1) O documento discute a importância de uma postura crítica no ato de estudar, onde o estudante assume o papel de sujeito e não de objeto passivo.
2) Estudar requer humildade para reconhecer quando não se compreende totalmente um texto e insistir na busca de entendimento.
3) O ato de estudar não se resume à relação com livros, mas sim pensar a prática e enfrentar o mundo de forma curiosa e questionadora.
1) O documento discute a importância de uma postura crítica no ato de estudar, onde o estudante assume o papel de sujeito e não de objeto passivo.
2) Estudar requer humildade para reconhecer quando não se compreende totalmente um texto e insistir na busca de entendimento.
3) O ato de estudar não se resume à relação com livros, mas sim pensar a prática e enfrentar o mundo de forma curiosa e questionadora.
Descrição original:
CONSIDERAÇÕES EM TORNO DO ATO DE ESTUDAR - PAULO FREIRE.
1) O documento discute a importância de uma postura crítica no ato de estudar, onde o estudante assume o papel de sujeito e não de objeto passivo.
2) Estudar requer humildade para reconhecer quando não se compreende totalmente um texto e insistir na busca de entendimento.
3) O ato de estudar não se resume à relação com livros, mas sim pensar a prática e enfrentar o mundo de forma curiosa e questionadora.
1) O documento discute a importância de uma postura crítica no ato de estudar, onde o estudante assume o papel de sujeito e não de objeto passivo.
2) Estudar requer humildade para reconhecer quando não se compreende totalmente um texto e insistir na busca de entendimento.
3) O ato de estudar não se resume à relação com livros, mas sim pensar a prática e enfrentar o mundo de forma curiosa e questionadora.
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CONSIDERAÇÕES EM TORNO DO ATO DE ESTUDAR 1 é a compreensão do conteúdo, mas sua memorização.
Em lugar de ser o texto
Paulo Freire e sua compreensão, o desafio passa a ser a memorização do mesmo. Se o estudante consegue fazê-lo, terá respondido ao desafio. Toda bibliografia deve refletir uma intenção fundamental de quem Numa visão crítica, as coisas se passam diferentemente. O que a elabora: a de atender ou de despertar o desejo de aprofundar conhecimentos estuda se sente desafiado pelo texto em sua totalidade e seu objetivo é naqueles ou naquelas a quem é proposta. Se falta, nos que a recebem, o ânimo apropriar-se de sua significação profunda. de usá-la, ou se a bibliografia, em si mesma, não é capaz de desafiá-los, se Esta postura crítica, fundamental, indispensável ao ato de estudar, frustra, então, a intenção fundamental referida. A bibliografia se torna um requer de quem a ele se dedica: papel inútil, entre outros, perdido nas gavetas das escrivaninhas. Esta intenção fundamental de quem faz a bibliografia lhe exige um a) Que assuma o papel de sujeito deste ato. triplo respeito: a quem ela se dirige, aos autores citados e a si mesmos. Uma relação bibliográfica não pode ser uma simples cópia de títulos, feita ao Isto significa que é impossível um estudo sério se o que estuda se acaso, ou por ouvir dizer. Quem a sugere deve saber o que está sugerindo e põe face do texto como se estivesse magnetizado pela palavra do autor, à qual por que o faz. Quem a recebe, por sua vez, deve ter nela, não uma prescrição emprestasse uma força mágica. Se se comporta passivamente, dogmática de leituras, mas um desafio. Desafio que se fará mais concreto na “domesticadamente”, procurando apenas memorizar as afirmações do autor. medida em que comece a estudar os livros citados e não a lê-los por alto, Se se deixa “invadir” pelo que afirma o autor. Se se transforma numa vasilha” como se os folheasse apenas. Estudar é, realmente, um trabalho difícil. Exige que deve ser enchida pelos conteúdos que ele retira do texto para pôr dentro de quem o faz uma postura crítica, sistemática. Exige uma disciplina de si mesmo. intelectual que não se ganha a não ser praticando-a. Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, Isto é, precisamente, o que a “educação bancária” 2 não estimula. o escreveu. É perceber o condicionamento histórico-sociológico do Pelo contrário, sua tônica reside fundamentalmente em matar nos educandos a conhecimento. É buscar relações entre o conteúdo em estudo e outras curiosidade, o espírito investigador, a criatividade. Sua “disciplina” é a dimensões afins do conhecimento. Estudar é uma forma de reinventar, de disciplina para a ingenuidade em face do texto, não para a indispensável recriar, de reescrever – tarefa de sujeito e não de objeto. Desta maneira, não é criticidade. possível a quem estuda, numa tal perspectiva, alienar-se ao texto, renunciando Este procedimento ingênuo ao qual o educando é submetido, ao assim à sua atitude crítica em face dele. lado de outros fatores, pode explicar as fugas ao texto, que fazem os A atitude crítica no estudo é a mesma que deve ser tomada diante estudantes, cuja leitura se torna puramente mecânica, enquanto, pela do mundo, da realidade, da existência. Uma atitude de adentramento com a imaginação, se deslocam para outras situações. O que se lhes pede, afinal, não qual se vá alcançando a razão de ser dos fatos cada vez mais ludicamente. Um texto