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PROCESSO SELETIVO COLÉGIO SÓLIDO 2015 1° ANO

LÍNGUA PORTUGUESA
QUESTÕES 01 a 20

INSTRUÇÃO: Leia o texto para responder às questões de 01 a 03.


Criança lá em casa
Jairo Marques

No próximo domingo, Dia da


Criança, terei menino ou menina meus lá
em casa. É, a mulher engravidou e somos
pura dúvida, puro mimimi e pura graça
de pais frescos já há algumas semanas.
Dá calafrios imaginar que, em
um futuro breve, o bagageiro da Kombi
terá de comportar a cadeira de rodas do
papai e o carrinho do bebê, e que, em
dias de garoa, a mamãe vai enlouquecer
na árdua missão de dividir a proteção de
um guarda-chuva para três.
O berço não poderá ser desses convencionais, pois, sentado, retirar o cagãozinho e levá-lo para o alívio
do lencinho suave e da pomada perfumada ficará difícil para mim. Ainda estudamos a ergonomia da banheira e
do trocador.
Já está decidido que compraremos um daqueles cangurus que os modernos usam para fazer
caminhadas enquanto ninam seus rebentos. Para nós, será uma forma tranquila para mamãe empurrar suas
conquistas de sentimentos, com o papai guardando o pequeno no peito.
Meu maior projeto paterno será tentar ensinar meu filho a mergulhar nas possibilidades da diversidade
humana. Vamos jogar bola ou brincar de casinha à nossa maneira, mas gritaremos gol ou cantaremos
“borboletinha” a cada momento em que recebermos o abraço de um velho, do primo pretinho e dos amigos
lelés, cor-de-rosa e diferentões, que, em nosso mundo, sempre serão bem-vindos.
Mamãe e eu não pretendemos que nosso bebê cresça com ideias fixas de ser médico de cabeça,
empresário de sucesso, atleta milionário ou celebridade. O que nos importa é que ele tenha a chance de
conhecer várias possibilidades de viver bem, de trabalhar pelo bem, de cantar músicas boas em tardes
cinzentas e de oferecer sorrisos e apoio a quem necessitar.
É inebriante a perspectiva de quem nunca andou ensinar a dar os primeiros passinhos, de quem nunca
correu incentivar a respirar fundo, de quem nunca foi o rei do baile embalar para sacudir o corpo até as pernas
não mais aguentarem, mas quero estar pronto também para meditar com um carinha zen, com uma garota
alternativa.
Desejamos que nosso feito de amor mais sublime possa degustar manga lambrecando as mãos, que dê
risadas rasgadas com bolha de sabão e que seja o líder da turma do “deixa disso” quando surgir qualquer
manifestação de guerra, a não ser que ela seja de beijos no vovô ou de papel crepom, daquelas que todos
ganham com a diversão.
É claro que um pai mal-acabado como eu fica torcendo para que a cria não herde o seu nariz grande e
que venha dos céus inteiramente revisada, mas sinto, junto com a mamãe, a sensação de entender a chance de
vir ao mundo como uma dádiva. Poderá tanto ser feliz ao ver o brilho das luzes da torre Eiffel como uma lua
nova pela fresta da janela.
Venha para nos ajudar a sermos melhores, meu filho. Venha para nos ensinar mais sobre doação e
gratidão. Venha para nos roubar o sono e para nos brindar com sonhos de um verão com castelos de areia e de
edredom como cabaninha no inverno.
Nenhum pensamento de dificuldade ou medo nos interessa agora, porque você ainda é um pedacinho
de gente que merece apenas água boa, luz e carinho para vir ao mundo berrando e dançando “Macarena”, do
jeito que a mamãe gosta, ou mais quietinho, com a mãozinha no queixo, para o orgulho do papai. O que nos
importa é te amar.
Folha de S. Paulo – 08 de outubro de 2014

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QUESTÃO 01. No texto, Criança lá em casa, de Jairo Marques, o pai, ao expressar a emoção que o envolve
ante a chegada do filho, expõe a necessidade especial de que é portador. Assinale a alternativa em que NÃO é
exposta essa necessidade.
A) “Dá calafrios imaginar que, em um futuro breve, o bagageiro da Kombi terá de comportar a cadeira de
rodas do papai e o carrinho do bebê...”
B) “É claro que um pai mal-acabado como eu fica torcendo para que a cria não herde o seu nariz grande e
venha dos céus inteiramente revisada...”
C) “É inebriante a perspectiva de quem nunca andou ensinar a dar os primeiros passinhos, de quem nunca
correu incentivar a respirar fundo...”
D) “Para nós, será uma forma tranquila para mamãe empurrar suas conquistas de sentimentos, com o papai
guardando o pequeno no peito”.

