Oliveira+et+al.,+2000 - Livro Açaí
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Pará (Calzavara 1972; Cavalcante, 1991), Tocantins (Balick, 1986a) e no Mato Grosso
Colômbia (Balick, 1986b). Distribuição mais ampla é apresentada por Henderson & Galeano
(1996), que assinalam a presença dessa palmeira, também, no Panamá, Equador e Trinidad.
ocupando, com maior freqüência, terrenos que, em função do fluxo e refluxo das marés,
bem menores. Somente no estuário do grande rio, densas populações nativas de açaizeiro,
o açaizeiro pode ser considerado como originário do centro Sul-americano, subcentro Brasil-
Paraguai.
__________________________________________
1
. Eng. Agr., MSc., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental. Caixa Postal 48, CEP 66017-970- – Belém,
PA. E-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected].
1
Na concepção de Lleras et al. (1983), o gênero Euterpe possui dois centros de
o nível do mar até 3000m de altitude, na costa ocidental úmida dos Andes; e, o segundo, na
região compreendida pelo escudo das Guianas e alto rio Negro, em áreas bastante úmidas.
Para Oliveira (1995) a região do estuário do rio Amazonas além de ser o centro de origem
também se constitui no centro de diversidade genética do açaizeiro, pois nessa região são
encontradas numerosas populações com variações bem acentuadas entre e dentro delas, no
plantas.
2. BOTÂNICA E ECOLOGIA
subtropical (Jones, 1995). Na Amazônia esta família está representada por 39 gêneros e um
1992).
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
2
Subclasse: Arecidae
Ordem: Arecales
Família: Arecaceae
Subfamília: Arecoidae
Gênero: Euterpe
beleza da planta (Strudwick & Sobel, 1986). Já o nome específico “oleracea” significa que
O número de espécies do gênero não está claramente definido e tem sido objeto de
proposta por Uhl & Dransfield (1986) o gênero está representado por 28 espécies, enquanto
Henderson & Galeano (1996) consideram apenas sete espécies como componentes do
embora em baixa intensidade, em decorrência da exaustão das reservas naturais, até os dias
3
atuais. A segunda, apresenta multiplicidade de usos, destacando-se atualmente no setor
agroindustrial como a principal fonte de extração de palmito e pela utilização de seus frutos
do Pará e Amapá. A última espécie também produz frutos com o mesmo uso do açaí e
Embora na terminologia vulgar seja mais conhecida como açaí, outras denominações
são de uso freqüente nas áreas de ocorrência na Amazônia brasileira, porém de forma mais
restrita, destacando-se os seguintes nomes: açaí do pará, açaí do baixo amazonas, açaí de
touceira, açaí de planta, juçara e juçara de touceira (Calzavara, 1972; Cavalcante, 1991;
Villachica et al., 1996). Os dois últimos nomes são bastante usados no Estado do Maranhão.
Convém ressaltar, ainda, que as outras espécies, do mesmo táxon genérico, ocorrentes na
Amazônia, são igualmente denominadas de açaí, daí E. oleracea ser também chamada, em
Francesa; baoenpina, kiskis pina, manaka, pina, prasara, wapoe, wapa, wasei, no Suriname;
Cavalcante, 1991; Henderson & Galeano, 1996; Khan, 1997). Nas línguas espanhola, inglesa
e francesa é, com maior freqüência, grafado como asaí, euterpe palm, e palmier pinot,
respectivamente.
A palavra açaí é de origem tupi – yá-çai - e significa fruto que chora, ressuma ou deita
água (Soares, citado por Braga, 1976), provavelmente relacionado ao fato de que durante o
processo de extração da polpa, esta flui lentamente, em forma de grandes gotas, tanto
4
quando extraída manualmente como quando extraída em pequenas máquinas
É uma palmeira cespitosa, com até 25 estipes por touceira em diferentes estádios de
desenvolvimento (Foto 1). Os estipes das plantas adultas apresentam altura e diâmetro
com manchas de líquens. Em toda extensão dos estipes são encontradas cicatrizes,
distanciadas, entre si, em cerca de 11cm, deixadas pelas folhas que senescem e caem.
