TCC Vitor Hugo-Final

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO

GRANDE DO NORTE

VITOR HUGO XAVIER DA SILVA

IMPLANTAÇÃO DE UMA REDE FTTH

NATAL-RN
2016
2

VITOR HUGO XAVIER DA SILVA

IMPLANTAÇÃO DE UMA REDE FTTH

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso Superior de Tecnologia em Redes de
Computadores do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, em
cumprimento às exigências legais, como requisito
parcial à obtenção do título de Tecnólogo em
Redes de Computadores.

Orientador: Prof. Carlos Gustavo A. da Rocha.

NATAL-RN
2016
3

IMPLANTAÇÃO DE UMA REDE FTTH

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso Superior de Tecnologia em Redes de
Computadores do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, em
cumprimento às exigências legais como requisito
parcial à obtenção do título de Tecnólogo em
Redes de Computadores.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em 2016.2, para a seguinte


Banca Examinadora:

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________
Msc Prof. Carlos Gustavo A. da Rocha – Orientador
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

____________________________________
Esp Prof. Alfredo Gama de Carvalho Júnior
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

____________________________________
Msc Prof. Galileu Batista de Sousa
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

____________________________________
Décio Frederico Bueno Feijó
Gerente de Engenharia CABO Serviços de Telecomunicações Ltda

____________________________________
Kligw Fernandes da Silva
Supervisor de projetos e rede CABO Serviços de Telecomunicações Ltda
4

Dedico todo este trabalho à Maria Leidivan


Xavier da Silva e à Manoel Jorge da Silva, meus
amados pais, que sempre me apoiaram e me
deram forças para seguir, mesmo diante das
dificuldades encontradas pelo caminho. Dedico
também à minha namorada, Amanda Assis da
Silva, por toda a insistência, compreensão e
incentivo à sempre seguir em frente, firme e
forte, focando somente em meus objetivos. Não
poderia deixar de falar do meu irmão Vinicius
Xavier da Silva, que sempre me apoiou e me
incentivou a nunca desistir e a todos os meus
demais familiares e amigos, que direta ou
indiretamente participaram desta conquista.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, pois sem ele nada disso seria possível. Foi
nele, onde busquei forças nas mais diversas dificuldades e adversidades encontradas
durante essa jornada.
Agradeço à meus pais pela educação, formação básica como pessoa e cidadão
de bem. Pelos princípios que me foram passados, pelos ensinamentos que nenhuma
escola poderia me ensinar e por serem a minha base para todas as horas.
Não poderia deixar de agradecer à minha namorada, Amanda Assis da Silva,
por todas as conversas, os conselhos, por sempre estar disposta à ouvir os meus
desabafos e por me reerguer nos momentos em que pensei em desistir do curso.
Esses empurrões foram essenciais para que eu respirasse fundo e buscasse forças
onde não tinha, para que no final, tudo desse certo.
É importante lembrar dos colaboradores e ex-colaboradores da empresa Cabo
Serviços de Telecomunicações Ltda, em especial a equipe de fibra óptica (Anderson
Agríssio, Felipe Ervesson, Marcelo Augusto e Rafael Silva), como forma de
agradecimento pelas companhias diárias, por viverem comigo esta batalha, me
amparar, quando fui trabalhar sem sequer dormir no dia anterior, devido à trabalhos e
provas difíceis, em que eu trocava o meu horário de descanso, por uma cadeira, uma
mesa e um computador para estudar. Não poderia deixar de lembrar e agradecer a
Diego César Silva Ferreira, pelos ensinamentos, amizade e companhia diária no início
da minha trajetória. Estas pessoas me ajudaram à desenvolver as minhas atividades,
mesmo sem ter condições físicas e psicológicas para tal.
Agradeço de coração, à alguns professores do curso de Tecnologia em Redes
de Computadores do IFRN, campus Natal-Central, que puderam dividir comigo, toda
a experiência acadêmica e de mercado, e por muitas vezes entender o meu esforço,
e as dificuldades para chegar até a sala de aula após uma longa e cansativa jornada
de trabalho. Agradeço também pelos conselhos de não desistir, e de despertar, ainda
mais, o meu interesse pela área.
Agradeço de coração aos integrantes do grupo “Chegados”, do Whatsapp, pela
contribuição primordial para a minha formação.
Fica aqui o meu muito obrigado à todos que direta ou indiretamente,
participaram desta conquista.
6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral 15
1.1.2 Objetivos específicos
1.2 METODOLOGIA
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 HISTÓRICO DAS FIBRAS ÓPTICAS 16
2.2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO ÓPTICO
2.2.1 VANTAGENS DO USO DA FIBRA ÓPTICA 17
2.2.2 DESVANTAGENS DO USO DA FIBRA ÓPTICA 18
2.2.3 PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO E PROPAGAÇÃO
2.2.3.1 PADRÃO DE CORES 19
2.3 NOÇÕES BÁSICAS DE UMA REDE FTTH 20
2.4 CONSTITUIÇÃO DE UMA REDE PON
2.5 TIPOS DE MULTIPLEXAÇÃO 21
2.6 TOPOLOGIAS DE REPARTIÇÃO 23
2.7 TAXAS DE DIVISÃO DA POTÊNCIA 24
2.8 GPON - Gigabit Passive Optical Network
2.9 ARQUITETURA DE LANÇAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DA REDE 26
3 CONTEXTUALIZAÇÃO INSTITUCIONAL 28
4 IMPLANTAÇÃO DA REDE FTTH NO BAIRRO DE EMAÚS,
PARNAMIRIM-RN
4.1 LEVANTAMENTO DE CAMPO
4.2 PROJETO ÓPTICO 31
4.3 COTAÇÃO E COMPRA DE MATERIAL 34
4.4 AUDITORIA DE BOBINAS 35
4.5 SIMULAÇÃO DO CENÁRIO 36
4.6 PREPARAÇÃO DA INFRAESTRUTURA LÓGICA
7

4.7 CABEAMENTO DA ÁREA 38


4.8 MONTAGEM DO GABINETE 39
4.9 MONTAGEM DAS CEO DO TRONCAL E DOS SPLITTERS 1:4 46
4.10 MONTAGEM E AUDITORIA DOS TAP’s ÓPTICOS 48
4.11 LIBERAÇÃO DA ÁREA PARA COMERCIALIZAÇÃO 51
4.12 INSTALAÇÃO NO CLIENTE FINAL
CONCLUSÕES 54
TRABALHOS FUTUROS
REFERÊNCIAS 55
8

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações
APON Passive Optical Network on Asynchronous
ART Anotação de Responsabilidade Técnica
ATM Asynchronous Tranfer Mode
BAP Braçadeira Ajustável para Poste
BPDU Bridge Protocol Data Unit
CEO Caixa de Emenda Óptica
CLI Command Line Interface
CO Central Office
DBA Dynamic Bandwidth Allocation
DHCP Dynamic Host Configuration Protocol
DSL Digital Subscriber Line
EAPS Ethernet Automatic Protection Switching
EPON Ethenet Passive Optical Network
FO Fibra Óptica
FTTH Fiber To The Home
G-EPON Gigabit Ethernet Passive Optical Network
GPON Gigabit Passive Optical Network
HeadEnd Central provedora de serviços de telecomunicações
HFC Hybrid Fiber Coax
HP Home Potential
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineer
IFRN Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RN
IGMP Internet Group Management Protocol
ITU International Telecommunications Union
MAC Media Access Control
MMF Mult Mode Fiber
NBR Norma Brasileira, padrão ABNT
ODN Optical Distribution Network
OLT Optical Line Terminal
9

OMCI ONT Management and Control Interface


ONT Optical Network Terminal
ONU Optical Network Unit
OTDR Optical Time Domain Reflectometer
PON Passive Optical Network
RN Rio Grande do Norte
RX Receptor
LC/APC Lucent Connector / Angled Phisical Contact
SC/PC Subscriber Connector / Phisical Contact
SIP Session Initiation Protocol
SMF Single Mode Fiber
TAP Terminal Access Point
TDM Time Domain Multiplexing
TDMA Time Division Multiple access
TX Transmitter
VLAN Virtual Local Area Network
VoIP Voice over Internet Protocol
WDM Wavelenght Divison Multiplexing
10

