Pedagogia da rima: estudando agroecologia com música e poesia

Sérgio Ricardo Matos Almeida1 e Franceli da Silva2.

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Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Mestre em Ciências Agrárias pela Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) Professor do IF Baiano. Doutorando em Ciências Agrárias (DINTER UFRB – IF
Baiano). E-mail: [email protected]; 2Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal de
Viçosa (UFV), Mestra em Fitotecnia pela mesma universidade, Doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora Adjunto IV na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). E-
mail: [email protected].

Resumo: A pedagogia da rima é uma proposta metodológica de ensino e aprendizagem em

agroecologia, que utiliza a musicalidade da rima e o poder de síntese inerente ao verso, na composição
de textos que conjuguem linguagem literária e saber técnico-científico. A arte, em suas variadas
expressões, se constitui em importante recurso didático no processo educacional, contribuindo em
torná-lo mais eficiente, interessante e prazeroso; representando um estímulo adicional ao aprendizado e
ao desenvolvimento ético e intelectual do estudante. O presente texto objetiva relatar a evolução da
pedagogia da rima com a inserção da música, fato que se pode constatar pelo crescente acesso, no
Youtube, aos vídeos das melodias que compõem o CD Agroecologia em Música. Sistematizando
sugestões leves e didáticas de como fazer um poema, a metodologia descortina a perspectiva da síntese
de saberes científicos em versos rimados, reforçando a ideia do conhecimento como uma aventura
prazerosa, instigante e inspiradora.

Palavras-chave: Ciência e poesia; Arte-educação; Músicas didáticas.

1. Introdução

A pedagogia da rima é uma proposta metodológica de ensino e aprendizagem, que utiliza a

musicalidade da rima e o poder de síntese inerente ao verso, na composição de textos que conjuguem
linguagem literária e saber técnico-científico. Possibilitando a sistematização em versos rimados

Cadernos de Agroecologia - ISSN 2236-7934 - Anais do II SNEA, Vol. 12, N° 1, Jul. 2017.
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(síntese poética) de qualquer tema de interesse didático, a pedagogia da rima é uma ferramenta
metodológica útil à educação formal e informal, sendo destinada a educadores e educandos
interessados em produzir textos em versos rimados e habilitarem-se a converter prosa em verso
(ALMEIDA, 2016).
O presente trabalho tem por objetivo relatar a evolução do método, que é aplicado no ensino da
agroecologia, com a inserção da música, conforme se observa nos versos abaixo:

Em poemas musicados Pois a música é alegria,

Assim apresentamos, Harmonia e beleza,
A Agroecologia => Emoção, entusiasmo;
Que na lida estudamos, É a Voz da Natureza.

O conceito e proposta da pedagogia da rima são apresentados a seguir:

Se a pedagogia Verso é síntese,
É ciência de ensinar, Sintetizar é aprender,
Pedagogia da rima => Recordar com melodia
É arte de versificar. O essencial do saber.

Ter visão de síntese Utilizar a rima,

É segredo de sucesso. Sua musicalidade,
Na era da informação => E o poder de síntese
É preciso fazer verso. Do verso, em verdade,

Na composição de textos É o que se propõe

Que integrem, sem batalha, A pedagogia da rima.
A bagagem da Ciência => Ciência e poesia
Com a leveza literária. Se aprende, se ensina. (ALMEIDA, 2011)

Desde muito jovem o primeiro autor desse trabalho escreve poemas, mas sempre o fez de forma
esporádica. No entanto, no ano de 1999 tomou a decisão de dedicar mais tempo a esse sublime labor e
se propôs a converter em versos rimados (linguagem literária), textos técnico-científicos de
agroecologia, na busca de unir ciência e poesia. E começou tal exercício com artigos de autoria da
professora Ana Primavesi, sua maior referência em agroecologia e com quem estagiou e mantém longa
amizade.

