O Papel Da Guarda Municipal Na Segurança Pública
O Papel Da Guarda Municipal Na Segurança Pública
O Papel Da Guarda Municipal Na Segurança Pública
Nos últimos anos, o município passou a ter maior destaque na discussão sobre
segurança pública e prevenção da violência por tratar, justamente, da esfera
governamental mais próxima dos problemas cotidianos enfrentados pelos
cidadãos.
2. Breve histórico
As Guardas Municipais ou, Guardas Civis Metropolitanas, surgiram no Brasil
no período feudal e tinham a incumbência de proteger as propriedades e zelar
pela segurança das cidades.
Ao deixar o trono, Dom Pedro I incumbe ao seu filho o destino do país e, neste
momento conturbado, por meio da Regência Trina Provisória, em 14 de junho
de 1831 é criada de fato com esta denominação em cada Distrito de Paz a Guarda
Municipal, dividida em esquadras.
Em uma rápida leitura do artigo 144 da Lei Maior, percebe-se que mesmo ao
retirar as Guardas Municipais do rol taxativo que estabelece o dever de
segurança, o legislador permitiu que os municípios criassem suas guardas
visando a proteção de seu patrimônio, como se vê:
Como já exposto, a Lei 13.022 só vem validar o que já estava sendo praticado
em diversas cidades brasileiras, nos quais as respectivas guardas já estavam
sendo utilizadas no policiamento ostensivo e preventivo, dentro de suas
capacidades, até mesmo sendo posicionadas em eventos como carnaval e outras
festas populares.
A realidade mostra que esta instituição já cumpre as funções características dos
órgãos estaduais e federais. A redação legal é clara quanto aos novos princípios
das guardas, dentre os quais estão a preservação da vida, patrulhamento
preventivo, uso progressivo da força (artigos 3º e 4º da Lei 13.022):
DOS PRINCÍPIOS
Art. 3o São princípios mínimos de atuação das guardas municipais:
I - proteção dos direitos humanos fundamentais, do exercício da cidadania e
das liberdades públicas;
II - preservação da vida, redução do sofrimento e diminuição das perdas;
III - patrulhamento preventivo;
IV - compromisso com a evolução social da comunidade; e
V - uso progressivo da força.
CAPÍTULO III
DAS COMPETÉNCIAS
Art. 4o É competência geral das guardas municipais a proteção de bens,
serviços, logradouros públicos municipais e instalações do Município.
Parágrafo único. Os bens mencionados no caput abrangem os de uso comum,
os de uso especial e os dominiais.
Art. 5o São competências específicas das guardas municipais, respeitadas as
competências dos órgãos federais e estaduais:
I - zelar pelos bens, equipamentos e prédios públicos do Município;
II - prevenir e inibir, pela presença e vigilância, bem como coibir, infrações
penais ou administrativas e atos infracionais que atentem contra os bens,
serviços e instalações municipais;
III - atuar, preventiva e permanentemente, no território do Município, para a
proteção sistêmica da população que utiliza os bens, serviços e instalações
municipais;
IV - colaborar, de forma integrada com os órgãos de segurança pública, em
ações conjuntas que contribuam com a paz social;
V - colaborar com a pacificação de conflitos que seus integrantes
presenciarem, atentando para o respeito aos direitos fundamentais das
pessoas;
VI - exercer as competências de trânsito que lhes forem conferidas, nas vias e
logradouros municipais, nos termos da Lei no9.503, de 23 de setembro de 1997
(Código de Trânsito Brasileiro), ou de forma concorrente, mediante convênio
celebrado com órgão de trânsito estadual ou municipal;
VII - proteger o patrimônio ecológico, histórico, cultural, arquitetônico e
ambiental do Município, inclusive adotando medidas educativas e
preventivas;
VIII - cooperar com os demais órgãos de defesa civil em suas atividades;
IX - interagir com a sociedade civil para discussão de soluções de problemas e
projetos locais voltados à melhoria das condições de segurança das
comunidades;
X - estabelecer parcerias com os órgãos estaduais e da União, ou de Municípios
vizinhos, por meio da celebração de convênios ou consórcios, com vistas ao
desenvolvimento de ações preventivas integradas;
XI - articular-se com os órgãos municipais de políticas sociais, visando à
adoção de ações interdisciplinares de segurança no Município;
XII - integrar-se com os demais órgãos de poder de polícia administrativa,
visando a contribuir para a normatização e a fiscalização das posturas e
ordenamento urbano municipal;
XIII - garantir o atendimento de ocorrências emergenciais, ou prestá-lo direta
e imediatamente quando deparar-se com elas;
XIV - encaminhar ao delegado de polícia, diante de flagrante delito, o autor
da infração, preservando o local do crime, quando possível e sempre que
necessário;
XV - contribuir no estudo de impacto na segurança local, conforme plano
diretor municipal, por ocasião da construção de empreendimentos de grande
porte;
XVI - desenvolver ações de prevenção primária à violência, isoladamente ou
em conjunto com os demais órgãos da própria municipalidade, de outros
Municípios ou das esferas estadual e federal;
XVII - auxiliar na segurança de grandes eventos e na proteção de autoridades
e dignatários; e
XVIII - atuar mediante ações preventivas na segurança escolar, zelando pelo
entorno e participando de ações educativas com o corpo discente e docente das
unidades de ensino municipal, de forma a colaborar com a implantação da
cultura de paz na comunidade local.
Parágrafo único. No exercício de suas competências, a guarda municipal
poderá colaborar ou atuar conjuntamente com órgãos de segurança pública
da União, dos Estados e do Distrito Federal ou de congêneres de Municípios
vizinhos e, nas hipóteses previstas nos incisos XIII e XIV deste artigo, diante
do comparecimento de órgão descrito nosincisos docaputdo
art. 144 da Constituição Federal, deverá a guarda municipal prestar todo o
apoio à continuidade do atendimento.
4. Considerações Finais
Mesmo que se fale em inconstitucionalidade da referida lei (por suposta
violação aos preceitos fixados no artigo 144 da Constituição), até o presente
momento ela se mostra em justa adequação à realidade brasileira.
Com a onda de violência que assola o país, o modelo de segurança outorgado
apenas aos Estados Membros e União se mostra obsoleto e os municípios
através de suas Guardas já participam da segurança pública de fato, sem que
isso se caracterize como usurpação de função.