Para Entender A Terra - Cap 7
Para Entender A Terra - Cap 7
Para Entender A Terra - Cap 7
IííI emperismo
t Erosão
“Os picos de nossas terras são, deste modo, nivelados com as praias;
nossas planícies férteis são formadas das ruínas de montanhas."
J a m e s H u t t o n ( 1788)
Intemperismo, erosão e ciclo das rochas odas as rochas - mesmo aquelas que, por serem
171
Por que algumas rochas meteorizam-se
mais rapidamente que outras? 172
T muito duras, parecerem indestrutíveis -, assim co
mo automóveis antigos que enferrujam e jornais
velhos que ficam amarelados, também podem enfraque
cer-se e esfacelar-se quando expostas à água e aos gases
da atmosfera. Entretanto, diferentemente dos automóveis
Intemperismo químico 174
e dos jornais, as rochas podem levar milhares de anos pa
Intemperismo físico 181 ra se deteriorar. Neste capítulo, examinaremos de perto
dois processos geológicos que colapsam e fragmentam
Solo: o resíduo do intemperismo 185
as rochas: o intemperismo e a erosão.
Os humanos como agentes do Intem perism o1é o processo geral pelo qual as rochas
intemperismo 188 são destruídas na superfície da Terra. O intemperismo
produz todas as argilas,2 todos os solos e as substâncias
O intemperismo gera a matéria-prima dissolvidas e carregadas pelos rios para os oceanos. As ro
dos sedimentos 188 chas meteorizam-se de dois modos:
• O intemperismo químico ocorre quando os minerais de
uma rocha são quimicamente alterados ou dissolvidos. O
desgaste ou esmaecimento de inscrições gravadas em lápides ou monumentos antigos é
causado principalmente pelo intemperismo químico.
• O intemperismo físico ocorre quando a rocha sólida é fragmentada por processos me
cânicos que não mudam sua composição química. Os escombros de colunas e blocos de
pedras que eram parte dos imponentes templos da Grécia antiga resultaram principal
mente do intemperismo físico, que causou, também, rachaduras e fraturas de antigos tú
mulos e monumentos do Egito.
Os intemperismos químico e físico reforçam-se mutuamente. A decomposição quí
mica deteriora os fragmentos das rochas e toma-os mais suscetíveis ao rompimento.
Por sua vez, quanto menores os blocos produzidos pelo intemperismo físico, tanto
maior a superfície disponível para a ação do intemperismo químico.
desgastam essas regiões elevadas. A erosão é o conjunto de pro ção e a decomposição das rochas são as propriedades da roc
cessos que desagregam e transportam solo e rochas morro abai matriz, o clima, a presença ou a ausência de solo e o tempo
xo ou na direção do vento. Esses processos transportam o mate exposição das rochas à atmosfera. Esses quatro fatores es
rial alterado da superfície da Terra de um local e depositam-no sumarizados no Quadro 7.1.
em outro lugar. Como a erosão move o material sólido alterado,
novas porções de rocha fresca e inalterada vão sendo expostas ao As propriedades da rocha-matriz
intemperismo.
O intemperismo e a erosão são processos geológicos impor A natureza da rocha-matriz controla o intemperismo porque i
tantes no ciclo das rochas e nos sistemas da Terra, como descri os minerais alteram-se com taxas diferentes e (2) a estrut
to no Capítulo 4. Juntamente com a tectônica e o vulcanismo das rochas influencia sua suscetibilidade de fraturar-se e fra.
(outros dois elementos do ciclo das rochas), o intemperismo e a mentar-se. Inscrições em lápides antigas oferecem boas evidê
erosão modelam a superfície terrestre e alteram os materiais ro cias da variação das taxas em que as rochas se alteram. As 1
chosos, convertendo rochas ígneas, bem como as demais, em tras recém-esculpidas numa lápide apresentam-se bem níti
sedimentos e formando solos. De certa forma, o intemperismo em relação à superfície polida de inscrição. Entretanto, ap
e a erosão são inseparáveis. Quando rochas como o calcário pu centenas de anos de exposição num clima de chuvas mode
ro ou as rochas evaporíticas são alteradas pela chuva, por exem das, a superfície polida da lápide de calcário estará fosca e
plo, todo o material é complctamcnte dissolvido e levado pela letras inscritas terão quase se dissolvido, da mesma forma q
o nome inscrito numa barra de sabão desaparece logo depois
água como íons em solução. O material do intemperismo quí
pouco uso (Figura 7.1). Por outro lado, o granito mostrará
mico constitui-se no principal aporte de matéria dissolvida nos
mente algumas poucas mudanças. As diferenças entre a alten
oceanos.
ção do granito e a do calcário resultam das distintas compos
As seções iniciais deste capítulo enfatizarão o intemperismo
ções mineralógicas dessas rochas. Entretanto, depois de
químico porque ele é, de alguma maneira, o fator controlador de
certo tempo, mesmo uma rocha com mais resistência inevi
todo o processo. Os efeitos do intemperismo físico, embora sem velmente decompor-se-á. Após centenas de anos, o monum
pre importantes, dependem largamente da decomposição quími
to de granito também será consideravelmente alterado e apr
ca. Antes de aprofundar ainda mais o assunto, porém, examina sentará uma superfície opaca e letras esmaecidas. Se utilizás
remos os fatores controladores do intemperismo. mos uma lupa para observar mais de perto a alteração do gr
to, veriamos diferentes padrões de alteração dos seus grãos
nerais constituintes. Os cristais de feldspato mostrariam sin
de corrosão e suas superfícies estariam opacas e cobertas co
que algumas rochas uma película fina e amolecida de argila. A composição quí
eteorizam-se mais rapidamente ca das porções externas dos grãos de feldspato teria mudad
originando-se novos minerais. Os cristais de quartzo aparec
que outras? riam frescos - claros e sem alteração.
