12 - São Paulo PDF
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Orientações Didáticas
Professor Alfabetizador – 1o ano
Volume Único
4a edição
(versão revisada e atualizada)
PROFESSOR(A): _____________________________________________________________
TURMA:_____________________________________________________________________
Este material foi impresso pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, por meio da Imprensa
Oficial do Estado de São Paulo, para uso da rede estadual de ensino e das prefeituras integrantes do
Programa de Integração Estado/Município – Ler e Escrever, com base em convênios celebrados nos
termos do Decreto Estadual no 54.553, de 15/7/2009, e alterações posteriores.
Inclui bibliografia.
CDU: 372.4(815.6)
Herman Voorwald
Secretário da Educação do Estado de São Paulo
Bom trabalho!
Equipe CEFAI
Bloco 1 – Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
A criança e suas especificidades .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Modelo de ensino e de aprendizagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Concepção de alfabetização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
A ação do professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
ANEXOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 329
Anexo 1 – Explicação e orientação sobre escrita coletiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . 331
Anexo 2 – Situações de ditado para o professor – produzir textos antes
de saber escrever. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 336
Anexo 3 – Regras de brincadeiras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337
Anexo 4 – Imagens de brincadeiras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 339
Anexo 5 – Curiosidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 344
Anexo 6 – Lista de palavras de origem indígena. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 346
Anexo 7 – Textos para serem lidos pelo professor – mitos. . . . . . . . . . . . . . . . . 348
Anexo 8 – Brincadeiras e jogos infantis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 350
1
VAMOS COMEÇAR ESCLARECENDO. Este é
um guia para seu planejamento. E não “o seu
planejamento”, todo ele já descrito, passo a
passo. Pelo contrário, como guia, este mate-
rial orienta, indica caminhos possíveis, propõe
alternativas...
2
O USO DESTE GUIA ESTÁ VINCULADO À SUA
FORMAÇÃO. Este material deverá ser tratado
como subsídio para discussões nas Aulas de
Trabalho Pedagógico Coletivo – ATPC. Do mes-
mo modo, ele será tratado na formação que
os professores-coordenadores estão fazendo
junto à equipe do Programa Ler e Escrever. Ou
seja, ele não está pronto e acabado – é, sim,
ponto de partida para reflexões das equipes
das escolas.
3
O PLANEJAMENTO DO TRABALHO EM SALA
DE AULA É FRUTO DE UM PROCESSO COLETIVO
que se enriquece e amplia à medida que ca-
da professor, individualmente, avança em seu
percurso profissional. Converse, compartilhe e
debata com os demais professores, principal-
mente os do 1o ano.
Uma menina, já próxima aos 6 anos, respondeu, assim, à seguinte pergunta: “Por
que a Lua não cai em cima da Terra?”
– A Lua... né... ela já foi impedida várias vezes... é... com o Sol. Aí a Lua fica mais
alta que o Sol pra poder os dois não brigar. Porque... é... a Lua já tinha nascido
antes do Sol... aí começou uma briga de quem era mais velho... daí por isso que
a Lua foi pra cima.
– E como é que ela foi impedida?
– Impedida por a mãe do Sol... falou que ele era mais velho e aí a mãe do Sol
arrastou muitas vezes a Lua, né... aí a Lua se machucou e não pôde mais andar...
aí ela ficou lá no mesmo lugar.1
Concepção de alfabetização
1 Fala extraída da fita de vídeo Do outro lado da Lua, de Regina Scarpa e Priscila Monteiro.
A escola pode organizar um espaço que seja propício ao uso das práticas
sociais da leitura e da escrita, tanto do ponto de vista físico (textos e tabelas cola-
dos nas paredes) quanto do ponto de vista do uso dessas práticas (leitura em voz
alta pelo professor de variados gêneros, manuseio de materiais impressos como
livros, revistas e outros, as rodas de apreciação e indicação de leituras, produção
de textos, entre outras), de modo que os alunos possam interagir intensamente
com a utilização de textos dos mais variados gêneros, identificar e refletir sobre
seus diferentes usos sociais, produzir textos e, assim, construir as capacidades
que lhes permitam participar das situações sociais pautadas pela cultura escrita.
A ação do professor
Listas sugeridas
■ As sondagens deverão ser feitas no início das aulas (em fevereiro), início
de abril, final de junho, ao final de setembro e ao final de novembro.
■ Primeiro faça a sondagem com todos os alunos para identificar os que
ainda não escrevem alfabeticamente. Com esses, repita posteriormente a
avaliação, com um aluno de cada vez, acompanhando o que ele escreve,
pedindo que leia o que escreveu e anotando os detalhes de como realiza
a leitura. Deixe o restante da turma envolvido com outras atividades que
não solicitem tanto sua presença. Se necessário, peça ajuda ao diretor, ao
professor-coordenador ou a outra pessoa que possa lhe dar esse suporte.
■ Dite normalmente as palavras e a frase, sem silabar.
■ Observe as reações dos alunos enquanto escrevem. Anote aquilo que
eles falarem em voz alta, sobretudo o que eles pronunciarem de forma
espontânea (não obrigue ninguém a falar nada).
■ Quando terminarem, peça para lerem aquilo que escreveram. Anote em
uma folha à parte como eles fazem essa leitura, se apontam com o dedo
cada uma das letras ou não, se associam aquilo que falam à escrita, etc.
■ Faça um registro da relação entre a leitura e a escrita. Por exemplo, o
aluno escreveu K B O e associou cada uma das sílabas dessa palavra a
uma das letras que escreveu. Registre:
K B O
BNTAGYTIOAMU
■ Se algum aluno se recusar a escrever, ofereça-lhe letras móveis e proceda
da mesma maneira.
Considerando que não é indicado atuar com as crianças dessa faixa etária
em aulas estanques de 50 minutos com alguns poucos minutos de recreio, será
necessário organizar uma rotina mais flexível.
Leitura1 pelo Leitura pelo Leitura pelo Leitura pelo Leitura pelo
professor professor professor professor professor
Produção de
texto por meio
Leitura pelo aluno
do ditado ao
(listas, textos que
professor
se sabem de cor)
(bilhetes,
legendas, contos)
INTERVALO/RECREIO
Atividades de Atividades de
Escrita pelo
escrita escrita
aluno: listas,
ou leitura de ou leitura de
títulos e outros
nomes (próprios nomes (próprios
textos.
e dos colegas) e dos colegas)
1 A atividade de leitura em voz alta pelo professor deve ocorrer diariamente com prioridade para textos da
esfera literária como contos de fada e populares, mitos, etc. Uma vez por semana, é possível incluir nesse
momento da rotina a leitura de textos de divulgação científica, como verbetes em geral e textos explicativos.
Leitura pelo Leitura pelo Leitura pelo Leitura pelo Leitura pelo
professor professor professor professor professor
Projeto: Um
Projeto: Um
olhar para a
olhar para a
Atividades cultura dos Atividades Atividades
cultura dos povos
diversificadas/ povos indígenas diversificadas/ diversificadas/
indígenas do
cantos do Brasil: o cantos cantos
Brasil: o cotidiano
cotididano das
das crianças
crianças
INTERVALO/RECREIO
Escrita pelo
Atividades com
Escrita pelo aluno: textos
nomes dos
aluno: listas, que se sabem de
colegas (escrita
títulos. cor (adivinhas,
ou leitura)
parlendas, etc.)
O QUE CONSULTAR?
... é preciso que o espaço seja versátil e permeável à sua ação, sujeito
às modificações propostas pelas crianças e pelos professores em
função das ações desenvolvidas. (Brasil - volume 1, 1998, p. 69)
A atividade de leitura em voz alta pelo professor deve ocorrer diariamente com
prioridade para textos da esfera literária como contos de fada e populares, mitos,
etc. Uma vez por semana, é possível incluir nesse momento da rotina a leitura
de textos de divulgação científica, como verbetes em geral e textos explicativos.
Ao ler um texto para as crianças, você torna concreto o que significa ler em
toda a sua complexidade. Ler envolve uma determinada atitude, uma forma de
lidar com as páginas. Lê-se em determinado sentido (da esquerda para a direita,
de cima para baixo), as palavras são ditas a partir de determinado jogo de olhar,
pensamento e voz, sempre as mesmas, porque as letras “instruem” a voz para
que se lhes diga exatamente na mesma ordem. As crianças aprendem sobre a
leitura, em todas as suas sutilezas, por participarem de momentos em que você
desvenda o mistério para elas.
Como modelo de leitor, além de comunicar o que está escrito, você pode
comentar a história com os alunos, compartilhando suas impressões, reler tre-
chos que considerou especialmente belos ou engraçados, voltar a determinado
trecho para esclarecer dúvidas sobre o que se lê adiante. São ações realizadas
por qualquer leitor (sem que se dê conta de que são estratégias para compre-
ender melhor o texto), no entanto, ao realizá-las na presença dos alunos, é in-
teressante que todas essas ações sejam assinaladas. Por exemplo, ao propor
Quando você dá voz a um texto que as crianças não teriam condições de ler
sozinhas, permite que tenham acesso à história, conheçam seus personagens e
vivam com eles todos os eventos que a compõem. Além de conhecer a história
por meio da leitura feita por você, os alunos têm a oportunidade de conhecer
os recursos textuais utilizados pelos autores para organizar as diferentes par-
tes da história no tempo, permitindo que cada evento se relacione aos demais
de maneira compreensível. Não é necessário ensinar às crianças, de maneira
descontextualizada, as partes que compõem um conto, pois, se tiverem a opor-
tunidade de ouvir várias narrativas, esse encadeamento é observado implicita-
mente. Os escritores utilizam recursos para indicar a passagem do tempo, para
descrever personagens e cenários, para apresentar as falas dos personagens,
diferenciando-as daquilo que foi apresentado pelo narrador. Todos esses recur-
sos, por meio da leitura que você faz, passam a ser familiares aos alunos. É inte-
ressante que, além de colocar as crianças em contato com determinado gênero
textual, ao aproximá-las dessas narrativas curtas, você ofereça também modelos
de organização para o discurso delas, ampliando assim suas possibilidades de
organizar em relatos aquilo que vivem em seu dia a dia.
Além disso, geralmente têm uma trama envolvente, um conflito, uma missão
ou vários desafios que não só ajudam a construir o imaginário como ampliam o
repertório dos alunos com relação às formas que os autores usam para prender
a atenção dos leitores.
Além disso, tal momento deve ser uma situação de leitura, não se confunde
com contar oralmente uma história, mesmo que nessa situação se conte com o
Para garantir o bom envolvimento dos alunos, é preciso que a leitura do pro-
fessor seja uma boa leitura, em que o tom de voz, a postura e o ritmo contribu-
am para dar vida ao texto. Por isso, recomenda-se que o professor prepare com
antecedência aquilo que será lido, para que possa desempenhar com qualidade
seu papel de modelo de leitor.
Por fim, a atividade cumprirá seus objetivos se a escolha dos livros for, an-
tes de tudo, uma escolha em que se considere a qualidade do texto. A leitura
prévia do professor também garante que tal critério se cumpra. É comum, bus-
cando contemplar as escolhas dos alunos, priorizar livros escolhidos pelas crian-
ças, inclusive aqueles que são trazidos de casa. Corre-se aí o risco de propor
livros de pouca qualidade literária, em que a temática ou o modo como o texto é
construído não é o mais adequado. Se o professor quiser, em alguns momentos,
realizar tais encaminhamentos, é importante que, pelo menos, avalie, antes do
momento de ler, se o livro trazido é realmente indicado para ser compartilhado
entre todos. Não se deve, porém, esquecer que a responsabilidade pelo reper-
tório de histórias conhecidas pelos alunos é do professor.
Objetivos
Planejamento
■ Antes da aula, leia o texto várias vezes para aprimorar sua leitura e an-
tecipar possíveis dificuldades dos alunos. Se houver palavras que você
julgue que serão mais difíceis, informe-se sobre seu significado.
■ Explique a atividade: você lerá um conto. Explique que, durante a leitura,
só devem interromper se houver dúvidas em relação à história.
■ Informe o título e explique o motivo que levou você a escolher aquela his-
tória. Com essa informação você terá a oportunidade de compartilhar com
as crianças os critérios de escolha que usa para selecionar suas leituras,
incluindo a apreciação que faz da história.
■ Antes de iniciar a leitura, mostre a capa do livro, indicando onde está es-
crito o título, os autores, ilustradores e editora. Se for um livro que reúne
vários contos, mostre o sumário e também a página em que se encontra
aquele que será lido.
■ Proponha que imaginem sobre o que tratará o conto. Tal momento é inte-
ressante para instigar a curiosidade das crianças e para que aprendam
a realizar antecipações dos textos que leem.
■ Leia a história. De tempos em tempos, você pode realizar pequenas in-
terrupções para que as crianças digam o que acham que acontecerá. Se
for uma história em que ocorram repetições (como ocorre nos contos de
acúmulo ou de repetição), incentive as crianças a repetir em voz alta es-
ses trechos.
■ As interrupções que você propõe ou são solicitadas pelos alunos não de-
vem ser frequentes nem longas, evitando assim que as crianças percam
a sequência da narrativa.
■ Leia até o final e, em seguida, mostre aos alunos as ilustrações (se hou-
ver), favorecendo que as relacionem às diferentes partes da história e
aos personagens.
■ Finalize a leitura propondo que os alunos comentem suas impressões do
texto, propondo perguntas como “O que vocês acharam?”, “De que parte
mais gostaram e por quê?” Procure explorar esses comentários com no-
vas perguntas, buscando favorecer que os aprofundem. A primeira reação
das crianças é dar respostas pouco elaboradas como “Eu gostei, é legal”,
mas com o tempo, com sua ajuda e os comentários dos colegas, essas
apreciações tendem a se tornar mais interessantes.
■ Terminada a leitura, proponha que voltem aos seus lugares. Não é neces-
sário propor atividades de reconto, desenhos sobre a história ou drama-
tizações. É importante que as crianças vivam a leitura de histórias como
uma atividade que tem interesse em si mesma. Se em todos os momen-
tos lhes é solicitado que façam outras atividades a partir da leitura, as
O que fazer...
Avalie se o trecho que está lendo permite esse tipo de inferência e, só então,
realize esse encaminhamento.
A consulta ao dicionário (com sua ajuda), nesse caso, não é uma alternativa
interessante, pois tornaria a atividade longa demais e contribuiria para
dispersar a atenção dos alunos.
Você pode:
■ Afixar as letras do alfabeto junto com os alunos, transformando esse mo-
mento de organização do espaço da sala de aula também em um mo-
mento de aprendizagem.
■ Fazer uma ficha com o alfabeto completo em letra bastão para que os
alunos a colem em seu caderno.
■ Fazer um marcador de livro ou ficha avulsa com o alfabeto completo para
que possam consultá-lo sempre que precisarem. Na Coletânea de Ativida-
des você encontrará uma ficha de consulta para trabalhar com os alunos.
■ Organizar atividades de completar as letras do alfabeto, utilizando supor-
tes variados: o abecedário afixado na sala de aula, cobrindo algumas das
letras com um pedaço de papel, e, ou, uma tabela com a sequência do
alfabeto incompleta produzida no computador.
■ Propor que os alunos analisem quais letras compõem seu nome, os no-
mes dos colegas e o seu. A atividade poderá, inicialmente, ser feita de
forma coletiva e, depois, com os alunos reunidos em duplas ou em gru-
pos. Comece escrevendo seu nome na lousa e, junto com a turma, anali-
se as letras que o compõem. Mostre quais são essas letras, destacando
aquelas que aparecem mais de uma vez. Depois, em duplas, os alunos
deverão analisar quais letras fazem parte do próprio nome, utilizando co-
mo suporte o crachá.
■ Ensinar os alunos a “cantarolar” o alfabeto, de modo que memorizem a
sequência das letras, ainda que não conheçam sua forma gráfica. Esse
procedimento vai ajudá-los a reconhecer os nomes das letras, facilitan-
do a aprendizagem. Recitar parlendas que envolvem o alfabeto também
é uma ótima estratégia. As atividades com o alfabeto devem acontecer
apenas enquanto houver alunos que não sabem os nomes das letras.
Depois disso, elas perdem a função.
Você pode utilizar como apoio para o trabalho com o alfabeto algumas publicações
que trazem informações históricas sobre a origem e as transformações do
nosso alfabeto e o sistema de escrita de outros povos e culturas, ampliando
o trabalho com esse tema com informações e curiosidades históricas e
linguísticas. Outra opção é apresentar aos alunos textos literários que brincam
com a ordem alfabética, tais como os livros aqui indicados.
Livros informativos:
O livro das letras, de Ruth Rocha e Otávio Roth, Editora Melhoramentos.