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 Esse exercício, de apresentar conteúdos acadêmicos em versos rimados, foi se desenvolvendo e,
no ano de 2008, trabalhando como extensionista rural, produziu sua primeira publicação: a Cartilha
Rimada da Manipueira, trabalho que teve boa repercussão pelo seu conteúdo e caráter didático. A partir
dessa publicação passou a ser procurado por alguns colegas desejosos de lhe mostrarem seus escritos
em versos e pedir sua opinião. Ao apresentar-lhes algumas sugestões, certo dia um deles indagou: -
Essas dicas, você tem elas escritas? - Ele ainda não as tinha, mas naquele momento nasceu a ideia de
escrever uma cartilha que sistematizasse aquelas informações com o objetivo de ajudar ao principiante
na arte da poesia pragmática.
No ano seguinte, 2009, publicou a Cartilha Rimada de Agroecologia, que foi apresentada no VI
Congresso Brasileiro de Agroecologia, em Curitiba – PR, e recebida com interesse e entusiasmo no
meio agroecológico. Após a publicação da segunda cartilha ele notou que a estrutura dos textos
técnico-científicos em versos rimados apresentava uma regularidade, a princípio não intencional, e
características peculiares. Dessa forma, sistematizou, em dez regras simples, aquele método de escrever
versos que emergia de sua prática e passou a denominá-lo Pedagogia da Rima.
Em 2010, durante o Curso de Mestrado em Ciências Agrárias na UFRB, foi convidado por sua
orientadora, a segunda autora do presente trabalho, a escrever cinco cartilhas a serem publicadas pela
Pró-Reitoria de Extensão, no formato de versos rimados com a temática da Agroecologia. Abraçou com
entusiasmo a oportunidade e lhe propôs a denominação: Série Pedagogia da Rima. O trabalho foi se
desenvolvendo e as demandas a respeito dos assuntos das cartilhas foram surgindo, até que em 2011
publicou as três primeiras, a saber: Pedagogia da Rima – como fazer um poema, Rimas do Pensamento
Freireano, Homeopatia em Rimas.
Com os primeiros volumes da série nasce oficialmente a referida proposta pedagógica, que
utiliza a musicalidade da rima e o poder de síntese inerente ao verso, na composição de textos que
conjuguem linguagem literária e saber técnico-científico. Nesse período, atuando como Professor
Temporário naquela universidade, se propôs a realizar Oficinas de Pedagogia da Rima para estudantes
e professores da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), trabalho que foi muito

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gratificante, pois nele recebeu diversos testemunhos de pessoas que diziam se considerarem incapazes
de escrever um poema e após participar da oficina mudarem completamente de ideia.
No ano de 2012 concluiu o Mestrado e publicou as duas outras cartilhas que completavam a
série, quais sejam: Mandioca, a Raiz do Brasil e Agroecologia em Rimas. As cinco Cartilhas da Série
Pedagogia da Rima foram disponibilizadas, em meio eletrônico, no site da UFRB e durante os dois
anos que ficaram disponíveis para download permaneceram no status popular (mais baixados). Nesse
mesmo ano foi aprovado em Concurso Público para Professor de Agroecologia no IF Baiano – Campus
Valença, cargo que tomou posse em 26 de fevereiro de 2013.
Durante o ano de 2013, como Professor do IF Baiano, nos Cursos Técnicos em Agropecuária e
Agroecologia, passou a aplicar a Pedagogia da Rima em suas aulas, apresentando ao final de cada
assunto uma síntese em versos rimados daquele conteúdo, método que muito agrada aos estudantes,
pois testemunham que o aprendizado acontece de forma mais lúdica, já que, como revisão da aula, eles
passavam a recitar o poema-síntese. A partir daí foi sentindo, de forma crescente, a necessidade de
musicar os poemas-síntese das aulas que ministrava.
A música, esse recurso didático adicional que foi incorporado à Pedagogia da Rima, tem
entusiasmado e conquistado os estudantes, e estimulado o autor a prosseguir e ampliar o trabalho, em
função dos resultados obtidos. Ainda em 2013, publicou, na perspectiva da Pedagogia da Rima, o livro
Agroecologia, o romance da Agronomia, o qual foi maturado durante 14 anos sendo uma homenagem à
Professora Ana Primavesi, e foi apresentado ao público no VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia,
em Porto Alegre – RS, em novembro de 2015.
Em 2014 o trabalho de musicar poemas-síntese das aulas ministradas se intensificou, o que o
levou a conceber a ideia de preparar um CD que reunisse aquelas músicas de caráter didático-
pedagógico, atendendo assim à demanda dos estudantes. Dessa forma, em setembro foi ao Studio
gravar e durante nove meses preparou o CD Agroecologia em Música. Durante o III Fórum Mundial de
Educação Profissional e Tecnológica, em Recife – PE, em maio de 2015, fez a apresentação do CD e o
lançamento da cartilha didática Canção do Rio São Francisco.

