Apostila Requisitos Mecânicos 201401.ebook
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Sumário
1 Introdução 3
1
5 Introdução ao pro jeto executivo de linhas 24
5.1 Roteiro simplificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
5.1.1 Definição das trações de projeto . . . . . . . . . . . . . 24
5.1.2 Construção da curva a partir de um valor de flecha cal-
culado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5.1.3 Construção do gabarito . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5.1.4 Linha de terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5.1.5 Linha de pé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
5.1.6 Cruzamento de obstáculos . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
5.2 Projeto de estruturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
5.2.1 Gráfico de aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
5.2.2 Árvore de carregamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
6 Elementos construtivos 30
6.1 Isolador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
6.1.1 Vidro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
6.1.2 Porcelana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
6.1.3 Polimérico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
6.2 Espaçador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
6.3 Amortecedor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
6.4 Anel de potencial e anel anti-corona . . . . . . . . . . . . . . . 31
6.5 Fundação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
6.6 Cabo estai . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
6.7 Centelhador ou supressor de surto (gap ) . . . . . . . . . . . . . 31
6.8 Para-raio de linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
6.9 Esfera de sinalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
6.10 Jumper . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
6.11 Caixa de emenda (OPGW) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
A Glossário 39
2
1 Introdução
Esta apostila é uma organização para a disciplina “Cálculo Mecânico de Linhas
de Transmissão” do CEFET-RJ. Este assunto não pode ser visto por si só,
visto que o projeto de uma linha de transmissão (ou LT) depende igualmente
dos seus aspectos elétricos, além de outros, como civil, econômico, etc. Visto
isso, aconselha-se a obter a apostila de cálculo elétrico, mesmo que neste
instante você não esteja cursando, ou se já cursou, que se faça uma consulta
regularmente.
Visto de fora, parece fácil para um engenheiro eletricista abter-se de área
de conhecimento da mecânica, ou em uma empresa dispor de colegas enge-
nheiros mecânicos. Mas na prática o engenheiro deve ser, sempre, multi-
disciplinar. Principalmente aqui. Pois podemos imaginar projetos mirabo-
lantes, mas sem o pé na realidade da mecânica (e novamente, das outras
disciplinas), passa-se de um sonho. Assim, acostume-se a interagir os efeitos
eletromagnéticos com os “newtons” e “kelvins”, pois isso vale para todo o resto
da profissão.
2.1 Torres
A torre sustenta os cabos a distâncias seguras, possibilitando vencer distâncias
ao longo de um terreno, em geral desocupado. Logo a torre deve resistir ao
seu peso próprio e ao peso dos cabos, sendo que este peso pode “variar” - não
que a massa se altere, mas na verdade é a tração nos cabos, e que depende
de diversos fatores.
A torre é composta pela fundação, que permite que fique estabilizada sobre
o terreno e resista a esforços de tração e compressão; a estrutura em si, em
geral metálica, mas podendo ser por exemplo de concreto, madeira ou fibra;
isoladores para separar a estrutura das partes “vivas”, os cabos energizados;
e o aterramento, que também é chamado de cabo contrapeso.
3
2.2 Cabos
Os cabos são a guia para transmitir a energia elétrica, sendo sua escolha
correta fundamental para um bom desempenho.
Primeiramente a escolha depende se a linha é de corrente contínua (CC,
nos polos) ou corrente alternada (CA, nas fases). Em CA, o efeito pelicular
provoca a repulsão das linhas de corrente, concentrando-a na periferia do cabo.
Utiliza-se cabos compostos, com o núcleo de material mais resistente e menos
condutor, e na coroa fios de alumínio. Em CC a corrente é distribuída, fato
que em alguns projetos os cabos totalmente de alumínio sejam vantajosos.
Também utiliza-se cabos como pára-raios, em torres estaiadas e no ater-
ramento, cada um possuindo características bem distintas dos cabos de fase
ou polo.
As ferragens são elementos complementares importantes, e incluem os
pontos de fixação com os isoladores, os espaçadores no caso de feixe de con-
dutores, amortecedores para reduzir as vibrações, centelhadores para dissipar
surtos de tensão, e anéis anti-corona para distribuir o campo elétrico em
pontos específicos. Todos estes elementos devem ser de alta confiabilidade e
estarem previstos para manutenção em linha viva.
Por final, alguns elementos não metálicos utilizados são as esferas sinali-
zadoras e cabos de fibra óptica, ambos instalados nos cabos pára-raios.