A estrutura da rocha também afeta o intemperismo físic
Todas as rochas alteram-se, mas a maneira e a taxa em que isso Monumentos de granito podem permanecer inteiros e sem
ocorre é variável. Os quatro fatores que controlam a desintegra chaduras mesmo depois de séculos de exposição, embora
Taxa de alteração
Lenta Rápida
■ rr apresentar evidências de certo intemperismo químico. Ro- De outro modo, climas que minimizam o intemperismo quí
:gneas intrusivas, incluindo muitos granitos, podem ser mico podem acentuar o intemperismo mecânico. Por exemplo,
k o ç a s - isto é, grandes massas que não exibem mudança do a água congelada pode atuar como uma cunha, abrindo fissuras
■ t :e rocha ou estrutura. Rochas maciças não têm planos de e rochas.
TT-^-eza que contribuem para o fraturamento ou fragmentação.
Dcerentemente, um folhelho - rocha sedimentar que se rompe Presença ou ausência de solo
fc- mente ao longo dos planos de acamamento - quebra-se em
aey-ços pequenos tão rapidamente que os taludes de uma estra- O solo, um dos nossos mais importantes recursos naturais, é
_ moém-aberta em terrenos dessa rocha ficam cobertos de pe- composto por fragmentos de rocha, argilominerais formados
«fcmr-lhos em apenas poucos anos. pela alteração química dos minerais da rocha-matriz e pela ma
téria orgânica produzida por organismos que nele vivem. Em
bora o solo seja ele próprio um produto do intemperismo. sua
C ma: chuva e temperatura presença ou ausência pode afetar o intemperismo químico e fí
E m visita às lápides expostas no continente norte-americano, sico dos materiais. Um prego antigo que foi enterrado no solo.
os Estados Unidos até o Canadá e o Alasca, revelaria que por exemplo, torna-se tão enferrujado que você pode quebrá-lo
m m a s de intemperismo, tanto químico como físico, variam como se fosse um palito de fósforo. Já um prego arrancado da
t>: ipenas devido às propriedades da rocha, mas também por madeira de uma casa centenária poderá estar ainda bem resis
— do clima - a quantidade de chuva e a temperatura. Altas tente, embora coberto por uma fina película de ferragem. Da
*mm2 raturas e chuvas intensas aumentam a taxa de crescimen- mesma forma, um mineral de um solo espesso nas terras baixas
■ re organismos e, assim, promovem o intemperismo químico. de um vale pode estar intensamente alterado e corroído, en
3 ~ . i e a aridez, por seu turno, impedem esse processo. Lápi- quanto o mesmo mineral exposto na rocha de um penhasco pró
antigas em clima quente e úmido, como o da Flórida ximo estará muito menos alterado. Embora o penhasco também
El*A i. sofrem intensa alteração química, mas aquelas de mes- esteja exposto a chuvas ocasionais, a rocha de sua parede geral
u_ iade em clima quente e seco do Sudoeste Norte-America- mente seca e o intemperismo atua de forma muito lenta. Ne
l l o dificilmente afetadas. Por sua vez, lápides em regiões nhum solo se forma em penhascos porque a chuva rapidamen
iras e secas do Ártico mostram bem menos alteração química te carrega as partículas soltas para as áreas mais baixas, onde se
4 que aquelas do Sudoeste Norte-Americano. Em climas frios, acumulam.
a rgrja não pode dissolver os minerais porque está congelada. A produção do solo é um processo de retroalimentação p o si
P r >ua vez, em climas áridos, ela está relativamente ausente. tiva - isto é, o produto do processo impulsiona o próprio proces
Eai ambos os casos, as populações de organismos são muito so. Uma vez iniciada a formação do solo. ele funciona como um
y ucas e o intemperismo químico atua lentamente. agente geológico que acelera a alteração da rocha. O solo retém a
1 74 Para Entender a Terra
água da chuva e hospeda diversos vegetais, bactérias e outros or quanto ele. Este mineral é apenas um dos muitos silicatos que se
ganismos. Essas formas de vida geram um ambiente ácido, que, alteram por reações químicas para formar outras espécies que
juntamente com a umidade, promove o intemperismo químico, o contêm água, conhecidas como argilominerais. O comportamen
qual altera e dissolve os minerais. Raízes de plantas e cavidades to do feldspato durante o intemperismo ajuda-nos a entender ce
feitas por organismos no solo promovem o intemperismo físico, maneira geral o processo de alteração, por duas razões:
pois ajudam a criar fraturas na rocha. O intemperismo químico e
1. Há uma grande abundância de minerais silicosos na Terra.
físico, por sua vez, leva à formação de mais solo.
2. Os processos de dissolução e decomposição química que pro
Tempo de exposição vocam a alteração do feldspato são os mesmos que causam a al
teração de outros tipos de minerais.
