Afinação Nos Instrumentos de Corda

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Universidade de São Paulo


Fundamentos da
Acústica Musical
Disciplina ministrada pelo Prof. Dr. Régis Rossi A. Faria.
23 de junho de 2015, Ribeirão Preto - SP.

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Afinação nos instrumentos de cordas:
Desafios de sistematização e pedagogia
Walisson Higor da Cruz
Universidade de São Paulo

Ribeirão Preto - SP, 14010-090


[email protected]

RESUMO
A afinação abordada nos pormenores da prática metodológica e pedagógica: avanços históricos que dialogam
com a própria tecnologia do instrumento. Como se deu o desdobramento destes processos no contexto de
expansão da técnica do violoncelo é objeto de pesquisa neste trabalho. Instrumento artesanal, dotado de uma
história de mais de seis séculos, será o meio pelo qual a pesquisa de fenômenos acústicos decorrerá. A
conceituação sistemática de diferentes escalas e sua diferenciação nos permite entender como a afinação era
praticada ao longo dos séculos. Fatores fisiológicos, tal qual a percepção de alturas dentro de um intervalo de
semitom, e propostas pedagógicas de correção da afinação também são abordadas. A conclusão apresenta ainda
o crivo científico, possibilitando diferenciar-se a boa da má afinação.

problema? Esta análise prontifica-se a verificar os


1. INTRODUÇÃO
pormenores históricos da afinação nos instrumentos
É muito próprio dos instrumentistas de corda o uso de corda e pretende solucionar os questionamentos
de escalas e arpejos para condicionamento da anteriores.
afinação de seus dedos. Este tipo trabalho, que
envolve memória muscular, também exige boa dose 1.1 O Violoncelo
de percepção: ao lidar com outros instrumentos, seja O violoncelo é o instrumento “baixo” da família do
com o piano ou em um quarteto de cordas, por violino. Seu nome em italiano significa “uma
exemplo, afinar acordes nem sempre é tarefa fácil. A pequena grande viola”. A primeira evidência de sua
afinação nem sempre é percebida da mesma forma existência vem de 1528, e a primeira pintura que o
por dois ou mais músicos. Pelo menos em algum registra de 1534-6. Desenvolveu-se a partir de
momento de sua carreira o interprete irá questionar modificações de um “violone”, instrumento primitivo
ou ser questionado sobre a sua afinação, e de de registro grave que se assemelhava a uma viola. A
prontidão deve justificar seus métodos, analisar nomenclatura de seus antecedentes nem sempre é
situações duvidosas e ter o respaldo metodológico precisa, o que dificulta o acompanhamento de sua
necessário para agir da melhor maneira possível. evolução histórica, mas pode-se afirmar que foi
Em outras palavras, como deve o músico de cordas Antônio Stradivari o responsável por definir os
se adaptar a diferentes meios e temperamentos? moldes que serviram de modelo para o instrumento
Como este processo aconteceu ao longo da história e desde então[1].
de que forma os tratados de técnica abordaram o
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1.1.1. Funcionamento Em primeiro lugar, deve-se ter o material bruto


Assim como os outros instrumentos da família do disponível, bem como um molde de um modelo já
violino, o violoncelo é tocado com um arco, pré-existente para tornar prático o trabalho.
produzindo-se som a partir do contato entre crina e
corda (são quatro, em ordem de mais grave para mais
aguda: dó, sol, ré, lá – afinado em quintas justas,
portanto). Cabe ao instrumentista ajustar seus dedos
na fração correta da corda para a produção do tom
almejado. Este procedimento envolve prática apurada
e registro de memória muscular, uma vez que não há
referências visuais para acertar-se a posição de dada
frequência (não há trastes).
Antes de se entender o processo de construção do
instrumento, deve-se compreender suas partes, como
ilustrado na figura abaixo.

Figura 3 – Molde de violoncelo modelo Stradivarius.

Prepara-se o espelho, removendo asperezas e


polindo-o: afinal, é o local que a mão esquerda do
violoncelista estará praticamente o tempo todo.
Entalha-se a voluta, trabalha-se a madeira bruta sobre
o molde, preparam-se e colam-se as laterais, costas e
topo.

