Apostila Requisitos Mecânicos 201401.ebook

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Cálculo mecânico de linhas de transmissão -

Notas de aula (preliminar)

Carlos Kleber da Costa Arruda∗


CEFET-RJ
6 de maio de 2014

Sumário
1 Introdução 3

2 Aspectos construtivos de linhas de transmissão aéreas 3


2.1 Torres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.2 Cabos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.3 Outros elementos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

3 Requisitos de pro jeto 4


3.1 Aspectos mecânicos envolvidos (revisão) . . . . . . . . . . . . . 4
3.2 Requisitos elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

4 Comportamento mecânico de cabos 6


4.1 Aspectos construtivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.2 Equilíbrio térmico do cabo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.2.1 Ampacidade de cabos para-raios . . . . . . . . . . . . . 8
4.3 Geometria do cabo em um vão isolado e nivelado . . . . . . . . 9
4.4 Geometria do cabo em um vão desnivelado . . . . . . . . . . . 12
4.5 Efeito da variação de temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4.6 Feixes de condutores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4.7 Efeito do vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4.8 Efeito simultâneo da variação de temperatura e do vento . . . . 21
4.9 Vãos contínuos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
4.10 Vãos desiguais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.11 Estrutura em ângulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.12 Fluência de cabos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
[email protected]

1
5 Introdução ao pro jeto executivo de linhas 24
5.1 Roteiro simplificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
5.1.1 Definição das trações de projeto . . . . . . . . . . . . . 24
5.1.2 Construção da curva a partir de um valor de flecha cal-
culado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5.1.3 Construção do gabarito . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5.1.4 Linha de terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5.1.5 Linha de pé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
5.1.6 Cruzamento de obstáculos . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
5.2 Projeto de estruturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
5.2.1 Gráfico de aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
5.2.2 Árvore de carregamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

6 Elementos construtivos 30
6.1 Isolador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
6.1.1 Vidro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
6.1.2 Porcelana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
6.1.3 Polimérico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
6.2 Espaçador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
6.3 Amortecedor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
6.4 Anel de potencial e anel anti-corona . . . . . . . . . . . . . . . 31
6.5 Fundação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
6.6 Cabo estai . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
6.7 Centelhador ou supressor de surto (gap ) . . . . . . . . . . . . . 31
6.8 Para-raio de linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
6.9 Esfera de sinalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
6.10 Jumper . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
6.11 Caixa de emenda (OPGW) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

7 Construção e manutenção de linhas 36


7.1 Fundações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
7.2 Montagem da torre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
7.2.1 Montagem com auxílio de mastros (falcão) . . . . . . . 36
7.2.2 Montagem com guindastes . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
7.2.3 Montagem com helicóptero . . . . . . . . . . . . . . . . 36
7.3 Lançamento de cabos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
7.4 Flechamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
7.4.1 Linha de visada paralela . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
7.4.2 Linha de visada qualquer . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
7.5 Grampeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

A Glossário 39

2
1 Introdução
Esta apostila é uma organização para a disciplina “Cálculo Mecânico de Linhas
de Transmissão” do CEFET-RJ. Este assunto não pode ser visto por si só,
visto que o projeto de uma linha de transmissão (ou LT) depende igualmente
dos seus aspectos elétricos, além de outros, como civil, econômico, etc. Visto
isso, aconselha-se a obter a apostila de cálculo elétrico, mesmo que neste
instante você não esteja cursando, ou se já cursou, que se faça uma consulta
regularmente.
Visto de fora, parece fácil para um engenheiro eletricista abter-se de área
de conhecimento da mecânica, ou em uma empresa dispor de colegas enge-
nheiros mecânicos. Mas na prática o engenheiro deve ser, sempre, multi-
disciplinar. Principalmente aqui. Pois podemos imaginar projetos mirabo-
lantes, mas sem o pé na realidade da mecânica (e novamente, das outras
disciplinas), passa-se de um sonho. Assim, acostume-se a interagir os efeitos
eletromagnéticos com os “newtons” e “kelvins”, pois isso vale para todo o resto
da profissão.

2 Aspectos construtivos de linhas de transmis-


são aéreas
Esta disciplina concentra-se no estudo de linhas aéreas, visto que o domínio
dos cabos isolados é uma realidade completamente distinta, mas que cada
vez mais é uma realidade nos centros urbanos. Mas fora das cidades, a linha
aérea é a opção mais vantajosa no aspecto econômico, que inclui desde o custo
dos materiais quanto perdas elétricas e manutenção dos mesmos, apesar da
exposição dos cabos às intempéries.
A LT divide-se em dois elementos, o cabo e a torre, e desta forma a apostila
está dividida em três: aspectos dos cabos, das torres e o projeto do conjunto
da LT.

2.1 Torres
A torre sustenta os cabos a distâncias seguras, possibilitando vencer distâncias
ao longo de um terreno, em geral desocupado. Logo a torre deve resistir ao
seu peso próprio e ao peso dos cabos, sendo que este peso pode “variar” - não
que a massa se altere, mas na verdade é a tração nos cabos, e que depende
de diversos fatores.
A torre é composta pela fundação, que permite que fique estabilizada sobre
o terreno e resista a esforços de tração e compressão; a estrutura em si, em
geral metálica, mas podendo ser por exemplo de concreto, madeira ou fibra;
isoladores para separar a estrutura das partes “vivas”, os cabos energizados;
e o aterramento, que também é chamado de cabo contrapeso.

3
2.2 Cabos
Os cabos são a guia para transmitir a energia elétrica, sendo sua escolha
correta fundamental para um bom desempenho.
Primeiramente a escolha depende se a linha é de corrente contínua (CC,
nos polos) ou corrente alternada (CA, nas fases). Em CA, o efeito pelicular
provoca a repulsão das linhas de corrente, concentrando-a na periferia do cabo.
Utiliza-se cabos compostos, com o núcleo de material mais resistente e menos
condutor, e na coroa fios de alumínio. Em CC a corrente é distribuída, fato
que em alguns projetos os cabos totalmente de alumínio sejam vantajosos.
Também utiliza-se cabos como pára-raios, em torres estaiadas e no ater-
ramento, cada um possuindo características bem distintas dos cabos de fase
ou polo.
As ferragens são elementos complementares importantes, e incluem os
pontos de fixação com os isoladores, os espaçadores no caso de feixe de con-
dutores, amortecedores para reduzir as vibrações, centelhadores para dissipar
surtos de tensão, e anéis anti-corona para distribuir o campo elétrico em
pontos específicos. Todos estes elementos devem ser de alta confiabilidade e
estarem previstos para manutenção em linha viva.
Por final, alguns elementos não metálicos utilizados são as esferas sinali-
zadoras e cabos de fibra óptica, ambos instalados nos cabos pára-raios.

2.3 Outros elementos


O terreno no qual a LT está localizada, denominada faixa de passagem, exige
atenção tanto no projeto quanto na operação. A faixa deve ser desocupada
de moradores, e sua largura é determinada por níveis de campo eletromag-
nético, determinados por norma. Eventualmente é necessário a a instalação
de estradas e cercas, e até estas deve ser vistas com atenção, por exemplo na
hipótese de indução e choque elétrico.

3 Requisitos de pro jeto


Uma LT passará por diversas solicitações, elétricas e mecânicas, cujo conjunto
mostra um número infinito de possibilidades. Por um lado, não é prudente
um projeto sem qualquer folga de segurança, mas por outro lado não é factível
projetar a LT para os esforços máximos e simultâneos, pois a possibilidade de
ocorrência é praticamente nula.

3.1 Aspectos mecânicos envolvidos (revisão)


Para o estudo de linhas de transmissão, será usado a teoria da mecânica newto-
niana, basicamente estática, mas mencionando alguns conceitos de cinemática
e dinâmica. Nesta seção será feita uma breve revisão.

