e de
pagamento de juros (quando a obrigação se tornar exequenda) constitui se quando o
banco se disponibiliza a satisfazer o pedido de Nuno.

Estamos perante uma cláusula "o presente documento constitui título executivo"
que não vale de nada, apenas valendo como título executivo para a obrigação que
incorpora, que é o pagamento da comissão de imobilização. Por fim, não é pelo
contrato mencionar este tipo de cláusula que pode ser considerado título executivo,
porque a exequibilidade lua falta dela não pode ser convencionada.

Podendo, no entanto, haver cláusulas de não execução, ou seja, "eu obrigo-me a não
propor ação executiva contra ti", mas estas convenções de não execução tem que ser
limitadas no tempo, para evitar estarmos perante uma renúncia antecipada de direitos,
que podem levar à nulidade da própria cláusula contratual.

O art. 707 e 715, tanto um como outro reportam a situações em que o documento
apresentado como título executivo não chega. No 707, sem o documento
complementar não temos título executivo, o documento complementar vai determinar a
exequibilidade extrínseca. No 715 temos a exequibilidade intrínseca em que a
obrigação exequenda se tornou certa, líquida e exigível.

O art. 707 divide-se em 2 partes, obrigações futuras e obrigações virtuais. Temos 3


momentos temporalmente diferentes. O 1 momento corresponde ao contrato de
abertura de crédito, o 3 momento é a prepositura da ação executiva, o que acontece é
que há factos relevantes que acontecem no 2 momento, depois do contrato ter sido
celebrado e antes da prepositura da ação executiva temos factos que vão ser provados
por um documento, para podermos ter título executivo. Esses factos são o pedido do
Nuno e a disponibilização do dinheiro pelo banco. O art. 707 diz que quando estamos a
executar o contrato de abertura de crédito do qual resulta que no futuro vão ser
constituídas obrigações, este contrato sozinho não pode ser título executivo porque não
incorpora qualquer obrigação. Temos que complementar com outros documentos para
valer como título executivo (documento compósito). Neste caso é obrigatório juntar ao
contrato de abertura de crédito um documento que prove que efetivamente se
constituiu a obrigação futura (em que momento se tornou presente, nomeadamente na
ação executiva). Tem que ser sempre complementado com um documento que não
pode ser uma prova testemunhal ou pericial. Quanto ao tipo de documento, o 707 diz
nós que o contrato inicial tem que ser um documento autêntico ou autenticado à luz do
703. No nosso caso o contrato de abertura de crédito e um documento autenticado.
Quanto ao documento complementar pode ter 1 de duas particularidades, ou seja, ser
um documento particular desde que o documento originário (contrato) faça referência a
ele, ou um documento em que ele próprio revista de força executiva.

Assim, o contrato tem que ter sempre uma cláusula que remeta para a forma como se
vai provar documentalmente a constituição da obrigação, ou seja do crédito exequente.
É necessário que o contrato tenha força executiva, 703/1-b)

Contratos comerciais de distribuição. Franquia, agência são contratos que instituem


uma relação jurídica duradoura (contratos quadro).

Esta obrigação exequenda do pagamento de 30 000 euros só se torna exigível após


vencer ou seja um após 1 ano.

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Só se pode, compensar créditos já constituídos mas podem ainda não ser totalmente
exigíveis (oposição a execução).
O documento complementar tem que ter força executiva (como as lideranças) ou
passado em conformidade com as cláusulas do documento originário.

2. Imagine agora que o Banco Cantander propôs cação executiva antes do


vencimento da obrigação de Nuno, na sequência de Nuno ter declarado,
verbalmente, e de forma muito assertiva, que não iria cumprir. Não tendo em seu
poder qualquer documento que comprove a declaração antecipada de
incumprimento de Nuno, o Banco Cantander receia não ter título executivo para
propor a referida cação executiva. Quid juris?

Estamos perante uma declaração antecipada de não cumprimento, assim para a ação
executiva, existe um vencimento antecipado na data da declaração antecipada. O AE
pode dizer que as obrigações do mutuário ainda não estão vencidas e é necessário
provar que antes da prepositura da ação executiva houve uma causa antecipada de
exigibilidade (exequibilidade intrínseca). Para determinar se há titulo executivo
aplicamos o 707, mas para saber como provar se a obrigação se tornou certa, liquida e
exigível no 2 momento, aplicamos o 715. O 715 opera da mesma forma que o 707, o
exequente tem que provar que a obrigação exequenda constituída em face do titulo
executivo, no 2 momento se tornou exigível ou liquida. Tem que provar, não que existe
titulo executivo, mas que a obrigação emergente do titulo se tornou certa, exigível e
liquida entre a elaboração do titulo e a prepositura da ação executiva. Assim, temos um
contrato de abertura de crédito, temos o documento complementar que ira integrar o
próprio titulo, temos uma causa de vencimento antecipada da obrigação, este
vencimento tem que ser provado porque não consta do próprio titulo (se fosse depois
da data que consta do titulo não era necessário provar nada), mas neste caso estamos
a querer executar o crédito antes da data prevista no titulo, logo temos que provar a
causa que nos leva á exigibilidade antecipada.
A doutrina aplica o 715 nos casos em que a obrigação se torne liquida, certa e exigível,
no momento antes da prepositura da ação executiva, por analogia. O banco teria que
provar que houve uma declaração antecipada de não cumprimento. É possível haver
prova testemunhal segundo 715. Contudo, segundo 715, se a prova apresentada for
não documental, ela devera ser apreciada por um juiz e não pelo AE. O juiz aprecia a
prova e pode eventualmente chamar o executado para ser ouvido. Se o executado
nada disser temos um efeito cominatório pleno, 715/4, considerando que os factos
apresentados são verdadeiros e estão provados.

CASO PRÁTICO 10

Fernando e Mara celebraram, por escritura pública, um contrato de compra e


venda de um imóvel, no valor de 100.000,00 EUR, tendo ficado acordado que
Mara pagaria aquela quantia em dez prestações iguais, durante dez meses. Mara
só pagou três prestações e recusa-se a pagar as prestações seguintes.

1. Poderá Fernando intentar, no final do 4.º mês, uma cação executiva contra
Mara? Determine a obrigação exequenda.

Uma nota inicial acerca das três prestações que foram pagas. Pagou três e certamente
havia título executivo para 30.000EUR. Bom, ao fim do 4º mês, havia um mês que
estava em mora (10.000EUR). Para estes 10.000EUR que estão em dívida não há
dúvidas.

E que título executivo é que temos para este valor?


O mesmo contrato de escritura de compra e venda porque é um contrato que constitui
uma obrigação de pagar a quantia da 100.000EUR (703/1 b)).
Em concreto qual é o valor da obrigação exigível?

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Para já sabemos que 10.000EUR são exigíveis porque já se venceram por decurso do
prazo (a obrigação exigível é aquela que se vence e esta venceu). A obrigação dos
10.000EUR é certa, é pecuniária e é líquida. E consideram-se também os juros legais
(703/2).

Mas agora vamos para uma zona mais cinzenta. Uma prestação não pagou e pode
haver ação executiva relativamente a essa mas se a Mara diz que já não vai pagar as
prestações seguintes (as restantes 6!) pode haver já ação executiva relativamente a
essas?
Vejam o 781 CC. Se víssemos o 781 CC diríamos: “cá está, venceram-se todas!”. Mas
atenção, no caso estamos num cenário especial da própria venda a prestações. Então
vejamos agora o 934.º CC porque é o 934.º que responde ao nosso caso. Em princípio
no nosso caso não havia reserva de propriedade, a coisa foi entregue e o que o 934 diz
na 2ª parte é que até à oitava parte do preço total da coisa não há perda do benefício
do prazo em relação às prestações seguintes. Então, e desde que haja entrega do
imóvel, Fernando só poderá executar a 4ª prestação. Mas tudo muda de figura na
segunda pergunta.

Aula Prática 18/03/15


(Dr. Rui Pinto)

2. Poderá Fernando intentar, no final do 8.º mês, uma cação executiva contra
Mara? Determine a obrigação exequenda.

Aqui estão 5 prestações em mora. 5 é metade de 10 e excede a oitava parte referida


no 934 CC. Aqui já pode executar todas as prestações.

Assim,

A forma de processo quando se deve 1 prestação é a sumaria, 550/2-d). O titulo


executivo é a escritura publica, 879 CC (não é necessário que se prove o
incumprimento), basta ter a escritura publica do contrato de C/V, pois ela constitui a
obrigação para ter força executiva (1º penhora depois citação).

A forma de processo quando se deve 5 prestações é a ordinária. Temos um titulo


extrajudicial que excede o dobro do valor da alçada do tribunal de 1ª instancia, logo
excluímos a forma sumaria, 550/1 e seguimos a ordinária (1º citação depois a
penhora).

Quanto à certeza do valor: o 716/1 o titulo executivo não diz 70 000 euros mas diz
10+10+10...

Imaginemos que começamos a ação executiva quando o executado deve 1 prestação,


mas depois na pendência da ação ele continua a não cumprir, ora o valor que consta
do titulo executivo é fixo, como se faz?

Não se justifica novas ações executivas. Segundo o principio da expansividade do


objeto de execução da mesma divida, art. 850 cpc, diz que se colocarmos uma ação
para cumprimento de um prestação num contrato sucessivo, é possível colocar um
novo requerimento executivo para pedir o alargamento do objeto da execução, ou
mesmo pedir a reabertura da ação executiva de forma a executar as restantes
prestações em falta. Assim se conjugarmos com o art. 711 a lei aceita que se possa
fazer cumulação de títulos diferentes, logo também cumulação de títulos sobre a
mesma divida, apesar de não dizer expressamente.

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Caso prático 11

Fausto deslocou-se ao stand de automóveis do seu amigo Gualdino,


pretendendo comprar o novo automóvel PMW para oferecer à sua filha Helga
como prenda de casamento.
Foi, desde logo, celebrado o contrato de compra e venda entre Fausto e
Gualdino, autenticado por José, um notário amigo de Fausto. Ficou estipulado
que o contrato apenas produziria os seus efeitos após a celebração do
casamento de Helga. Fausto encontrava-se indeciso em relação à cor do carro
(rosa, roxo ou amarelo) a escolher. Tendo Gualdino dois carros de cada uma
destas cores no seu stand, ficou acordado que Helga telefonaria a Gualdino,
durante aquela semana, a indicar a cor escolhida.
Helga casou com um conhecido ator (o casamento foi noticiado em todas as
revistas cor-de-rosa) sem ter escolhido a cor do seu novo automóvel. Fausto, por
seu lado, cumpriu a sua obrigação de pagamento do preço no dia seguinte ao do
casamento, na presença da sua mulher, Ivone.

1. Pode Fausto propor cação executiva contra Gualdino para a entrega


forçada do automóvel? E Helga?

2. Se sim, pronuncie-se sobre o título executivo em questão, em especial


sobre (i) a relevância da celebração do casamento para a cação executiva; (ii) a
importância da natureza sinalagmática do contrato em questão.

Estamos pente um titulo que é o contrato de compra e venda autenticado onde fazem
parte Gualdino e Fausto, não tendo Helga legitimidade segundo o art. 53 pelo principio
da literalidade.

Já se fosse um contrato a favor de terceiro, em que o destinatário dos efeitos reais


seria a Helga, também pelo art. 53, teria legitimidade como credora, não seria era a
única credora.

Segundo art. 10 estamos perante uma ação executiva que tem por base um titulo
executivo que corresponde ao contrato compra e venda entre fausto e Gualdino
autenticado por notário, art. 703/1 b) (a C/V esta nos art. 874 e ss CC).
Este contrato de compra e venda esta sujeita a uma condição suspensiva, art. 270 CC,
que só se concretiza após o casamento de Helga. Temos então um facto constitutivo
complementar que é a tramitação da condição suspensiva, a exigibilidade da condição
de precedência do pedido segundo o 713, que no nosso caso seria o casamento da
Helga.

Assim, teríamos dois factos a provar, o casamento e o sinalagma:

- Nos termos do art. 715, o exequente deveria juntar no requerimento executivo, como
prova complementar, a certidão de casamento da filha ou a revista cor-de-rosa onde
aparece a reportagem do casamento.

- Quanto ao pagamento, pelo fato de se tratar de um contrato sinalagmático, Gualdino


teria que fazer prova do pagamento utilizando a esposa como testemunha, podia
igualmente juntar o estrato de conta como comprovativo de pagamento.

Estamos perante uma execução de entrega de coisa certa. O 550/4 diz que quando
estamos presente a execução para entrega de coisa certa a forma de processo é única,
que digamos que é a forma ordinária como diz prof. Lebre de Freitas e RP.

