A Ideologia Alemã - Marx e Engels (1845 - 1846) - Martins Fontes
A Ideologia Alemã - Marx e Engels (1845 - 1846) - Martins Fontes
A Ideologia Alemã - Marx e Engels (1845 - 1846) - Martins Fontes
Formação de Marx: caracterizado por uma “crítica sempre desperta e pelo impulso para a
prática” (página IX); formação filosófica e papel ativo em jornais de viés burguês liberal;
Formação de Engels: filho de um industrial têxtil, foi impedido de cursar a universidade e
fazia disciplinas como ouvinte.
2 – A influência de Feurbach
“Já é como intelectuais orgânicos da classe operária que Marx e Engels submetem à crítica a
mais avançada cultura do seu tempo e extraem dela algo contrário a ela, ou seja, a expressão
teórica dos interesses da classe do proletariado. Não se trata de acontecimento puramente
intelectual, mas também de acontecimento sócio-político de SIGNIFICAÇÃO
HISTÓRICO-MUNDIAL” (p. XV);
Superação do socialismo-utópico e aproximação à concepção científica da história.
5 – Conceito de Ideologia
“Não é o Estado que cria a sociedade civil, conforme pretendia Hegel. Ao contrário, é a
sociedade civil que cria o Estado. A sociedade civil é o verdadeiro lar e cenário da história.
Abarca todo o intercâmbio material entre os indivíduos, numa determinada fase do
desenvolvimento das forças produtivas” (p. XXXI);
“Assim, como o Estado é o Estado da classe dominante, as ideias da classe dominante são as
ideias dominantes de cada época” (p. XXXII);
9 – Visão Científica do Comunismo
“Toda classe que aspira a implantar sua dominação deve começar pela conquista do poder
do Estado a fim de apresentar seu interesse particular com o aspecto de interesse geral […].
O proletariado conquista o Estado para libertar a sociedade da tutela do Estado. Esta tutela
se torna um poder intolerável diante da massa da humanidade absolutamente despossuída e
em antagonismo com o mundo das riquezas” (XXXIII);
“O proletariado só pode existir num plano histórico-mundial. Do mesmo modo, o
comunismo só ganha REALIDADE COMO EXISTÊNCIA HISTÓRICO-MUNDIAL.
Comunismo não é um estado a sem implantado, um ideal que se sujeitará a realidade, o
ponto ômega de uma teleologia. Comunismo é o movimento real, que anula e supera o
estado de coisas atual […]. Não se trata mais de propor, de cima para baixo, o plano da
sociedade do futuro, porém de incentivar e fortalecer o movimento real do proletariado e de
todos os oprimidos. O movimento político que ganhará a força concreta para abolir a
dominação burguesa” (p. XXXIV);
Transição do socialismo utópico para o socialismo científico.
Prefácio
“Até agora, os homens sempre tiveram ideias falsas a respeito de si mesmos” (p. 3):
referência às mistificações de Hegel, criticadas previamente por Feuerbach com sua teoria
antropológica do saber/espírito humano e posteriormente pelo caráter materialista da
dialética de Marx e Engels – uma ideologia real, que busca a compreensão do real a partir da
força revolucionária do proletariado.
“Durante toda a sua vida, ele lutou contra a ilusão da gravidade, cujas consequências
nocivas as estatísticas lhe mostravam” (p. 4): fazia alusão a Newton e, consequentemente, ao
caráter de seu trabalho. Marx e Engels reviram o pensamento da época ao criticar
pensamentos Ideias e entendê-los como o pensamento duma classe dominante. O
materialismo histórico procura entender a realidade a partir de ferramentas científicas e,
principalmente, transformá-la – não contemplá-la.