4
Na mecânica temos diversas grandezas vetoriais, sendo necessário a per-
cepção tridimensional de seus efeitos. Eventualmente poderemos aproximar
os estudos em duas dimensões. Para estática, a soma das forças aplicadas
deve ser igual a zero, e a falta desta condição indica que o corpo estará em
movimento. X
F~ = 0 (3.1)
Estas forças podem ser gravitacionais, eletromagnéticas e decorrentes de um
escoamento de fluido, no caso o ar. Também pode-se classificar estas for-
ças como permanentes (o peso próprio), transitórias (por exemplo, vento) ou
específicas na construção (como no lançamento dos cabos).
O momento de força é a magnitude da força aplicada em um corpo, referida
a um eixo de rotação. O momento também será uma grandeza vetorial, obtida
pelo rotacional entre a distância e a força:
~ = ~r × F~
M (3.2)

e também em condição de estática, a soma dos momentos deve ser igual a


zero: X
M~ =0 (3.3)

3.2 Requisitos elétricos


As principais dimensões da linha são definidas pela seus potenciais de opera-
ção. Primeiramente, o potencial nominal, em CA é referenciada pela tensão
de linha (valor eficaz, entre fases).
Em CC, os requisitos de segurança serão os mesmos necessários a uma
linha CA com potencial de crista (ou pico) fase-terra numericamente igual à
da linha CC [1]. Sendo assim, uma linha CA 765 kV será equivalente a

2
Vcc = 765 √ ∼ = 625 kV (3.4)
3
sendo esse valor para cada polo, acompanhado pelo indicador de polaridade
(±).
O potencial de operação é um valor nominal, no qual trabalha-se dentro
de uma folga, tanto que a própria LT possui uma queda de potencial ao longo
de seu comprimento. A NBR classifica as LTs pelo seu valor nominal máximo,
por exemplo uma LT de 230 kV é referenciada como 242 kV.
Outros potenciais envolvidos são os decorrentes de surtos de manobra, pro-
porcionais ao potencial da LT e influenciado pela rede, e surtos atmosféricos,
dependentes do sistema de proteção instalado, no qual prevê o risco de falha
de blindagem ou indução indireta.
A norma [1] apresenta o cálculo das distâncias recomendadas, partindo de
Du como o valor numérico em kV da tensão nominal de linha. Na seção 5
será demonstrado o cálculo destas distâncias.
5
4 Comportamento mecânico de cabos
4.1 Aspectos construtivos
Um cabo aéreo dispensa o uso de isolamento, sendo quase sempre nus para a
melhor dissipação de calor. Em geral o elemento condutor principal é de alu-
mínio, devido ao menor massa em relação ao cobre. A tabela 1 ilustra alguns
valores comparativos. Observa-se que mesmo com melhor condutividade, o
cobre não é a solução mais econômica.

Tabela 1: Características físicas de alguns materiais.


Condutivi- Resistivi- Coeficiente de Massa
dade IACS dade variação da específica
(%) (Ω·mm2 /m) resistência (‰−1 ) (g/cm3 )
Alumínio 1350 61,0 0,028264 0,00403 2,705
Alumínio liga 6201 52,5 0,032840 0,00347 2,690
Cobre duro comercial 97,0 0,017775 0,00381 8,89
Cobre padrão IACS 100,0 0,017241 0,00393 8,89
Aço - 0,17 - 7,9

O cabo é composto por fios, que podem ser de materiais diferentes, agre-
gados por um encordoamento. Atualmente estes fios não necessariamente são
cilíndricos, existindo por exemplo fios de seção trapezoidal, que permitem
uma melhor acomodação.
Alguns padrões de dimensões de cabos são o padrão AWG (Americam
Wire Gauge), usado para diâmetros até 1 cm, e o CM (circular mil), usa-
dos para bitolas superiores. Entretanto, para cada bitola, é possível qualquer
combinação de fios, sendo adotado algumas configurações padronizadas, para
cada tipo de cabo. Por exemplo, para cabos CAA (ou ACSR), cada com-
binação de bitola e fios recebe um código referente a um nome de pássaro.
Cabos CA (puramente de alumínio), por sua vez, são designados com nomes
de flores.

4.2 Equilíbrio térmico do cabo


O limite de corrente em um cabo é determinado pela temperatura máxima
aceitável. Este limite depende do tempo, quanto mais curto aceita-se um
maior nível. Para qualquer duração, este limite é empírico, variando de acordo
com as práticas em cada país ou empresa.
Pode-se dividir os limites para regime permanente, regime de emergência
e regime de curto-circuito. Para curto-circuito haverá um transitório térmico
muito interessante, mas que foge da proposta do curso. Para as outras duas
condições, pode-se assumir que serão aproximadamente um regime perma-
nente. A equação de descreve este limiar é

I 2 r(θ) + qs = qr + qc (4.1)

6
Tabela 2: Exemplos de alguns cabos comerciais
Tipo Denominação Bitola N° Seção transversal Diâme- Peso linear Tensão RCC RCA
(MCM) fios total (mm²) tro (kg/km) ruptura (Ω/km (Ω/km
(mm) (kgf ) @ 20‰) @ 75‰)
ACSR Hawk 477 26/7 280,85 21,78 977,9 8718 0,1199 0,1435
AAC Syringa 477 37 241,03 20,16 664,5 3860 0,1196
AAAC 500 19 253,30 20,60 696,90 7580 0,1818
ACAR 500 15/4 253,00 20,60 696,0 4620 0,1170
ACSR Grosbeak 636 26/7 322,3 25,16 1301,7 11187 0,1075
ACSR Rail 954 45/7 517,4 29,59 1605,8 11563 0,0612 0,0733
7

TACSR T-Rail 954 45/7 517,4 29,61 1602,8 11254 0,06088 0,08400
AAC Magnolia 954 37 483,74 28,56 1333,7 7263
AAAC 1000 506,7 29,2 0,0802
ACAR 1000 33/4 507,00 29,23 1394,0 8390 0,0580
ACAR 1000 33/28 507,00 29,23 1411,0 12210 0,0610
ACSR Bittern 1272 45/7 689,06 34,16 2138,5 15163 0,0451 0,0558
AAAC Bittern 1582 861,3 34,16 2331 17530 0,0352 0,0444
ACSR Thrasher 2312 76/19 1235,2 45,78 3761,8 25186 0,0249 0,0327
AAC Sagebrusch 2250 91 1139,5 43,9 3167,82 17687 0,02559 0,034
Aço HS 3/8” - 7 66,0 9,14 3985,8 4805,9 4,046 -
Aço EHS 3/8” - 7 66,0 9,14 4022,1 6852,3 4,189 -
sendo r(θ) a resistência do cabo em função da temperatura. Isolando o termo
da corrente, obtém-se a capacidade do cabo, ou ampacidade, para uma deter-
minada temperatura [4, p. 3-19], [5, p. 35]:
r
qr + qc −qs
I (θ) = (4.2)
r(θ)

nesta condição há um equilíbrio de fontes e dissipação de energia. Além da


corrente, tem-se a fonte de calor devido a radiação solar1 :

qs = 204 d (4.3)

e como formas de dissipação tem-se por irradiação:


" #
4 4
T T0
qr = 179, 2 · 10 d
3
− (4.4)
1000 1000

e por convecção forcada:

qc = 945, 6 · 10−4 ∆θ[0, 32 + 0, 43(45946, 8 d V )0,52 ] (4.5)

sendo d o diâmetro do cabo, T a temperatura final em K, θ a mesma tempera-


tura em ‰, T0 ou θ0 a temperatura ambiente, ∆θ = θ − θ0 , V a velocidade do
vento transversal e a emissividade (usualmente considerado 0,5 para condi-
ção de cabo moderadamente envelhecido). Cada termo da equação é expresso
em W/m.
Estas formulas são uma proposta do Cigré, desenvolvidas de forma empí-
rica, baseadas em . Outras propostas são os modelos do IEEE e de Morgan.
Cada um destes modelos possui um limite da validade, procure sempre saber
quais são os limites de um modelo antes de aplicar cegamente.
Independente do tipo de modelo adotado, a ampacidade e percebida por
cada um destes fatores: para operar no limite de uma determinada tem-
peratura, pode-se elevar a corrente caso exista um vento favorável e baixas
temperaturas, mas e reduzida para um dia de verão com sol.

4.2.1 Ampacidade de cabos para-raios


As equações abaixo são um exemplo de cálculo aproximado de elevação de
temperatura em cabos para efeito de curto-circuito [6], sendo θm a tempera-
tura máxima admissível de projeto do cabo, A a seção do cabo em cm² e t o
1 Neste modelo simplificado assume-se uma radiação solar media, outros modelos mais
precisos incorporam a posição do sol ao longo do dia, por exemplo.