Figura 1 – Partes do violoncelo. [2]

1.1.2. Fabricação
Instrumentos como os violoncelos são fabricados
de forma artesanal, e demandam uma oficina ou
Figura 4 – Partes laterais devidamente coladas
conjunto de ferramentas específicas que possibilitam
ao construtor (chamado luthier) a confecção do Limpa-se o tampão, polindo-o para que fique com
mesmo. o menor número de rugosidades possível. Coloca-se
o mesmo sobre a parte já previamente montada
(como na imagem acima), lacrando assim o corpo do
instrumento. Desenham-se as bordas e demais
adornos, coloca-se o pescoço e o espelho (parte
superior do instrumento, que vai até a voluta),
adiciona-se o verniz. Depois de seco, o instrumento
pode receber seus demais itens, como a alma,
cavalete, cravelhas e cordas, e está pronto para uso.
Vale ressaltar que por vezes demais ajustes podem
ser feitos mediante uso posterior.
Além disso, deve-se resinar a crina para que haja a
efetiva produção do som.

Figura 2 – Oficina de lutheria.[3]

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pitagórica, intervalo microtonal de cerca de um


quarto de semitom).
Além disso, em comparativo com os sistemas
regulares de afinação (como a temperada), a escala
Pitagórica tem as segundas e terças maiores mais
altas e as segundas e terças menores mais baixas.
Melodicamente segundas maiores são belas e o
caráter incisivo das segundas menores tem grande
Figura 5 – Momento em que adiciona-se o verniz valor expressivo.
A escala pitagórica funciona bem não apenas para
2. CONCEITUAÇÃO o organum paralelo mas também para a polifonia do
gótico tardio, em que a sexta maior desempenharia
É necessário, antes de se examinar os pormenores um papel similar ao dos acordes de dominante com
da afinação na execução musical, verificar conceitos sétima na música das tríades de tempos posteriores.
básicos que possibilitem o entendimento contextual. [1]
2.1 Escalas e notas
Escalas são uma sequência de alturas selecionadas 2.3 Afinação justa
dentre as possibilidades de audibilidade do ouvido
humano (contabiliza-se que ele pode distinguir até 30 Calculada dos harmônicos naturais de uma corda
alturas no intervalo de um semitom). Cada altura vibrante. O resto dos intervalos são encontrados ao se
dessa escala é chamada de nota. [4]. multiplicar ou dividir o dado intervalo nestas alturas
naturais. As divergências ocorrem nas terças maiores
Para facilitar a comparação entre diferentes e sextas, onde a aritmética leva a terças maiores e
intervalos de diferentes escalas é necessário sextas mais estreitas (três primeiros graus da escala
introduzir uma subdivisão padronizada da oitava pitagórica: 1:1, 9:8, 5:4; afinação justa: 1:1, 9:8,
chamada cents[5]. Cada semitom em uma afinação 81:64). A terça aqui é calculada ao multiplicar uma
temperada tem o valor de 100 cents. segunda maior com outra segunda maior (9² x 8²).
Tendo-se muitas possibilidades de percepção em Este sistema favorece a terça pura sobre a quinta
um pequeno intervalo (semitom), tornou-se perfeita, e seu surgimento coincide — não
necessário escolher uma das frequências para surpreendentemente — com o período da renascença
registrar uma nota exata. Ao longo dos tempos, quando os modos eclesiásticos estavam sendo
diferentes sistemas foram criados para este substituídos pela escala diatônica. É interessante
procedimento. observar que muitos compositores contemporâneos,
incluindo Terry Riley, renovaram o interesse na
afinação justa.[5]
2.2 Escala Pitagórica
Como representativo direto da herança cultural 2.4 Escala de tons médios
grega, tem-se o trabalho de Pitágoras na codificação
dos intervalos musicais. Cabe lembrar que para os Um sistema de temperamento ou afinação de
gregos a música era uma representação da harmonia escala existente particularmente em instrumentos que
universal, carregada de valores morais e que podia não possibilitam a flexibilidade de afinação durante a
ser expressa matematicamente. Desta última crença performance. Difere-se da escala temperada
tem-se talvez o primeiro experimento científico geralmente usada nos instrumentos hoje em dia.
empírico realizado: a subdivisão do monocórdio em Refere-se a um sistema em que a afinação de terças
partes iguais. A diferença entre os sons obtidos após maiores (proporção da frequência 5:4) é divida em
a divisão deu-se o nome de intervalo, que obedecia a dois tons inteiros iguais (enquanto que na afinação
certas proporções aritméticas. O pensador grego justa há dois tamanhos de tom inteiro,
também teria colocado os quocientes dos primeiros correspondendo às proporções 9:8 e 10:9). Para
números inteiros, como 3/2 e 4/3 como fatores de conseguir isto o afinador deve temperar as 5ªs e 4ªs,
dependência dos intervalos musicais. [4] tornando as 5ªs menores e as 4ªs maiores que as
puras por um quarto de coma sintônica (cerca de
Todos os tons da escala são determinados por 5,375 cents) [1].
empilhamentos de quintas perfeitas sem alterações.
[5] É satisfatória para melodias diatônicas, mas Este era o sistema predominante nos séculos XVI e
quando o cromatismo é introduzido problemas XVII, mas provou-se incapaz de perfazer
maiores ocorrem (como é o caso da chamada comma modulações mais complicadas do que uma estrita
cadência tonal. [5]