4
Na mecânica temos diversas grandezas vetoriais, sendo necessário a per-
cepção tridimensional de seus efeitos. Eventualmente poderemos aproximar
os estudos em duas dimensões. Para estática, a soma das forças aplicadas
deve ser igual a zero, e a falta desta condição indica que o corpo estará em
movimento. X
F~ = 0 (3.1)
Estas forças podem ser gravitacionais, eletromagnéticas e decorrentes de um
escoamento de fluido, no caso o ar. Também pode-se classificar estas for-
ças como permanentes (o peso próprio), transitórias (por exemplo, vento) ou
específicas na construção (como no lançamento dos cabos).
O momento de força é a magnitude da força aplicada em um corpo, referida
a um eixo de rotação. O momento também será uma grandeza vetorial, obtida
pelo rotacional entre a distância e a força:
~ = ~r × F~
M (3.2)
O cabo é composto por fios, que podem ser de materiais diferentes, agre-
gados por um encordoamento. Atualmente estes fios não necessariamente são
cilíndricos, existindo por exemplo fios de seção trapezoidal, que permitem
uma melhor acomodação.
Alguns padrões de dimensões de cabos são o padrão AWG (Americam
Wire Gauge), usado para diâmetros até 1 cm, e o CM (circular mil), usa-
dos para bitolas superiores. Entretanto, para cada bitola, é possível qualquer
combinação de fios, sendo adotado algumas configurações padronizadas, para
cada tipo de cabo. Por exemplo, para cabos CAA (ou ACSR), cada com-
binação de bitola e fios recebe um código referente a um nome de pássaro.
Cabos CA (puramente de alumínio), por sua vez, são designados com nomes
de flores.
I 2 r(θ) + qs = qr + qc (4.1)
6
Tabela 2: Exemplos de alguns cabos comerciais
Tipo Denominação Bitola N° Seção transversal Diâme- Peso linear Tensão RCC RCA
(MCM) fios total (mm²) tro (kg/km) ruptura (Ω/km (Ω/km
(mm) (kgf ) @ 20‰) @ 75‰)
ACSR Hawk 477 26/7 280,85 21,78 977,9 8718 0,1199 0,1435
AAC Syringa 477 37 241,03 20,16 664,5 3860 0,1196
AAAC 500 19 253,30 20,60 696,90 7580 0,1818
ACAR 500 15/4 253,00 20,60 696,0 4620 0,1170
ACSR Grosbeak 636 26/7 322,3 25,16 1301,7 11187 0,1075
ACSR Rail 954 45/7 517,4 29,59 1605,8 11563 0,0612 0,0733
7
TACSR T-Rail 954 45/7 517,4 29,61 1602,8 11254 0,06088 0,08400
AAC Magnolia 954 37 483,74 28,56 1333,7 7263
AAAC 1000 506,7 29,2 0,0802
ACAR 1000 33/4 507,00 29,23 1394,0 8390 0,0580
ACAR 1000 33/28 507,00 29,23 1411,0 12210 0,0610
ACSR Bittern 1272 45/7 689,06 34,16 2138,5 15163 0,0451 0,0558
AAAC Bittern 1582 861,3 34,16 2331 17530 0,0352 0,0444
ACSR Thrasher 2312 76/19 1235,2 45,78 3761,8 25186 0,0249 0,0327
AAC Sagebrusch 2250 91 1139,5 43,9 3167,82 17687 0,02559 0,034
Aço HS 3/8” - 7 66,0 9,14 3985,8 4805,9 4,046 -
Aço EHS 3/8” - 7 66,0 9,14 4022,1 6852,3 4,189 -
sendo r(θ) a resistência do cabo em função da temperatura. Isolando o termo
da corrente, obtém-se a capacidade do cabo, ou ampacidade, para uma deter-
minada temperatura [4, p. 3-19], [5, p. 35]:
r
qr + qc −qs
I (θ) = (4.2)
r(θ)
qs = 204 d (4.3)
8
180
160
140
120
Temperatura [ C]
o
100
80
60
40
20
0 200 400 600 800 1000 1200
Corrente [A]
9
Figura 2: Vão nivelado [5, p. 154]
T0
T = (4.9)
cos α
pl
α = tg −1 (4.10)
2 T0
10
A flecha da catenária é expressa pela equação:
T0 Ap
f = cosh −1 (4.11)
p 2 T0
p A2
f = (4.12)
8 T0
Esta equação contém um desvio que é aceitável para vãos até 1000 m. Faça
as contas para comprovar.
Pode-se calcular o comprimento real do cabo pelas equações:
2 T0 Ap
l= sinh (4.13)
p 2 T0
A3 p2
l =A+ (4.14)
24 T02
A2
f = (4.15)
8C
Observa-se que a catenária depende da tração imposta ao cabo. A questão
é: qual tensão aplicar?