A forma única é a forma que resulta do 724 e ss combinada com as regras especiais
para entrega de coisa certa, 859, sendo certo que se o titulo for sentença (que não é
o caso) teríamos que ter em conta o 626/3, é como se fosse forma sumaria, ou seja a
citação para oposição do executado é feita após a entrega da coisa.

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Forma única é um mix: não é em bom rigor a forma ordinária, pois é a forma supletiva
geral, 724 e ss conjugada com as regras para entrega de coisa certa, com as
especialidades do 859 e ss (como o caso de ser citado após a entrega da coisa).

Tramitação da forma de processo para pagamento de quantia certa na forma


ordinária:
Requerimento---recebimento pela secretaria---despacho liminar do juiz---citação
previa---oposição á execução (eventual e paralela)---penhora

O exequente pode pedir para que não seja logo citado o devedor para que não
desapareça com os bens (despensa judicial de citação previa).

Como em principio no processo executivo para entrega de coisa certa se NÃO FOR DE
SENTENÇA CONDENATORIA 626/3, a citação é anterior á execução, é possível
aplicamos o 727 dizendo que não se notifique a pessoa senão ela vai desaparecer com
o bem.

Tramitação da forma de processo para entrega de coisa certa, 859 e ss:


Requerimento executivo---tramitação complementar caso haja recusa da secretaria nos
termos do 725/1, que é um ato que possibilita o ato de condenação para o juiz, a
decisão do juiz que é irrecorrível, salvo nos termos do art. 725/2---após o recebimento
do requerimento inicial designa-se o AE, quando não for designado pelo exequente,
720/2 e 8---notificado o exequente--- dá-se a produção de prova complementar (que é
o caso), 715---despacho liminar de citação em que o executado tem 20 dias para
entregar a coisa, 859 ou opor-se, 731 que remete para o 729 (bens a penhorar em
termos de garantia patrimonial) e cessa a possibilidade de entrega da coisa (doutrina
da apreensão).

É possível na forma única (tendencialmente ordinária) o juiz só citar, 727 o


executado depois de ser entregue a coisa uma vez que os processo para entrega
de coisa certa não terem penhora?

Com a reforma de 2003 a entrega de coisa certa passou a ter forma única, 550/4. O
727 que respeita a uma espécie de forma sumaria, falamos de penhora e no caso de
processos para entrega de coisa certa não há uma penhora mas sim uma apreensão
do bem. Assim, na generalidade da doutrina é aceite a entrega de coisa certa anterior à
citação, não sendo incompatível porque mesmo que a execução proceda pode haver a
restituição do bem nos termos do art.8??/5.

Outras justificação para aplicação do 727 nos casos de forma única onde não temos
penhora mas sim apreensão é o facto do art. 861/1 manda aplicar subsidiariamente a
regra da penhora.

O prof. LF na aplicação do 727 na entrega de coisa certa acautela o fato de que


quando não houver aceitação previa, o executado é notificado para se opor á
apreensão, mas só depois de decorrido o prazo de oposição é que havia lugar a
apreensão numa ideia de ato continuo.

ESTE PROBLEMA NAO SE COLOCA QUANDO O TITULO EXECUTIVO FOR


SENTENÇA.

Aula Prática 20/03/15


(Dr. Rui Pinto)

no caso estamos perante uma obrigação que não é certa, falta a escolha ou
determinação de uma formalidade que é exigido no art. 400 CC e à a necessidade de
um ato acessório de especificação da qualidade da prestação, o objeto tem que ser
determinado. A indeterminação qualitativa pode acontecer nos casos das obrigações
genéricas, 539 e ss CC ou alternativas, 543 CC. Neste caso falta a determinação do

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objeto concreto de modo a proceder á transmissão da propriedade da viatura, 408/2


CC. A cor do carro podia ser roxa, amarela ou rosa, no entanto nada foi dito por Helga.

Estamos perante uma escolha de terceiro, de uma obrigação alternativa, 549 CC que
remete para 542/2CC (genéricas) se o terceiro não escolhe devolve-se a escolha ao
devedor, com prejuízo do credor.

Caso prático 14

Diga se o tribunal em causa é competente para as seguintes acções executivas,


referindo ainda as consequências de uma eventual incompetência:
(i) Acção executiva proposta no Tribunal da Relação de Évora por Núria,
residente em Lisboa, contra Olga, residente em Évora, ambas magistradas, para
execução de uma decisão judicial proferida no Tribunal da Relação de Évora que
condenou Olga a pagar 40.000,00 EUR a Núria;

Na sequencia da sentença condenatória proferida pelo Tribunal de Relação de Evora,


onde condena Olga ao pagamento de 40 000 euros, Nuria propõem uma ação
executiva no Tribunal da relação de Évora para a satisfação do seu crédito.

Em relação à competência hierárquica e territorial:

Segundo os art. 85/1 e 86 CPC e 33 e 41 da LOSJ, apenas os tribunais de 1ª


instancia tem competência executiva. Quando se trata de um titulo executivo judicial,
em regra é executado dentro dos próprios autos, art. 85. Há um principio de
coincidência territorial entre a competência declarativa e executiva, a sentença é
executada na comarca onde foi proferida, em principio no próprio tribunal que a
proferiu, e no mesmo processo declarativo.

Contudo, nos casos em que se trata de sentença proferida em tribunal superior, como é
o nosso caso, o processo declarativo tem que baixar ao tribunal de 1ª instancia,
conforme nos diz o art. 86 – 2ª parte, sendo competente para a execução o tribunal do
domicilio do executado, art. 86 – 1ª parte. No nosso caso, como o domicilio de Olga é
Évora, o tribunal competente para a execução seria, igualmente, o Tribunal da
Comarca de Évora. Contudo saliento que, nestes casos, ainda que o tribunal seja o
mesmo, o processo de execução não decorre nos próprios autos, regra que é
excecionada pelo facto de estarmos perante uma decisão proferida por um tribunal
superior. Consubstancia numa incompetência absoluta em razão da hierarquia, art. 96,
seguindo-se um despacho de indeferimento liminar, culminando na absolvição do réu
na instancia, no caso deste já ter sido citado

Competência em razão da matéria

Segundo DL 49/2014 (LOFTJ) a ação executiva deve correr perante um tribunal de


competência especializada, art. 129/1 e 81/2 g). Ou seja, à partida os tribunais
declarativos têm competência executiva, a não ser que haja um juízo de secção de
execução, como é o caso da nossa hipótese. Segundo anexo II do mesmo diploma o
Tribunal de Évora possui uma secção de execução situada em Montemor o novo.
Como tal, estamos perante uma incompetência relativa art. 102, fundada na divisão
judicial do território, desta forma, o requerimento executivo proposto por Núria no
Tribunal da Relação de Évora deveria ser remetido com carácter de urgência oficiosa
para a secção de execução, 85/2. Sendo o vício sanável com base no art. 105/3 do
CPC

Em casos de incoerência absoluta e relativa, a incompetência absoluta consome a


relativa, originado os efeitos da incompetência absoluta que no caso seria a absolvição
do réu na instancia.

NOTA1:

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A forma de processo é sumaria, 550/2 a) pois o titulo executivo é uma


sentença. Mas o 626/2 é que nos diz que qualquer sentença portuguesa ou arbitral é
sempre sumaria. E decorre nos próprios autos, 85 (territorial – na própria comarca e
hierárquica).

Esta é uma sentença que vem de um tribunal superior, ou seja por um lado não é
estrangeira, esta cá e por outro não me parece que possa pedir para que a sentença
seja executada nos próprios autos como decorre do art. 85, pois baixa a outro tribunal,
sendo uma sentença que não cabe no 626/2 mas sim no 550/2 a).

O art. 85 só se aplica em

NOTA 2:
O art. 86 é de competência hierárquica porque diz que tem que baixar à baixa à 1ª
instancia e é territorial porque refere o local do tribunal competente para executar a
sentença.

(ii) Acção executiva proposta na 1.ª Secção cível do Tribunal Judicial da


Comarca do Porto por Nando, residente no Porto, contra Óscar, residente em
Viseu, para execução de uma decisão judicial da 1.ª Secção cível do Tribunal
Judicial da Comarca do Porto (resultante de recurso interposto para o Tribunal
da Relação do Porto), que condenou Óscar a pagar 50.000,00 EUR a Nando;

Não é Sentença estrangeira, art. 90

O titulo executivo é uma sentença portuguesa e é executada dentro dos próprios autos,
típica do art. 85. Há um principio de coincidência territorial entre a competência
declarativa e executiva, a sentença é executada na comarca onde foi proferida e em
principio no próprio tribunal que a proferiu no mesmo processo declarativo. Se virmos
na LOFTS vimos que as competências centrais e locais elas tem competência para
executar as suas próprias decisões. À partida os tribunal declarativo tem competência
executiva, a não ser que haja juízo de secção de execução, que neste caso, por
forca da lei orgânica o processo é remetido com carácter de urgência oficiosa para a
secção de execução, 85/2.

O requerimento da ação declarativa não serve para a ação executiva. Mas não se
coloca um requerimento ex novo mas sim mete-se um novo processo como se fizesse
parte do processo inicial mas com tramitação autónoma.

Segundo 93/1 alínea u) do DL 49/2014, aplicando art. 85 CPC a comarca competente é


a da ação declarativa. O requerimento executivo corre nos próprios autos da ação
declarativa. Como há secção de execução aplicamos o 85/2 CPC, donde o processo
será enviado para esta secção por despacho oficioso do tribunal
O Mapa anexo do DL 49/2014 indica-nos que existem 2 secções de execução do Porto.

- Se a ação for colocada na comarca da secção cível do Porto, em vez de ser


colocada na secção de execução da comarca do Porto, temos uma incompetência
material, 85/1 e art. 65.
- Antes, o cpc dizia em razão da matéria ou da forma do processo, agora diz
apenas em razão da matéria. O art. 65 e o 85 associa a competência especializada á
matéria, absorvendo tudo o que anterior era competência em razão da forma. Esta
competência passou a ser absoluta no novo cpc. Sendo de conhecimento oficioso e
não suprível.
- A matéria da seção de execução é a mesma que a da seção cível, a lei não
quis distinguir. Tudo é competência especializada, apesar de em bom rigor na se falar
em razão da matéria.

Assim, não sendo colocada na secção de execução do Porto, parece resultar de uma
competência absoluta, resultando um indeferimento liminar do juiz.

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(iii) Acção executiva proposta na 1.ª Secção de execução do Tribunal Judicial


da Comarca de Lisboa por Móveis Luisinha, Lda., com sede em Lisboa contra
Madeiras Pimpão, Lda., com sede em Vila Real, para execução de uma sentença
proferida na 1.ª Secção de comércio do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa e
cuja obrigação exequenda ascende a 500.000,00 EUR;
O titulo executivo é uma sentença, 706/1 a).

Competência em razão da hierarquia é dos tribunais da 1ª instancia, ou seja os


tribunais da comarca, 29/3 LOSJ

Competência em razão da matéria, prevista nos art. 64 e 65 CPC, 40, 80 e 83 LOSJ,


81/2 que refere as matérias para as quais podem ser enviadas para secções de
competência especializada depende das instancias centrais. Sendo que segundo art.
128/3 LOSJ diz que as secções de comercio tem competência executiva.

No nosso caso como estamos perante matéria comercial, e sendo por sentença
condenatória da 1ª instancia do tribunal judicial de Lisboa, a ação executiva devia ter
sido instaurada na 1ª secção de comercio da comarca de Lisboa, DL 49/2014 art. 84/1
e) e não na 1.ª Secção de execução do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa
como foi. Daqui resulta uma incompetência absoluta, 96 e como tal consubstancia
numa exceção dilatória segundo art. 577 a) é de conhecimento oficioso, 97/1 e 578,
mas é in susceptivel de sanação. O tribunal deve indeferir liminarmente o pedido, mas
como neste caso estamos perante um processo sumário, execução de sentença
condenatória 626/2, logo o AE não podia proferir o impedimento liminar do
requerimento executivo, pois o 855/2 diz que quando o agente de excussão verificar
que há falta de pressupostos processual, ele não pode decidir sobre essa matéria,
deve enviar o processo para o juiz para despacho liminar ou rejeitar oficiosamente a
execução, segundo, 754??

Em relação a competência em razão do território , 85 a 90, no nosso caso estamos


perante uma execução de sentença condenatória proferida pela secção da comarca de
Lisboa, não se aplica o art. 85/1?, pois só se refere aos casos em que não haja secção
de execução na comarca e 85/2 prevê os caso em que haja uma seção de execução,
mas não fala expressamente nos casos em que o tribunal competente é a secção de
comercio. Mas, neste caso temos que as normas de competência territorial estão
mesmo no 85/1, pois diz “na execução de sentença proferida por tribunal português”,
não interessa qual é o tribunal, e conjugando com o 128/3 LOJS (lei orgânica). A acção
deveria ter sido colocada, igualmente como disse anteriormente, na 1ª seção de
comercio da comarca de Lisboa e não na 1.ª Secção de execução do Tribunal
Judicial da Comarca de Lisboa.