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2.5 Escala Temperada 4. HISTÓRICO DA PRÁTICA DE AFINAÇÃO


Padrão em praticamente todos os instrumentos de
Ao longo dos séculos a prática de afinação entre os
teclado, a escala temperada é simplesmente a oitava
instrumentistas de corda variou conforme houve
dividida em doze partes iguais, apesar de fazer
evolução tecnológica e pedagógica. Nos parágrafos
intervalos perfeitos soarem imperfeitos. Em termos
subseguintes deve-se observar, por exemplo, que o
Pitagóricos, apenas a oitava é pura.
uso de cordas de tripa animal em um instrumento
Todos os outros intervalos perfeitos são alterados. com moldes ligeiramente diferentes do moderno,
Entretanto, modulações, mesmo para tonalidades afetou a produção de som e, consequentemente, a
distantes, são feitas sem esforço, mas a total riqueza definição da altura de notas.
e assinatura de cada tom perdem-se grandemente.
Há de se citar também a evolução das práticas e da
Para o músico do século XVII a afinação metodologia de correção da afinação, com a
temperada poderia soar antimusical e baixa influência de tratados teóricos como o Leopold
(desafinada para menos). Mas gradualmente, através Mozart e de Ivan Galamian, abordados a seguir. De
de 250 anos, este sistema se tornou a norma. Foi modo geral, considera-se usável o material didático
descrito por Vincenzo Galilei em 1581mas adotada do violino no violoncelo neste caso, ao se tratar de
somente em meados do século XIX.[5] temperamento de escalas. Justifica-se, portanto a
existência da compilação abaixo de materiais destes
Para instrumentistas de corda, o conceito de
tratados.
afinação temperada serve muito mais como um
modelo de escala cromática do que algo que deve-se
devotar a afinação.
4.1 Prática de afinação nos séculos XVIII e
XIX
Em primeiro lugar, a razão por que preocupar-se
2.6 Kammerton
com a afinação ocorreu principalmente quando
É bem conhecido o fato de que o “Kammerton” instrumentistas de corda precisaram tocaram com
(padrão geral da altura do lá na Alemanha) era mais outros instrumentos de corda ou com um instrumento
baixo no período clássico e barroco do que é hoje. de altura fixa. No período clássico muitos autores se
Entretanto, mesmo naquele tempo um grande número opuseram a adotar outro método do que a afinação
de classificações de altura estava em uso, variando da justa, mas um número de pedagogos advogaram em
altura de 414 a 435 Hz, criando problemas para os favor do uso da altura temperada para os
construtores de instrumentos de sopro, afinadores de principiantes e demais músicos, afim de facilitar os
cravo etc. Foi apenas no século XX que o problemas quando ao tocar-se com instrumentos de
Kammertom estabeleceu-se entre os 440 e 445 tecla.
Hz.[5]
Louis Spohr escreve no préfacio de sua obra
“Violinschule”, especificamente no rodapé:

