Saga

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Conto Contigo 8

Grupo I

Para responderes aos itens que se seguem, vais visualizar um excerto de


uma reportagem sobre Sophia de Mello Breyner.

Vídeo - (recurso da Escola Virtual)

1. Explica a razão pela qual Sophia de Mello Breyner pode ser apelidada de “A
menina do Mar”.

2. A poetisa afirma “Escrevo para transformar o mundo”, querendo transmitir a


ideia de que:

a) a escrita deve ser sobre temas atuais.


b) um escritor não pode esquecer o mundo em que vive.
c) a escrita é um processo desligado da realidade.
d) um escritor não se compromete com a mensagem poética.

Leitura e Educação Literária

Grupo II – Texto A

Lê, com atenção, o texto.


A ARTE DAS IDEIAS
Mónica Baldaque
Começavam as Férias Grandes, que dividia entre Esposende e o
Douro. Nunca gostei particularmente do verão, do verão quente. Fujo das praias
do sul, da água morna e da areia a escaldar. Mas já me apetecem as praias do
norte, com vento, nevoeiros e água gelada. Caminhar no areal imenso e livre de
Esposende, com os pés na água, húmida até aos ossos do vento salgado, ou
deitar-me na sombra fria das dunas cobertas de junquilhos brancos, fechar os
olhos e ouvir as ondas cadenciadas e hipnotizantes, era esse o melhor tempo do
mundo. [...]
Eu não era já criança. Começava a entrar no mundo dos adultos com a
sensação de ser para sempre, e nunca mais poder sair dele. Isso assustava-me,
era como se estivesse a andar para trás, a afastar-me do sentido perfeito da
vida; mas ao mesmo tempo atraía-me. Conhecer o amor, por exemplo, era uma
condição do crescimento.
Conto Contigo 8

Eu lia sobre o amor nos livros que me iam dando para a mão – Dickens,
Tolstoi, Hermann Hesse, a Bíblia – e parecia-me muito difícil lidar com esse
sentimento, tão escorregadio como as algas que eu arrastava do mar e enrolava
na cinta, e me caíam aos pés.
Foi o tempo de ensaiar as primeiras cartas de amor, tão rudimentares
como as mais rudimentares experiências de Química, e tão inesquecíveis! [...]
Em setembro, partia de comboio para o Douro: as janelas abertas em
corrente de ar, as costas coladas aos estofos de veludo, as recoveiras
conhecidas dos revisores, que regressavam com as cestas vazias metidas umas
nas outras; a melancia madura, bem gelada, que a Idalina me servia na cozinha
escura, quando eu chegava.
[...] Atirava-me para o sofá de linho e lia horas e horas, escondida numa
penumbra mágica: Salgari, Blasco Ibáñez, Defoe, Rider Haggard, Eça.
A biblioteca era completamente desordenada, e dava-me enorme prazer
encontrar os livros manuseados, anotados a lápis com pensamentos, referências
pessoais, desenhos, pequenas contas de somar, uma violeta seca. Passava-lhes
a mão por cima, devagar, como se os chamasse à minha atenção.
Chegava o carteiro à hora de maior calor, e lá vinha mais uma carta que
eu ia ler para junto do tanque, onde caía de uma bica de pedra uma água fresca,
metálica.
As minhas férias eram bastante solitárias. Tão fantásticas, inesquecíveis,
porque significavam o contacto com a minha realidade que não era a da História,
da Filosofia, do Grego, do Latim.
Não eram um tempo de diversão. Por que haveria de ser?
A vida é o que é. E não devemos esperar dela que nos reserve grandes
emoções nem grandes alegrias. Temos é de saber encontrar na rotina do
quotidiano o seu significado poético, a sua harmonia.
Foram assim as minhas belas Férias Grandes. E é verdade que nunca as
troquei por nenhumas outras! Há uma fita de cor de alfazema que liga esses
tempos ao meu coração.
Jornal de Letras, 17 a 30 agosto de 2016, n.º 1197
(texto com supressões)
Conto Contigo 8

1. Escreve a sequência de letras (A – I) que corresponde à ordem pela


qual as informações aparecem no texto. Inicia a sequência pela letra G.
A. As Férias Grandes permitem aprendizagens diferentes das escolares.
B. Não é obrigatório associar Férias Grandes a diversão.
C. O tempo vivido enquanto criança num mundo perfeito é abalado
quando se cresce.
D. O melhor tempo do mundo era ter o privilégio de numa praia ouvir o
som das ondas deitada no areal.
E. A escritora conhecia o amor através dos livros.
F. O passado, embora marcado por sentimentos de solidão e isolamento,
traz-lhe memórias singulares.
G. As praias do norte têm aspetos mais atrativos para a autora do que as
praias do sul.
H. As memórias proporcionaram reflexões sobre a vida presente e retirar
ensinamentos importantes.
I. No Douro, tinha o privilégio de ler e manusear livros com testemunhos
únicos.