8
180

160

140

120
Temperatura [ C]
o

100

80

60

40

20
0 200 400 600 800 1000 1200
Corrente [A]

Figura 1: Relação típica entre corrente e temperatura para um cabo aéreo

tempo de atuação do curto (da ordem de 0,5 s).


r
1
IEHS = 8, 88 · 10 A
3
ln[1 + 0, 0031(θm − θ0 )] (4.6)
t
r
1
IEHS = 1, 03 · 104 A ln[1 + 0, 0036(θm − θ0 )] (4.7)
t
r
1
IEHS = 1, 50 · 104 A ln[1 + 0, 0040(θm − θ0 )] (4.8)
t

Temperatura usuais de projeto, para regime de curto-circuito, são 170‰


para ACSR e 370‰ para cabos de aço EHS e Alumoweld [6].

4.3 Geometria do cabo em um vão isolado e nivelado


Seja um cabo engastado em dois suportes, em primeiro caso supondo os su-
portes nivelados, ou seja a mesma altura, só exista um vão (não há influência
de forças a jusante ou a montante) e não exista qualquer força transversal,
como por exemplo do vento. O cabo em condição estática irá descrever a
forma de uma catenária, e depende basicamente do comprimento do vão, do
peso e da tração.

9
Figura 2: Vão nivelado [5, p. 154]

O esforço em cada suporte será igual a T , podendo ser decomposto por


uma componente horizontal, T0 , e uma componente vertical, V .

Figura 3: Forças atuantes no suporte em um vão nivelado [5, p. 156]

T0
T = (4.9)
cos α

pl
α = tg −1 (4.10)
2 T0

10
A flecha da catenária é expressa pela equação:

T0 Ap
f = cosh −1 (4.11)
p 2 T0

sendo usual aproximar para a equação da parábola:

p A2
f = (4.12)
8 T0

Esta equação contém um desvio que é aceitável para vãos até 1000 m. Faça
as contas para comprovar.
Pode-se calcular o comprimento real do cabo pelas equações:
2 T0 Ap
l= sinh (4.13)
p 2 T0

A3 p2
l =A+ (4.14)
24 T02

o comprimento desenvolvido pelo cabo sera ligeiramente maior que o com-


primento do vão, novamente a primeira equação e a mais precisa mas ambas
possuem pouca diferença pratica. O próprio comprimento do cabo so sera
visivelmente superior ao comprimento do vão somente para flechas muito ele-
vadas.
E usual aplicar o parâmetro C = Tp0 , em metros, relacionando tração com
o peso linear do cabo. Nesta forma, a equação da flecha torna-se

A2
f = (4.15)
8C
Observa-se que a catenária depende da tração imposta ao cabo. A questão
é: qual tensão aplicar?
A norma [1] recomenda alguns valores para o regime de trabalho de maior
duração, baseados na carga de ruptura, sem considerar qualquer elemento de
amortecimento. Este percentual é usualmente denominado EDS (everyday
stress ).

Tabela 3: Recomendação de carga máxima para alguns cabos [1].


Cabo EDS (% de carga de ruptura)
Aço AR (HS) 16
Aço EAR (EHS) 14
CA (AAC) 21
CAA (ACSR) 20
CAL 18
CALA 16

11
4.4 Geometria do cabo em um vão desnivelado
Em um desnível, o cabo irá tender para o lado mais baixo, desequilibrando
os esforços. Mas a forma da catenária será a mesma: projetando a curva
além do ponto inferior até a altura do ponto superior, obtém-se a catenária
equivalente para um vão nivelado.
Sendo h a diferença em altura entre os pontos PA e PB , o vão com com-
0
primento A, sendo hA > hB , se prolongarmos o ponto PB até P B , o vão
0
equivalente será Ae = A + A , e o ponto de altura mínima:
Ae A + A0
hmin = = (4.16)
2 2
desenvolvendo, obtém-se

2 hT0
Ae = A + (4.17)
Ap

e a partir do vão equivalente calcula-se os outros aspectos do cabo. As cargas


verticais são calculadas na forma
Ap hT0
VA = + (4.18)
2 A
Ap hT0
VB = 2 − (4.19)
A

sendo o somatório igual ao peso total. O comprimento total de cabo será igual
a s
A2 p 2
l = h2 + A 2 1 + (4.20)
12 T012

Observe que o vão equivalente irá depender de T0 , logo qualquer alteração


na tração irá mexer primeiro no vão, ou seja, o ponto de altura mínima irá
deslocar-se horizontalmente!

4.5 Efeito da variação de temperatura


Os cabos são fortemente influenciados pela temperatura. Qualquer objeto
homogêneo possui variação de comprimento na forma

l2 = l1 (1 + αl ∆θ) (4.21)
sendo αl o coeficiente de dilatação térmica linear.
No caso dos cabos em catenária, a variação do comprimento implica em
uma flecha maior, proporcionando um alívio na tração. Esta variação, supos-
tamente elástica, obedece a Lei de Hooke, aonde considera-se o módulo de

12
elasticidade E, juntamente com a seção transversal do cabo S. A variação
total será
T02 −T01
l2 − l1 = l1 αl ∆θ + l1 (4.22)
ES

13
Desenvolvendo, obtém-se a equação de mudança de estado do cabo [5, p.
202]:

" #
C2 sinh A
1 1
∆θ = θ2 − θ1 =
2 C2
− 1− (T02 − T01 ) (4.23)
αl C1 sinh A
2 C1
ES

sendo θ1 e T01 as condições originais de instalação do cabo, C1 = Tp01 e


C2 = Tp02.
Esta equação é resolvida de forma iterativa: sabendo-se de antemão ∆θ,
que pode ser positiva ou negativa, arbitra-se valores de T02 até obter o valor
desejado em ∆θ. Este procedimento pode ser feito automaticamente com
programação ou o uso de solver de planilhas como Excel.
Calculando-se a nova tração T02 , basta utilizá-la nas equações anteriores,
de acordo com o tipo de vão, para obter a flecha e o comprimento real de
cabo.
Uma variante importante nestes cálculos é a variação do módulo de elas-
ticidade dos cabos, no qual em cabos compostos seu comportamento não é
linear. Atenta-se para a leitura [5, p.122] descrevendo o problema, e em [5,
p. 148] apresenta-se os dados usuais de se encontrar em catálogos, como o
módulo de elasticidade inicial (2 valores) e módulo de elasticidade final, e o
coeficiente de dilatação linear αl , inicial e final.

Tabela 4: Características de tensão e deformação de alguns cabos.


Módulo de elasticidade (kgf/mm2 ) αl (10−6 ‰−1 )
Inicial Inicial Fi- Ini-
inferior superior nal cial Final
CA 7 4711 3586 6117 23
CA 61 4008 2672 5625 23
CAA 6/1 6890 4640 8156 18,4 19,1
CAA 26/7 6539 4781 7593 18,4 18,9
CAA 54/19 5836 4359 7172 18,4 19,6
ACAR 24/13 4992 3516 5976 23
CAL 61 5273 4359 5976 23
ACCR 54/19 7453 17,5
ACCC Bittern 5980 20,1
Aço (HS e EHS) 1900 11,0
Alumoweld 1590 12,9

As figuras 4 e 5 relacionam a temperatura final com a tração e a flecha. Sendo


a temperatura diretamente influenciada pela corrente no cabo, pode- se
relacionar diretamente, como visto nas figuras 6 e 7, sendo a última uma

14
informação importante para a operação de uma linha: sabendo-se o risco
em ocorrer uma sobrecarga no sistema, pode-se relacionar este risco aos vãos
mais críticos, no qual observa-se o risco de falha pelas alturas de segurança,
incluindo nesta conta os dados climáticos.

