Premio Inovasus2015 Valorizacao Boas Praticas
Premio Inovasus2015 Valorizacao Boas Praticas
Premio Inovasus2015 Valorizacao Boas Praticas
PRÊMIO INOVASUS
2 0 1 5
Valorização de Boas Práticas e Inovação
na Gestão do Trabalho na Saúde
Brasília | DF - 2017
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde
Departamento de Gestão e de Regulação do Trabalho na Saúde
PRÊMIO INOVASUS
2 0 1 5
Valorização de Boas Práticas e Inovação
na Gestão do Trabalho na Saúde
Brasília | DF - 2017
2017 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial
– Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total
desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada,
na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>.
Coordenação:
Anemarie da Silveira Bender
Gustavo Hoff
Colaboração:
André Luiz Rodrigues da Silva
Carla Novara Monclar
Ednara Nunes Gonçalves
Lana Varandas de Jesus Rocha
Larissa Coutinho Diógenes
Thaís Sobrinho Barbosa
Normalização:
Daniela Ferreira Barros da Silva – Editora MS/CGDI
Mariana Andonios Spyridakis Pereira – Editora MS/CGDI
Revisão:
Tamires Alcântara – Editora MS/CGDI
Tatiane Souza – Editora MS/CGDI
Ficha Catalográfica
______________________________________________________________________________________________________
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão e de
Regulação do Trabalho na Saúde.
Prêmio InovaSUS 2015 : valorização de boas práticas e inovação na Gestão do Trabalho na Saúde / Ministério da Saúde,
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão e de Regulação do Trabalho na Saúde.
– Brasília : Ministério da Saúde, 2017.
272 p. : il.
ISBN 978-85-334-2471-5
CDU 614.2
______________________________________________________________________________________________________
9
MINISTÉRIO DA SAÚDE
10
Fundação Estatal de Atenção
Especializada em Saúde de Curitiba1
1
Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde da Curitiba – Feaes. Rua Lothário Boutin, 90. Curitiba/PR.
8111-0522.
2
Fisioterapeuta, funcionária do Programa Melhor em Casa da Feaes, e-mail: <[email protected]>.
3
Médico, coordenador médico do Programa Melhor em Casa da Feaes, e-mail: <[email protected]>.
4
Nutricionista, funcionária do Programa Melhor em Casa da Feaes, e-mail: <[email protected]>.
5
Educadora física, doutoranda de Enfermagem da UFPR, e-mail: <[email protected]>.
6
Pedagogo, gerente da linha de cuidado em Saúde Mental da Feaes, e-mail: <[email protected]>.
7
Enfermeiro, diretor de práticas assistenciais do Hiza da Feaes, e-mail: <[email protected]>.
8
Enfermeira, diretora acadêmica do Instituto de Ensino e Pesquisa da Feaes, e-mail: <[email protected]>.
9
Fonoaudióloga, coordenadora de Educação Permanente do Instituto de Ensino e Pesquisa da Feaes, e-mail:
<[email protected]>.
10
Enfermeira obstétrica, funcionária do Instituto de Ensino e Pesquisa da Feaes, e-mail: <ensinoepesquisa@feaes.
curitiba.pr.gov.br>.
11
Médico, diretor-geral da Feaes, e-mail: <[email protected]>.
12
Fisioterapeuta, chefe de gabinete da Feaes, e-mail: <[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
O Ministério da Saúde, no ano de 2011, lançou o Programa Melhor em
Casa, que expandiu a Atenção Domiciliar no Brasil, principalmente por conta de
características específicas da modalidade, que possibilitam a articulação de vários
pontos de assistência, a otimização do uso de leitos e recursos hospitalares, além
de representar uma solução para a sobrecarga das portas de urgência (BRASIL,
2013a).
O Melhor em Casa iniciou suas atividades em Curitiba, no mês de abril
de 2012. Está sediado no Hospital do Idoso Zilda Arns (Hiza) e é administrado
pela Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feaes).
Atualmente, conta com dez Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar
(Emads) e três Equipes Multiprofissionais de Apoio (Emaps).
Diante disso, o Programa Melhor em Casa Curitiba assegura atendimento
aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e, de forma conjunta e articulada
com a Atenção Primária, garante a universalidade de acesso ao usuário do SUS,
a integralidade e equidade do cuidado à saúde e a hierarquização dos serviços;
beneficiando amplamente os curitibanos.
As equipes de atendimento domiciliar do SUS, com frequência, deparam-
-se com situações complexas em seus atendimentos, seja pelas características
clínicas dos pacientes, seja pelas condições socioeconômicas em que os pacientes
se encontram, o que impõe a necessidade de um cuidado multiprofissional
embasado no desenvolvimento de saberes e habilidades para facilitar o provimento
e a disponibilização de condutas e tecnologias (BRASIL, 2013b), e uma nova
formatação de organização do trabalho, como a organização do tipo cérebro, pode
otimizar a gestão do cuidado. Este tipo de organização vê o colaborador como
protagonista no processo de trabalho, facilitando ações conjuntas e democratizadas
(MORGAN, 1996).
Sabe-se que os serviços de sucesso são aqueles que criam sistematicamente
novos conhecimentos, não hesitam em promover mudanças na estrutura interna
e os incorporam rapidamente. Tornar o conhecimento disponível deve ser uma
prioridade. Este conceito envolve um fluxo contínuo de trocas de informação,
em que está sempre presente o ensinar e o aprender e, nesse novo pensar, formas
diferenciadas de gestão.
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2 Características da Experiência
2.1 Atores Envolvidos
2.2 Abrangência
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conclusão
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4 Conclusão
A organização tipo cérebro é um modelo de estrutura organizacional
que fortalece a unidade e a confiança entre os colaboradores, direcionando-os ao
cumprimento das metas organizacionais de forma natural. A criação de uma cultura
de aprendizagem organizacional, associada às suas capacidades de autorregulação
e de “aprender a aprender”, possibilita melhor enfrentamento das solicitações e
dificuldades do dia a dia.
A busca pela democratização nas relações de trabalho, como método
de cogestão associado a frequente qualificação profissional, permitirá um
processamento da informação mais rápido e descentralizado. Este processo
envolve mudança de valores e atitudes, o que, por vezes, acarreta certa dificuldade
na consolidação, mas este processo contínuo, sem dúvida, proporcionará excelentes
resultados.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Manual
Instrutivo da Atenção Domiciliar. Brasília, 2013a.
24
Prefeitura Municipal de Pelotas/RS1
1
Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas – Rua Lobo da Costa, 1.764, Centro, Pelotas/RS, CEP: 96.010-150. Telefone:
(53) 3284-7782, e-mail: <[email protected]>.
2
Enfermeira, especialista em Saúde Pública com ênfase em Estratégia de Saúde da Família, gerente da Rede Bem Cuidar,
e-mail: <[email protected]>.
3
Designer de Serviços, diretor do Tellus – Agência de Design em Serviços Públicos, e-mail: <[email protected].
br>.
4
Designer de Serviços, consultora especialista em Serviços Públicos de Saúde, e-mail: <[email protected]>.
5
Administrador público, cofundador e diretor do Grupo Tellus, e-mail: <[email protected]>.
6
Cirurgião-dentista, mestre em Ciências pela UFPel, chefe do setor Saúde Bucal da SMSPel, e-mail: <llthurow@yahoo.
com.br>.
7
Cirurgiã-dentista, doutora em Saúde Pública pela FSPUSP, professora associada I da FO-UFPel, e-mail: <taniabighetti@
hotmail.com>.
8
Fonoaudióloga, doutora em Educação em Ciências, Química, Vida e Saúde pela Furg, diretora-executiva da SMSPel,
e-mail: <[email protected]>.
9
Assistente social, secretária municipal de Saúde de Pelotas/RS, e-mail: <[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
Nos cenários da sociedade e dos serviços de saúde, o anseio por inovação
é cada vez mais frequente. Na área pública ainda não é tão comum e, quando
acontece, costuma ser positiva e percebida pelos usuários.
Além da primeira ideia que se tem sobre inovação, materializada em
um novo produto, ela pode acontecer no âmbito da organização dos serviços
gerenciais e sociais (BEINARE; MCCARTHY, 2011; HALVORSENT et al.,
2005; ROSTE, 2005).
O processo de construção da nova organização pode ser inovador.
De forma lenta e significativa, propostas de melhoria são reconhecidas em
diferentes iniciativas que visam atacar problemas de ordem pública por meio
de várias abordagens que mesclam processos amplos de participação popular
(FERREIRA, 2014).
Os estudos em inovação no setor público são essenciais para capacitar o
governo para enfrentamento de desafios (SALGE, 2010; HALVORSENT et
al., 2005). Segundo Roste (2005), condições legais, normas e cultura do contexto
institucional representam importantes incentivos ou restrições ao processo.
Sabe-se que o ambiente que favorece inovação é o que proporciona liberdade
para seus agentes e incentiva desenvolvimento de novas práticas pelos seus
colaboradores (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Tal ambiente nem sempre é
encontrado na administração pública, que tem de seguir normatizações e
regulamentações (SANTOS; ANDRADE, 2009).
Esta experiência foi realizada numa cidade com 350 mil habitantes
(IBGE, 2015) e que conta com uma rede de 49 Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Buscando melhoria da qualidade da atenção à saúde, a partir do ano de 2013
e depois de decorridos dez anos da implantação das primeiras equipes de Saúde
da Família (eSFs), houve ampliação do número de eSF, passando de 34 para
66 equipes em 2015, atingindo cobertura populacional de 69%. Sabe-se que
a ampliação ou a migração de um modelo para outro, de forma isolada, não
garante melhoria dos processos de trabalho e/ou dos indicadores de resultados
(THUROW; CASTILHOS; COSTA, 2015).
Nesta oportunidade, houve no município a intervenção da Comunitas
– organização da sociedade civil brasileira – com o projeto “Juntos pelo
Desenvolvimento Sustentável”. Tinha objetivo de melhorar o investimento social
corporativo junto a administrações municipais, focando ações com potencial
reprodutivo e com efeitos duradouros. A área a receber a intervenção foi definida
valorizando a participação da sociedade.
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2 Características da Experiência
Foi desenvolvida coletivamente com missão de construir novo conceito
de atendimento à saúde, a partir de ações que valorizassem não somente o
saber técnico, mas que priorizassem cuidado nas relações humanas, resgatando
a confiança no atendimento público. Pretendeu ser um agente propulsor de
mudanças em todas as esferas de atendimento à saúde.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
2.2 Abrangência
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Apresentação
Apresentaçãopara usuários e servidores
para usuários e da UBS Briefing para
Briefing projeto
para arquiterônico
o projeto
servidores da UBS arquitetônico
Fonte: Instituto Tellus.
Imersão
Imersão em residências
em residências e dos
e acompanhamento Observações do fluxo de serviço e das entrevistas com
Observações
trabalhos dos ACS usuários na fila do fluxo de serviço e das
de espera
acompanhamento do trabalho dos entrevistas com usuários na fila de
ACS Fonte: Instituto Tellus. espera
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
informações; não havia estrutura adequada para receber usuários e servidores; não
existiam ambientes de convívio; presença de muitos usuários sedentários; muitos
usuários iam para a UBS para suprir carências emocionais; ambiente e entorno
da UBS não transmitiam segurança; havia demora no atendimento; recepção não
oferecia o mínimo de conforto; não existia qualquer entretenimento no momento
de espera; havia falta de organização no fluxo de atendimento; usuários não
entendiam o funcionamento da UBS; não existia separação de perfis/atendimento
prioritário; consultórios não tinham estrutura adequada; atendimento odontológico
necessitava de ampliação; não existia suporte para problemas psicológicos; faltava
identificação de servidores; faltava engajamento e participação da comunidade;
não existia estrutura física para receber estudantes ou para serviços burocráticos
internos; e muitos programas de prevenção não tinham continuidade.
A partir de uma gravura (Figura 8), estabeleceu-se analogia e desafio que
estimularam a etapa seguinte de geração de ideias e soluções.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Quadro 1 – Cronograma das atividades executadas pelo projeto da Rede Bem Cuidar
Diagnóstico X X
Exploração X X
Cocriação X X X X X X X X X X
Implementação X X X X
3 Resultados
Os resultados estão apresentados na Figura 13.
continua
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conclusão
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
4 Conclusão
A intervenção realizada constituiu um processo de cocriação inovador
na busca de soluções para atividades diárias, resultando em estrutura física e
tecnológica adequada às necessidades demandadas pelos atores envolvidos.
Intervenção e métodos utilizados foram apropriados pela gestão municipal,
podendo ser aprimorados e replicados em futuras intervenções.
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Referências
BEINARE, D.; MCCARTHY, M. Civil society organizations, social innovation
and health research. European Journal of Public Health, [S.l.], v. 22, n. 6, p.
889-893, 2011.
BROWN, J.; ISAACS, D. The World Café: Shaping Our Futures Through
Conversations That Matter. San Francisco: Berrett-Koehler Publishers, [1995].
Disponível em: <http://www.theworldcafe.com/world-cafe-book/>. Acesso
em: 19 out. 2015.
IBGE. Rio Grande do Sul: Pelotas: população estimada Pelotas 2015. 2015.
Disponível em:
<http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=431440>. Acesso em:
20 out. 2015.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Secretaria Municipal de Saúde de Natal/RN1
1 Introdução
A Constituição de 1988 criou o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Saúde
no Brasil ganhou novos rumos. O SUS, em seu panorama histórico, fundamenta-
-se em leis, decretos e portarias que garantem as condições para a promoção, a
proteção e a recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
de saúde, nas três esferas de governo (BRASIL, 1988).
A partir da criação do SUS, uma mudança significativa ocorreu por meio
da Lei n° 8.142, de 28 de dezembro de 1990 (BRASIL, 1990), que instituiu as
Conferências e os Conselhos de Saúde, enquanto instâncias de Controle Social,
entre os quais destacamos o Conselho Nacional de Saúde (CNS). O Decreto nº
5.839, de 11 de julho de 2006, que dispõe sobre a organização e as atribuições
do CNS, define como finalidade deste a promoção de estudos com vistas à
compatibilização de Políticas e Programas de interesse para a Saúde do SUS,
entre as quais está incluída a Saúde do Trabalhador (BRASIL, 2006a).
Diante desses aportes teóricos, foram surgindo outras necessidades
voltadas para a Saúde do Trabalhador. E o CNS, por meio da Resolução nº
52, de 6 de maio de 1993, cria a Mesa Nacional de Negociação Permanente
do SUS (MNNP) (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 1993). Em 4 de
junho de 2003, a MNNP foi reinstalada pela terceira vez, deixando claro o seu
objetivo de contribuir para o efetivo funcionamento do SUS. Neste contexto,
publicou Protocolos, sendo o Protocolo nº 008, de 1º de dezembro de 2011,
aquele que institui a Política Nacional de Promoção da Saúde do Trabalhador do
SUS. Para que esta Política seja implantada e implementada em todas as esferas
de governo, tanto os estados quanto os municípios devem elaborar instrumentos
legais adequados às suas realidades específicas (BRASIL, 2011).
Frente ao desafio de elaboração desses instrumentos, a Secretaria Municipal
de Saúde de Natal/RN (SMS) publicou a Portaria nº 053, de 21 março de 2014, que
institui a Política Municipal de Promoção da Saúde do Trabalhador do SUS/Natal,
a qual enfatiza a vigilância, a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores, a
redução da morbimortalidade decorrente dos processos produtivos, a melhora das
condições de trabalho e a redução dos fatores de risco (NATAL, 2014).
A história da SMS aponta para a fragilidade das iniciativas voltadas para
a Saúde do Trabalhador do SUS (ST-SUS): no passado, existiram programas que,
por falta de continuidade frente às mudanças de gestão, foram desarticulados.
Hoje não há estrutura física adequada, pessoal qualificado, equipamentos
necessários e materiais para divulgação e Educação Permanente. Por sua vez, a
maioria dos trabalhadores da SMS desconhece a legislação trabalhista e prevalece,
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INOVASUS
2 Características da experiência
Como parte dos esforços para superar os obstáculos e implantar/
implementar essas Políticas Nacional e Municipal, o Departamento de Gestão
do Trabalho e Educação na Saúde (DGTES) criou o Núcleo de Saúde do
Trabalhador do SUS/Natal (NSTS), tendo como área de abrangência todas as
unidades da SMS e que se articula com o diversos parceiros internos e externos,
com destaque para o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), os
Departamentos da SMS, os Distritos Sanitários e seus serviços de Saúde, sempre
buscando envolver, sensibilizar, capacitar e apoiar trabalhadores e gestores da
SMS, corresponsáveis por esses esforços.
A esse respeito, vale ressaltar que, em sintonia com a Política Municipal
de ST-SUS, o nosso público-alvo compreende todos os trabalhadores da SMS,
independente do vínculo empregatício (servidores efetivos, municipalizados,
trabalhadores terceirizados, temporários, estagiários, profissionais do Programa
de Valorização do Profissional da Atenção Básica – Provab – e Mais Médicos,
cargos comissionados), envolvidos na atenção integral à saúde e na gestão do
SUS, no âmbito da competência da SMS.