Aprendendo português, de César Coll e Ana Teberosky, Editora Ática.
Livros literários:
De letra em letra, de Bartolomeu Campos de Queirós, Editora Moderna.
Coral dos bichos, de Tatiana Belinky, Editora FTD.
Zoonário, de Antônio Barreto, Editora Mercuryo Jovem.
Uma letra puxa outra, de José Paulo Paes e Kiko Farkas, Companhia das Letrinhas.
A B C D
E F G H
I J K L
M N O P
Q R S T
U V W X
Y Z
52 Guia de Planejamento e Orientações didáticas
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
SUCO GELADO
CABELO ARREPIADO
QUAL É A LETRA
DO SEU NAMORADO?
A B C D E F G H
I J K L M N O P Q
R S T U V W X Y Z
Por essas razões, a rotina semanal para o 1o ano prevê um trabalho com no-
mes próprios durante todo o ano letivo. São, portanto, atividades permanentes.
Para o 1o semestre, o tempo previsto para essa ação é maior, 2 ou 3 vezes na
semana. Para o 2o semestre, de acordo com os avanços observados em relação
à aprendizagem dos alunos, a periodicidade tende a diminuir. O foco do trabalho
também muda de um período para o outro: no 1o semestre o trabalho centra-se
tanto na leitura e escrita do próprio nome como na dos nomes de colegas; após
a metade do ano espera-se que todos os alunos já tenham aprendido a escrever
e a identificar seu próprio nome com facilidade, intensificando, assim, o trabalho
com os nomes dos colegas.
■ lê em voz alta o que está escrito nos cartões de nomes. Por exemplo, diz
“aqui está escrito MANUEL, vou dar esse cartão ao Manuel para que ele
possa escrever seu nome na atividade”. Esse encaminhamento é mais
frequente no início do trabalho, pois as crianças ainda não contam com
elementos que lhes permitam diferenciar um nome do outro;
■ propõe momentos coletivos em que pede ao grupo que encontre, na lis-
ta, o nome de determinado colega. Nesse momento, faz perguntas como
“onde vocês acham que pode estar escrito o nome do Manuel?” Para
cada resposta das crianças peça justificativas para aquela suposição,
dizendo “por que você acha que aí está escrito MANUEL? O que fez vo-
cê pensar que nessa palavra pode estar escrito esse nome?” Com esse
encaminhamento, deixa claro que não se trata de uma escolha aleatória,
uma adivinhação, mas de usar letras como pistas que permitam localizar
o referido nome;
■ propõe que uma criança confirme a suposição de outra. Por exemplo, a
partir da indicação de um colega, que diz que em determinado cartão de-
ve constar o nome do Manuel, você pede ao próprio que diga se a pala-
vra escolhida é, ou não, seu nome. Ao mesmo tempo, pede que Manuel
ajude os colegas a encontrar boas pistas para localizar seu nome. Muitas
vezes, a letra inicial é um bom indício para isso. Em alguns casos, porém,
outras letras podem ser consideradas (por exemplo, uma letra que apa-
rece na posição central, mas faz parte apenas do nome de uma criança,
tal como o Y no nome de MAYRA).
Inicialmente, é você que oferece os cartões a cada criança para que copiem
seus nomes. Essa escrita pode ser proposta de diferentes maneiras: usando
letras móveis, escolhendo-as entre todas as letras do alfabeto ou contando ape-
nas com as letras que serão usadas; com lápis e papel; fazendo as duas coisas
(primeiro organizar o nome com as letras móveis para, em seguida, grafar com
o lápis).
As atividades
Objetivo
Planejamento
Outra possibilidade é a criança usar uma pista correta, mas não nomear
nenhuma letra para justificar sua resposta (por exemplo, um aluno diz “Sei que
é o nome da Maria porque começa com essa letra” e apontar para a primeira
letra do nome escrito no cartão). Nesse caso, é importante complementar
informando o nome da letra (o professor pode dizer “Renato diz que este é o
nome da Maria porque começa com essa letra. Essa letra é o M”).
ATIVIDADE 4 – IDENTIFICANDO
SEUS PERTENCES
Objetivos
Planejamento
Variação da atividade
A mesma atividade deve ser realizada mais de uma vez, propondo que se
identifiquem outros pertences do material escolar e planejando algumas varia-
ções como:
■ solicitar que os alunos encontrem a cartela de seu nome no meio de ou-
tras cartelas e em seguida passem à situação de cópia na presença do
modelo;
■ selecionar alguns alunos para que façam a entrega das cartelas aos de-
mais da classe;
■ propor que escrevam inicialmente sem a cartela-modelo e depois con-
frontem com o modelo e revisem observando o que é necessário inserir,
mudar de posição ou ainda retirar.
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
■ Informe aos alunos que irão organizar, toda segunda-feira, uma lista de
ajudantes da semana para que seja afixada na sala.
■ Para isso os alunos terão que descobrir onde diz um determinado nome
em um conjunto de três diferentes nomes de alunos da classe. A leitura
dos nomes será feita invertendo a ordem de apresentação, para que os
alunos não saibam qual é qual e os nomes a serem utilizados serão os
dos alunos da sala. Diga a eles: “eu vou mostrar 3 cartelas de nomes
e vocês terão que apontar qual é a cartela que diz o nome solicitado.
Por exemplo, nesse conjunto temos os nomes RODRIGO, CAIO e JOSÉ
HENRIQUE. Digam, onde diz RODRIGO?”
■ Selecione os diferentes conjuntos de nomes antecipadamente, pois, eles
serão os responsáveis pelo grau de desafio proposto aos alunos. Veja
quais critérios considerar: turmas em que boa parte dos alunos não dis-
põem de conhecimentos suficientes sobre o valor sonoro convencional
das letras é importante escolher nomes que contrastam bastante em
relação à sua extensão e ao seu conjunto de letras. Isso facilita a tarefa
sem abrir mão do desafio.
■ Quando há boa parte dos alunos na turma que já tem o conhecimento su-
ficiente sobre o valor sonoro convencional, é necessário propor um desa-
fio mais complexo, organizando conjuntos com nomes bem semelhantes
quanto às propriedades quantitativas e qualitativas.
RODRIGO LÚCIA
RAQUEL LUDMILA
ROBERTO LARISSA
LÚCIA
LUDMILA
LARISSA
Variação da atividade
■ A mesma atividade pode ser realizada semanalmente ou o mesmo proce-
dimento ser usado para construir outras listas: a de encarregados pela
biblioteca de classe (responsável pelo registro de empréstimos de livros),
a de aniversariantes do mês ou ainda a lista dos alunos que usam o trans-
porte escolar.
■ Na 2a ou 3a semana de realização da atividade é possível colocar o mes-
mo problema de leitura aos alunos onde diz um nome em um conjunto
de três nomes, sem oferecer a informação sobre todos os três nomes,
apenas dizendo o nome solicitado: “busquem nestas cartelas o nome de
Marina”. Nesse caso os alunos têm menos informação verbal para coor-
denar, portanto, um desafio maior.
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
ESCONDE- JOGOS DE
AMARELINHA QUEIMADA CORDA
-ESCONDE TABULEIRO
Variação da atividade
■ Propor que os alunos ditem para o professor, letra por letra, o nome de
alguns colegas que participarão de determinada brincadeira, da seguinte
forma: “Eu gostaria de dar continuidade ao nosso quadro de participantes
e para isso preciso que me ditem como escreve Mariana. Preciso que di-
tem uma letra de cada vez. Vamos lá, qual letra devo colocar primeiro?”
■ Quando ditam um nome ao professor ou a um colega, os alunos ampliam
as possibilidades de controlar o escrito por meio da leitura e de diferen-
ciar o que está escrito do que falta escrever.
Objetivo
■ Aprender a ler utilizando-se de diferentes conhecimentos como: as se-
melhanças e diferenças quantitativas e qualitativas entre os nomes da
turma; a ordem em que as letras se apresentam e o valor sonoro con-
vencional das letras.
Planejamento
■ Organização do grupo: em roda, coletivamente.
■ Quais materiais necessários: cartelas com o nome de cada aluno, confec-
cionadas anteriormente conforme orientações encontradas na Atividade 4.
■ Duração aproximada: 30 minutos.
ATENÇÃO:
Você encontrará outras atividades envolvendo o trabalho com os nomes na
Coletânea de Atividades do Aluno, tais como nomes de alunos da turma,
trabalho com as letras móveis, organização de agenda telefônica, bingo de
nomes e listas (páginas 13 a 20). Caso surjam dúvidas, retome as orientações
presentes no início dessas situações de leitura e escrita de nomes próprios.
ATIVIDADE 8 – PRODUÇÃO DE UM
BILHETE PARA OS PAIS
Objetivos
Encaminhamento
■ Antes da aula, providencie alguns bilhetes que já foram lidos para os alu-
nos: bilhetes enviados por você aos pais de uma criança ou ao professor
de outra classe ou bilhetes enviados a você pelos pais.
■ Explique a atividade: as crianças escreverão um bilhete aos familiares,
convidando-os para auxiliar na montagem dos kits para os cantos de ati-
vidades diversificadas da classe, assim como a doação de brinquedos e
materiais que possam ser utilizados para esta finalidade.
■ Antes de propor que iniciem o texto, leia alguns dos bilhetes que trouxe
e discuta com os alunos: Para quem foi enviado? Como sabem disso?
Quem o enviou? Como, nesse bilhete, aparece a informação sobre quem
o escreveu (espera-se que as crianças digam que a pessoa que escre-
veu sempre coloca seu nome no fim do texto)? Para quem esse bilhete
foi enviado?
■ Proponha uma nova discussão sobre as informações que deverão constar
no bilhete que escreverão.
■ Depois dessa conversa inicial, proponha que ditem o que deve ser escrito,
considerando tudo que foi conversado nesses momentos iniciais.
■ Quando determinado enunciado for sugerido por uma criança, peça que
outras sugiram opções e, em seguida, discutam qual delas ficará mais
interessante. Por exemplo, um aluno sugere iniciar o convite assim: PAIS.
Outra criança considera que ficará melhor se escreverem QUERIDOS PAIS.
Para outra, porém, será melhor dizer AOS PAIS E MÃES DO 1o ANO A. To-
das essas opções são possíveis, mas o grupo deve definir qual delas é
a melhor.
■ Para cada trecho elaborado oralmente e discutido pelo grupo, peça que
ditem para que você escreva na lousa (escreva exatamente o que foi dito
pelos alunos).
■ Se ditarem rápido demais, explique o que você já escreveu até aquele
momento e peça que repitam, mais vagarosamente, considerando seu
ritmo de escrita.
AGRADECEMOS!
ALUNOS DO 1o ANO A
24 DE ABRIL DE 2013
AGRADECEMOS!
ALUNOS DO 1o ANO A
24 DE ABRIL DE 2013
O qUE fAzER SE …
Variações da atividade
Trata-se de uma escrita de próprio punho, mas não por isso o aluno estará
sozinho nessa situação, contando somente com aquilo que já sabe. Para que
cumpram seus objetivos, as propostas de escrita pelo aluno podem envolver situ-
ações de trabalho colaborativo, organizadas em duplas ou quartetos previamente
formados por você, que deve buscar, nesses agrupamentos, garantir parcerias
produtivas, ou seja, parcerias em que a troca de informações favoreça o avanço
de todos os integrantes.
Para que as situações de escrita pelo aluno façam sentido, é importante que
as propostas tenham um propósito claro. Ou seja, os alunos escreverão consi-
derando uma finalidade conhecida e compartilhada por todos:
Os alunos necessitam contar com fontes de informação para que sua escrita
se aproxime, ao máximo, da escrita convencional. Dessa forma, contar com um
repertório considerável de “palavras confiáveis”, ou seja, palavras cuja escrita
convencional seja conhecida de memória ou que estejam facilmente acessíveis
na classe, é fundamental:
■ listas com nomes dos colegas afixadas nas paredes;
■ as atividades realizadas diariamente, escritas na lousa;
■ plaquinhas sinalizadoras de onde se guarda cada material na classe; e
■ títulos dos contos nas capas de livros que foram lidos recentemente, aos
quais os alunos têm fácil acesso.
Todas essas são valiosas fontes de pesquisa para a escrita que ocupará
as crianças.
No entanto, todo esse material não deve apenas ficar exposto na classe.
É preciso que os alunos saibam o que está escrito em cada um, a partir de
propostas em que leiam e escrevam tais palavras. As palavras estáveis são
acessíveis aos alunos, pois eles sabem recorrer a elas como fonte de consul-
ta, o que lhes permite escrever melhor aquilo que ainda não sabem escrever
convencionalmente.
As crianças que ainda não dominam o sistema alfabético de escrita não são
capazes de ler com autonomia. Se observadas, no entanto, algumas condições,
é possível propor a realização de atividades relacionadas à leitura.
Mesmo que ainda não saibam ler, no sentido convencional, tais condições
permitem que as crianças coordenem as informações prévias que possuem (o
texto memorizado ou os itens que já sabem constar de uma lista) para tentar
identificar, no texto escrito, onde está escrita cada parte, arriscando diferentes
possibilidades de leitura.
Em todos os casos, seja nos textos memorizados, seja nas listas, o desafio
de leitura proposto aos alunos é o de descobrir “onde está escrito” aquilo que
se sabe estar escrito.
Maria, uma menina de 5 anos, não sabe ler. No entanto, ela adora ouvir histó-
rias. Seu professor costuma ler muitos livros, mas Maria tem um que é seu preferido:
Maria sabe exatamente o que está escrito no título, mas não conseguiria
chegar sozinha a essa conclusão. Precisou contar com a ajuda de leitores que,
todas as vezes em que ela perguntou “o que está escrito aqui?”, informaram-lhe
sempre da mesma forma: A BELA ADORMECIDA.
Como se trata de um texto curto, a menina conseguiu memorizá-lo e, saben-
do o que está escrito, Maria começou a fazer uma brincadeira fundamental para
Assim como ocorreu nesse exemplo, quando contam com muitas informa-
ções sobre aquilo que está escrito num texto, as crianças podem realizar algumas
atividades de leitura. Ao fazer isso, elas coordenam várias informações. Aquilo
que sabem e observam sobre:
■ o texto;
■ o sistema de escrita alfabético;
■ o texto escrito propriamente.
Para que realizem atividades desse tipo, é preciso que os alunos se sintam
à vontade para “arriscar”. Algumas atividades de leitura são mais viáveis que
outras para crianças que ainda não dominam o sistema de escrita alfabético.
Se, no entanto, antes de propor a atividade, você informar quais são os títulos
que constam da lista, sem dizer onde se encontra cada um, os alunos contarão
com informações que lhes permitirão realizar antecipações pertinentes. Nesse
caso, a atividade proposta é bem diferente: o problema dos alunos não é mais
descobrir “o que está escrito”, pois essa informação já lhes foi dada por você.
Trata-se de saber “onde está escrito” cada título. Localizar uma informação que
se sabe constar no texto é um desafio possível, mesmo para crianças que não
leem com autonomia, pois elas podem se basear em seus conhecimentos das
letras (a letra inicial ou final, entre outros) para antecipar o que pode estar es-
crito em cada um dos itens.
Das primeiras vezes em que atividades como essas são propostas, a rea-
ção inicial das crianças é a perplexidade, afinal, ainda não sabem ler. Outra rea-
ção possível é tentar adivinhar onde estão as informações solicitadas por você.
BORRACHA
LÁPIS
APONTADOR
Sabendo quais são os itens, mas não sabendo a ordem em que aparecem,
devem localizar a palavra APONTADOR.
ABACAXI MANGA
ABACATE MAÇÃ
MORANGO MELANCIA
Para que os alunos tenham a possibilidade de ler, sem que ainda tenham o
domínio da leitura convencional, é preciso que contem com o máximo de infor-
mações sobre o texto proposto para a leitura. Esse conhecimento permitirá que
façam antecipações pertinentes sobre o que pode estar escrito e verifiquem se
tais antecipações são adequadas.
Além de antecipar o que deve estar escrito, os alunos também devem con-
tar com recursos que lhes permitam verificar se determinada antecipação é re-
almente pertinente. Para isso, é preciso garantir situações variadas em que as
crianças reflitam sobre a escrita, especialmente quando se dedicam a ler e a
escrever as palavras cuja forma convencional já é conhecida, bem como o co-
nhecimento das letras que compõem tais palavras.
Objetivos
Encaminhamento
O QUE FAZER...
Se perceber que estão tendo dificuldades para refletir sobre as letras, ofereça
as informações necessárias e dê dicas para ajudá-los a continuar o trabalho.
Para isso, faça perguntas do tipo: “Com que letra vocês acham que começa?”,
“Como faremos para localizar esse verso?” ou “Como podemos saber se aí está
escrito...?”
