Povos Indígenas No Brasil 2

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<_> Acervo

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CEDI Centro Ecumênico
de Documentação e Informação
ESPECIAL 10 Abril de 1982
Fatos destacados da imprensa

POVOS INDÍGENAS
NO BRASIL/1981
</_> Acervo
| <> A

Aconteceu Números já publicados do Tempo e Presença Editora Ltda. Programação visual


O que é? Aconteceu Especial: Maurício Piza
É o boletim semanal do CEDI. Trabalhadores 78 Especial 1 Diretor Anita Slade
onde se encontram os fatos Trabalhadores 79 Especial 2 Domício Pereira de Matos Martha Braga
destacados da imprensa diária. Trabalhadores 79 Especial 3
Dirige-se aos trabalhadores do 1980 ABC da Greve Especial 4 Conselho Editorial Produção gráfica
campo, aos operários, aos índios, Novos Partidos Extraordinário Aloísio Mercadante Oliva Maurício Piza
às lideranças sindicais, aos Greve nos Canaviais Especial 5 Carlos Cunha Álvaro A. Ramos
agentes de pastoral visando Povos Indígenas no Brasil 1980 Carlos Rodrigues Brandão
informá-los o que se passa no Especial 6 Heloisa Martins Arte final
Brasil, tocando, direta ou Trabalhadores Urbanos no Brasil Jether Pereira Ramalho Eliana Paiva
indiretamente, suas lutas e suas 1980 Especial 7 Letícia Cotrina
áreas de atuação. Uma Greve pelo Direito ao Neide Esterci Fotocomposição
Trabalho: FIAT 1981 Especial 8 Paulo Ayres Mattos Forma
Aconteceu Especial Trabalhadores Rurais Especial 9 Paulo Cezar Botas Rua Caramuru, 1.196 — Saúde
Os números especiais do Povos Indígenas no Brasil 1981 Rubem T. de Almeida Telefone: 275.7586
Aconteceu trazem um resumo Especial 10 Zwinglio Mota Dias São Paulo – SP
das seções da edição
semanal, complementando-se Assinatura anual do Aconteceu Gráfica Editora Prensa Ltda.
Este Aconteceu Especial
com notícias de outras fontes da Cr$ 500,00 pagáveis em cheque Rua Comandante Vergueiro da
imprensa, pequenos ensaios, no Rio para Tempo e Presença Editores Cruz, 26 — Olaria — Rio de
comentários, documentos. São Editora Ltda. Carlos Alberto Ricardo Janeiro,
publicações anuais ou Caixa Postal 16082 Luiz Roncari Tel. 280-8507
extraordinárias, quando 22221 Rio de Janeiro RJ
determinados fatos tenham Participação especial na Fotolitos
importância para aquelas lutas a Assinatura de apoio pesquisa, redação e edição Reproffset
que se dedica cada publicação. Cr$ 2.000,00 André Amaral
Solicitamos aos leitores que nos Fany Ricardo Impressão
enviem por carta suas críticas, Preço deste Aconteceu Especial Vincent Carelli Clip — Prod. Gráf. e Jorn. Ltda.
sugestões e especialmente avulso: Cr$ 350,00 Rua do Senado, 200
recortes, boletins, ou reproduções Edição de fotos Telefone: 252.4610
de notícias surgidas na imprensa Vincent Carelli
local sobre o tema. Foto de capa
Mapas Indio Waiksu-Nambiquara,
Maurício Piza disputando suas terras com as
(com base no mapa “Indios no agropecuárias do Vale do
Brasil" e "Presença Guaporé
Missionária", CIMI — 1982) Vincent Carelli
> > Acervo
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Sumário

3 Apresentação

5 Região I: Amazonas, Roraima e Acre


17 Box: A expansão da exploração madeireira

19 Região II: Rondônia e Noroeste de MT


25
26 Box: OsPOLONOROESTE
Mapa: objetivos do POLONORDESTE •

29 Região III: Amapá, Pará, Maranhão, Goiás e Leste de MT


39 Box: Barragens atingirão 55 aldeias indígenas •

41 Box: Parque Indígena do Xingu


43 Box: Projeto Carajás

45 Região IV: Leste e Noroe Ste

59 Região V: Sul

69 Movimentos de Organização Indígena


74 Box: Juruna * •

77 Política Indigenista / FINAI e MINTER

81 Emancipação e Critérios de Indianidade


82 Box: A concepção de Indianidade do Coronel Zanoni

85 Antropólogos

89 Igrejas e Índios
93 Entidades Civis de Apoio ao Índio
SIGLAS
MS Mato Grosso do Sul
ABA Associação Brasileira de Antropologia OAB Ordem dos Advogados do Brasil
AGESP Assessoria Geral de Estudos e Pesquisas da FUNAI OEA Organização dos Estados Americanos
ANAI Associação Nacional de Apoio ao Indio ONU Organização das Nações Unidas
BIRD) Banco Interamericano de Recursos para o Desenvolvimento OPAN Operação Anchieta
CCPY Comissão pela Criação do Parque Yanomami PAULIPETRO Paulista de Petróleo S/A
fCEB Comunidade Eclesial de Base PDS Partido Democrático Social
CEME Central de Medicamentos PDT Partido Democrático Trabalhista
CIMI Conselho Indigenista Missionário PF Polícia Federal
CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil PE Posto Indígena/FUNAI
COTRIJUÍ Cooperativa Regional Tritícula Serrama Limitada PIX Parque Indígena do Xingu
CPI/SP Comissão Pró-Indio de São Paulo PM Polícia Militar
CPT Comissão Pastoral da Terra PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro •

CSN Conselho de Segurança Nacional PRODECOR Programa de Desenvolvimento de Comunidades Rurais


DGO Departamento Geral de Operações/FUNAI PT Partido dos Trabalhadores
DGPC Departamento Geral de Planejamento Comunitário PTB Partido Trabalhista Brasileiro
DGP
DNER
Departamento
DepartamentoGeral do Patrimônio
Nacional de EstradasIndígena/FUNAI
de Rodagem PUC/SP
SBI
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Sociedade Brasileira de Indigenistas •

DNOS Departamento Nacional de Obras e Saneamento SBPC Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
DNPM Departamento Nacional de Pesquisas Minerais SEMA Secretaria Especial do Meio Ambiente
DSGE Diretoria do Serviço Geográfido do Exército SIL Summer Institute of Linguistics
ELETRONORTE Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A SNI Serviço Nacional de Informações
EPM Escola Paulista de Medicina SPI Serviço de Proteção aos Índios
ESG Escola Superior de Guerra SUCAM Superintendência da Campanha de Saúde Pública
FETAPE Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco SUDAM Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
FUNAI Fundação Nacional do Índio SUDECO Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste
IBDF Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal TFR Tribunal Federal de Recursos
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária UFBa Universidade Federal da Bahia
MDE Movimento Democrático Brasileiro UNH União das Nações Indígenas
MINTER Ministério do Interior UNINHL) vide UNI

JORNAIS UTILIZADOS Folha de Goiaz O Dia (Rio de Janeiro, RJ)


Folha de São Paulo (FSP) O Estado (Fiorianópolis, SC)
A Crítica Folha da Tarde (FT) O Estado do Paraná
A Gazeta de Notícias (RJ) Gazeta de Alagoas O Estado de São Paulo (ESP)
A Tribuna de Santos "Cazeta Mercantil (GM) O Fluminense
Correio Braziliense Cazeta de Notícias O Globo
Correio do Estado (Campo Grande, MS) Gazeta de Vitória O Liberal (Belém, PA)
Correio do Povo (Porto Alegre, RS) Jornal da Bahia O Popular (Goiânia, GO)
Diário do Comércio e Indústria (DCI) Jornal do Brasil (JB) O Povo (Fortaleza, CE)
Diário do Grande ABC Jornal de Brasília Porantim
Diário da Manhã (Goiânia, GO) Jornal do Commercio (Recife, PE) (JCR) Província do Pará
Diário do Paraná Jornal de Santa Catarina Tribuna de Imprensa
Diário de Pernambuco Jornal da Tarde (JT) Ultima Hora
Diário Popular (São Paulo, SP) Luta Democrática Zero Hora (Porto Alegre, RS)
Estado de Minas Gerais Notícias Populares
Apresentação

Neste Aconteceu Especial procuramos ordenar cronologica escassas as matérias especiais, com a visita de repórteres nas
mente, por povo indígena e temas afins, notícias veiculadas áreas indígenas. Daí a importância dos índios e das entidades
pela chamada “grande imprensa”, em 1981. de apoio tomarem as iniciativas para manter e ampliar a
O primeiro fato a observar, é que, dos cerca de 180 povos informação da opinião pública nacional e internacional, alia
existentes, apenas 76 tiveram alguma referência no noticiário dos importantes que nem todos os povos indígenas alcan
jornalístico. çaram. •

O Aconteceu semanal foi a fonte básica desta publicação, A FUNAI-se utilizou freqüentemente de “releases” transmi
porém complementada com o noticiário de jornais de circu tidos à imprensa de todo país, para anunciar as metas —
lação local. Ao todo, foram utilizados 41 jornais diários e um quase nunca cumpridas — dos programas de demarcação de
mensal, amostra bastante significativa, embora incompleta.* terras,rentáveis.
e as inversões de recursos para tornar as áreas indí
genas
Cada seção recebeu alguns comentários de abertura, procu •

rando chamar a atenção do leitor para questões e temas A imagem que a opinião pública forma a respeito da situação
específicos colocados para cada conjunto de notícias. Uma dos índios no país está, em grande parte, determinada pelo
novidade, em relação ao Aconteceu Especial do ano passado, noticiário da imprensa. Daí a importância que os leitores —
foi a introdução de fotos, na medida do possível coladas aos principalmente aqueles que têm fontes alternativas de infor
acontecimentos. mação — avaliem os fatos que foram notícia em 81 e tirem
O agrupamento dos povos indígenas noticiados — assina lições para o futuro. •

lados nos mapas com (*) — em cinco regiões atendeu a um Para finalizar, gostaríamos de pedir aos leitores que tivessem
critério basicamente arbitrário, apenas para permitir uma sugestões, acréscimos ou comentários a respeito da utilização
divisão do material. Nessas seções foram dados destaques aos desse ACONTECEU, que nos escrevessem. Até 82.
efeitos de dois grandes projetos econômicos sobre áreas indí
genas: o POLONOROESTE (MT e RO) e o Grande Carajás
(PA e MA). (*) A seleção de notícias é feita com base nos recortes de
O objetivo deste número especial, além de agrupar e reforçar jornal recebidos pelo serviço “Lux Jornal”. O conjunto de
as denúncias públicas que envolvem os direitos dos índios no jornais utilizados distribuem-se assim, por estado: SP– 10,
país, é o de servir de material de apoio para as próprias RJ—9, GO–3, AM-2, RS-2, PR—2, SC–2, PA—2,
comunidades indígenas e demais entidades e pessoas afins DF—2. PE—2, MS-—1, MG—1, AL— 1, ES—1. BA— 1,
(igrejas, associações civis, jornalistas, etc.). A equipe de CE-1. Isso quer dizer que não utilizamos, mas principal
Aconteceu animou-se em fazer esse número especial, melho mente não recebemos, recortes de jornais dos seguintes es
rado, depois da grande aceitação do Especial 80, cuja edição tados e territórios: Acre, Rondônia, Roraima. Amapá, Mato
de 2.500 exemplares está esgotada. Grosso, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Maranhão
Um dos aspectos que ficou claro, durante a realização desta e Piauí.
publicação, é que as notícias e denúncias veiculadas pelos
jornais em 81 foram quase sempre levadas até as redações ou
sucursias pelos próprios índios e entidades de apoio. Foram
} — Amawaká 24 — Kobewa 47 — Pira-tapuia
2 — Apurinã 25 — Kulina 48 — Poyanawá
26 — Kuripako 49 — Sanumã
3 — Arapaso º
27 — Maku . . 50 — Satere-mawé
4 — Arredios da confl. Ituí/Itacoaí
5 — Arredios do alto Jandiatuba 28 — Makuxi 51 — Tenharim
29 — Mandawaka 52 — Tariana
5 — Arredios do Rio Quixito
7 — Atroari 30 – Manitenéri 53 — Taulipang
8 — Awaké 31 — Marajona 54 — Tikuna
9 — Baniwa 32 — Marubo 55 — Tukano
10 — Barasano 33 — Matis 56 — Tuyuka •

11 — Coxodoá 34 — Mayongong 57 — Txunhuam-djapá


12 — Deni 35 — Mayoruna 58 — Urukema
13 — Desana 36 — Miranha 59 — Waimiri
14 — Diahoi 37 — Miriti. 60 — Wai-wai.
15 — Hiskariana 38 — Morerebi 61 – Wanana
16 — Ingarikó 39 — Munduruku 62 — Wapixana
17 — Jarawará 40 — Murá 63 — Witoto
18 — Juma . 41 — Murá-pirahã 64 — Yamamadi
19 — Kambeba | 42 — Nukuini 65 — Yaminawa
43 — Numbiaí 66 — Yanomami
20 — Kampa .
21 — Kanamari 44 — Papavô 67 — Yepa-matsu
22 — Katukina 45 — Parintintin
23 — Kaxinawá 46 — Paumari •
> > Acervo
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REGIÃO I:
Amazonas, Roraima e Acre

A situação dos povos indígenas nessa região apresenta grande Alto Rio Negro
diversidade de situações de contato com a sociedade nacio
nal. No ano de 81, continuaram os trabalhos de primeiros
contatos de missionários do CIMI com os índios do Coxodoá. Santa Sérechaça acusação de genocídio na Amazônia
Enquanto a FUNAI interditou a área dos Waimiri e Atroari O último número do Boletim da Conferência Episcopal La
(região que já estava delimitada como reserva e reduzindo-a) tino-Americano (CELAM) publicado pelo Vaticano, divulga
para prosseguir os trabalhos de “pacificação e controle”, em um manifesto assinado pelo superior dos salesianos, Pe. Egí
território a ser parcialmente inundado pelas águas da hidro
elétrica de Balbina. Ao mesmo tempo em que abria parte da
# Yºnº considerando “falsas” as acusações do Tribunal
llSSÊ1.
antiga reserva para a exploração da cassiterita pela empresa O manifesto, redigido pelo Conselho Regional dos Salesianos
Parapanema (Porantim — Jan./Fev. 82). Os Tikuna, Ma no Brasil, qualifica de “deplorável” a atitude do Tribunal
kuxi, Wapixana e Tucano — povos com grande número po por não ter convidado representantes da Ordem para rebater
pulacional e muitos anos de contato — reivindicaram dire as acusações.
tamente à FUNAI a demarcação de suas terras. Os Tikuna, Os salesianos manifestam ainda surpresa pelo fato de o bispo
inclusive, tiveram apoio de vários parlamentares da oposição. Miguel Alagna nunca ter vivido na região do Alto Rio Negro
A demarcação da área dos Manitenéritambém foi requerida, e de “a testemunha que o acusou”, o índio Álvaro Sampaio,
mas através do delegado regional da FUNAI. da tribo dos Tukano, educado nas escolas salesianas da pre
É importante ressaltar que, entre as fontes utilizadas, não se lazia, viver a quatro mil quilômetros do local em que ele teria
encontrou qualquer notícia dos povos indígenas que vivem presenciado os crimes praticados pelos religiosos. O mani
ao longo dos rios Juruá, médio e baixo Purus e Madeira. festo lembra que em 1979, o índio defendeu publicamente a
Parte dessa região continuará a ser alvo do programa de obra missionária da Ordem naquela área.
exploração de gás natural da PETROBRÁS, que pretende “Para restabelecer a verdade dos fatos” — a Congregação
aplicar 150 milhões de dólares na bacia sedimentar do Alto esclarece que sempre defendeu o direito dos índios à sua terra
Amazonas em 1982. O programa de inversão desse capital se e que apresentou vários projetos ao Governo Brasileiro soli
destinará à perfuração de poços no sudoeste do Juruá, com citando a demarcação das reservas indígenas do País. (O
reservas confirmadas perto de 4 bilhões de metros cúbicos Globo — 28/1/81)
(FSP – 20/12/81). Essas perfurações da PETROBRÁS, fei
tas com auxílio de explosivos, tem ocorrido sistematicamente
na região entre os rios Javari e Juruá desde o início dos anos CNBB decide por desagravo a Dom Miguel
70, com conseqüências para os povos indígenas. A 19° Assembléia-Geral da CNBB elaborará uma moção de
Os Sateré-Mawé do rio Andirá entraram em litígio, em 81, desagravo ao bispo da prelazia do alto Rio Negro, D. Miguel
com a companhia francesa Elf-Aquitainè, autorizada pela Alagna e aos religiosos salesianos que atuam na área, acu
PETROBRÁS (mas não pelos índios) a fazer perfurações em sados, entre outras coisas, da prática de genocídio indígena,
busca de petróleo. Eles querem uma índenização pelos danos segundo denúncias feitas no Tribunal Russell. Em encontro
acusados em suas terras. privativo com bispos reunidos em Itaici, D. Miguel defen
< > Acervo

Dom Miguel Alagna, bispo do Rio Negro. Doethiro (Alvaro Sampaio Tukano), testemunha de acusação contra
(foto Marcos Santilli) os salesianos no 4º Tribunal Russell. (foto Cláudia Andujar)

deu-se das acusações e disse que apenas recebeu a convo solidariedade humana, é direito de todos e dever do Estado e
cação de comparecimento ao tribunal, três dias antes de sua será dada no lar e na Escola”. Porém, no parágrafo 3, item I,
instalação. Ele esclareceu ainda que a intimação não mencio diz que, “o ensino primário somente será ministrado em lín
nava as incriminações que lhe eram feitas. gua nacional”. Com o dispositivo legal e a realidade dos
O teor da reunião de D. Miguel com bispos, em Itaici, foi fatos, fica a situação a exigir um rápido questionamento das
revelado ontem por D. Benedito Ulhoa Vieira, arcebispo de autoridades brasileiras visto que, o índio é brasileiro, tem em
Uberaba. Segundo D. Benedito, as acusações contra a atua seu favor uma legislação específica que o ampara, numa
ção da prelazia do Alto Rio Negro foram feitas também pela visão microssocial e jurídica. Possui a Nação consenso favo
imprensa e negadas pelo bispo da região. No encontro, D. rável quanto à sua existência no plano físico e espiritual,
Miguel Alagna afirmou que sua prelazia não conta com 150 quanto a seus valores, usos e costumes, e a uma língua dentro
ou 230 padres como foi publicado, mas com 20. do território pátrio “não oficial, nem estrangeira”. (FT —
“Depois se disse — continuou D. Benedito — que está pro 4/4/81)
movendo um massacre indígena. Ele mostrou que tem na
prelazia 120 escolas, das quais 117 estão situadas em terrenos
dos próprios índios. Outro ataque que foi feito — é que D. Presidente da FUNAIvisitará Alto Rio Negro
Miguel estaria mandando índios para Manaus, sobretudo O presidente da FUNAI, coronel João Carlos Nobre da Vei
moças, para se prostituírem.” ga, fará uma viagem de inspeção à região do Alto Rio Negro.
De acordo com o relato — D. Miguel afirmou que há 22 mil Acompanhado do secretário-geral do Ministério do Interior,
índios na região de sua prelazia. “Pelo cômputo atual, expli Augusto Cesar de Sá Rocha Maia, serão percorridas 13 áreas
cou, não há mais do que 150 índias em Manaus, quase todas indígenas assistidas por missões católicas e protestantes,
casadas com famílias bem constituídas. Não há prostituição onde o órgão tutelar não tem representantes.
organizada de índias do Rio Negro”. (FSP — 20/2/81) (Ver A viagem de inspeção foi decidida depois de denúncias, apre
seção “Igrejas e Índios”). sentadas no Tribunal Russell, de que as missões praticam o
etnocídio naquela região. Na ocasião, Nobre da Veiga disse
que as missões católicas são muito importantes no trabalho
com o índio, observando, porém, que faria uma visita às
Indios terão cartilha aldeias do Alto Rio Negro para constatar se as denúncias
O Conselho Estadual de Educação do Amazonas aprovou a tinham fundamento e elaborar estudos que resultem na im
adoção.do livro de apoio às escolas do Alto Rio Negro, a plantação de postos da FUNAI em toda a região. (O Globo
Cartilha Indígena “Dashea Ye Bueri-Kari Puri” (Meu Pri — 4/4/81).
meiro Livro Tukano) que a partir deste ano já começa a ser
aplicada junto às populações do Rio Negro. A proposta para
a adoção da cartilha foi feita pela diretoria da Unidade FUNAI inspeciona missões
Educacional “D. Pedro Massaa”, sediada no município de S. As localidades a serem visitadas pelo secretário do Ministério
Gabriel da Cachoeira, que pedia análise e julgamento do do Interior e o presidente da FUNAI são: Uaupes, Taraquá,
Conselho Estadual de Educação sobre o livro. O conselheiro Pari-Cachoeira, Bela Vista, Ocura, Santo Atanásio, Iauretê
relator, José dos Santos Lins, disse em seu parecer que “tec Jutice, Uapui, Icuqui, São Joaquim, Maturacá, Maiá e Ta
nicamente bem elaborado, o livro teve a orientação do Pe. puruquara, onde vivem os grupos Tukano, Baniwa, Maku e
Casemiro Beksta, notável estudioso e destacado pesquisador Yanomami. (FT — 7/4/81).
da vida, uso, costumes e língua dos brasileiros indígenas,
habitantes daquele pedaço do território nacional...
Pe. Casemiro disse que no plano institucional, o livro esbarra Indio tucano acusa padres salesianos
no artigo 176 da Carta Magna: “A educação inspirada no Nos últimos dois anos cerca de 70 índias foram retiradas de
princípio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e suas aldeias, e levadas para Manaus pelos salesianos, onde
> > Aceve
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trabalharam, a princípio, como domésticas nas casas religio Ivo Americano denunciou o fato de os índios Maku e Tukano
sas, e, depois, como prostitutas nos cabarés da cidade, por receberem pouca ajuda da FUNAI, sendo assistidos parcial
que não aceitavam os baixos salários pagos pelas freiras. mente pelas missões salesianas, lamentou a falta de recursos
Além disso, os salesianos fazem contrabando do artesanato financeiros e o interesse dos órgãos ligados ao setor para que
indígena do Alto Rio Negro, transportanto as peças nos se promova uma ação mais rigorosa na região, não contra os
aviões da FAB que fazem linha para aquela região. Estas índios “que agem induzidos por terceiros”, mas contra os
duas acusações foram feitas ontem pelo índio Tukano Alvaro traficantes. (ESP — 4/9/81)
Sampaio em palestra proferida na UNB para alunos de an
tropologia,
A prostituição, contrabando e destribalização foram as prin
cipais denúncias feitas por Álvaro Sampaio, que recente
mente foi testemunha do 4º Tribunal Russell contra os Sale FUNAI não cumpre compromisso com Tukano
sianos acusados de genocídio e etnocídio pelo júri internacio Há um ano os índios Tukano Carlos Machado e Gabriel dos
mal de Rotterdam. •

Santos. Gentil estiveram em Brasília, na sede da FUNAI,


Segundo Álvaro, “os padres levam as meninas da aldeia para para “cobrar promessa” de demarcação das áreas de 20
Manaus e lá elas trabalham mais de oito horas por dia comunidades indígenas da região do Alto Rio Negro, mas,
recebendo pouco (cerca de dois mil cruzeiros). Nos fins de até hoje providência de espécie alguma chegou ali.
semana começam a freqüentar cabarés e aprendem a beber Desde 1970 que estamos sendo enganados — denunciaram
cachaça e terminam sendo usadas. Elas preferem trabalhar Carlos e Gabriel — expressando a descrença e o protesto das
nos cabarés porque os salários das freiras são baixos e quan tribos de Pari-Cachoeira e do rio Tiquié &### de São
do voltam para a aldeia não querem mais comer o que nós Gabriel da Cachoeira), onde as principais tribos são Tukano,
comemos. Não respeitam mais os hábitos e seus pais ficam Dessana e Tuiuka.
tristes. Com esse tipo de trabalho escandaloso, a moral da Recordaram que “na época do general Ismarth de Oliveira
nação Tukano decai. Será que é esse o tipo de integração que foram feitos vários mapas da área e enviados para Brasília,
querem de nós?” perguntou. (FSP — 12/4/81). após entendimentos com os índios. Porém, desde aquela
%#… sabe os resultados até hoje”. (A Crítica —

A FUNAIvai apurar denúncias


A direção da FUNAI está sendo autorizada a apurar as de
núncias do índio Tukano Alvaro Sampaio, que acusou os Salesiano confirma castigos aos índios
salesianos de terem retirado 70 índias de suas aldeias, levan
O pe. salesiano Eduardo Lagório confirmou ontem as denún
do-as para Manaus — e posterior prostituição. cias de que as índias Tukano, que vivem no Alto Rio Negro,
Os missionários, responsáveis não apenas pelos Tukano, mas continuam sendo levadas para Manaus, onde são emprega
pelos Baniwa, Desana, Yanomami e outros grupos que vivem das domésticas e, posteriormente, se prostituem. Segundo o
no Alto Rio Negro, também foram acusados de contraban religioso, os salesianos sempre castigaram os índios que não
dear artesanato comprando abaixo do preço e revendendo as falassem o português ou praticassem seus rituais, embora
peças com lucros que chegam a 3.000%. (O Liberal — não se possa esquecer os numerosos aspectos positivos do
18/4/81).
trabalho feito pela ordem junto aos indígenas. (O Globo —
17/9/81) (Ver também a seção “Igrejas e Indios”)
Nobre da Veiga: Trabalho dos salesianos “é maravilhoso”
Ao retornar da viagem de inspeção ao Alto Rio Negro, o Ameaças ao líder indígena
presidente da FUNAI, disse que não constatou qualquer “Os familiares e amigos do índio Álvaro Fernandes Sampaio,
irregularidade no trabalho desenvolvido pelos salesianos jun que moram em Manaus, têm sido freqüentemente visitados
to aos índios daquela região. pela Polícia Federal, que quer saber seu paradeiro. Porque
Os missionários — disse o coronel — vêm desenvolvendo um tem denunciado a realidade enfrentada por seu povo, a ação
trabalho maravilhoso. Devemos notar que eles estão ali há 50 inconseqüente dos missionários salesianos.”
anos, defendendo os índios. Qual o funcionário da FUNAI Álvaro, além de assistir ao roubo da identidade cultural e à
ou um sertanista que iria se propor a passar toda sua vida no marginalização de seu povo, tem ainda que fugir por falar a
mato, trabalhando somente pela causa indígena? verdade. (FSP — 30/9/81 — “A palavra do leitor”)
Sobre o problema de prostituição das índias, o coronel Nobre
da Veiga disse que “isto é muito difícil de ser controlado”.
Observou que quando algum silvícola manifesta desejo de Indios temem municípios dentro da reserva
abandonar a aldeia ninguém pode impedi-lo. O índio Tukano Gabriel dos Santos Gentil disse ontem que
Nobre da Veiga afirmou que muitas denúncias feitas contra a as nações indígenas do Alto Rio Negro estão contra a criação
FUNAI e contra os trabalhos desenvolvidos por outras mis de um novo município, dentro da reserva florestal, conforme
sões em áreas indígenas não têm qualquer fundamento, prevê um projeto de emenda constitucional do governo do
As pessoas são livres para denunciar o que quiserem. Quanto Estado,
aos salesianos, pelo menos, posso garantir que não há qual Ao lembrar “que muitas lágrimas foram derramadas pelos
quer irregularidade — concluiu. (O Liberal — 26/4/81) indígenas desde 1.500 Gabriel disse que a intenção dos índios
é mudar o curso da história e lutar pela criação de um terri
tório indígena”.
Indios fabricam coca para sobreviver “Não interessa — disse ele — a criação de mais um muni
A revelação feita pela ADEA, organismo norte-americano cípio. Isso só representa o interesse do governo em ganhar
especializado no combate às drogas — de que a região ama voto em 82.” (A Crítica — 1/10/81)
zônica é hoje uma grande produtora e exportadora de co
caína, não foi recebida com surpresa pelas autoridades da
Polícia Federal em Manaus. Falta de verbas fecha escolas para índios
O superintendente regional da Polícia Federal, Ivo Ameri Cento e três escolas do Alto Rio Negro, a maior parte das
cano, afirmou ontem não ter dúvidas de que os índios das quais freqüentadas por índios, estão para ser fechadas por
tribos Maku e Tukano é que estão produzindo o “epadu” em que o Ministério da Educação e Cultura não repassou ao
maiores quantidades, dispondo já, inclusive, de técnicas que Estado até agora, a verba que as sustentam. A revelação foi
lhes permitem superar a fase da produção da folha seca para feita pelo governador José Lindoso, na instalação do II Semi
transformá-la em pasta. nário de Prefeitos e Vereadores do Amazonas. Ainda na ins
Acervo
EA

talação do seminário, o governador assinou decreto encami Sindicatos pedem punição


nhando à Assembléia Legislativa do Estado projeto, de lei Dos 17 sindicatos dos Trabalhadores da Zona Rural, 14 se
complementar dispondo sobre a organização dos municípios reuniram em praça pública, no Município de Boca do Acre,
amazonenses. E a nova lei orgânica dos municípios, elabo pedindo justiça pelo assassinato do agricultor Manuel Fer
rada comano
zado no base em encontro
passado. de vereadores
(O Liberal — 7/10/81)e prefeitos reali

reira Criado ocorrido há nove dias, naquela localidade. Du
rante essa manifestação, todos os agricultores reiteraram o
propósito de fazer justiça com as próprias mãos, se dentro de
um prazo de trinta dias as autoridades do governo não puni
Denúncia contestada remo assassino ou os responsáveis por esse crime. (A Crítica
A FUNAI desconhece qualquer procedência na denúncia — 31/5/81)
divulgada esta semana pela revista Isto É, segundo a qual os
índios Tukano, estariam plantando coca e maconha para
traficantes brancos. Laudo avaliará assassino do sindicalista
O órgão tutelar já acionou a delegacia de Manaus para que o A FUNAI designou a antropóloga Regina Müller para ava
titular, Kazuto Kawamoto, investigue o que realmente está liar a aculturação do índio Apurinã, Nozinho Gonçalves,
acontecendo. Reconhece, porém, que estes índios utilizam que no dia 20 de junho deste ano matou com um tiro de
folhas de coca — epadu — em rituais. No início deste ano foi espingarda o delegado sindical Manoel Ferreira Criado. A
apresentada denúncia semelhante e a FUNAI comprovou especialista deverá apresentar um laudo antropológico que
que os índios estavam sendo aliciados para o plantio da será incluído no inquérito sobre a morte de Manoel. Nôzi
droga. Os traficantes brancos foram expulsos da área mas ao nho está sob custódia da Polícia Federal em Rio Branco.
que tudo indica, retornaram. (O Popular — 18/11/81) (ESP — 3/6/81)

Grau de integração determinará punição


Índios protestam contra inflação A FUNAI divulgou ontem em Brasília nota oficial comuni
“O tratamento do índio para com o branco, a partir de cando que a partir de agora, todo o indígena que cometer
agora, vai depender do tratamento do branco para com os agressões contra pessoas ou propriedades fora dos limites de
índios.” Essa declaração foi feita pelo índio Gabriel Gentil, sua reserva estará sujeito à ação penal e a ações policiais
líder da tribo Tukano de Pari-Cachoeira. Na última quinta próprias, sob a responsabilidade dos governos estaduais.
feira os Tukano realizaram uma assembléia-geral em Pari O órgão afirma estar se baseando no Estatuto do Índio,
Cachoeira, para debater os problemas que envolvem os que prevê a condenação de indígenas por infração penal,
índios amazonenses. •

ressalvando, entretanto, que a “pena deverá ser atenuada e,


Os índios discutiram a atuação do presidente Figueiredo e de na sua aplicação, o juiz atenderá ao grau de integração do
seu ministro do Planejamento, Delfim Netto, “que criaram silvícola”.
tanta inflação que nem os índios conseguem mais viver”. A nota da FUNAI diz que ultimamente têm surgido na im
Dentro desse aspecto, eles debateram também a situação dos prensa pretensões de grupos indígenas, no sentido de ampliar
índios na cidade e a questão da demarcação de terras indí suas atuais reservas, ameaçando a integridade física de pes
genas, assim como a posição que devem adotar com relação soas e bens. (ESP — 3/6/81)
às eleições de 1982. (FSP – 27/12/81)
Antropólogo sugere ampliação de área indígena e é demitido
Apurinã O antropólogo Benedito Tadeu César, professor da Univer
sidade Federal do Espírito Santo, contratado pela FUNAI
para o Departamento de identificação e Documentação, foi
Indio mata sindicalista demitido do órgão porque elaborou um relatório sugerindo a
O índio apurinã, Nozinho Gonçalves, da aldeia de Terra Fir ampliação do território dos Apurinã de Boca do Acre (AM)
me, no município amazonense de Boca do Acre, matou on em 8 mil e 500 hectares.
tem com um tiro de espingarda, disparado à queima-roupa, A justificativa para sua demissão foi dada pelo coronel Clau
o delegado sindical Manoel Ferreira Criado, do Sindicato dos dio Pagano, diretor do DGPI, sob o argumento de que “sua
Trabalhadores Rurais do município. Segundo informações filosofia não é compatível com a do órgão”.
de Boca do Acre, os agricultores da região estão revoltados, Em seu relatório, o antropólogo sugere a ampliação do terri
atribuindo à FUNAI o trabalho que tem levado os índios tório Apurinã, alegando entre outras questões, que o clima
a confrontos com a comunidade branca envolvente. Os con extremo de tensão que indispõe colonos e índios “impossi
flitos na região surgiram em 1976, quando a FUNAI apare bilita a ação da FUNAI, já provocou mortes e não apresenta
ceu e começou a delimitar a área dos Apurinã. Na área habi Sinais de distensão”.
tam há alguns anos dezenas de famílias de pequenos agri Ele defende ainda, a necessidade dos índios terem acesso ao
cultores e poucos fazendeiros. Por duas vezes já foi iniciada a rio Acre, localizado próximo à região de caça e pesca e da
demarcação da área indígena, mas os trabalhos foram inter castanha, “imprescindíveis à sobrevivência da população
rompidos pelos índios, que não concordaram com os limites indígena”. (FSP — 7/6/81)
estipulados pela FUNAI. (ESP — 21/5/81)
PM mata Apurinã e perde filha
Conflito entre índios e agricultores Um soldado da PM matou a tiro Félix da Silva Ramos, um
A Comissão Pró-Indio, do Acre, divulgou uma nota, aler índio Apurinã, ao interferir em uma briga ocorrida durante
tando a FUNAI e o INCRA para o perigo de um conflito festa junina em uma casa na cidade de Lábrea (AM) e, em
armado entre agricultores do Município de Boca do Acre e represália, teve uma filha de três anos morta a coronhadas e
índios Apurinã. Os colonos deram prazo de um mês para as um filho de um ano ferido por índios companheiros do Apu
autoridades prenderem o índio que matou um delegado do rimã morto. Era filho do tuxáua (chefe) Agostinho, um dos
Sindicato dos Trabalhadores rurais daquele Município. mais influentes líderes dos Apurinã. Segundo o CIMI, NOR
Passado esse prazo os trabalhadores ameaçam agir por conta TE I, em nota distribuída, o índio foi morto pelas costas,
própria, invadindo a reserva indígena do Camicuã. Em sua quando corria. Para o CIMI, o incidente tem origem no fato
nota a Comissão Pró-Indio acusa a vereadora Dirce Alves de de as terras dos Apurinã, principalmente as da aldeia Cai
Melo, do PMDB de Boca do Acre, de estar incitando os co titu, perto de Lábrea, até hoje não terem sido demarcadas,
lonos contra os índios, visando interesses próprios. (JB — apesar de os índios virem reivindicando a medida há anos.
27/5/81) (JB – 23/6/81)
> > Acervo
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Posseiros acusam a FUNAI marcada, de dezessete mil, quinhentos e dezessete hectares,
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Amazo quarenta e oito ares e doze centiares, localizada nos municí
nas alertou ontem para o perigo de um conflito armado pios de Boca do Acre e Lábrea, Estado do Amazonas.
entre posseiros e índios na região de Lábrea, município do A portaria proíbe o ingresso, trânsito ou permanência, na
Alto Purus, se a FUNAI não definir uma área para a fixação aludida área, de pessoas ou grupos não-índios, salvo quando
dos índios. Atualmente, os índios invadem e depredam, se autorizados pela FUNAI e desde que a atividade não seja
gundo a Federação, a área ocupada por centenas de posseiros julgada nociva ou inconveniente ao processo de assistência
que já desenvolvem projetos agrícolas de pequeno ciclo, aos índios. (Diário Popular — 2/9/81)
Próximo às terras dos posseiros, a FUNAI instalou um posto
indígena, mas ao visitar o posto os índios ameaçam atacar as Indios do Coxodoá
famílias se estas insistirem em continuar plantando ou mo
rando na região, além de constantemente saquearem as roças
e plantações. Como a FUNAI vem-se omitindo no caso e não Indios são recontatados
fixa uma área específica para os índios, os posseiros temem Missionários da Prelazia de Lábrea, que realizam também
um ataque mais sério, a exemplo do que vem acontecendo em trabalhos para o CIMI Norte I, conseguiram realizar novo
Boca do Acre, onde os Apurinã vivem em constante atrito contato — o terceiro — com uma tribo de índios arredios e
com os lavradores. (ESP — 1/8/81) desconhecidos, habitantes de uma área situada nas proximi
dades dos igarapés Pretão e Coxodoá, na região do Purus.
Os índios são em número de 80, manifestam desejo de não
Apurinã acusa FUNAI de negar ajuda aprofundarem contatos com os brancos e, mesmo tendo rece
O Apurinã Leopoldo Silva, que vive com move índios do bido os dois missionários do CIMI na grande maloca em que
mesmo grupo na região do igarapé (rio pequeno) de Jatua vivem, comportaram-se de modo agressivo e tenso. Os dois
rana, no Município de Manacapuru, revelou ter sido man religiosos, padres Gunter Droemer e Francisco Loebens, pre
dado embora da Casa do Índio de Manaus, onde se instalara sentearam os índios com um cachorro, atendendo pedido feito
no fim da semana passada em busca de mantimentos e ferra por eles, durante o contato anterior. Segundo os missionários,
mentas para usar na roça mantida na área que habita. pelo que puderam observar, os índios pertenceriam ao grupo
Leopoldo contou que há alguns anos ele e seus companheiros lingüístico Aruaque. Eles habitam uma única maloca, embora
deixaram o rio Muriá, região do Purus, fugindo das doenças eventualmente ocupem outras menores, existentes em locais
que dominavam a área e, após viajarem dois meses e meio em por onde transitam. O CIMI informou ter pedido a FUNAI a
barco a remo, chegaram ao local onde vivem hoje. (JB — interdição da área, que sofre invasões de apanhadores desorva
14/8/81) e outros produtos. (JB — 10/7/81)

Apurinã tentam acordo com colonos Kampa


Cansados das promessas que a FUNAI vem fazendo de resol
ver a questão da ampliação de sua reserva, localizada no
quilômetro 45 da BR-317, no trecho que liga Rio Branco ao Indio atacado na fronteira com Peru
Município amazonense de Boca do Acre, os índios apurinãs, O índio Minanco, integrante do grupo Kampa que habita as
que há cerca de dois anos vêm sustentando um conflito com cabeceiras do rio Envira, na fronteira do Acre com o Peru, foi
20 famílias de colonos paranaenses, reivindicando as terras atacado por índios arredios nas proximidades de sua aldeia e
que estas habitam — decidiram, por conta própria, fazer atingido por vários tiros de espingarda e rifle. Segundo ele,
uma nova proposta, de acordo com os colonos, dispensando estes índios — que ele chama de “brabos” – vinham ron
grande parte das terras pretendidas e oferecendo condições dando a aldeia há vários dias e chegaram a ser vistos por seu
especiais para um entendimento entre as partes. A atual pai, Txompôque resolveu caçá-los.
Reserva Apurinã compreende 18 mil hectares que a FUNAI Segundo ele, esse tipo de ataque tem sido freqüente na região.
tomou do fazendeiro paulista João Sorbile, em 1976. O fa Os índios “brabos” roubam rifles e espingardas dos serin
zendeiro havia grilado as terras dos índios e vendido a colo gueiros e dos próprios Kampa, para garantir a caça de ani
nos paranaenses, mantendo uma área para sua fazenda que mais, e passam a atacar outras aldeias. Ele não sabe direito
foi seqüestrada pela FUNAI. Dois anos depois da reserva quem são esses índios, mas acredita que pertençam a uma
demarcada, os índios começaram a reivindicar o restante das tribo ainda não identificada e que “mora com o macaco
terras que consideram suas, sobretudo porque possuem capelão, escondidos na mata, por onde circulam sem roupa”.
cemitérios indígenas, castanhais e caminhos para igarapés e Os Kampa que habitam o Alto Envira são agricultores e
rios piscosos. Mas os colonos paranaenses já haviam plan possuem grandes plantações de macaxeira, milho e feijão.
tado grande quantidade de café na área e reagiram, estabe Não existem brancos nas proximidades e eles trocam os seus
lecendo o conflito. (ESP — 20/8/81) produtos com os Kampa do Peru, seus parentes. (ESP —
2/12/81) *

Polícia Federal investiga conflito


Quatro índios da tribo dos Apurinã, que na noite do dia 20 de katukina
junho passado mataram uma criança em Lábrea, poderão ser
indiciados no inquérito que apura este crime e também a
morte do índio Félix da Silva Ramos, causada pelo soldado Índios reagem à invasão da reserva
da Polícia Militar amazonense, Antonio Lopes de Araújo, pai Armado de revólveres, espingardas e facões, um grupo de ín
da criança assassinada. dios Katukina, do Município de Feijó, no vale do Juruá, no
Segundo a Polícia Federal em Rondônia, que está apurando Acre, começou a atacar famílias de colonos que habitam sua
os tumultos envolvendo os soldados da PM e os Apurinã, o reserva, ainda não demarcada, queimando roçados e bar
enquadramento dos quatro índios está dependendo apenas racos, e advertindo sobre novos ataques. Os índios são che
da FUNAI informar se eles estão emancipados ou ainda estão fiados pelo cacique Bruno, que deseja expurgar todos os colo
sob a tutela do órgão. (ESP — 27/8/81) nos da área.
Os posseiros Antonio Thaumaturgo e Luis Gomes, entre
outros, já foram atacados e estão preparando-se para resistir
Reserva para os Apurinã aos próximos ataques.
O presidente da FUNAI baixou portaria declarando como de O deputado Walter Prado, do PDS, já vinha chamando a
posse permanente do grupo indígena Apurinã, a área já de atenção das autoridades do Estado e da FUNAI, para esse
conflito eminente entre os índios e os colonos de Feijó, che a de entrar em área indígena sem autorização e a de comprar
gando a denunciar o fato ao CSN. Em outra ocasião, o depu explosivos para os Kaxinawá, Terry de Aquino respondeu que
tado pediu a extinção da Ajudância da FUNAI no Acre, a rigor “nem existe área indígena” já que a FUNAI até hoje
acusando o órgão de inoperante. A FUNAI, contudo, afastou não demarcou a reserva, enquanto os explosivos não são mais
dois membros do CIMI que atuavam entre os Katukina, que munição de caça. Terry acusou a FUNAI de estar des
acusando-os de incitar os índios. viando as verbas destinadas à comunidade Kaxi pela SUDHE
Os Katuquina habitam parte do seringal Liege, que foi lo VEA, entre outras coisas, para a construção de infra-estrutura
teado e distribuído a colonos pelo próprio governo do Estado, do posto indígena. Segundo o projeto original, as próprias
há alguns anos. Mais recentemente, a FUNAI delimitou a lideranças deveriam estar gerindo estas verbas e o chefe de
área, mas não tomou providências para a retirada dos colonos. posto deveria atuar como animador e não assumir “as antigas
(ESP – 25/11/81) posições de patrão”.
Nestes dois anos em que o antropólogo vem trabalhando com o
Kaxinawá grupo, os próprios índios organizaram suas cooperativas e as
lideranças aprenderam a administrar seus negócios. Com re
cursos doados pelo Centro de Trabalho Indigenista de
Polícia Federal procura antropólogo acusado de incitar índios São Paulo, cerca de 1 milhão e 300 mil, os índios estão
Agentes da Polícia Federal estão à procura, no Acre, do antro produzindo 30 toneladas de borracha por safra. (JB —
pólogo Terry Vale de Aquino, acusado pela ajudância da 27/02/81)
FUNAI de ter entrado na área dos índios Kaxinawá, no alto do
rio Jordão, Município de Taraucá, no Acre, onde teria inci
tado os índios a não receberem uma equipe de estudantes do FUNAInega desvio de verba
Projeto Rondon que foram fazer um levantamento. Dois A FUNAI negou a acusação de estar desviando as verbas da
agentes da Polícia Federal e um funcionário da ajudância da SUDHEVEA e diz estar aplicando (dos quase 6 milhões só
FUNAI estiveram na área indígena na semana passada e foram aplicados 200 mil cruzeiros) os recursos conforme as
apreenderam o material do fotógrafo e cinegrafista Renato especificações do projeto. (Jornal de Brasília — 3/3/81)
Delarole, de Brasília, que estava fazendo um documentário
sobre os Kaxinawá com o antropólogo. O fotógrafo declarou
ontem, em Rio Branco, que apesar de ter autorização da Sarampo entre os Kaxinawá: 6 crianças mortas
FUNAI para entrar na área e fazer o trabalho, os agentes fede A FUNAI informou ontem que seis crianças índias do grupo
rais e o funcionário da FUNAI, Iberê Saches, armado de re Kaxinawá, que vive no Acre, morreram em conseqüência de
vólver, apreenderam seu equipamento e filmagens, procu uma gripe que está atacando também os velhos. A FUNAI
rando intimidá-lo. Insistiram para que incriminasse o antro nada informou sobre as providências adotadas para combater
pólogo Terry de Aquino. (IB — 10/2/81) o surto de gripe. Os índios Kaxinawá já vivem em contato
permanente com os brancos, trabalhando nos seringais do
Acre. (FSP — 25/8/81)
Indio do Acre nega represália a brancos
O líder dos índios Kaxinawá, Alfredo Suero Bane, desmentiu
que os índios pretendiam expulsar as duas estudantes do Makuxi
Projeto Rondon e o chefe de posto da FUNAI que foram até o
Alto Rio Jordão fazer um levantamento sobre a situação do
grupo: “E tudo mentira, é tudo conversa de branco”, disse ele, Carta aberta das nações indígenas de Roraima
Esclareceu que as duas estudantes e o funcionário da FUNAI “Dirigimos por escrito ou pessoalmente os nossos sofrimentos,
chegaram só até a foz do rio Jordão, faltando ainda mais de para que saibam da nossa situação.
um dia de viagem pelo rio para alcançar a aldeia dos índios. Aqui em Roraima continua o problema de terra com os fazem
Além disso, acrescentou que os Kaxinawá nem estavam sa deiros, a maior parte dos parentes sofrem prejuízos causados
bendo que o chefe de posto estava “subindo o rio” com as duas pelo gado do branco, pouco nos importa se o branco cria ou
estudantes, mas que se chegassem até a aldeia, garantiu que não, pode criar, mas não no meio dos índios, no campo dos
“não fazia nenhum mai”. Sobre a viagem do antropólogo índios, na roça dos índios. Queremos que cuidem de suas
Terry Vale de Aquino e do fotógrafo Renato Delarole à área, criações mais longe. Isto é, afastado dos índios. Eu que visito
o chefe Kaxinawá explicou que foi ele quem os convidou para outras comunidades vejo que o problema é um só.
assistire documentar a festa do Mariri, realizada todo mês de Todos (fazendeiros) falam de igualdade, mas para mim igual
janeiro, na época do milho verde. (JB — 12/02/81) dade é viver igual, ter o mesmo direito de viver, direito de viver
no seu terreno próprio, assim que eu entendo.
Estamos sempre fazendo reuniões, debatendo os problemas
Desviada verba paraíndios das nossas comunidades, das nossas terras, os nossos prejuí
Dos Cr$ 2 milhões que a SUDHEVEA repassou à ajudância zos. Queremos o acordo com os fazendeiros para que eles
da FUNAI no Acre, para aplicar numa Cooperativa de pro tirem do meio de nós suas criações, mas eles não querem
dução de borracha dos índios Kaxinawá, do Município de acordo nenhum, onde eu moro (Aldeia Cumaná), nossas ter
Taraucá, só chegaram às mãos da tribo Cr$ 200 mil. A de ras ainda não foram demarcadas pela FUNAI, mas agora
núncia foi feita ontem, nesta Capital, pelo índio Getúlio fizemos demarcação por nossa conta, está feita, agora não
Suero, que veio cobrar da FUNAI os recursos liberados. Ele queremos gado dos fazendeiros dentro de nossa Área. Não
esteve na Superintendência da SUDHEVEA, com sede em Rio queremos viver dominados pelos criadores brancos, viver de
Branco, onde teve a confirmação de que o órgão liberou, ainda empregados, pois o salário que dão não dá pra manter as
em agosto passado, Cr$ 2 milhões dos Cr$ 5,8 milhões apro nossas famílias. Assim estão perturbando a vida do nosso
vados para o projeto da cooperativa Suero. Denunciou ainda povo, muitos já não têm mais liberdade de viver por conta
que os Cr$ 200 mil foram entregues pelo chefe do posto da própria, o que acontecerá no nosso dia de amanhã? Será que
FUNAI no Rio Jordão, Israel Freitas, a um comerciante do nós vamos ser tratados como estrangeiros no dia de amanhã?
Município de Taraucá, José Barreto da Silva, para comprar Um dia estávamos reunidos, 15 tuxáuas na Boca-da-Mata,
mercadorias e revendê-las aos índios, a preços mais caros. próximo da fronteira da Venezuela então chegaram 4 homens
(JB – 19/02/81) de Brasília, um representante do Ministério do Interior, um
antropólogo e mais dois, chegaram a pedir que nós falássemos
um pouco para eles ouvirem mas não foi possível falar tudo
Antropólogo se defende e acusa FUNAI porque o tempo foi curto, falaram três tuxauas, Bernardo,
Sobre as duas acusações principais contra o antropólogo, Macário, e eu. Eles disseram que para nos entender tinham
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muitas dificuldades, mas tudo o que falei eles não concor Morte de índios
daram com minhas palavras, mas o que falo é verdade o que Padre Salesiano levou ao conhecimento do CIMI Norte I a
sinto dentro das nossas comunidades. Eles me chamaram de
morte de 21 índios Satere-Mawé devido à epidemia de sa
revoltado contra os brancos, mesmo assim disseram que não rampo. Os índios dizem que a “equipe de vacinação da
me entenderam.
FUNAI só vem quando o sarampo bate”. (Notícias Populares
Falaram também que eu não podia chamar de Nação Indí — 14/08/81)
gena, porque os indígenas não são Nações, falaram que Nação
é todo o Brasil e todos os brasileiros — brancos, pretos, índios.
Será que antes de descobrirem a nossa terra aqui, não éramos Líder Satere-Mawé denuncia “Elf-Equitaine” .
uma Nação? Será que só depois que formamos uma Nação? O índio Emílio, 70 anos, um dos mais antigos Tuxaua (chefe)
Há muitos problemas em nossas comunidades, alguns muito dos Satere-Mawé da região do rio Andirá, no Médio Amazo
graves, como na comunidade Taurepang (Sorocaina), onde nas, denunciou em Manaus — para onde veio tratar pessoal
ameaçam matar o tuxaua primeiro, porque daí é mais fácil mente do assunto com o Delegado Regional da FUNAI — que
dominar o resto do povo. os brancos do acampamento da empresa francesa Elf-Equi
Aqui nós combinamos Assembléia Geral dos tuxauas de Ro taine, autorizada pela PETROBRÁS a procurar petróleo na
raima, são 5 dias de reunião, aí dá tempo de nós falarmos reserva da tribo, têm exibido filmes pornográficos vistos tam
melhor, pode haver um tempinho para uma festinha indígena bém pelos índios. Emílio afirmou que os brancos, além de
no último dia.
terem chegado “como doença na reserva”, isto é, sem aviso ou
Sem mais, permissão, vêm poluindo o rio Andirá, lançando em suas
Aldeia Cumaná, 23 de outubro de 1980” águas latas vazias, garrafas e detritos. Disse que alguns dos
Terêncio Luis Silva — Tuxaua da Nação Makuxi (Porantim — técnicos estrangeiros que trabalham na área têm o costume de
dez/80) pousar de helicóptero nas aldeias. De acordo com Emílio os
Satere-Mawé da região do rio Andirá, no Município de Bar
reirinha, não se conformam com a presença e o comporta
CIMI denuncia mortes
mento dos brancos na área. Anteriormente, durante um pe
O CIMI divulgou ontem, em Goiânia, denúncia de sua Re ríodo de dois anos, a tribo viveu experiência semelhante e
gional Norte 1 (Amazonas-Roraima) a respeito de um surto de enfrentou graves problemas, principalmente devido à ingestão
sarampo e malária entre os índios Makuxi, do território de de bebida alcoólica, “que corria livre, era dada ou vendida aos
Roraima. Segundo a denúncia, dez índios morreram nos úl índios”. Isso sem contar o fato de os homens de tais acam
timos seis meses sem terem recebido assistência médica ade
pamentos “não terem respeito pelas famílias” dos índios. (JB
— 25/10/81)
quada da FUNAI. (FSP — 2/7/81) •

Demarcação das terras Makuxi Índios denunciam suborno de empresa estrangeira


O presidente da FUNAI, coronel Paulo Moreira Leal, deter Três tuxauas Satere-Mawé e um da tribo dos Mundurucu
minou ao DGPI que acelere o processo de regularização fun revelaram ontem em Manaus, onde trouxeram o caso à Dele
diária e registro cartorial de 175.921 hectares de terras dos gacia Regional da FUNAI, que o encarregado do acampa
índios Makuxie Wapixana, no Território de Roraima. mento da empresa estrangeira que realizou pesquisas de pe
Esta recomendação vinha desde a administração do coronel tróleo na região do rio Andirá, no Município de Barreirinha,
Nobre da Veiga da FUNAI. No ano passado, a questão da teria dado Cr$ 50 mil ao chefe do posto da FUNAI na área e a
regularização destas terras indígenas gerou uma crise no Go um chefe índio, para que eles se posicionassem a favor da
verno do Território que quase culmina com a exoneração do realização dos trabalhos na reserva. Os chefes decidiram
Governador Otomar de Souza Pinto, caso a FUNAI e o CSN permanecer em Manaus até que a FUNAI traga o funcio
não interviessem a seu favor, (JB — 21/11/81) nário do posto e o tuxaua Antônio Michiles Ferreira — os dois
acusados — para prestarem esclarecimentos “na presença de
todos”. Afirmam que um índio, Mundurucu, assistiu à pro
Manitenéri posta e depois viu também o encarregado do acampamento,
Antônio Alvarana, entregar um cheque de Cr$ 50 mil, des
Demora da FUNAIgera tensão em Mamuadate contado mais tarde em uma agência bancária da cidade de
Parintins, no médio Amazonas. (JB — 13/11/81)
A situação é muito tensa no posto indígena de Mamuadate, no
Alto rio Iaco, no Acre, onde vivem os índios Manitenéri, que
estão impacientes com a demora da FUNAI em demarcar sua Índios irão à embaixada denunciar firmafrancesa
área, prometida desde 1977. Funcionários da FUNAI que tra
balham no posto estão com sua segurança ameaçada. O serta O cacique Satere-Mawé, Raimundo Ferreira da Silva, e mais
nista Apoena Meirelles cancelou uma viagem que faria àquela dois outros índios do Posto Indígena Andirá (Amazonas) farão
área esta semana, depois que foi informado da tensão. (Ga um relato, hoje, na Embaixada da França, quando vão mani
festar-se contra o contrato de risco firmado entre a PETRO
zeta de Vitória — 24/5/81)
BRÁS e a empresa francesa Elf-Equitaine, que fez pros
pecção de petróleo em terras da reserva indígena. Embora os
Satere-Mawé trabalhos de prospecção já tenham acabado — começaram em
agosto — o cacique espera obter da PETROBRÁS e da
FUNAI indenização pelos danos causados, como a derrubada
Projeto de desenvolvimento de rochas e árvores frutíferas, além do constrangimento so
A FUNAI anunciou um projeto de desenvolvimento comuni frido pelos índios, com a exibição de filmes pornográficos feita
tário para as aldeias Vila Nova, Esperança, Nazaré, Curua por empregados da Elf-Equitaine, e também pela distribuição
tuba e Nanguru. O projeto, orçado em 2 milhões e meio de de bebidas alcoólicas. Ciente de que, pelo Estatuto do Índio e
cruzeiros, prevê a produção de 14 toneladas de guaraná. pela Constituição, as riquezas do solo pertencem à União,
(FSP — 25/01/81) o cacique Raimundo disse que não se importava com as pes
quisas, desde que tivesse sido avisado com antecedência:
“Mas numa reserva demarcada como a nossa, eles deviam nos
Guaraná •
avisar antes de derrubar a mata e fazer os buracos. Isso foi um
A indústria do guaraná aumentou seu preço - em mais de piso grande em nosso estômago”, disse. Para ele, os culpados
800%, fazendo com que os compradores disputem avida são o Delegado Regional da FUNAI e o chefe do Posto Indí
mente toda a produção local. (O Globo — 01/02/81) gena de Andirá, José Vito Santana. A Primeira Delegacia
Em Ponta Alegre, aldeia Satere-Mawé, um poço de prospecção de petróleo perfurado há 30 anos. Agora, está abandonado.
(foto Eurípedes Claiton/Porantim)

Regional da FUNAI informou estar ciente de que houve irre seguir com suas pesquisas por tempo indeterminado desde
gularidades praticadas por funcionários da firma que fez que não prejudique a comunidade Mawé. (JB — 19/11/81)
prospecção de petróleo na reserva dos índios Satere-Mawé. Já
encaminhou pedido de providências à Petrobrás, pois os tra
balhos na área são feitos por contrato de risco com a Elf Tikuna
Equitaine. A Delegacia Regional informou que, além da
comunicação à PETROBRÁS, está tentando apurar denún
cias de que um tuxaua de uma aldeia Satere, e o chefe do posto Verba para os Tikuna
indígena, teriam recebido dinheiro para serem favoráveis aos O Posto Indígena Vendaval, no município amazonense de Oli
trabalhos de pesquisas na reserva. (JB — 18/11/81) vença, vai receber verba de dois milhões e quatrocentos e cin
qüenta mil cruzeiros da FUNAI. A verba será aplicada na
ampliação das atividades agrícolas e de extrativismo vegetal
Satere-Mawé ameaçam empresa de petróleo desenvolvidas pelos 870índios daquele Posto Indígena. (O Dia
Como a FUNAI até agora não tomou nenhuma providência — 27/03/81)
para retirar da região do rio Andirá, no Baixo Amazonas, a
empresa francesa Elf-Equitaine, de prospecção de petróleo, e
acusada de ocupar ilegalmente a área, os índios Satere-Mawé Monitores de saúde com salários atrasados
prometem expulsar “a bala e a qualquer custo” os invasores Os Tikuna do PIVendaval escreveram ao jornal Porantim,
de suas terras. A revolta dos índios aumentou depois que a denunciando a situação dos monitores de saúde daquele
empresa derrubou parte da floresta existente no local e criou Posto, que estão com os salários atrasados em até quatro anos,
sérios atritos com a comunidade indígena. Segundo o cacique e trabalhando em situação irregular, uma vez que o Estado,
dos Satere-Mawé, que estabeleceram prazo de 90 dias à através da FUNAI, não demonstrou até o presente a menor
FUNAI para demarcar a reserva, os trabalhadores e enge intenção de contratá-los efetivamente. Além dessa situação
nheiros da Elf-Equitaine deram cachaça, revistas e filmes irregular dos monitores não-índios a FUNAI prometeu a con
pornográficos aos índios, que, agora, ameaçam matar todos tratação de monitores Tikuna para a área de saúde, o que não
os membros da empresa caso eles não deixem as terras. On ocorreu. (Porantim – 08/81)
tem, o cacique Emílio Tibúrcio Filho fez outra exigência à
FUNAI, durante sua visita a Manaus: o dinheiro da indeni
zação a que tem direito terá que ser pago diretamente aos FUNAI promete delimitar a reserva Tikuna
Satere, sem interferência do órgão ou de seus funcionários Os líderes Tikuna, Pedro Custódio, José Demétrio e Inácio
na área. (ESP – 23/12/81) Pereira, do município de SP de Olivença (AM), estiveram com
o presidente da FUNAI, Coronel Leal, e conseguiram a pro
messa de que, até o dia 15 de janeiro próximo, uma equipe de
FUNAI autoriza pesquisa funcionários do órgão indigenista fará a delimitação da re
Após reunião do presidente da FUNAI com o representante da serva Tikuna que está sendo invadida por madeireiros e
Elf-Equitaine, Harry Bat, e outro da PETROBRÁS, ficou pescadores equipados com barcos frigoríficos vindos de Ma
decidido que a Companhia Petrolífera Francesa poderá pros naus, (FT — 12/12/81)
Acervo
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Oposições apoiam a reserva Tikuna nica com a Fundação Nacional do Índio, em Brasília, reco
Os líderes dos partidos de oposição divulgaram uma nota de nheceu ontem a existência de epidemias entre os Waimiri e
apoio aos Tikuna do alto Solimões, afirmando que as terras Atroari. A doença entre os índios havia sido denunciada pelo
deste grupo, que totaliza mais de 20 mil pessoas, estão sendo CIMI, através de sua Regional Norte e pelo Grupo de Apoio
invadidas por madeireiros, empresários rurais e barcos pes Indígena Kukuro. (FSP – 23/5/81)
queiros, o que representa uma ameaça de devastação dos
recursos naturais da reserva indígena. Na nota, os deputados
Alceu Colares, pelo PDT, Aírton Soares, pelo PT, Odacir Presidente Figueiredo interdita área dos Waimiri e Atroari
Elein, pelo PMDB, Thales Ramalho, pelo PP e Jorge Cury, O Presidente João Figueiredo decretou ontem a interdição
pelo PTB exigem da FUNAI a urgente demarcação do terri temporária de 1,8 milhão de hectares no Amazonas e Ro
tório destes índios e o cumprimento da promessa do presidente raima, ampliando, desta forma, a área onde estão sendo
da FUNAI, de que até o dia 15/01/82 seriam iniciados “in desenvolvidos os trabalhos de atração e pacificação dos Wai
loco” os trabalhos de delimitação. miri e Atroari. O decreto, publicado ontem no “Diário Ofi
“A infiltração de brancos em território Tikuna — diz a nota — cial”, atende à solicitação do chefe da frente de atração,
tem se acelerado nos últimos três anos, com a remoção de Giuseppe Cravero. Segundo Cravero, os Waimiri e Atroari,
comunidades indígenas e a tentativa de descaracterização da sendo nômades, perambulam por uma área mais ampla do
área, através da fixação de 20 famílias de não-índios e com a que a delimitada inicialmente. As áreas interditadas perten
obtenção, pelos invasores, de financiamento bancário para cem aos municípios de Itapiranga e Novo Airão, no Amazo
implantação de campos de gado e plantio de culturas perma nas, e Caracaraí, em Roraima. Após atração e pacificação dos
nentes.” (Tribuna da Imprensa — 12/12/81) Waimiri e Atroari, a FUNAI fará a delimitação definitiva da
área ocupada efetivamente pelo grupo, iniciando depois a de
marcação. Os trabalhos de atração, entretanto, não tem prazo
para serem concluídos, porque os sertanistas não consegui
Waimiri e Atroari ram, até o presente, visitar nenhuma das malocas tradicionais
deste grupo indígena. (O Globo — 25/11/81)