3. FATORES FISIOLÓGICOS NA “Por afinação pura geralmente entende-se afinação


PERCEPÇÃO DA ALTURA temperada, desde que na música moderna nenhuma
outra existe. O violinista nascente deve saber apenas
Um ouvido musical literalmente significa um senso esta afinação. Por esta razão nem temperamento
de altura. Na maioria das pessoas esta percepção desigual nem maiores ou menores semitons são
varia entre seis e quarenta cents. mencionados neste método porque ambos serviriam
Aprender e praticar música pode reduzir um nível apenas para confundir a doutrina dos absolutamente
limiar existente para uma extensão considerável. [5] iguais tamanhos dos doze semitons.”
A pesquisa [6] de Anton Guttman (engenheiro Obviamente, ele está tentando fazer do tocar
acústico alemão), no final dos anos 20 sugere que a violino algo simples. Ainda, é quase uma afirmação,
percepção de altura é mais sensitiva à cantores, e vista da perspectiva do instrumentista de corda do
instrumentistas de corda e sopros. O limiar da século XX, que está acostumado a colorir seus meios
sensibilidade aumenta consideravelmente com a tons e tocar algo próximo a um sistema híbrido de
idade e com a escolaridade: aos seis anos é de cerca afinações justas, temperadas e pitagóricas. Deve-se
de 70 cents, e aos dezenove anos é de cerca de 14 dizer que a visão de Spohr provavelmente não era
cents. compartilhada por muitos outros violinistas de seu
O senso da pureza da afinação é ainda uma função tempo e esta escola de pensamento geralmente era
mais complicada, porque a avaliação da afinação adotada por mera simplificação pedagógica. [5]
depende principalmente do estado emocional. [5]

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Atualmente, a metodologia Suzuki promove algo aparecer. A afinação de quintas justas entre todos os
não mais que diferente, estimulando estudantes e instrumentos fazia com que as cordas soltas entre si
professores a continuamente checarem a afinação, em algum momento tivessem problemas. Por
principalmente com cordas soltas ou outros meios de exemplo, se a corda solta de algum instrumento fosse
fácil conferência. a terça de algum acorde, esta portanto
impossibilitada de alteração, o restante da tríade
Confirma-se, contudo, que a flexibilidade da
deveria se adaptar a afinação da mesma.
afinação era louvada por outros autores: Campagnoli
cita [7] que a “correção da afinação proíbe o Não só este como demais problemas como
temperamento do violino, exceto em certos casos: diferenciação de notas enarmônicas e o sétimo grau
primeiro, para diminuir o movimento dos dedos, em levemente mais alto de uma escala afetaram os
segundo, para satisfazer a delicadeza do ouvido teóricos do século XVIII. L. Mozart sugere, dentre
quando acompanhando outros instrumentos, terceiro, outras coisas, que a maneira mais adequada de se
para facilitar a performance”. O autor sugere ainda tocar o mi bemol, por exemplo, em relação ao ré
que a posição da mão deve ser modificada de acordo sustenido, seria de o fazê-lo levemente mais alto
com o que a natureza da harmonia exigir. (algo como um comma).[8]
A adição do vibrato atualmente é considerada uma A instituição das escalas como um sistema de
das maneiras mais efetivas de constantemente correção da afinação foi um procedimento
ajustar-se a afinação das cordas (Douniz pedagógico que visava estimular o aluno a produção
recomendava seus estudantes a continuamente tocar de um bom tom, independência e agilidade de dedos,
com vibrato), mas parece não haver indicação de dentre outros atributos de um instrumentista
ativa participação do vibrato na afinação no período louvável. De início, estimularam-se os iniciantes a
clássico. [5] praticarem as escalas de dó maior e sol maior, tanto
por sua escassez de acidentes quanto por sua posição
natural e confortável no instrumento.
4.2 Considerações gerais da técnica de mão Finalmente, tem-se que os últimos tratados e/ou
esquerda do violoncelista convenções que estipulam um sistema de afinação
Cabe citar aspectos históricos da técnica de mão prezam por uma espécie de combinação entre escalas
esquerda do violoncelo. Dividem-se duas principais temperadas, justas e pitagóricas.
escolas de metodologia da postura da mão no braço
Já no século XX, pedagogos como Carl Flesch,
do instrumento, sendo uma delas inglesa e outra
Heter Norton e Joseph Szigeti defendem uma espécie
francesa.
de “afinação funcional”, com grande flexibilidade e
Instrumentistas bretões utilizavam uma espécie de mutabilidade dependendo-se do contexto. Ivan
adaptação do dedilhado diatônico do violino, Galamian vai além [5], e coloca que “a única
provavelmente segundo modelos italianos; foi afinação segura é aquela que instantaneamente se
documentado por, dentre outros, Romberg no final de ajusta às demandas do momento”. Advoga que não
1839. se é possível ajustar a afinação a fórmulas
matemáticas.
A outra escola de técnica vem dos primeiros
violoncelistas franceses, geralmente treinados como Entretanto, a afinação ao se tocar violino artístico
violistas, da qual adaptaram a técnica (que baseia-se não pode ser um fenômeno aleatório, deve ser
em semitons) para o cello. Nesta técnica os dedos são possível de alguma forma distinguir a boa da má
perpendiculares as cordas e ao espelho, com o afinação. Físicos durante a histórica tentaram
polegar se opondo ao segundo dedo da mão descobrir as leis que regiam a afinação musical, mas
esquerda. foi somente na história relativamente recente que,
com a ciência da acústica, a técnica de estudo das
Disto conclui-se que os avanços técnico-
frequências dos sons se desenvolveram o suficiente
pedagógicos no violino também influenciaram
para serem aplicadas à performance dos instrumentos
grandemente a técnica do violoncelo e dos demais de corda.
instrumentos de sua família.