nesse caso apresentam caule solitário (Henderson & Galeano, 1996; Oliveira et al., 1998).
pendentes nos indivíduos adultos e ligeiramente horizontais nos indivíduos jovens, com base
largura entre 2cm e 3cm. Em cada folíolo encontra-se uma nervura central, proeminente na
face adaxial e mais dois conjuntos com duas ou três nervuras, proeminentes na face abaxial,
médio da bainha foliar gira em torno de 1,0m, podendo, no entanto, variar de 0,6m a 1,5m
(Prance & Silva, 1975; Henderson & Galeano, 1996). As folhas apresentam comprimento de
folha e quando aberta apresenta-se disposta quase horizontalmente (Foto 2). Possui
5
pedúnculo, com comprimento entre 5cm e 15cm e diâmetro entre 2,7cm e 4,0cm (Henderson
& Galeano, 1996). É envolvida totalmente por duas brácteas: uma espatela ligular e uma
propriamente dita, do tipo cacho, contendo número variável de ráquilas, onde as flores
ordenada em tríades, de tal forma que cada flor feminina fica ladeada por duas flores
masculinas (Cavalcante, 1991; Henderson & Galeano, 1996), com exceção do terço terminal
de cada ráquila que apresenta, na maioria dos casos, somente flores masculinas, o que
resíduo do estigma lateralmente, com diâmetro variando entre 1cm e 2cm e pesando, em
com cerca de 1mm espessura, é polposo, envolvendo um endocarpo volumoso e duro que
acompanha, aproximadamente, a forma do fruto e contém em seu interior uma semente, com
(Anderson, 1986; Menezes Neto, 1994) e prolongam-se, superficialmente, por até cerca de
3,0m a 3,5m da base do estipe, em indivíduos com três anos de idade, podendo, em plantas
femininas (pistiladas) são gradativas, ocorrendo em fases com separação temporal, iniciando
sempre com a abertura das flores estaminadas (Oliveira & Fernandes, 1993).
masculina e feminina (Oliveira, 1995). Além disso, existe a possibilidade de flores masculinas
totalmente autocompatíveis, pois não é raro encontrar-se plantas isoladas de açaizeiro com
manejados para a produção de frutos e palmito, é mais importante que a regeneração por
2.4. Fenologia
7
Na região Amazônica, o açaizeiro flora e frutifica praticamente durante todo o ano.
Porém, os picos de floração e frutificação ocorrem com maior freqüência, nos períodos de
na época mais seca do ano (Calzavara, 1972; Oliveira & Fernandes, 1993).). Algumas
populações naturais apresentam dois picos de frutificação, durante o ano (Jardim &
Convém ressaltar que nem todo ramo completa seu ciclo. Independente da época do ano, é
comum observar-se inflorescências secas ou cachos que, mesmo tendo flores fecundadas,
dezembro, com produção de frutos praticamente durante todo o ano (Bovi et al., 1986).
2.3 Ecologia
Em grande parte das áreas de ocorrência dessa palmeira, particularmente nos terrenos
de várzea baixa, a floresta é do tipo oligárquica, tendo como espécie dominante o açaizeiro
adaptações morfológicas e anatômicas, tais como: raízes que emergem do estipe acima da
8
superfície do solo, presença de lenticelas (Anderson, 1986) e de aerênquimas nas raízes
(Menezes Neto, 1994). Além disso, a espécie dispõe de estratégias fisiológicas que permitem
manter as sementes viáveis e as plântulas vivas, mesmo em condição de anoxia total, por
Neto, 1994).