Quanto maior o tempo de alteração de uma rocha, maior sua
decomposição química, mais forte sua dissolução e mais inten No início deste capítulo, quando descrevemos a mudanç-
sa sua desagregação física. As rochas que têm sido expostas na que os minerais sofreram numa lápide de granito alterado, ob
superfície terrestre por alguns milhares de anos formam um servamos que os cristais de feldspato encontravam-se corroídos
manto de intemperismo - uma capa externa de material altera e alterados. Porém, o exemplo extremo de alteração do feldspa
do com espessura variando desde alguns milímetros até muitos to pode ser observado em matacões de granito nos solos de re
centímetros - que envolve a rocha sã e inalterada. Em climas giões tropicais úmidas. Aí, muitos dos fatores que promovem
secos, alguns mantos desenvolvem-se lentamente, com taxas de intemperismo - chuva intensa, temperatura alta e a presença de
0,006 mm por mil anos. solo e abundante atividade orgânica - estão presentes. Mata
Derrames e depósitos de cinza vulcânicos recentes, portan cões de granito em regiões tropicais encontram-se tão fragiliza
to com um período curto de exposição na superfície terrestre, dos que podem ser facilmente quebrados com um pontapé ou
encontram-se, ainda, relativamente pouco alterados. Como co esmigalhados num monte de grãos minerais soltos. A maioru
nhecemos as datas das erupções mais recentes, podemos medir dos grãos de feldspato desses matacões foi alterada para argila.
o tempo necessário para que sejam alcançados os diversos está Quando observado num microscópio eletrônico sob grande au
gios do intemperismo. Nos anos anteriores à erupção do vulcão mento, qualquer grão de feldspato remanescente mostraria si
Santa Helena (EUA), em 1980, por exemplo, os depósitos de nais de corrosão e estaria revestido por uma capa de argila (Fi
cinza vulcânica encontravam-se intensamente meteorizados e gura 7.2). Os cristais de quartzo, ao invés disso, estariam rela
os minerais originais estavam alterados em outras espécies. tivamente intactos e inalterados.
Contudo, os derrames de lava solidificada formados no mesmo Em uma amostra de granito são, a rocha é dura e sólida por
período de tempo dos depósitos de cinza encontravam-se rela que uma rede de ligação intergranular mantém os cristais de
tivamente frescos. A diferença do grau de alteração deveu-se,
principalmente, ao fato de que a cinza é constituída por partícu
las muito pequenas, as quais se alteram bem mais rápido que as
rochas vulcânicas, que são muito mais maciças.
Abordaremos a seguir, com mais detalhes, os dois tipos de
intemperismo: o químico e o físico ou mecânico.
fíitemperismo químico
As rochas alteram-se quimicamente quando seus constituintes
minerais reagem com o ar e a água. Nessas reações químicas,
alguns minerais dissolvem-se. Outros, combinam-se com a
água e alguns componentes da atmosfera, como o oxigênio e o
gás carbônico, formando minerais novos. Algumas dessas rea
ções químicas podem ser deduzidas a partir de observações de
campo. Quando conseguimos combinar tais observações com
experimentos de laboratório que simulam os processos natu
rais. melhoramos nossa visão sobre os mecanismos do intem
perismo químico. Iniciaremos nossa investigação pelo exame
da alteração química do feldspato, o mineral mais abundante da
crosta da Terra.
Feldspato
Magnet
Biotita
Quartzo
ç - '3 7.3 Vistas microscópicas diagramáticas dos estágios de desintegração do granito. [Chip Clark]
Litosfera
L V baixas e a diminuição
na concentração de
da concentração de
C 02 atmosférico__
, SISTEMA DA C 02 reduzem o | A variação do dióxido de
Astenosfera | TECTôNICA
intemperismo. carbono (C 02) na atmosfera
„ . . . ,• / 1 DE PLACAS acarreta uma variação
Manto inferior
correspondente na taxa de
. " lNúcleo externo j SISTEMA DO intemperismo.
1 ' ... . . ; ~ y f\ GEODÍNAMO
Núcleo interno V-A ... o qual causa o
A baixa concentração
de C 0 2 causa o O intemperismo aquecimento global,
esfriamento climático.: reduz o C 0 2 na que faz o intempe
atmosfera como rismo aumentar.
co 2-*- hco 3-.
C 0 2 exalado
| D Intemperismo dos silicatos C 0 2 resultante pelo vulcanismo
como o feldspato remove o da deposição
de carbonato
: -oxido de carbono da atmosfera.
C 0 2 retirado pelo í
intemperismo dos silicatos
Calcita
Caulinita (calcário)
AI2Si2Os(OH)4
tempo. Podemos, a partir disso, escrever a reação química da tros minerais das rochas na subsuperfície. A respiração das bac
_.teração do feldspato com a água: térias no solo pode aumentar a concentração de dióxido de car
bono nele contido até muito mais de cem vezes aquela da at
feldspato + ácido carbônico + água —> mosfera!
2KAlSi3Og 2H2C 0 3 H ,0 As rochas alteram-se mais rapidamente em climas tropica:-
úmidos do que em climas temperados ou frios, principalmentr
íons de íons dc
porque as plantas e as bactérias crescem de maneira acelerada
caulinita + sílica + potássio + bicarbonato
dissolvida dissolvida dissolvidos dissolvidos em climas quentes e úmidos, contribuindo com o ácido carbô
Al2Si20 5(OH)4 4S i02 2K+ 2H C03- nico e outros ácidos que promovem a alteração. Além disso..
maioria das reações químicas, inclusive do intemperismo, ace
Essa simples reação do intemperismo ilustra os três princi lera-se com o aumento dc temperatura.
pais efeitos químicos da decomposição dos silicatos. Ela lixi-
via, ou leva em solução, cátions e sílica. Além disso, hidrata O rápido intemperismo dos carbonatos
(ou adiciona água) os minerais e toma as soluções menos áci
das. Especificamente, o ácido carbônico na água da chuva au Mesmo a olivina, o mineral silicoso que mais rapidamente se
xilia no intemperismo do feldspato da seguinte maneira (Figu altera, dissolve-se de maneira relativamente lenta quando com
ra 7.6b): parada com alguns outros minerais formadores de rochas não-
silicosos. O calcário, constituído de minerais carbonáticos de
• Uma pequena proporção de moléculas dc ácido carbônico io calcita (cálcio) e dolomita (cálcio e magnésio), altera-se muite
niza-se, formando íons de hidrogênio (H+) e de bicarbonato rapidamente em regiões úmidas. Antigas construções de calcá
(HC03 ) e, assim, toma as gotas da água da chuva levemente
rio mostram os efeitos da dissolução do mesmo pela chuva (Fi
mais ácidas.