A norma [1] recomenda alguns valores para o regime de trabalho de maior
duração, baseados na carga de ruptura, sem considerar qualquer elemento de
amortecimento. Este percentual é usualmente denominado EDS (everyday
stress ).
11
4.4 Geometria do cabo em um vão desnivelado
Em um desnível, o cabo irá tender para o lado mais baixo, desequilibrando
os esforços. Mas a forma da catenária será a mesma: projetando a curva
além do ponto inferior até a altura do ponto superior, obtém-se a catenária
equivalente para um vão nivelado.
Sendo h a diferença em altura entre os pontos PA e PB , o vão com com-
0
primento A, sendo hA > hB , se prolongarmos o ponto PB até P B , o vão
0
equivalente será Ae = A + A , e o ponto de altura mínima:
Ae A + A0
hmin = = (4.16)
2 2
desenvolvendo, obtém-se
2 hT0
Ae = A + (4.17)
Ap
sendo o somatório igual ao peso total. O comprimento total de cabo será igual
a s
A2 p 2
l = h2 + A 2 1 + (4.20)
12 T012
l2 = l1 (1 + αl ∆θ) (4.21)
sendo αl o coeficiente de dilatação térmica linear.
No caso dos cabos em catenária, a variação do comprimento implica em
uma flecha maior, proporcionando um alívio na tração. Esta variação, supos-
tamente elástica, obedece a Lei de Hooke, aonde considera-se o módulo de
12
elasticidade E, juntamente com a seção transversal do cabo S. A variação
total será
T02 −T01
l2 − l1 = l1 αl ∆θ + l1 (4.22)
ES
13
Desenvolvendo, obtém-se a equação de mudança de estado do cabo [5, p.
202]:
" #
C2 sinh A
1 1
∆θ = θ2 − θ1 =
2 C2
− 1− (T02 − T01 ) (4.23)
αl C1 sinh A
2 C1
ES
14
informação importante para a operação de uma linha: sabendo-se o risco
em ocorrer uma sobrecarga no sistema, pode-se relacionar este risco aos vãos
mais críticos, no qual observa-se o risco de falha pelas alturas de segurança,
incluindo nesta conta os dados climáticos.
2400
300 m
2200
500 m
1000 m
2000
1800
Tracao [kgf]
1600
1400
1200
1000
800
600
−100 −80 −60 −40 −20 0 20 40 60 80 100
Temperatura [oC]
Exemplo: um cabo CAA codinome Hawk (477 MCM, 26/ 7 fios, seção
280, 8 mm2 , 21, 8 mm, 976,4 kgf/km, carga de ruptura 8878 kgf ) é
instalado em um vão de 500 m nivelado (e supondo isolado) utilizando
EDS de 20%, em um dia com temperatura ambiente de 30‰. Calcule (a) a
flecha desenvolvida pelo cabo, (b) o estado do cabo, ou seja flecha e tração,
para uma temperatura de operação de 100‰. Utilize características de
tração/ deformação finais.
Solução: (a) a flecha é calculada utilizando T0 = 0, 2 · 8878 =
1775, 6 kgf:
0,9764 · 5002
f = = 17, 1843 m
8 · 1775, 6
1775,6
(b) a equação de estado será configurada com C1 = 0,9764 = 1818, 5 e
15
100
90 300 m
500 m
80 1000 m
70
60
Flecha [m]
50
40
30
20
10
0
−100 −50 0 50 100 150
Temperatura [oC]
C2 = T02
0,9764
, devendo chegar a ∆t = 100 − 30 = 70‰. A equação final
será:
"
1
T02
0,9764
sinh 500·0,9764
2 T02
70 =
18, 9 · 10−6 500
1818, 5 sinh 2·1818,5
1
−1 − (T02 − 1775, 6)
7593 · 106 · 280, 8 · 10− 6
programado o lado direito da equação, pode-se começar com T02 = T01 e
ir diminuindo (quando maior a temperatura, menor a tração), tentando
chegar aos 70‰. No Matlab ou Scilab, a linha fica na forma:
1/18.9e-6 * ((t02 / 0.9764 * sinh(500*0.9764/(2 * t02)))
/ (1818.5*sinh(500/(2*1818.5))) - 1 - 1/(7593 * 280.8) *
(t02-1775.6))
Por tentativa e erro, chegando em T02 = 1511 kgf, obteve-se a tempe-
ratura de 69,9866‰, um boa aproximação.
