TCC - Lucas Camargo Da Silva Tassinari
TCC - Lucas Camargo Da Silva Tassinari
TCC - Lucas Camargo Da Silva Tassinari
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
por
elaborado por
Lucas Camargo da Silva Tassinari
COMISSÃO ORGANIZADORA
_______________________________
Rutinéia Tassi, Drª.
(Presidente/Orientadora)
__________________________________
Geraldo Lopes da Silveira, Dr.
(UFSM)
___________________________________
Débora Missio Bayer, Drª.
(UFSM)
Mark Knopfler
RESUMO
Trabalho de Conclusão de Curso
Curso de Engenharia Civil
Universidade Federal de Santa Maria
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA.............................................................. 5
2 OBJETIVOS ................................................................................................ 7
2.1 Objetivo geral ............................................................................................. 7
2.2 Objetivos específicos .................................................................................. 7
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 8
3.1 Hidrologia Urbana e os Impactos da Urbanização ..................................... 8
3.2 Sistemas de Drenagem: concepção, evolução e conceitos atuais ............. 9
3.2.1 Drenagem convencional: conceito higienista ................................. 9
3.2.2 Melhores Práticas de Gestão – BMP............................................ 10
3.2.3 Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto - LID ........................ 12
3.3 Modelagem computacional como ferramenta auxiliar ao dimensionamento
de redes de drenagem – Modelo SWMM .................................................................. 15
3.4 Dispositivos LID e BMP utilizados neste trabalho..................................... 17
3.4.1 Barris de Chuva (ou Microrreservatórios) ..................................... 19
3.4.2 Trincheira de infiltração ................................................................ 20
3.4.3 Valos de Infiltração ....................................................................... 20
3.4.4 Bacias de Detenção ..................................................................... 23
4 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................ 25
4.1 Local de estudo ........................................................................................ 25
4.2 Definição da configuração urbanística do loteamento .............................. 29
4.3 Métodos de dimensionamento dos dispositivos LID e BMP ..................... 31
4.3.1 Microrreservatório – Decreto Nº 15.371 (PMPA, 2006) ................ 34
4.3.2 Bacia de Detenção (e Infiltração) – Silveira e Goldenfum (2007) . 35
4.3.3 Bacia de Detenção – Método simulação de Puls, Tucci (2005) ... 36
4.3.4 Valo de Infiltração – CIRIA (1996) ................................................ 38
4.3.5 Trincheira de Infiltração – Urbonas e Stahre (1993) ..................... 38
4.4 Definição da máxima vazão efluente do loteamento ................................ 39
4.5 Simulação no modelo SWMM do sistema de drenagem com o uso de
técnicas de baixo impacto ......................................................................................... 40
5 RESULTADOS .......................................................................................... 44
5.1 Trincheiras de Infiltração .......................................................................... 50
5.2 Valos de Infiltração ................................................................................... 52
5.3 Bacia de Infiltração ................................................................................... 53
5.4 Microrreservatórios ................................................................................... 54
5.5 Capacidade de drenagem a jusante do loteamento ................................. 55
5.6 Bacias de Detenção ................................................................................. 56
5.7 Resultados e análise dos resultados da modelagem no SWMM .............. 60
5.8 Projeto final............................................................................................... 63
6 CONCLUSÕES ......................................................................................... 66
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 69
5
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
As enchentes urbanas apresentam-se como grandes causadores de prejuízos
para a sociedade, resultado da falta de planejamento urbano em relação ao uso do
solo e da água. As técnicas atualmente conhecidas para projetos de estruturas de
drenagem permitem as mais diversas soluções. Tucci e Genz (1995) citam que o
controle das enchentes urbanas deve ser compreendido como uma atividade na qual
a sociedade deve agir de forma contínua visando à redução do custo social e
econômico dos impactos das inundações. Assim, tornam-se importantes os métodos
de controle de enchentes urbanas que se utilizam de uma visão onde as causas são
combatidas nas suas origens e não somente nas suas consequências (à jusante da
fonte geradora de escoamento).
O método tradicional de drenagem de águas pluviais em áreas urbanas,
seguindo a política de saneamento do início do século XX, consiste em captar e
afastar a água da maneira mais rápida possível da fonte geradora de escoamento
com sistemas de drenagem eficientes, que visam minimizar a proliferação de
doenças (SOUZA; CRUZ; TUCCI, 2012). Contudo, nos últimos anos, têm-se
questionado os impactos ambientais da rápida evacuação das águas para jusante,
uma vez que, com isso, as características quali-quantitativas dos corpos hídricos
receptores dessas águas são alteradas significativamente (URBONAS; STAHRE,
1993).