Para contemplar tal universo, o NSTS optou por trabalhar com os
diversos atores/parceiros, numa proposta de gerar multiplicadores, segundo o
método Paideia: foram discutidos em roda conteúdos de formação, dificuldades
e propostas, utilizando diferentes espaços de reflexão, com ajuda do Núcleo de
Educação Permanente (NEP), do próprio DGTES.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
2.1 Projeto-Piloto
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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A proposta de criação de uma perícia própria foi bem avaliada pela gestão, mas, devido a condições desfavoráveis, não
foi implementada.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
3 Resultados
Os esforços de implantação das Políticas Nacional e Municipal de
Saúde do Trabalhador para o desenvolvimento da atenção integral da Saúde
do Trabalhador do SUS mostraram-se efetivos a partir do impacto das ações
desenvolvidas. Foram elaboradas e executadas ações de vigilância e promoção da
saúde; foram propostos e aprovados instrumentos voltados à melhoria da gestão
da informação, com potencial para prevenção de riscos e fundamentar ajustes
necessários nas condições, processos e ambientes de trabalho; foram identificadas
lacunas de informação em ST-SUS e propostos os ajustes correspondentes,
com benefícios para a Gestão do Trabalho na Saúde no SUS; e foi iniciada
implantação dos espaços e dos meios para aprimorar a Gestão Participativa, por
meio da capacitação dos trabalhadores e da criação de espaços adequados a esse
fim, de modo a descentralizar, proteger e fortalecer a participação consciente de
gestores e trabalhadores em torno das referidas políticas.
É evidente que os processos de implantação dessas políticas precisam
ser continuados e concluídos, e outros mais precisam ser iniciados. Mas é certo
que as ações já deflagradas estão asseguradas pela Política de ST-SUS e, portanto,
estão mais protegidas do que simples ações isoladas.
4 Conclusão
A experiência da implantação das Políticas de ST-SUS têm se mostrado
de extrema importância para a compreensão das diretrizes destas políticas por
parte de trabalhadores e gestores. As percepções e reflexões proporcionadas
pelas atividades desenvolvidas permitem discutir, propor, refletir e transformar
as suas práticas, bem como voltar a vislumbrar expectativas de melhoria no
processo e nas condições de trabalho, tanto na esfera profissional quanto na sua
vida pessoal.
Foram elaborados novos processos e práticas em ST-SUS – uma
área praticamente virgem na SMS. As ações propostas alcançaram resultados
significativos, sensibilizando, capacitando, oferecendo espaços e meios de
reflexão e de empoderamento para a participação consciente de trabalhadores e
gestores, nas mudanças necessárias nos ambientes e condições de trabalho.
Enfatizamos que a proposta sensibilizou para a formação das comissões
descentralizadas nos cinco Distritos Sanitários do município de Natal. Com
o apoio institucional do nível central, trabalhadores e gestores locais tornam-
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INOVASUS
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 12 ago. 2015.
53
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Secretaria da Saúde do Estado do Ceará1
Da construção à implementação regional
da negociação do trabalho à luz do Coap
no SUS Ceará
Janaina Silva Torres2
Maria de Fatima de Souza3
Maria Aragão Sales Cavalcante4
Maria Elisabeth Gadelha Pessoa5
Maria Aurea Pinheiro de Oliveira6
Eymard Bezerra Maia7
Eugênia Maria Araújo da Costa8
Francisco Barroso de Paula9
Maria do Livramento de Souza10
Valdeni Leopoldina da Silva11
Francisco Romão de Souza12
Luciana Barreto Araújo13
1
Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, Av. Almirante Barroso, n° 600, Praia de Iracema, Fortaleza, Ceará, CEP:
60.060-440. Telefone (85) 3101-5123, e-mail: <www.saude.ce.gov.br>.
2
Administradora, especialista em Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, assessora técnica da Coordenaria de
Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, e-mail: <[email protected]>.
3
Enfermeira, doutora em Farmacologia, assessora técnica do Núcleo de Ciência, Tecnologia e Inovação (Nicit) da
Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, e-mail: <[email protected]>.
4
Cirurgiã-dentista, mestre em Planejamento em Políticas Públicas, assessora técnica da Coordenaria de Gestão do
Trabalho e da Educação em Saúde, Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, e-mail: <[email protected]>.
5
Bióloga, especialista em Gestão Pública, assessora técnica da Coordenaria de Gestão do Trabalho e da Educação em
Saúde, Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, e-mail: <[email protected]>.
6
Enfermeira, especialista em Enfermagem do Trabalho, coordenadora de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde,
Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, e-mail: <[email protected]>.
7
Cirurgião-dentista, especialista em Gestão de Serviços de Saúde, técnico do Núcleo de Valorização, Negociação e
Educação em Saúde, Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, e-mail: <[email protected]>.
8
Assistente social, representante do sindicato dos Assistentes Sociais do Estado do Ceará, na Mesa Estadual de
Negociação Permanente do SUS – Ceará, e-mail: <[email protected]>.
9
Pedagogo, representante da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará, na, na
Mesa Estadual de Negociação Permanente do SUS – Ceará, e-mail: <[email protected]>.
10
Agente comunitária de endemias, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social,
na Mesa Estadual de Negociação Permanente do SUS – Ceará, e-mail: <[email protected]>.
11
Graduanda em Administração, representante da Federação dos Agentes Comunitários de Saúde, na Mesa Estadual de
Negociação Permanente do SUS – Ceará, <[email protected]>.
12
Pedagogo, especialista em Saúde Pública, Ministério da Saúde, e-mail: <[email protected]>.
13
Enfermeira, mestre em Saúde da Criança e do Adolescente, coordenadora da 17ª Coordenadoria Regional de Saúde –
Icó, Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, e-mail: <[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
Frente ao processo de regionalização, o estado do Ceará proporcionou
avanços significativos, apontando a potencialidade da organização regional
(LIMA; VIANA, 2011), sendo um dos primeiros estados brasileiros a atualizar
sua regionalização utilizando o Decreto n° 7.508, de 28 de junho de 2011, como
referência, propondo a adesão ao novo processo de regionalização por meio do
Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde (Coap), em cada uma de suas
Regiões de Saúde.
As 22 Regiões de Saúde que estruturam o Sistema Estadual de Saúde estão
agregadas em cinco Macrorregiões de Saúde, Fortaleza, Sobral, Sertão Central,
Litoral Leste/Jaguaribe e Cariri. Cada região tem um órgão de representação da
Secretaria Estadual da Saúde, denominada Coordenadoria Regional de Saúde
(Cres), com exceção da região de Cascavel, criada pela Resolução n° 10/2005 do
Conselho Estadual de Saúde (Cesau), que ainda está técnica e administrativamente
sob a responsabilidade da coordenadoria regional de Fortaleza.
As Cres dispõem de uma estrutura organizacional, com um responsável
– o coordenador regional de saúde – e dois assessores diretos, sendo um assessor
técnico e um assistente técnico administrativo financeiro, contando, ainda, com
uma equipe técnica de apoio, como elemento matricial da implementação das
políticas estaduais de saúde em âmbito regional (CEARÁ, 2010).
Na perspectiva do aprimoramento dos processos e das práticas inerentes
a um novo ciclo de gestão no Sistema Único de Saúde (SUS), conforme
preconizou o Decreto n° 7.508/2011 (BRASIL, 2011), a Secretaria Estadual
da Saúde, por meio da Coordenadoria de Gestão do Trabalho e Educação em
Saúde (CGTES), definiu como estratégia para a implementação dos Princípios e
Diretrizes para a Gestão do Trabalho no SUS (NOB/RH-SUS), a implantação
de Mesas Regionais de Negociação Permanente do SUS.
O Indicador 62 – Número de mesas ou espaços formais municipais
e estaduais de negociação permanente do SUS, implantados e/ou mantidos
em funcionamento do Coap, destaca-se, meio a outros indicadores da gestão
do trabalho, apresentando a relevância na importância de se manter espaço
democrático, fórum paritário, de negociação, que reúne gestores e trabalhadores,
possibilitando a construção conjunta de planos de trabalho e agendas de
prioridades para o reconhecimento e o fortalecimento do trabalhador do SUS.
As Mesas Regionais trazem à tona uma nova perspectiva de gestão regional
do trabalho em saúde, que tem como objeto a busca de soluções negociadas para
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INOVASUS
2 Características da Experiência
Foi instituído um diálogo com entidades sindicais da Mesa Estadual de
Negociação Permanente do SUS (Menp-SUS/CE) na propositura de constituição
paritária deste GT, mediante Portaria n° 1.355, de 2 de dezembro de 2014
(CEARÁ, 2014). A implantação das Mesas Regionais envolve representantes
de gestores, prestadores de serviço e trabalhadores dos SUS das 22 Regiões de
Saúde do Ceará, abrangendo a totalidade dos 184 municípios do estado.
Considera-se como diretriz organizativa deste processo a Diretriz
11 do Coap contribuição à adequada formação, alocação, qualificação,
valorização e democratização das relações de trabalho dos trabalhadores
do SUS. O fortalecimento da gestão do trabalho e da política estadual de
Educação Permanente em Saúde, a qual compõe o rol de diretrizes da Política
Estadual da Saúde, apresenta-se como diretriz política. Compete ao GT o
desenvolvimento das diretrizes operacionais para o processo de implantação das
Mesas Regionais. O processo educativo em Gestão do Trabalho e Negociação
Coletiva apresenta-se como estratégia técnico-pedagógica para incrementar o
processo de trabalho.
A atual regionalização da saúde no Ceará, ponto de partida determinante
para a construção das diretrizes operacionais, propiciou a estruturação horizontal
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da Mesa Regional. Será realizada reunião com representantes das entidades que
comporão a Mesa Regional, solicitada a indicação dos representantes e elaborado
e aprovado o Regimento Institucional. Todos os componentes da Mesa Regional
deverão assinar o Regimento, que após a assinatura será enviado ao Cesau para
conhecimento e referendo.
O Capítulo IV – Da Instalação foi elaborado com o objetivo de apresentar
os passos para a instalação formal da Mesa Regional e orientar a condução da
primeira reunião ordinária, bem como apresentar os instrumentos que poderão
ser usados para explicitar os acordos pactuados – protocolos e deliberações.
Para finalizar o documento, foi inserido o Capítulo IV – Disposições Finais,
que apresenta alguns procedimentos de operacionalização da Mesa Regional
instalada, tais como registros e periodicidade de reunião.
Ao final, o documento elaborado e intitulado “Diretrizes para implantação
de Mesas Regionais de Negociação Permanente do SUS (MRNP-SUS) no estado
do Ceará” foi apresentado para validação da Secretaria Estadual da Saúde e,
posteriormente, encaminhado para a Menp-SUS/CE com a sugestão de
transformá-lo em um protocolo da Mesa Estadual.
Diante da definição das diretrizes para implantação de Mesas Regionais
de Negociação Permanente do SUS, foi retomado o plano de ação proposto. O
elemento 3 do plano – oficinas para implantação da Mesa Regional foi formatado
em três oficinas de planejamento: Oficina de Planejamento I – Elaboração da
proposta de instalação da MRNP-SUS; Oficina de Planejamento II – Constituição
das bancada de gestores e trabalhadores; e Oficina de Planejamento III –
Elaboração do Regimento da MRNP-SUS.
Assim sendo, foi realizada, na Região de Saúde de Icó/CE, a Oficina
de Planejamento 1, com o objetivo de elaborar proposta de instalação da Mesa
Regional de Icó/CE. Participaram desta atividade representante da Menp-SUS/
CE, técnicos componentes do GT e o Núcleo Gestor da 17ª Cres – Icó/CE.
Definiram-se como elementos constitutivos desta proposta: I – Objeto da
proposta; II – Objeto da negociação; III – Composição da Mesa; IV – Normas
de funcionamento; e V – Pauta permanente da negociação.
Para a construção dos elementos I (Objeto da proposta), II (Objeto
da negociação), IV (Normas de funcionamento) e V (Pauta permanente da
negociação) foram consideradas as diretrizes para implantação de MRNP-SUS no
estado do Ceará. Já para o elemento III – Composição da Mesa, foi considerado
o Mapa da Saúde da Região de Saúde de Icó/CE, no que concerne à natureza
dos estabelecimentos, sendo estabelecido que a composição da bancada de
trabalhadores seja paritariamente composta por representantes das entidades
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3 Resultados
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4 Conclusão
Referências
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Sindsep-SP, Sindicato dos Trabalhadores na Administração
Pública e Autarquias no Município de São Paulo1
1
Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo Sede – Rua da
Quitanda, 162, CEP: 01012-010, Centro São Paulo/SP. Tel.: (11) 2129-2999.
2
Pedagoga, professora de Educação Infantil, presidenta da Contram-ISP, tesoureira da Fetam-CUT/SP e do Sindsep-
SP, e-mail: <[email protected]>.
3
Técnico de Enfermagem, secretário-geral do Sindsep-SP.
4
Psicóloga, especialista em Saúde do Trabalhador, assessora do Sindsep-SP.
5
Psicólogo, diretor de escola, presidente do Sindsep-SP.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
O reconhecimento dos agentes de combate a endemias (ACEs) na carreira
da saúde da prefeitura de São Paulo ocorreu em 2014, como resultado de intenso
processo de negociação coletiva, envolvendo o Sindicato dos Trabalhadores na
Administração Pública e Autarquias do município de São Paulo (Sindsep-SP),
as Supervisões de Vigilância em Saúde (Suvis) e os trabalhadores do Centro de
Controle de Zoonoses (CCZ), órgão vinculado à Coordenação de Vigilância
em Saúde (Covisa), da Secretaria Municipal de Saúde, que conta com 2.780
trabalhadores.
O Sindsep-SP é um sindicato geral, fundado em 1987, com a participação
de representantes das associações das creches (Assfabes), dos hospitais
(Jabaquara, Tatuapé, HSPM e Itaquera) e das Secretarias do Planejamento
e das Finanças, ampliando sua representação para o conjunto de órgãos da
administração pública, por meio da filiação e da organização dos trabalhadores.
Sua base de representação atual é de 211 mil trabalhadores66,entre os quais 30
mil são sindicalizados.
A experiência dos trabalhadores do CCZ/Suvis, relatada neste projeto, é
inovadora sob vários aspectos: pela conversão dos agentes de apoio em agentes
de saúde de combate a endemias; por meio da criação de um nível básico, até
então extinto na carreira da saúde em São Paulo, desde 2003; pela valorização
da experiência e do saber destes profissionais no processo de trabalho em saúde
e na construção dos parâmetros da carreira; e, sobretudo, pelo envolvimento
e empoderamento dos trabalhadores para a continuidade dos processos de
negociação coletiva nos locais de trabalho, favorecidos em grande medida pela
articulação entre mobilização, organização e formação, realizada pelo sindicato
ao longo das lutas em torno das reivindicações.
Para além da dimensão estritamente econômica e/ou contratual da
carreira, sem dúvida relevante, esteve todo o tempo em questão o reconhecimento
da importância destes profissionais no combate a endemias e da sua identidade
como trabalhadores no processo de trabalho em saúde.
A apresentação dessa experiência ao Prêmio InovaSUS, classificado
em quinto lugar na modalidade “Experiências Inovadoras”, teve por objetivo
compartilhar, no campo da Gestão do Trabalho, as inúmeras possibilidades
dos processos de negociação coletiva, em especial a importância de resgatar os
6
Cabe observar que o Sindsep-SP não é o único sindicato representante dos trabalhadores públicos na cidade de São
Paulo. Há diversos sindicatos por categoria, representando segmentos específicos de trabalhadores. No caso da saúde,
participam da Mesa de Negociação 8 sindicatos e da Mesa Central do Sistema de Negociação Permanente (Sinp) são 30
entidades, entre sindicatos e associações.
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2 Características da Experiência
2.1 Atores Envolvidos
2.2 Abrangência
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Fonte: Sindsep-SP.
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Fonte: Sindsep-SP.
Fonte: Sindsep-SP.
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Fonte: Sindsep-SP.
Fonte: Sindsep-SP.
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Fonte: Sindsep-SP.
Fonte: Sindsep-SP.
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Fonte: Sindsep-SP.
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Composição: um ACE; um representante sindical, da zoonose ou de outro setor; um AGPP; AG; um trabalhador de
cada uma das vigilâncias (epidemiológica, sanitária e ambiental). Fica aberta à representação de qualquer outro trabalhador
da Suvis que não se sinta representado. Pela gestão, participa a gestora local e outros por ela indicados, de acordo com os
temas em discussão. O gestor local é o coordenador da Suvis.
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OBJETIVO ESPECÍFICO 1 –
MAPEAMENTO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE
Público-alvo,
Atividade Resultado esperado
atores envolvidos
1. Realizar seminário de dois dias, com • Seminário realizado, • Dirigentes e
30 pessoas, para discutir as condições com as principais assessores do
de trabalho e saúde dos trabalhadores diretrizes sistematizadas Sindsep RSUs.
da Saúde. em relatório. • Cipeiros.
2. A partir do seminário, constituir um • Mapeamento elaborado, • Coordenação do
Grupo de Trabalho (GT) para cons- subsidiando a ação Programa de Saúde
trução de método de levantamento sindical. do Trabalhador do
das condições de trabalho no contro- • Pauta sobre condições Município de São
le de endemias. de trabalho na Paulo.
3. Realizar quatro reuniões, de um dia vigilância/endemias
inteiro, com o GT, sendo um perío- elaborada e em
do para aprofundamento conceitual processo de negociação.
e outro para elaboração de uma pro-
posta de roteiro.
4. Seminário de dois dias com os RSUs
e cipeiros (35 pessoas) para constru-
ção da estratégia de mapeamento.
5. Mapeamento das condições de traba-
lho nas 26 Suvis, segundo organogra-
ma previamente elaborado.
6. Sistematização dos dados, identifi-
cando prioridades para pauta de ne-
gociação.
7. Seminário de dois dias (35 pessoas)
para apresentação dos dados e defini-
ção de prioridades para negociação.
Fonte: Sindsep-SP.
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OBJETIVO ESPECÍFICO 2 –
CONSTRUÇÃO DE AGENDA SOBRE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Público-alvo, atores
Ação Resultado esperado
envolvidos
1. Realizar um seminário, com • Seminário realizado, • Dirigentes e assessores
80 pessoas, sobre Atenção com as principais do sindicato.
