FORTINI - Conceitos de Prescrição, Preclusão e Decadência
FORTINI - Conceitos de Prescrição, Preclusão e Decadência
FORTINI - Conceitos de Prescrição, Preclusão e Decadência
Cristiana Fortini
Doutora em Direito Administrativo pela UFMG.
1ª Vice-Presidente do Instituto Mineiro de Direito Administrativo.
Professora da PUC Minas e do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix.
Professora dos Cursos de Pós Graduação do Centro de Atualização em Direito – CAD/
Gama Filho, do Praetorium e do Instituto de Educação Continuada-PUC Minas.
Diretora da Procuradoria Geral do Município de Belo Horizonte.
1. Introdução
A Lei Federal n° 9.784/99 (fato que se repete na Lei do Estado de Minas Gerais)
consigna a expressão acima mencionada, embora o faça de maneira, no mínimo,
curiosa.
Sérgio Ferraz sustenta que "não tem sentido, tecnicamente, falar-se em revisão de
ofício do ato ilegal, "desde que não ocorrida preclusão administrativa" no caso de
recurso intempestivo (inciso I do art. 63) ou de exaustão da esfera administrativa
(inciso IV do art. 63): nessas duas hipóteses, sempre terá ocorrido, até mesmo como
efeito inelutável das duas figuras nela tratadas, preclusão administrativa..."
3. Prescrição e Decadência
Para José dos Santos Carvalho Filho , prescrição administrativa "é a situação
jurídica pela qual o administrado ou a própria Administração perdem o direito de
formular pedidos ou firmar manifestações em virtude de não o terem feito no prazo
adequado".
Maria Sylvia Zanella Di Pietro salienta "que prescrição administrativa designa " de
um lado, a perda do prazo para recorrer de decisão administrativa; de outro, significa
a perda do prazo para que a Administração reveja seus próprios atos; finalmente,
indica a perda do prazo para aplicação de penalidades administrativas".
Em excelente trabalho, Agnelo Amorim Filho discorre sobre a distinção entre os dois
institutos, aduzindo que a prescrição se inicia com a violação de direito que gera o
direito a uma ação em que se postulará uma pretensão. Por isso, a prescrição afeta
apenas as ações de cunho condenatório, uma vez que nelas (e só nelas) pretende o
autor obter do réu determinada prestação. Na ação constitutiva, pretende-se a
criação; modificação ou extinção de um estado jurídico e, na ação declaratória
objetiva-se uma confirmação jurídica, razão pela qual não é correto relacioná-las à
prescrição. O autor consolida sua posição quando, ao se ater às situações fixadas
no art. 178 do Código Civil de 1916, que cuidava de fixar hipóteses de prescrição,
conclui que, efetivamente, todas são relativas às ações condenatórias.
Não há pretensão violada quando a Administração Pública decide rever seus atos,
pela que incabível a prescrição.. Situação idêntica se verifica quando a
Administração. Pública aplica pena aos seus servidores estatutários, autores de
infrações administrativas.
Não bastasse esse argumento, a conclusão não seria diversa adotado fosse o
parâmetro distintivo da doutrina clássica. À Administração Pública se confere a dever
de rever seus próprios atos sem que se faça necessário bater às portas do
Judiciário. A inviabilidade de a Administração. Pública rever seus atos ou aplicar
sanções não é reflexa, pois da perda de ação ou do perecimento da via processual.
“a) a prescrição supõe uma ação cuja origem é distinta da origem do direito tendo
por isso um nascimento posterior ao nascimento do direito;
b) a decadência supõe uma ação cuja origem é idêntica à origem do direito sendo
por isso simultâneo o nascimento de ambos”.
Nesse sentido, bem andou a Lei Federal n° 9.784/99 que, em seu art. 54, dispõe:
Tal opção do legislador acaba par salientar que a prescrição não equivale à perda
do direito de ação, reafirmando a inadequação do uso da expressão prescrição
administrativa para indicar a inviabilidade de a Administração Pública reapreciar
seus atos ou sancionar conduta inapropriada de seus agentes ou de terceiros.
4. Conclusões
Referências Bibliográficas
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 11 ed. Rio
de Janeiro: Lúmen Juris, 2004.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17 ed. São Paulo: Atlas,
2004
Observações:
1) Substituir “x” na referência bibliográfica por dados da data de efetivo acesso ao texto.