"#" de Balbina inundará território dos Waimiri e


“Interdição” diminuireserva dos Waimirie Atroari
troari
A construção da hidroelétrica de Balbina, no Estado do Ama Membros da Equipe de Pastoral Indigenista da Prelazia de
zonas, a 146 quilômetros de Manaus, vai inundar o território Itacoatiara (AM) e o indigenista Ezequias Heringer, que já
dos Waimiri-Atroari, confederação indígena que vive ao sul de trabalhou com os Waimiri e Atroari, denunciaram que a área
Roraima. Um grupo ainda arredio, não contatado pela FU “interditada” pelo decreto do presidente Figueiredo em no
NAI, encontra-se na área a ser inundada. A barragem de Bal vembro de 1981 é substancialmente menor que a área ante
bina se situa a 318 quilômetros da foz do rio Uatuma e seu riormente dada como “reserva” dos Waimiri e Atroari e que
canteiro de obras fica a 50 quilômetros da aldeia. Informa o facilita a penetração de companhias mineradoras no território
missionário Egídio Schwade que a reserva indígena “foi deli desses índios. “O decreto do presidente Figueiredo é ilegal
mitada pelo governo sem levar em conta critérios antropoló pois interdita uma reserva já definida em 1971 e ainda a dimi
gicos e os direitos imemoriais dos Waimiri e Atroari”. Antes nui indiscriminadamente”, afirma a reportagem do PORAN
mesmo de ser iniciada a obra, os Waimiri e Atroari já estão TIM. Segundo a notícia o território Waimiri era composto de
proibidos de navegar pelo rio Santo Antônio do Abonari onde uma reserva indígena (Decreto nº 68.907 de 13/07/71), uma
foi estendida uma cerca de arame farpado. (FSP — 31/03/81) área interditada (Decreto 74.463 de 26/08/74) e duas áreas de
acréscimo (Portaria 511 de 05/07/78). O governo teria unido
as duas áreas de acréscimo à área interditada e depois de
FUNAI adota novas técnicas para a atração cortar um pedaço da reserva criada em 1971 considerou tudo
Os trabalhos de atração dos Waimiri e Atroari que habitam a como “interditado”. Ignorou e anulou os decretos nº 68.907,
região cortada pela rodovia Manaus-Caracaraí, no estado do 74.463 e a portaria 511. A área perdida pela reserva corres
Amazonas, vem alcançando bastante êxito, segundo a FU ponde a 30% do total anterior. Na área que foi “liberada”, já
NAI, como se comprova pela freqüência das visitas que os ín instalou-se uma mineradora, a Paranapanema, que explora
dios têm realizado aos Postos de vigilância, ao longo da rodo uma reserva de estanho. A mineradora já teria instalado seu
via, e aos demais postos de atração da área. Ainda segundo a acampamento nas proximidades do igarapé Santo Antônio do
FUNAI, as técnicas de atração foram bastante modificadas. Abonari, antes mesmo da “interdição”, feita através do de
Ao invés de se tentar estabelecer o “namoro” (fase inicial dos creto do presidente Figueiredo, construindo pequena hidro
contatos) através do oferecimento de brindes, os sertanistas elétrica e casas de alvenaria. (Porantim — jan./fev./82)
plantaram grandeslavouras ao redor dos Postos o que torna os
Postos locais bastante atraentes para os índios que, além da
alimentação, lá obtêm auxílio médico. (A Crítica — 11/04/81) Wapixana

Regularização das terras dos Wapixana


Sarampo entre os Waimirie Atroari O presidente da FUNAI, Coronel Paulo Moreira Leal, deter
A delegacia regional da FUNAI tomou todas as precauções minou ao DGPI que “acelere” o processo de regularização
para evitar que se alastre um surto de sarampo verificado na fundiária e registro cartorial de 175.921 hectares de terras dos
população indígena Waimiri e Atroari. Depois que foram índios Makuxi e Wapixana, no território de Roraima.
verificados dois casos, a equipe médica imediatamente foi Esta recomendação vinha desde a administração do coronel
acionada e deslocada para o Posto Indígena, onde foi feita Nobre da Veiga na FUNAI. Em setembro do ano passado,
vacinação em massa. Os dois índios que contraíram sarampo a questão da regularização destas terras indígenas gerou uma
estão em tratamento em Manaus e estão reagindo bem. crise no governo do território de Roraima, que quase culmina
Depois de confirmados os casos, o delegado regional Kazuto com a exoneração do governador Otomar de Souza Pinto, caso
Kawamoto enviou uma equipe médica ao posto indígena na a FUNAI e CSN não interviessem a seu favor. (Notícias Popu
BR-174, onde foram registrados mais seis casos. (FT — lares — 22/11/81)
30/04/81)

Fazendeiros pressionam e acuam indígenas


FUNAI reconhece: epidemias atingem Waimiri e Atroari “A demarcação das terras indígenas tem sido constantemente
O delegado da FUNAI em Manaus, em comunicação telefô prometida e protelada pela FUNAI. Um exemplo: durante o
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ano de 81, esse órgão apresentou nada menos que três datas foi entregue no primeiro dia de fevereiro ao presidente Figuei
“certas” para o início da demarcação na região da Serra da redo, durante sua visita à França. Segundo nota da CPI-SP
Lua, território do povo Wapixana, em Roraima. Das três essa iniciativa partiu do Comitê Internacinal pela Defesa da
promessas nenhuma se realizou, favorecendo unicamente a Amazônia, com sede em Paris, do Comitê França-Brasil,
estadia, garantida, dos fazendeiros. Comitê Brasil-Anistia e Comitê França-América Latina. No
Esta política de descaso vem provocando em toda a área um documento os signatários afirmam que são numerosos os que
grande número de conflitos. E o caso da Maloca do Moscou, na França estão preocupados com as possibilidades de sobre
onde a FUNAI é responsável direta dos problemas ali exis vivência dos índios Yanomamifora dos limites de uma reserva
tentes, porque conseguiu induzir a pequena comunidade que assegure a inviolabilidade de seu território e que lhes
Wapixana do Mariru, tomada por fazendeiros, a se transferir permita reproduzir sua própria cultura. (FSP — 12/02/81)
para a maloca dos seus parentes do Moscou, acreditando na
promessa de que lá teriam mais garantias de conseguir uma
área demarcada. Várias famílias já se transferiram e outras Os Yanomami terão 7 áreas
deverão fazê-lo em breve. (Porantim — jan./fev./82) D. Luciano Mendes de Almeida, secretário-geral da CNBB,
após audiência no Ministério do Interior, informou ontem que
nos estudos para a criação do parque Yanomami, em Ro
Yanomami raima, estão previstas sete reservas em áreas descontínuas, ao
contrário do que era esperado por índios e estudiosos da
questão. A demarcação do parque Yanomami está sendo
Parque Yanomami é reivindicado estudada pelo CSN. O secretário da CNBB também recebeu
A urgente criação do Parque Yanomami foi pedida ontem em informação do Ministério do Interior de que providências
carta-aberta ao Ministro do Interior, divulgada em São Paulo estavam sendo tomadas para garantir o livre acesso de jorna
pela Comissão Pró-Indio e assinada por outras 24 entidades de listas na FUNAI, após a recusa do presidente do órgão, em
defesa dos indígenas brasileiros. Elas argumentam que há um receber uma repórter da Folha de São Paulo para entrevista
estudo da FUNAI sobre o assunto, que recomenda a consti coletiva marcada na manhã de ontem. (ESP — 15/4/81)
tuição do Parque e denunciam a “omissão do Ministério do
Interior”. Segundo a CPI-SP, entidades internacionais lidera
das pela The American Anthropological Association, de Governo propõe arquipélago indígena em lugar do “Parque
Washington, e a Survival Internacional, de Londres, apresen Yanomami”
taram à OEA queixa contra o Governo brasileiro, sob o título: A CCPY divulgou ontem documentos em que critica a pro
Violação de Direitos Humanos do Povo Yanomami no Brasil, posta de divisão da área a ser destinada aos índios Yanomami
(JB — 14/01) (Roraima e Amazonas) em sete reservas descontínuas dentro
de um parque florestal, sob o controle de outros órgãos fede
rais, além da FUNAI, por entender que isso impedirá a expan
Projeto atinge Yanomami são e movimentação do grupo, e que a solução de ilhamento
Os índios Moxihetete, subgrupo Yanomami, que vive nas “nunca poderá corresponder às verdadeiras necessidades que
proximidades do rio Apiaum, em Roraima, serão atingidos este povo merece como dono legítimo de suas terras”. A pro
por um projeto de agropecuária da Companhia de Desenvol posta inicial da comissão de criação do parque, feita em junho
vimento de Roraima. O acordo entre o governo do Território e de 1979, era de uma reserva com um total de 6 milhões de
o INCRA, deverá ser assinado em breve. O projeto agrope hectares (4 milhões em Roraima e 2 milhões no Amazonas)
cuário inclui ainda a área do garimpo Santa Rosa, onde a para aproximadamente 8 mil indígenas. “O critério de des
FUNAI está tentando remover cerca de três mil garimpeiros, membramento do território em arquipélago indígena — diz o
com a ajuda da Polícia Federal. A denúncia foi feita ontem documento — e a presença de tropas federais viriam apenas
pelo Conselho Indigenista Missionário, Norte 1. apressar a desorganização dos grupos e romper o equilíbrio
Lembra o Regional Norte 1 do CIMI que o projeto agrope sócio-cultural das comunidades, comprometendo a coesão
cuário é mais uma ameaça contra a criação do parque indí étnica”. (ESP – 22/4/81)
gena Yanomami. Os missionários afirmam ainda que um
projeto de tal porte colocará em risco as comunidades que não
têm contato com a sociedade envolvente, uma vez que esses Sarampo mata3 Yanomami
grupos não têm assistência médico-sanitária e estarão “expos Três índios Yanomami — duas mulheres e uma criança —
tos às doenças ocasionais”. morreram na sede da missão evangélica da Amazônica-Meva,
O CIMI denuncia ainda este projeto observando o caráter nas proximidades do rio Palimiu, em Roraima, em conse
“malicioso” do governo, que pretende “ganhar tempo en qüência de uma epidemia de sarampo que grassa na região.
quanto não se define a situação do parque”. O CIMI diz que Outros 11 índios encontram-se internados na missão, e, se
“esta é mais uma forma de extermínio do maior grupo indí gundo a Comissão Pró-Indio de São Paulo, “o sarampo foi
gena brasileiro e a espoliação do território Yanomami”. (ESP transmitido por garimpeiros que estão invadindo a área indí
— 25/01/81) gena”. (FSP — 7/7/81)

Comissão da ONU cobra a criação do Parque Yanomami Parque Yanomami: nova promessa
A Federação Internacional dos Direitos do Homem (FIDH) O Parque Indígena Yanomami, cuja criação foi anunciada
com sede em Genebra e representação permanente na ONU, pelo ministro do Interior, para 1979 e depois para 1980,
encaminhou ao governo brasileiro uma petição em favor dos voltou a ser prometido ontem pelo ministro, assegurando
índios Yanomami, em que alerta para a invasão do território que sua instituição vai ocorrer durante o segundo semestre,
indígena por cerca de quatro mil garimpeiros e para os perigos depois de o governo definir o projeto da política florestal
de doenças que podem ser transmitidas aos índios. O docu para a Amazônia. O ministro repetiu a promessa ao visitar
mento afirma que são 8.500 os Yanomani no Brasil (existem Roraima, Território que deverá abrigar a maior parte da
outro tanto desses índios na Venezuela) que desde 1974 sofrem reserva, mas negou que ela dependa do projeto florestal,
constantes atentados e declara ser “urgente que os poderes o que, no entanto, foi confirmado por seus assessores em
públicos brasileiros tomem medidas para paralisar esta nova Brasília. O CSN, onde ambos os projetos estão em estudo,
invasão que ameaça a dizimação, a curto prazo, a população já teria definido que o parque não será contínuo, devendo
indígena da região”. Outra petição no mesmo sentido, assi ficar circunscrito às áreas de maior incidência de popula
nada "por mil personalidades, entre as quais Adolfo Perez ção indígena, entre as quais existiriam reservas florestais.
Esquivel e Alfred Kastler, agraciados com o Prêmio Nobel, (ESP — 7/7/81)
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Sarampo mata mais três Yanomami •
Epidemia de sarampo entre os Yanomami
São seis os índios Yanomami mortos em conseqüência do Diversas associações de apoio ao índio divulgaram nota on
surto de sarampo que está atingindo as tribos indígenas que tem afirmando que a gravidade do surto de sarampo que
vivem na região da serra do Surucucu, em Roraima, segundo atinge a tribo dos Yanomami, residentes na fronteira do
informações divulgadas ontem pela FUNAI, em Brasília. Diz Brasil com a Venezuela, exige a imediata cooperação da Cruz
a FUNAI que foram instalados dois hospitais avançados de Vermelha Internacional, para evitar o alastramento da epi
emergência nas aldeias de Tabaxina e Palimiu, e que os demia que já matou 21 índios. “Estamos à frente de um
doentes que apresentam risco de vida, estão sendo removidos quadro catastrófico” — diz a nota. “As epidemias atin
para o Hospital Coronel Mota, em Boa Vista. Vivendo em giram as áreas de Palimiu, Surucucu, Couto Magalhães,
pouco contato com nossa sociedade, os Yanomami são mais Mucajaí e recentemente o Ajarani, regiões onde vivem mais
vulneráveis a esse tipo de doença. Em 1978, um surto de sa de cinco mil índios.”“O que torna a situação inaceitável —
rampo matou mais de 60 índios na área da Perimetral Norte, prossegue — é o fato de que ela poderia ter sido evitada.
pouco depois da chegada dos peões que foram construir a Apesar dos repetidos alertas e solicitações das entidades de
estrada. (ESP – 17/7/81) apoio ao índio e relatórios da própria FUNAI, medidas pre
ventivas indispensáveis não foram tomadas e a doença che
gou antes da vacina. Desde 1968, data da primeira proposta
de criação do Parque Yanomami, este é o quinto surto de
Conflitos na área Yanomami sarampo, tendo sido registradas 139 mortes.” Assinam a
O contrabando de armas na fronteira do Brasil com a Vene nota a ABA, a CPI-SP e a CCPY. (ESP – 28/7/81)
zuela está contribuindo para aumentar as lutas entre os
índios Yanomami que vivem no Brasil e outras tribos do
mesmo grupo da Venezuela, segundo denúncia feita ontem O sarampo amplia-se
pela comissão do Parque Yanomami, em Brasília. A situação Embora já tenha sido controlado em algumas áreas, o surto
na área, segundo os responsáveis pela comissão, estaria desa de sarampo e coqueluche que atingiu os índios Yanomami,
gradando o governo venezuelano, pois as freqüentes incur que vivem em Roraima e no Amazonas, continua alastrando
sões de índios brasileiros naquele país têm provocado uma se, atingindo agora várias tribos que vivem na fronteira do
situação desastrosa: somente no último ataque morreram Brasil com a Venezuela. A FUNAI não fez, ainda, qualquer
35 índios venezuelanos. Os índios brasileiros têm recebido contato com o governo venezuelano, apesar da preocupação
armas de feitores e extratores de fibras vegetais que transi manifestada pelos indigenistas de que a doença já possa ter
tam na área Yanomami, como forma de pagamento por tra atingido grupos Yanomami que vivem fora do Brasil. Ontem,
balhos prestados ou pela compra de peles de onça e ariranha. a CCPY divulgou nota afirmando que a ausência de um tra
A comissão do Parque Yanomami afirma que este comércio balho sanitário preventivo na serra do Surucucu é a principal
de armas está alimentando vários focos de guerra intertribal, responsável pela epidemia que continua se alastrando, “ape
que já eram tradicionais, mas sem a ocorrência de mortes sar do envio de socorro de última hora”. Os integrantes da
numerosas como tem acontecido depois da utilização de ar comissão afirmam que a contaminação dos índios provém de
mas pelos índios brasileiros. (ESP — 22/7/81) contatos indiscriminados com agentes invasores, garimpeiros

Vacinação entre os Yanomami realizada pela CCPY no início de 1981. (foto Claudia Andujar)
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e núcleos habitacionais que se instalam aceleradamente na dade de demarcação do território tradicional da tribo, se
área dos Yanomami. Somente na serra do Surucucu vivem gundo as disposições estabelecidas na Constituição Brasileira
4.500 índios, e lá o surto já atingiu quase todas as aldeias. através do Estatuto do Indio e as recomendações da Confe
(ESP — 1/8/81) rência das Nações Unidas sobre os povos autóctones da terra.
(Ultima Hora — 13/10/81) •

Encontro de Puyo reivindica Parque Yanomami


Os participantes do encontro de Puyo aprovaram uma moção Pedida intervenção em área Yanomami i

que recomenda ao governo brasileiro “a necessidade urgente A coordenadora da Comissão de Criação do Parque Yano
de tomar medidas de emergência para controlar e erradicar mami (CCPY), Cláudia Andujar, está encaminhando à FU
as epidemias que ora assolam os Yanomami, inclusive com a NAI o pedido de intervenção na área ocupada pelos índios
participação de organizações nacionais ou internacionais Yanomami, objetivando a delimitação do futuro Parque In
competentes; estabelecer um sistema de cooperação com a dígena, cujo projeto de criação se encontra na Secretaria do
Venezuela para erradicar essa epidemia e criar, imediata Conselho de Segurança Nacional. Caso o pedido seja aceito,
mente, o Parque Indígena Yanomami, como medida para será interditada uma área correspondente a 10 milhões de
garantir a esse povo um território contínuo e adequado e hectares, dividida entre o Território de Roraima (6 milhões) e
assistência médica necessária”. (FSP — 5/8/81), (Ver mais o Amazonas (4 milhões). O pedido de interdição coincide
informações
tos sobre oIndígena”.)
de Organização Encontro de Puyo na seção “Movimen
• com a recente viagem de estudos feita por uma equipe do
CSN, que visitou toda a área dos Yanomami dentro do
território brasileiro. (FSP — 17/12/81)

Yanomamina pauta de Campins


Um dos integrantes da comitiva do presidente da Venezuela, Conselho de Segurança pode interditar área Yanomami
Herrera Campins, que a partir de amanhã inicia visita de três Segundo informações dadas por assessores da FUNAI, e con
dias ao país, deverá conversar com representantes do Go firmadas por funcionários do Ministério do Interior, a “equi
verno brasileiro e com elementos do CSN, sobre a situação pe do CSN que visitou a área Yanomami ficou impressionada
dos 16.000 índios Yanomami que habitam a região frontei com a situação, e o parecer sobre a interdição está pratica
riça de Brasil e Venezuela. Na pauta do encontro dos repre mente pronto”. A medida objetiva preservar a área que será
sentantes dos dois países está a proposta de criação de um transformada em parque indígena. (FT — 18/12/81)
Parque Indígena destinado aos Yanomami a ser decidida
pelo Conselho de Segurança Nacional. A possibilidade da
criação de um parque binacional — cuja finalidade seria a de
não quebrar a unidade do povo Yanomami que se distribui.
pelos dois países — será discutida, uma vez que a Consti
tuição Brasileira não prevê nada neste sentido. (Diário do
Grande ABC — 9/8/81)

Yanomami: 27 mortos com surto de sarampo


A FUNAI iniciou, ontem, a segunda fase da Operação Yano
mami, na fronteira do Brasil com a Venezuela onde, há dois
meses, irrompeu um surto de sarampo e coqueluche que
causou várias mortes entre os índios. O médico Paulo Manoel
Vieira, que chefiou uma das equipes da FUNAI na área,
divulgou um relatório informando que morreram ao todo 27
índios durante o surto. O médico, que foi demitido nos últi
mos dias da FUNAI, alertou para a necessidade da imediata
vacinação das outras comunidades indígenas da área que não
foram atendidas durante a primeira fase da vacinação, para
que seja evitado um novo surto. (ESP — 19/9/81)

Garimpeiros invadem área Yanomami


Um grupo de garimpeiros está invadindo o território Yano
mami através dos rios Mucajaí e Ericó. A notícia foi dada
anteontem através da assessoria de imprensa do órgão com
base nas informações da delegacia do órgão em Boa Vista
(RR), Anteontem mesmo a FUNAI comunicou-se com o 2º
Batalhão Especial de Fronteira e a Polícia Militar de Boa
Vista, para retirar os invasores que estão se fixando na serra
do Surucucu, onde vivem cerca de 3.505 índios, e na área do
rio Couto de Magalhães. Nesta última, a FUNAI está encon
trando dificuldades para retirar os invasores, pois os garim
peiros oferecem roupas e alimentos aos índios e estes preten
dem deixar os garimpeiros em troca dos presentes oferecidos.
(Gazeta de Notícias — 10/10/81)

Ecologistas defendem os Yanomami


Um grupo de defensores das minorias oprimidas, liderado
pelo líder ecologista francês, Brice Lalonde, ex-candidato à
presidência da República, expressou ante a embaixada brasi
leira na França sua preocupação com o futuro dos Yano
mami do Brasil. O grupo chamou a atenção para a necessi
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Javari: a expansão da exploração madeireira é fonte de conflitos.

A região do rio Javari está sendo hoje alvo da Matís. A decisão tomada na última sexta
cobiça de grandes empresas madeireiras. Ile feira suspende determinação do juiz federal
galmente e não respeitando as terras indí do Amazonas, em favor do mandado de segu
genas, elas promovem ali uma exploração rança impetrado pelos madeireiros, a partir
intensiva da madeira, entrando em conflito de proibição de abate de madeira na região
com os índios da região. Apesar de haver pelo chefe da Ajudância da FUNAI no Alto
uma proposta de criação do Parque Indígena Solimões. (ESP – 28/4/81)
do Vale do Javari, em tramitação desde início
dos anos 70, a FUNAI se omite na sua efe
tivação e deixa a área aberta para a invasão
dessas grandes madeireiras. Os prejudica Indios expulsam madeireiros
dos, e que sofrem com essa depredação da
área, são os Marúbo, Mayorúna, Matís, Ku
lina, Katuquina e outros índios só recente Notícias chegadas a esta capital, procedentes
mente contatados. de Atalaia do Norte, dão conta de que os
índios daquela região estariam expulsando os
madeireiros que se encontram naquela ci
FUNAI apreende madeira e retém dade, pedindo providências da FUNÃI.
lucros de venda A área de atrito é na região dos rios Itaqui e
Curuçá, no rio Javari, onde existem os índios
Mayoruna, Kanamari, Marúbo e Kurubo,
A FUNAI, com o auxílio da Polícia Federal, Sendo que esta última tribo ainda é arredia e
está apreendendo toda a madeira extraída ao seu "habitat” normal é o rio Itaquaí. (Notí
longo do rio Javari e seus afluentes, sob a cias Populares – 12/11/81)
alegação de pertencerem às reservas indíge
nas. A denúncia foi feita pelo deputado Belo
Ferreira (PDS), que também acusou a FU
NAI de obrigar os madeireiros a venderem a Madeireiros em fuga
madeira com a retenção de 50% do produto
da venda. Dezenas de madeireiros da região do rio Ita
O comportamento da FUNAI não está agra quaí, um afluente do Javari, estão deixando
dando aos madeireiros das áreas dos municí suas áreas de trabalho, rumando para a ci
pios de Benjamim Constante Tabatinga, que dade de Atalaia do Norte, por temerem ata
alegam que para o trabalho de extração se ques dos índios, que nos últimos dias vêm
documentam com licença do IBDF, além de dando sinais de que pretendem atacá-los. As
serem financiados pelos bancos com prazos informações são dos moradores de Atalaia do
fatais para o pagamento dos financiamentos. Norte e a delegacia regional da FUNAI já
(A Crítica — 26/3/81) enviou um funcionário à região, para confir
mar se existe mesmo clima de tensão na área,
Os madeireiros que saem da região, próxima
à fronteira com o Peru, seriam em número de
TFR anula liminar dos madeireiros 300, e dezenas deles já teriam chegado à ci
dade de Atalaia do Norte.
O TFR suspendeu ontem liminar concedida a Há denúncias de que alguns índios estariam
madeireiros da cidade de Benjamim Cons armados de espingardas. A área é conside
tant que estavam explorando terras indígenas rada uma das mais ricas em madeiras de lei,
nas áreas de Ipiui, São Luís e Rio Branco — razão pela qual é cobiçada. Além disso, a re
Município de Atalaia do Norte — habitada serva indígena nela existente ainda não foi
por índios Marúbo, Kurubo, Kanamari e demarcada. (O Dia — 13/11/81) +
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1 — Apiaká . 16 — Mynky
2 — Arara-kawahib 17 — Nambiquara
3 — Bakairi | 18 — Pacaa-nova
4 — Cinta-larga 19 — Pareci
5 — Gavião-digut 20 — Rikbatsa
6 — Hrantxe 21 — Salamai
7 — Itogapuk 22 — Salumã
8 — Jabuti | 23 — Suruí
9 — Kanoé 24 — Massacá (Tubarão)
10 — Karipuna 25 — Tupari
11 — Karitiana 26 — Umutina
12 — Kaxarari 27 — Urupain
13 – Kayabi 28 — Uru-weu-wau-wau
14 — Makurap 29 — Wayoro
15 — Massacá 30 — Zoró
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REGIÃO II:
Rondônia e Noroeste de MT

Nesta região foram reunidos os povos indígenas que estão aldeia, em Rondônia. Os índios estavam caçando e teriam
sendo afetados pelo POLONOROESTE, um gigantesco pro chegado na fazenda, quando foram surpreendidos e mortos,
grama de desenvolvimento do noroeste do país com grandes conforme informação recebida pelo delegado regional da
investimentos de capital estatal e privado, em obras de FUNAI. O diretor do Parque Aripuanã, onde estão os Cinta
infra-estrutura, projetos de extração vegetal e mineral, pro Larga, viajou para a aldeia logo que soube do massacre,
jetos de colonização e de agropecuária. Ao todo, estima e conseguiu contornar a situação, evitando que haja qualquer
se que cerca de 8.000 índios reunidos em 58 aldeias (26 retaliação por parte dos índios. Suspeita-se que eles tenham
em Rondônia e 32 em Mato Grosso) e pertencentes a mais de sido atraídos para uma armadilha. (ESP — 4/7/81)
30 povos diferentes, vivem na área de influência desse pro
grama. A maioria desses povos é desconhecida, e apenas
4.600 índios vivem em reservas oficialmente reconhecidas. Os Cinta-Larga estavam vivos
Apesar das grandes diferenças de graus de contato entre os Os quatro índios Cinta-Larga que a FUNAI, em nota oficial
povos dessa região — alguns ainda vivendo os primeiros con divulgada sexta-feira última, dera como chacinados numa
tatos com as frentes de atração da FUNAI, como os Uru fazenda de Rondônia, reapareceram ontem, são e salvos,
Weu-Wau-Wau, e outros já com um intenso processo de Eles estavam caçando tranqüilamente na selva, alheios à
trocas comerciais como produtores de borracha, por exemplo confusão que seu “desaparecimento” provocou entre os ín
os Massacá — todos estão igualmente ameaçados nos seus dios e na própria FUNAI, que chegou a deslocar para a
direitos à terra. A pavimentação da BR-364, estrada que liga região agentes da Polícia Federal e seus mais experimentados
Cuiabá a Porto Velho, e a transformação de Rondônia em sertanistas, temendo que estivesse ocorrendo um novo e vio
Estado são apenas alguns fatos que apontam a transforma lento conflito entre os Cinta-Larga e os garimpeiros que
ção rápida dessa região, com enorme incremento populacio atuam na região. (FSP — 7/7/81)
mal, proveniente principalmente da chegada de colonos gaú
chos, paranaenses e nordestinos.
Apesar de todo esse movimento de ocupação, gerador de uma Karitiana
onda crescente de conflitos, apenas 1/3 dos povos indígenas
dessa região foi noticiado nos jornais consultados.
Ação missionária é denunciada
A ação missionária do SIL está quebrando a tradição dos
índios Karitiana, ao impor à tribo uma educação bilíngüe —
denuncia a antropóloga Denise Maldi Meireles, em relatório
que enviará à FUNAI.
Cinta Larga Criando entre os Karitiana “uma produção literária através
deste aprendizado bilíngüe... os missionários do Summer
passaram a deter um tipo de ferramenta ideológica que induz
Morte de quatro Cinta-Larga alguns Karitiana, atualmente, a afirmar: eu agora não sou
Quatro índios da tribo dos Cinta-Larga foram mortos por mais índio, eu sou crente”, diz a antropóloga. (JB —
peões de uma fazenda localizada no rio Roosevelt, próximo à 20/12/81)
> > Acervo
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Makurap Massacá
Polícia Federal intervém contra fazendeiro
TFR nega liminar à FUNAI
O Ministro William Paterson, do TFR, negou ontem pedido Os índios que vivem nas margens do rio Pimenta Bueno, em
de liminar em mandado de segurança requerido pela FUNAI Rondônia, terão garantias da PF para continuar a explorar
para anular ato da juíza da Comarca de Porto Velho, Maria os seringais da área onde habitam, atualmente em litígio.
Rita Capone Krauze, que favoreceu a expulsão de dezenas de Segundo denúncia encaminhada à 8º Delegacia Regional da
índios Makurap da reserva Rio Branco, pelo fazendeiro Mil FUNAI em Rondônia, feita pelo chefe da aldeia, o fazendeiro
ton Santos. A FUNAI ganhara da juíza uma liminar em ação JavetXavier vem tentando expulsar os índios com armadilhas
própria para proteger as terras dos índios de invasões. Mas de espingardas, além de promover a derrubada de árvores.
em 25 de maio último, a juíza cassou a medida, estabele O delegado da FUNAI Apoena Meirelles, disse que a PF será
cendo-se na reserva um clima de violências e arbitrariedades, acionada exclusivamente para paralisar a ação do fazendeiro
com capangas armados investindo contra os índios, a mando contra os índios, pois ainda não existe qualquer definição
de Milton Santos. O Ministro William Paterson negou a limi sobre a posse da terra. (ESP — 7/3/81)
nar, mas pediu informações à juíza sobre os motivos de seu
ato. (JB — 5/8/81) Nambiquara
Aberta concorrência para asfaltamento da BR-364
Juíza dá cobertura a grileiro que massacra índios O diretor geral do DNER anunciou o lançamento dos editais
O Ministro William Paterson do TFR deu o prazo de cinco de concorrência para o asfaltamento da BR-364 que poderá
dias para a Juíza da Comarca de Porto Velho, Rita Capone ter seus trabalhos concluídos dentro de três anos e meio.
Krauze, encaminhar ao Tribunal as informações referentes (ESP – 3/4/81)
ao mandado de segurança impetrado pela FUNAI.
No processo, a FUNAI sustenta que o ato da juíza causa,
no momento, verdadeiro clima de guerra naquela comuni TFR confirma área Nambiquara
dade; Milton Santos se arvorando em legítimo proprietário O TFR negou provimento à ação possessória movida contra a
da terra habitada pelos Makurap e usando de violência e arbi FUNAI pela Agropecuária Florêncio Bonito S.A., que tem
trariedade — auxiliado por capangas armados de rifles e uma de suas fazendas — Fazenda Furnas do Sararé — na
revólveres — vem expulsando os índios, que, replicando às área onde se encontram os índios Nambiquara do Sararé.
ameaças, vêm-se movimentando de modo também violento, o (Jornal de Brasília — 11/4/81)
que a qualquer momento pode causar um conflito generali
zado. A exemplo, aliás, do que aconteceu no final do ano
passado quando o grileiro armou homens brancos que mata Nambiquara readquirem terras
ram diversos índios, inclusive crianças. (O Dia — 10/9/81) O TFR decidiu ontem em Brasília que pertencem à tribo dos

A rodovia BR-364 será asfaltada, passando dentro das malocas Nambiquara do Guaporé. (foto VincentCarelli)


> > Acervo
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Nambiquara as terras vendidas pela firma “Sorana Comer FUNAI indignada com governo de Mato Grosso
cial e Importadora S.A.”, de São Paulo, em Cáceres, Mato Em telefonema ao governador de Mato Grosso, o presidente
Grosso, não obstante ter essa firma agido com cautela e da FUNAI manifestou-se indignado com o telex em nome do
obtido da FUNAI certidão negativa antes de alienar as áreas. governo desse Estado enviado pelo desembargador Domingos
Por isso, ontem, o Tribunal deu provimento a um recurso Sávio Brandão ao ministro do Interior, ao próprio presidente
apresentado pela FUNAI e reincorporou entre os bens da da Fundação. O telex fez graves acusações a respeito das
tribo 1.300 alqueires adquiridos àquela firma pelo fazendeiro portarias que estabeleceram a posse permanente, por parte
Hélio Pereira de Morais, que trabalhou a gleba na formação dos índios Nambiquara, de uma área de 340.580 hectares no
de pastos, (FSP – 25/4/81) Vale do Guaporé (MT). O desembargador protestava pelo
fato de o governo estadual não ter sido consultado antes das
portarias serem baixadas, afirmando que “Mato Grosso não
50 milhões para proteger Nambiquara é feudo da FUNAI” e anunciando uma campanha nacional
O Banco Mundial liberou ontem uma verba de Cr$ 50 mi para combater “esse ultraje do nosso território e nosso pro
lhões para que a FUNAI instale 12 postos de saúde e vigi gresso”. (ESP – 30/12/81)
lância ao longo do trecho da BR-364 que corta a reserva
Nambiquara no Guaporé. A instalação dos postos foi uma
exigência do Banco Mundial para financiar o asfaltamento Estado do MT combate Nambiquara
da estrada e, segundo a FUNAI, a comunidade Nambiquara “Vou mobilizar a opinião nacional para combater e profligar
será vacinada de imediato para evitar surtos epidêmicos. esse ultraje ao nosso território e ao nosso progresso em prol
(ESP – 20/6/81)
de 135 silvícolas que possuem na área quase 2 milhões de
hectares.” Com essa ameaça o Secretário de Interior e Justiça
do Governo de Mato Grosso, Desembargador Domingos Sá
FUNAI atrasa empréstimo do BIRD vio Brandão de Lima, iniciou seu enérgico protesto à decisão
O Ministério dos Transportes só está dependendo da demar tomada pela FUNAI de declarar área indígena 340 mil 580
cação de terras dos índios Alakatesu-Waiksu, pela FUNAI, hectares de terras do Vale do Guaporé, na região Oeste de
na região do Guaporé em Mato Grosso, para poder assinar Mato Grosso. O protesto do Secretário de Justiça foi formu
com o Banco Mundial o contrato de empréstimo de 240 mi lado através de telegramas enviados ao Ministro do Interior e
lhões de dólares, (JB – 14/10/81) ao presidente da FUNAI. Na mensagem ao Ministro, o Se
cretário Domingos Sávio Brandão de Lima se diz profunda
mente preocupado “com o retorno do expansionismo da FU
NAI em detrimento do território e do desenvolvimento do
FUNAI reconhece reservas Nambiquara Estado de Mato Grosso”. (JB — 31/12/81)
Foram publicadas no Diário Oficial as portarias da FUNAI
que reconhecem como posse dos índios Nambiquara as se
guintes áreas:
Pirineus de Souza de 30 mil ha, Sararé de 68 mil ha, e a do FUNAI defende as portarias
Vale do Guaporé de 243 milha, (ESP — 4/12/81) Respondendo às críticas de empresários e do governo de
Mato Grosso, o delegado regional da FUNAI em Cuiabá
afirmou: “Não estamos tirando terra de nenhum empresário,
Prefeito contra reserva Nambiquara apenas estamos devolvendo ao grupo indígena as áreas que
Alegando que as portarias da FUNAI que declaram como de lhes pertencem”. A mesma posição foi assumida pelo Pe.
posse permanente do grupo indígena Nambiquara a área Iasi, embora ele não acredite que a FUNAI tenha força para
com superfície aproximada de 340.580 hectares, nos mumi manteras portarias. (ESP — 1/1/82)
cípios de Vila Bela da Santíssima Trindade e Pontes e La
cerda, em Mato Grosso, ferem sensivelmente os interesses de
toda a região, principalmente de grupos econômicos, fazen Governador de Mato Grosso insiste no combate às portarias
das e projetos agropecuários, o prefeito de Porto dos Gaú O governador de Mato Grosso, Frederico Campos, mandou
chos enviou ontem telex, em nome do governo do Estado, ao mensagem ao Ministro do Interior e ao Presidente da FUNAI
ministro do Interior, Mário Andreazza, e ao presidente da pedindo a suspensão dos efeitos das Portarias criando as re
FUNAI solicitando a revisão da matéria e conseqüentemente servas Nambiquara. A mensagem diz: “Considerando que as
a revogação da portaria. (ESP — 18/12/81) portarias abrangendo 340.580 ha de terras fertilíssimas do
Vale do Guaporé, não tiveram conhecimento prévio uma vez
que existem na área mais de 250 propriedades produtivas
Empresários também contra Nambiquara
sem qualquer posse permanente ou temporária indígena,
solicito sustar o efeito das portarias e rever o assunto...”
O empresário Edmundo José Rodrigues enviou telex ao mi (O Globo — 7/1/82)
nistro do Interior, pedindo apoio à classe empresarial do
Vale do Guaporé para iniciar campanha contra as portarias
da FUNAI que declaram de posse permanente dos índios
Nambiquara 340.580 hectares de terras nos municípios de Suspensa criação de reservas Nambiquara
Vila Bela da Santíssima Trindade, Pontes e Lacerda, no O coronel Darcy Alvares da Cunha, delegado da FUNAI em
Mato Grosso. Edmundo José Rodrigues afirma que a porta Cuiabá, informou que foram suspensas as portarias delimi
ria nº 1.125, de 27 de outubro, que estabelece a área de 243 tando as reservas Nambiquara do Guaporé. Segundo ele a
mil hectares de posse permanente dos subgrupos indígenas FUNAI sofreu pressões tanto por parte dos empresários do
Alantesu, Hahaintesu, Mamainde, Negarote, Uasusu, Uaic Vale como do governo do Estado. Na próxima semana, ainda
su e Alanquetesu, pertencentes ao grupo indígena Nam segundo o coronel, deverá chegar uma equipe composta pelo
biquara, irá afetar o desenvolvimento da região, “Nela exis arqueólogo Carlos Eduardo Mills, a antropóloga Maria He
tem diversos projetos agropecuários devidamente aprovados lena de Amorim e de um topógrafo para reestudar a área em
pela SUDAM e mais de 40 proprietários que transformaram litígio. (ESP – 22/1/82)
o vale do Guaporé numa fonte inesgotável de produção. Essa
portaria vai prejudicar os futuros investidores.” O empresá
rio ressaltou que durante todos esses anos de atividade “os Entidades de apoio pedem esclarecimentos e FUNAI des
proprietários nunca tiveram conflitos de ordem político-so mente a notícia
cial, nunca houve conflitos de terras”. (ESP — 20/12/81) Em telegrama enviado ao Presidente da FUNAI e ao Minis
> > Acervo
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tro do Interiºr, 11 entidades de apoio ao índio pedem escla conseguirem uma audiência. Diante disso, a ocupação do
recimentos sobre a situação jurídica das áreas Nambiquara e gabinete do superintendente foi o último recurso encontrado
denunciam a situação precária em que se encontram os ín pelos índios que há mais de cinco anos esperam uma defini
dios diante da invasão das empreiteiras que já instalaram ção para a demarcação da reserva. (FSP — 17/9/81)
seus canteiros de obras no Guaporé. O Presidente da FU
NAI, o cel. Paulo Leal, por sua vez, desmentiu que tenha
revogado as portarias. (FSP – 23/1/82) FUNAI nega protesto Pareci
A FUNAI distribuiu ontem uma nota informando que o en
contro entre o superintendente do órgão e os oito índios
Pacaa-Nova representando a comunidade Pareci transcorreu “num clima
de cordialidade e respeito mútuo”. A nota, entretanto, omite
o fato de os índios terem levado suas bordunas e se sentado
Projeto extrativo entre os Pacaa-Nova no chão, protestando porque, durante mais de quatro dias,
A FUNAI anunciou que deverão ser colhidas cerca de onze não conseguiam conversar com os diretores do órgão tutor.
toneladas de borracha este ano pelos índios Pacaa-Nova, do (FSP – 18/9/81)
posto indígena Igarapé Ribeirão. Para este projeto de extrati
vismo vegetal (borracha e castanha) serão destinados Cr$ 1
milhão provenientes do Programa de Integração Nacional — Suruí
PIN. (ESP — 10/1/81)
Justiça autoriza despejo dos posseiros
Portarias reconhecem áreas Pacaa-Nova O Tribunal Federal de Recursos (TFR) deferiu ontem man
No dia 21 de setembro de 1981 foram publicadas no Diário dato de segurança em favor da FUNAI, para que os posseiros
Oficial da União, três portarias de nº 1.107/E, 1.108/E e e grileiros instalados numa faixa de 20 mil ha em Cacoal
1.109/E reconhecendo de posse permanente do grupo indí deixem imediatamente a reserva indígena dos Suruí. A luta
gena Pacaa-Nova as áreas denominadas respectivamente Rio dos índios Suruí para reaverem suas terras data de 1964
Negro Ocaia, Igarapé-Lage e Igarapé-Ribeirão. As três áreas E "??? * provocou a morte de 20 brancos. (O Globo
têm no total 258 mil ha. (Gazeta Mercantil — 23/9/81)

Pareci Suruí deverão ter terra liberada


O delegado regional da FUNAI em Porto Velho, enviou ofí
cio à Secretaria de Segurança Pública do Território de Ron
Fazendeiro quer expulsar índios da região de Parecis dônia e à Polícia Federal pedindo cobertura aos funcionários
O chefe da nação Pareci, que habita a Chapada dos Parecis do órgão que a partir da próxima semana começarão a retirar
em Mato Grosso, esteve em Brasília para denunciar as amea as famílias que ainda se encontram na área da reserva Suruí,
ças de despejo que estão sendo feitas pelo fazendeiro José no Posto Indígena 7 de Setembro. Até ontem ainda perma
Eustáquio de Almeida Melo contra os índios. João Arrezo neciam na área cerca de 30 famílias. (ESP — 1/7/81)
maré, o cacique, entregou ao presidente da FUNAI uma
carta do índio Daniel Mantenho Cabixi onde este afirma que
“vemos que as circunstâncias caminham para o lado que a Posseiros deverão deixar área Suruí
gente nunca esperava chegar. E, para o bem da verdade, A partir da próxima semana, a FUNAI iniciará a retirada
apelamos para uma tomada de posição da FUNAI. Caso a das 35 famílias de posseiros que continuam dentro da Re
questão da reserva Pareci e a regularização da situação dos serva Suruí, no Parque Indígena Sete de Setembro, no mu
índios que moram fora da reserva não for definida, prevemos nicípio de Cacoal, e que tinham prazo até dia 30 de junho
conseqüências graves”. para sair e ocupar outra área cedida pelo INCRA. No en
Os Pareci reivindicam uma área nas proximidades da BR-364 tanto, como o governo de Rondônia não cumpriu sua parte,
(Cuiabá-Porto Velho) e o cacique Arrezomaré levou dois fornecendo o meio de transporte, conforme estabelecia um
problemas ao presidente da FUNAI “regularização da situa acordo entre a FUNAI, INCRA e o próprio governo, este
ção dos índios que moram fora da reserva e solução imediata grupo remanescente permaneceu no local, causando insatis
para o impasse da Aldeia Queimada, onde o clima está muito fação entre os mais de 250 Suruí. (ESP – 9/7/81)
tenso”. (ESP — 18/1/81)

Polícia faz o despejo de colonos


FUNAI ocupada por Pareci Para evitar choques entre colonos e funcionários da FUNAI,
Um grupo de oito índios Pareci, entre eles o líder Daniel que iniciam amanhã o cumprimento do mandato judicial que
Mantenho Cabixi, ocupou ontem, pacificamente, o gabinete determinou a saída dos invasores, foi formado um contin
do superintendente da Fundação Nacional do Indio, Otávio gente de policiais militares, civis e federais, tendo à frente o
Lima. Os índios estão em Brasília para resolver o problema próprio secretário de segurança de Rondônia. Os posseiros
da demarcação da reserva Pareci dos municípios de Tangará serão transportados até Alvorada D'Oeste por caminhões do
da Serra e Diamantino, em Mato Grosso. Sentados no chão, governo e ficarão em barracas de lona fornecidas pelo BNH.
sem qualquer atitude de agressividade, eles tentaram dialo O Secretário de Segurança garante que em 30 dias estará
gar com o superintendente, que no momento responde pela aberta a estrada de 95 quilômetros entre Alvorada e os lotes
presidência da FUNAI. Além da manifestação pacífica, os de 100 ha que serão entregues aos posseiros. (ESP —
Pareci encaminharam uma carta ao ministro Mário An 12/7/81)
dreazza, pedindo ajuda. Diz a carta, assinada por oito ín
dios, que essa iniciativa foi tomada “porque já estivemos
aqui em Brasília para dialogar sobre nosso problema de Advogado requer a paralisação do despejo
demarcação das terras com a FUNAI mas sempre o que Alegando “excesso de violência, abuso de autoridade e falta
temos ouvido são os berros do coronel presidente da FUNAI de respaldo legal”, o advogado Tadeu Fernandes entrou em
em total desrespeito às lideranças Pareci, uma aldeia que nos nome de 200 famílias no fórum de Porto Velho com uma ação
manda dialogar como homens educados porém, como huma que requer a paralisação da ação de despejo na reserva Suruí.
nos, somos também sujeitos à impaciência”. Os Pareci estão Já o Secretário de Segurança informou que a retirada está se
há uma semana em Brasília. Durante todo esse tempo eles processando “sem incidentes”. (Tribuna da Imprensa —
tentaram entrar em contato com dirigentes da FUNAI sem 17/7/81)
> > Acervo
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Indios Suruí na cidade de Espigão do Oeste, antes de serem Tabira, líder jovem dos Suruída linha 14.
transferidos para o Parque do Aripuanã, em 1978. (foto Marcos Santilli) (foto Marcos Santilli)

Termina o prazo para retirada dos posseiros junho, quando acabou o prazo dado pelos índios para que os
Terminado hoje o prazo para que as famílias invasoras da brancos deixassem a reserva, ele prometeu que seria zelada a
reserva Suruí aceitem o plano de reassentamento, o serta integridade física dos colonos que já estavam lá, mas não
nista Apoena Meirelles promete tirar à força quem estiver permitiria que os outros entrassem. (ESP – 7/10/81)
dentro. Entre os colonos há esperança de que possam per
manecer dentro da reserva: o advogado Tadeu Fernandes
está tentando fazer voltar os colonos para seus lotes enquanto Termina a retirada dos colonos * ++_- + +

o Tribunal não se pronuncia. (Tribuna da Imprensa — A FUNAI conseguiu retirar as três últimas famílias de inva
31/7/81) sores da reserva Suruí no Parque Indígena do Aripuanã.
(ESP – 6/11/81)
Suruí matam dois colonos
A morte dos colonos Sebastião Costa Lemes e Almiro de
Souza Batista, ocorrida no dia 1º, quando eles invadiram a
Urupain
reserva Suruí, representa um aviso aos colonos da região e
significa o cumprimento da ameaça feita pelos chefes jovens Indios Urupain matam colono em Rondônia
da tribo, de que não tolerariam mais a entrada de nenhum Os índios Urupain, grupo até então desconhecido pela FU
“branco” para se estabelecer na reserva. (ESP — 4/10/81) NAI, atacaram e mataram, domingo, um seringueiro no rio
São Miguel, ao sul de Porto Velho, em Rondônia, e flecha
Suruí insistem na saída dos colonos
ram um colono no rio Muqui, município de Ji-Paraná. As
terras dos Urupain ainda não foram delimitadas, pois até o
Uma comissão de técnicos da Delegacia Regional da FUNAI momento a FUNAI acredita que esses índios sejam um sub
e agentes da Polícia Federal estão desde ontem na reserva grupo da nação Uru-Weu-Wau-Wau, que ainda está em fase
Suruí, no Parque Sete de Setembro, investigando as causas de contato. (FSP — 6/5/81)
da morte de dois colonos, ocorridas no dia 1º dentro da área
indígena. O sertanista Apoena Meirelles, delegado regional
da FUNAI, seguiu para o Posto Sete de Setembro, no centro
Uru-Weu-Wau-Wau
da aldeia Suruí distante 500 quilômetros de Porto Velho
(Rondônia), numa área muito cobiçada pelos colonos dos
Municípios de Cacoal e Espigão D'Oeste. Apesar de não ter
ainda muitos detalhes, a FUNAI suspeita que o líder jovem Novo ataque dos Uru-Weu-Wau-Wau
Tabira tenha sido o comandante do ataque, pois no final de Os índios Uru-Weu-Wau-Wau atacaram segunda feira a
< > Acervo |-

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expedição da FUNAI composta de trabalhadores, índios e região. Segundo o Delegado João Lucena, da Delegacia de
sertanistas que vêm tentando atraí-los desde fevereiro do ano Homicídios, alguns pistoleiros presos, João dos Santos vulgo
passado. É a quinta vez que os índios atacam a expedição e, Sapecado e Azulão, revelaram que houve um massacre numa
como das outras vezes, sem causar ferimentos a ninguém, aldeia de índios na região do rio Machado. (ESP — 18/2/81)
apenas cercaram o posto Alta Lídia, no rio Jamarí, e dispa
raram dezenas de flechas. O sertanista José do Carmo San
tana, chefe do Posto de atração, indicou como sinal positivo Indios buscam contato
o fato de os índios terem recolhido os brindes deixados num Os Uru-Weu-Wau-Wau voltaram a rondar o Posto de atração
ponto de parada dos Uru-Weu, indicando a eminência de um da FUNAI, chegando a sair do mato e ficar a apenas 30
contato pacífico. (ESP — 1/1/81) metros da sede. Os índios se mostraram à equipe de atração,
sem armas e trazendo uma mulher, quando vieram em busca
dos brindes oferecidos.

Convênio para a demarcação de terras Apesar de não ter sido realizado contato com nenhum dos
O delegado substituto da FUNAI em Rondônia, Amauri membros da expedição, a FUNAI aguarda para as próximas
Vieira, informou que foi assinado convênio com o Exército, semanas o contato final e definitivo com este grupo, que se
para a demarcação das terras indígenas sob a jurisdição tenta contatar desde fevereiro de 1980. Para o delegado da
da 8° Delegacia Regional. (O Globo — 3/1/81) FUNAI em Rondônia, Apoena Meirelles, este é um dos
trabalhos de atração dos mais difíceis devido às perseguições
movidas contra o grupo por parte de seringueiros, colonos,
garimpeiros e pistoleiros. (O Estado do Paraná — 24/2/81)
Massacre será investigado
A FUNAI vai iniciar uma investigação na região do rio Ma
chado, município de Ji-Paraná, para tentar descobrir se são Uru-Weu-Wau-Wau visitam posto da FUNAI
verídicas as informações levantadas pela Polícia Civil dando Um grupo composto por 25 índios (16 homens, 6 mulheres e
conta que fazendeiros da região teriam contratado pistoleiros 3 crianças) estiveram anteontem por quatro horas no Posto
em 1978 para massacrar um grupo dos Uru-Weu que vivia na Alta Lídia. É a primeira visita pacífica que os Uru-Weu

O "chefe Careca" dos


Uru-Weu-Wau-Wau recebendo
brindes do sertanista
João Maia em outubro de 1981.
(foto Jesco von Puttkamer)
25
realizam aos Postos de atração da FUNAI, desde que se tenta esquerda da BR-364 que liga Cuiabá a Porto Velho entre os
o contato com o grupo. O sertanista João Maia, presente ao municípios de Ariquemes e Presidente Médici. Os Uru-Weu
Posto no momento do contato, acredita que os índios morem são agora estimados em cerca de 500 índios, que vivem em
numa aldeia localizada a 20 km do Posto, a montante do rio grupos de aproximadamente 100 índios em áreas relativa
Jamari. Segundo o sertanista, chegou ao fim o período de mente distantes umas das outras. (O Popular — 24/5/81)
"namoro", estabelecido no ano passado, quando foram esta
belecidos os Postos de atração de Nova Floresta, Alta Lídia e
Antuérpia. O menino Fábio Prestes, que teria sido raptado Nova aparição dos Uru-Weu-Wau-Wau
pelos índios em 1979 durante um ataque que fizeram a colo Um grupo de índios Uru-Weu visitou novamente, nesta se
nos, não estava entre os índios que visitaram o Posto. O
Delegado da FUNAI em Rondônia, Apoena Meirelles, disse gunda feira, o acampamento da frente de atração de Alta
que a preocupação principal é a de tentar evitar que os índios Lídia dirigido por Apoena Meirelles. Como na outra visita
(ocorrida há 4 meses atrás), havia mulheres entre os visi
sejam molestados pelas famílias de colonos que estão en tantes, o que indica relativa confiança do grupo nas intenções
trando na área. Os membros desta tribo, segundo a FUNAI, dos frentistas. O acampamento foi visitado por cerca de 34
seriam aproximadamente 200 pessoas, divididos em dois gru
pos nômades que vivem entre os vales do Guaporé e Jamari. índios (20 homens, 8 mulheres e 6 crianças), que lá perma
neceram por cerca de uma hora. (FSP — 8/7/81)
Desde novembro de 1980 este grupo dos Uru-Weu vinha
*#** dos trabalhadores do Posto Alta Lídia. (ESP
Indios deixam presentes
Um grupo de trinta índios Uru-Weu-Wau-Wau visitou nova
Dois mortos no ataque de índios em Rondônia mente o posto de atração de Alta Lídia recebendo os brindes
Um seringueiro e um colono, assentado pelo INCRA foram oferecidos pela equipe da FUNAI e, como novidade, retri
mortos ontem às margens dos rios São Miguel e Muqui, no buíram, pela primeira vez, com presentes. Foram oferecidos
sudeste de Rondônia por índios Urupain, provavelmente um cocares, flechas, arcos e uma borduna. Para o sertanista João
subgrupo dos Uru-Weu-Wau-Wau. Os dois trabalhavam no Maia, chefe do Posto de atração, o número de mulheres pre
projeto Novo Mundo. A informação foi divulgada pela FU sentes ao encontro atesta as intenções pacíficas do grupo. A
NAI em Brasília, de acordo com comunicação recebida pelo atração dos Uru-Weu esbarra, entretanto, numa dificuldade:
diretor do Parque do Aripuanã, João Luiz Dias. Em Porto a língua dos Uru-Weu ainda não foi classificada nem se
Velho, entretanto, Apoena Meirelles, delegado regional da conseguiu nenhum grupo indígena já contatado que a enten
FUNAI em Rondônia, não falou nestes ataques ao relatar um desse e que pudesse servir de intérprete. (ESP — 21/8/81)
ataque desses índios a um casal de colonos na localidade de
Brasilândia em Rondônia. Nessa ocasião houve uma vítima
fatal, José Domingos Pereira, morto a flechadas. Ver Uru Grupo Uru-Weu-Wau-Wau ataca mulheres
Pain. (ESP — 6/5/81) Um grupo dos Uru-Weu-Wau-Wau atacou duas mulheres de
índios Pakaa-Nova que trabalham na frente de atração da
FUNAI. O ataque ocorreu no rio Jamari, quando as mulhe
Novo posto de atração para os Uru-Weu-Wau-Wau reslavavam roupas. As flechas recolhidas, mais de 60, serão
A FUNAI e o Instituto de Pré-História e Antropologia da enviadas ao Posto de atração Alta Lídia para serem devol
Universidade Católica de Goiás criaram o quarto Posto de vidas aos índios. Tentar-se-á demonstrar aos índios que o
atração para os Uru-Weu-Wau-Wau, no rio Jarú em Rondô grupo de atração do rio Jamari tem os mesmos propósitos do
nia. A equipe é formada pelos sertanistas Apoema Meirelles, grupo de P.A. Alta Lídia, com o qual os índios já manti
José do Carmo Santana, Hugo e um índio Suruí, além do veram contatos pacíficos. Os sertanistas acreditam que os
fotógrafo Jesco da U.C.G. A área dos índios atinge uma ex índios não queriam matar ninguém, pois apenas duas flechas
tensão de 1,1 milhão de hectares e está localizada na margem acertaram as mulheres Pacaa-Nova. (ESP — 24/10/81)

Os objetivos do POLONOROESTE

O principal programa do governo para o de bá-Porto Velho. Dentro dessa primeira parte Firmado empréstimo para
senvolvimento em âmbito regional será o PO estão incluídos 500 km de estradas vicinais, o POLONOROESTE
LONOROESTE, localizado ao longo do eixo mas o conjunto de estradas vicinais que ali
da rodovia Cuiabá-Porto Velho. Os recursos mentarão a rodovia básica (BR-364) somará
que totalizam 1,4 bilhão de dólares, dos 3.500 km. Além disso o escoamento da pro O ministro do Interior Mário Andreazza, por
quais um terço financiado pelo Banco Mun dução agrícola da região contará com a arti ocasião da assinatura do contrato de emprés
dial. As informações sobre o programa, seus culação do sistema rodoviário e hidroviário, timo — no valor de 320 milhões de dólares —
objetivos, etapas e obras de infra-estrutura por intermédio do rio Madeira, atingindo a realizada ontem em Washington, na sede do
centraram os pronunciamentos feitos ontem Bacia Amazônica, e o rio Paraguai, atin Banco Mundial, destacou as vantagens do
no primeiro dia dos trabalhos e debates do gindo a Bacia do Prata. O projeto ainda in programa. “Hoje”, disse Andreazza, "o No
II Encontro do Centro-Oeste: a Nova Fron clui o “desenvolvimento rural integrado na roeste do Brasil produz cerca de 30 mil tone
teira, que reúne cerca de 450 pessoas, das região de Mato Grosso, principalmente nos Iadas de culturas permanentes (café e cacau),
quais 300 representantes de empresas nacio municípios de Tangere da Serra, Cáceres, cerca de 160 mil toneladas de culturas tem
mais e estrangeiras, com interesses ou pro Mirassol do Oeste e Barra dos Bugres, com porárias (arroz, milho, feijão, mandioca,
jetos de investimento na região. Falaram na financiamento de 27 milhões de dólares que o amendoim e algodão, principalmente), cerca
ocasião o embaixador João Fernando Leite governo está negociando com o BIRD". de 120 mil toneladas de madeira e cerca de 25
Ribeiro, em nome do ministro Delfim Netto, Outra parte do projeto prevê a colonização de mil toneladas de carne. Até o final da dê
do Planejamento, e o Ministro dos Transpor "novas áreas”, em Mato Grosso e Rondônia. cada, essa produção poderá multiplicar-se
tes, Elizeu Rezende, ressaltando a viabili Nessa etapa o governo deverá negociar, em por cinco. O Ministro resumiu os objetivos do
dade do projeto. São 1.500 km de estrada, meados de 82, um empréstimo do BIRD na programa, enumerando os seguintes pontos:
que demandarão recursos da ordem de 32 bi ordem de 119,66 milhões de dólares. Parale “a programação da ocupação do Noroeste do
lhões de cruzeiros, aplicados durante quatro lamente, o governo desenvolverá um progra Brasil e elevação dos seus níveis de produção,
anos. Deste total, cerca de Cr$ 10,66 bilhões ma de apoio às comunidades indígenas da renda e emprego, em harmonia com a preser
(valor de hoje) devem ser financiados pelo região com recursos da ordem de 1,8 bilhão vação ecológica e a proteção e assistência às
BIRD para a pavimentação da rodovia Cuia de cruzeiros, a valores de janeiro de 1981. comunidades indígenas”.
(Gazeta Mercantil – 19/11/84) (DCI/SP – 16/12/81)
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Reservas Biológicas
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Estradas Federais
Estradas Estaduais
Rios