QUESTÃO 02. No projeto paterno de levar o filho a mergulhar nas possibilidades da diversidade humana,
NÃO há espaço para
A) O respeito às diferenças.
B) A alteridade.
C) O individualismo.
D) O altruísmo.

QUESTÃO 03. Assinale a alternativa em que a relação estabelecida pelo termo destacado está
INCORRETAMENTE indicada entre parênteses,
A) “Venha para nos ajudar a sermos melhores, meu filho” (finalidade)
B) “... e que seja o líder da turma do ‘deixa disso’ quando surgir qualquer manifestação de guerra...” (tempo)
C) “... a não ser que ela seja de beijos no vovô ou de papel crepom, daqueles que todos ganham com a
diversão.” (condição)
D) “Poderá tanto ser feliz ao ver o brilho das luzes da torre Eiffel como uma lua nova pela fresta da janela”.
(comparação)

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão 04.

Menino, venha pra dentro, olhe o


sereno! Vá lavar essa mão. Já escovou os
dentes? Tome a bênção a seu pai. Já pra cama!
Onde é que aprendeu isso, menino?
Coisa mais feia. Tome modos. Hoje você fica
sem sobremesa. Onde é que você estava? Agora
chega, menino, tenha santa paciência.
De quem você gosta mais, do papai ou
da mamãe? Isso, assim que eu gosto: menino
educado, obediente. Está vendo? É só a gente
falar. Desça daí, menino! Me prega cada
susto... Pare com isso! Jogue isso fora. Uma
boa surra dava jeito nisso. Que é que você
andou arranjando? Quem lhe ensinou esses
modos? Passe pra dentro. Isso não é gente para
ficar andando com você.
Avise a seu pai que o jantar está na
mesa. Você prometeu, tem de cumprir. Que é que você vai ser quando crescer? Não, chega: você já repetiu
duas vezes. Por que você está quieto aí? Alguma você está tramando... Não ande descalço, já disse! Vá calçar o
sapato. Já tomou o remédio? Tem de comer tudo: você acaba virando um palito. Quantas vezes já lhe disse
para não mexer aqui? Esse barulho, menino! Seu pai está dormindo. Pare com essa correria dentro de casa, vá
brincar lá fora. Você vai acabar caindo daí. Peça licença a seu pai primeiro. Isso é maneira de responder a sua
irmã? Se não fizer, fica de castigo. Segure o garfo direito. Ponha a camisa pra dentro da calça. Fica
perguntando, tudo você quer saber! Isso é conversa de gente grande. Depois eu dou. Depois eu deixo. Depois
eu levo. Depois eu conto.
Agora deixa seu pai descansar - ele está cansado, trabalhou o dia todo. Você precisa ser muito
bonzinho com ele, meu filho. Ele gosta tanto de você. Tudo que ele faz é para o seu bem. Olhe aí, vestiu essa

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roupa agorinha mesmo, já está toda suja. Fez seus deveres? Você vai chegar atrasado. Chora não, filhinho,
mamãe está aqui com você. Nosso Senhor não vai deixar doer mais.
Quando você for grande, você também vai poder. Já disse que não, e não, e não! Ah, é assim? Pois
você vai ver só quando seu pai chegar. Não fale de boca cheia. Junte a comida no meio do prato. Por causa
disso é preciso gritar? Seja homem. Você ainda é muito pequeno para saber essas coisas. Mamãe tem muito
orgulho de você. Cale essa boca! Você precisa cortar esse cabelo.
SABINO, FERNANDO. Elenco de Cronistas Modernos. 8 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984, p. 34-40. (Adaptado)