Mesmo que respondam corretamente, pergunte: “Como vocês sabem que está
escrito isso? Vocês têm certeza?”
Variações da atividade
ABACATE
ABACAXI
AMEIXA
LARANJA
MELANCIA
MORANGO
PERA
UVA
Nesse caso, você pode intervir sugerindo que as crianças observem que não
podem se apoiar somente na letra inicial para localizar cada palavra. Para isso,
faça perguntas como: “Como você sabe que aí está escrito MELANCIA? Essa ou-
tra palavra também se inicia por M. Como fazer para descobrir?” Na Coletânea
de Atividades você pode encontrar atividades como essa.
“Existem inúmeras relações de jogos, em que estes são classificados por faixa
etária, por área de desenvolvimento, por tipo de estímulo, pela origem, pela
utilização ou não de objetos etc. Existe também um tipo de classificação que se
encontra na memória de cada um de nós: são aqueles jogos que nossos pais e
avós brincaram na infância, e que nos transmitiram. Jogos que não foram tirados
de livros nem ensinados por um professor, mas sim transmitidos pelas gerações
anteriores à nossa ou aprendidos com nossos colegas. Os jogos que aconteciam
na rua, no parque, na praça, dentro de casa ou no recreio da escola. Estes são os
Jogos Tradicionais.”1
2 Ler e escrever na escola - O real, o possível e o necessário – Delia Lerner De Zunino. Artmed 2001.
Produto final
Etapas Atividades
Objetivos
Conteúdos
■ Sistema de escrita.
■ Linguagem oral.
■ Linguagem escrita .
Planejamento
Objetivos
Planejamento
■ Organização do grupo: alunos devem estar organizados em roda senta-
dos no chão (caso não haja espaço na sala realizar em outro local como
parque, quadra, biblioteca, entre outros).
■ Duração aproximada: 50 minutos.
Encaminhamento
■ Realize uma roda de conversa com os alunos cujo tema seja: brincadeiras
preferidas. Durante a conversa lance perguntas do tipo: Do que gostam
de brincar? Onde brincam? Com quem brincam?
■ Em seguida amplie a conversa propondo uma comparação entre as brin-
cadeiras de hoje e de antigamente perguntando: será que as brincadeiras
sempre foram essas? Do que será que o seu avô/avó costumava brincar?
E seus pais? Onde eles brincavam? Vocês já conversaram sobre isso?
■ Aproveite esse momento para contar sobre sua experiência, ou seja, do
que brincava, com quem brincava, onde brincava, isso contribuirá para que
os alunos conheçam um pouco mais sobre você.
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
NOME DO ALUNO:
NOME DA BRINCADEIRA:
COMO SE BRINCA:
NOME DO ENTREVISTADO:
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
ATIVIDADE 1D – SOCIALIZAÇÃO
DAS BRINCADEIRAS PESQUISADAS
E ELABORAÇÃO DE UM CARTAZ
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
■ Faça uma roda com as crianças para que socializem o resultado das pes-
quisas, tendo as fichas como apoio e contem como foi a experiência rea
lizada em casa.
■ Durante a conversa organize num cartaz uma lista com o nome das brin-
cadeiras pesquisadas, assim como foi feito na Atividade 1A.
■ Faça comparações entre as brincadeiras das quais os familiares costu-
mavam participar e aquelas que os alunos indicaram como as preferidas,
de modo que sejam observadas semelhanças e diferenças.
Objetivos
■ Ler mesmo sem saber ler (no caso dos alunos com escrita não alfabética).
■ Brincar a partir do que já sabem sobre as brincadeiras escolhidas e le-
vantar as possíveis dúvidas.
■ Compartilhar o produto final do projeto a fim de mobilizar os alunos para
a sua realização.
Planejamento
Encaminhamento
PASSA ANEL
MORTO VIVO
ESCONDE-ESCONDE
PEGA-PEGA
AMARELINHA
CABRA-CEGA
CORRE COTIA
ESTÁTUA
MÃE DA RUA
Etapa 2
Aprender brincadeiras a par tir dos
relatos de convidados
Nessa etapa, os alunos poderão conhecer e aprender mais sobre algumas
das brincadeiras pesquisadas na etapa 1, a partir dos relatos e explicações de
alguns familiares que participarão de um encontro na escola.
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
Importante:
Neste momento, esta atividade deve ser proposta, prioritariamente, para
alunos com escrita não alfabética.
O principal objetivo dessa atividade para os alunos que ainda não compreenderam
a natureza alfabética do sistema de escrita é proporcionar um momento
de reflexão coletiva sobre as diferentes hipóteses de escrever uma mesma
palavra. O foco deverá ser no processo de reflexão da escrita e não na escrita
ortograficamente correta.
Variação da atividade
■ Para os alunos com escrita alfabética, o professor deverá propor a escri-
ta da lista de materiais necessários para cada uma dessas brincadeiras
selecionadas. Para ajudá-los nesse levantamento ofereça as fichas de
pesquisa referente às brincadeiras. Dependendo do número de duplas,
defina o que cada dupla poderá escrever.
■ Outra variação possível, ainda no caso dos alunos que escrevem alfabeti-
camente, será propor para duas duplas a escrita da mesma lista de mate-
riais necessários para determinada brincadeira. Ao finalizarem, organizar
um quarteto em que devem comparar o que foi listado, tanto em relação
aos materiais necessários, como as escritas, para que façam uma lista
única. Essa lista servirá como fonte de informação para o momento da
brincadeira.
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
■ Leia alguns bilhetes para os alunos de modo que se familiarizem com es-
se gênero textual e troquem ideias sobre o que é comum em relação ao:
destinatário do texto, conteúdo dos bilhetes, tamanho do texto, formas
de iniciar e finalizar o texto.
■ Converse sobre o bilhete que farão juntos e sobre as informações que
precisam constar no texto (para quem irão escrever, o que irão dizer, por
que...). Registre na lousa esse pequeno levantamento.
■ Elabore um bilhete, junto com as crianças, contando sobre o projeto das
brincadeiras e convidando o familiar para vir à escola ensinar a brinca-
deira que fez parte de sua infância. Nesse momento, as crianças ditam
para o professor que escreve na lousa.
■ Para cada trecho elaborado oralmente, peça para que as crianças ditem
para você como se estivessem escrevendo o bilhete. Garanta que, en-
quanto ditam, as crianças respeitem seu ritmo de escrita.
Importante:
Como esta é uma atividade de produção de textos pelos alunos, é importante
que, durante a produção, eles se guiem pelo que combinaram escrever, ou seja,
pelo planejamento do texto.
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
Etapa 3
Aprender brincadeiras a partir da leitura
de textos instrucionais pelo professor
Nessa etapa, os alunos poderão conhecer e aprender mais sobre algumas
das brincadeiras pesquisadas na etapa 1, a partir da leitura de textos instru-
cionais. Dessa forma, podem compreender que é possível aprender a partir de
diferentes fontes de informação.
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
Objetivo
Planejamento
Encaminhamento
Objetivo
Planejamento
Encaminhamento
FICHA DA BRINCADEIRA
TÍTULO:
QUEM ENSINOU:
NÚMERO DE PARTICIPANTES:
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
Essas cópias devem ficar expostas na sala de aula para, assim, contribuírem
tanto para ampliar o repertório de imagens e autores conhecidos pelas crianças,
quanto para compor a ambientação. O professor especialista de Arte poderá
ajudá-lo nessa pesquisa de material, além da possibilidade de explorar a leitura
de algumas obras nas aulas de Arte.
Etapa 4
Planejando o evento
Na etapa 4, o objetivo é planejar esse evento final; assim, terão que definir
quais e quantas brincadeiras serão e para quem se destinará o trabalho, entre
outros aspectos.
Objetivo
Planejamento
Encaminhamento
Objetivos
■ Ler mesmo sem saber ler (no caso dos alunos com escrita não alfabética),
utilizando-se de indícios a partir do conhecimento que têm.
■ Selecionar as brincadeiras que serão realizadas no evento.
Planejamento
Encaminhamento
Sugestão
■ Peça que cada dupla leia o título selecionado para que você registre na
lousa.
Variação da atividade
Para alunos com escrita alfabética
■ Ofereça fichas com curiosidades sobre brincadeiras (anexo 5 deste guia,
assim como na Coletânea de Atividades). Deixe que, em duplas, os alunos
leiam, destaquem informações que julguem importantes para os convida-
dos lerem e para compartilhar com os colegas da sala.
■ Num outro momento, peça para que a turma que leu as curiosidades so-
bre brincadeiras compartilhe o que achou de interessante com os demais
Objetivo
Planejamento
Encaminhamento
Variação da atividade
TÍTULO DA BRINCADEIRA:
Objetivo
■ Produzir coletivamente uma ficha informativa ditando para o professor.
Planejamento
■ Organização do grupo: atividade coletiva com mesas organizadas em se-
micírculo.
■ Duração aproximada: 50 minutos.
Encaminhamento
■ Antes da aula, prepare as fichas que serão preenchidas junto com os alu-
nos. O modelo é o mesmo da Atividade 3C.
■ Relembre com os alunos o percurso realizado até o momento e levante
as etapas que ainda faltam para o dia do evento.
■ Retome a ideia do produto final – Manhã/Tarde de brincadeiras em que
ensinarão as brincadeiras aprendidas a convidados e relembre a impor-
tância do painel com a programação das brincadeiras que farão parte do
evento e respectivas fichas informativas.
■ Retome a lista das brincadeiras selecionadas para o dia do evento, assim
como o nome de quem a ensinou e a lista de material elaborada pelos
alunos alfabéticos na Atividade 4C.
■ Relembre os passos realizados na elaboração da ficha para a brincadeira
Coelhinho sai da toca (ou da brincadeira escolhida) realizada na etapa 3,
Atividade 3C.
■ Seguindo o mesmo procedimento escreva de uma a duas fichas por aula,
as quais deverão estar reproduzidas na lousa ou no projetor multimídia.
■ Peça para que os alunos ditem para você o que deve conter na ficha, como
se estivessem escrevendo essa informação. Lembre que devem consi-
derar os diferentes convidados que participarão do dia da brincadeira, e
que essas fichas ficarão expostas em um painel para apoiar as escolhas
dos convidados.
À medida que as fichas forem finalizadas, deixe-as expostas na sala para que
os alunos possam acompanhar esse processo.
Etapa 5
Organização do produto final
Nessa etapa, eles terão um momento para ensaiar o papel de monitor, quan-
do devem explicar determinada brincadeira, assim como selecionar as imagens
que comporão o painel e as fichas informativas.
Objetivos
Planejamento
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
ATIVIDADE 5C – ELABORAÇÃO DA
PROGRAMAÇÃO DO DIA DE BRINCADEIRAS
Objetivo
Planejamento
Objetivo
■ Elaborar um painel contendo fichas informativas, programação de eventos
assim como imagens.
Planejamento
■ Organização do grupo: coletivamente.
■ Duração aproximada: 50 minutos.
Encaminhamento
■ Coletivamente, defina como será o painel que deverá ter uma parte com a
programação e outra com as fichas das brincadeiras para os convidados
se orientarem no momento da escolha, bem como as imagens.
ATIVIDADE 5E – REALIZAÇÃO
E AVALIAÇÃO DO EVENTO
Objetivo
Planejamento
Encaminhamento
Com este projeto, busca-se atingir um duplo objetivo. Por um lado, proporcio-
nar às crianças a oportunidade de aproximarem-se da cultura dos povos indíge-
nas brasileiros e de seus valores, permitindo assim a construção de uma visão
mais real, evitando distorções românticas ou pejorativas. Por outro, contribuir
para a consolidação da alfabetização por meio da aproximação a um gênero es-
crito: a legenda de fotos.
Etapas Atividades
Conteúdos
■ Sistema de escrita.
■ Linguagem oral.
Planejamento
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
Importante:
A partir desse momento você pode selecionar, no acervo literário do Programa
Ler e Escrever, livros que falem sobre as nações indígenas, que contenham mitos.
Há uma variedade deles, muitos do Daniel Munduruku, um escritor indígena que
terá parte de sua obra enfocada neste projeto. A opção por estudar dois povos,
não exclui a leitura de mitos e informações de outros povos, aqui a seleção se
deu pela presença do povo guarani em várias cidades do estado de São Paulo e
pela relevância e facilidade de acesso à cultura munduruku por meio de materiais
disponíveis em sites, livros (alguns inclusive que já fazem parte do acervo do
Programa Ler e Escrever).
Objetivo
Planejamento
Encaminhamento
IMPORTANTE:
Para a organização da exposição final, há a sugestão de uma visita a um museu,
ou espaço cultural do bairro. Para tanto, é necessário que você verifique os
locais e a disponibilidade de agenda e transporte, podendo combinar isso com
os alunos assim que agendar.
Etapa 2
Conhecendo aspectos gerais da cultura
dos povos indígenas
Nessa etapa, os alunos poderão conhecer mais sobre aspectos gerais da
cultura dos povos indígenas a partir da leitura de diversos textos, assim como
refletir sobre o sistema de escrita alfabético ao vivenciarem diferentes situações
de leitura e escrita.
Objetivos
■ Aprender uma nova canção.
■ Aproximar-se de informações sobre a chegada dos portugueses no Brasil.
Planejamento
■ Organização do grupo: inicialmente a atividade será coletiva. Para a se-
gunda parte da aula, organizar as crianças em duplas.
■ Materiais necessários: Coletânea de Atividades: você poderá ouvir está mú-
sica pelo site da UOL Música: http://mais.uol.com.br/view/92db81ral8qx/
palavra-cantada--pindorama-0402386EC4892366?types=A ou em DVD Pa-
lavra Cantada Clipes – TV Cultura. Acesso ao link em 16/1/2013.
■ Duração aproximada: 50 minutos.
Encaminhamento
■ Antes da aula, leia a letra da canção e identifique as referências à história
do descobrimento do Brasil. Veja alguns exemplos:
indorama (1a estrofe) – palavra em tupi que significa “país ou região
j P
das palmeiras”. É como os povos de língua tupi chamavam sua terra.
j D
om Manuel (último verso da primeira estrofe) – rei de Portugal em
1500.
era Cruz (2a estrofe) – primeiro nome dado pelos portugueses ao Bra-
j V
sil (Ilha de Vera Cruz).
onte Pascoal (2a estrofe) – primeiro ponto avistado do mar pelas ca-
j M
ravelas, antes de chegarem ao Brasil em 1500.
j 2
2 de abril – dia em que os navios de Cabral, em 1500, desembar-
caram no Brasil. Conhecido como o Dia do Descobrimento do Brasil.
j P
ero Vaz (3ª estrofe) – Pero Vaz de Caminha veio junto com a esqua-
dra de Cabral. Era o escrivão e se encarregou de escrever uma carta
ao rei, D. Manuel, para comunicar o descobrimento de uma nova terra.
ara as Índias encontrar (último verso da 4a estrofe) – a história conta
j P
que Cabral, com seus navios, tinha a intenção de chegar à Índia e só
PINDORAMA
PALAVRA CANTADA (TERRA À VISTA!)
PINDORAMA, PINDORAMA
É O BRASIL ANTES DE CABRAL
PINDORAMA, PINDORAMA
É TÃO LONGE DE PORTUGAL
FICA ALÉM, MUITO ALÉM
DO ENCONTRO DO MAR COM O CÉU
FICA ALÉM, MUITO ALÉM
DOS DOMÍNIOS DE DOM MANUEL
VERA CRUZ, VERA CRUZ
QUEM ACHOU FOI PORTUGAL
VERA CRUZ, VERA CRUZ
ATRÁS DO MONTE PASCOAL
BEM ALI CABRAL VIU
DIA 22 DE ABRIL
NÃO SÓ VIU, DESCOBRIU
TODA A TERRA DO BRASIL
PINDORAMA, PINDORAMA
MAS OS ÍNDIOS JÁ ESTAVAM AQUI
PINDORAMA, PINDORAMA
JÁ FALAVAM TUPI-TUPI
SÓ DEPOIS, VÊM VOCÊS
QUE FALAVAM TUPI-PORTUGUÊS
SÓ DEPOIS COM VOCÊS
NOSSA VIDA MUDOU DE UMA VEZ
PERO VAZ, PERO VAZ
DISSE EM UMA CARTA AO REI
QUE NUM ALTAR, SOB A CRUZ
REZOU MISSA O NOSSO FREI
MAS DEPOIS SEU CABRAL
FOI SAINDO DEVAGAR
DO PAÍS TROPICAL
PARA AS ÍNDIAS ENCONTRAR
AO ÁLVARES CABRAL
AO EL REI DOM MANUEL
AO ÍNDIO DO BRASIL
E AINDA QUEM ME OUVIU
VOU DIZER, DESCOBRI
O BRASIL TÁ INTEIRINHO NA VOZ
QUEM QUISER VAI OUVIR
PINDORAMA TÁ DENTRO DE NÓS
AO ÁLVARES CABRAL
AO EL REI DOM MANUEL
AO ÍNDIO DO BRASIL
E AINDA QUEM ME OUVIU
VOU DIZER, VEM OUVIR
É UM PAÍS MUITO SUTIL
QUEM QUISER DESCOBRIR
SÓ DEPOIS DO ANO 2000
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
■ Antes de ler o texto: Povos indígenas: quem são, onde estão?1 explore
o título, imagem e a materialidade dele evidenciando que texto, tabela e
foto convivem e compõem a informação.
