Pericias Psicologicas em Casos de Confli PDF
Pericias Psicologicas em Casos de Confli PDF
Pericias Psicologicas em Casos de Confli PDF
25, nº 2, 427-436
DOI: 10.9788/TP2017.2-02Pt
Resumo
A avaliação psicológica forense traduz-se frequentemente num trabalho de assessoria técnica aos tri-
bunais, em matérias de particular complexidade e em domínios diversos, às quais a psicologia poderá
dar especial contributo explicativo. A realização de perícias psicológicas em processos judiciais que
envolvem crianças em situações difíceis de conflitos interparentais exige da parte dos técnicos conheci-
mentos e competências especiais, de modo a melhor responder à solicitação judiciária considerando o
superior interesse da criança. Este artigo foca alguns dos principais aspectos que devem ser analisados,
encetando uma reflexão sobre as áreas e os elementos que devem ser atendidos e/ou privilegiados nessa
avaliação e que nos remetem, entre outros, para uma série de subjetividades e explorações que ultra-
passam o domínio do discurso e dos fatos. As dinâmicas familiares, as relações e vinculações entre os
membros da família, os afetos e desafetos exprimidos são dimensões que devem ser analisadas, para os
quais existem subjacentes processos simples e complexos. A perícia psicológica forense deve reunir a
análise compreensiva de todos estes aspectos, combinando o conhecimento teórico com a competência
técnica e científica para o melhor interesse da criança.
Palavras-chave: Avaliação psicológica, tribunais, conflitos interparentais, perícia, criança.
Abstract
Forensic psychological assessment often comprises technical guidance in courts, especially in more
complex matters in different areas to which psychology can provide significant explanatory support.
Psychological examination in court proceedings involving children in difficult situations of parenting
conflicts requires expert technicians to have specific knowledge and competence to efficiently respond
to judicial demands, taking into account the best interest of the child. This article reviews some of the
key aspects to be analyzed, proposing a reflection on the areas and elements that should be considered
and/or prioritized in such assessments and that raise a series of subjectivities and explorations that go
beyond the domain of discourse and facts. The family dynamics, relationships and bonds between fami-
ly members, expressed preferences and dislikes are dimensions that must to be analyzed for which there
simple and complex underlying processes. The forensic psychological assessment should bring together
1
Endereço para correspondência: Universidade Fernando Pessoa, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais,
Praça 9 de abril, 349, Porto, Portugal 4249-004. Fone: + 351 22 507 13 00 | ext. 2305; Fax: +351 22 5508269;
E-mail: [email protected]
Este trabalho foi financiado por Fundos Nacionais através da FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia)
e cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do COMPETE 2020
– Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI) no âmbito do CIEC (Centro
de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho) com a referência POCI-01-0145-
FEDER-007562.
428 Sani, A. I.
the comprehensive analysis of all these aspects, combining theoretical knowledge with technical and
scientific competence for the best interests of the child.
Keywords: Psychological assessment, courts, interparental conflicts, expertise, child.
Resumen
La evaluación psicológica forense consiste frecuentemente en una actividad de asesoría técnica a los
tribunales en materias de especial complejidad y en diversos ámbitos en que la psicología puede realizar
aportaciones explicativas del caso en análisis. La realización de pericias psicológicas en procesos judi-
ciales que implican los niños ante un conflicto entre padres requiere, por parte de los técnicos, conoci-
mientos y habilidades especiales para que la decisión judicial tenga en consideración el interés superior
del menor. Este artículo se centra en algunos de los aspectos que deben ser analizados en la evaluación
psicológica, haciéndonos una reflexión sobre los elementos que debe recoger esa evaluación y que nos
conducen a abordar una serie de subjetividades y exploraciones que van más allá del análisis del discur-
so y de los hechos. La dinámica familiar, las relaciones y vínculos entre los miembros de la familia, los
afectos y desafectos expresados son dimensiones que deberán ser examinadas, para los cuales existen
subyacentes procesos simples y complejos. La pericia psicológica forense debe cumplir con el análisis
exhaustivo de todos estos aspectos, combinando los conocimientos teóricos con la experiencia técnica y
científica para el mejor interés del niño.