QUESTÃO 04. Quanto à compreensão global do texto, a ideia INCORRETA encontra-se expressa em:
A) A crônica evidencia o cotidiano infantil, ratificado pelo excerto: “Onde é que aprendeu isso, menino?
Coisa mais feia. Tome modos. Hoje você fica sem sobremesa. Onde é que você estava? Agora chega,
menino, tenha santa paciência”.
B) Os diálogos comprovam o jogo de antíteses presentes na figura materna, expressas em: “De quem você
gosta mais, do papai ou da mamãe? Isso, assim que eu gosto: menino educado, obediente. Está vendo? É
só a gente falar. Desça daí, menino”.
C) A figura paterna atua hierarquicamente no texto, pois há uma relação de subserviência da mãe e do menino
em relação ao pai, evidenciada por “Agora deixa seu pai descansar - ele está cansado, trabalhou o dia todo.
Você precisa ser muito bonzinho com ele, meu filho”.
D) Os diálogos da mãe para com o menino fornecem a relação de passagem temporal, evidente no trecho:
“Depois eu deixo. Depois eu levo. Depois eu conto”.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 05 a 08.

É menina, que coisa mais fofa,


parece com o pai, parece com a mãe,
parece um joelho, upa, upa, não chora,
isso é choro de fome, isso é choro de
sono, isso é choro de chata, choro de
menina, igualzinha à mãe, achou, sumiu,
achou, não faz pirraça, coitada, tem que
deixar chorar, vocês fazem tudo o que
ela quer, isso vai crescer mimada, eu
queria essa vida pra mim, dormir e
mamar, aproveita enquanto ela ainda
não engatinha, isso daí quando começa a
andar é um inferno, daqui a pouco
começa a falar, daí não para mais, ela
precisa é de um irmão, foi só falar, olha
só quem vai ganhar um irmãozinho,
tomara que seja menino pra formar um casal, ela tá até mais quieta depois que ele nasceu, parece que ela cuida
dele, esses dois vão ser inseparáveis, ela deve morrer de ciúmes, ele já nasceu falante, menino é outra coisa,
desde que ele nasceu parece que ela cresceu, já tá uma menina, quando é que vai pra creche, ela não larga
dessa boneca por nada, já podia ser mãe, já sabe escrever o nomezinho, quantos dedos têm aqui, qual é a sua
princesa da Disney preferida, quem você prefere, o papai ou a mamãe, quem é o seu namoradinho, quem é o
seu príncipe da Disney preferido, já se maquia nessa idade, é apaixonada pelo pai, cadê o Ken, daqui a pouco
vira mocinha, eu te peguei no colo, só falta ficar mais alta que eu, finalmente largou a boneca, já tava na hora,
agora deve tá pensando besteira, soube que virou mocinha, ganhou corpo, tenho uma dieta boa pra você, a
dieta do ovo, a dieta do tipo sanguíneo, a dieta da água gelada, essa barriga só resolve com cinta, que corpão,
essa menina é um perigo, vai ter que voltar antes de meia-noite, o seu irmão é diferente, menino é outra coisa,
vai pela sombra, não sorri pro porteiro, não sorri pro pedreiro, quem é esse menino, se o seu pai descobrir, ele
te mata, esse menino é filho de quem, cuidado que homem não presta, não pode dar confiança, não vai pra casa
dele, homem gosta é de mulher difícil, tem que se dar valor, homem é tudo igual, segura esse homem, não
fuxica, não mexe nas coisas dele, tem coisa que é melhor a gente não saber, não pergunta demais que ele te
abandona, o que os olhos não veem o coração não sente, quando é que vão casar, ele tá te enrolando, morar
junto é casar, quando é que vão ter filho, ele tá te enrolando, barriga pontuda deve ser menina, é menina.
Gregorio Duvivier
Folha de São Paulo, 16/09/2013.

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QUESTÃO 05. A crônica de Gregorio Divivier é construída em um único parágrafo com uma única frase.
Essa frase começa e termina pela mesma expressão: é menina.
Em termos denotativos, a menina, referida no final do texto, pode ser compreendida como:
A) Filha da primeira
B) Ideal de pureza
C) Mulher na infância
D) Sinal de transformação

QUESTÃO 06. O uso da expressão “é menina”, tanto para começar quanto para finalizar o texto, adquire
também um valor simbólico, pelo significado que assume no contexto.
No contexto, esse recurso provoca um entendimento de:
A) Alteração previsível de juízos morais
B) Reprodução indefinida de preconceitos sociais
C) Rejeição possível de comportamentos familiares
D) Esperança vaga de novas atitudes das mulheres

QUESTÃO 07.
vai ter que voltar antes de meia-noite, o seu irmão é diferente, menino é outra coisa,
O fragmento reproduz falas que apontam uma diferença entre meninos e meninas.
Essa diferença se verifica em relação ao seguinte aspecto:
A) Beleza
B) Esperteza
C) Inteligência
D) Comportamento

QUESTÃO 08.

isso vai crescer mimada,

isso daí quando começa a andar é um inferno,

Os trechos acima são exemplos de pontos de vista negativos acerca da menina.