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 De fato, a música tem dado uma nova dimensão à Pedagogia da Rima, e com essa união e
evolução espera-se produzir muito frutos belos e saborosos na Educação formal e informal.
Sintetizando todo esse trabalho com a Pedagogia da Rima, publicou em 2015 o livro didático
Estudando Agroecologia com música e poesia, com o CD Agroecologia em Música como encarte,
realizando o lançamento conjunto (livro e CD) no IX Congresso Brasileiro de Agroecologia, em
Belém/PA, em setembro de 2015.

2. Descrição e reflexões sobre a experiência

A pedagogia da rima propõe integrar ciência e poesia promovendo o exercício do conhecimento

e despertando o pendor para a arte da escrita, sendo destinada a educadores e educandos. Busca
também o equilíbrio entre a infinidade de informações disponíveis e a necessidade de conhecimentos
básicos que proporcionem visão panorâmica de cada tema.
Sistematizando sugestões leves e didáticas de como fazer um poema, a pedagogia da rima
descortina a perspectiva da síntese de saberes científicos em versos rimados, retomando a ideia do
conhecimento como uma aventura prazerosa, instigante e inspiradora (ALMEIDA, 2016). As dez
regras do método são a seguir apresentadas:
1) Definir e delimitar o assunto
Abraçar o desafio Junte caneta e papel
De construir um poema E vontade de escrever,
É alegre aventura, => Escolha uma ideia
Quando é nobre seu tema. A fim de desenvolver.

Observe com atenção

Este singelo roteiro,
Não é regra nem doutrina
É um modo de fazê-lo.

2) Definir o número de sílabas de cada verso

Para imprimir cadência Versos com oito sílabas

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 Os versos devem conter É uma boa opção,
De seis a dez sílabas, => Tem ritmo, tem música,
Não convém disto exceder. Tem beleza e precisão.

3) Não repetir a mesma rima em estrofes seguidas

Jamais abusar das rimas
No modo infinitivo,
O verbo tem seu encanto
Se não for repetitivo.

4) Utilizar a quadra (estrofes com quatro versos)

A quantidade de versos Seis versos são comumente
Que a estrofe conterá, Utilizados no cordel,
Depende do compasso => Pintando cenas da vida,
Que se queira implementar. A caneta é o pincel.

5) Rimar o 4º com o 2º verso

Estrofes com quatro versos, Tal formato sintético
Com a rima situada Tem graça e tem leveza,
No segundo e no quarto, => Convêm ser utilizado
É forma recomendada. Pois propicia destreza.

6) Escrever em frases curtas o que sabe sobre o assunto

Exercite com vigor, Construa algumas frases,
No seu próprio universo, Respondendo com precisão:
O nobre poder de síntese => O que realmente sei
Inerente ao verso. A respeito dessa questão?

7) Escrever em frases curtas o que pensa sobre o assunto

Escreva algumas frases,
Sem se preocupar com a rima,
A respeito do que pensa
Do tema que lhe anima.

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 8) Escrever em frases curtas o que sente sobre o assunto
Mergulhando em si mesmo
Passe agora a escrever
Em frases bastante curtas
O que sente e como vê.

9) Organizar as estrofes de três em três versos

Relacionadas as frases Agrupe de três em três
É hora de estruturar As frases elaboradas,
As estrofes e as rimas, => Faltando o quarto verso
Vamos arte-finalizar. Em cada quadra formada.

10) Compor o último verso rimando com o segundo

Componha o quarto verso Esse formato de quadra
Num arremate fecundo Facilita a criação,
Com lógica e cadência, => Com apenas uma rima
Rimando com o segundo. Conclui-se a construção.