16
1100
1000
900
Tracao [kgf]
800
700
600
300 m
500
500 m
1000 m
400
0 200 400 600 800 1000 1200
Corrente [A]
17
70
60
50
300 m
500 m
40 1000 m
Flecha [m]
30
20
10
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Corrente [A]
Figura 7: Relação típica entre flecha e corrente em um cabo aéreo, para alguns
comprimentos de vão
18
4.6 Feixes de condutores
O uso de feixes de condutores é necessário em extra-alta tensão (EAT) para
obter a redução do efeito corona, controlando o campo elétrico superficial.
Adicionalmente, o uso de vários cabos em vez de um cabo singelo de bitola
equivalente pode significar um melhor desempenho para instalação e manu-
tenção. O efeito pelicular também será menos expressivo, pois a superfície
de vários cabos será maior do que um cabo singelo. Costuma-se chamar cada
cabo do feixe como subcondutor.
Para questões mecânicas básicas vários cabos em paralelo atuarão de forma
uniforme. Os esforços na estrutura serão somados, e as flechas serão pratica-
mente iguais. Para distâncias de segurança, observa-se o cabo que estiver na
parte inferior do feixe.
Utiliza-se espaçadores para manter a geometria do feixe constante, evi-
tando oscilações individuais devido ao vento. A distância entre dois espaça-
dores define um sub-vão.
Um aspecto relevante são os esforços eletromagnéticos na condição de
curto-circuito: a corrente, distribuída pelos subcondutores, irá provocar uma
força de atração significativa, podendo provocar o choque entre cabos, cha-
mado de bundle clash. A força, por comprimento de cabo, será igual a
µ0 I 2
F = (4.24)
2π r
sendo agora feq o “peso virtual” a ser usado no cálculo da flecha. Outro
aspecto é que agora a catenária não estará mais na vertical, assumindo um
ângulo igual a
fv
γ = tg −1 (4.27)
p
19
Figura 8: Força do vento e balanço de cadeia [5, p. 195]
20
7000
300 m
500 m
6000 1000 m
5000
Tracao [kgf]
4000
3000
2000
1000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Vento [m/s]
Figura 9: Relação típica entre vento e tração em um cabo aéreo, para alguns
comprimentos de vão
cuja variação de temperatura pelo vento deve ser avaliada pela equação 4.2,
além de incluir outros fatores que diferem o estado final do estado de instala-
ção.
21
Solução: Pela equação 4.5, obtém-se o efeito da convecção forçada:
mas que por sua vez depende da própria variação de temperatura. este
termo deve-se equilibrar com as outras fontes de calor, por exemplo se
estivermos somente com a corrente, sem sol e desprezando a irradiação,
pode-se calcular a potência, mas primeiro arbitrando uma resistência a
uma temperatura arbitrária (por catálogo, rC A = 0, 063 Ω/km @ 75‰),
e supondo uma corrente de 1000 A::
6, 0037 ∆θ = 63
∆θ = 10, 49‰
T0
Ti = (4.31)
cos α
p ai
α = arctan (4.32)
2 T0
22
p a 2i
fi = (4.33)
8 T0
V = ±p(mi ± nj ) (4.34)
Ae2 p2
TBA = T0 + (4.35)
8 T0
2 hBA T0
Ae = (4.36)
aBA p
A2e p
TAB = T0 + p − hAB (4.37)
8 T0
2 hAB T0
Ae = aAB + (4.38)
aAB p
23
σ =E ε (4.42)
E os coeficientes são determinados pelo tipo de cabo, e para cabos com-
postos varia pela proporção entre os dois materiais.
24
Tabela 6: Coeficientes de fluência para cabos CAA fabricados por extrusão.
Cabo K φ α µ δ
CAA 54/7 1,60 0,017 1,42 0,38 0,190
CAA 48/7 3,00 0,010 1,89 0,17 0,110
CAA 30/7 2,20 0,011 1,38 0,18 0,037
CAA 26/7 1,90 0,024 1,38 0,23 0,030
CAA 24/7 1,60 0,024 1,88 0,19 0,077
CAA 18/1 1,20 0,023 1,50 0,33 0,130
CAA 12/7 0,66 0,012 1,88 0,27 0,160
A última condição não considera a tração como limitante, mas sim a altura
de segurança do cabo com o solo, por ser a condição de maior flecha possível.
a partir desta condição será definida a curva quente do cabo.
A condição de temperatura mínima irá descrever a curva fria do cabo, que
será usada para testar a hipótese de arrancamento nos suportes.