Nos juízos de execução o que interessa é o tipo de processo, nos juízos de comercio o
que interessa é a matéria em causa.

Caso prático 15

Descreva pormenorizadamente a fase inicial da execução nas seguintes acções


executivas:
(i) Acção executiva proposta com base em requerimento executivo onde não
são expostos os factos que fundamentam o pedido nem é designado o agente de
execução;

Aula Prática 10/04/15


(Dr. Rui Pinto)

(ii) Acção executiva proposta pelo mandatário do exequente com base em


requerimento executivo entregue em suporte papel;

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Segundo o art. 712 manda que o requerimento seja entregue de forma electrónica. A
não ser que houvesse um caso de justo impedimento previsto no art. 144, poderia a
parte suprir e entregar por via electrónica. O processo e electrónico, o 144/1. Há
exceções 144/7 se for até 5000 euros pode ser em suporte papel desde que não haja
constituição de mandatário, caso contrario sempre que há constituição de mandatário o
suporte tem que ser o da via electrónica.

A secretaria recusaria com base no 725/1 a). Que diz que reusa se não houver sido
entregue em modelo próprio. Sempre que a secretaria recuse eu posso reclamar para o
juiz, 725/2. O juiz ou me da razão ou não.

Se o juiz disser que não, e se eu meter processo nos 10 dias o requerimento fica com
data da primeira e apresentação, 725/3, se não apresentar em 10 dias não se pode
sequer apresentar, 725.

(iii) Acção executiva proposta sem apresentação de título executivo;

O titulo pode ser referido mas não acompanha ação, 725/1 d) A secretaria vai notificar o
requerente, e conjugando com o 724/4 a). Vai dispor o prazo de 10 dias para entregar o
titulo executivo (se for titulo de crédito não pode ser copia), a recusa da secretaria é a
falta de titulo executivo.

Na forma sumaria, o 855/2 a) o processo vai para o AE sem passar pela secretaria. O
AE faz as vezes da secretaria, usando as competências do 725. Se não houver AE
designado, 719 designa AE, fazendo a secretaria a verificação, nesse caso quando
chega ao AE este já não volta a verificar.

(iv) Acção executiva proposta com apresentação de título executivo de onde


resulta uma dívida de 2.000,00 EUR, tendo o exequente apresentado um pedido
de 4.000,00 EUR;

Até 2000 se for sentença a forma é a sumaria, 626/2. Se for um cheque é sumaria por
causa do valor, 550. Mas podia ser ordinária se fosse o caso do 550/3. Neste caso não
há despacho liminar.

Se eu estou a pedir 4000 e só tenho titulo para 2000 quem vai verificar este abuso é o
AE, suscita a intervenção do juiz 855/2 b). Provoca o despacho liminar do próprio juiz,
726/3 O juiz neste caso profere um despacho de indeferimento parcial, indeferindo o
excesso em relação ao que consta no titulo.

Se o AE dissesse que estava tudo bem e prosseguisse para a penhora de 4000 euros,
teria que ser o devedor na oposição à execução invocar que não havia divida de 4000
mas sim 2000.

(v) Acção executiva em que o título executivo é uma sentença judicial que
condenou o executado no pagamento de um montante de 5.000,00 EUR;
considere agora, nesta hipótese, as seguintes sub-hipóteses autónomas: forma
sumaria 626/2
a) O exequente requer a citação prévia do executado;
Por regra não há citação previa. Mas neste caso o credor quer a citação previa – se
fosse forma ordinária a citação pedir a dispensa da citação previa, 727 – mas aqui é o
oposto, a lei não prevê esta situação. No novo código há o dever de ...formal 547 e 6
gestão processual, quando for o melhor para a causa adaptar a forma processual. O
principio da atuação formal o juiz ad hoc pode decretar atos processuais inovatórios,
logo seria possível pois o credor esta a renunciar à forma sumaria..
b) É executado apenas o fiador;
Executado só o fiador, como tem o beneficio da excussão previa, este pode chamar o
devedor principal, 745.
O 550/3 d) estamos perante a forma sumaria 626/2, pode seguir a forma ordinária se
for executado apenas o devedor subsidiário que não haja renunciado ao beneficio da
excussão previa. A lei quer proteger o fiador e por isso chama um juiz ao processo.

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c) Verifica-se incompetência absoluta do tribunal para a acção executiva;


Quando se verifica a incompetência absoluta do tribunal estamos perante uma
incompetência absoluta não é sanável, 96, levando ao despacho de indeferimento
liminar na forma sumaria. O AE deve remeter para o juiz, 726/2 b) é uma exceção
dilatória insuprível de conhecimento oficioso. Não pode o AE fazer um despacho por
falta de pressupostos processuais, deve enviar para o juiz.

d) Verifica-se incompetência relativa do tribunal para a acção executiva;


Na competência relativa à remessa para o tribunal competente. Ha um despacho
liminar, 103 que remete para o 105/3 que determina o suprimento da incompetência
relativa com remessa para o tribunal competente
(vi) Acção executiva em que o título executivo é um requerimento de injunção
ao qual foi aposta fórmula executória;
A forma de processo é a sumaria 550/2 b). O D.L. 269/98 de 01/09, diz que secretaria
notifica o devedor para pagar ou para se opor, se ele não pagar e não se opuser, a
secretaria apoia a forma executória e pode executar de imediato o requerimento de
injunção.
(vii) Acção executiva em que o título executivo é uma escritura pública de
compra e venda a prestações de um imóvel, estando em dívida o pagamento das
duas últimas prestações, cujo valor total ascende a 100.000,00 EUR;
Estamos perante simples calculo aritmético, estamos perante a forma ordinária, o titulo
é extrajudicial. Vamos executar as obrigações vencidas.
(viii) Acção executiva em que o título executivo é um contrato de mútuo no
montante de 100.000,00 EUR, garantido por penhor (garantia real) de
estabelecimento comercial, tendo o exequente alegado a comunicabilidade da
dívida no requerimento executivo;
Este contrato só é valido se for celebrado por escritura publica. O titulo cabe no 703/1
b).
O titulo é o contrato mútuo.
Em principio estamos perante um processo de sumaria, 550/2 c), mas uma vez que
estamos perante uma exceção prevista no 550/3 c), mas visto haver um pedido de
requerimento executivo que alegava a comunicabilidade da divida que tem um penhor,
assim aplica-se a forma ordinária. 03:46 15/04

Algumas notas relacionadas ainda com os dois últimos pontos do caso 14 antes de
avançarmos para o caso seguinte: é possível cumular a execução de várias dívidas da
mesma pessoa contra uma mesma pessoa ou várias pessoas coligarem-se contra uma
mesma pessoa.

A cumulação está sujeita a vários requisitos (e temos também de distinguir entre


cumulação inicial e cumulação sucessiva). O novo CPC por um lado facilita, por outro
lado complica a cumulação.

Em que é que facilita?


Quando diz: sempre que tiverem uma só sentença podem executar todas as
condenações que provenham dessa sentença, seja qual for a finalidade (710 CPC).
Este artigo foi feito a pensar na ação e na sentença de despejo. Depois para saber qual
o tribunal competente para executar a sentença temos que ver o art. 85.

Em que é que dificulta?


Para saber a forma do processo é mais difícil. Quando a sentença condena de forma
igual para tudo é mais fácil mas quando, por exemplo, condena a entregar de coisa
certa e a pagar uma renda (na ação de despejo), fica mais complicado. A lei não
responde expressamente a isto. No entanto, provavelmente o art. 626/3, que não
responde exatamente a esta situação, pode ajudar. O que a lei parece dizer é: corre um
processo, baseado numa sentença para entrega de quantia certa (onde primeiro se
apreende a coisa e só depois é que se notifica), na forma sumária, o espírito da lei
parece dizer que quando se executa uma sentença executa-se primeiro e avisa-se
depois. Portanto, o juiz ou o agente de execução vai ter que conciliar – executa tudo e
só depois é que avisa, é uma mistura da forma sumária para pagamento de quantia

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certa com a forma única, sendo que as duas são sem citação prévia. Esta é a minha
opinião (Prof).
Mas a coisa complica-se ainda mais quando os títulos não são todos iguais porque o
710 só resolve a questão quando o título é a sentença. Se não for sentença responde o
709. O art. Diz que se podem sumular execuções baseadas em títulos diferentes desde
que se cumpras alguns requisitos:
- as execuções têm que ser materialmente compatíveis (a compatibilidade
substantiva é um requisito implícito que não está expresso na lei);
- tem que haver compatibilidade processual – 709/1 a) e c);
- tem que haver uma conexão teleológica – 709/1 b). (este requisito não se
verifica no 710 como vimos há pouco).
Logo, parece que se podem executar devedores baseado em títulos diferentes, com
alguma facilidade. OK mas então qual é o tribunal competente? O 709 também
pretende responder à chamada “extensão da competência por razão da cumulação”.
Até porque a lei não admite cumulações com incompetência absoluta mas admite com
incompetência relativa (709/1 a) a contrario). É preciso ver o 709/2 que diz que nos
cassos da sua previsão prevalece o local do procedimento de valor mais elevado. Já o
709/3 diz que nos casos da sua previsão prevalece o título judicial. Já o 709/4 para
resolver os casos da sua previsão faz uma remissão para o art. 82. Quanto à forma
responde o 709/5.
Então e se for cumulação de sentença e outro título diverso? A lei não responde
diretamente. Há dois entendimentos:
- a lei já não quer (como queria anteriormente) que se cumule sentença com
título diverso de sentença;
- aplicamos o 709 e onde se refere “título de formação judicial diferente da
sentença” podemos também incluir a sentença.
Eu (Prof) continuo a aplicar o 709 mas é altamente duvidoso porque o 709 mistura tudo
mas é como se não quisesse misturar-se com os casos do 710, isto é, deixa a
sentença sozinha. Eu (Prof) não sei a resposta definitiva mas continuo a aplicar o 709
salvo outra opinião que me parece também válida.

Vejamos agora a questão da coligação. Se for um sujeito (por ex administrador de


condomínio) a intentar ação contra vários sujeitos (por ex condóminos), pode? Onde há
uma coligação, não deixa de estar em causa uma cumulação de pedidos e isso é um
ponto comum com o que já vimos. Por definição, a coligação tem de respeitar sempre
um destes artigos (709 ou 710, essencialmente o 709) mas temos que ver com atenção
também o art. 56 (que veremos também na aula teórica). Diz o 56 que desde que não
haja nenhuma circunstância impeditiva do 709/1 então pode haver os tipos de
coligações indicadas. (ao não remeter para o 710 parece excluir a coligação de
sentenças mas não estou certo (Prof) porque para mim (Prof) até nos casos do 710 é
preciso cumprir os requisitos do 709... mas adiante)
Últimas notas: tanto a cumulação com a coligação são voluntárias. O art. 85 aplica-se
sempre que o titulo seja uma sentença e só o art. 85 se aplica (não é preciso ir ao 89).

Notas prévias: Execução para entrega de coisa certa é forma única (mas atenção que
se o título for sentença há a especialidade do art. 626); se for execução para
pagamento de quantia certa a forma pode ser ordinária ou pode ser sumária (550).

Aula Prática 21/04/15


(David Reis)

O requerimento executivo corresponde ao impulso processual, 724, principio do


dispositivo, ou seja esta na dispoblidade das partes a susceptibilidade de avançar para
a ação executiva, reclamar junto do tribunal o que tem direito, que esta aliás titulado.
O requerimento executivo vem do titulo executivo e tem 3 funcoes:
- configuraçãoo objetiva da instancia: esta em causa o objeto da ação executiva,
como o pedido e a causa de pedir. È no RE que eu formulo o meu pedido e declaro o
valor da causa;
- configuraçãoo subjetiva da instancia: está relacionado com a identificaçãoo das
partes, morada, NIF. Saber quem vai tomar a posição de excutado e de execuente;

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- preparação da penhora e do pagamento: se o que se pretende é a satisfação


do crédito, faz todo o sentido que logo no requerimento executivo indica o NIB para
poder ser recercido, bem como os bens a penhorar, 729/2. Sao atos que o requerente
vai praticar de modo a agilizar a penhora.

isto é importante porque se tem que perceber no momento da prepositura do


requerimento executivo o que é verdadeiramente a oposiçãoo à execuçãoo, para dizer
percebermos que tipo de processo estamos perante (ordinário ou sumário), se o
fundamento invocado procede ou não

Posteriormente, há um controlo administartico liminar feito pela secretaria


(ordinária). Não é um mero controlo superficial, já há uma apreciação mais rigorosa,
725.