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Portos

Jooks .… Aeroportos
Campos de Pouso
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Fronteiras Municipais DE MELGAÇO
Fronteira Estatal
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Fronteira Regional
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Fonte: Mapa extraído da publicação “In the Path of Polonoreste: Endangered peoples
of Western Brazil”, vários autores, occasional paper 6, Cultural Survival, october,
1981, pg.32/33. TO GROSSO DO SUL
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1 — Amanayé Y" O58 Q42 5{ 27 36 — Kuben-kranoti
2 — Amambé
3 — Apalai '22.34.49. 37 — Kuikuro
4 — Apiaká *54-55° 68 • 28 f()
#21 38 — Matipu
39 Kuruayá
5 — Arara
6 — Araweté # — Mehinaku
7 — Assurini do Coatinemo GºO • *24*37 + 41 — Mekrãgnoti
8 — Assurini do Trocará ###### 42 — Mentuktire
9 — Aweti 43 — Munduruku
10 — Avá-canoeiro 10O 44 — Nahukuá
11 — Bakairi
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45 — Oyampi
12 — Bororo 46 — Palikur
13 — Galibi 47 — Parakanã
14 — Galibi Marvorma 48 — Suruí
15 — Gavião Parakatejê 49 — Suyá
16 – Gavião Pukobiê 50 — Tapayuna
17 — Guajá 51 — Tapirapé
18 — Guajajara 52 — Tembé
. 19 – Gorotire 53 — Tiryó
20 — Hixkariana 54 — Trumai
21 — Javaé 55 — Txikão
22 — Juruna 56 — Txukarramãe
23 — Kalapalo 57 — Urubu-kaapor
24 — Kamayurá 58 — Urukuyana
25 — Kanela 59 — Xambioá
26 — Kanela Apaniekra 60 — Xavante
27 — Kanela Rankokamekra 61 — Xerente
28 — Karajá 62 — Xikrin do Bacajá
29 — Kararaô 63 – Xikrin do Cateté
30 — Karipuna 64 — Warikyana
31 — Kaxuyana 65 — Waurá
32 — Kokraimoro 66 — Wayana
33 — Krahô 67 — Yawalapití
34 — Krenakarore 68 — Kayabi
< > Acervo
_/ EA
29

REGIÃO III:
Amapá, Pará, Maranhão, Goiás
e Leste de MT

O destaque do ano, nessa região, foi sem dúvida a divulgação usina de açúcar que pertencia à CIRA-PACAL e que vinha
do impulso a ser dado pelo governo à implantação do Projeto administrando desde o início do ano. Segundo o presidente
Grande Carajás, visando a exploração de enormes jazidas de da COTRIJUÍ, Ruben Ilgennfritz, entre os vários motivos que
ferro e outros minerais. De imediato, a teia de ocupação do frustraram o projeto está a interdição pela FUNAI, dos 400
Projeto (incluindo a construção da ferrovia de escoamento) mil hectares no município de Prainha (PA) onde viveriam os
afetará o território e os direitos de alguns povos indígenas Arara, e que seriam ocupados com um projeto de coloni
entre os estados do Pará e Maranhão. A situação de contato zação. Dentre as dificuldades encontradas para a realização
desses povos afetados é bastante variável, bem como a ma do projeto contou também o alto custo de operacionalidade
neira pela qual estão sendo afetados e das suas condições da usina. (Correio do Povo — 4/2/81).
para reagir e fazer valer os seus direitos.
Nessa região também foram incluídas as poucas e desagra
dáveis notícias sobre a precária situação de saúde no Parque Arara procuram contato
Indígena do Xingú, local que abriga quinze povos indígenas No dia 2 último, diversos grupos de índios Arara, num total
cuja comunicação para fora dos limites do Parque é bastante de 15 pessoas, estiveram no Posto de Vigilância nº 1 da
limitada, porque vigiada pela FUNAI. FUNAI localizado no km 120 da Transamazônica, a 18 km
Ainda em 81, ocorreram os primeiros contatos dos índios da margem da estrada. O contato foi julgado bastante pro
Arara com a frente oficial de atração da FUNAI, nas proxi missor pelo chefe da frente de atração, Sydney Possuelo. A
midades de Altamira (PA) reeditando as tradicionais conjun FUNAI instalou quatro Postos de Vigilância na área de cir
turas de pressão econômica que cercam as expedições deste culação dos 100 índios, que se distribuem em três grupos a
tipo. partir do rio Iriri, ao sul da Transamazônica. O trabalho de
Os Xavante prosseguiram firmes na sua ampla mobilização, atração dos Arara deverá desenvolver-se em três direções, se
através da pressão direta a nível local, regional e nacional, gundo Possuelo. A primeira será garantir remédios para de
para conseguir recuperar a integridade do território tradicio belar epidemias causadas pelo contágio subseqüente ao con
mal e angariar recursos econômicos oficiais. O “modelo polí tato. A segunda é não forçar a ida do pessoal da frente às
tico” e cultural dos Xavante dá o ritmo, por assim dizer, nas aldeias e sim esperar que os índios busquem o contato indo
relações reivindicatórias deste povo com a FUNAI e com o até os Postos da FUNAI. O terceiro objetivo é tentar garan
Estado. Já no caso da resistência dos Tapirapé, um pacífico tir as terras em que o grupo vive: o sertanista vai reivindicar
povo de agricultores com 170 pessoas, e outro destaque da a ampliação da reserva, que têm atualmente, 260 mil hec
imprensa em 1981, o apoio da Igreja foi fundamental para a tares. A ELETRONORTE já realizou os levantamentos preli
recuperação de parte dos territórios tradicionais contra a minares para a construção de uma hidroelétrica na grande
ambição das agropecuárias vizinhas e da FUNAI na gestão volta do rio Xingú, e como a represa da barragem deve inun
Nobre da Veiga. dar parte do território dos Arara, o sertanista declarou que os
índios devem receber uma compensação “enquanto há tem
po”. Os Arara têm conflitos com os civilizados desde 1943
Arara quando foram atacados por extratores de óleo de copaíba,
“gateiros”, seringueiros e garimpeiros, A Transamazônica
dividiu o grupo em dois. Ao norte da estrada vive um grupo
COTRIJUÍ abandona projeto no Pará completamente cercado por colonos, instalados pelo INCRA.
A COTRIJUI começa a abandonar no início deste mês a Ao sul vive um outro grupo (estimado em 100 pessoas), em
< > Acervo
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30

terras vendidas pelo INCRA à COTRIJUÍ, num total de 400 dos Arara, apesar de não se saber a extensão da área efeti
mil hectares, nos quais a COTRIJUÍ pretendia assentar colo vamente ocupada pelo grupo. (ESP — 26/2/81)
nos gaúchos. Dois #deste território são ocupados pelos
índios. (ESP — 10/2/81) -

FUNAI faz contatos pacíficos com os Arara


Após mais de 11 anos de tentativas de estabelecer contato
FUNAI adia decisão sobre a reserva dos Arara com os Arara, a equipe de atração da FUNAI conseguiu
No próximo mês a COTRIJUÍ do Rio Grande do Sul, com realizar os primeiros contatos pacíficos com o grupo. Um
pleta três anos de espera pela decisão da FUNAI sobre o que grupo de cinco homens trocou presentes com os sertanistas
será feito com quase 400 mil hectares que seriam usados para
o reassentamento de duas mil famílias de colonos gaúchos
###"
/3/81).
e visitou o Posto de Atração — PV 1. (JB —
nos municípios de Prainha e Altamira, no PA. A área foi
interditada em 1978 pela FUNAI para a atração dos Arara.
Até hoje a atração não foi conseguida e nem a direção da COTRIJUÍ solução sobre as terras no Pará
FUNAI decidiu se a área interditada será transformada em A COTRIJUI não exercerá nenhum tipo de pressão para que
reserva. Uma usina de açúcar que pertence ao INCRA, e que a área destinada a seu projeto de colonização na área dos
estava sendo operada pela COTRIJUÍ em regime de como Arara seja liberada pela FUNAI mas espera que continue
dato, será devolvida ao INCRA, uma vez que a área que seria com prioridade para a ocupação das terras. A declaração foi
ocupada pelos colonos, que produziriam a cana para mantê prestada pelo presidente da COTRIJUÍ, Rubem Ilgennfritz,
#……….
#/81 foi interditada pela FUNAI. (ESP — 15/ que lembrou que a Cooperativa recebeu uma certidão nega
tiva emitida pela FUNAI, atestando a inexistência de índios
no local destinado à colonização. A Cooperativa, segundo
Ilgennfritz, aguarda uma decisão da FUNAI e considera,
Coronel otimista em relação aos contatos entre outras alternativas, que a FUNAI transforme a área
O presidente da FUNAI, coronel Nobre da Veiga, disse ocupada pelos Arara em reserva, destinando o restante dos
ontem em Belém que a criação da reserva dos Arara, na 400 mil hectares interditados ao projeto de colonização. (Cor
Transamazônica, vai depender dos trabalhos e dos resultados reio do Povo — 27/3/81)
da frente de atração que o órgão mantém e que vem apre
sentando “um bom trabalho”. O contato, segundo Nobre da
Veiga, será intensificado “para sabermos qual a quantidade Estudo da FUNAI propõe maior área para os Arara
de índios existentes na área e a partir daí definirmos a ex A FUNAI encaminhou ao INCRA um estudo propondo a
tensão da reserva”. O coronel acha que a COTRIJUI ainda interdição de cerca de 800 mil hectares para os índios Arara
tem condições de instalar seu projeto de colonização na área contatados em fevereiro. A área interditada atualmente é de
257 mil hectares e o sertanista Sydney Possuelo disse que a
área interditada não é, ainda, a futura reserva, mas que
somente a partir dela é que se poderá saber as necessidades
dos índios. Ontem os Arara visitaram novamente o Posto de
Primeiros contatos com os Arara. Atração da FUNAI. Durante o tempo que os Arara se ausen
(foto Bita Carneiro) taram do Posto, desde fevereiro, a área indígena sofreu três
invasões: a primeira de dez garimpeiros que desceram o rio
Iriri e duas outras por posseiros. Os invasores foram retira
dos da área pelo 51° Batalhão de Infantaria da Selva, que
colabora com a FUNAI em Altamira. (FT — 1/4/81)

Arara voltam ao acampamento da FUNAI


Nove índios Arara, incluindo mulheres e crianças, aparece
ram na semana passada no posto de vigilância montado pela
FUNAI perto da Transamazônica, no Pará, mantendo con
tatos pacíficos com os sertanistas. A sucessão de visitas des
ses índios, que até um ano atrás se mantinham inteiramente
arredios e hostis, poderá consolidar seu processo de atração.
Se ao sul o trabalho de atração vem dando bons resultados e
a área parece garantida para os índios (a COTRIJUÍ, que
havia adquirido as terras do INCRA, desistiu do seu projeto
de colonização), ao norte, a frente da FUNAI ainda enfrenta
muitos problemas. Ali, a 100 quilômetros de Altamira, mora
uma família Arara desgarrada do grupo principal, cada vez
###" por colonos assentados pelo INCRA. (ESP —

Avá Canoeiro

FUNAI diz que vai contatar os Avá-Canoeiro de Cavalcante


A FUNAI vai tentar contatar, no segundo semestre de 1981,
o último dos grupos dos Avá-Canoeiro que ainda não mantém
contato com a sociedade brasileira. Vivendo sempre escon
didos e em fuga constante, os Avá-canoeiro não conseguiram
evitar que uma embarcação rústica, por eles utilizada, fosse
encontrada no alto rio Tocantins. A partir dessa pista a FU
NAI decidiu aumentar o número de pessoas envolvidas na
atração desse grupo e solicitar a colaboração da SEMA-GO
> > Acervo
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• 31
no sentido de fornecer pessoal com maior experiência na ex FUNAI espera como resultado do projeto Teresa Cristina,
ploração em selva e locais montanhosos. Os Canoeiro, ou implantado pelo órgão, no Posto Indígena Gomes Carneiro,
Cara-preta, como são chamados na região, estão sendo per município de Santo Antônio do Leverger (MT). O projeto,
seguidos por fazendeiros, de quem abatem o gado e eqüinos que segue orientação do MINTER, vai investir recursos da
para se alimentarem. (O Popular — 28/6/81) ordem de 2 milhões e setenta mil cruzeiros, propiciando a
utilização de 40 hectares com lavouras de arroz, milho e
FUNAI diz ter feito contato com os Avá-Canoeiro
feijão. O projeto deverá beneficiar 129índios Bororo (a popu
lação do PI Gomes Carneiro). Além das lavouras, o projeto
Um funcionário da frente de atração que tenta contatar os prevê também a melhoria da infra-estrutura de apoio assis
Canoeiro do município de Cavalcante (GO) afirma ter man tencial e educacional, além da transmissão de práticas co
tido contato com estes índios na última segunda feira. O merciais e cooperativas. Um importante objetivo do projeto,
contato teria sido feito na localidade denominada “Barra do segundo a FUNAI, é levar aos índios técnicas mecanizadas
Macaco”, no rio Maranhão. O funcionário Antônio Bomis, de cultivo do solo. (O Fluminense — 5/3/81)
ao se dirigir de barco para a fazenda do ex-sertanista da
FUNAI Israel Praxedes, teria sido chamado através de gestos
por um grupo de 14índios que estavam na margem. O grupo Projeto beneficia os Bororo
foi presenteado com roupas e alimentos, além de utensílios A comunidade indígena do município de Barão de Melgaço
de ferro. Este foi o segundo contato pacífico realizado com os (MT), cerca de 101 pessoas, será beneficiada pelo “Projeto
Canoeiro em menos de dois meses: o primeiro teria sido feito Perigara”. A verba do projeto, cerca de 1,8 milhões de cru
por um funcionário de Israel, antigo chefe da equipe que zeiros, será aplicada pela FUNAI e é originária do PIN —
tenta atrair estes índios. Na ocasião os índios se mostraram e Programa de Integração Nacional. (O Dia — 1/7/81)
pediram alimentos a um empregado da fazenda de Israel.
Apesar dos contatos estarem se dando de forma rápida, o
funcionário Antonio Bomis diz que existem dificuldades: Novas revelações sobre a chacina do Meruri
caçadores e garimpeiros estão perseguindo os Canoeiro atra O advogado José Mário Guedes Miguez, de Barra do Garças
vés de “bancas de espera” armadas na floresta e em locais de (MT), lançou recentemente um livro intitulado “A chacina
trânsito dos índios. (O Popular — 2/8/81) do Meruri — a verdade dos fatos” em que aborda o problema
das relações entre índios e brancos naquela localidade mato
grossense. O livro contém interessantes dados acerca do pa
FUNAI não fala dos contatos pel desempenhado pela FUNAI, Missão Salesiana e fazen
A FUNAI, através da 7? Delegacia Regional, até o momento deiros, na história de contato dos Bororo e nos conflitos com
não se manifestou quanto aos resultados da equipe de atra a população regional, que culminaram com a chacina de um
ção enviada para atrair os Canoeiro contatados por funcio índio e um padre Salesiano, na aldeia de Meruri, em 1976
nários da FUNAI no rio Maranhão, há dois meses. Ao ser por um grupo de fazendeiros armados. (Folha da Tarde —
entrevistado sobre a demora da expedição encarregada de 8/7/81)
realizar os contatos definitivos com o grupo, o delegado re
gional da FUNAI, Ivan Baiochi, declarou que “desconfia”
do bilhete enviado por Antonio Bomis a Israel Praxedes
dando conta dos contatos realizados na “Barra dos Maca Gavião (MA)
cos”. A FUNAI tenta estabelecer contato com os Avá-Ca
noeiro há mais de 10 anos, infrutiferamente. Enquanto isso
os índios estão em fuga constante, sendo perseguidos por Gavião passeiam por Fortaleza
#"… garimpeiros e caçadores. (O Popular — 27/
+

Agressivos, pois tentaram atingir um repórter da televisão


Verdes Mares com pedaços de pau, 12 índios Gavião que
moram no município maranhense de Amarante, na região
pré-amazônica, chegaram ontem a Fortaleza, alojando-se
FUNAI alega que a chuva atrasa atração debaixo de árvores no bairro de São Geraldo. Arredios a
Os Avá-Canoeiro do município de Cavalcante (GO), que a qualquer contato, um deles revelou terem vindo “apenas
FUNAI tenta atrair, deixarão de ser perseguidos pela frente passear, conhecer esta cidade”. Acrescentou que a perma
de atração que opera neste município goiano, devido às chu nência deles não seria superior a 10 dias. Sempre cercados
vas que tornaram impossível a continuidade das operações. por curiosos, os Gavião demonstravam grande irritação. O
Há trinta dias, o próprio delegado regional Ivan Baiochi único que se aproximou do repórter esclareceu que estavam
havia previsto que nos próximos meses a frente poderia obter acompanhados do cacique Miguel. Os Gavião chegaram de
o “contato definitivo”. A partir de contatos realizados com manhã a Fortaleza e ocuparam um terreno baldio cercado de
funcionários do órgão no rio Maranhão, na “Barra dos Ma arame farpado, a poucos metros do Centro de Triagem do
cacos”, e da descoberta de carcaças de gado e eqüinos aba governo do Estado. (ESP — 20/8/81)
tidos pelos índios, a FUNAI decidiu ampliar as atividades da
frente de atração. Um índio Avá-Canoeiro, do grupo conta
tado em 1973 na Ilha do Bananal (que atualmente vivem na Índio agredido por querer ouvir música
aldeia Javaé de Canoanã), foi enviado ao local para servir de O índio Gavião Antônio Boaventura foi espancado com bar
intérprete. Como este índio conhece os adultos do grupo arre ras de ferro por dois homens, em Salvador, dentro da loja
dio, ele pode auxiliar muito os trabalhos de atração. Devido Renovasom Comércio de Discos Ltda. na Baixa dos Sapa
às perseguições que lhes são movidas, os Canoeiro de Caval teiros. A agressão ocorreu no início da noite de anteontem,
cante mostram-se arredios e evitam estabelecer contatos mais
quando o índio se dirigia ao quartel central do Corpo de
prolongados com os brancos. O número de índios do grupo é Bombeiros, onde faz as refeições. Boaventura está na capital
estimado em cerca de 20 pessoas. A frente de atração será baiana há uma semana, junto com mais seis índios Gavião -
reativada quando houverem condições climáticas, o que po três homens e três mulheres. Testemunhas da agressão con
derá ocorrer em janeiro de 1982. (O Popular — 11/12/81) taram ontem que o índio entrou na loja atraído pela música
que tocava em uma das vitrolas e teria apanhado um dos
Bororo discos expostos na prateleira para olhar. A proprietária da
loja protestou e, logo que começou a discussão, dois funcio
nários foram convocados para expulsá-lo. Ainda segundo as
Projeto agrícola para os Bororo testemunhas, o índio não ofereceu qualquer resistência. (ESP
Cinco mil e setenta quilos de arroz, milho e feijão é o que a – 29/8/81)
< > Acervo
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32
Discriminação é denunciada • +

tando um novo problema: a poluição causada pela atividade


A seção baiana da ANAI pediu ontem à Comissão de Direitos de quase 25 mil garimpeiros que se instalaram nas cabeceiras
Humanos da seção baiana da OAB que denuncie à Polícia do rio, que passa ao lado da aldeia, despejando em suas
Federal, exigindo abertura de inquérito contra os proprietá águas mercúrio utilizado para a precipitação do ouro nas
rios da loja “Renovasom Comércio de Discos Ltda.”, por bateias. Com isso, parte dos 561 índios que vivem na divisa
infração à Lei Afonso Arinos, que trata de discriminação ra leste da reserva (que possui 2,7 milhões de hectares), passa
cial. Os donos da loja, no último dia 27, determinaram que ram a ter disenteria, conforme denúncias feitas em Belém
dois funcionários expulsassem e espancassem, com uma bar por funcionários da FUNAI. (ESP — 14/8/81)
ra de ferro, o índio Gavião Antônio Boaventura, que está em
Salvador com outros seis índios e entrou na “Renovasom”
atraído pela música. A informação foi divulgada em Salvador Extração de ouro rende Cr$ 1,4 milhão # +

pela antropóloga Maria Hilda Baqueiro Paraíso, presidente A FUNAI informou que, em virtude do convênio assinado
da seção baiana da ANAI, que também encaminhou denún com a Caixa Econômica Federal, recebeu Cr$ 1,4 milhão,
cia sobre a agressão, solicitando providências urgentes ao relativo a um por cento da comercialização do ouro extraído
presidente da FUNAI e ao ministro da Justiça. (ESP — do garimpo do Cumaru, limítrofe à reserva dos Gorotire,
3/9/81) A assinatura do convênio deixa claro que o ouro continuará
sendo extraído por garimpeiros independente da vontade dos
índios manifestada pelo capitão Krenhok. Segundo este, os
Surra a Gavião deverá ser apurada índios é que deveriam garimpar a área, já que esta lhes
A FUNAI de Recife, através de advogado, apresentou queixa pertence. (O Globo — 30/9/81)
à Polícia Federal, na Bahia, para apurar o espancamento do
índio Antônio Boaventura, por empregados da loja de discos
Renovasom, em Salvador, no início de agosto. Além da quei Guajá
xa-crime, a Comissão de Direitos Humanos da OAB-BA
designou o advogado Pedro Gervásio para acompanhar o Os Guajá do Turizinho, encurralados
caso. (JB — 18/9/81)
Segundo artigo do Pe. Carlos Ubialli, coordenador do Regio
nal Maranhão/Goiás do CIMI, tudo indica que esse sub
Gorotire grupo Guajá esteja atualmente situado nas cabeceiras do iga
rapé da Fome e perambulando entre o igarapé e o Turizinho.
Invasão de área Kaiapó pode provocar conflito A região é rica em caça, pesca e babaçu, condições ideais
Sertanistas e antropólogos que conhecem a área informaram para a sobrevivência de índios caçadores e nômades. Mas,
que 350 garimpeiros estão invadindo a reserva ao norte, no apesar disso, a situação do grupo é precária e dramática
rio Branco. O capitão Pombo ameaçou de atacar os garim devido à recente ocupação da região por sertanejos. A pene
peiros, que já foram expulsos em agosto do ano passado, tração dos lavradores sem terra, a instalação de fazendas
e agora retornam em maior número. A leste a invasão chega e de grandes empresas, os processos de grilagem em curso,
além de criar um clima de conflito e tensão, têm encurralado
a quase 10 mil homens (parte deles oriundos da Serra Pe
lada), que se transferiram para o garimpo do Cumarú, que os Guajá no trecho das cabeceiras do igarapé da Fome (área
está produzindo em torno de 10 quilos de ouro por dia. aliás que já tem “dono”). E fácil concluir que, se não forem
(ESP – 11/2/81) tomadas as devidas providências, os Guajá do Turizinho
# inexoravelmente destruídos. (O São Paulo — 10-16/

Denúncia de ataque não preocupa FUNAI


Apesar do massacre de 20 pessoas ocorrido no ano passado, a Guajajara
demarcação da reserva Kaiapó ainda não foi providenciada.
A demarcação da reserva, de 2 milhões e 800 mil hectares,
está sob responsabilidade do Serviço Geográfico do Exército, FUNAI acusada de apoiar invasão de terras da Igreja
Segundo a FUNAI, enquanto as condições climáticas não O superior do convento dos frades capuchinhos da Vila do
permitem o prosseguimento da demarcação, um posto de Alto Alegre, município de Barra do Corda (MA), Mario
# está impedindo a invasão da reserva. (ESP — Cortinovis, acusou a FUNAI de estimular e acobertar a cons
tante invasão de terras da missão por índios Guajajara e
advertiu que as conseqüências podem ser muito graves.
Questão de terra na entrega de medalha
O deputado estadual Sálvio Dino (PDS), advogado dos mis
sionários capuchinhos, pediu à Secretaria do Interior e à Cia.
A questão da demarcação das terras dos índios Gorotire
ocupou, em parte, a solenidade de entrega de medalha do de Terras do Maranhão a adoção de providências contra o
mérito indigenista ao sertanista Pedro Silva, que trabalhara que classificou de “terrorismo e injustiça” de que são vítimas
os colonos e missionários em Barra do Corda.
com o marechal Cândido Mariano Rondon, realizada ontem
em Brasília. O cacique Raoni, dos Txukarramãe, fez um Para o deputado, a FUNAI não pode afirmar que as terras de
curto pronunciamento afirmando que comparecera à reunião Alto Alegre fazem parte da reserva dos Guajajara, porque a
questão está “sub-judice” na Justiça Federal, onde tramita
com o propósito de ali encontrar o Ministro do Interior. ação demarcatória, promovida em outubro de 1980 pela
Raoni disse que pretendia “resolver a questão das terras dos Sociedade Educadorá São Francisco de Assis, dos frades
índios Gorotire que, Kaiapó como nós, são, portanto, ir capuchinhos. Enquanto a sentença não for proferida — pros
mãos”. (ESP – 1/7/81)
seguiu — as 300 famílias residentes no Alto Alegre devem ser
reconhecidas como legítimos posseiros e protegidos contra a
Cumarú: produção de ouro atinge 800 kg violência dos 1.800 Guajajara que vivem ao seu redor. (O
Técnicos do DNPM declararam que a região do Cumarú Globo — 28/3/81)
tornou-se “a mais nova grande esperança aurífera brasileira”,
produzindo quase 800 quilos de ouro, As perspectivas ali, são
consideradas superiores às de Serra Pelada e da região do Indenização tira colonos da reserva dos Guajajara
Tapajós. (ESP — 3/7/81) Indenizadas pela FUNAI, em Cr$ 15 milhões, depois de re
sistirem à proposta anterior de remanejamento para Buriti
cupu, 200 famílias de colonos — assentadas pelos frades
Garimpo polue área Kaiapó capuchinhos numa área de 7 mil e 200 hectares, em Alto
Os índios Kaiapó, que vivem no Sul do Pará, estão enfren Alegre, Barra do Corda, dentro da reserva Canabrava, dos
> > Acervo
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Guajajara — estão deixando as terras rumo ao município vi manente. Segundo a classe essa atitude induz a todos à per
zinho de São Luís, Goiás e Pará. (JB — 20/4/81) manência na Ilha do Bananal o que significará o fim das
pastagens naturais devido ao pisoteio no período das chuvas.
O Sindicato Rural sugere a fixação do preço do arrenda
Guajajara obtém vitória na Justiça mento em Cr$ 70,00 por cabeça e pelo período de seis meses
Os índios Guajajara acabam de conseguir uma vitória que para o retireiro, e de Cr$ 140,00, para o fazendeiro. A
tentavam há mais de um século: o povoado Alto Alegre, dis FUNAI propôs anteriormente o reajuste do preço de arrenda
tante 500 quilômetros de São Luís e encravado no centro de mento para Cr$200,00, o que constitui, segundo o Sindicato,
sua reserva de 130 mil hectares, foi desocupado pelas 183 numa medida que “enxotará os criadores da Ilha do Bana
famílias que para lá foram levadas, há 86 anos, por missio nal”. (O Popular — 28/4/81)
nários capuchinhos. Os religiosos haviam construído no lo
cal, além de várias casas, uma Igreja, um colégio, postos mé
dicos, duas serrarias e usinas para beneficiamento de arroz. FUNAI diz que vai punir quem caçar na Ilha do Bananal
Entretanto, apesar da vitória, os Guajajara ainda não podem A partir de agora a fiscalização da caça e pesca na Ilha do
ocupar Alto Alegre. Para isso precisam de uma decisão da Bananal, onde está localizado o Parque Indígena do Ara
Justiça Federal, onde tramita um processo que provará se o guaia, será mais intensa. Os pescadores e caçadores que
povoado realmente lhes pertence ou se é propriedade da forem autuados em flagrante terão seu material apreendidº e
Associação Educadora São Francisco de Assis, dos frades responderão juridicamente pela infração do Estatuto do In
capuchinhos. Os religiosos chegaram à região em 1895 e dio. A FUNAI informou ainda que não poderá se responsa
dizem ter adquirido Alto Alegre por doação. Após uma ten bilizar por medidas repressivas tomadas pelos índios contra
tativa frustrada de civilizar os Guajajara — em 1901 foram os pescadores profissionais e caçadores que por acaso sejam
vítimas do maior massacre de índios contra brancos na histó surpreendidos em suas terras. (Jornal de Brasília — 16/5/81)
ria do País — levaram para Alto Alegre centenas de traba
lhadores e com eles passaram a desenvolver um trabalho FUNAI não diminui aluguel dos pecuaristas
pastoral. (ESP — 10/5/81) A FUNAI decidiu não acatar o pedido do Sindicato Rural de
Cristalândia de reduzir o preço do aluguel das pastagens do
Javaé Parque Indígena do Araguaia. Para o Sindicato, a não redu
ção dos preços causará o colapso da pecuária regional. (O
Popular — 17/6/81)
Glória Pires filma entre os Javaé
A FUNAI autorizou ontem a realização do filme “Índia”,
dirigido por Fábio Barreto, na aldeia dos índios Javaé na Ilha CIMI denuncia problemas para Parque Indígena Araguaia
do Bananal. O produtor do filme, Luís Carlos Barreto, pa Ao final da sua XII Assembléia Regional, o CIMI denunciou
gará Cr$ 500 mil à FUNAI antes do início das filmagens e a ameaça que o projeto agropecuário Rio Formoso, e uma
destinará 0,5% da renda líquida do filme à comunidade estrada que cortará a área habitada pelos índios Karajá e
Javaé. Além disso, os índios vão receber cachê quando par Javaé, representariam para o Parque Indígena do Araguaia,
ticiparem das tomadas de cena. A decisão foi tomada pelo onde há um clima de insegurança, não só entre os índios,
grupo de trabalho da FUNAI que foi criado para examinar mas também entre os posseiros e fazendeiros que arrendaram
Prº;## envolvam direitos autorais indígenas. (O Globo terras na área da FUNAI. O conselho criticou as alterações
no traçado da rodovia BR-364, que passará ao Norte de Mato
Grosso, afirmando tratar-se de um traçado “genocida”.
(ESP — 1/7/81)
Javaé de Barreira da Cruz não recebem assistência da FUNAI
As terras dos Javaé de Barreira da Cruz, também chamada
“Boto Velho”, estão totalmente tomadas por fazendeiros e Deputado intercede por criadores
posseiros do Parque Indígena do Araguaia e do Parque Na O deputado Adhemar Santillo (PMDB-GO) pediu providên
cional do Araguaia, e seus rios ocupados por pescadores pro cias ao presidente da FUNAI, no sentido de diminuir o valor
fissionais. Os Javaé exigem o afastamento do limite das ter dos aluguéis cobrados aos arrendatários do Parque Indígena
ras do Parque Nacional do Araguaia (IBDF) em pelo menos do Araguaia. O aumento dos aluguéis, segundo o deputado,
cinco léguas. A aldeia de Boto Velho encontra-se, atual fará com que os posseiros deixem as terras do Parque Indí
mente, dentro dos limites do Parque do IBDF e fora dos gena, satisfazendo “interesses de grupos empresariais”.
limites do Parque Indígena. A situação dessa aldeia se agrava (Diário da Manhã – 4/9/81)
com a recusa da FUNAI em dar assistência médica e escolar
aos índios, que exigem a fundação de um PI na área e a ajuda Invasões estimuladas
#NA para a manutenção de suas terras. (Porantim — O coronel Danilo Darcy, delegado do IBDF, em Goiás, con
firmou ontem a existência de rumores segundo os quais fun
cionários da FUNAI que trabalham entre os Karajá do Par
Karajá que Indígena do Araguaia estariam estimulando invasões,
praticadas pelos índios, à área do Parque Nacional do Ara
guaia (do IBDF). A última dessas invasões foi feita por cerca
FUNAI é problema para arrendatários da terra dos Karajá de 80 Karajá que permanecem no Parque do IBDF depois de
Em ofício encaminhado à Federação da Agricultura do Es terem ameaçado de morte os fiscais que controlam a reserva
tado de Goiás, os criadores de gado do município de Crista ecológica e ameaçado tocar fogo no galpão onde os guardas
lândia, através do Sindicato Rural de Cristalândia, denun se encontravam. Esses fatos se passaram num dos postos
ciaram a situação difícil dos criadores em função dos au fiscais do interior da Ilha do Bananal. Ainda segundo o co
mentos pretendidos pela FUNAI, que arrenda as terras do ronel, os índios teriam prometido “vingança” contra aqueles
Parque Indígena do Araguaia, onde vivem os Karajá e Javaé. que ocupam as terras que julgam de sua propriedade.
Os criadores estão reivindicando da FUNAI que elimine as Á direção do IBDF em Brasília estranhou a atitude dos indí
disparidades de tratamento, em termos de preço de aluguel genas, pois ainda este ano foi assinado um decreto pelo pre
de pastagens, entre o retireiro (pecuarista que ocupa a ilha sidente da República estabelecendo novos limites para o Par
temporariamente durante o verão goiano) e o fazendeiro que Indígena do Araguaia e Parque Nacional do Araguaia.
permanente (que cria seu rebanho na ilha durante todo o Aparentemente, contudo, os novos limites ainda não aten
ano). No ano passado a FUNAI cobrou Cr$ 120,00 por dem às necessidades dos índios nem delimitam a área efeti
cabeça de gado, tanto do retireiro como do fazendeiro per vamente ocupada por eles.
Acervo
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Por outro lado técnicos do governo comentaram que este não
é o único problema que enfrenta o Parque Nacional do Ara Parakanã
guaia: continuam as pressões para que o IBDF autorize a
construção de uma estrada cortando o Parque ao meio. A
estrada, que seria financiada pela SUDECO, escoaria a pro
dução de álcool de cana produzido no leste de Mato Grosso, Garimpeiros invadem área Parakanã
através da Belém-Brasília. Para conceder a autorização o Cerca de 100 garimpeiros invadiram, na semana passada, a
IBDF teria que ignorar toda a legislação que protege os par reserva dos Parakanã, às margens do rio Cajazeiras no muni
ques nacionais do país. (ESP — 20/10/81) cípio de Tucuruí, e estão sendo rastreados por agentes da
Polícia Federal acompanhados de funcionários da FUNAI. A
informação é do delegado regional da FUNAI em Belém
Projeto da FUNAI para os Karajá (2º Delegacia Regional), Paulo César Abreu. (FSP — 5/
A FUNAI está executando um projeto agrícola entre os Ka 4/81)
rajá do município de Formoso do Araguaia em que foram
empregados recursos da ordem de 1 milhão e 750 mil cru
zeiros. Estes destinam-se ao incremento da produção de ar Parakanã transferidos terão auxílios da FUNAI
roz, mandioca, feijão e milho, A notícia não mencio A FUNAI liberou ontem 1,8 milhão para os índios Parakanã
nome da aldeia beneficiada, esclarecendo somente a sua po que estavam reunidos nos Postos Indígenas Parakanã e Lon
pulação: 342índios. (Correio Brasiliense — 28/10/81) tra e que foram transferidos para as áreas de Muricí e Poção
do Caboclo. A mudança é devida à inundação da área tradi
cional dos Parakanã pelo lago da hidroelétrica de Tucuruí.
Por causa da transferência os Parakanã se encontram em
Kararaô acentuado estado de desnutrição. (JB — 8/8/81)

FUNAI procura contato com grupo Kararaô Parakanã mudarão até outubro
A FUNAí vai enviar na próxima semana uma expedição, Os índios Parakanã que vivem na área que será inundada
para tentar contatar um grupo de jovens Kararaô, que desde pela barragem de Tucuruí, serão transferidos até final de
o início do ano vem causando pânico entre as comunidades outubro para nova área que lhes foi reservada pela FUNAI.
rurais nos municípios paraenses de Porto de Moz e de Prai A mudança estava prevista para o próximo ano mas a apatia
nha. Esses indígenas, que devem ter entre 16 e 18 anos de dos índios em trabalhar a terra que será submersa foi a razão
idade, desligaram-se da tribo Kararaô contatada em 1975 encontrada por Paulo Cesar Abreu, delegado da FUNAI em
(que atualmente se encontra numa reserva no Vale do Xingu) Belém, para antecipar a transferência. A FUNAI já liberou
quando a Transamazônica foi construída. A estrada provo 4 milhões e 650 mil cruzeiros para os trabalhos iniciais de
cou o desmantelamento da unidade tribal, deixando vários construção dos novos aldeamentos, sendo que o material
pequenos grupos perdidos na mata. (ESP — 29/5/81) necessário# a construção das casas já partiu de Belém.
Como os Parakanã estão divididos em dois grupos, serão
construídas duas aldeias. Os que habitam atualmente a al
FUNAI quer transferir os Kararaô do rio Iriri deia do igarapé Lontra serão transferidos para o igarapé
No caso dos 20 Kararaô, que ocupam uma área de 224 mil ha Muricí (o grupo soma 121 índios), e os que vivem atualmente
na confluência dos rios Iriri e Xingu, 16 são mulheres e na aldeia Pucuruí serão transferidos para a localidade deno
apenas 2 rapazes, um de 14 e outro de 16 anos, enquanto o minada Poção dos Caboclos (este grupo soma 35 índios).
capitão já tem 70 anos. Para assegurar a sobrevivência da Segundo o delegado da FUNAI, as aldeias estão sendo cons
tribo o Kaiapó Pombo ofereceu-se para receber o grupo em truídas segundo o modelo tradicional do grupo e terão um
sua aldeia, no rio Fresco, o que a FUNAI considera a melhor número de habitações maior que o de índios para possibilitar
solução. (ESP — 22/7/81) o abrigo de arredios que existem na região. (FT — 21/8/81)

Kararaô atacam povoado no Pará Tapirapé


Um grupo de 50 a 100 índios da tribo Kararaô atacou ontem
de manhã um povoado às margens do rio Guajará, a 150 km
de Porto de Moz, no Pará, causando pânico entre os seus Tapirapé estariam sendo insuflados
moradores, que fugiram para o outro lado do rio. A infor A FUNAI distribuiu nota ontem afirmando que “elementos
mação é do Prefeito do município que pediu ajuda para evi interessados em criar tensão na área indígena” estariam
tar um massacre, já que os índios ocuparam o povoado. (JB insuflando os índios a se revoltarem contra a fazenda Tapi
— 15/10/81) raguaia, limítrofe das terras do grupo e com a qual o grupo
tem uma pendência de terras que já dura alguns anos. Se
gundo a FUNAI “a revolta dos Tapirapé decorre de boatos
Frente de atração Kararaô está pronta difundidos de que a FUNAI estaria de acordo em abrir mão
Uma frente de atração, tendo à frente os sertanistas Sydney das terras pleiteadas pelos índios. O que não condiz com a
Possuelo e Afonso Alves, está em Porto de Moz procurando verdade, uma vez que o órgão tutelar encontra-se em entem
manter contatos com os índios Kararaô que apareceram na dimentos adiantados com os responsáveis pela fazenda Tapi
área há algumas semanas. A FUNAI acredita que o contato raguaia”. Os órgãos de segurança já foram acionados pela
# ocorrer a curto prazo. (Província do Pará — 28/ FUNAI para identificar os responsáveis pelo boato. Segundo
a FUNAI a demarcação da reserva será feita este ano e as
lideranças indígenas estariam de acordo com a proposta
apresentada pelo órgão. (JB — 17/1/81)
Frente desiste de atrair os índios
A frente de atração organizada para tentar estabelecer um
contato com índios desconhecidos que apareceram no Muni CIMI desmente denúncia e acusa ineficiência da FUNAI
cípio de Porto de Moz encerrou a primeira fase de seus tra O desrespeito à proposta de demarcação dos índios feita
balhos sem sucesso. Depois de percorrer uma vasta área onde através de uma picada na mata e a utilização de terras tradi
apareceram três ou quatro índios, os sertanistas desistiram cionalmente de uso indígena pela fazenda Tapiraguaia irri
por causa do início das chuvas. (Tribuna da Imprensa — taram os Tapirapé que no dia 13 de janeiro último abateram
3/12/81) 2 cerca de 24 reses da fazenda, que ocupavam o pasto reivin
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dicado. O fato foi revelado por um relatório elaborado pela vado. Uma nota distribuída pela FUNAI afirma que o órgão
equipe ligada ao CIMI e que atua junto aos Tapirapé desde está disposto a continuar “estudando uma fórmula visando
1953. Segundo o relatório, os Tapirapé reagiram violenta resolver o problema de suas terras, sem prejudicar nenhum
mente à notícia de que a FUNAI teria acertado a entrega das dos posseiros”. (Gazeta de Notícias — 31/7/81)
terras reivindicadas à fazenda Tapiraguaia e de que a pro
posta de demarcação dos índios não havia sido respeitada.
A aldeia dos Tapirapé foi recentemente visitada pelo diretor Tapirapé podem invadir outra vez fazenda Tapiraguaia
do Parque Indígena do Araguaia, sargento José Tempone, Os índios Tapirapé, que vivem próximos à Ilha do Bananal,
que não conseguiu acalmar os ânimos dos índios uma vez que no Mato Grosso, estão ameaçando invadir novamente a fa
não desmentiu a possibilidade de entregar as terras dos in zenda Tapiraguaia, depois de terem falhados os entendimen
dios à fazenda. Diante do que parece ser a iminência de um tos que a comunidade manteve, na semana passada, com o
conflito sangrento os Tapirapé advertiram ao sargento Tem presidente da FUNAI. Os índios querem anexar à área que
pone que se algum Tapirapé for morto adotarão medidas de ocupam dois pastos da fazenda e outra área, também da
represália no primeiro funcionário da FUNAI que aparecer Tapiraguaia, onde vivem 135 posseiros. Segundo informa
Ilf &lT&#1.
ções do CIMI, em Brasília, o clima é de tensão na área. Por
Comentando a nota distribuída pela FUNAI que acusa a isso, o governo do Mato Grosso está mantendo na cidade de
existência de elementos estranhos à área e que estariam Santa Teresina 30 soldados da Polícia Militar para evitar
atuando como “insufladores”, um assessor do CIMI comen conflitos na região. (ESP — 6/8/81)
tou estar certo de que a nota se referia ao pessoal da Igreja
que trabalha na área. (Diário da Manhã — 22/1/81)
Engodos e protelações da FUNAI sobre Tapirapé
O vice-presidente do CIMI, d, Tomás Balduíno, disse que
Tapirapé e FUNAI chegam a um acordo “após quase dez anos de engodos e protelações, a FUNAI
Os líderes José Pio, José Antonio, José Miguel e Marcos, dos está forçando, inclusive com coação de policiais militares,
Tapirapé, e o presidente da FUNAI, coronel Nobre da Veiga, a que os Tapirapé aceitem uma demarcação lesiva a seus
assinaram ontem um termo de compromisso para solucionar interesses, com limites que têm sido rejeitados por todos os
o problema de demarcação da reserva Tapirapé. No docu integrantes da tribo”. D. Tomás afirmou que, dia 29 último,
mento a FUNAI se compromete a demarcar 33 mil hectares o Presidente e outros dirigentes da FUNAI quiseram forçar
para os índios até 30 de julho deste ano e adotar providências seis líderes dos Tapirapé, em Brasília, a aceitar esse acordo
para a retirada de 13 famílias de posseiros que vivem dentro pelo qual a tribo cederia uma área onde a fazenda Tapira
da área da futura reserva, além de respeitar os limites esta guaia formou pastos e outra onde se encontram 13 famílias
belecidos pelos índios para a demarcação de suas terras. Por de posseiros. Citando matéria publicada no Estado de 30 de
sua vez as lideranças Tapirapé assumiram o compromisso de julho, d. Tomás disse que o presidente da FUNAI ao argu
respeitar os limites que estão sendo estabelecidos pela FU mentar que, como compensação, os Tapirapé receberiam
NAI “em comum acordo com a população indígena Tapi dois mil hectares de outro lado, “ele se esqueceu de explicar
rapé” e também paralisar qualquer iniciativa” que vise a que essa área é formada por alagados e o rio Araguaia”.
(ESP — 7/8/81)
demarcação da área sem a interveniência direta da FUNAI”.
Os Tapirapé voltam hoje para a aldeia com o documento
sobre a demarcação e mais dois milhões de cruzeiros para
serem aplicados em projetos de desenvolvimento comuni FUNAI não abre mão dos pastos da fazenda para demarcar a
tário. (Jornal de Brasília — 22/1/81) terra dos Tapirapé
O presidente da FUNAI, Cel. Nobre da Veiga, afirmou on
tem em Brasília que a fundação “não pretende mandar nos
Reunião do CIMI índios, mas também não admite ser mandada por eles”.
Sob a presidência de dom Tomás Balduíno, bispo de Goiás, A declaração foi feita a partir da recusa das lideranças Tapi
reúne-se hoje em Brasília o Secretariado Geral do CIMI. Um rapé em aceitarem a proposta de reserva da FUNAI em que
dos assuntos da pauta de discussão se refere à demarcação de não estão incluídos os pastos incorporados pela fazenda Ta
terras dos índios Tapirapé, de Santa Teresinha (MT), que até piraguaia nem a área intrusada por posseiros no morro do
agora não aceitaram os limites da nova reserva. A demar Cadete. (ESP — 7/8/81)
cação está sendo feita por uma equipe do Serviço Geográfico
do Exército. A definição dos limites foi decidida pelo ex Irmãzinhas de Jesus não aceitam acusação
presidente da FUNAI, coronel Nobre da Veiga, em agosto. As Irmãzinhas de Jesus, missionárias que trabalham junto
A definição não é aceita, pois segundo o cacique José Pio, aos índios Tapirapé, no Mato Grosso, vão apresentar um
“mais da metade da reserva passa o ano inteiro inundada”.
O cacique reivindica 700 hectares na parte leste, mas essa amplo relatório ao núncio apostólico, dom Carmine Rocco,
sobre os problemas fundiários existentes na área. A missão
área foi anexada à fazenda Tapiraguaia, cujo proprietário está preocupada com as acusações que estão sendo feitas por
vem desde 1972 disputando terras com os índios. (FSP — representantes do governo do Mato Grosso, segundo as quais
25/04/81) os missionários que atuam na região estariam insuflando os
índios a não fazer qualquer tipo de acordo com a FUNAI.
Tapirapé não aceitam proposta da FUNAI Os índios reivindicam um aumento de sua reserva, que pas
Os 60 mil hectares de terras oferecidos aos Tapirapé pela saria a englobar parte da agropecuária Tapiraguaia. O rela
FUNAI não foram aceitos pelos líderes da comunidade que tório deverá informar à Nunciatura que os missionários não
estiveram ontem em Brasília discutindo com o presidente do estão insuflando os Tapirapé, mas tentando, assim como os
órgão os limites da reserva. A reserva proposta pela FUNAI índios, buscar uma solução “harmoniosa e pacífica para o
não inclui duas áreas consideradas fundamentais para os ín problema”. As irmãs missionárias afirmam, no entanto, que
dios, como locais de caça e de roça, e que a FUNAI se não podem concordar com uma proposta “unanimemente
comprometera a demarcar no início do ano quando fez um repudiada pelos índios”. (ESP — 11/8/81)
acordo com as lideranças do grupo. A proposta da FUNAI
foi aceita pelos Karajá, vizinhos dos Tapirapé. A não inclu
são das áreas já delimitadas pelos índios, através de uma solidariedade aos Tapirapé
picada, foi justificada pela FUNAI com o argumento de que Subscrito por 17 entidades ligadas à Igreja e ao indigenismo,
o custo da desapropriação ficaria muito elevado e que o custo entre elas o CIMI, a CPT e a ABA, foi divulgado ontem, em
social da retirada dos posseiros seria também bastante ele Goiânia, um manifesto de solidariedade aos índios Tapirapé.
As Irmãzinhas de Jesus que trabalham com os Tapirapé desde 1952, não aceitam as acusações da FUNAI de estarem “insuflando" os índios.
(foto O Globo)

As entidades dizem que a terra reivindicada pelos índios “é guém prejudica ninguém. Nós estamos vivendo um clima de
sua de pleno direito, e por eles demarcada com agrimensor”. abertura, de liberdades democráticas. Então, temos que ad
Por isso, rejeitam “como sendo uma solução genocida, a mitir a participação de todos, admitir o debate. Isso não quer
decisão do governo de entregar parte da terra à fazenda Tapi dizer, no entanto, que a gente concorde com todas as idéias
raguaia, do Grupo Medeiros, de São Paulo, e de assentar que estejam sendo dadas pela Igreja, mas reconhecemos que
definitivamente dentro dessa área indígena algumas famílias devemos analisar tudo o que for dito e for sugerido no sentido
de lavradores”. Para as entidades, “essa decisão arbitrária de aproveitar tudo o que realmente contribuir para melhorar
violenta frontalmente o direito anterior, garantido pela Cons a situação das populações indígenas” — argumentou. O mi
tituição brasileira e pelo Estatuto do Índio, que o povo Tapi nistro desmentiu que “haja uma reação sistemática e organi
rapé possui sobre a terra do seu habitat de sobrevivência zada do governo aos religiosos”. (ESP – 14/8/81)
física e cultural”. (ESP – 12/8/81)

FUNAI investe em projeto para os Tapirapé


Coronel da FUNAI acusa missionárias de “insuflar” Tapi A FUNAI pretende investir 950 mil cruzeiros no PITapirapé
rape para beneficiar as comunidades Tapirapé e Karajá que ali
Em carta enviada ao núncio apostólico, d. Carmine Rocco, vivem. Segundo a FUNAI serão cultivados 24 ha de arroz e
em Brasília, o presidente da FUNAI acusa as missionárias 10 ha de mandioca. A comercialização do excedente produ
que trabalham com os índios Tapirapé — Irmãzinhas de zido será feita através de uma cantina reembolsável, que
Jesus — de estar orientando os índios para que eles consigam abastecerá os índios no período de entressafra. (Correio Bra
anexar à reserva dois pastos da fazenda Tapiraguaia e uma ziliense — 29/8/81)
área da mesma fazenda onde vivem 18 famílias de colonos.
O coronel da FUNAI pede a intermediação da Nunciatura
para resolver esse problema e ameaça abandonar as nego Tapirapé não aceitam reserva da FUNAI
ciações com os índios se não houver um acordo com base na Os índios Tapirapé disseram que não aceitarão “em hipótese
última proposta feita pela FUNAI. (ESP — 12/8/81) alguma a delimitação estabelecida pelo órgão tutelar e não
irão permitir o início dos trabalhos para a demarcação”.
Os índios não aceitam os termos da portaria nº 1.093 que o
Ministro do Interior rejeita acusação às freiras presidente da FUNAI, João Carlos Nobre da Veiga, publicou
O ministro do Interior disse ontem, em Londrina, que não no Diário Oficial dando os limties da reserva. (Folha de
concorda com a denúncia feita pelo coronel-presidente da Goiaz.—4/9/81)
FUNAI, ao núncio apostólico no Brasil, d. Carmine Rocco,
de que as missionárias que trabalham com os índios Tapi
rapé, no rio Tapirapé, estejam prejudicando a realização de Exército demarca área dos Tapirapé
um acordo na área entre a tribo e os fazendeiros. “Aí nin O Serviço Geográfico do Exército iniciou, esta semana, a
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demarcação dos 60 mil e 250 ha da área indígena Tapirapé área dos Tembé começou em 1971 quando o general Bam
Karajá, no município de Santa Teresinha (MT), tarefa que deira de Mello, na época o presidente da FUNAI, transferiu
deverá estar concluída em dezembro. A informação é do os índios da margem esquerda do rio Guamá, entregando
presidente em exercício da FUNAI, Otávio Ferreira Lima. suas terras para a Swift do Brasil. Nesta mesma época o fa
(JB — 25/9/81) zendeiro Mejer Kabacznicke, principal invasor da área, der
rubou cerca de 1.500 alqueires dentro da área Tembé, plan
tando pasto em seguida. Segundo o CIMI, a FUNAI “não
FUNAI vai apurar ameaças aos Tapirapé tomou qualquer providência e, em 1974, Mejer Kabacznicke
O presidente da FUNAI, coronel Paulo Leal, determinou abriu uma estrada para sua fazenda. A 2º Delegacia da
ontem que sejam investigadas as ameaças feitas pelo funcio FUNAI, sediada em Belém, embargou a estrada mas a presi
mário Inimar Nascimento e Silva do DGPI da FUNAI. O refe dência do órgão autorizou a ação do fazendeiro, sob a alega
rido funcionário teria ameaçado os Tapirapé ao afirmar que ção de que a estrada serviria para transportar máquinas para
“o Exército devia passar bala nos Tapirapé para eles apren a propriedade”. Atualmente existem seis mil posseiros na
derem”. A afirmação teria sido feita depois que os Tapirapé área, além dos fazendeiros e das empresas. Em agosto pas
ofereceram resistência à tentativa de demarcação feita pelo sado a FUNAI propôs a solução “definitiva” aos Tembé;
grupo de Serviço Geográfico do Exército. A demarcação a distribuição de lotes de 200 hectares para cada família,
estava sendo feita segundo a proposta do ex-presidente da deixando o resto da área para as empresas, posseiros e fazen
FUNAI, João Carlos Nobre da Veiga, pela qual os índios deiros. (FSP — 3/10/81)
perderam 750 ha e não tiveram de volta as terras ocupadas
por posseiros e pela fazenda Tapiraguaia. Desde setembro os Txukarramãe
Tapirapé se mostravam frontalmente contra a proposta de
demarcação feita pela FUNAI. Segundo Marcos Terena,
presidente da União Nacional das Nações Indígenas, o fun Raoni pede território só para Kaiapó
Um território único estendendo-se do Norte de Mato Grosso
cionário teria convidado os representantes da UNI a “brigar
na rua” quando estes lhe cobraram suas palavras e suas até o Sul do Pará é a reivindicação do cacique Raoni, chefe
ameaças de matar os Tapirapé caso estes continuassem a não dos Txukarramãe, subgrupo Kaiapó. Este território, expli
aceitar as propostas de demarcação feitas pela FUNAI. De cou ele, “é para morar todos os Kaiapó, sem fazendeiro pelo
pois de acatar a denúncia feita por Marcos Terena, o coronel meio e sem acabar com arara e papagaio”. Para a concre
Leal mais uma vez repetiu que quer “ouvir as lideranças e os tização desta idéia Raoni pretende manter um encontro com
índios-estudantes”. (ESP – 28/10/81) todos os caciques Kaiapó, dos grupos Gorotire, Mekranon
tire, Xicrin e Kuben-Kram-Kren. (FSP — 2/2/81)

Presidente da FUNAI visita aldeia Tapirapé


O novo presidente da FUNAI, coronel Leal, visitou esta FUNAI ainda não cumpriu prometido a Txukarramãe
semana a aldeia dos Tapirapé no Mato Grosso. Os Tapirapé O prazo dado pela FUNAI para demarcação de 15 ha
exigiram a presença de Marcos Terena, presidente da UNI e às margens do rio Xingu, com a finalidade de separar o
que era “persona non grata” à antiga administração da Parque do Xingu das 25 fazendas que lá se encontram,
FUNAI. O coronel Leaf concordou e levou Marcos Terena no encerra-se este mês e os Txukarramãe — grupo mais atingido
seu avião. (FSP — 6/12/81) pelas fazendas — começam a se inquietar. O grupo espera o
cumprimento da promessa feita em agosto do ano passado.
A demarcação dos 15 hectares foi prometida pela FUNAI
Irmãzinhas denunciam demarcação arbitrária das terras dos dias depois dos Txukarramãe terem invadido a fazenda São
Tapirapé Luís, matando 11 peões. Na ocasião, a FUNAI convenceu os
Em documento encaminhado à presidência da CNBB e ao índios sobre a demarcação de uma “faixa neutra” para que
Ministro do Interior, a Comissão Pastoral de Direitos Hu não houvesse mais ataques. O prazo final encerra-se agora
manos da arquidiocese de Belo Horizonte denunciou a de em junho e os Txukarramãe reclamam que “nada foi feito”.
marcação arbitrária da terra dos Tapirapé em benefício de Não sabem até quando podem esperar pela FUNAI. Os ín
empresários paulistas que exploram a fazenda Tapiraguaia, dios estão preocupados porque neste mês começam os des
cujos posseiros estão sendo mobilizados contra os índios. matamentos para plantio e é nesta época que os problemas
A denúncia foi levada a Belo Horizonte pelas Irmãzinhas de ocorrem. (FSP — 1/6/81)
Jesus, religiosas que trabalham com estes índios desde 1952.
O documento é acompanhado por uma carta do CIMI na Xavante
qual é dito que os índios não aceitam a proposta da FUNAI
para a demarcação de suas terras e que as freiras estão sendo Indio acusa funcionário da FUNAI
acusadas de terem insuflado os índios. Segundo a nota do
CIMI é eminente um conflito entre índios, posseiros e fazen O chefe da ajudância da FUNAI em Barra da Garça (MT),
deiros. (JB — 28/12/81) Rodolpho Valentim, está tentando dividir as lideranças Xa
vante mais representativas e é responsável pelo desvio de
parte de 400 milhões destinados às comunidades Xavante de
Tembé Mato Grosso. E o que denunciou esta semana um grupo de
índios que veio a Brasília liderado pelo cacique Aniceto
FUNAI acusada de entregar terras dos Tembé Tsudzaweré, da aldeia de São Marcos. O presidente da FU
A FUNAI e o Instituto de Terras do Pará — ITERPA — estão NAI recebeu a denúncia por escrito, cuja conclusão adverte
sendo acusados pelo CPMI de liberarem para as empresas sobre a possibilidade de ocorrer um conflito grave. “E se isso
Denasa, Mejer, Grupiá e Swift do Brasil a área indígena dos acontecer — diz o cacique Aniceto — de quem será a culpa?
Tembé, no município de Viseu (PA). A área está sendo inva Dos índios ou da FUNAI?” O presidente do órgão tutelar
dida também por posseiros “encorajados por políticos que disse que, caso sejam comprovadas as denúncias, o funcio
construíram uma estrada atravessando a reserva indígena”. nário será afastado. (IB — 6/4/81)
A FUNAI, segundo a denúncia do CIMI (apoiada em depoi
mento de cinco líderes Tembé), “está pressionando física e
moralmente toda a comunidade para que suas 80 famílias Xavante ameaçam invadir fazendas
aceitem lotes de terra de 200 hectares ou redução de 90% do Cento e cinqüenta índios Xavante das reservas de Sangra
território”. Recentemente os Tembé destruíram uma ponte, douro e Dom Bosco (MT) teriam se pintado com as cores de
que servia aos invasores, por decisão da comunidade, se guerra e ameaçado invadir a qualquer momento quatro fa
gundo o depoimento do líder Joca. O processo de invasão da zendas situadas no Município de Poxoréu, ao Norte do Es
Xavante saqueiam quatro fazendas
As quatro fazendas localizadas na área reivindicada pelos
índios Xavante, da reserva de Sangradouro, no Mato Grosso,
foram saqueadas anteontem à tarde por um grupo de índios
que roubaram bois, animais domésticos e destruíram cercas.
Em nota divulgada ontem, em Brasília o presidente da
FUNAI afirmou mesmo deplorando a atitude dos Xavante o
órgão “evitará, a todo custo, qualquer revide por parte dos
fazendeiros”. As fazendas saqueadas foram a Colibri, Pindo
rama, Minuano e Santo Antônio. A FUNAI já pediu auxílio
à Polícia Federal, que deslocou agentes para a região, e 21
soldados da Polícia Militar da cidade de Barra do Garça estão
de prontidão para evitar um conflito de maior dimensão
entre índios e fazendeiros. A área vive clima de guerra há 10
dias. (ESP – 13/5/81)

Xavante podem atacar de novo


Cerca de 200 índios Xavante deverão atacar hoje mais três
fazendas situadas em área reivindicada por eles, como parte
da reserva Sangradouro, em Barra do Garça (MT). A decisão
foi transmitida ontem pelo cacique João Evangelista Baba
tire. O cacique disse que os índios estavam “cansados de
promessas e mentiras”. (FSP — 15/5/81)