Palabras clave: Evaluación psicológica, tribunales, conflictos entre los padres, pericia, niños.
A família detém um importante papel na vindo a identificar a relação positiva entre pre-
socialização da criança. Os pais e cuidadores senciar na família conflitos violentos e envolver-
são os modelos de referência privilegiados que -se em relações amorosas conflituosas no futuro.
moldam na criança atitudes e comportamentos, Assim sendo, a exposição à violência do casal,
que mais tarde esta poderá reproduzir nos seus frequentemente, progenitores da criança (vio-
relacionamentos (Bevan & Higgins, 2002). Por lência interparental), que podem estar unidos
essa razão é fundamental que o desenvolvimen- ou não por laços de conjugalidade representa
to da criança se processe de forma equilibrada um importante fator de risco de reprodução, no
e harmoniosa. Porém, se os relacionamentos na futuro, de dinâmicas relacionais violentas. Para
família forem marcados por conflitos violentos além disso, estes conflitos violentos constituem
é possível que a criança apreenda e reproduza, igualmente uma forma de vitimação da criança
no seio desta e noutros contextos, as interações que, embora indireta, tem implicações sérias no
aversivas que observou (Laporte, Jiang, Pepler, seu desenvolvimento equilibrado (Sani, 2011).
& Chamberland, 2011). A observação de com- A ocorrência dos conflitos violentos num espa-
portamentos violentos por parte dos jovens re- ço familiar, o qual tendemos a assumir como um
força a ideia de que é legítimo viver em conflito local de proteção e o fato das pessoas envolvidas
(Cottrell & Monk, 2004), criando condições para serem, por norma, figuras de vinculação e afeto,
a transmissão intergeracional da violência (Al- acaba também por ocasionar o impacto negativo
meida & Sani, 2014; Black, Sussman, & Unger, dessa experiência (Sani & Almeida, 2011a).
2010; Marasca, Colossi, & Falcke, 2013). É no decurso de acompanhamentos e ava-
A literatura científica (e.g., Dankoski et al., liações realizadas no âmbito de processos de
2006; Fergusson, Boden, & Horwood, 2008; La- promoção e proteção de crianças e jovens ou no
porte et al., 2011; Simon & Furman, 2010) tem contexto de divórcios litigiosos que muitos dos
Perícias Psicológicas em Casos de Conflito Interparental: Recomendações para a Prática. 429
coping, as perceções e interpretações da criança, 2011b). Dado o caráter muitas vezes sensível
assim como fatores mais de caráter situacional, destes casos, pela presença de crianças que po-
como a experiência prévia em lidar com eventos derão estar numa situação de risco, a avaliação
stressantes (Cunningham & Baker, 2004; Sani, não será alheia à necessidade de intervenção que
2006) e o sucesso no confronto com os mesmos. preveja a proteção das mesmas.