24
5.1.2 Construção da curva a partir de um valor de flecha calculado
Para um vão a1 com flecha f1 , para uma determinada tração e temperatura,
pode-se extrapolar os valores de um vão a2 para as flechas f2 :
2
a2
f2 = f1 (5.1)
a1
5.1.5 Linha de pé
Descreve, para uma altura específica de torre, a locação destas no terreno.
O ponto que a linha de pé cruza o perfil do terreno será a localização da
torre. Na prática, utiliza-se torres com diversas alturas padronizadas, ou seja,
deve-se dispor de diversas linhas de pé, paralelas, de acordo com cada torre.
26
5.2.1 Gráfico de aplicação
A aplicação de uma estrutura é regida basicamente por três fatores:
• Ângulo de deflexão,
• Vão de peso (ou vão gravante),
27
Figura 11: Exemplo de gráfico de aplicação [2, p. 180]
28
Sendo que na previsão da torre prever ângulo de deflexão, estudar os es-
forços com e sem deflexão. Representa-se os esforços decompostos por suas
componentes, incluindo a diferença entre vãos desnivelados. Utiliza-se a tem-
peratura mínima por ser a condição mais crítica.
O cálculo estrutural consiste em separar os esforços nos pontos de fixação
da estrutura, além do peso próprio, em uma árvore de carregamento. A árvore
é um estudo importante, no qual é possível calcular os momentos de cada
esforço sobre cada nó e montante, chegando até aos esforços nas fundações.
O estudo na árvore de carregamento pode ser considerado como uma ana-
logia ao circuito elétrico (que pode-se estudar de forma estática - corrente
continua, ou dinâmica - corrente alternada).
1. Esforços verticais:
(a) Peso dos cabos,
(b) Peso próprio da torre,
(c) Peso da cadeia de isoladores.
2. Esforços transversais:
29
(a) Carga de vento nos cabos,
(b) Carga de vento na torre,
(c) Carga de vento nas cadeias de isoladores,
(d) Esforço por deflexão da linha.
3. Esforços longitudinais:
(a) Assimetria entre vãos,
(b) Rompimento de cabo,
(c) Esforço de montagem,
6 Elementos construtivos
Nas seções anteriores foram apresentadas dois elementos fundamentais de uma
linha de transmissão: cabos e torres. Nesta seção são listados os demais
elementos, mas cuja importância é relevante: pensando na linha como uma
corrente, no qual rompe-se no elo mais fraco, percebe-se a importância de que
todos os equipamentos sejam bem projetados e especificados.
6.1 Isolador
6.1.1 Vidro
6.1.2 Porcelana
6.1.3 Polimérico
Material a base de borracha de silicone com núcleo em fibra de vidro, sendo
na verdade uma cadeia em geral uma peça única e extremamente leve.
Seu uso no Brasil ainda é restrito a subestações e linhas curtas, devido ao
desempenho operacional e as diversas culturas das empresas.
6.2 Espaçador
Ferragem utilizada para manter os cabos de uma mesma fase a uma distância
definida, de forma a equilibrar o campo elétrico e resistir as oscilações.
6.3 Amortecedor
Ferragem instalada em cada cabo de forma a atenuar vibrações eólicas, com
amplitude da ordem de centímetros e frequência entre 3 a 150 Hz. O amortece-
dor é instalado nos prováveis pontos de máximo, sendo estes pontos calculados
de acordo com a tração, material e comprimento do vão.
O modelo mais usual de amortecedor é o tipo Stockbridge. Algumas vari-
antes permitem cobrir mais de um modo de oscilação, aumentando a eficiência.
30
Figura 13: Esquemático de um amortecedor Stockbridge (fonte: http://
www.hubbellpowersystems.com).
6.5 Fundação
6.6 Cabo estai
Cabos de aço com função estrutural, utilizados para estabilizar estruturas
delgadas, conhecidas como torres estaiadas. Geralmente usam-se 4 cabos
estais, em forma de “X”, a uma distância segura dos cabos energizados.
Algumas configurações usam ainda cabos de aço para suspensão de cadeias,
chamadas de torres trapézio or crossrope, por lembrar a atração de circo.
31
Figura 14: Detalhe de ancoragem de torre crossrope.
32
Figura 15: Torre crossrope estaiada.
33
Figura 17: Manutenção em para-raios de linha (fonte:
http://en.wikipedia.org/ wiki/Lightning_arrester).
34
Figura 18: Exemplo de instalação de caixa de emenda (fonte:
http://www.plp.com.br).
35
7 Construção e manutenção de linhas
7.1 Fundações
7.2 Montagem da torre
A maioria das torres são compostas por perfil metálicos, devido à facilidade
de transporte a locais remotos. Outros tipos construtivos podem ser usados,
conforme houver vantagem econômica, tais como perfis tubulares, concreto e
madeira.