Seguidamente, o RE chega ao juiz, 726. Despacho de indeferimento liminar, 726/2.


Despacho de aprefeicoamento, 726/4, pelo principio da economia processual 6/2 nao
faz sentido destruir a ação executiva quando ainda poderá ser susceptivel de
aproveitamento. Despacho de citaçãoo do executado, 726/6 com remissão para o
728/1. Nao havendo irregularidades, logo nao havendo lugar a despacho de
indeferimento liminar nem de aperfeiçoamento, nao ha nada a sanar, o juiz vai citar o
executado para pagar ou se opõem.

A possibilidade que é dada para pagar origina a extinçãoo da ação executva.


Na oposiçãoo á execuçãoo o objetivo a extinçãoo total ou parcial da ação executiva,
é uma manifestação contra a própria ação executiva, nao é contra o ataque a sertos
bens, é dizer que a ação executiva nao é possivel porque tu nao es parte desse
pontrato, p.e. ou que o tribunal nao é competente para colocar essaação, logo o que se
pretende quando se alega incumprimento de pressupostos processuais o que se
pretende é a extinçãoo da ação executiva, através do reconhecimento dea falta de um
pressuposto ou da inexistência de um direito do exequente.

A oposiçãoo á execuçãoo configura por parte do tribunal uma atividade do tipo


congnitivo, sendo qualqificada como uma ação declativa. Sendo uma ação declarativa
ela corre por apenso à ação executiva em que o executado poderá levantar questões
que sejam de conhecimento oficioso, poderá alegar fatos novos, poderá apresentar
novos meios de prova, poderá levantar questões de direito. A possibilidade que é dada
ao executado na oposição á execuçãoo obriga a uma apreciaçãoo cognitiva material ao
tribunal, assim ja nao estamos na lógica da ação executiva, mas sim uma apreciação
de uma ação declatratva com vista a aferir se a pretencao do executado tem ou não
cabimento, porque tendo culminara com a extinção da ação executiva.
1º perceber o momento prévio á execuçãoo á oposiçãoo que é a citaçãoo. (é aqui que
incide os casos práticos), relativamente ao despacho de citação. Saber se os termos
em que o despacho de citação foi feito preenche os requesitos presentes na lei.

Na execuçãoo com citação previa á penhora (ordinária) a citação é feita nos termos
gerais que devera ser realizada pelo AE, 719/1, por via postal, 228. Se a citação se
frustrar, a mesma é feita mediante contacto pessoal do AE com o executado, 249. Se
no prazo de 30 dias nao se concluir a citação, o AE deve informar o exequente e
decorridos mais 30 dias se informe o juiz de execução, 266/2 e 3. Pode haver lugar á
citação por edital electronica, art. 11 e 12 portaria 282/2013 de 29/08.

CITAÇÃO

Efeitos da citaçãoo:
- efeito processual principal qie é o da constituiçõ da realação jurídica processual
entre o excutado e o tribunal, 259/2
- efeito processual secundário é o da litispendência: o credor esta impedido de
colocar uma nova execuçãoo contra o autor com o mesmo objeto processual, ainda
que o titulo seja diferente.
- Efeito material: colocar o reu devedor em mora no caso das obrigações puras,
805CC e 610/2 al b). É com a citação que se vence a obrigaçãoo.

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Falta ou nulidade da citação:


- a falta de citação encontra-se no art. 188 e a nulidade no 191. Tem lugar
quando nao hajam sido, na sua realizaçãoo, observadas as formalidades prescitas na
lei.
- a falta de citaçãoo pode ser arguida pelo executado a todo o tempo, 198/2 e
851/1, caso tenha ocorrido à revelia, ou mera ineficaia da citação (quando executado é
citado 2 veses nos mesmos termos e para o mesmo processo).
- Se o executado intervir na causa sem arguir, a falta de citação sana-se, 188
(por exemplo comparecer em tribunal ou indicar bens a penhorar).
- A nulidade da citação pode ser arguida no prazo da oposição. Se for por
nulidade de citação edital ou quando nao foi estipulado prazo para a defesa, esta pode
ser arguida quando da primeira intevencao do citado no processo, 191/2 e 3.
- A falta de arguição da nulidade dita a sua sanaçãoo, salvo no caso do 191/2-
2ª parte, por ser de conhecimento oficioso, ex vi 196.

A falta e a nulidade de citaçãoo edital do executado, por regra geral, é de


conhecimento oficioso, 196 e 191/2 – 2ª parte.
As restantes nulidades de citaçãoo carecem de arguição segundo art. 851/1.
A arguição da nulidade de citaçãoo so é atendível quando a sua falta puder prejudicar
a defesa do citado. Se a arguição de nulidade for julgada procedente, anula-se tudo o
que se tiver praticado no processo. O RE permanece eficaz, porem graças aos art. 187
in fine e 195/2 – 1ª parte.

O requerimento de arguição de nulidade ou falta de citação pode ser dedeuzido


mesmo depois do fecho da execuçãoo, em que o executado haja sido revel,
configurando-se num ato processual póstumo e que determina a reabertura da
instancia.. a venda executiva, caso ja tenha ocorrido, sera igualmente anulada, 839/1
al. B).

P.E. no caso em que a secretaria envia o processo ao AE para penhora imediata, em


vez de remeter ao juiz para despacho liminar, 726/1, devemos aplicar o 193, podendo a
parte prejudicada invocar o vício ate ao termo do prazo para deduzir oposiçãoo à
execuçãoo, ex vi 19871. O tribunal pode no entanto conhecer o erro da forma de
processo oficiosamente segundo o art. 196.

OE

Os fundamentos para deduzir oposiçãoo divergem consuante o titulo executivo em


causa, execuibilidade intrínseca e extrínseca do titulo executivo, saber se aquele
titulo executivo é ou nao susceptivel de ser fundado para a ação executiva (art. 703 e
explicar TODA ESTA MATERIA).

A razão pela qual os fundamentos de oposição a execução aplicados quando estamos


perante uma sentença sao menores do que noutros títulos nao judicial, pois quando o
titulo executivo é uma sentença pressuoem que anteriormente ja hove ação declativa, e
se houve ação declativa já hove principio do contraditório, ja foi dada uma hipótese de
ser exercido, outro ponto é o fato de que a sentença faz caso julgado em relação á
materia de facto, pois ja passou no crivo da contestaçãoo, dar aqui a apossibilidade do
executado se manifestar novamente estaríamos perante um recurso.

Fundamentos para oposição:

A- Dedução de execepção dilatória: 729 al. C) por remissaõ do 730, 731 e 857/1:
o incompetência do tribunal quer absoluta quer relativa
o nulidade de todo o processo
o falta de personalidade ou capacidade jurídiciaria de alguma das partes
o ilegitimidade de alguma das partes
o coligaçãoo indevida: quando entre os pedidos nao exista conexão exigida, 56/1
o falta de constituiçãoo de advogado, 58
o a litispendência 564/1 c), 577 i), 580 e 582/1 e 2.

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Alguns deste vícios sao sanáveis, &7” (principio da oficialidade), devendo o juiz
promover oficiosamente a sua correção.

B- Inexistência, inexequibilidade ou invalidade formal do titulo


pode ser arguida a inexistência do titulo ou inexistência de aparência mínima de titulo,
ou seja anão verificaçãoo dos pressupostos do 703 a 708, como a sua
inexequibilidade. A alegaçãoo deste vício ao abrigo do 729 por remissão 730, 731 e
857/1 configura materiamente numa defesa por impugnaçãoo, ja que o executado nega
o fato da exetencia do documento ou do seu valor jurídico.

Se for uma sentença esta sera inexequível se nao conter uma condenaçãoo, nao
estiver assinada pelo juiz, esteja pendente de recurso com efeito suspensivo, 704/1 e
647/2 a 4., tenha sido revogada em recurso, sendo estrangeira nao tenha sido revista
pela relação, 978/1, 979.

Vícios que se podem alegar referentes à ação declativa que da origem ao titulo:
- excepcoes dilatórias, 727/f)
- nulidades originarias como a falta de citação para a ação declarativa, quando o
reu nao tenha intervindo no processo, 729 d);
- falsidade do processo ou sentença, 729/b) – 1ª parte que influenciem no
processo executivo;
- nulidades ou anulabilidades de confissão na sentença homologatória, alínea h);
- anulabilidade da sentença arbitral, 730
estes vícios nao podiam ter ser alegados na ação declarativa ou na injunção, por isso,
a lei admite que seja exepcionado o Principio da Preculsão ou da Imutailidade do caso
julgado.

C - Incertesa, inexigibilidade ou liquidez da obrigação, 713


- Sao fundamentos de oposiçãoo, 729/ al. E) por remissão do 730, 731 e 857,
caso nao tenham sido suptidas na fase introdutória da execuçãoo. A inexequibilidade
consubstancia numa defesa defesa por excepção perentória impeditiva relativa á
execuibilidade do crédito. Por outro lado a alegaçãoo de incerteza ou de iliquidez é
uma defesa por impuganação quanto ao quid e ao quantum do crédito.

D- factos impeditivos, modificativos ou extintivos e impugnaçãoo do crédito


execuente:
- além da inexgibilidade, incerteza e iliquidez, podem ainda o executado apresentar
outros fatos impeditivos, modificativos ou extintivos para defesa por execepção
perentória, 576/3.
Aplicado o art. 729/ al. G) para onde remetem os art. 730, 731 e 857. Alguma
jurisprudência defende que esses factos devem ter existência actual no momento em
que são invocados, nao podendo estar dependente de um evento futuro e incerto.
- os factos impeditivos consubstanciam a existência originaria da obrigação
seja por:
o falta ou nulidade formal do titulo material ou executivo
o nulidade nao formal
o fata de causa do aceite da letra ou liveranca.

- os factos modificativos podem ser:


o a modificaçãoo do contrato por aleteração das circunstâncias, tanto na
oposiçãoo á execuçãoo como em sede do 731, pois poderia ser deduzida na
contestaçãoo.
o Existência de uma condiçãoo suspensiva que execpcionou o nao cumprimento
o A substituiçãoo do objeto da prestação ou do direito real
o a alteração das garantias

- os factos extintivos (inexistência da obrigaçãoo), 729/ al. E9 podem ser:


o comuns: por exemplo a anulabilidade por incapacidade do devedor, 731
o específicos: quanto as pretencoes creditícias:
 o cumprimento, ou qualquer outra causa de extinção da obrigação como, a
compensaçãoo, (847 CC - que tanto pode ser anterior á execuçãoo como por meio da

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peticao á oposiçãoo), a dação em cumprimento (837 CC), a consignaçãoo em deposito


(841CC), a novaçãoo (857), a remissaõ (863) e a confusão (868).
 Impossibilidade objetiva de cumprimento da prestaçãoo, 790/1 CC
 A prescriçãoo da divida pelo decurso do prazo ordinário, ex vi 331 CC, sem
prejuízo dos prazos mais curtos para as obrigações cambiarias.
 A extinçãoo da causa do aceite ou de um reconhecimento de divida
 Falta de protesto

: quanto as pretencoes reais:

 Causa de extinção de um direito, além da anulabilidade, p.e. 1476 CC


 A usucapião
Ainda assim o executado por impuganar a realidade dos factos constitutivos do crédito
que o autor apresenta no titulo executivo.

Através da deduçãoo á oposiçãoo a execuçãoo o executado vai à ação excutiva e


portanto constitui-se através da oposição á execuçãoo a relação jurica ou processual
entre o tribunal e o executado.

Efeitos da deduçãoo á execuçãoo:

A sentença de oposiçãoo deve ser proferida no prazo máximo de 3 meses contados a


partir da data da petição de oposiçãoo á execuçãoo, 723/1 b)

A sentença de oposiçãoo é impugnável nos termos gerais, cabendo recurso de


apelação tanto pelo 922 – B/1.

Havendo absolviçãoo da instancia numa oposiçãoo à execução, o o executado nao


pode propor nova ação pois estaria fora do prazo processual fixado na lei, prof RP nao
concorda pois viola o favor actoris: as normas processuais devem ser interpretadas de
forma a potencializar a tutela e nao a reduzi-la. Assim devemos lancar mao do principio
da adequaçãoo forma, 547 por a tramitaçãoo processual prevista na lei nao se adequar
as especificidades da causa.