■ Durante a leitura, converse com os alunos a respeito das informações
que mais chamarem a atenção e peça que destaquem, no texto, as infor-
mações sobre a convivência de diferentes pessoas no Brasil e o nome de
Pedro Álvares Cabral. Busque relacionar o texto com a música apreciada
na aula anterior.
1 Texto elaborado a partir de consulta a: GRUPIONI, Luís Donisete Benzi. Formação de professores indígenas:
repensando trajetórias.
©Rosa Gauditano/Studio R
Kayapós com sandálias havaianas
Objetivo
Planejamento
Encaminhamento
PINDORAMA
PALAVRA CANTADA (TERRA À VISTA!)
PINDORAMA, PINDORAMA
É O BRASIL ANTES DE CABRAL
PINDORAMA, PINDORAMA
É TÃO LONGE DE PORTUGAL
FICA ALÉM, MUITO ALÉM
DO ENCONTRO DO MAR COM O CÉU
FICA ALÉM, MUITO ALÉM
DOS DOMÍNIOS DE DOM MANUEL
VERA CRUZ, VERA CRUZ
QUEM ACHOU FOI PORTUGAL
VERA CRUZ, VERA CRUZ
ATRÁS DO MONTE PASCOAL
BEM ALI CABRAL VIU
DIA 22 DE ABRIL
NÃO SÓ VIU, DESCOBRIU
TODA A TERRA DO BRASIL
Objetivos
■ Produzir uma lista com nomes de animais que se originaram das línguas
indígenas para fazer parte da exposição final do projeto.
■ Refletir sobre as características do sistema de escrita.
Encaminhamento
■ Explique-lhes que vão escrever uma lista de nomes de animais que se
originaram das línguas indígenas para fazer parte do mural final do pro-
jeto e por isso precisam ser escritas da melhor forma que conseguirem.
■ Dite uma a uma as palavras do quadro, a seguir, sem silabá-las. Dê tempo
para que as duplas escrevam. Enquanto isso, circule entre as mesas ob-
servando os alunos, contribuindo com a reflexão das duplas.
■ Em seguida faça a proposta da atividade de escrita coletiva, para isso siga
as orientações da Atividade de Escrita Coletiva detalhada no anexo 1
deste guia.
■ No final da atividade escreva num cartaz ou em papel pardo as palavras
da forma final que ficaram escritas na lousa e deixe exposto na sala.
■ Combine com os alunos que esse cartaz deverá ser revisto semanalmen-
te ou quando mudarem de ideia quanto à escrita de alguma palavra, pois
fará parte do mural com desenhos e demais informações.
Animais: TAMANDUÁ, JACARÉ, SAGUI, JABUTI, QUATI, PACA, CUTIA, SIRI, TATU
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
©Camila Gauditano/Studio R
©Rosa Gauditano/Studio R
Objetivos
■ Apreciar a leitura de um texto literário.
■ Comparar informações de diferentes culturas.
■ Compreender o mito como sagrado e de divulgação da cultura indígena.
Planejamento
Encaminhamento
In: Coisas de Indio – Munduruku, Daniel. Editora Callis. São Paulo, 2000 p. 71 a 73.
(originalmente narrado por Floriano Tawé, 1979).
Histórias que eu vivi e gosto de contar – Daniel Munduruku. Editora Callis - Caixa
D – 5o ano.
ATIVIDADE 3B – PAREAMENTO
DE TEXTO E IMAGEM
Objetivos
■ Ler, a partir de índices e com ajuda do colega, legendas para juntar às
fotos correspondentes.
■ Aproximar-se do cotidiano de crianças, especialmente, da etnia mundu-
ruku.
Planejamento
■ Organização do grupo: os alunos serão organizados em duplas de modo
que aqueles que escrevem pressilabicamente deverão ficar com aqueles
com escritas silábicas com valor sonoro convencional. Os demais alunos
também devem ser agrupados respeitando hipóteses de escrita próximas,
conforme indicação da Atividade 2B.
■ Materiais necessários: Coletânea de Atividades.
■ Duração aproximada: 1hora: 45 minutos para ler as legendas e 15 minu-
tos para a discussão sobre as imagens.
Encaminhamento
■ No primeiro momento, explore as imagens como um todo com os alunos,
discuta quem aparece, onde estão, o que estão fazendo.
Esta é uma atividade de ler sem saber ler, no primeiro momento. Os alunos lerão
a partir de índices como: letra inicial, final, busca por uma palavra-chave, etc.
Importante:
No caso dos alunos que já escrevem alfabeticamente, você pode tanto agrupá-
-los com os menos avançados proximamente, ou seja, os com escrita silábico-
-alfabética. Uma outra opção, você pode sugerir que os alunos com escrita
alfabética ajudem os alunos com mais dificuldade, a partir da leitura de duas
legendas, sem apontá-las, para que a partir da pista sonora os menos avan-
çados, por exemplo, os alunos com escrita silábica possam encontrar o texto
e depois a imagem correspondente. Nesse caso, o aluno mais avançado terá o
papel de ler algumas legendas e restringir o campo para ajudar os que terão di-
ficuldade de localizar uma legenda no conjunto todo.
As perguntas: ONDE DIZ, QUAL É QUAL permitem que, ao saber o que se deve
procurar, os alunos possam acionar alguns índices e ler ainda que não saibam,
desenvolvendo, com isso tanto conhecimento sobre o sistema de escrita,
quanto sobre as estratégias de leitura.
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
■ Selecione uma legenda e peça aos alunos que observem foto e texto, no-
vamente, e realize com eles uma breve análise dos elementos que com-
põem a legenda e sua função: informações sobre a imagem,o local onde
a cena aconteceu. Você pode escolher uma legenda (Atividade 2E, da
Coletânea de Atividades) e realizar alguns questionamentos: O que este
texto acrescenta de informações à imagem observada? Quem participa
da foto, o que estão fazendo? Onde estão? Quem tirou a foto? Quando
foi tirada? Por que saber isso é importante? Se não tivéssemos o texto
o que não saberíamos? É um texto curto ou longo? Para que ele serve
então?
■ Pergunte aos alunos o que já sabem agora, que não sabiam no início desse
projeto sobre legenda. E escreva na lousa ou num cartaz: O que é uma
legenda? Ou Legenda é...., lembrando que esse conhecimento os ajuda-
rá na elaboração das legendas para o mural ao final do estudo sobre os
povos indígenas. Solicite que ditem as informações sobre legenda, para
você completar o quadro.
■ Guarde estas notas para completar posteriormente.
Atividade do aluno
LEGENDA É:
SERVE PARA:
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
Atividade do aluno
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
Objetivos
Encaminhamento
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
JOGOS
MUNDURUKU, Daniel. Coisas de Índio. Editora Callis: São Paulo, 2000, p. 71 a 73.
©Rosa Gauditano/Studio R
Guarani Mbyá, peteca, SP
PETECA – BRINQUEDO COMUM EM VÁRIAS CULTURAS.
ORIGEM TUPI E SIGNIFICA “TAPEAR”, “GOLPEAR
COM AS MÃOS”, SÃO PAULO/SP
©Rosa Gauditano/Studio R
Escola Guarani Kaiowá
©Rosa Gauditano/Studio R
Casa Guarani Kayowa
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
■ Esta é uma atividade de leitura em voz alta pelo professor, com a inten-
ção de que os alunos apreciem o texto e conheçam um pouco da cultura
do povo guarani. Você poderá incluir esta atividade na rotina semanal de
leitura, conforme sugestões apresentadas no final deste projeto.
■ Relembre alguns mitos lidos por você para a turma, relacionando-os com
a origem narrada por eles. Por exemplo: comente brevemente sobre o
mito “Como surgiram os cães” do povo munduruku e o que se tratava
e questione os alunos: para que servem os mitos? Quem lembra o que
conversamos quando fiz a leitura? O que descobrimos sobre o povo mun-
duruku a partir da leitura daquele mito?
■ Informe que fará a leitura de um mito do povo guarani chamado “Mandioca
– o pão indígena”. Ainda, antes de iniciar a leitura, converse com os alu-
nos e levante as ideias que eles possuem a partir do título, de forma que
possam antecipar alguns elementos do mito. Você poderá perguntar aos
alunos: Será que é igual? Tratará do mesmo assunto? O que será que
irá explicar?
■ Compartilhe com as crianças algumas informações sobre o povo guarani
que serão importantes para compreender a leitura:
Atividade do aluno
Mara era uma jovem índia, filha de um cacique, que sonhava com
o amor e um casamento feliz. Em noites quentes, enquanto todos
dormiam, deitava-se na rede, ao relento, e ficava a contemplar a
Lua, alimentando seu desejo de tornar-se esposa e mãe. Porém,
não havia na tribo jovem algum a quem daria seu coração.
Objetivos
Planejamento
Encaminhamento
Que tipo de letra vamos utilizar? Tamanho? Papel em que ficará o texto?
Para que vamos fazer este texto? Compor o mural da exposição final do projeto
para que as pessoas conheçam os nossos brinquedos e brincadeiras e de outras
crianças indígenas.
Objetivos
Planejamento
■ Organização do grupo: os alunos devem ser organizados em trios.
■ Materiais necessários: imagens dos povos indígenas para legendar pre-
sentes na Coletânea de Atividades, lápis e letras móveis, organizadas em
ordem alfabética, informações sobre as imagens selecionadas.
■ Duração aproximada: 50 minutos.
Encaminhamento
■ Planeje a organização de trios produtivos, considerando os conhecimentos
dos alunos.
LEGENDAS ORIGINAIS
Atividade do aluno
IMAGEM 1
©Rosa Gauditano/Studio R
©Rosa Gauditano/Studio R
IMAGEM 3
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Objetivos
■ Aprimorar a escrita.
■ Refletir sobre aspectos convencionais da escrita.
■ Aprender procedimentos de escritor.
Planejamento
Encaminhamento
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©Haroldo Palo Jr.
HEINÉ KUPUTISÜ, Jogo de resistência e CRIANÇAS COM BICICLETA
equilíbrio em um pé só, Mato Grosso/mt
Objetivos
Planejamento
Etapa 5
Planejar, organizar e participar
de uma exposição
Até o momento os alunos já estudaram alguns aspectos da cultura indí-
gena, aprenderam como se organizam as legendas, leram e escreveram. Agora
chegou a hora de organizar a exposição para mostrar todo o trabalho realizado
no projeto. Nessa etapa, a turma terá a oportunidade de visitar uma exposição,
para saber como se organizar, preparar os materiais necessários para o painel
sobre os povos indígenas, estudar para se preparar para o dia da exposição que
terá como convidados pais, alunos, funcionários e professores e, ao final, avaliar
a participação no projeto.
Objetivos
Planejamento
Objetivo
■ Conhecer uma exposição, observando o que e como está exposto.
Planejamento
■ Organização do grupo: os alunos serão organizados em grupos.
■ Materiais necessários: para o dia da visita disponibilize papel e lápis e
uma prancheta para os grupos.
■ Duração aproximada: três aulas de 50 minutos.
Encaminhamento
■ No dia da visita, proponha ao grupo que, em trios observem o espaço e
registrem numa lista o que é exposto (objetos, quadros, fotografias, que
tipo de informações são expostas; como é organizado (murais; em cima
de mesas; nas paredes...); se há molduras nos cartazes e fotografias etc.
■ Você poderá organizar subgrupos que ficarão responsáveis pelo tópico
como:
j O que é exposto /tipos de informações.
j Como o espaço e o material são organizados.
j Quem organiza e o que essa pessoa precisa fazer e saber.
No caso de não haver nenhum museu ou centro de cultura na região, nem nas
proximidades, a internet oferece vários sites com exposição virtual, algumas
delas são:
http://www.acasa.org.br/expo/brasilnaafrica/
http://www.eravirtual.org/pt/index.php?option=com_content&view=article&id=6&
Itemid=14 ou http://www.casadecoracoralina.com.br/museu-de-casa-coralina.html
(sobre a poeta Cora Coralina)
http://www.pinacoteca.org.br/pinacoteca/default.aspx?c=exposicoes&mn=100&m
od=longaduracao
O site do museu do índio no Rio de Janeiro traz várias exposições uma das
quais com a arte guarani. http://www.museudoindio.gov.br/tourvirtual/guarani/
tour_guarani.html (acesso em 6 de janeiro de 2013).
ATIVIDADE 5C – ORGANIZAÇÃO DA
EXPOSIÇÃO COM O MATERIAL PRODUZIDO
Objetivos
Encaminhamento
■ Retome com a turma a ideia do produto final, combinado. Relembre o que
observaram na visita à exposição e verifique com eles as condições do lo-
cal em que irão expor as imagens para combinar os materiais necessários.
■ Separe o material produzido (legendas produzidas, cartazes, desenhos
dos brinquedos etc.), além dos textos informativos sobre o tema que con-
siderar importante para a exposição como: a tabela com os povos indí-
genas, sua população, informações sobre arte indígena, sobre educação
das crianças, alguns mitos que mais gostaram, etc.
■ Organize as imagens com as respectivas legendas. Neste dia, as crianças
devem participar tanto do preparo quanto da organização da exposição.
■ Durante a organização da legenda para o mural, retome com os alunos a
análise sobre a adequação da letra, o tamanho, de acordo com o que com-
binaram sobre os leitores do mural, verifique ainda a disposição delas tanto
em termos de altura quanto em relação à distribuição de imagens e textos
no mural. Pense, coletivamente, num título para a exposição.
■ Convide outras pessoas da escola para visitar o mural.
Objetivos
■ Familiarizar-se com o assunto que irá apresentar no dia da exposição.
■ Preparar a apresentação que finalizará o projeto de modo que se exponha
perante os colegas.
■ Ouvir a opinião dos colegas sobre a melhor forma de explicar a legenda
escolhida.
Encaminhamento
■ Converse com os alunos sobre o material exposto e as pessoas que visitarão
a exposição. Deixe que os alunos observem as imagens e textos e leia para
eles algumas informações de forma que escolham o que querem comentar.
■ Explique-lhes que o ensaio será em dois ou três dias para que todos pos-
sam falar e ouvir as dicas dos colegas para melhorar a apresentação.
■ Proceda ao ensaio, organizando a sala para acompanhar a apresentação
e fazer sugestões aos expositores.
Objetivo
■ Participar de um evento organizado pelos próprios alunos assumindo os
papéis de expositor e de participante.
Planejamento
■ Organização do grupo: os alunos deverão ser organizados em duplas con-
forme o ensaio.
■ Materiais necessários: toda a exposição organizada, papel e lápis, além
de câmeras para registro.
■ Duração aproximada: duas aulas de 50 minutos.
Encaminhamento
■ Os alunos irão apresentar as informações a partir do que foi organizado
no ensaio e garantir que exista uma interação com os visitantes. No caso
de surgirem dúvidas é importante que os alunos possam responder de
forma clara ao que lhes foi solicitado.
Objetivo
■ Refletir sobre as semelhanças e diferenças entre os povos e o cotidiano
das crianças não indígenas e indígenas e sobre as aprendizagens reali-
zadas no projeto.
Planejamento
■ Organização do grupo: coletivamente em círculos sentados no chão.
■ Duração aproximada: 50 minutos.
Encaminhamento
■ Retomar informações sobre as diferenças e semelhanças entre os povos
estudados e sobre as crianças indígenas e não indígenas com o grupo.
Você pode dizer às crianças que como finalizaram o projeto, essa roda é
para que conversem sobre as diferenças e semelhanças observadas en-
tre as culturas indígenas e não indígenas e para que avaliem o projeto.
■ Realize um registro desse momento.
as outras crianças?
■ como realizar um atendimento mais individualizado com a possibilidade
de acesso a informações específicas?
Também podem usar o recurso para escrever bilhetes aos pais, lembran-
do datas de reuniões, festas, pedidos de materiais, etc. Esses textos podem
ser escritos ou mesmo ditados pelas crianças para o professor que, em alguns
momentos, se coloca como escriba do grupo e, em outros, oferece espaço pa-
ra que as próprias crianças escrevam.