Outros fatores mais ligados à família são também As perícias psicológicas em casos de
referenciados como o estatuto socioeconómico, elevada conflitualidade familiar, que envolvem
o estilo educativo dos pais (Sani, 2006), a sensi- não apenas adultos, mas também crianças, são
bilidade da mãe (Levendosky, Bogat, & Huth- geralmente complexos e difíceis em termos
Bocks, 2011; Manning, Davies, & Cicchetti, de avaliação (Machado & Sani, 2014; Pereira
2014), os relacionamentos com os irmãos (Dunn & Matos, 2011). Estes casos têm sido objeto
& Davies, 2001), assim como o apoio positivo de frequentes pedidos por parte das entidades
prestado pelo grupo de pares (Bowen, 2015). judiciais de pareceres psicológicos forenses. A
Os fatores contextuais mais relacionados com complexidade das questões estão geralmente
o conflito (e.g., local de ocorrência, frequência, relacionadas com o risco que adultos e crianças
intensidade, duração, conteúdo, resolução do podem enfrentar neste contexto, onde possam
conflito) apoiam a própria construção que a ser exibidos comportamentos violentos, direta
criança faz sobre a gravidade dos episódios ou indiretamente infligidos e, naturalmente
violentos (Sani, 2011) e como tal medeiam com questões do exercício da parentalidade
igualmente o impacto da experiência. (Agulhas & Anciães, 2014; Camisasca et al.,
A investigação e a prática clínica (Sani, 2016; Peixoto, Ribeiro, & Manita, 2007; Pereira
2004a) têm vindo a certificar a existência de & Matos, 2011). O risco não deixa também
um conjunto de mecanismos diretos e indiretos de estender-se aos profissionais envolvidos,
(Hughes et al., 2001; Sani, 2006) capazes de in- existindo uma grande probabilidade de verem
fluenciar o impacto na criança da exposição aos as suas práticas contestadas e refutadas através
conflitos interparentais. Com base em alguns de queixas e processos (Machado & Sani, 2014;
desses estudos emergiram diversas teorias expli- Pereira & Matos, 2011). Os relatórios periciais
cativas que ajudam a compreender como pode devem ser claros e credíveis e responder aos
processar-se esse impacto (cf. Sani, 2004b). As- objetivos e quesitos formulados pelo Tribunal.
sim, apoiados neste conhecimento sobre o fenô- O processo pericial em psicologia envolve
meno somos levados a desenhar procedimentos o recurso a múltiplas fontes (e.g., pais, crian-
científica, técnica e eticamente ajustáveis às exi- ça, outros significativos), metodologias diver-
gências de uma avaliação pericial que responda sas (e.g., entrevistas, observação, aplicação de
à necessidade uma tomada de decisão judicial instrumentos, análise documental do processo
voltada ao superior interesse da criança. e outros elementos relevantes) e a análise do
problema nas suas variadas vertentes (e.g.,
A Perícia Psicológica Forense dinâmicas familiares, parentalidade, práticas
em Casos de Conflitos educativas, ajustamento global), para que o
Interparentais relatório produzido possa apoiar as decisões
judiciais (Sani & Almeida, 2011b). Em pro-
A realização de perícia psicológica para cessos de regulação das responsabilidades pa-
efeitos de decisão judiciária em casos que envol- rentais uma das solicitações judiciais comuns
vem crianças expostas a conflitos interparentais é a avaliação das competências parentais, a fim
exige da parte do técnico, como já antes afirma- de aferir, sobretudo em casos de intenso litígio,
do, um conjunto de conhecimentos teóricos e qual dos progenitores revela maior capacidade e
práticos que lhe permitam organizar, de forma competência para assegurar o desenvolvimento
flexível e ajustada aos objetivos pretendidos, integrado da criança (Agulhas, 2014; Peixoto
os procedimentos avaliativos (Sani & Almeida, et al., 2007). Naturalmente que muitos fatores
Perícias Psicológicas em Casos de Conflito Interparental: Recomendações para a Prática. 431
revelam-se aqui de particular importância para faz destas solicitações elementos chave na pros-
a análise, designadamente por não haver um secução da perícia.
modelo universalmente aceito que defina como Através da realização da perícia procurar-
se exprime uma “parentalidade minimamente -se-á, através de diversos meios e técnicas, da-
adequada” (Pereira & Alarcão, 2010). O que se dos clínicos e outros que permitam caracterizar
denota é que além da diversidade de modelos te- a condição da criança e sua família, conhecer as
óricos que abordam o conceito de parentalidade, dinâmicas familiares, os processos psicológicos
focalizando vários aspectos, propondo múlti- e psicossociais compreendidos na parentalidade
plos métodos e parâmetros de avaliação (Perei- e a sua dimensão subjetiva (Peixoto et al., 2007).