Básica, ações de vigilância e diretrizes e desafios para • RSUs.
os desafios para o trabalho a Gestão do Trabalho • Representantes da
na Saúde, com a participação no controle de endemias gestão municipal e do
de representantes da gestão sistematizados. Ministério da Saúde
municipal e do Ministério da (Departamento de
Saúde. • Proposta elaborada Gestão e Regulação
2. Constituir um GT bipartite e em processo de do Trabalho do
para aprofundamento temáti- negociação com o Ministério da Saúde
co, com calendário para qua- gestor, contemplando – DEGERTS e
tro reuniões. as demandas dos Departamento de
3. Realizar quatro reuniões. ACEs, inclusive a de Gestão da Educação
4. Elaborar uma agenda de continuidade da oferta na Saúde – DEGES).
negociação para construção e de curso de Técnico de
uma proposta de qualificação Vigilância em Saúde por
profissional dos ACEs. parte da gestão.
Fonte: Sindsep-SP.
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Fonte: Sindsep-SP.
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Fonte: Sindsep-SP.
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Por fim, mas não menos importante, espera-se que o projeto possa contribuir
para formular políticas e propostas para avançar em direção a um modelo de
gestão de trabalho que efetivamente valorize os trabalhadores e que considere a sua
centralidade na viabilização das políticas de saúde na cidade de São Paulo.
4 Conclusões
As frentes de ação que compõem os objetivos específicos do projeto
premiado pelo InovaSUS, a ser viabilizado por meio da carta-acordo com a
Opas, estão em conformidade com as diretrizes do Departamento de Gestão
e Regulação do Trabalho do Ministério da Saúde (DEGERTS) e da Mesa
Nacional de Negociação Permanente do SUS (MNNP-SUS), notadamente as de
democratização e de desprecarização do trabalho e do Protocolo nº 008/2011,
que institui as Diretrizes da Política Nacional de Promoção da Saúde do
Trabalhador da Saúde.
Para além do valor financeiro da premiação, sem dúvida importante,
o reconhecimento da experiência de luta e de organização dos agentes
de endemias representados pelo Sindsep-SP tem um valor imensurável,
pelo significado político de premiar e considerar inovadora uma iniciativa
desenvolvida por um sindicato.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Fonte: Sindsep-SP.
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Referências
SÃO PAULO (Cidade). Prefeitura Municipal de São Paulo. Secretaria
Municipal de Gestão. Coordenadoria de Gestão de Pessoas. Departamento de
Saúde do Servidor. Divisão de Epidemiologia e Informação. A atual gestão
de Saúde do Trabalhador... 2016. Trabalho apresentado ao Seminário Saúde
do Trabalhador, São Paulo, 2016a. Disponível em: <http://sindsep-sp.org.br/
sistema/ck/files/01%2006%20-%20Apresentacao%20DESS%20-%20Dr%20
%20Magrini1.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2016.
89
Prefeitura Municipal de Pelotas/RS1
1
Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas – Rua Lobo da Costa, 1.764, Centro, Pelotas/RS, CEP: 96010-150, Telefone:
(53) 3284-7742, e-mail: <[email protected]>.
2
Cirurgião-dentista, mestre em Ciências pela UFPel, idealizador e coordenador do Projeto Mão de Obra Prisional no
SUS junto à SMSPel, e-mail: <[email protected]>.
3
Cirurgião-dentista, doutor em Epidemiologia pela UFPel, professor adjunto II da FO-UFPel, e-mail: <eduardo.dickie@
hotmail.com>.
4
Cirurgiã-dentista, doutora em Saúde Pública pela FSPUSP, professora associada I da FO-UFPel, e-mail: <taniabighetti@
hotmail.com>.
5
Terapeuta ocupacional, mestranda em Saúde Mental e Coletiva pela UFPel, professora auxiliar III da FTO-UFPel,
e-mail: <[email protected]>.
6
Fonoaudióloga, doutora em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde pela FURG, diretora-executiva da
SMSPel, e-mail: <[email protected]>.
7
Educadora física, mestre em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde pela FURG, professora e supervisora da
SMEDPel, e-mail: <[email protected]>.
8
Assistente social, secretária municipal de Saúde de Pelotas/RS, e-mail: <[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
Na conjuntura da sociedade brasileira, a diversidade é caracterizada por
uma estrutura marcada de comportamentos discriminatórios desde a colonização.
Observa-se a diversidade de gerações, de gênero, de raça, de pessoas com
deficiência, de orientação sexual, entre outras (PACHECO, 2014). Vive-se numa
sociedade carregada de preconceitos, que estigmatiza e discrimina, algumas vezes,
de forma absolutamente excludente. É necessário refletir sobre essa realidade,
identificar as ações que a alimentam e criar mecanismos de favorecimento de
dinâmicas que fortaleçam o princípio da igualdade de oportunidades de trabalho
e emprego, independentemente de nossa raça, cor, gênero ou condição social.
Desde a aprovação de leis cotistas, com reserva de 10% das vagas para
portadores de necessidades especiais, as discussões sobre o tema da discriminação
no local de trabalho afloram. Embora sem registros específicos, percebem-se no
dia a dia afirmações discriminatórias como “só podia ser cotista”, “só entrou
porque levou vantagem”, entre outras.
O presente artigo traz uma experiência inovadora no desafio à
discriminação à medida que insere apenados como mão de obra no SUS, no
convívio direto com os servidores da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), desta
forma evocando discussões sobre diversos temas que envolvem o assunto.
Atualmente, o sistema prisional brasileiro conta com uma população
de aproximadamente meio milhão de presos (dados do Ministério da Justiça)
(BRASIL, 2014). Uma vez que não há pena de morte e/ou prisão perpétua no
Brasil, a preocupação com a reinserção social e o combate à discriminação deve
ser uma constante prática (FERNANDES, 2014).
O objetivo da ressocialização é devolver ao detento a dignidade, elevar
a sua autoestima, por meio da efetivação de projetos que tragam proveito
profissional (STUDART, 2014). O trabalho, sem dúvidas, é um dos fatores
que resgatam a dignidade humana do apenado. A falta de políticas públicas
efetivas e o apagamento da sociedade diante do fato de que o apenado retorna
obrigatoriamente ao seu convívio fazem com que o processo de reintegração
ainda esteja distante do sistema prisional brasileiro.
Para o poder público auxiliar o apenado a retornar à sociedade e dela fazer
parte, diminuindo a discriminação, precisam ser identificadas frentes de trabalho
possíveis e relevantes que também permitam a aceitação e o reconhecimento
por parte da sociedade. O poder público deve, portanto, assumir de forma plena
seu papel em agente ativo do processo para que isso ocorra. Nesse sentido,
a SMS vivenciou uma experiência muito positiva ao realizar uma reforma na
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INOVASUS
2 Características da Experiência
A primeira experiência que motivou a intenção do convênio em questão
surgiu a partir da necessidade de reforma da estrutura física da UBS localizada
dentro do próprio presídio e que atende aos apenados. A aparência da estrutura
física precária era motivo de reclamações constantes dos próprios profissionais
da Saúde que lá atuam. Objetivando encontrar uma alternativa para recuperação
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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também passaram por entrevista para fins de coleta de dados para pesquisa.
Todos assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
2.2 Abrangência
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
que a possibilidade futura de inserção no convênio pode ser motivo para uma
competitividade positiva por bom comportamento durante o tempo de pena.
No que tange ao mito historicamente encontrado na relação trabalhador,
usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) e apenado, pode-se considerar que
essa atividade de trabalho representa a desmistificação no contexto; uma vez que
transitam no mesmo espaço e, portanto, interagem, ampliando as experiências e
a redes interpessoais e de cuidado e a percepção da discriminação.
A abrangência foi ampliada considerando que matérias em jornais,
televisão local e estadual foram realizadas destacando a importância de
potencializar iniciativas como esta durante o lançamento do projeto “mão de
obra prisional”.
Os moradores da comunidade da área adstrita da primeira UBS totalmente
reformada pela mão de obra prisional demonstraram apoio à iniciativa e, por
vezes, nota-se que a repercussão da mídia valorou a comunidade em relação a
compor o território. A UBS em processo de reforma foi, assim, intensamente
visitada pelos moradores com o propósito de acompanhar as melhorias que agora
são palpáveis e com manifestação de solidariedade à oportunidade. Experiências
semelhantes ocorrem em todos os espaços por onde passa a intervenção da mão
de obra prisional.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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3 Resultados
No decorrer das primeiras experiências, já foram observados resultados
positivos. Os relatos dos presos apontam uma ressignificação de sua importância
na sociedade, orgulho em trabalhar no projeto que pode ser visto nos relatos
orgulhosos à equipe da secretaria sobre os desafios vencidos, o trabalho efetuado
e os elogios recebidos. Nesta observação, destaca-se a cobertura da imprensa e
da sociedade que viu como positiva a iniciativa da prefeitura municipal, tecendo
comentários positivos e de incentivo ao projeto.
Também se percebe a diminuição da resistência interna, junto aos funcionários,
demonstrando impacto na reinserção no local de atuação deles e na desconstrução
de preconceitos. Verifica-se funcionários que almoçam junto aos apenados
espontaneamente, conversas habituais entre apenados e funcionários em maior
número, palavras frequentes de incentivo ao trabalho e aos resultados, bem
como melhora na recepção dos apenados nos locais atendidos.
Outro resultado foi a maior rapidez na execução das tarefas com melhora
da qualidade do trabalho, e isso supõe se dever à supervisão constante da equipe
da secretaria e à motivação dos apenados a novos aprendizados.
Outro resultado é a UBS totalmente reformada e a participação dos
apenados na informatização das unidades readequando a rede elétrica. Isso traz
a concretude do trabalho atendendo aos objetivos do projeto que vão desde o
benefício pela reinserção dos apenados ao benefício à comunidade, entregando
instalações de condições muito melhores para atender à saúde da população.
4 Conclusão
A reintegração social constitui-se na perspectiva da humanização da
passagem dos regimes semiaberto e aberto – para que a todos os cidadãos,
ainda que tenham cometido algum delito, seja garantida a dignidade e o respeito,
como a oportunidade de trabalho, a autoestima, o convívio social – e também na
compreensão sobre o exercício de cidadania e tessitura das redes de cuidado e
serviços que possibilitem e facilitem a reinserção social do condenado.
Fica claro que ações como essas merecem destaque, pois buscam trazer
a ideia de reintegração dos apenados, promovendo ações que oportunizem
novas possibilidades e possam funcionar como apoio ao processo de redução
da reincidência criminal, tendo o trabalho e o que o acompanha como meio de
readaptação e reinserção social.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Referências
AMARAL, A. G. do. Segurança no trabalho: EPI’S na construção civil. Revista
de Ciências Empresariais da UNIPAR, Umuarama, v. 14, n. 2, p. 231-257,
jul./dez. 2013.
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Secretaria Municipal de Saúde de Betim/MG
Hospital Público Professor Osvaldo Resende Franco1
1
Hospital Público Prefeito Osvaldo Resende Franco – Av. Edméia Mattos Lazzarotti, 3.800 – Ingá – Betim/MG,
Telefone: (31) 3539-8182 / 3539-8119.
2
Terapeuta Ocupacional, Unidade de Neonatologia, Coordenadora do GTH/HPRB, Especialista em Psicologia da
Saúde pela PUC Minas e em Gestão da Clínica pelo Hospital Sírio Libanês, e-mail: <[email protected]>.
3
Psicóloga, Unidade de Hemodiálise, Doutoranda em Saúde Pública pela UFMG, Mestrado em Saúde Brasileira pela
UFJF, Especialista em Psicologia Hospitalar pela PUC Minas, e-mail: <[email protected]>.
4
Relações Públicas, Assessoria de Comunicação da Saúde, Especialista em Tradução, Português/Inglês pela UFMG,
graduada em Letras pela UTRAMIG, e-mail: <[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
Desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), com os princípios
da universalidade, equidade e integralidade, muitos desafios têm surgido para
o cumprimento destes, demandando novo olhar e nova maneira de se pensar o
cuidado à saúde.
A Política Nacional de Humanização (PNH) vem sendo entendida como
caminho favorável à superação de muitos desses desafios, à medida que propõe
nova dimensão do cuidar, baseada na subjetividade e autonomia de usuários e
trabalhadores, no trabalho em equipe, na troca e na construção de saberes, além
da corresponsabilidade na produção de saúde (BRASIL, 2012). Instituída em
2003, propõe a superação do entendimento de saúde como ausência de doença,
da fragmentação do processo de trabalho e das relações entre os diferentes
profissionais e uma mudança nos modelos de atenção e gestão, tendo como
foco as necessidades dos cidadãos. Busca o resgate dos fundamentos básicos que
norteiam as práticas de saúde no SUS, reconhecendo os gestores, trabalhadores
e usuários como sujeitos ativos e protagonistas das ações de saúde (BRASIL,
2012).
A Política Nacional de Humanização (PNH) baseia-se em princípios,
diretrizes e dispositivos. São princípios da PNH:
[...]
– Transversalidade: propõe a transformação dos modos de
relação e de comunicação entre os sujeitos implicados nos
processos de produção de saúde, produzindo como efeito
a desestabilização das fronteiras dos saberes, dos territórios
de poder e dos modos instituídos na constituição das
relações de trabalho.
– Indissociabilidade entre atenção e gestão: destaca a
interface entre clínica e política, entre produção de saúde e
produção de sujeitos. Aponta que, para se alterar o modo
de cuidar, é preciso alterar o modo de gerir, buscando a
integralidade do cuidado e dos processos de trabalho.
– Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos
sujeitos e dos coletivos: afirma que trabalhar implica na
produção de si e na produção do mundo, das diferentes
realidades sociais, ou seja, econômicas, políticas,
institucionais e culturais. As mudanças na gestão e na
atenção ganham maior efetividade quando produzidas
pela afirmação da autonomia dos sujeitos envolvidos, que
contratam entre si responsabilidades compartilhadas nos
processos de gerir e de cuidar. (BRASIL, 2012, 23-24).
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2 Características da Experiência
Em 2013, após um período de interrupção, houve a reestruturação e a
retomada das atividades do GTH no Hospital Público Prefeito Osvaldo Resende
Franco (HPRB). É um hospital geral com atendimento em urgência e emergência,
composto por 356 leitos, sendo 20 de CTI adulto, dez de CTI pediátrico e nove
salas de cirurgia; mantém 210 vagas de hemodiálise. Com essa infraestrutura,
sua média de produção mensal é de: 5 mil atendimentos no pronto-socorro;
5 mil procedimentos cirúrgicos, predominantemente de ortopedia; 50 mil
exames laboratoriais; 8 mil exames de diagnóstico por imagem; 3 mil consultas
ambulatoriais e 250 partos.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
2.2 Abrangência
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Da esquerda para a direita: ginástica laboral, spa do servidor, spa do servidor e dia da beleza.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Da esquerda para a direita: clínica do riso, música no refeitório, exposição de arte, contação de histórias.
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Da esquerda para a direita: culto ecumênico nos aniversários do hospital, Projeto Cativar,
dia do abraço grátis, concurso de Natal.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
3 Resultados
Desde a retomada do GTH, em 2013, o hospital teve frequentes
mudanças na diretoria, estando atualmente na terceira gestão. Apesar das
fragmentações que sempre ocorrem com a mudança de gestores (mudança de
gerentes, coordenadores, alterações de fluxos de trabalho) e da desmotivação dos
profissionais com esse ciclo de estar “sempre recomeçando”, o GTH conseguiu
manter-se como um grupo estruturado, sendo um elo importante em todo esse
processo entre trabalhadores e gestores.
As ações voltadas para melhoria da ambiência e para a valorização do
trabalhador têm contribuído muito para que este se sinta acolhido, “cuidado”,
o que é fator importante na qualidade da assistência oferecida e na relação
com os usuários. Todas as ações e os encontros de humanização propostos
pelo grupo apresentaram significativa adesão dos funcionários. Além disso, o
clima organizacional torna-se mais positivo, diante de tantos desafios a serem
superados num contexto sócio-político-econômico.
Outro aspecto relevante foi o movimento provocado pelo GTH com
o lançamento do Prêmio de Humanização 2014, que estimulou gestores e
trabalhadores a se debruçarem sobre as demandas das unidades e realizarem
projetos inovadores, com propostas nas diretrizes da clínica ampliada, cogestão,
valorização do trabalhador, ambiência e gestão participativa. Esses projetos
trouxeram contribuições muito importantes para a melhoria das práticas de
saúde e dos processos de trabalho. Destaca-se, também, o reconhecimento do
GTH como uma ferramenta estratégica para a organização institucional por
todos os gestores que administraram o hospital, incluindo os atuais.
Além do reconhecimento interno, o GTH também tem se tornado
referência para a rede de saúde do município, sendo convidado a compartilhar
sua experiência e contribuir para a capacitação “Curso de Aperfeiçoamento em
Gestão para Rede de Saúde Pública de (nome do município)”, a ser realizado
pela Secretaria Municipal de Saúde, no dia 7 de dezembro de 2015.
Seguem alguns depoimentos de funcionários do hospital.
“O GTH é muito importante para o hospital. Ele trouxe dinamismo e
alegria para o nosso ambiente de trabalho. Eu participei de todos os eventos que
eu pude e gostei muito. Através deles, pude conhecer pessoas para quem eu dava
só um oi no corredor.” (Servidora efetiva – Agente de higienização).
“Considero o GTH muito importante para o hospital, porque ele traz
alegria para todos os servidores, celebrando datas comemorativas relevantes
para a área da Saúde, além de contribuir com a gestão, por meio de palestras
116
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INOVASUS
4 Conclusão
O GTH configura-se como importante instrumento de inserção
e fortalecimento da PNH no contexto hospitalar. Em nossa experiência
institucional, este dispositivo favoreceu mudanças na prática de gestão, ampliação
de espaços de participação e valorização dos trabalhadores do SUS. Apesar dos
diversos desafios para a construção de um SUS humanizado, num modelo de
saúde ideal, acreditamos que as mudanças efetivas começam com as pequenas
ações e iniciativas. A experiência exitosa do GTH nos motiva a continuar nesse
caminho. “Vamos lá fazer o que será!”.