Efeitos da Sentença:

I – Sentença de forma

Pode ter vários sentidos possíveis, absolviçãoo do exequente da instancia incidental,


quando o tribunal anule todo o processo de oposiçãoo á execuçãoo ou se verifique a
exeistencia de uma excepção dilatória relativamente á própria instancia de oposiçãoo á
execuçãoo. Neste caso a instancia executiva mantem-se. A sentenca fara caso julgado
formal, 620/1 pois recai unicamente sobre a relação processual, tendo força obrigatória
apenas dentro do processo.

II – Senteça de Merito

CASO PRATICO 18

Maria propôs acção executiva contra Nuno, munida de sentença que condenava
este a pagar àquela a quantia de 15.000 EUR.

Citado para a acção executiva, Nuno deduziu oposição à execução trinta dias
depois, com os seguintes fundamentos:
(i) A dívida fora parcialmente perdoada (no montante de 5.000 EUR) por
Maria já antes da propositura da acção declarativa, numa festa em que ambos se
encontravam, embora Nuno se tenha lembrado desse facto apenas agora. Nuno
afirma que a dívida foi parcialmente extinta, arrolando dez testemunhas que
também se encontravam na festa, apesar de não ter qualquer prova documental
para apresentar em oposição à execução;

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(ii) Nuno detinha um contra-crédito sobre Maria, cujo valor ascendia a


30.000,00 EUR, que se constituiu antes da propositura da acção declarativa, mas
que apenas se tornou exigível na pendência da acção declarativa. Nuno
apresentou um documento a provar a sua pretensão, que revestia todos os
pressupostos de exequibilidade extrínseca e intrínseca. Tendo em conta o
exposto, pretende compensar a sua dívida remanescente de 10.000,00 EUR e
apresentar reconvenção quanto aos restantes 20.000,00 EUR;
(iii) Nulidade da citação para a acção executiva.

DAVID REIS

1º perceber o momento prévio á execução á oposição que é a citação. (é aqui que


incide os casos práticos), relativamente ao despacho de citação. Saber se os termos
em que o despacho de citação foi feito preenche os requisitos presentes na lei.

Na execução com citação previa á penhora (ordinária) a citação é feita nos termos
gerais que devera ser realizada pelo AE, 719/1, por via postal, 228. Se a citação se
frustrar, a mesma é feita mediante contacto pessoal do AE com o executado, 249. Se
no prazo de 30 dias não se concluir a citação, o AE deve informar o exequente e
decorridos mais 30 dias se informe o juiz de execução, 266/2 e 3. Pode haver lugar á
citação por edital electrónica, art. 11 e 12 portaria 282/2013 de 29/08.

CITAÇÃO

Efeitos da citação:
- efeito processual principal que é o da constituição da relação jurídica
processual entre o executado e o tribunal, 259/2
- efeito processual secundário é o da litispendência: o credor esta impedido de
colocar uma nova execução contra o autor com o mesmo objeto processual, ainda que
o titulo seja diferente.
- Efeito material: colocar o réu devedor em mora no caso das obrigações puras,
805CC e 610/2 al b). É com a citação que se vence a obrigação.

Falta ou nulidade da citação:


- a falta de citação encontra-se no art. 188 e a nulidade no 191. Tem lugar
quando não hajam sido, na sua realização, observadas as formalidades prescritas na
lei.
- a falta de citação pode ser arguida pelo executado a todo o tempo, 198/2 e
851/1, caso tenha ocorrido à revelia, ou mera ineficácia da citação (quando executado
é citado 2 vezes nos mesmos termos e para o mesmo processo).
- Se o executado intervir na causa sem arguir, a falta de citação sana-se, 188
(por exemplo comparecer em tribunal ou indicar bens a penhorar).
- A nulidade da citação pode ser arguida no prazo da oposição. Se for por
nulidade de citação edital ou quando não foi estipulado prazo para a defesa, esta pode
ser arguida quando da primeira intervenção do citado no processo, 191/2 e 3.
- A falta de arguição da nulidade dita a sua sanação, salvo no caso do 191/2-
2ª parte, por ser de conhecimento oficioso, ex vi 196.

A falta e a nulidade de citação edital do executado, por regra geral, é de conhecimento


oficioso, 196 e 191/2 – 2ª parte.
As restantes nulidades de citação carecem de arguição segundo art. 851/1.
A arguição da nulidade de citação só é atendível quando a sua falta puder prejudicar
a defesa do citado. Se a arguição de nulidade for julgada procedente, anula-se tudo o
que se tiver praticado no processo. O RE permanece eficaz, porem graças aos art. 187
in fine e 195/2 – 1ª parte.

O requerimento de arguição de nulidade ou falta de citação pode ser deduzido mesmo


depois do fecho da execução, em que o executado haja sido revel, configurando-se
num ato processual póstumo e que determina a reabertura da instancia.. a venda
executiva, caso já tenha ocorrido, será igualmente anulada, 839/1 al. B).

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P.E. no caso em que a secretaria envia o processo ao AE para penhora imediata, em


vez de remeter ao juiz para despacho liminar, 726/1, devemos aplicar o 193, podendo a
parte prejudicada invocar o vício até ao termo do prazo para deduzir oposição à
execução, ex vi 19871. O tribunal pode no entanto conhecer o erro da forma de
processo oficiosamente segundo o art. 196.

OE

Os fundamentos para deduzir oposição divergem consoante o titulo executivo em


causa, exequibilidade intrínseca e extrínseca do titulo executivo, saber se aquele
titulo executivo é ou não susceptivel de ser fundado para a ação executiva (art. 703 e
explicar TODA ESTA MATERIA).

A razão pela qual os fundamentos de oposição a execução aplicados quando estamos


perante uma sentença são menores do que noutros títulos não judicial, pois quando o
titulo executivo é uma sentença pressupõem que anteriormente já houve ação
declativa, e se houve ação declativa já houve principio do contraditório, já foi dada uma
hipótese de ser exercido, outro ponto é o fato de que a sentença faz caso julgado em
relação á matéria de facto, pois já passou no crivo da contestação, dar aqui a
possibilidade do executado se manifestar novamente estaríamos perante um recurso.

Fundamentos para oposição:

A- Dedução de exceção dilatória: 729 al. C) por remissão do 730, 731 e 857/1:
o incompetência do tribunal quer absoluta quer relativa
o nulidade de todo o processo
o falta de personalidade ou capacidade judiciaria de alguma das partes
o ilegitimidade de alguma das partes
o coligação indevida: quando entre os pedidos não exista conexão exigida, 56/1
o falta de constituição de advogado, 58
o a litispendência 564/1 c), 577 i), 580 e 582/1 e 2.
Alguns deste vícios são sanáveis, &7” (principio da oficialidade), devendo o juiz
promover oficiosamente a sua correção.

B- Inexistência, inexequibilidade ou invalidade formal do titulo


pode ser arguida a inexistência do titulo ou inexistência de aparência mínima de titulo,
ou seja anão verificação dos pressupostos do 703 a 708, como a sua inexequibilidade.
A alegação deste vício ao abrigo do 729 por remissão 730, 731 e 857/1 configura
materialmente numa defesa por impugnação, já que o executado nega o fato da
existência do documento ou do seu valor jurídico.

Se for uma sentença esta será inexequível se não conter uma condenação, não estiver
assinada pelo juiz, esteja pendente de recurso com efeito suspensivo, 704/1 e 647/2 a
4., tenha sido revogada em recurso, sendo estrangeira não tenha sido revista pela
relação, 978/1, 979.

Vícios que se podem alegar referentes à ação declativa que da origem ao titulo:
- exceções dilatórias, 727/f)
- nulidades originarias como a falta de citação para a ação declarativa, quando o
réu não tenha intervindo no processo, 729 d);
- falsidade do processo ou sentença, 729/b) – 1ª parte que influenciem no
processo executivo;
- nulidades ou anulabilidades de confissão na sentença homologatória, alínea h);
- anulabilidade da sentença arbitral, 730
estes vícios não podiam ter ser alegados na ação declarativa ou na injunção, por isso,
a lei admite que seja excecionado o Principio da Preclusão ou da Imutabilidade do caso
julgado.

C - Incerteza, inexigibilidade ou liquidez da obrigação, 713


- São fundamentos de oposição, 729/ al. E) por remissão do 730, 731 e 857,
caso não tenham sido supridas na fase introdutória da execução. A inexequibilidade

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consubstancia numa defesa por exceção perentória impeditiva relativa á exequibilidade


do crédito. Por outro lado a alegação de incerteza ou de iliquidez é uma defesa por
impugnação quanto ao quid e ao quantum do crédito.

D- factos impeditivos, modificativos ou extintivos e impugnação do crédito


exequente:
- além da inexigibilidade, incerteza e iliquidez, podem ainda o executado apresentar
outros fatos impeditivos, modificativos ou extintivos para defesa por exceção
perentória, 576/3.
Aplicado o art. 729/ al. G) para onde remetem os art. 730, 731 e 857. Alguma
jurisprudência defende que esses factos devem ter existência atual no momento em
que são invocados, não podendo estar dependente de um evento futuro e incerto.
- os factos impeditivos consubstanciam a existência originaria da obrigação
seja por:
o falta ou nulidade formal do titulo material ou executivo
o nulidade não formal
o falta de causa do aceite da letra ou livrança.

- os factos modificativos podem ser:


o a modificação do contrato por alteração das circunstâncias, tanto na oposição á
execução como em sede do 731, pois poderia ser deduzida na contestação.
o Existência de uma condição suspensiva que excecionou o não cumprimento
o A substituição do objeto da prestação ou do direito real
o a alteração das garantias

- os factos extintivos (inexistência da obrigação), 729/ al. E9 podem ser:


o comuns: por exemplo a anulabilidade por incapacidade do devedor, 731
o específicos: quanto as pretensões creditícias:
 o cumprimento, ou qualquer outra causa de extinção da obrigação como, a
compensação, (847 CC - que tanto pode ser anterior á execução como por meio da
petição á oposição), a dação em cumprimento (837 CC), a consignação em deposito
(841CC), a novação (857), a remissão (863) e a confusão (868).
 Impossibilidade objetiva de cumprimento da prestação, 790/1 CC
 A prescrição da divida pelo decurso do prazo ordinário, ex vi 331 CC, sem
prejuízo dos prazos mais curtos para as obrigações cambiarias.
 A extinção da causa do aceite ou de um reconhecimento de divida
 Falta de protesto

: quanto as pretensões reais:

 Causa de extinção de um direito, além da anulabilidade, p.e. 1476 CC


 A usucapião
Ainda assim o executado por impugnar a realidade dos factos constitutivos do crédito
que o autor apresenta no titulo executivo.

Através da dedução á oposição a execução o executado vai à ação executiva e


portanto constitui-se através da oposição á execução a relação jurídica ou processual
entre o tribunal e o executado.

Efeitos da dedução á execução:

A sentença de oposição deve ser proferida no prazo máximo de 3 meses contados a


partir da data da petição de oposição á execução, 723/1 b)

A sentença de oposição é impugnável nos termos gerais, cabendo recurso de apelação


tanto pelo 922 – B/1.

Havendo absolvição da instancia numa oposição à execução, o executado não pode


propor nova ação pois estaria fora do prazo processual fixado na lei, prof. RP não
concorda pois viola o favor actoris: as normas processuais devem ser interpretadas de

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forma a potencializar a tutela e não a reduzi-la. Assim devemos lançar mão do principio
da adequação forma, 547 por a tramitação processual prevista na lei não se adequar
as especificidades da causa.

Efeitos da Sentença:

I – Sentença de forma

Pode ter vários sentidos possíveis, absolvição do exequente da instancia incidental,


quando o tribunal anule todo o processo de oposição á execução ou se verifique a
existência de uma exceção dilatória relativamente á própria instancia de oposição á
execução. Neste caso a instancia executiva mantem-se. A sentença fara caso julgado
formal, 620/1 pois recai unicamente sobre a relação processual, tendo força obrigatória
apenas dentro do processo.

II – Sentença de Mérito

ANA LEAL

Fundamentos da OE.
Devemos saber se o fundamento poderia em abstrato ser invocado, e se o fundamento
é admissível no caso concreto.

OE baseada em requerimento de injunção.


Os fundamentos da OE dividem-se em função de termos títulos judiciais 729
(sentenças condenatórias), títulos extrajudiciais 730 (sentenças arbitrais) e injunções
857.