mais da radiação solar que do défice de pressão de vapor e inundações temporárias não
limitado à possibilidade das sementes, por ocasião da dispersão natural, atingirem sítios com
Esses sítios, são representados por restos de árvores que tombam naturalmente e
ser encontrada em áreas submetidas aos tipos climáticos Afi, Ami e Awi, (classificação de
Köppen). Esses tipos climáticos caracterizam-se por serem quentes e úmidos, com
pequenas amplitudes térmicas, geralmente, com temperaturas médias e médias das mínimas
e das máximas anuais em torno de 26°C, 22°C e 31,5°C, respectivamente e com umidade
relativa do ar variando entre 71% e 91% (Calzavara 1972; Nascimento & Homma, 1984;
nos fatores diferenciais entre os três tipos climáticos. No tipo Afi, onde se concentram
caracteriza-se por total anual de chuvas superior a 2000mm e por sua distribuição mais
uniforme, sendo que nos meses de menor precipitação o total mensal é sempre superior a
60mm. O tipo Awi, embora apresentando total anual de chuvas semelhante ao do Afi, a
distribuição é menos uniforme com períodos de dois a três meses de estiagem. Já no tipo
Awi o total de chuvas é menor, com período de estiagem que abrange cinco a seis meses do
produção de palmito, está sujeito à temperaturas médias anuais mais baixas, em torno de
21°C, considerada por Aguiar (1988) como provavelmente próxima do limite mínimo de
várzea. Esses solos, são fortemente ácidos, argilo-siltosos pouco profundos e com boa
águas das marés No segundo caso, é encontrado em Latossolo Amarelo textura média, que
caracterizam-se por serem profundos, friáveis, porosos e pela elevada acidez e baixa
10
com a maioria das frutas tropicais tradicionalmente consumidas como fruta fresca. Além
disso, o consumo direto dos frutos, devido a presença acentuada de antocianinas deixa nos
filtração.
(Ministério...,1998) como:
a) Açaí grosso ou especial, quando apresenta teor de sólidos totais superior a 14%;
b) Açaí médio ou regular, quando apresenta teor de sólidos totais entre 11% e 14%;
c) Açaí fino ou popular, é o produto com teor de sólidos totais entre 8% e 11%.
de açaí, que deve conter, no mínimo, 40% de sólidos totais (Ministério, 1998). Essa forma de
despolpadoras disponíveis no mercado processa com eficiência o fruto sem adição de água.
Nos últimos anos diversas outras formas de apresentação do produto têm surgido no
mercado tais como: o açaí pasteurizado, o açaí com xarope de guaraná, o açaí em pó, o
11
doce de leite com açaí, a geléia e o licor de açaí (Foto 3). O primeiro, embalado em latas
segundo, embalado em potes de vidro também contendo 580ml ou 325ml de açaí misturado
com xarope de guaraná. Esses produtos apresentam vida de prateleira de três anos, mesmo
quando mantidos à temperatura ambiente. Já o açaí em pó, que tem prazo de validade de
indicado para o preparo de sorvetes, pudins, tortas, bolos, biscoitos e doces. O doce de leite
com açai, a geléia e o licor são comercializados em embalagens de vidro, contendo 465g,
pudins e musses.
farinha de mandioca. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, o açaí é consumido, com
maior freqüência, misturado com xarope de guaraná ou com xarope de guaraná e outras
frutas, tais como banana, laranja, morango, acerola, mamão, abacaxi, manga, maracujá,
12
A parte comestível do açaí, ou seja o epicarpo e o mesocarpo, representa, em média,
planta-matriz A maior parte do fruto é composta pelo volumoso endocarpo (Tabela 1)., o
qual contém em seu interior uma com tecido de reserva rico em lipídios
pela alta variabilidade genética existente no açaizeiro (Caroline, 1999). Outro aspecto que
deve ser considerado é que alguns autores incluem parte da fibras alimentares dentro dos
açucares totais. Como, durante o processamento da polpa, parte das fibras ficam retidas na
peneira, permitindo porém a passagem dos lipídios, é comum encontrar-se dados onde o
teor de lipídios na polpa industrializada é maior que na parte comestível do fruto. O contrário
ocorre com os açucares totais (Rogez et al., citados por Caroline, 1999).
13
água adicionada durante o processamento, o valor energético é menor, atingindo
182,4kcal/100g, para a polpa com 60,4% de água (Franco, 1992). Esse valor energético é
determinado basicamente pelo elevado conteúdo de lipídios, haja vista que as quantidades
bastante erodida em sua base genética (Clement et al., 1982; Calzavara, 1988) a maior fonte
14
A maior coleção de germoplasma dessa fruteira encontra-se instalada na Embrapa
Amazônia Oriental, em Belém, PA, estando, presentemente, representada por 140 acessos,
envolvendo 136 acessos de açaizeiro, três híbridos interespecíficos e uma espécie afim
(Tabela 3). Essa coleção está estabelecida em Latossolo Amarelo textura média, no
espaçamento de 5m x 3m, sendo a quase totalidade dos acessos procedentes dos Estados
do Amapá, Pará e Maranhão, os quais foram plantados no ano de 1985 (Lima & Costa,
1991).