Coronel da FUNAIretido por Xavante


Na terça-feira, quandº o coronel Anael Lemos, assessor es
pecial da presidência da FUNAI, desceu no campo de pouso
da aldeia Dom Bosco, em táxi aéreo fretado em Barra do
Garça, a primeira coisa que os índios fizeram foi flechar, por
duas vezes, a aeronave. E o coronel Anael Lemos, junta
mente com o piloto que tentou fugir do local, ficou cinco
horas “de castigo” na maloca que serve também como escola
na aldeia Dom Bosco. Segundo o cacique Babatire, o plano
Raoni pede território só para Kaiapó. inicial era manter o coronel Lemos como refém até que o
(foto Claudio Alves/Jornal de Brasília) presidente da FUNAI solucionasse favoravelmente a questão
de suas terras. “Como o coronel chorava como criança” —
tado. A informação é do Conselho Indigenista Missionário, lembra Babatire — na tarde do mesmo dia os Xavante libe
que possui uma gravação com o cacique João Evangelista raram o assessor do presidente da FUNAI, que embarcou
Babatire. A FUNAI afirmou desconhecer qualquer ameaça. para Brasília, no dia seguinte. Assinalando que “não con
Os índios querem que as duas reservas fiquem com um total fiamos na FUNAI, que só presta para roubar e enrolar a vida
de 35 mil hectares e, para isso, desejam retirar da área as do índio”, Babatire explicou que a “liberação” do coronel
fazendas Colibri, Langer, Florindo e Gaúcho, que ocupam era apenas uma estratégia. Tão logo ele fosse embora, come
15 mil hectares. A FUNAI se dispõe a conceder 15 mil hec çaria a preparação de um novo ataque. (FSP — 17/5/81)
tares numa faixa próxima e retirar 15 mil hectares ao Sul,
onde está a reserva de Sangradouro, perto da BR-70 (Brasí
lia-Cuiabá). De acordo com o CIMI, os índios já mandaram Xavante tomam fazendas pacificamente
expedição para as outras reservas Xavante do Mato Grosso a Cem guerreiros Xavante conquistaram anteontem a proprie
fim de ampliar o número de guerreiros. Informam que as dade dos 36 mil hectares que reivindicavam, ao invadirem a
fazendas também já armaram seus peões. Os índios reivin fazenda Lança, no município de Barra do Garça, Mato
dicam esta faixa por ser área tradicional de perambulação, Grosso, e dominarem seu proprietário, auxiliares e policiais
que serve para coleta, caça e pesca. Um assessor do DGO, que se encontravam no local para “evitar um conflito armado
que esteve recentemente na área, sugeriu que os índios aban entre brancos e índios”. A conquista das terras foi pacífica.
donem esta idéia e dêem apoio aos projetos de desenvolvi O fazendeiro, a exemplo dos demais proprietários da região,
mento comunitário da FUNAI, que se baseiam no incentivo fez um acordo com o cacique Babatire, pelo qual tem um mês
ao plantio de arroz. O objetivo da FUNAI, ao sugerir a troca de prazo para abandonar as terras. (FSP – 17/5/81)
da área próxima à BR-70, segundo o CIMI, é arrendá-lo
futuramente para agropecuaristas que terão facilidades para
escoar a produção pela rodovia. (JB — 9/5/81) As terras pleiteadas pelos Xavante
A área de terras que os Xavante querem incorporar à sua
reserva, no município de Barra do Garça, é atualmente ocu
Tensão entre Xavante continua pada por nove fazendas e nela se encontram os restos mortais
A FUNAI admitiu que a situação na área Xavante de Sangra de alguns dos ancestrais mais venerados da tribo. Esse ter
douro, no Mato Grosso, embora esteja sob controle, é de reno é considerado sagrado pelos índios. Na área pretendida
tensão, não afastando a possibilidade de um confronto entre pelos Xavante de Sangradouro, estão as fazendas Santo An
fazendeiros e índios. Segundo informações da ajudância da tônio (já atacada), Encantada, Minuano (já atacada), Pindo
FUNAI em Barra do Garça, tanto os fazendeiros envolvidos, rama (já atacada), Colibri (já atacada), Cabeceira Alta,
como os Xavante, prometeram aguardar uma decisão final Moda e Terra Roxa, além da fazenda Lança. (ESP —
da FUNAI, que está estudando as reivindicações dos índios. 17/5/81)
Missionários salesianos afirmaram que houve movimentação
na aldeia de Dom Bosco, onde os índios estão pintados para a
guerra desde o início da semana passada, e que os fazen FUNAI atribui a ex-funcionários ataque Xavante
deiros,estão se armando, embora assegurem que ainda não A FUNAI está investigando os nomes das pessoas que esti
houve luta. (ESP – 12/5/81) veram na área dos índios Xavante, na semana passada, e
> > Acervo
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estão sendo responsabilizados pelo presidente do órgão, de bilidade de um revide contra os Xavante, reafirmando que o
terem organizado o ataque realizado pelos índios sexta-feira órgão punirá criminalmente os autores de atentados que
à tarde. “Somente a ação de insufladores pode justificar a venham a ser praticados na área indígena. Ao proibir tam
atitude dos índios que, na terça-feira, haviam concordado em bém o ingresso de jornalistas na reserva, o responsável pela
esperar por mais tempo até que a FUNAI concluísse os es FUNAI afirmou que as notícias que vêm sendo transmitidas
tudos da proposta apresentada pelos Xavante”. A acusação pelos jornalistas são imprecisas e contraditórias, (ESP —
mereceu uma nota de protesto da SBI. Para a SBI, a FUNAI 20/5/81)
“está tentando transferir a terceiros os erros e a incompe
tência, já em diversas ocasiões comprovadas, durante a ges Fazendeiros voltam às terras invadidas por Xavante
tão Nobre da Veiga”. A atual crise entre os Xavante — afirma
a nota — não é um fato isolado, pois outras crises já ocor Os fazendeiros expulsos pelos índios Xavante da reserva de
Sangradouro, no Leste matogrossense, retornaram ontem às
reram, provocadas pelo despreparo técnico dos dirigentes da
FUNAI, que agem somente de forma repressiva contra as seis fazendas invadidas nos últimos dez dias, “protegidos por
comunidades indígenas”. (ESP — 19/5/81) 30 policiais militares e sete federais”, segundo informou em
Cuiabá o secretário de Interior e Justiça de Mato Grosso.
Segundo ele, “a história de que a terra pretendida pelos
FUNAIinterditareserva de Sangradouro índios — 35 mil hectares — contém cemitérios dos ancestrais
O presidente da FUNAI decidiu ontem interditar a reserva Xavante e outros motivos sagrados é conversa fiada na visão
Xavante de Sangradouro, em Mato Grosso, para evitar que da FUNAI”. O secretário garantiu que a área não será au
os índios sofram represálias dos fazendeiros da região. A mentada, mesmo depois de os Xavante da aldeia Dom Bosco
FUNAI já alertou o governo do Mato Grosso sobre a possi terem expulsado os fazendeiros e ocupado as terras. “A

Cotingo

Porteira

*Balbina

Tucuruí >

Santa Isabel Santo Antônio

Hidroelétricas da ELETRONORTEux Região Arunzônica


Barra do Peixe
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Barragens A

habitadas por índios Kaiapó, inclusive a al


Barragens atingirão 55 aldelas indígenas deia do rio Jarina, perto do PNX, além dos
grupos Kararaó e Arara, este último ainda
em fase de atração. A hidroelétrica que será
As 21 hidroelétricas em construção ou proje mares, poderá exigir o deslocamento de 5.946 construída na bacia do rio Negro, com um
tadas na Amazônia Legal deverão atingir di indígenas de 55 aldeias, e a barragem da cronograma de execução previsto para o pe
reta ou indiretamente pelo menos 27 mil ín hidroelétrica Santo Antônio Cotingo, em Ro ríodo 1990-1994, envolverá uma região habi
dios, de acordo com um trabalho concluído raima, atingirá 3.950 índios de 58 aldeias. tada atualmente por pelo menos oito grupos
pela FUNAI e a ELETRONORTE, Somente O levantamento divulgado em Brasília revela indígenas, ainda isolados, que não tiveram
a barragem que será construída no rio Ma que o complexo de Altamira, no Pará, deverá qualquer contato com os brancos. (ESP —
deira, segundo os levantamentos prelimi provocar a inundação de algumas reservas 25/8/81)
FUNAI não devolverá um centímetro de terra aos Xavante” Dom Bosco e Sangradouro, em Mato Grosso, e fazendeiros
— disse. (ESP – 21/5/81) vizinhos das áreas indígenas continua estável. A FUNAI
mantém nas áreas tumultuadas, além de seus funcionários,
45 policiais-militares para manterem a segurança dos fazen
Juruna ameaça com revolução dos Xavante deiros, evitando, com isso, novos ataques. Ontem à tarde,
O cacique Xavante Mário Juruna afirmou ontem em Barra o Secretário de Segurança Pública de Cuiabá disse que os
do Garça, Mato Grosso, que “se alguém tocar a mão nos jornalistas autorizados pela FUNAI poderão “divulgar maté
nossos irmãos da reserva de Sangradouro, haverá a grande rias” sobre os recentes conflitos surgidos entre os índios Xa
revolução Xavante”. Juruna, ao comentar as declarações do vante e os fazendeiros de Sangradouro, no Município de
secretário do Interior e Justiça, Sávio Brandão, disse: “Que Barra do Garça. O Comandante da Polícia Militar declarou
secretário é esse para dizer que índio é posseiro? Muito mais que a falta de informações e contatos com a área em conflito
do que o secretário, governador do Estado, presidente da nos últimos dias deve-se apenas à ausência de radioamadores
FUNAI ou presidente da República, índio é brasileiro autên nas fazendas em que estão concentrados os policiais milita
tico. Eles sim são apenas mestiços que vieram tomar nossas res. E acrescentou: “Tenho mantido, porém, contatos diá
terras”. (FSP — 22/5/81) rios, através de uma estação de radioamador, com os meus
comandados e posso assegurar que a situação está tranqüila.
Iminente novo ataque Xavante Os policiais estão bem e encontra-se tudo em ordem”, con
Se até o dia 16 o Governo não definir os limites da reserva cluiu. (JB — 28/5/81)
indígena, englobando seis fazendas que foram atacadas por
índios Xavante há duas semanas, o cacique João Evangelista
Babatire, da Aldeia Dom Bosco, promete fazer nova inves Contradição
tida. E desta vez vai ser brabo — garante. O Governo, atra
Enquanto nota oficial da FUNAI informa que três chefes da
aldeia Dom Bosco, Tibúrcio, Nicolau e Henrique, estiveram
vés do Ministro do Interior, já se manifestou pela impossi na ajudância de Barra do Garças para comunicar que os Xa
bilidade de ampliação dos 88 mil hectares que constituem a vante desistiram do ataque marcado para o dia 16, no Mato
reserva. A FUNAI é apontada por Xavante, fazendeiros, co Grosso, o líder Henrique afirmou que a posição dos índios
lonos, políticos e missionários locais como responsável pela não mudou. “Ou a FUNAI cumpre nosso acordo, ou no
tensão atual no município de Poxoréu, a 120 quilômetros de próximo mês atacaremos as fazendas, destruindo tudo”.
Cuiabá. (JB — 25/5/81)
Henrique disse ainda que seu tio Babatire não quis deixar
a aldeia, “pois não quer saber mais de FUNAI”. Acredi
Comissão Pró-Índio (SP) exige proteção a Xavante tando que os índios realmente desistiram do ataque, o presi
A CPI-SP em nota distribuída ontem exige da FUNAI pro dente da FUNAI declarou que a reivindicação dos índios é
teção “ao direito dos Xavante contra a infeliz declaração do inconstitucional, pois por decreto governamental não se pode
secretário de Interior e Justiça de Mato Grosso”, que em aumentar as reservas indígenas já demarcadas. (FSP —
recente entrevista afirmou que “os índios são posseiros”, 28/5/81)
ameaçando também usar força policial “com metralha
doras”, caso os índios saíssem da reserva Sangradouro para Problema Xavante continua...
invadir as terras ocupadas pelas fazendas. Diz a nota que o O cacique Xavante João Evangelista, da aldeia Dom Bosco,
secretário de Mato Grosso “deveria saber que a Constituição no Mato Grosso, esteve em Brasília para “uma última tenta
assegura aos índios a posse permanente das terras por eles tiva de resolver pacificamente” a questão das terras de sua
habitadas, cabendo-lhes o seu usufruto exclusivo, e que essa tribo “caso contrário atacaremos as fazendas no dia 16”. Sua
posse nada tem a ver com a do posseiro no sentido comum. A
União não só não pode utilizá-las a seu bel-prazer, como tem tribo deseja ampliar a reserva em 36 mil hectares. Ele des
a responsabilidade de fazer valer os direitos assegurados aos mentiu informações de assessores da FUNAI, segundo os
índios pela Constituição”. Considerando as declarações do quais o problema já estaria resolvido, e disse que lutará até
secretário “inoportunas e de teor grosseiramente intimida morrer para conseguir as terras. Prometeu também reunir
tório”, a Comissão lamenta ainda a desinformação do secre todos os guerreiros Xavante caso o ataque do dia 16 não dê
resultados. Esse ponto será decidido numa reunião entre os
tário de Estado dizendo que “é triste saber que essas decla chefes das nove tribos Xavante, que será realizada dia 29
rações se façam impunemente. Mais triste ainda é ver o na aldeia Dom Bosco, “Há 14 anos a FUNAI vem nos enga
descaso com que são tratados os índios e a leviandade com
nando”, disse João Evangelista. Para a FUNAI, o problema
que as autoridades enfrentam situações potencialmente ex está resolvido e não há qualquer possibilidade de que a área
plosivas”. (ESP – 25/5/81) indígena seja aumentada. O cacique vai falar terça-feira na
Comissão do Interior da Câmara dos Deputados e, logo
Engenheiro acusado de incitar Xavante depois, tem audiência marcada com o coronel presidente da
O engenheiro Rubens Monteiro, auxiliar de ensino e enfer FUNAI. (ESP – 6/6/81)
meiro na aldeia Dom Bosco, na reserva de Sangradouro,
teria sido o responsável pelo insuflamento dos Xavante no
ataque às fazendas da região, há cerca de dez dias. A infor Xavante e FUNAI não chegam a acordo
mação foi dada ontem em Brasília, em nota oficial, distri O cacique Xavante João Babatire e o coronel Nobre da Veiga,
buída pela FUNAI. O engenheiro, que é funcionário da presidente da FUNAI, ainda não entraram em acordo sobre
FUNAI, foi acusado pelos caciques Abraão, Gabriel e José, a ampliação da Reserva de Sangradouro. O presidente da
da reserva de Culuene, também Xavante. Tão logo cacique FUNAI reafirmou ao cacique que há uma orientação gover
João Babatire, da aldeia Dom Bosco, soube das acusações, namental no sentido de não se ampliar áreas indígenas. Por
determinou que três líderes Xavante — Nicolau, Tibúrcio e sua vez, o cacique da aldeia Dom Bosco está disposto a ceder
Henrique — fossem até a ajudância da FUNAI, em Barra do em suas reivindicações: os Xavante podem abrir mão da
Garça, e trouxessem Rubens Monteiro para colocá-lo sob a parte das fazendas, no limite Norte, mas não aceitam nego
proteção dos índios. Afirmando que “Rubens é nosso profes ciar 15 mil hectares de florestas, menos ainda trocar esta
sor e nosso enfermeiro”, os três praticamente arrebataram o parte por 15 mil hectares ao Sul. O depoimento do cacique de
engenheiro da ajudância, levando-o para a aldeia. (FSP — Dom Bosco na Comissão do Interior da Câmara dos Depu
28/5/81) tados, durou cerca de três horas e ele afirmou que não quer
brigar com fazendeiros “porque o erro é do governo”, mas
continuará defendendo os 15 mil hectares que ora são rei
FUNAI protege fazendeiros contra Xavante vindicados. Já o deputado Antônio Carlos (PT — MS) —
A situação dos conflitos entre índios Xavante das reservas para quem a FUNAI é um “cabide de empregos para coronéis
41

da reserva” — afirmou durante a reunião da Comissão, que atender a reivindicação feita pelos índios. O presidente do
“o coronel Nobre da Veiga é um mau-caráter, e faço questão órgão concorda em ceder 15 mil hectares ao norte da reserva,
que isto conste dos documentos e dos anais desta Casa”. desde que os índios cedam a mesma área ao sul. E isso não
(FSP — 10/6/81) satisfaz os Xavante, pois ao sul passa a rodovia BR-070
(Brasília-Cuiabá), usada por eles para escoar sua produção
de arroz. (FSP — 16/6/81)
Apesar da política, ataque Xavante iminente
A população do Município de General Carneiro vive desde
ontem momentos de apreensão com a ameaça dos índios da FUNAI indeniza fazendeiros
reserva de Sangradouro, aldeia Dom Bosco, chefiada pelo A FUNAI iniciou processo de indenização dos fazendeiros e
cacique João Evangelista Babatire, que podem invadir nova colonos que vivem nas áreas indígenas Xavante de Pimentel
mente as cinco fazendas localizadas próximas à aldeia. O ca Barbosa e Parabubure, no Mato Grosso, que soma Cr$ 554
cique já declarou que desta vez a invasão será mais violenta. milhões. Segundo a FUNAI, os “donos” da fazenda Xavan
(JB — 12/6/81) tina, situada em Parabubure, já saíram da área, recebendo
uma indenização de Cr$ 250 milhões. O problema com os
ocupantes dessas duas áreas vinha-se arrastando há dez
Xavante não deverão atacar fazendas anos, desde que os índios passaram a reivindicar a área
Os Xavante da aldeia Dom Bosco, na reserva de Sangra ocupada pelas fazendas e os fazendeiros apresentaram cer
douro, em Mato Grosso, decidiram adiar o ataque que ha tidões negativas liberadas pela FUNAI declarando que eles
viam marcado para hoje, às fazendas da região. A revelação poderiam ocupar legalmente a área, que não era habitat
foi feita ontem em Brasília pelo cacique João Babatire. Os indígena. O caso de Pimentel Barbosa foi mais grave, envol
Xavante só tomarão uma decisão depois do encontro dos lí vendo inclusive corrupção de funcionários (Laia Matar Ro
deres de todas as aldeias, no fim do mês, Babatire continuará drigues, Getúlio Barros Barreto, Ronaldo Quirino, etc...) da
em Brasília tentando um acordo com a FUNAI, que se nega a FUNAI, pois os limites da reserva foram alterados e estas

eles, Diauari, Mairauê e Caniço, da tribo


Parque Indígena do Xingu Já são 15 os mortos no Parque do Xingu Kayabi, e Cuiuci, da tribo Suyá, disseram
Um surto de sarampo ainda não debelado já lhe que os médicos proibiram a remoção das
matou sete crianças na faixa de dois anos no crianças doentes para o posto Diauarum,
PIX, para onde a FUNAI deslocou uma equi afirmando que elas estavam bem, não sendo
Surto de coqueluche ataca índios do Xingu pe médica e medicamentos. O ex-diretor do necessário que a enfermaria as atendesse. Os
Um surto de coqueluche que já atingiu 84 Parque, antropólogo Olimpio Serra, culpou a índios acrescentaram que, apesar da gravi
índios do PIX e pode adquirir ainda maior FUNAI pela seqüência de surtos epidêmicos dade da situação, os médicos, chefiados pela
gravidade caso se estenda às crianças que que têm ocorrido na área indígena, revelando doutora Dethrides Ribeiro, permaneceram no
vivem na mesma região, calculadas em duas que morreram nas últimas semanas, no Hos posto Leonardo, distante 200 km do Diaua
mil, bem como a outros índios adultos que se pital da Base de Brasília, mais oito crianças rum, e visitaram a região atingida pelo surto
encontram no mato, foi diagnosticado por xinguanas que estavam com coqueluche. apenas poucas horas. (ESP — 10/6/81)
estudantes da Escola Paulista de Medicina, O coronel Nobre da Veiga afirmou que essas
segundo comunicação transmitida à direção doenças estão chegando aos índios levadas
da FUNAI em Brasília pelo chefe do Parque, por pessoas estranhas ao Parque e também Indios do Xingu acusam médicos da FUNAI
Francisco de Assis. pelos próprios indígenas que visitam com fre Os índios do Parque do Xingu não querem
Até agora, segundo informações chegadas à qüência as cidades. Por esse motivo, o coro mais a presença da equipe médica da FU
FUNAI, a doença atingiu 34 índios do posto nel determinou que a saída de índios de suas NAI, que está sendo responsabilizada pela
Kretire e 50 de Diauarum, que estão sendo reservas será a partir de agora controlada morte de 15 Kayabi e Suyá da reserva, se
assistidos por uma equipe de seis pessoas que com maior rigor, bem como a presença de gundo afirmou ontem, em Brasília, o Txu
trabalham com o chefe do serviço médico do pessoas estranhas aos quadros da FUNAI nas carramãe Megaron. Megaron voltou a acusar
Parque e recebem orientação dos estudantes FESEI"V35. a equipe médica, chefiada pela médica Deu
da EPM. (Gazeta de Notícias — 14/3/81) Já o antropólogo Olimpio Serra acha que a rides Ribeiro, de não ter prestado assistência
ineficácia do programa de saúde da FUNAI às comunidades indígenas. O Txucarramãe
tem causado estes surtos. (Gazeta de Notícias discordou da posição manifestada pelo presi
Coqueluche já atinge 115 indios no Xingu — 5/6/81) dente da FUNAI de que os surtos epidêmicos
Já subiu para 115 o número de casos de co no Parque estão aumentando pelo fato de os
queluche registrados entre os índios que vi índios viajarem constantemente para as gran
vem no PIX, vítimas do surto identificado há Gripe se alastra e atinge quase todo o Parque des cidades e que por isso eles passariam a
15 dias. (Tribuna da Imprensa — 16/3/81) O surto de gripe que atinge todas as tribos ser mais controlados. “O índio vai para a
que vivem no Norte do Parque, se alastrou, cidade porque não conta com apoio no Xin
nos últimos dias, para outras aldeias do Sul gu, onde falta tudo” — afirmou Megaron.
Andreazza assima convênio de assistência ao do Parque, castigando principalmente a po (ESP – 12/6/81)
Parque do Xingu pulação infantil da área. Apesar do grande
O ministro do Interior Mário Andreazza, as número de pessoas doentes, só ocorreu mais
sinará dia 27 de abril, convênio entre a FU uma morte no domingo, de um recém-nas FUNAI diz que surto está sob controle
NAI e a EPM visando a assistência médica e cido da tribo Txucarramãe. Quatro crianças A FUNAI informou que o surto de coque
sanitária às comunidades do PIX. em estado grave foram removidas para Brasí luche que atingiu o Parque está sob controle
Desde 1956 a EPM vem atuando junto aos lia. restringindo-se agora apenas ao PI Kretire,
índios do Parque sob a orientação do profes A situação dos Txucarramãe que mais preo habitado pelos índios Txucarramãe, Segundo
sor Roberto Baruzzi, chefe do Departamento cupava os médicos, pois toda a tribo acam a FUNAI, os médicos do órgão estão na fase
de Medicina Preventiva daquela escola. As pou na roça, onde choveu no domingo, apre de tratamento das complicações pulmonares
equipes médicas realizam trabalhos de vaci senta agora um quadro menos delicado, por decorrentes da coqueluche. Para combater o
nação e assistência às populações do Parque. que os índios concordaram em levar os casos surto a FUNAI contou com a colaboração de
Nos casos mais graves, promovem a remoção mais graves para a aldeia, onde há uma médicos da EPM, da SUCAM e da CEME.
dos índios para São Paulo, onde são inter infra-estrutura para o atendimento médico. (Jornal de Brasília — 24/6/81)
nados e assistidos pela equipe da escola. No local em que o surto de gripe foi mais
O convênio a ser firmado prevê a elaboração grave, matando 15 índios das tribos Suyá e
de levantamento e fichário completo da po Kayabi, a situação é de grande tensão depois Novo surto de gripe atinge o Xingu
pulação indígena, para efeito de assistência que os índios acusaram dois médicos da FU Um novo surto de gripe atingiu esta semana o
médica, inquérito epidemiológico para me NAI de terem sido negligentes. No sábado Parque do Xingu, alastrando-se agora entre
lhor conhecimento da cadeia de transmissão eles exigiram a presença dos médicos no pos as tribos que vivem ao Sul da reserva, perto
de doenças de maior incidência no Parque, to para que explicassem a razão de tantas do posto Leonardo. Segundo informações
inclusive visando a ação preventiva e realiza mortes, mas o diretor da divisão de saúde da transmitidas à FUNAI, em Brasília, 20 ín
ção de campanhas profiláticas contra deter FUNAI, Barros Lima, impediu o contato te dios estão gripados e seis já apresentam um
minadas doenças, baseadas nos resultados de mendo uma reação violenta por parte dos quadro de broncopneumonia.
inquérito epidemiológico, além de estudos índios, Uma equipe médica da FUNAI foi deslocada
das condições de vida, alimentação e nutri O próprio Barros Lima, foi ao encontro dos para a área a fim de evitar que o surto assu
ção dos índios. (A Crítica — 26/4/81) índios e ouviu os parentes dos mortos. Entre ma maiores proporções. (ESP — 8/8/81)
terras foram vendidas a fazendeiros, entre eles um funcio Xikrin perdem para gado de fazendeiro
nário da FUNAI. Para liberar parte da reserva, foram tro A FUNAI autorizou a entrada de 500 cabeças de gado no
cados até nomes de rios e os índios receberam diversos pre interior da reserva indígena Xikrin, no Pará, depois que
sentes para aceitarem o novo traçado, inclusive cabeças de fazendeiro apelou ao Ministério da Agricultura, pedindo a
gado e uma caminhoneta. (ESP — 19/7/81) interferência junto ao MINTER e à Fundação. A fazenda
alega que o rebanho já estava na área e a proibição à entrada
dele nas pastagens formadas pela fazenda dentro da reserva
STF: voto ajuda fazendeiros • causaria a morte dos animais atacados pela aftosa. O litígio
Um voto do ministro Cordeiro Guerra, afirmando em julga entre a FUNAI e o fazendeiro agravou-se em agosto do ano
mento do Supremo Tribunal Federal sobre a questão Fun passado, quando o delegado da Fundação, no Pará, retirou
diária, que o artigo 198 da Constituição Federal do Brasil “é homens e equipamentos da fazenda Gran-Reata e exigiu que
mais ou menos o que está dito no Artigo 1º do Decreto abandonassem a reserva. Com o auxílio da Polícia Federal,
Primeiro Bolchevique” — é o principal argumento dos fazen o delegado apreendeu toras de madeira e impediu a conti
deiros de Mato Grosso que, em 11 ações judiciais cobram da nuação dos trabalhos. Segundo um levantamento feito pelo
União Federal indenizações por alegado confisco de suas ter IBDF, 30 mil árvores já tinham sido derrubadas em território
ras, “englobadas” por decreto em área de reserva indígena. indígena, significando uma perda mínima de 60 mil metros cú
Os fazendeiros sustentam que o Governo, pelo Decreto bicos. O fazendeiro conseguiu uma liminar na Justiça para im
84.337/79, passou para a reserva indígena denominada pedir a presença da FUNAI na área, mas a decisão foi modifi
“Parabubure” áreas de suas fazendas, no município de cada pelo Tribunal Federal de Recursos, onde a Fundação ob
Barra do Garça, em Mato Grosso, sem qualquer ato ou desa teve um mandado de segurança contra a fazenda Gran-Reata.
propriação ou pagamento. Com a interferência ministerial, a FUNAI acabou permi
O ministro Cordeiro Guerra, no seu voto proferido em tom de tindo que o rebanho tivesse acesso à pastagem, para que não
crítica e agora usado como argumento pelos fazendeiros, morresse de fome. A permanência, porém, será de apenas
começa manifestando a sua “apreensão” com a interpretação um ano, após o que o gado terá de sair do local. Durante esse
do artigo 198 da Constituição Federal, cujos parágrafos 1º e período, o fazendeiro pagará Cr$ 40 mil mensais de arrenda
2º poderiam provocar “o confisco da propriedade privada mento aos índios, mas os Xikrin, segundo a informação de
neste País”, nas zonas rurais, bastando para isso que a antropólogos, continuarão vigiando a área “e, se o fazendeiro
autoridade administrativa diga que as terras foram, algum fizer nova derrubada, poderão expulsá-lo da terra”. A FU
dia, ocupadas por índios. NAI também pretende apresentar outra ação à Justiça para
A preocupação do ministro em não permitir que os dispo recuperar integralmente a área invadida pela fazenda. (ESP
sitivos constitucionais sejam interpretados contra a proprie — 13/6/81)
dade privada está registrada em trechos como este: “No meu
entender, isso só pode ser aplicado nos casos em que as terras
sejam efetivamente habitadas pelos silvícolas, pois, de outro Protestos a favor dos Xikrin
modo, nós poderíamos até confiscar todas as terras de Copa A Comissão Pró-Indio de São Paulo distribuiu nota, ontem,
cabana ou Jacarepaguá, porque já foram ocupados pelos protestando contra o pagamento de Cr$ 40 mil mensais aos
Tamoio”. (FT — 23/11/81) índios Xikrin, do posto Cateté, no Pará, feito pela fazenda
Gran-Reata, do Grupo Pau D'Arco, afirmando que ele é
lesivo e prejudicial aos interesses dos índios. Segundo a nota,
Cacique deseja que no Natal a FUNAI demita funcionários o grupo Pau D'Arco “já lesou os Xikrin retirando 30 mil
O cacique Xavante Aniceto Tsudzawere pediu, ontem, como toras de mogno, segundo estimativa do IBDF, e recorreu à
“presente de Natal” ao presidente da FUNAI, coronel Paulo Justiça várias vezes contra os índios e contra a FUNAI”.
Moreira Leal, o afastamento do diretor do DGO, coronel Destruiu também parcela considerável do meio ambiente dos
José Antônio Silveira, e do chefe da Ajudância de Barra do Xikrin e “continuará lesando os índios, ocupando a reserva
Garças (MT), Rodolpho Valentin. a pretexto de um acordo de pagamento aceito pela FUNAI”.
Esses funcionários, segundo o cacique, são “cabeçudos, ca A Comissão Pró-Indio de São Paulo protesta contra o acordo
prichosos e enjoados”. O presidente da FUNAI, depois de e contra a ausência do órgão tutor na defesa dos interesses
ouvir uma série de queixas de Aniceto prometeu tomar provi indígenas. (ESP – 14/6/81)
dência para atender à comunidade de São Marcos e afastar
“todo funcionário que não trabalhar bem com os índios” —
(JB — 12/12/81) Xikrin atacam para defender terras
Três trabalhadores contratados por uma empresa de Santa
Catarina, para demarcar uma área dentro da reserva indí
gena do Cateté, foram atacados por um grupo de índios.
(O Popular — 8/7/81)
Xikrin

Nova ameaça de conflito entre os Xikrin


Antropólogos da FUNAI advertiram que pode ser aberto um
“novo foco de conflitos” entre os índios do sul do Pará, a
partir do arrendamento da terras dos índios Xikrin aos pro
prietários da fazenda Gran-Reata, do grupo Pau D'Arco,
para a exploração da pecuária, segundo denúncia feita on
tem pelo CIMI. Os Xikrin, pertencentes ao sugbrupo Kaia
pó, ameaçaram atacar a fazenda Gran-Reata há algum tem
po por causa da derrubada predatória do mogno (madeira
com alto valor de exportação) na reserva indígena. O CIMI
prevê o aumento da tensão social na região porque acredita
que os Xikrin não se conformarão com o arrendamento e
sempre se manifestaram de forma agressiva contra a invasão
de suas terras. (FSP — 11/6/81)
43

A Amazônia constitui-se, atualmente, no úl julho de 1981, não suportando mais o impac


Projeto Carajás timo reduto do maior contingente de popu to devido ao acelerado desmatamento efe
lações indígenas no Brasil. A situação especí tuado pela CAPEMI na reserva, os Para
fica dos diferentes grupos é extremamente kanã, alguns dentre eles doentes, decidiram
diversificada tornando a questão indígena se transferir por conta própria. A nova área
O debate que atualmente se inicia com rela uma realidade complexa e que deve ser en ainda não foi demarcada.
ção ao Projeto Grande Carajás vai propor tendida e assumida como tal. Por estas ra
cionar, sem dúvida, a oportunidade de discu zões, é imprescindível que desde a fase inicial
tir amplamente, a nível nacional, as impli de um projeto que venha a afetar uma área
cações profundas da implantação, por parte indígena, seja exigida a consulta e a parti Os Gaviões de Mãe Maria. Em 1971, a re
do governo, de macroprojetos de desenvolvi cipação dos povos indígenas, da comunidade serva de Mãe Maria, rica em castanhais, é
mento na Amazônia. A inusitada grandiosi científica e de advogados no processo decisó cortada pela rodovia PA-70. Em 1980, foi
dade do Projeto nos seus vários desdobra rio relacionado a esses projetos, assim como o construída em território Gavião uma linha de
mentos, minerometalúrgico, florestal e agro acesso dos índios, antropólogos e outros cien transmissão de alta tensão. Foi aberto um
pecuário, ao longo de uma extensa faixa ter tistas a todas as informações necessárias ao corredor de 150 m de largura, cortando a
ritorial, coloca a Nação diante de uma impor acompanhamento sistemático desses proje área em toda a sua extensão e passando por
tante opção histórica. Não será inútil repetir tos. (1) Caso contrário, se repetirão os crimes cima da aldeia. Oitocentos castanheiros e ár
que qualquer projeto somente poderá trazer e erros já cometidos em ocasiões anteriores e vores de grande porte foram derrubados. Os
vantagens na medida em que a política que não tão remotas, entre comunidades que se índios nunca foram convidados a participar e
oriente seu desenvolvimento seja prioritaria encontram na área de influência direta do opinar sobre o projeto. A antropóloga que
mente dirigida em benefício das populações Projeto Grande Carajás. trabalhava entre eles foi demitida. Com gran
que vivem nas áreas sob sua influência e que, de perseverança e resistência, os Gaviões con
afinal, todo homem em qualquer de suas di quistaram o direito a uma indenização. Hoje,
mensões ou realidades sócio-culturais deve porém, a reserva está novamente ameaçada
ser visto como beneficiário das mudanças Indígenas afetados pela construção da ferrovia Carajás-Itaqui,
econômicas e não como uma vítima, O projeto (2) atinge no Pólo Metalúrgico do que cortará o território ao sul, justamente na
Infelizmente, uma constante de todos os pro Tocantins (Marabá-Tucuruí) os Assurini do área onde acabam de construir uma grande
jetos governamentais para a Amazônia é a Trocará, os Parakanã do Lontra e Pucuruí, aldeia nova. “O corredor da Ferrovia será de
falta total de reconhecimento, a nível de pla os Gaviões de Mãe Maria e os Suruí do So 70 m. Os cálculos prevêem a passagem, todos
nejamento, da existência de populações nati roró. No Pólo da Província Mineral de Cara os dias, de doze trens com 160 vagões de carga
vas da região, entre as quais inúmeras comu jás, os Kayapó-Xikrin e todos os grupos cada, nos dois sentidos, durante os próximos
nidades indígenas. A rapidez do processo de Kayapó do médio Xingu. A estrada de ferro oitenta anos. O barulho constante, a poeira,
expansão e as mudanças radicais provocadas Carajás-Itaqui cortará a reserva de Mãe Ma a poluição das águas, o trabalho das turmas
pela implantação de sucessivos projetos de ria e passará ao longo do limite sul da reserva de manutenção e a presença constante do
tipo empresarial têm dado origem a graves dos índios Guajajara e Guajá no Maranhão. trem, transformarão o projeto num verda
conflitos entre os diferentes grupos que Os projetos florestais, agropecuários e de ál deiro “demônio de ferro” para os índios (4),
atuam na região (fazendeiros, madeireiras, cool atingirão direta ou indiretamente todos Os Guajajara e Guajá do Maranhão serão
mineradoras, posseiros, garimpeiros, índios, os grupos de norte de Goiás e Maranhão. Se afetados também pela ferrovia que passará
#"… estatais, INCRA, GETAT, FU considerarmos também os grupos que serão ao longo do limite sul da reserva Pindaré,
onde vivem 3.000 índios. A área é de floresta,
atingidos pela construção de uma série de
A resposta do governo a esta situação amea barragens ao longo do rio Xingu (3) já que sendo que haverá novamente derrubada ma
çadora tem sido a recusa sistemática de con não se pode arbitrariamente separar estes di ciça de árvores que, caindo, entulharão o rio,
siderar os problemas relativos às camadas versos projetos contíguos e que muitas vezes o que dificultará a passagem pelo alto Pin
mais pobres da região, assim como reconhe se sobrepõem, teremos, além das populações daré, até de canoa. À área de floresta virgem
cer os direitos constitucionalmente assegura rurais e ribeirinhas, um contingente de mi é disputada por posseiros e fazendeiros. Exis
dos às comunidades indígenas. Na realidade, lhares de índios submetido a mudanças radi te também o perigo destas áreas serem objeto
a posse das comunidades indígenas tem sido cais e de conseqüências imprevisíveis. É um de cobiça" para a implantação dos projetos
continuamente diminuída ou extinta e esse problema que deve ser debatido com a maior florestais do Projeto Grande Carajás. A úl
desrespeito coloca-se no quadro mais amplo urgência. tima notícia é que a Carajás está planejando
de prioridades político-econômicas definidas O Projeto Grande Carajás não é um em construir um aeroporto internacional dentro
pelo governo em seu modelo desenvolvimen preendimento para o futuro, ele já está sendo da reserva. A FUNAI já autorizou a cons
tista, deixando de fado quaisquer considera implantado pelo menos desde 1973, data do trução. Técnicos e engenheiros da Aeronáti
ções sobre os prejuízos sociais. Para o go início da construção da Hidroelétrica deTucu tica já estiveram no local medindo o terreno
verno, o que prevalece, a nível de planeja ruí, Portanto, já ocorreram e estão concreta de 5 km por 3 km e escolheram o local prefe
mento, é a consolidação do papel central a mente previstos sérios problemas em diversas rido dos indios: o último grande cocai de ba
ser desempenhado pelas grandes empresas áreas indígenas como mostram os casos enu baçu da região.
nacionais e multinacionais. merados a seguir. O presidente da República autorizou, final
mente, a execução dos planos do Projeto
Grande Carajás. Os investimentos serão de
33 bilhões de dólares. A pergunta que resta a
Os Gaviões da Montanha. Em junho de 1977, fazer é até quando as comunidades indígenas
Último reduto deverão custear o desenvolvimento de proje
após inúmeras mortes causadas pelo contato,
No caso específico do Projeto Carajás a dis representantes da FUNAI e da ELETRO tos que não foram ainda devidamente ava
plicência, por parte do governo, com relação NORTE, em troca de 77 mil cruzeiros, tira liados e que poderão causar irreversíveis pre
à questão indígena repete-se mais uma vez. ram à força os remanescentes do grupo Ga juízos ao meio ambiente e à nossa sociedade
O assessor do ministro das Minas e Energia vião da Montanha, local onde hoje se ergue a no seu conjunto. Até quando os projetos de
declarou ter tomado conhecimento da “possi Hidrelétrica de Tucuruí. A maioria do grupo senvolvimentistas serão executados violando
bilidade” de existirem nações indígenas den deslocou-se para a reserva de Mãe Maria, o estabelecido na Constituição Federal (Ar
tro da área de implantação do projeto Gran Uma família, porém, voltou às terras do tigo 198), na lei (Artigo 20 do Estatuto do
de Carajás e observou ainda que, nos conta Moju, reconhecidamente habitat tradicional Indio) e em Convenção Internacional, que
tos com a SUDAM, nunca houve a menção desse grupo. Os índios Gavião pedem a ur garantem aos povos indígenas, o direito à
de problemas na área do minério de ferro de gente demarcação e garantia dessa terra. posse permanente da terra e ao usufruto ex
Carajás. Este problema só poderá surgir, se clusivo das riquezas nela existentes.
gundo o assessor, quando forem estabele Os Parakanã, cujas terras serão em grande
cidos os projetos específicos, com a localiza parte inundadas pelo reservatório da Hidroe
létrica de Tucuruí. O projeto de transferência Foritēs citadas:
ção das empresas e a definição de todas (1) "Os lndios perante o Direito”, Ciência e Cultura,
as situações, inclusive as de posse e domí dos Parakanã foi incompreensivelmente sus 33(2): 161-166.
nio da terra. Fica claro que na mentalidade tado em 1979 e o antropólogo que trabalhava (2) Amazônia, Breno Augusto dos Santos. Mapa p. 24í.
de nossos governantes, os direitos dos índios com eles, demitido. Diante da urgência de se (3) Lux Vidal, Antônio Carlos Magalhães et al.: "Grupos
tão-somente serão considerados quando já ti encontrar uma solução, foi realizado em de indígenas da bacia do Xingu. Informes preliminares",
(4) Paul S. Aspelin and Silvio Coelho dos Santos: “Indian
verem perdido boa parte de suas terras, inva zembro de 1980, o Encontro Parakanã, em #………
5) Idem.
by Hydro-electric Projects in Brazil”.
didas, ou após o surgimento de graves atritos Tucuruí, com a presença da FUNAI, ELE
e de possíveis atos de violência. Quando isso TRONORTE, GETAT e antropólogos de di * # :

acontece, cria-se de fato, um problema, que versas universidades. Entretanto, até hoje,
precisa de uma solução rápida em função dos não foram cumpridas as sugestões formula Lux Vidal é professora de Antropologia da USP e vice-presi
das e aceitas durante a reunião. No mês de dente da Comissão Pró-Indio de São Paulo.
interesses de um projeto irreversível,
. Aticum
. Fulniô
. Guarani
. Kaimbé
Kandiwa
Kapinawá
Kiriri
Krenack
Krenack (Faz. Guarani)
Maxacali
. Pankararé
. Pankararu
. Pataxó
. Potiguara
. Tapéba
. Tingui-Kariri-Botó
. Truká . .
. Tupiniquim
Tuxá
#"… .
. Xakriabá
. Xocó
. Xocó-Kariri
. Xukuru-Kariri ***…"

. Wassu
*#

. Xukuru *****
> > Acervo
_A = A
45

REGIÃO Iv:
Leste e Nordeste

Boa parte dos povos indígenas dessa região foram noticiados com a prisão do chefe indígena José Indio, e tendem a se
de alguma forma em 81 pela imprensa. A grande maioria agravar depois que homens armados passaram a intimidar os
desses povos, os que sobreviveram à expansão da sociedade Kapinawá.
nacional na região — ocorrida, sobretudo, a partir do século No momento em que José Indio era detido, o fazendeiro Zuza
XVII — está reivindicando à FUNAI o seu reconhecimento Tavares e seus capangas quebraram e queimaram trezentas
como povos diferenciados e direitos correspondentes. Exigem braças de cercas feitas pelos índios para demarcar a locali
o direito à terra e à liberdade de manifestação de suas cul dade de Mina Grande, onde moram as 50 famílias que for
turas. Um levantamento realizado pelo Departamento de mam a tribo. Destruído o cercado das terras dos Kapinawá,
Antropologia da Universidade Federal da Bahia e divulgado seis homens armados a mando do fazendeiro, passaram a
pela imprensa no mês de abril, constatou que parte desses reconstruí-lo. Essa terra pertence agora ao fazendeiro e qual
grupos perdeu sua língua original, mas busca reafirmar sua quer tentativa de aproximação dos índios é refreada com
identidade étnica através de rituais e outros processos. ameaças de tiros. (Jornal do Commercio — 15/4/81)
Em parte, essa necessidade de provar que são índios perante
a opinião pública nacional, é uma reação às tentativas de
emancipação compulsória pretendida pela FUNAI (Ver se Indios denunciam ataque de grileiros *

ção “Emancipação e Critérios de Indianidade”). O chefe indígena, José Antonio dos Santos (Zé Indio), acom
panhado de mais três Kapinawá, foram ontem à FETAPE
Kaimbé denunciar as ameaças e pressões que vêm sofrendo dos fazen
deiros Zuza Tavares e Ernesto Pedro Bezerra. Os índios pe
diram apoio e defesa do órgão na luta pelos seus direitos.
Denunciada a prisão de índio Kaimbé Segundo os Kapinawá, os grileiros estão pressionando-os
Ordep Serra, da ANAI, revelou ter recebido informação de desde 1970, mas a situação vem se agravando há dois meses,
que um índio Kaimbé foi preso na região de Massacará na quando os fazendeiros colocaram em suas terras trabalha
Bahia, onde, segundo ele, a tribo vive grandes dificuldades dores armados em vigília permanente. Além de queimarem
em conseqüência de atritos com brancos. “Prender índio é cercas e barracas, estragarem plantações e matarem animais,
contra a lei”, protestou o indigenista. (O Liberal – 16/2/81) os ameaçam de tomar a terra sob a alegação de que com
praram “e não sabemos de quem, pois somos donos de 1.600
Kapinawá ha, na localidade “Macaco dos Indios”, no município de Buí
que, desde 10 de julho de 1874, por doação do Imperador
D. Pedro II”.
Fazendeiro provoca os índios Kapinawá Os Kapinawá tem a escritura de doação, registrada no Car
Um conflito entre índios da tribo Kapinawá e trabalhadores tório do 1º Ofício de Buíque, que diz serem as terras dos
do fazendeiro Zuza Tavares está para acontecer no município índios Kapinawá, dando-lhes direito à hereditariedade. (Jor
de Buíque, no sertão pernambucano. Os atritos começaram nal do Commercio — 24/4/81)
Bispo dá o alarma: índios cercados por jagunços já estão sem de milho e 36 toneladas de feijão, das quais uma parte consi
VTVCIE5 derável será destinada à comercialização. (ESP – 3/1/81)
O bispo de Garanhuns, D. Thiago Postuma, denunciou em
comunicado à CNBB que os 200 índios Kapinawá da locali
dade de Buíque, estão cercados por jagunços a mando dos
grileiros Zuza Tavares e Ernestino Pedro Bezerra, há uma # Federal confirma: interrogou invasores de terras dos
semana. O cerco é de extermínio, e que, segundo o comuni
cado, todas as estradas de acesso a Buíque estão bloqueadas, A Superintendência da Polícia Federal confirmou, ontem, o
os índios carecem de mantimentos e os padres da Diocese de envio de uma equipe de agentes para o distrito de Mirandela,
Pesqueira, que os assistem, estão impedidos de prestar qual Município de Ribeira do Pombal, onde foram presos e inter
quer auxílio. rogados 10 posseiros acusados de terem rompido a cerca
O delegado da 3° DR da FUNAI, Leonardo Reis, com juris construída pela FUNAI para demarcar a reserva dos Kiriri.
dição em Pernambuco, Alagoas e Bahia, informou que em A antropóloga Maria do Rosário de Carvalho, do Departa
bora esses índios ainda não sejam antropologicamente reco mento de Antropologia da UFBA, confirmou ter sido comu
nhecidos como tais pela FUNAI, já levou o caso ao conhe nicada de que os posseiros que ocupavam as terras da reserva
cimento da Polícia Federal. (O Dia — 2/5/81) têm realizado reuniões e estão encaminhando documento à
FUNAI, pedindo explicações sobre as áreas que serão desti
nadas a eles.
A cerca que foi derrubada, segundo os posseiros, estava
Indio baleado na disputa de terras
impedindo a livre circulação deles pelas estradas da região.
O delegado da FUNAI, Leonardo Reis, juntamente com agen A questão principal, contudo, esclareceu a antropóloga, é a
tes da Polícia Federal da Secretaria de Segurança Pública e o existência de 150 a 200 famílias de posseiros na área da
Comando da Polícia Militar de Pernambuco, viajaram para a reserva. “O direito dos índios é líquido, certo e secular,
cidade de Buíque, onde manterão contato com a delegacia de conforme documentos que comprovam aquela área como
Buíque para tentar restabelecer a ordem naquela área, pois indígena”, disse ela.
os conflitos culminaram com o atentado de morte do índio
Firmino Gomes da Silva.
A área a ser demarcada para os Kiriri tem em torno de 13 mil
hectares e nela, além das famílias de posseiros, há “pelo
Os índios ingressaram com uma ação de interdito proibitório menos cinco grandes fazendeiros, os maiores interessados em
na justiça devido à invasão de suas terras. Por outro lado, criar problemas para a demarcação”, afirmou a antropóloga
a FUNAI está fazendo um estudo de reconhecimento, para Maria do Rosário de Carvalho. (JB — 24/3/81)
transformar aquela região em área indígena, enquanto a
Polícia Federal irá estudar detalhadamente a situação para
definir o direito da posse de terra dos índios Kapinawá.
(Jornal do Commercio — 12/5/81) Fazendeiros e grileiros ameaçam indígenas
João Leonardo dos Reis, delegado regional da FUNAI, in
formou em Recife, que a FUNAIvinha dirigindo os trabalhos
Missa de solidariedade aos Kapinawá de demarcação da reserva sem conflitos e contando com o
Em solidariedade aos Kapinawá, a Diocese de Pesqueira apoio do governo da Bahia. Na última semana, porém, os
promoveu uma missa em Buíque, no dia 21 de junho, que fazendeiros derrubaram um quilômetro e meio de cercas de
reuniu cerca de 3 mil pessoas, manifestando decidido apoio à um projeto agrícola, com 30 hectares de área, desenvolvido
";#… dos Kapinawá contra os grileiros. (Porantim pelos índios. Apesar do incidente, garante que os trabalhos
vão continuar e os índios “terão o que for deles”. Em função
dessa demarcação, há um plano de reassentamento de pos
seiros que estiverem na área e um critério para indenização
das benfeitorias,
Continua o drama dos Kapinawá O problema pela posse de terras na área existe há alguns
O proprietário das terras ocupadas pelos índios Kapinawá, anos, já tendo registrado atrito entre os Kiriri e fazendeiros
no município de Buíque (PE), onde atribo formada por cerca da região. Em novembro do ano passado, por exemplo, o
de 40 famílias mantém seguidos conflitos com invasores, coordenador do CIMI no Nordeste, Fábio Alves dos Santos,
encaminhou à Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de denunciou em Salvador que o cacique Lázaro de Souza es
Olinda e Recife uma proposta para acabar com as diver tava ameaçado de morte por grileiros. Dias antes um grupo
gências: ofereceu 200 dos 948 hectares da área. Mas o depar de índios fora atacado por brancos armados. Um índio, ao
tamento jurídico da Comissão é de opinião que a FUNAI se defender, atingiu um dos agressores com uma pedrada,
deve reconhecer os Kapinawá como índios, o que ainda não hospitalizando-o. (ESP — 24/3/81)
ocorreu, e que com isso faça a demarcação das reservas. E
contestou a informação do empresário, intitulado proprietá
rio da área, de que os Kapinawá ocupam apenas 80 dos 948 Governador defende índios •

hectares. Diz ele que, na verdade, os indígenas estão em


todos os 948 hectares. (ESP — 14/5/81) O governador Antonio Carlos Magalhães afirmou ontem que
“jamais haverá massacre dos índios Kiriri, em Ribeira do
Pombal, porque o governo não permitirá”. Frisou que “os
Kiriri índios são muito indefesos para sofrerem um ataque desses
sem a proteção das autoridades”.
A secretária da ANAI da Bahia, antropóloga Maria do Ro
sário de Carvalho, porém, encaminhará ao secretário de
FUNAI executa plano de assistência aos Kiriri segurança um relatório sobre a situação dos índios, cujo ca
À proporção que a FUNAI prossegue com os trabalhos de cique está desaparecido e ameaçado de morte por fazendeiros
demarcação das terras dos índios Kiriri, no município baiano de Ribeira do Pombal.
de Ribeira do Pombal, grupo considerado “em adiantado Há cerca de um mês, o cacique Lázaro Gonçalves de Souza
estado de aculturação”, está sendo desenvolvido um projeto viajou a Brasília, para cobrar do Governo uma demarcação
de apoio e assistência técnico-financeira visando beneficiar as territorial prometida no ano passado, e não voltou. Na re
atividades produtivas dos 2.675 índios, com um investimento gião, os comentários são de que os fazendeiros “só o deixarão
de Cr$ 2.100.000,00. entrar em Mirandela morto”. Além disso, foi proibida a prá
Com isso a FUNAI pretende permitir aos índios obter uma tica do “toré”, um ritual primitivo da tribo. (O Globo —
safra de 108 toneladas de farinha de mandioca, 45 toneladas 29/4/81)
> > Acervo
_A = A
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Deputado é acusado de manter invasão Fazendeiro ameaça Krenack de expulsão


O secretário geral do PDS, deputado Prisco Viana (BA), é o Um grupo de índios Krenack, que em 1972 havia sido trans
responsável pela manutenção da invasão organizada de gran ferido à força pela FUNAI e que posteriormente voltou ao seu
des fazendeiros, médios e pequenos posseiros na reserva dos lugar de origem, às margens do rio Doce (município de Res
índios Kiriri de Mirandela, plendor, MG) estão ameaçados de expulsão por um fazen
A denúncia foi feita na Câmara pelo vice-líder do PMDB, deiro da região que está movendo uma ação de manutenção
deputado Jorge Viana (BA), baseado em documento prepa de posse contra os indígenas, acusando-os de terem invadido
rado pelo Departamento de Antropologia da UFBA, que re sua propriedade.
lata o clima de conflito na área. Os Krenack habitam a região às margens do rio Doce, desde
Os principais invasores são fazendeiros com influência polí tempos imemoriais, e, em 1920, a situação foi legalizada com
tica local, que afirmam contar com o apoio do deputado a fundação de um Posto Indígena e a doação, pelo Estado de
Prisco Viana, secretário-geral do PDS. Os políticos ligados a Minas à União, de quatro mil hectares para serem ocupados
Prisco vêm garantindo aos invasores que ninguém perderá pelos grupos indígenas Potichá e Krenack. Em 1958, parte
suas “propriedades” ou será removido. dos índios foi transferida para o norte de MG, junto dos
O povoado de Mirandela, centro da área indígena, porém Maxakali, retornando em seguida. Em 1972, os Krenack
habitada por não índios, está sendo “modernizada” pelo foram novamente trasnferidos para a Fazenda Guarani, mu
prefeito de Ribeira do Pombal, também acusado de ocupar nicípio de Carmésia. O local era uma colônia penal de índios
terras dos Kiriri. Estão sendo feitas obras de calçamento e nesse período os Krenack conviveram com remanescentes
atualmente. dos Pataxó, Maxakalie outros índios que viviam no presídio.
As reivindicações indígenas, segundo os antropólogos da Algum tempo depois, alguns dos índios começaram a retor
Universidade da Bahia podem ser resumidas em duas: homo nar para Resplendor a pé. Ao longo do tempo a área foi
logação urgente da reserva e preparação urgente, pelo Go sendo ocupada por grileiros e já em 1970 estava reduzida a
verno, de um plano de desocupação da área, e que tal plano apenas 13 alqueires. Nesse ano a FUNAI entra com uma
seja divulgado publicamente. (Jornal de Brasília — 12/9/81) ação de reintegração de posse na justiça. Um memorial de
fazendeiros foi entregue pelo filho do então presidente, Sér
gio H. Medici. A ação de despejo é sustada, alegando-se que
#<renack os Krenack e Potichá se achavam “extintos”. Em 1972,
a FUNAI permutou a área com a da fazenda Guarani. Em
maio de 1980 os Krenack começam a voltar novamente e a pé
para as terras do Resplendor. Desde a volta de parte dos
Jogadores e artistas promovem jogo beneficente para os Krenack, os fazendeiros passaram a se mobilizar contra a
Krenack entrada dos índios na região, segundo denúncia do Grupo de
Liderados por Reinaldo, jogador do Atlético Mineiro, di Estudos sobre a Questão Indígena — GREQUI, de Belo Ho
versos artistas e jogadores de futebol como Chico Buarque, rizonte. (Estado de Minas — 28/6/81)
Sócrates, Gonzaguinha, Moraes Moreira, Djavan, Fagner, o
goleiro Raul, Toquinho, Fernando Brant e outros farão uma
partida no Estádio Independência, em Belo Horizonte, cuja
renda reverterá para a Cruz Vermelha de Minas (60%) e Krenackpode ficar sem terras do Resplendor
para os índios Krenack (40%). O jogo está marcado para dia Os índios Krenack, que vivem no município de Resplendor,
7 de dezembro na capital mineira. (Jornal de Brasília — Minas Gerais, podem ficar sem as terras de onde foram
7/12/80) transferidos em 1972 e para onde retornaram em 1980. O
fazendeiro Balbino Laignier de Lacerda está movendo uma
ação contra eles que será julgada hoje pela Justiça de Res
plendor,
O Grupo de Estudos sobre a Questão Indígena manifestou
Renda do jogo será entregue à Justiça e não aos Krenack ontem, em Belo Horizonte, apreensão com o resultado do
A diretoria da Cruz Vermelha Brasileira de Minas Gerais, julgamento, pois somente a FUNAI poderia representar os
em nota oficial ao jornal Estado de Minas, esclareceu que “A Krenack no julgamento, mas até o final da tarde não havia
importância de Cr$ 379.105,68, correspondente a 40% da informações sobre providências do órgão para a defesa, em
renda líquida, em prol dos índios Krenak, embora objeto de bora a ação estivesse ajuizada desde novembro. Hoje, na
contrato com a entidade Grupo de Estudo da Questão Indí Assembléia Legislativa de Minas, o deputado Marcelo Cae
gena, teve sua entrega disputada pela FUNAI, órgão tutelar tano (PMDB) vai apresentar requerimento pedindo a criação
das comunidades indígenas, razão pela qual a Cruz Verme de uma comissão “para acompanhar os interesses da tribo
lha estava aguardando entendimentos entre os interessados. junto às autoridades”. (ESP — 26/8/81)
Não tendo sido conseguido tal entendimento, a Cruz Ver
melha irá efetuar, até segunda feira próxima, a consignação
judicial da referida importância, a fim de que o Juiz compe
tente julgue a quem deve ser entregue”. (Estado de Minas — Deputados querem solução para índios Krenack
20/2/81) “Se a decisão da Justiça for favorável aos índios, nós não
teremos o que fazer. Mas se ela for negativa, prejudicando
os, considerá-los invasores de terra, aí sim, nós faremos tudo
para informar e sugerir ao governador Francelino Pereira
uma solução definitiva para eles.” Essa declaração foi feita
Índios reclamam assistência pelo deputado Mario Assad do PDS e componente do bloco
Quatro representantes dos índios Krenack, que moram na parlamentar encarregado de acompanhar os interesses dos
fazenda Guarani, município de Carmésia (MG), reclamaram Krenack. A Comissão Especial da Assembléia Legislativa foi
ontem da falta de assistência por parte da FUNAI, nos nomeada pela própria presidência da casa e integra ainda os
aspectos de saúde, alimentação e educação. Os índios passa deputados Raimundo Albergaria e José Laviola (efetivos), Rui
ram o fim de semana em Belo Horizonte participando de da Costa Val, Rufino Neto e Nunes Coelho (suplentes) pelo
debates comemorativos da Semana do Indio e ontem dois PDS. Pelo PP foram designados os deputados Sérgio Emílio
deles viajaram para São Paulo, para representar os índios (efetivo) e Eurípedes Graide (suplente). E pelo bloco parla
mineiros na reunião de lideranças indígenas que se realizará mentar do PMDB os deputados Ademir Lucas (efetivo) e
na capital paulista. A falta de assistência médica foi um dos João Pinto Ribeiro (suplente). A essa comissão, que será
pontos críticos levantados pelo índio Manuel. (Diário do convocada ainda esta semana para definição de cargos e
Grande ABC — 28/4/81). competências, caberá levantar a questão das terras que fo
|- > > Acervo
_/\ 15 A
48

ram doadas pelo Estado aos Krenack, segundo Decreto nº adultos) decidiram não abandonar os quatro alqueires de
5.652. (Estado de Minas — 10/9/81) terras que ocuparam em maio de 1980 às margens do rio
Doce. Os Krenack, segundo o Delegado Regional da FUNAI,
Carlos Roberto Grossi, “preferem resistir, recusando-se a
Krenack perdem terra voltar para a fazenda Guarani, apesar da liminar do juiz de
O juiz Leogivildo Forte Júnior, da comarca de Resplendor Resplendor”. A FUNAI já entrou com um agravo de instru
(MG), concedeu medida liminar proposta pelo fazendeiro mento contra a decisão judicial. A alternativa da FUNAI,
Balbino Laignier contra os índios Krenack, determinando a para impedir “um grave problema social”, é ter sucesso no
expedição de mandado de reintegração de posse de terras em mandato de segurança que deverá apresentar ao Tribunal
favor do fazendeiro. A informação foi dada em Brasília, pela Federal de Recursos, impedindo a execução da sentença
Regional Leste do CIMI. “Comisso, os Krenack ficarão con liminar até que seja julgado o mérito da ação do fazendeiro
finados em apenas 13 alqueires, que a Rural Minas cedeu em Balbino Laignier, informou ainda o delegado regional da
1974 à sociedade São Vicente de Paula”, advertiu a Regional FUNAI em Minas Gerais. (ESP – 30/9/81)
do CIMI. (FSP – 24/9/81)

TFR garante terra aos Krenack


Krenack não abandonarão suas terras O ministro William Patterson, do TFR, concedeu ontem, em
O grupo Krenack que vive em Resplendor (31 crianças e 24 Brasília, liminar favorável aos índios Krenack, transferidos

José Alfredo, o cacique dos Krenack.


(foto O Estado de Minas)

Os Krenack, famintos e ameaçados na terra que é deles.