2400
300 m
2200
500 m
1000 m
2000

1800
Tracao [kgf]

1600

1400

1200

1000

800

600
−100 −80 −60 −40 −20 0 20 40 60 80 100
Temperatura [oC]

Figura 4: Relação típica entre tração e temperatura em um cabo aéreo, para


alguns comprimentos de vão

Exemplo: um cabo CAA codinome Hawk (477 MCM, 26/ 7 fios, seção
280, 8 mm2 , 21, 8 mm, 976,4 kgf/km, carga de ruptura 8878 kgf ) é
instalado em um vão de 500 m nivelado (e supondo isolado) utilizando
EDS de 20%, em um dia com temperatura ambiente de 30‰. Calcule (a) a
flecha desenvolvida pelo cabo, (b) o estado do cabo, ou seja flecha e tração,
para uma temperatura de operação de 100‰. Utilize características de
tração/ deformação finais.
Solução: (a) a flecha é calculada utilizando T0 = 0, 2 · 8878 =
1775, 6 kgf:
0,9764 · 5002
f = = 17, 1843 m
8 · 1775, 6
1775,6
(b) a equação de estado será configurada com C1 = 0,9764 = 1818, 5 e

15
100

90 300 m
500 m
80 1000 m

70

60
Flecha [m]

50

40

30

20

10

0
−100 −50 0 50 100 150
Temperatura [oC]

Figura 5: Relação típica entre flecha e temperatura em um cabo aéreo, para


alguns comprimentos de vão

C2 = T02
0,9764
, devendo chegar a ∆t = 100 − 30 = 70‰. A equação final
será:
"
1
T02
0,9764
sinh 500·0,9764
2 T02
70 =
18, 9 · 10−6 500
1818, 5 sinh 2·1818,5
1
−1 − (T02 − 1775, 6)
7593 · 106 · 280, 8 · 10− 6
programado o lado direito da equação, pode-se começar com T02 = T01 e
ir diminuindo (quando maior a temperatura, menor a tração), tentando
chegar aos 70‰. No Matlab ou Scilab, a linha fica na forma:
1/18.9e-6 * ((t02 / 0.9764 * sinh(500*0.9764/(2 * t02)))
/ (1818.5*sinh(500/(2*1818.5))) - 1 - 1/(7593 * 280.8) *
(t02-1775.6))
Por tentativa e erro, chegando em T02 = 1511 kgf, obteve-se a tempe-
ratura de 69,9866‰, um boa aproximação.

16
1100

1000

900
Tracao [kgf]

800

700

600
300 m
500
500 m
1000 m

400
0 200 400 600 800 1000 1200
Corrente [A]

Figura 6: Relação típica entre tração e corrente em um cabo aéreo, para


alguns comprimentos de vão

Quando se procura calcular somente um estado, o método iterativo


calcula corretamente, mas quando se está realizando um cálculo de diver-
sos valores, por exemplo para traçar um gráfico, não há necessidade de
fazer esse processo para cada valor. Basta arbitrar um alcance de trações
T02 e calcular diretamente um vetor de ∆t. No final, arbitra ∆t como
eixo das abscissas e T02 no eixo das ordenadas.
No Matlab ou Scilab, com ∆t e T02 calculados como vetores, consegue-
se obter outros valores através da função interp1.

17
70

60

50
300 m
500 m
40 1000 m
Flecha [m]

30

20

10

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Corrente [A]

Figura 7: Relação típica entre flecha e corrente em um cabo aéreo, para alguns
comprimentos de vão

18
4.6 Feixes de condutores
O uso de feixes de condutores é necessário em extra-alta tensão (EAT) para
obter a redução do efeito corona, controlando o campo elétrico superficial.
Adicionalmente, o uso de vários cabos em vez de um cabo singelo de bitola
equivalente pode significar um melhor desempenho para instalação e manu-
tenção. O efeito pelicular também será menos expressivo, pois a superfície
de vários cabos será maior do que um cabo singelo. Costuma-se chamar cada
cabo do feixe como subcondutor.
Para questões mecânicas básicas vários cabos em paralelo atuarão de forma
uniforme. Os esforços na estrutura serão somados, e as flechas serão pratica-
mente iguais. Para distâncias de segurança, observa-se o cabo que estiver na
parte inferior do feixe.
Utiliza-se espaçadores para manter a geometria do feixe constante, evi-
tando oscilações individuais devido ao vento. A distância entre dois espaça-
dores define um sub-vão.
Um aspecto relevante são os esforços eletromagnéticos na condição de
curto-circuito: a corrente, distribuída pelos subcondutores, irá provocar uma
força de atração significativa, podendo provocar o choque entre cabos, cha-
mado de bundle clash. A força, por comprimento de cabo, será igual a

µ0 I 2
F = (4.24)
2π r

sendo I a corrente em cada subcondutor. Para feixes de 3 ou mais sub-


condutores, os esforços serão a soma vetorial da interação entre cada par de
subcondutores.

Exemplo: calcule a força entre dois cabos de um feixe com espaça-


mento de 45 cm, na ocorrência de um curto-circuito de 10 kA.

finalizando, observe que, na ocorrência da atração entre os cabos, a dis-


tância irá diminuir, aumentando ainda mais as forças atuantes.

4.7 Efeito do vento


O vento atuará como uma carga adicional, compondo com o peso próprio do
cabo, supondo um esforço constante, horizontal e perpendicular a linha:
1
fv = q Cx A = ρ A Cx V 2
(4.25)
2

sendo Q a força linear, q a pressão, ρ é a densidade do ar, V a velocidade do


vento, A a área exposta projetada (sendo um esforço por comprimento, usa-se
o diâmetro do cabo) e Cx o coeficiente de arrasto (aproximadamente 1).
18
É usual acrescentar a esta equação fatores representativos dos efeitos tran-
sitórios, tais como rajada e ressonância estrutural.
A própria velocidade do vento V é um valor bastante discutível: o que
considerar como vento máximo?
Para auxiliar na escolha dos valores de vento, a tabela 5 descreve resu-
midamente a escala Beaufort2 , para uma ordem de grandeza dos valores de
vento.

Tabela 5: Escala de Beaufort (resumida).


Grau Designação m/s km/h Aspecto
0 Calmo < 0,3 <1 Fumaça sobe na vertical
2 Brisa leve 1,6 a 3,3 6 a 11 Folhas das árvores se movem
4 Brisa 5,5 a 7,9 20 a Ondas de 1 m
moderada 28
6 Vento fresco 10,8 a 39 a Dificuldade em andar de
13,8 49 guarda-chuva
8 Ventania 17,2 a 62 a Dificuldade de andar contra o
20,7 74 vento
10 Tempestade 24,5 a 89 a Árvores arrancadas
28,4 102
12 Furacão > 32,7 > 118 Estrago generalizado

O vento “de projeto” irá depender também da altura a se considerar (do


cabo), o fator de rugosidade do terreno, além da premissa anterior de que o
vento sempre será perpendicular ao cabo.
A força total será p
feq = p2 + fv2 (4.26)

sendo agora feq o “peso virtual” a ser usado no cálculo da flecha. Outro
aspecto é que agora a catenária não estará mais na vertical, assumindo um
ângulo igual a
fv
γ = tg −1 (4.27)
p

e os suportes agora terão esforços transversais, sendo basicamente a força do


vento multiplicada pelo comprimento, dividida pelos dois suportes.
A figura 9 relaciona o vento com a tração final, desconsiderando o eventual
resfriamento do cabo pela ação do vento, solucionado pela equação de estado
pelo peso virtual correspondente. Observa-se que o comprimento do vão será
determinante para a elevação da tração.
O balanço do condutor é parâmetro importante para determinação da faixa
de passagem. Observa-se a flecha que o cabo desenvolve e pode-se observar
até onde o cabo pode alcançar as laterais do terreno. Acrescenta-se ao balanço
2 http://en.wikipedia.org/wiki/Beaufort_scale

19
Figura 8: Força do vento e balanço de cadeia [5, p. 195]

o comprimento da cadeia de isoladores, se estas forem em suspensão simples


(cadeia em “I”).

Exemplo: calcular a variação da flecha e tração em um cabo CAA


codinome Bluejay (1113 MCM, 32 mm 1867,6 kg/km, carga de ruptura
13552 kgf ), instalado em um vão isolado de 600 m, na ocorrência de um
vento transversal de 10 m/s. Calcular também o balanco desenvolvido
pelo cabo.
Solução: primeiramente, na condição sem vento, a flecha sera (consi-
derando 20% EDS, T0 = 0, 2 · 13552 = 2710, 4 kgf )
1,8766 ·6002
f = = 31, 16 m
8 · 2710, 4

Um vento de 10 m/s será equivalente a uma forca de


1
fv = 0, 032 · 102 = 1, 6 kgf /m
2

ou seja, da mesma ordem de grandeza do peso próprio. O balanco sera


1,6
γ = tg −1 = 40, 45°
1, 8766
p
a forca equivalente sera feq = 1, 87662 + 1, 62 = 2, 4661 kgf/m, e a
flecha na diagonal será de 40,94 m.
O esforço lateral em cada suporte será igual a fv2A = 480 kgf.