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Tipos de Fibra óptica 17


Figura 2 – A Fibra óptica 18
Figura 3 – Espectro da luz 19
Figura 4 – Padrão de cores
Figura 5 - Arquitetura de uma TDM-PON 22
Figura 6 – Diagrama simplificado de uma rede do tipo WDM-PON
Figura 7 – Topologias de repartição do sinal óptico 23
Figura 8 – Arquitetura de lançamento e distribuição da rede FTTH 26
Figura 9 – Modelo de engenharia 1:32 27
Figura 10 – Delimitação de área via Google Earth 30
Figura 11 – Delimitação de nodos via Google Earth
Figura 12 – Trajeto dos cabos ópticos da redundância do Gabinete FTTH 31
Figura 13 – Distribuição dos TAP’s ópticos nas ruas 32
Figura 14 – Cabo de saída da CEO de splitter’s 1:4, alimentando 4 TAP’s 1:8 33
Figura 15 – Alimentação do gabinete às CEO de splitter’s 1:4 34
Figura 16 – Padrão de entrada dos cabos ópticos 40
Figura 17 – Caixa de passagem anterior ao gabinete
Figura 18 – Acomodação e identificação dos cabos ópticos no gabinete 41
Figura 19 – Banco de baterias
Figura 20 – Circuito Retificador / Inversor 42
Figura 21 – Cabo óptico 64FO pronto para ser acomodado nos slots DIO 43
Figura 22 – Fibras do cabo óptico 64FO já acomodadas nos slots DIO
Figura 23 – Fibras já fusionadas no slot DIO 44
Figura 24 – Chassi’s de OLT’s já em funcionamento
Figura 25 – Cabos ópticos de entrada e saída do gabinete e cordões ópticos de 45
interligação entre dispositivos
Figura 26 – Gabinete finalizado 46
Figura 27 – CEO do Tronco óptico de derivação ao gabinete 47
11

Figura 28 – CEO de splitter’s 1:4


Figura 29 – TAP óptico montado no poste 48
Figura 30 – Interior do TAP óptico com identificação de sequência de acordo com 49
projeto óptico (ítem 4.2)
Figura 31 – Acomodação dos cabos ópticos 08FO, no interior do TAP óptico
Figura 32 – TAP óptico instalado nas prumadas de edifícios e condomínios 50
Figura 33 – Cabo tipo drop 01FO conectado a primeira porta do TAP óptico 51
Figura 34 – Inserção de dados no sistema de gerenciamento de equipamentos 52
Figura 35 – Parâmetros de funcionamento da ONT, acessados remotamente 53

Tabela 1 – Características Ópticas 26


12

RESUMO

Este relatório visa descrever o procedimento de construção de uma


infraestrutura de rede para a implementação da tecnologia FTTH, que, no momento
da sua escrita, é dita como nova, no âmbito das telecomunicações, porém, seus
princípios de funcionamento e propagação já são utilizados há um bom tempo em
redes híbridas. Todas as etapas aqui relatadas foram executadas e, por mim
coordenadas, na expansão da rede da empresa Cabo Serviços de Telecomunicações
Ltda, no bairro de Emaús, município de Parnamirim-RN. Por este motivo, algumas
informações deverão ser ocultadas para efeito de sigilo empresarial.
Será detalhado, como se dá o processo de escalonamento da área de
abrangência da expansão, quantidade de HP’s, para efeito de projeto, cálculo
quantitativo do material necessário, técnicas de projeto e lançamento do cabeamento
na rede, técnicas de ativação, princípios de auditoria e instalação no cliente final.
13

ABSTRACT

This report aims to describe the construction procedure of a network


infrastructure for the implementation of FTTH technology, which, at the time of writing,
is said to be new in the field of telecommunications, however, its operating principles
and propagation have been used for a good time in hybrid networks. All steps reported
here were performed and coordinated by me, in the expansion of the company Cable
Telecommunications Services Ltda network in Emmaus district, municipality of
Parnamirim-RN. For this reason, some information must be hidden to business secrecy
effect.
Will be detailed, how is the scheduling process of the coverage area
expansion, amount of HP's for design effect, quantitative estimate of the necessary
material, technical design and launch of the cabling network, activation techniques,
auditing principles and installation at the end customer.
14

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, no Brasil e no mundo, o mercado das telecomunicações vem


crescendo à passos largos. Segundo publicação da coluna exame, da Editora Abril,
no ano de 2013 (Disponível em:
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/mercado-de-telecom-deve-crescer-5-3-
ao-ano-ate-2017), o mercado de telecomunicações deve crescer 5,3% ao ano, até
2017. Por esse motivo, pode ser classificado, no presente cenário econômico, como
um mercado “sem crise”, tendo em vista a crescente demanda e o estágio de
dependência que as pessoas e o próprio mercado atingiu.
Assim como a procura pelos serviços cresce, a oferta neste seguimento se
difunde cada vez mais, pelas mais diversas empresas e nas mais diversas áreas
habitadas, não se atendo somente aos grandes centros econômicos e de elevado
poder aquisitivo.
Além da crescente demanda, podemos observar o surgimento de novos
produtos e serviços como, as redes sociais e serviços de streaming, que necessitam
cada vez mais de conexões eficientes com a Internet, dedicadas ou não, com elevadas
taxas de transmissão de dados.
Em meio a este cenário, as tecnologias até então consolidadas no mercado,
tais como DSL e HFC, ambas baseadas em cabeamento metálico, passaram a ser
questionadas com relação às suas limitações técnicas. A partir daí, as tecnologias
baseadas em fibra óptica, passaram a ganhar força. E o que antes era futuro, já passa
a ser realidade.
Desde as experiências, ainda sem sucesso, até a consolidação da fibra óptica
como principal meio físico das telecomunicações, este trabalho irá demonstrar todo o
seu histórico e características, com foco na tecnologia FTTH (nas redes FTTH, a fibra
chega até a casa do usuário, garantindo assim a largura de banda necessária para a
crescente demanda gerada pelo enorme tráfego de dados e vídeos via internet),
objeto de estudo e aplicação do presente trabalho.

1.1 OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo, descrever todo o procedimento realizado para
a implementação da rede FTTH, pela empresa Cabo Serviços de Telecomunicações
15

Ltda. Nele será descrito, como se deu todo o processo, que não é tão recente, desde
a utilização de troncos ópticos já existentes, herança da vasta abrangência da rede
HFC, ainda em pleno funcionamento, que consolidou a empresa no mercado. E, no
geral, será apresentado o presente cenário; com o investimento nesta nova
tecnologia.

1.1.1 Objetivo Geral

Demonstrar os princípios, normas, padrões, técnicas e práticas para a


implementação, gerência e manutenção de toda a infraestrutura de uma rede FTTH.

1.1.2 Objetivos Específicos

Proporcionar, não só aos alunos do curso de Tecnologia em Redes de


Computadores do IFRN, mas também à toda a sociedade, o conhecimento do rumo
que as tecnologias das telecomunicações estão tomando, com uma tecnologia que
até então não era tão explorada pelo mercado, principalmente local.

1.2 METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho, foi utilizada, como norma norteadora, a ABNT
NBR 14565, que é a norma brasileira que define padrões de cabeamento estruturado
para edifícios comerciais e data centers.
Para tanto, foi necessário realizar uma pesquisa, bastante aprofundada, em
livros e artigos de referência, que serão citados no decorrer deste documento.
Após a fundamentação teórica, será descrito como foi realizada toda a
implementação deste projeto, o que constituirá o Trabalho de Conclusão de Curso,
que é o objetivo geral.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nas seções a seguir serão apresentados os principais conceitos relacionados


às tecnologias utilizadas neste trabalho.
16

2.1 HISTÓRICO DAS FIBRAS ÓPTICAS

Em 1870, o físico inglês Jonh Tyndall, demonstrou o princípio de guiamento da


luz através de uma experiência muito simples. Utilizando um recipiente furado com
água, um balde e uma fonte de luz, Tyndall observou que o feixe de água que saia
através do furo do recipiente, estava iluminado. Assim tivemos o primeiro relato da
transmissão de luz.
Em 1956, o termo Fibra Óptica foi empregado pela primeira vez, pelo Dr. N. S.
Kapany que fazia parte de uma equipe do Laboratório Bell (USA), composta por ele e
pelos Doutores, A. L. Schawlow e C. H. Townes, quando apresentaram os planos para
a construção do primeiro LASER, a ser usado em Sistemas de Telecomunicações.
(MATA, 2015)

2.2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO ÓPTICO

As baixas perdas, imunidade à ruídos eletromagnéticos e as grandes larguras


de banda suportadas pela fibra óptica, a tornaram o meio ideal para redes de
transmissão de backbone a grandes distâncias. Neste momento, a comunicação
através de fibra óptica tem vindo a assistir um crescimento enorme. O resultado deste
desenvolvimento evidenciou-se no custo dos componentes de fibra óptica que
diminuiu abruptamente, tornando esta tecnologia comercialmente viável para ser
aplicada nas redes de acesso.
As fibras ópticas são guias de onda constituídas de vidro de elevada pureza. O
núcleo de uma fibra tem um índice de refração mais alto que o da casca que o reveste.
São classificadas como monomodo ou multimodo, representadas na Figura 1 A fibra
monomodo (SMF) contém um núcleo de 3 a 8 μm e necessita de uma grande precisão
mecânica para acoplamento do sinal. Por outro lado, as fibras multimodo (MMF)
contêm núcleos maiores para um melhor alinhamento e acoplamento. Existem dois
tipos de fibras multimodo mais utilizadas. Com os diâmetros dos núcleos de 50 μm e
62,5 μm, respectivamente.
17

Figura 1 – Tipos de fibra óptica

Fonte: GONÇALVES (2009, 132p.)