Esses pontos de vista são reforçados pelo uso do pronome isso, porque ele associa a criança a uma ideia de:
A) Negação
B) Coisificação
C) Deseducação
D) Individualização

INSTRUÇÃO: As questões de números 09 a 11 referem-se ao texto seguinte.

No ensino, como em outras coisas, a liberdade deve ser questão de grau. Há liberdades que não podem
ser toleradas. Uma vez conheci uma senhora que afirmava não se dever proibir coisa alguma a uma criança,
pois ela deve desenvolver sua natureza de dentro para fora. “E se a sua natureza a levar a engolir alfinetes?”
indaguei; lamento dizer que a resposta foi puro vitupério. No entanto, toda criança abandonada a si mesma,
mais cedo ou mais tarde engolirá alfinetes, tomará veneno, cairá de uma janela alta ou doutra forma chegará a
mau fim. Um pouquinho mais velhos, os meninos, podendo, não se lavam, comem demais, fumam até enjoar,
apanham resfriados por molhar os pés, e assim por diante — além do fato de se divertirem importunando
anciãos, que nem sempre possuem a capacidade de resposta de Eliseu. Quem advoga a liberdade da educação
não quer dizer que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes der na veneta. Deve existir um elemento de
disciplina e autoridade: a questão é até que ponto, e como deve ser exercido.
(Bertrand Russell, Ensaios céticos.)

QUESTÃO 09. Do ponto de vista do autor, fica claro que a liberdade


A) É essencial à criança e sua falta é prejudicial, quando não se entende o porquê da restrição.
B) Não deve ser concebida de forma absoluta, havendo necessidade de que sejam coibidos os excessos.
C) É um modo de a criança desenvolver-se de forma independente, quando criada sem restrições.
D) Deve ser tolerada para que não haja prejuízo ao desenvolvimento pessoal e social da criança.

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QUESTÃO 10. As liberdades não toleradas


A) Dizem respeito a fatos externos ao ambiente escolar.
B) Comprometem o rendimento escolar da criança.
C) Representam riscos à integridade da criança e de adultos.
D) Impedem que a criança se desenvolva plenamente.

QUESTÃO 11. Nas alternativas abaixo, os períodos apresentam relações de subordinação. Assinale a
alternativa em que está destacada uma oração subordinada substantiva.
A) “Há liberdades que não podem ser toleradas.”
B) “... lamento dizer que a resposta foi puro vitupério.”
C) “Uma vez conheci uma senhora que afirmava não se dever proibir coisa alguma a uma criança...”
D) “... além do fato de se divertirem importunando anciãos, que nem sempre possuem a capacidade de
resposta de Eliseu.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 12 a 16.

Antes que elas cresçam

Affonso Romano de Sant'Anna

Há um período em que os pais


vão ficando órfãos dos próprios filhos. É
que as crianças crescem. Independentes
de nós, como árvores tagarelas e pássaros
estabanados, eles crescem sem pedir
licença. Crescem como a inflação,
independente do governo e da vontade
popular, entre os estupros dos preços, os
disparos dos discursos e os assaltos das
estações. Crescem com uma estridência
alegre e, às vezes, com alardeada
arrogância.
Mas não crescem todos os dias,
de igual maneira; crescem de repente. Um
dia, sentam-se perto de você no terraço e
dizem uma frase com tal maturidade, que
você sente que não pode mais trocar as
fraldas daquela criatura.
Onde é que andou crescendo aquela danadinha, que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite
sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o
primeiro uniforme do maternal?
A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica, desobediência civil. E você agora está ali,
na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante,
esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos.
Entre hambúrgueres e refrigerantes lá estão nossos filhos, com o uniforme de sua geração: incômodas
mochilas da moda nos ombros nus, ou, então, com blusa amarrada na cintura. Está quente, achamos que vão
estragar a blusa, mas não tem jeito, é o emblema da geração.
Pois ali estamos, com os cabelos já embranquecidos. Esses são os filhos que conseguimos gerar, apesar
dos golpes dos ventos, das colheitas das notícias e das ditaduras das horas. E eles crescem meio amestrados,
observando nossos muitos erros.
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.
Não mais os colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias e canções.
Passou o tempo do balé, do inglês e da natação, do judô. Saíram do banco de trás e passaram para o volante das
próprias vidas.
Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer, para ouvirmos sua alma respirando conversas e
confidências entre os lençóis da infância e os adolescentes cobertores, naquele quarto cheio de adesivos,
posters, agendas coloridas e discos ensurdecedores. Não, não os levamos suficientes vezes ao maldito play