Objetivos didáticos
(ou o que o professor espera que as crianças aprendam)
■ escolher com autonomia, tendo suas decisões respeitadas e apoiadas pe-
los adultos;
■ realizar ações sozinhas ou com pouca ajuda do adulto e de outros par-
ceiros;
■ valorizar ações de cooperação e solidariedade, desenvolvendo atitudes
de ajuda e colaboração e compartilhando suas vivências;
■ relacionar-se com os outros, adultos e crianças, demonstrando suas ne-
cessidades, interesses, gostos e preferências.
Conteúdos
■ participação em situações de brincadeiras e jogos nas quais pode esco-
lher parceiros, softwares e outros recursos;
■ valorização do diálogo como forma de lidar com os conflitos, por exem-
plo, ao pensar em encaminhamentos para socializar o uso do compu-
tador.
• Apresentação na roda
A opção de socializar o jogo na roda é uma estratégia interessante para que
o grupo possa conhecer um jogo novo e compartilhar dúvidas e questões com
• Depois da apresentação
Feita a apresentação dos jogos novos da sala, as crianças precisam de
tempo para poder desfrutar de diversas partidas ao longo dos dias. A criança só
se apropria de uma regra de jogo quando tem a possibilidade de jogar. É dessa
ação que surgirá a reflexão sobre o jogo, ou seja, é da ação contínua que ela
começa a criar estratégias para jogar cada vez melhor. E quando isso acontece,
quando se torna boa jogadora, também é interessante que o professor perceba
esse movimento e a convide para socializar suas descobertas numa roda com os
colegas da sala, explicitando seus conhecimentos. Portanto, a roda do jogo não
deve se restringir somente a uma conversa inicial; pode haver outras situações
que permitam às crianças avançar em seus conhecimentos a respeito do jogo.
■ ampliar a possibilidade de compreensão dos diferentes papéis que de-
sempenha;
■ elaborar conhecimentos advindos do exercício ativo de papéis sociais;
■ divertir-se em suas interações lúdicas e nos enredos que criam para su-
as brincadeiras;
Escritório o
bjetos de escritório: telefone, agen-
■
da, máquina de calcular, manuais,
■ máquina de escrever tabelas de preço de produtos
■ teclados, monitor e mouse Obs.: No caso de desmontar partes
■ lista telefônica do computador, consulte sempre a
■ telefone equipe técnica de informática do seu
■ bloco para anotações município. Eles podem indicar quais
■ agendas novas e usadas peças não apresentam riscos à saúde
das crianças.
■ caneta / porta-canetas
■ máquinas de calcular
■ calendário Médico
■ carimbos ■ embalagens de remédios vazias e
■ furador de papel bem lavadas (mercurocromo e espa-
■ maleta executiva
radrapo), caixas de chá vazias (ca-
momila, erva-doce, boldo...)
■ gravatas
■ pano para compressa
■ caixas de remédios com bulas
■ avental branco
Oficina de consertos ■ sapato branco (usado)
máquina fotográfica, impressora) ■ bolsa d’água
■ ferramentas de plástico ■ máscara de inalação
■ ataduras
■ panos, pincel para limpeza.
■ blocos de papel com propaganda
médica
Cabana
• Como intervir
Inicialmente o professor terá que apoiar e supervisionar com muita frequên-
cia a ação das crianças. Contudo, o acesso ao computador deve ser permitido e
incentivado, pois sabemos que só é possível aprender procedimentos colocando-
-os em prática. É importante que o professor possibilite inúmeras oportunidades
de interação entre crianças e a máquina para que possam explorar livremente as
possibilidades. Ao mesmo tempo, é fundamental que a partir das consignas e
intervenções do professor, as crianças tenham desafios a resolver. Dessa forma,
ao lidar com os problemas da tecnologia, as crianças serão mais competentes
para realizar ações de forma independente.
■ interessar-se pelo uso desta tecnologia, utilizando-a no seu dia a dia, ser-
vindo de modelo de usuário para seus alunos;
■ saber organizar o tempo na sala de aula, para que todos participem, acom-
panhando de perto as necessidades de cada grupo ou de cada criança;
■ s
aber reconhecer conteúdos (oportunidades de aprendizagem) que podem
se transformar em proposta para crianças usando a tecnologia;
■ a
uxiliem as crianças no uso do computador;
■ s
aibam explicitar as ações que realizam, inclusive utilizando vocabulário
específico para que as crianças se apropriem da linguagem utilizada na in-
formática;
■ s
aibam propor atividades que levem as crianças a elaborarem, digitarem e
editarem textos.
■ Fayga Ostrower. A construção do olhar. In: O Olhar. Org. Adauto Novaes. Ed.
Cia. das Letras.
Canto de leitura
Contos tradicionais
Contos modernos
■ Reinações de Narizinho. Monteiro Lobato. Ed. Brasiliense.
■ O Rei Bigodeira e sua banheira. Audrey Wood/ Don Wood. Ed. Ática.
■ Diário do lobo: a verdadeira história dos três porquinhos. Jon Suiszka. Cia.
das Letrinhas.
■ Vice-versa ao contrário. Org. Heloisa Prieto. Ed. Cia. das Letrinhas.
Fábulas
■ Fábulas de La Fontaine. Ed. Itatiaia.
Poesias
■ Poesia fora da estante. Vera Aguiar (Coord.). Ed. Projeto.
■ Uma cor, duas cores, todas elas. Lalau e Laurabeatriz . Cia. das Letrinhas.
Parlendas
■ Lé com cré. José Paulo Paes. Ed Ática.
■ Um tigre, dois tigres, três tigres. Eva Furnari. Ed. Paulus.
Quando os alunos ainda não sabem ler, é o professor quem realiza as lei-
turas, emprestando sua voz ao texto. Enquanto escutam leituras de contos, his-
tórias, poemas, etc., os alunos se iniciam como “leitores” de textos literários.
Mas é preciso nunca esquecer que ler é diferente de contar. Ao ler uma história
o professor deve fazê-lo sem simplificá-la, sem substituir termos que considera
difíceis. Não é porque a linguagem é mais elaborada que o texto se torna incom-
preensível. É justamente o contato com a linguagem escrita como ela é que vai
fazendo com que ela se torne mais acessível.
Os recontos e as reescritas
É ouvindo contos que os alunos vão desde muito cedo se apropriando da
estrutura da narrativa, das regras que organizam esse tipo particular de discur-
so. E é esse conhecimento que lhes possibilita compreender outras narrativas,
recontá-las e reescrevê-las.
6 Ver Parâmetros Curriculares Nacionais (1o e 2o ciclos) Língua Portuguesa. Brasília, MEC/SEF, 1997, p. 74.
7 Ver Parâmetros Curriculares Nacionais (1o e 2o ciclos) Língua Portuguesa. Brasília, MEC/SEF, 1997, pp. 74-75.
Os gêneros…
O conhecimento da linguagem que se escreve não se constitui só de nar-
rativas. Os textos que existem no mundo têm diferentes formas, pertencem a
diferentes gêneros que se constituem a partir do uso e, também, é por meio do
uso que são aprendidos.
Os bilhetes, por exemplo, são textos muito usados na vida social. Na vida
escolar não é diferente. A escrita de bilhetes é uma prática recorrente nas salas
8 Os gêneros são mais detalhadamente explicados no texto Linguagem, atividade discursiva e textualidade.
Parâmetros Curriculares Nacionais (1o e 2o ciclos) Língua Portuguesa. Brasília, MEC/SEF, 1997, pp. 23-27.
Texto complementar 3
9 Ver Parâmetros Curriculares Nacionais (1o e 2o ciclos) Língua Portuguesa. Brasília, MEC/SEF, 1997, p. 26.
10 Texto escrito pela formadora do Programa Ler e Escrever da SEE-SP, Marly Barbosa.
Para alguns autores, mitos são todos os textos que narram a origem da
Terra, do homem dos elementos da natureza. Esses mitos são, geralmente, de
origem indígena ou de outra cultura qualquer. Já os textos de entretenimento,
que narram fatos a partir de uma moral, são considerados lenda.
Cada uma das diversas sociedades indígenas elabora suas próprias explica-
ções a respeito do mundo, dos fenômenos da natureza, dos espíritos, dos seres so-
brenaturais e, também, do momento em que seus ancestrais apareceram na Terra,
ou seja, sua origem. Os textos que contam essas histórias são chamados de mitos.
Fontes consultadas: Prezia, Benedito & Hoornaert, Eduardo. Brasil indígena 500 anos
de resistência. FTD 2000.
Brandão, H. N. & Jesus, L, M. Mito e tradição indígena. In: Chiappini, Ligia (org.) Gêneros
do discurso na escola. Cortez. 2000.
Texto complementar 4
Nestes tempos em que o país parece ter finalmente acordado para a ques-
tão da qualidade da educação e o tema começa a encontrar espaço na mídia,
ainda que de forma um tanto superficial, penso que é importante deixar aqui re-
11 Texto escrito pela Supervisora do Programa Ler e Escrever da SEE-SP, Telma Weisz.
1956 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
56,6% 51% 52% 49% 48% 48% 48% 49% 46% 46% 41%
12 Os 10% que ganhamos entre 1987 e 1996 podem ter mais a ver com a introdução dos ciclos em alguns
estados (SP e MG, por exemplo) do que com a melhoria na qualidade do ensino.
13 FERREIRO, Emilia e Teberosky, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: ARTMED, 1986.
Os limites deste artigo não nos permitem uma descrição exaustiva da evo-
lução das hipóteses infantis sobre a escrita. Vamos, então, analisar um pequeno
número de produções sequenciadas e remeter o leitor interessado à bibliografia.
14 Os pesquisadores americanos que encontraram e registraram esse tipo de escrita chamaram-nas invented
spelling.
Bruno começou o ano letivo com uma concepção de escrita que chamamos
silábica. Ele está convencido de que a cada emissão sonora, a cada sílaba falada,
corresponde uma letra. Em maio ele já não usava mais uma letra por sílaba de
forma sistemática, escrevia o LA de lapiseira e o CA de caderno alfabeticamente.
15 Esse material faz parte de uma pesquisa realizada pelo Instituto de Psicologia da USP. O projeto acompa-
nhou uma classe de multirrepetentes que a escola avaliava como tendo problemas de aprendizagem e seu
objetivo era compreender o que causava um fracasso dessa dimensão.
Texto complementar 5
16 Esse sistema avalia todos os alunos, da 1a série do ensino fundamental até o 3o ano do ensino médio, e
não apenas uma amostra. Isso permite a avaliação de cada aluno, de cada classe, de cada escola e tem
por objetivo orientar as reformulações pedagógicas necessárias.
17 D
outora em Psicologia da Aprendizagem, criou e supervisionou a produção do Programa de Formação
de Professores Alfabetizadores (PROFA) no MEC, atualmente trabalha na Coordenadoria de Estudos
e Normas Pedagógicas da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, onde supervisiona a im-
plantação do mesmo Programa – agora sob o nome Letra e Vida: Programa de Formação de Alfabe-
tizadores – que oferece formação em alfabetização a todos os professores de 1a a 4a séries que se
inscrevam voluntariamente.
As concepções de aprendizagem
Provavelmente a mais importante diferença entre as duas, no momento,
mais conhecidas vertentes da didática da alfabetização em nosso país está
relacionada às diferentes concepções de aprendizagem que as fundamentam:
o construtivismo interacionista de uma e o empirismo behaviorista das outras.
18 FERREIRO, Emilia e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita, Porto Alegre, Artes Médicas, 1985.
19 E
sse programa é um curso de formação de professores alfabetizadores com duração de 200 horas, cujo
material de suporte (vídeos e material impresso) foi produzido em 2000 pelo MEC e utilizado para formar
alfabetizadores a partir do início de 2001 – em parceria com municípios, estados e universidades – até o
final de 2002. Atualmente ele está tendo continuidade – sem a parceria do MEC – nos municípios, estados
e universidades onde já tinha sido iniciado e, também, sem qualquer apoio federal, nas redes municipal e
estadual de São Paulo. Os direitos autorais do PROFA pertencem ao Estado brasileiro e é vedada qualquer
forma de comercialização.
Por que estamos dando todas essas explicações se o nosso tema é a didá-
tica? Porque, apesar da difusão de alguns termos relacionados à psicogênese
da língua escrita, poucos, muito poucos, têm clara a teoria do conhecimento que
permitiu, há três décadas, iniciar uma revolução conceitual na alfabetização. Foi
essa teoria do conhecimento, essa concepção de aprendizagem, que permitiu
que se mudasse completamente as perguntas, as questões que norteavam a
investigação em alfabetização.
20 Estamos usando aqui o termo “texto” de forma genérica, mas as escritas solicitadas costumam ser listas,
poemas, parlendas, canções, etc.
21 FERREIRO, Emilia, GÓMEZ PALACIO, Margarita e colaboradores Análisis de las Perturbaciones en el Proceso de
Aprendizaje de la Lecto-Escritura, Dirección General de Educación Especial, SEP-OEA, México, 1982, 5 volumes.
22 FERREIRO, Emilia A Escrita... antes das Letras in: SINCLAIR, Hermine (org.) A Produção de Notações na Crian-
ça: linguagem, número, ritmos e melodias São Paulo: Cortez Editora, 1990. (p.22).
1956 .... 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
56,6% .... 51% 52% 49% 48% 48% 48% 49% 46% 46% 41%
27 Ver Brasil, Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa – 1a
a 4a séries Brasília: 1997 (pp. 23-27)
28 Como se pode observar, os dados desses 40 anos são anteriores à publicação dos PCNs .
29 Não esquecer que já tivemos outros pré-requisitos absolutos: coordenações viso motoras, discriminações
visual e auditiva, lateralidade, enfim a prontidão. Além de “falar ‘bem’ para escrever corretamente”, etc. E
que eles sempre foram poderosos instrumentos de exclusão.
30 Esta posição não é consensual nem entre os próprios pesquisadores da consciência fonológica. Há tam-
bém os que chegaram à conclusão que é a alfabetização que produz a consciência fonológica. Ver:
• MORAIS, J., CARY, L., ALEGRIA, J. & BERTELSON, P. (1979) Does Awareness of Speech as a Sequence of
• Phones Arise Spontaneously? Cognition 7, .323-331
READ,C., ZHANG, Y., NIE, H. & DING, B. (1986) The Ability to Manipulate Speech Sounds Depends on Kno-
wing Alphabetic Writing Cognition, 24, 31-44
TREIMAN, R. & ZUKOWSKI, A. Children’s Sensitivity to Syllables, Onsets, Rimes and Phonemes Journal of Ex-
perimental Child Psychology 61, 193-215.
31 Ver: CAPOVILLA, Alessandra G.S. e CAPOVILLA, Fernando Alfabetização: Método fônico São Paulo: Memnon,
2002 ; Programa de Alfabetização do PFL in: www.alfaebeto.com.br ; Método Casinha Feliz criado pela pro-
fessora Iracema Meireles e vendido por seu filho Silo Meireles através do site da sua editora: www.page-
builder.com.br/casinhafeliz.
32 BARBOSA, José Juvêncio. Apresentação à Edição Brasileira. In: FOUCAMBERT, Jean A Leitura em questão.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
Fonte: Revista Projeto – Ano III – No 4. Editora Projeto: Porto Alegre, jan/jun 2000.
Texto complementar 6
A nós interessa tocar nos pontos em que não há total acordo ou consenso,
recuperando a história recente dos projetos de leitura e escrita. Propomo-nos a
defini-los sob a perspectiva de uma didática específica de conteúdos escolares.
Nessa definição, tentaremos recuperar sinais de sua história que auxiliem na
compreensão das múltiplas versões que existem, hoje, nas salas de aula. Pro-
curaremos expor uma preocupação relativa ao lugar e ao sentido dos conteúdos
dos projetos, lugar onde também se localizam diversas concepções.
Nome do aluno:
5ª série: Seção: Data:
Tarefa no 12:
Juan Sebastián Tallón já é um poeta conhecido para ti (ver tarefa no 4). Dele,
hoje, lerás:
33 Aqui, o sentido dado pelo poeta de “más bueno”, é o de ser um ser humano melhor do que o sujeito já era,
no sentido filosófico. Foi traduzido como “melhor”, pelo simples motivo de não ser possível usar a expres-
são “mais bom”.
Ponto c) Relê a terceira estrofe. Qual verso expressa uma imagem de movimento?
Ponto d) Observa os termos em destaque e escreve um sinônimo:
– A vaca se “echa” no pasto.
............................................... 34
– A torta está “hecha”.