estará tão melhor estudado quanto, na medida em que dele se tenha uma visão global, a ele se volte, delimitando suas dimensões parciais. O 1 Publicado em Ação Cultural para a Liberdade, Rio de Janeiro: Paz e retorno ao livro para esta delimitação aclara a significação de sua globalidade. Terra, 5 Ed., 1981. Escrito em 1968, no Chile, este texto serviu de Ao exercitar o ato de delimitar os núcleos centrais do texto que, em introdução à relação bibliográfica que foi proposta aos participantes interação, constituem sua unidade, o leitor crítico irá surpreendendo todo um de um seminário nacional sobre educação e reforma agrária. conjunto temático, nem sempre explicitado no índice da obra. A demarcação 2 Sobre “educação bancária”, ver Paulo Freire, Pedagogia do destes temas deve atender também ao quadro referencial de interesse do Oprimido, Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1977, 4a ed. (Nota do sujeito leitor. Editor) Assim é que, diante de um livro, este sujeito leitor pode ser registro das idéias que se tem e pelas quais se é “assaltado”, não raras vezes, despertado por um trecho que lhe provoca uma série de reflexões em torno de quando se caminha só por uma rua. Registros que passam a constituir o que uma temática que o preocupa e que não é necessariamente a de que trata o Wright Mills 3chama de “fichas de idéias”. livro em apreço. Suspeitada a possível relação entre o trecho lido e sua Estas idéias e estas observações, devidamente fichadas, passam a preocupação, é o caso, então, de fixar-se na análise do texto, buscando o nexo constituir desafios que devem ser respondidos por quem as registra. entre o seu conteúdo e o objeto de estudo sobre que se encontra trabalhando. Quase sempre, ao se transformarem na incidência da reflexão dos Impõe-se-lhe uma exigência: analisar o conteúdo do trecho em questão, em que as anotam, estas idéias os remetem a leituras de textos com que podem sua relação com os precedentes e com os que a ele se seguem, evitando, instrumentar-se para seguir em sua reflexão. assim, trair o pensamento do autor em sua totalidade. Constatada a relação entre o trecho em estudo e sua preocupação, c) Que o estudo de um tema específico exige do estudante que se ponha, deve separá-lo de seu conjunto, transcrevendo-o em uma ficha com um título tanto quanto possível, a par da bibliografia que se refere ao tema ou ao que o identifique com o objeto específico de seu estudo. Nestas objeto de sua inquietude. circunstâncias, ora pode deter-se, imediatamente, em reflexões a propósito d) Que o ato de estudar é assumir uma relação de diálogo com o autor do das possibilidades que o trecho lhe oferece, ora pode seguir a leitura geral do texto, cuja mediação se encontra nos temas de que ele trata. Esta relação texto, fixando outros trechos que lhe possam aportar novas meditações. dialógica implica na percepção do condicionamento histórico-sociológico Em última análise, o estudo sério de um livro como de um artigo e ideológico do autor, nem sempre o mesmo do leitor. de revista implica não somente uma penetração crítica em seu conteúdo e) Que o ato de estudar demanda humildade. básico, mas também numa sensibilidade aguda, numa permanente inquietação intelectual, num estado de predisposição à busca. Se o que estuda assume realmente uma posição humilde, coerente com a atitude crítica, não se sente diminuído se encontra dificuldades, às b) Que o ato de estudar, no fundo, é uma atitude em frente ao mundo. vezes grandes, para penetrar na significação mais profunda do texto. Humilde e crítico, sabe que o texto, na razão mesma em que é um desafio, pode estar Esta é a razão pela qual o ato de estudar não se reduz à relação mais além de sua capacidade de resposta. Nem sempre o texto se dá leitor-livro, ou leitor-texto. facilmente ao leitor. Os livros em verdade refletem o enfrentamento de seus autores Neste caso, o que deve fazer é reconhecer a necessidade de melhor com o mundo. Expressam este enfrentamento. E ainda quando os autores instrumentar-se para voltar ao texto em condições de entendê-lo. Não adianta fujam da realidade concreta estarão expressando a sua maneira deformada de passar a página de um livro se sua compreensão não foi alcançada. Impõe-se, enfrentá-la. Estudar é também e sobretudo pensar a prática e pensar a prática pelo contrário, a insistência na busca de seu desvelamento. A compreensão de é a melhor maneira de pensar certo. Desta forma, quem estuda não deve um texto não é algo que se recebe de presente. Exige trabalho paciente de perder nenhuma oportunidade, em suas relações com os outros, com a quem por ele se sente problematizado. realidade, para assumir uma postura curiosa. A de quem pergunta, a de quem Não se mede o estudo pelo número de páginas lidas numa noite ou indaga, a de quem busca. pela quantidade de livros lidos num semestre. O exercício desta postura curiosa termina por torná-la ágil, do que Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las. resulta um aproveitamento maior da curiosidade mesma. Assim é que se impõe o registro constante das observações realizadas durante uma certa prática; durante as simples conversações. O 3 Wright Mills – The sociological Imagination