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center, ao shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e
roupas merecidas.
Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.
No princípio, subiam a serra ou iam à casa de praia, entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos,
natais, páscoas, piscinas e amiguinhos. Sim, havia as brigas dentro do carro, disputa pela janela, pedido de
chicletes e sanduíches, e cantorias infantis. Depois chegou a idade em que viajar com os pais começou a ser
um esforço, um sofrimento, pois era impossível largar a turma e os primeiros namorados. Os pais ficaram,
então, exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, não de repente, morriam de saudades
daquelas pestes.
O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado,
não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso, os avós são tão desmesurados e
distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.
Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.

QUESTÃO 12. Quando o autor diz que os pais, em determinado período, vão ficando órfãos dos próprios
filhos, ele diz, fundamentalmente, que
A) Os filhos os abandonam.
B) Os filhos se casam.
C) Os filhos se rebelam.
D) Os filhos adquirem autonomia.

QUESTÃO 13. Todas as afirmações a respeito da construção desse texto estão CORRETAS, EXCETO
A) Há uma evocação do universo infantil, através da utilização de um vocabulário específico.
B) O uso constante da 1ª pessoa do plural sugere um diálogo com um leitor imediato, que partilha
experiências semelhantes às do autor.
C) A estrutura dissertativa desse texto permite a reflexão e a defesa de uma determinada idéia exposta pelo
autor.
D) Os trechos estruturados com frases interrogativas constituem-se de perguntas direcionadas especificamente
a uma criança.

QUESTÃO 14. Nesse texto, o autor lamenta


A) Ter estragado o comportamento dos filhos, fazendo-lhes as vontades.
B) Ter propiciado o acesso dos filhos apenas a coisas materiais.
C) Não ter proporcionado aos filhos todo o carinho que tinha guardado.
D) Ter envelhecido sem ver os filhos crescerem.

QUESTÃO 15. Assinale, dentre as alternativas abaixo, a que apresenta um período composto apenas por
coordenação.
A) “Independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados, eles crescem sem pedir licença.”
B) “Saíram do banco de trás e passaram para o volante das próprias vidas.”
C) “... Você sente que não pode trocar mais as fraldas daquela criatura.”
D) “Tinham a solidão que sempre desejavam, mas, não de repente, morriam de saudade daquelas pestes.”

QUESTÃO 16. Assinale a alternativa em que a nova redação apresenta erro de concordância.
A) “Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.”
Os netos é a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.
B) “Sim, havia as brigas dentro do carro...”
Sim, existiam as brigas dentro do carro...
C) “Passou o tempo do balé, do inglês e da natação, do judô”.
O tempo do balé, do inglês e da natação, do judô passou.
D) “Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos.”
Ali há muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos.

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INSTRUÇÃO: Leia o texto para responder às questões de números 17 a 19.

ENCONTRO DE GERAÇÕES

Há alguns meses, eu me toquei de que meu filho de 4 anos ainda não conhecia a bisavó, que vai fazer
90 anos e mora no interior do Rio Grande do Sul. Não é uma viagem fácil para se fazer com crianças, mas
nenhuma desculpa é suficiente para adiar esse encontro. Seguir a viagem até a casa da avó, a cerca de duas
horas e meia de carro a partir de Porto Alegre, foi como voltar no tempo. As curvas, a sinalização, os campos e
plantações a perder de vista eram algo tão familiar para mim que senti o conforto de estar pisando em um lugar
de onde parecia nunca ter saído. E provavelmente não, afinal, nossas raízes estão sempre conosco.
Já no centro da cidade, o apartamento do prédio frio e pouco iluminado da minha avó reluziu quando
os bisnetos entraram. Toda a família estava por lá, numa intensa celebração do encontro. Primos e seus filhos,
tios, avós, pais, esposa, uma profusão de gente da família e que imediatamente nos conecta com o que é
importante. Nenhuma realização do trabalho é tão importante quanto isso. Pensei naquilo ao olhar para o
espelho do banheiro daquele apartamento onde vivi por um tempo há quase 30 anos.
Enquanto fitava meu rosto já com alguns sinais do tempo, lembrava-me de mim levantando os pés para
poder alcançar o olhar no espelho. E percebi que, como diz Heráclito, um homem nunca poderá entrar duas
vezes no mesmo rio, porque, quando ele passar de novo por ali, o rio já não será o mesmo, assim como o
homem também não será. A estrada até a casa da minha avó continua com 190 quilômetros, mas está tão
mudada quanto eu. A busca da felicidade era uma naqueles anos e hoje é outra.
(Rodrigo Vieira da Cunha. http://vidasimples.abril.com.br. Adaptado.)