2. Atenta na frase.
“as janelas abertas em corrente de ar, as costas coladas aos estofos de
veludo, as recoveiras conhecidas dos revisores, que regressavam com as cestas
vazias metidas umas nas outras”.
2.1. Indica o antecedente do pronome “que”.

3. Seleciona, em cada item, a única opção que te permite obter uma


afirmação adequada ao sentido do texto..
3.1. A expressão “era esse o melhor tempo do mundo” ilustra a ideia de
que a autora
a. gostava das Férias Grandes, pois lhe lembram a criança que foi.
b. lembra o tempo das Férias Grandes, passadas junto ao mar.
c. recorda momentos únicos, em Esposende, que a marcaram até hoje.
d. não gostava das praias do sul.

3.2. A expressão “a afastar-me do sentido perfeito da vida” realça


Conto Contigo 8

a. os medos de alguém prestes a entrar no mundo dos adultos.


b. o fascínio de abandonar o tempo de criança.
c. a transição entre duas fases da vida.
d. as lembranças do tempo das férias.

3.3. Com a pergunta “Por que haveria de ser?” a escritora


a. põe em causa a ideia frequente de diversão que se associa ao período
das férias.
b. interroga-se sobre a qualidade das suas férias.
c. relembra o período de férias no Douro.
d. questiona o seu tempo de solidão.

3.4. De acordo com o último parágrafo, as Férias Grandes para Mónica


Baldaque
a. marcaram um período da sua vida passado no Douro.
b. foram únicas e, até hoje, sente que jamais as esquecerá.
c. aconteceram de uma maneira inesquecível.
d. permitiram ter acesso a objetos fantásticos.

Grupo II - Texto B
Lê o excerto.

Hans ficou a viver nessa casa [de Hoyle], em parte como empregado, em
parte como filho adotivo.
Na sua adolescência cresceu entre os cais, os armazéns e os barcos, em
conversas com marinheiros embarcadiços e comerciantes. De um barco ele
sabia tudo desde o porão até ao cimo do mais alto mastro. E, ora a bordo ora em
terra, ora debruçado nos bancos da escola sobre mapas e cálculos, ora
mergulhado em narrações de viagens, estudando, sonhando e praticando, ele
preparava-se para cumprir o seu projeto: regressar a Vig como capitão de um
navio, ser perdoado pelo pai e acolhido em casa.
Dois dias depois de ter recolhido Hans, Hoyle levou-o ao centro da cidade
e comprou-lhe as roupas de que precisava e também papel e caneta.
Conto Contigo 8

Hans escreveu para casa: pediu com ardor perdão da sua fuga, dizia as
suas razões, as suas aventuras, o seu paradeiro. Prometia que um dia voltaria a
Vig e seria capitão de um grande veleiro.
A resposta só veio meses depois. Era uma carta da mãe. Leu:
“Deus te perdoe, Hans, porque nos injuriaste e abandonaste. Manda-me o
teu pai que te diga que não voltes a Vig pois não te receberá.”
Depois dessa carta, Hans sonhou com Vig muitas vezes. Era acordado de
noite pelo clamor de tempestades em que naufragava à vista da ilha sem a poder
atingir. Ou deslizava, ao lado pai, num grande lago gelado, rente à luz de cristal e
havia em seu redor um infinito silêncio, uma transparência infinita, uma leveza e
uma felicidade sem nome. Mas outras noites acordava chorando e soluçando,
pois o seu pai era o capitão do navio e o chicoteava brutalmente no convés e ele
fugia e de novo ficava sozinho e perdido numa cidade estrangeira.
Os anos passaram e Hans aprendeu a arte de navegar e a arte de
comerciar.
Hoyle nunca casara e, numa terra para ele estrangeira, não tinha família e
as suas raras amizades eram pouco íntimas. No adolescente evadido ele via
agora um reflexo da sua própria juventude aventurosa que, há muito tempo,
naquela cidade ancorara. Para ele, Hans era a sua nova possibilidade, o destino
outra vez oferecido, aquele que iria viver por ele a verdadeira vida, que nele,
Hoyle, estava já perdida como se o destino, tendo falhado seus propósitos,
fizesse, com uma nova mocidade, uma nova tentativa.
Assim, Hans era para ele não o herdeiro daquilo que possuía e fizera mas
antes o herdeiro daquilo que perdera. Por isso seguiu passo a passo os estudos
e a aprendizagem do adolescente, controlando a qualidade do ensino nas
escolas onde o inscrevera e vigiando a competência dos superiores sob cujas
ordens a bordo o colocava. Aos 21 anos, já Hans era capitão de um navio de
Hoyle e homem de confiança nos seus negócios.
Assim, desde muito cedo, Hans conhecera as ilhas do Atlântico, as costas
de África e do Brasil, os mares da China. Manobrou velas e dirigiu a manobra
das velas, descarregou fardos e dirigiu o embarque e desembarque de
mercadorias.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Saga, Porto editora
Conto Contigo 8