gura 7.7). A água subterrânea dissolve grandes quantidades dc
• A água levemente mais ácida dissolve os íons de potássio e sí minerais carbonáticos, escavando cavernas em formações cal
lica do feldspato, deixando um resíduo de caulinita, que é uma cárias. Agricultores e jardineiros utilizam calcário moído par_
argila sólida. Os íons de hidrogênio do ácido combinam-se com contrabalançar a acidez do solo devido à propriedade que esu
os átomos de oxigênio do feldspato para formar a água na estru rocha tem de dissolver-se rapidamente nas épocas de plantio.
tura da caulinita. Esse novo mineral toma-se parte do solo ou é Quando o calcário se dissolve, nenhum argilomineral é forma
transportado como sedimento. do. Os sólidos dissolvem-se completamente e seus componen
tes são levados na solução.
• A solução toma-se menos ácida à medida que a reação pro
O ácido carbônico contribui para a alteração do calcáric
gride.
justamente como faz com os silicatos (ver Figura panorâmica
• Sílica, íons de potássio e bicarbonato dissolvidos são levados 7.6b). A reação geral pela qual a calcita, o principal mineral
pela água da chuva e dos rios, sendo, por fim, transportados até o
oceano.
MAIS ESTÁVEL M a is le n ta
A reação ocorre somente na presença de água, a qual con-
o ácido carbônico e íons dissolvidos. Quando a calcita se Óxidos de ferro (hematita)
ve, os íons de cálcio e de bicarbonato são carregados pe- Hidróxidos de alumínio (gibbsita)
■hição. A dolomita, CaMg(C03)2, outro mineral carbonáti- Quartzo
irondante, dissolve-se da mesma maneira, produzindo igual Argilominerais
idade de íons de magnésio e de cálcio. Moscovita
Feldspato potássico (ortoclásio)
estabilidade química: um controlador da Biotita
Feldspato sódico (albita)
«k>cidade do intemperismo Anfibólios
ft rrea da superfície terrestre coberta por rochas silicosas é Piroxênio
i maior que aquela das rochas carbonáticas como o calcá- Feldspato cálcico (anortita)
>- Mas, devido ao fato de que os minerais carbonáticos dissol- Olivina
■sm-se mais rápido e em maiores quantidades que os silicosos, Calcita
■ii-rração do calcário contribui mais que qualquer outra rocha Halita
■ara o total de produtos do intemperismo formados anual men V
t e ra superfície terrestre. MENOS ESTÁVEL M a is rá p id a
Por que a taxa de intemperismo varia tão intensamente en
t e diferentes minerais? Os minerais alteram-se em taxas distin-
at rorque têm estabilidade química diferente, na presença de
teL; numa dada temperatura da superfície. Taxa de dissolução A taxa de dissolução de um mineral é
A estabilidade química é uma medida da tendência que uma medida pela quantidade deste que se dissolve numa solução
■Ésiância tem de resistir numa dada fonna química, ao invés de não-saturada num dado intervalo de tempo. Quanto mais rápi
Etexnr espontaneamente para tornar-se uma substância química do um mineral se dissolve, menor a sua estabilidade. O felds
ârerente. As substâncias químicas são estáveis ou instáveis em pato dissolve-se em taxas muito mais rápidas que as do quart
tejção a um determinado meio ambiente ou a um conjunto de zo e, principalmente por causa disso, é menos estável que este
■icdições específicas. O feldspato, por exemplo, é estável em no intemperismo.
aroáições encontradas em grandes profundidades da crosta ter-
t - e e (altas temperaturas e pequenas quantidades de água), mas Estabilidade relativa de minerais formadores de rocha co
hoável em condições de superfície (baixas temperaturas e abun- muns Conhecendo as estabilidades químicas relativas de vários
B a c ia de água). O ferro metálico em um meteoróide no espaço minerais, pode-se descobrir a intensidade do intemperismo de
te z rio r é quimicamente estável. Ele pode permanecer inalterado uma determinada área. Numa floresta tropical, somente os mine
f r bilhões de anos porque não é exposto ao oxigênio ou à água. rais mais estáveis permanecerão num afloramento ou no solo e,
p e. no entanto, o meteoróide viesse a cair na Terra, onde seria ex- assim, sabemos que lá o intemperismo é intenso. Numa região
testo a esses elementos, o ferro metálico tomar-se-ia quimica árida, como no deserto do Norte da África, onde o intemperismo
mente instável e reagiría de modo espontâneo para formar óxido é mínimo, monumentos de alabastro (gipsita) permanecem intac
z :'erro. Como referido anteriormente, o calcário altera-se mais tos, assim como muitos minerais instáveis. O Quadro 7.2 mostra
■rido que o granito - uma conseqüência de sua menor estabili- a estabilidade relativa de todos os minerais formadores de rocha
jsoe no ambiente da superfície terrestre. Duas características de comuns. Minerais de sal e de carbonato são os menos estáveis,
mineral - solubilidade e taxa de dissolução - ajudam a deter- enquanto os óxidos de ferro são os mais estáveis.
«nr.ãr sua estabilidade química.