QUESTÃO 17. A ideia de que um homem nunca poderá entrar duas vezes no mesmo rio aplica-se à percepção
do autor de que
A) Ele evoluiu, mas a estrada até a casa de sua avó ficou inalterada.
B) Sua vida ficou estagnada, apesar de ele ter envelhecido.
C) Ele se arrepende das escolhas que fez no passado.
D) Suas aspirações mudaram com o passar do tempo.

QUESTÃO 18. A alternativa que pode parafrasear a mensagem do trecho “E provavelmente não, afinal,
nossas raízes estão sempre conosco” é:
A) E provavelmente não, todavia nossas raízes estão sempre conosco.
B) E provavelmente não, embora nossas raízes estejam sempre conosco.
C) E provavelmente não, pois nossas raízes estão sempre conosco.
D) E provavelmente não, assim que nossas raízes estiverem sempre conosco.

QUESTÃO 19. O termo isso, em destaque no segundo parágrafo, faz referência


A) Ao sentimento de gratidão do narrador pelos anos em que viveu naquele mesmo apartamento ao lado da
avó.
B) À alegria do narrador em descobrir que, mesmo após trinta anos, o apartamento da avó preserva uma
atmosfera calorosa e aconchegante.
C) À satisfação experimentada pelo narrador a partir da realização do trabalho, do qual depende o conforto da
família.
D) À sensação de estar conectado com algo importante, decorrente da celebração do encontro do narrador
com os familiares.

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PROCESSO SELETIVO COLÉGIO SÓLIDO 2015 1° ANO

QUESTÃO 20.

(QUINO, Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1992)


Depreende-se da leitura da tira:
A) A resposta da mãe satisfaz o questionamento de Mafalda.
B) Segundo a mãe, “ficar velho” está condicionado a uma determinada idade.
C) A mãe não compreende a linguagem figurada usada pela menina.
D) Para Mafalda, o envelhecimento traz mudanças além das exteriores.

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PROCESSO SELETIVO COLÉGIO SÓLIDO 2015 1° ANO

MATEMÁTICA
QUESTÕES 21 a 40

QUESTÃO 21. Leia as notícias:

“A NGC 4151 está localizada a cerca de 43 milhões de anos-luz da Terra e se enquadra entre as galáxias
jovens que possui um buraco negro em intensa atividade. Mas ela não é só lembrada por esses quesitos. A
NGC 4151 é conhecida por astrônomos como o ‘olho de Sauron’, uma referência ao vilão do filme ‘O Senhor
dos Anéis’”.
(http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/887260-galaxia-herda-nome-de-vilao-do-filme-
o-senhor-dos-aneis.shtml Acesso em: 27.10.2013.)

“Cientistas britânicos conseguiram fazer com que um microscópio ótico conseguisse enxergar objetos de cerca
de 0,00000005 m, oferecendo um olhar inédito sobre o mundo ‘nanoscópico’”.
(http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/bbc/2011/03/02/
com-metodo-inovador-cientistas-criam-microscopio-mais-potente-do-mundo.jhtm Acesso em: 27.10.2013. Adaptado)

Assinale a alternativa que apresenta os números em destaque no texto, escritos em notação científica.
A) 4,3 × 107 e 5,0 × 108.
B) 4,3 × 107 e 5,0 × 10 −8.
C) 4,3 × 10−7 e 5,0 × 108.
D) 4,3 × 106 e 5,0 × 107.