Assimilada a técnica Pratiquemos a escrita

Agora é só praticar, Na certeza que, um dia,
Quanto mais se dedique => De tanto exercitarmos
Mais destreza ganhará. Seremos também poesia (ALMEIDA, 2015).

Após o lançamento do CD Agroecologia em Música, o autor assumiu compromisso com os

estudantes de disponibilizar na Internet os vídeos das músicas, de modo que pudessem baixar e assistir,
lendo as letras, ouvindo as músicas e vendo imagens relacionadas ao assunto. E assim foi feito, a partir
de junho de 2015.
No canal de Sérgio Ricardo Matos Almeida1, no Youtube, estão disponíveis para download as
treze músicas que compõem o CD, com os seguintes título: (1) Agroecologia e Agricultura Orgânica;
(2) Tecnologia Tropical; (3) O Solo é um Ser Vivo; (4) Teoria da Trofobiose; (5) Nutrição Mineral; (6)

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O referido canal no youtube pode ser acessado pelo seguinte endereço eletrônico:
https://www.youtube.com/results?search_query=s%C3%A9rgio+ricardo+matos+almeida.

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Leis da Adubação; (7) Água nossa de cada dia; (8) Sociologia Vegetal; (9) Plantas Espontâneas; (10)
Canção da Manipueira; (11) Poetisa da Ciência; (12) Ciência e Poesia e; (13) O Espelho de Gandhi.
Uma das comprovações da excelente receptividade das músicas por parte dos estudantes (e até
de professores, que as utilizam em diversos estados do país como material didático) é que o canal
registrou, em 21 de agosto de 2016, sete mil, trezentos e cinquenta e oito (7.358) acessos, sendo as
mais procuradas: Teoria da Trofobiose (1373), Agroecologia e Agricultura Orgânica (1372), Nutrição
Mineral (1055), O Espelho de Gandhi (709) e Leis da Adubação (397). Os demais vídeos variam em
torno de trezentos acessos, sendo que o canal recebe uma média de quinhentos acessos por mês.
Está sendo preparado um novo CD, denominado Namorando a Terra, que reúne outras músicas
envolvendo aulas e temas da Agroecologia, a exemplo das canções Rimas Coerentes e Tributo ao
Velho Chico, cujos vídeos já estão disponíveis no Youtube.

3. Diálogo com os princípios e diretrizes da Educação em Agroecologia

A pedagogia da rima busca o equilíbrio entre a infinidade de informações disponíveis e a

necessidade de conhecimentos básicos que proporcionem visão panorâmica de cada tema. Uma síntese
da justificativa dessa proposta metodológica é apresentada nos seguintes versos:
Fazer versos propicia É exercício de síntese
A si mesmo conhecer, Que fortalece a razão,
Mergulhar em descobertas => É vivência prazerosa
No oceano do teu ser. De autolapidação.

São palavras de ordem Nesse contexto se insere

No mundo em transformação: O verso no dia a dia:
‘Acesso ao saber’, => Conjugar com equilíbrio
‘Selecionar informação’. Ciência e poesia (ALMEIDA, 2011).

Paulo Freire (1996), de certa forma, sinaliza o valor da síntese no processo ensino-
aprendizagem, pela sugestiva e interessante maneira com que organizou o livro Pedagogia da
autonomia. A obra é estruturada a partir dos títulos de seus subcapítulos, sendo cada título um verso e