Nos títulos judiciais temos uma taxividade de fundamentos e não mais do que os que
estão previstos no 729. Na alínea g e h deste artigo, temos causas de restrição de um
titulo judiciário. Na alínea g) temos uma limitação temporal. O legislador diz que se o
executado já teve a oportunidade de se defender na ação declarativa uma vez que
temos o principio da concentração de defesa e o respeito pelo caso julgado, não nos
podemos defender na ação executiva com factos que já nos devíamos ter defendido na
ação declarativa.
Temos um limite temporal, o executado apenas pode invocar fatos extintivos,
modificativos ou impeditivos em OE quando os factos sejam supervenientes, ou seja,
na superveniência objetiva, que são os factos ocorridos depois do encerramento do
processo na ação declarativa (audiência final) – POSICAO DO RUI PINTO, LEBRE DE
FREITAS SOBRE ADMISSIBILIDADE DA SUPERVENIENCIA SUBJETIVA.
A particularidade da alínea h), face à alínea g) do 729 é que a alínea h) nada refere
quanto à temporalidade (superveniência dos factos). O prof. LEBRE DE FREITAS diz
que a compensação de créditos deve ser admissível até ao limite de tempo que é
admitida a reconvenção, pelo principio da concentração da defesa, tem assim um limite
diferente da alínea g). A ideia subjacente a esta limitação é o respeito pelo caso
julgado, pois se não se defendeu na ação declarativa, tendo os factos já ocorridos, não
poderá agora defender-se na ação executiva, com base nesses factos.

Sobre os art. 729/g e 728/2


O art. 728/2 diz-nos que o prazo para a OE são 20 dias. Assim, imagine-se que no dia
1 houve citação, no dia 3 houve conhecimento de factos relevantes, segundo o 728/2 o
prazo de 20 dias começa a contar a partir do dia 3. No 729/g temos uma coisa
diferente, não podemos invocar factos que foram praticados na ação declarativa, de
acordo com a alínea g), os fatos que podem ser invocados na ação executiva, são os
que ocorrem depois do encerramento da discussão na ação declarativa.

Citado para a acção executiva, Nuno deduziu oposição à execução trinta dias
depois

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Estamos perante uma situação de extemporaneidade por violação do art. 228/1, a OE


apresentada no prazo de 30 dias, e não 20 dias. Em todo o caos para ser possível a
OE era necessário analisar os seus fundamentos.

trata-se de um titulo de execução baseado em sentença Conforme 703/1 a). Quanto


aos fundamentos alegados, estamos perante uma remissão de divida, segundo art.
729/g e h), que é um facto extintivo da obrigação exequenda.

Sobre o perdão da divida, aplica-se a alínea g) do 729, estamos perante um problema


de superveniência subjetiva culposa, visto o Nuno só agora se lembrar que
anteriormente, Maria o havia perdoado de parte da divida.

No ponto ii temos o caso da compensação do 729/h e no ponto iii o caso da nulidade


da citação para a ação executiva, que não é fundamento de OE. A nulidade da citação
para a ação declarativa é fundamento de OE, porque leva á anulação de todo o
processo. Ainda assim, neste caso, como Nuno se esta a opor, a nulidade de citação
fica sanada.

Se aparecer “ nulidade de citação para a ação executiva porque não foi previa à
penhora”. Aqui temos que ver se há problemas na OE, as consequências da nulidade
de citação e saber se devia ter sido citado previamente. Ou seja, analisar a tramitação
inicial da ação executiva. Por exemplo se for processo sumário não existe qualquer
nulidade na falta de citação antes da penhora, mas mesmo que houvesse nulidade da
citação, não existia fundamento para a oposição á execução, 851 e ss, na verdade só a
nulidade para a ação executiva é que é fundamento para OE.

1. Analise a oportunidade e a admissibilidade dos fundamentos e das


provas apresentados por Nuno.

2. Considere o fundamento (ii) apresentado por Nuno. Poderia Nuno


reconvir?

3 fundamentos
- perdão da divida
- compensação
- nulidade da citação

quando analisamos os fundamentos para a OE devemos fazer uma referencia à


admissibilidade geral do fundamento e depois ver, se no caso concreto, o fundamento é
ou não procedente, 729/g e h

i) Perdão parcial da divida


Ou remissão parcial da divida. Na alínea g temos um titulo que é uma sentença
judicial . temos 2 problemas: limitação temporal e a exigência de prova documental. Há
doutrina para os 2 problemas.
Neste caso pratico não se discute se estamos perante um facto objetivamente
superveniente, porque o facto ocorreu antes da prepositura da ação declarativa. O que
se pode discutir é se estamos perante um facto subjetivamente superveniente. Este
facto, no entanto, nunca poderia ser classificado como tal, porque o alegado
desconhecimento é culposo (Nuno conhecia o facto mas esqueceu-se). Para ser
superveniência subjetiva temos que estar perante um desconhecimento não culposo.
Neste caso não temos superveniência objetiva nem subjetiva e não aplicaríamos a
alínea g) do 729, não considerando a existência de um facto novo.
Há, no entanto, autores que entendem que, perante casos de superveniência subjetiva,
a mesma deve ser admitida na oposição à execução, segundo 729/g, esta é a posição
do prof. TEIXEIRA DE SOUSA. Que defende esta tese com base no recurso de revisão
696/1 c). Nestes casos de superveniência subjetiva temos a particularidade de não
bastar o desconhecimento, sendo igualmente possível as situações em que se tem
conhecimento do facto, mas que não é possível a utilização do documento probatório
do facto, fazendo uma equiparação total entre o 729/g) e o 696/1 c). Desta equiparação

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resulta que, sendo possível executar uma sentença que tem pendente um recurso de
revisão (exequibilidade provisória), o executado pode em alternativa ou
cumulativamente interpor recurso de revisão e OE, utilizando os mesmos fundamentos.
No entanto o recurso de revisão tem como particularidade não suspender o processo
de execução, 696/3. O prof. TEIXEIRA DE SOUSA faz ainda uma leitura alargada da
equiparação da OE com o recurso de revisão, fundamentando com recurso ao 728/2,
donde é feita uma cedência à superveniência subjetiva mas apenas para alargamento
de prazos e não para alargamento de fundamentos.

O prof. RUI PINTO entende que, se há um facto superveniente subjetivo, deve ser
interposto recurso de revisão e não se deve aplicar a situação presente no 729/g.

Quanto á prova documental, Nuno não tinha um documento mas sim o testemunho de
10 pessoas (atualmente no NCPC o numero de testemunhas não seria um problema,
ao contrario do antigo CPC donde a OE era processo sumário, logo na poderiam ser 10
as testemunhas. Atualmente este problema do n. De testemunhas não se coloca
porque é exigido prova documental). O prof. TEIXEIRA DE SOUSA critica a exigência
de prova documental, exceto para os casos da usucapião e prescrição porque são
factos de ocorrem pelo passar do tempo, ainda assim o prof. entende que não estamos
a falar de documentos que obrigatoriamente tenham que ser revestidos de forca
executiva. Contrariando a posição do prof. LOPES CARDOS que dizia que o
documento probatório do facto teria que revestir os mesmos requisitos que o titulo de
crédito, ora isto não faz qualquer sentido porque o âmbito da OE é o de uma ação
declarativa. De igual forma, o prof. LEBRE DE FREITAS diz que, nestes casos, o
documento a utilizar na OE não tem que ter força executiva. Apenas salientando a
necessidade de se admitir apenas prova documental, pois estamos perante a
manifestação do principio da autonomia da obrigação exequenda face ao titulo
executivo, não interessando a obrigação exequenda mas sim a existência de titulo
executivo, sendo certo que este titulo executivo só pode ser destruído com um meio de
prova igual ao do próprio titulo, ou seja, um documento, fazendo algum sentido a
posição do prof. Lopes Cardoso, ou seja que o documento probatório tivesse que
revestir os mesmos requisitos que o titulo de crédito, no entanto, esta exigência de
forma no documento probatório do facto não faz qualquer sentido, porque, como já
referi, o âmbito da OE é um processo declativo e não executivo.
Por fim, o prof. TEIXEIRA DE SOUSA afasta a exigência da prova documental,
questionando a constitucionalidade desta norma, pelo facto de estarmos perante uma
limitação ao direito de ação que se encontra constitucionalmente consagrado no art.
20. No entanto o prof. Faz um acrítica dupla pois critica o 729/g e o 696/1 c), porque o
696/1 c) exige igualmente prova documental. No entanto quando se trata de factos
instintivos da obrigação, o prof. TEIXEIRA DE SOUSA admite uma limitação no recurso
á prova testemunhal (exemplo do 395 CC em que o cumprimento não deve ser provado
com testemunhas).

Por fim, no nosso caso, o Nuno por não ter prova documental e não adotando a
posição do prof. TEIXEIRA DE SOUSA, o Nuno teria que pagar e depois recorrer a
uma ação declativa para restituição do indevido (LEBRE DE FREITAS), ou seja, para
que exista uma declaração do que foi prestado indevidamente, pois na ação declativa
já podia utilizar como prova as suas testemunhas.

ii) Sobre a compensação


Segundo o prof. Rui PINTO o limite temporal da alínea g) estende-se para a alínea h),
portanto quando estamos a falar de factos novos, temos como limite temporal o
encerramento do processo de declaração.

Em relação é compensação e segundo o prof. RUI PINTO e o prof. LEBRE DE


FREITAS, a prova não tem que ser documental, nem tão pouco que o documento tenha
que revestir a forma de titulo executivo, como menciona o caso pratico, tornando este
facto irrelevante. Pelo contrario é relevante a determinação da superveniência. A
compensação não é automática, depende de uma declaração, a declaração em sentido
técnico é que é o fato extintivo, e não o facto de haver um crédito ou um contra crédito
que se compensam automaticamente, na verdade o facto extintivo é a declaração, tal
como decorre do acórdão 16 á data da prepositura na pendência da ação declativa o

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crédito e o contra crédito já eram compensáveis, apesar de não terem sido


compensados, já estando reunidos todos os requisitos da compensabilidade (já estava
constituído e já existia exigibilidade judicial, que é diferente de exigibilidade em termos
de vencimento) o que aconteceu foi que na ação declativa não foi feita nenhuma
declaração da compensação pelo executado, seja enquanto objecção se fosse judicial,
seja enquanto exceção se fosse extrajudicial. Chegando á ação executiva decide
invocar a compensação, o exequente contesta dizendo que não podem ser invocada a
compensação pois a mesma deveria ter sido invocada na ação declativa. A executada
opõem-se dizendo que o que o art. 729/h diz é que os factos constitutivos da
compensabilidade já se tenha verificado e nunca proferiu a declaração da
compensação, nunca se verificou o facto extintivo. Concluindo, o que foi proferido em
vários acórdãos é que, para efeitos da superveniência, aquilo que releva não é a
declaração de compensação, mas sim o momento a partir do qual já estão verificados
todos os pressupostos de compensabilidade. Ou seja, a partir do memento que é
compensável, ou invoca na ação declativa ou já não pode invocar na ação executiva.
Por outo lado quando se tornam judicialmente exigível após o encerramento da
audiência final no processo declativo, a declaração já é invocável. O nosso momento
limite, e admitindo que não existe reconvenção na OE, segundo o prof. LEBRE DE
FREITAS é a fase da contestação (fase final dos articulados), mas como sabemos,
numa ação declarativa podemos ter factos supervenientes, (que são os que se
consideram supervenientes em relação á fase dos articulados) e portanto no caso de já
ser compensado na fase dos articulados, teria que ser compensado naquela fase. Não
podendo posteriormente à audiência final serem apresentados.
Por outro lado, se os factos relevantes, para a compensabilidade, apenas se
verificaram até á audiência final, temos que aplicar o regime da superveniência objetiva
e compensar nessa data. Não sendo permitido chegar a uma ação executiva com
factos ocorreram até ao encerramento da audiência final do processo, os factos
precludiram pois havia o ónus de compensar e não compensou
No acórdão ela defendeu-se dizendo que o facto extintivo era a declaração, e não os
factos constitutivos do contra crédito.
Quanto á compensação, temos compensação reconvenção e compensação exceção,
até ao limite da obrigação exequenda, porque estamos perante uma ação
funcionalmente acessória, não podendo mais ser pedido.

