A Igreja Na Grande Tribulação
A Igreja Na Grande Tribulação
A Igreja Na Grande Tribulação
PREFÁCIO ........................................................................................................................................ 4
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 6
CAP.1 – Os Pais da Igreja e o Pré-Tribulacionismo .......................................................... 9
CAP.2 – Mateus 24 ..................................................................................................................... 24
CAP.3 – A Ressurreição dos Mortos .................................................................................... 32
CAP.4 – Deixados para Trás? .................................................................................................. 41
CAP.5 – Te guardarei da provação que está por vir ...................................................... 46
CAP.6 – A vinda de Jesus e a nossa reunião com ele .................................................... 55
CAP.7 – O que detém o anticristo? ...................................................................................... 58
CAP.8 – Descontradizendo Contradições .......................................................................... 63
CAP.9 – A vinda de Jesus é iminente?................................................................................. 83
CAP.10 – A última trombeta ................................................................................................... 91
CAP.11 – Tipologias Defeituosas .......................................................................................... 95
CAP.12 – Refutações Finais .................................................................................................. 102
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 120
seja: uma heresia), não estou dizendo com isso que todo aquele que ensina isso
complexo, e muitas vezes difícil de ser bem entendido, e, por essa mesma razão,
Não existe na Bíblia nenhum assunto cujo estudo traga tantas surpresas como
este. Tenho certeza que posso falar com segurança: “Não vai ser como muita
gente pensa”. Por outro lado, sabemos que a maioria acha fácil também dizer:
(João 11:24)
parecem não ter percebido o terrível engano, o qual destrói de vez toda
veracidade da tradicional doutrina que garante um escape para a Igreja durante
Caro leitor, observe que a vinda de Jesus ocorre em Apocalipse 19, com
pensamento que tal versículo foi escrito para uma igreja que naquele exato
momento passava por uma hora de teste, a qual foi sustentada, ou guardada,
mas não foi livrada da presença da tribulação. Esta igreja foi guardada da
tribulação por haver sido preservada de seus maus efeitos, mas não no sentido
de ter sido tirada da tribulação. Seria mais fácil dizer: A Igreja original, a qual
recebeu a palavra, não foi arrebatada.
certamente levará você leitor a repensar tudo que lhe ensinaram sobre os
últimos dias da Igreja na terra. Você vai descobrir que a Igreja só será retirada
Como eu disse no início deste prefácio: Não vai ser como muita gente pensa...
A. FRANCO
9 DE FEVEREIRO DE 2014
O dia parecia normal, como qualquer outro. Charlie saiu para passear logo cedo
caindo. No mesmo instante ele ouve gritos apavorados das mais diferentes
pessoas no parque. Algumas delas não estavam mais onde estavam antes,
haviam simplesmente desaparecido, apenas suas roupas continuavam no chão.
desapareceu do nada.
sete passos para a vitória” e “Como ter uma vida cheia de sucesso e
prosperidade” ficou atônito quando viu um terço de sua comunidade sumindo
A Igreja na Grande Tribulação Página 7
diante de seus olhos. No Congresso Nacional, em Brasília, onde pouco
movimento se viu e ninguém notou a falta de ninguém, os parlamentares se
reuniram em uma reunião de emergência pautando quais seriam os rumos do
país dali em diante.
Essa nova tese, que contraria dezoito séculos de Cristianismo e que vai na
começou a ganhar força por uma razão óbvia: ninguém quer passar por uma
grande tribulação. Por preferirem uma vida repleta de paz e segurança, optam
por se agarrarem a uma ilusão fantasiosa, ao invés de seguirem o realismo
bíblico.
nenhum pela grande tribulação” – não foi uma invenção minha, mas foi retirada
A Igreja na Grande Tribulação Página 9
direto dos comentários de diversos pré-tribulacionistas. Eles não creem no
arrebatamento secreto por acharem que ele é bíblico, mas porque não querem
crer que a Igreja passará por uma grande tribulação, porque não querem sofrer.
Veremos que na Igreja primitiva sequer havia debate sobre isso, porque
tribulacional) pudesse ser “bíblica”. Por essa razão veremos que todos os Pais da
havia unanimidade – afinal, Darby só iria surgir dezoito séculos mais tarde!
princípios que foram sendo abandonados na Igreja cristã nos últimos tempos.
Assim sendo, se você é pré-tribulacionista porque não quer passar pela grande
tribulação, não adiantará nada ler este livro, é melhor parar agora. Nada do que
será escrito aqui fará você querer passar por uma grande tribulação, apenas
mostrará o que a Bíblia tem a nos dizer quanto a isso. Mas se o leitor pré-
tribulacionista que iniciará a leitura deste livro estiver com a mente aberta para
seguir a verdade daquilo que as Escrituras mostram, e não em seguir as suas
próprias vontades e desejos, não tenho a menor dúvida de que se tornará pós-
tribulacionista ao fim deste.
Antes de estudarmos aquilo que os Pais da Igreja tinham a nos dizer sobre
arrebatamento, grande tribulação e volta de Jesus, será necessário analisarmos
• Pré-Tribulacionismo. Ensino criado por John Darby no século XIX, que disse
que a Igreja será arrebatada antes da tribulação em uma volta secreta de Jesus
para buscar somente a Igreja e a levar ao Céu. Aqui na terra ficarão os ímpios
durante sete anos – alguns deles acreditam que ficarão sem a presença do
Espírito Santo, que será tirado da terra – e, ao fim deles, Jesus volta de novo,
dessa vez de forma visível, quando todo olho o verá. Para isso, eles precisam
encaixar uma ressurreição pré-tribulacionista que ocorre antes da volta secreta
de Jesus, e depois outras duas que ocorrerão ao fim da grande tribulação.
que tenha vivido antes do século XIX e que tenha ensinado uma vinda secreta
tribulação; também há somente duas ressurreições, que são as que João relatou
em Apocalipse 20:4,5.
Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá
crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo. Então toda
criatura humana passará pela prova de fogo e muitos, escandalizados,
O que a Didaquê diz nos trechos acima é exatamente aquilo que os pós-
tribulacionistas ensinam. Além de ela não mencionar absolutamente nada de
grande tribulação, ela ainda é clara em afirmar que toda criatura humana
passará pela prova do fogo, que, diante do contexto, não resta dúvidas de que
se trata da grande tribulação. Ela não diz que só os ímpios passarão pela
Como se isso não fosse suficientemente claro, ela ainda diz que aqueles que
permanecerem firmes neste contexto da tribulação (“prova do fogo”) serão
salvos ao fim dela, fazendo alusão ao que Jesus disse em Mateus 24:13 –
“aquele que perseverar até o fim será salvo”. Não é o ensino de que o crente
será arrebatado antes de passar pela tribulação, mas sim de que será salvo
Mas o mais importante foi mesmo reservado para a última declaração do livro,
onde a Didaquê sintetiza os últimos acontecimentos: primeiro, o sinal da
abertura no Céu, que se refere ao sinal da volta de Jesus (Mt.24:30), sendo
seguido pelo toque da trombeta e pela ressurreição dos mortos. Essa
está situada após a volta visível de Jesus. Ela nada fala sobre uma volta de Jesus
tribulacionistas creem, o que seria da maior importância para ter sido omitido.
2
Didaquê, 16:3-6.
sofredor, despido de sua glória, honra, e foi crucificado; mas a outra, na qual Ele
virá do céu com glória, quando o homem da apostasia, que fala coisas altivas
Jerusalém pela obra dos apóstolos de Jesus, nos refugiamos no Deus de Jacó e
no Deus de Israel (...) Agora é evidente que ninguém pode atemorizar ou
subjugar a nós que temos crido em Jesus no mundo. Porque esse plano é que
através da perseguição, crucificados, e lançados às feras da terra, às
Além de Justino mencionar apenas duas vindas de Cristo (uma há dois mil anos,
sem glória; outra no futuro, com glória) sem fazer qualquer alusão a “duas
fases” da segunda vinda de Cristo, inventadas por Darby, ele ainda afirma que o
anticristo cometerá iniquidades contra nós, os cristãos, o que só pode significar
que nós passaremos pela grande tribulação, que nós veremos o anticristo. E ele
não estava se referindo a falsos cristãos (pois falsos cristãos nem são cristãos de
fato!), mas a cristãos mesmo, tanto é que ele coloca o pronome “nós”, incluindo
ele próprio e os demais cristãos aos quais ele escrevia e representava!
Esses cristãos são descritos como sendo aqueles que “se refugiam no Deus de
Jacó e no Deus de Israel”. Os falsos cristãos não se refugiam no Deus
verdadeiro, eles apenas fingem adorar a Deus, mas seu coração está longe dEle.
3
Justino, Diálogo com Trifão, Cap.110.
Irineu de Lyon foi um dos mais importantes Pais da Igreja do segundo século e
"Uma revelação mais clara ainda acerta dos últimos tempos e dos dez reis, entre
os quais será dividido o império que agora domina, foi feita por João, o
ainda não receberam o reino, mas que receberão o poder como reis, por uma
hora, com a besta. Eles não tem senão um pensamento, o de homenagear a
besta com a sua força e o seu poder. Eles combaterão contra o Cordeiro, mas o
Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis'. Esta
claro, portanto, que aquele que deverá vir matará três destes dez reis, que os
outros se lhe submeterão e que ele será o oitavo entre eles. Eles destruirão
Fica claro, por este texto de Irineu, que a Igreja passará pela grande tribulação,
pois os eventos que ele menciona fazem parte do período tribulacionista. Ele
diz que a besta perseguirá a Igreja, deixando nítido que a tribulação não será
diferente no futuro.
Irineu também nos diz que nós, cristãos, veremos o anticristo, e que, por essa
razão, devemos esperar o cumprimento da profecia:
4
Irineu, Contra as Heresias, Livro V, 26:1.
4
Irineu, Contra as Heresias, Livro V, 36:1.
predições acerca dos possíveis nomes que este anticristo possa ter, já que se
pode encontrar muitos nomes que possam conter o número mencionado; e a
mesma interrogação seguirá sem resolução (...) Porém, agora ele indica o
número do nome, para que quando este homem venha possamos precaver-
nos, estando alertas a respeito de quem ele é”5
Ele deixa claro que a Igreja estará na grande tribulação, pois diz que ela verá o
anticristo e a abominação da desolação. Por isso ele diz que nós devemos nos
precaver do anticristo, o que não faria qualquer sentido caso ele pensasse que a
Por fim, ele diz que a ressurreição dos justos somente ocorrerá depois do
tribulacionistas:
5
Irineu, Contra as Heresias, Livro V, Cap.30.
6
Irineu, Contra as Heresias, Livro V, 45:1.
Cristo e o Anticristo”. Nele, Hipólito deixa claro por diversas vezes que os
cristãos passarão pela grande tribulação e que só serão arrebatados depois
por elas achemos o que significa e de que maneira se dará a vinda do anticristo;
em que ocasião e em que tempo este ímpio se revelará; de onde e de qual tribo
ele sairá; qual o seu nome; o que indica o seu número nas Escrituras; como ele
obrará o erro entre os povos, reunindo-os dos confins da terra; como
7
Tratado sobre Cristo e o Anticristo, Cap.6.
desejo de afligi-los e persegui-los pelo mundo por não darem glória a ele,
Com isso ele deixa claro que os servos de Deus, os santos, passarão pela grande
tribulação. Ele não faz qualquer menção especial aos israelitas, como fazem os
pré-tribulacionistas! Ao contrário, ele identifica os “santos” e “servos de Deus”,
“Sobre a tribulação da perseguição que deve cair sobre a Igreja por parte do
adversário, João também assim fala: ‘E viu-se um grande sinal no céu: uma
mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze
estrelas sobre a cabeça. E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com
ânsias de dar à luz’”9
Ele diz que a Igreja será perseguida na grande tribulação e que terá que escapar
de cidade e cidade e buscar esconderijo nos desertos e nos montes, por causa
do anticristo:
9
Tratado sobre Cristo e o Anticristo, Cap.60.
8
Tratado sobre Cristo e o Anticristo, Cap.49.
9
Tratado sobre Cristo e o Anticristo, Cap.70.
De fato, o pré-tribulacionista Grant Jeffrey disse que ficou mais de uma década
antiguidade para ver se achava qualquer declaração que favorecesse essa teoria
que há de vir, e serão levados ao Senhor para não verem a confusão que
Foi o suficiente para que alguns pré-tribulacionistas fizessem a festa por terem
10
achado um único
Tratado sobre Cristo e trecho deCap.61.
o Anticristo, um único autor contradizendo toda a história de
A Igreja na Grande Tribulação Página 17
séculos de Cristianismo apostólico unanimemente pós-tribulacionista. Mas há
dois problemas com este texto: primeiro, ele provavelmente não foi escrito pelo
10
Tratado sobre Cristo e o Anticristo, Cap.61.
mesmo aquele trecho escrito pelo falsário serve para provar que alguém alguma
vez já creu no pré-tribulacionismo antes de Darby, pois o autor não entendia
pelo termo “tribulação” aquilo que entendemos hoje (i.e, a grande tribulação
apocalíptica), mas estava fazendo uma referência ao que Paulo diz em 2ª
Tessalonicenses 1:3-10, quando o apóstolo fala da tribulação como sendo a
Em outras palavras, Efrém da Síria, ou o falsário que se passou por ele nesta
ocasião, era tão pós-tribulacionista quanto qualquer outro autor de sua época.
Quando ele diz que “os santos serão recolhidos antes da tribulação” ele está
apenas dizendo que os santos serão recolhidos antes do juízo (condenação)
que Deus dará aos ímpios, e isso se dá depois do término da tribulação
apocalíptica. A “confusão que dominará o mundo” como consequencia do
pecado é a destruição desta terra para dar lugar aos “novos céus e nova terra”
dela.