Dentro desse contexto, é essencial estudar técnicas de drenagem urbana que
minimizem o impacto ambiental e que sejam eficientes quanto ao controle de
escoamento superficial.
Assim, no final dos anos 90, passou-se a reconhecer a importância do solo e
da vegetação no controle quali-quantitativo de águas pluviais e, com isso, buscou-se
promover a infiltração, a evapotranspiração e o contato da água com bactérias e
plantas (SOUZA; CRUZ; TUCCI, 2012). Dentro dessa ideia, surgiram técnicas
conhecidas como LID – Low Impact Development – e BMP – Best Management
Practices, que visam o controle do escoamento superficial junto à fonte geradora de
escoamento, diminuindo volumes e vazões a valores próximos daqueles antes da
urbanização do local, ou, se necessário, a valores próximos a zero.
Neste contexto, este trabalho apresenta um estudo de caso com a aplicação
de técnicas alternativas às convencionais para a drenagem das águas pluviais, com
6
2 OBJETIVOS
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 2. Pavimento permeável em Chicago, IL, EUA, para possibilitar a infiltração da água no
solo. Cortesia de David Leopold. Fonte: US EPA, 2010b
Figura 3. Barril de chuva utilizado em Santa Mônica, CA, EUA, para proporcionar o uso de
água da chuva e para reduzir a poluição que é levada pelo escoamento superficial até a praia. Fonte:
US EPA, 2010b
19
Figura 5. Detalhes do Valo de Infiltração com Trincheira de Percolação auxiliar. Adaptado de:
Urbonas e Stahre, 1993 (apud PMPA/IPH, 2005)
Quando os valos são dimensionados para que a água seja filtrada e infiltrada,
CIRIA (2007) sugere que a lâmina de água seja mantida abaixo do nível máximo da
vegetação (entre 10 e 15 cm) e que o evento de projeto seja calculado de ano a ano
e com 30 minutos de duração. O coeficiente de rugosidade aplicado à equação de
Manning deve ser utilizado como sendo 0,25 quando o nível de água estiver abaixo
do topo da vegetação e, para eventos extremos, quando o nível da água estiver
acima do topo da vegetação, o valor do coeficiente de rugosidade pode ser utilizado
igual a 0,10 para quase todos os tipos de gramas. O critério que deve ser utilizado
para eventos extremos é tempo de recorrência entre 30 e 100 anos e drenos
23
Figura 6. Bacia de detenção em Porto Alegre a céu aberto com e sem infiltração. Fonte:
Allasia, Tassi e Gonçalves, 2011
4 MATERIAIS E MÉTODOS
O município de Porto Alegre foi escolhido como sede para o estudo pelo seu
pioneirismo no que se refere à normalização e a manuais quanto à drenagem
pluvial, conforme apresentado no item 3.2.2. O loteamento estudado (Figura 7), com
área aproximada de 4,8 ha, está localizado no bairro Aberta dos Morros, com frente
(e acesso principal) para a Estrada Gedeon Leite. O loteamento encontra-se dentro
de uma sub-bacia do Arroio do Salso, com área aproximada de 9371 ha.
26
Figura 7. Contorno do loteamento sobre imagem de satélite. Adaptado de: Google Earth
Tabela 1. Distribuição dos Grupos Hidrológicos na cidade de Porto Alegre. Fonte: Gonçalves,
Silva e Risso, 2007
Tipo de Solo Área (km²) Frequência
A 0,00 0,00%
B 81,41 17,10%
C 121,03 25,43%
D 273,56 57,47%
Total 476,00 100,00%
Tabela 2. Valores do CN determinado para cada Grupo Hidrológico. Adaptado de: TR-55,
1986 (apud SARTORI; GENOVEZ; LOMBARDI NETO, 2005)
Tabela 3. Valores típicos de taxa de infiltração por grupo hidrológico. Fonte: PMPA/IPH, 2005
Grupo Hidrológico Taxa de Infiltração (mm/h)
do Solo Io (inicial) Ib (solo saturado)
A 254,0 25,4
B 203,2 12,7
C 127,0 6,35
D 76,2 2,54
uma rua diretriz no sentido norte-sul (Diretriz 6356) e uma rua diretriz no sentido
leste-oeste (Diretriz 7182). Ao sul do loteamento em estudo, há o loteamento
Residencial Lagos de Ipanema (já executado), cuja rede de microdrenagem poderá
representar restrição à rede de drenagem do loteamento em estudo.
Na Figura 8 estão demarcados os fluxos naturais de água. Os fluxos estão
desenhados na cor azul e representam informação importante para a definição da
configuração urbanística deste loteamento, já que, ao se utilizarem as técnicas de
LID, os fluxos naturais de água devem ser respeitados.