Maracaçumé – Maranhão - 02
Guimarães – Maranhão - 02
Mirinzal – Maranhão - 02
Santa Inez – Maranhão - 01
Santa Luzia – Pará Temporão 01
Turiaçu – Maranhão - 02
Zé Doca – Maranhão Temporão 01
Vitória – Espírito Santo Híbrido 03
Vitória – Espírito Santo E. espriritosantense 01
Total - 140
Fonte: OLIVEIRA, M. do S.P de (dados não publicados).
15
Nos acessos da Coleção de Germoplasma da Embrapa Amazônia Oriental têm sido
registradas expressivas variações fenotípicas no que concerne aos seguintes caracteres: tipo
da bainha foliar (0,76m a 1,36m), altura do estipe (4,21m a 9,55m), comprimento do entrenó
(masculina de 12 dias a 17 dias; feminina 5 dias a 9 dias); intervalo entre fases de floração
(1dia a 2 dias), número de cachos por planta (1 a 16); peso do cacho (0,28kg a 12kg), peso
de frutos por cacho (0,10kg a 10,0kg), peso do fruto (0,5g a 2,3g), cor do fruto quando
maduro (roxo e verde), formato do fruto (arredondado e obovado), número de frutos por
cacho (100 a 5681), número de ráquilas por cacho (54 a 144), comprimento da ráquis
(24,0cm a 75cm), rendimento de frutos por cacho (35,7% a 85,5%) e produção de frutos por
planta (0,10kg a 50, 9kg), segundo Oliveira (1995), Oliveira & Müller (1998) e Oliveira et al.
(1998).
Agronômico de Campinas – IAC (Tabela 4), sendo constituída por 90 acessos instalados em
três municípios da região litorânea de São Paulo. Todavia, nessa coleção os acessos vêm
grande variabilidade entre e dentro dos acessos para a maioria dos caracteres,
1997).
6.1. Propagação
a propagação assexuada possa ser também utilizada através da retirada de brotações que
surgem de forma espontânea, na região logo abaixo do coleto da planta (Calzavara, 1972). A
17
secundários. Embora de forma rara, algumas plantas, independente do ambiente, não
Em plantas com cinco anos de idade, mantendo-se quatro estipes por touceira, o
atinge a dez unidades, decrescendo bastante esse número nos anos subseqüentes
(Nogueira et al., 1998) pois, à medida que se retiram essas brotações a planta vai perdendo
baixa, quando comparada com a propagação sexuada em que, de uma única planta, é
possível obter-se quantidade superior a 6000 sementes (Oliveira et al., 1998), com
A propagação “in vitro” tem tido sucesso apenas com a utilização de embriões
interior uma semente, com eixo embrionário diminuto e abundante tecido endospermático. O
al., 1998b), portanto, um quilograma de endocarpo de açaí contém cerca de 1080 sementes,
18
maduros e semeadas imediatamente após a remoção da polpa (Moreira, 1989; Villachica et
emergência das plântulas 22 dias após a semeadura e estabilizando-se aos 48 dias, quando
as sementes são semeadas logo após a remoção da polpa. A redução do grau de umidade,
100
90 39,4% de um idade
19,7% de um idade
80
Germinação (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52
retardamento de germinação (Figura 1). Quando o grau de umidade é reduzido para valor em
com temperaturas igual ou inferiores a 15°C (Nogueira, et al., 1995; Villachica et al., 1996).