36
simultaneamente, com o auxílio de uma peça chamada balancim, ou popular-
mente, arraia.
Nas torres, instala-se previamente as cadeias de isoladores com roldanas
revestidas, para não danificar os cabos. as roldanas devem estar bem lubrifi-
cadas para que não haja esforço excessivo nem risco de travamento.
O cabo piloto é puxado por um guincho, chamado puller. Na outra extre-
midade estarão as bobinas dos cabos e um guincho de freio, para controlar o
tensionamento.
A arraia deve passar cuidadosamente pelas roldanas, que contém um sulco
para cada cabo, respeitando uma ordem estabelecida para não haver troca de
posição.
Os cabos são lançados aterrados em ambas as extremidades, em especial
quando houver linhas em operação correndo paralelamente.
Os tramos em geral são muito maiores que o comprimento dos cabos da
bobina, logo são realizadas emendas conforme os cabos sejam esticados. Ape-
sar de serem relativamente seguras, as normas das empresas estipulam que
as emendas fiquem localizadas em certos pontos do tramo, por exemplo não
é permitido que a emenda fique posicionada sobre uma rodovia. Os cabos
OPGW necessitam que as emendas sejam realizadas nas torres, devido à par-
ticularidade da fibra óptica.
7.4 Flechamento
Consiste no acerto das flechas no tramo. Aqui todos os vãos são alinhados
simultaneamente, pelo projeto conter a mesma tração.
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Figura 19: Métodos de ajuste óptico da flecha (a) linha de visada paralela,
(b) linha de visada qualquer [5, p. 252]
7.5 Grampeamento
Referências
[1] ABNT. NBR 5422/85 – projeto de linhas aéreas de transmissão de energia
elétrica, 1985.
[2] Chaves, R. A. Fundações de torres de linhas de transmissão e de te-
lecomunicação. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, Abril 2004.
[3] Kiessling, F., Nefzger, P., Nolasco, J., and Kaintzyk, U.
Overhead power lines: planning, design, construction. Springer, 2003.
[4] Kirkpatrick, L., Ed. Aluminum Electrical Conductor Handbook, 3rd
ed. ed. Aluminum Association, 1989.
38
[5] Labegalini, P. R., Labegalini, J. A., Fuchs, R. D., and Almeida,
M. T. Projetos mecânicos das linhas aéreas de transmissão. Edgard
Blucher, 1982.
[6] Santiago, N. H. C. Linhas Aéreas de Transmissão. Departamento de
Eletrotécnica da UFRJ, Rio de Janeiro, 1983.
A Glossário
Amortecedor
Ampacidade Capacidade de corrente de um cabo. Calculado de acordo com as
condições climáticas, de instalação e operação (condições nominais ou emer-
gência).
Anel anti-corona (ou de potencial)
Ângulo de blindagem Ângulo no qual o cabo para-raios faz com a fase externa,
associado à proteção contra descargas atmosféricas.
Arrancamento Hipótese no qual uma torre, localizado em um nível mais baixo
como em um vale, está com os cabos com esforço vertical com a tendência
de subir, provocando a perda da verticalidade em cadeias de suspensão, ou o
arrancamento de fato em isoladores de pino.
Arrevio
Árvore de carregamento
Balancim
CA Cabo de alumínio (em inglês AAC - all-aluminum conductor ).
CAA Cabo de alumínio com alma de aço (em inglês ACSR - aluminum conductor,
steel reinforced ).
Cabeça da torre
Cabo contrapeso Cabo enterrado horizontalmente com função de aterramento
Cabo para-raios (Ou de guarda) Cabos instalados na parte mais alta da linha,
com função principal de proteção contra descargas atmosféricas. Possui função
secundária de retorno de corrente e transmissão de dados (via OPGW).
Cabo auto-amortecido Cabo compostos por fios trapezoidais, com folga, para
atenuação dos efeitos do vento.
Cabo piloto
Cabo madrinha Cabo de referência no feixe, na etapa de flechamento.
Cadeia de suspensão
Cadeia de ancoragem
Cadeias IVI Configuração de cadeias de isoladores, no qual as fases externas com
cadeia em “I” e a fase central com cadeia em “V”.
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Caixa de emenda Painel para proteção de emendas, em cabos subterrâneos, ou
em emendas de fibra óptica em cabos OPGW.
CAL Cabo de alumínio liga (em inglês AAAC - all-aluminum alloy conductor ).
CALA Cabo de alumínio liga com alma de aço (em inglês AACSR - aluminum
alloy conductor, steel reinforced ).