Nas fibras monomodo, a luz é propagada em apenas um modo, enquanto para


a fibra multimodo, são utilizados múltiplos modos para propagar a luz. Devido ao
tamanho do núcleo, os modos de propagação viajam a velocidades diferentes
resultando na dispersão modal. Esta dispersão causa nos pulsos de sinal um
desvanecimento que limita a largura de banda e as distâncias de transmissão. A fibra
SMF (monomodo), é utilizada para transmissões de backbone a grandes distâncias e
a MMF (multimodo), para interligação de edifícios locais.
Podemos destacar, também, dois tipos de cabos ópticos. São eles o tipo Loose
e do tipo Tight. O cabo óptico do tipo Loose, possui um gel de proteção. Este gel é
inserido no cabo, para lubrificar e evitar o atrito entre as fibras alocadas em seu
interior. Só será encontrado em cabos de longas distâncias e recomenda-se que em
instalações internas, só deverão conter, no máximo, 20 (vinte) metros deste cabo, pelo
fato deste gel ser bastante inflamável. Em cabos de curtas distâncias, não haverá a
existência do gel anti-atrito, sendo este denominado de cabo do tipo Tight.
(GONÇALVES, 2009)

2.2.1 VANTAGENS DO USO DA FIBRA ÓPTICA

Dentre as vantagens no uso de fibras ópticas, podemos destacar o


suporte a longas distâncias; maiores taxas de transmissão; maior largura de
banda; imunidade a ruídos (interferências eletromagnéticas); segurança de
tráfego; atenuação mínima com relação ao cabeamento metálico; e dimensões
reduzidas.
(FURUKAWA, 2009)
18

2.2.2 DESVANTAGENS DO USO DA FIBRA ÓPTICA

Já como desvantagens, pode-se destacar o custo elevado de ativos e interfaces


ópticas; A necessidade de mão de obra qualificada e equipamentos apropriados,
bem como o fato das fibras serem mais sensíveis a umidade, tracionamento
excessivo (11Kgf) e raio de curvatura.
(FURUKAWA, 2009)

2.2.3 PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO E PROPAGAÇÃO

Conforme exemplificado na Figura 2, cada fibra possui um revestimento


primário de proteção, que não a identifica com relação as outras. Possui uma casca,
que tem a função de refletir o sinal óptico para o interior de seu núcleo, e a função de
proteção e identificação da fibra, perante as demais. E, finalmente, o núcleo, que é
por onde o sinal trafega.
Figura 2 – A fibra óptica

Fonte: FURUKAWA (2009, 132p.)

As transmissões de dados nos sistemas ópticos de telecomunicações, utilizam


o espectro infravermelho, Figura 3, ou seja, aquele cujo comprimento de onda
encontra-se na faixa a partir de 750nm (nanômetros), sendo portanto, invisível,
perigoso e prejudicial ao olho humano, quando em contato direto.
(FURUKAWA, 2009)
19

Figura 3 – Espectro da luz

Fonte: FURUKAWA (2009, 132p.)

2.2.3.1 PADRÃO DE CORES

Tanto no padrão internacional, quanto no nacional, foram definidas 12 (doze)


cores, que diferenciam uma fibra da outra, pela casca, ou um tubo loose do outro, pela
cor do tubo, conforme mostrado na Figura 4. Com isso, o cabo com maior quantidade
de fibras que poderia ser fabricado seria o cabo com 144 fibras ou 144FO (Fibras
Ópticas), em que existiriam 12 tubos loose’s, cada tubo com 12 fibras, da cor azul à
cor ciano, tanto nos tubos, quanto nas fibras.
(FURUKAWA 2009)
Porém, já existem empresas especializadas na fabricação destes cabos, que
já comercializam o cabo óptico de 288 FO. Um cabo com as mesmas características,
porém, duplicado em seu interior. Ou seja, existe uma segunda camada de tubolooses
acima da já existente no cabo de 144 FO, com as mesmas quantidades de fibras em
cada tuboloose.
Figura 4 – Padrão de cores

Fonte: FURUKAWA (2009, 132p.)


20

2.3 NOÇÕES BÁSICAS DE UMA REDE FTTH

Uma rede FTTH (Fiber To The Home), como a própria sigla sugere, é uma
arquitetura de rede, utilizada por provedores de serviços de telecomunicações,
composta basicamente, por equipamentos passivos, utilizando como meio físico, em
sua totalidade, até a residência do cliente, a fibra óptica. O que justifica a sua
denominação.
A rede de acesso FTTH contém uma ou mais OLT’s (Optical Line Terminal),
que ficam em um chassi, alocado em um gabinete externo, abrigado ou não, ou no
próprio HeadEnd (Central provedora de serviços de telecomunicações). Ela é gerida
através de uma interface, gráfica ou não, instalada em servidores situados na rede de
uplink. A fibra óptica é o meio de transporte da informação, sendo que a mais utilizada
é a do tipo monomodo. A ONU/ONT (Optical Network Unit / Optical Network Terminal),
é o elemento óptico que fica situado no cliente final, onde é realizada a divisão dos
serviços, pelo próprio dispositivo, pretendidos pelo cliente. Nomeadamente, serviços
de dados, de voz e vídeo/interativos.
Entre a OLT e a ONU/ONT, existem elementos passivos que ditam a
configuração e a capacidade desta rede, sempre respeitando as limitações de HP
(Home Potential) da OLT. Tais elementos são chamados de Splitter’s ópticos, que
utilizam o princípio da multiplexação, em seu funcionamento.

2.4 CONSTITUIÇÃO DE UMA REDE PON

PON (Passive Optical Network), é uma rede óptica passiva, com capacidade
de transmissão na faixa de Gigabits por segundo. Sua arquitetura é de ponto-
multiponto, sendo uma das tecnologias utilizadas para implementar o “fiber to the
home” (FTTH), ou fibra até a residência do usuário final. (INOVAX. 2015)
No gabinete externo, uma OLT alimenta uma estrutura em árvore de uma ou
duas fibras, que é conectada à vários terminais ópticos da rede (ONT), através de
divisores (splitter’s). A transmissão bidirecional, utilizando uma única fibra óptica, é
feita através da junção dos comprimentos de onda downstream e upstream. A
transmissão por meio de duas fibras ópticas é feita utilizando uma fibra óptica para
cada sentido.
21

Existem vários tipos de redes passivas ópticas. As redes baseadas em ATM


(Asynchronous Tranfer Mode) são designadas por APON (Passive Optical Network on
Asynchronous Transfer Mode), que deram lugar às Broadband Passive Optical
Network (BPON), que são utilizadas pelos serviços de banda larga das operadores de
TV via cabo, transportando apenas células, e a Gigabit Passive Optical Network
(GPON), que transporta tanto células como pacotes ou mesmo ambos, padronizadas
pelo ITU-T. Nas redes passivas ópticas baseadas na tecnologia Ethernet, designadas
por EPON (Ethernet Passive Optical Network), utilizam os protocolos Ethernet para
acesso. A evolução da EPON para a ordem dos gigabits é conhecida por G-EPON
(Gigabit Ethernet Passive Optical Network), o que cria alguns conflitos em termos de
designação com a GPON.
Algo que se acordou relativamente às várias tecnologias do IEEE (Institute of
Electrical and Electronics Engineers) e do ITU-T (International Telecommunications
Union) para BPONs, GPONs, e EPONs é que os dados binários, voz ou vídeo no
sentido downstream, utilizam o comprimento de onda de 1490 nm e no sentido
upstream, utilizam o comprimento de onda de 1310 nm. O vídeo analógico utiliza o
comprimento de onda de 1550 nm no sentido downstream.
(GONÇALVES, 2009)

2.5 TIPOS DE MULTIPLEXAÇÃO

Atualmente, existem dois tipos e estruturas de arquiteturas de redes passivas,


utilizando dois métodos de multiplexação diferentes: a TDM-PON (Time Domain
Multiplexing), que utiliza a multiplexação por divisão de tempo, na qual se baseia o
presente trabalho, e a WDM-PON (Wavelenght Divison Multiplexing) em que é feita a
multiplexação por comprimento de onda. Na Figura 5, observa-se uma arquitetura de
uma rede passiva óptica com multiplexação por divisão de tempo.
Uma TDM-PON utiliza um divisor de potência do sinal, como um terminal
remoto. O sinal enviado pela OLT, é difundido por todas as ONT’s, através de um
divisor de potência, o splitter óptico. O mesmo é multiplexado no domínio do tempo,
obtendo-se assim um intervalo de tempo para cada ONT. Cada ONT reconhece a
informação que lhe é enviada através de rótulos de endereços embutidos no sinal. As
PONs comerciais, nomeadamente, a BPON, GPON e EPON surgem nestas
categorias.
22

Figura 5 – Arquitetura de uma TDM-PON

Adaptado de: GONÇALVES (2009, 132p.)