19
Em decorrência desses fatos, a conservação do poder germinativo das sementes não
pode ser efetuada pelos processos convencionais de armazenamento, que têm como pré-
Amazônia, ou quando se deseja transportar as sementes para locais distantes, dois sistemas
úmido, que tanto pode ser serragem, como vermiculita e acondicionadas em caixas de
madeira, isopor ou em sacos de plástico. Areia ou solo não são recomendados como
substrato por apresentarem maior densidade. Nesse sistema, as sementes são dispostas em
Amazônia Oriental tem-se adotado a proporção volumétrica de uma parte de sementes para
forma que o grau de umidade seja reduzido para 35,0%. Em ambos os casos, o período de
armazenamento não deve ultrapassar a 20 dias, pois muitas sementes poderão completar a
um pouco maior, é possível desde que as sementes sejam mantidas em ambiente com
plantada no local definitivo, se situa entre seis e oito meses, dependendo dos tratos culturais
durante a fase de viveiro. Durante a fase de formação, as mudas devem ser mantidas em
longos e as folhas mais velhas com folíolos separados. O coleto deve apresentar a
6.2.1. Variedades
21
Não existem variedades nem clones definidos e devidamente avaliados e
dos frutos, quando maduros, tenha estabelecido duas variedades: o açaí Roxo e o açaí
A definição de variedades de açaizeiro, com base apenas na cor do fruto não é válida,
haja vista que existem, nas populações silvestres e mesmo em pomares comerciais
expressivas variações dentro de cada uma das variedades estabelecidas por Calzavara
rendimento de polpa e produtividade de frutos (Lima & Costa, 1998; Oliveira, 1998; Caroline,
1999). Assim sendo, o mais correto é considerar como tipos o que foi definido como
variedades.
Ressalte-se, ainda que o cruzamento recíproco entre o açaí roxo e o açaí branco,
ocorre com grande freqüencia. Assim sendo, plantas muitas vezes consideradas como da
variedade roxo podem na verdade ser híbridos intertipos, pois a cor do fruto maduro é
determinada por fatores genéticos qualitativos, sendo o roxo dominante em relação verde.
22
Oriental, quando sementes oriundas de matrizes do tipo Roxo deram origem a plantas do tipo
Branco.
creme. A polpa oriunda de frutos desse tipo apresenta coloração creme bem claro, bastante
diferente da polpa oriunda do açaí roxo. Em alguns locais o açaí branco é também
Outros tipos ocorrentes na Amazônia são: o açaí-açu, o açaí espada e o açaí sangue
Açaí-açu - É um tipo com frutos de cor roxa, ocorrente em populações nativas cujos
cachos são bem mais pesados, com maior número de frutos por ráquilas e diâmetro dos
Acará, difere dos tipos comuns, principalmente no formato do cacho, por apresentar ráquilas
avermelhada dos frutos, semelhante ao sangue de boi, quando maduros e por apresentar
polpa com consistência bem menos pastoja que os tipos de ocorrência mais generalizada. A
polpa dos frutos desse tipo tem pouca aceitação, tanto por sua consistência fina como pelo
sabor que é bastante diferente, dos tipos com frutos de cor roxa.
23
Na implantação de pomares de açaizeiro deve-se utilizar, preferencialmente, áreas
implantar a cultura em áreas com vegetação secundária de pequeno porte (Nogueira et al.,
1995). A utilização de áreas com vegetação primária não é aconselhável, devido aos danos
consiste basicamenete na roçagem das linhas onde serão plantados os açaizeiros e posterior
6.2.3. Espaçamento
produção de frutos, são baseadas em observações de natureza prática. Geralmente tem sido
sobremaneira a colheita até dez anos após o plantio. Pois nessa situação, as plantas não
estão submetidas à competição por luz o que reduz bastante o crescimento em altura e
24
ação de ventos fortes. Nesse espaçamento, os primeiros cachos, surgem em altura altura
inferior a 1,5m. Além disso os tratos culturais, especialmente as capinas podem ser
efetuadas mecanicamente.
o crescimento de plantas daninhas, em particular nos primeiros três anos após o plantio,
envolve o cupuaçuzeiro como cultura principal e o açaizeiro como cultura secundária (Müller
& Carvalho, 1997). Nesse caso, o açaizeiro, uma espécie heliófila é usado para o
sombreamento definitivo do cupuaçuzeiro que, devido ao seu caráter umbrófilo, suporta nível
6.2.4. Plantio
cobertua morta em volta da muda. Esse procedimento visa minimizar os efeitos de possíveis
veranicos, que possam ocasionar défice hídrico acentuado nas mudas recém-plantadas.