(foto O Estado de Minas)
< > Acervo
_/ | <> A
49
em 1972 pela FUNAI, em um acordo entre fazendeiros e o gados, as terras em volta da aldeia perderam muito valor.
governo de Minas Gerais, da área que ocupavam no Muni (Estado de Minas — 10/8/81)
cípio de Resplendor para a fazenda Guarani, no mesmo Es
tado. A liminar foi concedida contra o ato do juiz de Res
plendor, Leovigildo da Silva Fortes Júnior, que deu ganho de Fazendeiros pedem intervenção do Ministro
causa ao fazendeiro Balbino Laignier de Lacerda na ação de Os fazendeiros Valdevino da Silva Cabral e Laurindo Fer
reintegração de posse que impetrou. (ESP — 1/10/81) reira Sena, de Águas Formosas, no Vale do Mucuri, apresen
taram à imprensa cópia da carta enviada ao ministro Mário
Andreazza pedindo providências contra as invasões dos Ma
TFR não julga ação xacali. Segundo os fazendeiros a situação vem se agravando
O Tribunal Federal de Recursos julgou-se incompetente, depois que a Polícia Federal esteve na área protegendo os
ontem em Brasília, para examinar e decidir sobre a situação índios contra seus empregados que resolveram descontar a
dos índios Krenack de Resplendor. Afirmou o TFR que o surra que os índios lhes haviam dado. Nos últimos cinco anos
mandato de segurança impetrado pela FUNAI em favor dos os dois fazendeiros perderam 173 reses que avaliadas no
índios não era de sua competência e determinou a remessa preço de hoje somam um prejuízo de Cr$ 3,4 milhões. A
dos autos para ajustiça estadual mineira, que deverá resolver culpa é da FUNAI, dizem eles, que não ensina os índios a
o litígio entre os indígenas e o proprietário das terras, Bal cultivarem os 4 mil ha que possuem na área. (Estado de
bino Laignier de Lacerda, que afirma ser o dono legítimo do Minas — 17/11/81)
imóvel rural de 212 hectares situado à margem esquerda do
rio Doce. Ele também diz que os índios na verdade não se
instalaram em suas terras, mas numa propriedade vizinha da FUNAI pede calma •

Fundação Rural Mineira — RURALMINAS. Há mais ou Os fazendeiros do Norte de Minas devem ter paciência com
menos seis meses, acentuou, os Krenack invadiram os limites os índios Maxacali, dando tempo para que os programas de
da RURALMINAS, instalando-se em casas em ruínas. (ESP assistência aos índios surtam seus efeitos. Esta é a recomen
– 25/11/81) dação da FUNAI aos fazendeiros que enviaram denúncias ao
Ministro do Interior através da Federação da Agricultura de
Minas. O subchefe do gabinete do ministro do Interior en
Liminar garante terra viou carta à Federação dizendo que á FUNAI já tomou as
O Tribunal de Alçada de Minas concedeu, ontem, liminar à seguintes providências: 1) criação do Posto Indígena Pradi
FUNAI no mandado de segurança contra a decisão do Juiz nho em 1980, 2) assinatura de convênio com a Universidade
de Resplendor, Leovigildo da Silva Júnior, que havia deter Federal de Juiz de Fora para estudos que possibilitem a ela
minado, em setembro, a retirada de 55 remanescentes dos boração de programas para desenvolvimento do grupo. Se
índios Krenack das terras por eles ocupadas às margens do gundo a carta a atuação da FUNAI já surtiu efeito: diminui
rio Doce, cuja posse é reivindicada pelo fazendeiro Balbino ção do consumo de álcool, retorno ao plantio de roças, fre
Laignier de Lacerda. Os índios receberam a notícia com qüência na escola além do retorno à prática dos rituais.
euforia já que, de acordo com o cacique José Alfredo, “este é (Estado de Minas — 5/1/82)
o único local que temos para plantar, criar nossos filhos e
viver; se tivéssemos que sair daqui, seria o fim”. (JB —
6/12/81) Fazendeiros temem conflito •

O presidente da Federação da Agricultura de Minas Gerais,


disse que é grande o risco de um confronto entre fazendeiros
Maxacali e índios Maxacali no município Bertópolis. Os fazendeiros
não ficaram satisfeitos com a resposta do ministério porque,
segundo eles o problema se arrasta a mais de dez anos apesar
das constantes denúncias. Segundo a nota dos fazendeiros
Projeto de ajuda muitas famílias passam fome porque não podem plantar nas
Segundo a FUNAI a transformação dos Maxacali de caça terras onde moram, e vários colonos tiveram suas casas sa
dores nômades em agricultores forçados e mal pagos não lhes queadas e queimadas pelos índios embriagados. (Estado de
deixou outra alternativa senão roubar ou pedir. A penúria Minas — 11/2/82)
chegou a tal ponto que em 1939 sua população estava redu
zida a 140 indivíduos. O SPI começou então a assistir os
índios que contam hoje com mais de 400 índios nos postos
indígenas Maxacali e Pradinho. A FUNAI anunciou que este Pankararé
ano iniciará nesta área um programa de desenvolvimento
integrado que envolverá uma antropóloga, um psicólogo e
outros técnicos num total de 17 pessoas. O trabalho se pro
põe, mediante a educação bilíngüe/bicultural, a uma rees Emboscado o irmão do assassino do cacique
truturação psicológica, conscientizando-os sobre as oportuni Numa emboscada caracterizada pela polícia como típica de
dades ao seu alcance para enfrentar e sobreviver às condições vingança, foi morto a tiros de revólver o lavrador José Vieira
geradas pelo convívio com a sociedade nacional. (Jornal de de Lima, irmão de Antônio de Lino, o assassino do cacique
Brasília — 24/3/81) da tribo Pankararé, Ângelo Pereira Xavier. O homicídio
ocorreu dentro da reserva de Brejo do Burgo, dos índios
Pankararé, localizada próxima à cidade de Paulo Afonso.
O criminoso, contudo, está foragido, embora a justiça da
Fazendeiro acusa índios de roubar gado comarca de Paulo Afonso tenha decretado sua prisão preven
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Águas tiva. Agora, a morte de seu irmão numa emboscada reativa a
Formosas, Raul Abrantes, disse ontem em Belo Horizonte tensão entre os Pankararé, que continuam reivindicando a
que os Maxacali continuam roubando gado em sua região. demarcação de suas terras, e a prisão do assassino do caci
Segundo Abrantes os índios agora só matam gado para co que.
mer, e não para vender, porque a FUNAI está atenta, mas os Para o delegado Antônio Martins Gonçalves, foi um crime de
funcionários da FUNAI deverão agir com mais rigor para vingança. Contudo ele não possui elementos para atribuir a
que o roubo cesse. Muitos fazendeiros preferem não denum emboscada aos índios. Por isso ele se deslocou até Brejo do
ciar os índios com receio de enfrentar dificuldades na venda Burgo para arrolar testemunhas e prosseguir o inquérito.
de suas propriedades. Há dois anos, com a onda de roubos de (Diário Popular — 30/5/81)
Acervo

–/ EA

A reserva Maxacali é uma área abandonada pela FUNAI.


(foto O Estado de Minas)

"… #:::: ----

Alheios à troca de acusações, os Maxacalicontinuam famintos.


(foto O Estado de Minas)
> > Acervo
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prevê o plantio de 250 ha de lavoura com a produção esti
mada em 360 toneladas de inhame, 5 mil sacas de farinha de
Pataxó
mandioca e 135 mil toneladas de banana. (Jornal da Bahia —
21/12/80)
Pataxó elogia a FUNAI
O cacique Pataxó, Tururim, e o subcacique Alfredo Braz
enviaram ao Presidente da FUNAI, cel. Nobre da Veiga, Projeto Potiguara recebe críticas
carta em que expressam a sua satisfação por, após 20 anos de O governo da Paraíba acaba de lançar o Projeto Integrado
luta, ter a FUNAI conseguido a demarcação de suas terras. A Potiguara para assistir 588 famílias indígenas de 29 aldeias
carta afirma ainda que “os índios são procurados por muitas situadas na reserva de Baía da Traição. O governo diz que
pessoas que só sabem criticar a FUNAI, mas não fazem nada serão investidos Cr$ 280 milhões do Ministério da Agricul
pelos índios. Tem muita gente querendo “salvar o índio mas tura e do PRODECOR para melhorar a vida destes índios.
com isso só ajudam a criar confusão e briga entre nossos Por sua vez membros dá Pastoral do Índio da Arquidiocese
irmãos”. (Correio Braziliense – 27/12/80) da Paraíba identificaram no programa “uma manobra para
bloquear a luta dos índios pela demarcação de suas terras,
seu maior objetivo”. (ESP — 1/3/81)
Violência contra os Pataxó
A ANAI/BA denunciou a política não-ecológica e violenta
exercida pela administração do Parque Monte Pascoal, no Indios pedem afastamento de religiosos
sul da Bahia, que estabeleceu um verdadeiro campo de con O afastamento de uma jovem chamada Salete, representante
centração na terra dos índios em Porto Seguro. Ordep Serra, da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese da Paraíba, e
presidente da Associação, revelou que tudo começou há mais de Antonio Wellington, também da Cúria Metropolitana
de um ano, quando a FUNAI resolveu fazer uma criminosa deste Estado, foi pedido por 116 índios que vivem na reserva
barganha com o IBDF criando uma reserva florestal que lesa indígena Potiguara. O documento entregue à FUNAI acusa
os verdadeiros donos da terra. O administrador do Parque os dois de provocarem atritos entre os índios, jogando-os, ao
implantou patrulhamentos, vigias, e prometeu inclusive cer mesmo tempo contra as autoridades e brancos de modo
car a área, impedindo que os 1.800 índios tenham livre trân geral. Das 15 aldeias que seriam beneficiadas pelo Projeto
sito pelo território em busca de caça e pesca principalmente Potiguara, 14 aguardam o início do plantio e repudiam a
I1OS… próximos à aldeia. (Jornal de Brasília — 16/
presença dos agentes pastorais e dos três padres “que foram
1/81).
no dia 25 de fevereiro de 1981 nos solicitar que desistíssemos
do Projeto”. (Diário de Pernambuco — 16/3/81)
Indio Pataxó assassinado
A Polícia Federal está apurando, no Sul da Bahia, o assas
sínio do índio Pataxó Carlito Mariano Ferreira, cometido a Polícia proíbe ação pastoral
tiros por um branco, do qual só se sabia ontem, em Salvador, Atendendo solicitação da FUNAI a Polícia Federal proibiu a
chamar-se Gérson. O crime ocorreu na localidade de Ca entrada de Maria Salete da Silva, agente pastoral da arqui
raíba, próxima à aldeia de Barra Velha, onde vivem os mil diocese de João Pessoa, alegando que a mesma está orien
indígenas da tribo Pataxó, e foi praticado há três dias. A tando os índios a não aceitar o projeto do governo. As famí
polícia afirma que sabia ontem apenas que o crime teria sido lias da aldeia São Francisco, a maior da reserva, resolveram
conseqüência da antiga dívida entre vítima e acusado. (?) impedir a execução do Projeto, ameaçando destruir tratores e
Em Salvador, uma antropóloga da UFBA, disse que no outros equipamentos. Em vista desta reação os trabalhos
último domingo recebeu notícias da aldeia Pataxó e que tudo foram paralisados e os representantes das outras aldeias
estava tranqüilo na tribo, apesar da insatisfação geral pela foram ao governador Tarcísio Burity, pedir proteção policial
demarcação das terras concluída no ano passado pela FU e o prosseguimento dos trabalhos. Por sua vez o arcebispo
NAI, uma vez que a área original da reserva havia sido redu dom José Maria Pires orientou sua agente pastorai a perma
zida; disse também que conheceu o índio assassinado. Era necer na reserva apoiando os indígenas, que pedem a demar
um homem pacato, com pouco mais de 50 anos, e que em cação de sua área como medida prioritária. (O Globo —
16/4/81) •

1977 tinha 10 filhos. (ESP — 9/4/81)

Pataxó recebem cadernetas de poupança como indenização Passeata de protesto contra agentes pastorais +

Cerca de 30 índios foram indenizados individualmente com Com faixas e cantando, cerca de 200 índios Potiguara reali
cadernetas de poupança, distribuídas pela agência do Banco zaram passeata no centro da cidade de João Pessoa, protes
do Estado da Bahia, na cidade de Eunápolis (BA), para tando contra a ação dos agentes pastorais da Cúria Metro
deixarem suas roças que ficaram fora dos limites da área politana. Dom José Maria Pires disse que levará o caso ao
demarcada para ser ocupada pela tribo Pataxó, no extremo CIMI e adiantou que quem está gerando disputas são os
Sul da Bahia. Os valores das cadernetas variaram de acordo agroindustriais e os pequenos fazendeiros invasores da reser
com a extensão das roças, sabendo-se, contudo, que houve vaindígena. (O Globo — 26/4/81)
índio que recebeu caderneta no valor de Cr$ 1,7 milhão e que
vive de rendas. A diretoria da ANAI-BA considerou o fato
como “gravíssimo”, acrescentando que “o processo de inde
nização individual é, na verdade, uma emancipação às aves Tingui-Kariri-Botó
sas, e só contribui para o esfacelamento dos Pataxó como
povo e como grupo ético”. (ESP – 24/4/81)
Descoberta comunidade de 500 índios em Alagoas
Foi descoberta em Alagoas, no município de Feira Grande,
Potiguara ao sul do Estado, uma comunidade indígena de 500 pessoas,
os Tingui-Kariri-Botó. A descoberta foi comunicada à FU
NAI, em outubro do ano passado, pelo professor Clovis
Projeto da FUNAI para os Potiguara Antunes da Universidade de Alagoas. Esses índios vivem na
A FUNAI vai pôr em execução o “Projeto Potiguara” com a região há mais de 70 anos, ocupando dois hectares de terra
finalidade de “melhorar as condições de vida” dos índios da cercadas pelas fazendas nas quais trabalham por 80 a 100
Baía da Traição, com alocação de Cr$ 2 milhões. O projeto cruzeiros por dia.
De acordo com relatório da Comissão Pró-Indio de São Pau grantes da tribo, todos vestidos de índios, a fim de convencer
lo, “mais do que qualquer outro grupo do Estado, estes a FUNAI de sua identidade. (FSP — 18/10/81) (Ver seção
índios preservaram parcialmente sua língua e se apegaram “Emancipação e Critérios de Indianidade”),
zelosamente aos rituais. Os Tingui ainda praticam o ritual do
Ouricuri e se queixam que o ritual é escarnecido ao mesmo
tempo que objeto de curiosidade”. Diz ainda o relatório que Truká
as crianças Tingui“são pressionadas nas escolas para revelar
o segredo do Ouricuri”. Dos dois hectares de terras ocupados
pelos índios, mais da metade é conservada com o máximo de Indios ameaçados de morte pedem proteção à FUNAI
vegetação para se realizar o ritual. Um grupo de índios Truká que residem na ilha de Assunção
A comunidade Tingui, diz a Comissão Pró-Índio, “encontra (a 8 km de Cabrobó), solicitou, ontem, à 3° Delegacia da
se em condições extremamente precárias”. Além de traba FUNAI, proteção para as f ias indígenas, ameaçadas de
lharem nas fazendas, alguns índios procuram tarefas nas morte por parentes do fazendeiro Pedro Gomes de Sá, morto
usinas de cana-de-açúcar, distantes da aldeia, limpam e cul em um tiroteio ocorrido no cemitério de Assunção, no dia de
tivam roças” com a condição de devolverem dentro de um Finados. Nesse incidente, além de Pedro Gomes e dois sobri
ano a terra já plantada com pasto para o gado”. Os Tingui nhos, morreu o índio Antônio Bingó e mais dois outros
foram prejudicados com a última seca, quando perderam ficaram feridos.
toda a lavoura e por essa razão “alguns estão abandonando a Em entrevista que tiveram com o delegado da FUNAI, os
comunidade”. (Jornal de Brasília — 24/2/81) índios Truká exigiram que o órgão demarcasse — “o mais
urgente possível” — as terras pertencentes à comunidade
indígena, e que instalasse um posto na ilha de Assunção. Eles
advertiram também que novos conflitos sangrentos poderão
Falta terra para trabalhar ocorrer, caso a FUNAI não tome providências imediatas.
Eis a transcrição da carta dos Tingui enviada ao presidente A índia Maria Júlia, filha de Antonio Bingó, contou que seu
da FUNAI:
pai, juntamente com alguns familiares, tinha ido ao cemi
“Olho D'água do meio, Feira Grande, Alagoas tério de Assunção orar pelos parentes mortos, quando so
Carta do Pajé João Ferreira Botó, da Aldeia Tingui, de Olho brinhos do fazendeiro Pedro Gomes de Sá o mataram a
D'água do meio sangue frio. Para se defender, um dos seus irmãos, que saiu
Cacique Adalberto Ferreira Botó ferido do tiroteio, também começou a atirar. Entretanto, ela
Conselheiros: José Saraiva e Eraldo Campos assegura que os tiros que mataram Pedro Gomes de Sá e seus
Reclamação do Pajé João Ferreira Botó. dois sobrinhos foram disparados por amigos das vítimas que
Eu com os meus índios vivem neste local de terra que não dar 1hes davam cobertura, dentro do cemitério.
para ninguém trabalhar. Os índios já estão saindo da minha Ela explicou ainda que a família de Pedro Gomes de Sá é
aldeia para ir para outras aldeias só a fim de arrumar serviço conhecida na região como “desordeira” e, por ser rica, co
para trabalhar. mete as maiores arbitrariedades, sempre com a proteção da
A minha aldeia está faltando terra, pasto, escola, medica Justiça e da Polícia. (Diário de Pernambuco — 7/11/81)
mento. Nós vivem na aldeia muito preocupado com medo dos
branco para não descobrir os nossos segredos indígenas...
Nós índios precisamos das ajudas de vocês maiores do que CIMI conta morte de fazendeiro
nós porque nós somos pobres e precisamos de tudo isto O CIMI esclareceu ontem que o fazendeiro Pedro Gomes de
principalmente de terra e um posto.” (O São Paulo — 27/2 Sá e seus dois sobrinhos mortos, juntamente com o índio
a 5/3/81)
Antônio Bingó, no cemitério da ilha de Assunção, não foram
vítimas dos índios Truká, mas dos próprios pistoleiros que
davam cobertura ao fazendeiro na emboscada ao único índio
Índios Tinguiignorados pela FUNAI morto. Em nota distribuída ontem, o CIMI reproduziu infor
Até agora a FUNAI “ainda nada apurou oficialmente sobre
este grupo Tingui-Kariri”; a afirmativa é do assessor de im mações da índia Maria Júlia, filha de Antonio Bingó, que foi
prensa do órgão, Odil Telles, referindo-se ao grupo recente primeiramente assassinado pelo fazendeiro e os dois sobri
mente identificado no Município de Feira Grande, ao sul de nhos, no cemitério onde rezava pelos mortos no dia 2 de no
Alagoas. vembro. (JB — 15/11/81)
Disse o assessor de imprensa que “se for considerado o rela
tório do professor, há desconfiança, isto porque já apare Tupiniquin e Guarani
ceram inclusive índios louros. Ser índio hoje em dia no Brasil
é muito vantajoso, é um grande negócio”. Apesar disso,
informou, informou Odil Telles, “A FUNAI vai fazer um Documento indígena faz acusações

cife”.
minucioso através da sua delegacia regional de Re
Os índios Tupiniquim e Guarani, que vivem no Espírito
Santo, não estão dispostos a aceitar pacificamente a intenção
Para a antropóloga Manuela Carneiro, da UNICAMP, o fato da empresa Aracruz Florestal de reduzir a área da reserva de
da FUNAI estar negando a existência desses índios é uma Caieiras Velhas em 800 ha, a exemplo do que já foi feito com
maneira de discriminá-los. Disse que “a questão de ser ou a área de reserva de Pau-Brasil, reduzida de 1.500 para 900
não ser índio não depende da miscigenação: depende da hectares.
*# de continuidade histórica da comunidade”. (FT Essa advertência consta do documento final do encontro que
representantes de cinco tribos indígenas de Minas, Espírito
Santo e Bahia fizeram em Teófilo Otoni, no último fim de
semana, com apoio do Grupo de Estudos da Questão Indí
Indios vão a Brasília se FUNAI não cumprir promessa gena e da Regional Leste II da CNBB. No documento, divul
Os cem remanescentes da tribo Tingui-Kariri-Botó, voltarão gado ontem em Belo Horizonte, Minas Gerais, os índios de
a Brasília no início de novembro, caso até o final de outubro talham problemas de cada tribo e se afirmam “cada vez mais
a FUNAI não cumpra sua promessa de enviar um delegado a críticos com relação à FUNAI”, concluindo que, “desta ma
fim de constatar a identidade indígena do grupo, que os di neira, é melhor que ela não exista”. (ESP — 21/1/81)
rigentes regionais da FUNAI no Recife se recusam a reco
nhecer.
O anúncio foi feito pelo cacique Adalberto Ferreira da Silva, Os Tupiniquim fazem acordo com Aracruz
que esteve recentemente em Brasília com alguns dos inte Conforme negociações mantidas entre o cacique José Size
> > Acervo
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nando, a diretoria da Aracruz Celulose e a FUNAI, os Tupi a respeito da origem da tribo, desmentiu-o afirmando que
niquim aceitaram abrir mão de 700 ha dos 2.700 de sua re cedeu parte da reserva de Caieiras Velhas “para acabar de
serva prevista, recebendo em troca barcos pesqueiros, redes, uma vez por todas com os atritos que há anos a gente vem
frigoríficos, sementes, merenda escolar gratuita, escola e tendo com a Aracruz Celulose”. (ESP — 6/6/81)
posto de saúde, dentro de um programa comunitário que
será supervisionado pela FUNAI. (O Dia — 22/1/81)
CIMI desmente coronel da FUNAI sobre Aracruz
O CIMI distribuiu nota ontem, em Brasília, desmentindo as
Os Guarani não aceitam acordo afirmações do presidente da FUNAI, sobre a doação de
terras por parte da multinacional Aracruz Celulose aos índios
O representante do CIMI — Espírito Santo, Fábio Vilas, foi Tupiniquim e Guarani de Caieiras Velhas, no Espírito Santo.
preso ontem por agentes da Polícia Federal em Santa Cruz, Nobre da Veiga declarou na semana passada que a Aracruz
a 80 quilômetros de Vitória, depois de se recusar a abando cedeu terras aos índios e que eles nunca foram habitantes
nar a reserva habitada por 80 Guarani, ao lado do rio Pere
quê-Açu. Funcionários da FUNAI começaram a demarcar a daquela região, e, por isso, não podem reivindicar terras.
reserva pela manhã, sob protesto dos índios Guarani, que Segundo o CIMI, esta declaração é falsa, pois os índios
alegam ser sua dimensão inferior à área originalmente tra ocupam estas terras desde 1610 e, em 1940, o governo do
çada pelo órgão, conforme a Portaria nº 609, de novembro Espírito Santo fez uma concessão de 10 mil hectares para a
de 1980. Armados de facões e foices, os Guarani chegaram a Companhia de Ferro e Aço, que mais tarde foi negociada
com a Aracruz, que também ocupou os 30 hectares restantes
impedir a entrada na área dos funcionários da FUNAI. O da área indígena. O CIMI diz, ainda, que em maio do ano
bispo de Teófilo Otomi, denunciou que a demarcação das passado o coronei visitou sigilosamente, dentro de um carro
terras dos índios Guarani e Tupiniquim está sendo feita pela da Aracruz, a aldeia de Caieiras Velhas, sem se entrevistar
FUNAI de acordo com o que pretendia a Aracruz Celulose, com os índios. No dia 12 de maio deste ano, a FUNAI iniciou
reduzindo sensivelmente a área que pertence aos índios. a demarcação das terras, reduzindo de 1.500 hectares para
(ESP – 14/5/81) 400 a de Pau-Brasil. Com isso, os índios perderam dois mil
* ##
— 9/6/81
4.200 compreendidos pelas duas aldeias. (ESP

“Guarani não tem direito à Terra”, diz a FUNAI


A FUNAI divulgou nota informando que a reserva de Caiei
ras Velhas (ES), que vem sendo demarcada atualmente, per Posseiros fazem manifestação na Câmara de Aracruz
tence aos índios Tupiniquim e não aos Guarani, “visto que 30 famílias de posseiros, ameaçados de expulsão da reserva
estes últimos são nômades e estão somente de passagem pela indígena de Caieiras Velhas, estiveram reunidos com verea
área, não tendo direito sobre as terras”. Uma área da reserva dores na Câmara de Aracruz para denunciar os índios Tupi
seria destinada aos Guarani, caso os Tupiniquim concordas niquim que, sob orientação da FUNAI estariam invadindo
sem com sua permanência nas terras, acrescentou a FUNAI. propriedades e ameaçando os moradores. Em pedido diri
O CIMI disse que a FUNAI está tentando indispor os Tupi gido ao Ministro do Interior à FUNAI e ao Governo do Es
niquim contra os Guarani. (Diário do Paraná — 16/5/81) tado (ES) o prefeito pede que os posseiros sejam indenizados.
(Gazeta de Vitória — 10/10/81)

Bispo denuncia a FUNAI Cacique denuncia vereador


O bispo de Goiás Velho e vice-presidente do CIMI, Dom O cacique Tupiniquim José Sizenando disse que as acusações
Tomás Balduíno, denunciou ontem em Vitória, onde se rea do Vereador de Aracruz são mentirosas, que os índios não
liza uma reunião nacional da entidade, que a FUNAI vem estão invadindo “propriedades”, e que se houver algum atri
adotando estratégias para “conflitar tribos indígenas e facili to entre índios e posseiros o responsável será o vereador que
tar o trabalho de expropriação de terras por parte de em está incitando os últimos a reagirem. Por outro lado o repre
presas, como a Aracruz Celulose”. (Tribuna da Imprensa — sentante da FUNAI na área, Oduvaldo Mota, confirmou que
22/5/81) a FUNAI vai indenizar os posseiros que deverão sair da re
serva, (Gazeta de Vitória — 15/10/81)

Ameaças do coronel e acordo dos Tupiniquim


Depois de distribuir ontem Cr$ 20 mil a cada um dos 50
chefes de família de Caieiras Velhas, aldeia Tupiniquim Tuxá
a 70 quilômetros de Vitória, o coronel presidente da FUNAI
negou que parte da reserva tenha sido cedida à Aracruz Celu
lose como parte de um acordo. “Na verdade” — disse — Índio desaparecido
“o que houve foi uma cessão de terras por parte da Aracruz. A FUNAI entrou em contato com a polícia e acionou a sua
Esses índios apresentaram documento que caducou no final assessoria jurídica em Brasília para descobrir o paradeiro do
do século passado. Além de doar terras, ela resolveu dar um índio José Nabor Tuxá, que se encontra desaparecido desde o
auxílio aos índios para melhorar seu padrão de vida e mos último dia 20 de março. O desaparecido fazia parte do grupo
trar sua liberalidade”. O coronel, que permaneceu na aldeia de índios estudantes que se hospedava na Casa do Ceará. O
apenas o tempo necessário para entregar pessoalmente o di pai de Nabor está em Brasília e quer saber onde se encontra o
nheiro, ainda ameaçou: “Já ganharam terras, estão com esse filho. O rapaz trabalhava para a CAESB, na Granja do Torto
dinheiro e têm o apoio da FUNAI. Não quero mais ver vocês e havia voltado de férias. (O Povo — 8/5/81)
envolvidos com o pessoal do CIMH. Eles só querem atrasar a
vida de vocês. Eu já botei um deles na cadeia e vou mandar
vocês para lá também, se não pararem com agitações”. Dis Índio pede proteção a advogados
cordando dos historiadores, que sempre localizaram os Tupi O índio Marcos Terena, presidente da UNI, denunciou, on
niquim, desde a colonização portuguesa, na região Norte da tem, à Comissão dos Direitos Humanos da OAB-DF, o “de
antiga capitania do Espírito Santo, o coronel defendeu a tese sinteresse da FUNAI na apuração do desaparecimento do
de que “os Tupiniquim nunca foram habitantes daqui, e por segundo índio em Brasília” que vivia sob a tutela daquela
isso não podem reivindicar terras”. Porém, o cacique José fundação. Terena comentou ainda que a FUNAI não se
Sizenando, chefe de um dos três grupos Tupiniquim da re dignou a designar uma pessoa para acompanhamento de
gião, além de afirmar que “o coronel está mal-informado” qualquer providência. Por esta negligência, os demais índios
> > Acervo
__/ # ^
que residem em Brasília — na Casa do Ceará — estão teme mesa-redonda realizada como parte da Semana de Estudos
rosos de terem o mesmo destino.” sobre o Índio do Nordeste, promovida pela Universidade
Marcos Terena pediu à OAB-DF para designar um represen Federal de Sergipe, a Profº Beatriz Góis, presidente da Co
tante com a finalidade de acompanhar o caso, informando missão Pró-Indio de Sergipe, lembrou que a destruição do
ainda que a Secretaria de Segurança do DF achou uma cemitério Xocó representaria sério atentado à preservação
ossada humana, em Taguatinga, que foi identificada como cultural do grupo indígena, que ainda não foi reconhecido
restos mortais de José Nahor Araujo Cruz, o índio desapa oficialmente pela FUNAI.
recido. Ele estudava no GISNO — Ginásio da Asa Norte, O cemitério fica na fazenda Belém, de propriedade da famí
trabalhava na CAESB e desapareceu entre os dias 19 e 20 do lia Brito, com quem os índios Xocó disputaram a posse da
mês de maio. (Correio Braziliense — 26/6/81) Ilha de São Pedro, do rio São Francisco, até a questão ser
resolvida pelo governador Augusto Franco, que em 1979
desapropriou as terras pagando Cr$ 2,4 milhões aos Brito e
Xocó garantindo a permanência dos caboclos na área. (ESP -
31/10/81)

Em Sergipe, fazenderio proíbe índios de acesso a estradas


Os índios Xocó, que habitam a ilha de São Pedro, no Estado Xukuru
de Sergipe, estão revoltados e exigindo providências das au
toridades porque foram proibidos pelos proprietários de uma
fazenda, de utilizar uma estrada que lhes dá acesso mais Projeto da FUNAI para os índios
fácil às povoações vizinhas. A FUNAI vai implantar um projeto de desenvolvimento eco
A CPI-SP recebeu a denúncia dos Xocó e informou que hoje nômico na comunidade indígena dos Xukuru, que vivem no
o delegado da região vai tentar solucionar o problema dire município de Pesqueira (PE). O projeto, com recursos de um
tamente com o prefeito de Propriá. milhão e setecentos mil cruzeiros, destina-se à produção de
Os índios já tentaram, sem sucesso, obter autorização para o milho, feijão, tomate, pimentão e hortaliças, informou on
uso da estrada recorrendo ao secretário do governador Au tem a assessoria de imprensa do órgão tutor.
gusto Franco, ao juiz de Direito, ao prefeito e até ao dele Segundo previsões da FUNAI, os 100 ha. das lavouras mistas
gado. Para os Xocó a situação fica difícil porque o prefeito de de milho e feijão devem produzir cerca de 1.500 sacas de
Propriá pertence à família Brito, proprietária da Fazenda milho e 1.200 de feijão. A produção de hortaliças, informa
Caiçara e em litígio com os índios há muitos anos. Os donos ainda a FUNAI, será comercializada entre janeiro e maio do
da fazenda alegam que a estrada também é de sua proprie próximo ano. (FSP — 10/12/81)
dade, mas a CPI-SP garante que ela foi construída antes da
chegada da família Brito à região. Ainda segundo a Comis
são, existe documentação que prova a posse da Ilha por parte Xukuru-Kariri
dos Xocó, desde fins do século 17. (FSP — 10/2/81)

Xucuruimpedem ocupação de terras


Indios são atacados e a FUNAI se omite Dois técnicos da FUNAI, um topógrafo e outro engenheiro,
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do mu estão em Palmeira dos Indios — 157 km da capital, demar
nicípio sergipano de Porto da Folha, Manoel Rodrigues de cando as terras dos índios Xucuru-Kariri, que as ocuparam
Oliveira, denunciou ontem, em Aracaju, que há cerca de 15 em dezembro de 1979 depois de saberem que a Prefeitura do
dias foram feitos vários disparos de arma de fogo em direção Município iria vendê-las para construir a sede da sua uni
à Ilha de São Pedro, localizada no Rio São Francisco, em . versidade autônoma. Até hoje cerca de 800 índios se revezam
Sergipe. em vigília para impedirem a ocupação das terras.
Manoel Oliveira disse que os disparos partiram do matagal Conhecida como Cafurna, a fazenda tem cerca de 200 ha
existente na margem sergipana do São Francisco e foram avaliados pelo Cacique Antonio Celestino em Cr$ 3 milhões.
feitos para o alto, sem ferir ninguém. (Tribuna da Imprensa O prefeito Enéas Simplício (PDS) não quer confusão com os
— 27/2/81) índios, mas exibindo uma escritura de 1922 deseja vender as
terras. Os Xukuru contestam a escritura e mostram outra do
século passado.
Estilingues X pistoleiros armados As terras servem de cemitério para os índios e o cacique
Desconfiado, pensando muito antes de falar, o índio Xocó sustenta que seu valor é incalculável, porque lá estão enter
Paulo Acácio dos Santos, um dos 225 da tribo que ocupa a rados seus antepassados, e, também, existe a área sagrada
ilha de São Pedro, em Sergipe, disse ontem à tarde, durante onde cantam e dançam em louvor aos mortos. (Jornal de
Santa Catarina — 15/1/81)
a reunião das CEBs, em Itaici (SP), que a disputa por terra
em sua região está levando os índios a enfrentar pistoleiros
armados, “com rudimentares estilingues, utilizados para a
FUNAIregulariza terra dos Xukuru-Kariri em Alagoas
caça de pássaros”. A tribo Xocó integra a CEB da Diocese de
Propriá, e “a partir da conscientização dos nossos direitos”, A FUNAI regularizou, através de escritura, a área denomi
nada Mata da Cafurna, em Palmeira dos Indios (AL), desti
passou a reivindicar a posse de uma vasta área, atualmente
da família João Brito, doada aos índios por D. Pedro. “A nada aos índios Xukuru-Kariri. Segundo a assessoria de im
FUNAI”, afirma Paulo Acácio, um dos líderes da CEB local, prensa do MINTER, essa área tem 117 ha e vem sendo recla
“reconhece que a área é nossa, mas o governo só nos deu de mada há 200 anos pelos indígenas. (FT — 28/2/81)
volta uma pequena gleba de 319 tarefas”, o equivalente a 98
hectares. (ESP – 24/4/81)
Índios comemoram em praça pública retomada de terra
Todas as tribos indígenas de Alagoas irão participar neste
sábado, da festa dos índios Xukuru-Kariri, na cidade de Pal
Ameaça a Xocó denunciada em Sergipe meira dos Índios, a 140 km de Maceió. A comemoração é
O chefe das famílias sergipanas descendentes da tribo Xocó, pela vitória da demarcação das terras da Fazenda Cafurna,
Paulo Acácio, denunciou ontem, em Aracaju, que o antigo após 170 anos de lutas. A informação foi dada pelo antro
cemitério dos índios poderá ser destruído por tratores que pólogo Clóvis Antunes, coordenador da Comissão Pró-Indio
estão preparando o solo para plantio na área em que ele está de Alagoas, da Sociedade Alagoana de Defesa dos Direitos
localizado, na região do Baixo São Francisco. Durante a Humanos. (O Dia — 27/3/81)
> > Acervo
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Questionada a liderança do cacique o cacique Manoel Celestino vem sofrendo uma forte campa
A FUNAI informou que apesar da ocorrência de brigas den nha, que visa incompatibilizá-lo com a tribo, instalada no
tro da comunidade Xukuru-Kariri em conseqüência de dis Município de Palmeira dos Índios, a 137 km de Maceió.
puta interna de liderança e, embora já esteja acompanhando As pressões cresceram depois que comandou a invasão das
o problema, o órgão está interferindo diretamente. O escla terras da fazenda Cafurna, que a Prefeitura queria vender,
recimento foi prestado pelo chefe da 3° Delegacia da FUNAI, para assegurar a posse dos Xukuru. (JB — 9/9/81)
com sede em Pernambuco, Leonardo Reis, que já realizou
# reuniões na comunidade conseguindo acalmar os ín
1{}$.
Xukuru-Kariri vão falar por “orelhão”
Segundo Leonardo Reis, os Xukuru-Kariri acusam o cacique Os Xukuru-Kariri serão os primeiros índios do País a contar
Manoel Celestino de utilizar as verbas destinadas à comuni
com um serviço de telefone a partir do mês de janeiro de 82.
dade para viajar a Brasília. Esta suspeita dividiu o grupo e Atendendo pedido feito pelo cacique Manoel Celestino da
passou a interferir inclusive no desenvolvimento dos projetos Silva, a Telecomunicações de Alagoas — TELASA — já está
elaborados pela FUNAI para a área. O problema foi ameni providenciando a instalação naquela comunidade que conta
zado com a doação pela fundação de 117 ha de terras na com cerca de 600 pessoas de um posto telefônico..que, apesar
Mata da Cafurna há cerca de um mês aos Xukuru-Kariri, de ser do estilo “orelhão, também poderá receber ligações”.
quando houve uma segunda reunião entre Leonardo e os (Notícias Populares — 2/11/81)
índios. Na ocasião, a comunidade decidiu dar mais uma
chance ao cacique e os trabalhos da FUNAI na área estão
sendo retomados. (ESP — 23/4/81)
Wassu

Cacique afastado por criticar FUNAI


O Conselho Tribal dos Xukuru-Kariri, em Palmeira dos Os Wassu em pé de guerra contra ameaças
Indios, destituiu ontem seu cacique, Manoel Celestino, por Os Wassu, que habitam a Fazenda Cocau, estão ameaçados
ter acusado “em nome da tribo, o delegado e todos os fun de ter suas terras invadidas a qualquer momento por pos
cionários da FUNAI de ladrões”. A destituição do cacique foi seiros. A localidade dista aproximadamente 100 km de Ma
decidida sob pressão do pajé Miguel Celestino da Silva e do ceió, e segundo o cacique José Manuel de Souza, a eles foi
vice-cacique Paulo Jorge, que disseram reconhecer na FU doada por D. Pedro II, através do capitão Salazar.
NAI “um órgão que promove medidas que vão de encontro A doação, segundo explicou, foi uma recompensa pela bra
aos interesses de muitas tribos indígenas”. (O Globo — vura de guerreiros da tribo que foram lutar na Guerra do
2/7/81) Paraguai. Outrora as terras eram bem maiores, conforme
explicou o líder indígena, mas “foram tomando por todos os
lados, acochando a gente agora querem nos tirar de vez. Mas
FUNAI conclui regularização da área Xukuru-Kariri para onde é que a gente vai, se sair daqui?”.
A FUNAI concluiu, ontem, os trabalhos de regularização da Ontem de manhã, quando souberam da intenção dos possei
área indígena Mata da Cafurna, habitada pelos índios Xu ros de invadir suas terras, derrubaram a única ponte que
kuru-Kariri, esta é a primeira e única área indígena até o dava acesso a elas, formada de meia dúzia de toras de ma
momento, efetivamente regularizada, após cumpridas todas deira, de grande largura. Ainda bem cedo, conforme denun
as fases técnico-administrativas inerentes ao processo global ciou o cacique, três caminhões chegaram até o local, “mas
de organização fundiária. A área da Mata da Cafurna com quando viram que a gente estava disposto a defender de toda
uma superfície de 117 hectares e 60 ares, foi doada à comu #" a terra, eles voltaram”. (Gazeta de Alagoas — 21/
nidade indígena Xukuru-Kariri pela municipalidade de Pal
meira dos Indios, conforme lei de 21 de agosto de 1980,
passando a integrar as terras de domínio pleno dos índios, de
#" o Estatuto do Indio. (Jornal do Commercio —
2/8/81
Jaca e rato alimentam indios
— “Os homens tão com vergonha de contar, mas eu vou
dizer, seu moço: a gente tá passando fome, num tem cumida
nenhuma... Sabe o que é que a gente tá comendo? Jaca
Cacique deposto retorna ao poder pelo plebiscito cozinhada, calango, gabiru, rato e miolo de dendê.” O desa
Um plebiscito impôs a vontade da maioria entre os índios bafo é de Joelita Francisca na presença do Cacique e demais
Xukuru-Kariri, e devolveu o poder, com autoridade refor irmãos da tribo que falavam da situação em que se encon
çada, ao cacique Manoel Celestino. Há dois meses, ele havia tram. (Gazeta de Alagoas — 21/4/81)
sido vítima de um golpe aplicado por três membros do Conse
lho Tribal, liderados pelo pajé Miguel Celestino, tio do tu
X3li8.
Entrincheirados, índios Wassu repelem invasores de terras
Reempossado em clima de festa, mas sem ter ainda superado Armados de rifles, escopetas e facões, cerca de 100 índios
a crise com o pajé, Manoel Celestino denuncia “manobras Wassu, dos quase mil que vivem ao norte de Alagoas, espe
externas” para destruí-lo e acusa o chefe do posto local da ram entrincheirados fazendeiros e capangas que anunciaram
FUNAI. Para ele, houve reação à sua posição em defesa dos a invasão de suas terras. Eles destruíram a ponte de madeira
índios e à liberdade que concedeu a universitários ligados ao para obrigar os invasores a entrar a pé na aldeia, que fica a
PMDB para transitarem pela Aldeia. (JB — 21/8/81) 100 km da capital, no município de Joaquim Gomes.
Os índios descendem dos Caeté e ganharam seis léguas de
terras de D. Pedro II. Da área só restam 80 ha, grande parte
Cacique repele ação golpista impraticável para a lavoura, porque os fazendeiros, planta
Depois de rechaçar o golpe de Estado com um plebiscito, dores de cana-de-açúcar, começaram a tomar suas terras.
o cacique dos Xukuru-Kariri, em Alagoas, Manoel Celestino, Os índios acusam o fazendeiro Amaro Galdino de chefiar os
vem recusando o acordo que os golpistas, liderados pelo pajé, capangas que ameaçam invadir as terras da fazenda. O ca
estão propondo para criação da função de vice-cacique. A cique José Manuel de Souza disse, claramente, que agora a
proposta, para Celestino, é absurda, “pois não existe essa tribo está consciente das maldades que os fazendeiros fazem
função entre índios”, e também porque ele vê nisso uma nova e vão brigar pela posse da terra. Da parte dos fazendeiros
ação golpista. Desde quando aliou-se a movimentos políticos houve um recuo quando o caso passou a ser comentado pela
de oposição — Sociedade de Defesa dos Direitos Humanos — imprensa. (O Liberal — 22/4/81)
FUNAI apura violência contra índios Wassu
A FUNAI pediu o envio de agentes federais ao município
alagoano de Joaquim Gomes a fim de apurar denúncias
contra fazendeiros que estariam invadindo as terras dos ín
dios Wassu e praticando violências. O presidente da FUNAI,
Nobre da Veiga, informou que a área habitada pelos rema
nescentes Wassu está sendo estudada por técnicos, objeti
vando o reconhecimento daquele grupo e a regularização de
suas terras. (Última Hora — 25/4/81)

Polícia desarma índios que temiam ataque de fazendeiros


A polícia desarmou os índios Wassu, entrincheirados há oito
dias para uma guerra com fazendeiros e jagunços, que que
riam invadir suas terras, no Município de Joaquim Gomes,
a 86 km de Maceió. Diante da promessa dos policiais de que
não haveria invasão, os 100 índios mobilizados para a guerra
entregaram suas espingardas, foices e escopetas. Os Wassu
destruíram a ponte que leva à aldeia para obrigar os fazen
deiros e jagunços a irem a pé até suas tocaias. Estrategica
mente espalhados no mato e às margens da estrada, os índios
só permitiam o acesso de membros da CEB que atua em
Joaquim Gomes e da imprensa. Localizados em 1968, os
Wassu ainda lutam para que a FUNAI demarque suas ter
ras, calculadas, inicialmente, em 6 quilômetros quadrados.
Vivendo em completa miséria, a maioria dos Wassu está
empregada no corte da cana, em fazendas vizinhas, muitas
das quais, de acordo com a versão do cacique José Manuel,
tomadas da própria tribo. (JB — 25/4/81)

Prefeito vê agitação em revolta de índios


O prefeito de Joaquim Gomes, a 86 km da capital, Gender
valdo Cícero dos Santos (PDS), denunciou a presença de agi
tadores entre os índios Wassu, que se armaram para enfrentar
fazendeiros da região, e individualmente identificou um dos
membros das comunidades de base da igreja que atua no
município.
Negou estar havendo “grilagem” nas terras pertencentes aos
Wassu, que foram desarmados, esta semana, pela polícia,
após passarem oito dias entrincheirados. (Gazeta de Vitória
— 26/4/84)

Reserva Wassu de novo invadida por brancos


A reserva dos Wassu voltou a ser invadida pelos posseiros
brancos, que estão plantando cana-de-açúcar em suas terras
e ameaçando as famílias de despejo.
O local mais atingido pela ação do posseiro Amaro Batista é
o Sítio Pedrinhas, onde residem mais de dez famílias, todos
descendentes da tribo Wassu, onde plantam o feijão, man
dioca, milho, banana, inhame e conservam uma casa-de
farinha, vendendo seus produtos nas feiras livres das cidades
próximas. A cana plantada pelos índios serve para o con
sumo deles próprios, enquanto a área invadida pelo posseiro
#" a usinas de açúcar, (Gazeta
9
de Alagoas — 22/
* @_Acervo
_/g, SA

1. Guarani
2. Kadiwéu
3. Kaingang
4. Terena
5. Xokleng
> > Acervo
_A = A 59

REGIÃO V:
Sul

A região Sul do país conta com populações indígenas bas Guarani


tante numerosas e que mantêm estreita relação com a popu
lação regional da área, que se apresenta como uma região de
colonização consolidada. As frentes de colonização alcança Morre “Paraguaio”, lider Guarani *

ram as últimas áreas onde os índios viviam em relativo iso Depois de três meses em estado de coma, morreu na noite do
lamento, no início deste século. A essa população original dia 30, “Paraguaio”, líder Guarani da aldeia de Manguei
vieram se somar contingentes populacionais (principalmente rinha, no sudoeste paranaense. Foi internado em conseqüên
Guarani) vindos do sul do MS e que já tinham um contato cia de ferimentos recebidos em acidente automobilístico
mais antigo com as populações brasileiras. No MS, exíguas ocorrido em setembro do ano passado. As causas do aci
reservas abrigam grandes contingentes populacionais (como dente, muito parecido ao acidente em que perdeu a vida o
no caso dos Terena e Guarani) obrigando os grupos, como líder Kaingang da mesma reserva de Mangueirinha, Angelo
solução de sobrevivência, a entrarem numa economia de Cretã, até hoje não foram esclarecidas. As investigações fo
mercado, tanto na escolha do que e como plantar, como ram acompanhadas por um assessor direto do ministro do
procurando emprego nas cidades. A FUNAI tenta nessa Interior, Mário Andreazza. Ontem, na reserva, a situação
área, Sul e MS, implantar o modelo de lavouras mecaniza era tensa. Há mais de vinte anos os Kaingang e Guarani
das voltadas para a produção de gêneros exportáveis, con lutam para reaver quase 19 mil hectares de terras, explorados
forme o perfil agrário regional. O caráter empresarial desses pela madeireira Slaviero e Filhos. (O Globo — 2/1/81)
“Projetos de Desenvolvimento Comunitário”, a que se desti
nam enormes recursos, acabou por criar um modelo autori
tário e desenvolvimentista, que trouxe no seu bojo a impo FUNAI libera verda para Guarani
sição de numerosas lideranças indígenas nas áreas por eles A FUNAI liberou Cr$ 2 milhões e 930 mil aos 350 índios
afetadas. Paralelamente, continua a luta, agora travada a Kaingang e Guarani que estão sob a jurisdição do Posto
nível jurídico e por iniciativa dos próprios índios, contra a Indígena Cacique Doble, no Rio Grande do Sul. O dinheiro
retirada clandestina de madeira e a expropriação inconsti será aplicado na ampliação das áreas de cultivo do trigo, mi
tucional das reservas feitas no final da década de 40 pelo lho, soja, arroz e feijão e também para a construção de
então governador Moisés Lupion. Mas, enquanto numerosos armazém e barracão para as máquinas. O objetivo do pro
grupos indígenas travam verdadeira luta nos tribunais, su jeto é oferecer à população indígena “melhores condições
portando juntamente com suas lideranças o peso da repres de vida e a efetiva posse e exploração de suas terras”. (Zero
são feita a partir da articulação dos interesses antiindígenas, Hora — 9/1/81)
outros grupos, como os Kadiweu, ainda não conseguiram se
impor, não só frente a essa articulação de interesses (expressa
por verdadeiras associações de grileiros) mas junto ao órgão Mais apoio às roças Guarani
tutor (FUNAI), que arrendou as terras que ocupam e que lhes Os índios Kaiowá-Guarani que vivem nas aldeias de Sanga
foram reservadas, desde a participação da tribo na Guerra do Puitam, Bacajá, Savera e Caatim, sob a jurisdição do Posto
Paraguai. Indígena Caarapó, no município de mesmo nome no Mato
> > Acervo
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Grosso do Sul, receberam cerca de 950 mil cruzeiros que se deslocarem para as cidades mais próximas para partici
serão utilizados em projeto agrícola ali implantado, a pedido parem de cultos. (Correio do Estado — 26/2/81)
da comunidade, pela FUNAI. Os recursos se destinam à
plantação de 90 hectares de terras, além de financiar o fun
cionamento de uma cantina reembolsável que deverá forne Mais um projeto agrícola para os Guarani
cer aos quase 1.300 indivíduos da reserva, os gêneros e pro Aproximadamente 1.500 índios Kaiowá-Guarani, sob a juris
dutos de necessidade a serem pagos depois da colheita. (Fo dição do Posto Indígena Amambái, no município do mesmo
lha de Goiás — 30/1/81) nome (MS), estão sendo mobilizados em projeto agrícola
solicitado pela comunidade e aprovado pela FUNAI. Serão
aplicados recursos da ordem de 1,5 milhão de cruzeiros.
O projeto visa o aproveitamento das terras da reserva através
Indios de Dourados obtêm boa produção agrícola de lavouras familiares e comunitárias, não só prosseguindo
A produção agrícola da reserva indígena de Dourados atin nos trabalhos já em andamento na aldeia Rancho do Jacaré
girá nesta safra 15.000 sacas de grãos na melhor colheita já (Mate Laranjeira) e em torno da sede do Posto, como ainda,
realizada desde que a FUNAI implantou um plano de apro iniciando as atividades agrícolas na aldeia Limão Verde,
veitamento de #o hectares onde estão assentados os gru como pretendem há algum tempo os indígenas ali radicados.
pos Terena e Kaiowá-Guarani. Atualmente 280 famílias es (O Fluminense – 21/3/81)
tão trabalhando nas lavouras da reserva, em lotes individuais
que variam de cinco a sete hectares. Segundo o chefe de posto
da FUNAI, Vandelino Bravim, algumas famílias já possuem Indios vão exigir área à Itaipu
até televisão a cores, sendo que apenas os da tribo Kaiowá Três índios Guarani, representando 13 famílias de Barra do
ainda praticam a lavoura de subsistência. O Posto Indígena Ocoí que terão suas terras alagadas no próximo ano pelo
de Dourados desmentiu informações segundo as quais os ín
reservatório da hidrelétrica de Itaipu, no Oeste do Paraná,
dios da reserva estariam proibidos de realizarem cultos na
reuniram-se ontem, em Curitiba, com o delegado regional da
reserva. “Por enquanto, somente a Missão Evangélica Kaiowa
(Igreja Presbiteriana) tem autorização da FUNAI para atuar FUNAI, reivindicando respeito pelos seus direitos. Da reu
na área”, devendo os índios simpatizantes de outras religiões, nião participaram ainda a ANAI, CIMI e Comissão Justiça e
Paz, que apresentaram por escrito um relatório da situação.
Os índios explicaram ao delegado da FUNAI que desejam
outras terras em troca da área a ser inundada e rejeitaram
de imediato a idéia de serem transferidos para alguma re
serva. O índio Cecilo Gomes, de 27 anos, que disse desco
nhecer até agora a existência da FUNAI, argumentou que as
reservas já não têm mais lugar para eles. Ele informou que
todas as famílias de Barra do Ocoí, situada a dois quilô
metros de Porto Irene, falam Guarani e são índios. “Meus
pais nasceram e morreram naquela terra”, lembrou. Se
gundo o CIMI, em 1979, a FUNAI transferiu algumas famí
lias de Ocoí para a reserva de Rio das Cobras, mas algumas
retornaram à área e outras foram trabalhar em fazendas.
Isto porque os Guarani de Rio das Cobras são do grupo
Mbyá, e os de terra do Ocoí são do grupo Xiripá. Ainda
segundo o relatório entregue à FUNAI, de acordo com recor
tes de jornais da época, o INCRA em 1976 desmatou a região
e queimou as casas dos índios, demarcando uma área desti
nada ao Projeto Ocoí, onde foram morar os colonos que
residiam no Parque Nacional do Iguaçú, desapropriado pelo
Ameaçados de perder suas terras, resta aos Guarani de Ocoi apelar INCRA. (ESP – 24/3/81)
aos seus deuses. (foto Luis Carlos Murauskas/FSP)

Guarani próximos a Itaipu reivindicam terras


Uma comissão técnica da FUNAI chega hoje à Barra do
Ocoí, região próxima a Itaipu, para elaborar um laudo an
tropológico sobre 13 famílias de lavradores que se dizem
Guarani e que também terão suas terras alagadas pelo reser
vatório da futura hidrelétrica. Os índios querem reconheci
mento oficial de sua origem para que possam ter respeitados
seus direitos. Três Guarani de Barra do Ocoí estiveram há
dois meses na 4º Delegacia, em Curitiba, informando que,
como índios, querem terras equivalentes à que perderão e se
recusam a morar nas reservas já existentes, porque a terra é
pouca. (ESP – 13/5/81)

Polícia Federal protege Guarani de Ocoi


A Polícia Federal do Paraná desde ontem está dando pro
teção às famílias Guarani ameaçadas de morte e expulsão de
suas terras, calculadas em 1.500 hectares, que serão inun
dadas pela hidroelétrica de Itaipu. A informação foi dada
ontem pelo Delegado Regional da FUNAI, Harry Telles,
após receber documento assinado pela Comissão Justiça e
Paz, CIMI e ANAI, relatando as denúncias de perseguições.
Uma das famílias Guarani que será despejada de Ocoí. Os índios, segundo as denúncias, estão sendo perseguidos
(foto Luiz Carlos Murauskas/FSP) desde há 4 meses, quando procuraram a FUNAI para reivin
Acervo
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dicar seus direitos de indenização, uma vez que sua área será ara Peruíbe “à força”. Assim como Simplício, os demais
inundada. O paraguaio Nicola Fernandes pretende a expul índios Guarani espalhados por São Paulo, Rio de Janeiro,
são dos índios do local porque se julga o único proprietário Rio Grande do Sul e Paraná estão ameaçados de serem en
da área e, conseqüentemente, pretende ser indenizado pela quadrados nos critérios de indianidade. Até agora a FUNAI
totalidade da área. (O Liberal — 18/6/81) já aplicou os “critérios” aos Guarani de Ocoí, Paraná, de
vendo ainda aplicá-los a outras comunidades desse grupo que
não tem terra definida, uma vez que seus integrantes estão
Indios Guarani do Paraná não são índios para FUNAI espalhados e vivendo ao lado de outros grupos indígenas,
A Comissão Justiça e Paz do Paraná acusou ontem a FUNAI como os Tupiniquim e Kaingang. (FSP — 8/10/81) (Ver
de estar tentando classificar como não-índias diversas famí seção “Emancipação e Critérios de Indianidade”).
lias da tribo Guarani que terão suas terras alagadas pela
barragem de Itaipu. Ontem, em Brasília, o advogado da
Comissão, Wagner D'Angelis, discutiu o problema com a A Igreja cede terras a Guarani
CNBB e com a direção da FUNAI, pois há suspeitas de que o Em São Paulo, a 45 quilômetros do centro da cidade, no
laudo antropológico feito pelo órgão para identificar os ín bairro de Campo Limpo, 15 indígenas da tribo Guarani —
dios Guarani tenha sido influenciado pelo paraguaio Nicolau quatro casais e sete crianças — habitam as terras da Igreja
Fernandes, que se diz cacique da tribo. A Comissão Justiça e Católica há 15 anos. Eles ocupam uma pequena faixa de
Paz e outras entidades de apoio ao índio do Paraná realiza terra no terreno de 13 alqueires — 314.600 m2 em alqueires
ram um laudo antropológico paralelo e agora querem con paulistas — que a Arquidiocese de São Paulo recebeu como
frontá-lo com o da FUNAI, pois o trabalho realizado confere doação de dona Lúcia Maria da Conceição, no século pas
a identidade indígena a todas as 14 famílias Guarani que sado, e ao qual, no último fim de semana, decidiu dar
ocupam a área há mais de 100 anos. (ESP — 4/8/81) (Ver “destinação social” cedendo-o, em regime de comodato, a
seção “Antropólogos”). famílias de lavradores da periferia da cidade. Mas os indí
genas não contam com qualquer ajuda, quer da FUNAI,
Igreja Católica ou da comunidade em geral. A Cúria Metro
Índios também reclamam de Itaipu politana, que cuida da implantação do projeto de cessão do
Além dos oito mil pequenos agricultores que estão sendo uso das terras, ainda não sabe o que fará com os indígenas. A
prejudicados com a indenização de suas terras a serem inun preservação ou não da tribo nos terrenos da Igreja, diz o
dadas pela hidroelétrica de Itaipu, no Paraná, os índios padre Adalto Karan, “é o grande problema que teremos que
Guarani que habitam a área a ser inundada por um lago de estudar. Os índios foram para as terras, há 15 anos, numa
1.400 km? entre o Brasil e o Paraguai também reclamam por situação de emergência e se acomodaram por lá. O problema
uma mudança mais justa. Segundo a Regional Sul do CIMI, está lá e precisa ser resolvido dentro dos limites do bom
o delegado regional da FUNAI no Paraná, Tenente José senso, olhando não só a parte das pessoas que necessitam de
Carlos Alves, e o coordenador do INCRA, Sr. José Gui terras para trabalhar, mas também a situação dos índios.
lherme, estão transferindo índios para o rio das Cobras, # #… eles iriam?”, pergunta o sacerdote. (FSP — 7/
Município de Cascavel (PR), em flagrante atentado ao Esta }
tuto do Indio, porque esta remoção só poderia ocorrer me
diante decreto presidencial. Na margem esquerda do rio
Paraná, no Município de Foz do Iguaçú, encontra-se um FUNAIrevê critério de indianidade aplicado aos Guarani de
grupo Guarani composto de 19 famílias do grupo Nhandeva Ocoi
(Xiripá) que tradicionalmente habitam o lugar chamado O presidente da FUNAI, coronel Paulo Moreira Leal, prome
Jacutinga, pouco abaixo da Foz do Ocoí. Há cerca de quatro teu ontem que o Conselho Indigenista da FUNAI vai reava
anos, policiais fardados expulsaram diversas famílias gua liar os critérios de indianidade adotados pelo antropólogo
rani de suas terras, ateando fogo às casas. E, desde 1979, têm Célio Horst para classificar os Guarani que vivem em Jacu
transferido outras famílias para rio das Cobras, mas ocorre tinga (PR) como “não-índios”. Os índios terão suas terras
que esta transferência nunca termina, porque os índios retor inundadas pela hidroelétrica de Itaipu e esperam uma inde
nam para Ocoi, e quando a FUNAI vai buscar um novo nização por parte da FUNAI. Ontem, um grupo de Guarani
grupo de famílias encontra diversos que já havia transferido esteve com o coronel Leal em Brasília, acompanhados do
anteriormente, (JB — 21/8/81) presidente da Comissão Justiça e Paz do Paraná, Wagner
Rocha D'Angelis. (ESP — 15/12/81) (Ver seção “Antropô
logos).
Guarani (Paraná) perdem terra na Justi
Em Brasília, o ministro do TFR José Cândido deferiu, on
tem, o pedido de interdito proibitório feito pelos índios Gua Prometida solução aos Guarani de Ocoi
rani, que estão em litígio com a Slaviero e Filhos S/A In O presidente da FUNAI, coronel Leal, prometeu uma solu
dústria e Comércio de Madeira, no Paraná. Os índios reivin ção “pelo menos teórica” até dia 14 de janeiro para as seis
dicam a posse de uma área de 900 hectares, e são apoiados famílias de Guarani de Ocoí que deverão deixar suas terras
pela FUNAI. Os Guarani e Kaingang perderam essas terras em quatro meses. A informação foi transmitida ontem, em
localizadas nos municípios de Mangueirinha e Chopinzinho Curitiba, pela Comissão de Justiça e Paz do Paraná, CIMI e
em 1949, quando, através de um convênio, a área foi trans ANAI ao Delegado Regional da FUNAI no Paraná, Harry
ferida para o domínio do Estado, que, por sua vez, a vendeu Teles. As entidades de apoio ao índio estiveram em Brasília
a terceiros. (ESP — 19/9/81) para entregar um documento ao coronel Leal que trazia
algumas reivindicações da comunidade Guarani. Em pri
meiro lugar foi pedida uma revisão no laudo da FUNAI que
FUNAI nega identidade de índio apontou a existência de três famílias de não-indígenas no
O funcionário do DGO da FUNAI de Brasília, José Fagun local. “Essa informação foi manipulada por um lavrador da
des, negou a identidade indígena ao Guarani Simplício da área, Nicolau Fernandes, que tinha interesses nas terras”,
Silva, que vive na aldeia de Peruíbe, em São Paulo. A denún declarou o Guarani Fernando Martines, dirigente religioso
cia foi feita pelo próprio índio de 70 anos que se encontra em da comunidade. Segundo Martines o antropólogo da FUNAI
Brasília para receber a aposentadoria retida no INPS a partir não manteve contato com as três famílias. O coronel Leal,
de dezembro de 1979. O índio teme ser enquadrado dentro que teve a oportunidade de comprovar pessoalmente que as
dos critérios de indianidade elaborado pelo órgão. Segundo pessoas apontadas como não-índias tinham todas as caracte
Simplício, o funcionário da FUNAI queria mandá-lo de volta rísticas de índios, comprometeu-se a pedir ao Conselho Indi
genista da FUNAI uma revisão do laudo e incluir, na relação A FUNAI pretende propor-lhes a permanência na área, mes
das famílias residentes na área, mais três famílias da tribo que mo que suas propriedades fiquem dentro da reserva. Será
se encontravam no Paraguai durante a realização do laudo e preciso, porém, solucionar o problema dos colonos e possei
que foram expulsas da área por Nicolau Fernandes. A FU ros que não têm outro local para se instalar. (O Globo —
NAI prometeu verificar as possibilidades de reassentamento 28/6/81)
das seis famílias em alguma área do oeste paranaense (terri
tório tradicional dos Xiripá-Guarani), em alguma área pró
xima a Cascavel ou então na serra do Mar, pois os índios Pró-Índio denuncia invasão da reserva Kadiweu
desejam(ESP
mato”. ser transferidos
– 22/12/81) para uma área que tenha “bastante

A CPI-SP denunciou ontem, através de nota à imprensa, que
os índios Kadiweu estão confinados a uma pequena parcela
da reserva Bodoquena, no Mato Grosso do Sul. Embora a
reserva tenha mais de 400 mil hectares, “está quase total
Kadiweu mente tomada por 98 arrendatários e dez mil posseiros”,
segundo a nota. A Comissão informou que o Exército está
realizando a quarta demarcação da área, com prazo de tér
mino dos trabalhos marcado para depois de amanhã. “Ao
FUNAI arrenda terra dos índios contrário da última demarcação, em 79, os arrendatários e
Dos 400 mil hectares doados pelo imperador D. Pedro II aos proprietários limítrofes não estão impedindo os trabalhos.
índios Kadiweu, em reconhecimento à sua participação na Os índios sabem, de conversas, que os fazendeiros não vão
Guerra do Paraguai, existem atualmente pouco mais de 24 reagir agora, mas também não respeitarão a linha demar
mil, denunciou, no plenário da Câmara, o deputado Antonio catória do Exército”, acrescenta a nota. “Há informações de
Carlos de Oliveira, que disse ter constatado, pessoalmente, que a FUNAI vai renovar os contratos de todos os arrenda
que a FUNAI arrenda cerca de 300 mil ha a grandes lati tários da área no final deste ano, o que o Estatuto do Indio
fundiários, sem que nenhum benefício seja revertidos aos proíbe. Para os pequenos invasores, não existe nenhum plano
índios. de reassentamento, muito pelo contrário, renovam-se pro
“A FUNAI não permite o funcionamento de escolas porque a messas de políticos locais, no sentido de regularizar essas
área é dos índios e, pelo mesmo motivo, não permite a posses”, conclui a nota. (FSP — 18/8/81)
entrada de brancos, embora não impeça a saída dos índios
que, em contato com a civilização, vão, dia a dia, perdendo
sua identidade e caminham celeremente para a extinção” — Reserva será preservada, diz a FUNAI
afirmou o deputado. (O Povo — 8/5/81) A área da reserva dos índios Kadiweu, do Mato Grosso do
Sul, não será alterada, apesar do descontentamento e das
pressões de fazendeiros da região compreendida pelos muni
Terras serão demarcadas cípios de Bodoquena, Miranda, Bonito e parte de Corumbá,
Equipes do Exército já estão na região da Serra da Bodo que reivindicam para si a posse dessa área. Segundo o dele
gado da FUNAI no Estado, os fazendeiros têm todo o direito
quena para iniciarem a demarcação dos 400 milha das terras
dos Kadiweu, invadidas por centenas de posseiros e arrenda de reclamar, inclusive na Justiça. Mas as terras da reserva —
tários há muitos anos. A informação é da coordenadoria disse ontem o delegado — são um patrimônio inalienável dos
geral da FUNAI em Campo Grande, acrescentando que nes índios, que as receberam de dom Pedro II depois da Guerra
sa 1° etapa dos trabalhos, apenas os levantamentos topo do Paraguai; e já estão totalmente redemarcadas pelo Exér
gráficos da área e também a implantação da infra-estrutura cito a pedido da Fundação. (FSP — 16/10/81)
para as demarcações serão feitas. (Correio do Estado —
23/5/81) •