Came-along Carga
de vento Carga
permanente Carga
de montagem
Carga de ruptura Limite de tensão a ser aplicada em cabos, especificado pelo
fabricante. Também denominado como EDS ou UTS.
Chainette (ou cross-rope ) Configuração de torre composta por dois mastros nas
extremidades e um conjunto de cabos, suportando as três fases.
Chave espina (ou bimbão) Ferramenta usada na montagem de torres, para ali-
nhamento de furos antes de aparafusar.
Coeficiente de arrasto
Coeficiente de expansão térmica
Contrapino
Configuração em nabla Posição de um circuito trifásico semelhante a configura-
ção em delta, no qual as fases externas ficam mais altas que a fase central.
CM Abreviação de circular mil, área de um círculo cujo diâmetro é um milésimo
de polegada (0, 506707 · 10−3 mm2 ).
Cruzeta
Creep
Deflexão ângulo no qual o trajeto da LT descreve em uma torre.
Delta
Destorcedor Peça usada no esticamento de cabos, com finalidade de minimizar a
torção.
Distância de arco seco
Distância de arco sob chuva
Distância de escoamento
Down drop Caimento do cabo na proximidade da torre, a se considerar na distân-
cia de isolamento.
EDS Everyday Stress, Valor de tração médio em um cabo para condições nominais,
em geral indicado como um percentual da tração de ruptura.
Efeito cascata Ocorrência de um defeito em um elemento da linha (ex. rompi-
mento de cabo, queda de torre), no qual os elementos vizinhos sofrem esforços
adicionais.
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Empancadura Estrutura provisória, geralmente de madeira, que sustenta os cabos
para passagem sobre vias ou linhas de distribuição.
Engaiolamento Efeito de um cabo “abrir” os fios, formando a aparência de uma
gaiola, devido a destorcimento acidental ou força induzida por curto-circuito.
Engate concha-bola
Engate garfo-olhal
Ensaio de tipo
Ensaio de rotina
Ensaio de recebimento
Ensaio de carregamento
Espaçador Ferragem usada em feixes de condutores, para manter a distância entre
os subcondutores ao longo do vão.
Estai
Estribo
Estrutura de alinhamento Torres a serem usadas para pequenas deflexões, como
na maioria das torres de suspensão.
Estrutura de ancoragem
Estrutura de transposição Torre específica para realizar a transposição de fases,
em geral mais larga e pesada que as estrutura usuais.
Estrutura para ângulos Torre para grandes deflexões, em geral de ancoragem.
Estrutura para derivação Torre específica para dividir as fases em dois ou mais
circuitos, logo necessariamente de ancoragem.
Estrutura autoportante Tipo de projeto de torre sustentada basicamente por
suas pernas.
Estrutura estaiada Tipo de projeto de torre, mais delgada, que necessita de estais
para resistir a esforços transversais e longitudinais.
Estrutura de travessia
Extensão da torre
Extra-alta tensão (EAT) Classificação de níveis de tensão fase-fase maiores que
300 kV e inferiores a 1000 kV em CA, ou inferiores a 800 kV em CC.
Faixa de passagem (ou de servidão) Terreno que contém a linha de transmis-
são e a distância de segurança para a população em geral, baseado em critérios
de campos eletromagnéticos e risco de queda.
Falcão Peça metálica com comprimento da ordem de 6 m, usada como pau de carga
na montagem de torres.
Feixe Conjunto de cabos condutores, usualmente de 2 a 4, compostos também
por ferragens que asseguram a distância entre cabos. Possibilita o uso de
cabos mais flexíveis, comparados ao equivalente de um cabo singelo, e reduzem
consideravelmente o efeito corona em linhas de EAT.
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Festão (ou ponte auto-vibrante) Alça constituída por um pedaço do próprio
cabo, conectada em paralelo, em volta do grampo de suspensão, com finalidade
de amortecimento.
Flechamento Ação de medir e corrigir a flecha de um cabo.
Fluência
Freio (ou tensioner ) Guincho auxiliar montado na praça de lançamento, junto
às bobinas, com finalidade de assegurar o correto tensionamento dos cabos
durante o lançamento.
Fundação Estrutura enterrada que sustenta a torre, sofrendo esforços de compres-
são e tração (arrancamento).
Gabarito Peça provisória para auxiliar e padronizar a montagem (ex. fundações).
Galvanização (ou galvanoplastia) Tratamento de revestimento de um metal por
outro mais nobre, para proteção contra corrosão. É o processo mais usado
para proteção de estruturas metálicas.
Gráfico (ou carta) de aplicação Gráfico correspondente a um modelo de torre,
ilustrando seus limites mecânicos de acordo com o vão de peso, vão de vento
e deflexão.