25
Além disso, a cobertura morta serve também para controlar, parcialmente, as plantas
Em áreas irrigadas o plantio pode ser efetuado em qualquer época do ano, adotando-
incipientes, não se dispondo de resultados consistentes que permitam avaliar com precisão o
K > Mg > P > N > Ca > S. Além disso, a determinação dos teores desses nutrientes, nas
(Tabela 5).
26
Com relação à adubação os seguintes procedimentos têm sido indicados para solos
quinto e nono mês após o plantio. A partir do segundo ano, efetuar três aplicações de 300g
do mesmo adubo, no início, meio e fim do período de chuvas (Siqueira et al., 1998).
b) Nos dois primeiros anos após o plantio aplicar 100g de sulfato de amônio, 100g de
superfosfato triplo e 100g de cloreto de potássio por planta, parcelados duas vezes. A partir
Além da adubação mineral, aplicar em intervalos de dois anos, cinco litros de esterco de
litros de esterco de galinha por touceira e 100g da mistura, em partes iguais, de sulfato de
amônia, superfosfato triplo e cloreto de potássio. O adubo mineral deve ser aplicado em duas
terceiro ano utilizar a mesma quantidade de adubo orgânico e utilizar a mistura de 150g de
(Calzavara, 1987).
pois parte considerável dos fotossintatos são mobilizados para a formação do sistema
radicular dos perfilhos (Oliveira, 1995). Assim sendo, é necessário efetuar o desbaste dos
27
mesmos de tal forma que cada touceira apresente, no máximo, cinco plantas (Calzavara,
1987).
Outro aspecto relacionado com o manejo das touceiras está relacionado a altura dos
estipes. Quando um estipe atinge altura que dificulte sobremaneira a colheita dos frutos, é
conveniente eliminá-lo e deixar um novo perfilho crescer para substituir o que foi derrubado
No primeiro ano após o plantio o crescimento da planta é bastante lento, situação esta
que aliada ao espaçamento aberto favorece o crescimento de plantas daninhas. Nos três
primeiros anos após a implantação do pomar, são necessárias três ou quatro roçagens a
(Nogueira et al., 1995). Essa ultima operação pode ser efetuada com herbicidas a base
açaizeiro, nas dosagens indicadas para o controle de plantas daninhas. Convém ressaltar,
porém, que esses produtos ainda não estão registrados para uso na cultura do açaizeiro.
6.2.7. Irrigação
tipos climáticos Ami e Awi. Em algumas situações, como nos anos de ocorrência do
fenômeno “El niño”, é também necessária, mesmo em locais com tipo climático Afi,
particularmente se o pomar estiver instalado em solos com teor de argila inferior a 30%.
28
No Estado do Ceará, onde a cultura foi recentemente introduzida, está sendo utilizado
demonstram sintomas de défice hídrico pois, nesse ambiente, mesmo durante a estação
seca, quando em muitas ocasiões a camada superficial do solo seca bastante e apresenta
rachaduras, provocando mesmo a quebra de raízes finas, a planta apresenta status de água
Não obstante ser uma planta típica de habitats muito úmidos o açaizeiro comporta-se
como planta mesófila. Plantas jovens mesmo submetidas a estresse por falta de água,
durante dois meses, mantêm-se vivas e recobram suas atividades fisiológicas 14 dias após a
Como na maioria das palmeiras, o primeiro sintoma visível do défice de água na planta
manifesta-se pelo retardamento no ritmo de abertura das folhas. Assim é que em plantas
com estresse por falta d’água é comum encontrar-se no ápice duas ou mais folhas não
está associado à deficiência de boro, pois a absorção desse nutriente fica limitada pela
6.2.8. Produtividade
não estão devidamente consolidadas as práticas culturais e de manejo mais eficientes para a
cultura. Além disso, não existem clones nem variedades definidas, sendo a totalidade dos
29
pomares estabelecidos com sementes de polinização aberta, oriundas de plantas de
O açaizeiro inicia seu ciclo de produção de frutos quatro anos após o plantio.