As curvas de nível mostram que os planos de escoamento nesta área
convergem no sentido nordeste-sudoeste na maior parte da área. Diferente a isso,
ocorre uma pequena área no extremo nordeste do loteamento onde a água escoa,
naturalmente, no sentido noroeste-sudeste.
Figura 9. Perfil viário para via local dentro do loteamento. Fonte: PMPA, 2010
Figura 10. Perfil viário para via alternativa dentro do loteamento. Fonte: PMPA, 2010
(1)
Tabela 4. Condutividade hidráulica saturada para diferentes tipos de solo. Adaptado de:
Urbonas e Stahre, 1993
Condutividade Hidráulica
Tipo de Solo
(m/s)
Cascalho 10-3 – 10-1
Areia 10-5 – 10-2
Silte 10-9 – 10-5
Argila (saturada) <10-9
Solo Cultivado 10-10 – 10-6
Tabela 5. Porosidade específica de típicos materiais rochosos. Fonte: Urbonas e Stahre, 1993
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
(9)
verificação deverá ser feita através da Equação de Manning (Equação 10). Assim,
deverá ser verificada a vazão máxima para que não haja falhas na recepção do
escoamento. Além disso, as condições de jusante podem interferir também na cota
da rede de drenagem a montante ou das bacias de detenção.
(10)
5 RESULTADOS
Figura 12. Vista geral do loteamento (sem escala), sendo T as trincheiras de infiltração, MR
os microrreservatórios, V os valos de infiltração e BD as bacias de detenção.
46
i
com coeficiente de escoamento ponderado 0,506 e taxa de infiltração de água no solo igual a 6,35
mm.h-1,
ii
com coeficiente de escoamento ponderado de 0,735.
51
microrreservatório que envie direto para uma bacia de detenção a vazão de restrição
de 20,8 L.s-1.ha-1.
A Figura 16 mostra o layout final da solução encontrada, com um
microrreservatório dentro de cada lote e com a trincheira de infiltração recebendo
água apenas proveniente da via pavimentada e da calçada. No extremo sul desta
figura, encontra-se a Bacia de Detenção (BD-2) que recebe a vazão proveniente dos
microrreservatórios que estão em cada lote. A Figura 14 mostra a praça com
brinquedos que funcionará como Bacia de Infiltração e receberá a água proveniente
dos seis lotes localizados ao extremo norte do loteamento e da “Área Verde
Destinada à Recreação 2”.
A Tabela 6 mostra a profundidade, área de contribuição e coeficiente de
escoamento ponderado para cada trincheira. A nomenclatura das trincheiras pode
ser observada na Figura 12.
Figura 17. Detalhe dos obstáculos necessários aos Valos de Infiltração quando a declividade
for superior a 2%. Adaptado de: Urbonas e Stahre, 1993 (apud PMPA/IPH, 2005)
5.4 Microrreservatórios
diâmetro do orifício de saída igual a 70 mm. Vale salientar que a precisão do IPHS-1
quando se trabalha com vazões é de 0,01 m³.s-1 e, assim, aproximou-se essa à
vazão de restrição, já que este é o valor possível de se considerar na simulação
mais próximo à real vazão de restrição para o caso. O diâmetro da superfície da
bacia é 13 m, resultando numa área superficial alagada de 1256 m². Os taludes
internos à bacia são de 8H:1V e a capacidade do reservatório é 279 m³.
O esquema da simulação hidrológica pode ser observado na Figura 18. A
propagação do escoamento entre os reservatórios e dos reservatórios até o Poço de
Visita (PV) foi feita pelo método Muskingum-Cunge Não Linear para Condutos
Fechados, conforme descrito por Tucci (2005).
Figura 19. Valo de Infiltração (V1), o qual manteve o caminho natural das água
(representação em planta)
Figura 21. Via sem saída com presença de trincheiras de infiltração junto ao meio-fio.
Figura 22. Imagem com diferentes dispositivos em um mesmo ambiente trabalhando de forma
integrada
66
6 CONCLUSÕES
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIDONE, F. R. A.; TUCCI, C. E.M. Microdrenagem. In: Drenagem Urbana, org. por
TUCCI, C. E. M.; PORTO, R. L.; BARROS, M. T. Porto Alegre: Editora da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1995.
CIRIA. The SUDS Manual. Escrito por Woods-Ballard, B. et al. London, UK: CIRIA.
2007.
PORTO, R.; ZAHED FILHO, K.; TUCCI, C. E. M.; BIDONE, F. Drenagem Urbana. In:
TUCCI, C. E. M. (org), Hidrologia: Ciência e Aplicação, Editora da Universidade,
Porto Alegre, p. 805-847, 2007.