Numa WDM-PON, é utilizado o mesmo princípio, embora neste caso sejam


utilizados vários comprimentos de onda, conforme o mostrado na Figura 6. Uma OLT
utiliza um comprimento de onda para cada ONT.
A WDM-PON permite mais segurança e melhor escalabilidade. No entanto, os
equipamentos WDM são, neste momento, mais caros, o que torna esta tecnologia
economicamente menos atrativa. (GONÇALVES, 2009)

Figura 6 – Diagrama simplificado de uma rede do tipo WDM-PON

Fonte:Rosolem, 2010
23

2.6 TOPOLOGIAS DE REPARTIÇÃO

As razões para a repartição de potência são: a partilha do custo e a largura de


banda fornecida pela OLT, entre as várias ONT’s, reduzindo a quantidade de fibras
ópticas em campo. Além da simples estratégia de repartição de um andar (topologia
em estrela), os repartidores ópticos também poderão ser colocados em cascata, e em
casos extremos poderá ser utilizada uma topologia em barramento, que é formada
pela fibra e pelas ONT’s, onde são interligados em locais diferentes, durante o trajeto
projetado, através de repartidores 1:2, como se pode visualizar na Figura 7.
(GONÇALVES, 2009)

Figura 7 – Topologias de repartição do sinal óptico

Adaptado de: GONÇALVES (2009, 132p.)


24

2.7 TAXAS DE DIVISÃO DA POTÊNCIA

A maioria dos sistemas comerciais de PON’s, tem uma taxa de divisão de


potência, que é a forma com que o sinal oriundo da OLT é difundido sobre a rede
FTTH, desde 1:2 até 1:64, embora já se considere 1:128, sendo as mais habituais
1:16 e 1:32. Uma taxa de divisão maior, implica que o custo PON OLT seja, de certa
forma, melhor aproveitado entre as ONT’s. No entanto, afeta diretamente nas perdas
de transmissão, refletindo-se no balanço de potência.
Para garantir um equilíbrio entre estes dois fatores, considera-se que a perda
ideal para um divisor 1:N é 10log (N) dB. No caso de um divisor óptico de 1:64,
teríamos um valor igual a 10log (64) = 18,06 dB. Assim, e neste último caso, para
suportar uma taxa elevada de divisão, são necessários transmissores de elevada
potência, receptores de elevada sensibilidade e componentes ópticos de baixas
perdas.
Estudos indicam que, economicamente, a melhor solução é na ordem da taxa
de divisão de 1:40. Uma taxa maior implica que a largura de banda da OLT é partilhada
por mais ONT’s e isto significa que teremos menor largura de banda por utilizador.
(GONÇALVES, 2009)

2.8 GPON - Gigabit Passive Optical Network

O GPON é uma tecnologia de acesso de grande largura de banda partilhada,


que é utilizada em todo o mundo, para FTTH, sendo considerada como a sucessora
do BPON.
Numa rede de acesso GPON, existem pelo menos três componentes principais.
A OLT GPON que é o concentrador da rede, instalada no HeadEnd ou nos gabinetes
externos, os repartidores ópticos ou splitter’s ópticos, que permitem que uma única
fibra desde a Central seja partilhada por vários utilizadores; e a ONT que converte os
sinais ópticos em sinais elétricos.
O (Padrão ITU G.984) permite um alcance máximo de 60 km, e alcance
preferencial de 20 km, podendo uma única rede GPON suportar até 128 clientes finais.
O alcance máximo de 60 km poderá ser atingido com a nova especificação do padrão,
o (ITU G984.6), que fornece um Mid-Span Extender.
25

A implementação de uma rede GPON, com a utilização de dois comprimentos


de onda é provavelmente a implementação mais comum. O comprimento de onda
downstream é o 1490 nm, que transmite informação a uma taxa de transmissão de
2,5 Gbps. O comprimento de onda utilizado para upstream é o 1310 nm e transmite a
informação a 1,25 Gbps.
No sentido OLT para a ONT, é feita a difusão por todas os ONT’s, onde se retira
a informação com o endereço do mesmo. No sentido upstream, é utilizado o TDMA
(Time Division Multiple Access), em que cada ONT transmite a informação durante
um intervalo de tempo. Uma única ONT poderá utilizar mais que um intervalo de
tempo, e cada um destes poderá ter comprimentos diferentes. Com a utilização do
DBA (Dynamic Bandwidth Allocation), dá-se a possibilidade do surgimento de
alterações em tempo real, na dimensão dos intervalos de tempo no sentido upstream,
respondendo assim as variações de tráfego. Uma implementação típica contém um
intervalo de tempo para gestão, outro para voz, e um para tráfego de dados em cada
ONT. Uma rede GPON com 32 ONT’s poderá utilizar cerca de 100 intervalos de
tempo. O GPON suporta Ethernet, ATM, e TDM. (GONÇALVES, 2009)
Para GPON/FTTH, faz sentido utilizar fibra óptica SMF, pois tem a capacidade
de oferecer taxas de dados na ordem dos gigabits por segundo, a distâncias de vários
quilômetros, algo que as atuais instalações de cobre já não permitem. Em qualquer
rede passiva o elemento utilizado para fazer a interligação dos equipamentos é a fibra
óptica e tem associado uma atenuação de cerca de 0,35 dB/km, que é algo que deve
ser levado em conta quando se faz o projeto.
A Rede de Distribuição Óptica (ODN) consiste numa rede óptica,
completamente passiva, constituída basicamente pelos seguintes elementos: os
splitter’s; as fibras ópticas monomodo e as caixas de junção, situadas desde a saída
da OLT até a entrada da ONT. Esta ligação possui um limite de perdas geral de 28
dB. Cada OLT transmite informação que depois é dividida até 128 utilizadores finais
através do splitter óptico. Cada utilizador ou cliente é caracterizado através de uma
ONT que subscreve aos serviços de triple-play contendo Tv, Internet e telefonia.
A Tabela 1, contém as características ópticas de acordo com a classe B+ do
padrão do ITU G.984.1:
26

Tabela 1 – Características ópticas

OLT ONT
Potência média mínima +1,5dBm +0,5 dBm
Potência média máxima +5dBm +5 dBm
Sensibilidade mínima -28dBm -27 dBm
Sobrecarga mínima -8dBm -8 dBm

Fonte: GONÇALVES (2009, 132p.)

2.9 ARQUITETURA DE LANÇAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DA REDE

Figura 8 – Arquitetura de Lançamento e distribuição da rede FTTH

Fonte: GONÇALVES (2009, 132p.)

A Figura 8 demonstra um exemplo de como será efetuada a distribuição da fibra


na rede externa, quando utilizados os postes da rede de distribuição de energia
elétrica, ou da própria empresa, nos trechos em que for necessária a implantação. Os
cabos ópticos são auto sustentáveis (sem a necessidade do uso de cordoalha de
sustentação). Contudo, nos trechos em que existam mais de um cabo óptico serão
lançados cabos de sustentação (cordoalhas de aço).
27

Podemos verificar também, na Figura 8, a existência de um gabinete FTTH,


único ponto ativo da rede, no qual ficam alocadas as OLT’s, banco de baterias,
circuitos retificadores para alimentação elétrica, e os cabos troncos de chegada, bem
como os troncos de saída para a rede. Observamos também as caixas de emenda
óptica, onde estão acomodados os splitter’s 1:4, para derivação aos splitter’s 1:8 (TAP
óptico– Terminal access Point), conforme a Figura 9 a seguir. O cliente se conecta por
meio de um cabo óptico do tipo drop, que conecta o TAP óptico a ONT.
A topologia utilizada, nesta forma, é de 1:32. Uma OLT alimenta um splitter 1:4,
que por sua vez alimenta quatro splitter’s 1:8, podendo conectar até oito clientes finais,
totalizando 32 (Trinta e dois) possíveis clientes por OLT.

Figura 9 – Modelo de Engenharia 1:32

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016.


28

3 CONTEXTUALIZAÇÃO INSTITUCIONAL

Este trabalho foi realizado no âmbito da empresa Cabo Serviços de


Telecomunicações Ltda, com sede localizada na cidade de Natal-RN e rede com
abrangência em toda a grande Natal, capital do Rio Grande do Norte.
A empresa oferece serviços de TV, Internet e Telefonia e, no momento da
elaboração deste trabalho, conta com um setor de Engenharia, formado pelos setores
de projetos de rede, rede HFC, rede FTTH, atendimento técnico ao cliente e uma
central operacional, para suporte aos próprios técnicos e aos instaladores das
empresas empreiteiras, que realizam a instalação nos assinantes.
Prezando sempre pela qualidade e agilidade no atendimento ao cliente, a
empresa conta com equipes técnicas especializadas e cotidianamente treinadas para
melhor atender o cliente 24 horas por dia, 7 dias por semana.