Kaingang
FUNAI promete solucionar conflito
O delegado da FUNAI em Mato Grosso do Sul, Amaro Bar Kaingang denuncia exploração de índios no PIXapecó
bietas Ferreira, distribuirá nota à imprensa sobre os pro O índio Kaingang Avelino Alípio Fongreh, ex-gerente de
blemas entre os índios Kadiweu, funcionários do órgão e uma serraria que a FUNAI mantém no PI Xapecó, fez uma
fazendeiros instalados na reserva da Bodoquena. série de denúncias aos funcionários do órgão e ao cacique
Os atritos são provocados pela demarcação da reserva por desta aldeia catarinense. Além de espancamentos de índios, o
uma equipe de militares do DSGE, sob a supervisão de cacique José Domingos Paliano (escolhido pelos índios desde
engenheiros da FUNAI. Alegando que 150 mil ha de suas que o antigo chefe de posto, Franklin Mader, foi expulso
propriedades estão sendo prejudicados, 30 fazendeiros pedi pelos Kaingang) exige que os índios lhe paguem 10% do
rão à Justiça uma nova demarcação, dinheiro obtido com a venda de sua produção agrícola. O
A demarcação inicial da reserva foi feita em 1903, estabele dinheiro seria usado para a compra de remédios, prossegue o
cendo uma área de aproximadamente 400 mil ha, limitadas denunciante, que nunca aparecem. O que existe na aldeia,
pelos rios Paraguai, Aquidabã e pela Serra de Bodoquena. segundo Fongreh, é o atendimento médico da FUNAI que é
A partir de 1916 até 1948, o Governo do Estado do Mato “simplesmente horrível”. Além disso o cacique já chegou a
Grosso distribuiu títulos de propriedade de terras naquela espancar o chefe de posto, Leônidas Ferreira Vale e usa a
região, levando um grande número de fazendeiros a instalar polícia indígena para prender e espancar os que discordam
se na reserva, também invadida por mais de 300 famílias de das suas ordens. Fongreh denunciou o cacique de destruir o
colonos. No ano passado, a delegacia da FUNAI em Mato patrimônio indígena “permitindo que a serraria instalada na
Grosso do Sul contratou uma empresa de Goiânia para fazer sede do Posto extraia 290 dúzias de madeira de pinho e cerca
uma nova demarcação, que não chegou a ser concluída, de 100 metros cúbicos de madeira de lei, mensalmente, des
porque um grupo de fazendeiros apelou à Justiça e conseguiu respeitando portaria do presidente da FUNAI que permite
paralisar os trabalhos. apenas o abate de madeira desvitalizada”. A destruição de
E agora, com a atual demarcação, os 30 fazendeiros consti veículos do posto em festas e bebedeiras no meretrício tam
tuiram advogados e pretendem impetrar mandado de segu bém foi denunciada. Para finalizar, Fongreh, que vive em
rança, visando uma nova paralisação dos trabalhos de # Xanxerê depois de ser expulso da aldeia, disse que o cacique
marcação. Muitos deles, com títulos de propriedade doados mantém preso um índio nessa cidade, contrariando o Esta
pelo Estado de Mato Grosso há várias décadas, temem que tuto do Indio, que proíbe a prisão de índios em prisões co
após a homologação da demarcação pelo presidente da Re muns. As denúncias foram encaminhadas ao Delegado Re
pública não possam mais entrar com recursos judiciais. gional da FUNAI em Curitiba, acompanhadas de um pedido
> > Acervo
–/ { E A 63

de destituição do cacique, do seu genro Adão Ferreira, do Surto de desidratação ameaça índios de Nonoai
executor Isaltino Silvério e de seu irmão, o Auxiliar Admi A comunidade indígena de Nonoai, calculada em 1.900 ín
nistrativo João Silvério. (O Estado — 3/1/81) dios Kaingang e Guarani, está seriamente ameaçada por um
surto de desidratação desde o início da semana. Entre as
causas do surto de desidratação aventou-se a hipótese de que
Morte de “Paraguaio” cria tensão na reserva talvez seja devido à água consumida na reserva, carregada de
A morte do líder Norberto Gabriel, o “Paraguaio”, Guarani grande quantidade de defensivos agrícolas usados nas lavou
da reserva de Mangueirinha, poderá desencadear uma nova ras da região. A qualidade da água consumida pelos índios já
onda de animosidade entre os Guarani e Kaingang daquela teria inclusive causado morte entre as crianças. (ESP —
reserva paranaense que há mais de trinta anos lutam para 28/1/81)
reaver as terras (sete mil hectares), que estão hoje nas mãos
da firma Slaviero Comércio e Indústria. Paraguaio, como o
líder Kaingang Angelo Cretã, morreu em acidente automo ANAI organiza culto em memória de Cretã ----

bilístico em condições suspeitas. Ambos os casos estão sendo Um culto ecumênico em memória do cacique Kaingang An
investigados pela Polícia Federal. Os índios perderam suas gelo Cretã, falecido em acidente automobilístico há um ano,
terras em 1947 quando o então governador Moisés Lupion será realizado amanhã na Igreja Bom Jesus, em Curitiba.
reduziu e vendeu parte da área indígena ao grupo Fort Na cerimônia, organizada pela ANAI, será prestada também
Khouri, que a vendeu ao grupo Slaviero. (FSP — 4/1/81) uma homenagem ao cacique Norberto Gabriel, o “Para
guaio”, líder Guarani da reserva de Mangueirinha (PR),
também falecido em acidente automobilístico. Durante o
Deputado afirma que “Paraguaio” foi assassinado culto será feita a leitura da “Missa da Terra Sem Males” de
O deputado Hélio Duque contestou ontem em Londrina a autoria de Pedro Tierra e Dom Pedro Casaldáliga. (O Estado
hipótese da polícia paranaense de que a morte do líder Gua do Paraná — 28/1/81)
rani “Paraguaio” tenha sido acidental. “Na verdade — afir
mou — houve assassinato premeditado na morte do Kain
gang Angelo Cretã, o que agora se repete com seu sucessor, o FUNAIignora pedido da PAULIPETRO
índio “Paraguaio”, também vítima de um simulado acidente A FUNAI só examinará uma eventual exploração de petróleo
rodoviário.” (O Globo — 5/1/81) em áreas indígenas se receber um pedido formal da PETRO
BRÁS. A licença vem sendo reivindicada pela PAULIPE
TRO que pretende realizar prospecções na reserva indígena
FUNAI reforça projeto agrícola para Guarani e Kaingang de Nonoai. A FUNAI, no entanto, alega que só tomou co
A FUNAI concedeu um reforço de dois milhões e setecentos nhecimento do assunto através da imprensa. Apesar das
mil cruzeiros ao projeto agrícola desenvolvido no PIVotouro, informações da FUNAI é possível que o assunto esteja preo
município de São Valentim, no Rio Grande do Sul. O projeto cupando os órgãos do Executivo: uma portaria assinada em
beneficia 637 pessoas e parte do investimento feito é resul conjunto pelos ministros do Interior e das Minas e Energia,
tado de verba obtida com safras de projetos anteriores. O Mário Andreazza e César Cals, libera às empresas estatais a
reforço será utilizado na ampliação da área trabalhada com mineração nas áreas indígenas, inclusive nas reservas já de
600 hectares para roças individuais de milho, soja, arroz e marcadas. (Gazeta Mercantil — 30/1/81)
feijão, além de 60 hectares de uma roça coletiva de soja.
(Gazeta de Notícias — 15/1/81)
Busca de petróleo causa apreensão em Nonoai
Q presidente do Conselho Tribal da tribo dos Kaingang,
PAULIPETRO confirma interesse em Nonoai Angelo Garcia, reuniu o Conselho para tratar do assunto que
Está confirmado oficialmente o interesse do consórcio PAU vem preocupando a comunidade: prospecção de petróleo.
LIPETRO em iniciar perfurações na reserva indígena No Ao falar sobre a reunião disse que a comunidade indígena
noai, no Rio Grande do Sul. O secretário de Minas e Energia “está triste outra vez, acho que se não falarem com nós vai
do Estado, Romeu Ramos, confirmou ontem que o governo dar outra revolta”. Os índios exigem pelo menos 50% do
Amaral de Souza já havia recebido telex de São Paulo con “benefício” para a comunidade indígena. O cacique da re
firmando esse interesse, mas lembrou que o governador do serva de Nonoai, José Lopes, também manifestou a apreen
Estado do Rio Grande do Sul não tem qualquer tipo de são da comunidade em relação às prospecções que foram
ingerência neste assunto, “que deve ser tratado a nível fe realizadas e à desinformação em que estão os índios: “O
deral”. Romeu Ramos lembrou ainda que é a FUNAI quem índio devia primeiro ser consultado sobre esse petróleo que
deve liberar a área para o início dos trabalhos. Na FUNAI, eles querem achar aqui”. (Zero Hora — 30/1/81)
o delegado regional Severino de Toni explicou que este tipo
de autorização só pode ser dado em Brasília, para onde já foi
enviado um relatório acerca das vistorias executadas por Foram 12 os Kaingang mortos em Nonoai
técnicos da PAULIPETRO na área, ocasião em que foram Somente ontem surgiu a confirmação do número de índios
colocadas estacas no lugar denominado Tamanduá, na divisa mortos nos primeiros 50 dias do ano na reserva Nonoai no
da reserva da FUNAI com o Parque Florestal Estadual. Rio Grande do Sul. O relatório que o médico epidemiologista
(Diário do Grande ABC — 27/1/81) Claudio Silveira entregou ao secretário de Saúde do Estado
revela que dois índios adultos morreram por complicações
cardíacas e dez crianças por sarampo e diarréia. Os indí
S" aplica projeto agrícola para comunidade indígena de
IVIl
genas da reserva sofrem, além disso, de conjuntivite, sarna e
problemas intestinais. (Diário da Manhã — 28/2/81)
A FUNAI aprovou e pôs em execução um novo projeto agrí
cola, que vem reforçar os demais projetos já aplicados em
Nonoai anteriormente, visando a implantação de 450 hecta Projeto para os Kaingang
res de soja, arroz e milho, em que serão empregados Recursos da ordem de dois milhões e cem mil cruzeiros estão
Cr$ 5.846.000,00. Com o lucro obtido na comercialização sendo aplicados pela FUNAI na execução do projeto de
dos excedentes serão atendidas as despesas de manutenção desenvolvimento agrícola do PIGuarapuava, localizado no
da enfermaria e da escola, além de assegurar o financiamento município paranaense de mesmo nome, que tem jurisdição
da próxima safra. Deverá ainda reembolsar os fornecimentos sobre 456 índios Kaingang. O projeto vai dar continuidade
feitos pela cantina aos índios no período de entressafra. aos programas de produção de milho, arroz e feijão implan
(Gazeta de Notícias — 28/1/81) tados desde 1977. (Diário Popular — 3/3/81)
> > Acervo
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#":
IVIII}
PAULIPETRO não perfurará na reserva de lou, 25% na venda da soja e milho que plantou. Ontem à
tarde, cerca de 800 índios se concentraram na Vila Irapoá,
O ministro do Interior Mario Andreazza assegurou ontem próxima à cidade de Miraguaí mas não conseguiram, como
que a PAULIPETRO não vai instalar equipamentos de pros queriam, falar com o Coronel Anael, após uma reunião an
pecção e exploração de petróleo em nenhuma reserva indí terior, encerrada com a agressão das Índias ao assessor da
gena do país. O ministro garantiu que “já está afastada” a FUNAI. O índio Hélio Alves, ferido na perna direita com um
possibilidade de exploração de equipamento no local e afir tiro disparado por um agente federal — segundo acusa o
mou que esta decisão é extensiva a todas as reservas nacionais. Prefeito Noedi de Almeida — já foi liberado pelo Hospital de
(ESP – 11/2/81) Miraguaí. O Secretário de Administração de Miraguaí, ad
mite que é proibido aos brancos arrendarem terras na re
serva, mas lembrou que a FUNAI não proibiu os colonos de
A desistência da PAULIPETRO plantarem e que só interferiu agora, na hora da colheita,
para “ficar com o lucro na venda”. (JB — 19/3/81)
A PAULIPETRO, através de telex do gerente-geral adjunto
Luís Saragitto, comunicou à FUNAI a desistência de explo
rar petróleo na área indígena de Nonoai, no Rio Grande do
Sul. (ESP – 17/2/81) Presidente do CIMI condena arrendamento . >

O presidente do CIMI, Dom José Gomes, bispo de Xapecó,


defendeu o uso das áreas indígenas unicamente pelos silví
colas, condenando qualquer forma de arrendamento dessas
Falta de saneamento básico causa morte de 10 índios em terras a fim de que “se evite confusões” como a ocorrida
Nonoai recentemente em Guarita, no Rio Grande do Sul. (Correio
A falta de condições mínimas de saneamento e inexistência Braziliense — 26/3/84)
de água potável, além do descaso da FUNAI que vem pro
metendo mas não implanta rede de distribuição de água,
foram as causas principais da morte de 10 índios Kaingang Cardeal viu situação dos índios em Nonoai
na reserva indígena de Nonoai. As mortes são conseqüência O cardeal Agnelo Rossi, assessor direto do Papa João Paulo
de um surto de diarréia e desidratação que desde o mês. II e prefeito da Sagrada Congregação para a Evangelização
passado afeta à comunidade indígena. (Jornal de Santa Cata dos Povos, concluiu ontem sua viagem à região do médio e
rina — 21/2/81) alto rio Uruguai, visitando as reservas indígenas de Nonoai e
Planalto. O cardeal realizou missa para mais de 200 índios
na localidade de Pinhalzinho e evitou comentar a ação da
FUNAI alegando não estar a par das realizações do órgão
Justiça Federal julga roubo de madeira em área indígena indigenista. (Correio do Povo — 21/5/81)
Acolhendo voto do ministro Américo Luz, o TFR decidiu
caber à Justiça Federal o processamento e julgamento refe
rente a crime de furto de madeira em área indígena. A
decisão do TFR foi proferida no julgamento pelo Ministério Comissão quer reabrir processo de Ângelo Cretã
Público Federal do Rio Grande do Sul contra Liberato dos Três meses depois da Polícia concluir que o cacique Ângelo
Santos. Vicentino dos Santos e José Adir dos Reis por furto Cretã da reserva de Mangueirinha não morreu em conse
#º naquele estado em 1978. (Jornal de Brasília — qüência de atentado, hipótese levantada pela FUNAI e pelas
comunidades indígenas, a Comissão de Justiça e Paz do
Paraná enviará hoje à Secretaria de Segurança e à Delegacia
Regional da FUNAI um parecer sugerindo novas investiga
ções por entender que houve falhas no processo. Os índios
Bloqueada colheita em reserva de Mangueirinha ameaçam invadir uma área de 3.707 al
Para impedir a colheita de 9 mil hectares plantados com soja queires em litígio e que era a principal reivindicação de
e milho numa parte da reserva indígena de Guarita, no inte Cretã, (ESP – 29/5/81)
rior do Rio Grande do Sul, arrendada diretamente dos índios
por um grupo de 400 agricultores sem terra, a FUNAI e a
Polícia Federal interditaram a área, no último fim de se
mana, e apreenderam diversas máquinas que vinham sendo Empréstimos aos índios para lavoura de trigo
utilizadas. A tensão na área aumenta, com índios e colonos Cinco índios representando as comunidades de Tenente Por
pressionando a Polícia Federal e a FUNAI para que liberem tela e Guarita testemunharam assinatura, ontem, de convê
a terra. (ESP – 18/3/81) nio entre a FUNAI e o Banco do Brasil para repasse de 3.750
milhões a serem utilizados nas lavouras de trigo dos indí
genas. Os índios solicitaram a reabertura da serraria fechada
pelo IBDF e um “papel escrito”, que lhes garanta a posse da
Colheita indígena é liberada depois de agressão a tapa terra. (Correio do Povo — 12/6/81)
A FUNAI autorizou o início da colheita de soja e milho,
plantada por colonos na reserva de Guarita (RS) e estimada
em Cr$ 110 milhões. Ficou acertado ainda que 30% da co
lheita reverterá para os índios e 70% para os colonos. De Reunião debate situação de Guarita
manhã, o assessor da presidência da FUNAI, Coronel Anael Os sindicatos de trabalhadores da região celeiro do Estado do
Gonçalves, foi agredido a tapas e puxões de cabelo, ao pro Rio Grande do Sul estão promovendo hoje, no município de
por cinicamente, durante reunião com índios e colonos, a Redentora, uma reunião para discutir a situação da utili
fórmula inicial da FUNAI: 30% para os índios, 30% para os zação da reserva de Guarita, que teria sua madeira e sua área
colonos e 40% para a Fundação. Após conchavos entre o agrícola explorada contra os interesses dos índios. A reunião,
governador do Rio Grande do Sul e Brasília, o Ministro do aberta a sindicatos e partidos, foram convidados a FUNAI,
Interior liberou a colheita, plantada em 10 mil dos 15 mil CIMI, IBDF, OAB, Assembléia Legislativa, Igreja e Im
hectares da reserva, através de arrendamentos feitos pelos prensa. As entidades que promovem a reunião tentarão com
colonos junto aos índios, aos quais pagavam até Cr$ 4 mil por prometer a FUNAI e o IBDF com a defesa da reserva fazendo
hectare ou davam porcentagem na futura venda da produ com que a extração da madeira da reserva não beneficie uma
ção. Um dos agricultores, disse que arrendou 60 hectares na minoria da “cúpula indígena” e às grandes serrarias. (Cor
reserva, prometendo pagar a um índio, cujo nome não reve reio do Povo — 26/8/81)
-

Acervo

–/ | < />
65

Ato público em favor de Mangueirinha Francisco, 61 anos, o avô, Joaquim, 83 anos, e mais alguns
Os bipos d. Pedro Casaldáliga, de São Félix do Araguaia, e outros índios da reserva de Mangueirinha (PR) estão em Bra
d. Tomás Balduíno, de Goiás Velho, e também os índios sília para denunciar o tratamento dispensado à comunidade
Marcos e Domingos Terena, representando a UNI, estarão pela Delegacia da FUNAI em Curitiba e reclamar 8 mil e 976
presentes na próxima quinta-feira em ato público a ser reali hectares de terras, que estão de posse da empresa Slaviero
zado em Curitiba com objetivo de pressionar a Justiça a de S/A, mediante decisão judicial contestada pelo órgão tutelar
no TFR. Em entrevista coletiva na sede da CNBB, o cacique
cidir em favor dos índios de Mangueirinha, no interior do
Paraná, no caso da área de 3.707 alqueires de terra que vêm Ambrósio — sucessor de Ângelo Cretã, morto no final de
1979 num acidente automobilístico suspeito — afirmou não
sendo disputada entre a FUNAI e a madeireira Slaviero. se tratar de índios revoltados, mas se a solução demorar
O ato foi marcado pelo Comitê Nacional Pró-Mangueirinha,
instituído durante a última reunião da SBPC. O ato público “chegará o momento de partir para a luta”. Afirmou ter
tem ainda a finalidade de exigir da FUNAI que recorra ao apoio garantido das aldeias de Chapecozinho (SC), Palmas
STF caso a sentença do TFR for novamente desfavorável aos (SC), Marrecas, Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Rio das
índios. O comitê organizou ainda, com os mesmos objetivos, Cobras (PR). (JB — 28/9/81)
atos públicos em Brasília e São Paulo. (ESP — 28/8/81)

TFR dá despacho favorável aos índios


Em Brasília, o ministro do TFR, José Cândido, deferiu on
tem o pedido de interdito proibitório feito pelos índios Gua
#"
ul
de Deus: nova ameaça a índios do Rio Grande do
rani da reserva dos municípios de Mangueirinha e Chopin Uma nova ameaça aos indígenas das reservas do Rio Grande
zinho e que estão em litígio com a madeireira Slaviero e do Sul foi constatada por técnicos da Delegacia da FUNAI
Filhos S.A. Indústria e Comércio de Madeira, no Paraná. naquele Estado: a interferência de pastores da Assembléia de
Os Guarani e Kaingang reivindicam a posse de uma área de Deus, que estão recomendando aos seus seguidores que só
900 hectares e são apoiados pela FUNAI. Os índios perderam procurem auxílio médico em casos extremos. De acordo com
estas terras em 1949 quando o governo do Estado alienou e o delegado da FUNAI, os pastores dizem aos índios que em
vendeu, inconstitucionalmente, parte das terras dos índios. A casos de doença “orem, pedindo auxílio a Deus”. Em conse
área é uma das maiores reservas de Pinheiro Araucária do qüência disso, quando a assistência médica é procurada, na
país. (ESP – 19/9/81) maioria dos casos já é muito tarde. A ação da Assembléia
também está influenciando as formas de lazer entre aquelas
tribos, pois não permite que as crianças joguem futebol nos
Kaingang reivindicam terras intervalos das aulas, esporte que eles apreciam muito, nem
O cacique Kaingang Ambrósio Santos, 25 anos, seu pai, que vejam televisão. (ESP — ##6)
81)

Vestígios de habitações Kaingang na área grilada de Mangueirinha, pelo acordo de 1949, hoje da firma Slaviero,
(foto Jacó Picoli)
Acervo
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Kaingang adoecem em Votouro minada “ensecadeira”, nas proximidades da reserva de Ibi
Na área indígena de Votouro, a 20 km de São Valentim, no rama, causou uma enchente nas casas e lavouras dos índios e
Rio Grande do Sul, verificaram-se 81 casos de diarréia entre um prejuízo estimado em Cr$ 5 milhões, além da disenteria
os índios. Segundo o delegado de Saúde de Erechim, Paulo nas crianças. Um mês após a enchente, apesar do DNOS ter
D. Fernandes, a causa provável é a contaminação das águas admitido sua responsabilidade, os índios não receberam ne
de uma lagoa e do poço de que os índios se utilizam. (Correio nhuma indenização e não dispõem de recursos para retoma
do Povo — 20/11/81) rem os trabalhos de lavoura deste ano. Após o término das
obras da Barragem no rio Itajaí do Norte serão inundados
817 ha da reserva. O DNOS está propondo uma permuta
Satélite aponta desmatamento ilegal em reserva indígena desta área por outras duas num total de 714 ha, trocando as
Com base na análise de imagens transmitidas pelo satélite terras férteis do vale por estreitas faixas nos contrafortes da
norte-americano Landsat, a Delegacia Regional do IBDF Serra. (O Estado de Florianópolis — 18/1/81)
detectou, esta semana, o desmatamento de 300 hectares na
reserva indígena de “Toldo Guaritá”, no município riogran
dense de Tenente Portela. A FUNAI está investigando para Madeira apreendida em Ibirama •

apurar os responsáveis pelo corte da madeira que, pelas sus: A Polícia Federal, a FUNAI e o IBDF procederam à prisão e
peitas,
— 8/11/ % sendo vendida pelos próprios índios. (O Liberal
• autuação de madeireiros que estavam retirando madeira ile
galmente da região. Mais de quarenta caminhões foram pre
sos pela PF que aplicou multas que variam de 100 a 250 mil
cruzeiros. (Jornal de Santa Catarina — 20/2/81)
Madeira de Guarita ainda em discussão
Walter Ilber, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Ru
rais de Tenente Portela, afirmou que a madeira extraída
clandestinamente da reserva de Guarita é patrimônio dos Indios protestam contra apreensão de madeira
índios e, portanto, cabe à FUNAI o cumprimento da lei. Vêi-Tchá, membro do Conselho Tribal dos índios Xokleng,
Já o IBDF e a Polícia Federal salientam que, desde o início de esteve em Blumenau para manter contatos com políticos para
suas investigações, já houve uma diminuição da retirada de apurar as medidas tomadas pela FUNAI contra sua tribo.
madeira. (Zero Hora — 3/11/81) Referindo-se aos problemas enfrentados pelos índios com a
FUNAI e a Polícia Federal, quando foram flagrados vários
caminhões de madeira que eram vendidas pelos índios, disse
Flagrante na retirada clandestina de madeira em reserva que tudo começou com uma promessa feita pela FUNAI em
O vice-prefeito do município gaúcho de Redentora, Enélio conceder aos índios uma área de terras que beneficiaria a
Cossetin, o irmão do prefeito, Eugênio Roewere o madeireiro. população indígena atingida pelas águas represadas com a
Sabino Dalberto foram autuados em flagrante e presos por construção da Barragem Norte. Os prejuízos sofridos na la
agentes da delegacia de Polícia Federal em Santo Ângelo voura com as enchentes levou os índios a venderem madeira.
quando retiravam, clandestinamente, madeira da reservain (Jornal de Santa Catarina — 28/2/81)
dígena de Guarita, no Rio Grande do Sul. O desmatamento
clandestino é feito há anos nesta área e, embora seja consi
derado muito grande, o delegado Regional da FUNAI, Seve Nova apreensão de madeira
rino de Toni, não soube informar ontem o que foi retirado
efetivamente de madeira até o momento. (ESP — 5/12/81) Foram presos e autuados ontem 22 madeireiros pela Polícia
Federal, FUNAI e IBDF, por estarem com seus caminhões
no interior da reserva, retirando madeira há vários dias.
Terena Várias serrarias foram fechadas aguardando-se para hoje a
continuação da blitz promovida pelo órgão federal. (Jornal
de Santa Catarina – 11/4/81)
Terena criam bicho-da-seda |
Os índios Terena do Posto Indígena de Araribá, em Avaí,
perto de Bauru (SP), serão auxiliados nos próximos dias, na
criação do bicho-da-seda. A experiência é promovida pela Deputado pede Comissão para apurar furto de madeira
12° DR da FUNAI em Bauru. A população do PI Arariba é O Deputado Alvaro Correia (PMDB) pediu que fosse reati
de 228 Terena e Guarani e, através dos projetos da FUNAI, vada a Comissão Parlamentar Externa que no ano passado
já foram iniciados em técnicas agrícolas, inclusive na criação tratou do assunto de roubo de madeira na reserva de Ibi
do bicho-da-seda, além de outras culturas. Técnicos contra rama. O Deputado lembrou que exatamente um ano atrás a
tados pela FUNAI tentarão melhorar a produção do grupo. FUNAI publicou um comunicado proibindo o corte de ma
(Luta Democrática — 1/2/81) deira mas que vários madeireiros, acobertados por alguns
índios, voltaram a operar. O parlamentar vê com satisfação
que o delegado do IBDF acaba de desencadear enérgica ofen
Vereador Terena pede ajuda siva contra os invasores daquele posto que resultaram na
O presidente Figueiredo, que veio ao Mato Grosso do Sul prisão de 12 pessoas, além de 27 outras que foram indiciadas
para presidir à assinatura de convênios e dar início à campa em inquérito policial. (Jornal de Santa Catarina — 14/4/81)
nha do PDS para as eleições do próximo ano, conversou com
o vereador Jair Oliveira, do PDS de Aquidauana. O verea
dor, um índio Terena, conversou com o presidente durante
um almoço promovido por políticos locais e relatou haver Lideranças anunciam rebelião
pedido ajuda do presidente para o seu povo, “porque meu Os líderes Xokleng Antonio Caxias Popó, Aimar Kham
#" participar da comunhão nacional”. (FSP — 13/ Ram, Olímpio Severino Nunforo alertaram ontem nesta capi
tal que poderá ocorrer uma rebelião entre os índios caso seus
problemas não sejam sanados. A principal queixa, é a de que
a FUNAI proíbe a venda de madeira pelos índios. Segundo
Xokleng Antonio, a FUNAI vende a “madeira por Cr$ 1 mil e 700
enquanto os índios vendem por Cr$ 6 mil o metro cúbico.
“A FUNAI proíbe os legítimos proprietários das terras de
Índios esperam indenização utilizarem suas riquezas naturais”, dizem os índios. (O Es
A construção de uma barragem provisória pelo DNOS, deno tado/SC — 3/5/84) .….
Polícia Federal intima índios e ameaça processá-los.

Xokleng obrigam FUNAI a abandonar reserva tarde, a visita do delegado regional da Fundação. Querem a
emancipação para negociar a madeira dos quase 15 mil hec
Os índios Xokleng da reserva de Ibirama, a 300 quilômetros tares da reserva. Por imposição deles, o delegado da FUNAI
de Florianópolis, mantiveram como refém o chefe do posto decidiu retirar da reserva todos os funcionários do órgão e
da FUNAI por mais de 10 horas, até receberem, ontem à suas famílias. (JB — 22/5/81)
> > Acervo
_/\ 15 A
68

DPF amplia vigilância deira. 4) Reorganizarem-se de forma a ter somente uma lide
Enquanto a FUNAI removia seus funcionários, a Polícia rança. 5) Não permitirem que elementos não-índios existen
Federal intensifica a fiscalização nos limites da reserva para tes dentro da área tenham os mesmos direitos que os índios.
evitar a retirada ilegal de madeira. O conflito tem mais de 6) Aplicar os recursos da alienação da madeira já derrubada
cinco anos e neste período a FUNAI mudou 19 vezes o chefe em benefício de toda a comunidade. 7) Concordarem em que
do posto. No final do ano passado os índios de Ibirama todas as benfeitorias a serem construídas na reserva o sejam
encaminharam um abaixo-assinado à FUNAI pedindo a às margens do rio Itajaí e não no Bugio. 8) Sempre que
emancipação. Depois de um levantamento na área a FUNAI convidados, participarem da alienação de recursos naturais
concluiu que os índios não tinham condições de serem eman da reserva. (Jornal de Santa Catarina — 26/6/81)
cipados, e que este pedido correspondia à vontade de menos
da metade dos índios da reserva. (O Globo — 24/5/81)
FUNAI nega emancipação
Foi indeferido o pedido de emancipação feito pelos índios
DPF abre inquérito Xokleng, encaminhado à FUNAI em outubro passado. “A.
maioria dos 889 índios são analfabetos e incapazes para o
A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar responsa trabalho”, alega a FUNAI. O deputado estadual Alvaro
bilidade por venda ilegal de madeira indiciando 40 madei
reiros. Segundo o delegado, todos são réus confessos e estão Correia frisou que a emancipação vinha sendo defendida com
sujeitos apenas de um a quatro anos de reclusão. Foram insistência por um pequeno grupo de índios, exatamente os
apreendidas em diversas serrarias cerca de 300 metros cú mais acumpliciados com a venda ilegal de madeira, a pre
bicos de madeiras, que serão vendidas pela FUNAI, bem texto de livrarem-se da tutela da FUNAI. O deputado frisou
como mais mil metros cúbicos que se encontram derrubados ainda que estes índios foram incentivados por um grupo de
dentro da reserva. (Jornal de Santa Catarina — 26/5/81) madeireiros e orientados por um advogado local. (Correio do
Povo — 28/8/81)

IBDF apreendeu grande volume de madeira


O IBDF apreendeu, na reserva de Ibirama, um volume de Briga na reserva
1.700 metros cúbicos de madeira num valor aproximado de As brigas entre dois grupos de índios da reserva indígena de
Cr$ 13 milhões e 600. E aplicou multas a 17 madeireiras Ibirama poderão levar a delegacia da FUNAI a retirar essas
no valor total de Cr$ 1 milhão e 330 mil. Estes números famílias do local. A briga ocorreu no final do mês passado,
referem-se a ação desenvolvida entre 8 de abril e 23 de maio quando o índio Olímpio Nuncforo foi ferido a golpes de foice,
passado. (O Estado/SC — 30/5/81) o mesmo ocorrendo com Aimar Camem, que permaneceram
três dias hospitalizados. Segundo testemunhas, a causa da
briga foi a posse de terras na reserva. (ESP — 3/11/81)
Deputados buscam verbas para os Xokleng
Os Deputados Alvaro Correia (PMDB-SC) e Gervásio Maciel
(PDS-SC) da Comissão Parlamentar de Blumenau manti Ibirama em pé de guerra
veram contatos, no Rio e em Brasília, com o ministério do Em decorrência da briga ocorrida novembro último os índios
Interior, a FUNAI e o DNOS para conseguirem a liberação continuam divididos e estão armados para a briga. A expec
da indenização decorrente dos prejuízos da enchente de de tativa é de que correrá muito sangue, disseram três índios em
zembro último. A FUNAI diz que já autorizou o pagamento Blumenau. E acusaram o chefe de posto de ter permitido que
da indenização mas que só será efetivado quando o clima de a comunidade se armasse. (O Estado — 11/12/81)
#* voltar à reserva. (Jornal de Santa Catarina — *-

Polícia Federal intima FUNAI e índios


Sete índios de Ibirama e o Delegado Regional da FUNAI
Indios contra fechamento de escolas foram ouvidos pelo Superintendente da Polícia Federal em
Uma comitiva de sete índios da reserva de Ibirama pediu ao Santa Catarina. O Superintendente advertiu que se os índios
governador Jorge Bornhausen sua interferência junto à FU continuarem abrigar serão processados na forma da lei, mas
NAI para que o órgão reconsidere sua decisão de fechar dois os índios prometeram entrar em entendimentos. A ANAI de
postos de saúde e duas escolas de primeiro grau existentes no Florianópolis voltou a alertar que a situação em Ibirama é
local. (O Estado/SC — 6/6/81) grave porque, embora haja um convênio entre o DNOS e a
FUNAI para que os índios sejam indenizados, até agora nada
se concretizou. (ESP — 17/12/81)
Barragem em reserva indígena •

A FUNAI e o DNOS assinaram ontem um convênio objeti


vando a utilização de parte da reserva indígena de Ibirama
(SC) para a construção de uma barragem, a fim de controlar
as enchentes do vale do Itajaí. Um dos objetivos do convênio
é a remoção de famílias cujas casas serão atingidas pela inun
dação da barragem. Todos os recursos para a construção de
benfeitorias serão repassados à FUNAI. Esses recursos, da
ordem de 30 milhões de cruzeiros, serão pagos em três par
celas. A FUNAI, pelo convênio, deverá prestar contas aos
donos de todas as parcelas recebidas. (FSP — 18/6/81)

Indios e FUNAI assinam acordo


Depois de vários desentendimentos foi firmado em Curitiba
um acordo entre as lideranças indígenas e a FUNAI que
consiste de oito pontos: 1) Comprometem-se os índios a
aceitar toda a equipe de trabalho designada pela FUNAI
para atuar naquele posto indígena. 2) Participarem ativa
mente em todos os projetos de desenvolvimento promovidos
pela FUNAI. 3) Cessar definitivamente a extração da ma
> > Acervo
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Movimentos de organização indígena

Nessa seção foram incluídas as notícias a respeito das ini Indios debatem problemas em Minas Gerais
ciativas e dificuldades para o prosseguimento e legitimação O Bispo de Teófilo Otoni (MG), D. Quirino Adolfo Schmitz,
de um movimento indígena a nível nacional. Nesse sentido informou ontem que índios Tupiniquim, Guarani, Maxacali,
concorrem as ações dos índios ligados à UNI — organização Krenack, Xacriaba e Pataxó, de Minas, Espírito Santo e
surgida em 80 — e das entidades de apoio (Igrejas, Comis Bahia, começaram ontem, naquela cidade, uma assembléia
sões Pró-Índio, etc.), na medida em que viabilizam encontros indígena para debater o problema de demarcação das terras,
e reuniões — algumas de caráter regional — entre índios de a atuação da FUNAI e outros problemas. O Bispo explicou
diferentes povos. A FUNAI, o MINTER e outros órgãos de que esse tipo de encontro é raro, e que agentes pastorais
segurança se opuseram à articulação da UNI e tentaram realizam reunião paralela. Informou ainda que o encontro
várias represálias indiretas contra seus membros. Com a dos índios está sendo coordenado pelo CIMI e resulta de
mudança da presidência da FUNAI no final do ano, a intram idéia dos próprios índios. (JB — 15/1/81)
sigência e a perseguição foram substituídas por uma política
de aproximação com índios da UNI — embora sem reco
nhecê-la como entidade —, seguindo uma nova orientação de
relacionamento com alguns setores de oposição no campo Encontro indígena acusa a FUNAI
do indigenismo (Ver seção “Política Indigenista Oficial: FU “A FUNAI só dá terras pelas promessas dos jornais e favo
NAI/MINTER”). rece sempre os posseiros e as multinacionais.” Estas foram as
A relação desse movimento a nível nacional com as lutas principais conclusões da 1º Assembléia indígena do Leste,
concretas e específicas, que estão sendo travadas pelos povos encerrada sábado, em Teófilo Otoni, Minas Gerais, e que
indígenas nas comunidades locais com suas lideranças, é um contou com a participação das lideranças de cinco tribos de
grande desafio. Alguns lances dessas lutas locais estão regis Minas, Espírito Santo e Bahia, representando 6 mil índios
trados por povo, nas seções regionais desse ACONTECEU. sob a tutela da 11° Delegacia da FUNAI. Os representantes
das tribos Tupiniquim, Guarani, Maxacali, Krenack e Pa
taxó estiveram reunidos de quinta-feira a sábado na Colônia
Dom Bosco de Teófilo Otoni, em encontro coordenado pela
Diocese e o CIMI. Discutiram os problemas da demarcação
Terena quer ser piloto sem emancipação de terras, atuação da Delegacia da FUNAI e problemas
O índio Terena, Mariano Justino Marcos, impetrará man enfrentados pelas lideranças. (JB — 10/1/81)
dado de segurança contra a FUNAI, para prestar concurso
de piloto nos quadros do órgão, sem requerer a sua eman
cipação, como impõe o coronel Nobre da Veiga. Marcos Te FUNAI não aceita Terena como piloto
rena, piloto comercial desde setembro do ano passado, pro A FUNAI informou ontem que o pedido do índio Mariano
cura apoio da OAB através de parlamentares. O deputado Marcos, solicitando seu ingresso nos quadros de piloto da
José Costa (PMDB-AL) afirma que a consultoria da Repú quela fundação, foi indeferido, tendo em vista que nas mor
blica tem um anteprojeto de decreto-lei que prevê a eman mas que visam à seleção de pilotos elaboradas pelo órgão,
cipação compulsória ou “ex-officio”. (FSP — 9/1/81) uma das exigências é a do candidato possuir 500 horas de
Acervo

–/ EA

vôo, exigência não cumprida pelo interessado. Além disso, acrescentou que “preferimos que eles (os estudantes) fiquem
o Terena não satisfaz o exigido pelo parágrafo terceiro do aqui, em Brasília, porque, mais tarde, eles podem nos aju
artigo 16 do Estatuto do Indio, que determina que “o órgão dar”. “A FUNAI está fugindo de seus deveres e os Terena
de assistência ao indígena propiciará o acesso aos seus qua exigem o cumprimento do Estatuto do Indio. A FUNAI
dros de índios integrados, estimulando sua especialização existe para isso, para beneficiar o índio e não para preju
indigenista”, conforme foi lembrado pelo coronel Nobre da dicar. A saída deles da aldeia foi forçada. Eles não tinham
Veiga. Em outras palavras: o índio teria que declinar de sua como estudar”, finalizou Domingos Veríssimo, que também
- condição de tutelado pelo Estado para concorrer aos quadros é presidente da UNI. (Jornal de Brasília — 27/2/81)
do órgão tutor. (FT — 15/1/81)

Indios estudantes no DF podem ser expulsos Assembléia Indígena aponta seus problemas
Quinze índios de diversas nações, que estudam e residem em “Quem sente o problema dos índios é o próprio índio e quem
Brasília desde 1977, estão sendo pressionados pela FUNAI tem de resolver o problema do índio me parece que deve ser os
para retornarem a suas aldeias de origem. Segundo estes povos indígenas unidos.” As palavras de Lino, da Nação
índios estudantes, o órgão tutor já nomeou até mesmo uma Miranha, refletem a tônica da Assembléia Indígena que
comissão de técnicos, cujo trabalho seria “tentar convencer ocorreu na aldeia do Simão, do rio Andirá, município de
nos da necessidade da medida”. Eles não querem abandonar Barreirinha (AM), dos Satere-Mawé, nos dias 10 a 12 de
os estudos e, em último caso, pretendem recorrer à Presi dezembro de 80. Estiveram presentes 26 tuxauas Satere e 33
dência da República para evitar a efetivação da medida. A tuxauas e líderes de nações como Karipuna, Tikuna, Mun
recém-criada União das Nações Indígenas (UNIND) sente duruku, Wapixana, Kanamary, Miranha e Tukano.
que a decisão, segundo seu líder, o Terena Marcos, “pre Foi feito um documento de duas páginas, onde as dez nações
tende dividir nossa organização de índios estudantes” — que apontaram os seus problemas e traçaram formas de solução.
conta com quinze membros das nações Canela, Bororo, Te Grande parte das declarações recaem sobre a FUNAI, por
rena, Karajá, Tuxá e Bakairi. A maioria está fazendo cur não ter feito a demarcação das reservas ou estar negligente no
sinho pré-vestibular, enquanto pelo menos um, o Terena controle destes limites. (O Liberal — 1/3/81)
Marcos, já entrou para o curso de Administração de Empre
sas. (FSP — 27/1/81)
Justiça dá cinco dias a Andreazza
O ministro do Interior Mário Andreazza tem prazo de cinco
Indios transferidos impetrarão “habeas” dias para responder ao pedido de informações feito pelo mi
O deputado José Costa, do PMDB de Alagoas, entrará com nistro José Pereira de Paiva, relator do “habeas corpus”
“habeas-corpus” preventivo no Tribunal Federal de Recur impetrado pelo advogado e deputado José Costa (PMDB
sos, para garantir a permanência em Brasília, dos índios AL), em favor dos índios Terena da aldeia de Taunay, muni
ameaçados pela FUNAI de serem removidos para escolas cípio de Aquidauana (MS). O “habeas-corpus” foi impe
próximas às suas aldeias. O deputado também entrou em trado contra a decisão do ministro de transferir os índios
contato com a Ordem dos Advogados do Brasil, secção Dis para suas aldeias, alegando que, por não possuírem empre
trito Federal, que ficará responsável pela nomeação de um gos, são ociosos. O “habeas corpus” foi impetrado em favor
advogado para acionar judicialmente a FUNAI, obrigando-a dos índios Samuel Gomes Marcos, Milton Marcos Galache,
a custear, com recursos próprios, os estudos e a hospedagem Sebastião de Souza Coelho Filho, Wilson Francisco e Mariano
dos índios em Brasília. Ontem, os índios, entre eles Marcos e Justino Marcos. No pedido, o advogado faz inclusive a solici
Carlos Terena e o Karajá Curerrede, disseram que a decisão tação de um salvo-conduto para os índios poderem continuar
do ministro do Interior, Mário Andreazza, de apoiar a ati seus estudos e para viajarem livremente pelo interior do país.
tude da FUNAI, voltando atrás na sua posição de garantir a (Correio Braziliense — 6/3/81)
permanência dos estudantes, “foi uma surpresa triste”. Os
índios ficaram especialmente contrariados com as críticas
feitas por Andreazza à UNIND, criada por eles em Brasília.
“O ministro afirmou que as tribos indígenas não podem ser Indios estudantes ficam em Brasília
encaradas como nações dentro da nação brasileira, que é Atendendo às reivindicações feitas pelas lideranças Terena,
uma só. Ocorre que nós, índios, pertencemos a tribos dis o ministro do Interior decidiu não transferir os índios estu
tintas, cada qual com hábitos e costumes próprios. Isso, no dantes de Brasília. A medida beneficia os índios Marcos Te
entanto, não impede que façamos parte da nação brasileira. rena, estudante de Administração de Empresas na Facul
Somos um dos componentes dessa nação, mas somos distin dade Católica de Brasília, Wilson Francisco, Nilton Galache,
tos ao mesmo tempo.” (ESP — 6/2/81) Samuel Marcos e Sebastião Coelho, estudantes do segundó
grau em escolas públicas de Brasília. (FSP – 17/3/81)
Indio vai à Justiça para poder pilotar
O índio Terena, Mariano Justino Marcos, com o auxílio de
um advogado designado pela OAB-DF, entrará hoje com um Indígenas nordestinos criticam ação da FUNAI
mandado de segurança contra a decisão da FUNAI, que con Líderes de 31 tribos do Nordeste divulgaram, ontem, ao final
dicionou sua entrada no quadro de pilotos do órgão a um da I Assembléia Indígena do Nordeste — realizada em Ga
pedido de emancipação da tutela governamental. (Correio ranhuns, a 200 km de Recife — um documento contendo
Braziliense — 26/2/81). críticas à FUNAI e ao seu presidente coronel João Carlos
Nobre da Veiga. No documento, os índios se posicionam
contra a emancipação, a estadualização e os projetos de de
Conselho tribal decide: índios ficam estudando no Distrito marcação de terras indígenas por equipes do Projeto Ron
Federal · don. O memorial narra a situação de várias tribos do Nor
O Conselho tribal dos Terena decidiu em sua reunião extra deste, entre as quais os Kapinawá, de Buíque, no sertão
ordinária realizada em Taunay (MS), que os índios estudan pernambucano, “que desde 1970, vêm sendo perseguidos
tes devem permanecer em Brasília. A decisão será comuni pelos policiais e, por isso, a tribo vive espalhada pela região”.
cada ao presidente da FUNAI pelos caciques Domingos Ve Os indígenas acusam de grilagem os fazendeiros Zuza Tava
ríssimo, de Taunay, e Modesto Terena, de Bananal. Do res e Ernestino Pedro de Andrade, que, segundo denunciam,
mingos Veríssimo disse que o ensino ministrado próximo às agem sob as ordens de Romero Costa Maranhão, político
aldeias e nas próprias aldeias é muito fraco. Modesto Terena sertanejo. (Correio do Povo — 17/3/81)
> > Acervo
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Presidente da República contra a UNIND e favorável à presidencial de promover mudanças no Estatuto do Indio.
emancipação Diz o documento: “Chegou ao conhecimento do Senhor Pre
O Presidente da República é contra a UNIND, entidade sidente da República a constituição de entidade denominada
criada no ano passado por silvícolas de diferentes grupos, por União das Nações Indígenas, cuja finalidade seria congregar
considerá-la “inconveniente” e “apadrinhada” por pessoas as tribos Xavante, Guarani, Terena, Guató, Kadiwéu e
que visam a incompatibilizar os índios com a política indi Kaiwá (...). “Concluídos estudos solicitados e evidenciadas
genista oficial. Nesse sentido, proibiu a FUNAI de prestar a inconveniência e a inviabilidade jurídica da projetada enti
qualquer apoio àquela entidade. A decisão presidencial ba dade, como exposto na Nota anexa da Assessoria Jurídica do
seou-se em relatório do SNI, segundo o qual são graves os Gabinete Civil, apresso-me em transmitir a Vossa Excelên
inconvenientes de as nações indígenas se agruparem num só cia, de ordem do Senhor Presidente da República, orientação
organismo com apoio de pessoas dispostas a incentivar os no sentido de que a FUNAI se abstenha de qualquer provi
índios contra o governo. Em conseqüência dessa orientação, dência ou ajuda tendente a estimular a constituição da cha
a FUNAI já está preparando a revisão no Estatuto do Indio, mada União das Nações Indígenas.” (JB — 11/4/81)
evitando que se repitam situações desse tipo, bem como regu
lamentando o capítulo referente à emancipação, para que
não ocorram problemas como o do cacique Mário Juruna, Caciques protestam durante comemoração da FUNAI
que impedido pelo Governo brasileiro de comparecer ao IV Na abertura oficial da Semana do Índio, o ministro do Inte
Tribunal Russell, pôde embarcar graças a “habeas corpus” rior teve uma surpresa ontem: o cacique Maluaré, da Ilha do
do Tribunal Federal de Recursos. O novo projeto de eman Bananal, entregou-lhe um documento protestando contra a
cipação está sendo elaborado pela antropóloga Sônia Mar forma pela qual a FUNAI trouxe os índios a Brasília para
cato e nele os índios poderão ser emancipados mesmo que participarem do 2º Moitará (exposição e venda de artesanato
não requeiram a liberação da tutela. Os primeiros visados no indígena). Diz a carta assinada por cinco caciques: “Ficamos
novo projeto são o cacique Mário Juruna e o índio Marcos muito alegres quando recebemos comunicado da FUNAI
Terena, que estuda em Brasília e pertence à UNINHD. En para comparecer a Brasília. Pensamos que agora a FUNAI ia
quanto o projeto de emancipação não fica pronto, a FUNAI ouvir a gente e atender nossos pedidos. Mas quando che
vai aplicar os “indicadores de indianidade”. Esses indica gamos aqui ficamos surpresos e tristes pois não era para
dores serão usados pela primeira vez entre os Pataxó, da discutir os nossos problemas que a FUNAI chamou a gente,
Bahia e os Tingui, de Alagoas, grupos em elevado grau de deixamos nossos afazeres, nossas roças, nossas roupas, para
integração. Os indicadores, projeto elaborado pela profes atender esse chamado”. Indignados pela forma como foram
sora de religião, Neide do Vale, a pedido do coronel Zanoni trazidos a Brasília, os caciques Maluaré, Idjau, Taharé, Uai
Hausen, assessor especial da Presidência da FUNAI, estão rihá, Tiuari e Tachirãma, contaram que não sabiam qual a
divididos em quatro pontos: indicadores apontados pela Co razão do convite e “quando soubemos que viemos aqui para a
munidade Científica, apontados pelos índios (identidade ét abertura da semana do índio, para ajudar a FUNAI a tapar
nica), conceitos apontados pela Sociedade Nacional e indica buraco, parece que a FUNAI trouxe a gente para a exposição
dores apontados pela FUNAI. Neste último capítulo, o órgão como se fôssemos gado dela e ficamos aborrecidos”. Toda a
tutor pretende usar critérios históricos, geográficos, raciais e denúncia encontra-se na carta entregue ao ministro que ime
biológicos, legais e jurídicos, culturais, lingüísticos e outros. diatamente colocou-a no bolso. Eles protestam ainda porque
(FT — 30/3/81) enquanto se encontram em Brasília, “os posseiros e fazen
deiros estão invadindo nossas terras, acabando com nossas
áreas, acabando nossas matas e nossos rios, nossa pesca”.
73 tuxauas na Assembléia de Roraima (FSP – 14/4/81) (Ver “Karajá” na “Região III”).
Nos dias 13, 14 e 15 de janeiro, realizou-se na Missão São
José, em Surumu, uma Assembléia Geral das autoridades Chefes denunciam a invasão de suas terras
indígenas do Território Federal de Roraima, onde participa Chefes de sete grupos indígenas reuniram-se na aldeia de
ram 73 tuxauas, acompanhados de seus secretários e conse
lheiros, somando um total de 200 pessoas. Que representa Jarauara, de Casa Nova, no Purus, dia 22 de abril, para fazer
vam os povos Macuxi, Wapixana, Taurepang e Ingaricó, um balanço dos seus problemas, denunciar ameaças de fa
vindos de várias comunidades. Zendeiros e tomar uma posição sobre o futuro das tribos.
Dezoito índios Apurinã, Kaxinawá, Jarawara, Jamamadi,
Nesta assembléia, os índios procuraram medir suas forças em Kulína, Macuxi e Wapixana disseram que suas terras estão
relação aos brancos (fazendeiros) da região, contaram suas sendo invadidas e cercadas pelo homem branco, no leste e
conquistas e lamentaram certos empecilhos que vêm encon norte de Roraima, no Purus e no Alto Solimões. (O Liberal
trando na luta pelos seus direitos. (Porantim — 3/81) — 28/4/81)

CIMI diz que governo se opõe a entidade indígena


O CIMI divulgou nota acompanhada de cópias de docu Indios rejeitam planos para emancipação
mentos confidenciais, que afirma terem sido encaminhados A situação jurídica do índio brasileiro foi debatida ontem por
pelo Gabinete Civil da Presidência da República para o Mi líderes indígenas, antropólogos, missionários, advogados e
nistro Mário Andreazza. Um dos documentos contém orien representantes da Comissão Pró-Índio, no auditório do Con
tação, por “ordem do Senhor Presidente da República”, vento dos Dominicanos, nas Perdizes (SP). Os líderes indí
para que a FUNAI não ajude ou estimule a constituição da genas afirmaram que o Estatuto do Índio é suficiente para
entidade União das Nações Indígenas. O CIMI afirma que sua proteção, “desde que bem aplicado”, e criticaram a
em outro documento, não divulgado, o SNI propõe ao Gabi inoperância da FUNAI. A emancipação do índio foi atacada
nete Civil da Presidência da República a promoção imediata e se falou em “interesses econômicos” para determinar essa
da revisão do Estatuto do Índio. O CIMI acentua que os emancipação: dom Tomás Balduíno disse que “a FUNAI não
documentos comprovam a intenção do Governo de modificar quer emancipar o índio, quer emancipar suas terras”. A pre
o Estatuto do Índio, “fato que o Ministro Mário Andreazza sidente da CPI-SP, abriu os debates condenando a forma
vinha negando através da imprensa”. A medida visaria a paternalista com que os índios são tratados há 40 anos,
“recebendo benefícios mas não sendo ouvidos em seus an
atingir diretamente a “crescente organização dos povos indí
genas e a UNI, órgão independente e criado pelos índios”. seios. Os índios querem organizar-se, reivindicar, mas à
Com a divulgação dos documentos, o CIMI pretende mostrar FUNAI não interessa isso. Tanto assim que se está acenando
que tem fundamento o pronunciamento feito pelo Deputado com uma modificação no estatuto, que introduziria a eman
Modesto da Silveira na Câmara, anteontem, sobre a decisão cipação compulsória a índios incômodos à Fundação”. (FSP
< > Acervº
{
_/\_S />
— 28/4/81) (Ver seção “Emancipação e Critérios de India Encontro de líderes indígenas escolhe nova diretoria da
nidade”). UNIND
Representantes de 32 tribos, de várias regiões do país, esti
veram presentes ao Seminário realizado entre 26 e 29 de
abril, na Igreja de São Domingos, promovido pela Comissão
Pró-Índio/SP. Numa reunião fechada, sem a participação de
Encontro de líderes indígenas em São Paulo brancos, realizada na tarde do dia 28, foi eleita a diretoria da
Ao divulgar ontem as propostas aprovadas na Assembléia de UNIND, tendo na presidência Marcos Terena, 27 anos, estu
líderes indígenas realizada em São Paulo e encerrada quarta dante de Administração de Empresas em Brasília; na vice
feira, o novo presidente da UNI, o índio Mariano Marcos presidência, Álvaro Fernandes Sampaio da tribo Tukano e
Terena, afirmou a necessidade do Estado reconhecer que “a Lino Cordeiro, secretário, da tribo Miranha. O cacique Do
sociedade brasileira é uma sociedade pluriétnica”. Dentre as mingos Veríssimo Matos, ex-presidente da UNIND, apresen
propostas consta uma campanha nacional pelo direito dos tou, na noite do dia 28, ao público que lotava a Igreja S.
índios se organizarem livremente sem sofrerem pressões do Domingos, o novo presidente da entidade Marcos Terena. Na
Estado. Os 73 líderes indígenas e 32 entidades de apoio ao oportunidade ressaltou que através de sua entidade o índio
índio presentes à reunião repudiaram a alteração do Estatuto vai mostrar que sabe falar e sabe resolver seus problemas. O
do Indio visando a emancipação compulsória imposta aos novo presidente criticou a FUNAI, assinalando que “a enti
índios, que está sendo proposta pelo governo – FUNAI e dade se diz protetora do índio, preocupada com a demar
CSN. Eles defenderam a importância de possuir um orga cação das terras, mas o que adianta a demarcação se não
nismo próprio de representação, cuja extinção foi recomen existirem índios para habitar essas terras?”. (O São Paulo —
dada pelo ministro chefe da Casa Civil da Presidência e pelo 8-14/5/81)
CSN, diante da inoperância da FUNAI, que, “ao invés de
assistir aos índios, reprime seus verdadeiros líderes, cor
rompe e promove falsas lideranças”. Defendeu-se também a Encontro de líderes indígenas em MS
impção de que somente as comunidades indígenas possam Começa hoje em Aquidauana (MS) a assembléia indígena
definir quem é índio e quem não é índio e que só elas melhor reunindo todas as lideranças de Mato Grosso e líderes que
cuidam de seu ecossistema, não cabendo, portanto, a super estiveram na última assembléia, realizada em São Paulo.
posição de áreas de preservação ambiental às áreas ocupadas Este encontro será dirigido por Marcos Terena, presidente da
por índios. O encontro defendeu ainda a participação das UNIND. Marcos teme pressões por parte da FUNAI uma vez
comunidades no processo de demarcação de suas terras e a que alguns participantes da assembléia foram interrogados
garantia de acesso à educação, conservadas a língua e a his pela polícia. Para esta reunião já se encontram em Aqui
tória dos povos indígenas. (ESP — 1/5/81) (Ver seção “Enti dauana chefes das nações Terena, Kadiwéu, Guarani, Xa
dades Civis de Apoio ao Índio”). vante e outros. O tema principal da assembléia é o problema

Encontro de índios, em São Paulo, (foto Vincent Carelli)


Acervo
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73
da emancipação compulsória que será incluída no Estatuto para que possam viajar, independente de autorização do
do Indio, como confirmou o presidente da FUNAI. Os líderes
indígenas vão discutir ainda “o direito de se organizarem
# do Interior, para qualquer parte do País. (ESP –
livremente”, partindo da proposta aprovada durante a as
sembléia de São Paulo e contestando as determinações do
chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, que em UNIND faz denúncia na CDDH-OAB
recente comunicado orientou a FUNAI para desestimular a A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB de
formação de entidades ao estilo da UNIND. Depois do en
contro deverão iniciar uma campanha em todo o País reivin Brasília recebeu ontem a informação de que o corpo do índio
dicando o direito de organização. (FSP — 3/5/81) Tuxá José Nabo — desaparecido na Capital Federal desde
março, foi encontrado num terreno baldio próximo à cidade
satélite de Taguatinga. A informação foi levada aos advo
gados pelos dirigentes da UNIND — União das Nações Indí
Indios dão prazo para demarcação de suas terras genas —, que acusaram a FUNAI de não ter se interessado
Um grupo de sete caciques que participaram da assembléia pelo desaparecimento desse índio, bem como de um outro,
de dezoito líderes indígenas da região amazônica — realizada da tribo Txucarramãe, do Parque Nacional do Xingu, que
no mês passado na aldeia Jarauara de Casa Nova — passou sumiu em 1979, quando estava em Brasília. O presidente da
por Porto Velho, rumo a Brasília, insistindo na advertência UNIND, Marcos Terena, afirmou na OAB que o índio Tu
de que “se até o mês de setembro o problema da terra não for kano Álvaro Sampaio — que denunciou o transporte de
solucionado, a FUNAI se responsabilizará por tudo o que índias para Manaus, onde elas se prostituíram, e de artesa
acontecer. A terra representa a nossa vida. Não queremos nato indígena em aviões da FAB — está sendo ameaçado de
terra para vender, mas para sobreviver, conservar nossos morte. Depois de ter feito essa denúncia, segundo Terena, ele
costumes, nossa cultura e tradições”. Reivindicando a de passou a ser ameaçado de morte por outros índios de sua
marcação de suas terras “com muita urgência”, os líderes tribo, que seriam amigos do brigadeiro Protásio Lopes de
indígenas voltaram a denunciar invasões por parte de fazem 9%# comandante da INFRAERO em Manaus. (ESP —
deiros e seringueiros; vendas de bebidas alcoólicas; dificul
dades em obter assistência médica; abusos, inclusive sexuais,
por parte de peões e comerciantes que entram em contato
com as tribos; e uma série de problemas de relacionamento
com a FUNAI. Os caciques ainda reiteraram o apelo para Povos indígenas lutam pela UNI
que a FUNAI “deixe de proibir a gente de sair de nossas Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, transformou-se no
aldeias para participar de assembléias, pois não somos pri palco de uma reunião dos povos indígenas do Brasil.
sioneiros e queremos a liberdade. Sabemos que a FUNAI é Participaram 14 nações da Assembléia da União das Nações
um órgão defensor dos índios e esperamos que cumpra o seu Indígenas, UNI, do dia 2 a 5 de maio. Respondendo às ma
dever de defendê-los”. (FSP — 10/5/81) nobras do general Golbery do Couto e Silva, que ordenou
à FUNAI proibir a UNI, as lideranças presentes firmaram
o compromisso de consolidar a organização autônoma dos
povos indígenas.
Terena vai a Congresso na Flórida Compareceram os Tukuna, Xukuru-Kariri, Terena, Wassu,
A FUNAI distribuiu um “release” informando que o índio Iranxe, Tukano, Galibi, Kaingang, Guarani, Bakairi, Pareci,
Terena Jair Moreira, da aldeia Moreira, município de Aqui Wapixana, Makuxi e Miranha.
dauana (MS) foi autorizado a embarcar para os Estados Questionou-se a escolha da nova diretoria da UNI, em São
Unidos da América do Norte onde representará os índios Paulo, por ocasião do Seminário Sobre os Direitos Históricos
brasileiros no Congresso Internacional de Americanos Nati dos Índios, ocorrido de 26 a 30 de abril. Obteve-se certo
vos. O congresso será realizado na Flórida e o Terena deverá consenso que a diretoria provisória antiga deveria continuar
embarcar dia 25 deste mês. (O Globo — 23/5/81). até ser convocada uma nova reunião, quando se decidiria
sobre a diretoria definitiva. (Porantim — jun.-jul./81)