> ubilidade A solubilidade de um mineral específico é medi Diferentes silicatos formam diferentes argilas
ca pela quantidade deste dissolvida na água quando a solução Os argilominerais são os principais componentes dos solos e
ecá saturada. A saturação é o ponto no qual a água não pode dos sedimentos que cobrem a superfície terrestre. Alguém po
nais conter a substância dissolvida. Quanto maior a solubilida- dería esperar que isso fosse mesmo ocorrer, pois os silicatos
z do mineral, menor a sua estabilidade no intemperismo. Ro- formadores de rocha constituem uma grande fração da crosta
dsis evaporíticas, por exemplo, são instáveis ao intemperismo. terrestre e o intemperismo na superfície é bastante extenso. De
Efes têm alta solubilidade na água (cerca de 350 g/L) e são lixi- pósitos de argila suficientemente pura para ser utilizada como
*iadas do solo mesmo por pequenas quantidades deste líquido. matéria-prima na produção de objetos de cerâmica, como por
3 -uartzo, pelo contrário, é estável em condições de intempe- celanas e artefatos industriais, são encontrados em alguns solos
~-mo. Sua solubilidade na água é muito pequena (cerca de e rochas sedimentares incomuns. Já tijolos, telhas e outras ce
4 >)8 g/L) e ele não é facilmente lixiviado do solo. râmicas de construção requerem materiais menos puros.
Para Entender a Terra
As argilas formam-se por meio do intemperismo de vários mente encontrado em meteoritos, os átomos de ferro não têm
tipos de minerais de silicato, não apenas do feldspato. O anfi- carga: eles não ganharam nem perderam elétrons pela reação
bólio, a mica e outros silicatos do granito alteram-se para for com qualquer outro elemento. No ferro ferroso (Fe2+), encon
mar argilas de forma muito semelhante à da alteração do felds trado em silicatos como o piroxênio, o átomo de ferro perdeu
pato. À medida que os minerais sofrem intemperismo, absor dois elétrons que possuía na forma metálica e, assim, tornou-se
vem água e sílica e perdem íons como os de sódio, potássio, um íon. O ferro presente no mais abundante óxido de ferro dê
cálcio e magnésio para a solução. A formação de diferentes ti superfície terrestre, a hematita (Fe20 3), é o ferro férrico
pos de argila, a partir desse processo, depende de dois fatores: (Fe3+); os átomos do ferro, nesse caso, perderam três elétron^
1. Composição dos silicatos parentais Os íons de ferro ferroso oxidam-sc pela perda adicional de um
elétron, mudando de 2+ (ferroso) para 3+ (férrico). Todos os óxi
2. Clima dos de ferro formados na superfície da Terra têm valência 3+. Os
elétrons perdidos pelo ferro são ganhos pelos átomos de oxigê
Por exemplo, a montmorillonita, um argilomineral que se nio, que se tomam íons de oxigênio (O2-). Assim, os átomos de
expande quando absorve grande quantidade de água, forma-se
oxigênio da atmosfera oxidam o íon ferroso, que então se con
tipicamente a partir do intemperismo de cinzas vulcânicas. Ela
verte no íon férrico.
é, também, um produto comum da alteração dc outros silicatos,
especialmente em ambientes semi-áridos, como os dos planal Quando o piroxênio - e outros minerais ricos em ferro - é
tos do Sudoeste Norte-Americano. Como resultam de uma exposto à água, sua estrutura de silicato dissolve-se, liberando
grande variedade de silicatos parentais, climas e, mesmo, de ar- sílica e ferro ferroso para a solução, onde o íon Fe2+ é oxidado
gilominerais, predizer o caminho do intemperismo dos silicatos para Fe3+ (Figura 7.8). A força da ligação química entre o íor.
até a formação de um argilomineral específico é uma tarefa pa férrico e o oxigênio resulta na insolubilidade do ferro férrico na
ra geólogos especializados e cientistas dos solos.
Nem todos os silicatos se alteram para formar argilomine-
rais. Aqueles que se alteram rapidamente, como alguns piroxê-
nios e olivinas, podem se dissolver completamente em climas Q O piroxênio de ferro
úmidos, não deixando nenhuma argila como resíduo. O quart dissolve-se e libera, na
zo, que apresenta uma das menores taxas de alteração dentre os solução, sílica e ferro
inúmeros silicatos, também se dissolve sem formar qualquer ar ferroso.
gilomineral. Piroxênio (PeSiOj)
A alteração dos silicatos pode formar outros materiais que
não sejam apenas os argilominerais. Um outro produto, por
exemplo, é a bauxita, um minério composto de hidróxido de
alumínio, que é a principal fonte de alumínio. A bauxita forma- ir
se quando os argilominerais derivados do intemperismo dos si
licatos continuam a se alterar até que tenham perdido toda a sua
sílica e outros íons que não os de alumínio. A bauxita é encon
trada em regiões tropicais, onde a chuva e o intemperismo são
intensos. 0 O ferro ferroso é oxidado
pelas moléculas de oxigênio
para formar ferro férrico.
O papel do oxigênio no intemperismo: dos
silicatos de ferro aos óxidos de ferro
O ferro é um dos oito elementos mais abundantes da crosta ter
restre, mas o ferro metálico, ou seja, o elemento químico na Ferro férrico
sua forma pura, é raramente encontrado na natureza. Ele está Q O ferro férrico combina-se
com a água para se
presente somente em certos tipos de meteoritos que caem na precipitar, a partir da
Terra vindos de outros lugares do sistema solar. A maior parte solução, como um óxido de @N
do minério de ferro utilizada para produzir ferro e aço é forma ferro sólido.
da pelo intemperismo. Esses minérios são compostos de óxi
dos de ferro originalmente produzidos durante o intemperismo
de silicatos ricos em ferro, como o piroxênio e a olivina. O fer
ro liberado pela dissolução desses minerais combina-se com o
oxigênio da atmosfera para formar óxidos de ferro. Essa rea
ção química é chamada de oxidação, porque é a combinação Óxido de ferro (hematita)
de um elemento com o oxigênio. Assim como a hidrólise, a Fe2O j
oxidação é um dos mais importantes processos do intemperis
mo químico. Figura 7.8 O percurso genérico das reações químicas pelas
O ferro pode estar presente nos minerais em três formas: fer quais um mineral rico em ferro, como o piroxênio, altera-se na
ro metálico, ferro ferroso ou ferro férrico. No ferro metálico, so presença de oxigênio e água.