ra & Alarcão, 2010), o carácter probabilístico Assim serão avaliados aspectos como a quali-
de qualquer avaliação deve tornar ciente que a dade dos vínculos emocionais entre a criança e
avaliação das capacidades parentais não pode- os pais, a disponibilidade e a capacidade de um
rá nunca ser o único meio de prova a ser usa- progenitor fomentar o relacionamento da criança
do na decisão (Peixoto et al., 2007). Aliás numa com o outro, a participação na educação do filho,
situação em que a avaliação denota que ambos a ausência de situações de violência (cf. Huss,
os pais revela capacidade parental adequada ao 2011). Tendo sempre presente os aspectos teó-
exercício da parentalidade, outros elementos são ricos anteriormente debatidos sobre a inexistên-
certamente chamados ao processo (e.g., avalia- cia de um quadro de referência universal sobre a
ção psicológica das crianças, outros pareceres) parentalidade adequada, assim como as especi-
de modo a apoiar as conclusões avançadas pela ficidades culturais, contextuais e histórico-tem-
avaliação desses progenitores (Machado & Sani, porais de modo flexível (Fialho, 2012; Peixoto
2014; Peixoto et al., 2007). Desta forma, embora et al., 2007), o relatório pericial deve apoiar a
sem a pretensão de listar a totalidade de elemen- decisão judiciária, que terá sempre em conside-
tos cruciais na avaliação pericial em casos de ração o superior interesse da criança. Vários or-
conflitos interparentais, resulta imprescindível ganismos (e.g., American Academy of Child and
alguma sistematização de aspectos que poderão Adolescent Psychiatry; American Psycological
ser orientadores da prática forense neste tipo de Association; Association of Family and Con-
perícias. ciliation Courts) têm vindo a sugerir propostas
que visam a uniformização dos procedimentos
Recomendações para de avaliação, tomando por referência áreas pre-
uma Avaliação em Casos ferenciais (Agulhas, 2014), como por exemplo
de Conflitos Interparentais qualidade do exercício do papel parental (e.g., as
competências parentais, as práticas educativas)
Como em qualquer avaliação psicológica ou as dinâmicas relacionais (pais-filhos, na fra-
forense, a iniciação do caso pressupõe um co- tria, atitudes de cooperação, a comunicação en-
nhecimento de quem solicita a perícia, dos que- tre progenitores).
sitos formulados e das particularidades do caso, A qualidade da parentalidade é um dos as-
daí a necessidade de consultarmos os dados pro- pectos centrais de avaliação. A dissolução da re-
cessuais que apoiam a compreensão do mesmo lação conjugal dos progenitores não invalida que
(Sani & Almeida, 2011b). Esta consulta de da- os mesmos, em questões de particular importân-
dos do processo é, por norma, um elemento unâ- cia (e.g., escolha do estabelecimento de ensino,
nime nos diversos protocolos de avaliação, (e.g., intervenções cirúrgicas, atividade laboral, orien-
Peixoto et al., 2007; Pereira & Matos, 2011). tação religiosa, entre outras) tenham de assumir
Para além disso temos o consentimento infor- em comum as responsabilidades parentais (cf.
mado e outras autorizações, obtidas também de Fialho, 2012). Neste sentido importa perceber
início e que se revelam cruciais para o início das se essa cocoordenação parental é possível e se
diversas outras fases do processo avaliativo. Em o exercício da parentalidade de cada um é fun-
certos casos, o recurso à gravação das entrevistas cional ou se, por seu turno, tal não se revela pra-