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uma síntese do conteúdo do subcapítulo, conforme se constata nos itens que compõem, por exemplo, o
capítulo 1: Ensinar exige rigorosidade metódica; Ensinar exige pesquisa; Ensinar exige respeito aos
saberes dos educandos; Ensinar exige criticidade; Ensinar exige estética e ética; Ensinar exige a
corporificação das palavras pelo exemplo; Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer
forma de discriminação; Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática; Ensinar exige o reconhecimento
e a assunção da identidade cultural (FREIRE, 1996). Essa observação coaduna-se com a proposta da
pedagogia da rima, a qual poderia ser também denominada pedagogia da síntese.
Levando em consideração que no I Seminário Nacional de Educação em Agroecologia (I
SNEA) foram indicados os princípios e diretrizes: vida, diversidade, complexidade e transformação,
para uma Educação em Agroecologia, percebe-se que a proposta da Pedagogia da Rima com a música
apresenta sintonia com esses princípios e diretrizes. Revela-se ainda mais essa sintonia observando-se
com os três poemas-síntese adiante apresentados, dos assuntos abordados nas aulas e publicações da
Pedagogia da Rima, poemas esses que foram musicados e disponibilizados no youtube na forma de
vídeos.
Mesmo a partir de temas complexos, traduzirem-se tais assuntos em versos rimados é exercício
de síntese que facilita sobremodo o aprendizado, levando o escritor a focalizar o que de fato é essencial
e central em cada lição, de modo ao estudante poder recordar-se com facilidade dos conteúdos
estudados. Veja-se o exemplo da Teoria da Trofobiose:
Se criam pragas e doenças A planta bem nutrida,
Pelo desequilíbrio, é lógico, Com metabolismo eficiente,
Ambiental e nutricional => Não agrada aos parasitas,
E pelo uso de agrotóxico. Não lhes fornece nutriente.

As pragas e doenças E os venenos sistêmicos,

Não são capazes de digerir Além dos crimes usuais,
As proteínas complexas => Paralisam a proteossíntese,
Que a planta produzir. Enfraquecem os vegetais.

A lei da trofobiose Eis aí o princípio

É assim enunciada: Da resistência natural
Fazendo proteossíntese => A qualquer parasita

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 A planta é resguardada. De que dispõe o vegetal (ALMEIDA, 2015).

Especialmente no ensino da agroecologia o verso é essencial, uma vez que estimula a reflexão,
o empoderamento do conhecimento e a fixação do saber. No exemplo a seguir buscou-se esclarecer os
conceitos e a distinção entre agroecologia e agricultura orgânica, conforme se lê no poema musicado
Agroecologia e Agricultura Orgânica:

Agroecologia é Imprime na agricultura

Ciência multidisciplinar, Harmonia e beleza,
Base da produção limpa => Pensamento ecológico,
E da sustentabilidade já. Diálogo com a Natureza.

É movimento social Trata causas e não sintomas

De produzir e conservar, => Nas questões estudadas,
Casamento entre os saberes E com visão sistêmica
Acadêmico e popular. São, então, solucionadas.

Agricultura Orgânica Não usa agroquímicos,

É prática de valor, Produz sem contaminar,
Pois protege a saúde => Conserva o ambiente,
Do sábio agricultor. A terra, a água e o ar.

É conjunto de técnicas, A primeira é Ciência,

Normas e procedimentos, É maneira de pensar;
Que visam a produção => A segunda, rol de normas,
De saudáveis alimentos. Um modo de realizar.

A Ciência especula, Convém não confundir

Reflete o porquê fazer; Conceitos fundamentais.
A Técnica orienta => Por que fazer, como fazer,
A forma de proceder. São questões essenciais. (ALMEIDA, 2015)

Inúmeros temas da Agroecologia podem ser abordados, desde que se busque evitar a aridez dos
textos puramente técnicos que os fazem monótonos. Quanto à questão da tecnologia apropriada ao
clima tropical, observe-se o poema Tecnologia Tropical:

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 Ensina Ana Primavesi Pois o solo tropical
Que a tecnologia importada Tem suas peculiaridades,
Das zonas temperadas => protegê-lo e refrescá-lo
Precisa ser modificada, É base da fertilidade.

O solo frio necessita Vinte e cinco graus Célsius

Ser exposto e aquecido; É temperatura ideal
No Brasil, ao contrário, => Pra saúde e produção
Carece ser protegido. Do solo tropical.

A matéria orgânica Sem ela não pode haver

No trópico deve fornecer => Agricultura tropical.
A maior parte do que a planta Compreender esta lição
Precisa para crescer. É dever fundamental (ALMEIDA, 2015).