4 IMPLANTAÇÃO DA REDE FTTH NO BAIRRO DE EMAÚS, PARNAMIRIM-RN

A seguir, serão relatadas todas as etapas para implementação e


comercialização do serviço de TV, Internet e Telefonia da empresa CABO SERVIÇOS
DE TELECOMUNICAÇÕES LTDA, via rede FTTH, no bairro de Emaús, Parnamirim-
RN.

4.1 LEVANTAMENTO DE CAMPO

De início, foi realizada uma sondagem na região, por meio de imagens de


satélite e mapeamento geográfico, disponibilizados pelo Google, em busca da
quantidade de Potenciais Residências (HP) a serem atendidas após a conclusão da
construção da rede. De posse destes dados, foi realizado o levantamento de campo,
que consiste na medição (em metros), poste à poste, da área previamente delimitada
após a análise via satélite, e, além disso, o levantamento do nome das ruas, CEP,
quantidade de ligações residenciais por poste, da concessionária de energia elétrica,
a fim de verificar a quantidade exata de reais residentes na área e a quantidade de
pontos de acesso que deveriam ser inseridos para os possíveis assinantes. Feito isso,
para que fosse formalizado o Strand (projeto) da rede, que foi enviado junto ao
memorial técnico descritivo (Contendo: Objetivo do memorial, finalidade da obra,
29

caracterização, empresa executante, meio físico utilizado e previsão de execução


total), memorial de cálculo e a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) para a
concessionária de energia elétrica, foi verificada a quantidade de empresas de
telecomunicações que já utilizavam a estrutura dos postes dessa empresa. Isto é
necessário para que fosse feito o cálculo do esforço que a rede exerce sobre os pontos
de ancoragem, e se poderia ser realizada essa ancoragem. Caso não houvesse a
existência de poste a ser locado por essa concessionária ou a distância do vão entre
dois destes postes fosse superior a 60 (sessenta) metros, seria necessária a
implantação de postes próprios, devido ao esforço excessivo que seria exercido pela
ancoragem ao cabo, o que poderia causar uma grave atenuação ou até mesmo o
rompimento deste cabo.
Para o cálculo do esforço, nos pontos onde a rede era linear, além das métricas
de peso do cabo, fornecidas pelo fabricante, utilizou-se as distâncias entre os vãos
que são encabeçados, ou seja, entre os vãos de cabo que seriam ancorados nos
postes, e foi realizada a soma vetorial entre esses pontos. O vetor resultante, foi
inserido no projeto.
Nos pontos onde a rede faz uma curva entre essas ancoragens, ao entrar em
uma rua, por exemplo, foi considerada a seguinte fórmula para cálculo do esforço:

E² = (d1² + d2²) x cos ᶿ: Onde “E” é o esforço que se deseja calcular, d1 é a

distância de um lado, até a próxima ancoragem e d2 é a distância do outro lado ao


seu ponto de ancoragem mais próximo, e ᶿ, é o ângulo que os vetores formados por
d1 e d2, fazem um em relação ao outro. Dessa forma, obtivemos o vetor resultante,
que é o esforço que essa rede faz sobre o poste onde foi ancorado. Para a disposição
da rede, foi estimado que entre dois postes ancorados, seriam equipados três postes
com apoiadores passantes. Tendo em vista o peso da rede e a sensibilidade do cabo
óptico.
De posse destes dados, foi solicitado à Prefeitura local, um mapa da área, de
preferência em formato .DWG (AutoCAD), para que fosse iniciado o projeto óptico.
Caso a prefeitura não dispusesse deste mapa, seria utilizado o Google Earth, para
transpor o mapa gerado via satélite (conforme Figuras 9 e 10), para um arquivo em
formato .DWG, permitindo, dessa forma, o início do desenho do projeto óptico.
30

Figura 10 – Delimitação de área via Google Earth

Fonte: Setor de projetos, Cabo Telecom 2016

Figura 11 – Delimitação de nodos via Google Earth

Fonte: Setor de projetos, Cabo Telecom 2016


31

4.2 PROJETO ÓPTICO

De posse da quantidade de potenciais residências que serão atendidas e do


mapeamento da área já desenhado em formato .DWG, foi iniciada a etapa do projeto
óptico. Para tanto, padronizou-se um valor estimado de 60% (sessenta por cento) da
quantidade de HP’s para ser implantado de imediato, com possibilidade de expansão
dos outros 40%. Ou seja, estimou-se que haveria no máximo 60% de adesões, porém,
a rede deve permitir e suportar, caso haja a necessidade de atender os 100%.
Inicialmente, foi verificado um ponto de comunicação entre a área a ser
atendida e o HeadEnd. Um tronco óptico já existente, que pudesse atender o projeto.
Caso não houvesse, o tronco deveria ser construído. No caso do projeto de Emaús,
já haviam dois troncos redundantes, em anel, com uma quantidade de fibras livres
suficientes para atender de forma ideal.
Então, foram desenhados, no projeto, os percursos dos cabos que alimentam
o gabinete. Sempre com percursos distintos, derivando também de pontos distintos
dos troncos em anel, para que exista, de fato, uma redundância para o caso de
sinistros com um dos dois cabos ou um dos dois troncos, conforme a figura 11.

Figura 12 – Trajeto dos cabos ópticos da redundância do Gabinete FTTH

Fonte: Setor de projetos, Cabo Telecom 2016


32

Os cabos utilizados foram de 08FO (Oito Fibras Ópticas), sendo que apenas
duas dessas fibras, em cada cabo, são necessárias para alimentar os chassi’s de
OLT’s, instalados dentro do gabinete abrigado. Uma fibra para TX (Transmissor
óptico) e outra para RX (Receptor óptico).
Finalizada esta etapa, tendo projetados os percursos das fibras de alimentação
do gabinete, foram distribuídos os TAP’s (Terminal Access Point) ópticos nas ruas,
que nada mais são do que splitter’s ópticos 1:8, aos quais são conectados os
assinantes, obedecendo a topologia de rede 1:32, que foi adotada, como forma de
precaução para a não saturação da banda por OLT. Logo, a topologia da rede foi
padronizada da seguinte forma: OLT -> SPLITTER 1:4 -> SPLITTER 1:8 (TAP óptico).
Estes TAP’s são distribuídos nas ruas, de acordo com o levantamento de campo (ítem
4.1), obedecendo a estimativa de 60% (sessenta por cento) de HP’s, conforme a figura
12.

Figura 13 – Distribuição dos TAP’s ópticos nas ruas

Fonte: Setor de projetos, Cabo Telecom 2016

Após a inserção dos TAP’s, foram verificados pontos estratégicos para a


inserção das CEO (Caixas de Emenda Óptica), que abrigam os splitter’s 1:4.
Neste projeto de Emaús, foi padronizada a quantidade máxima de 8 (oito)
splitter’s 1:4, por CEO, ou seja, cada CEO tem a capacidade de alimentar 32 (trinta e
dois) TAP’s 1:8, os quais podem atender até 256 (Duzentos e Cinquenta e Seis)
assinantes, com possibilidade de futuras expansões, elevando a quantidade de
splitter’s 1:4 e inserindo ou duplicando os TAP’s 1:8 nas ruas.
33

A próxima etapa realizada foi projetar o percurso dos cabos de saída das CEO
de splitter’s 1:4, que alimentam os TAP’s 1:8. Para isso foram estimados cabos de
08FO, normalmente atendendo 4 (Quatro) TAP’s cada um. Logo, em uma CEO com
8 (Oito) splitter’s 1:4, foram projetados 8 (Oito) cabos ópticos 08FO de saída, cada um
alimentando 4 (Quatro) TAP’s 1:8, restando 4 (Quatro) fibras livres, de backup, para
futuras expansões, conforme a figura 13.

Figura 14 – Cabo de saída da CEO de splitter’s 1:4, alimentando 4 TAP’s 1:8

Fonte: Setor de projetos, Cabo Telecom 2016

Também foram projetados os cabos que saem do gabinete, até as CEO.