117
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico
da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: documento base para
gestores e trabalhadores do SUS. Brasília, 2012. 72 p.
118
Secretaria da Saúde do Estado da Bahia1
1
End.: Av. Luis Viana Filho, 400 – Centro Administrativo da Bahia, Salvador/BA, CEP: 41745-900.
Fone: (71) 3115-4397 / 4233, e-mail: <[email protected]>.
2
Enfermeira, especialista em Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, e-mail: <[email protected]>.
3
Enfermeiro, sanitarista, mestre em Saúde Coletiva, e-mail: <[email protected]>.
4
Enfermeira, sanitarista, especialista em Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, e-mail: <[email protected]>.
5
Terapeuta ocupacional, ergonomista, mestre em Saúde, Ambiente e Trabalho, e-mail: <[email protected]>.
6
Odontólogo, sanitarista, mestre em Saúde Coletiva, e-mail: <[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
O presente artigo tem como objetivo relatar a experiência de formulação
e implantação do Programa de Saúde do Trabalhador de uma Secretaria Estadual
de Saúde, uma experiência inovadora de implementação do Protocolo nº 008 da
Mesa Nacional de Negociação Permanente do Sistema Único de Saúde (SUS).
A secretaria em questão conta com uma rede assistencial sob gestão
direta composta por 35 unidades, além das administrativas. Em sua maioria,
as estruturas estão desgastadas e carecem de investimentos em ambiência e
segurança, de forma a garantir a saúde dos seus trabalhadores, os quais somam
26 mil efetivos e, se incluídos os demais tipos de vínculo, esse número aumenta
em, pelo menos, um terço.
Embora represente um grande quantitativo de trabalhadores, a sua maioria
encontra-se envelhecida, em processo de aposentadoria. Chama atenção, ainda,
o número expressivo de readaptação funcional, tantas vezes não considerada,
diante do déficit de trabalhadores e das condições precárias do ambiente
laboral. Dados da Junta Médica Oficial, referentes ao primeiro trimestre do
ano corrente, evidenciam quantitativo elevado de trabalhadores afastados por
motivo de doença, sendo os auxiliares de enfermagem e administrativos as
categorias profissionais proporcionalmente mais acometidas. As três principais
causas de afastamentos são as doenças osteomusculares, transtornos mentais e
comportamentais e as causas externas, anualmente responsáveis por elevados
custos econômicos e sociais.
Ante o quadro descrito, há mais de uma década o Sindicato dos
Trabalhadores da Saúde debatia as precárias condições e relações de trabalho,
propondo a implantação de um programa de saúde ocupacional. Anos depois,
em consideração a essa demanda, formou-se um grupo de trabalho com
representação de sindicatos, gestores e técnicos para elaborar uma proposta,
tendo em vista consolidar os preceitos da Norma Operacional Básica de Recursos
Humanos (NOB/RH – SUS), na qual constavam as orientações básicas para “A
saúde ocupacional do trabalhador do SUS”.
O Programa de Saúde do Trabalhador elaborado integra o processo de
implementação da Política Local de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde,
como parte da linha de ação: “Consolidação da Gestão do Trabalho em Saúde”.
Importante citar que ele foi aprovado, à época, pelo Conselho Estadual de Saúde
e pela Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador Estadual (Cist).
Ao mesmo tempo, no cenário nacional, a assinatura do Protocolo nº
008 da MNNP/SUS (2011) e a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e
120
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INOVASUS
2 Características da Experiência
2.1 Atores Envolvidos
2.2 Abrangência
121
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
3 Resultados
Desde sua implantação, resultados importantes foram e estão sendo
alcançados, com destaque para os seguintes:
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INOVASUS
129
MINISTÉRIO DA SAÚDE
4 Conclusão
O processo de implementação do Programa de Saúde do trabalhador, ora
apresentado, apesar dos inúmeros desafios enfrentados, sem dúvida expressa, no
campo prático, uma ação de cuidado e valorização da força de trabalho a qual se
destina e, a cada dia, vem sendo fortalecido pelos atores envolvidos. Além disso,
concretiza-se como um modelo exitoso de operacionalização do Protocolo nº
008 da MNNP/SUS, tendo em vista a proposição de uma estratégia clara e
exequível, centrada na conformação de equipes multidisciplinares de atenção aos
trabalhadores descentralizadas, vinculadas a uma equipe de gestão, e no estímulo
à participação organizada dos trabalhadores por meio das Comissões Locais de
Saúde do Trabalhador.
Sua articulação com os demais objetos da Gestão e Humanização
do Trabalho e Educação na Saúde, como Núcleos de Gestão do Trabalho e
Educação na Saúde, plano de cargos, carreiras e vencimentos, planejamento da
força de trabalho contribuem para fortalecer ainda mais a proposta e torná-la
sustentável como um programa de Estado.
Esse processo não se encerra em si mesmo, pois possibilita a participação,
a reflexão sobre as práticas e a intervenção na realidade, gerando ressignificações
e mudanças de paradigma, que não se fazem de um dia para o outro. Transcender
a predominância do modelo tradicional, fragmentado e centrado na doença, e
ampliar para um modelo que coloque o trabalhador e suas representações como
sujeitos ativos no processo de produção da Saúde é o nosso maior desafio.
130
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INOVASUS
Referências
BAHIA. Secretaria da saúde. Superintendência de Recursos Humanos da
Saúde. Manual de implantação e funcionamento do Programa de
Atenção Integral à Saúde da Trabalhadora e do Trabalhador da SESAB.
Salvador: Diretoria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, 2014. 116 p.
131
Secretaria Municipal de Saúde de Manaus/AM1
1
Secretaria Municipal de Saúde de Manaus – Av. Mário Ypiranga, 1.695, Adrianópolis, Manaus/AM, CEP: 69.057-002,
e-mail: <[email protected]>.
2
Administrador; diretora de Gestão do Trabalho de Educação e-mail: <[email protected]>.
3
Administrador; gerente de Gestão do Trabalho, e-mail: <[email protected]>.
4
Estatístico; gerência de Gestão do Trabalho, e-mail: <[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
As transformações sociais, econômicas, políticas e culturais por que
passa a sociedade contemporânea afetam principalmente o setor Saúde que,
a partir dos anos 90, adotou políticas de descentralização que aumentaram as
atribuições dos estados e dos municípios, ao mesmo tempo em que ocorreu uma
diminuição de orçamento em termos reais devido à Lei de Responsabilidade
Fiscal e à limitação dos gastos com pessoal, ocasionando a necessidade de
outras alternativas para contratação de trabalhadores, dando origem a um novo
modelo de sistema de saúde, organizado de forma regionalizada. E, com a
Emenda Constitucional n° 19, de 4 de junho de 1998, que passa a permitir a
flexibilização das formas de vínculo na Administração Pública, utilizando-se das
várias modalidades de contratação adotadas pela União, estados e municípios,
aliadas às reformas estruturais do País, proliferaram na sociedade a flexibilização
e a precarização das relações de trabalho. A exemplo disso, podemos citar, na
Atenção Básica, a criação dos programas: Estratégia de Saúde da Família (ESF),
Programa dos Agentes Comunitários de Saúde (Pacs), Serviços de Atendimento
Móvel de Urgência (Samu) e Centros de Especialidades Odontológicas (CEO).
Os municípios tornaram-se os principais responsáveis pela contratação de
trabalhadores terceirizados, utilizando parcerias com ONGs, contratos com
cooperativas e contratos por tempo determinado, contribuindo assim para o
crescimento do trabalho informal e do trabalho precário.
O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de
Desprecarização do Trabalho no Sistema Único de Saúde (DesprecarizaSUS),
preconiza como ação para a desprecarização dos vínculos de trabalho:
dimensionar e estimular a realização de concurso público (BRASIL, 2006) e, por
intermédio do Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde
(DEGERTS), preconiza o avanço em tecnologias para avaliação de desempenho
e dimensionamento da força de trabalho em saúde (BRASIL, 2014). E, além
disso, ter uma visão das unidades considerando todas as suas peculiaridades
de estrutura física, humana, competências, grau de risco e complexidade nos
permite ter uma base de qualidade na hora de quantificar as nossas necessidades
e seus impactos financeiros para trabalhar o aspecto legal em fazer um concurso
público respeitando o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (BRASIL, 2000).
Com base no exposto, políticas relacionadas à garantia de empregos
amparados em dispositivos de proteção social são bem vistas no âmbito do SUS.
Atenta a estas mudanças, a atual gestão investiu em uma tecnologia de Gestão
da Informação que pudesse monitorar os procedimentos funcionais, vínculos e
dimensionamento dos recursos humanos, a fim de subsidiar a desprecarização
do trabalho na Secretaria de Saúde do Município de Manaus (Semsa).
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2 Características da Experiência
2.1 Atores Envolvidos
2.2 Abrangência
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
3 Resultados
A seguir, apresentaremos a tabela demonstrativa de servidores por
vínculo dos anos de 2012 e 2015 e os principais resultados alcançados com o
projeto.
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ANO
2012 % 2015 %
REGIME
ESTATUTÁRIO 7.074 74,46% 7.861 78,02%
CLT 4 0,04% 2 0,02%
REGIME ESPECIAL - - - -
SEM VÍNCULO 175 1,84% 84 0,83%
RDA 2.247 23,65% 2.129 21,13%
TOTAL 9.500 100% 10.076 100%
141
MINISTÉRIO DA SAÚDE
4 Conclusões
A implantação do Projeto Padrão de Recursos Humanos (PRH) trouxe
grandes avanços para a desprecarização do trabalho no âmbito da Secretaria de
Saúde do Município de Manaus (Semsa), ao proporcionar o ingresso por meio
de concurso de mais de 2 mil trabalhadores e para o cargo de agente comunitário
de saúde a perspectiva de valorização. Além disso, tornou-se importante
instrumento de gestão, ao trazer subsídios atualizados em tempo real e acessíveis
por meio da web da força de trabalho.
Por fim, esse estudo constituiu um marco de referência para a área de
Gestão do Trabalho por promover reflexões referentes à desprecarização e ao
dimensionamento dos recursos humanos, contribuindo, assim, na qualidade dos
serviços e no fortalecimento do SUS.
Referências
BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece
normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal
e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso em: 29 nov. 2016.
142
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INOVASUS
143
Secretaria Municipal de Saúde de São Benedito/CE1
1
Secretaria Municipal de Saúde de São Benedito – Rua Apolônio de Barros, 345, Centro, CEP: 62370-000, e-mail:
<[email protected]>.
2
Enfermeira, auditora em Saúde, membro da Comissão do PCCV, e-mail: <[email protected]>.
3
Enfermeira, coordenadora do Controle e Avaliação, membro da Comissão do PCCV, e-mail: <anamaria_ribeiro123@
hotmail.com>.
4
Pedagoga, secretária municipal de Saúde, e-mail: <[email protected]>.
5
Fisioterapeuta, presidente da Comissão do PCCV, e-mail: <[email protected]>.
6
Contadora, membro da comissão do PCCV, e-mail: <[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
As administrações públicas pouco valorizam e reconhecem a devida
importância para o setor de Recursos Humanos. Muitas vezes, este é visto
como um setor que apenas contrata e demite pessoas, esquecendo que ele deve
buscar a qualificação dos trabalhadores, além de servir como elo entre estes e
a administração (GEMELLI; FILIPPIM, 2010). A fim de mudar a realidade,
o governo federal vem, nos últimos anos, desde a descentralização do Sistema
Único de Saúde (SUS), valorizando a importância de uma gestão competente de
Recursos Humanos, em todas as suas dimensões. Em 2003, foi criada a Secretaria
de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), sendo um marco
significativo no processo de valorização do trabalhador do SUS. A SGTES
assumiu a responsabilidade de formular políticas públicas orientadoras da gestão,
da formação e qualificação dos trabalhadores e da regulação profissional na área
da Saúde. Em 2006, aconteceu a terceira Conferência de Gestão do Trabalho,
e tendo como resultado propostas aprovadas que deverão ser traduzidas em
práticas no interior do sistema de saúde nos próximos anos (CONSELHO
NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2011). A publicação do Pacto
pela Saúde e a assinatura do Termo de Compromisso de Gestão (TCG), ainda
em 2006, definiram diretrizes para a Gestão do Trabalho no SUS, fornecendo
subsídios fundamentais à organização de práticas de gestão. Entre as diretrizes
está o Plano de Carreiras, Cargos e Salários do SUS (PCCS/SUS), instrumento
que visa regular as relações de trabalho e o desenvolvimento do trabalhador,
bem como a consolidação da carreira como instrumento estratégico para
a política de recursos humanos no SUS (BRASIL, 2006). A assinatura do
TCG pelos municípios traduziu em seu Eixo 05 as responsabilidades na
Gestão do Trabalho; estes gestores firmaram um compromisso para elaborar,
implementar e/ou reformular o Plano de Carreira, Cargo e Salários no âmbito
local (JUNQUEIRA et al., 2011). Apesar dos avanços com o pacto firmado,
ainda temos grandes desafios para a desprecarização do trabalho no SUS.
Como apontam Gemelli e Filippim (2010), há uma problemática na falta de
capacitação dos trabalhadores e na falta de investimento dos órgãos públicos
para a qualificação exigida do exercício desse trabalhador. A pequena proporção
de profissionais com ingresso por concurso público e a vinculação deficiente ao
PCCS explicam a alta rotatividade desses profissionais na Atenção Básica à Saúde
(SILVEIRA et al., 2010). Desse modo, o tema é hoje um dos mais relevantes
para a consolidação do Sistema Único de Saúde e merece atenção prioritária dos
gestores (CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2011).
146
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INOVASUS
2 Características da Experiência
O município de São Benedito/CE possui população de 46.414 habitantes
(IBGE, c2016), 16 equipes da Estratégia Saúde da Família, sete equipes de Saúde
Bucal e um Nasf I, apresentando cobertura de 72% de equipes da Estratégia
Saúde da Família e Saúde Bucal. Oferta serviços de atenção secundária (Hospital
24 horas, Caps I, serviço de Fisioterapia, Unidade de Pronto Atendimento –
UPA). Implantou e mantém em funcionamento diversos setores que auxiliam na
gestão do SUS, como auditoria e planejamento do SUS, com servidores efetivos.
Aguarda, junto ao Ministério da Saúde, aprovação de mais um Nasf I,
seis equipes de Saúde Bucal, um Serviço de Atenção Domiciliar e um Centro
de Reabilitação Regional. Possui 369 trabalhadores da Saúde em seu quadro
de servidores, sendo 222 efetivos. Na busca de uma gestão pública com maior
transparência, profissionalismo e menos injustiças, realizou, além do concurso
de 2002, um concurso em 2012, admitindo 63 profissionais de nível superior
(auditor em Saúde, assistente social, biomédico, educador físico, enfermeiro,
farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico, nutricionista, odontólogo,
pedagogo, psicólogo e terapeuta ocupacional) e 114 profissionais de nível
fundamental e médio (técnico de Enfermagem, tecnólogo em Saneamento
Ambiental, técnico em Segurança do Trabalho, técnico em Radiologia e agente
comunitário de saúde). No ano em curso, realizou mais um concurso municipal,
ofertando 27 vagas para nível superior (assistente social, educador físico,
enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, médico, odontólogo, psicólogo) e 53
vagas de nível médio (auxiliar de Farmácia, técnico em Saúde Bucal, técnico
de Enfermagem e agente administrativo). Visando à qualidade dos serviços e
entendendo que o desempenho de uma instituição depende dos trabalhadores
que a compõem, como estes estão estimulados e capacitados, o município iniciou
147
MINISTÉRIO DA SAÚDE
148
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
3 Resultados
Com a implantação do PCCV, os benefícios concedidos aos trabalhadores
do SUS até o momento foram: os trabalhadores admitidos no concurso de 2002,
em julho de 2014 foram contemplados com incentivo de progressão por tempo
de serviço (a cada cinco anos); Em março de 2015 houve aumento para 100%
dos trabalhadores da Saúde, este foi garantido no art. 30º da Lei Municipal n°
887/14, que estabelece que os trabalhadores receberão aumento salarial anual
em 1º de março, nunca inferior ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC). Outro benefício foi a evolução acadêmica, que tem como objetivo
reconhecer a formação acadêmica do profissional no respectivo campo de
atuação como um dos fatores relevantes para a melhoria da qualidade do seu
trabalho. Em julho de 2015, todo esse processo foi conduzido pela comissão
instituída, sem interferência direta do gestor, para que o processo acontecesse de
forma democrática, participativa e transparente. A comissão elaborou e publicou
Edital nº 01/2015 sobre as etapas do processo de evolução pela via acadêmica,
capacitou os trabalhadores da Saúde sobre o PCCV e, mais especificamente, acerca
da evolução pela via acadêmica, realizou as inscrições, avaliou a documentação
recebida e publicou o resultado final.
Foram contemplados, no grupo ocupacional especialista em saúde, 27
trabalhadores (setores: Fisioterapia, Caps I, UPA, hospital municipal, secretaria
– área administrativa, Nasf, ESF); e no grupo ocupacional de apoio à saúde
foram 80 trabalhadores (hospital municipal, Laboratório, secretaria – área
administrativa, Assistência Farmacêutica, Vigilância, ESF e especificamente
16 agentes de endemias e 41 agentes comunitários de saúde). Do total de 222
servidores, foram beneficiados nessa etapa 107 trabalhadores, o que corresponde
a 48%.