4.3 Intervenções pedagógicas 5. EXAMES CIENTÍFICOS E CONCLUSÃO


Diferentes propostas metodológicas foram O engenheiro acústico N. A. Garbuzov fez um
sugeridas através dos séculos para sanarem-se os desses estudos em 1948. Ele encontrou evidência
problemas de afinação entre instrumentos. Leopold experimental para sua observação de que o ouvido
Mozart já previa problemas de temperamento entre o musical é sensitivo a zonas de altura entorno de um
violino e piano, bem como sutilezas como a afinação dado som e não de tons de uma frequência
minuciosa em um quarteto de cordas começavam a definida.[9]

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À respeito da fisiologia, nosso sistema de música é [5] BORUP, Hasse. “A History of String
arranjado em doze zonas ao invés de doze semitons. Intonation”. Disponível em
Garbuzov fez numerosas análises de gravações de <http://www.hasseborup.com/ahistoryofintonati
Zimbalist, Oistrakh e Elman e à este respeito pode onfinal1.pdf>. Acesso em 20 de junho de 2015.
mostrar uma tendência para se evitar a neutralidade Tradução de Walisson Higor da Cruz.
de intervalos vizinhos na afinação, isto é, de fazer [6] GUTMAN, A. Die Genauigkeit der Intonation
precisa distinção entre as respectivas relações de beim Instrumentenspiel (Zeitschrift
altura. Entre os recitais dos três artistas a diferença fürSinnenphysiologie, 1927), p. 58.
de afinação era tão grande que era impossível incluí- [7] CAMPAGNOLI, Bartolommeo. Metodo per
las em um sistema comum, tanto que apenas a Violino (Milão: 1797), Parte 4, no. 225.
respectiva ordem de afinação usada no recital pode [8] MOZART, Leopold, Versuch Einer Gründlichen
ser avaliada [5]. Violinschule (Augsburg: 1756), p. 70.
[9] O. Szende & M. Nemessuri, p. 141.[5].
Verifica-se, portanto, a influência dos tratados
teóricos dos mestres violinistas sobre a técnica do
violoncelo (pelo menos até meados do século XVIII),
e o modo de se executar escalas quando em
companhia de outros instrumentos.
Das diferentes propostas pedagógicas, a técnica
moderna dialoga com a flexibilidade: o bom
instrumentista seria aquele com a praticidade de
adaptação independente de seu contexto. Ainda
assim, é assunto deveras complexo, uma vez que
recebe diferentes interpretações dentre grandes
instrumentistas. Metodologias contemporâneas como
o sistema de Shinichi Suzuki, de adesão crescente no
mundo todo, pregam o estímulo frequente por um
tom apurado — indicativo de que a prática e procura
de uma afinação concisa é fator muito mais
representativo do que mera conclusão científica.
Deve-se dar, finalmente, importância maior à
pesquisa e a prática de afinação do que um resultado
final enrijecido e de pouca efetividade prática.
Atesta-se a importância prática do entendimento
dos fundamentos da acústica no desempenho musical
com este artigo, uma vez que fomenta o
instrumentista de conceitos de apurada precisão
técnica e perceptiva. Espera-se deste uma maior
sensibilidade à estas informações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Artigos. 1980. "Violoncello", "Pythagorean
intonation", "Mean-tone". The New Grove
Dictionary of Music and Musicians, editado por
Stanley Sadie. 20 vols. London, Macmillan
Publishers. Tradução por Walisson Higor da
Cruz, 2015.
[2] “Um pouco de história”, PIBIG – Primeira Igreja
Batista em Itapema – Guarujá. Disponível em
<http://www.pibig.org/detalhe.php?pid=235>.
Acesso em 19 de junho de 2015.
[3] OSNES, John, Osnes Violins. Disponível em
<http://osnesviolins.com/1.Cello%20Build%20st
art.htm>. Acesso em 21 de junho de 2015
[4] FARIA, Regis Rossi A. Slides: Escalas e
Afinações. Rev. 1º. Sem. 2014.

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