Ex. mútuo em tranches, o banco disponibilizou a primeira tranche e não houve


reembolso, não tendo disponibilizado as outras duas tranches. O executado opõem-se
e alega que é certo que o banco mutuou X e ele deve X, mas como o banco não
entregou as restantes tranches o executado alega que teve danos, que se reportavam
ao prejuízo de não ter conseguido construir um empreendimento turístico e perdido
todas as licenças de construção. Como teve damos, o executado pretendia em OE
pedir uma indeminização pelos danos provenientes do incumprimento do contrato e
depois disso, se for procedente pedir a compensação. O problema neste caso nada
tem a ver com a compensação, tem a ver com o facto do executado estar a aproveitar
a OE para constituir um contra crédito (que ainda não estava constituído, sendo que os
créditos indemnizatórios são constituídos pelo tribunal) e não pode faze-lo, pois isto é
uma reconvenção (típica da ação declarativa).
O contra crédito a compensar pode ser superior, mas apenas é compensável na parte
até ao montante em divida, não podendo o executado aproveitar o restante valor para
obter um titulo executivo a apresentar noutra ação.
Nota podemos compensar créditos ilíquidos, 847/3, só não podemos compensar
créditos que não são exigíveis judicialmente. A compensação fica dependente quer da
decisão quer da liquidação, assim, conclui-se que a liquidez não obsta á
compensabilidade

iii) Nulidade da citação


A nulidade de citação para a ação executiva não é fundamento para a oposição é
execução, ainda que possa ser invocada na mesma altura, aliás se o executado se
opõem á execução e não invoca a nulidade esta sana-se, segundo art. 189. No caso
estamos perante o regime especial, previsto no 851, onde tudo o que ocorre depois da
citação é nulo, apenas sobrevive o requerimento executivo.

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Também a nulidade da citação é fundamento de para admissão de recurso de revisão


de sentença o art. 696/a). Trata-se de um vício que não esta tipificado, logo não é
considerado fundamento, assim a nulidade da citação poderá ser arguida através de
requerimento, nos termos do art. 723/1 d) ao juiz. Pode ser arguida a todo o tempo, 851
e anula-se todo o processado posterior á citação.
Se o executado se opõem á execução e não invoca a nulidade de citação então esta
sanou-se nos termos do art. 189.

Caso Julgado
A sentença da decisão da OE faz caso julgado material, 732/5.
Quanto ao aproveitamento da decisão da OE, de um executado para outro, segundo o
Prof. RUI PINTO, se o fundamento alegado for comum aproveita-se, se o fundamento
não for comum, por exemplo impugnar a autenticidade de uma assinatura dizendo que
a mesma é falsa, esta será a assinatura apenas de um e não do outro que quer
aproveitar, logo nestes casos não aproveita. Pro exemplo se for um fiador e um
devedor principal, sendo os dois executados, se proceder a oposição do devedor
principal também aproveita ao devedor subsidiário.

3. Pronuncie-se sobre os efeitos do recebimento da oposição à execução


sobre a acção executiva em curso.

A oposição á execução é o meio processual pelo qual o executado exerce o seu Dto de
defesa ou de contradição perante o pedido do exequente.

O requerimento executivo corresponde ao impulso processual, 724, principio do


dispositivo, ou seja esta na disponibilidade das partes a susceptibilidade de avançar
para a ação executiva, reclamar junto do tribunal o que tem direito, que esta aliás
titulado.
O requerimento executivo vem do titulo executivo e tem 3 funções:
- configuração objetiva da instancia: esta em causa o objeto da ação executiva,
como o pedido e a causa de pedir. É no RE que eu formulo o meu pedido e declaro o
valor da causa;
- configuração subjetiva da instancia: está relacionado com a identificação das
partes, morada, NIF. Saber quem vai tomar a posição de executado e de exequente;
- preparação da penhora e do pagamento: se o que se pretende é a satisfação
do crédito, faz todo o sentido que logo no requerimento executivo indica o NIB para
poder ser ressarcido, bem como os bens a penhorar, 729/2. São atos que o requerente
vai praticar de modo a agilizar a penhora.

isto é importante porque se tem que perceber no momento da prepositura do


requerimento executivo o que é verdadeiramente a oposição à execução, para dizer
percebermos que tipo de processo estamos perante (ordinário ou sumário), se o
fundamento invocado procede ou não

Posteriormente, há um controlo administrativo liminar feito pela secretaria


(ordinária). Não é um mero controlo superficial, já há uma apreciação mais rigorosa,
725.

Seguidamente, o RE chega ao juiz, 726. Despacho de indeferimento liminar, 726/2.


Despacho de aperfeiçoamento, 726/4, pelo principio da economia processual 6/2 não
faz sentido destruir a ação executiva quando ainda poderá ser susceptivel de
aproveitamento. Despacho de citação do executado, 726/6 com remissão para o
728/1. Não havendo irregularidades, logo não havendo lugar a despacho de
indeferimento liminar nem de aperfeiçoamento, não há nada a sanar, o juiz vai citar o
executado para pagar ou se opõem.

A possibilidade que é dada para pagar origina a extinção da ação executiva.


Na oposição á execução o objetivo a extinção total ou parcial da ação executiva, é
uma manifestação contra a própria ação executiva, não é contra o ataque a certos
bens, é dizer que a ação executiva não é possível porque tu não es parte desse

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contrato, p.e. ou que o tribunal não é competente para colocar essa ação, logo o que
se pretende quando se alega incumprimento de pressupostos processuais o que se
pretende é a extinção da ação executiva, através do reconhecimento da falta de um
pressuposto ou da inexistência de um direito do exequente.

A oposição á execução configura por parte do tribunal uma atividade do tipo cognitivo,
sendo qualificada como uma ação declativa. Sendo uma ação declarativa ela corre por
apenso à ação executiva em que o executado poderá levantar questões que sejam de
conhecimento oficioso, poderá alegar fatos novos, poderá apresentar novos meios de
prova, poderá levantar questões de direito. A possibilidade que é dada ao executado na
oposição á execução obriga a uma apreciação cognitiva material ao tribunal, assim já
não estamos na lógica da ação executiva, mas sim uma apreciação de uma ação
declarativa com vista a aferir se a pretensão do executado tem ou não cabimento,
porque tendo culminara com a extinção da ação executiva.

A forma da oposição à execução é a forma única declarativa que pode ser deduzida no
prazo do 728/1 e 856, ou seja, no prazo de 20 dias. A OE é formalmente uma PI e
substancialmente uma contestação, constituindo o momento oportuno para deduzir
toda a defesa, 573.

No caso pratico, a OE foi deduzida fora do prazo do 728/1 tendo como consequência o
indeferimento liminar segundo 732/1-a), 590/1 e 6/2.
Recebida a OE a regra segundo o art. 733/1, é que não suspenda a marcha do
procedimento executivo, pois para que se suspenda é necessário preencher uma das
alíneas do 733/1.
O exequente será notificado para contestar no prazo de 20 dias, 732/2 e 225/2 ex vi
250. Na contestação o exequente pode impugnar exceções perentórias ou alegar os
factos contraditórios.
Caso não conteste, aplica-se o art. 567/1 e 485, considerando-se confessados os
factos articulados pelo opoente. Não se tem por confessados os factos que estiverem
em oposição com os expressamente alegados pelo exequente no requerimento
executivo.
Após a contestação seque-se os termos do processo sumário sem mais articulados,
732/2. Os bens são penhorados na mesma.

4. Sendo a oposição à execução procedente, comente as consequências


dessa procedência, considerando, em especial: (i) a natureza da sentença que
julgue a oposição à execução procedente; e (ii) a possibilidade de formação de
caso julgado material.

O prazo para a sentença ser proferida é de no máximo 3 meses, 723/1 b), sendo
impugnável nos termos gerais, podendo haver recurso de apelação segundo art 922/1
c) e 853/1.
As consequências da procedência da OE é a absolvição do executado na instancia
executiva ou a absolvição do pedido executivo inicial.
1) o exequente não é condenado no pedido, paga as custas da execução e da
oposição. 2) a execução extingue-se total ou parcialmente, 723/4. 3) a procedência
deve ser definitiva após o transito em julgado da decisão de embargos.

i) quanto á natureza:
A natureza da OE é declarativa,
há doutrina que entende que se trata de um processo declarativo constitutivo, porque a
procedência da mesma determina automaticamente a extinção de uma situação
jurídica, ou seja, da própria ação executiva. Donde, a própria sentença da procedência
produz efeitos jurídicos. O prof. LEBRE DE FREITAS entende que se trata de uma
ação decorativa de simples apreciação negativa, porque o que se reconhece é a
inexistência de um direito, neste caso de pretensão da exequenda. O prof. RUI PINTO
diz que é necessário saber qual o fundamento. Se o fundamento for de mérito, faz
sentido a posição do prof. Lebre de Freitas e igualmente considera que estamos
perante uma ação declarativa de simples apreciação negativa, uma vez que se diz que
“este direito não existe”. Mas quando a OE se fundamenta em critérios formais, como a
falta de um pressuposto processual, o prof. RUI PINTO, diz que ainda assim pode

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haver uma sentença de simples apreciação negativa, mas que não é reportada à
exequenda é reportada à falta de pressupostos processuais.

Quanto as sentenças homologatórias, estas são títulos executivos, alínea i),


existem fundamentos próprios para a OE porque podemos aplicar todo o regime de
vícios de conteúdo, vícios de vontade e tudo o que pode levar á nulidade ou
anulabilidade do próprio acordo homologatório.

Quando o titulo é extrajudicial aplicamos o art. 731, que não tem uma limitação
temporal, porque não houve uma ação declarativa previa, assim é possível na OE
deduzir qualquer defesa que poderia ter sido deduzida no processo declarativo, 731.
Em regra, o que se faz é, se um fundamento estiver incluído n 729 fazemos referencia
ao art. 729/1 c) ex vi 731.
ii) possibilidade de produzi caso julgado:
Posição positiva do prof. Castro Mendes:
- a sentença de procedência por inexequibilidade do titulo executivo, por
incerteza o iliquidez da obrigação exequenda determina a absolvição da instancia
executiva.
- Outros fundamentos (ex. factos modificativos, impeditivos ou extintivos) levam
à absolvição do pedido executivo com valor de caso julgado material.
Posição negativa:
- a sentença que julgar os embargos do executado improcedentes não pode
atribuir força de caso julgado material.
- O caso julgado material dos embargos diz apenas respeito à sua precedência e
não aos fundamentos (existência de crédito).
- Os fundamentos não fazem caso julgado.
Posição do prof. RUI PINTO:
- concorda com Castro Mendes no sentido de se poder isolar alguns
fundamentos, pelo que a sentença alcança valor de caso julgado, 619/1.
- A decisão respetiva conhece qualidade de caso julgado formal enquanto
pronuncia sobre , se aquela execução, conhece das condições que permitem a sua
admissibilidade, sendo o executado absolvido da instancia.
- A decisão sobre a existência e validade da obrigação exequenda também pode
alcançar valor de caso julgado material, caso seja declarada inexistente a divida (o
próprio objeto da decisão da divida) ganha força de caso julgado material.

A coisa julgada que se estabelece com a sentença que julga os embargos fica restrita
aquele processo (eficácia preclusiva da coisa julgada9 não impede a discussão e
apreciação das mesmas questões. Ou seja por regra não faz caso julgado, a não ser
que a lei o indique, 732/5. Porque É uma aço acessória e tem o prazo de 3 meses,
seria muito discutível que podíamos executar o exequente em 3 meses, também por
ser um processo acessório por regra não faz caso julgado material, só vale dentro da
própria ação, logo não podíamos obter um título executivo contra o credor. A oposição e
uma ação de defesa e de contra ataque. Nem tão pouco o exequente pode na sua
contestação reconversão contra o executado.

5. Imagine agora que Nuno não deduziu oposição à execução, apesar de


regularmente citado para o efeito. Encontra-se numa situação de revelia? A sua
resposta seria a mesma se, tendo Nuno deduzido oposição à execução, Maria
não contestasse?

À decisão condenatória no pagamento de quantia certa aplica-se a forma sumaria,


626/2. À execução sumaria aplicam-se subsidiariamente as disposições do processo
ordinário, 551/3.

A principal finalidade da OE é a extinção da execução.. a OE constitui uma verdadeira


ação declativa que corre por apenso ao processo executivo e que constitui também
uma contra- acção que visa impedir a produção dos efeitos do titulo executivo. Por esta
razão a OE corresponde formalmente a uma PI de uma ação declarativa, pelo que a
dedução da mesma não representa um ónus de contestação ou de impugnação do réu,

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consequentemente, a omissão da OE não constitui o eu numa situação de revelia, ao


contrario do que sucede com a falta de contestação na ação declarativa.

A única consequência da não OE dentro do prazo legalmente previsto será a preclusão


do direito processual de invocar factos que em processo declarativo constituíram
matéria de exceção e que por isso, poderiam ser vantajosos para a defesa do
executado e, consequentemente, para a extinção da execução.

Pelo contrario, se Nuno deduzisse OE e nada contestasse, aplica-se o art. 732/3 que
remete para os art. 567/1 e 568. A aplicar-se o 567/1 (estabelece os casos de revelia
operante) considerar-se-iam admitidos os facto alegados na petição de OE, com
exceção dos factos que estivessem em oposição com os expressamente alegados pelo
exequente no requerimento executivo, de acordo com o 732/3. No entanto este artigo
remete igualmente para o 568 (que prevê os atos de revelia inoperante), neste caso
poderá ter aplicação o art. 568 d), na medida em que estão em causa factos alegados
pelo executado na OE, que como prova se exige documento escrito.