1. De entre as opções abaixo apresentadas, seleciona todas as que permitem


afirmar que o narrador não é uma das personagens da história.
Escreve o número do item e as letras que identificam as opções
escolhidas.
A. “Na sua adolescência”.
B. “regressar”.
C. “um dia”.
D. “da sua fuga”.
E. “à vista da ilha”.
F. “por ele”.

2. As palavras seguintes permitem caracterizar o comportamento de Hans no


segundo parágrafo do texto.
A. Curioso B. Estudioso C. Determinado
2.1. Seleciona uma destas palavras e explica por que razão ela é adequada para
caracterizar o comportamento de Hans nessa parte do texto.

3. De entre as opções abaixo apresentadas, seleciona as que completam


corretamente a afirmação.
No 7.º parágrafo, os sonhos de Hans revelam
A. os desejos e os medos da personagem.
B. as recordações de épocas felizes.
C. os sonhos do reencontro feliz ou traumático com o pai.
D. os projetos da personagem.

4. Atenta na frase, “Assim, Hans era para ele não o herdeiro daquilo que possuía
e fizera mas antes o herdeiro daquilo que perdera”.
4.1. Explica a frase, tendo em conta a atitude de Hoyle para com Hans.

5. Hans, aos 21 anos, já era “capitão de um navio” e “homem de confiança” nos


negócios de Hoyle.
5.1. Justifica a confiança de Hoyle em Hans.

Grupo III
Conto Contigo 8

Gramática

1. Identifica a função sintática dos constituintes destacados.


a. “Hoyle levou-o ao centro da cidade e comprou-lhe as roupas”;
b. “pediu com ardor perdão da sua fuga”;
c. “Manda-me o teu pai que te diga que não voltes”;
d. “as suas raras amizades eram pouco íntimas”.

2. Classifica as orações destacadas nas frases.


a. “ora debruçado nos bancos da escola sobre mapas e cálculos”;
b. “controlando a qualidade do ensino nas escolas onde o inscrevera”.

3. Reescreve as frases substituindo os constituintes sublinhados por


pronomes pessoais.
a. Um dia ele escreverá uma carta aos pais pedindo perdão.
b. O pai de Hans não aceita o filho.

4. Completa os espaços com as formas verbais, no tempo e modo


indicados.
a. Se ele ____________ (insistir, pretérito mais-que-perfeito composto,
conjuntivo) com os pais, talvez eles o perdoassem.
b. Hans ____________ (voltar, condicional) a Vig, se os pais o
___________ (aceitar, pretérito imperfeito, conjuntivo).
c. Hans torna-se o herdeiro de tudo o que Hoyle __________ (perder,
pretérito mais-que-perfeito simples, indicativo).
Conto Contigo 8

Grupo IV - Escrita
Relê o excerto do conto.

“Por isso seguiu passo a passo os estudos e a aprendizagem do adolescente,


controlando a qualidade do ensino nas escolas onde o inscrevera e vigiando a
competência dos superiores sob cujas ordens a bordo o colocava. Aos 21 anos,
já Hans era capitão de um navio de Hoyle e homem de confiança nos seus
negócios.”

Escreve um texto de opinião, com um mínimo de 150 e um máximo de


240 palavras, em que reflitas sobre a importância da educação escolar e da
experiência profissional para a concretização dos nossos sonhos.

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