432 Sani, A. I.
Neste sentido recomenda-se que todo o tes com implicações sérias no seu ajustamento
protocolo de avaliação que possa ser usado na global. Esses conflitos são vividos de forma tão
realização de perícias psicológicas em casos de intensa que muitas crianças chegam a desenvol-
conflito interparental seja compreensivo e inte- ver comportamentos desadaptativos que podem
grativo, envolvendo todo o sistema fami-liar e persistir a curto, médio e longo prazos. Há uma
a triangulação de múltiplas fontes e metodolo- série de fatores que devem ser considerados na
gias, devendo ser suficientemente flexível para análise desse impacto, que em casos pode não
que possa ajustar-se a cada caso particular. ser claramente evidenciado, até porque na ava-
Além dos procedimentos e técnicas já elenca- liação que é feita temos de atender não apenas
dos (e.g., consulta do processo; consentimen- com o estressor evidente que é o conflito interpa-
tos; entrevistas; observação de interações) rental, mas outros fatores associados à criança, à
recordamos que há uma série de técnicas espe- família ou ao contexto. Estes fatores podem fun-
cíficas que podem igualmente apoiar a realiza- cionar não apenas para aumentar o risco, mas
ção deste tipo de perícias. Assim a literatura in- alguns deles como mediadores protetivos de um
ternacional tem revelado especial consenso no impacto mais negativo.
uso de instrumentos empiricamente validados O perito que realiza a avaliação psicoló-
(e.g., Achenbach System of Empirically Based gica forense em casos de conflitos interparen-
Assessment – ASEBA; Achenbach & Rescorla, tais deve reunir a análise compreensiva destes
2004; Achenbach et al., 2014), assim como no aspectos teóricos, bem como munir-se de uma
uso privilegiado da observação e de entrevis- competência técnica e científica que responda
tas semi-estruturadas, quer à criança (e.g., Se- ao objetivo de assessoria para que foi chamado.
mistructured Clinical Interview for Children & Há uma série de obstáculos e complexidades a
Adolescents – SCICA) quer aos adultos (indivi- serem processadas no âmbito da realização de
duais e coletivas), que permitam avaliar, entre perícias em casos de famílias que apresentam vi-
muitos aspectos, as dimensõess antes referidas. vências diversas de conflitualidade, onde muitas
Complementarmente, o recurso a inventários vezes existem crianças. Embora não haja uni-
que avaliem crenças, estilos e práticas educa- versalidade na definição do que possa ser uma
tivas, bem como a utilização de alguns testes parentalidade adequada, este é um dos aspec-
psicológicos revela-se igualmente útil para exa- tos sobre o qual nos devemos debruçar quando
minar dimensões da personalidade (e.g., Sixte- procedemos estas avaliações. Outros aspectos
en Personality Factor Questionnaire -16PF), como as dinâmicas, as relações e vinculações,
sintomas psicopatológicos (e.g., Brief Symptom os afetos e desafetos exprimidos fazem parte do
Inventory – BSI), risco de violência (e.g., Spou- rol de dimensões a analisar, para os quais exis-
sal Assault Risk Assessment Guide – SARA), tem subjacentes processos simples e complexos
sempre na justa medida da complexidade dos ca- e que devem ser apurados. A perícia psicológica
sos em análise e de forma intercalada com outras forense deve ajudar a determinar o que poderá
técnicas que estejam pensadas para serem usa- em termos de decisão judiciária refletir o supe-
das. O princípio fundamental a estabelecer na rior interesse da criança.
avaliação é o bem-estar e o superior interesse da
criança, devendo realizar-se a avaliação pericial Referências
segundo as orientações explanadas e internacio-
nalmente aceites (American Psychological Asso- Achenbach, T. M., & Rescorla, L. A. (2004). The
ciation, 2009). Achenbach System of Empirically Based As-
sessment (ASEBA). In M. E. Maruish (Eds.),
The use of psychological testing for treatment
Considerações Finais
planning and outcomes assessment. Vol. 2: Ins-
truments for Children and Adolescents (3. ed.,
A vivência para a criança de conflitos inter- pp. 179-213). Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum
parentais é uma das experiências mais marcan- Associates.