...............................................
As palavras como “echa” e “hecha”, de escrita parecida e diferente significado
são: ............
34 Nesse caso, mantivemos as palavras no espanhol, porque em português, neste contexto, elas não teriam
as características pelas quais foram destacadas pela professora que planejou a tarefa: têm sonoridade
idêntica e semelhança na forma de escrever, porém significados completamente diferentes.
Ter trabalhado na escola com esse tipo de organização das situações didáti-
cas permitiu-nos superar alguns problemas que acabamos de expor. Atualmente,
em muitas propostas, podemos encontrar as seguintes características:
1. O
texto deixa de servir para exemplificar qualquer conteúdo e passa a
apresentar, sobretudo, aqueles que o definem. Por exemplo, a relação
imagem-texto na propaganda, as argumentações na nota editorial, a pon-
tuação do diálogo direto no teatro ou em algumas histórias.
Iniciada a situação didática, embora todos possam trazer dados sobre o ani-
mal, observam-se muitas dificuldades para definir o conteúdo do texto. Logo após
algumas acaloradas discussões, tentam escritas da palavra “crocodilo”, pois um
deles – Cecília – sugeriu escrever “crocodilo come peixes”. Essas escritas de
Por que considerar que essa tarefa constitui um problema para as crianças?
Quais são seus propósitos didáticos?
Como não sabem ler de modo convencional, é necessário decidir onde es-
tá escrita a palavra “crocodilo”, desenvolvendo algumas estratégias. Realizam
antecipações, tentando coordenar a informação trazida pela leitura do adulto, o
que, efetivamente, vem escrito no papel, e o que cada um conceitua acerca do
que pode estar escrito em todo o título e em suas partes. Tal como vimos, as
crianças ensaiam diferentes respostas frente ao texto: “O crocodilo do Nilo”. Con-
sideram que em todo o título diz “crocodilo” (recordemos Gustavo assinalando,
inicialmente, com seu dedo, a totalidade do texto); começam a copiar a primeira
linha do título, da esquerda para a direita (O, observando “O crocodilo”); propõem
■
estudar o tema: conseguir dados sobre o entrevistado e pensar as per-
guntas mais adequadas na forma e no conteúdo antes de encontrar-se
com ele;
■
prever as formas para conservar a informação dada pelo entrevistado,
enquanto desenvolve-se a conversação (gravador e, ou, anotações);
■
conservar a informação que se deseja, dentre tudo o que foi exposto.
35 Docente: Graciela Brena. Jardim de Infância da Escola “Joaquín V. González”. Universidade Nacional de La
Plata. Rep. Argentina.
PROFESSORA – “Tem uma capa e gordura que está sob sua pele” (lê). Isto,
os outros animais também tinham.
36 * Em cada caso, junto ao nome do animal, constam alguns dados que todos consideram importantes.
A professora lê alguns dos textos durante várias aulas. Para isso, sabe ser
necessário criar certas condições didáticas:
■
sabe que, em geral, convém selecionar previamente textos breves ou frag-
mentos não muito extensos, pois, diferente das histórias, o tipo de texto
e a experiência das crianças em relação aos mesmos não permitem, por
agora, uma atenção prolongada;
■
sabe que, quando lê, deve respeitar o texto original, evitando deformar a
linguagem escrita que caracteriza esse tipo de texto, pois também é um
conteúdo que comunica às crianças no transcurso da leitura;
■
ao respeitar o texto original sabe que, em muitas oportunidades, o que
lê não é totalmente compreendido pelas crianças. Diante disso, às ve-
zes, optará por ampliar o texto, trazendo mais informação, ou aceitará,
tal como muitas vezes ocorre com os leitores, que as crianças não com-
preendam todo o escrito.
(Natália continua com o lápis na mão, porém agora para escrever “pesca-
dos”, conforme recordam os colegas.)
ANÁLIA – Não, o “ee, ee, eee, e” (tirando o lápis de Natália e repetindo para
decidir sobre a primeira letra de “pescados”)
“Pingüino”
“Comen
pescados
y calamares.
Los pingüinos
se protegen del frío
con la capa de grasa
y las plumas.
37 Optou-se por manter as escritas das crianças em espanhol (tanto no corpo do texto como nas ilustrações),
assim como as referências sobre as palavras que estão tentando escrever, para que o leitor possa perce-
ber as relações que as crianças estabelecem.
Tal como acontece na prática dos bons usuários, o retorno ao texto na si-
tuação de revisão permite também às crianças pequenas uma nova instância
de reflexão sobre o escrito. Novos problemas podem ser discutidos entre eles.
“Ballena
Que son
Mamíferos
Que toman leche
Materna que salem para
respirar
tienen capa de grasa
comen plancton y cril
el cril son unos
animalitos
el plancton y el cril
son unos ani
– “Repete muito ‘que são, que são, que são’ ”; “nos livros não diz ‘são,
são, são’ ”.
– “Fica melhor com ‘tiram a cabeça para respirar’...” (no lugar de “que sa-
em para respirar”).
“Ballena
Las ballenas son mamíferos
toman leche materna
sacan la cabeza para respirar
tienen capa de grasa para el frío
las no tienen dientes
tienen barbas
comen plancton y
cril que son algas y
animalitos microscópicos.”40
As crianças reorganizam o texto sobre as baleias, usando as sugestões da-
das pelos colegas na situação didática de revisão. Os comentários realizados
diante do texto da “baleia” e sua reescrita ilustram os problemas que podem
tematizar mesmo sem saber escrever com o sistema de escrita convencional.
Para concluir
Com o relato que acabamos de expor propusemo-nos a exemplificar muitas
das questões que colocamos ao longo deste artigo. Por um lado, apresentamos
Texto complementar 7
Os alunos podem antecipar de maneira cada vez mais ajustada aquilo que
um texto diz quando nas situações didáticas a escrita permite previsão e pode
ser explorada, investigando as relações entre o que se supõe e sabe ou sabe o
que está escrito e a escrita real.
As crianças
As situações que vamos descrever giram em torno da leitura de receitas
culinárias com um grupo de crianças da primeira série no mês de maio. Só uma
das crianças lê convencionalmente, com a típica lentidão de alguém que recém-
Contextualização
O contexto no qual se inserem as situações de leitura vincula-se com a fes-
ta de 25 de maio. Para essa celebração as crianças de 1a série estão encarre-
gadas de preparar empanadas para a festa. A professora parte da consideração
que existem muitos tipos de empanadas e que vão ter que escolher algum. Os
alunos compartilham da opinião (com ou sem carne, com ou sem queijo, fritas
ou assadas). A professora comenta que as diferenças provêm da origem de cada
variedade, dado que em cada cidade ou região do país, por tradição as preparam
de diferentes maneiras. Observa que o tema provoca comentários e interesse
nas crianças e propõe pesquisar quais são os diferentes tipos de empanadas
e qual é a característica de cada uma, para decidir, entre todas, qual é a mais
gostosa e também a mais econômica para ser feita.
Também encontram livros que não contêm ilustrações e outros onde as ilus-
trações não estão ao lado das receitas a que se referem. Isso é algo que chama
muito a atenção, é a primeira vez que ao lado do desenho ou da foto “Não está
escrito o que tem na foto”.
O índice requer atenção mais detalhada. Mostra que nem todos os livros o
possuem. Que alguns possuem no princípio e outros no final. Leem em voz alta
alguns índices e perguntam quais são os números que aparecem: nem todos sa-
bem que são referências a páginas, alguns creem que podem ser a quantidade da
comida indicada. Dois argumentos servem para refutar essa ideia: “não podem ser
75 tortas de chocolates ou 322 bolos recheados”. Além do mais, esses números
aparecem do menor para o maior em todas receitas. Ao considerar a proposta de
referência a páginas, a professora lê para as crianças o título e o número e busca
na página correspondente onde, efetivamente, encontra o que sempre surge com
esse título. Com essa confirmação que “é o número da página que está dentro”.
Alguns alunos, dos que inicialmente sabiam o que era um índice, vão dire-
tamente a ele. Ali buscam o E de empanada. O encontram rápido e chegam a
página da receita de estufado. Então a professora lhes diz que pensem quais
letras tem que estar em empanada e se o título encontrado as tem. A princípio
lhes parece que sim porque “tem a letra de Diário”, mas logo percebem que está
com a “letra de Darío (D) mas não o A de Darío (está com d. mas não com a ao
lado). A professora confirma que ali não está escrito empanada e sim estufado
e que agora já sabem que estufado também começa com E.
Muitos alunos buscam título por título, se detêm cada vez que algum co-
meça com E. Quando não exploram, a professora os alerta para que examinem
toda a palavra, igual ao caso anterior.
Cada vez que um grupo encontra uma receita a professora vai anunciando
em voz alta o título completo. A partir disso, algumas crianças procuram interpre-
tar o que está escrito nas palavras seguintes. A professora ajuda a estes grupos
dando-lhes opções: muito bem, diz empanadas, vamos averiguar que empanadas,
eu os ajudo, diz empanadas de palmito ou empanadas de queijo?
A professora seleciona três textos, tira cópias e reparte para todos os gru-
pos. Duas receitas cumprem a condição de incluir todos os ingredientes deseja-
dos e uma não. Propõe-se realizar várias tarefas.
Informa que nem todas as receitas têm todos os ingredientes e que têm
que averiguar qual é a que tem as quatro coisas: batatas, passas, azeitonas e
ovos. Para resolver essa tarefa, terão que verificar em cada receita onde estão
os ingredientes, aí terão que corresponder ao recheio e, por último, relacionar a
cada um deles. Obviamente, para resolver esse problema é necessário coorde-
nar muitas informações.
Empanadas mendocinas
Ingredientes para 3 docenas
Masa
Harina, 1 kg
Yema, 1
Leche, 2 tazas
Sal, media cucharadita
Manteca 1/4 de taza
Grasa, 1/4 de taza
Relleno
Aceite, 1/2 taza
Grasa colorada, 2 cucharadas
Cebollas picadas, 700g
Carne picada, 500g
Sal, pimenta y orégano, a gusto
...(sigue preparación)...
Masa
Harina, 1 1/2 kg
Grasa, 400 g
Pimentón, 1 cucharada
Água tibia, 4000cc
Sal, 1 cucharada colmada
Relleno
Grasa, 220g
Cebollas de verdeo, 500g
Papas, 3
Tomates pelados y picados, 2
Aji morrón, 1.
Pimentón, 1 cucharada
Zanahorias, 3
Sal, pimienta y comino, a gusto
Carne tierna, 500g
Passas de uvas sin semillas, 100g
Huevos duros, 4.
Aceitunas verdes, 200g
..(sigue preparación)...
Masa
Harina, 750g
Grasa de cerdo, 150g
Salmuera tíbia, cant. necesaria.
Relleno
Grasa de pella, 200g
Cebollas de verdeo, 1 1/2 k
Pimentón, 1 1/2 cucharada
Carne de ternera picada a cuchillo, 1/2 k
Papas hervidas y cortadas en daditos, 2
Sal, pimienta y aji molido, a gusto.
Pasas de uvas sin semillas, l00g
Huevos duros picados, 3
Aceitunas verdes, 18
...(sigue preparación)...
Também sabem que existem receitas que são preparadas com carne pica-
da (moída) no açougue e outras com carnes cortadas à mão. Sabendo que eles
A ideia é que todos os grupos resolvam primeiro Qual é qual? Uma vez iden-
tificada cada uma das receitas a professora vai propondo outras buscas. Os
grupos mais avançados resolvem quase imediatamente a primeira atividade, a
essas crianças propõe-se ir diretamente a segunda. Alguns grupos vão resolven-
do mais lentamente a primeira, mas sobra tempo, a eles é proposta a atividade
3 e 4. Por último, os grupos mais avançados têm a tarefa de verificar quais são
os outros ingredientes exigidos na receita.
■ Com qual letra começa, termina ou quais letras contêm carne, cebola,
azeitonas... Que palavras conhecem que começam como picada, para co-
meçar a buscar outras que comecem com a mesmas letras.
■ Qual tem mais. Às vezes se trata de mais palavras ou partes separadas
de escrita: cebola ou cebola verde, uva passa ou batatas. Às vezes se
trata de mais letras de uma palavra: ovos ou azeitonas.
■ Passas ou batatas (pasas y papas) começam e terminam com as mes-
mas letras, qual a outra letra que podem observar para saber qual é uma
e qual é outra?
■ Se já encontrou cebola, para encontrar cebola verde tem que buscar um
“pedaço” igual, mas com algo distinto.
■ Se já encontrou identificou batatas (papas), para encontrar uvas passas
(passas de uvas) tem que encontrar um início igual, porém com uma
quantidade maior de letras e com algumas diferenças.
■ Se já encontrou carne e há algo escrito a mais, é provável que encontrem
cortada ou picada.
■ Se encontrou batatas nas receitas, mas numa delas está escrito algo
mais, e se as crianças não tentam nenhuma antecipação, a professora
lhes propõem três alternativas: batatas fritas, batatas cozidas e cortadas
em pedaços ou batatas previamente cozidas em água e sal.
■ Se encontrou pimentão picante moído as crianças acreditam que encon-
traram azeitonas porque começam com a letra A (ají/aceitunas), a pro-
fessora lhes mostra que outras crianças já encontraram picada e lhes
pergunta se azeitonas e picadas têm as mesmas letras. Casos parecidos
acontecem com batatas e pimentão (papas e pimentón).
Em síntese
Quando se está procurando alguma parte da escrita onde se supõe que
está a palavra ou a construção buscada, aprende-se que conteúdos específi-
cos comunicam diferentes partes da escrita. Os destaques, os números, os
diagramas podem ajudar a realizar essa atividade. Uma vez verificado onde
ler, as crianças encontram um texto em que é necessário fazer antecipações
e ir ajustando-as em função dos índices que vão encontrando. Quando se es-
cuta a leitura do professor, as crianças têm oportunidades para aprender algo
acerca de como ler. Por exemplo, quando a professora, através de sua leitura,
informa que numa parte estão os ingredientes e na outra informações sobre
o modo de preparo e também sobre o índice. Nesse caso descrito, que se de-
senvolveu durante várias aulas sucessivas, em alguns momentos as crianças
estavam mais interessadas em saber ou entender o que dizia cada parte do
texto escolhido. A frequência de situações onde se lê ou se escuta ler permi-
te ter um repertório de antecipações que são cada vez mais próximas do que
Texto complementar 8
Considerando-se:
41 B
RÄKLING, K. L. A leitura da palavra: aprofundando compreensões para aprimorar as ações. Concepções e
prática educativa. São Paulo (SP): SEE de SP/CEFAI; 2012.
42 E
specialista em Organização Curricular e Formação de Professores em Alfabetização e Ensino de Língua
Portuguesa. Professora da Pós-graduação do ISE Vera Cruz. Assessora da SEE de SP. Mestre em Linguís-
tica Aplicada pela PUC de SP.
43 A
esse respeito, consultar LERNER, D. É possível ler na escola? Artigo publicado originalmente na revista
Lectura y Vida, ano 17, nº 1, mar. 1996. Tradução para o português de Daniel Revah, Maíra Libertad Soli-
go Takemoto, Rosangela Moreira Veliago e Suzana Mesquita Moreira. Revisão de Heloisa Cerri Ramos. A
mesma discussão está presente no livro LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o ne-
cessário. Porto Alegre (RS): Artmed; 2002 (pp. 87-92).
44 A autora agrupa as atividades independentes em ocasionais e de sistematização. À parte as ativida-
des independentes, a autora indica as atividades habituais. No entanto, quando estudamos a caracte-
rização de cada modalidade, pode-se observar que também essas são independentes, no sentido de
não constituírem uma sequência de atividades, estando, no tempo de trabalho, isoladas de outras.
Os exemplos dados na obra de referência esclarecem essa ideia: hora de contar histórias, hora da
leitura de curiosidades científicas, leitura de capítulos de um dado romance, um a um, em diferentes
dias. Por isso a proposição desse agrupamento que, embora difira do da autora, não o contradiz; ao
contrário, o ratifica.
45 R
eferência: DOLZ, J.; B. SCHNEUWLY & J.-F. DE PIETRO 1998. Récit d’élaboration d’une séquence: Le débat
publique. IN: J. DOLZ & B. SCHNEUWLY (eds) Pour un Enseignement de l’Oral: Iniciation aux genres formels
à l’école. Paris: ESF Editeur, 1998.
e) e
laboração de um dossiê da obra de determinado autor, contendo rese-
nhas das diferentes obras e uma análise das suas características es-
téticas e estilísticas, com a finalidade de disponibilizar na biblioteca da
escola;
f) e
laboração de uma coletânea de contos de fadas modernos produzidos
pela classe;
A rotina precisa ser conhecida pelos alunos, de maneira que possam pre-
parar-se para ela.