Os trabalhadores beneficiados nessa etapa do processo de implantação
do PCCV foram 107 do total de 222 servidores efetivos (48%). A categoria
especialista em saúde recebeu 5% em cima do salário-base e a categoria de
apoio à saúde recebeu 3%. A conclusão do processo deu-se em setembro,
mas os efeitos financeiros retroagiram a julho de 2015. Além dos benefícios
apresentados, o processo permitiu a mudança nas formas vigentes de pensar e
agir, e esta se tornou imprescindível para que trabalhadores fossem considerados
agentes transformadores do seu cotidiano de trabalho, melhorando as condições
de trabalho e salário e consequentemente a sua qualidade de vida. Os gestores
perceberam que as pessoas precisam ser estimuladas para trabalhar com
humanização na oferta do serviço.
149
MINISTÉRIO DA SAÚDE
4 Caráter multiplicador
O município de São Benedito/CE pertence à Região da Serra da Ibiapaba,
a qual é composta por oito municípios. Com a implantação do PCCV, São
Benedito abre precedentes de que é possível implantar políticas que fortaleçam
a Gestão do Trabalho no SUS e que valorize o trabalhador na perspectiva de
melhoria da qualidade de vida e do serviço de saúde público. Ressaltamos que foi
o primeiro município da 13ª Região a implantar o PCCS/SUS.
5 Conclusão
O processo de implantação do PCCV contribuiu não somente na obtenção
de uma administração pública de excelência que se refere aos trabalhadores do
SUS, e no atendimento ao cidadão, mas buscou empenhar-se em avançar do
estágio atual para o desejado, buscando administração comprometida com o
bem-estar da população e mecanismos que valorizem o servidor. Constatou-
-se que a gestão fortaleceu a carreira dos trabalhadores da Saúde, por meio de
uma estrutura compatível com o nível organizacional da secretaria, e adotou
mecanismos que regulassem as evoluções funcionais e salariais dos profissionais;
também integrou o desenvolvimento profissional dos trabalhadores da Saúde
ao desenvolvimento da saúde municipal. Isso estimulou muitos trabalhadores a
procurar se aperfeiçoar em cursos de pós-graduação (especialização e mestrado),
bem como outros cursos, pois serão necessários para a inscrição da evolução
acadêmica e da avaliação de desempenho. A comissão continua com suas atividades
nos estudos e discussão sobre o processo de avaliação de desempenho, próxima
etapa do PCCV, a ser implantado com previsão para este ano. Esse processo
é considerado um potente instrumento de Gestão do Trabalho, relacionado à
qualidade dos serviços oferecidos pelo SUS. A gestão local adotou os princípios
da habilitação, do mérito e da avaliação de desempenho para o desenvolvimento
na carreira dos trabalhadores do SUS, como estabelece as diretrizes nacionais
PCCS-SUS, documento elaborado pela Comissão Especial para elaborar as
diretrizes do Plano de Carreira, Cargos e Salários do âmbito do SUS, por meio
da Portaria nº 626, de 8 de abril de 2004.
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INOVASUS
Referências
151
MINISTÉRIO DA SAÚDE
152
Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco1
Samará Gomes2
Maria Helena Lopes de Albuquerque3
Socorro Régia Cavalcanti4
Ricarda Samara da Silva Bezerra5
Rita Maria Spósito Antonino Tenório6
Fúlvia Alves de Assunção7
Maria das Graças Cruz8
Vanessa Gabrielle Diniz Santana9
Jeane Grande Arruda de Miranda Coelho10
1
Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco – Rua Dona Maria Augusta Nogueira, 519, Bongi, Recife, CEP: 50.751-
530, e-mail: <[email protected]>.
2
Psicóloga, psicóloga do Programa Retorno Assistido, e-mail: <[email protected]>.
3
Psicóloga, psicóloga do Programa Retorno Assistido, e-mail: <[email protected]>.
4
Cirurgiã-Dentista, Sanitarista do Programa Retorno Assistido, e-mail: <[email protected]>.
5
Médica, secretária-executiva de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde, e-mail: <[email protected]>.
6
Enfermeira, diretora-geral de Gestão do Trabalho, e-mail: <[email protected]>.
7
Terapeuta ocupacional, analista em Saúde/terapeuta ocupacional, e-mail: <[email protected]>.
8
Gestora de Recursos Humanos, gerente de Relações do Trabalho e Gestão de Inquéritos, e-mail: <arcelino_br@yahoo.
com.br>.
9
Cirurgiã-dentista, gerente de Políticas e Regulação do Trabalho, e-mail: <[email protected]>.
10
Fisioterapeuta, apoiador institucional especialista em Saúde Coletiva/fisioterapeuta, e-mail: <jeanegrandearruda@
gmail.com>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
154
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INOVASUS
por todos. Além disso, após o período de afastamento, o regresso ao trabalho era
algo extremamente difícil e doloroso, pois não se respeitavam as lamentações do
trabalhador em relação ao seu estágio de pré-lesão e nem se preparava os colegas
e as chefias para apoiar o trabalhador em sua nova situação (BRASIL, 2001).
Ressalta-se que o Programa Retorno Assistido tem como embasamento
a teoria psicanalítica de Freud (1996) e a teoria da psicodinâmica do trabalho
de Dejours (2010). Tem como objetivo diagnosticar o sofrimento psíquico de
trabalhadores afastados de seu exercício profissional, comprovadamente por
questões advindas do contexto laboral. O programa busca a reinserção funcional
de forma satisfatória e adequada a todos os atores envolvidos no processo.
Diante do alto índice de adoecimento psíquico apresentado pelos
servidores e da dificuldade de reinserção deles, esse trabalho visa caracterizar as
ações do Programa Retorno Assistido, no período de 2011 a 2014, na Secretaria
Estadual de Saúde de Pernambuco.
2 Características da Experiência
155
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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INOVASUS
3 Resultados
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
DEMANDAS N %
Episódios depressivos 288 60,0
Conflitos relacionais 48 10,0
Estresse pós-traumático 38 7,9
Síndrome de Burnout 38 7,9
Neuroses não especificadas 25 5,2
Aversão à ambiência laboral 19 4,0
Transtorno de personalidade/mental 19 4,0
Aditivos relacionados ao trabalho 5 1,0
TOTAL 480 100,0
Fonte: Indicadores do Programa Retorno Assistido. Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, 2015.
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SETOR DE LOTAÇÃO N %
Fonte: Indicadores do Programa Retorno Assistido. Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, 2015.
Fonte: Indicadores do Programa Retorno Assistido. Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, 2015.
159
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Fonte: Indicadores do Programa Retorno Assistido. Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, 2015.
160
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CARGO/FUNÇÃO N %
Técnicos em enfermagem 264 55,0
Enfermeiros 96 20,0
Médicos 58 12,1
Outros técnicos 48 10,0
Chefias/gerentes 14 2,9
TOTAL 480 100,0
Fonte: Indicadores do Programa Retorno Assistido. Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, 2015.
161
MINISTÉRIO DA SAÚDE
TIPO DE REINSERÇÃO N %
Fonte: Indicadores do Programa Retorno Assistido. Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, 2015.
4 Conclusão
Desde a sua implantação, o Programa Retorno Assistido tem revelado
altos níveis de aproveitamento da qualidade produtiva do trabalhador e gerado
possibilidade de continuidade de exercício profissional de forma satisfatória,
tanto para o servidor quanto para as unidades de saúde que compõem a Secretária
Estadual de Saúde de Pernambuco. A valorização do humano, o ressignificado
do trabalho, a proatividade e a satisfação nos resultados demonstrados por
servidores e gestores têm confirmado sua aplicabilidade como possível e de
significativa importância em vários órgãos nos quais se verifica a existência do
adoecimento psíquico.
162
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INOVASUS
Referências
ASSUNÇÃO, A. A.; BELISSÁRIO, S. A. Condições de trabalho e saúde
dos trabalhadores da saúde. Belo Horizonte: Nescon; UFMG, 2007.
163
MINISTÉRIO DA SAÚDE
164
Secretaria Municipal de Saúde de Contagem/MG1
1
Avenida General David Sarnoff, 3113, bairro Jardim Industrial, Contagem/MG. Telefones: 3362-1760 / 3363-5743,
e-mail: <[email protected]>.
2
Terapeuta ocupacional, doutora em Saúde Pública, diretora de Gestão da Secretaria Municipal de Saúde de Contagem,
e-mail: <[email protected]>.
3
Cirurgiã-dentista, especialista em Saúde da Família, especialista em Gestão da Clínica, especialista em Micropolítica
da Gestão, especialista em Gestão de Políticas de Saúde Informadas por Evidências, gestora de Atenção Básica, e-mail:
<[email protected]>.
4
Gestora em Recursos Humanos, assistente administrativo, e-mail: <[email protected]>.
5
Psicóloga, mestre em Processos Psicossociais, diretora do Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador da
Secretaria Municipal de Saúde de Contagem, e-mail: <[email protected]>.
6
Assistente social, especialista em Serviço Social Contemporâneo, especialista em Gestão Estratégica de Recursos
Humanos, especialista em Planejamento e Gestão de Saúde, referência técnica em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa, e-mail:
<[email protected]>.
7
Psicóloga, especialista em Gestão Estratégica e Políticas Públicas e especialista em Gestão da Atenção à Saúde,
secretária municipal de Saúde de Contagem, e-mail: <[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
Localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte/Minas Gerais, o
município possui uma população estimada de 649 mil habitantes (IBGE, c2016),
distribuída em sete Distritos Sanitários.
A Atenção Básica à Saúde no município está baseada num modelo
assistencial misto, composto por Unidades Básicas de Saúde (UBS) com
Estratégia Saúde da Família e sem Estratégia Saúde da Família. Inclui, ao todo,
95 equipes de Saúde da Família, 17 UBS sem Saúde da Família, 8 Núcleos de
Apoio à Saúde da Família (Nasf), 17 farmácias distritais, 1 centro de convivência,
46 academias a céu aberto, 6 equipes do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) e
equipes de Vigilância em Saúde em todos os Distritos Sanitários. Mais de 3 mil
servidores trabalham cotidianamente para o fortalecimento da Atenção Básica
no município.
A Rede de Atenção à Saúde também inclui três Centros de Consultas
Especializadas (CCE), quatro Centros de Apoio Psicossocial (Caps), cinco
Unidades de Pronto Atendimento (UPA), um Centro de Referência Especializada
em Saúde do Trabalhador (Cerest), um Centro de Controle de Zoonoses (CCZ),
Hospital e Maternidade Municipal, entre outros equipamentos e serviços de
apoio.
Na Atenção Básica ou em qualquer outro ponto da Rede de Atenção,
o trabalho em saúde realiza-se sobretudo por meio do trabalho vivo em ato, isto
é, o trabalho humano no exato momento em que é executado para produzir
o cuidado (MERHY, 2005). O trabalho vivo em ato interage todo o tempo com
diversos tipos de tecnologias, como instrumentos, normas, máquinas e saberes
– técnicos, científicos e populares. O trabalho em saúde também se caracteriza
pelo fato de que o trabalhador de saúde é sempre coletivo, uma vez que não
consegue sozinho dar conta do complexo objeto do ato de cuidar: o mundo
das necessidades de saúde (MERHY, 2005). Por vezes, entretanto, o trabalho
em saúde é desenvolvido como trabalho morto, centrado em procedimentos
profissionais de cuidado e não nas necessidades dos usuários (MERHY, 2005).
Além disso, o trabalho em saúde também é desenvolvido por profissionais que
se sentem isolados, desmotivados e restritos aos muros das unidades de saúde.
Considerando a centralidade do trabalho vivo em ato e a necessidade de se
reconhecer o trabalhador de saúde como sujeito coletivo, ativo e protagonista
das ações de aperfeiçoamento das suas condições de trabalho, idealizou-se a 1ª
Mostra em Atenção Básica à Saúde no município, como parte integrante
das ações de valorização do servidor. Cabe ressaltar que experiências anteriores
166
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
2 Características da experiência
Em janeiro de 2015, foi instituída a comissão organizadora da 1ª Mostra
em Atenção Básica à Saúde, formada por seis representantes da Secretaria
Municipal de Saúde, integrantes das seguintes áreas: Atenção Básica, áreas
técnicas (envolvem as coordenações e referências técnicas dos ciclos de vida e
das doenças e agravos transmissíveis e não transmissíveis), Vigilância em Saúde,
Gestão do Trabalho e Educação em Saúde e Comunicação.
Considerando os objetivos de dar visibilidade às práticas de saúde que
acontecem nos territórios e promover espaço para a troca de experiências e
reflexões sobre a Atenção Básica, a primeira tarefa da comissão organizadora
foi a elaboração do edital para inscrição e premiação de trabalhos na Mostra.
Sua construção se baseou nas diretrizes do SUS, nos atributos e nas funções
primordiais da Atenção Básica – que incluem características como acesso,
coordenação do cuidado e ordenação da rede de cuidados, entre outros – e na
compreensão da centralidade das UBS como ordenadora da Rede de Atenção à
Saúde e centro comunicador (BRASIL, 2012). O edital foi publicado na edição
3.596 do Diário Oficial do município e republicado na edição 3.642, ambas
disponíveis na internet.
167
MINISTÉRIO DA SAÚDE
168
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
dos resultados (20 pontos cada). A pontuação final foi média aritmética da nota
atribuída por cada um dos dois avaliadores e variou entre zero e 100 pontos. Os
autores também participaram de uma reunião de alinhamento com a comissão
organizadora, ocorrida previamente ao início da avaliação entre pares. O
objetivo do encontro foi discutir detalhadamente os critérios e os procedimentos
relacionados à avaliação dos relatos.
Ao final desse processo, os dois trabalhos com maior pontuação em cada
Distrito Sanitário foram selecionados para apresentação oral durante a Mostra,
totalizando 12 relatos de experiência. Cabe ressaltar que não houve inscrição
de trabalhos proveniente de um dos sete Distritos Sanitários. Os trabalhos não
selecionados foram expostos no formato banner durante a Mostra. Todos os
relatos inscritos estão disponíveis no site da Prefeitura Municipal.
A Mostra ocorreu no dia 7 de outubro de 2015, das 8h às 18h. Com o
objetivo de estimular o debate e a reflexão sobre temas relevantes na construção
da Atenção Básica, a programação também incluiu a participação de convidados
para discutir o tema Desafios da Atenção Básica: Tecnologias do Cuidado e Ferramentas
de Gestão e para apresentar experiências exitosas do Programa Mais Médicos
no município. Os 12 trabalhos selecionados para apresentação oral foram
apresentados ao longo do dia e avaliados por uma comissão julgadora, composta
por três membros externos ao município. Foram utilizados os mesmos critérios
e pontuações da avaliação entre pares. Apenas o item clareza do conteúdo foi
substituído pelo item apresentação oral, mantendo-se a mesma pontuação.
Foram premiados os trabalhos intitulados: (1) Saúde Mental na Atenção Básica:
a clínica do laço social na perspectiva do Grupo Cultivarte; (2) Puericultura:
valorizando o cuidar; e (3) Grupo de Postura.
No dia 28 de outubro, curadores e autores participaram de uma roda
de conversa com a comissão organizadora, para avaliar detalhadamente todo o
processo de organização da Mostra. Em suma, foram discutidos os seguintes
aspectos: edital (formato, critérios de inscrição, prazos); Curadoria; avaliação
entre pares e critérios de avaliação; Mostra (pertinência, credenciamento,
metodologia, organização geral, temas abordados, convidados); apresentação
oral; comissão julgadora e critérios de avaliação; comissão organizadora
(comunicação, disponibilidade e sugestões gerais).
169
MINISTÉRIO DA SAÚDE
3 Resultados
Aproximadamente 450 pessoas se inscreveram para participar da
1ª Mostra em Atenção Básica à Saúde. Todos os Distritos Sanitários estavam
representados, considerando-se também as diferentes categorias profissionais
e o modelo assistencial misto existente na Atenção Básica municipal. Entre os
autores dos trabalhos, agentes comunitários de saúde, agentes de combate a
endemias, auxiliares administrativos, auxiliares de serviço, enfermeiros, dentista,
fisioterapeutas, gestores, médicos, psicólogos, técnicos de Enfermagem, técnicos
em Segurança do Trabalho e terapeuta ocupacional. Profissionais vinculados ao
Saúde da Família e também aqueles que desenvolvem suas práticas nas UBS sem
Saúde da Família e em outros Pontos de Atenção.
A Mostra lançou luzes às práticas desenvolvidas cotidianamente nos
territórios e os holofotes voltaram-se para os trabalhadores de saúde ao longo de
todo o dia. Características importantes sobre o fazer saúde foram compartilhadas,
permitindo refletir sobre como o trabalho se desenvolve no dia a dia dos serviços,
quem trabalha e como o faz, com qual objetivo, por que, a quem e como serve,
entre outros aspectos.
Os relatos de experiência evidenciaram o protagonismo dos profissionais
e das equipes na tentativa de produzir novos modos de cuidado, capazes de
impactar os processos de produção da saúde e aperfeiçoar as próprias condições
de trabalho. Vários relatos de experiência apresentados, em especial os trabalhos
premiados, evidenciaram práticas cotidianas criadas no intuito de promover
alterações concretas no núcleo tecnológico do cuidado. Práticas que ao privilegiar
o uso de tecnologias leves, relacionais, organizaram um modo de produção
centrado no trabalho vivo. Práticas subordinadas ao mundo das necessidades
de saúde, individuais e coletivas, acrescidas dos processos de subjetivação dos
sujeitos envolvidos – trabalhadores, gestores e usuários do Sistema Único de
Saúde.