As consequências seria a não aplicação do 567/1 ou seja, não seriam admitidos os


factos alegados na petição da OE.

6. Imagine que Nuno pretendia opor-se à execução com base em


fundamentos cuja demonstração não carecem de prova. Considera a oposição à
execução o meio mais adequado?

Este é um dos casos em que não é necessário produzir prova. Por exemplo, o
exequente engana-se nas contas. Assim, quando estamos perante uma liquidação mal
feita, o que se faz é um requerimento para o juiz, não é uma OE. Não há necessidade
de uma ação declarativa visto não ser necessário produzir prova, 723/1 d).

Não obstante o 729 ser taxativo, tal não significa que não possam existir outros vícios
não revistos neste artigo em que o executado possa se basear para alegar a sua
defesa.
O prof. LEBRE DE FREITAS identifica como exemplo as situações de erro na forma de
processo ou a falta de indicação do valor da causa no requerimento executivo.

Através da oposição por simples requerimento é garantido o Dto de defesa dp


executado e o cumprimento do principio do contraditório , tendo a vantagem de ser um
meio mais simples e menos complexo, concretizando-se desta forma, o principio da
economia processual e da adequação formal do art. 547.

7. Considere agora os seguintes dados: (i) a acção executiva provocou


danos sérios na esfera jurídica de Nuno; (ii) a oposição à execução promovida
por Nuno foi parcialmente procedente (apenas procedeu o fundamento (ii),
embora tenha sido rejeitada a reconvenção). Pode Nuno formular um pedido
indemnizatório contra Maria? E pode fazê-lo numa acção declarativa autónoma?

A responsabilidade do exequente no processo sumário encontra-se prevista no art.858,


esta norma tem como finalidade tutelar o devedor que foi executado com base na
mera aprecia de uma divida e que não teve a possibilidade de exercício prévio do seu
direito ao contraditório, uma vez que, como se sabe, na forma de processo sumário, a
penhora tem lugar sem citação previa do executado.

No entanto para se efetivar a responsabilidade do exequente é necessário que se


verifique alguns dos seguintes requisitos:

1- em 1º lugar é necessário que a OE seja julgada procedente, ainda que de uma


forma parcial (como acontece na nossa hipótese), desde que exista efetivamente um
dano associado ao excesso de execução, no nosso caso, ao excesso da divida
exequenda. O AC. Tribunal da Relação de Coimbra de 13 de Maio 2014, diz que não é
suficiente a procedência parcial da OE.
Não é necessário que tenha havido efetivamente penhora dos bens (neste caso não
sabemos se houve ou não penhora), pelo que, o exequente pode ser responsabilizado

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mesmo sem a penhora previa, existindo a penhora como pressuposto para a


responsabilização do exequente.

2- em 2º lugar é necessário que se verifiquem ainda outros pressupostos, como a


existência de um acto danoso, de culpa do exequente com nexo causal de dano na
esfera jurídica do executado.
O acto danoso será o acto de penhora (se já tivesse sido efectuado) ou o acto de
simples constituição do devedor como executado, tendo em conta os custos que este
terá de suportar com a sua defesa.

Em relação á culpa, esta consiste no facto de o exequente não ter atuado com a devida
providencia na prepositura da ação, nomeadamente quando o exequente sabia ou não
podia ignorar que a execução em causa era ilegal. A existência de culpa caracteriza a
responsabilidade aqui em causa como responsabilidade civil subjetiva, ou seja,
extracontratual, não bastando assim, a mera procedência parcial ou total da OE. Terá
sempre que se provar a culpa do exequente.

Neste caso tenho algumas duvidas em considerar que Maria agiu com culpa. Poderia
haver culpa se o 1º fundamento da oposição tivesse procedido ou se a divida já tivesse
sido compensada.

E pode fazê-lo numa acção declarativa autónoma?

Quanto a esta questão o prof. RUI PINTO remete para o AC. Da Relação do Porto de 2
de fevereiro 2007, segundo o qual a lei não determina expressamente que o direito do
executado, à reparação dos danos deva ser exercido na própria OE ou em ação
autónoma., ou seja, não há qualquer indicação na lei quanto a esta questão.
Já no AC da Relação de Lisboa de 17 setembro 2009 é referido que o executado pode
formular o pedido de indeminização nos autos de OE.

Não obstante este entendimento jurisprudencial, segundo o prof. RUI PINTO, o fato de
ser formulado o pedido de indeminização na própria OE leva a que se perlongue o
processo executivo que, neste caso, se deve extinguir por falta de causa.

Concluindo, Nuno poderia formular o pedido de indeminização numa ação declarativa


condenatória autónoma.

Caso prático 20

Em acção executiva proposta por Rita contra Sofia, com base num requerimento
de injunção ao qual foi aposta fórmula executória, Sofia opõe-se à execução com
base nos seguintes fundamentos:
(i) Não fora notificada em sede de processo de injunção;
Fundamentos das OE injunções, 857/1 remete para 729/d. 191 (nulidade da citaçãoo)

(ii) A dívida em causa encontrava-se prescrita já antes da aposição de


fórmula executória ao requerimento de injunção.

A prescrição nao é de conhecimento oficioso, 303 CC. Saber se este facto é


aproveitável ao 729/g em virtude da perculsão. Estamos num processo de injunção,
desde que seja feita uma regular citaçãoo, tem o prazo da contestaçãoo. No caso nao
hove citaçãoo reguçar, sendo um facto subjetivamente superveniente à luz do 729/g,
pois nao foi envocado na altura da deduçãoo da oposiçãoo, mas sem culpa.
Acrescenta-se o art. 857/2 e nao o 857/3 porque esta exceçãoo nao é de conhecimento
oficioso.

1. Pronuncie-se desenvolvidamente sobre a defesa de Sofia.

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2. A sua resposta seria diferente se Sofia tivesse sido regularmente


notificada em sede de processo de injunção?

Temos os casos em que os factos alegados são de conhecimento oficioso, mas é


característico do processo de injunção a não intervenção do juiz no processo se não
existir contestação. Nestes casos a secretaria nada pode fazer se estivermos perante
um facto de conhecimento oficioso num processo de injunção, pois o mesmo só pode
ser alegado na OE. Nestes casos dá-se a hipótese do executado dar conhecimento de
um facto impeditivo, extintivo ou modificativo de conhecimento oficioso por oposição á
execução. Se o executado nada fizer, mesmo sendo um facto de conhecimento
oficioso. É neste ponto que os autores referem os problemas de constitucionalidade da
OE da injunção quando equipara a uma sentença, ou seja o antigo 814/2 em oposição
ao novo 857.

Neste ponto é necessário ter em atenção que há muitas situações em que, mesmo não
sendo de conhecimento oficioso, o juiz pode notificar o executado para se prenunciar
sobre algum dos factos alegados, como por exemplo os prazos de prescrição que não
são de conhecimento oficioso.

Caso das injunções, 857


Ex. caso meo. Eu altero de residência e não comunico á operadora, entretanto deixo de
pagar um contrato que me obriga a fidelidade de 24 meses. A meo coloca uma ação de
injunção e como mudei de morada e mesmo sendo citado, não vou receber as cartas,
só dou conta quando me é penhorado o vencimento quando os clientes quiseram na
OE invocar que não tinham recebido qualquer carta. Sendo certo que existe uma
norma que diz que as cláusulas de fidelização são nulas, mas só podem ser alegadas
no processo declarativo. Mas como o processo é injuntório não há processo
declarativo. Ainda que a nulidade da cláusula seja de conhecimento oficioso (não
necessita de ser invocada) e o não recebimento da carta pode ser justificado por justo
impedimento, estamos no fundo a equiparar as injunções ás sentenças da alínea h) do
729. Esta situação ficou resolvida com o novo 857, que diz que quando a ação se
baseia no requerimento de injunção, pode o réu invocar todos os fundamentos
previstos no 729. Podendo igualmente invocar o critério do justo impedimento
(alteração de morada, férias, doente etc.).

Caso prático 23

Vasco, casado com Xica no regime geral da comunhão de bens, adquiriu


diversos electrodomésticos para equipar a casa que comprara com Xica, pelo
valor global de 50.000,00 EUR, tendo pago através de cheque à ordem de Wortin.
No acto da compra, Zito, pai de Vasco, foi parte no contrato, na qualidade de
fiador.
Todavia, dois dias depois, a Wortin verificou que o cheque não tinha provisão,
razão pela qual intentou imediatamente uma acção executiva contra Zito,
requerendo a dispensa de citação prévia de Zito.

1. Poderia a Wortin propor acção executiva apenas contra Zito? Pronuncie-


se desenvolvidamente sobre a legitimidade passiva de Zito e sobre os seus
meios de tutela.
Legitimidade de Zito: responsabilidade subsidiaria subjetiva, Zito é titular passivo de
uma obrigação acessória da do devedor principal e pode exigir a excussão previa do
património do devedor principal antes de os seus bens responderem pela divida, 627/2
e 638/1 CC.

Na hipótese a Workin requereu a dispensa de citação previa de Zito, devedor


subsidiário, assim a penhora dos seus bens tem lugar logo após a excussão do
património de Vasco. A citação só é dispensada nos casos em que a Wortin provar que
Zito renunciou ao beneficio da excussão previa, nos termos do art. 640/ a) CC.

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Meios de tutela de Zito: na hipótese a execução foi movida apenas contra Zito, devedor
subsidiário, podendo este invocar o beneficio da excussão previa, e obter a suspensão
da execução até que a Wortin requeira a citação do devedor principal que consta do
titulo executivo extrajudicial, cheque, de forma a poder excutir primeiro o seu
património.

Quanto á forma de fazer valer o beneficio da excussão previa, Zito pode faze-lo através
de requerimento, no prazo para embargos de executado do art. 745/1.

2. Considere agora que a Wortin, não tendo título executivo contra Zito,
intentou uma acção declarativa apenas contra este, e que este, enquanto fiador,
foi condenado a responder pela dívida contraída por Vasco. Mudaria alguma
coisa na sua resposta à questão anterior?

Se na ação declarativa não tiver intervindo o devedor principal, e assim resulte uma
sentença onde só aparece Zito como devedor, o beneficio da excussão previa não
pode ser invocado, porque o réu, na ação declarativa não chamou o devedor principal
Vasco, nos termos do 316/3 a), a menos que na ação declarativa, Zito tenha declarado
expressamente que não pretendia renunciar ao beneficio da excussão previa, art. 641/2
CC.

3. Explique a diferença entre os conceitos «excussão prévia» e


«insuficiência de bens», bem como a sua relevância na penhorabilidade
subsidiária.

Excussão previa: o devedor subsidiário pode exigir o esvaziamento do património do


devedor principal ates dos seus bens responderem pela divida, 627/2 e 638 CC.

4. Imagine que Zito revelou ao agente de execução que Vasco escondia


jóias bastante valiosas num cofre em sua casa. O agente de execução
desconsiderou as indicações de Zito, acabando por concluir que o património
do(s) devedor(es) principal(ais) é insuficiente. Quid juris?

Após aparentemente serem excutidos os bens do devedor principal e dirigida a


execução contra os bens do devedor subsidiário, podia Zito indicar bens do devedor
principal que tenham sido posteriormente adquiridos ou que não fossem conhecidos, e
assim suspendendo a execução dos seus bens, 745/4. O AE devia proceder à penhora
destes bens, mas na hipótese não o fez, neste caso, Zito pode mais tarde vir a opor-se
à penhora dos seus bens, com fundamento no art. 638/2 CC (não satisfação do crédito
por culpa do exequente, ao qual será ser dado conhecimento da indicação de bens
feita pelo devedor subsidiário).

5. Imagine ainda que, para garantia da dívida de 50.000,00 EUR, Urraca, mãe
de Xica, hipotecou o seu T0 dois dias depois da constituição da fiança. Esta
hipoteca favorece, de algum modo, Zito?
As regras da penhorabilidade subsidiária também podem ser aplicadas em
execução de dívida com garantia real que onere bens pertencentes ao devedor?

Na execução de divida com garantia real (hipteca da casa feita por Urraca), a penhora
de bens pertencentes a terceiros só pode valor apos se verificar a insuficencia dos
bens do devedor principal, 752/1. A regra da penhorabilidade subsidiaria nao tem lugar
quando, incindido a garantia sobre bens de terceiro, a prepositura da execução tenha
lugar so contra o devedor principal. Assim no caso de garantia real constituida no
proprio processo executio, 887/3 com as consequencias do n. 4.

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