Tudo isso fica mais claro quando mostramos tal declaração diante de seu
devido contexto, que diz:
com seus próprios olhos? Vejam que esta frase não se compre em vocês como
declara o profeta: ‘Ai dos que desejam ver o dia do Senhor!’ Porque os santos e
Ele também faz alusão ao “fim do mundo que vem com a ceifa”, que é uma
referência a Mateus 13:36-43 e a Apocalipse 14:14-20, ambos os textos pós-
tribulacionistas, que retratam acontecimentos que ocorrerão após a grande
tribulação, e não antes dela. Portanto, Efrém não cria que os santos serão
todos os outros Pais da Igreja. Ele estava fazendo uma referência à “tribulação”
A Igreja na Grande Tribulação Página 20
que Paulo se refere em 2ª Tessalonicenses 1:3-10, que não é a tribulação
apocalíptica, mas o juízo no fim do mundo:
11
LIMA, Fernando Alves. Escatologia Primitiva – Parte 5 – Efraim, o Sírio. Disponível em:
<http://postribulacionismo.blogspot.com.br/2011/08/escatologia-primitiva-parte-5-efraim-o.html>.
Acesso em: 14/12/2013.
labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que
não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por
crentes passarão pela tribulação, mas sabia que serão arrebatados ao fim dela
para não terem que sofrer o dano da condenação no fim do mundo, que irá
atribular os ímpios.
• Conclusão
Muitos outros escritos de outros Pais da Igreja poderiam ser expostos, mas
Alguns ainda poderiam alegar que talvez fosse possível que os outros Pais da
Igreja, que nunca escreveram nada sobre escatologia, cressem em um
havia algum bispo, teólogo, presbítero ou pastor na igreja primitiva que cresse
em um arrebatamento pré-tribulacional, ele obviamente não hesitaria em
Já vimos que Irineu, Justino, Hipólito, Efrém e a Didaquê eram todos pós-
tribulacionistas. Se existisse alguém que pensava o contrário na época deles, por
que não escreveu nada refutando a teologia pós-tribulacionista deles? Eles não
refutaram nada porque não tinham nada a discordar. Todos os outros também
Nos dias de hoje é totalmente comum vermos debates acalorados entre pré e
pós-tribulacionistas, porque estamos no século XXI e essa doutrina já foi
história, porque nunca ninguém havia proposto uma teoria contrária à pós-
tribulacionista.
concílios para resolverem a questão, mas nunca houve sequer uma única
divergência sobre o arrebatamento, porque todos criam que a Igreja passaria
De fato, é somente a Bíblia a nossa regra de fé, mas será que isso significa que
devemos desacreditar por completo no parecer unânime de todos os Pais da
Igreja? Obviamente não. Isso porque esses Pais da Igreja apenas conservaram e
passaram adiante aquilo que ouviram dos próprios apóstolos, isto é, dos que
escreveram a Bíblia. Muitos deles foram mais que meros teólogos – eles foram
A Didaquê, por exemplo, foi escrita entre 70-90 d.C, em uma época em que o
apóstolo João ainda estava vivo, pois ele só foi martirizado em 103 d.C. E ela
prega explicitamente o pós-tribulacionismo. É impossível que os cristãos
Se a Didaquê estivesse errada, seria o próprio João que corrigira aqueles que a
escreveram, se é que o próprio João não participou daquela compilação.
unanimemente respondem que esse filho foi ao cinema que fica no shopping
da cidade, esse pai saberá que seu filho foi ao cinema e é para lá que ele vai se
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dirigir. Ele não irá duvidar da veracidade da informação passada por todos os
colegas e professores.
Dito em termos simples, Daby inventou uma nova doutrina, enquanto os Pais da
confiar no que disseram os Pais da Igreja é o mesmo que aquele pai ir consultar
outros alunos de outra escola que em nada tem a ver com o seu filho, e que
dão uma informação totalmente diferente sobre alguém que nunca viram na
vida, contrariando aqueles que estiveram pessoalmente com ele. Não é algo
sensato e muito menos racional. Mas é o que os pré-tribulacionistas fazem.
oportunidade perfeita para ele mostrar isso a todos. Certamente ele citaria sua
vinda secreta, o arrebatamento e depois diria que seus discípulos não passariam
por nada daquilo, mas somente os incrédulos. Mas o que ele disse foi
exatamente o contrário do que querem os dispensacionalistas:
Mateus 24
3 Tendo Jesus se assentado no monte das Oliveiras, os discípulos dirigiram-se a
ele em particular e disseram: "Dize-nos, quando acontecerão essas coisas? E
19 Como serão terríveis aqueles dias para as grávidas e para as que estiverem
amamentando!
21 Porque haverá então grande tribulação, como nunca houve desde o princípio
do mundo até agora, nem jamais haverá.
22 Se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém sobreviveria; mas, por
causa dos eleitos, aqueles dias serão abreviados.
23 Se, então, alguém lhes disser: ‘Vejam, aqui está o Cristo! ’ ou: ‘Ali está ele! ’,
não acreditem.
24 Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão grandes sinais
e maravilhas para, se possível, enganar até os eleitos.
dos céus.
33 Assim também, quando virem todas estas coisas, saibam que ele está
próximo, às portas.
Ao invés de ele dizer que eles seriam arrebatados para não verem nada daquilo
que aconteceria na grande tribulação, ele diz exatamente o contrário: que eles
seriam entregues para serem perseguidos e condenados à morte (v.9). Além
disso, Jesus não isenta nem seus próprios discípulos dos acontecimentos que
marcariam a tribulação apocalíptica. Ele diz que eles veriam o sacrilégio
terrível (v.15), que eles teriam que fugir para os montes (v.16), e diz:
“Orem para que a fuga de vocês não aconteça no inverno nem no sábado”
(v.19)
Note que ele não disse que os que teriam que fugir seriam os mundanos, que
não tem comprometimento com Deus e que por isso seriam deixados aqui na
terra sofrendo. Ao contrário: ele fala da fuga de vocês, isto é, dos seus
discípulos, pois todo o discurso era uma resposta à pergunta dos apóstolos
(v.1). Em seguida, ele diz que, “se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém
sobreviveria; mas, por causa dos eleitos, aqueles dias serão abreviados” (v.22).
Isso prova indiscutivelmente que os eleitos estarão na grande tribulação. Se eles
já estivessem seguros no Céu, tal verso não faria sentido algum!
também, naqueles mesmos versos. Ele diz que a Sua volta ocorreria
imediatamente após a tribulação daqueles dias (v.29), e não imediatamente
antes, como creem os pré-tribulacionistas! E é só depois de todas as nações
verem o Filho do homem descendo nas nuvens do Céu com grande poder e
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glória que “ele enviará os seus anjos com grande som de trombeta, e estes
reunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos
céus” (v.31).
tribulação! Seus discípulos teriam que fugir para os montes, veriam o sacrilégio
terrível do anticristo, muitos seriam perseguidos e condenados à morte, e
saberiam quando Jesus voltaria depois que vissem todas aquelas coisas (v.33), o
arrebatamento pós-tribulacional?
A maioria deles afirma que todos estes acontecimentos acima não sucederão
aos discípulos de Jesus (cristãos), mas apenas aos israelitas. Eles dizem que os
discípulos, nesse contexto, não eram uma tipologia da Igreja, mas de Israel. Isso
é um disparate sem precedentes, pois os “discípulos foram chamados cristãos”
(At.11:26). A própria Bíblia deixa claro que os discípulos, acima de tudo, foram
reconhecidos como cristãos, como a Igreja de Cristo. Não mais faziam parte do
antigo Israel, que havia se separado do pacto, mas da Nova Aliança, daqueles
que creem em Cristo.
que creem em Cristo, e não qualquer israelita, visto que se tratava dos
discípulos de Jesus, que criam nele. Sendo assim, a passagem se refere a
pessoas justas, que creem em Cristo, que são discípulos dele, que ganharam o
nome de “cristãos”, que não tiveram parte com a crucificação de Cristo. Não
tem nada a ver com uma tipologia dos israelitas incrédulos que não creram em
Cristo, mas exatamente o contrário: dos discípulos dEle que criam nEle!
Uma coisa totalmente diferente seria, por exemplo, se Jesus estivesse dirigindo
aquilo aos fariseus, que não criam nele, que eram incrédulos, que seriam
A Igreja na Grande Tribulação Página 32
mesmo “deixados para trás”, segundo a teologia dispensacionalista. Mas Jesus
não estava falando com os fariseus ou com os incrédulos, que não foram
citados nem sequer uma única vez em todo o contexto. Desde o começo o
relato é claro em mostrar que Cristo estava dizendo aquilo aos seus discípulos
muro de inimizade (divisão) que havia entre ambos, por ocasião da sua morte:
Em Cristo Jesus já não há divisão entre israelitas que creem em Cristo e gentios
que creem em Jesus, pois ambos são um só, que são chamados de cristãos.
“Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em
querem recolocar essa barreira, dividir os dois como se fossem duas coisas
distintas. Jesus fez dos dois um só, mas eles, para salvarem a heresia do
A Igreja na Grande Tribulação Página 34
arrebatamento pré-tribulacional, insistem em considerar cada um como sendo
um grupo em separado!
esses discípulos eram israelitas ou gentios, porque Cristo fez destes dois um só,
conhecidos como cristãos. Ou seja: o que está em jogo não é se eles eram
israelitas ou gentios, pois tanto gentios que creem em Cristo quanto judeus que
creem em Cristo fazem parte de um só Corpo: a Igreja.
Afinal de contas, de qual outra forma Jesus poderia ter deixado mais claro que
os cristãos passariam pela grande tribulação senão respondendo dessa forma
aos próprios cristãos da época? Não havia outros cristãos na época além dos
seus discípulos; logo, se Cristo queria dizer que os cristãos passariam pela
tribulação teria que dizer isso aos seus discípulos, que foi o que ele fez. Mais
uma vez temos que ressaltar que o fato de esses discípulos também serem
israelitas não muda nada, porque Cristo já derrubou o muro que dividia um do
outro e fez dos dois povos um só – a Igreja. Portanto, é à Igreja que Jesus se
Além disso, se aquilo que Jesus disse deve se aplicar apenas aos israelitas
incrédulos e não aos cristãos, então devemos entender também que tudo o que
Jesus disse enquanto esteve entre nós deve valer apenas para os israelitas
monte) como sendo algo válido somente para os israelitas e para nenhum
cristão gentio, pois é exatamente isso o que eles fazem com o discurso de
Cristo em Mateus 24!
hoje, junto aos gentios que creram”. Pois é exatamente essa mesma lógica que
• Mateus 24:30-31
grande glória. E ele enviará os seus anjos com grande som de trombeta, e estes
reunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos
• 1ª Tessalonicenses 4:16-17
“Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo,
com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para
sempre com o Senhor” (1ª Tessalonicenses 4:16-17)
Os dois textos falam dos eleitos sendo reunidos/arrebatados, ambos citam Jesus
vindo nas nuvens, ambos fazem menção ao som de trombeta, ambos fazem
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menção aos anjos. Qualquer pessoa minimamente sensata consegue perceber o
é pós-tribulacional.
dispensacionalista. Ele não cita nenhuma vinda secreta antes da tribulação, nem
arrebatamento algum antes disso. São fábulas inventadas por Darby e cridas de
pé junto pelos seus seguidores, mas nunca afirmadas por Jesus em momento
algum.
“deixados para trás”. Mas ele cita apenas o pós, porque o pré é uma invenção
Tudo isso nos mostra que Jesus nunca foi um pré-tribulacionista, pois, além de
mostrar o tempo inteiro que a Igreja estaria na grande tribulação, ainda faz
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questão de omitir os pontos fundamentais do pré-tribuacionismo e ressaltar
“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e
com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão
com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre
com o Senhor” (1ª Tessalonicenses 4:16-17)
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o
“Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o
Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (João
6:40)
(João 11:24)
Como John Darby tentou se safar dessa tão forte evidência contrária ao
dispensacionalismo? Por incrível que pareça, ele disse que este último dia não é
o dia da volta visível de Jesus nem do fim do mundo, mas “o último dia da
dispensação da graça”, para conseguir situar essa ressurreição antes da grande
tribulação. Para isso, ele foi obrigado a argumentar que o último dia não é o
último dia, mas é o último em que alguém poderá ser salvo, quando a graça
ainda estará disponível.
Essa costura ou remendo feito por Darby para consertar as contradições óbvias
de sua teoria possui diversos erros ainda mais graves, em primeiro lugar porque
não haveria qualquer lógica ou coerência em deixar o mundo viver sete anos
sofrendo grande tribulação sem a menor possibilidade de alguém ser salvo
neste período, sem poder ser alcançado pela graça. Para superar este ponto,
muitos deles argumentam que o Espírito Santo será tirado desta terra, algo
absurdo para não dizer ridículo, pois o Espírito Santo é Deus e é onipresente,
ele não pode e nem vai ser tirado em momento nenhum.
Além disso, se o último dia da dispensação da graça ocorrerá sete anos antes
A Igreja na Grande Tribulação Página 35
do fim da grande tribulação, então como que os israelitas poderão se converter
e serem salvos, como eles mesmos creem? E como entender as passagens
no mundo, pois é apenas a graça de Deus que nos sustenta e que nos livra do
pecado e do diabo. Então, se a dispensação da graça chegar ao fim sete anos
sem estarem sustentados pela graça dispensada por Ele. Isso é herético, é
blasfêmico e é um absurdo que possa ser admitido por qualquer um que se
considere cristão.
graça de Deus ainda está sendo dispensada, pois sem ela eles nem sequer
existiriam, a não ser que o ser humano possa salvar a si mesmo. Logo, não há a
A prova mais forte de que este “último dia” que Jesus se referia está realmente
relacionado ao dia final, ao fim da grande tribulação, à volta visível de Jesus, e
não sete anos antes de tudo isso, está no fato de que ele usou este mesmo
termo como sendo o dia do Juízo dos homens ímpios:
12:48)
Portanto, para Jesus este último dia era o dia do Juízo. Isso remete
antes dela. Note que esse julgamento estabelecido no texto faz referência aos
ímpios, pois diz respeito ao que não recebeu as palavras de Jesus e o rejeitava.