Utilizando sempre um percurso lógico, com cabos de elevadas quantidades de fibras,
derivando-os utilizando o conceito de by-pass (metade das fibras permanecem na
CEO a ser atendida e a outra metade passa para a próxima CEO com cabo
equivalente, conforme a Figura 14), nas CEO, para reduzir a quantidade de cabos
acomodados no interior do gabinete. Sempre foi observada a quantidade de splitter’s
1:4 que foram projetados, com possibilidade de expansões da rede, utilizando fibras
de backup destes cabos.
34

Figura 15 – Alimentação do gabinete às CEO de splitter’s 1:4

Fonte: Setor de projetos, Cabo Telecom 2016

4.3 COTAÇÃO E COMPRA DE MATERIAL

Após o levantamento de campo, onde foi realizada a medição poste à poste


das ruas e a contagem dos House Count (possíveis residências / apartamentos /
escritórios a serem atendidos), obtivemos uma estimativa da quantidade de material
necessário.
Para os cabos ópticos, foi realizada a compra com base nas medições, poste à
poste, uma medida super dimensionada, tendo em vista que em algumas ruas, o cabo
não percorre toda a rua. Por exemplo, o cabo chega até o TAP 1:8 a ser atendido e o
mesmo encontra-se na metade da rua. Porém, nesse levantamento, estimou-se toda
a extensão da rua.
35

Para o lançamento dos cabos, foram adquiridos elementos de sustentação,


conforme o levantamento de campo (ítem 4.1), observando os postes que foram
ancorados e os postes com apoiadores passantes, bem como abraçadeiras do tipo
BAP, com parafusos de sustentação.
Para a aquisição de gabinetes, chassi’s e placas de OLT’s, splitter’s 1:4 e TAP’s
1:8, realizou-se o seguinte cálculo:

TAP’s 1:8 = house count / 8 (Quantidades de saídas do TAP);


Splitter’s 1:4 = TAP’s 1:8 / 4 (Quantidades de saídas do splitter 1:4);
OLT’s = Splitter’s 1:4 (segue a topologia da rede);
Placas de OLT’s = OLT’s / 8 (Quantidade de OLT’s por placa do fabricante adotado);
Chassi’s de OLT’s = Placas de OLT’s / 7 (Quantidade de placas por chassi do
fabricante adotado);
Gabinetes = Chassi’s de OLT’s / 3 (Quantidade de chassi’s por gabinete do fabricante
adotado).

Dessa forma, a quantidade máxima de clientes atendidos por gabinete é de


5.376 assinantes.
As CEO, onde foram alocados os splitter’s 1:4 e acomodadas as fusões dos
cabos mais longos, já continham no estoque por serem as mesmas utilizadas na rede
HFC da empresa.
Todo o material adquirido, foi comprado de modo sobressalente, para possíveis
manutenções corretivas e/ou expansões imediatas.

4.4 AUDITORIA DE BOBINAS

Após a chegada do material, enviado pelo fornecedor, foi realizada uma


auditoria das bobinas de fibra óptica, fibra a fibra, com o OTDR (Optical Time Domain
Reflectometer), que é um equipamento de teste, que envia um sinal óptico na fibra, o
qual reflete na outra extremidade e retorna ao transmissor do equipamento. Com base
no tempo dessa transição e de posse da velocidade da luz nesse meio, é calculada,
36

pelo equipamento, a distância do cabo, utilizando a lei do Movimento Retilíneo


Uniforme (MRU), oriunda da Física mecânica. Onde V = ΔS / Δt, em que V, é a
velocidade da luz, neste caso, ΔS é a variação da distância e Δt é a variação do tempo.
Também é verificada a perda total do meio físico, com base no nível de sinal óptico
transmitido e no nível de sinal óptico recebido após a reflexão. Foi observada,
também, a quantidade de sinal que retorna ao transmissor, devido à reflexões
indevidas do meio, que é denominada de Reflectomia.
Todo este procedimento foi realizado, a fim de respaldar a empresa de qualquer
defeito de fabricação ou transporte das bobinas e até mesmo do manuseio indevido
durante os lançamentos em campo.

4.5 SIMULAÇÃO DO CENÁRIO

Antes mesmo de qualquer implementação em campo, foi realizada uma


simulação do cenário que seria executado na rua, dentro do HeadEnd. A fim de
realizar testes de como essa rede se comportaria e de solucionar possíveis problemas
operacionais, antes da implantação da rede.

4.6 PREPARAÇÃO DA INFRAESTRUTURA LÓGICA

Após a chegada dos equipamentos ativos operacionais, foi realizada toda a


configuração, bem como a criação de ferramentas de integração com o sistema de
gerenciamento de equipamentos já existente.
Tendo em vista a utilização dos serviços de IPTV (Serviço de TV via internet,
utilizando protocolo TCP/IP), telefonia VoIP (Voz sobre IP) e da própria internet, foram
configuradas três VLAN’s (Virtual Local Area Network), uma para cada serviço, uma
quarta VLAN para gerência dos chassi’s de OLT’s e uma quinta VLAN para o EAPS
(Ethernet Automatic Protection Switching), tendo em vista os troncos ópticos
redundantes, de alimentação do gabinete.
O EAPS, é um protocolo de proteção contra loop em topologias no formato de
anel, onde um switch, chamado de master, será o controlador da rede. Este switch
possui as mesmas configurações de EAPS dos demais equipamentos do anel,
37

diferenciando-se apenas pela designação de master, e que possui a função de enviar


BPDUs (Bridge Protocol Data Unit), que são quadros que contêm informações sobre
o protocolo de árvore, de controle a cada segundo ou milisegundo, chamado de
hellotime. Esta BPDU é enviada através de uma das interfaces do master, designada
como "porta primária". Estes pacotes de controle serão recebidos por cada
equipamento que compõem o anel, em sequência, até chegarem na porta de recepção
do master, designada porta secundária. Se por algum motivo os pacotes de controle
não chegarem nesta interface secundária em um período de tempo máximo chamado
failtime, esta porta secundária será desbloqueada. Quando o anel está completo e
funcional, esta porta permanece com link UP, porém, em estado bloqueado, não
aprendendo endereços MAC (Media Access Control) nem enviando tráfego por ela.
(DATACOM, 2010)
A comunicação com os chassi’s de OLT’s é realizado através da VLAN de
gerenciamento do equipamento, com acesso remoto, via IP fixo, com interface gráfica
ou via telnet (protocolo de rede utilizado na Internet ou redes locais para proporcionar
uma facilidade de comunicação baseada em texto interativo bidirecional usando uma
conexão de terminal virtual), na interface CLI (Command Line Interface) do
equipamento.
O protocolo de comunicação entre a OLT e a ONT, é o protocolo OMCI (ONT
Management and Control Interface), recomendado pela (ITU-T G.984.2), que permite
estabelecer ou liberar conexões na ONT, gerir as suas portas físicas, coletar
informações de configuração, pedido e estatísticas de desempenho e informar,
automaticamente, o operador do sistema, de eventos, tais como rompimentos de fibra.
Desta forma, a OLT é o chamado master da rede e a ONT é o slave.
Ao ser conectada na rede de acesso, a ONT envia para a OLT o seu
identificador na rede, semelhante ao endereço MAC. Quando identificada, a ONT
recebe, via DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol), um endereço IP da rede e
mais três endereços IP’s, novamente via DHCP, um de cada VLAN de serviços. A
VLAN de TV, a de Internet e a de Telefonia. Para que não haja inversão na entrega
dos pacotes de dados e para evitar pedidos de cliente DHCP de fontes não confiáveis,
é utilizado o DHCP Relay, que identifica os cabeçalhos dos pacotes, por meio de tags
do serviço solicitado. Além disso, são baixadas as configurações de GPON Traffic
Profile, com as regras de configurações de Upload e Download desejadas, de acordo
com o plano de serviços solicitado pelo cliente. Essas regras são definidas nas OLT’s,
38

previamente, e são escolhidas automaticamente, de acordo com a inserção das


informações de serviço contratado pelo assinante, no sistema de gerenciamento de
equipamentos, já integrado. Essa inserção no sistema, é realizada pelo setor
comercial da Cabo Telecom e gera um código de assinante e ordem de serviço, que
é utilizado no momento da instalação do serviço no cliente.
Para a configuração de telefonia, é inserido um novo ramal SIP (Session
Initiation Protocol) do cliente, no servidor Asterisk (Sistema de telefonia VoIP).
O sistema de IPTV, utiliza um servidor chamado de Minerva. É com ele que o
decodificador IPTV instalado na residência do assinante, se comunica. Neste servidor
Multicast (Servidor de entrega de informações à múltiplos destinatários
simultaneamente), foram designados um endereço IP para cada canal transmitido, da
seguinte forma:
Como prefixo da VLAN de TV utilizado 230.0.X.X. Para cada canal, é designado
um sufixo. Por exemplo, para o canal 804, o IP designado foi o 230.0.8.4.
Assim, o decodificador IPTV, faz um join (solicitação de canal) ao servidor
multicast. Essa comunicação, é controlada por meio dos protocolos IGMP proxy
(Internet Group Management Protocol), que realiza o mascaramento do IP do canal
para ser enviado à rede de acesso e faz a interação com o servidor multicast, e o
IGMP snoop, que realiza o bloqueio de tráfego não solicitado.