A Mostra possibilitou o resgate do sujeito coletivo, que não trabalha
sozinho e que é ouvido por seus pares. Deu visibilidade a experiências nas quais o
processo de trabalho não se estruturou como ato prescritivo, revelando que todos
os trabalhadores de saúde podem cuidar diretamente dos usuários, contribuindo
para aumentar a capacidade resolutiva dos serviços. Muitos foram os momentos
nos quais os profissionais se emocionaram, reconhecendo nos pares as mesmas
dificuldades, desejos e iniciativas. Muitos se sentiram contagiados, motivados e
reconectados à escolha profissional de integrar o Sistema Único de Saúde.
170
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
4 Conclusão
Alterar o modo de se produzir saúde no Brasil é uma tarefa coletiva do
conjunto dos trabalhadores de saúde, no sentido de modificar o cotidiano do
seu modo de operar o trabalho no interior dos serviços de saúde (MERHY;
ONOCKO, 1997). Entretanto, cabe à gestão, nos âmbitos municipal, estadual
e federal, viabilizar espaços de participação e valorização desses profissionais,
empoderando-os e reconhecendo-os como sujeitos coletivos, ativos e
protagonistas das ações que de fato modificam suas condições de trabalho
e a oferta do cuidado. Caso contrário, os enormes esforços de reformas
macroestruturais e organizacionais do SUS não servirão para quase nada.
171
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica.
Brasília, 2012. (Série E. Legislação em Saúde).
172
Escola de Saúde Pública do Estado de Mato Grosso1
1
Rua Adauto Botelho, 552 – Coophema, Cuiabá – Mato Grosso, CEP: 78085-200. Tel.: (65) 3613-2324, e-mail: <dgesp@
ses.mt.gov.br>.
2
Pedagoga, profissional técnico de nível superior do SUS, Secretaria de Saúde do Estado de Mato Grosso, Escola de
Saúde Pública, e-mail: <[email protected]>.
3
Eng. sanitarista, profissional técnico de nível superior do SUS, Secretaria de Saúde do Estado de Mato Grosso, Escola
de Saúde Pública, e-mail: <[email protected]>.
4
Farmacêutica, profissional técnico de nível superior do SUS, Secretaria de Saúde do Estado de Mato Grosso, e-mail:
<[email protected]>.
5
Assistente social, profissional técnico de nível superior do SUS, Secretaria de Saúde do Estado de Mato Grosso, Escola
de Saúde Pública, e-mail: <[email protected]>.
6
Cirurgiã-dentista, profissional técnico de nível superior do SUS, Secretaria de Saúde do Estado de Mato Grosso, e-mail:
<[email protected]>.
7
Economista, profissional técnico de nível superior do SUS, Secretaria de Saúde do Estado de Mato Grosso, presidente do
Sindicato dos Funcionários Públicos da Saúde e Meio Ambiente de Mato Grosso, e-mail: <[email protected]>.
8
Farmacêutica bioquímica, profissional técnico de nível superior do SUS, Secretaria de Saúde do Estado de Mato
Grosso, Escola de Saúde Pública, e-mail: <[email protected]>.
9
Cirurgiã-dentista, profissional técnico de nível superior do SUS – Secretaria de Saúde do Estado de Mato Grosso,
e-mail: <[email protected]>.
10
Nutricionista, profissional técnico de nível superior do SUS, Secretaria de Saúde do Estado de Mato Grosso, e-mail:
<[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
É inegável que o setor Saúde vem passando por profundas transformações
e importantes incorporações de novas tecnologias nos processos de trabalho.
Porém, há de se ressaltar que uma de suas principais características é o “Trabalho
Humano” e que as condições de trabalho e saúde dos trabalhadores da Saúde
têm sido objeto de reflexão no âmbito nacional e internacional.
Diante do contexto, faz-se necessária maior aproximação dos
trabalhadores aos sindicatos representativos de classe, com o objetivo de
fortalecer, fomentar e democratizar as discussões e as reflexões a respeito dos
processos de trabalho dos profissionais que compõem a carreira do Sistema
Único de Saúde no Brasil (SUS).
Considerando essa afirmação, observa-se a relevância e o desafio de
implantar com efetividade as diretrizes estabelecidas pela Política Nacional de
Promoção da Saúde do Trabalhador do SUS – Protocolo nº 008/2011 da Mesa
Nacional de Negociação Permanente do SUS, que tem como um dos objetivos:
174
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
2 Características da Experiência
O Congresso foi realizado pelo Sisma e organizado pelos trabalhadores
de várias unidades descentralizadas da SES, em especial os da Escola de Saúde
Pública.
Participaram do Congresso representantes de todas as unidades da
SES, obedecendo ao número de vagas definido em RIC, fosse o trabalhador
sindicalizado ou não. O Congresso foi aberto a observadores e totalizou
aproximadamente 600 participantes entre congressistas e observadores, inclusive
de outros estados.
No intuito de atender aos objetivos propostos, a comissão científica
elaborou programação ampla, com abordagem mobilizadora e integradora,
relacionada às temáticas propostas com intuito de promover momentos de
reflexão e construção democrática de novos saberes:
175
MINISTÉRIO DA SAÚDE
3 Resultados
176
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INOVASUS
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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INOVASUS
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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INOVASUS
181
MINISTÉRIO DA SAÚDE
4 Conclusão
Referências
182
Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis/SC1
1
Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, Av. Professor Henrique da Silva Fontes, nº 6.100 – Trindade, CEP:
88036-700, telefone: (48) 3239-1500, e-mail: <[email protected]>.
2
Enfermeira, mestre em Saúde Coletiva – UFSC, gerente de Planos, Metas e Políticas de Saúde da Secretaria Municipal
de Saúde de Florianópolis, e-mail: <[email protected]>.
3
Enfermeira, mestre em Saúde Coletiva – UFSC, diretora de Planejamento, Informação e Captação de Recursos da
Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, e-mail: <[email protected]>.
4
Enfermeiro, doutorando em Saúde Coletiva – UFSC, gerência de Planos, Metas e Políticas de Saúde da Secretaria
Municipal de Saúde de Florianópolis, e-mail: <[email protected]>.
5
Médica, mestre em Ciências, diretora de Planejamento da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, e-mail:
<[email protected]>.
6
Administrador, chefe do Departamento de Contratos e Convênios da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis,
e-mail: <[email protected]>.
7
Química, mestre em Engenharia de Alimentos – UFSC, técnica administrativa da Diretoria de Planejamento da
Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, e-mail: <[email protected]>.
8
Médico, especialista em Medicina de Família e Comunidade, diretor de Atenção Primária em Saúde da Secretaria
Municipal de Saúde de Florianópolis, e-mail: <[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
O Programa de Saúde da Família (PSF) foi construído em 1993, visando
expandir a Atenção Primária em Saúde (APS) no Brasil e aproximar o Sistema
Único de Saúde (SUS) – estruturado três anos antes– das pessoas, ensejando não
apenas a recuperação, mas também a prevenção de doenças e a promoção de
saúde. Mais tarde, com o sucesso do programa, o PSF consolida-se na Estratégia
de Saúde da Família (ESF) e torna-se a forma preferencial de organização da
APS no País.
Utilizando-se da composição básica de equipe do PSF (médico,
enfermeiro, técnico/auxiliar de enfermagem e agente comunitário de saúde),
a ESF gradativamente incorpora outros elementos importantes para a APS a
partir de experiências mundiais e nacionais bem-sucedidas, a exemplo das
formas diferenciadas de acesso, do aumento dos procedimentos realizados, das
experiências de vinculação das equipes de saúde às escolas, entre outros.
Acompanhando o intuito expressado pelo Ministério da Saúde nesse
sentido, o município passou a despontar como uma das principais capitais em
organização de saúde, sobretudo a partir de 2005, quando promove grande
expansão da sua rede física e da capacidade instalada de atendimento. Além do
aumento expressivo da população coberta pela ESF, que passa de 45% para mais
de 80% em quatro anos, são construídas quatro Policlínicas e duas Unidades de
Pronto Atendimento (UPAs) para atendimento das pessoas situadas nos extremos
da cidade (norte e sul), onde fica a maior parte da população. Outro destaque
da capital é a implantação de prontuário eletrônico integrado entre as unidades
básicas, UPAs e Policlínicas, fazendo com que o trabalhador saiba exatamente o
itinerário do usuário pela rede e possa tomar decisões mais acertadas por meio
da maior quantidade de informações disponíveis de imediato.
Outro ponto a se destacar é que, desde 2009, o município desenvolve a
Programação Anual de Saúde (PAS – um dos requisitos legais de planejamento
do SUS) de maneira integrada em todos os âmbitos: estratégico, representado
pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), suas diretorias e gerências (gestão
central); tático, representado pelas administrações dos cinco Distritos Sanitários9;
e operacional, representado por todas as unidades que prestem assistência direta
ao usuário, sendo essas a maior parte da estrutura da SMS, tanto em número
de unidades quanto em número de trabalhadores. Essa integração faz com que
9
Os Distritos Sanitários aqui descritos são estruturas territorializadas que possuem um conjunto de unidades básicas
adscritas, às quais prestam apoio. Apesar do termo utilizado, constituem-se mais como regionais de saúde do que Distritos
Sanitários.
184
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
2 Características da Experiência
Como intermediários entre as unidades de saúde e a gestão central,
propõe-se que as administrações dos Distritos Sanitários não sejam uníssonas
no todo do seu processo de trabalho, já que devem adequar parte dele às
especificidades do território no qual estão inseridos (e unidades às quais prestam
apoio). Apesar de ser esse o cenário observado até o final de 2014, podia-se
perceber também que algumas atividades importantes referentes ao apoio dos
Distritos Sanitários junto às unidades assistências eram executadas mais por
uns, menos por outros, sendo que se criava um modelo misto entre apoio e
supervisão.
Além disso, após amplo debate e construção, a SMS havia publicado,
em 2014, a Carteira de Serviços da Atenção Primária, sob liderança da Diretoria de
Atenção Primária em Saúde e inspirados em modelos semelhantes já existentes
em países como Espanha e Holanda. O documento do município descreve as
responsabilidades e as atividades mínimas de cada tipo de unidade de saúde
e de cada profissional e servirá como base para os guias de prática clínica a
185
MINISTÉRIO DA SAÚDE
186
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
•• Diagnóstico situacional.
•• Importância do processo avaliativo.
•• Identificando potencialidades e fragilidades.
•• Planejamento estratégico-situacional e função apoio.
•• Carteira de serviços e instrumento de autoavaliação para a PAS 2015.
•• “Avaliar, vigiar e punir”.
•• Método educativo problematizador como proposta para a melhoria dos
serviços por meio da função apoio.
187
MINISTÉRIO DA SAÚDE
10
Momentos garantidos institucionalmente, nos quais as unidades, um período por mês, não atendem ao público e
focam os trabalhos na organização interna dos processos de trabalho.
188
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
189
MINISTÉRIO DA SAÚDE
recorrentes nas unidades não são casos isolados, o que permite que os distritos
possam traçar ações/estratégias mais amplas para lidar com eles, evitando agir
apenas nas particularidades (mas não as descartando).
Em todos os encontros, houve momentos expositivo-dialogados, vídeos
ilustrativos e momento de encenação, ora protagonizados pelos trabalhadores dos
distritos, ora pela coordenação (Daps e DIPLAN), ora em conjunto. Os roteiros
utilizados para as encenações eram definidos previamente pela coordenação a
partir da temática envolvida, mas nunca com falas fechadas ou exatas, de modo
que o improviso se tornava parte da construção coletiva. Nestas, foi interessante
perceber a forma como os trabalhadores dos Distritos Sanitários representaram
as unidades de saúde, a própria gestão central da SMS e como eles viam seu
próprio processo de trabalho.
Devido ao envolvimento crescente dos trabalhadores dos distritos e
às avaliações positivas realizadas sobre os encontros, questionou-se se estes
entendiam como desejável a manutenção deste tipo de espaço, e entendeu-se
que sim. Contudo, o formato passaria a ser flexível, de modo que os encontros
não aconteceriam mais a partir de uma temática definida previamente pela
coordenação, e sim com discussões trazidas pelos próprios Distritos Sanitários.
3 Resultados
Como resultados já alcançados podem-se elencar: (1) naturalização
da figura do apoiador nas UBS, pela maior capacidade de entendimento do
apoiador sobre os processos internos das unidades, pela melhor receptividade
dos trabalhadores das UBS sobre o apoiador e pela maior capacidade do
apoiador de promover mudanças nas UBS, seja por melhor entrosamento ou
por maior capacidade comparativa entre as UBS e (2) consolidação da cultura
de planejamento, com a verificação de diagnóstico qualitativo das unidades e a
estruturação do distrito para planejamento distrital, focando na resolução de
problemas comuns em vez de questões puramente burocráticas.
4 Conclusão
O projeto buscou fortalecer a atenção primária no município por meio
da estruturação e do fortalecimento da função apoio.
190
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
191
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Bibliografia
BRASIL. Ministério da Saúde. HumanizaSUS: Política Nacional de Huma-
nização: documento base para gestores e trabalhadores do SUS. 2. ed. Brasília,
2004. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
192
Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de
Curitiba – Feaes1
1
Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde da Curitiba – Feaes. Rua Lothário Boutin, 90. Curitiba/Pr. CEP:
81110-522.
2
Enfermeiro, radiologista, especialista em Geopolítica Brasileira com Ênfase em Saúde Pública, coordenador do Serviço
de Apoio Diagnóstico e Terapêutico de Curitiba – Feaes, e-mail: <[email protected]>.
3
Doutoranda em Enfermagem na Unicamp, mestre em Ciências, especialista em Enfermagem Obstétrica, especialista
em Saúde da Família, enfermeira do Instituto de Ensino e Pesquisa da Feaes, e-mail: <[email protected].
pr.gov.br>.
4
Médico, mestre em Clínica Cirúrgica, diretor-geral da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba
– Feaes, e-mail: <[email protected]>.
5
Enfermeira, doutora em Medicina, mestre em Educação, especialista em Metodologia do Ensino Superior, diretora
acadêmica do Instituto de Ensino e Pesquisa da Feaes, e-mail: <[email protected]>.
6
Enfermeira, mestre em Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança, especialista em Administração Hospitalar e
Clínicas, gerente de ensino e pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa da Feaes, e-mail: <[email protected]>.
7
Pedagoga, especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação à Distância, analista de
treinamento e desenvolvimento na Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba – Feaes, e-mail:
<[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
No Brasil, o sistema público de saúde sempre atendeu os trabalhadores.
Contudo, somente com a Constituição da República Federativa de 1988, na seção
que regulamenta o direito à saúde, incluiu-se uma prática distinta desse campo,
considerando os impactos do trabalho sobre o processo saúde-doença, passando
a ser ação do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2001; 2012).
Em consonância com a Constituição Brasileira, a Lei Orgânica da Saúde
(LOS) nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que regulamentou o SUS e suas
competências, considera o trabalho como importante fator condicionante da
saúde. Determina em seu artigo 6º que o desenvolvimento das ações de saúde
do trabalhador deve seguir os princípios do SUS, recomendando medidas
relacionadas à avaliação e ao controle de riscos e agravos existentes no processo
de trabalho (BRASIL, 1990).
Na LOS também é apresentada a definição de saúde do trabalhador, que se
trata de um conjunto de atividades que se destina, por meio de ações de vigilância
epidemiológica e sanitária, à promoção e à proteção da saúde dos trabalhadores,
bem como visa à recuperação e à reabilitação da saúde daqueles submetidos aos
riscos e aos agravos advindos das condições laborais (BRASIL, 1990).
Entre as iniciativas do SUS, destaca-se a instituição da Política Nacional
de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, por meio da Portaria n° 1.823,
de 23 de agosto de 2012, que tem como finalidade definir os princípios, as
diretrizes e as estratégias a serem observadas pelas três esferas de gestão, para
o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na
vigilância, objetivando a promoção e a proteção da saúde ocupacional e a
redução da morbimortalidade resultante dos modelos de desenvolvimento e dos
processos produtivos (BRASIL, 2012).
Um dos objetivos dessa política pública é promover a saúde em ambientes
e processos de trabalho, o que pressupõe o estabelecimento e a adoção de
parâmetros protetores; o fortalecimento e a articulação das ações de vigilância
em saúde, identificando os fatores de risco ambiental, com intervenções nos
ambientes e nos processos laborais (BRASIL, 2012).
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), os fatores de risco
ocupacionais são categorizados em químicos, biológicos, ergonômicos, psicossociais,
mecânicos, de acidentes e físicos. Os agentes físicos englobam diversas formas de
energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como vibração, pressão,
ruído, temperaturas extremas, radiações não ionizantes e ionizantes (BRASIL;
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2001).
194
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
2 Características da Experiência
2.1 Atores Envolvidos
195
MINISTÉRIO DA SAÚDE
2.2 Abrangência
Fonte: Os autores.
196
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INOVASUS
sempre ocorria de forma imediata, pois este tipo de veículo realizava apoio a
outras demandas do município, priorizando casos de urgência e emergência.
Chegando ao hospital de referência, o usuário se integrava à demanda
já existente do local, aguardando seu atendimento dentro da rotina do serviço.
Ao findá-lo, o hospital acionava a equipe da ambulância de apoio para retorno à
unidade de origem.
No caso dos exames de radiografia solicitados de forma eletiva nas
UBS, o usuário era encaminhado para agendamento nos serviços terceirizados,
que incluíam clínicas privadas conveniadas ao SUS. Cada clínica ofertava
um quantitativo de vagas, cabendo à unidade informar ao usuário a data do
atendimento.
A maioria das terceirizadas utilizava o modelo tradicional para a produção
dos exames de raios-x, com uso de películas radiográficas e agentes químicos, o
que impedia correções e ajustes das imagens e, no caso de equívocos, representava
a necessidade de repetição do exame, expondo o trabalhador a mais doses de
radiação ionizante e aos componentes utilizados no processamento.