Sendo assim, se para Jesus esse último dia (que é o dia da ressurreição) refere-
se também ao dia do juízo dos ímpios, e esse dia do juízo dos ímpios será
depois da tribulação, então a ressurreição também é depois da tribulação. E
Outro fato que confirma tudo isso é João ter mencionado explicitamente que a
palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não
receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com
Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil
ressurreição).
nada tinha a ver com a ressurreição que João descreve nos versos acima, mas
diz respeito a uma suposta ressurreição pré-tribulacional que não foi narrada
tribulação – o que seria da maior importância e que obviamente não teria sido
omitido por ele caso realmente existisse. A ressurreição é um dos pontos mais
altos da fé cristã, sempre foi um fundamento básico da fé, sempre fez parte da
essência e dos alicerces do Cristianismo, não teria sido omitida por João caso
porque ela é necessária para dar coesão às suas teses. Essa é a razão de eles
“Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão
vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os
que são de Cristo, na sua vinda” (1ª Coríntios 15:22-23)
teologia pré-tribulacionista, pois Paulo era outro que quando fazia menção à
ressurreição em nada fazia qualquer alusão às teorias deles. Alegar que existirão
Os rabiscos não eram parte da colheita; eram o que sobrava dela, jamais se
Foi por isso que Paulo nada falou sobre os tais “rabiscos” quanto à ressurreição
no texto que acabamos de conferir (1Co.15:22,23), mas mencionou apenas duas
colheita, ele logo em seguida declara que “então virá o fim” (v.24), o que deixa
bem claro que essa colheita (ressurreição) é mesmo no final da tribulação, na
volta visível de Jesus, “quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter
destruído todo domínio, autoridade e poder” (v.24), sem deixar qualquer espaço
Ao invés de Paulo dizer os que são de Cristo ressuscitam na Sua vinda secreta
pré-tribulacional e depois os “rabiscos” ressuscitam sete anos depois, ao final da
grande tribulação, para só depois disso Jesus estabelecer Seu Reino visível na
terra, ele diz que tão logo Cristo voltar ocorre o fim (“então virá o fim”), o que
mostra acima de qualquer dúvida que ele tinha em mente uma vinda visível
A Igreja na Grande Tribulação Página 43
pós-tribulacional de Cristo, imediatamente antes do “fim”, sem qualquer
ressurreição (ou rabiscos) posterior a isso.
12
MONTENEGRO, Gyordano Brasilino. Rabiscos imaginários do pré-tribulacionismo. Disponível em:
<http://cristianismopuro.blogspot.com.br/2012/06/rabiscos-imaginarios-do.html>. Acesso em:
<16/12/2013.
Mas como o nosso Deus é grandioso e perfeito em sabedoria, ele não apenas
não revelou nenhuma ressurreição pré-tribulacionista nem a Paulo nem a João,
mas também fez questão de deixar registrado na Sua Palavra que aquela
ressurreição que João registrava no verso 4 do capítulo 20 era a primeira
ressurreição (Ap.20:5).
primeira já teria sido essa suposta ressurreição pré-tribulacionista. Mas ele faz
questão de deixar registrado que aquela era a primeira ressurreição, ou seja,
que não existia outra antes dela, o que só nos leva à conclusão de que a tal
ressurreição pré-tribulacionista é realmente uma invenção da imaginação fértil
• O “último dia” não é realmente o “último dia”, mas é sete anos antes!
A Igreja na Grande Tribulação Página 45
• A graça deixará de ser dispensada sete anos antes do fim da grande
tribulação, mas mesmo assim haverá servos de Deus aqui nesta terra neste
13
ibid.
também ao dia do juízo dos homens ímpios, mas o juízo dos ímpios é no último
dia mesmo, só a ressurreição é sete anos antes!
• O “último dia” que Jesus fala sobre o juízo é o mesmo “último dia” que Jesus
• O Espírito Santo não será tirado da terra nem a graça deixará de ser
dispensada por Deus, pois só poderá haver conversões e servos de Deus por
meio da graça divina e do agir sobrenatural do Espírito Santo mudando,
pós-tribulacionista.
Paulo disse que somente depois dessa primeira ressurreição é que os vivos
essa versão cinematográfica ganha cada vez mais espaço na mente de muitos
pastores que ensinam ao povo essa interpretação, de que o “levados” diz
É inegável que, ao olharmos para este texto com a ótica que temos hoje através
da trilogia e do recente surgimento do pré-tribulacionismo, parece que uns são
levados para o Céu e outros deixados para sofrerem aqui na terra. Mas quando
observamos atentamente o contexto das palavras de Jesus, vemos exatamente
o contrário. Por incrível que pareça, os que são deixados são os salvos, e os que
são levados são os ímpios!
Vejamos o contexto:
Mateus 24
37 E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do
homem.
38 Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam,
ímpios! Jesus diz que o dilúvio “levou a todos”, isto é, aqueles que haviam
sido condenados pelo pecado. E ele diz que, da mesma forma, um seria levado
foram deixados aqui na terra enquanto os ímpios foram levados pelo dilúvio,
igualmente os salvos serão deixados aqui para viverem o milênio junto a Cristo,
nesta terra.
Note que Jesus diz no verso 37: “assim também será”; ou seja, da mesma
forma que foi exposto na analogia feita por Ele. Sendo assim, estabelecer que o
“levado” se refira aos ímpios na analogia e aos crentes na analogia mas
teria dito que “diferentemente de como foi nos dias de Noé...”, e não: “assim
O “assim como” e o “da mesma forma” que estão no verso 37 não deixam
este prisma não seria uma analogia, mas uma antítese, quebrando a lógica do
verso 37.
Em Lucas, vemos novamente pelo contexto que os ímpios não ficarão vivos por
mais sete anos sofrendo aqui na terra; ao contrário, serão mortos:
Lucas 17
26 E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho
A Igreja na Grande Tribulação Página 43
do homem.
Ao invés de Jesus dizer que na Sua volta os ímpios serão deixados vivos aqui na
terra para sofrerem mais sete anos de grande tribulação enquanto os justos são
arrebatados, ele afirma exatamente o contrário: que os ímpios
serão consumidos, isto é, serão mortos, deixarão de existir. Assim como foi no
Gomorra, onde o fogo devorador consumiu a todos os ímpios que lá viviam, ele
diz que assim também será na volta do Filho do homem!
Portanto, nada de crentes escapando da tribulação sete anos antes do fim dela
e dos ímpios sendo deixados em vida; ao contrário, a linguagem é
“Duas mulheres estarão moendo trigo juntas; uma será tirada e a outra deixada.
Duas pessoas estarão no campo; uma será tirada e a outra deixada. ‘Onde,
Senhor?’, perguntaram eles. Ele respondeu: ‘Onde houver um cadáver, ali se
ajuntarão os abutres’” (Lucas 17:35-37)
disse. Para ele, os justos serão recolhidos por primeiro, sendo arrebatados ao
Céu sete anos antes do fim da grande tribulação, enquanto os ímpios serão
“deixados para trás” aqui na terra, e somente sete anos mais tarde é que eles
serão recolhidos. Gyordano Montenegro também realça este ponto, dizendo:
“A cena é bastante clara: o Senhor não permitirá que o joio ou o trigo sejam
arrancados até o momento certo, até a hora da ceifa, quando enviará seus
anjos. Primeiro arrancará o joio (v. 30), os ímpios, para condenar; e então
recolherá em seu celeiro o trigo, os filhos. A descrição da cena é a mesma do
Senhor, que disse ‘Não’), então o sermão profético também não pode admitir
um ‘arrebatamento secreto’”14
Ou seja, de acordo com a visão de Jesus, os ímpios serão recolhidos antes dos
Ainda considero o filme “Deixados para Trás” uma obra de ficção científica
muito bem elaborada, como poucos no meio cristão, com um bom roteiro e
bons atores. Mas repito: como ficção científica, e não como uma história bíblica,
como são os filmes de Noé, José, Davi, Moisés, etc. Quem assisti-lo já sabendo
14
MONTENEGRO, Gyordano Brasilino. O Sermão Profético e os dispensacionalistas. Disponível em:
<http://cristianismopuro.blogspot.com.br/2012/05/o-sermao-profetico-e-os.html>. Acesso em:
16/12/2013.
Filadélfia que ela seria guardada da hora da provação, como a “evidência” que
faltava para dar alguma carinha cristã às novas teorias inventadas por Darby.
Afinal, se a Igreja será guardada da tribulação, então ela será arrebatada antes
dela, raciocinam os dispensacionalistas15. Algo semelhante foi descrito por
dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve,
desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o
teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro” (Daniel 12:1)
Por fim, eles citam também um texto de Paulo aos tessalonicenses, em que ele
diz:
“Pois eles mesmos relatam de que maneira vocês nos receberam, como se
voltaram para Deus, deixando os ídolos a fim de servir ao Deus vivo e
verdadeiro, e esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos:
Jesus, que nos livra da ira que há de vir” (1ª Tessalonicenses 1:9-10)
“Contudo, por causa da sua teimosia e do seu coração obstinado, você está
Portanto, a “ira que há de vir” se refere ao dia da ira de Deus, que é o dia do
Juízo Final, quando Deus revelará o seu justo julgamento e retribuirá a cada um
conforme o seu procedimento. Não é uma referência aos sete anos da
tribulação do Apocalipse, mas ao Juízo. Paulo está simplesmente dizendo que
Deus nos livrará do dia da ira, do juízo que condenará os ímpios, porque nós
seremos salvos por meio de Jesus, e não condenados como os que estão no
mundo. Não tem nada a ver com a grande tribulação. Na tribulação apocalíptica
haverá perseguição aos servos de Deus da mesma forma que houve
Quanto ao texto de Daniel 12:1, que fala sobre livrar o povo de Deus que for
O salmo acima foi escrito pelo rei Davi, que disse que Deus livra os justos de
A Igreja na Grande Tribulação Página 52
todas as suas tribulações, mas nem por isso Davi foi alguma vez arrebatado ao
Paraíso para escapar das tribulações que ele sofria, muito pelo contrário: foi
durante anos severamente perseguido pelo rei Saul. Ou seja: ele passou e viveu
Portanto, a linguagem sobre livrar das tribulações, que é dita tanto por Davi no
Salmo 34:17 quanto por Daniel em Daniel 12:1, em nada ter a ver com não
passar pelas tribulações, mas sim sobre ser livre ao fim delas. Davi e todos os
outros justos passaram pelas tribulações, não foram arrebatados antes delas, e
mesmo assim ele disse que “o Senhor livra os justos de todas as suas
tribulações” (Sl.34:17), porque, ainda que passemos por todas elas, no final
obteremos a vida eterna.
O mesmo se aplica em Daniel 12:1 e a Apocalipse 3:10 – Deus nos livra e nos
diz:
“Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10)
Ele não diz que eles seriam arrebatados antes da tribulação, mas que
morreriam, e por isso deveriam ser fieis até o fim, suportando toda a
perseguição e tribulação que sofreriam. Este “fim” não é o arrebatamento, mas a
morte, o martírio. Na verdade, não há nenhuma contradição entre Apocalipse
2:10, que fala sobre a igreja de Esmirna sendo entregue à morte e à
perseguição, e Apocalipse 3:10, que fala sobre Deus guardar da tribulação.
Ambos os textos estão no mesmo contexto (das tribulações apocalípticas) e são
não significa escapar das tribulações sendo arrebatado ao Céu sem passar por
elas. Davi passou por muitas tribulações, mas nunca foi arrebatado ao Céu para
ser “livre” delas.
Está claro, portanto, que o sentido bíblico de ser livre das tribulações não é o
de ser arrebatado sem passar por elas, mas sim de ser protegido por Deus
em meio a elas. Tanto Saul, o rei ímpio que perseguia Davi, como o próprio
Davi, que era justo diante de Deus, ficaram aqui na terra e passaram por
É por isso que todos nós oramos na oração modelo do Pai Nosso:
“E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o
Quando oramos para Deus nos livrar do mal, obviamente não estamos pedindo
que Ele nos tire dessa terra e nos arrebate ao Céu; estamos conscientemente
pedindo que Ele nos proteja em meio às tribulações, provações e tentações que
passamos aqui na terra. Pedir para sermos livres do mal de maneira nenhuma
significa que Deus irá nos tirar desta terra para sermos livres; ao contrário,
Assim como o salmista, podemos dizer convictamente que Deus nos livrará de
toda tribulação, sem de modo algum implicar que nós (ou o salmista) tenhamos
sido arrebatados ao Céu para escapar de tudo isso. De fato, todas as vezes que
A Igreja na Grande Tribulação Página 56
a Bíblia fala sobre guardar ou livrar das tribulações, ela está no sentido de
elas.