4.7 CABEAMENTO DA ÁREA

Realizadas a auditoria das bobinas de fibra óptica, a simulação do cenário e


a preparação da infraestrutura lógica (itens 4.4, 4.5 e 4.6), as bobinas de fibra óptica
e as ferragens de sustentação nos postes, foram liberadas para a empresa
Construcable Telecomunicações Ltda, responsável pelo lançamento dos cabos.
O lançamento foi realizado com base no projeto óptico (item 4.2), seguindo
a seguinte sequência: Primeiramente os cabos de 08FO oriundos dos troncais
redundantes (Figura 11), na sequência os cabos que alimentam as CEO de splitter’s
1:4, que saem do gabinete (Figura 14) e em seguida, os cabos de 08FO, que saem
das CEO 1:4 e alimentam os TAP’s 1:8 (Figura 13).
39

Ao lançar, tomou-se um cuidado quanto à identificação dos cabos ópticos,


nos postes, nas duas extremidades, para que a equipe técnica de fibra óptica da Cabo
Telecom, que realiza a ativação da rede, soubesse qual o destino de cada cabo. Além
disso, foi observada a altura da rede nos postes. Obedecendo sempre a altura de 5
(cinco) metros sobre ruas e avenidas e 4,5 (Quatro e meio) metros sobre locais com
trafego normal de pedestres e passagem particular de veículos. Por solicitação da
concessionária de energia elétrica, proprietária dos postes locados, nos pontos em
que passaram mais de um cabo óptico no mesmo percurso, foi lançada cordoalha de
aço para sustentação da rede, com auxílio de arame de espinação. Nos pontos onde
passou somente um cabo, foi utilizado cabo óptico auto sustentável.

4.8 MONTAGEM DO GABINETE

Em paralelo ao lançamento dos cabos, foi iniciada a etapa de montagem dos


gabinetes que acomodam os Chassi’s de OLT’s. Este gabinete, único elemento ativo
da rede FTTH, é composto por uma estrutura de entrada de alimentação de energia
elétrica, circuitos disjuntores de proteção, circuito inversor e retificador de corrente
elétrica, banco de baterias composto por quatro baterias Heliar gel 12V 93Ah, Slots
DIO (Distribuidor Interno Óptico), para acomodação e conectorização das fibras de
entrada e saída, Chassi’s com placas de OLT’s e cordões ópticos com conexões
SC/PC – LC/APC, de interligação entre as placas de gerência e OLT’s dos Chassi’s
com os slots DIO.
O processo de montagem do gabinete se iniciou com a entrada do cabo de
alimentação de energia elétrica. Foi utilizada alimentação monofásica e realizado o
aterramento do gabinete. Feito isso, foram acomodados os cabos ópticos de chegada
ao armário e de saída para as CEO de splitter’s 1:4, obedecendo a norma
(ANSI/TIA/EIA 526-14A: Cabeamento de Fibra Óptica), respeitando o raio de
curvatura dos cabos ópticos e seguindo o padrão de identificação conforme a norma
(EIA/TIA – 606), mostrados nas Figuras 15, 16 e 17.
40

Figura 16 – Padrão de entrada dos cabos ópticos

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016.

Figura 17 – Caixa de passagem anterior ao gabinete

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016.


41

Figura 18 – Acomodação e identificação dos cabos ópticos no gabinete

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016.

O banco com quatro baterias (Figura 18) foi montado com ligação em série e é
acionado pelo circuito inversor (figura 19), caso haja a falta de energia elétrica da
concessionária.
Figura 19 – Banco de baterias

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016


42

Figura 20 – Circuito Retificador / Inversor

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016

Como é visto na Figura 19, o circuito inversor, é equipado com chave seletora
de três posições. Na posição 1, o circuito recebe alimentação de energia elétrica da
concessionária e do banco de baterias. Caso haja a falta de energia por parte da
concessionária, o circuito automaticamente inverte a sua alimentação para o banco
de baterias. Na posição 0, o gabinete é alimentado somente pelo banco de baterias,
para o caso de possíveis manutenções no ramal de entrada de energia elétrica. Já na
posição 2, o circuito poderá receber alimentação por meio de um gerador de energia
elétrica, em casos extremos de falta de energia.
Na sequência, foram realizadas as acomodações e fusões dos cabos ópticos,
nos slots DIO, conforme Figuras 20, 21 e 22.
43

Figura 21 – Cabo óptico 64FO pronto para ser acomodado nos slots DIO

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016

Figura 22 – Fibras do cabo óptico 64FO já acomodadas nos slots DIO

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016

Em cada slot DIO, podem ser acomodadas até 16 fibras ópticas. Neste cabo
de 64FO, foram necessários quatro slots para acomodação.
44

Figura 23 – Fibras já fusionadas no slot DIO

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016

Após realizar a acomodação de todos os cabos ópticos, foi realizada a


montagem e alimentação dos Chassi’s de OLT’s no gabinete, conforme Figura 23.

Figura 24 – Chassi’s de OLT’s já em funcionamento

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016


45

Após a montagem dos cabos nos slots DIO e da montagem e instalação dos
Chassi’s de OLT’s, foram realizadas as conexões entre os Chassi’s e os slots DIO. De
forma a receber as fibras de comunicação com o HeadEnd nas placas de gerência e
enviar o sinal óptico das OLT’s para as CEO de splitter’s 1:4 instaladas em campo.
Para a organização do gabinete, foi padronizado que nos slots DIO, da direita
para a esquerda, seriam acomodadas as fibras de comunicação com o HeadEnd e da
esquerda para a direita, as fibras de saída para as CEO de splitter’s 1:4. Tudo
devidamente identificado e documentado, conforme a norma (EIA/TIA – 606).
Toda a interligação foi realizada com cordões ópticos de 1,5 (hum e meio)
metros, com conectores SC/PC (nas OLT’s) – LC/APC (nos slots DIO). As Figuras 24
e 25, mostram o gabinete após a conclusão da montagem.

Figura 25 – Cabos ópticos de entrada e saída do gabinete e cordões ópticos de


interligação entre dispositivos

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016


46

Figura 26 – Gabinete finalizado

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016

4.9 MONTAGEM DAS CEO DO TRONCAL E DOS SPLITTERS 1:4

Para a chegada do sinal óptico do HeadEnd ao gabinete, por meio dos troncos
redundantes, foi necessária a fusão das fibras dos cabos ópticos 08FO com as fibras
livres dos troncos, já destinadas à essa finalidade. Conforme a Figura 26.
47

Figura 27 – CEO do Tronco óptico de derivação ao gabinete

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016

Para as CEO de splitter’s 1:4, foi necessário o uso de caixas de emenda do tipo
Fosc-400, com maior capacidade de acomodação de cabos, tendo em vista que em
cada uma delas, foram acomodados, em média, 10 (dez) cabos ópticos e 8 (oito)
splitter’s 1:4. Conforme a Figura 27

Figura 28 – CEO de Splitter’s 1:4

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016


48

4.10 MONTAGEM E AUDITORIA DOS TAP’s ÓPTICOS

Os TAP’s ópticos de rede externa foram montados da seguinte forma: Cada


Cabo de 08FO que sai da CEO de splitter’s 1:4, alimenta 4 (quatro) TAP’s 1:8,
conforme o projeto óptico (ítem 4.2). O cabo que sai da CEO principal, alimenta com
a primeira fibra da sequência de cores, padrão internacional (Figura 4), fusionada na
saída 01 do splitter 1:4 01, o primeiro TAP da sequência. O restante das fibras são
fusionadas, com exceção da fibra azul (primeira da sequência fusionada na entrada
do splitter 1:8 do TAP), com um cabo, também de 08FO, que alimenta o próximo TAP
da sequência. No TAP seguinte, a segunda fibra da sequência (Laranja), fusionada
com a saída 02, do splitter 1:4 01, alimenta o splitter 1:8 do TAP. O restante das fibras,
inclusive a fibra azul e com exceção da fibra laranja (utilizada na entrada desse TAP)
são fusionadas com outro cabo de 08FO que alimenta o próximo TAP da sequência,
e assim sucessivamente, até completar a alimentação de todos os TAP’s derivados
do splitter 1:4 01. Com essa configuração, além termos disponíveis 4 (quatro) fibras
livres no cabo de 08FO, para possíveis expansões, temos a possibilidade de lançar
um cabo óptico 08FO, da CEO de splitter’s 1:4, até o último TAP da sequência. A fim
de duplicar os TAP’s 1:8, inserindo mais um splitter 1:8 e o alimentando com a fibra
de mesma cor, pelo sentido inverso.
Os TAP’s são montados conforme as figuras 28, 29, 30 e 31.