“Os mais jovens dentro eles acharam a expressão exata para qualificar sua atividade, ao
afirmarem que lutam unicamente contra uma fraseologia. Esquecem no entanto que eles
próprios opõem a essa fraseologia nada mais que outra fraseologia e que não lutam de
maneira alguma contra o mundo que existe realmente ao combaterem unicamente a
fraseologia deste mundo” (p. 9)
Continua: “Nenhum desses filósofos teve a ideia de se perguntar qual era a ligação entra a
filosofia alemã e a realidade alemã, a ligação entre a sua crítica e o seu próprio MEIO
MATERIAL” (p. 10);
Constata-se a constituição corporal dos indivíduos e, por consequência, as relações entre
eles e o restante da natureza – predicado da teoria marxista/duma concepção materialista do
mundo, e não hegeliana;
Os homens produzem sua vida material a partir da produção de seus meios de existência;
“A maneira como os indivíduos manifestam sua vida reflete exatamente o que eles são. O
que eles são coincide, pois, com sua produção, isto é, tanto com o que eles produzem quanto
com a maneira como produzem. O que os indivíduos são depende, portanto, das condições
materiais da sua produção” (p. 11);
“Os diversos estágios de desenvolvimento da divisão do trabalho representam outras tantas
formas diferentes da propriedade; em outras palavras, cada novo estágio da divisão do
trabalho determina, igualmente, as relações dos indivíduos entre si no tocante à matéria, aos
instrumentos e aos produtos do trabalho” (p. 12) – sempre e sempre, a potência máxima é a
matéria e não o Ideal;
“Eis, portanto, os fatos: indivíduos determinados com atividade produtiva segundo um modo
determinado entram relações sociais e políticas determinadas. Em cada caso isolado, a
observação empírica deve mostrar nos fatos, e sem nenhuma especulação nem mistificação,
a ligação entre a estrutura social e política e a produção. A estrutura social e o Estado
nascem continuamente do processo vital de indivíduos determinados; mas desses indivíduos
não tais como aparecem nas representações que fazem de si mesmos ou nas representações
que os outros fazem deles, mas na sua existência real, isto é, tais como trabalham e
produzem materialmente; portanto, do modo como atuam em bases, condições e limites
materiais determinados e independentes de sua vontade. A produção das ideias, das
representações e da consciência está, a princípio, direta e intimamente ligada à
atividade material e ao comércio material dos homens; ELA É A LINGUAGEM DA
VIDA REAL” (p. 18);
“Ao contrário da filosofia alemã, que desce do céu para a terra, aqui é da terra que se sobe
ao céu. Em outras palavras, não partimos do que os homens dizem, imaginam e
representam, tampouco do que eles são nas palavras, no pensamento, na imaginação e
na representação dos outros, para depois se chegar aos homens de carne e osso; mas
partimos dos homens em sua atividade real, é a partir de seu processo de vida real que
representamos também o desenvolvimento dos reflexos e das repercussões ideológicas
desse processo vital” (p. 19);
A abstração no marxismo diz respeito àquilo que ganha determinado significado a partir da
REALIDADE MATERIAL/ PRODUÇÃO
B. 2 – Relações do Estado e do direito com a propriedade
Comunismo trata conscientemente todas as condições naturais prévias como criações dos
homens, e as despoja de seu caráter natural ao submetê-las ao poder dos indivíduos
reunidos;
“Como a cada estágio essas condições (organização dos indivíduos) correspondem ao
desenvolvimento simultâneo das forças produtivas, sua história é ao mesmo tempo a história
das forças produtivas que se desenvolvem e são retomadas por cada geração nova e é
também a história do desenvolvimento das forças dos próprios indivíduos” (p. 89);
Contradição entre forças produtivas e modos de troca são a principal responsável dos
conflitos: “De um ponto de vista limitado, pode-se logo abstrair uma dessas formas
acessórias e considerá-la a base dessas revoluções, o que era tanto mais fácil quanto mais
próprios os indivíduos de onde partiam as revoluções criavam ilusões sobre sua própria
atividade, segundo seu grau de cultura e seu estágio de desenvolvimento histórico” (p. 92);
Ponto chave (fecha com o começo): “Os indivíduos sempre partiram de si mesmos,
naturalmente não do indivíduo puro, no sentido dos ideólogos, mas sim deles mesmos,
dentro de suas condições e de suas relações históricas. Mas fica evidente no curso do
desenvolvimento histórico, e precisamente em virtude da independência adquirida
pelas relações sociais, fruto inevitável da divisão do trabalho, que há uma diferença entre a
vida de cada indivíduo, na medida em que ela é pessoal, e a sua vida na medida em que é
subsumida por um ramo qualquer do trabalho e às condições inerentes a esse ramo”;
“Os proletários, se quiserem afirmar-se enquanto pessoa, devem abolir sua própria condição
de existência anterior, que é, ao mesmo tempo, a de toda a sociedade até hoje, quer dizer,
abolir o trabalho. Eles se colocam com isso em oposição direta à forma pela qual os
indivíduos da sociedade até agora escolheram como expressão de conjunto, isto é, em
oposição ao Estado, sendo-lhes preciso derrubar esse Estado para realizarem sua
personalidade” (p. 97).