“E não nos deixes cair em tentação, Nós não deixamos a terra quando
mas livra-nos do mal, porque teu é o oramos o Pai Nosso, mas somos
Reino, o poder e a glória para sempre. protegidos por Deus dos poderes das
mas isso de modo algum implicou que os israelitas tivessem sido tirados da
terra. Ao contrário, lemos que Deus deixou os israelitas aqui mesmo na terra,
não os tirou daqui, mas os livrou das tribulações no sentido de não serem
derrotados por ela. Assim, apenas os egípcios sofreram as pragas do Egito, mas
o povo de Deus ainda estava aqui na terra, protegido pelo Senhor:
“Mas naquele dia tratarei de maneira diferente a terra de Gósen, onde habita
o meu povo; nenhum enxame de moscas se achará ali, para que você saiba que
“E a saraiva feriu, em toda a terra do Egito, tudo quanto havia no campo, desde
os homens até aos animais; também a saraiva feriu toda a erva do campo, e
quebrou todas as árvores do campo. Somente na terra de Gósen, onde
A Igreja na Grande Tribulação Página 50
estavam os filhos de Israel, não havia saraiva” (Êxodo 9:25-26)
ficaram aqui na terra, mas somente o ímpio sofreu todas as pragas descritas no
Êxodo. Da mesma forma, na grande tribulação todas as pessoas (justas ou
ímpias) ficarão aqui na terra, pois o arrebatamento, segundo Jesus, só
distinção entre justo e ímpio e protegerá o Seu povo eleito. É por isso que Jesus
disse:
“Se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém sobreviveria; mas, por causa
estarão aqui na terra e é exatamente por amor a eles que Deus “abreviaria”
aqueles dias, isto é, não permitiria que a tribulação demorasse muito tempo
para o sofrimento do povo de Deus.
para que isso ocorresse. Noé ficou seguro dentro da Arca, e Ló fugiu para
outra terra, com a sua família. Portanto, é possível ocorrer a proteção divina sem
necessariamente ter que deixar essa terra enquanto vem as tribulações. Essa
interpretação deturpada e antibíblica de que os salvos serão arrebatados ao Céu
antes da tribulação não é uma leitura natural dos textos bíblicos, é uma
tentativa desesperada de se colocar na Bíblia algo que claramente não está nela.
A Igreja na Grande Tribulação Página 51
Alguns ainda argumentam que a Arca de Noé representava o Céu para onde os
Há uma forte diferença entre “guardar” e “tirar”. Deus nos prometeu que nos
guardaria da tribulação, mas nunca disse que nos tiraria da terra para que isso
ocorresse. Os dispensacionalistas lêem “tirar” quando na verdade está escrito
“guardar”, que não implica de modo nenhum em ser tirado de um lugar para
ser colocado em outro, mas sim em obter proteção especial dentro daquele
mesmo contexto, no mesmo lugar. A prova mais forte deste contraste entre
“guardar” e “tirar” foi o próprio Senhor Jesus que fez, quando colocou os dois
como antítese:
“Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno” (João
17:15)
Aqui há um contraste nítido entre “tirar” e “guardar”. Se Jesus cresse que uma
coisa implica na outra, como creem os pré-tribulacionistas, ele nunca teria dito
isso, pois as duas coisas (tirar e guardar) implicariam no mesmo acontecimento!
Porém, Jesus deixa claro: ele não queria que Deus tirasse os cristãos do mundo,
mas sim que os guardasse do maligno! Para Jesus, “tirar” é uma coisa,
duas coisas são o mesmo, o que fica evidente sofrível interpretação deles de
Apocalipse 3:10.
está dizendo que nós seremos tirados do mundo. O próprio Jesus orou contra
isso em João 17:15. Apenas quer dizer que, embora continuemos nesta terra,
“oti etêrêsas ton logon tês upomonês mou kagô se têrêsô ek tês ôras tou
peirasmou tês mellousês erchesthai epi tês oikoumenês olês peirasai tous
Essa pequena palavra (ek) é o foco da nossa atenção. Ela é traduzida na maioria
insistem que essa palavra tem que ser entendida como “fora de”, mas o fato é
que o sentido primário desta palavra é “de dentro de”, como diz a Concordância
de Strong: “preposição primária denotando origem (o ponto de onde ação ou
movimento procede), de, de dentro de (de lugar, tempo, ou causa; literal ou
figurativo); preposição”16.
"ἐκ; antes de vogais ἐξ, prep. com gen. de, a partir de, de dentro de..."17
Assim sendo, ao invés de essa preposição passar o sentido de ser guardado fora
Portanto, quando ek está no sentido de “fora de”, ela significa fora de um lugar
A Igreja na Grande Tribulação Página 55
onde estava antes, e não fora de um lugar onde nunca se esteve! Desta forma,
ela é uma fortíssima prova de que os crentes estarão na grande tribulação, pois
16
Concordância de Strong, 1537.
17
Edições Vida Nova, p.66.
18
Léxico da Concordância de Strong, 1537.
preposição ek, que significa “de dentro de” ou “fora de um lugar onde estava
João tinha essa preposição pronta, a mão, que poderia perfeitamente ter sido
utilizada por ele caso ele quisesse, mas, ao contrário, ele deliberadamente
assim que sempre foi desde os tempos de Davi, que disse que Deus já livrava os
justos de todas as suas tribulações (Sl.34:17) – embora permanecessem na terra
– e é assim que será no futuro. Não um arrebatamento secreto (tirar), mas uma
proteção (guardar) é o método utilizado por Deus ontem, hoje e para sempre.
A Igreja na Grande Tribulação Página 57
19
OLIVEIRA, Sandro. Apocalipse 3:10 ensina o arrebatamento pré-tribulacional? Disponível em:
<http://www.projetoomega.com/apc310.htm>. Acesso em: 17/12/2013.
20
Um exemplo do uso do “ek” no sentido de “na” está em Lucas 23:33, que diz que um foi crucificado na
sua direita e outra na sua esquerda, que não teria sentido caso fosse trocado por “da”.
Nas duas cartas de Paulo aos tessalonicenses ele aborda bastante os aspectos
escatológicos, os acontecimentos dos últimos dias. Já vimos que em sua
primeira carta ele disse que o arrebatamento da Igreja somente ocorrerá após a
tribulação, no último dia. Em sua segunda epístola a eles, Paulo é ainda mais
claro em dizer que a nossa reunião com Jesus somente ocorrerá após a
ascensão do anticristo e sua coroação no santuário de Deus:
“Irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com
ele, rogamos a vocês que não se deixem abalar nem alarmar tão facilmente,
quer por profecia, quer por palavra, quer por carta supostamente vinda de nós,
como se o dia do Senhor já tivesse chegado. Não deixem que ninguém os
engane de modo algum. Antes daquele dia virá a apostasia e, então, será
revelado o homem do pecado, o filho da perdição. Este se opõe e se exalta
Tessalonicenses 2:1-4)
Aqui podemos constatar que, para o apóstolo, a nossa reunião com Cristo
(arrebatamento) não ocorrerá antes da apostasia, quando será revelado o
homem do pecado (anticristo) que se auto-proclamará “Deus” e se assentará no
santuário de Deus (templo de Jerusalém). Os pré-tribulacionistas afirmam
Para eles, quando Paulo fala da vinda de Jesus ele está realmente se referindo
ao final da grande tribulação, para dar algum sentido às declarações seguintes
de que isso não ocorrerá sem que antes seja revelado o anticristo, mas a nossa
reunião com Cristo (arrebatamento) ocorrerá sete anos antes dessa vinda. Isso
Paulo não estaria falando de duas coisas diferentes no verso 1, porque ele liga
essas duas coisas ao “dia do Senhor”, que ele diz no verso 2. Não faria sentido
que esse “dia do Senhor” nada mais seja do que exatamente o mesmo de “a
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” e “a nossa reunião com ele”.
Assim podemos perceber que quando Paulo fala da “vinda do Senhor e nossa
reunião com ele”, não está descrevendo dois eventos distintos e separados por
sete anos, mas duas coisas que ocorrem no mesmo evento, simultaneamente,
pois seremos arrebatados tão logo Jesus voltar, no “dia do Senhor”. Isso traz
sentido ao texto e explica o porquê que Paulo relaciona ambos ao dia do
Senhor:
A vinda do Senhor Jesus e nossa reunião com ele ocorrem no dia do Senhor,
“Irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com
A Igreja na Grande Tribulação Página 61
ele, rogamos a vocês que não se deixem abalar nem alarmar tão facilmente,
quer por profecia, quer por palavra, quer por carta supostamente vinda de nós,
como se o dia do Senhor já tivesse chegado” (2ª Tessalonicenses 2:1,2)
mais ilógico ainda que ele estivesse colocando por primeiro aquele que
ocorrerá sete anos depois daquele que ele cita por segundo! Essa interpretação
Mas, para os dispensacionalistas, Paulo cita primeiro aquilo que ocorrerá ao fim
mais uma vez saem na frente neste quesito da interpretação, pois primeiro
ocorre a vinda de Jesus e logo em seguida os vivos serão arrebatados para se
encontrarem com Cristo nos ares. E tudo isso em um único evento, em um
mesmo dia, no “dia do Senhor”.
Portanto, podemos entender que, para Paulo, a volta de Jesus e a nossa reunião
com ele, que ocorrerão no dia do Senhor, não acontecerão sem que antes seja
revelado o filho da perdição, o anticristo, e que este se assente no trono de
Jerusalém e se coloque acima de todos, como um deus. É só depois dessa
disse sobre alguém que está detendo o anticristo, para que este só seja
revelado ao seu devido tempo:
“E agora vocês sabem o que o está detendo, para que ele seja revelado no seu
devido tempo. A verdade é que o mistério da iniqüidade já está em ação,
restando apenas que seja afastado aquele que agora o detém. Então será
revelado o perverso, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e
Embora o texto não fale em lugar nenhum que este algo que detém o anticristo
seja a Igreja, é o que eles imaginam, pois no pré-tribulacionismo a verdade está
sempre obscura, escondida, fora do alcance e da compreensão de um texto
simples. E o pior é que eles usam a técnica da especulação e da conjectura
como sendo uma “prova” da teoria deles! O fato é que o texto diz que alguma
coisa está detendo o anticristo, mas não diz que coisa que é essa.
É claro que os pré-tribulacionistas vão imaginar algo que favoreça a tese deles,
da mesma forma que qualquer falso profeta poderia usar este texto para
conjecturar o que ele quisesse para “provar” alguma heresia que ele quisesse
inventar. Qualquer uma. É por isso que na teologia trabalhamos em cima
daquilo que está revelado, e não em cima daquilo que está encoberto, onde só
podemos conjecturar. Mas o fato de não sabermos exatamente o que seja não
A Igreja na Grande Tribulação Página 64
significa que não possamos saber o que não seja.
que o detém está no masculino (“aquele”) também não pode ser um feminino
(“aquela”), porque é antigramatical. Da mesma forma, o que detém o anticristo
não pode ser o Espírito Santo (porque é antilógico) nem a Igreja (porque é
antigramatical).
A tese de que o Espírito Santo é o que detém o anticristo e que ele será retirado
absurdo e impensável, para não dizer blasfêmia, pois o Espírito Santo é Deus, e,
como Deus, é onipresente. Ora, alguém onipresente tem que estar presente em
Portanto, induzir que o Espírito Santo será retirado desta terra é o mesmo que
dizer que ele deixará de ser Deus no futuro, que perderá o atributo da
Pedro não estava falando dele mesmo, porque não usaria o pronome “aquela”
para se referir a um homem. Ele estava se referindo à igreja onde ele estava, ou
seja, “aquela [igreja] que está em Babilônia”. Portanto, mesmo quando a Igreja é
um sujeito oculto no texto, o seu pronome está sempre no feminino por uma
questão de concordância gramatical, nunca no masculino. Até mesmo quando a
“Um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas
“E agora vocês sabem o que o está detendo, para que ele seja revelado no seu
revelado o perverso, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e
destruirá pela manifestação de sua vinda” (2ª Tessalonicenses 2:6-8)
Mas, se a referência não é à Igreja, então a que pode ser? Como já dissemos no
início do capítulo, podemos apenas conjecturar aqui, porque o texto bíblico não
é claro sobre o que é que seja, embora possamos saber aquilo que não é. Mas
A Igreja na Grande Tribulação Página 60
uma forte possibilidade é de que aquilo que hoje detém o anticristo seja um
anjo. Não é antigramatical (pois é um masculino) nem antilógico, pois anjos
aparecem frequentemente na Bíblia prendendo demônios e travando batalhas.
No próprio livro do Apocalipse vemos claros exemplos disso:
selo sobre ele, para assim impedi-lo de enganar as nações até que terminassem
os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de
Neste texto vemos que quem tinha a chave do abismo era um anjo, que
deteve Satanás por mil anos. Se é um anjo que hoje tem as chaves do abismo e
se será um anjo que deterá o diabo por mil anos no futuro, por que não seria
um anjo que está detendo o anticristo hoje? Se é ele que deterá o diabo no
futuro, pode muito bem ser ele quem o está detendo hoje. Aliás, a Bíblia relata
até mesmo o momento em que o anjo que hoje está detendo o anticristo irá
soltá-lo do abismo:
“O quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que havia caído do céu
sobre a terra. À estrela foi dada a chave do poço do Abismo. Quando ela
abriu o Abismo, subiu dele fumaça como a de uma gigantesca fornalha. O sol e
também que os “gafanhotos” que foram soltos do abismo eram demônios, que
“tinham um rei sobre eles, o anjo do Abismo, cujo nome, em hebraico, é
Diante de tudo isso, fica claro que o mais provável, à luz da gramática, da
lógica e das evidências bíblicas paralelas, é que quem está detendo o
B que parece sugerir algo completamente diferente, e então crie uma doutrina
que pareça conciliar ambas as ideias. Logicamente essa doutrina não é o
doutrina, por maior que sejam os malabarismos empregados para este fim.
ela mesma a fim de sugerir que são dois acontecimentos distintos que exigem
ARREBATAMENTO (VOLTA
SEGUNDA VINDA (VOLTA VISÍVEL)
SECRETA)
1. Os santos arrebatados vão ao Céu Os santos vêm à terra
2. Acontecimento iminente sem sinais Seguem sinais, inclusive a tribulação
Sempre quando eu vejo esses sites passando listas como essas eu me recordo
imediatamente dos ateus que também tem listas muito maiores de supostas
uma nova doutrina, uma heresia recente e fantasiosa. O ponto em comum entre
ambos é que os dois são erros abomináveis e, felizmente, podem ser facilmente
com dois homens cegos (Mateus com um homem cego (Marcos 10:46-
20:29-30) 47)
A mãe de Tiago e João pediu a
Tiago e João fizeram o pedido
Jesus para que eles se assentassem
(Marcos 10:35-37)
ao seu lado no reino (Mateus 20:20-
21)
A Igreja na Grande Tribulação Página 64
O centurião se aproximou de Jesus e
O centurião enviou amigos e os
pediu ajuda para um criado doente
anciões dos judeus (Lucas 7:2-3,6-7)
(Mateus 8:5-7)
cena. Para isso os críticos teriam que adicionar a palavra somente no relato, que
não existe nos textos. O terceiro exemplo pode perfeitamente ter sido um
pedido que a mãe tenha falado em primeiro lugar, e que os dois filhos logo em
seguida tenham confirmado o pedido.22
enviado para falar em nome do seu senhor. Assim, quando o enviado falava, era
como se o próprio centurião estivesse falando, assim como quando um ministro
partir com seus discípulos para o monte, mas eles não alcançaram o topo do
monte no mesmo dia em que partiram, mas cerca de dois dias depois, como diz
22
GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual popular de dúvidas, enigmas e 'contradições' da Bíblia.