20
7000

300 m
500 m
6000 1000 m

5000
Tracao [kgf]

4000

3000

2000

1000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Vento [m/s]

Figura 9: Relação típica entre vento e tração em um cabo aéreo, para alguns
comprimentos de vão

4.8 Efeito simultâneo da variação de temperatura e do


vento
Para o cálculo da equação de estado, utiliza-se o peso virtual, ou seja, os
parâmetros serão
T01
C1 = (4.28)
p
T
C2 = 02 (4.29)
feq

cuja variação de temperatura pelo vento deve ser avaliada pela equação 4.2,
além de incluir outros fatores que diferem o estado final do estado de instala-
ção.

Exemplo: calcular a variação de temperatura imposta pelo vento,


descrito no exemplo anterior.

21
Solução: Pela equação 4.5, obtém-se o efeito da convecção forçada:

qc = 945, 6 · 10−4 ∆θ[0, 32 + 0, 43(45946, 8 d V )0,52 ]


= 945, 6 · 10−4 ∆θ[0, 32 + 0, 43(45946, 8 · 0, 032 · 10)0,52 ]
= 6, 0037 ∆θ W/m

mas que por sua vez depende da própria variação de temperatura. este
termo deve-se equilibrar com as outras fontes de calor, por exemplo se
estivermos somente com a corrente, sem sol e desprezando a irradiação,
pode-se calcular a potência, mas primeiro arbitrando uma resistência a
uma temperatura arbitrária (por catálogo, rC A = 0, 063 Ω/km @ 75‰),
e supondo uma corrente de 1000 A::

qi = r(θ)I 2 = 0, 063 · 10−3 · 10002 = 63 W/m

Equilibrando, qi = qc temperatura final será

6, 0037 ∆θ = 63
∆θ = 10, 49‰

Aqui o ideal seria refazer a conta da corrente, acertando a resistência


para 10,49‰, e encontrar a nova temperatura em um processo conver-
gente.

4.9 Vãos contínuos


Vão contínuos é uma sequência de vãos aonde ocorre transmissão de esforços.
Em geral uma linha é totalmente contínua, terminando somente nos pórticos
das subestações.
Na prática utiliza-se cadeias de suspensão na maioria das estruturas. Neste
caso, espera-se que os vãos a montante e a jusante estejam em equilíbrio na
maioria do tempo (com a variação de temperatura, os dois vãos irão dilatar
proporcionalmente).
ai + aj
V =p (4.30)
2

T0
Ti = (4.31)
cos α
p ai
α = arctan (4.32)
2 T0

22
p a 2i
fi = (4.33)
8 T0

4.10 Vãos desiguais

V = ±p(mi ± nj ) (4.34)

Ae2 p2
TBA = T0 + (4.35)
8 T0
2 hBA T0
Ae = (4.36)
aBA p

A2e p
TAB = T0 + p − hAB (4.37)
8 T0
2 hAB T0
Ae = aAB + (4.38)
aAB p

4.11 Estrutura em ângulo


A mudança de direção de uma linha implica em um esforço transversal na
torre
α
Fa = 2 T0 sen (4.39)
2

4.12 Fluência de cabos


Todo material após sua fabricação sofre um efeito de acomodação, cedendo
de forma inelástica aos esforços ao longo do tempo. Em cabos denomina-
se fluência, ou creep, que dependerá da tração no qual está instalado e da
temperatura média. A seguir apresenta-se algumas fórmulas empíricas.
O alongamento ε ao longo de sua vida útil, para cabos CAA, é determinado
pela equação
µ
t
ε = K exp(θ φ) σ α δ [mm/km] (4.40)
σ
Para cabos CA, CAL e CALA a equação é
ε = K θ φ σ α tµ [mm/km] (4.41)
sendo θ a temperatura, m a proporção de alumínio por área da seção
(m = SSliga
Al
) e σ a tensão, conforme lei de Hooke:

23
σ =E ε (4.42)
E os coeficientes são determinados pelo tipo de cabo, e para cabos com-
postos varia pela proporção entre os dois materiais.

24
Tabela 6: Coeficientes de fluência para cabos CAA fabricados por extrusão.
Cabo K φ α µ δ
CAA 54/7 1,60 0,017 1,42 0,38 0,190
CAA 48/7 3,00 0,010 1,89 0,17 0,110
CAA 30/7 2,20 0,011 1,38 0,18 0,037
CAA 26/7 1,90 0,024 1,38 0,23 0,030
CAA 24/7 1,60 0,024 1,88 0,19 0,077
CAA 18/1 1,20 0,023 1,50 0,33 0,130
CAA 12/7 0,66 0,012 1,88 0,27 0,160

Tabela 7: Coeficientes de fluência para cabos CA, CAL, e CALA fabricados


por extrusão.
Cabo K φ α µ
CA 7 0,18
CA 19 0,18
CA 37 0,16 1,4 1,3 0,16
CA 61 0,15
m
CALA 0, 04 + 0, 24m+1

5 Introdução ao pro jeto executivo de linhas


5.1 Roteiro simplificado
5.1.1 Definição das trações de pro jeto
A condição inicial de projeto é atribuir uma tração EDS proporcional a tração
de ruptura do cabo (ex. 20 % para ACSR). Com o regime de operação ao
longo da sua vida útil, outras condições devem ser atendidas:

1. Temperatura média, sem vento: 20% Trup ou de acordo com o cabo,


2. Vento máximo, temperatura coincidente: 33% Trup ,
3. Temperatura mínima, sem vento: 33% Trup (curva fria),
4. Temperatura máxima, sem vento (curva quente).

A última condição não considera a tração como limitante, mas sim a altura
de segurança do cabo com o solo, por ser a condição de maior flecha possível.
a partir desta condição será definida a curva quente do cabo.
A condição de temperatura mínima irá descrever a curva fria do cabo, que
será usada para testar a hipótese de arrancamento nos suportes.

24
5.1.2 Construção da curva a partir de um valor de flecha calculado
Para um vão a1 com flecha f1 , para uma determinada tração e temperatura,
pode-se extrapolar os valores de um vão a2 para as flechas f2 :
2
a2
f2 = f1 (5.1)
a1

O problema na prática é que a dinâmica de cada vão é diferente, como visto


na figura 4, aplicada para vãos isolados, mas que em vãos contínuos surgirá
diferenças entre os vãos: logo este método é aplicável para vãos semelhantes.

5.1.3 Construção do gabarito


O traçado no perfil do terreno será correspondente ao condutor mais baixo,
supondo que todas as outra fases/ polos sejam iguais (um exceção seria no
compartilhamento da torre de circuitos de classes de tensão distintas).
Supõe-se também que as condições sejam governadas pelos cabos energi-
zados, que sofrem maior variação com a temperatura, e os cabos para-raios
acomodem-se à locação das torres, visto que no caso destes cada vão pode ser
considerado como isolado (não haverá cadeia de isoladores).

A flecha dos cabos para-raios deve ser razoavelmente menor que a


flecha dos cabos energizados, para melhor desempenho contra descargas
atmosféricas no meio do vão. Porém, para vãos muito longos, uma dife-
rença excessiva entre flechas pode representar uma falha de blindagem!
Para um melhor entendimento, procure saber sobre modelo eletrogeomé-
trico.

A altura de segurança é determinada pela fórmula [1]


U
hs = a + 0, 01 √ − 50 (5.2)
3

sendo U a classe de tensão (valor máximo de tensão de linha, em kV) e a a


distância básica, de acordo com a natureza de utilização do terreno, conforme
tabela 8. Sendo que para U < 87 kV, hs = a.
Observa-se que uma linha pode conter outros critérios para a altura mí-
nima, tais como níveis de campo elétrico ou radiointerferência. O critério mais
crítico é que irá determinar as linhas de terra e de pé.

5.1.4 Linha de terra


Possui a distância básica de segurança hs (sem os adicionais referentes a tra-
vessias por obstáculos), determinado pelo nível de tensão máximo da linha.
Deve, no máximo, tangenciar a linha do terreno.
25
Tabela 8: Distâncias básicas de segurança [1].
Natureza Distância básica a
Locais acessíveis apenas a pedestres 6,0
Máquinas agrícolas 6,5
Rodovias, ruas e avenidas 8,0
Ferrovias não eletrificadas 9,0
Ferrovias eletrificadas 12,0
Suporte de linha pertencente à ferrovia 4,0
Águas navegáveis Águas H + 2,0
não navegáveis Linhas de 6,0
energia elétrica Linhas de 1,2
telecomunicações Telhados 1,8
Paredes 4,0
Instalações transportadoras 3,0
Veículos rodoviários e ferroviários 3,0
3,0

5.1.5 Linha de pé
Descreve, para uma altura específica de torre, a locação destas no terreno.
O ponto que a linha de pé cruza o perfil do terreno será a localização da
torre. Na prática, utiliza-se torres com diversas alturas padronizadas, ou seja,
deve-se dispor de diversas linhas de pé, paralelas, de acordo com cada torre.