Figura 29 – TAP óptico montado no poste

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016


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Figura 30 – Interior do TAP óptico com identificação de sequência de acordo com


projeto óptico (ítem 4.2)

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016

Figura 31 – Acomodação dos cabos ópticos 08FO, no interior do TAP óptico

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016


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Figura 32 – TAP óptico instalado nas prumadas de edifícios e condomínios

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016

Após a montagem, os TAP’s são auditados, porta por porta, levando em


consideração os seguintes parâmetros:

 Nível de sinal óptico na saída da OLT: +3.5dBm/1490nm


 Perda de sinal óptico em conexões mecânicas: -0.3dB Loss
 Perda de sinal óptico nos splitter’s 1:4: -7,5dB Loss
 Perda de sinal óptico nos splitter’s 1:8: -11.5dB Loss
 Perda de sinal óptico na fibra óptica: 0.35dB/Km

Fazendo uma projeção do que seria ideal com relação ao nível de sinal óptico
na auditoria das saídas dos TAP’s ópticos, podemos considerar o valor de -
16.45dBm/1490nm.
51

4.11 LIBERAÇÃO DA ÁREA PARA COMERCIALIZAÇÃO

Após a. conclusão total dos itens 4.1 ao 4.7, a área foi liberada para a
comercialização.

4.12 INSTALAÇÃO NO CLIENTE FINAL

Para a instalação no cliente final, após o fechamento do contrato, são inseridos


no sistema de gerenciamento de equipamentos, as informações de pacotes de serviço
aderidos e a área a ser realizada a instalação. Feito isso, é gerado um código de
assinante e aberta uma ordem de serviço, a qual será utilizada para cumprimento da
instalação do equipamento no sistema. Essa ordem de serviço vai para a casa do
cliente, junto aos equipamentos (ONT e decoder IPTV).
O técnico de instalações da empreiteira, lança o cabo óptico tipo drop 01FO,
do TAP óptico mais próximo até a ONT do assinante conforme a Figura 32. E,
realizados o lançamento e as conectorizações mecânicas no TAP óptico e na ONT, o
equipamento é ligado e conectado à rede.
Para a instalação do decoder, são utilizados cabos UTP, Cat 5e, lançados da
ONT ao decodificador IPTV.

Figura 33 – Cabo tipo drop 01FO conectado a primeira porta do TAP óptico

Fonte: Setor de Fibra Óptica, Cabo Telecom, 2016


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Realizados estes procedimentos, o técnico da empreiteira entra em contato


com a Central Operacional da Cabo Telecom, para o cumprimento da ordem de
serviço e a liberação do equipamento para operação. O operador solicita informações
de número de TAP Óptico onde o cliente foi instalado, número da porta de saída do
TAP, onde foi conectado, ID (identificador) do poste da concessionária, horário de
início da instalação e horário de conclusão, local da residência onde foi instalado,
quem acompanhou a instalação e qualquer outra eventualidade ocorrida. Confere se
os endereços MAC dos equipamentos, estão de acordo com os cadastrados em
sistema, e na ordem de serviço e questiona o nível de sinal, coletado com o power
meter (medidor de potência óptica) na saída do TAP óptico e na extremidade do cabo
que se conecta à ONT. De posse destes dados, o operador faz a análise se a
instalação foi satisfatória, tendo em vista a perda nas conexões e a distância do TAP
óptico à ONT (ítem 4.7).
Após essa análise, o operador insere os dados no sistema de gerenciamento
de equipamentos, conforme a Figura 33.

Figura 34 – Inserção de dados no sistema de gerenciamento de equipamentos

Fonte: Central Operacional, Cabo Telecom, 2016

Nesta tela, podem ser verificados o nodo (área) a qual pertence o TAP, quais
os assinantes instalados nele, além disso, a qual saída do TAP estão conectados. O
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ID poste da concessionária de energia elétrica a qual o TAP está instalado e o


endereço MAC dos equipamentos de todos os assinantes.
Ao inserir os dados no sistema, a ordem de serviço é cumprida e o equipamento
é configurado automaticamente (ítem 4.6).
Ao se encerrar a configuração, a ONT pode ser acessada remotamente e
algumas informações, como nível de sinal óptico de down e nível de sinal óptico de
up da ONT chegando à OLT, podem ser visualizados conforme a Figura 34.

Figura 35 – Parâmetros de funcionamento da ONT, acessados remotamente

Fonte: Central Operacional, Cabo Telecom, 2016


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CONCLUSÕES

Após a conclusão de todo o projeto do bairro de Emaús, Parnamirim-RN, o qual


contemplou todos os domicílios da região, bem como os serviços de TV, Internet e
Telefonia, via rede FTTH, pela empresa Cabo Serviços de Telecomunicações Ltda,
podemos destacar pontos importantes no que se refere à sequência de procedimentos
realizados, para não haver perda de tempo e, consequentemente, atrasos na entrega
e comercialização do serviço. Cuidados e precauções, quanto à saturação da banda
por OLT, utilizando a configuração 1:32. Utilização de equipamentos de excelente
qualidade, adquiridos pela engenharia da empresa, com configurações inteligentes
realizadas pelo setor de TI. Cuidados no transporte e instalação dos equipamentos
ativos, no gabinete, devido a extrema sensibilidade. Cautela na identificação dos
cabos no momento do lançamento realizado pela empreiteira. Atenção por parte da
equipe técnica de fibra óptica da Cabo Telecom no momento da ativação da rede,
para não haver inversões e, consequentemente, problemas de conectividade.
Profissionalismo no serviço prestado pelas empreiteiras que realizam as instalações
no cliente final, as quais receberam treinamento teórico e prático realizado pela equipe
de fibra óptica da Cabo Telecom. E, por fim, agilidade no atendimento realizado pelos
operadores da Central Operacional, para que a demanda seja atendida de modo
satisfatório.
Em três meses de operação, a rede construída se mostrou constante e estável,
com baixo índice de problemas, quando comparados a rede HFC. Além disso, obteve
Índices de penetração satisfatórios, ao que era esperado pela diretoria.
Portanto, o projeto pode ser avaliado como excelente, em sua totalidade.

TRABALHOS FUTUROS

Como forma de agregar conhecimento e para que seja dado continuidade ao


trabalho executado, deixo como ideia de aprofundamento e indicações para trabalhos
futuros a área da tecnologia baseada em WDM-PON, citada no ítem 2.5 do presente
trabalho e demonstrada na Figura 6, deste mesmo ítem.
55

REFERÊNCIAS

EXAME.com. Mercado de telecom deve crescer 5,3% ao ano até 2017.Ddisponível


em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/mercado-de-telecom-deve-
crescer-5-3-ao-ano-ate-2017>. Acesso em 13 de fevereiro de 2016.

MARIN, Paulo Sergio. Data Centers: Desvendando cada passo: conceitos, projeto,
infraestrutura física e eficiência energética. São Paulo: Erica, 2011.

TELECOMMUNICATIONS INDUSTRY ASSOCIATION. Telecommunications


Infrastructure Standard for Data Centers: TIA 942. Arlington, EUA, 2005. 148 p.

Uptime Institute Brasil. Uptime Institute. Disponível em: <


http://uptimeinstitute.com/uptime-institute-brasil >. Acesso em: 13 de Fevereiro de
2016.

MATA, Amanda. O que é fibra óptica e como funciona. Disponível em: <
https://www.oficinadanet.com.br/artigo/redes/o-que-e-fibra-otica-e-como-funciona>.
Acesso em: 22 de Março de 2016.

GONÇALVES, Cláudio Marcelo Livramento. Gpon/FTTH_(Fiber To The Home).


Madeira-Portugal: Universidade da Madeira, no Centro de Competências Exatas e
de Engenharia, 2009. 132 p.

MARTIN, Thomas. CISCO Fiber To The Home.CISCO, 2011. 56 p.

MARIN, Paulo Sérgio. Cabeamento Estruturado. Desvendando cada passo: do


projeto à instalação. São Paulo: Editora Érica, 2010. 132 p.

ROSOLEM, João Batista, PENZE, Rivael Strobel, BEZERRA, Edson Wilson,


PEREIRA, Fernando Rocha, ANGELI, Bruno césar de Camargo, MOBILON,
Eduardo, SAID, Júlio César, CORAL, Antônio Donizete. Arquiteturas baseadas em
WDM para as próximas redes PON. São Paulo: 2010. 12 p.
56

INOVAX. O que é a tecnologia GPON. Disponível em: <


http://www.inovax.com.br/portuguese/novidades/o-que-e-a-tecnologia-gpon.html>.
Acesso em: 22 de Março de 2016.

FURUKAWA, FCP - 2ª edição. Fibras ópticas e suas aplicações. Curitiba-PR:,


2009. 132 p.

DATACOM, Application Notes: EAPS. Ethernet Automatic Protection Switching.


Revisão 1.2: 2010. 11 p.

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