São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1999.
ponto 7 (“Cristo vem para os Seus”/”Cristo vem com os Seus”), em que eles
argumentam:
arrebatamento não há vinda de Cristo, mas apenas os santos que vão ao Céu ao
quer por profecia, quer por palavra, quer por carta supostamente vinda de nós,
como se o dia do Senhor já tivesse chegado” (2ª Tessalonicenses 2:1,2)
Portanto, a nossa reunião com Jesus ocorre na vinda dele, não são apenas os
crentes que vão até ele. O próprio texto utilizado por eles como referência diz
exatamente o contrário daquilo que eles propõem, pois fala que Jesus virá até
nós, e não que somente nós iremos até ele:
“Dizemos a vocês, pela palavra do Senhor, que nós, os que estivermos vivos, os
que ficarmos até a vinda do Senhor, certamente não precederemos os que
Primeiro, Paulo chama aquilo de vinda do Senhor, o que refuta a teoria de que
Céu, o que deita por terra a tese de que não há “vinda” de Cristo no
arrebatamento, mas apenas uma “ida” dos cristãos.
“Mas e os textos bíblicos que mostram os cristãos com Cristo em Sua segunda
vinda?”, diriam os pré-tribulacionistas.
por eles, não se tratam dos vivos que já teriam sido supostamente arrebatados
sete anos antes, mas sim dos mortos que ressuscitarão ao fim da tribulação, se
juntarão a Cristo nos céus e então descerão com Ele para o encontro com os
vivos, nos ares.
Cristo à terra; Cristo vem para os Seus (os vivos, ao final da grande tribulação) e
com os Seus (os mortos em Cristo, que ressuscitarão). Iremos analisar os demais
argumentos e veremos que nenhum deles se sustenta diante de um estudo
bíblico sério.
único juízo para os ímpios, mas sempre ensinou um único juízo para cada um. O
juízo é apenas um porque não pode ser revogado. Além disso, Hebreus 9:27
traz “juízo” no singular, indicando que existe um único juízo para cada um. O
mesmo ocorre em Mateus 10:25, em Mateus 11:22, em Mateus 11:24, em
11:31, em Lucas 11:32, em João 5:29, em João 9:39, em João 12:8, em João
12:11, em Atos 24:25, em Hebreus 6:2, em Hebreus 9:27, em Tiago 2:23, em 2ª
Pedro 2:4, em 2ª Pedro 2:9, em 2ª Pedro 3:7 e em 1ª João 14:17 – em todas
Apenas um péssimo leitor da Bíblia seria capaz de negar o fato de que existe
um único juízo para cada pessoa, juízo este que não pode ser revogado e nem
alterado, por isso mesmo é chamado de “juízo eterno”. Esse juízo a Bíblia explica
que acontecerá exatamente no momento da segunda vinda de Cristo. Em
Mateus 25, a partir do verso 31, o Senhor Jesus fala sobre esse juízo, e diz
quando ele será efetuado: “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, com
por seu Reino” (2Tm.4:1). Clareza maior do que essa é impossível: “há de julgar...
pela sua vinda”. "Há de julgar" denota que o juízo não aconteceu ainda, mas é
um evento futuro, ao passo que "na sua vinda" mostra quando é que esse juízo
acontecerá.
Portanto, à luz das passagens bíblicas, podemos crer que existe apenas um
único juízo para cada um, que este juízo não aconteceu ainda e que ele ocorrerá
A Igreja na Grande Tribulação Página 73
na segunda vinda de Cristo, na volta gloriosa do Senhor Jesus. Não é um juízo
que ocorra sete anos antes da tribulação, em um suposto intervalo de tempo
entre duas fases da segunda vinda de Cristo, mas é um juízo que ocorre após a
aconteça, pois seria inútil, já que só acontecerá depois dos sete anos, depois do
Sobre a segunda parte do argumento, que diz que esse intervalo é necessário
“para que surjam cristãos na grande tribulação, os quais terão seus corpos não-
ressurretos e transformados”, trata-se de mais uma fantasia dispensacionalista
antibíblica. Eles creem que haverá pessoas que sobreviverão à tribulação e que
permanecerão na terra ao final dela, com corpos naturais não-ressurretos, ao
mesmo tempo em que os mártires da tribulação estarão aqui na terra com
corpos imortais e incorruptíveis. Mas Jesus rejeitou completamente essa
interpretação, ao dizer:
“E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do
homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em
Jesus disse duas vezes naquele mesmo contexto que todos foram consumidos
naqueles episódios, e repete também por duas vezes que assim também será
na Sua vinda. Por que será que ele faz questão de ressaltar que “TODOS”, e não
somente “alguns” dos que aqui ficarão serão consumidos? Porque ele sabia
perfeitamente que não sobrará um único ser vivo aqui nesta terra. Todos os
A Igreja na Grande Tribulação Página 70
vivos que creram em Cristo serão arrebatados, e todos os vivos que não creram
todos os não-crentes. Portanto, não haverá ninguém aqui na terra vivendo com
corpo corruptível o período milenar. Essa terra será habitada pura e
simplesmente pelos mártires ressurretos da tribulação, com Jesus.
“Alegrem-se, porém, e regozijem-se para sempre no que vou criar, porque vou
criar Jerusalém para regozijo, e seu povo para alegria. Por Jerusalém me
regozijarei e em meu povo terei prazer; nunca mais se ouvirão nela voz de
pranto e choro de tristeza. Nunca mais haverá nela uma criança que viva
poucos dias, e um idoso que não complete os seus anos de idade; quem morrer
aos cem anos ainda será jovem, e quem não chegar aos cem será maldito”
(Isaías 65:18-20)
fala sobre todos estes acontecimentos e sobre tais indivíduos, é uma referência
à cidade santa. E qual é o problema nisso? O problema é que a cidade santa,
durante o milênio, não será habitação dos “deixados para trás”, mas dos
mártires ressurretos:
“E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão, e sairá a enganar
A Igreja na Grande Tribulação Página 71
as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo
desta cidade, espalhados pelos “quatro cantos da terra” (v.8), como diz o texto,
dela.
Eles seguem uma ordem lógica e cronológica. No verso 4 João fala dos mártires
que Satanás irá se juntar a um povo, que logicamente é uma referência a estes
ímpios que acabaram de ressuscitar dos mortos. Portanto, a referência não é a
pessoas que sobreviverão à tribulação sem serem arrebatadas, mas aos ímpios
que ressuscitarão ao fim dela.
“Pois vejam! Criarei novos céus e nova terra, e as coisas passadas não serão
lembradas. Jamais virão à mente!” (Isaías 65:17)
estado eterno. Ele acontecerá quando Deus criar novos céus e nova terra, e não
na antiga terra, onde se passará o milênio. No Apocalipse fica ainda mais claro
“E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém,
que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu
marido. E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de
Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o
mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos
toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor;
O texto de Isaías começa falando da criação de novos céus e de uma nova terra
morte, nem pranto, nem clamor e nem dor, porque essas serão coisas do
passado. Portanto, é errado utilizar o texto de Isaías 65 para provar alguma
coisa quanto ao milênio, pois Isaías 65 não fala sobre o milênio, mas sobre
o estado eterno pós-milenar!
Mas então por que vemos pessoas morrendo neste relato de Isaías 65?
Por uma razão muito simples: o relato de Isaías 65 sobre os novos céus e nova
terra é dito de uma forma simbólica e alegórica, enquanto o de João em
portanto, é Isaías que tem que ser analisado à luz da revelação final de João, e
não João que tem que ser analisado sob a perspectiva de Isaías! Em Apocalipse
21 há a revelação final daquilo que foi dito de forma alegórica aos israelitas em
Isaías 65.
que as pessoas viverão mais de cem anos, como uma forma de dizer que elas
próprias profecias do Antigo Testamento sobre este período afirmam que nele
não haverá pecado, o que seria impossível de acontecer caso fosse uma
O texto é categórico ao afirmar que não será achado nem pecado nem maldade
em Israel – duas coisas que ainda ocorrerão no período milenar, segundo os
que o fato de João dizer no Apocalipse que a árvore da vida servirá para a cura
das nações (Ap.22:2) não significa que haverão pessoas doentes no estado
eterno, precisando de cura. “Ser curado” e “ser perdoado”, nestes dois casos,
não implicam em “estar doente” ou “ter pecado”, mas são figuras de linguagem
usadas para realçar com ainda mais força aquilo que já foi dito: que não haverá
pecado e nem doença neste estado eterno.
Concluímos, portanto, que realmente todos os homens (i.e, aqueles que não
forem arrebatados) serão consumidos (mortos) ao final da grande tribulação,
A Igreja na Grande Tribulação Página 77
como Jesus fez questão de ressaltar diversas vezes (Lc.17:26-30), e que o relato
alegórico daquilo que será este estado eterno, que teve seu cumprimento em
Por essa razão, não há nada que nos force a crer em duas fases distintas da
segunda vinda de Cristo, mas há ainda mais razões de sobra para crermos que o
dispensacionalismo é um grande engano. Mas não para por aqui. Eles afirmam
também que há um contraste entre a primeira e a segunda fase da segunda
vinda de Cristo, no que diz respeito a como Jesus vem ( “Ele vem nos ares”/”Ele
vem à terra”). Será que isso justifica essa divisão em duas fases? Vejamos o
texto utilizado por eles:
“Tendo dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o
encobriu da vista deles. E eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto ele
subia. De repente surgiram diante deles dois homens vestidos de branco, que
lhes disseram: ‘Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo
Jesus, que dentre vocês foi elevado ao céu, voltará da mesma forma como o
viram subir’” (Atos 1:9-11)
Pelo fato do anjo ter dito que Jesus voltaria “da mesma forma” como o viram
subir eles argumentam que Cristo voltará nos ares na “primeira fase” e descerá
até a terra na “segunda fase”. Alguns são ainda mais radicais, alegando que, por
essa mesma razão, essa descida tem que ser no mesmo monte das Oliveiras que
os discípulos o viram subir. Mas será que o “da mesma forma” dá margens para
“E, do mesmo modo que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes
foi utilizada em Atos 1:11 (ho tropos), que pode ser traduzido como “da mesma
forma” ou “do mesmo modo”. Mas isso obviamente não significa que os que
resistiam à pregação de Timóteo usavam de magia negra igual os mágicos
fato de rejeitar a pregação da Palavra, ela não exige nenhuma exposição literal
idêntica de magia e bruxaria.
acontecimentos em 2ª Timóteo 3:8, então por que razão esse mesmo ho tropos
exigiria uma exposição literal idêntica dos acontecimentos registrados em Atos
1:11? Não faz sentido, a não ser que sepultemos a exegese. Além disso, se o ho
pormenores, então Jesus deveria voltar para os mesmos onze discípulos que o
viram subir. Nem um a mais, nem um a menos. É claro que o método
adivinhacionista empregado pelos dispensacionalistas não funciona na prática.
Não resiste a uma exegese séria e criteriosa. E isso que o comparamos a um
Portanto, a conclusão lógica que chegamos à luz de Atos 1:11 é que o ho tropos
voltará. O ho tropos não especifica como ele voltará, apenas faz um paralelo
com a sua ascensão para mostrar aos discípulos que aquele que veio também
voltará; ou seja: que da mesma forma que ele realmente subiu, ele também
realmente voltará.