FUNAI reitera veto à UNI


O coronel presidente da FUNAI afirmou que a idéia de Índios querem manter identidade
alguns chefes de tribos de criarem uma União Nacional do Na última reunião, o Conselho Indigenista gastou seu tempo
Indio não contará com o apoio da FUNAI, que “não permi discutindo os nomes a serem dados aos aviões da FUNAI.
tirá que ela se concretize”. Justificou dizendo que “os índios “Isso não é assunto de índio”, comentou Marcos Terena,
não têm a plenitude de seus direitos civis; e uma entidade defendendo mais uma vez a inclusão de um representante
dessas é ilegal, pois os índios são considerados menores de indígena no Conselho, criado para assessorar a presidência
idade”. (JB — 12/6/81) da FUNAI, mas que se apega a debates que nada têm a ver
com a questão indígena. Participando pela primeira vez de
uma reunião da SBPC, índios de várias tribos realizaram
ontem uma mesa-redonda sobre a ação das associações indí
Terena ganham causa no TFR genas, coordenada pelo presidente da UNIND, Marcos Te
Os índios Terena Samuel Marcos, Nilton, Sebastião e Wilson rena, e que serviu para nova reivindicação de seus direitos
poderão continuar estudando em Brasília. A decisão é do como índios. A mesa-redonda teve por objetivo tentar definir
Tribunal Federal de Recursos, acolhendo o parecer da sub métodos de ação para que o trabalho das várias entidades de
procuradoria-geral da República, segundo o qual a transfe apoio não fique apenas na crítica, mas que se possa chegar a
rência de matrículas nesta época do ano acarretara trans um consenso quanto ao interesse do índio como pessoa hu
tornos às atividades escolares. Assim, estão mantidas as bol mana diante do relacionamento com a FUNAI e com a
sas de estudos, na forma e nas condições que foram conce situação brasileira. E o que os índios pretendem, na reunião
didas. O TFR determinou a remessa dos autos para a seção da SBPC, é mostrar sua capacidade de desenvolver seu po
judiciária do Distrito Federal. Os indígenas alegavam que a tencial e de participar da sociedade brasileira, sem que para
FUNAI havia cancelado suas matrículas numa escola de isso precise deixar de ser índio. A UNIND — que não conta
Brasília e teria efetuado novas matrículas em estabeleci com o apoio da FUNAI — já tem como afiliadas mais de 50
mentos de ensino de Campo Grande (MS). Por isso reque tribos e visa, entre outros objetivos, à educação adequada em
reram a concessão de salvo-condutos para permanecer na todos os graus, a nível nacional e nas mesmas condições que
Capital Federal, onde pretendem continuar os estudos, e o branco, como está previsto no Estatuto do Índio, e o
74
ensinamento básico adequado para permitir aos índios bons dos objetivos mais importantes do encontro era a formação
resultados na lavoura. (JB — 12/7/81) de uma comissão permanente, que funcionaria vinculada ao
Instituto Indigenista Sul-Americano e ao Pacto Amazônico.
Mas sua criação acabou não sendo aprovada. (FSP —
5/8/81)
Encontro indígena em Puyo, Equador
“O mais importante é que as resoluções aprovadas foram
boas. Agora vamos esperar que o governo brasileiro não as FUNAI transfere Marcos Terena de Brasília
guarde no arquivo, mas que realmente as aplique.” A decla A FUNAI determinou a transferência do índio Marcos Te
ração é do índio Marcos Terena, ao relatar ontem os resul
tados do encontro de representantes oficiais do Pacto Ama rena, que estava matriculado na Universidade Católica de
zônico e delegados de organizações indígenas, realizado na Brasília, para a Universidade de Campo Grande (MS), sob a
cidade de Puyo, no Equador. O encontro foi promovido pelo justificativa de que todo índio deve estudar em cidades pró
Instituto Indigenista Interamericano, da OEA e terminou no ximas de suas aldeias. Marcos Terena é presidente da União
último sábado. No que diz respeito às políticas oficiais dos das Nações Indígenas e afirmou que não aceitará a mudança,
países signatários do Pacto Amazônico, entre os quais se pois a FUNAI estaria interessada, na realidade, “em afastar
inclui o Brasil, foram aprovadas as seguintes recomendações: de Brasília os índios que estão questionando a política indi
1) que os respectivos governos apliquem de maneira efetiva os genista aplicada pelo órgão”. (ESP — 13/8/81) (Ver seção
dispositivos legais e acordos internacionais que garantam os “Política Indigenista Oficial/FUNAI e MINTER”),
direitos das nacionalidades indígenas; 2) que sejam abolidos
os dispositivos legais que, de maneira direta ou indireta,
atentam contra os direitos fundamentais das nacionalidades
indígenas e suas formas autônomas de organização; e 3) que Pela primeira vez Andreazza recebe índios
os respectivos governos, no processo de elaboração, formu Pela primeira vez, desde que assumiu o Ministério do Inte
rior, o ministro Mário Andreazza recebeu uma comissão de
lação e execução da política indigenista, consultem e dêem
participação às organizações indígenas e que a referida polí líderes indígenas. Marcos Terena, presidente da União das
tica seja submetida à aprovação daquelas organizações. Um Nações Indígenas (UNIND), Idjarruri Karajá, Carlos Terena

Mário, ex-cacique. Juruna, deputado? dantes e comerciantes, afirma que o veículo fesa dos pobres”. Para ele, existem poucos
De chefe da aldeia Xavante de Namukurá a jamais poderia ser roubado: ele pertence à religiosos que seguem esta linha na Igreja do
candidato a uma vaga na Câmara Federal aldeia Namucurá, da qual Mário Juruna é Brasil. (O Globo — 20/2/81)
pelo PDT do Rio, Juruna se transformou no líder. (ESP – 8/2/81)
índio mais conhecido do Brasil e figura con
trovertida nos meios indigenistas. Índio também tem vez Juruna quer morte de cacique esclarecida
No ano de 81, prosseguiu ocupando grande “Branco pode fazer propaganda e ninguém No sexto dia de visita a Salvador (BA) o
espaço na imprensa. Seus pronunciamentos fala nada. Político também. Pelé ganha mi cacique Xavante Mário Juruna revelou ontem
foram veiculados por nada menos que 60 jor lhões e ninguém pergunta como ele gasta.” A que no encontro com o Governador pediu a
nais de todo país, além das entrevistas espe reclamação irritada, foi feita pelo cacique divulgação dos resultados das investigações
ciais para a televisão. À sua escalada como Mário Juruna. (O Popular — 20/2/81) sobre o assassinato do cacique Pankararé,
político, a FUNAI respondeu
com um bom Ângelo Xavier, ocorrido em dezembro de 79.
bardeio de “notinhas” acerca de sua vida
Os criminosos não foram presos até hoje.
pessoal e de sua “integração" aos costumes Minhocagem Após receber relatório sobre o caso da Asso
dos brancos, veiculadas pela imprensa atra Juruna fala do tratamento de minhoca que a ciação de Apoio aos Indios, o líder Xavante
vés de colunistas sociais do Rio e de São
FUNAI dá aos povos indígenas: “Minhoca lembrou que o cacique Pankararé foi morto
Paulo. Essa tentativa de “emancipação pela em emboscada por um pistoleiro conhecido
difamação”, contudo, não arrefeceu o ânimo cava por baixo, destrói choupana de índio, e
depois desaparece. Assim é FUNAI. Foi cria como Antônio de Lino, que em seguida teria
do cacique, que em 81 enriqueceu seu acervo se refugiado na região desértica do Raso da
de frases de efeito, sempre cheias de humor e da para proteger o índio mas hoje FUNAI
quer acabar com o índio.” (O Popular — Catarina, próximo à tribo, Juruna acha es
ridicularizando as ações da política indige tranho que o pistoleiro não tenha sido ainda
nista oficial. Veremos agora se, em 82, Ju 20/2/81)
encontrado pela polícia. (JB — 25/2/81)
runa passará no teste das urnas, para o que
dependerá basicamente do apoio de setores Juruna: “FUNAInos trata como violão”
da classe média carioca. FUNAI não impede candidatura de Juruna
O cacique Mário Juruna acusou a FUNAI de A FUNAI pronunciou-se sobre a intenção do
tratar os índios como se fossem violão, “to
cacique Mário Juruna de se candidatar a de
Comercial dá o que falar cam quando querem e depois botam num putado federal nas próximas eleições legisla
“Eu índio, não sofre fígado. Eu usa planta canto”. (Jornal da Bahia — 20/2/81) tivas: “De direito ele não pode ser candidato,
jurubeba. Cacique Juruna tá na cidade, só mas de fato, sim”. Juruna justificou sua cam
toma Atalaia Jurubeba", bastaram quinze didatura como conseqüência da política de
segundos com o cacique Mário Juruna no ar Juruna critica Igreja, Figueiredo e a FUNAI pressão da FUNAI. -

para que o comercial passasse a ser um dos Juruna disse ontem, em entrevista, que o pre Para a FUNAI, embora o Estatuto do Indio
mais comentados pelo público e pelos publi sidente João Figueiredo “não tem interesse estabeleça a capacidade civil do índio, o ór
citários. pelo problema do índio brasileiro, pois não gão não pensa em impedir a sua candidatura
As classificações vão de “genial” a “horrí recebe seus representantes” e fez críticas à “porque já há precedentes”. Os precedentes
vel”, mas a verdade é que ninguém conseguiu Igreja, "em particular aos salesianos”, e à a que se refere a FUNAI foram as candida
ignorar o comercial, que já ganhou até crí FUNAI. turas de alguns índios a vereador nas últimas
ticas em jornal e notas em colunas sociais. Na entrevista, Mário Juruna divulgou o texto eleições. Em sua justificativa, Juruna acusa o
(FSP — 12/1/81) do ofício enviado no mês passado ao Palácio 6rgão de tentar desativar as atuais lideranças
do Planalto, solicitando uma audiência e pe Xavante, já tendo retirado da chefia os ca
dindo que o presidente “acabe com este ór ciques Aniceto e Cipriano.
FUNAI acusa Juruna de roubarjipe gão incompetente” (FUNAI) e “nomeie pes Na opinião da FUNAI, Juruna, “para se cal
O cacique Xavante Mário Juruna está sendo soas idôneas que estejam dispostas a viver car dentro da legalidade, deveria apresentar
acusado, na delegacia da Barra do Garça, junto com o índio”. requerimento pedindo a sua emancipação”
município de Cuiabá, de ter roubado um jipe Juruna explicou que estava divulgando o do (Correio Braziliense — 6/3/81)
da FUNAI no dia 16 de janeiro, quando soli cumento porque “cansou de esperar uma res
citou condução para ir até a Casa do Indio, a posta do presidente sobre as reivindicações
200 m de onde estava. Segundo a FUNAI, dos índios”, Juruna filia-se ao PDT e pretende ser depu
Juruna roubou o jipe, mas grande parte da Em suas críticas à Igreja, disse que “padre só tado
população da cidade, entre políticos, estu pode ser considerado padre se estiver na de O cacique Xavante Mário Juruna assinou
75

e Paulo Miracureu (Bororó), foram recebidos no gabinete do documento completo sobre as atividades da UNÍND, até
ministro Andreazza em companhia do coronel Paulo Leal, mesmo a troca da correspondência entre os índios e os diri
presidente da FUNAI. Os índios foram ao Ministério aten gentes da FUNAI, que desconhecem a UNIND como enti
dendo a um convite de Andreazza, informou Marcos Terena. dade. (FSP — 19/12/81) (Ver seção “Igrejas e Indios”).
“Por nossa cabeça nunca passou a idéia de facção — disse o
presidente da UNIND dirigindo-se ao ministro —, de atender
a determinados grupos políticos ou partidários. Nossa inten
ção sempre foi a de cordialidade, colocar nossos problemas Líderes indígenas decidem trabalhar dentro da FUNAI
de homem para homem, com lealdade. Devemos respeito às Os criadores da União das Nações Indígenas (UNIND), entre
autoridades, mas elas também devem respeito às comuni eles o atual presidente da entidade, Marcos Terena, bem
como Paulo Miracureu, do grupo Bororó, de Mato Grosso,
dades indígenas, dentro dos princípios dos direitos huma estão pretendendo trabalhar dentro da FUNAI. Essa pro
nos.” (ESP – 27/10/81)
posta — explicou Marcos Terena — “faz parte dos novos
planos, da nova fase da UNIND, que não quer mais ficar
simplesmente na denúncia, mas atuar onde se decidem os
destinos dos povos indígenas do País”. Justificando sua pro
Encontro entre CNBB e UNIND posta em levar a UNIND a atuar dentro da FUNAI, Marcos
O secretário-geral da CNBB, D. Luciano Mendes de Al Terena afirma que “esta pode ser uma forma de se reduzir ao
meida, afirmou que “é necessária uma tomada de consciên máximo o índice de erros dos executores da política indige
cia da importância dos povos indígenas para a nação brasi nista, pois um erro, por menor que seja, pode trazer conse
leira. Que a Nação seja capaz não só de recuperar as falhas qüências desastrosas para os índios, inclusive com perdas de
do passado, mas de alcançar um nível superior de valorização vidas, como já fomos testemunhas muitas vezes”. Depois de
da pessoa humana”. D. Luciano fez essa afirmação ao rece 18 meses de atividades, os integrantes da UNIND já come
ber o presidente da União das Nações Indígenas (UNIND), çam a pensar em novas maneiras de agir. Marcos Terena fez
Marcos Terena, acompanhado pelos representantes das co um balanço sobre as atividades da UNIND, afirmando que o
munidades Bakairi, Bororo e Karajá, todos do Mato Grosso. ano de 81 “foi de fortalecimento interno do grupo”. (FSP —
Durante o encontro, Marcos Terena entregou ao bispo um 21/12/81).

ontem à tarde, na sede do PDT, a ficha de Terena, que juntamente com outras três im toda hora e ninguém fala. Agora quando é o
filiação ao partido do ex-governador Leonel portantes lideranças representativas dos Tu índio, acham que ele está deixando sua tri
Brizola, confirmando que pretende se candi kano, Xavante e Juruna, decidiram ontem bo”. Ele também considerou que o comercial
datar a deputado federal pelo Estado do Rio, apoiar a candidatura de Mário Juruna a que gravou para a televisão não prejudicou
com o propósito de defender “não só os di #"… federal, pelo PDT. (FSP — 8/10/
1
Sua imagem de líder indígena. (Jornal de
reitos dos índios, mas do posseiro, do traba Brasília — 5/5/81)
lhador, de todo esse pessoal sofredor, que só
recebe ferida, miséria e fome". Juruna suou
muito diante dos refletores, microfones e gra “Não fiquem tristes com o casamento do Juruna amargurado com críticas de certa
Juruma” •

vadores, mas respondeu aos repórteres com “imprensa”


muita firmeza: “O branco aprende o que O cacique Aniceto, da reserva Xavante de Juruna passou por Curitiba, com destino a
tinha que aprender com o índio, Agora, sou São Marcos, anunciou ontem em Brasília, Mangueirinha, mostrando-se muito decep
eu que vou aprender com o branco para aju que Mário Juruna vai realmente se casar hoje cionado com certa imprensa: “Estão dizendo
dar os índios. Vou me candidatar a depu na cidade de Barra do Garças, com uma muita mentira, muita calúnia a meu respeito,
tado federal pelo Rio — declarou Juruna — mulher branca e que nenhum índio foi con me acusando sem nenhuma prova”, disse o
porque sou brasileiro e livre. Por isso posso vidado para a cerimônia. Aniceto preferiu líder Xavante ao acrescentar que alguns jor
me candidatar por onde quiser, neste País." não julgar a atitude do cacique afirmando mais e revistas que “falam coisas sem prova
O cacique explicou também porque escolheu apenas que se preocupa com a possibilidade sobre minha pessoa não dizem nada contra o
o PDT como o partido ideal para a sua can de o casamento não dar certo, já que “o governo, contra o Ministro do Interior, que
didatura: “Como eu sou livre, poderia esco branco é diferente do índio”. Ele apoiou a vende terra do índio para estrangeiro”. (O
lher qualquer partido. Antes eu tinha esco iniciativa de Juruna de candidatar-se a depu Dia — 10/5/81)
lhido o PMDB. Mas, como o PMDB demo tado pelo PDT, acreditando que como depu
rou muito a me chamar, a se interessar por tado, ele poderá trabalhar mais pela sua
mim, eu conversei com o companheiro Nor tribo. “Não fiquei triste por não ter sido con “Notinhas” da FUNAI denigrem imagem
berto, que encontrei na esquina, lá em Barra vidado para o casamento de Mário” — disse Mário Juruma andou desautorizando muita
do Garça. Em quatro minutos ele acertou Aniceto. Fico realmente triste quando a FU gente que andava colocando frases em sua
comigo de falar com o Brizola. Acho que NAI não cumpre as promessas que faz para boca. O recado serve para a assessoria de im
agorá está na hora de assumir grande respon os índios. Isso sim realmente nos magoa.” prensa da FUNAI que adora mandar “noti
sabilidade. Espero que o PDT me ajude, por Aniceto foi a Brasília pedir ao presidente da nhas” para as colunas sociais ridicularizando
que sozinho não dá para lutar. O governo FUNAI o afastamentô do chefe da Ajudância o índio. Aliás não fica bem para o órgão tutor
vai ter que ouvir o representante indígena. do órgão em Barra do Garças, Rodolfo Va procurar denegrir a imagem do líder Xavante
Não vou abrir mão dos nossos direitos, não lentim, (ESP – 12/12/81)
vou brincar à frente da minha comunidade. — pois isso atinge a toda a comunidade índia
a quem a FUNAI tem o dever, ainda não
Minha luta em favor do índio terá “rês pon Juruna defende criação de uma federação revogado, de assistir. (Correio Braziliense —
tos, Demarcar as terras indígenas, exigir o indígena 22/6/81)
respeito à demarcação e escritura das terras Após ressaltar que a FUNAI “tomou conta
demarcadas.” Mário Juruna prometeu ainda do índio e não há necessidade dele ser instru
lutar contra a FUNAI, “que não precisa aca mento, objeto do governo, que não dá direito Juruna discursa para vereadores
bar, o que precisa é tirar os homens que nem para branco", o cacique Mário Juruna "O índio não deve continuar sendo tratado
mandam lá. A FUNAI está pisando em cima afirmou que a criação da Federação das Na como o foi no passado, quando foi massa
do índio." (FSP – 22/9/81)
ções Indígenas permitirá levar os problemas crado, empurrado, afastado e teve suas terras
dos índios ao governo: “Quero que o índio roubadas. Está na hora do governo ajudar o
Lideres apóiam Juruna para deputado seja ouvido como pessoa, como brasileiro, índio, dando-lhe trabalho, educação, escola,
“Para defender a causa indígena, os índics não quero que a FUNAI seja tutora do ín hospital, recursos para agricultura e infor
devem se candidatar em qualquer par" in dio”. mações.” As afirmações são do cacique Má
até no PDS. Este negócio de partido é coisa Ao rebater as críticas de que as constantes rio Juruna, que visitou ontem a Câmara Mu
de branco. O mais importante para nós é ter viagens o afastam de sua tribo, o cacique nicipal de São Paulo e fez um discurso, onde
mais um canal para buscar alguma solução Mário Juruna salientou que não está se desli também pediu o auxílio dos políticos que,
para o problema indígena no País.” A decla gando dos índios: “Estou falando dos seus segundo ele, não devem se afastar do povo
ração é do presidente da UNIND, Marcos problemas em todos os lugares. O branco sai depois de eleitos. (FSP — 26/8/81)
> > Acervo
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Política indigenista oficial/FUNAI e MINTER

As metas anunciadas pela FUNAI e MINTER não sofreram indígenas. As promessas de demarcações localizadas em
grandes alterações em 81, em relação ano anterior. Como áreas de conflito, mais especialmente nas áreas de grande
sempre a ênfase recaiu no programa de demarcação de terras “visibilidade política” (como a área Yanomami e Nambi
— cujos progressos reais foram insignificantes —, nas gran quara), parecem estar apoiadas nos arquivos do CSN e nos
des inversões de recursos para os chamados “projetos de serviços cartográficos e topográficos do Exército. Essa situa
desenvolvimento comunitário” (ver seção “Região V: Sul”) e ção sugere um certo divórcio entre as intenções do presidente
melhoria dos serviços de assistência médica. e os atuais quadros dirigentes da FUNAI.
Apesar da velha retórica oficial, o destaque em 81 foi a in
compatibilização aberta da FUNAI e da política indigenista
oficial com as reivindicações indígenas e com os setores que
apoiam os povos indígenas nas lutas em defesa dos seus Mineração em área indígena autorizada
direitos. A partir de agora as empresas estatais poderão lavrar minérios
A FUNAI deu seqüência ao seu projeto de emancipação em áreas indígenas. As autorizações serão concedidas “quan
compulsória de índios, cujo ponto culminante foram os tais do se tratar de minerais estratégicos necessários à segurança
“critérios de indianidade” formulados sob responsabilidade e ao desenvolvimento nacional”. Esta decisão foi tomada em
da AGESP, documento classificado como “racista e fascista” conjunto pelos ministros Mário Andreazza, do Interior, e
pela presidente da ABA (ver seções “Emancipação e Critérios César Cals, das Minas e Energia, através de portaria assi
de Indianidade” e “Antropólogos”). Na mesma linha, a FU nada dia 15 passado.
NAI incentivou estudos para alterar o Estatuto do Indio para A portaria interministerial estabelece, ainda, que as autori
responsabilizar índios criminalmente perante a justiça co zações só serão outorgadas, “após assentimento da FUNAI,
IIIIIIII, através de processo regularmente examinado e informado
As tentativas de controlar as lideranças indígenas que come pela FUNAI”. Caberá ainda ao órgão tutor encaminhar ao
çam a despontar a nível regional e nacional incluíram medi DNPM, num prazo de 60 dias, planta da situação das terras
das arbitrárias, como as ameaças de cassar as bolsas de indígenas ou “presumivelmente habitadas pelos índios”.
estudo que mantinham em Brasília estudantes indígenas e (FSP – 20/1/81)
cerceamento do trânsito de lideranças que buscavam a Capi
tal para levar suas reivindicações.
Ao encerrar-se em outubro de 81, a gestão do cel. Nobre da FUNAI perde departamento
Veiga havia conseguido ainda acrescentar ao seu currículo de O DGPC da FUNAI foi transformado em Assessoria de
atrelamento à política desenvolvimentista mais geral do go Estudos e Pesquisas por decisão do coronel Nobre da Veiga,
vermo uma portaria que facilita a exploração de minérios em presidente do órgão. O diretor do ex-departamento, coronel
áreas indígenas. Ivan Zanoni Hausen, agora está subordinado à presidência da
A nomeação do cel. Leal para presidente da FUNAI, com FUNAI como assessor técnico e limitado a pesquisas e es
larga experiência de trabalho junto ao CSN, reabriu os con tudos lingüísticos, etnológicos, sócio-culturais e psicológicos.
tatos com as Igrejas, a ABA, os indigenistas e as lideranças As antigas atribuições do DGPC estão agora sob responsabi
Acervo
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lidade do DGO, que além de controlar o atendimento dos 1980. Uma das falhas que a FUNAI deverá esclarecer, re
postos indígenas, será responsável ainda pelo planejamento fere-se ao recebimento de recursos no valor de 2.280.780,74
comunitário, saúde e educação. O DGO é dirigido pelo coro cruzeiros, “ainda não justificados”. (FSP — 8/7/81)
nel José Silveira. (FSP — 23/3/81)

Dados da FUNAI sobre demarcação de terras


FUNAI inspeciona “Novas Tribos” O Presidente da FUNAI comentou que está sendo acelerado
O presidente e diretores da FUNAI, acompanhados do secre o processo de regularização de terras indígenas. Assim, em
tário-geral do Ministério do Interior, iniciam hoje uma via sua administração, 24 áreas, num total de 1.564.613 hec
gem de quatro dias aos grupos indígenas do Alto Rio Negro, tares, deverão ser demarcadas, utilizando um montante de
no Amazonas, incluindo 14 comunidades, com o objetivo Cr$ 70.516.500,00. Em 1981 e 82 deverão gastar 1.321.000
oficial, conforme foi anunciado ontem, de avaliar o trabalho cruzeiros. A partir da criação da FUNAI, em substituição ao
das missões “Novas Tribos do Brasil”. Fontes da FUNAI SPI, foram demarcadas até agora, 12.548.613 hectares de
revelaram que a viagem tem por finalidade, na verdade, ins terras indígenas, que não cobrem nem a metade das exis
pecionar o trabalho daquelas missões diante de denúncias do tentes no País. Estes são dados oficiais. (ESP — 9/7/81)
CIMI e de antropólogos, de que estariam utilizando meios de
aculturação contrários à política indigenista do País e, com
isto, deturpando a cultura indígena. As mesmas fontes da FUNAI quer demitir funcionários índios
FUNAI informaram terem sido demarcados até agora apenas A FUNAI está ameaçando demitir cerca de 300 funcionários
13,7 milhões de hectares de um total de 41 milhões de hec indígenas que trabalham para o órgão em diversas regiões do
tares de terras indígenas. (ESP — 7/4/81) País. A denúncia foi feita também ontem por Marcos Te
rena. Segundo ele, o fato surgiu há uma semana e a posição
da FUNAI é demitir os índios que não quiserem se eman
FUNAI dificulta saídas de índios das reservas cipar, alegando irregularidades nas relações de trabalho.
Toda pessoa ou entidade que retirar índios das aldeias para “Para nós, essa posição é inaceitável, pois somente ao índio
participar de reuniões, encontros, congressos e quaisquer compete(FSP
Terena. decidir
– sobre sua emancipação” — afirmou Marcos.
10/7/81) •

outras atividades, inclusive passeios, sem autorização do ór


gão tutelar, ficará responsabilizada por toda despesa decor
rente da movimentação de qualquer acidente que possa ocor
rer e responderá criminalmente por danos causados. (JB — Elogiada política do governo
22/5/81) “Nunca o governo esteve tão preocupado com a demarcação
das terras indígenas como agora" — afirmou ontem o serta
nista Orlando Vilas Boas, após ter participado de um almoço
Ameaças do presidente da FUNAI na sede do Rotary Club, quando fez uma breve palestra sobre
“Desatinos e desvarios cometidos por índios contra pessoas o índio brasileiro.
ou propriedades, fora de suas reservas e que se configurarem Atualmente ele é assessor da Presidência da FUNAI e mem
como delitos, serão de inteira e exclusiva responsabilidade de bro do Conselho da entidade, trabalhando somente em áreas
quem os praticar. Isto posto, os silvícolas que assim proce ###" comunidades indígenas e a civilização. (FT —
derem, estarão sujeitos aos procedimentos legais cabíveis,
inclusive com ações policiais próprias, a cargo dos governos
estaduais, que se esforçarão em mantê-las a nível preventivo,
conforme estabelece o Estatuto do Índio.” A declaração foi Advogados da FUNAI defendem pena de prisão para os
feita ontem pelo presidente da FUNAI através de nota. A índios
divulgação desta nota foi desaconselhada pelo Ministério do Um amplo estudo sugerindo alterações no Estatuto do Indio,
Interior mas não houve tempo de evitar sua distribuição. entre as quais um capítulo que confere aos silvícolas respon
(FSP — 3/6/81) sabilidade criminal, podendo ser até julgado pela Justiça
Comum para cumprirem pena em presídios — será encami
nhado na próxima semana ao Ministro do Interior, Mário
FUNAI ganha ações contra juízes •

Andreazza, como conclusões do I Encontro Nacional dos


Seis ações em defesa do índio foram ganhas pela FUNAI Advogados da FUNAI.
junto ao Tribunal Federal de Recursos. Entre elas estão: a No Encontro, os advogados discutiram a questão da terra,
ação para retirar invasores das terras dos índios Suruí, no da integração do índio e da liberação do regime tutelar —
Posto 7 de Setembro; a ação que suspendeu a liminar conce medida que, segundo o procurador jurídico do órgão, Afonso
dida pelo juiz do Amazonas, em mandado de segurança Augusto de Morais, poderá ser provocada pela FUNAI com
impetrado por madeireiros de Benjamim Constant, contra ato uma ação declaratória na Justiça. A definição destes temas
do Chefe da Ajudância da FUNAI no Alto Solimões, proi estava sendo aguardada desde que a FUNAI iniciou estudos
bindo o abate de madeiras nas áreas indígenas Ituí, São Luís, sobre “critérios de Indianidade” e depois que o Gabinete
e Rio Branco; outra, cassou a segurança concedida pelo juiz Civil da Presidência, em ofício encaminhado ao órgão, em
federal de Mato Grosso e determinou a cessação do abate de maio, determinou alterações no Estatuto do Indio. (Jornal de
madeira na área dos índios Nambiquara, no Vale do Gua Brasília — 26/7/81)
poré; outra deu ganho à FUNAI na apelação de José Pinto
pela reintegração de posse de terras da colônia indígena
Teresa Cristina, no Mato Grosso. O TFR afirmou que “são Sem explicação FUNAI pune Terena...
manifestadamente inconstitucionais leis e convênios esta A FUNAI “transferiu” a matrícula escolar do índio Marcos
duais que visem a reduzir as terras reservadas aos silvícolas, Terena de Brasília para Campo Grande (MS), sem qualquer
ou transferi-las a terceiros”. (IB — 3/7/81) consulta ao aluno. Ao mesmo tempo, tomou a iniciativa de
anunciar que não mais pagará sua hospedagem e a alimen
tação na Casa do Ceará, onde ele reside. Marcos Terena,
FUNAI deve prestar contas presidente da UNI, foi surpreendido por essas informações
Ao suspender, ontem, o julgamento de um processo de to ao retornar do Equador, onde participou de um congresso
mada de contas da FUNAI, o Tribunal de Contas da União internacional de nações indígenas da Região Amazônica. Ele
exigiu daquele órgão “esclarecimentos ou justificativas” so estuda atualmente na Faculdade Católica de Ciências Hu
bre diversas falhas nas suas contas referentes ao exercício de manas de Brasília, onde cursa o 6º semestre do curso de
Acervo
EA
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Administração de Empresas, e o ofício da FUNAI diz que o Pedida demissão do coronel presidente da FUNAI
órgão “tomou providências e efetivou sua matrícula nas Fa O deputado Antônio Carlos de Oliveira (PT-MS) pediu on
culdades Unidas Católicas de Mato Grosso — Campo Gran tem, na tribuna da Câmara Federal, a demissão do presi
de, por transferência”. Além de estudante de nível univer dente em exercício da FUNAI, coronel Nobre da Veiga, “em
sitário, Marcos Terena é piloto e trabalhava para a própria nome da moralidade pública”. O dirigente da FUNAI é acu
FUNAI, que o demitiu quando ele se recusou a requerer sua sado de haver adquirido, sem licitação, um prédio para o
emancipação. Para sobreviver em Brasília, ele acabou acei órgão no valor de 111 milhões de cruzeiros, e de ter gasto 115
tando um emprego na Câmara dos Deputados, contratado milhões na sua reforma. Além de encaminhar documentos e
pela CLT, onde está montando uma assessoria indigenista. declarações de cartórios que, segundo ele, comprovam a
(FSP – 12/8/81) prática de corrupção pelo coronel Nobre da Veiga, Antônio
Carlos considerou “estranha” a aquisição de um aparta
mento por 29 milhões de cruzeiros, no Rio de Janeiro, pelo
“chefão da FUNAI, que é um assalariado e funcionário
FUNAI diz que não foi “castigo” público”, 30 dias após a compra do prédio. O parlamentar
A transferência do índio Marcos Terena, de Brasília para matogrossense aponta ainda que, na reforma do prédio, a
Campo Grande (MS), não deve ser vista como uma punição empresa de engenharia Santa Bárbara será remunerada com
imposta pela FUNAI. Esta foi a explicação dada ontem, em 115 milhões de cruzeiros, embora tenha cobrado 60 milhões
nota, pela assessoria de imprensa do órgão a respeito da pelo serviço, (FSP — 24/9/81)
determinação do DGO da FUNAI, que, sem qualquer aviso
prévio, comunicou a Marcos Terena sua transferência. Se
gundo a FUNAI, “o que houve foi o cumprimento de normas Demissão do coronel-presidente da FUNAI não é confirmada
do órgão, relativas à concessão de bolsas de estudo para O assessor de imprensa da FUNAI disse ontem que as notí
localidades mais próximas das aldeias dos índios-estudantes, cias sobre a demissão do coronel-presidente “não passam de
onde existem níveis de instrução compatíveis com o curso a boato e ele está voltando no dia 7 de outubro”. Os boatos
ser cumprido pelo estudante”. Diz ainda a nota que a sobre a provável demissão do coronel começaram a circular
FUNAI tem como objetivo levar os índios para as cidades quando embarcou para a Europa no início de setembro, em
mais próximas das aldeias, “permitindo sua presença mais
seu segundo período de férias neste ano, e se intensificaram
constante, mantendo assim seus padrões culturais de ori nos últimos dias, depois que os deputados federais Antônio
gem”. (FSP — 13/8/81) Carlos de Oliveira (PT-MS) e Modesto da Silveira (PMDB
RJ) acusaram o coronel de corrupção. Segundo os parlamen
tares, ele cometeu irregularidades, inclusive em seu próprio
O raciocínio do coronel da FUNAI benefício, na operação de compra e reforma de um prédio
O coronel-presidente da FUNAI, comentando ontem em Be para a FUNAI — o que também foi desmentido pelo órgão.
lém do Pará o que ele próprio considerou um excesso de Segundo assessores do ministro do Interior, o coronel-presi
reservas existente atualmente no País, que eram 86 em 1973 e dente continua gozando de inteira confiança do ministro e
se elevaram para 256 até o ano passado, admitiu a seguinte não deverá se afastar do cargo, pois “está cumprindo mis
explicação para o fenômeno: “Das duas uma. Ou o antigo são”. Esses mesmos assessores admitem, entretanto, que
SPI (Serviço de Proteção ao Indio) foi ineficiente e depois o coronel Nobre da Veiga já está “cansado” da FUNAI e,
houve uma eficiência muito grande da FUNAI, ou então “considerando ter cumprido a missão de reorganizar o órgão
houve má-fé da FUNAI e eficiência do SPI”. No entender do tutor, está disposto a sair”. (FSP — 30/9/81)
coronel Nobre da Veiga, que abordou a questão durante um
debate na reunião do Conselho Deliberativo da SUDAM,
após vários governadores e representantes de governos da
Amazônia terem criticado os critérios adotados para a cria FUNAI não se manifesta sobre denúncia de antropólogos
ção de algumas reservas, o excesso de áreas destinadas exclu Os dirigentes da FUNAI procurados ontem, em Brasília,
sivamente às populações indígenas seria resultado de más esquivaram-se de se manifestar sobre a denúncia da presi
administrações anteriores. (ESP — 28/8/81) dente da ABA, Eunice Durhan, segundo a qual alguns cri
térios apontados pela FUNAI como indicadores de indiani
dade “são perigosos, fascistas e racistas”. Eles adiantaram
apenas que o órgão tomou conhecimento das acusações e que
FUNAI não colocará obstáculo sobre elas se pronunciará hoje, provavelmente em nota ofi
A Fundação Nacional do Índio não fará nenhuma objeção à cial. Ainda ontem, o deputado peemedebista Ronan Tito, de
candidatura do ex-cacique Mário Juruna a deputado pelo Minas Gerais, propôs que na direção da FUNAI sejam colo
PDT do Rio. Sua elegibilidade depende apenas de parecer do cados antropólogos e indigenistas “que tenham maior sensi
Superior Tribunal Eleitoral que, se favorável, não implicará bilidade para viver e conviver com os problemas dos índios”,
emancipação “ex-officio” por parte do órgão tutelar. O as substituindo-se, assim, “uma posição militar que impede os
índios de irem se desenvolvendo de acordo com a sua cultura
sessor de imprensa da FUNAI disse que a diretoria do órgão
estranhou a atitude do ex-cacique. Há dois meses Juruna e com as suas tradições”. (FSP — 5/10/81) (Ver seção “An
esteve aqui e reuniu todo mundo para dizer que precisava de tropólogos”).
auxílio, porque desejava abandonar a política e se tornar
fazendeiro. E ele, agora, vem com essa — desabafou. Há
quatro indígenas exercendo o mandato de vereador: Jair O coronel da “disciplina”
Oliveira, Terena de Aquidauana (MS) e presidente da Câ A partir de novembro de 1979, quando o coronel João Carlos
mara local pelo PDS; Isaias Amorim Ferreira (MS), do posto Nobre da Veiga assumiu a presidência da FUNAI, a palavra
indígena Pilade Rebois, em Miranda, e Pedro Vitorino da de ordem fói “disciplina”. Por indisciplina, o coronel demi
Silva (MS), do posto indígena Nioaque e também presidente tiu 39 funcionários, entre antropólogos, professores, soció
do diretório do PDS. O cacique Antônio Taré, do posto logos e médicos, no dia 1º de julho do ano passado. Por
Cariri, de Porto Real do Colégio, Alagoas, é vereador eleito disciplina, seus assessores (cerca de 12 coronéis), convoca
pelo ex-MDB e hoje está no PTB. O cacique Kaingang ram a Polícia Militar de Brasília para cercar o prédio da
Angelo Cretã, de Mangueirinha (PR), era vereador pelo FUNAI quando, no dia 5 de maio de 1980, 33 Xavante
MDB e tido como um dos mais combativos, entre os líderes invadiram o gabinete do coronel Nobre da Veiga, exigindo
indígenas do Sul do país, até morrer num suspeito acidente suas terras, respeito à sua cultura e punição dos corruptos.
automobilístico no final de 1969. (JB — 22/9/81) (Ver Box Era preciso manter a ordem a todo custo, e o coronel Nobre
“Juruna”). da Veigajamais admitiu oposição. Paranaense, 54 anos, o co
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ronel sempre trabalhou em funções ligadas à segurança e demarcação das terras indígenas, dando continuidade ao
informação. Seu último emprego, antes da FUNAI, foi de trabalho de seu antecessor, disse ontem o novo presidente do
chefe da assessoria de segurança e informação da DOCE órgão, Coronel Paulo Leal, após palestra na Escola Superior
GEO (empresa de mineração, subsidiária da Vale do Rio de Guerra, da qual também participou o Coronel ex-presi
Doce). A maioria de seus assessores também estiveram liga dente da Fundação. Sobre a candidatura do Cacique Juruna
dos aos problemas de segurança. Apesar de toda a disciplina, a deputado federal, o Coronel Paulo Leal afirmou que a
o coronel não conseguiu evitar os graves conflitos que ocor FUNAI não foi consultada, mas que Juruna tem “todas as
reram durante sua administração. (ESP — 15/10/81) condições para se candidatar e até se eleger. A FUNAI não
colocará qualquer obstáculo a esta pretensão de Mário Ju
runa. Chegando à sala de imprensa da ESG, o Coronel Paulo
Coronel-presidente deixa, tarde, a FUNAI Leal disse que a nova administração da FUNAI dará toda a
O ministério do Interior aceitou ontem à noite o pedido de ênfase à demarcação de terras, à saúde e à educação das
demissão do coronel João Carlos Nobre da Veiga da presi tribos indígenas. O Coronel Leal insistiu na continuação da
dência da FUNAI. O sucessor deverá ser o coronel-aviador política adotada pelo seu antecessor “em consonância com a
Paulo Moreira Leal, atual assessor da FUNAI, segundo nota Constituição Federal, o Estatuto do Indio, as diretrizes se
divulgada pelo Ministério. A administração de Nobre da toriais do Presidente da República e as normas do Ministério
Veiga foi marcada inicialmente por vários problemas inter do Interiór”. Acrescentou que o órgão dará proteção às
nos da FUNAI que culminaram com a demissão de 39 indi famílias que porventura ocupem terras indígenas, “pois elas
genistas e de vários antropólogos. Os funcionários foram para lá foram bem-intencionadas”. “A FUNAI não é um
acusados de indisciplina, depois de terem encaminhado uma instrumento de desassossego social. Se possível, queremos
carta ao ministro do Interior, criticando a política indigenista # os fazendeiros, os posseiros, os grileiros e os índios
oficial. Indigenistas e entidades de apoio ao índio criticaram, quem satisfeitos com nossas ações. Sobre o envolvimento de
nesses dois anos, o número excessivo de militares que Nobre setores da Igreja em áreas conflitadas, o Coronel Paulo Leal
da Veiga empregou na FUNAI, todos eles ocupando cargos afirmou que todas as organizações religiosas sempre fizeram,
de chefia. Além disso, o coronel assistiu a vários conflitos em estão fazendo e farão muito pelas comunidades indígenas”.
áreas indígenas por problemas de terra, dois deles com a A FUNAI sempre buscará um assessoramento, um conselho
morte de várias pessoas em ataques feitos pelos índios. Ocor de todas estas organizações religiosas. Fez um apelo para que
reram também epidemias de sarampo e coqueluche em várias a imprensa o ajude, levando possíveis denúncias ao seu co
tribos e a FUNAI foi acusada de não dar assistência ade nhecimento, antes de publicá-las nos jornais. “Indio e im
quada, havendo inclusive denúncias de negligência médica prensa têm prioridade na minha agenda e não esperam na
na morte de 16 crianças do Xingu. (ESP — 15/10/81) porta de meu gabinete. Se não puderem ir lá, podem tele
fonar.” — “Qual o seu telefone?” “Bem, eu não posso dizer,
porque assumi há muito pouco tempo. Mas, assim que sou
O novo presidente da FUNAI: coronel da Aeronáutica Paulo ber, eu o fornecerei.” (JB — 23/10/81)
Leal
O coronel da Aeronáutica Paulo Moreira Leal, foi nomeado
ontem presidente da Fundação Nacional do Indio, por ato FUNAI aperfeiçoa projeto para se vincular ao CSN
assinado pelo vice-presidente em exercício Aureliano Chaves. A FUNAI poderá ser vinculada ao CSN. A notícia vem sendo
O coronel Leal concedeu uma rápida entrevista em que con mantida em sigilo pelos assessores da FUNAI, mas os estu
vocou a imprensa para ajudá-lo em sua nova missão. A posse dos para a vinculação estão sendo feitos há quase um ano e
do novo presidente está marcada para segunda-feira, às agora recebem um aperfeiçoamento do novo presidente do
16h30m, no auditório do Ministério do Interior. Em contato órgão tutor dos índios, Coronel Paulo Moreira Leal, que até
com os índios desde 1955, quando começou a pilotar os assumir a presidência da FUNAI trabalhava na secretaria do
“saudosos B-17” à procura de petróleo, o coronel Leal é o CSN. (FSP – 8/12/81)
primeiro presidente da FUNAI que assume o cargo com uma
larga experiência dos problemas indígenas, pois até setembro
passado trabalhava na Terceira Subchefia do CSN. Este
departamento — explicou — “trata do campo psico-social,
tensões, conflitos, e por isso entrei em contato com o pro
blema do índio”. “A FUNAI é uma missão difícil — disse.
Mas alguém deve ir para a trincheira, alguém deve tentar
esta missão.” Desde que assumiu o cargo de assessor da pre
sidência da FUNAI, em 15 de setembro passado, o novo pre
sidente começou a visitar todos os departamentos, dedi
cando-se, fazendo observações e estudando todos os proces
sos e pesquisas, mas afirma que, até ser convidado para o
cargo de presidente, “não sabia de nada”. (FSP — 16/10/81)

As mudanças com o novo coronel


Paulo Leal fará algumas modificações nos quadros da FU
NAI, mas os nomes de seus principais assessores ainda não
foram revelados. Sabe-se apenas que o coronel Ivan Zanoni
Hausen, diretor da AGESP, também da Aeronáutica, de
sempenhará importante papel na nova administração. Na
FUNAI, há um clima de suspense, mas os mais antigos fun
cionários da casa, inclusive sertanistas, não escondem a satis
fação pela saída do coronel Nobre da Veiga, demonstrando
muita confiança no novo presidente. (FSP — 16/10/81)

Novo coronel-presidente da FUNAI seguirá “obra” do an


terior
A principal meta da nova administração da FUNAI será a
> > Acervo
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81

Emancipação e critérios de indianidade

A FUNAI voltou a insistir em 81 na emancipação compul cionar a questão do menor, reduzindo a faixa etária para a
sória de índios, ensaiando mudanças na legislação e produ maioridade. (O Globo — 10/1/81)
zindo um documento sobre “critérios de indianidade”, sob
coordenação do diretor da AGESP (antigo DGPC), cel. Ivan
Zanoni Hausen. Ambas as iniciativas foram bastante criti FUNAI: não há minuta de novo Estatuto
cadas por líderes indígenas e entidades de apoio. Sobre tais O presidente da FUNAI, coronel Nobre da Veiga, desmentiu
“critérios” recaíram boa parte das críticas que antropólogos ontem, em nota oficial, as informações do deputado José
fizeram à política indigenista oficial desse período (Ver seção Costa (PMDB-AL), segundo as quais as sugestões para mu
“Antropólogos”). danças no Estatuto do Indio já estão na Procuradoria Geral
da República, em minuta de decreto-lei.
Depois de dizer que a emancipação “ex-officio” “é apenas
uma hipótese”, Nobre da Veiga estranha que se tenha co
mentado, nos últimos dias de modo insistente e até afirma
Emancipação dos índios volta ao debate tivo, a existência de sugestões para mudanças no Estatuto do
O projeto de emancipação dos índios brasileiros voltou a ser
discutido. Três anos depois de ter sido abandonada a idéia
#* Consultoria-Geral da República. (O Globo –
proposta pelo ex-ministro do Interior Rangel Reis, a FUNAI
pretende alterar o Estatuto do Índio nos capítulos referentes
à emancipação e o anteprojeto do decreto-lei já se encontra CIMI prevê emancipação dos índios
na Consultoria Geral da República, segundo informação do
deputado José Costa (PMDB-AL). (FSP — 6/1/81) Q presidente do CIMI, Dom José Gomes, denunciou que a
FUNAI pretende voltar a forçar a emancipação dos índios
brasileiros, desta vez através de um dispositivo legal que
Comissão Pró-Índio faz crítica à emancipação possivelmente será apreciado pelo Congresso em março. A
A diretora da CPI-SP, a advogada Maria Helena Pimentel, informação surgiu durante a reunião regional do CIMI, rea.
disse ontem que “a emancipação ex-ofício dos índios repre lizada no Acre, da qual ele participou.
sentaria uma ingerência indevida do Governo na vida dos Esta medida, segundo o Bispo de Chapecó, prevê o fim da
indígenas, com o objetivo imediato de afastar as lideranças tutela aos índios maiores de 21 anos, que falam português,
das comunidades”. conhecem a problemática nacional e possuem ofício. “O
Segundo Maria Helena, a CPI-SP está tentando averiguar a objetivo da medida é retirar a tutela dos índios mais cons
cientes e combativos que, assim, poderão ser presos e res
veracidade das informações de que o Executivo estaria pre ponder a qualquer tipo de processo penal ou criminal, inclu
tendendo reformular o Estatuto do Indio, “introduzindo um sive através da Lei de Segurança Nacional.” (JB — 21/1/81)
tipo de emancipação compulsória”. •

Mas desde já — afirmou — a CPI-SP é contrária a essa me


dida e a outras que pretendam resolver o problema indígena Antropólogo critica a FUNAI
com a emancipação. Seria a mesma coisa que tentar solu O antropólogo Pedro Agostinho, da UFBa, declarou que o
projeto de emancipação do índio, que volta a ser cogitado dades indigenistas”. Pedro Agostinho é também coordena
pela FUNAI, “é a maneira que o Estado procura de se furtar dor da Comissão Especial de Assuntos Indigenistas da ABA.
à obrigação constitucional de proteger os índios contra inte (JB — 20/1/81)
resses econômicos e discriminação”. Segundo o professor,
o projeto é também “uma forma inescrupulosa de enganar o
público”. Na sua opinião, há poderosos interesses econômi FUNAI quer medir o “grau” de indianidade dos índios
cos por trás do projeto que — ele lembra — “vai permitir que Os estudos do Departamento de Pesquisa da FUNAI_para
grandes e pequenos interesses, assim como o preconceito, avaliar o grau de “indianidade” e de “integração” dos índios
trabalhem no sentido da extinção e desagregação das socie brasileiros deverão estar concluídos em poucos dias. O De

de máscara que nem os brancos chama. Mas ao senhor que o problema da terra, por en
A CONCEPÇÃO DE INDIANIDADE DO nós num chamamos máscara. Nós chama quanto, a gente vai devagarinho. O que nós
DO CORONEL ZANONI
veste do nosso ritual, do nosso Ouricuri. tamos precisando e a nossa viagem...
Z — Como é teu nome? Z — E o meu trabalho.

O diálogo a seguir, é a transcrição de entre S — Meu nome é José Saraiva. S — Tá dependendo do senhor. O senhor
vista gravada entre o cacique José Saraiva e Z — José, é o seguinte, Ontem eu já disse a falou que nesses trinta dias, não sei quando,
ia no Recife.
outros representantes do grupo Tingui-Botô, você qual é a nossa posição. Vamos sentar aí.
de Feira Grande (AL), com o coronel Ivan Z — Eu voti. ##
Se eu chegar lá agora e mandar alguém do
Zanoni Hausen, diretor da AGESP/FUNAI. DGPI dizer que quer ver o arquivo, você sabe S - Ela ver se tinha condições ou de dar uma
Os Tingui-Botó reivindicam da FUNAI o re o que é que eles fazem. Vão queimar tudo o passada por lá ou de mandar alguém ir fazer
conhecimento de que são remanescentes indí que tá escrito lá porque naquela terra da lá uma pesquisa sobre a aldeia.
Z — A minha ida não tem nada a ver com
genas e que têm, conseqüentemente, direito quela época foi há duzentos anos dos índios.
às terras e à assistência do órgão indigenista. Ágora eu vou dizer uma coisa a vocês. Aquilo isso. Eu posso mandar lá alguém fazer uma
Ficam bem explicitados, no decorrer da en que o professor (inaudível) disse é o seguinte: pesquisa, mesmo não indo. O importante não
trevista alguns dos “Critérios de Indiani Quando a gente olha prá você, por exemplo, sou eu, é o pesquisador.
dade” aplicados pela FUNAI. Através das a gente sabe que você tem sangue de índio, S — O pesquisador,
definições de “indianidade” do coronel Za mas também tem sangue de africano. Z — Não era isso que você tava preocupado?
noni vê-se claramente a importância atri S — De africano. S — É isso que eu tô preocupado. E eu que
buída aos critérios raciais na definição de Z — Quando a gente olha prá mim, não sabe ro, Coronel Zanoni, eu lhe peço até pelo amor
quem é ou não índio em detrimento da consi de que é que eu tenho sangue, mas eu tenho de Deus, que o senhor faça isso por nós logo.
deração de critérios culturais (como a preser sangue de índio. Prá decidir uma vez por todas. Porque a
vação de rituais) e sociológicos (os Tingui S — Sim senhor. gente tira essa idéia de ficar andando prá
Botó se consideram índios e assim são consi Z — Eu tenho um oitavo de sangue de índio aqui, dando preocupação a todos...
derados pela população regional). Xarrua da Província de Dorrentes, na Argen Z — Eu entendo. Você tá debaixo hoje de
(A transcrição da entrevista foi publicada no tina. Porque minha avó, minha avó veio uma angústia que você não... É preferível
daqui, oh... veio daqui. Aqui tava cheio de dizer não é...
jornal PORANTIM, nº 35, de dezembro de S — Não é.
índio.
1981) (Ver “Tingui, Kariri, Botó” na seção Z — Tá bom.
“Região IV: Leste/NE”). S — Sim senhor.
S — Exatamente. Você é um brasileiro como
Z — Tenho sangue de português. No entanto
Zanoni: Que é que há? Você tá esperando há meu nome é alemão, tenho cara de alemão, qualquer outro. Tem sangue disso, daquilo,
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muito tempo? Senta aí e fala rápido porque mas lá no sangue tenho um pedacinho de...
eu já estou de saída. • Agora o que tá acontecendo é que quando foi Z — Se disser é, então agora... Agora é dife
Saraiva: Coronel Zanoni, aqui quem vai falar rente. Aí a gente vai lutar, tomar a terra,
se levar o problema da terra... Como é que a
é o senhor. Porque o senhor como professor FUNAI vai defender a terra se não tá nem num sei o quê.
S — Perfeitamente.
tem plenos poderes. Eu acredito que não sabendo quem é índio, quem não. Daí que
pode haver uma condenação dessa (refere-se começou o nosso trabalho. Z — Agora o que eu quero pedir a você, é o
à notícia do jornal em que o Cel. Nobre da S — Foi... foi... seguinte: Primeiro, confiança na FUNAI.
Veiga nega a identidade étnica dos Tingui Z — Hsso é prá acabar com essa guerra. Por Segundo, não briguem contra o governo lá.
Botó). Inclusive nunca foi feita uma pesquisa que se não muito antes da gente fazer qual Porque se você brigar contra o governo, con
na parte do setor indígena deles. É... de ob quer coisa eles vão lá e queimam tudo como tra o deputado, o prefeito, os caras pode
jetos sagrados. Então eu acredito que o ne queimaram os cartórios todinhos. Você sabe rosos, você já cria uma antipatia prá causa de
gócio foi errado. Era prá ter demonstrado vocês. Pense bem nisso,
disso, né Saraiva?
Gilteril, Irlas... • S — Não. S — Perfeito.
Z — Não. Não tem nada errado aqui não. Z — Eles vão e queimam os cartórios pro Z — Aí dificulta depois a ação da FUNAI.
Tão confundindo terra com reconhecimento INCRA não reconhecer negócio de título e Porque todo mundo se prepara para ir con
de Grupo. O que o presidente fez foi o se tudo... É uma coisa terrível. Então o que é tra. Então essa declaração do presidente es
guinte: enquanto não for feito um laudo que eu bolei aqui. Foi uma maneira de a vaziou o negócio. Aí os caras: Não é não, não
etno-histórico, não se pode tratar desse pro gente ir pros arquivos como se fosse não tem se trata disso... Quer dizer, os fazendeiros
blema. Porque o problema da terra, hoje, tá nada a ver com isso, Ninguém fala mais em que estão lá compraram as terras de gente
todo ele conflitado no Estado. Então, como negócio de terra. Nós vamos procurar como que vendeu e que roubou num sei há quantos
eu disse a você, o que o presidente falou foi o negócio de cultura, Museu do Indio e cadê os anos, ele tá agora tranqüilo. Quer dizer: ele
seguinte: o presidente sentiu que não adian arquivos? Então nessa hora a gente bota a não vai lutar contra ela. Quando ele menos
tava querer regularizar uma terra, quando a mão no negócio. Aí tá lá: Em mil setecentos e espera a FUNAI bota a mão no arquivo his
própria sociedade tá dizendo que vocês não tanto Dom João num sei o que vendeu a tórico e descobre que vocês são remanescen
são índios. E ninguém disse se vocês são ín terra... No ano tal assim e assim tem o tes tes dos índios tal, tal, tal. Mesmo que vocês
dios ou não. Alguém tem que se explicar. temunho do Padre Fulano que escreveu o não sejam índios e que não tenham direito,
Alguém tem que se explicar e dizer que vocês relatório,.. Entendeu a diferença? mas alguém ali (inaudível) que existia índios
são meio-índios, são remanescentes, não são. S — Entendi. e que devia estar naquelas terras, Então
Isso é que tem que ser feito. Então a posição Z — Depois que a gente pegar isso a gente quem está naquela terra... É. Você entendeu
do presidente foi essa. Agora o que o jornal diz: Olha, o Zé Saraiva de fato hoje não é
diz, ogº" tá sempre deturpando. índio, Porque ele tem tanto de sangue índio,
S — E... não sei... tanto de preto, tanto de português, tanto de Z — Prá quem joga xadrez ou joga dama às
{AI...
— Vocês têm que ter confiança na FU não sei de quê. Mas, há cento e vinte anos vezes faz uma jogada e prepara prá dois, três
lances depois. Tem que ser feito assim.
atrás existia uma tribo de índios aqui que era
S — Ah, eu tenho confiança na FUNAI e... é dona dessa terra. Foi roubada pelo seu fu S — Agora, Cel. Zanoni, eu proponho ao se
melhor falar eu vou falar logo a verdade. Eu lano... Você entendeu? nhor... Sei que tô aborrecendo... Mas...
tenho confiança no senhor como me disseram Z — Não tá aborrecendo nada.
S - Entendi.
que o senhor é antro... não sei como é? Z — É esse o trabalho que vamos fazer. S — O senhor vá me desculpar.
Z — Sociólogo. S — É. E mesmo assim outra coisa que eu Z — Não tá aborrecendo nada.
S—Sim. É que entende de muitas coisas de quero perguntar ao senhor. O senhor... nós S — Eu como analfabeto não sei nem falar o
índio. Então nós viemos aqui...
Z — Isso é boa vontade deles.
vamos em conversa aqui... nós pedimos ao pºusº nem tenho a minha língua tri
senhor, inclusive que tava os cinco índios ou
S — Sim, Coronel Zanoni, nós viemos apre remianeScentes... Z — Você pode não saber escrever, mas falar
parado. Nós trouxemos nossos objetos sagra Z — A história é essa... você fala muito bem.
dos como o Cel. Silveira viu ontem. Um tipo S — Nós perguntamos ao senhor e dissemos S - Agora eu queria uma confirmação do
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partamento teve o prazo de dez dias a partir do dia 26 de
janeiro para entregar os resultados. A idéia de estabelecer #" quer a emancipação
po
compulsória do índio, crê o
critérios de indianidade vem sendo alimentada há mais de
um ano pelo coronel Zanoni Hausen, diretor do DGPC.
Cópia de uma instrução técnica da FUNAI, de janeiro úl
Mantido em sigilo pela FUNAI, os dados com os quais os timo, determinando o estudo sobre tutela e integração será
antropólogos estão trabalhando para determinar a indiani
distribuída a todo o Episcopado brasileiro pelo presidente do
CIMI, Dom José Gomes. Ele interpretou o documento como
dade e integração das comunidades indígenas brasileiras, prova de que a FUNAI pretende estabelecer, através de reso
o estudo vem preocupando antropólogos e entidades de apoio lução interna, a emancipação compulsória de índios brasi
ao índio. (Jornal de Brasília — 7/2/81) leiros. (JB — 23/2/81)