Figura 7.9 Óxidos de ferro vermelhos e marrons colorem as rochas alteradas no Vale dos
Monumentos (Monument Valley), no Arizona (EUA). [Betty Crowell]
I | t - *ia das águas superficiais naturais. No entanto, ele se pre- O intemperismo físico em regiões áridas
p r "a. da solução formando um oxido de ferro sólido. Todos te
Os afloramentos rochosos alterados em regiões áridas são co
m - familiaridade com o óxido de ferro férrico em outra forma
bertos por um entulho de fragmentos de vários tamanhos, des
k k MTência: a ferrugem que é produzida quando um metal de
de grãos minerais individuais de somente poucos milímetros de
fc —: e exposto à atmosfera.
diâmetro até matacões de mais de 1 metro. A diferença de ta
E possível mostrar essa reação geral da alteração dos mine-
manho resulta cie uma variação dos graus de intensidade de in
~ -.cos em ferro pela seguinte equação: temperismo mecânico e dos padrões de fraturamento da rocha-
matriz. Quando o intemperismo físico atua, as partículas maio
i vpiroxênio + oxigênio —» hematita + sflica dissolvida res são rachadas e fragmentadas em pedaços menores. Alguns
4FeSi03 02 2F e,03 4SiO, desses fragmentos são separados ao longo de planos de fraque
za da rocha-matriz (Figura 7.10). Os grãos de areia formam-se
Embora a equação não mostre de forma explícita, a água é quando os cristais individuais de vários minerais, como o quart
I fc-r-sária para que ela ocorra. Os minerais de ferro, que são zo, desagregam-se dos demais ou quando rochas de grão fino,
amente onipresentes, alteram-se para as cores vermelha e como o basalto, desintegram-se.
m características do ferro oxidado (Figura 7.9). Os óxi- Embora o intemperismo físico seja a forma mais comum de
<*> ie ferro são encontrados como capas e incrustações que co intemperismo em regiões secas, mesmo aí o intemperismo quí
o solo e as superfícies meteorizadas das rochas que con- mico preparou o caminho. Uma leve alteração química do
■fcr -erro. Os solos vermelhos na Geórgia (EUA) e em outras feldspato e dos outros minerais enfraquece as forças coesivas
fc_ões quentes e úmidas6 são coloridos pelos óxidos de ferro. que mantêm juntos os cristais de uma rocha. Quando pequenas
b -rnerais de ferro alteram-se tão lentamente em regiões frias fissuras se formam e se alargam, cristais individuais de quartzo
M-r : ferro dos meteoritos congelados na Antártida encontra-se e feldspato são desagregados por uma combinação de altera
-e totalmente inalterado. ções físicas e químicas e caem no solo. As fraturas podem se
alargar e grandes blocos são separados do afloramento rochoso.
Figura 7.10 Padrões de juntas alargadas e alteradas, Figura 7.11 Organismos, como estas três raízes de árvores,
desenvolvidas em duas direções, nas rochas da Reserva Estadual penetram nas fraturas das rochas, alargando-as e promovendo
de Ponto Lobos (Point Lobos State Reserve), Califórnia (EUA). [Jeff ainda mais as alterações químicas e físicas. [Reter Kresan]
Foott/DRK]
B r :ragmentar-se como resultado de um ciclo diário de dias chedos das quedas-d’água e corredeiras. As ações de abrasão e
e noites frias num deserto, onde as temperaturas no cre- remoção feitas por geleiras também podem desintegrar massas
^ k c u lo podem variar de 43 a 15°C, em um intervalo de uma rochosas, como veremos no Capítulo 16. No Capítulo 18, abor
As rochas podem fragilizar-se com sua expansão no calor daremos como ondas com uma força igual a centenas de tone
B e riração no frio. A queima de campos e florestas tem mos- ladas por metro quadrado, ao se chocarem contra as falésias,
- ' que o fogo alastrado sobre uma rocha pode rachar a su- fraturam o substrato rochoso exposto.
fc rS rie dela. Várias simulações da fragmentação natural causa
d a rcr temperaturas extremas feitas em laboratório não têm
O intemperismo físico e a erosão
t 1- >borado essa hipótese. Entretanto, os apoiadores dessa
I b : - argumentam que o tempo de experimento em laboratório Como já foi enfatizado, o intemperismo e a erosão são pro
B ã r 'Uficicntementc equivalente aos milhares de anos neces- cessos interativos e muito relacionados. O intemperismo físi
■ : - para que o processo de expansão, no calor, e contração, co e a erosão estão estreitamente vinculados no modo como
■ ir . fragilize uma rocha, tomando possível seu fraturamen- o vento, a água e o gelo trabalham para transportar o material
^p . \ questão ainda não foi resolvida. alterado.