Quando Jesus voltar ele não voltará apenas em um único local específico,
geograficamente falando. Para que todos o vejam (Ap.1:7) é necessário que ele
A Igreja na Grande Tribulação Página 81
apareça em todos os lugares ao mesmo tempo, assim como pessoas de
poder para isso. Todos o verão porque a sua descida não será sobre apenas um
“Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto! não saiais. Ou: Ei-lo no
A vinda de Cristo não será em apenas um local específico geográfico, mas nos
céus de uma forma que todos, do oriente até o ocidente, possam vê-lo. Todos o
verão, assim como é visível o brilho de um relâmpago, que não tem nada de
“Naquele dia os seus pés estarão sobre o monte das Oliveiras, a leste de
Jerusalém, e o monte se dividirá ao meio, de leste a oeste, por um grande vale,
metade do monte será removido para o norte, a outra metade para o sul”
(Zacarias 14:4)
Então eles dizem: “vejam só, a Bíblia diz que Jesus voltará no monte das
Oliveiras e pisará seus pés nele”! O que eles não percebem é que essa
passagem faz parte de uma das várias linguagens poéticas que são
“Advertência contra o Egito: Vejam! O Senhor cavalga numa nuvem veloz que
vai para o Egito. Os ídolos do Egito tremem diante dele, e os corações dos
egípcios se derretem no íntimo” (Isaías 19:1)
É lógico que Deus não estava literalmente cavalgando numa nuvem no Céu,
fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que à tua presença
tremam as nações! Quando fazias coisas terríveis,que não esperávamos,
22:7)
abalaram, porque ele se irou. Subiu fumaça de suas narinas, e da sua boca um
fogo devorador; carvões se incenderam dele. E abaixou os céus, e desceu; e uma
escuridão havia debaixo de seus pés. E subiu sobre um querubim, e voou; e foi
visto sobre as asas do vento. E por tendas pôs as trevas ao redor de si;
É claro que o fundamento do Céu não se moveu, nem saiu fumaça das narinas
de Deus, nem saiu fogo devorador da boca dele, nem ele teve que subir em um
“Porque eis que o Senhor sai de seu lugar santo, ele desce e pisa sobre os altos
5)
profetizou nada disso sobre o fim dos tempos, mas sobre a destruição de
Samaria (Mq.1:6), que aconteceu em 722 a.C, com a invasão assíria. E nada disso
ocorreu de forma literal em 722 a.C! Miquéias, assim como Zacarias, cita Deus
colocando os pés na terra de forma alegórica, como ocorre muitas vezes na
de 2ª Samuel 22:7-17, Isaías 64:1-3, Isaías 19:1 e Miquéias 1:3-5 também são
literais. Mas já vimos que tais textos são claramente hiperbólicos, assim como o
de Zacarias.
• Não há nada em Atos 1:11 que implique o ho tropos (“da mesma forma”) a
significar que Jesus voltará no mesmo lugar que ele subiu, da mesma forma que
esse mesmo ho tropos em 2ª Timóteo 3:8 não implica que os que resistiam a
Timóteo praticavam magia e viviam no Egito, como Janes e Jambres, citados no
texto.
• Também não há nada que exija uma interpretação literal de Zacarias 14:4,
sobre Deus descer literalmente e colocar os pés em um monte que depois é
atestam que tal descrição é poética e marcada por hipérbole. Não é literal.
depois de voltar nos ares com os santos ressurretos, para então se unir aos
crentes vivos e todos juntos descerem à terra, onde passarão o milênio.
Uma coisa complementa a outra, e não a anula. Da mesma forma que Cristo
estava com os pés na terra antes de entrar na nuvem e subir ao Céu em Atos
1:9-11, ele descerá dos céus sob uma nuvem com os anjos e os mártires
ressurretos, arrebatará sua Igreja e descerá com ela à terra, para celebrar as
Bodas do Cordeiro e passar o milênio em Jerusalém. O processo é o mesmo,
embora não necessariamente no mesmo lugar, nem necessariamente com as
mesmas pessoas.
Por fim, deixei para o final aqueles pontos que simplesmente não precisam de
refutação alguma. Muitos são frutos pura e simplesmente das premissas
fontes de apoio. Mas como colocar alguma referência, por exemplo, em uma
sentença que diz que no arrebatamento começa a tribulação e na segunda
vinda termina a tribulação? Isso não tem base bíblica, mas existe apenas nas
premissas de Darby.
creram nisso, e Jesus disse que o joio seria recolhido primeiro, e não o contrário
A Igreja na Grande Tribulação Página 80
(Mt.13:30).
E que tal a sentença que diz que no arrebatamento a terra não é julgada, ao
passo em que na segunda vinda a terra é julgada? É outra que existe apenas a
realmente acontece antes da terra ser julgada, mas não é isso o que a Bíblia diz,
porque ela situa o arrebatamento no final da grande tribulação. É uma
conclusão premeditada, condicional e dependente de uma premissa já
comprovadamente falsa.
crentes verão a volta de Jesus? Não há nenhuma passagem dizendo isso, seja
explícita ou implicitamente. “Ah, mas Ele vem numa nuvem”, dirão eles. E daí?
Se pelo fato de Jesus aparecer numa nuvem significa que os incrédulos não
poderão vê-lo, então nem os crentes poderão vê-lo. De fato, os seus discípulos
não puderam mais vê-lo depois que ele entrou na nuvem (At.1:9). Logo, nem os
crentes poderiam ver Jesus no arrebatamento! Absurdo? Claro.
estiverem vivos. Da mesma forma que Jesus entrou na nuvem em sua ascensão
todo olho o verá quando ele deixar a nuvem em sua volta. Não se trata de dois
acontecimentos distintos, mas de duas coisas que ocorrem em um mesmo
acontecimento.
Deixei por último a sentença 6 porque não achei que ela fosse séria. “Não há
Jesus”. E o que eles queriam? Que Satanás fosse arrebatado junto com os
crentes? Que forma maravilhosa de formular doutrina: há dois versículos na
a um segundo, sem que nenhum acontecimento tenha que ocorrer antes disso.
Mas será mesmo que a Bíblia ensina a doutrina da volta iminente de Cristo? A
resposta é clara: não! Por mais assustador que isso possa parecer para muitos
que foram a vida toda doutrinados da maneira incorreta, o fato é que a volta de
Jesus não é iminente.
23
O artigo deste site que defende o arrebatamento pré-tribulacional pode ser conferido neste link:
<http://solascriptura-tt.org/EscatologiaEDispensacoes/ArrebatamentoPretribulacional-LHenrique.htm>.
Acesso em: 21/12/2013.
Cristo – uma iminente e outra não-iminente –, sendo que a primeira fase ocorre
no início da tribulação, sem sinais e iminente, enquanto a segunda ocorrerá ao
final dos sete anos da tribulação, e essa sim será “em breve” após o início da
tribulação e não-iminente.
Mas será que os textos bíblicos confirmam essa interpretação? Na verdade, eles
dizem exatamente o contrário. Como biblicamente não existe essa confusão de
“duas fases da segunda vinda”, mas apenas uma única segunda vinda ao final
da grande tribulação, é natural que as referências sobre Cristo voltar em breve
se apliquem aos cristãos, e não somente aos incrédulos que estarão aqui
durante a tribulação. Isso fica claro quando Jesus afirma isso à própria Igreja:
“Por isso, não abram mão da confiança que vocês têm; ela será ricamente
Igreja, e não somente aos incrédulos. O autor de Hebreus fala sobre os cristãos
perseverarem para obterem o que lhes foi prometido por Deus (a vida eterna),
24
ibid.
tribulação, e que não faz nenhuma lógica para eles, já que esses cristãos
segunda vinda de Cristo será iminente são aqueles que dizem que Jesus voltará
como um ladrão (ex: Ap.16:15; 3:3; 2Pe;3:10). Então eles argumentam: “se Jesus
virá como um ladrão então a sua volta será iminente, pois o ladrão não deixa
‘sinais’ de que virá, ele simplesmente vem quando menos se espera”.
“Irmãos, quanto aos tempos e épocas, não precisamos escrever-lhes, pois vocês
mesmos sabem perfeitamente que o dia do Senhor virá como ladrão à noite.
Quando disserem: ‘Paz e segurança’, então, de repente, a destruição virá sobre
eles, como dores à mulher grávida; e de modo nenhum escaparão. Mas vocês,
irmãos, não estão nas trevas, para que esse dia os surpreenda como ladrão”
Paulo primeiro diz que o dia do Senhor virá como um ladrão – ou seja, de forma
iminente –, algo que certamente poderia ser usado por um dispensacionalista
A Igreja na Grande Tribulação Página 88
para formular a tese de que Cristo votará para arrebatar os cristãos sem aviso
25
Para quem não conhece, “Esqueceram de Mim” (Home Alone) é um filme norte-americano de 1990,
em que um menino de oito anos é esquecido sozinho em casa quando sua família inteira sai de férias, e
toma conhecimento de que dois bandidos planejam invadir e roubar sua casa. Como nós não cremos
que Jesus estivesse se referindo a esses ladrões, a analogia ainda é válida.
de Cristo não será iminente para a Igreja, mas somente para os incrédulos. Mas
por quê? Por uma razão simples e óbvia: os descrentes não conhecem as
profecias, a Bíblia diz que eles estão mortos e cegos espiritualmente, eles não
têm discernimento, então é lógico que eles não vão mesmo saber os tempos
em que Jesus voltará, eles não vão conseguir identificar os sinais, não irão nem
saber que estarão vivenciando a grande tribulação!
Portanto, essa segunda vinda ao final da tribulação será uma surpresa para eles,
como Paulo disse. Mas, conforme disse o apóstolo, o mesmo não sucederá à
começam a brotar, vocês sabem que o verão está próximo. Assim também,
quando virem todas estas coisas, saibam que ele está próximo, às portas”
(Mateus 24:32-33)
Jesus estava falando com crentes, com os seus próprios discípulos, e não com
os incrédulos. Os descrentes não vão identificar sinal nenhum, mesmo com tudo
o que estará acontecendo eles serão surpreendidos como o ladrão que vem à
noite, mas conosco Jesus diz que nós veremos estas coisas (tribulação) e
saberemos que ele está próximo! Portanto, podemos assegurar que essa
segunda vinda será como um ladrão (iminente) somente para os descrentes,
A Igreja na Grande Tribulação Página 90
mas não para a Igreja, que verá os sinais da grande tribulação e saberá quando
“Eis que venho como ladrão! Feliz aquele que permanece vigilante e conserva
consigo as suas vestes, para que não ande nu e não seja vista a sua vergonha”
(Apocalipse 16:15)
não ser que fosse antes da grande tribulação. Então como explicar Jesus
dizendo que viria como um ladrão mesmo em meio a essa tribulação? É o que
já dissemos: a volta de Jesus será uma surpresa para o ímpio, mesmo em meio a
Mas aí ocorre um outro detalhe muito importante em meio a tudo isso. Note
que Jesus disse que nós poderemos saber quando ele estará próximo, mas não
disse que nós poderemos saber o dia exato ou a hora exata dessa vinda. É por
isso que todo esse pessoal que marca o dia e a hora em que Jesus vai voltar
sempre falha miseravelmente, porque nós ainda não estamos na grande
tribulação e mesmo quando estivermos só saberemos que Jesus já está “às
portas” (Mt.24:33), ou seja, que falta muito pouco para ele voltar, mas não
poderemos saber o dia exato em que isso irá acontecer. Foi por isso que Jesus
disse:
“Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho,
senão somente o Pai” (Mateus 24:36)
mas diz que antes de ele voltar irá se demitir de onde trabalha, enviará uma
carta e mandará um SMS.
está escrito que irá chegar em breve. Você poderia não saber o dia exato ou a
hora exata em que ele chegaria, mas certamente iria saber de uma coisa: que
ele já está chegando!
A mesma coisa ocorre com os sinais e as profecias bíblicas. Jesus disse que só
perseguição aos cristãos e a maior tribulação que este mundo já viu. O apóstolo
Paulo acrescenta outros sinais no texto que anteriormente já vimos:
“Irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reencontro com
ele, rogamos a vocês que não se deixem abalar nem alarmar tão facilmente,
quer por profecia, quer por palavra, quer por carta supostamente vinda de nós,
como se o dia do Senhor já tivesse chegado. Não deixem que ninguém os
engane de modo algum. Antes daquele dia virá a apostasia e, então, será
revelado o homem do pecado, o filho da perdição. Este se opõe e se exalta
santuário de Deus. Em outras palavras, podemos não saber o dia e hora exatos
III. A morte de Pedro (2ª Pedro 1:14; João 21:18), Paulo (2ª Timóteo 4:6), e de
VIII. Uma grande tribulação (θλῖψις μεγάλη), a maior de todas, que afeta a
26
Essa uma lista resumida, porque, em realidade, poderíamos elaborar uma muito maior, incluindo
também todos os eventos presentes em Mateus 24 e em outras profecias bíblicas do AT e do NT de
coisas que deveriam ocorrer antes da volta de Jesus.
empecilho na vida espiritual, porque amavam ao Senhor mais que aos seus
pecados. O argumento (por vezes suscitado) de que a crença em uma vinda não
Por isso, fica nítido que o fato de não sabermos exatamente quando Jesus irá
voltar não significa que não podemos saber quando que ele não irá voltar. Da
mesma forma que o filho citado no exemplo acima sabe que seu pai só voltará
depois daqueles três sinais mencionados, os cristãos também sabem que Jesus
só voltará depois dos sinais que Ele nos deixou. Mas para o incrédulo a volta de
Jesus será iminente e imprevisível, da mesma forma que os vizinhos daquele
garoto irão se surpreender quando verem seu pai voltando, pois nada saberão
quanto aos sinais deixados por ele: a demissão, a carta e o SMS.
“Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque
“Quero dizer que a última trombeta citada por Paulo em 1ª Coríntios 15:52,
nada tem a ver com última trombeta de Apocalipse 11:15, por razões claras: as
arrebatamento dos vivos, e diz que, quando isso acontecer, a palavra será
cumprida (1Co.15:54), a morte será tragada pela vitória (1Co.15:54), a morte
reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos
séculos dos séculos. E os vinte e quatro anciãos que se encontram sentados no
seu trono, diante de Deus, prostraram-se sobre o seu rosto e adoraram a Deus,
dizendo: Graças te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso, que és e que eras,
28
COSTA, Silvio. Razões pelas quais creio que a igreja será arrebatada antes da grande tribulação.
Disponível em: <http://colunas.gospelmais.com.br/razoes-pelas-quais-creio-que-igreja-sera-arrebata-
antes-da-grande-tribulacao_7010.html>. Acesso em: 25/12/2013.
“Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e,
então, retribuirá a cada um conforme as suas obras” (Mateus 16:27)
24:31, vemos também que uma trombeta soará na volta gloriosa pós-
tribulacional de Jesus. Seria mais uma mera coincidência?
