Critérios para Escolha de Repertório
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Critérios para Escolha de Repertório
Introdução
Acesso ao acervo
Contextos sócio-culturais
Objetivos do grupo
Condições técnicas
Expectativas pedagógicas
Conjuntos
Musicais Escolares
Material elaborado para o Curso de Licenciatura em Música da UFRGS e Universidades Parceiras, do Programa Pró-Licenciaturas II da CAPES.
Produzido pela equipe do CAEF. Porto Alegre, 2010
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10 Critérios para Escolha de Repertório - Conteúdo
Introdução
A escolha do repertório é peça fundamental para o sucesso de um trabalho musical, seja ele em
grupo ou individual. Se por um lado se deve ter em vista a necessidade de adequação interna do
repertório ao grupo de indivíduos que irá executá-lo, considerando experiências anteriores de
seus componentes e gostos particulares, por exemplo; há também por outro lado fatores
determinantes externos, que vão desde espaços de ensaio e de divulgação do trabalho realizado,
até exigências contratuais estabelecidas pelo mantenedor do grupo.
Mas nos importa focar não nas escolhas dos integrantes de uma forma geral, mas nas do
responsável pelos grupos musicais: professores, regentes, líderes de uma forma abrangente. Nos
importa aqui discutir as bases sobre as quais seleciona esta ou aquela peça, para ser trabalhada
ou apresentada nesta ou naquela situação. Este processo abriga e garante a sustentação da
própria essência e razão de existir de qualquer grupo musical. Em um conjunto musical escolar,
ele está nas mãos do professor de música. Pense muito bem nisto!
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Acesso ao acervo
Frequentemente algumas peças são escolhidas simplesmente porque “todo mundo as executa”
ou porque são as disponíveis naquele tempo e lugar. Nesse caso, o critério se reduz à
comodidade. Certamente, não se trata de um critério honroso! Sendo assim, paralelamente ao
fato de pensar sobre critérios de escolha de repertório, é preciso que o regente ou professor de
música disponha sobre um acervo significativo de obras, às quais poderá analisar e, então,
decidir-se por uma ou mais delas, preterindo outras.
Ampliar o acesso a coletâneas e obras representativas da literatura musical deve ser uma das
maiores determinações pessoais de um músico, principalmente se na condição de líder de
conjuntos musicais. Trata-se de uma postura de vida para estes profissionais, de uma meta
permanente, da firme convicção que, sem tal poder de alcance, seu trabalho está seriamente
ameaçado. E isto implica conhecimento e disciplina pessoal!
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Contextos sócio-culturais
Os critérios sócio-culturais são aqueles que levam em consideração quem são os sujeitos de um
determinado grupo, considerando aspectos como faixa etária, gênero, preferências, nível
intelectual e sócio-econômico, etc. Tais critérios também observam que tipo de grupo é esse, em
decorrência dos objetivos que os reúnem e a que se propõem: alunos de uma escola, funcionários
de uma empresa, freqüentadores de uma igreja, moradores de uma comunidade específica, etc..
O contexto sócio-cultural é determinante para e representado por intermédio dessas pessoas, com
seus jeitos próprios de ser. Quanto mais amador e com finalidades recreativas for este contexto,
mais uma escolha conjunta entre o regente e os participantes se torna imperiosa. No artigo
"Cantar e conviver, uma experiência com um grupo coral de adolescentes", Schmeling (2002)
relata sua experiência sobre a escolha de repertório em um coral para adolescentes. A leitura do
mesmo pode ser bem elucidativa desse processo.
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Objetivos do grupo
Um grupo que pretende divulgar a arte pode desenvolver um repertório completamente diferente
de outro, cujo objetivo é fazer apresentações em festas da empresa. Objetivos nunca são
exclusivos nem imutáveis, mas certamente há aqueles que criam dificuldades uns aos outros.
Assim, um grupo que tem por objetivo principal divulgar um repertório específico da Arte pode ver
este foco perturbado por necessidade de assumir apresentações cujo objetivo seja o de cantar em
uma celebração religiosa ou festa qualquer, por exemplo.
Muito depende de quem financia e/ou abriga o grupo. Apresentar-se em eventos da respectiva
instituição mantenedora, seja ela igreja, escola, empresa, etc, pode delimitar espaços restritos à
pura divulgação da arte e da cultura em geral. Ao propagar um tipo determinado de expressão
artística ou opção particular de um grupo específico (folclórico, erudito, temático, religioso,
ideológico, político, etc), dentre outros, um grupo musical se confunde com esta instituição e seus
fins. E vice-versa.
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Com relação às características do grupo, devem ser observadas ainda a habilidade e competência
dos músicos, a freqüência e a duração dos ensaios, bem como a infra-estrutura física e os
recursos humanos disponíveis para apoiar o trabalho. Não é difícil imaginar que um grupo com
participação livre, dirigido por um amador e que ensaia apenas uma vez por semana, durante
duas horas, tenha poucas condições favoráveis a uma performance brilhante.
Também os grupos que possuem uma infra-estrutura de espaço físico aprazível, como ambiente
silencioso, e de pessoal para trabalho, como regente e repassadores de naipe especializados,
certamente têm mais condições de trabalho técnico minucioso, do que aqueles que possuem
menos condições.