Eventualmente, algumas plantas entram em fase de produção aos três anos de idade
produção dos dois primeiros anos é insignificante, crescendo bastante a partir do sexto ano
de 6m x 6m, manejado com três plantas por touceira com adubação orgânica e mineral
produção de frutos por touceira atingiu valor de 42,2kg, decrescendo nos anos subseqüentes
(Figura 2).
45
Produtividade (kg/touceira)
40
35
30
25
20
15
10
5
0
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Idade da planta (ano)
30
estipes, a produção, dez anos após o plantio, variou de 0,1kg a 50,9kg de frutos por touceira,
plantas/ha e cerca de 53% delas em fase de produção foi registrada produtividade de até
9.000kg de frutos/ha. Por outro lado, para açaizais não-manejados a produtividade foi de
(Nogueira, 1997).
7. PRAGAS E DOENÇAS
7.1. Pragas
Diversos insetos atacam o açaizeiro mas, presentemente, poucos são os que exigem
medidas efetivas de controle. A maior parte dos insetos ou formas afins que causam danos
ao açaizeiro também são pragas de outras palmeiras ou mesmo de outras espécies frutíferas
de pragas do açaizeiro.
dendezeiro (Elaeis guineensis), onde também causa sérios dano e é considerado como
vermelho. O adulto é um besouro de hábito diurno e cor negra com cerca de 5cm de
31
larvas são ápodas e de cor branca (Moura & Vilela, 1996). A larva no último instar mede
As recomendações para o controle dessa praga propostas por Souza & Oliveira (1999)
são baseadas nos métodos de controle indicados por Moura & Vilela (1996) e por Ferreira et
discriminadas a seguir:
a) Controle preventivo na colheita: Pincelar o local onde foi cortado o cacho com uma
de-açúcar podem ser usados como iscas em armadilhas tipo alçapão. A adição de
controle;
que ataca folhas em desenvolvimento, bainhas foliares (Foto 7), inflorescências e frutos. Em
plantas com três a cinco anos de idade quando o ataque é severo pode causar a morte da
planta. Nas inflorescências, ocasionam queda precoce das flores ou mesmo de frutos em
início de formação (Souza & Oliveira, 1999). O controle do pulgão preto pode ser efetuado
é um inseto originário da Ásia, polífago e bastante conhecido como praga do cafeeiro (Coffea
menor (Couturier et al. 1994). Na Amazônia brasileira, tem sido encontrado atacando
hábito crepuscular dos adultos (Mendes et al., 1979) e pulverizar as mudas ao entardecer, a
fim de combater os insetos durante o vôo. A destruição de mudas infestadas pelo fogo
constitui no alimento dos adultos e das larvas. Esse fungo não apresenta patogenicidade
para a planta, sendo os principais danos decorrentes das galerias abertas pelo inseto, que
Uma delas, de ocorrência mais freqüente no período de maior intensidade de chuvas, realiza
perfurações na parte basal do estipe até 1,30m de altura que, dependendo da severidade do
ataque, pode ocasionar a morte da planta (Souza & Oliveira, 1999). A outra, faz galerias nas
Os endocarpos que caem no solo são atacadas por uma broca (Cocotrypes sp.) que,
1987).
7.2. Doenças
33
causado problemas somente na fase de viveiro, já tendo ocorrido perdas de até 70% de
0,15%, intercalados com Benomyl a 0,1%, em intervalos de dez a quinze dias. No entanto,
caracteriza-se por uma ou mais fendas longitudinais no caule com comprimento em torno de
0,70 m. Essas rachaduras representam porta de entrada para fungos saprofíticos, o que
8. COLHEITA E PÓS-COLHEITA
(Oliveira et al., 1998), ocasião em que o epicarpo apresenta cor roxa escuro recoberta por
uma camada acinzentada (Calzavara, 1972) nos tipos com frutos de cor roxa e coloração
superior a dez metros. É efetuada escalando-se o estipe e cortando o cacho em sua base, o
qual é trazido para a superfície do solo pelo próprio escalador. Durante a colheita cuidados
especiais são necessários para que não haja desprendimento de quantidade elevada de
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A colheita é realizada durante a manhã visando evitar que seja processada no
vespertino, pois nessa situação é mais difícil escalar as árvores tanto pela ação direta das
chuvas, que torna os estipes mais escorregadios, como pela ocorrência de ventos.