QUESTÃO 22. Recentemente, os jornais noticiaram que, durante o mês de outubro de 2011, a população
mundial deveria atingir a marca de 7 bilhões de habitantes, o que nos faz refletir sobre a capacidade do planeta
de satisfazer nossas necessidades mais básicas, como o acesso à água e aos alimentos. Estima-se que uma
pessoa consuma, em média, 150 litros de água por dia. Assim, considerando a marca populacional citada
acima, o volume de água, em litros, necessário para abastecer toda a população humana durante um ano está
entre
A) 1013 e 1014
B) 1014 e 1015
C) 1015 e 1016
D) 1016 e 1017

QUESTÃO 23. Dentre outros objetos de pesquisa, a Alometria estuda a relação entre medidas de diferentes
partes do corpo humano. Por exemplo, segundo a Alometria, a área A da superfície corporal de uma pessoa
2
relaciona-se com a sua massa m pela fórmula A = k ⋅m ,
3
em que k e uma constante positiva.
Se no período que vai da infância até a maioridade de um indivíduo sua massa é multiplicada por 8, por quanto
será multiplicada a área da superfície corporal?
A) 3 16
B) 4
C) 24
D) 8

1
QUESTÃO 24. O conjunto solução da equação 1 + = x, com x ≠ 0 e x ≠ −1, é igual ao conjunto solução
1
1+
x
da equação
A) x2 – x – 1 = 0.
B) x2 + x – 1 = 0.
C) – x2 – x + 1 = 0.
D) x2 + x + 1 = 0.

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


As atividades de comunicação humana são plurais e estão intimamente ligadas às suas necessidades de
sobrevivência. O problema de contagem, por exemplo, se confunde com a própria história humana no decorrer
dos tempos. Assim como para os índios mundurucus, do sul do Pará, os waimiri-atroari, contam somente de
um até cinco, adotando os seguintes vocábulos: awynimi é o número 1, typytyna é o 2, takynima é o 3,
takyninapa é o 4, e, finalmente, warenipa é o 5.
Texto Adaptado: Scientific American – Brasil, “Etnomatática”. Edição Especial, Nº 11, ISSN 1679-5229

QUESTÃO 25. Considere A o conjunto formado pelos números utilizados no sistema de contagem dos
waimiriatroari, ou seja, A = {1,2,3,4,5}. Nestas condições, o número de elementos da relação
R1 = {( x,y ) ∈ A × A y ≥ x} é igual a:
A) 5.
B) 10.
C) 15.
D) 20.

QUESTÃO 26. Suponha que o número P de indivíduos de uma população, em função do tempo t, possa ser
descrito de maneira aproximada pela expressão
3600
P= .
9 + 3 × 4− t
Sobre essa expressão, considere as seguintes afirmativas:
1. No instante inicial, t = 0, a população é de 360 indivíduos.
2. Com o passar do tempo, o valor de P aumenta.
3. Conforme t aumenta, a população se aproxima de 400 indivíduos.
Assinale a alternativa CORRETA.
A) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
B) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
C) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
D) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.

QUESTÃO 27. Para se calcular o consumo mensal, em kWh, de um aparelho elétrico usa-se a seguinte
PxHxD
expressão: C = , em que C é o consumo em kWh; P a potência do aparelho em Watt (W); H é o número
1000
de horas de uso por dia, e D é o número de dias de uso por mês. O Prof. Sérgio instalou em seu banheiro um
chuveiro elétrico com uma potência de 2.500W. A família do professor é composta por cinco pessoas, e cada
uma delas toma dois banhos por dia com uma duração de 10 minutos cada banho. Qual o consumo de energia
do chuveiro elétrico após 30 dias?
A) 75
B) 100
C) 125
D) 150

QUESTÃO 28. Para uma certa espécie de grilo, o número, N, que representa os cricrilados por minuto,
depende da temperatura ambiente T. Uma boa aproximação para esta relação é dada pela lei de Dolbear,
expressa na fórmula
N = 7 T −30
com T em graus Celsius. Um desses grilos fez sua morada no quarto de um vestibulando às vésperas de suas
provas. Com o intuito de diminuir o incômodo causado pelo barulho do inseto, o vestibulando ligou o
condicionador de ar, baixando a temperatura do quarto para 15 °C, o que reduziu pela metade o número de
cricrilados por minuto. Assim, a temperatura, em graus Celsius, no momento em que o condicionador de ar foi
ligado era, aproximadamente, de:
A) 75
B) 36
C) 30
D) 26

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PROCESSO SELETIVO COLÉGIO SÓLIDO 2015 1° ANO

QUESTÃO 29.