FATORES DO INTEMPERISMO
Há menos intemperismo, erosão e Há mais intemperismo, erosão e formação
1. Duração do intemperismo formação de solo quanto mais curto for de solo quanto mais longos forem os
o período de tempo períodos de tempo
2. Tipo de substrato rochoso Mais minerais estáveis (p. ex., quartzo) Menos minerais estáveis (p. ex., feldspato)
resultam em intemperismo menos intenso resultam em intemperismo mais intenso
Quantidade Pouca chuva (menos dissolução de Muita chuva (mais dissolução de minerais,
de chuva minerais, intemperismo físico, produção de argilominerais, produção de
fragmentação e erosão) partículas de pequeno tamanho e erosão)
Acidez da chuva Baixa acidez (menos dissolução de Alta acidez (mais dissolução de minerais e
minerais e intemperismo físico) produção de argilominerais)
4. Relevo Encosta íngreme Menos intemperismo químico Mais intemperismo físico, mais erosão
* - estão detalhados nos Capítulos 12 a 16, contribuem para quenas tiras, lentes e crostas. A camada inferior, o horizonte C.
i formação de diferentes tipos de paisagem (Capítulo 17). é o substrato rochoso levemente alterado, fragmentado e de
composto, misturado com a argila do intemperismo químico. A
transição de um horizonte para outro geralmente é indistinta.
Os solos são descritos como sendo residuais ou transporta
Solo: o resíduo do intemperismo dos." Os primeiros evoluem num mesmo lugar desde o emba
samento rochoso até os horizontes de solo bem desenvolvidos.
Sen todos os produtos do intemperismo são erodidos e imedia- A maioria dos solos é residual e forma-se mais rápido e adqui
tErente carregados pelas correntes ou por outros agentes de re maior espessura onde o intemperismo é intenso. Mesmo sob
■nr.'porte. Em encostas moderadas e suaves, nas planícies e forte intemperismo, o horizonte A pode levar milhares de anos
s_' terras baixas, uma camada de material alterado, heterogê- para se desenvolver até o ponto em que é capaz de suportar o
t e desagregado permanece sobreposta ao substrato rochoso. plantio. Os solos formam-se lentamente porque o intemperismo
pode incluir partículas da rocha-matriz alterada e sã, de ar- químico mais ativo ocorre somente durante os curtos intervalos
çi' minerais, de óxidos de ferro e de diversos metais, bem co chuvosos. Durante os períodos secos, as reações continuam,
a s ie outros produtos do intemperismo. Engenheiros e traba- mas muito devagar e somente quando alguma umidade perma
■_Jores da construção civil referem-se a toda essa camada co nece no solo. Quando o solo fica totalmente seco entre as chu
r » “solo”. Os geólogos, entretanto, preferem a designação de vas, o intemperismo químico cessa quase por completo.
- -. dito, reservando o termo solo para a fina camada do topo, a Os solos transportados são comuns e podem acumular-se
— 1contém matéria orgânica e pode suportar a vida. Podemos em algumas áreas restritas das terras baixas, após terem sido
^r.lmente ver a diferença entre regolito e solo se considerar erodidos das encostas do entorno e carregados morro abaixo.
mos que o primeiro é encontrado na Lua, onde se constitui co- Esses solos devem sua espessura mais à deposição do que ao
ua uma camada desagregada de fragmentos rochosos e pó, intemperismo do lugar e, em alguns casos, partes do perfil de
-- io muito estéril. Ele contém pouca ou nenhuma matéria or- solo original das terras altas são preservadas. Eles podem ser
pziica e não pode suportar a vida. A matéria orgânica no solo confundidos com os sedimentos usuais depositados pelos rios.
- Terra é o húmus, o produto dos resíduos e dos restos de ventos e gelo. Mas, freqiientemente, são reconhecidos pela tex
■ i l T plantas, animais e bactérias que nele vivem. Restos de tura e composição, que se assemelham mais aos solos do que
_-as, por exemplo, contribuem significativamente para o solo aos sedimentos comuns.
.es florestas.
A cor dos solos é variável, desde o vermelho e marrom in-
n s » dos solos ricos em ferro até o preto de solos ricos em ma-
Clima, tempo e grupos de solos
=ra orgânica. Os solos também variam de textura. Alguns são O clima afeta intensamente o intemperismo e, portanto, tem
-ep.etos de seixos e areia; outros são compostos quase que in- grande influência nas características do solo formado em qual
eramente de argila. Os solos são facilmente erodíveis e, por is- quer tipo de rocha-matriz. Por exemplo, os solos de uma região
hl não se formam em encostas com alta declividade, onde as quente e úmida diferem daqueles de uma região árida e tempe
atas altitudes ou o clima frio inibem o crescimento de vegetais. rada. Os cientistas do solo têm mapeado as características do
O solo, por ser uma parte essencial do meio ambiente e da solo em grande parte do mundo, com a esperança de prevenir a
r- nomia, tomou-se um campo de estudo separado, a ciência erosão do mesmo e promover práticas agrícolas eficientes. Pa
fc solo, desenvolvida no século XX. Os cientistas do solo, bem ra nossos propósitos, podemos distinguir três grupos principais
- mo agrônomos, geólogos e engenheiros, estudam a composi- de solo —pedalfer, laterito e pedocal —com base na sua minera-
_i: e a origem do solo, sua aptidão para a agricultura e a cons- logia e composição química, as quais também podem ser corre
r.-ão e seu valor como registro das condições climáticas do lacionadas com o clima (ver Figura 7.16).
rasado. Muitos cientistas estão concentrando especial atenção
i-ií maneiras de combater a séria ameaça da erosão do solo (ver Clima temperado: grupo pedalfer As características dos so
~«_idro 7.1). los de regiões com chuva e temperatura moderadas dependem
do clima, do tipo de rocha-matriz e do intervalo de tempo que o
solo teve para se desenvolver e espessar. Tanto o intemperismo
=erfis de solo intenso como a longa exposição à meteorização diminuem a in
- m corte de estrada ou trincheira num solo revela sua estrutura fluência da rocha-matriz. Por isso, um solo desenvolvido em
irrical, o perfil de solo (Figura 7.16). A camada superior do clima úmido com temperaturas moderadas sobre um embasa
* o. em geral com espessuras de 1 até 2 metros, é comumente mento de granito, num intervalo de tempo relativamente curto,
* —.ais escura, contendo a maior concentração de matéria orgâ- pode diferir muito de um solo formado em um calcário sob as
. i. Essa camada superior é conhecida como horizonte A (um mesmas condições, pois a influência da rocha-matriz permane
' S el particular numa secção de rocha é costumeiramente cha- ce grande. O solo do granito pode conter remanescentes de mi
Tado de “horizonte” 10). Num solo espesso que se formou du- nerais silicosos e ser dominado por argilominerais formados a
BDte um longo período de tempo, os componentes inorgânicos partir do feldspato, um constituinte essencial da rocha-matriz.