A prática de ensino da linguagem verbal não pode prescindir nem das moda-
lidades organizativas nem das modalidades didáticas de atividades (ou situações
didáticas), cabendo ao professor selecioná-las e articulá-las na rotina de trabalho.
46 L erner (2002) as caracteriza como situações didáticas (p. 90), embora não se refira a todas as situações
que aqui serão apresentadas.
A seguir, são apresentados três quadros nos quais procuramos agrupar si-
tuações didáticas de leitura, produção de textos e reflexão linguística, caracte-
rizando-as.
tipos finalidades
47 Síntese elaborada por Kátia Lomba Bräkling para trabalho de assessoria e formação de professores (set/07).
tipos finalidades
tipos finalidades
tipos finalidades
Aspectos textuais:
Procedimentos – e recursos – de
produção de texto: planejamento e
textualização.
48 M
aneiras de retomar conteúdos, expressões, fatos que foram mencionados anteriormente, ou de anunciar
o que será abordado em seguida. Exemplo: 1) Aqueles livros que eu retirei da biblioteca, ambos estão na lista
dos mais vendidos naquela livraria (‘ambos’ recupera ‘aqueles livros’); 2) Eles estão na lista dos mais vendi-
dos, aqueles livros que emprestei. (Nesse caso, ‘eles’ antecipa/anuncia ‘aqueles livros’).
“Vamos
Trabalhar com a lembrar de
capacidade de organizar tudo o que
temporalmente um aconteceu Aspectos discursivos: relativos
texto da ordem do nessa às especificidades de organização
narrar – ou relatar –, história?” interna dos textos típicos do gênero
RECONTO (2) estabelecendo relações em questão.
de causalidade (quando “Agora vamos
houver) por meio dizer, um por Aspectos textuais: sequência
da recuperação dos um, os fatos temporal, relações de causalidade.
episódios e organização importantes da
dos mesmos. história que a
professora leu.”
Que considere
tanto as
Aspectos discursivos: não são
características
prioritariamente tematizados, pois
do contexto
o ajuste do texto ao contexto de
de produção,
produção não será realizado. O texto
quanto a
será escrito tal e qual é conhecido,
proficiência
palavra por palavra.
dos alunos
para grafar de Aspectos textuais: também não
próprio punho, serão tematizados, pelas razões
ESCRITA DE seja realizando apresentadas acima.
TEXTO QUE SE a atividade
Possibilitar a
CONHECE DE individualmente Aspectos gramaticais: podem ser
apropriação das
COR (OU TEXTO ou em parceria. tematizados, caso haja necessidade;
características do
MEMORIZADO)49 no entanto, a prioridade nessa
sistema de escrita. Considerar na
(escrita de próprio modalidade é o trabalho com a
punho) consigna os compreensão do sistema de escrita.
recursos mais
adequados Aspectos notacionais: são os
ao aluno no priorizados nessa atividade.
momento: letras
Além desses aspectos, também podem
móveis, pincéis
ser tematizados os procedimentos
atômicos,
de textualização e revisão processual
giz e lousa,
e final, focalizando-se os aspectos
lápis e papel,
notacionais.
entre outras
possibilidades.
esta modalidade didática é fundamental esclarecer que se trata de textos que comumente se sabe de
49 N
cor; aqueles que, em determinadas circunstâncias enunciativas são recuperados tal qual foram produzidos,
palavra por palavra, de acordo com as versões da região, porque são conhecidos de memória. Por exemplo:
cantigas de roda, quadrinhas, parlendas, letras de música. Os poemas não integram esse grupo de textos
por dois motivos: primeiro, porque não são sempre retomados de cor; segundo, porque, para as finalidades
didáticas colocadas, é preciso que nessa atividade haja uma linha melódica – e/ou rítmica – articulada
aos versos, pois é esse recurso que permite a antecipação de cada verso (como começa e como termina)
do ponto de vista da sua localização gráfico-espacial no texto. É a articulação do verso melódico/rítmico à
palavra que auxilia o escritor iniciante a tomar decisões sobre o que escrever no momento da produção e
o que está escrito (nas atividades de leitura). Na verdade, no caso do trabalho com estes textos, as ativi-
dades de leitura antecedem as de escrita.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
a) Assim como as atividades de leitura, as de escrita devem ser submetidas aos diferentes momentos do movimento me-
todológico, ou seja, devem ser realizadas, sempre que necessário, no coletivo, em colaboração menor (duplas e grupos)
e, depois, individualmente. O critério a ser utilizado é o grau de proficiência dos alunos na realização daquela tarefa e
na compreensão dos aspectos implicados.
b) Os textos produzidos devem ser fonte de informação sobre as necessidades de aprendizagem relativas à compreensão
do sistema e à ortografia. No entanto, as atividades de revisão não devem ter o foco nessas questões, que devem ser
tratadas em atividades específicas. Ao contrário, o foco das atividades de produção e revisão de textos precisa ser tanto
as questões discursivas quanto as textuais.
c) Na seleção das atividades de produção é preciso articular as necessidades com as possibilidades de aprendizagem.
Nesse processo, é preciso formas de realização mais adequadas a esses dois aspectos, ou seja, tanto os agrupamen-
tos possíveis, quanto os recursos a serem utilizados na escrita (letras móveis, giz e lousa, computador, pincéis atômi-
cos, canetinhas, etc.).
C – Ação do professor:
b) E
xercitação sobre os conteúdos estudados, de modo
a permitir que o aluno se aproprie efetivamente das
descobertas realizadas.
D – Ação do aluno:
a) R
einvestimento dos diferentes conteúdos exercitados
em atividades mais complexas, na prática de escuta e
de leitura ou na prática de produção de textos orais e
escritos.
(Manoel de Barros)
Muito se tem falado nas últimas duas ou três décadas a respeito da impor-
tância da leitura. Artigos vários se referem às demandas apresentadas pela so-
ciedade em termos profissionais (que exigem domínio da linguagem escrita, boa
comunicação verbal, boa redação, entre outros aspectos); abordam as necessida-
des colocadas para o sujeito em termos de efetiva participação social (saber ler
diferentes tipos de texto, estar bem informado, saber ajustar o registro à situa-
51 Nesse título, duas referências fundamentais: Paulo Freire (que dispensa comentários) e Galeano, quando
se refere à palavra, dizendo que “o nome é a coisa que o nome chama” (GALEANO, Eduardo. As palavras
Andantes. Porto Alegre (RS): L± 1994.).
52 Bräkling, Kátia Lomba. Leitura do mundo, leitura da palavra, leitura proficiente: qual é a coisa que esse nome
chama? In Revista Aprender Juntos. São Paulo (SP): Edições SM; 2008.
53 Professora da Pós-graduação ISE Vera Cruz (São Paulo – SP); Consultora da SEE de SP; Assessora de ins-
tituições na Área de Ensino da Linguagem Verbal.
54 BARROS, Manoel de. O Livro das Ignorãças. Rio de Janeiro (RJ): Editora Record; 1997.
55 V
er GERALDI, João Wanderley. Concepções de Linguagem e Ensino de Português. In: “O texto na sala de au-
la”. Cascavel (PR): Editora Assoeste; 1984.
a) e
screver um artigo de opinião sobre violência familiar, para ser veiculado
em uma revista eletrônica de um colégio de ensino fundamental, com a
finalidade de esclarecer, informar e formar a opinião de alunos dos 5ºs
anos;
b) e
screver um artigo de opinião sobre violência familiar, para ser veicula-
do no jornal Folha de S. Paulo, na seção “Tendências e Debates”, com a
finalidade de esclarecer, informar e formar opinião dos leitores sobre o
tema em questão.
Diante do que foi exposto, podemos afirmar que ler é um processo de re-
construção dos sentidos do texto, no interior do repertório de significados e sen-
tidos constituídos pelos sujeitos, considerando as características do contexto de
produção que determinou o texto que se está lendo.
Em cada uma dessas circunstâncias lê-se por diferentes motivos, o que de-
termina diferentes procedimentos de lidar com o material de leitura. Na sala de
espera de um dentista, lemos para passar o tempo até que a consulta anterior
à nossa termine e possamos ser atendidos. Como não sabemos, exatamente,
quanto tempo demorará a espera, quando lemos uma revista, primeiramente
passamos por toda ela, inspecionando artigos, apreciando imagens para, só de-
pois, se ainda der tempo, voltarmos para alguma reportagem ou notícia que nos
tenha interessado mais. Quando estamos em casa e, antes de dormir, tomamos
um livro para ler, ao contrário, lemos o livro linearmente, do começo até onde o
sono nos permitir. Quando estamos procurando livros para estudar determinado
tema, consultamos o índice, lemos a apresentação, a orelha à busca de pistas
que nos indiquem se o assunto será tratado no livro e em que parte. Uma vez
localizada a parte, lemos o resumo inicial do artigo – se houver – para conferir-
mos o conteúdo. Quando vamos participar de uma leitura dramática, estudamos
o texto, em especial os personagens que vamos – ou poderíamos – representar,
para ler com dramaticidade, em voz alta.
Quando lemos
não lemos, nas duas frases, a mesma ideia, nem os mesmos valores, pois a
escolha lexical determina a veiculação de uma determinada apreciação sobre o
comportamento da pessoa que mandou a menina se retirar. Na primeira frase,
toda uma carga semântica de preconceito racial e autoritarismo – para dizer o
mínimo – vem à tona pela evocação da figura do ditador alemão e, dessa ma-
neira, qualifica de modo muitíssimo diferente a ação do sujeito que, se ouvisse
a frase (e não só ele, mas qualquer leitor) – e tivesse conhecimento de História
56 BAKHTIN, M. (Volochinov, V. N.). Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo (SP): Hucitec; 1988 (p. 95).
Por isso, ler a palavra é ler o mundo. É esse o sentido mais profundo des-
sa expressão tão banalizada nos círculos educacionais, utilizada, muitas vezes,
para significar a leitura de textos não verbais, o que, por vezes, provoca a perda
do objeto efetivo da leitura: a palavra, o verbo.
57 JOBIN e SOUZA, S. Infância e linguagem: Bakhtin, Vygotsky e Benjamin. Campinas (SP): Papirus; 1994.
Mas, a escola deve trazer tais práticas para o seu interior com uma finalida-
de didática clara: ensinar os alunos a delas participarem, possibilitando a eles
aprenderem a mobilizar todos os conhecimentos com os quais um leitor profi-
ciente opera nas práticas sociais de leitura.
58 Sobre modalidades didáticas de leitura, consultar os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portu-
guesa para o Ensino Fundamental (tanto o de 1ª a 4ª série, quanto o de 5ª a 8ª).
Que este texto tenha podido acender princípios. Que tenha conseguido desex-
plicar e, assim, desnudando a palavra – inda que por meio dela mesma –, tenha
tornado possível a nossa reaproximação da coisa que o nome chama de leitura.
Referências bibliográficas
1) B
AKHTIN, M. (V. N. Volochinov) (1929). Marxismo e Filosofia da Linguagem. São
Paulo (SP):Hucitec. 6ª ed. 1992.
2) ___________. (1952-53b). O problema do texto. In M. M. Bakhtin (1997). Es-
tética da criação verbal: 327-368. São Paulo (SP): Martins Fontes. 2ª edição.
maio de 1997.
3) __________. (1970-71). Apontamentos. In M. M. Bakhtin (1997) Estética da
criação verbal: 368-397. São Paulo (SP): Martins Fontes. 2ª edição. Maio de
1997.
59 MEC/UNICEF/UNDIME. 2008.
60 BARROS, Manoel de. O Guardador das Águas. Rio de Janeiro (RJ): Editora Record; 1998.
Diversidade de situações
Durante toda a escolaridade, tanto no nível inicial como na educação bási-
ca, ensinar a ler significa muitas coisas:
■ É propor situações que faça sentido que um adulto leitor leia para as
crianças e é, também, investir mais naquelas em que as crianças tenham
de ler ou interpretar por si mesmas.
■ É desenvolver situações nas quais ler tenha sentido (dentre outras coi-
sas), porque estamos buscando um dado preciso, estudando um tema
desconhecido, acompanhando as instruções para fazer ou consertar um
aparelho, ou porque nos emociona, alegra-nos ou nos surpreende a ma-
neira que o autor “diz” tal coisa...
61 De maneira intencional utilizei a frase “continuidade na diversidade” da comunicação, de Claudia Molinari,
“Diversidad y continuidad en Ias situaciones de escritura y revisión en el Jardín de Infantes”, apresentada
no Congresso Internacional de Educação da Faculdade de Filosofia e Letras da UBÁ, 1996.
Lê-se para estudar: para se ter uma ideia global do tema ou localizar a res-
posta para uma pergunta específica ou buscar o parágrafo ou a frase que servem
para justificar a própria opinião ou se lê para resumir... É necessário ressaltar
que a diversidade de leituras no contexto escolar não pode nem deve ficar su-
jeita somente às propostas apresentadas pelas crianças, aos materiais que elas
trazem, às situações que podem surgir. Tais demandas não atendem, necessa-
riamente, à ampla gama de práticas sociais de leituras: ninguém pode demandar
nem propor aquilo que não conhece. Quando se trata de ensinar a ler, é respon-
sabilidade da escola garantir que a maior quantidade possível de situações e
textos seja apresentada nas salas de aula para que as crianças tenham todas
as oportunidades que necessitam para se transformarem em leitores críticos de
nossa cultura. Continuidade também é responsabilidade da escola manter essa
diversidade de situações em permanente uso. Não se aprende por partes frag-
mentadas que vão se acumulando até somar um todo, mas por coordenações
cada vez mais extensas e profundas que dão lugar a reorganizações e ressig-
nificações dos saberes em jogo, isto é, por aproximações sucessivas. Então, a
apresentação de situações diversas sem continuidade não garante mais do que
certas aproximações cuja permanência e transformação progressiva não estão
garantidas. A continuidade na presença de situações diversas é um princípio
complementar da própria diversidade. É o princípio que garante a transforma-
ção do saber e evita sua perda por desuso A tradicional distinção escolar entre
“ensinar a ler” no primeiro grau e “ler de maneira compreensiva” a partir do se-
gundo, entre a aprendizagem de um mecanismo e o desenvolvimento da leitura
62 C
hartier, A. M.; Hébrard, J., Discurso sobre Ia lectura, Barcelona, Gedisa, 1994. (O destaque é nosso).
63 L
a función alfabetizadora de Ia escuela hoy, 1996.
As crianças
Felizmente, há uma década que em nosso meio já se sabe que as crianças
constroem saberes sobre a leitura antes mesmo da leitura convencional. Essas
descobertas poderiam ser sintetizadas em:
Uma das dificuldades mais comuns desse tipo de situação é que as crian-
ças, por falta de contexto, acabam decifrando ou inventando em vez de ante-
cipar e confirmar ou desprezar suas antecipações considerando os dados que
o texto oferece. Isto é, sonorizam as letras sem conseguir obter nenhum sig-
nificado ou “dizem qualquer coisa” que não é coerente nem com o texto nem
com o contexto. Muitas vezes, essa não é uma dificuldade da criança, mas
67 Para saber mais sobre o assunto consultar: Ferreiro, Emilia, El nino preescolar y su Comprensión dei sistema
de escritura, México, SEP, 1979; “Lãs relaciones entre el texto como totalidad y sus partes” e “Lãs relaciones
entre el texto y Ia imagen”. Em Anâlisis de Ias perturbaciones en lê proceso de aprendizaje escolar de Ia lec-
tura y Ia escritura, México, SEP, 1982; Proceso de alfabetización. La alfabetización en proceso, Buenos Aires,
Centro Editor de América Latina, 1986 (“Alfabetização em Processo”, Editora Cortez, SP).
68 Idem nota 3.
69 Para saber mais consultar: Teberosky, Ana, Aprendiendo a escribir, Barcelona, ICE ORSORI, Universitat de
Barcelona, 1992. (“Aprender a escrever”. Editora Ática, SP).
70 U
ma descrição das dificuldades encontradas pelo professor para conduzir esse tipo de situação pode ser
encontrada no capítulo 5, de Claudia Molinari, “A intervenção docente na alfabetização inicial”.
Andrés: Aqui (mostrando a palavra FELIZ em cada um dos três cartazes) diz
“feliz, feliz, feliz...”
Professora: Por que você acha isso?
Andrés: Porque tem todas essas letras (mostrando as letras dos três
cartazes), todas essas letras são “igualzinhas”.
Juan Manuel: Sim! Ele tem razão: são todas iguais (surpreso).
Professora: Onde diz “Feliz aniversário”?