5.1.6 Cruzamento de obstáculos


A norma recomenda distâncias mínimas adicionais ao transpor vãos que con-
tenham obstáculos, ou regiões com utilização específica (ex. passagem de
pedestres, rodovias, etc). recomenda-se neste caso marcar no perfil estas al-
turas, como guia para as linhas de terra.

5.2 Pro jeto de estruturas


Um projeto de uma torre parte do levantamento dos esforços estáticos e dinâ-
micos. Estes esforços possuem uma parcela estatística, como a carga de vento
e o risco de rompimento de cabos. Apresenta-se a seguir dois estudos:

Gráfico de aplicação – usado para torres previamente projetadas, no qual


um diagrama especifica os limites de carregamento;
Árvore de carregamento – usado para novos projetos de torres, ou em
estruturas especiais.

26
5.2.1 Gráfico de aplicação
A aplicação de uma estrutura é regida basicamente por três fatores:

• Ângulo de deflexão,
• Vão de peso (ou vão gravante),

• Vão de vento (ou vão médio).


que são referenciadas em um gráfico de aplicação. Este gráfico é um resumo
do desempenho estático da torre, ou seja, é específico de cada modelo pa-
dronizado. As figuras 10 e 11 são alguns exemplos. Repare que a torre é
considerada aplicável caso os valores estejam na parte interna do gráfico (área
aplicável na figura 11).

Figura 10: Exemplo de gráfico de aplicação [5, p. 347]

27
Figura 11: Exemplo de gráfico de aplicação [2, p. 180]

Equações de reta limite do gráfico de aplicação [6]:


VVmax (γ = 0°) fa2 TV tgγ/2
VV max (γ) = − (5.3)
cos γ/2 ft pV dc

pV dc cos γ/2 2 TV senγ/2


Vp (γ) = VV + (5.4)
p tg αmax p tg αmax

sendo γ a deflexão da linha, TV a tensão no condutor na condição de vento


máximo, dc o diâmetro do condutor, fa e ft fatores de sobrecarga, pV a pressão
do vento e αmax o ângulo máximo de balanço da cadeia.

5.2.2 Árvore de carregamento


Hipóteses de solicitações de estrutura:

1. Cabos intactos, vento máximo;

2. Um cabo para-raios rompido, vento médio;


3. Um cabo de fase rompido, vento médio;

4. Desbalanceamento vertical de montagem (uma fase lateral montada),


sem vento;
5. Carga vertical de montagem, sem vento.

28
Sendo que na previsão da torre prever ângulo de deflexão, estudar os es-
forços com e sem deflexão. Representa-se os esforços decompostos por suas
componentes, incluindo a diferença entre vãos desnivelados. Utiliza-se a tem-
peratura mínima por ser a condição mais crítica.
O cálculo estrutural consiste em separar os esforços nos pontos de fixação
da estrutura, além do peso próprio, em uma árvore de carregamento. A árvore
é um estudo importante, no qual é possível calcular os momentos de cada
esforço sobre cada nó e montante, chegando até aos esforços nas fundações.
O estudo na árvore de carregamento pode ser considerado como uma ana-
logia ao circuito elétrico (que pode-se estudar de forma estática - corrente
continua, ou dinâmica - corrente alternada).

Figura 12: Exemplo de árvore de carregamento em uma torre de circuito


duplo, incluindo esforços transversais, longitudinais e verticais [3, p. 430]

Os esforços podem ser divididos pelo eixos cartesianos:

1. Esforços verticais:
(a) Peso dos cabos,
(b) Peso próprio da torre,
(c) Peso da cadeia de isoladores.
2. Esforços transversais:

29
(a) Carga de vento nos cabos,
(b) Carga de vento na torre,
(c) Carga de vento nas cadeias de isoladores,
(d) Esforço por deflexão da linha.
3. Esforços longitudinais:
(a) Assimetria entre vãos,
(b) Rompimento de cabo,
(c) Esforço de montagem,

6 Elementos construtivos
Nas seções anteriores foram apresentadas dois elementos fundamentais de uma
linha de transmissão: cabos e torres. Nesta seção são listados os demais
elementos, mas cuja importância é relevante: pensando na linha como uma
corrente, no qual rompe-se no elo mais fraco, percebe-se a importância de que
todos os equipamentos sejam bem projetados e especificados.

6.1 Isolador
6.1.1 Vidro
6.1.2 Porcelana
6.1.3 Polimérico
Material a base de borracha de silicone com núcleo em fibra de vidro, sendo
na verdade uma cadeia em geral uma peça única e extremamente leve.
Seu uso no Brasil ainda é restrito a subestações e linhas curtas, devido ao
desempenho operacional e as diversas culturas das empresas.

6.2 Espaçador
Ferragem utilizada para manter os cabos de uma mesma fase a uma distância
definida, de forma a equilibrar o campo elétrico e resistir as oscilações.

6.3 Amortecedor
Ferragem instalada em cada cabo de forma a atenuar vibrações eólicas, com
amplitude da ordem de centímetros e frequência entre 3 a 150 Hz. O amortece-
dor é instalado nos prováveis pontos de máximo, sendo estes pontos calculados
de acordo com a tração, material e comprimento do vão.
O modelo mais usual de amortecedor é o tipo Stockbridge. Algumas vari-
antes permitem cobrir mais de um modo de oscilação, aumentando a eficiência.

30
Figura 13: Esquemático de um amortecedor Stockbridge (fonte: http://
www.hubbellpowersystems.com).

6.4 Anel de potencial e anel anti-corona


Os anéis anti-corona são utilizados para balancear o campo elétrico em diver-
sas ferragens, em geral nos elementos “vivos,” mas é possível haver campos
elétricos elevados em partes aterradas.
Os anéis de potencial são distribuídos ao longo da cadeia de isoladores, de
forma a uniformizar a distribuição de potenciais na cadeia, que não necessa-
riamente é linear. Desta forma cada isolador será solicitado uniformemente.

6.5 Fundação
6.6 Cabo estai
Cabos de aço com função estrutural, utilizados para estabilizar estruturas
delgadas, conhecidas como torres estaiadas. Geralmente usam-se 4 cabos
estais, em forma de “X”, a uma distância segura dos cabos energizados.
Algumas configurações usam ainda cabos de aço para suspensão de cadeias,
chamadas de torres trapézio or crossrope, por lembrar a atração de circo.

6.7 Centelhador ou supressor de surto (gap )


Composto por hastes metálicas alinhadas, em paralelo a cadeia de isoladores,
permite a disrupção do ar em um ponto específico, para um nível de tensão
predeterminado, sem que haja dano sobre a cadeia.

31
Figura 14: Detalhe de ancoragem de torre crossrope.

6.8 Para-raio de linha


O equipamento para-raios (em inglês surge arrester ), ao contrário dos ca-
bos para-raios, são uma resistência não-linear, que comporta-se como circuito
aberto para tensão nominal, e como um curto-circuito para tensões acima de
um valor crítico. É um elemento vital, instalado na entrada de subestações
para suprir qualquer entrada de surto de tensão, escoando para o terra.
Em linhas com alta incidência de descargas atmosféricas, ou problemas
localizados devido a sobretensões de manobra, é possível instalar para-raios
em paralelo com algumas cadeias de isoladores, não necessariamente todas.
Possui função similar ao centelhador, mas com custo mais elevado e com-
portamento mais definido.

6.9 Esfera de sinalização


6.10 Jumper
Segmentos de cabo que interliga duas extremidades de cadeias de ancoragem.
Caso a ligação é feita pela fase externa, ou por motivo de balanço do próprio
jumper, instala-se uma cadeia de suspensão no meio.

32
Figura 15: Torre crossrope estaiada.

Figura 16: Supressores de surto protegendo uma cadeia de ancoragem (fonte:


http://en.wikipedia.org/ wiki/Arcing_horns).