De acordo com os dados do quadrinho, a personagem gastou R$ 67,00 na compra de x lotes de maçã, y
melões e quatro dúzias de bananas, em um total de 89 unidades de frutas.
Desse total, o número de unidades de maçãs comprado foi igual a:
A) 24
B) 30
C) 36
D) 42

QUESTÃO 30. Na tabela abaixo, estão indicadas três possibilidades de arrumar n cadernos em pacotes:

Nº de Nº de cadernos Nº de cadernos
pacotes por pacotes que sobram
X 12 11
Y 20 19
Z 18 17
Se n é menor do que 1200, nessas condições o maior valor de n é:
A) 1080
B) 1079
C) 1180
D) 1179

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PROCESSO SELETIVO COLÉGIO SÓLIDO 2015 1° ANO

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Uma empresa de transporte de carga estima em 20% ao ano a taxa de depreciação de cada caminhão de sua
frota. Ou seja, a cada ano, o valor de seus veículos se reduz em 20%. Assim, o valor V, em reais, de um
caminhão adquirido por R$ 100.000,00, t anos após sua compra, é dado por V = 100000 ⋅ (0,8)t .

O gráfico a seguir representa os primeiros 3 anos dessa relação.

QUESTÃO 31. Para cada caminhão, a área financeira da empresa criou um fundo para repor a depreciação.
Em cada instante t, o fundo deve ter exatamente o dinheiro necessário para completar, sobre o valor do
caminhão depreciado, os R$ 100.000,00 , preço de um caminhão novo. O gráfico que melhor representa o
dinheiro disponível nesse fundo (f) ao longo do tempo para um caminhão
A) C)

B) D)

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PROCESSO SELETIVO COLÉGIO SÓLIDO 2015 1° ANO

QUESTÃO 32. Numa população de 5000 alevinos de tambacu, estima-se que o número de elementos com
5000
comprimento maior ou igual a x cm seja dado, aproximadamente, pela expressão n = 2 .
x +1
Pode-se concluir que o número aproximado de alevinos com comprimento entre 3 cm e 7 cm é igual a:
A) 600
B) 500
C) 400
D) 200

QUESTÃO 33. Em um campeonato esportivo, todos os jogos iniciarão em 15 de março de 2015. Os jogos de
futebol acontecerão a cada 30 dias, os de basquete a cada 45 dias e os de vôlei, a cada 60 dias. Após o início
das competições, o primeiro mês em que os jogos das três modalidades voltarão a coincidir é
A) Agosto.
B) Setembro.
C) Novembro.
D) Dezembro.

QUESTÃO 34. Se eu leio 5 páginas por dia de um livro, eu termino de ler 16 dias antes do que se eu estivesse
lendo 3 páginas por dia. Quantas páginas tem o livro?
A) 120
B) 125
C) 130
D) 135

QUESTÃO 35. O esquema abaixo representa o projeto de uma escada com 5 degraus de mesma altura. De
acordo com os dados da figura, qual é o comprimento de todo o corrimão?

A) 1,8m
B) 2,0 m
C) 2,1m
D) 2,2m

QUESTÃO 36. A figura mostra um edifício que tem 15 m de altura, com uma escada colocada a 8 m de sua
base ligada ao topo do edifício. O comprimento dessa escada é de:
A) 12 m.
B) 30 m.
C) 15 m.
D) 17 m. 15 m

8m • •

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PROCESSO SELETIVO COLÉGIO
COLÉGIO SÓLIDO 2015 1 ANO

QUESTÃO 37. Na figura abaixo, um garoto está em cima de um banco. Qual é a altura desse garoto que
projeta uma sombra de 1,2 m, sabendo que o banco de 30 cm projeta uma sombra de 40 cm ?

A) 70 cm
B) 90 cm
C) 110 cm
D) 130 cm

QUESTÃO 38.

A área do retângulo DEFB acima é:


A) 24
B) 160
C) 120
D) 20

QUESTÃO 39. Na figura abaixo tem-se


tem r//s; t e u são transversais. O valor de x + y é:

A) 100°
B) 120°
C) 130°
D) 140°

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PROCESSO SELETIVO COLÉGIO SÓLIDO 2015 1° ANO

QUESTÃO 40. A chácara de Ângela tem a forma de um triângulo retângulo e as dimensões indicadas na
figura. Qual a distância entre o portão e o poço?

A) 1000m
B) 500m
C) 480 m
D) 450m

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