Todos os temas da agroecologia podem ser abordados na perspectiva da pedagogia da rima. No

entanto, por ser um exercício de síntese, fazer versos exige do escritor um razoável arsenal de recursos,
tanto de vocabulário quanto de raciocínio e criatividade. Porém, não cabe ao verso dizer tudo. Mas
cabe a ele remeter, recordar e fazer pensar.
Na perspectiva da integração da arte na educação, a proposta da pedagogia da rima inclui a
realização de oficina, destinada a docentes e discentes interessados em familiarizar-se com a
metodologia, a fim de se capacitarem em produzir textos em versos rimados sobre temas técnico-
científicos e didáticos, assim como habilitar-se a converter prosa em verso. O objetivo da oficina é
divulgar a utilização de tal pedagogia como ferramenta metodológica útil à educação formal e informal;
capacitar docentes e discentes na produção de textos em versos rimados; e gerar como produto final da
oficina um poema coletivo sobre tema proposto pelos participantes.
A oficina, com carga horária média de quatro horas, é dividida em três momentos. No primeiro,
o facilitador apresenta a metodologia, na seguinte sequência: fundamentos; convite à poesia; porque
fazer versos; como fazer um poema (as dez regras); praticando a arte; assimilando a técnica e;
arrematando a lição. No segundo momento são apresentados alguns trabalhos em pedagogia da rima, a
exemplo da cartilha ‘rimas do pensamento freireano’ e ‘convertendo prosa em verso’.

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 O terceiro consiste em um exercício prático, no qual é proposto um tema e cada participante
constrói uma estrofe sobre ele; a seguir é feita a sistematização da matéria produzida, na perspectiva da
metodologia, gerando como produto final da oficina um poema coletivo sobre o tema proposto pelo
grupo. A experiência mostra que a produção de textos em versos rimados exerce um atrativo nos
alunos, que vislumbram a possibilidade da síntese de saberes científicos, o que proporciona exercício
de autoconhecimento e autorrealização, uma vez que estimula a leitura e desperta o pendor para a arte
da escrita.
4. Considerações finais

A pedagogia da rima é uma proposta metodológica de ensino e aprendizagem em Agroecologia,

que utiliza a musicalidade da rima e o poder de síntese inerente ao verso, na composição de textos que
conjuguem linguagem literária e saber técnico-científico. Neste texto objetivou-se relatar a evolução da
pedagogia da rima com a inserção da música, fato que se pode constatar pelo interesse e entusiasmo
dos estudantes, e a quantidade crescente de acessos, no youtube, dos vídeos das melodias que compõem
o CD Agroecologia em Música.
Pedagogia da rima é uma expressão nova, criada pelo autor da proposta metodológica, que
traduz a interação, na escrita e na música, entre ciência e poesia. Possibilitando a sistematização em
versos rimados (síntese poética) dos grandes temas da agroecologia, a pedagogia da rima é uma
ferramenta metodológica útil à educação formal e informal, sendo destinada a educadores e educandos
interessados em produzir textos em versos rimados e habilitarem-se a converter prosa em verso.
Além de proporcionar exercício de autoconhecimento, autorrealização e contribuir na melhoria
do processo ensino-aprendizagem, na medida em que estimula nos estudantes a leitura e a escrita
ritmadas. Exercita o poder de síntese, pela leitura e criação de versos rimados, revela-se como
estratégia útil e estimulante na Educação em agroecologia. Verso é boa síntese, rima é melodia. Com
eles se pode unir ciência e poesia.

Referências

Cadernos de Agroecologia - ISSN 2236-7934 - Anais do II SNEA, Vol. 12, N° 1, Jul. 2017.
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ALMEIDA, Sérgio R. M. Agroecologia, o romance da Agronomia. Cruz das Almas: edição do autor,
2013.
ALMEIDA, Sérgio R. M. A Pedagogia da rima no ensino da Agroecologia. I SNEA. Cadernos de
Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol. 11, No. 1, Jun 2016.
ALMEIDA, Sérgio R. M. Estudando Agroecologia com música e poesia. Valença: IF Baiano, 2015.
ALMEIDA, Sérgio R. M. Pedagogia da Rima – como fazer um poema. Série Pedagogia da Rima. Cruz
das Almas: UFRB, 2011.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e
Terra, 1996.

Cadernos de Agroecologia - ISSN 2236-7934 - Anais do II SNEA, Vol. 12, N° 1, Jul. 2017.
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