“E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão
aos mortos e galardão aos servos, que é o mesmo que ocorre no final da
tribulação na volta gloriosa de Cristo (Mt.16:27), além de uma última trombeta
todo o contexto bíblico, é passar por cima do fato de que existem trombetas
pós-tribulacionais tanto no Apocalipse quanto em Mateus 24, é quebrar toda a
harmonia entre os textos bíblicos e dizer que nenhum deles tem
correspondência um com o outro, que todos citavam trombetas diferentes que
A Igreja na Grande Tribulação Página 94
não tinham nenhuma conexão entre si!
Além disso, se Jesus citou uma trombeta tocando em Sua volta depois da
tribulação é porque a “última trombeta” não é pré-tribulacional, a não ser que
absurdo. Paulo não disse que uma trombeta soará no arrebatamento, ele disse
arrebatada ao som da última trombeta, o que supõe que existem outras antes
dela!
tribulação, que a Bíblia não diz em lugar nenhum, devem ser cridas!
Teoricamente isso seria um absurdo em qualquer doutrina teológica que fosse,
mas, como estamos tratando do dispensacionalismo de Darby, essa é a regra,
essa é a rotina. Nenhuma novidade.
trate sobre o tema de forma aberta e categórica e que advogue tal posição,
Darby se viu obrigado a lançar mão de textos obscuros do AT como se fizessem
Muitos exemplos podem ser citados aqui, mas os principais são: as duas ursas
que devoram 42 rapazes em 2ª Reis 2:24 e que seriam uma tipologia das duas
bestas que devorarão os israelitas durante a tribulação; José como sendo um
“tipo” de Cristo casando-se com Azenate como sendo um “tipo” da Igreja sete
anos antes da fome de Gênesis 41:45; Jesus dizendo para João “subir” em
Golias e eu comprarei meu carro; Moisés suplanta faraó e meu emprego é certo;
Josué conquista Jericó, e as muralhas das dívidas vão cair”30. As tipologias
inventadas pelos falsos mestres não tem limites, mas vão até onde a imaginação
Isso não significa que são existam figuras tipológicas na Bíblia, mas significa
que, em se tratando de tipologias, devemos nos limitar àquilo que foi
esclarecido expressamente pelos próprios escritores bíblicos, como, por
exemplo, o fato de Jesus ser o Cordeiro de Deus que substitui o cordeiro pascal
da Antiga Aliança, a tipologia entre Adão e Cristo (Rm.5:12-21), o exemplo
original divino por trás do tabernáculo terrestre (Hb.8:5; 9:24), Jesus e
Melquisedeque (Hb.7:15), dentre outros. Se formos além daquilo que a Bíblia diz
“É possível que alguém imponha sobre a Bíblia sua própria vontade. É possível,
e não muito difícil para quem é esperto, enganar muitas pessoas quanto a
estranhas interpretações da Bíblia. Mas o problema não é com a interpretação
em si, mas que a Bíblia foi mal interpretada e mal aplicada. E toda má aplicação
da Bíblia tem que partir de uma má interpretação. A única defesa contra estes
própria Bíblia explica o significado delas, porque nem tudo na Bíblia tem
alguma tipologia por detrás do que está escrito, e nem toda a
interpretação humana pode interpretar corretamente uma tipologia.
Doutra forma, poderíamos ter um milhão de interpretações diferentes para um
milhão de eventos distintos, cada qual dependendo apenas e exclusivamente da
imaginação do próprio intérprete, que sempre estará tendenciado a interpretar
da forma que mais lhe convém, extraindo para si aquilo que não está no relato
tese de forma clara, e não em cima de passagens obscuras que nem se sabe ao
certo se possuem mesmo alguma tipologia em torno delas, quanto menos se
Por exemplo: sobre a história das duas ursas que devoraram 42 rapazes, o
33
Pastor Abílio Santana. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?annotation_id=annotation_263223&feature=iv&src_vid=dXGn1HrC-
Sw&v=F6SE36dp4GU>. Acesso em: 23/12/2013.
desviados que serão deixados para trás, e, portanto, deveria ser contra Eliseu
(os israelitas/cristãos deixados para trás) que as duas ursas deveriam
Talvez, se o relato dissesse que as duas ursas partiram contra Eliseu, tal relato
e dos israelitas, e não contra eles! Isso é absurdo, é herético e não cabe nem
E para deitar por terra de uma vez por todas essa interpretação grotesca em
cima do relato de 2ª Reis 2:24, que não possui tipologia nenhuma (ou, se possui,
não tem qualquer ligação com aquilo que eles imaginam), a continuação do
relato diz que Eliseu ficou com porção dobrada do espírito de Elias (2Rs.2:9).
Ora, se Elias era a verdadeira Igreja que já estaria no Céu e Eliseu seria a “falsa”
Igreja, formada pelos pseudo-cristãos, por aqueles que não vivem o evangelho,
A Igreja na Grande Tribulação Página
103
34
Essa opinião divide os pré-tribulacionistas. Como eles não conseguem se entender nem com eles
mesmos em relação às “tipologias” bíblicas, uns dizem que Eliseu representa a “Igreja que fica”, outros
dizem que representa Israel e outros dizem que representa os incrédulos de forma geral.
35
Eu sinceramente não sei de onde foi que o pastor Abílio Santana tirou a ideia de que eles eram
“anões”, já que todas as versões bíblicas que conheço vertem por “meninos” ou “rapazes”. Talvez tenha
sido do mesmo lugar que ele tirou a ideia que sete anos é o equivalente a 42 meses.
unção dos verdadeiros crentes, o que é, mais uma vez, algo ridículo e
absolutamente incogitável.
Darby, eles citam o casamento de José com Azenate, que aconteceu sete anos
antes da fome que abateu o Egito, registrada em Gênesis 41:45. Essa tipologia
qualquer aspecto. E muito menos que Azenate era uma figura da Igreja; ao
(Gênesis 41:45)
Além disso, para que a tipologia se cumprisse perfeitamente José deveria ter se
casado imediatamente antes do começo dos sete anos de fome no Egito, assim
antes do começo da grande tribulação. Mas isso não acontece com Jacó, que se
casou sete anos antes do começo da fome, que ainda se estenderia por outros
sete anos (Gn.41:47). Em outras palavras, se este relato fosse mesmo uma
“Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a
primeira voz, que como de trombeta ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e
mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer” (Apocalipse 4:1)
mais uma forçação de barra criada por pessoas que querem e precisam
Mas, ainda que essa interpretação não fosse tendenciosa, não fosse fruto de
eisegese, não fosse ver mais do que aquilo que o texto realmente diz e nem
fosse nenhuma forçação de barra, isso em nada afetaria a doutrina do
arrebatamento pós-tribulacional, pois Jesus poderia muito bem estar tipificando
arrebatamento pré-tribulacional.
no rapto secreto:
“Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno” (João
17:15)
refutado nestas linhas será apenas aquilo que não foi refutado em outros
arremesso criado para voltar à mão do arremessador quando não atinge o alvo.
E é exatamente isso que ocorre com este “argumento” dos pré-tribulacionistas:
Primeiro, se o fato de a palavra “Igreja” não ser citada nos capítulos 6-18
(período da tribulação) significa que ela não estará na terra neste período, então
o fato de ela também não aparecer nos capítulos 19-21 deveria significar que
ela também não estará na terra durante o milênio, já que ela também não
aparece nestes capítulos, quando, de acordo com a cronologia elaborada por
eles, a Igreja já deveria ter descido para viver o milênio aqui. Isso por si só já
A Igreja na Grande Tribulação Página 103
basta para mostrar que tal argumento não vale nada.
nas epístolas, como o Corpo de Cristo invisível e universal, mas apenas como
referência às igrejas locais na Ásia, porque foi para quem João destinou o
essa ótica dispensacionalista deveríamos crer que a Igreja como um todo não
existe ou que ela foi arrebatada antes mesmo da “vinda secreta”!
estará na terra, então o fato de a palavra Igreja também não aparecer em lugar
nenhum quando o Apocalipse fala das coisas que ocorrerão no Céu deve
significar que a Igreja também não estará no Céu. Por essa lógica, a Igreja não
estaria em lugar nenhum!
E a quarta e final prova é que a palavra “Igreja” não precisa aparecer quando se
está falando da Igreja! Quando num púlpito alguém diz “irmãos”, sabemos que
ele está falando da Igreja, porque “irmãos” é uma terminologia empregada para
os irmãos em Cristo, ou seja: cristãos. O mesmo ocorre com outras palavras que
que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro do
contra os quais a besta irá fazer guerra. Que santos seriam esses, se a Igreja já
estaria arrebatada, no Céu? Os pré-tribulacionistas são obrigados a crerem que
Ou seja: não é através de uma exegese que eles chegam à conclusão de que os
santos do Apocalipse não são a Igreja, mas sim através de suas próprias
“santos” como a Igreja da mesma forma que ele identificaria o mesmo nas
epístolas, o que é claramente a leitura mais natural do texto.
mais óbvia que seja, que contrarie sua teologia, ainda que em outros locais da
A Igreja na Grande Tribulação Página 107
Bíblia eles aceitem tais fatos sem contestação, pois não afetam sua crença em
um arrebatamento pré-tribulacional. Trata-se de uma visão tendenciosa e
manipulada da Bíblia, limitando a interpretação aos limites permitidos pelo
dispensacionalismo, e não de uma leitura honesta e natural do texto.
No meio da mais tensa tribulação, Deus diz que tinha um povo ali:
“Porque todas as nações têm bebido do vinho da ira da sua prostituição (queda
da Babilônia), e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da
terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias. Ouvi outra voz do céu
dizer: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos sete pecados, e
“Se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém sobreviveria; mas, por causa
dos eleitos, aqueles dias serão abreviados” (Mateus 24:22)
“Pois quê? O que Israel busca, isso não o alcançou; mas os eleitos alcançaram; e
O contraste deixa claro que os eleitos são a Igreja, os cristãos, e não Israel.
Todos os israelitas que se convertem passam a fazer parte deste grupo de
eleitos – a Igreja –, junto aos gentios que também creem em Cristo, e, portanto,
A Igreja na Grande Tribulação Página 109
é à Igreja que Jesus se referia em Mateus 24:22. Não se trata de israelitas não-
cristãos, nem de incrédulos ou de falsos crentes que forem “deixados para trás”.
É o texto mais claro de que a Igreja estará na grande tribulação, pois a palavra
“eleitos” nunca foi usada no NT para se referir a outra coisa senão à Igreja!
Apocalipse:
“Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra contra os santos e prevalecia
contra eles, até que veio o Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo;
e veio o tempo em que os santos possuíram o reino. Proferirá palavras contra o
Note que, quando Daniel fala do tempo da grande tribulação (“um tempo, e
tempos, e metade de um tempo”), ele nada fala sobre os santos estarem fora
dela, sobre serem raptados ou arrebatados secretamente. Ao contrário: diz que
serão entregues nas mãos do anticristo, que durante algum tempo inclusive
prevalecerá contra eles, mas Cristo virá em auxílio deles e lhes dará a vitória,
fazendo justiça pelos seus santos. É a Igreja presente na grande tribulação o
tempo todo, o que só não é perceptível para aquele que já está pré-disposto a
rejeitar este fato.
parousia (vinda visível) ocorre ao final da tribulação, depois dos sete anos. Este
argumento falha exatamente em não considerar que o harpazo ocorre na
A Igreja na Grande Tribulação Página 111
parousia, ou seja: que o arrebatamento ocorre na vinda visível de Cristo. Isso
fica provado pelo fato de que o termo parousia é usado tanto para se referir à
vinda visível como também quando se refere ao arrebatamento.
“Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos
eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com
o Senhor” (1ª Tessalonicenses 4:15-17)
Perceba que Paulo não está falando de dois eventos distintos, separados por
sete anos, ao contrário: está descrevendo um mesmo evento, e diz que nós
ficaremos vivos até a parousia do Senhor! Portanto, se a parousia é a vinda
visível ao final dos sete anos, então Paulo está sendo explicitamente pós-
tribulacionista, pois diz que nós ficaremos vivos até lá! Isso fulmina com as
pretensões dispensacionalistas que tem por base uma superficial distinção entre
parousia!
tês parousias autou” (2Ts.2:8). Ou seja: para Paulo, parousia significa tanto o dia
do arrebatamento como também o dia da vinda visível ao final da tribulação,
porque, para ele, não existia tal distinção, pois era exatamente na parousia que
ocorreria o harpazo!
Isso acontecerá quando o Senhor Jesus for revelado lá do céu, com os seus
anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes. Ele punirá os que não
da majestade do seu poder. Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser
glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram, inclusive vocês
Paulo está falando do dia em que nós receberemos alívio da parte de Deus, que
ocorrerá quando o Senhor Jesus Cristo for revelado. Para os pré-tribulacionistas
isso ocorre na suposta “vinda secreta” sete anos antes da tribulação, enquanto
os pós-tribulacionistas creem que isso ocorre no final da grande tribulação, na
algazarra”37. Ela vez da palavra grega keleuma, que significa “um grito de
37
Significado de “alarido” disponível em: <http://www.dicio.com.br/alarido/>.
38
De acordo com a Concordância de Strong, 2752.
Essa vinda que Paulo se refere também tem que ser visível, porque ele faz
que, neste dia, o Senhor Jesus será revelado nos céus. Portanto, não se trata de
uma vinda secreta, mas da própria revelação de Jesus Cristo, quando “todo olho
o verá” (Ap.1:7).
presentes na mente.
das pessoas se tornam parte da sua realidade.
3) manifestações, aparecimento.
prova que a vinda de Jesus no dia do arrebatamento será visível e não secreta
está nos versos 8 e 9, que dizem: “Ele punirá os que não conhecem a Deus e os
poder” (vs.8,9).