Grampeamento Etapa da montagem da linha no qual retira-se os cabos das rol-
danas e conecta na cadeia de isoladores.
Grelha Tipo de fundação
IACS Abreviação de International Annealed Copper Standard, padrão internacio-
nal de cobre recozido.
Janela Espaço na torre no qual a fase central atravessa.
Jumper Pedaço de cabo com finalidade de emendar os dois lados de um condutor,
em uma torre de ancoragem. Dependendo do comprimento ou posição, é
necessário um isolador de suspensão para restringir o excesso de cabo.
Jusante elemento que se encontra após uma estrutura (ex. um vão em relação a
torre no sentido da LT, ou um rio após a queda dágua em uma hidrelétrica).
Luva de emenda Ferragem usada para emendar cabos no lançamento (por com-
pressão) ou em manutenção de emergência (por torção com pré-formados).
Manilha
Mancal
Mísula
Módulo de elasticidade inicial fator que indica a razão entre tensão e deforma-
ção em um cabo composto, para pequenos esforços.
Módulo de elasticidade final fator que indica a razão entre tensão e deformação
em um cabo composto, para grandes esforços.
Montante (i) elemento de uma estrutura metálica, composto por perfis laminados,
(ii) trecho da linha que se encontra antes de uma estrutura em relação ao
sentido convencionado (ver Jusante ).
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Montante duplo Método no qual sobrepõe-se dois perfis para aumentar a resis-
tência mecânica.
Painel
Palnut Contra-porca, peça que trava uma porca no parafuso, evitando que afrouxe
com o tempo.
Perna da torre
Plano de lançamento
Praça de lançamento Canteiro de obras no qual instala-se as bobinas e os guin-
chos de tensionamento ou freios.
Prensa hidráulica Ferramenta para realização de emendas em cabos, no qual as
luvas são prensadas com esforços da ordem de até 100 t.
Off-set zero
OPGW Optical ground wire, cabo composto por fios metálicos e alguns tubos com
fibras ópticas, para transmissão de dados, usado como alternativa aos PLCs
e elos de microondas.
Quadro
Passo Em isoladores, corresponde a altura que cada isolador ocupa na cadeia.
Pêndulo
Período de retorno
PLC Power line carrier, método de transmissão de dados entre subestações através
dos cabos da LT. A tecnologia usa os mesmos princípios da internet via rede
elétrica (Veja também OPGW ).
Preformado
Prolongador Ferragem metálica usada para aumentar o comprimento de uma ca-
deia de isoladores, no qual já possui número suficiente de discos mais não tem
distância para fixar na estrutura.
Puller Guincho utilizado para lançamento de cabos, sendo em geral auxiliado por
um freio na outra extremidade.
Regulagem Etapa da montagem da linha, consiste em corrigir as flechas de um
tramo, com o auxílio de teodolitos.
Relação vão de peso/ vão de vento
Romaneio
Rugosidade
Seção de tensionamento
Silhueta
Stockbridge (amortecedor) Ferragem instalada em cabos, consistindo em pesos
regulados para uma frequência natural de oscilação.
Stub
Subcondutor Cada cabo de um feixe de condutores.
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Tabela de off-set
Talabarte Item de segurança, composto por ganchos para prender a pessoa na
estrutura;
Torre básica Parte superior de um modelo de torre que não é alterada. A parte
inferior é escolhida de acordo com a altura final (extensões) e os desníveis no
terreno (pernas).
Torquímetro
Tramo
Trapézio
Treliça (ou talisca)
Tubulão Tipo de fundação.
Ultra-alta tensão (UAT) Classificação de níveis de tensão fase-fase igual ou su-
perior a 1000 kV em CA, ou igual e superior a 800 kV em CC.
UTS Ultimate tensile strength, ou carga de ruptura.
Vante
Vão básico
Vão contínuo Sucessão de vãos aonde transmite-se esforços ao longo da linha.
Vão desnivelado Vão com diferença de altura entre os suportes.
Vão de peso Distância entre pontos com tangente horizontal das catenárias dos
vãos adjacentes ao suporte [1], ou a distância entre os pontos mais baixos do
cabo nos vãos adjacentes.
Vão de vento Média aritmética dos vãos adjacentes ao suporte [1].
Vão gravante Outra denominação para vão de peso.
Vão médio Em geral, é outra denominação para vão de vento.
Vão regulador Vão equivalente, fictício, de comprimento médio de uma seção de
tensionamento.
Virola
Visada direta
Visada horizontal (ou D1)
Visada em ângulo
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