434 Sani, A. I.
Achenbach, T., Rescorla, L. A., Dias, P., Ramalho, tamento. Revista da Faculdade de Ciências da
V., Lima, V., Machado, B., & Gonçalves, M. Saúde, Universidade Fernando Pessoa, 4, 282-
(2014). Manual do Sistema de Avaliação Em- 290. Recuperado em http://bdigital.ufp.pt/hand-
piricamente Validado (ASEBA): Um sistema in- le/10284/419.
tegrado de avaliação com múltiplos informado-
Cottrell, B., & Monk, P. (2004). Adolescent-to-parent
res. Manual do período pré-escolar e do período
abuse: A qualitative overview of common the-
escolar. Braga, Portugal: Psiquilibrios.
mes. Journal of Family Issues, 25, 1072-1095.
Agulhas, R. (2014). A avaliação das competências
Coutinho, M. J., & Sani, A. I. (2008). Evidência em-
parentais e a audição de crianças em contexto ju-
pírica na abordagem sobre as consequências da
diciário. In Centro de Estudos Judiciários (Ed.),
exposição à violência interparental. Revista da
A tutela cível do superior interesse da criança.
Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade
Vol. III (pp. 224-229) Lisboa: Centro de Estu-
Fernando Pessoa, 5, 284-293. Recuperado em
dos Judiciários. Recuperado em http://www.cej.
https://bdigital.ufp.pt/dspace/handle/10284/970.
mj.pt/cej/recursos/ebooks/familia/Tutela_Ci-
vel_Superior_Interesse_Crianca_TomoIII.pdf Cox, J., Paley, B., & Harter, K. (2001). Interparental
Agulhas, R., & Anciães, A. (2014). Casos práticos conflict and parent – Child relationships. In J.
em Psicologia Forense. Enquadramento legal e H. Grych & F. D. Fincham (Eds.), Interparental
avaliação pericial. Lisboa: Edições Sílabo. conflict and child development (pp. 249-272).
Cambridge, MA: Cambridge Press.
Almeida, T., & Sani, A. (2014). Violência entre pais:
Efeitos e transmissão entre gerações. In F. Al- Cunningham, A., & Baker, L. (2004). What about
meida & M. Paulino (Eds.), Psicologia, Justiça me! Seeking to understand the child´s view of
e Ciências Forenses (pp. 135-150). Lisboa: Pac- violence in the family. London: Centre for Chil-
tor. dren and Families in the Justice System.
American Psychological Association. (2009). Gui- Dankoski, M. E., Keiley, M. K., Thomas, V., Choice,
delines for child custody evaluations in family P., Lloyd, S. A., & Seery, B. L. (2006). Affect
legal proceedings. Washington, DC: Autor. Re- regulation and the cycle of violence against wo-
cuperado em https://www.apa.org/practice/gui- men: New directions for understanding the pro-
delines/child-custody.pdf cess. Journal of Family Violence, 21, 327-339.
Bevan, E., & Higgins, D. J. (2002). Is domestic vio- Dunn, J., & Davies, L. (2001). Sibling relationships
lence learned? The contribution of five forms of and interparental conflict. In J. H. Grych & F. D.
child maltreatment to men’s violence and adjust- Fincham (Eds.), Interparental conflict and child
ment. Journal of Family Violence, 17(3), 223- development (pp. 273-290). Cambridge, MA:
245. Cambridge Press.
Black, D. S., Sussman, S., & Unger, J. B. (2010). A English, J. D., Graham, J. C., Newton, R. R., Lewis,
further look at the intergenerational transmission T. L., Thompson, R., Kotch, J. B., & Weisbart,
of violence: Witnessing interparental violence in C. (2009). At-risk and maltreated children ex-
emerging adulthood. Journal of Interpersonal posed to intimate partner aggression/violence –
Violence, 25(6), 1022-1042. What the conflict looks like and its relationship
to child outcomes. Child Maltreatment, 14(2),
Bowen, E. (2015). The impact of intimate partner
157-171.
violence on preschool children’s peer problems:
An analysis of risk and protective factors. Child Fergusson, D. M., Boden, J. M., & Horwood, L. J.