frutos colhidos têm que chegar aos grandes centros consumidores, principalmente Belém,
mesma touceira , sem descer para o solo (Cavalcante, 1991), colhendo de três a cinco
cachos em uma única escalada, desde que o peso total destes não ultrapasse a 15kg.
colheita precisa ser substancialmente melhorada, tendo em vista que em muitas áreas onde
Oriental, para a colheita de frutos de pupunheira (Bactris gasipaes), uma palmeira também
de porte elevado, possa ser utilizado na colheita de frutos de açaizeiro. Esse equipamento
consiste em uma vara de alumínio, com seis metros de comprimento, contendo na sua
extremidade superior uma lâmina para corte do cacho, um recipiente para a recepção dos
em cestos confeccionados com fibras vegetais (Foto 9), que oferecem boa aeração, o que
35
favorece a conservação. Esses cestos, embora apresentando capacidade variável,
outras frutas tropicais também se prestam para essa finalidade, tendo a vantagem de ocupar
de cestos.
Os frutos após a colheita são bastante perecíveis, sendo o ideal que sejam
facilmente, condição esta favorecida pelas temperaturas elevadas prevalecentes nas áreas
importante para evitar a perda excessiva de água, pois o despolpamento de frutos nessa
Não existem estudos sobre a conservação dos frutos em ambiente refrigerado mas,
o produto tem que ser conservado por período superior a 48 horas, os frutos são
9. INDUSTRIALIZAÇÃO
36
O processo mais comum de extração da polpa de açaí envolve a utilização de
que, embora a maioria desses postos disponham somente de uma unidade despolpadora,
em alguns deles podem ser encontradas até dez máquinas trabalhando simultâneamente.
Nesse último caso, podem processar até cerca de 2t de frutos por dia, o que permite a
Esse tipo de máquina, não obstante a baixa capacidade operacional, permite extração
usadas na extração de polpa de acerola, cacau, cupuaçu e outras frutas tropicais, que em
recepção, os frutos são lavados em solução de hipoclorito de sódio (30 a 50ppm de cloro) e,
imersos em água à temperatura ambiente, durante uma hora ou, alternativamente, em água
despolpamento.
possa fluir através da peneira. A água deve ser adicionada em cinco parcelas, cada uma
delas obedecendo a proporção de uma parte de água para dez partes de frutos (Caroline,
1999). O que se denomina de polpa de açaí é a mistura constituída da parte comestível dos
frutos e a água adicionada durante o processamento, sendo que para cada quilograma de
Lavagem
Imersão em água
Despolpamento
Semente Polpa
Finisher
Embalagem
Congelamento
ano somente no Estado do Pará, que se constitui, segundo Coral (1988) no maior produtor e
Belém, PA, estima-se em 360.000 litros o consumo diário da bebida açaí (Mourão, 1996).
resfriamento ou congelamento.
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A partir de meado da década de 1990, a polpa congelada de açaí começou a ser
(Guimarães, 1998), procedente, na sua totalidade do Estado do Pará. Convém ressaltar que
outras grandes cidades, principalmente as capitais dos Estados das regiões nordeste, centro-
oeste, sudeste e sul do Brasil têm demandado expressivas quantidades de polpa de açaí,
polpa e de seus derivados têm sido remetidas para outros países, especialmente para a
Áustria, Alemanha, Estados Unidos e Japão, não tendo porém se concretizado, até o
aspecto que tem recebido atenção, haja vista a tendência mundial de proibição de muitos
extraídos do açaí têm sido utilizados, experimentalmente, no preparo de bombons tipo “hard
Com relação ao segmento de bebidas isotônicas, o produto com sabor artificial de açaí
já é encontrado nas prateleiras das grandes redes de supermercado que atuam no Brasil,
Outro aspecto que merece ser evidenciado é que pequenos plantios experimentais já
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