Contudo, mais do que tempo e conforto, e até competência estritamente musical, é na postura de
vida dos responsáveis e integrantes que reside o fato de maior relevância. Tal postura envolve
comprometimento, empenho, entusiasmo e alegria pelo simples e puro fato de fazer música em
conjunto. Tal postura implica inclusive buscar situações mais favoráveis para o grupo e mais
competência musical para si mesmo.
Entre nós ainda é muito raro existirem condições tão ideais de prática de conjuntos musicais que
os regentes e professores de Música possam limitar-se ao fazer de sua Arte, sem precisarem se
ocupar também com necessidades periféricas a ela. Certamente, não deveria ser assim; mas é.
Então, a pergunta que não quer calar, é se compensa alimentar posturas preciosistas, que
algumas vezes precisam se manter por prepotência e arrogância, imaginando com elas enganar
condições desfavoráveis.
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Condições técnicas
Além disso, é fundamental a auto-crítica do próprio regente, a fim de que avalie se ele mesmo tem
condições técnicas de conduzir o repertório que selecionou ou que lhe foi indicado.
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Expectativas pedagógicas
Não encontrando o repertório adequado, é função do professor de música criá-lo; contudo, sem
descuidar da qualidade artística desta produção. As necessidades dos grupos com os quais se
trabalha devem sim pautar a prática da composição; porém, não substituem a busca e o estudo
de obras consagradas!
Embora em constante busca por repertórios diversos, inúmeras vezes nos deparamos com a falta
de material adequado aos interesses do grupo ou do regente. A prática de arranjos, neste caso,
também é bastante comum. Alguns aspectos, entretanto, devem ser considerados ao realizá-los.
Como, por exemplo, a simplificação de uma obra musical complexa, que não faz desta obra,
necessariamente, algo mais fácil de ser executado. É preciso que se esteja atento, sobretudo, ao
perigo de apenas a transformarmos em material pobre.
Eventualmente, um grupo poderá se interessar por executar obras que ainda não lhe são próprias.
Neste caso, recortes de trechos mais simples da grande obra, executados a título de exemplo e
estudo, poderão render ensaios e aulas riquíssimas musical e culturalmente.
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Existe uma quantidade muito grande de repertório musical. Ao longo da nossa vida conhecemos
muitas peças musicais que poderiam servir a diferentes propósitos em nossa prática profissional.
Como professores de música, temos a necessidade de trabalhar com diversas alternativas em
sala de aula e certamente devemos ampliar o universo sonoro dos nossos estudantes, mostrando
a eles que existe música de muitas formas diferentes.
Nem sempre poderemos lembrar de todas as músicas que já ouvimos e que poderiam ser
utilizadas em determinadas atividades escolares. A criação de um arquivo de partituras é, por isso,
muito recomendável. Para fazermos um bom uso deste arquivo nós podemos construir um
pequeno resumo das peças arquivadas, o que facilitará consulta posterior. Este resumo deve
conter as informações principais da obra, contemplando a síntese de diversos elementos
constantes da partitura. Este procedimento será útil quando seu arquivo estiver com um grande
número de partituras e você necessitar localizar algo para ser incluído em seu trabalho na escola.
Se você tem um catálogo organizado com as informações básicas fica muito fácil encontrar uma
peça com as características desejadas. Informações contendo as dificuldades e os aspectos
musicais trabalhados na peça, quando indicados no resumo das características da peça, poderão
facilitar seu trabalho, já que você não ocuparia seu tempo analisando novamente uma peça para
saber se ela é adequada ou não. Um instrumento de análise já conhecido seu, é a Ficha de
Análise CDG. Lembre-se de utilizá-la!
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Por fim, na vida da escola mais do que em outros contextos, os diferentes calendários se impõem
como critério obrigatório: ciclos do ano, celebrações religiosa festividades, assim como
comemorações cívicas. A centralidade que o calendário ocupa na vida escolar se deve não
somente à relevância de assinalar rotinas, nem datas ou eventos; mais do que isto, organiza a
noção de tempo, de causa e consequência, de antes e depois, e outros conceitos temporais que
são fundamentais para o aprendizado de matérias como Matemática, Física, História, e até
mesmo redação e compreensão de textos.
Os referenciais de tempo que definem os mais antigos calendários são os movimentos celestes
que, por sua vez, definem os ciclos do ano para nós, que habitamos o planeta Terra. Basicamente,
as suas estações (verão, outono, inverno e primavera) e as fases da lua (crescente, cheia,
minguante e nova) provocam todos os fenômenos observáveis em nossa natureza e o que nela
acontece. Muitas das festas que hoje compõem o calendário religioso no Brasil derivam de
acontecimentos que, em suas origens, estavam relacionados aos eventos da natureza e festas
pagãs cristianizadas. Ao aplicar, no hemisfério sul, o calendário religioso respeitando as datas
originais, confunde-se o sentido original de algumas tradições ligadas aos ciclos da natureza.
O calendário cívico, por sua vez, decorre geralmente de feitos heróicos em guerras de
independência e outras bravatas históricas, sempre relacionadas aos demais símbolos da pátria.
Neste calendário se ressalta a formação da identidade nacional e o orgulho de ser (e pertencer) a
uma nação, região ou grupo étnico-cultural particular dentro dela, como o dia do índio e da
consciência negra. O calendário social ou festivo, por outro lado, comemora o cotidiano comum
das pessoas, como aniversários, casamentos e formaturas.
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