Em 2012, seis UPAs de Curitiba receberam o “Anexo de Raios X”, uma
clínica radiológica com equipamento digital que possui dupla função: realizar
os exames de urgência e emergência solicitados pela UPA, durante 24 horas, de
modo ininterrupto; e fazer exames radiológicos eletivos das UBS do seu entorno,
ofertando agenda das 7h30 às 20h30, de segunda a sábado.
O Sadt da Feaes representa um avanço no que tange à produção de exames
de radiologia no sistema público de saúde, pois inova ao inserir no SUS a central
de laudos municipal, a qual possui equipamentos de raios-x digitais, localizados
em pontos estratégicos da rede, integrados por meio do software PACS e do RIS.
Neste modelo, as imagens podem ser manipuladas e melhoradas.
Tal organização confere agilidade na realização dos exames, maior
qualidade dos laudos, acesso oportuno do usuário e do profissional aos resultados,
otimização do processo de trabalho, bem como a redução da exposição do
trabalhador aos riscos na produção dos exames.
197
MINISTÉRIO DA SAÚDE
198
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INOVASUS
Fonte: Os autores.
199
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Fonte: Os autores.
3 Resultados
3.1 Impactos no Ambiente e nos Processos de Trabalho
200
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INOVASUS
201
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Fonte: Os autores.
202
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INOVASUS
mudanças gerenciais, muitas vezes, não são possíveis de maneira direta, quando
se trata de prestadores terceirizados, como ocorria antes da implantação do Sadt.
A qualidade da imagem é superior e os recursos que o software do
equipamento disponibiliza permitem que as imagens recebam tratamento, sejam
vistas por diferentes ângulos, possibilitando medição de estruturas, comparações,
aplicação de zoom, além de outras funções específicas. Essas ações aumentam a
segurança e a eficácia dos laudos médicos.
203
MINISTÉRIO DA SAÚDE
4 Considerações Finais
O sistema adotado pela Feaes apresenta-se como ferramenta promissora
na redução da exposição do trabalhador da Radiologia aos riscos ocupacionais e
do impacto ambiental gerado pelo serviço de radiodiagnóstico.
O uso dessa solução tecnológica aliado à gestão responsável, com foco
na minimização de danos ao profissional e do impacto ambiental, mostra-se
como uma estratégia benéfica para o SUS.
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil: texto constitucional promulgado em 05 de outubro de 1988, com as
alterações adotadas pelas emendas Constitucionais nos 1/1992 a 68/2011, pelo
Decreto legislativo nº 186/2008 e pelas emendas Constitucionais de Revisão
nos 01 a 06/1994. 35. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara,
2012. 454 p.
204
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
205
MINISTÉRIO DA SAÚDE
206
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Camila Baccin2
Marcio Rodrigues da Silva3
Geanice Ledo4
Claiton Camargo de Souza5
1
27ª Regional de Saúde de Lages – Rua Honorato Ramos, 65, Centro, Lages/SC. CEP: 88502-035, e-mail: <reglages@
saude.sc.gov.br>.
2
Enfermeira, gerente da 27ª Regional de Saúde, e-mail: <[email protected]>.
3
Biólogo, biólogo da Prefeitura Municipal de Lages/SC, e-mail: <[email protected]>.
4
Médica-veterinária, médica-veterinária da Prefeitura Municipal de Lages/SC, e-mail: <[email protected]>.
5
Analista de sistemas, professor da Universidade do Planalto Catarinense, e-mail: <[email protected]>.
207
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
A proposta aqui apresentada insere-se na Modalidade II, contemplando
o tema Valorização dos Agentes de Saúde e Endemias, no que se refere à
Consolidação dos Processos de Formação Inicial e Formação Permanente dos
Agentes.
Atualmente, desperta atenção dos profissionais uma questão muito presente
que se refere ao grande número de casos de doenças transmitidas por animais
vertebrados ou invertebrados. Sendo a serra contemplada com a maior extensão
territorial do estado, não é incomum deflagrarmos problemas de picadas de
animais peçonhentos, mordedura de animais que convivem com seres humanos.
A região da serra catarinense, nos últimos anos, avançou muito nas
estratégias colegiadas para o enfrentamento dos problemas que afetam a saúde
das pessoas. Mas, especificamente ao que se refere às ações de Vigilância em
Saúde (zoonoses), a articulação ainda permanecia tímida. Não obstante, a
vigilância deve ser mantida para os casos emergentes e reemergentes, entre eles
a dengue, motivo de grande preocupação para as autoridades sanitárias do País e
do mundo.
Contudo, as ações do programa de dengue na serra foram motivos de
orgulho, o que gerou grande valorização para o exército de agentes que se
formou no Gabinete de Crise durante a batalha contra o mosquito. O êxito dessa
articulação interdisciplinar e intersetorial, que envolveu oficinas, capacitações
e muitas reuniões capitaneadas pela equipe de Vigilância em Saúde e Atenção
Básica, trouxe maior valorização para o trabalho dos agentes, pois mesmo a serra
sendo uma região de risco por estar no centro de duas regiões intensamente
infestadas, litoral e oeste catarinense, permanece até o momento com todos os
focos do mosquito eliminados e sem caso autóctone identificado.
É importante destacar que tal conquista ocorreu diante de uma situação
precária e desfavorável para o agente, em que havia uma grande resistência por
parte da população, dos gestores e da própria equipe, o que evidenciava pouca
ou nenhuma valorização desse profissional. O desafio estava posto: intensificar
as ações de monitoramento, prevenção e promoção para mostrar a maestria do
trabalho, que resultou na manutenção da região sem presença de infestação e
casos autóctones de dengue, apesar da explosão do número de casos autóctones
em Santa Catarina que, de quatro casos autóctones de dengue registrados em
2014, passou para 3.276 em 2015 (BRASIL, 2015).
E foi essa experiência vivenciada no “susto e no grito” que elevou
a autoestima dos agentes de endemias e os fez reconhecer o valor e a força do
208
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
209
MINISTÉRIO DA SAÚDE
210
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INOVASUS
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
manejo clínico dos casos suspeitos de dengue, chikungunya e Zika, bem como
as dúvidas do protocolo de microcefalia.
Mais ainda faltavam atores. Para fortalecer e capilarizar a consciência
ambiental que favorece o controle do vetor, a Gerência Regional implantou
em várias escolas o Projeto Educanvisa, que em um de seus módulos trata
especificamente de ações de controle do mosquito, cuidando do lixo e também
da água nas residências.
Outra parceria exitosa se deu com a Pastoral da Saúde no lançamento
da Campanha Ecumênica da Fraternidade, nas comunidades vulneráveis
que sofrem a desigualdade e a exclusão social, entre elas o bairro da Várzea,
Dom Daniel e Cristal, pois vivem ali muitos moradores catadores de lixo, sem
condições mínimas de saneamento e que ainda sofrem com a inundação das
chuvas. Nesse momento, forte aliança se estabeleceu entre os profissionais de
saúde, acadêmicos do curso de Engenharia Ambiental e comunidade, com ações
não somente para enfrentamento de zoonoses, mas, sobretudo, de resgate à
cidadania.
3 Continuidade da Experiência
Tendo em vista os avanços alcançados até o momento, sem ter instituído
um Programa de Educação Permanente para formação e qualificação dos
agentes, tornou-se imprescindível que a serra desenvolva uma proposta que
atenda às necessidades de formação dos profissionais de saúde, uma vez que
sem a qualificação houve tantos avanços no PCD, a expectativa agora é que, com
o PEP, as estratégias educativas e emancipatórias deem conta de desenvolver
habilidades e competências para que os agentes de saúde e endemias possam
contribuir na efetivação das ações de Vigilância em Saúde na Atenção Básica,
considerando também outras zoonoses prevalentes na região, entre elas:
leptospirose, hantavirose, leishmaniose, brucelose, febre maculosa, teníase e
toxoplasmose.
212
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
213
MINISTÉRIO DA SAÚDE
214
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INOVASUS
3 Desenvolvimento da ferramenta
informatizada integrando ações Julho/2016 Dezembro/2016
ACS e endemias.
4 Estruturação do GTI intersetorial
Julho/2016 Dezembro/2016
para organização do PEP.
5 Implementação do PEP –
Dezembro/2016 Julho/2017
atividades teóricas.
6 Início do processo de tutoria e
Julho/2017 Dezembro/2017
implementação do sistema.
7 Abertura do concurso
Dezembro/2017 Julho/2018
InovaAgente.
8 Análise dos indicadores de
Julho/2018 Agosto/2018
resultado.
9 Premiação do equipe/município
Setembro/2018 Setembro/2018
destaque.
10 Avaliação da ferramenta
informatizada para Outubro/2018 Novembro/2018
interoperabilidade com e-SUS.
Fonte: Elaborado pelos autores.
215
MINISTÉRIO DA SAÚDE
216
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
5 Conclusão
Os agentes de saúde e de endemias configuram-se com um forte elo entre
a comunidade e os serviços de saúde e, desse modo, devem ser oportunizadas
ações de educação permanente voltadas à sua formação, como sujeitos centrais
do processo. A educação interprofissional é uma forma de possibilitar a todos os
envolvidos o aprimoramento gradual e a valorização da importância do respeito
e da cooperação mútua, em que a necessidade de comprometimento com cada
um dos saberes poderá alicerçar novas formas e compromissos de lidar com a
saúde em todas as suas dimensões, fortalecendo as redes de serviços de saúde
num processo permanente.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Vigilância em Saúde: dengue, esquistossomose, hanseníase,
malária, tracoma e tuberculose. 2. ed. rev. Brasília, 2008. 195 p. (Série A.
Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 21).
217
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Apêndices
Apêndice A – Fluxo da Gestão da Informação
218
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INOVASUS
219
Secretaria Municipal de Saúde de Lagoa Santa/MG1
1
Secretaria Municipal de Saúde de Lagoa Santa/MG – Av. Academico Nilo Figueiredo, 2500, Santos Dumont – Lagoa
Santa/MG – CEP: 33400-000, e-mail: <[email protected]>. Contato (31) 3688-1426.
2
Doutoranda em Medicamentos e Assistência Farmacêutica, coordenadora clínica da Assistência Farmacêutica, e-mail:
<[email protected]>.
3
Especialista em Gestão de Projetos, coordenador da Assistência Farmacêutica, e-mail: <farmacialagoasanta.adson@
gmail.com>.
4
Mestre em Saúde Pública, ex-secretário municipal de Saúde, e-mail: <[email protected]>.
5
Doutora em Atenção Farmacêutica, coordenadora Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica da UFMG, e-mail:
<[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
222
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INOVASUS
2 Características da Experiência
2.1 Cenário
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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3 Resultados
3.1 Empoderamento e Autonomia dos Farmacêuticos
225
MINISTÉRIO DA SAÚDE
226
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INOVASUS
227
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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INOVASUS
229
MINISTÉRIO DA SAÚDE
4 Conclusão
Em nosso cenário de prática, percebemos muitos desafios na realização
do serviço clínico pelo farmacêutico. Encontramos profissionais parceiros
abertos ao novo papel clínico do farmacêutico, mas também encontramos
profissionais que não se dispunham a trabalhar em equipe. Até mesmo o paciente,
maior beneficiário do serviço clínico, algumas vezes não dava credibilidade ou
comparecia aos agendamentos com o farmacêutico. Além disso, eventualmente
o próprio farmacêutico se via perdido diante de condutas clínicas e situações
para as quais sua formação não o preparou. Enfim, muitos desafios que exigiam
do farmacêutico a necessidade de inovar e reinventar sua prática. Essas barreiras,
por vezes, podem causar desmotivação e perda da visão dos objetivos. As reuniões
realizadas na pesquisa-ação foram instrumentos importantes para motivar a
equipe diante das dificuldades e para nos permitir perceber e reconhecer onde
estávamos errando. As discussões permitiam-nos perceber os pontos fortes
do serviço e as fragilidades que se apresentavam. Permitia-nos reconhecer as
oportunidades e nos apoiarmos nelas para alcançarmos os objetivos. É claro que
neste percurso tivemos divergências, e que nem todos apresentaram o mesmo
empoderamento, mas o caminhar em grupo suaviza as dificuldades e motiva a
equipe, apesar das turbulências.
230
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
Referências
ALANO, G. M. Reflexão e contribuição para uma nova pratica: os
serviços farmacêuticos voltados ao paciente sob a perspectiva de farmacêutidos
do Estado de Santa Catarina. 2005. 199 f. Dissertação (Mestrado em Farmácia)
– Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2005.
231
MINISTÉRIO DA SAÚDE
ROTH, J.; SANDBERG, R.; SVENSSON, C. The Dual role of the Insider Action
Researcher. In: ADLER, N.; SHANI, A. B.; STYHRE, A. (Ed.). Collaborative
research in organizations: Foundations for learning, change, and theoretical
development. [S.l.]: SAGE Publications, 2004. p. 117-134.
VALLENGA, D. et al. Action research: what, why and how?. Acta Neurologica
Belgica, [S.l.], v. 109, n. 2, p. 81-90, 2009.
232
Secretaria Municipal de Saúde de Palhoça/SC1
1
Secretaria de Saúde de Palhoça/SC – Rua Pedro Pagani, 855 – 3° andar, Av. Atílio Pagani – Passa Vinte, Palhoça/SC,
CEP: 88132-149 – Contato: (48) 3047-5570 / 3047-5564.
2
Assistente social Nasf/sanitarista, Secretaria de Saúde de Palhoça, e-mail: <[email protected]>.
3
Psicóloga/diretora de EPS, Secretaria de Saúde de Palhoça, e-mail: <[email protected]>.
4
Nutricionista Nasf/sanitarista, Secretaria de Saúde de Palhoça, e-mail: <[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
Entre as políticas programáticas do Ministério da Saúde, a Atenção
Primária em Saúde (APS) é admitida de forma prioritária como eixo estruturante
do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste contexto, além da ampliação política
e assistencial, a expansão e o desenvolvimento da APS também acarretam
cotidianamente o desafio de superar variados nós críticos que se expressam na
dinâmica das equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e dos Núcleos de
Apoio à Saúde da Família (Nasf), no âmbito da Atenção Básica em Saúde.
Já é disseminado que, pela vinculação simbiótica com os territórios,
as equipes de ESF e Nasf são compreendidas como dispositivos estratégicos,
voltados diretamente para a melhoria da qualidade das ações de atenção em saúde,
uma vez que o trabalho integrado destes dispositivos possibilita a ampliação do
escopo das ações no âmbito da APS.
Cabe ressaltar que a dimensão etiológica da terminologia “escopo”
refere-se tanto à concepção de mira ou alvo quanto à ideia de espaço para o
movimento. Nesse sentido, a atuação entre ESF e Nasf precisa inclinar-se
para estas duas conotações: aumentar o alvo das ações e atuar na ampliação de
espaços para o movimento entre as equipes, os territórios, os dispositivos da
rede de proteção social e os mecanismos de controle social – com processos de
trabalho vivo em ato, na direção da autonomia e da integralidade (CAMPOS;
DOMITTI, 2007).
Assim, à medida que se aumenta o espaço para o movimento, o
entrosamento entre as equipes de ESF e Nasf assume uma dimensão técnico-
-pedagógica, pelo compartilhamento dos saberes entre as áreas técnicas, e uma
dimensão clínico-assistencial, pela ampliação da capacidade de resolutividade e
das possibilidades no desenvolvimento de processos de trabalho – corroborando
processos de trabalho com permeabilidade e interdisciplinaridade (UCHIMURA,
2002).
Dessa forma, as ações desenvolvidas neste escopo ampliado precisam se
direcionar aos territórios, buscando a transformação das realidades sanitárias e
postulando-se em torno da interdisciplinaridade, do atendimento compartilhado,
da responsabilidade mútua e integrada e da troca de saberes teórico-metodológicos
e técnico-científicos. É mister, também, a veiculação da dimensão ético-política,
que precisa ser assumida pelos trabalhadores da saúde, no desenvolvimento das
ações programáticas e clínico-assistenciais.
Portanto, o relato de experiência discorrido neste relato expressa a relação
das equipes de ESF e Nasf de Palhoça/SC na medida em que este entrosamento
234
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
2 Contextualização do Objeto-Ação
2.1 Da Identificação dos Objetivos do Projeto: a necessidade de
adesão de ferramentas tecnológicas pelas equipes Nasf – uma questão de
Gestão do Trabalho
235
MINISTÉRIO DA SAÚDE
236
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INOVASUS
3 Relato de Experiência
O Caderno nº 39 – de ferramentas para a gestão e para o trabalho cotidiano do
Nasf (BRASIL, 2014) discorre que as intervenções desenvolvidas pelas equipes
Nasf não devem se sobrepor às equipes e nem se distanciar dos usuários.
Neste sentido, os autores dialogam sobre a necessidade de as equipes apoiadas
identificarem o Nasf como um coletivo organizado de profissionais que oferta
apoio na Atenção Básica, porém que possui singularidades em cada profissional.
Nesse sentido, é considerada a necessidade de se ter clareza sobre o objeto
comum de intervenção que é o (apoio ao) cuidado à saúde da população, mas
as singularidades/especificidades de saberes também devem ser identificadas e
potencializadas (CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2010).
Este escopo ampliado, por sua vez, aponta para a capacidade de
escuta e de construção de vínculos positivos e tranversais, que considerem a
singularidade de cada usuário na dinâmica dos territórios; a resolutividade clínica
e as possibilidades de fortalecimento das redes sociais e de apoio; o suporte
técnico-pedagógico para os profissionais, na dimensão do apoio matricial
responsabilizado; o acesso a recursos situados fora da Atenção Básica em
Saúde, por meio do compartilhamento de demandas inerentes; os modos de
organização e gestão das agendas de atividades entre estas equipes; e, por fim, o
próprio escopo de ações ofertadas na Atenção Básica em Saúde.