6.11 Caixa de emenda (OPGW)


Em cabos OPGW, a emenda da fibra óptica é um elemento delicado, devendo
ser acomodada em uma caixa especial. Normalmente a fibra desce para um
ponto inferior da torre, aonde esta caixa é instalada, juntamente com uma
sobra de cabo para eventual manobra.

33
Figura 17: Manutenção em para-raios de linha (fonte:
http://en.wikipedia.org/ wiki/Lightning_arrester).

34
Figura 18: Exemplo de instalação de caixa de emenda (fonte:
http://www.plp.com.br).

35
7 Construção e manutenção de linhas
7.1 Fundações
7.2 Montagem da torre
A maioria das torres são compostas por perfil metálicos, devido à facilidade
de transporte a locais remotos. Outros tipos construtivos podem ser usados,
conforme houver vantagem econômica, tais como perfis tubulares, concreto e
madeira.

7.2.1 Montagem com auxílio de mastros (falcão)


É o método mais econômico, e para um equipe treinada possui uma rapidez
impressionante. As peças são previamente montadas em solo, e com o auxílio
de mastros são içados manualmente.
É interessante notar que nesta etapa, os parafusos não são totalmente
apertados, havendo uma operação de aperto (com uso de torquímetro) so-
mente com a torre completa, por outra equipe, de forma a acomodar todos os
elementos na posição.

7.2.2 Montagem com guindastes


O uso de guindastes permite a montagem de grandes elementos no solo, como
um mastro completo, ou até a torre completa no caso da estaiada. seu uso
depende muito dos acessos à praça de montagem, como linhas paralelas a
rodovias.

7.2.3 Montagem com helicóptero


O helicóptero permite que as torres sejam montadas no canteiro, havendo ne-
cessidade de trabalho em campo somente nas fundações e estais. Obviamente
o custo será elevado, mas podendo se equilibrar pela dificuldade do terreno se
fossem utilizados métodos convencionais.

7.3 Lançamento de cabos


O lançamento consiste em passar os cabos das fases, polos e para-raios em
um tramo. O tramo é uma sequência de torres de suspensão, terminadas por
torres de ancoragem.
Os cabos são lançados com o auxílio de um cabo piloto, previamente lan-
çado. Deve-se tomar cuidado para os cabos não “abrirem” (engaiolamento),
logo as pontas são devidamente encapadas. Também utiliza-se de um meca-
nismo anti-torção. No caso de um feixe de condutores, todos são puxados

36
simultaneamente, com o auxílio de uma peça chamada balancim, ou popular-
mente, arraia.
Nas torres, instala-se previamente as cadeias de isoladores com roldanas
revestidas, para não danificar os cabos. as roldanas devem estar bem lubrifi-
cadas para que não haja esforço excessivo nem risco de travamento.
O cabo piloto é puxado por um guincho, chamado puller. Na outra extre-
midade estarão as bobinas dos cabos e um guincho de freio, para controlar o
tensionamento.
A arraia deve passar cuidadosamente pelas roldanas, que contém um sulco
para cada cabo, respeitando uma ordem estabelecida para não haver troca de
posição.
Os cabos são lançados aterrados em ambas as extremidades, em especial
quando houver linhas em operação correndo paralelamente.
Os tramos em geral são muito maiores que o comprimento dos cabos da
bobina, logo são realizadas emendas conforme os cabos sejam esticados. Ape-
sar de serem relativamente seguras, as normas das empresas estipulam que
as emendas fiquem localizadas em certos pontos do tramo, por exemplo não
é permitido que a emenda fique posicionada sobre uma rodovia. Os cabos
OPGW necessitam que as emendas sejam realizadas nas torres, devido à par-
ticularidade da fibra óptica.

7.4 Flechamento
Consiste no acerto das flechas no tramo. Aqui todos os vãos são alinhados
simultaneamente, pelo projeto conter a mesma tração.

7.4.1 Linha de visada paralela


Neste método, a luneta e o alvo são fixados nas torres, na altura desejada.
Ajusta-se a tensão no cabo até que o cabo tangencie a linha de visada.
Este método na teoria é bem intuitivo, mas na prática demanda que o
topógrafo e o assistente subam nas torres, e nem sempre se acomodando em
algum posição prática.

7.4.2 Linha de visada qualquer


Neste método a luneta está no solo, mirando em algum ponto de suspensão
conhecido. Sendo D e E distâncias conhecidas, e sendo E/D < 2, aproxima-se
para [5, p. 253]:
√ √ !2
D+ E
f = (7.1)
2

37
Figura 19: Métodos de ajuste óptico da flecha (a) linha de visada paralela,
(b) linha de visada qualquer [5, p. 252]

7.5 Grampeamento
Referências
[1] ABNT. NBR 5422/85 – projeto de linhas aéreas de transmissão de energia
elétrica, 1985.
[2] Chaves, R. A. Fundações de torres de linhas de transmissão e de te-
lecomunicação. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, Abril 2004.
[3] Kiessling, F., Nefzger, P., Nolasco, J., and Kaintzyk, U.
Overhead power lines: planning, design, construction. Springer, 2003.
[4] Kirkpatrick, L., Ed. Aluminum Electrical Conductor Handbook, 3rd
ed. ed. Aluminum Association, 1989.

38
[5] Labegalini, P. R., Labegalini, J. A., Fuchs, R. D., and Almeida,
M. T. Projetos mecânicos das linhas aéreas de transmissão. Edgard
Blucher, 1982.
[6] Santiago, N. H. C. Linhas Aéreas de Transmissão. Departamento de
Eletrotécnica da UFRJ, Rio de Janeiro, 1983.

A Glossário
Amortecedor
Ampacidade Capacidade de corrente de um cabo. Calculado de acordo com as
condições climáticas, de instalação e operação (condições nominais ou emer-
gência).
Anel anti-corona (ou de potencial)
Ângulo de blindagem Ângulo no qual o cabo para-raios faz com a fase externa,
associado à proteção contra descargas atmosféricas.
Arrancamento Hipótese no qual uma torre, localizado em um nível mais baixo
como em um vale, está com os cabos com esforço vertical com a tendência
de subir, provocando a perda da verticalidade em cadeias de suspensão, ou o
arrancamento de fato em isoladores de pino.
Arrevio
Árvore de carregamento
Balancim
CA Cabo de alumínio (em inglês AAC - all-aluminum conductor ).
CAA Cabo de alumínio com alma de aço (em inglês ACSR - aluminum conductor,
steel reinforced ).
Cabeça da torre
Cabo contrapeso Cabo enterrado horizontalmente com função de aterramento
Cabo para-raios (Ou de guarda) Cabos instalados na parte mais alta da linha,
com função principal de proteção contra descargas atmosféricas. Possui função
secundária de retorno de corrente e transmissão de dados (via OPGW).
Cabo auto-amortecido Cabo compostos por fios trapezoidais, com folga, para
atenuação dos efeitos do vento.
Cabo piloto
Cabo madrinha Cabo de referência no feixe, na etapa de flechamento.
Cadeia de suspensão
Cadeia de ancoragem
Cadeias IVI Configuração de cadeias de isoladores, no qual as fases externas com
cadeia em “I” e a fase central com cadeia em “V”.

39
Caixa de emenda Painel para proteção de emendas, em cabos subterrâneos, ou
em emendas de fibra óptica em cabos OPGW.
CAL Cabo de alumínio liga (em inglês AAAC - all-aluminum alloy conductor ).
CALA Cabo de alumínio liga com alma de aço (em inglês AACSR - aluminum
alloy conductor, steel reinforced ).
Came-along Carga
de vento Carga
permanente Carga
de montagem
Carga de ruptura Limite de tensão a ser aplicada em cabos, especificado pelo
fabricante. Também denominado como EDS ou UTS.
Chainette (ou cross-rope ) Configuração de torre composta por dois mastros nas
extremidades e um conjunto de cabos, suportando as três fases.
Chave espina (ou bimbão) Ferramenta usada na montagem de torres, para ali-
nhamento de furos antes de aparafusar.
Coeficiente de arrasto
Coeficiente de expansão térmica
Contrapino
Configuração em nabla Posição de um circuito trifásico semelhante a configura-
ção em delta, no qual as fases externas ficam mais altas que a fase central.
CM Abreviação de circular mil, área de um círculo cujo diâmetro é um milésimo
de polegada (0, 506707 · 10−3 mm2 ).
Cruzeta
Creep
Deflexão ângulo no qual o trajeto da LT descreve em uma torre.
Delta
Destorcedor Peça usada no esticamento de cabos, com finalidade de minimizar a
torção.
Distância de arco seco
Distância de arco sob chuva
Distância de escoamento
Down drop Caimento do cabo na proximidade da torre, a se considerar na distân-
cia de isolamento.
EDS Everyday Stress, Valor de tração médio em um cabo para condições nominais,
em geral indicado como um percentual da tração de ruptura.
Efeito cascata Ocorrência de um defeito em um elemento da linha (ex. rompi-
mento de cabo, queda de torre), no qual os elementos vizinhos sofrem esforços
adicionais.