(Burburinho generalizado em toda a sala. As crianças comentam entre si
diferentes opiniões).
Patrício: Olha Cláudia (para a professora), eu acho que é neste (mostra FELIZ
NATAL) que diz “feliz aniversário”.
Professora: Por que você acha, Patrício, que aqui diz “feliz aniversário”?
Patrício: Porque esta (mostra o N em NATAL) é o “o”...
Várias crianças: Este é o “o”, o redondo (mostram O em ANIVERSÁRIO).
Professora: Algum de vocês tem o nome que comece com esta (mostra o N)?
Maximiliano: Nicolas!
Maria Elena: Natália!
Gissela: Natália!!!
Mauro: Do mesmo jeito que começa o da Nancy.
Nicolás: Começa com o ene, professora.
Professora: O que será que diz, então?
(Alguns afirmam que diz “Natal” porque começa com a mesma letra de Natália,
outros propõem significados diferentes).
Gissela: É mesmo, porque esta é igual a esta e esta é igual a esta (mostrando
N e A em NATÁLIA e NATAL).
Professora: O que diz aqui? (em NATAL).
(A maioria reconhece que no primeiro cartaz está escrito “Feliz Natal” porque
começa igual a Natália; o resto afirma que está escrito “feliz aniversário”).
Jorge Luís: Não, aqui (em FELIZ VIAGEM) diz “feliz aniversário”.
Patrícia: Não, você não está vendo que não tem o “o”?
Andrés: Aqui, “feliz viagem” (em FELIZ VIAGEM), porque tem um “e”. Olhe,
via...geee...eeem (mostra o E. A opinião de Andrés é confirmada por quase
todas as crianças. Reconhecem que é a mesma de Emanuel – letra E – e que
diz “viagem” porque tem essa letra).
Professora: Todos estão de acordo que está escrito “feliz viagem”? (em FELIZ
VIAGEM).
Todos: Sim.
Professora: Então, vamos ver se entramos em um acordo em qual desses diz
“feliz aniversário”, (mostra FELIZ ANIVERSÁRIO e FELIZ NATAL).
Juan: Esta é “feliz aniversário” (mostra o cartaz correspondente), porque tem o
“o” (mostra a letra O).
Professora: Eu pergunto... “Feliz Natal” tem “o”?
(Várias crianças repetem em voz alta a frase, realizando diferentes tipos de
separação. Finalmente, dizem que não tem “o”).
Várias crianças: Não!!!
Maria Elena: “Feliz aniversário” tem. Olhe professora, “fe...liz..ani...ver..sá..rio”.
Sim, tem “o”. Aqui diz “feliz aniversário” (no cartaz de FELIZ ANIVERSÁRIO).
CASTEDO, M. L. ¿Dónde dice, qué dice, cómo dice...? IN: M. Castedo, C. Molina-
ri, e A. Siro, Enseñar y aprender a leer. Buenos Aires: Novedades Educati-
vas. 1999.
CASTEDO, M. L. MOLINARI, C. Ler e escrever por projetos. Revista Projeto Ano III
– Nº 4 . Editora Projeto: Porto Alegre, jan/jun 2000.
Sites:
http://www.avisala.org.br
http://www.campanhaguarani.org.br/historia/lancamento.htm
http://www.projetobira.com/br
mirim.socioambiental.org/pt-br
Objetivo
Planejamento
Encaminhamento
B R O A
(mor) (to) (vi) (vo)
Solicite que a dupla leia o que escreveu e justifique suas escolhas. Você pode
perguntar se a palavra Morto Vivo termina com A. Ou se A é uma boa letra
para escrever o pedaço VO.
O U I B
(mor) (to) (vi) (vo)
Solicite que a dupla leia o que escreveu justificando suas escolhas. Anote em
papel à parte a leitura do aluno.
Observe que há valor sonoro convencional em três segmentos da pauta
sonora. Apenas no pedaço “vo” há falha no uso do valor sonoro convencional.
Pergunte se o B é uma boa letra para escrever o VO.
M O U V I O
(mor) (to) (vi) (vo)
Solicite a leitura pelo aluno. Observe que essa escrita explicita que o aluno,
em sua análise da pauta sonora, identifica mais de um elemento para os
segmentos sonoros de MO e VI. Esses saberes do aluno permitem fazer a
seguinte intervenção: O “o” que você colocou é uma boa letra para escrever VO.
Que outra boa letra poderia ser usada para escrever o VO?
É importante lembrar que o objetivo da intervenção é promover a reflexão sobre
o sistema de escrita e não necessariamente chegar à escrita convencional.
Exemplo:
O U I B
(mor) (to) (vi) (vo)
O U I B
(mor) (to) (vi) (vo)
O M T U I OV
(mor) (to) (vi) (vo)
Por exemplo:
Caso a escolha seja a terceira escrita, solicite que a dupla que escreveu
justifique sua escrita e incentive a classe a opinar a respeito. É possível que as
crianças usem referências, como a lista de nomes da sala de aula para explicar.
Por exemplo, o MO de MONICA, MORANGO OU MORCEGO. Incentive os alunos a
fazer uso desse procedimento.
Usando todo o conjunto das escritas você também pode promover discus-
sões chamando a atenção das crianças para alguns aspectos específicos:
Variações da atividade
A 1ª criança escreve: A B A E O
(PAS) (SA) (A) (NE) (L)
A 2ª criança escreve: P AS Ã E U
(PAS) (SA) (A) (NE) (L)
A 3ª criança escreve: AP AS A NE O
(PAS) (SA) (A) (NE) (L)
A 4ª criança escreve: PA SA Ã NE U
(PAS) (SA) (A) (NE) (L)
CABRA-CEGA
Material necessário:
Uma venda para os olhos.
Modo de brincar:
Essa brincadeira constitui um ótimo recurso para atividades
em dias de chuva, pois pode ser realizadA dentro de sala de aula
ou em espaços mais restritos.
Um pegador tem seus olhos vendados por um lenço ou similar;
depois de girar o corpo em torno de si mesmo algumas vezes, tenta
pegar os demais utilizando os sentidos do tato e da audição.
Aos demais cabe apenas tentar fugir e confundir o pegador,
sendo proibido, no entanto, tocá-lo.
Quando alguém é pego, tem seus olhos vendados e assume o
papel de pegador.
O interessante da atividade é a utilização de sentidos que
normalmente são menos usados no cotidiano.
PEGA-PEGA CORRENTE
Material necessário:
Espaço livre para correr.
Modo de brincar:
Deve-se delimitar o espaço no qual a brincadeira vai ocorrer
antes de ela começar. A organização da brincadeira caminha de
uma atuação individual para uma atuação coletiva.
Escolhe-se um pegador, e os demais se espalham pelo espaço.
Quando alguém for pego, dá a mão para o pegador e passa
a atuar em dupla com ele. Em seguida em trio, quarteto, e assim
sucessivamente, formando uma “corrente”, até que reste apenas
um fugitivo, que será declarado vencedor.
MÃE DA RUA
Material necessário:
Giz para demarcar o espaço.
Modo de brincar:
O espaço da brincadeira é dividido como se fosse uma rua, ou
seja, duas calçadas em paralelo, divididas por um espaço central
correspondente à rua.
Escolhe-se um pegador, e as demais crianças se posicionam
nas calçadas.
A brincadeira consiste em atravessar a rua de uma calçada
para a outra, sem ser tocado pelo pegador; caso isso aconteça, os
papéis se invertem: o pegador vira fugitivo e o “atravessador” que
foi pego vira pegador.
Uma variação possível é manter como pegadores todas
as crianças que forem sendo pegas, até que reste apenas um
“atravessador”, que será declarado vencedor daquela rodada.
Pode-se, ainda, variar a forma de fazer a travessia, saltando
numa perna só, ou em duplas de mãos dadas, ou, ainda, cada criança
quicando uma bola; neste caso, ao ser pega, ela deve dar a sua
bola ao pegador, que passa a fugir.
Essas brincadeiras constam do Livro de Textos do Aluno, do
Programa Ler e Escrever, publicado pela SEE/FDE.
©Aracy B. de Andrade
JOGANDO PIÃO ©Aracy B. de Andrade
amarelinha
Pião
Fonte: www.brincadeirasdecrianca.com.br
©Ivan Cruz
PÉ DE LATA PATINETE
©Ivan Cruz
©Ivan Cruz
Fonte: www.brincadeirasdecrianca.com.br
FIQUE SABENDO...
NO DIA 25 DE AGOSTO COMEMORAMOS O DIA DO SOLDADO. ESSA
DATA REGISTRA A HISTÓRIA DE UM GRANDE HOMEM, O DUQUE DE
CAXIAS, LUÍS ALVES DE LIMA E SILVA, NASCIDO NO DIA 25 DE AGOSTO
DE 1803. Suas ações SÃO LEMBRADAS, POIS O DUQUE CONSEGUIU
IMPEDIR MUITAS REBELIÕES DO EXÉRCITO CONTRA O IMPÉRIO.
A CANTIGA MARCHA SOLDADO, MUITO LEMBRADA NESTA DATA
COMEMORATIVA, CHEGOU ATÉ NÓS PASSADA DE GERAÇÃO EM
GERAÇÃO. ELA PODE SER CANTADA DE VÁRIAS MANEIRAS. ASSIM,
UMA CRIANÇA PODE INTERPRETÁ-LA SOZINHA, OU EM GRUPO, QUE
GERALMENTE A INTERPRETA MARCHANDO.
ARRANCA MANDIOCA
"ESSA BRINCADEIRA AINDA VIVE FIRME E FORTE EM ALGUMAS
ALDEIAS INDÍGENAS, MAS É POUCO CONHECIDA ENTRE AS CRIANÇAS E
ADULTOS NÃO INDÍGENAS. VIVE FORTE MESMO, AFINAL, PARA BRINCAR
É PRECISO UM BOCADO DE FORÇA."
OS PARTICIPANTES SE SENTAM NO CHÃO, EM FILA, UM ATRÁS DO
OUTRO.
O PRIMEIRO DA FILA DEVE AGARRAR-SE A UMA ÁRVORE OU POSTE.
ELE É "O DONO DA ROÇA DE MANDIOCAS".
O SEGUNDO DA FILA ENTRELAÇA SEUS BRAÇOS PELA BARRIGA
DO COMPANHEIRO DA FRENTE, E ASSIM SUCESSIVAMENTE, ATÉ QUE
TODOS ESTEJAM PRONTOS PARA COMEÇAR. UM DOS PARTICIPANTES,
DE PREFERÊNCIA FORTE, É DESIGNADO PARA ARRANCAR, UMA A UMA,
AS "CRIANÇAS-MANDIOCAS" DA FILA.
O "DONO DA ROÇA" DÁ A AUTORIZAÇÃO PARA QUE AS CRIANÇAS-
-MANDIOCAS SEJAM, UMA A UMA, DESGARRADAS DA FILA, COMEÇANDO
PELA ÚLTIMA. ANTES DE COMEÇAR A BRINCADEIRA OS PARTICIPANTES
DEVEM COMBINAR, BEM CLARAMENTE, SE FAZER CÓCEGAS OU PEDIR
AJUDA A ALGUÉM DE FORA VAI VALER OU NÃO.
"ENTRE AS CRIANÇAS GUARANIS VALE USAR DE VÁRIAS ESTRATÉGIAS
PARA CONSEGUIR O FEITO, COMO, POR EXEMPLO, FAZER CÓCEGAS,
PUXAR PELAS PERNAS, PEDIR AJUDA PARA OS QUE JÁ SAÍRAM DA FILA.
ENTRE AS CRIANÇAS XAVANTES, FAZER CÓCEGAS É IMPENSÁVEL."
Fonte: MEIRELLES, Renata – GIRAMUNDO e outros brinquedos e
brincadeiras dos meninos do Brasil – Ed.Terceiro Nome – 2007 –
São Paulo
Comandatuba “feijoal”
Boraceia “dança”
Caraguatatuba “gravatazal”
Itaim “pedrinhas”
Quadros de significados
Tocar em outra
Tocar com objeto
Cutucar pessoa para chamar- Kutúk
pontiagudo, ferir
-lhe a atenção
Grão de milho
Pipoca Pípóka Pele estourada
estourado
Região árida no
Caatinga Ka’átínga Mato branco
Nordeste brasileiro
Cabana em que o
Tocaia Vigia, espreita Tokáia caçador espreita a
caça
Mara era uma jovem índia, filha de um cacique, que sonhava com o amor e
um casamento feliz. Em noites quentes, enquanto todos dormiam, deitava-se na
rede ao relento e ficava a contemplar a Lua, alimentando seu desejo de tornar-se
esposa e mãe. Porém, não havia na tribo jovem algum a quem daria seu coração.
Passado algum tempo, a filha do cacique, embora virgem, percebeu que es-
perava um filho. Contou então a seus pais o que sucedera; a mãe deu-lhe seu
apoio, mas o severo pai, não acreditando no que ouvira, passou a desprezá-la.
Para a surpresa de todos, Mara deu à luz uma linda menina, de pele muito
alva e cabelos tão loiros quanto a luz do luar. Deram-lhe o nome de Mandi e na
tribo era adorada como uma divindade.
Certo dia, Aguiry perdeu-se na mata, por afastar-se demais da aldeia. Aca-
bou por dormir na mata, pois ao cair da noite não conseguira encontrar o cami-
nho de volta. Jurupari, o demônio das trevas, vagava pela floresta. Tinha corpo
de morcego, bico de coruja e também se alimentava de frutas. Ao encontrar o
índio ao lado do cesto, não hesitou em atacá-lo.
Muitos dias se passaram sem que a jovem realizasse seu sonho. Resolveu
então aguardar a chegada da Lua junto aos peixes do lago. Assim que esta apa-
receu, Maraí encantou-se com sua imagem refletida na água, sendo atraída para
dentro do lago, de onde não mais voltou.
A pedido dos peixes, pássaros e outros animais, Maraí não foi levada para
o céu. A Lua transformou-a numa bela planta, ganhando o nome de Mumuru,
a Vitória-Régia. Ela vive nos lagos e rios da Amazônia. Sua flor se abre sempre
à meia-noite e tem o formato de uma estrela. Assim a linda jovem tornou-se a
rainha da noite, a estrela dos lagos, a enfeitar ainda mais a Natureza com sua
beleza e seu perfume.
Anexo 8
Brincadeiras e jogos infantis
Guarani-mbyá, peteca, SP
Ainda hoje muitas pessoas aguardam o tempo das colheitas para elaborar
seus brinquedos. Com as palhas do milho trançam diferentes amarras e laços
e criam petecas de vários formatos.
Com o material nas mãos, é preciso estar bem atento para fazer uma pete-
ca. É preciso ter tempo para olhar, tentar, errar, refazer e aprender.
Depois de pronto, o brinquedo xavante está leve e ágil para ser usado
em um jogo que exige as mesmas habilidades dos participantes: leveza e
agilidade.
Cada jogador começa a partida com uns três tobdaé nas mãos. Ao mesmo
tempo em que faz seus lançamentos, precisa fugir dos arremessos do adversá-
rio para não ser queimado. Esse “corre e pega” só termina quando uma pessoa
é atingida por um dos tobdaé do outro. A pessoa “queimada” sai do jogo e dá a
vez para um novo jogador, e a disputa recomeça.
Com estes exemplos, vimos como alguns povos fabricam a sua própria pe-
teca e descobrimos que este brinquedo é tão popular entre os povos indígenas
como entre os não índios.
Arranca mandioca
©Rosa Gauditano/Studio R
Quando resolvem brincar, reúnem-se perto de uma árvore e fazem fila, todos
agachados, com as mãos nos ombros da criança da frente. Caminham dessa
forma até a árvore e sentam-se no chão. A primeira da fila se agarra na árvore e
as de trás seguram umas nas outras pelos braços e pernas. Uma criança (pre-
cisa ser alguém forte) é encarregada de “arrancar” as mandiocas – que são as
próprias crianças.
As crianças costumam brincar todas as manhãs bem cedo. Por volta das
8 horas, param de brincar e voltam a suas casas para ajudar no trabalho
doméstico. As meninas ajudam suas mães e irmãs mais velhas a preparar
o mingau de mandioca e também ajudam a cuidar dos irmãos menores. Os
meninos, além de ajudar na fabricação dos artefatos, acompanham seus pais
nas pescarias.
No fim de tarde, os meninos costumam jogar futebol e para isso fazem suas
próprias bolas e inventam gols. O futebol é jogado no centro da aldeia, mas quan-
do é época do kwarup (um ritual praticado por vários povos do Parque Indígena
do Xingu), o jogo tem que ser em outro lugar, pois é no centro da aldeia que se
realiza uma luta chamada ikindene.
Toloi kunhügü