Abuse & Neglect, 50, 141-150. (2008). Developmental antecedents of interpar-
tner violence in a New Zealand birth cohort.
Camisasca, E., Miragoli, S., & Di Blasio, P. (2016).
Families with distinct levels of marital conflict Journal of Family Violence, 23, 737-753.
and child adjustment: Which role for maternal Fialho, A. J. (2012). Guia prático do divórcio e res-
and paternal stress? Journal of Child and Family ponsabilidades parentais. Coleção Guias Práti-
Studies, 25(3), 733-745. cos (2. ed.). Lisboa: Centro de Estudos Judici-
Costa, V. A., & Sani, A. I. (2007). Sintomatologia ários. Recuperado em http://www.cej.mj.pt/cej/
de pós-stress traumático em crianças expostas recursos/ebooks/familia/guia_pratico_divorcio_
a violência interparental: Do conflito ao ajus- responsabilidades_parentais.pdf
Perícias Psicológicas em Casos de Conflito Interparental: Recomendações para a Prática. 435
Gomes de Sousa, J. H. (2011). A ‘perícia’ técnica ou Molinari, F., & Sani, A. I. (2015a). Mediação Fami-
científica revisitada numa visão prático-judicial. liar em contextos de alienação parental: Pers-
Julgar, 15, 27- 52. pectiva para uma coparentalidade positiva. In C.
P. Rosa & L. M. B. Thomé (Eds.), Um presente
Herrenhohl, T., Sousa, C, Tajima, E., Herrenhohl, R.,
para construir o futuro: Escritos sobre Família
& Moylan, C. (2008). Intersection of child abu-
e Sucessões (pp. 184-209). Porto Alegre, RS:
se and children’s exposure to domestic violence.
Instituto Brasileiro de Direito de Família - Seção
Trauma, Violence & Abuse, 9, 84-99.
do Rio Grande do Sul.
Howell, K. H. (2011). Resilience and psychopatho-
Molinari, F., & Sani, A. I. (2015b). Um olhar multi-
logy in children exposed to family violence. Ag-
disciplinar sobre o fenômeno da Alienação Pa-
gression and Violent Behavior, 16, 562-569.
rental. In C. P. Rosa (Ed.), Família e sucessões:
Hughes, H. M., Graham-Bermann, S. A., & Gruber, Novos temas e discussões (pp. 326-338). Porto
G. (2001). Resilience in children exposed to do- Alegre, RS: RJR.
mestic violence. In S. A. Graham-Bermann & J.
Molinari, F., & Trindade, J. (2014). Reflexões sobre
Edleson (Eds.), Domestic violence in the lives
alienação parental e a escala de indicadores le-
of children. The future of research, intervention
gais de alienação parental. In C. P. Rosa & L.
and social policy (pp. 67-90). Washington, DC:
M. B. Thomé (Eds.), O Direito no lado esquerdo
American Psychological Association.
do peito: Ensaios sobre direito de família e su-
Huss, M. T. (2011). Psicologia Forense. Pesquisa, cessões (pp. 23-33). Porto Alegre, RS: Instituto
prática clínica e aplicações. Porto Alegre, RS: Brasileiro de Direito de Família - Seção do Rio
Artmed. Grande do Sul.
Laporte, L., Jiang, D., Pepler, D. J., & Chamberland, Patias, N. D., Bossi, T. J., & Dell’Aglio, D. D. (2014).
C. (2011). The relationship between adoles- Repercussões da exposição à violência conjugal
cents’ experiences of family violence and dating nas características emocionais dos filhos: Revi-
violence. Youth and Society, 43, 3-27. são sistemática da literatura. Temas em Psicolo-
gia, 22(4), 901-915.
Levendosky, A. A., Bogat, G. A., & Huth-Bocks, A.