Senhor. O senhor como um professor, se o era índia. Mas o pai... Entendeu? Quando não tem nada a ver com esse problema de
senhor quisesse... Nós não tem costume de você botar isso prá frente você sabe qual é o terra. Esse é um negócio muito mais difícil e
mostrar uma parte do nosso ritual ao branco seu sangue ou não. Eu sei que nunca foi feito que tem que ser feito (inaudível), Por exem
nunca na vida, Quem tá forçando — eu não isso. É isso que você quer que eu faça? plo, o Rio Grande do Sul. No Rio Grande do
vou negar ao senhor — quem tá forçando nós S — Eu quero que o senhor realmente faça Sul tomaram as terras dos índios. Quem to
chegar aqui — como eu mostrei ao Cel. Sil um levantamento lá. Veja as nossas tradi mou foi o governo do Estado. Não foi esse
veira — é uma parte é... sinceramente eú vou ções, se com... governador, não. Foi outro. Foi Brizola, fo
falar ao senhor. É a FUNAI. Porque eu me Z — Mas veja, o problema da tradição aí é ram os outros. Então, no momento, essa ter
sinto magoado da FUNAI, embora que eu que entra outra coisa. Qual é a tua tradição? ra do índio está cheia de colono, de gaúcho
não vou por conselho de branco nenhum que A tua tradição é a mais forte por causa exa que comprou aquela terra. Você não pode
tem chegado lá na nossa aldeia, pedindo en tamente do traço. Se você tá lá dentro de uma chegar e botar aqueles caras prá fora da noite
trevista de nós, o que é que a FUNAI faz pro dia. Agora, o que é que eu disse. Nós
contra nós, prá nós dar entrevista na TV terra de índio, aquele pessoal, mesmo preto,
com cabelo carapinha, assumiu a cultura do não temos que brigar com esse povo. Nós só
Gazeta, isso e aquilo outro. Não. A gente temos que levantar quem é que é índio e
espera pela FUNAI. No momento, até aqui, índio, tem trezentos anos que entrou o preto
no meio por causa dos Palmares... quem não é. Depois que a gente levanta...
nós considera que a FUNAI seja a nossa paz. S — Exatamente. Então, você é índio. Morou toda a vida aqui,
E por isso nós, enquanto não houver uma Z — Então nós vamos chegar à conclusão, a então não podiam ter vendido a terra do ín
realidade da FUNAI, num vai fazer isso. Nós dio. Aí é que... É uma outra operação que
vem se mantendo a não fazer mal à FUNAI FUNAI vai dizer não. Que, embora na parte
cultural histórica continua sendo índio, quer vem depois. Então você pegou muito bem.
porque é muito sério a gente agir contra a dizer, esse é o laudo que a FUNAI dá. Isto é A primeira coisa que você precisa é do téc
FUNAI numa coisa que ela ainda não foi lá. o que nós fizemos... nico lá prá fazer esse trabalho. E vai ser feito,
Mas...
S — Pois é isso que eu vim lhe pedir... S — Exatamente. Agora eu quero que o se
Z — Zé, você sabe que não é culpa da FU Z - Então fique tranqüilo, rapaz. Agora nhor como chefe que vai designar esse tra
NAI. Por que vocês, durante muito tempo... uma coisa que eu vou lhe pedir. Você fez mal balho, eu queria pedir o favor ao senhor,
Vamos sentar... Vocês, durante muito tem em ter vindo aqui sem falar com o seu dele Que o senhor marcasse assim o tempo. As
po, vocês toda a vida foram identificados gado. sim, de trinta dias prá cá. E me desse a pa
como caboclos. Eu aprendi na escola quem S — Coronel... Coronel Zanoni, eu sei que lavra do senhor por escrito porque assim é a
tem meio sangue de branco com preto é mu fiz mal. Mas o senhor... firmeza.
lato, Z — Não vou dizer que você fez mal. Mas Z — Por escrito não precisa. Tô lhe dando
S — Mulato. não foi a melhor solução. Não fez mal, mas minha palavra que eu vou mandar gente prá
Z — Quem tem sangue de índio com branco não foi a melhor solução. lá. E lhe dou minha palavra que eu vou man
é caboclo. E quem tem meio sangule índio S – Exatamente. dar gente logo que puder.
com preto é cafuso. Nós não aprendemos Z — Por exemplo, se você me vende esse arco S — Mas qual é o tempo mais ou menos?
isso? Agora chegou um determinado dia, por dez cruzeiros, você não vendeu mal. Mas Marque, nem que seja um tempo longo. Mas
chegou uns caras a dizer o seguinte: Não, não foi a melhor venda. Você poderia vender eu quero ter a certeza,
quem tem um tal e tal de índio é índio. Claro! a outro por quinze. Z — Eu digo, então, a você. Dentro de trinta
Se eu disser que tenho o sangue de alemão, S — Exatamente. dias vai um técnico à área.
eu tenho um vinte num sei o quê de alemão, S — O senhor não se incomoda de ver um
Mas eu não sou alemão. Não sou alemão Z — Eu vou dizer porquê. Se você tivesse
ido, entre vindo a Brasília, tivesse ido ao pouco de nossa cultura? Do nosso ritual?
coisa nenhuma. Eu já não sou mais alemão. Aqui na sua presença?
Agora eu tenho o sangue de alemão. Como eu. Leonardo, hoje ele já me teria passado um
telegrama, pedindo prá eu mandar um téc Z — Não vai dar agora. Porque eu tenho
Jenho o sangue de francês, de português dos compromisso, como eu disse a você. Hoje de
Açores, e de índio, nico meu prá fazer um laudo etno-histórico
sobre os remanescentes ou a comunidade que tarde eu tenho uma reunião no Ministério do
Z — Então, Saraiva, pense bem. Um ameri se diz índio... Interior. Agora eu tenho gente que vai almo
cano, nos Estados Unidos, ele matou a cha çar na minha casa. Eu não posso. Eu prefe
rada. Ele disse assim: Só é índio quem é meio S — Tingui-Botó,
índio ou mais. Então você é meio índio. Que Z — Ganhava. Antes mesmo de você sair de riria que vocês me honrassem, quando eu
fosse visitar a sua aldeia.
quer dizer meio índio? Você tem aqui o ín Recife prá Alagoas talvez já tivesse ido lá o
técnico, S - Até demais.
dio, né? E aqui você tem o branco. Se casa o Z — Então aí vocês preparam e eu estarei lá
branco com o índio, então nôs chamamos S — Mas o senhor sabe o que é que acon
tece? O senhor sabe o que é comunidade? com o delegado e, possivelmente com meu
esse aqui de caboclo puro. Lá nos Estados técnico.
Unidos é índio. Porque está escrito que é Comunidade agita.
Z — Tudo bem. S — Muito bem. Nesses trinta dias?
meio sangue. Agora, esse aqui é branco. Esse Z - De hoje a trinta dias. Que dia é hoje?
aqui, portanto, vai ser o meio índio. Mas se S — Agita...
Z — Não tem, como eu disse, não tem nada S — Hoje, eu não sei.
ele casar com um branco, já não vai ser mais, Z — Vinte e cinco de setembro. Antes de
porque aí o sangue não é meio, já é um de errado. Apenas não foi a melhor solução.
O importante é o seguinte, Saraiva. Você vinte e cinco de outubro tem gente lá.
quarto. S — Muito bem. Olhe, eu vou apertar a mão
volte lá pro seu povo e diga o seguinte: Nós do senhor. E vou confiar no Sr.
S — Um quarto. vamos ter uma definição da FUNAI. Agora,
Z — Agora se esse aqui casa de novo com não agitem. Não briguem. E não criem pro
Z — Sem dúvida. E lá você prepara uma
um índio, então realimenta o sangue. Então é blema. Porque se o indivíduo te avisa que vai senhora recepção. Eu vou com o delegado.
índio. Me parece uma coisa assim. Mas, aqui Eu vou com o meu técnico,
no Brasil, não tem nada escrito a respeito brigar com você, você já fica de arma, espe S — Muito bem. Palavra do Coronel Zanoni,
disso. No dia que existir uma lei dizendo isso rando ele. Agora se vem o cara aí para con não é?
versar com você, é diferente.
ou que alguém diga, não há essa briga forte. S — É diferente. Z — Não. É a mesma do Coronel Nobre da
Então o que é que é um remanescente indí Veiga. Que eu sou amigo do Cel. Nobre da
gena? O remanescente indígena é alguém que Z — Você oferece um café prá ele. Mostra a
mulher, mostra os filhos, mostra a casa. En Veiga. É um homem de palavra.
tem sangue de índio, como eu sou remanes S — Essa coisa que tá no jornal não tem
cente. Eu sou um remanescente alemão. tendeu a diferença? nada que ver?
S — Entendi.
Como um menino filho de japonês é um re Z — Não. Isso é até bom prá vocês. Você
manescente japonês. Tem que ver até onde Z — Nós não podemos brigar com a socie entenda. Porque com isso aí todo mundo fi
dade envolvente.
vai o sangue. Então ele chega prá você, o cou, ninguém vai incomodar mais,
antropólogo, e levanta e diz assim: José Sa S -- Exato.
S — Então tá. E adeus e muito obrigado. -
raiva, você é filho de quem? Você diz assim: Z — Quem vai dizer se você é índio ou não é, Z -- Nos vemos lá na sua terra. • •

Meu pai era índio, minha mãe branca. Sua é o laudo. Todo o mundo. O índio é aquele S - Muito obrigado. Eu vou me embora.
avó? Bom, o pai de minha mãe era preto e ela que é índio. Assume a sua condição. Agora, Até logo.
> > Acervo
_A = A
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FUNAI pretende mudar Estatuto do indio nuela Carneiro da Cunha, condenou ontem a proposta que a
O presidente da FUNAI, admitiu ontem que o órgão vem FUNAI encaminhará ao Ministério do Interior, sugerindo a
desenvolvendo estudos que possam ser apresentados como possibilidade de recorrer ao Judiciário para liberar da tutela
sugestões para as alterações no Estatuto do Índio, especial os índios considerados integrados,
mente no que se refere à emancipação. Na sua opinião, isso confirma a intenção da FUNAI de insti
Nobre da Veiga acentuou que, embora o Governo ainda não tuir a emancipação compulsória e a estimativa de que 40 mil
tenha se manifestado oficialmente sobre a liberação da tutela índios poderão ser liberados do regime de tutela se a proposta
individual, a FUNAI quer deixar os estudos concluídos para for aprovada, demonstra que não serão atingidos apenas indi
o caso de um pedido oficial sobre o assunto. (FT — 11/3/81) víduos, mas comunidades inteiras.
Quarenta mil índios — afirmou — significa um quinto da
população indígena do Brasil, incluindo as crianças. Por
tanto, isso mostra que o objetivo é emancipar grupos inteiros.
FUNAI nega revisão do Estatuto Segundo Manuela, a intenção de se instituir a emancipação
A FUNAI não possui, segundo sua assessoria de imprensa, compulsória está intimamente ligada às questões das terras
qualquer estudo de alteração do Estatuto do Indio para esta indígenas, visando a liberá-las para as grandes empresas
belecer novos critérios de emancipação. Apesar do docu agropecuárias. (O Globo — 26/7/81)
mento divulgado pelo CIMI, em Manaus, preparado pelo
SNI e encaminhado ao ministro do Interior, Mário An
dreazza, recomendando a imediata revisão da Lei, a asses FUNAIretem estudo sobre emancipação
soria do órgão assegurou que desconhece qualquer solici A presidência da FUNAI decidiu que não encaminhará ao
tação de estudo neste sentido. (ESP — 11/4/81) Ministério do Interior os estudos sobre emancipação dos ín
dios. Esses estudos foram preparados durante o 1º Encontro
dos Advogados da FUNAI e o seu objetivo, segundo infor
Indio condena projeto de emancipação mou a assessoria de imprensa do órgão, é coordenar este
“O que a FUNAI quer com o projeto de emancipação é abrir trabalho caso o ministério do Interior decida alterar o Esta
uma brecha para atingir toda a população indígena e criar tuto quanto à emancipação dos índios. (FSP – 29/7/81)
condições para que pessoas altamente interessadas venham a
tomar as terras dos índios.” A advertência é do índio Marcos
Terena. “Se este projeto vingar nunca haverá condições para FUNAI acha justo emancipar índios destribalizados
a autodeterminação dos índios, nem para que eles tenham O índio destribalizado, portador de carteira de identidade,
uma economia forte a ponto de partilhar o progresso com a título de eleitor e com grau de escolaridade razoável deve
sociedade brasileira”, afirmou Terena. Para ele, o que se perder a tutela da FUNAI, passando a ter os mesmos direitos
chama de progresso hoje no Brasil só tem revertido em pre e deveres que qualquer cidadão brasileiro. A FUNAI estaria
juízo para os índios. (JB — 22/4/81) disposto a entrar na Justiça com as declaratórias, emanci
pando vários indígenas “emancipados de fato, não de di
reito”, segundo palavras do coronel.
FUNAI volta a negar emancipação “Vários índios, atualmente — afirmou Nobre da Veiga — só
O presidente da FUNAI divulgou nota ontem voltando a assumem a identidade indígena quando lhes parece conve
negar que o órgão esteja examinando a alteração do Estatuto niente, como é o caso de Marcos Terena, presidente da UNI,
do Indio com objetivo de promover a emancipação dos indí que ainda é tutelado, viajou no mês passado para o Equador
*### meio da extinção da tutela governamental. (FSP sem ter pedido qualquer autorização ao órgão tutor, apre
sentando à Polícia Federal a documentação necessária para a
saída do País, exigida de qualquer cidadão”. (ESP — 9/8/81)

Nobre da Veiga: índio estará emancipado em cinco gerações


A integração do índio à sociedade brasileira e o fim da tutela Critérios de indianidade da FUNAI contra “indios novos”
do Estado devem acontecer dentro de cinco gerações, 125 A FUNAI esclareceu ontem, em Brasília, que os critérios de
anos, conforme as previsões do presidente da FUNAI. indianidade fixados pela Assessoria Geral de Estudos e Pes
Ao observar que esta seria a conseqüência natural levando quisas da Fundação não foram aplicados ainda em qualquer
se em conta o processo de integração desenvolvida atual comunidade indígena, desmentindo a denúncia feita pelos
mente pelo órgão que dirige, Nobre da Veiga afirmou que participantes do III Encontro Nacional das Entidades Indí
“se fosse índio, a primeira coisa que faria seria pedir a libe genas, de que a FUNAI estaria classificando como não-índias
ração da tutela”. (O Globo — 12/7/81) pessoas que vivem em tribos indígenas, como alguns índios
Tembé, no Pará, e Guarani, no Paraná. Segundo informa
ções dos assessores da FUNAI, o trabalho que determinou os
FUNAI vai sugerir a emancipação individual critérios de indianidade está pronto, mas não foi aprovado
A FUNAI deverá encaminhar na próxima semana ao mi oficialmente pelo presidente da FUNAI, coronel Nobre da
nistro do Interior Mário Andreazza, documento propondo a Veiga. Os assessores afirmam, ainda, que o presidente da
liberação do índio do regime tutelar em casos individuais e FUNAI decidiu fixar critérios de indianidade, por achar que
novos critérios para a responsabilidade criminal do silvícola. é inadmissível que em plena década de 70 continuem apa
O procurador geral da FUNAI, Afonso Augusto de Morais, recendo índios novos no Nordeste e no Sul do País. (ESP —
disse que o documento foi elaborado por 23 advogados da 1/10/81)
FUNAI em encontro realizado na semana passada, quando
também foi tratada a questão da terra indígena.
Caso a proposta seja aprovada pela Procuradoria Geral da
República — que examinará o documento após apreciação
do ministro Andreazza — cerca de 40 mil índios serão libe
rados do regime de tutela, entre eles os que vivem no Rio
Negro, os Terena de Mato Grosso, Macuxi de Roraima,
Kaingang e Guarani do Sul, Wapixana e todos os da região
Leste. (O Globo – 25/7/81)

Comissão Pró-Índio condena proposta de emancipação


A presidente da Comissão Pró-Indio de SP, antropóloga Ma
> > Acervo
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Antropólogos

Os antropólogos, especialmente aqueles que trabalham em política indigenista oficial”. (ESP – 11/2/81) (Ver “Kaxi
áreas indígenas, passaram por um período de crise aguda no nawá” na seção “Região I”).
relacionamento com a FUNAI, em 81. A ABA — entidade
que congrega cerca de 500 associados, a quase totalidade dos
profissionais da categoria no Brasil — centrou suas críticas à FUNAI é acusada de discriminar
política indigenista oficial nos seguintes pontos: na incom A FUNAI foi acusada, pela ABA, de “promover discrimi
petência técnica e científica dos quadros de assessoria da nação odiosa ao negar a jovens índios que conseguiram trans
FUNAI (com a saída dos poucos antropólogos que possuía), por os obstáculos quase insuperáveis das escolas tribais, a
nas crescentes dificuldades e cerceamento das atividades de oportunidade de prosseguirem seus estudos em Brasília”,
pesquisa de campo e nos arquivos (controle burocrático/ Em documento assinado pela presidente e pela coordenadora
policial das “autorizações para pesquisa” e campanha sis da Comissão de Educação para as Populações Indígenas da
temática entre os funcionários do órgão contra os antropó ABA, Eunice Durham e Maria Araci Lopes da Silva, a enti
logos) e nos chamados “critérios de indianidade” (obra da dade acusa a FUNAI de “incongruente, contraditória e arbi
gestão do Cel. Zanoni Hausen, na direção da AGESP). trária em sua política oficial de integração do índio”. No
documento, a Associação Brasileira de Antropologia acusa
de “precário o sistema de educação formal implantado em
ABA defende antropólogo áreas indígenas do País” afirmando que “de 77 até hoje,
Em nota divulgada ontem em Brasília, a ABA defendeu o período em que foram aguardadas melhorias no setor, a si
antropólogo Terry Vale de Aquino das acusações de que teria tuação da educação junto às populações indígenas, se torna
incitado os índios Kaxinawá, do Acre, a receberem “à bala” ainda mais grave, caracterizando-se pela completa ausência
estudantes do Projeto Rondon e um funcionário da FUNAI de pessoal qualificado para a tarefa árdua e complexa de
que se dirigia para a aldeia com o objetivo de realizar um ministrar uma educação formal às crianças índias”. Segundo
levantamento sócio-demográfico daquela comunidade. O a ABA “as escolas estão nas mãos de pessoas que não pos
documento considera irresponsável a política da Fundação suem os conhecimentos mínimos indispensáveis de antropo
Projeto Rondon. No entender da associação, é muito natural logia e lingüística, sem qualquer informação sobre cultura,
que o antropólogo esteja preocupado com a atuação do Ron costumes e tradições das tribos com as quais trabalham”.
don nas áreas tribais porque “esses estudantes não têm con (FSP — 16/3/81) (Ver seção “Movimentos de Organização
dições sequer de realizar um levantamento demográfico Indígena”).
sério, quanto mais de prestar alguma assistência a popu
lações tão necessitadas”. Critica ainda o projeto de levanta
mento sócio-demográfico temendo que os estudantes “por Antropólogos, “a praga dos índios”? •

inadvertência, ou ignorância, criem conflitos com os índios, “A pior praga para todas as tribos de índios do Brasil é a
contribuam para disseminação de doenças, coletem infor presença do antropólogo. É um elemento agitador, que pre
mações deformadas, participando da irresponsabilidade ge judica a cultura indígena e cria falsas lideranças no seio das
ral no trato com as questões tribais que vem caracterizando a comunidades.” A denúncia partiu de Álvaro Villas Boas,
chefe da 12º Delegacia da FUNAI em Bauru, ao se mani antropóloga Maria Rosário Gonçalves de Carvalho, da
festar sobre o “Dia do Indio”. “Tenho experiência no as JFBa; durante mesa-redonda sobre “Política Indigenista
sunto, porque em 1979 consegui expulsar da tribo de Ara Oficial”, realizada no primeiro dia da 33° Reunião da SBPC.
ribá, em Avaí, um grupo de antropólogos da FUNAI, que (Estado de Minas, 10/7/81)
paralisava um projeto agrícola por nós desenvolvido, colo
cando os índios em pé de guerra.” (JT — 20/4/81) “Critério fascista” da FUNAI ameaça os índios
Alguns critérios apontados pela FUNAI como “indicadores
de indianidade” são “perigosos, fascistas e racistas”, de
Antropóloga rebate críticas de Villas Boas nuncia a professora Eunice Durhan, presidente da ABA, em
A presidente da ABA, antropóloga Eunice Durham, lamen entrevista especial que concedeu à Folha de São Paulo, jun
tou as críticas de Alvaro Villas Boas aos antropólogos. Mas tamente com a antropóloga Lux Vidal, também da USP. O
considerou “compreensível que os irmãos Villas Boas, impos que mais escandalizou as antropólogas é que o documento
sibilitados de atacar a FUNAI, que os emprega, sem instru oficial da FUNAI(“Instrução Técnica Executiva” nº 02/81,
mentos intelectuais para compreender as forças econômicas e anexos, assinada pelo diretor do DGPC, coronel Ivan Za-.
que estão destruindo as sociedades e culturas indígenas, bus noni Hausen) cita a comunidade científica sem que ela jamais
quem um bode expiatório — no caso os antropólogos — tenha sido consultada. Segundo a presidente da ABA, ne
sobre o qual colocam a culpa de um processo que não con nhum dos três funcionários da FUNAI encarregados de le
seguem ou não querem entender”. Eunice acrescentou que vantar os “indicadores” é antropólogo ou tem qualificação
não interessa aos antropólogos criar uma polêmica com os específica para realização desse trabalho. Para a prof?
irmãos Villas Boas, pois não os consideram inimigos dos Durhan “a intenção da FUNAI é utilizar os “indicadores'
índios e no passado realizaram “uma obra meritória em de como instrumento político de repressão às comunidades indí
fesa dos indígenas brasileiros”. Na sua opinião, “defender o genas reivindicantes”. Para as antropólogas o documento da
índio no Brasil é uma tarefa ingrata que produz frustrações e FUNAI não resiste a uma análise cientificamente séria. A
por isso, é compreensível que esta família de indigenistas profa. Eunice explicou que “a única maneira de se saber se
tenha envelhecido amargurada”. (O Globo, 20/4/81) uma pessoa é ou não é índio é através do reconhecimento da
própria comunidade e da análise dos seus direitos históricos,
Em outras palavras, é índio quem se considera e é reconhe
Desfolhantes em área indígena cido como tal pela comunidade, em oposição à sociedade
A ABA, secção do Pará, denunciou ontem o uso do desfo. envolvente. Depois de comentar a total falta de racionalidade
lhante químico “Tordon 101 BR”, não menos perigoso que o no documento da FUNAI, com uma série de indicadores
similar “Tordon 155 BR”, na devastação de áreas indígenas, inócuos, as antropólogas apontam critérios “perigosos, fas
para implantação de grandes projetos de empresas nacionais cistas e racistas”, referindo-se aos itens que distinguem a
e estrangeiras, ou para a abertura de estradas, “minando a “mentalidade primitiva” e as “características biológicas, psí
base de sobrevivência do índio”. quicas e culturais indesejáveis”. Sem falar na humilhação
As denúncias da ABA-Pará constam de uma nota ao público, que implica a identificação da “indianidade” através da
na qual rebate declarações do chefe da 12º Delegacia da constatação ou não da “mancha mongólica ou sacral”, do
FUNAI. exame da “forma ou perfil do nariz” ou da verificação da
Respondendo a essas acusações a nota diz: “declarações presença de “pêlos no corpo”. A prof° Durhan avança ainda
desastrosas, torpes, infelizes e tendenciosas só visam a dene mais nas suas críticas, ao lembrar que em 1980 a FUNAI
grir, cercear e aviltar a atividade de uma categoria profis demitiu todos os antropólogos do órgão, “que bem ou mal
sional empenhada, com conhecimento de causa profundo e eram uma ponte entre a sociedade civil e a FUNAI e entre
sistemático em lutar e defender os direitos inalienáveis da esta e as comunidades indígenas”. A presidenta da ABA
sociedade indígena ameaçada de extermínio por um processo constata com preocupação a “militarização da FUNAI” e
etnocida, que lhe vem sendo dirigido vorazmente, ao longo comenta: “Os quadros do órgão foram preenchidos com
dos anos, através da invasão de suas terras por grandes militares aposentados. Ora, sem desrespeito pela instituição
empresas nacionais e estrangeiras; pela transferência inade militar, o fato de uma pessoa se aposentar no Exército não
quada de grupos tribais...”. (FT — 23/4/81) lhe dá capacitação para trabalhar com índios. E de assinalar
que o presidente da FUNAI, sr. João Carlos Nobre da Veiga,
é coronel da reserva.”
Nas palavras da antropóloga, “com a instituição dos “Indica
Antropólogos protestam dores de Integração a FUNAI lavra o ato final da sua pró
Em telegrama enviado ao presidente da FUNAI, a ABA pede pria incompetência no trato da questão dos índios. Não há
que “antes de abrir uma guerra injusta contra um povo que exemplo de instituição governamental no mundo que, dedi
deveria defender, a FUNAI deve investigar o procedimento cando-se ao problema indígena, tenha tido a coragem de per
de seus funcionários na época da demarcação de Sangra petrar uma coisa como esta”.
douro”. O telegrama que os funcionários Ronaldo Quirino, Diante da constatação, as professoras Durhan e Vidal consi
Laia Matar Rodrigues e Getúlio Barros Barreto, processados deram de “necessidade urgente” a reformulação da FUNAI,
por terem negociado a reserva Xavante de Pimentel Barbosa, “para lhe dar um mínimo de seriedade”. E propõem quatro
podem estar envolvidos na demarcação da reserva de Sangra medidas:
douro. Justificando o pedido, a presidente da Associação, 1 — O fortalecimento do atual Conselho Indigenista, que
antropóloga Eunice Durham, afirma que a área reivindicada deve voltar a ser o órgão diretor da FUNAI e deve ser com
pelos Xavante de Sangradouro é “habitat” tradicional desses posto por membros da comunidade científica, dos órgãos
indios. (FSP – 16/6/81) governamentais, das instituições interessadas na causa indí
gena e, principalmente, por representantes das próprias co
munidades indígenas;
Antropólogoa fala da política da FUNAI 2 — O fortalecimento do Conselho Indigenista implica em .
“Nunca se viveu neste país um momento tão sombrio na que ao menos parte de seus membros não sejam nomeados
política indigenista. Uma política omissa e irresponsável que diretamente pelos órgãos governamentais, mas sim eleitos ou
não elege como prioridade o Indio, assim como tenta desmo indicados por entidades da sociedade civil;
ralizar as lideranças indígenas combativas para impedir as 3 — A direção da FUNAI, assim como a chefia dos órgãos
discussões realmente importantes. Do mesmo modo, os an técnicos, devem passar às mãos de pessoas qualificadas; e
tropólogos têm seu trabalho prejudicado, com o constante 4 — A reformulação da FUNAI deve ser feita consultando-se
impedimento desses profissionais quando pretendem entrar organizações indígenas, associações científicas e entidades de
nas aldeias indígenas”. Estas denúncias foram feitas pela apoio à causa do índio. (FSP — 4/10/81).
> > Acervo
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87
Antropólogos criticam “indicadores” da FUNAI Critérios de indianidade primeiros resultados
O antropólogo Gilberto Velho denunciou ontem que os indi O presidente da FUNAI, coronel Paulo Moreira Leal, pro
cadores de indianidade estabelecidos pela FUNAI têm “con meteu ontem que o Conselho Indigenista da FUNAI vai rea
teúdo racista”. Segundo ele, a FUNAI utilizou critérios “ab valiar os critérios de indianidade que foram adotados pelo
solutamente ultrapassados”, sem consultar a comunidade “antropólogo” Célio Horst para classificar como não-índias
científica nem os próprios indígenas para definir quem é ou algumas das famílias Guarani que vivem em Jacutinga, no
não índio. O professor Eduardo Viveiros de Castro, antro Paraná, área que será inundada pela barragem de Itaipu.
pólogo do Museu Nacional e que faz pesquisa em área indí Ontem, um grupo de Guarani esteve com o coronel, em Bra
gena, explica que a decisão da FUNAI de criar os critérios de sília, acompanhado do presidente da Comissão Justiça e Paz
indianidade foi tomada há mais ou menos um ano, quando o do Paraná, Wagner Rocha D'Angelis. Um dos índios pre
cacique Mário Juruna teve permissão do Tribunal Federal de sentes foi o Guarani Balbino que, para o antropólogo, não é
Recursos para viajar à Holanda, onde participou do Tribunal índio. Por causa disso ele não teve direito de ser reassentado
Russell. Nós estamos protestando, portanto, há um ano con em outra área pela FUNAI e ontem quis provar ao coronel
tra os critérios — prossegue. Viveiros de Castro vê dois Leal que fala mal o português e tem características físicas de
objetivos na preocupação da FUNAI em identificar quem é índio. A situação dele é semelhante a de muitas outras fami
ou não índio. “A FUNAI está obsecada com isso”, observou, lias, que reclamam o fato de ainda não terem recebido outra
enquanto os antropólogos vêm “martelando” contra essa terra igual à que irão perder. (ESP — 15/12/81) (Ver “Gua
preocupação. O primeiro objetivo é lavar as mãos com re rani”, na seção “Região V: Sul”).
lação ao amparo legal que é obrigada a dar às comunidades
indígenas, sobretudo as do Nordeste da Bahia e Espírito “Antropólogo da FUNAI” foi ver índios mas só conversou
Santo, além do Sul do país. Em contato com os habitantes da com grileiro
região, essas tribos assimilaram muitas características dos Segundo o índio Guarani Fernando Martines, o “antropó
camponeses pobres e, segundo o professor Viveiros de Cas logo da FUNAI” Célio Horst, quando esteve em Ocoi, não se
tro, podem ser facilmente expulsas das suas terras por fazen encontrou com as famílias indígenas sobre as quais deveria
deiros, beneficiando os interesses da expansão econômica. O escrever seu laudo técnico. Conversou somente com Nicolau
segundo objetivo identificado na preocupação de definir Fernandes, grileiro que pretendia a expulsão dos índios da
quem é ou não índio, segundo ele, é “a repressão às lide área para receber a indenização. Essa informação foi refor
ranças indígenas”. Considera que, nos últimos anos, um çada pela Comissão Justiça e Paz do Paraná, CIMI e ANAI
fenômeno absolutamente auspicioso para a democracia bra que estiveram em Brasília para entregar documento ao presi
sileira foi o surgimento de líderes incômodos para a FUNAI. dente da FUNAI, contendo reivindicações da comunidade
Através do que chamou de “cassação branca”, a FUNAI Guarani, entre as quais a revisão do “laudo técnico” do
manipularia: A FUNAI diz que o líder não é índio, podendo órgão oficial. (ESP – 22/11/81) (Ver “Guarani” na seção
ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional, ser preso e “Região V: Sul”).
processado. (JB — 8/10/81)

Antropólogos opinam sobre “mudança” na FUNAI


Não somos ingênuos em achar que a saída do coronel Nobre
da Veiga vai resolver o problema indígena no Brasil — disse
ontem representante dos antropólogos — ao analisar a subs
tituição do Coronel da Veiga na presidência da FUNAI.
Explicou que as críticas dos antropólogos não eram dirigidas
à administração e sim à política do órgão. O professor ex
pressa um temor: Nós não gostaríamos que essa mudança
redunde na aplicação com mais eficiência dos princípios de
uma política indigenista da qual discordamos — observa,
acrescentando que as restrições “não eram apenas à incom
petência da FUNAI, mas críticas bem mais profundas”.
Acha que a política indigenista exige ser discutida por toda a
sociedade brasileira, sobretudo os índios, “e submetida a um
exame democrático”. Não são críticas à administração e sim
à política acoplada a uma estrutura viciada. A questão indí
gena não é uma questão de segurança nacional e sim uma
questão de violação de direitos humanos. O pedido de de
missão do Coronel Nobre da Veiga “foi visto por todos os
antropólogos brasileiros como uma esperança de que a
FUNAI venha, afinal, a desempenhar as funções para as
quais foi criada”. A definição foi dada pela presidente da
ABA, professora Eunice Ribeiro Durham, da Universidade
de São Paulo. A Associação congrega 500 membros, “ou seja
praticamente todos os antropólogos com formação profissio
mal no Brasil”. (JB — 16/10/81)

Outros antropólogos apóiam ABA


Os antropólogos Edgard Assis Carvalho e Josildeth Consorte
da PUC-SP divulgaram nota criticando os critérios de india
nidade da FUNAI e apoiando as críticas feitas pela ABA ao
documento oficial. “Esses indicadores, altamente espolia
dores e antidemocráticos, ferem frontalmente o direito de
autodeterminação dos povos...” (JT — 22/10/81).
> > Acervo
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Igrejas e Índios

Das Igrejas, somente a Católica — principalmente através do nidades indígenas, a FUNAI procura desviar a opinião pú
seu órgão oficial para assuntos de pastoral indigenista, o blica daquilo que seria a sua principal tarefa: garantir o
CIMI — manteve, em 81, uma postura vigilante e de denún “habitat” das nações indígenas através de demarcação das
cia frente aos rumos da política indigenista oficial. Essa foi a suas terras. (JB — 16/1/81)
tônica constantemente expressa no jornal mensal PORAN
TIM, órgão do regional Norte I do CIMI, com sede em
Manaus. Outro veículo importante utilizado pelo CIMI, nes
se ano, para divulgar notas e documentos, foi o jornal O SÃO Criticada nota da FUNAI sobre Rondom
PAULO, órgão da Arquidiocese de SP. O secretário-geral do CIMI contestou nota divulgada em
A chamada “grande imprensa”, embora dedicando um es Brasília pela FUNAI, segundo a qual “os ideais de Rondon
paço comparativamente menor, também veiculou as denún estão sendo concretizados, porque a FUNAI já demarcou
cias do CIMI e destacou as atuações diretas da cúpula da 14,1 milhões de hectares de terras indígenas”. O secretário
CNBB em várias ocasiões, prenúncio da “Semana do Indio”, do CIMI assegurou que “as demarcações de terras da FUNAI
que pretendem realizar (CIMI-CNBB) em 82. As Igrejas são, na verdade, redelimitações nas quais ela sempre diminui
protestantes não divulgaram pela imprensa seus pontos de o território indígena, como por exemplo o dos Pataxó da
vista a respeito da questão indígena. Parecem ter reservado Bahia ou dos Tupiniquim do Espírito Santo”. O CIMI de
suas opiniões ao espaço dos boletins internos. nunciou que “de dois em dois meses, a FUNAI distribui a
lista dessas “demarcações' para iludir a opinião pública, pois
na verdade são sempre as mesmas terras, ao invés de real
mente demarcar as terras de conflito, como a dos Tapirapé,
Nota do CIMI acusa o governo que há sete anos vêm suplicando a demarcação de suas áreas,
O CIMI encerrou sua 6° assembléia regional, em Rio Bran nas mãos dos fazendeiros”. Já a nota da FUNAI, lembra que,
co, Acre, divulgando nota em que acusa o Governo Federal o marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, cuja data de
de estar novamente com planos de aprovar um decreto-lei aniversário se comemorou nesta semana, “traçou e inspirou
que prevê a emancipação compulsória das lideranças indí os princípios da política indigenista nacional”. (FSP —
genas mais conseqüentes do país. 10/5/81)
A nota diz que o anteprojeto está na Consultoria Geral da
República, de onde será encaminhado ao Congresso Nacio
nal. O CIMI repudia “com veemência esta atitude ditatorial
e paternalista que, tratando em sigilo de assunto de interesse CIMI denuncia projetos econômicos
#*
dios”.
não faz questão de ouvir os principais atingidos, os “Os projetos econômicos que vêm sendo implantados em
áreas indígenas pela ideologia capitalista em que estão fun
A nota do CIMI acusa a FUNAI de estar prestando, na damentados, ferem mortalmente a estrutura econômica e
região do Acre e Rondônia, uma péssima assistência aos cultural dos grupos tribais. Tais projetos são ainda mais
índios. perniciosos por reduzirem a terra das nações indígenas, pela
Com a criação de estruturas artificiais e prejudiciais às comu compra corruptora de lideranças tribais e até pelo fracasso
> > Acervo
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inevitável, inclusive no plano econômico, a que esses projetos e aos agentes pastorais, com os projetos econômicos, a FU
estão destinados.” (Diário da Manhã — 2/7/81) NAI percebeu que esta é uma fórmula muito mais sutil e
mais cruel, mas ao mesmo tempo mais aceita pela opinião
pública nacional e internacional, já que promove a falsa
imagem de que está fomentando o bem-estar das comuni
CIMI denuncia falta de apoio aos indígenas dades indígenas”. (FSP — 25/7/81)
O CIMI Norte I denunciou, através de nota à imprensa, a
falta de assistência médica da FUNAI para os povos indí
genas, “o que se traduz pelos surtos epidêmicos numa ver
dadeira guerra bacteriológica, que reduz drasticamente a O CIMIdenuncia a “política do terror”
população indígena, tal como acontece com os Waimiri A denúncia da “política de choque e do terror”, caracteri
Atroari, os índios do Xingu, os Yanomami e os Makuxi”. zada pela “corrupção de lideranças indígenas, por uma pre
(Correio Braziliense — 3/7/81) meditada estratégia, por atos de “emancipação de fato e por
uma crescente repressão sobre índios, missionários e outros
aliados da causa indígena” é uma das principais denúncias
da 4? Assembléia Nacional do CIMI, que constam de seu
Assembléia do CIMI em Cuiabá documento final, divulgado ontem, no seu encerramento. A
Cerca de 150 pessoas — entre elas 10 bispos brasileiros e dois assembléia, realizada em Cuiabá, de 22 a 26, “para expres
chefes indígenas de cada povo abrangido pelo Conselho — sarmos, como nossa presença na região Centro-Oeste, a pro
abriram ontem a quarta assembléia nacional do CIMI, em funda solidariedade do CIMI com o povo Nambiquara, em
Cuiabá (MT), para “discutir nossa política de atuação, soli risco iminente de extermínio”, contou com a presença de
darizar-se com os índios, afetados pela política indigenista delegados, católicos e evangélicos, 13 bispos e 13 representan
oficial do Brasil e protestar contra essa política”, segundo tes de diferentes povos indígenas do Brasil. Faltaram entre
dom José Gomes, bispo de Chapecó (SC) e presidente na estes, conforme assinala o documento, os três representantes
cional do órgão. Participam do encontro, que vai até sábado, do grupo Kadiweu — “atualmente em grave situação de
o bispo de Goiás Velho (GO), dom Tomás Balduino, e o terra” — que foram detidos pela FUNAI e Polícia Federal,
bispo de São Félix do Araguaia (MT), dom Pedro Casaldáliga. em Campo Grande, quando se dirigiam a Cuiabá, para par
Segundo o presidente do CIMI, dom José Gomes, “este é um ticipar da assembléia. (FSP – 27/7/81) •

encontro que se realiza a cada dois anos, no qual pretende


mos redimensionar nossa atuação junto aos povos indígenas.
Este ano, o tema principal é a educação do índio. Em cima
disso, nós definiremos, junto com os próprios índios — eles Acusações do CIMI à FUNAI irritam coronel
participarão ativamente das discussões — como deve ser feita O encerramento oficial da quarta Assembléia Nacional do
a alfabetização e o encaminhamento do silvícola dentro das CIMI, domingo em Cuiabá, quase terminou em tumulto:
aldeias, em termos educacionais”. Outro assunto conside revoltado por não ter conseguido apartear a missa concele
rado importante pelos organizadores da assembléia é a situa brada por três arcebispos e 10 bispos brasileiros, o coronel
ção do povo Nambiquara, atualmente habitante da região do Barbosa Lima, que se identificou como “chefe do setor de
Saúde da FUNAI em todo o Brasil”, invadiu a sacristia da
Vale do Guaporé (MT), que será cortada pela rodovia BR
364 (Cuiabá-Porto Velho), obra financiada pelo Banco Mun Catedral metropolitana para protestar contra o sermão da
dial. “Nós pretendemos denunciar essa situação, protestar missa “Terra sem Males”, celebrada com base na situação
junto ao Banco Mundial pelo mal que está fazendo ao índio indígena e nas denúncias feitas pela assembléia do CIMI na
brasileiro auxiliando nessa obra”, disse dom José Gomes. semana passada. (ESP — 28/7/81)
Para ele, os Nambiquara representam “o símbolo da morte
do índio no Brasil”. (ESP – 23/7/81)
CNBB contra proibição da FUNAI
A comissão episcopal Regional Norte II da CNBB denunciou
ontem em Belém, a decisão do delegado da FUNAI no Pará,
CIMI denuncia ação de empresas contra índios Paulo Cesar Abreu de proibir o coordenador da CIMI
Uma ampla ofensiva contra as lideranças indígenas, aos NORTE II, padre Nello Ruffaldi, “de ingressar em qualquer
missionários e agentes pastorais da Igreja, foi denunciada área indígena jurisdicionada por esta delegacia regional”.
ontem pela 4º Assembléia Nacional do CIMI. Fazem parte Segundo os bispos, essa decisão contraria a anterior do pró
dessa ofensiva, segundo o grupo de porta-vozes do encontro, prio presidente da FUNAI, que autorizava o padre Nello a
entre os quais d. Quirino Adolfo Schmitz, arcebispo de Teó ingressar em áreas indígenas do Estado. E, conscientes de
filo Otoni (MG), “a intensificação da ação das empresas que esta missão é um dever — diz a nota da CNBB — que
agropecuárias e mineradoras, a repressão mais violenta às remos manifestar nossa solidariedade e apoio ao padre Nello
lideranças indígenas, a expulsão ou proibição de religiosos Ruffaldi pela sua dedicação ao trabalho pastoral que vem
atuarem junto às comunidades silvícolas, os projetos econô desenvolvendo junto aos pobres indígenas da nossa região.
micos e a demora proposital da FUNAI em demarcar as (ESP – 18/8/81)
reservas”. Depois de analisar durante o dia de ontem os
relatórios das situações de conflitos, “que são pontos comuns
a todas as áreas indígenas do País”, os porta-vozes da 4°
Assembléia do CIMI destacaram que “tudo isso faz parte de Hospital indígena com dificuldades financeiras
uma nova tática posta em prática pela FUNAI que, por sua Único hospital indígena no País especializado no combate à
vez, obedece a toda uma conjuntura política que visa esca tuberculose, a Missão Evangélica Caiuá completou ontem 53
motear, debaixo de uma falsa abertura, a verdade das situa anos de fundação e, segundo a diretora da instituição em
ções em que se encontram os povos indígenas do Brasil”. Dourados, Loyde Bonfim Andrade, isso ocorre no momento
Uma das principais armas da nova política da FUNAI, se em que passa por grave crise financeira, com prejuízos para o
gundo o CIMI, são os projetos econômicos. “Depois de ver trabalho assistencial. Seus convênios são apenas com a FU
fracassadas as tentativas de integração e emancipação por NAI “e as verbas não têm sido suficientes para manter o
decreto, a FUNAI passou a adotar outra tática, que é a de atendimento, sendo necessária a utilização de verbas do go
corromper as lideranças indígenas, através de presentes, verno do Estado”. Mas o governo ainda não confirmou a
como tratores, cadernetas de poupança e muito dinheiro. assinatura do convênio proposto no ano passado para o fun
Nunca os índios receberam tanto dinheiro como estão rece cionamento da nova unidade, com capacidade para 60 pes
bendo agora da FUNAI”, afirmou d. Quirino Schmitz, acres soas, além dos 40 leitos que possui atualmente. (ESP —
centando que ao combinar “a repressão aos líderes indígenas 29/8/81)
> > Acervo
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FUNAI acusada de impedir evangelização D. Avelar teme pelo trabalho junto às tribos do Amazonas
O Conselho Permanente da CNBB aprovou ontem um docu “Essas imensas plagas amazônicas tanto podem salvar o
mento em que acusa “a incompreensão da FUNAI que vem Brasil como também escravizá-lo para sempre” — esta ad
negando à Igreja o direito e o dever de exercer com liberdade vertência foi feita pelo cardeal D. Avelar Brandão Vilela,
a sua missão de evangelização juntos aos povos indígenas”. arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, ao falar do tra
Esclarece a CNBB, na acusação feita à FUNAI, que os fatos balho das Missões Salesianas junto às tribos indígenas da
relativos à proibição aos missionários, ocorreram nos Estados região do Amazonas, em sua “oração dominical” divulgada
da Paraíba, Espírito Santo, Acre, e, mais recentemente, no ontem na capital baiana.
Pará e Amapá. Em defesa de seus missionários “injusti O arcebispo afirma que essa parte do País, visitada por ele
çados” a CNBB lembra o dever cristão de “ir por todo o recentemente, “já começa a despertar a cobiça do poder
mundo a pregar o Evangelho a toda a criatura”. (FSP — econômico nacional e internacional”. E lembra que somente
30/8/81) de uns anos para cá, sem falar no trabalho pioneiro da FAB e
dos grupos do exército nas fronteiras, é que o Governo vem
tentando ocupar tão vastas regiões”.
A ocupação da terra, deverá ser disciplinada, racional, pa
CIMI mostra na Suíça situação do índio triótica, levando-se em conta que aos indígenas interessam os
A situação dramática dos povos indígenas do Brasil, especial elementos sadios e nobres da civilização dos brancos, jamais
mente dos índios Tapirapé e dos Nambiquara, será levada seus vícios, pecados, sua decadência moral e ambições avas
pelo secretário executivo do CIMI, Paulo Süess, à Conferên saladoras”.
cia das Organizações Não-Governamentais sobre as Popula Nesse sentido D. Avelar diz que o trabalho de evangelização
ções Indígenas e a Terra, a se realizar de 14 a 18 de setembro, dos índios não deve “matar os traços culturais básicos de sua
em Genebra, Suíça, numa promoção do Comitê sobre o Ra configuração própria, nem dar-lhes uma superproteção cavi
cismo, Discriminação Racial, Apartheid e Descolonização, losa a ponto de deixá-los sem qualquer tipo de influência dos
órgão da Organização das Nações Unidas. (O Popular — valores cristãos”. Elogia a ação dos padres salesianos que
10/9/81) estão na região do Rio Negro desde 1914 e ressalva as difi
culdades do trabalho, acrescentando que “todo serviço de
presença no meio das tribos deve merecer uma revisão para
avaliar os efeitos da obra, dentro de um contexto maior e
Depois de 38 anos, salesiano confessa violência de missão do mais exigente”. (A Tribuna — 5/10/81)
Alto Rio Negro
A prostituição das Índias Tukano e os castigos impostos pelos
salesianos do Alto Rio Negro contra os Tukano, denúncia
feita pelo líder dessa comunidade, Alvaro Sampaio, foi con CIMI opina sobre coronel demitido
firmada pelo missionário salesiano Eduardo Lagório que tra A respeito da demissão do Coronel Nobre da Veiga, Pedro
balhou durante 38 anos na missão do Rio Negro. Disse ele Tierra, representante do CIMI em Goiânia, distribuiu a se
que as índias são levadas para Manaus para trabalharem guinte nota: “Os povos indígenas sobreviveram ao Coronel
como empregadas domésticas nas casas dos militares e, pos Nobre da Veiga, assim como, nos anos mais recentes, sobre
teriormente, não conseguindo sobreviver com os salários pa viveram ao Gal. Bandeira de Mello, ao Ministro Rangel Reis
gos, se prostituem. Esses salários, segundo o missionário, e, no passado mais distante, sobreviveram a Anhangüera,
“variam de 500 cruzeiros a cinco mil cruzeiros”. Traba Raposo Tavares e outros”. “Nobre da Veiga retira-se can
lhando junto aos Tukano desde 1943 o missionário salesiano tando vitória. Vendo com mais objetividade, não há motivos
informou que ao chegar à missão do Rio Negro, dirigida pelo para tanto. A vitória do Coronel foi quase inexpressiva, pode
bispo dom Miguel Alagna, recebeu a orientação de castigar ser computada em números: 62 índios mortos de sarampo,
os índios que falassem Tukano, “pois eles deveriam falar coqueluche e pneumonia; 30 peões mortos em conflitos com
somente o português. Eu mesmo castiguei muitos índios”, os Tuxucarramãe e Gorotire, no Pará; 700 ha esbulhados dos
disse o padre. O castigo é aplicado nas salas de aula da Tupiniquim e entregues de presente à Aracruz Celulose; 750
missão, observou. “Eu entregava um anel a todos os alunos ha arrancados dos Tapirapé e cedidos à Companhia Tapir
que falassem Tukano. Na hora do recreio perguntava quem guaia em Santa Terezinha — MT. Não há motivo para
havia recebido o anel e estes, como castigo, ficavam na sala orgulho. “Durante quase dois anos em que Nobre da Veiga
de aula escrevendo cem vezes, “Eu não vou mais falar. Tu dirigiu a FUNAI, a palavra mais ouvida nos corredores era
kano, só português’.” Quanto à prostituição, o padre confir disciplina. Em nome dela, Nobre da Veiga montou um es
mou a denúncia feita informando que as índias se prostituem tado-maior com 12 outros coronéis. A FUNAI conta hoje
em Manaus por dois motivos básicos: baixo salário que rece com mais coronéis do que qualquer divisão do Exército.
bem na casa dos militares e despreparo para viver em cidade Também em nome dela, Nobre da Veiga demitiu, em julho
grande. Os empregos como doméstica nas casas dos militares, de 1980, mais de 60 funcionários, médicos, sertanistas e
são oferecidos pelas Irmãs Salesianas. Os religiosos são liga antropólogos. Para substituí-los, o presidente da FUNAI
dos às autoridades e não permitem que os índios mais velhos, convocou cabos e sargentos reformados.” A preocupação
os pais das Índias, fiquem sabendo o que acontece com as com a disciplina não livrou Nobre da Veiga de alguns aborre
filhas. Desabafando, padre Eduardo afirmou que “não se cimentos. Não teve, por exemplo, como evitar que 33 Xa
pode carregar, eternamente, a culpa de um erro sem tentar se vante entrassem no seu gabinete para dizer-lhe algumas ver
redimir”. Ele mesmo confessa que muitas vezes os índios dades e tentassem jogar pela janela um de seus assessores.
reclamavam da atitude dos salesianos dizendo: “Vocês, com “Aos povos indígenas o Coronel Nobre da Veira não deixa
o desconhecimento da nossa língua e dos nossos costumes, saudades. Hoje é dia de festa nas aldeias. Dificilmente se
causaram muita tristeza aos nossos pais que morreram em encontrará dentro da FUNAI ou fora dela alguém que seja,
conseqüência disso”, conta ele com a voz triste e completa: como o Cel. Nobre da Veiga, um inimigo jurado dos povos
“Eu cometi esses erros, se outros cometeram ou cometem, o indígenas.” (JB — 16/10/81)
problema é deles.” O índio Alvaro Sampaio, o primeiro a
denunciar a prostituição e descaracterização do grupo, im
posta pelos salesianos do Rio Negro, não pode voltar para
Manaus, onde estuda. Os companheiros de Alvaro, Tukano FUNAI permite ação missionária
que moram em Manaus, estão preocupados pois freqüente As delegacias da FUNAI em todo o País serão instruídas para
mente são procurados pela Polícia Federal que quer saber do permitir a entrada de missionários religiosos nas áreas indí
paradeiro do índio. (FSP — 20/9/81) (Ver na seção “Região genas. A decisão foi tomada pelo presidente da FUNAI,
I”, o item “Alto Rio Negro”). coronel Paulo Moreira Leal, neste final de semana, durante o
< > Acervo
_/ EA
92

encontro com o secretário-geral do CIMI, pe. Paulo Süess.


Em algumas delegacias da FUNAI, como a de Belém e
Dourados (MS) os missionários estavam proibidos de fre
qüentar as áreas indígenas.
A autorização para a entrada dos missionários será automá
tica, informou pe. Süess. No caso de o missionário não
conhecer a área, ele deverá ser apresentado pelo bispo da
. Diocese local através de uma carta enviada ao delegado re
gional. (FSP — 24/11/81) -

CNBB promoverá Semana do Índio em 1982


Pela primeira vez em sua história, a CNBB vai promover uma
Semana do Índio. Até o momento ela era feita pela FUNAI, a
nível oficial, e pelas entidades alternativas de apoio ao índio,
como o CIMI, comissões pró-índios e outras. O tema esco
lhido pela CNBB para a Semana do Indio, em abril de 82,
é “Paz e terra para os povos indígenas”. A decisão de pro
mover a campanha foi tomada pelo Conselho Permanente da
CNBB, informou ontem o secretário-geral do CIMI padre
Paulo Süess. A decisão já foi comunicada ao presidente da
FUNAI, pelo secretário-geral da CNBB. A campanha a ser
promovida pela CNBB atingirá todas as paróquias do País,
mesmo nos Estados onde não há índios (Ceará e Piauí).
Segundo o secretário do CIMI, essa campanha tem como
principal objetivo “conscientizar a população para que se
eliminem os preconceitos raciais existentes, principalmente
nas cidades mais próximas às comunidades indígenas”. (FSP
— 1/12/81)
> > Acervo
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Entidades civis de apoio ao índio

As entidades de apoio ao índio continuaram, neste ano, a ainda aguardam justiça e uma solução para os 3.707 alquei
manter uma vigilância constante à política oficial, reagindo res de terra em litígio. (ESP — 30/1/81)
— através da imprensa, atos públicos, seminários de estudos
e encontros — à liberação das áreas indígenas à mineração,
às tentativas de emancipação e ao não cumprimento da de Prospecção de petróleo violenta área indígena
marcação das áreas. Têm também voltado seu apoio às lide “A prospecção e exploração de petróleo ou outros recursos
ranças indígenas nas capitais, onde fazem suas denúncias e em áreas indígenas violenta a determinação constitucional
reivindicações, e estimulando as suas organizações na busca pela qual é exclusivo dos índios o usufruto de todas as ri
da autodeterminação. quezas naturais e utilidades existentes em terras indígenas,
Sem exceção nem distinções.” O posicionamento da ANAI de
Porto Alegre, relativo às ações da PAULIPETRO, em No
Indigenistas protestam noai, está expresso em nota oficial distribuída à imprensa.
A ABA e a CPI-SP, em nota oficial emitida ontem, em São A ANAI telegrafou para o presidente da FUNAI advertindo-o
Paulo, protestaram contra a portaria assinada em conjunto de que a exploração de petróleo na área indígena de Nonoai
pelos ministros do Interior e das Minas e Energia, liberando “atenta contra o artigo 198 da Constituição Federal e dispo
às empresas estatais a mineração nas áreas indígenas. As sições no Estatuto do Indio”, afirmando intenção de agir
duas entidades classificaram a medida de “arbitrária, to judicialmente caso prossiga o projeto. (Correio do Povo —
mada no recesso dos gabinetes sem consulta aos interessados 5/2/81) (Ver “Kaingang” na seção “Região V: Sul).
e sem explicações à sociedade civil”.
A nota, assinada por Eunice Durham, da ABA, e Manuela
Carneiro da Cunha, da Comissão Pró-Indio, explica que Associação acusa FUNAI
“cabe enérgico protesto contra o fato de que medidas dessa O Grupo de Estudos da Questão Indígena (GREQUI) acusou
importância sejam tomadas sem que se tenha notícia de ontem, em Belo Horizonte, a FUNAI de estar pressionando a
qualquer estudo prévio, sobre seu impacto sobre as popu Cruz Vermelha, para impedir que a entidade lhe entregue
lações tribais”. (ESP — 24/1/81) (Ver Seção “Política Indi Cr$ 370 mil de sua participação na renda da partida de fu
genista Oficial/FUNAI e MINTER”). tebol disputada em 7 de setembro, por artistas e atletas
profissionais, entre os quais Sócrates, Dario, Chico Buarque
de Holanda, Fagner e Gonzaguinha. O advogado Hilde
Culto ecumênico lembra morte de Ângelo Cretã brando Pontes Neto considera o fato uma represália da FU
A ANAI lembrou ontem, em Curitiba, com um culto ecu NAI ao apoio dado pelo GREQUI aos índios Krenack, em
mênico, um ano da morte de Ângelo Cretã, cacique da re maio de 80, quando retornaram às terras de que haviam sido
serva indígena de Mangueirinha, no Sudoeste do Paraná, retirados pelo órgão. Manifestou, ainda, sua esperança de
morto após sofrer um acidente de carro cujo processo ainda que a Cruz Vermelha cumpra o contrato assinado, para que
não está concluído. Representando os Kaingang, Luiz Fran o GREQUI possa utilizar o dinheiro em benefício dos índios
cisco dos Santos, sogro de Cretã, observou que os índios de Minas, Espírito Santo e Bahia. ESP— 18/2/81)
Acervo
EA
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Minas comemora Semana do Indio • -
Paraná — cuja área está sendo disputada na Justiça por
A Semana do Índio foi aberta nesta capital, em solenidade grupo de empresários e uma madeireira — “é de importância
organizada pela Associação Mineira de Defesa do Ambiente, capital, não apenas para as comunidades locais, ameaçadas
pela Comissão Pastoral de Direitos Humanos e o Grupo de na sua sobrevivência, mas também para toda a população
Estudos na Questão Indígena na Praça da Liberdade, com indígena”. E o que afirma a nota divulgada ontem pela
poesias tendo como tema o índio. Durante a semana, será CPI-SP, pela ABÁ, pela ANAI e pelo Comitê Nacional Pró
analisada a disputa de terra, no Norte de Minas, entre índios Mangueirinha Indígena. Para essas entidades, “o que está
Krenack e posseiros. Todo o piso da rua que corta a Praça da em jogo é o direito básico dos índios às terras por eles
Liberdade foi pintado no estilo indígena, com tintas naturais, tradicionalmente habitadas e a possibilidade de se fazer res
pelos alunos das Escolas de Belas Artes e de Música da Uni peitar, na prática, através do Poder Judiciário, o preceito
versidade Federal de Minas Gerais. A Semana do Indio pros constitucional de proteção às terras indígenas”. Domingos
seguirá com a exibição de filmes e debates sobre a situação Terena, presidente da União Nacional Indígena, manifestou
das tribos Krenack e Machali, na quarta-feira. (JB — a esperança de que “os direitos dos índios sejam reconhe
20/4/81) cidos pelo tribunal”. Os dirigentes dos grupos de Manguei
rinha, entretanto, preparam-se para invadir a área se a TFR
der ganho de causa à madeireira e a FUNAI não recorrer ao
Supremo. A reserva de Mangueirinha é tradicionalmente
Entidades de apoio realizam seminário sobre direitos histó habitada pelos índios Kaingang e Guarani. Ao todo, esses
TICOS
dois grupos reivindicam um total de 8 mil e 976 hectares que
Os 73 líderes indígenas de 32 povos e várias entidades de formam uma das maiores reservas contínuas de pinheiros
apoio ao índio presentes à reunião — promovida pela CPI-SP araucária do país. (JB — 5/9/81). (Ver “Kaingang” na seção
— repudiaram a alteração do Estatuto do Indio visando a “Região V: Sul”),
emancipação compulsória dos índios, que está sendo pro
posta pelo Governo (FUNAI e CSN). Defenderam a impor
tância dos índios possuírem um organismo próprio de repre Entidades acusam FUNAI de ocultar estudos oficiais
sentação, cuja extinção foi recomendada pelo General Gol Nos dias 25, 26 e 27 de setembro realizou-se em Brasília a
bery do Couto e Silva, ministro-chefe da Casa Civil da Presi III Reunião das Entidades de Apoio ao Indio com a presença
dência da República e pelo CSN. (ESP — 1/5/81) de representantes de entidades de vários estados.
Foi feito um comunicado à imprensa acusando a FUNAI de
“transformar os documentos sobre os índios em arquivos
Mais protestos sigilosos, absolutamente distanciados do conhecimento da
A CPI-SP distribuiu nota protestando contra “a forma como opinião pública, e configurar as decisões sobre definição de
vêm sendo tratadas pela FUNAI as reivindicações de grupos reservas indígenas em casos do Conselho de Segurança Na
indígenas, hoje novamente patentes, principalmente no que cional excluindo-as da consideração das necessidades dos
se refere ao caso de Sangradouro. São soluções autoritárias, povos indígenas”.
onde se usa de pressões e intimidações, levando os índios a se Entre os documentos da FUNAI mantidos em sigilo en
resignarem ou a se venderem”. Diz ainda a nota que esses contra-se o estudo sobre “Critérios de Indianidade”, espécie
métodos já foram usados contra os Tupiniquim do Espírito de guia para antropólogos identificarem grupos indígenas
Santo. (FSP — 18/6/81) a partir de características biológicas, históricas, geográficas e
antropológicas.
Segundo a nota das entidades, os critérios de indianidade são
uma “nova investida da política indigenista oficial de eman
Ecologia e as áreas indígenas cipação compulsória e de estadualização. No espírito das
A advogada Maria Helena Pimentei da CPI-SP, disse, on duas investidas — diz a nota — os critérios de indianidade se
tem, que “a sociedade brasileira devastou o seu território e se constituem num instrumento para negação do “status jurí
volta agora para a terra dos índios, sob o pretexto da pre dico do índio e conseqüentemente do direito à tutela e posse
servação ecológica, criando parques nacionais, estações eco • coletiva da terra.”... (FSP — 29/9/81)
lógicas e reservas florestais”. •

Em mesa-redonda sobre a “justaposição de áreas indígenas e


áreas ecológicas” na 33° reunião anual da SBPC, a advogada OAB proporá nova legislação para indígena
observou que “a ecologia existe dentro de uma dinâmica que A OAB através de sua seção do Rio de Janeiro — criou ontem
não exclui a presença do homem pois este faz parte do ecos um grupo de trabalho, com a participação de integrantes da
sistema”. (O Globo — 16/7/81) UNI e CIMI, para elaborar uma proposta alternativa de
legislação indigenista que acabe com as violências e usur
pações de terras contra os índios brasileiros. A decisão foi
Entidades protestam contra coronel da FUNAI tomada pelo presidente Costa Neto, após relato feito no ple
A ABA, a ANA#, a CPI-SP e o Comitê Nacional Pró-Mam nário da OAB-RJ pelos índios Marcos Terena e Álvaro Sam
gueirinha Indígena divulgaram ontem carta de protesto en paio sobre o que está acontecendo com os índios, especial
viada ao presidente da FUNAI, coronel João Carlos Nobre da mente depois que a FUNAI decidiu criar critérios de avalia
Veiga, por declarações a ele atribuídas no sentido de que “há ção de quem é ou não é índio no País. (ESP — 20/11/81)
reservas demais” e que o índio, depois de ter a posse da re
serva, “quer logo expulsar todo mundo que está dentro”.
Os signatários do protesto afirmam que essas declarações
revelam “uma ótica invertida”, pois “o índio tem direito
exclusivo à posse e usufruto de suas terras, e a função de
resguardá-las de invasões deveria ser exercida pela própria
FUNAI, por força do disposto na legislação competente”.
(FSP — 5/9/81) (Ver Seção “Política Indigenista Oficial/
FUNAI e MINTER”).

Pró-Índio defende reserva


A decisão do TFR, que nos próximos dias deve julgar a
questão relativa à reserva indígena de Mangueirinha, no
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POVOS INDÍGENAS NO BRASIL


JAVARI
Povos Nocenas coordenado pelo antropólogo Julio Cezar Melatti

JAVARI é o 5° volume, o primeiro publicado, de uma


obra de 18 volumes que pretende cobrir todas as áreas
indígenas do país. Ela sistematiza os resultados de uma
ampla pesquisa participante, envolvendo antropólogos,
missionários, indigenistas, índios, fotógrafos, lingüistas,
jornalistas, médicos e outros.

Cada um dos volumes contém texto, fotos, iconografias,


mapas, documentos, depoimentos e fontes sobre os
povos indígenas existentes em cada Área, que são:
1 Noroeste da Amazônia; 2 Roraima; 3 Amapá/Norte
do Pará; 4 Solimões; 5 Javari; 6 Juruá/Jutaí;
7 Tapajós/Madeira; 8 Sudeste do Pará; 9 Maranhão;
10 Nordeste; 11 Acre/Purus; 12 Rondônia; 13 Oeste
do Mato Grosso; 14 Parque Indígena do Xingu,
15 Leste do Mato Grosso/Goiás; 16 Leste; 17 Mato
Grosso do Sul; 18 Sul.

A edição da obra deverá se estender por um período de


dois anos e será completada com a publicação das
conclusões e índices em volume(s) separado(s). Prevê-se
a sua continuidade, com a atualização permanente das
informações e sua divulgação.

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Para colaborar com os próximos volumes você pode


enviar fotos, documentos, artigos, teses ou preencher a
ficha-padrão para a coleta de informações sobre: nome,
língua, população, localização, histórico do contato,
modo de vida, tutela e assistência (com ênfase na
educação escolar e serviços de saúde) e situação atual
das terras, a respeito dos povos que você conhece.

Informações sobre prazos, solicitação de fichas-padrão e


demais esclarecimentos podem ser obtidos escrevendo-se
para Caixa Postal 54097, 01000, São Paulo, S.P., Brasil.

O volume não está à venda. A sua distribuição é feita


como retribuição à colaboração com o Levantamento.

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