Assim, visando-se à superação dos nós críticos nas relações e interlocuções
entre as equipes Nasf e ESF de Palhoça, desenvolveu-se este Projeto de
Qualificação e Gestão do Trabalho das equipes Nasf, com a incorporação de
ferramentas tecnológicas gerenciais de planejamento e avaliação, conforme se
discorre a seguir:
237
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Resultados:
238
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INOVASUS
239
MINISTÉRIO DA SAÚDE
240
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241
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Resultados:
a) Projetos Previstos – planejamento tático na realização das ações
coletivas e educativas com o apoio das equipes do Nasf/Palhoça
O principal objetivo desse instrumento foi conferir previsibilidade de
realização das ações coletivas. Com esses instrumentos, foram definidos, durante
o quadrimestre de 2015, os seguintes indicadores/componentes do instrumento
tático pioneiramente desenvolvido: mote das ações/palestras; definição da
área técnica que facilitará as atividades/ações coletivas; quadro de atribuições/
divisão de responsabilidades previamente definidas com predefinições para os
trabalhadores da ESF e para os trabalhadores do Nasf, para a plena realização
da ação prevista; pactuação da forma de divulgação dos encontros, das ações de
grupalidade e dos públicos-alvos envolvidos.
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INOVASUS
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Fonte: (PALHOÇA, 2015). Relatoras: Dilene Rosa (Nasf Sul); Vanessa de Souza Nunes (Nasf Norte)
e Ana Paula Schmidt (Nasf Centro).
245
MINISTÉRIO DA SAÚDE
246
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INOVASUS
4 Considerações Finais
A partir do mapeamento das condições estruturais, das principais
demandas apontadas pelas equipes de ESF e das determinações sociais da saúde
em cada distrito sanitário e indicadores sanitários, realizou-se o reordenamento
das agendas dos trabalhadores do Nasf, das quais foram pactuadas e alcançadas
algumas estratégias de gestão do trabalho do Nasf.
Entre as estratégias de Gestão do Trabalho desenvolvidas, esteve
o fomento junto às UBS e a adoção de uma reunião mensal (de pelo menos
um turno) junto à equipe de ESF (médico, enfermeiro e ACS – sempre que
as situações demandarem qualquer outro trabalhador) para reunião específica
de matriciamento, com a finalidade de avaliar e socializar algumas conduções
e encaminhamentos de situações atendidas de forma compartilhada de outras
intervenções ou casos específicos (CAMPOS, 1999).
Além disso, a organização conjunta das agendas programáticas dos
trabalhadores das três equipes do Nasf/Palhoça junto às UBS dos respectivos
Distritos Sanitários, redefinindo-se as funções realizadas em algumas UBS,
conforme condições estruturais para realização das ações e conforme
disponibilização para atendimentos individuais ou apenas atendimento conjunto,
nas instalações de determinada UBS – elencando-se alternativas de outras formas
de cobertura das ações como: transferência de grupos para espaços comunitários,
reorganização de frequência e lotação de alguns grupos educativos e terapêuticos,
247
MINISTÉRIO DA SAÚDE
248
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
Referências
CAMPOS, F. C. C.; FARIA, H. P. de; SANTOS, M. A. dos. Planejamento e
avaliação das ações em saúde. 2. ed. Belo Horizonte: Nescon; UFMG, 2010.
249
Secretaria Municipal de Saúde de Porto Seguro/BA1
1
Secretaria Municipal de Saúde de Porto Seguro. Rua Alfredo Dultra, nº 01 – Centro. Porto Seguro/Bahia, CEP: 45810-
000 Fone: (73) 3288-3449 / Fax: (73) 3268-5818, e-mail: <[email protected]>.
2
Enfermeira, superintendente de Vigilância em Saúde, e-mail: < [email protected]>.
3
Administradora, secretária municipal de Saúde, e-mail: <[email protected]>.
4
Enfermeira, técnica em Educação em Saúde, e-mail: <[email protected]>.
5
Enfermeira, técnica da Vigilância Epidemiológica, e-mail: <[email protected]>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (EPS), lançada
pelo Ministério da Saúde por meio da Portaria n° 198, de fevereiro de 2004
(BRASIL, 2004), e implementada pela Portaria nº 1.996, de 20 de agosto de 2007,
possibilita a identificação das necessidades de formação e de desenvolvimento
dos trabalhadores da área da Saúde e a construção de estratégias e processos
que qualifiquem a atenção e a gestão em saúde, com o objetivo de produzir um
impacto positivo sobre a saúde individual e coletiva da população (BRASIL,
2007).
A consolidação dos processos de formação permanente dos profissionais
de Saúde tem sido atualmente prioridade da gestão municipal como objetivo
para consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio da Educação
Permanente em Saúde, é possível a reflexão crítica sobre os processos de trabalho
e de formação dos trabalhadores, especialmente os agentes comunitários de
saúde e os agentes de controle de endemias, pois possibilita mudanças de práticas
e de atitudes e nas relações com a comunidade.
Os agentes de saúde têm participado de capacitações, porém, de forma
esporádica e pontual, sendo necessária a implementação de formação permanente
para estes profissionais com a proposta de aumentar a sua abrangência de atuação.
Todo profissional de saúde anseia atualização e necessita em ato problematizar
sua prática; por isso, a educação permanente permite: ampliar os conhecimentos
e deve ser percebida como uma atitude, um compromisso com a qualidade
da atenção e do cuidado dispensado pelo agente, de acordo com a realidade
local da população de sua área de trabalho; conhecer as condições de saúde,
as práticas populares, o processo saúde-doença e de que forma pode interagir
com a comunidade, para que a população se organize para desenvolver ações de
prevenção e promoção da saúde.
A implementação realizada é de extrema importância para os atores
envolvidos no processo da educação permanente, já que existe uma troca
de saberes entre os agentes e os acadêmicos do curso de Enfermagem, os
conhecimentos apreendidos pelos agentes vão refletir em suas áreas de trabalho,
com melhorias para as comunidades e, para os acadêmicos de Enfermagem,
a oportunidade para interagir com os trabalhadores do SUS e estarem mais
próximos da realidade e práticas realizadas na comunidade.
252
P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
2 Características da Experiência
2.1 Atores Envolvidos
2.2 Abrangência
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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P R Ê M I O 2 0 1 5
INOVASUS
255
MINISTÉRIO DA SAÚDE
3 Resultado
Certamente, após a formação dos agentes de saúde e de endemias,
com a utilização da metodologia problematizadora e integração do ensino
com o serviço, ocorre a melhoria na atuação desses atores em seus campos
de trabalho. É possível mudar ações e práticas de trabalho com a educação
permanente em saúde. O resultado é percebível por intermédio da avaliação
que os agentes e acadêmicos fazem ao final da formação, na qual eles avaliam
como positiva a troca de experiência com os próprios colegas de trabalho e
com os acadêmicos durante as aulas e as atividades em sala de aula. Segundo
relato dos próprios agentes quando em avaliação, ao final do curso registram
que: “o curso acrescenta mais conhecimentos e nos apresenta o que ainda não
conhecíamos... ficamos muito gratos por essa oportunidade de enriquecer o
nosso aprendizado, compartilhar experiências e ampliar nossos conhecimentos
de maneira a beneficiar a comunidade em que trabalhamos”. Outra avaliação de
outra turma diz: “somos mais que vencedores, o curso findou, mas chegar até
aqui é motivo para celebrarmos e agradecermos... mas nunca nos esqueceremos
dos ensinamentos que servirão a cada um de nós por toda a vida”.
É visível, nos registros dos agentes, que a ação de educação permanente
realizada terá reflexo no processo de trabalho, melhorando a qualidade dos
serviços oferecidos à população por esses atores, pois se sentem seguros e
qualificados para atuar em suas áreas de trabalho. De 2013 até 2015, participaram
e concluíram o curso 90 agentes (100%), sendo 60 ACS e 30 ACE. Outro
resultado percebível foi em relação aos acadêmicos de Enfermagem, pois
aproximou o aluno (o campo da formação-ensino) do campo do trabalho, por
meio das práticas educativas em saúde; desenvolveu no acadêmico a habilidade
de comunicação oral, postura e linguagem adequada para a realização das ações
educativas no exercício da enfermagem e a capacidade de ouvir e respeitar os
agentes, de agir eficazmente em determinadas situações de práticas educativas,
apoiado em conhecimento, mas sem limitar-se a eles, os saberes e as experiências
dos agentes foram valorizados.
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INOVASUS
4 Conclusão
Ao implementar a Educação Permanente em Saúde, objetiva-se
transformar o processo de trabalho, orientando para a melhoria da qualidade
dos serviços e para a equidade no cuidado e no aceso aos serviços de saúde. A
educação permanente no setor Saúde pressupõe o fortalecimento de relações
orgânicas entre ensino e as ações e serviços, e entre docência e atenção à saúde.
O êxito do alcance dos objetivos propostos foi devido a procurar estabelecer as
dimensões ensino-serviço e trabalho, sendo o trabalhador o grande motivador
para que a Educação Permanente em Saúde, seu trabalho e seu apoio para junto
à comunidade fossem essencial para o desenvolvimento dessa experiência. É
uma experiência que apresenta inovação, sustentabilidade, caráter educativo com
a participação do trabalhador e pode ser adaptada a outros contextos.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 198, de 13 de fevereiro de
2004. Institui a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como
estratégia do Sistema Único de Saúde para a formação e o desenvolvimento de
trabalhadores para o setor e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, v. 141, n. 32, 2004. Seção 1, p. 37-41.
257
Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco1
1
Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco – Rua Dona Maria Augusta Nogueira, 519, Bongi, Recife. CEP: 50751-
530, e-mail: <[email protected]>.
2
Fonoaudióloga, analista em Saúde, e-mail: <[email protected]>.
3
Terapeuta ocupacional, terapeuta ocupacional do Programa de Preparação para a Aposentadoria, e-mail: <belbuarque@
gmail.com>.
4
Médica, secretária-executiva de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde, e-mail: <[email protected]>.
5
Enfermeira, diretora-geral de Gestão do Trabalho, e-mail: <[email protected]>.
6
Terapeuta ocupacional, analista em Saúde/terapeuta ocupacional, e-mail: <[email protected]>.
7
Gestora de Recursos Humanos, gerente de Relações do Trabalho e Gestão de Inquéritos, e-mail: <arcelino_br@yahoo.
com.br>.
8
Cirurgiã-dentista, gerente de Políticas e Regulação do Trabalho, e-mail: <[email protected]>.
9
Fisioterapeuta, apoiador institucional especialista em Saúde Coletiva/fisioterapeuta, e-mail: <jeanegrandearruda@
gmail.com>.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1 Introdução
Percebe-se que as organizações a cada dia mais vêm se preocupando
com o momento da aposentadoria dos seus servidores, compreendendo que
quando este período se aproxima é motivo de muitas ansiedades e expectativas.
Por isso, essas organizações vêm desenvolvendo Programas de Preparação para
Aposentadoria (PPAs), entendendo que são excelentes ferramentas gerenciais e
ajudam no cumprimento de suas responsabilidades sociais. Agindo dessa forma,
elas estão fazendo investimento, pois os servidores em processo de aposentadoria
sentem-se muito valorizados. Em consequência disso, mantêm boa produção no
trabalho e os outros observam esse cuidado e dedicação que as organizações
têm pelos servidores, fortalecendo, assim, as relações de trabalho (ANDUJAR,
2006).
Para o servidor, o programa é uma oportunidade de adquirir informações
adequadas sobre a aposentadoria, fundamentais para ajudá-los a decidir
quando vão se aposentar e por que; conhecer alternativas de atividades pós-
-aposentadoria; adquirir conhecimento do que sua cidade dispõe (programas,
lazer, cursos etc.) e refletir com o grupo, que está passando por essa etapa da
vida, os medos, as ansiedades, os sonhos e seus planejamentos, buscando sempre
prevenir problemas psicológicos e sociais que possam surgir (FRANÇA, 2008).
Os PPAs desenvolveram-se em vários países, com diversos modelos
adotados, mas todos parecem seguir o padrão norte-americano, onde surgiram
os primeiros registros sobre o programa em 1950. Naquele tempo, só davam
ênfase ao sistema de aposentadorias e pensões, diferente de hoje, em que outros
conteúdos estão sendo incorporados devido a novas demandas que foram
surgindo envolvendo a saída do trabalhador do trabalho formal. No Brasil, esse
programa surgiu com o Serviço Social do Comércio de São Paulo (Sesc/São
Paulo), contemplando informações, sobretudo relacionadas ao envelhecimento, de
recursos socioculturais e de serviços da comunidade para os quais os aposentados
possam ter interesse após a aposentadoria (NETTO; NETTO, 2012).
Com a chegada da aposentadoria, vários atores são afetados, não
apenas o indivíduo aposentado, pois são muitos anos de dedicação à identidade
profissional, que acaba prejudicando o convívio familiar, sendo este muitas vezes
colocado em segundo plano. Com a aposentadoria, o indivíduo começa a conviver
mais com os familiares, estranhando esse convívio. Por isso a importância de
construir novas formas de satisfação, fazendo com que essa nova fase da vida
seja tão prazerosa ou mais do que a fase anterior, esquecendo a ideia de que só as
atividades ligadas ao trabalho proporcionam satisfação (VARELA, 2013).
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2 Características da Experiência
O Programa iniciou-se em setembro de 2014, atendendo os servidores
da Secretaria Estadual de Saúde. Nas primeiras turmas, apenas os servidores
moradores do Recife participaram, devido à dificuldade de deslocamento dos
que residem no interior do estado.
O Programa adota uma metodologia participativa. A proposta é
estimular a criatividade da turma, por meio dos encontros semanais, para que os
servidores se sintam agentes políticos do processo em construção e contribuam
em todos os momentos vivenciados. Ao construir estes espaços aos servidores,
naturalmente percebe-se o aumento da autoestima e da capacidade de enfrentar os
problemas que possam surgir nessa nova etapa da vida, descobrindo habilidades
fundamentais para continuar com uma vida ativa e produtiva.
Para cada turma aberta, são necessárias diversas etapas, discriminadas a
seguir.
Na primeira etapa, realiza-se a divulgação nas unidades de saúde
por meio de fôlderes, palestras, visitas e convites por telefone objetivando
ampliar o acesso dos servidores ao Programa, como também a construção
de parcerias viabilizando o desenvolvimento das temáticas do curso. Sendo
assim, são abordadas instituições de ensino, hospitais, instituições ligadas ao
empreendedorismo e profissionais de áreas afins ao programa.
A segunda etapa consiste na identificação, por meio de entrevista, dos
servidores e na construção de seu perfil, visando conhecer seus interesses, suas
ansiedades e perspectivas no processo de aposentadoria. Objetiva-se com isso
viabilizar o planejamento da abordagem temática nos encontros semanais.
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3 Resultados
Foram realizadas três turmas com a participação total de 30 servidores.
Nessas turmas, foram abordados temas bem diversificados e estabelecidas
parcerias importantes com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae), com o voluntariado do Instituto de Medicina Integral
Professor Fernando Figueira (Imip) e com diversos profissionais das seguintes
áreas: Psicologia, Nutrição, Saúde Pública, Médico, Terapia Ocupacional. Com
isso, o caráter do trabalho multiprofissional ficou estabelecido no programa,
sempre com um novo olhar para essa etapa da vida: a aposentadoria.
Todas as atividades executadas nos grupos durante o período do programa
estão registradas no livro de ata e por meio de registro fotográfico.
As atividades realizadas nos encontros das três turmas foram assim
elencadas no Quadro1.
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Faixa etária n %
40 a 49 anos 1 3,3
50 a 59 anos 16 53,3
60 anos e mais 13 43,3
Total 30 100,0
Fonte: Uniaps/GRTGI/DGGT/Segtes, 2015.
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Unidade n %
Hospital Barão de Lucena 15 50,0
Hospital Geral de Areias 1 3,3
Hospital da Restauração 7 23,3
Nível Central 1 3,3
Hospital da Mirueira 1 3,3
Hospital Getúlio Vargas 5 16,7
Total 30 100,0
Fonte: Uniaps/GRTGI/DGGT/Segtes, 2015.
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4 Conclusão
Evidenciou-se que essa etapa da vida, a aposentadoria, não é acompanhada
de reflexões a respeito de planejamento para o futuro. Em consequência disso,
surgem vários problemas sociais e psicológicos, sendo o PPA um facilitador
importantíssimo para o enfrentamento dessa nova fase da vida.
Dessa forma, concluímos que o PPA é um espaço de reflexão, no qual
cada um dos participantes está adquirindo informações que servem para ajudá-
-los no processo de sua aposentadoria. Além disso, estão sendo orientados a
pensarem em atividades que deem satisfação e felicidade após a aposentadoria,
numa pós-carreira que possa significar uma nova carreira ou em investir no tempo
livre em atividades não ligadas ao trabalho, prevenindo, assim, o surgimento de
alguns problemas psicológicos e sociais que poderiam ocorrer nesse momento.
O Programa Um Novo Olhar é de baixo custo, podendo ser ampliado na
SES/PE e reproduzido por outras secretarias. Embora ele seja novo, percebe-se
ampla adesão dos servidores da SES/PE, e os que já participaram do programa
tornaram-se multiplicadores na divulgação, já que demonstraram satisfação
individual e comprometimento.
Finalmente, a partir das experiências vivenciadas nas referidas turmas,
pretende-se melhorar o processo avaliativo, transformando o questionário
existente em semiestruturado que proporcione aos participantes expressar suas
opiniões e sugestões. Além disso, propõe-se inserir um monitoramento das
turmas e ações do programa.
Referências
ANDUJAR, A. M. Modelo de qualidade de vida dentro dos domínios
Bio-Psico-Social para aposentados. 2006. 206 f. Tese (Doutorado em
Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.
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