C. (2011). The influence of domestic violence on Peixoto, C., Ribeiro, C., & Manita, C. (2007). Avalia-
the development of the attachment relationship ção psicológica forense das capacidades paren-
between mother and young child. Psychoa- tais. Revista da SPTM, 11(2), 142-156.
nalytic Psychology, 28, 512-527.
Pereira, A., & Matos, M. (2011). Avaliação psicológi-
Machado, M. L., & Sani, A. (2014). Avaliação psico- ca das responsabilidades parentais nos casos de
lógica forense na regulação do exercício das res- separação e divórcio. In M. Matos, R. A. Gon-
ponsabilidades parentais. Perceções dos juízes. çalves, & C. Machado (Eds.), Manual de Psi-
In F. Almeida & M. Paulino (Eds.), Psicologia, cologia Forense: Contextos, práticas e desafios
Justiça e Ciências Forenses (pp. 357-371). Lis- (pp. 311-347). Braga, Portugal: Psiquilíbrios.
boa: Pactor.
Pereira, D., & Alarcão, M. (2010). Avaliação da pa-
Machado, M. L. & Sani, A. (2015). A (síndroma de) rentalidade no quadro da proteção à infância. Te-
alienação parental. Revista Digital Lusobrasi- mas em Psicologia, 18(2), 499-517.
leira de Alienação Parental, 7, 164-176. Recu-
Pryor, J. E., & Pattison, R. (2007). Adolescents’ per-
perado em http://issuu.com/sandraines3/docs/
ceptions of parental conflict: The downside of
revista_aliena____o_parental_7.___e
silence. Journal of Family Studies, 13(1), 72-77.
Manning, L. G., Davies, P. T., & Cicchetti, D. (2014).
Sani, A. I. (2004a). O discurso de crianças expostas
Interparental violence and childhood adjustment:
à violência interparental – Estudo Qualitativo.
How and why maternal sensitivity is a protective
Psychologica, 36, 109-130.
factor. Child Development, 85(6), 2263-2278.
Sani, A. I. (2004b). Abordagens teóricas da violência
Marasca, A. R., Colossi, P. M., & Falcke, D. (2013).
interparental: Compreensão do ajustamento da
Violência conjugal e família de origem: Uma re-
criança ao conflito dos pais. Psicologia: Teoria,
visão sistemática da literatura de 2006 a 2011.
Investigação e Prática, 2, 153-177.
Temas em Psicologia, 21(1), 221-243.
436 Sani, A. I.
Sani, A. I. (2006). As variáveis mediadoras do im- Sani, A., & Almeida, T. (2011b). Avaliação psico-
pacto na criança da exposição à violência in- lógica de crianças expostas à violência inter-
terparental. Psicologia: Teoria, Investigação e parental. In M. Matos, R. A. Gonçalves, & C.
Prática, 11(2), 111-133. Machado (Eds.), Manual de Psicologia Foren-
se: Contextos, práticas e desafios (pp. 159-173).
Sani, A. I. (2007). Las consecuencias de la violencia
Braga, Portugal: Psiquilibrios.
interparental en la infancia. In R. Arce, F. Fa-
riña, E. Alfaro, C. Civera, & F. Tortosa (Eds.), Simon, V. A., & Furman, W. (2010). Interparental
Psicología Jurídica: violencia y victimas (pp. conflict and adolescents’ romantic relationship
13-21). Valencia, Espanha: Sociedad Española conflict. Journal of Research on Adolescence,
de Psicología y Ley. 20(1), 188-209.
Sani, A. I. (2011). Crianças vítimas de violência:
Representações e impacto do fenómeno. Porto,
Portugal: Edições Universidade Fernando Pes-
soa.
Sani, A., & Almeida, T. (2011a). Violência interpa-
rental: A vitimação indirecta de crianças. In A.
I. Sani (Ed.), Temas de Vitimologia: Realida- Recebido: 16/11/2015
des emergentes e respostas sociais (pp. 11-31) 1ª revisão: 25/02/2016
Coimbra, Portugal: Almedina. Aceite final: 04/03/2016