Se essa volta de Jesus ocorresse sete anos antes do fim da tribulação, então
Paulo teria dito que a punição aos ímpios seriam estes sete anos da tribulação
apocalíptica. Mas ele em lugar nenhum faz menção a esta “punição”, mas sim à
morte eterna, a destruição para sempre (v.9) que ocorrerá no dia do Juízo, que
tribulacionismo, em que os ímpios ainda viverão outros sete anos antes que
esse juízo de condenação aconteça.
Paulo diz que isso (a destruição eterna, que ocorrerá após o juízo) acontecerá
“quando Jesus vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer
verdade, já que no início da tribulação os ímpios não irão para a morte eterna,
eles só serão condenados depois da tribulação!
Mesmo que fosse, e daí? A “tribulação” que abateu os egípcios nas dez pragas
do Egito vieram apenas sobre eles, mas nem por isso Israel – ou as outras
dilúvio, ele não optou por arrebatar Noé e sua família para depois de a chuva
passar colocá-los de volta a salvos em terra firme (como pensam os pré-
para passarem o milênio), mas optou pelo contrário: deixar Noé e sua família o
tempo todo neste planeta, embora protegidos por Deus das catástrofes.
israelitas não implica de modo nenhum que a Igreja tenha de ser tirada da
terra. O dilúvio também não era para condenar Noé e sua família, mas eles não
foram tirados da terra por isso. As pragas do Egito também não eram para
provar os israelitas, mas eles não foram tirados da terra por isso. O mesmo
pode-se dizer do fogo que caiu sobre Sodoma e Gomorra, dos sete anos de
fome no Egito, da batalha entre Jerusalém e Roma em 70 d.C, enfim: de toda a
história humana. Deus nunca precisou tirar povo algum do planeta para exercer
seu juízo sobre outros povos.
envolveu guardar, e não tirar. Mesmo quando o “alvo” principal não eram os
cristãos. Portanto, responder a esta pergunta é tão simples quanto fez
39
BRASILINO, Gyordano Montenegro. Em resposta. Disponível em:
<http://cristianismopuro.blogspot.com.br/2011/02/em-resposta.html>. Acesso em: 25/12/2013.
“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se
fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do
mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
Lembrem-se da palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do que o seu
senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se
O meu livro “Chamados para crer e sofrer”40 foi produzido exclusivamente para
refutar a tese de que o crente não pode sofrer, e possui um enorme compêndio
de citações bíblicas e históricas dos cristãos de ontem e de hoje sofrendo
A história nos mostra que todos os doze apóstolos, excetuando Judas e João,
40
O livro está disponível em versão impressa e também em e-book de forma gratuita, através do meu
site, neste link: <http://www.apologiacrista.com/index.php?pagina=1087350163>.
ser crucificado de cabeça para baixo por julgar-se indigno de morrer na mesma
posição que seu Mestre. O outro Tiago foi decapitado em Jerusalém por
Milapura, em 53 d.C. Paulo morreu decapitado no mesmo ano que Pedro. Lucas
foi enforcado em uma oliveira na Grécia. Matias foi martirizado na Etiópia.
Milão (313 d.C) e a união com o império romano sob Teodósio I, no Édito de
Tessalônica (380 d.C), quando o Cristianismo se tornou a religião oficial do
império. Mas isso não foi o fim: a inquisição papal medieval tratou de perseguir
41
Tácito foi governador da Ásia, pretor, cônsul, questor, historiador romano e orador. Escreveu sobre os
cristãos aproximadamente em 64 d.C.
42
Tácito, Annales, XV.44.
43
Suetônio foi um escritor latino que nasceu em 69 d.C e era o historiador romano oficial da corte de
Adriano, escritor dos anais da Casa Imperial.
44
Suetônio, Vida dos doze Césares, n. 25, p. 256-257.
45
Flávio Josefo foi o mais importante historiador judeu do século I.
46
Antiguidades,20.9.1.
47
Caio Plínio Cecílio Segundo, mais conhecido simplesmente como “Plínio, o Jovem”, foi um orador,
A Igreja na Grande Tribulação Página 115
jurídico e governador imperial na Bitínia. Em suas cartas ao imperador Trajano ele confessa que já tinha
matado muitos homens, mulheres e crianças que se diziam cristãos, e, em função dessa grande
carnificina, tinha dúvidas se deveria continuar matando. O imperador respondeu que sim.
48
Epístola X, 97.
49
As referências completas, além de muitas outras, estão acessíveis em meu livro: “As Provas da
Existência de Deus”.
que anualmente entre 100 e 200 mil cristãos morram por causa da sua fé. Essa
quantidade de mártires mostra que estamos passando pela maior era de
Portanto, o fato de Deus ser amor nunca o impediu de permitir que os cristãos
de todas as eras não fossem poupados das tribulações. Uma grande tribulação
aqui no Brasil poderia ser um espanto para algum brasileiro que não está nem
um pouco familiarizado com a verdadeira perseguição religiosa que há no
A palavra de Deus é clara em dizer que Deus livra os justos de todas as suas
tribulações (Sl.34:17), mas mesmo assim em toda a história humana milhões de
justos já foram torturados e mortos. Jesus nos disse que nos guardaria do
maligno (Jo.17:15), que nos livraria do mal (Mt.6:13) e que estaria conosco até a
consumação dos séculos (Mt.28:20), mas isso nunca impediu que milhões de
cristãos fossem massacrados ao longo de dois milênios. Da mesma forma, Deus
prometeu que guardaria a Igreja da tribulação (Ap.3:10), mas isso não vai
impedir que hajam verdadeiros mártires na tribulação (Ap.20:4; 13:10).
Guardar é manter a fé intacta, dar forças para perseverar até o fim (Mt.24:13),
para conseguir resistir ao anticristo e vencê-lo (Dn.7:21-26). Não é não ter que
A Igreja na Grande Tribulação Página 117
passar pela morte, se isso for necessário. Em Apocalipse 3:10, Jesus não está
50
Os dados podem ser conferidos neste link:
<http://www.gordonconwell.edu/resources/documents/gd16.pdf>.
51
Dados disponíveis em: <http://noticias.terra.com.br/mundo/asia/coreia-do-norte-lidera-lista-de-
perseguicao-aos-cristaos,3b086380c0ada310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html>.
sobre estar conosco para sempre (Mt.28:20), e também estará no tempo do fim.
Mas isso nunca tirou qualquer cristão da terra – apenas o guardou do maligno
(Jo.17:15).
“Eis que eu lhes digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos
primeiro lugar, porque o próprio versículo utilizado por eles (1Co.15:51,52) não
fala apenas da volta de Jesus, mas da ressurreição. Acontece que essa
Em segundo lugar, uma análise simples das vezes em que Paulo usou a palavra
“mistério” extermina a crença de que isso se trata de algo que não possa ter
mas, ao invés de dizer que isso é um mistério exatamente em função de não ter
sido previsto no Antigo Testamento, ele faz exatamente o inverso: usa uma
“Irmãos, não quero que ignorem este mistério, para que não se tornem
presunçosos: Israel experimentou um endurecimento em parte, até que
chegasse a plenitude dos gentios. E assim todo o Israel será salvo, como está
escrito: ‘Virá de Sião o redentor que desviará de Jacó a impiedade. E esta é a
“Ora, àquele que tem poder para confirmá-los pelo meu evangelho e pela
Paulo fala de um “mistério oculto” que foi dado a conhecer “pelas Escrituras
proféticas” (AT). Ao invés de ser um mistério por estar oculto nas Escrituras, é
Testamento! Aos colossenses, Paulo diz que o mistério de Deus é Cristo (Cl.2:2),
mas todo o capítulo 65 de Isaías é uma descrição profética de Cristo! Da mesma
forma, João diz no Apocalipse:
“Mas, nos dias em que o sétimo anjo estiver para tocar sua trombeta, vai se
cumprir o mistério de Deus, da forma como ele o anunciou aos seus servos,
A Igreja na Grande Tribulação Página 121
os profetas” (Apocalipse 10:7)
João diz que na sétima trombeta o “mistério de Deus” irá se cumprir, mas esse
“mistério”, diz ele, não era algo que estava oculto dos profetas do Antigo
Paulo também disse que era um mistério que “mediante o evangelho os gentios
são co-herdeiros com Israel, membros do mesmo corpo” (Ef.3:5,6), mas esse
mesmo apóstolo citou textos como Isaías 65:1 (em Rm.10:20), Deuteronômio
32:21 (em Rm.10:19), Samuel 22:50 (em Rm.15:9), Salmos 117:1 (em Rm.15:11),
Isaías 66:10 (em Rm.15:10) e Isaías 11:10 (em Rm.15:12) como textos bíblicos do
Ou seja: para Paulo, o fato de algo ser um “mistério” de jeito nenhum significa
desta era ou dos poderosos desta era, que estão sendo reduzidos a nada. Pelo
contrário, falamos da sabedoria de Deus, do mistério que estava oculto, o qual
Deus preordenou, antes do princípio das eras, para a nossa glória. Nenhum dos
poderosos desta era o entendeu, pois, se o tivessem entendido, não teriam
É um mistério, não em função de nunca ter sido predito, mas em razão de que
os “poderosos desta era” (i.e, os incrédulos, os céticos) não terem entendido.
Tem a ver, portanto, com a falta de compreensão daquilo que foi dito, e não
com não ter sido dito. Se não tivesse sido predito, Paulo não teria dito que eles
“não entenderam”. Se não entenderam, é porque alguma coisa de fato foi dita,
mas mal compreendida pelos incrédulos.
Portanto, não há nada que obrigue a segunda vinda de Cristo a não estar
presente de uma forma ou de outra no Antigo Testamento, ou que nos leve a
• As Bodas do Cordeiro
bodas com o Cordeiro no início da tribulação, quando for arrebatada sete anos
antes do fim. Como já era de se esperar, a Bíblia não diz isso em lugar nenhum.
Mas Darby diz. Ele só não se preocupou com Apocalipse 19:6-7, que diz:
“E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas
águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! pois já o Senhor
Deus Todo-Poderoso reina. Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe
tribulação, é porque elas não ocorreram ainda. Qualquer ser pensante entende
isso. Se eu digo: “a Ceia de fim de ano está próxima”, é porque eu não participei
foram celebradas há sete anos, ao contrário: diz que as bodas ainda viriam a ser
celebrada! Se no final da tribulação há o anúncio que as bodas estavam
chegando, é porque elas só chegariam depois disso.
conosco no milênio, depois que ele descer dos céus com os santos ressurretos,
se encontrar com os vivos arrebatados e descer à terra, estabelecendo o reinado
Paulo disse que, “ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho
diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado” (Gl.1:8). À luz de
todas as provas bíblicas e históricas, podemos ter a plena convicção de que o
por Paulo. Que nunca cristão algum até o século XIX sequer imaginou que
assim como muitos outros. O problema mesmo são as consequências que essa
doutrina gera na Igreja. A Bíblia diz que o anticristo fará guerra aos santos na
grande tribulação (Dn.7:21), e o que todo inimigo mais deseja é o que seu
oponente esteja despreparado para a batalha. Satanás não quer encarar uma
Mas como? Nada melhor para tornar seu inimigo ignorante do que convencê-lo
mantê-las presas em seu domínio. Mas isso não era uma opção contra a Igreja,
já que a Igreja crê que o diabo existe. Então contra a Igreja ele teve que mudar
Assim, foi fácil para ele levantar um falso profeta que começasse a disseminar
uma nova doutrina, até então nunca antes crida ou pregada, sobre um rapto
secreto, antes de toda a tribulação. É claro que não foi fácil fazer isso. Ele teria
que remendar toda a Bíblia, pois ela só faz sentido com a ótica pós-
tribulacionista. Era necessário que Jesus voltasse outras duas vezes, a qual ele
Também foi necessário incluir uma ressurreição antes da primeira, dizer que a
última trombeta não é a última trombeta, que os discípulos para quem Jesus
“conhecimento limitado”.
Mas para passar uma carinha mais cristã a essa doutrina e divulgá-la aos quatro
cantos da terra foi importante acrescentar tal nova ideia em livros, notas de
rodapé nas Bíblias, filmes, produções cinematográficas. E isso era só o começo,
o impulso, pois o resto o próprio povo faria por si mesmo, pois ninguém
A Igreja na Grande Tribulação Página 121
mesmo quer passar por uma grande tribulação.
crentes, que já estariam no Céu e não passariam por nada do que ocorreria aqui
na terra.
E a consequencia deste falso ensino se vê até hoje. Marca da besta? Não precisa
se preocupar; afinal, nós nem estaremos aqui, então “e daí”? É melhor fazer
como disse o pastor Ciro Sanches Zibordi, em seu artigo intitulado: “Obama
aprovou a implantação de biochips. E daí?”. Onde ele também diz:
“E se isso for verdadeiro? Em que nos afetaria? (...) Quanto ao sinal da besta, não
precisamos nos preocupar com isso. Por quê? Porque a Igreja não o receberá
em hipótese alguma! (...) Os salvos já estão marcados pelo sangue do Cordeiro
e serão arrebatados antes da manifestação do homem do pecado! Por que,
então, precisamos nos preocupar com o sinal da besta?”52
É isso. A partir de agora, o seu inimigo principal, a Igreja, não estaria mais nem
aí para a grande tribulação nem teria razões para se preocupar com isso, mas
Não. A Igreja está como as raposas nos desertos. Não repara as brechas, não
refaz seus muros para estar firme na batalha do dia do Senhor 54. Ela está
dizendo “paz”, quando não haverá paz55. Está construindo um muro frágil, e
sobre ele lhe passam a cal56.
Mas você é a Igreja. Você é um membro de Corpo de Cristo. Você pode estar
preparado para o grande dia. Você decide qual verdade irá anunciar. Você pode
ser mais um canal de Deus nesses últimos dias, mais um reparador de brechas,
mais um vigia que não dorme, mais um reformador da Igreja. Ou pode ser mais
um pregador de paz, quando não há paz.
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