40
Empancadura Estrutura provisória, geralmente de madeira, que sustenta os cabos
para passagem sobre vias ou linhas de distribuição.
Engaiolamento Efeito de um cabo “abrir” os fios, formando a aparência de uma
gaiola, devido a destorcimento acidental ou força induzida por curto-circuito.
Engate concha-bola
Engate garfo-olhal
Ensaio de tipo
Ensaio de rotina
Ensaio de recebimento
Ensaio de carregamento
Espaçador Ferragem usada em feixes de condutores, para manter a distância entre
os subcondutores ao longo do vão.
Estai
Estribo
Estrutura de alinhamento Torres a serem usadas para pequenas deflexões, como
na maioria das torres de suspensão.
Estrutura de ancoragem
Estrutura de transposição Torre específica para realizar a transposição de fases,
em geral mais larga e pesada que as estrutura usuais.
Estrutura para ângulos Torre para grandes deflexões, em geral de ancoragem.
Estrutura para derivação Torre específica para dividir as fases em dois ou mais
circuitos, logo necessariamente de ancoragem.
Estrutura autoportante Tipo de projeto de torre sustentada basicamente por
suas pernas.
Estrutura estaiada Tipo de projeto de torre, mais delgada, que necessita de estais
para resistir a esforços transversais e longitudinais.
Estrutura de travessia
Extensão da torre
Extra-alta tensão (EAT) Classificação de níveis de tensão fase-fase maiores que
300 kV e inferiores a 1000 kV em CA, ou inferiores a 800 kV em CC.
Faixa de passagem (ou de servidão) Terreno que contém a linha de transmis-
são e a distância de segurança para a população em geral, baseado em critérios
de campos eletromagnéticos e risco de queda.
Falcão Peça metálica com comprimento da ordem de 6 m, usada como pau de carga
na montagem de torres.
Feixe Conjunto de cabos condutores, usualmente de 2 a 4, compostos também
por ferragens que asseguram a distância entre cabos. Possibilita o uso de
cabos mais flexíveis, comparados ao equivalente de um cabo singelo, e reduzem
consideravelmente o efeito corona em linhas de EAT.

41
Festão (ou ponte auto-vibrante) Alça constituída por um pedaço do próprio
cabo, conectada em paralelo, em volta do grampo de suspensão, com finalidade
de amortecimento.
Flechamento Ação de medir e corrigir a flecha de um cabo.
Fluência
Freio (ou tensioner ) Guincho auxiliar montado na praça de lançamento, junto
às bobinas, com finalidade de assegurar o correto tensionamento dos cabos
durante o lançamento.
Fundação Estrutura enterrada que sustenta a torre, sofrendo esforços de compres-
são e tração (arrancamento).
Gabarito Peça provisória para auxiliar e padronizar a montagem (ex. fundações).
Galvanização (ou galvanoplastia) Tratamento de revestimento de um metal por
outro mais nobre, para proteção contra corrosão. É o processo mais usado
para proteção de estruturas metálicas.
Gráfico (ou carta) de aplicação Gráfico correspondente a um modelo de torre,
ilustrando seus limites mecânicos de acordo com o vão de peso, vão de vento
e deflexão.
Grampeamento Etapa da montagem da linha no qual retira-se os cabos das rol-
danas e conecta na cadeia de isoladores.
Grelha Tipo de fundação
IACS Abreviação de International Annealed Copper Standard, padrão internacio-
nal de cobre recozido.
Janela Espaço na torre no qual a fase central atravessa.
Jumper Pedaço de cabo com finalidade de emendar os dois lados de um condutor,
em uma torre de ancoragem. Dependendo do comprimento ou posição, é
necessário um isolador de suspensão para restringir o excesso de cabo.
Jusante elemento que se encontra após uma estrutura (ex. um vão em relação a
torre no sentido da LT, ou um rio após a queda dágua em uma hidrelétrica).
Luva de emenda Ferragem usada para emendar cabos no lançamento (por com-
pressão) ou em manutenção de emergência (por torção com pré-formados).
Manilha
Mancal
Mísula
Módulo de elasticidade inicial fator que indica a razão entre tensão e deforma-
ção em um cabo composto, para pequenos esforços.
Módulo de elasticidade final fator que indica a razão entre tensão e deformação
em um cabo composto, para grandes esforços.
Montante (i) elemento de uma estrutura metálica, composto por perfis laminados,
(ii) trecho da linha que se encontra antes de uma estrutura em relação ao
sentido convencionado (ver Jusante ).

42
Montante duplo Método no qual sobrepõe-se dois perfis para aumentar a resis-
tência mecânica.
Painel
Palnut Contra-porca, peça que trava uma porca no parafuso, evitando que afrouxe
com o tempo.
Perna da torre
Plano de lançamento
Praça de lançamento Canteiro de obras no qual instala-se as bobinas e os guin-
chos de tensionamento ou freios.
Prensa hidráulica Ferramenta para realização de emendas em cabos, no qual as
luvas são prensadas com esforços da ordem de até 100 t.
Off-set zero
OPGW Optical ground wire, cabo composto por fios metálicos e alguns tubos com
fibras ópticas, para transmissão de dados, usado como alternativa aos PLCs
e elos de microondas.
Quadro
Passo Em isoladores, corresponde a altura que cada isolador ocupa na cadeia.
Pêndulo
Período de retorno
PLC Power line carrier, método de transmissão de dados entre subestações através
dos cabos da LT. A tecnologia usa os mesmos princípios da internet via rede
elétrica (Veja também OPGW ).
Preformado
Prolongador Ferragem metálica usada para aumentar o comprimento de uma ca-
deia de isoladores, no qual já possui número suficiente de discos mais não tem
distância para fixar na estrutura.
Puller Guincho utilizado para lançamento de cabos, sendo em geral auxiliado por
um freio na outra extremidade.
Regulagem Etapa da montagem da linha, consiste em corrigir as flechas de um
tramo, com o auxílio de teodolitos.
Relação vão de peso/ vão de vento
Romaneio
Rugosidade
Seção de tensionamento
Silhueta
Stockbridge (amortecedor) Ferragem instalada em cabos, consistindo em pesos
regulados para uma frequência natural de oscilação.
Stub
Subcondutor Cada cabo de um feixe de condutores.

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Tabela de off-set
Talabarte Item de segurança, composto por ganchos para prender a pessoa na
estrutura;
Torre básica Parte superior de um modelo de torre que não é alterada. A parte
inferior é escolhida de acordo com a altura final (extensões) e os desníveis no
terreno (pernas).
Torquímetro
Tramo
Trapézio
Treliça (ou talisca)
Tubulão Tipo de fundação.
Ultra-alta tensão (UAT) Classificação de níveis de tensão fase-fase igual ou su-
perior a 1000 kV em CA, ou igual e superior a 800 kV em CC.
UTS Ultimate tensile strength, ou carga de ruptura.
Vante
Vão básico
Vão contínuo Sucessão de vãos aonde transmite-se esforços ao longo da linha.
Vão desnivelado Vão com diferença de altura entre os suportes.
Vão de peso Distância entre pontos com tangente horizontal das catenárias dos
vãos adjacentes ao suporte [1], ou a distância entre os pontos mais baixos do
cabo nos vãos adjacentes.
Vão de vento Média aritmética dos vãos adjacentes ao suporte [1].
Vão gravante Outra denominação para vão de peso.
Vão médio Em geral, é outra denominação para vão de vento.
Vão regulador Vão equivalente, fictício, de comprimento médio de uma seção de
tensionamento.
Virola
Visada direta
Visada horizontal (ou D1)
Visada em ângulo

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