je<sa camada de topo são predominantemente a argila e os mi- O solo do calcário pode ter poucos remanescentes do carbona
:erais insolúveis, como o quartzo. Os minerais solúveis foram to de cálcio, mas a maioria dos fragmentos de calcário terá sido
i :viados dessa camada c, sotoposta a ela, está o horizonte B, dissolvida. Os argilominerais serão principalmente aqueles en
ede a matéria orgânica é esparsa. Nesta camada, os minerais contrados como impurezas no calcário parental. Depois de
-diíveis e os óxidos de ferro podem ter se acumulado em pc- muitos milhares de anos, entretanto, as diferenças entre os dois
186 Para Entender a Terra
Horizonte A
Clima temperado
Horizonte B
Clima seco
PEDALFER
Húmus e solo PEDOCAL
lixiviado (quartzo LATERITO
e argilominerais Camada de húmus Húmus e
presentes) delgada ou ausente solo lixiviado
Figura 7.16 Perfis de solos. A espessura do perfil de solo mais ocasionalmente, o quartzo. Todos os materiais solúveis,
depende do clima, do tempo de formação do solo e da inclusive a sflica, que é relativamente insolúvel, são lixiviados;
composição da rocha-matriz. A transição de um horizonte para assim, todo o perfil de solo pode ser considerado como um
outro é geralmente gradativa, (a) Perfil de solo pedalfer horizonte A sobrepondo-se diretamente num horizonte C. (c)
desenvolvido em um granito numa região de chuva intensa. Os Perfil de solo pedocal desenvolvido em substrato sedimentar
únicos materiais da camada superior do perfil do solo são os numa região de pouca chuva. O horizonte A é lixiviado; o
óxidos de ferro e de alumínio e silicatos, como o quartzo e horizonte B é enriquecido em carbonato de cálcio precipitado
argilominerais, todos bastante insolúveis, (b) Perfil de solo laterito pela evaporação da água do solo. [Foto cortesia do
desenvolvido em rocha ígnea máfica numa região de clima Departamento de Indústrias Primárias (Department of Primary
tropical. Na camada superior, somente os precipitados mais Industries), Victoria, Austrália]
nsolúveis, como os óxidos de ferro e de alumínio, permanecem e,
C A PÍTU LO 7 • Intemperismo e Erosão 187
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7.1 Erosão do solo Apesar da grande difusão de técnicas agrícolas como essa.
os solos continuam a ser erodidos muito mais rapidamente do
A ntes de os colonizadores estabelecerem suas fazendas nas que a sua reposição. Em algumas regiões dos Estados Unidos
“ \pradarias dos Estados Unidos e do Canadá no século XIX, e do Canadá, mais de 24,7 toneladas de solo arável em cada
as solos eram moderadamente espessos. Eles se formaram de hectare de terra cultivada são perdidas anualmente. Somente
~ado relativamente rápido nessa área porque a glaciação que nos Estados Unidos, 2 bilhões de toneladas da camada arável
rerminou há cerca de 10 mil anos favoreceu a abundante de- são perdidos pela erosão a cada ano - duas vezes a quantida
::$ição de material fragmentado e facilmente alterável do de de solo formado no mesmo período. Uma perda nessa es
-òstrato. Mas os solos formam-se muito lentamente; mesmo cala é equivalente à destruição de 1.927.353,6 hectares de
r — regiões de rápido intemperismo, podem avançar em taxas terra agricultável. Perdas comparáveis estão ocorrendo em ou
ssixas de até 2 mm por ano. tras regiões agrícolas do mundo, incluindo as estepes da Rús
Como a formação dos solos envolve um longo tempo, eles sia, partes da África e a dizimação de florestas tropicais em
-§o podem ser renovados rapidamente depois de terem sido Madagascar e no Brasil. Os custos diretos e indiretos da ero
3T>didos. Há um certo equilíbrio entre a erosão natural mode- são do solo são estimados como sendo de U S$44 bilhões nos
~:Z2 dos solos, feita pelo escoamento da água e pelos ventos, Estados Unidos e U S $400 bilhões no mundo inteiro. Se tais
i = enta formação de novos solos. Se o solo se forma e erode perdas persistirem neste novo século, a agricultura em solos
e - taxas aproximadamente semelhantes, sua espessura perma- delgados terá redução do rendimento, com o inevitável aban
-ece constante. Se ele erode mais lentamente do que se for- dono dessa atividade nas regiões mais seriamente afetadas. E,
t k sua espessura aumenta. Se erode muito mais rapidamente uma vez perdido, o solo leva milhares de anos para se formar
: a que se forma, o novo solo não tem oportunidade de se de- novamente. A estimativa e a previsão da erosão do solo são a
renvolver e o solo existente é rapidamente perdido. base das decisões políticas para o uso de métodos agrícolas
Como regra geral, são necessários 30 anos para se for- adequados para manter a agricultura em níveis sustentáveis,
_ arem 2,54 cm da camada de topo. Contudo, esse intervalo como também para preservar a cobertura de solo da Terra.
: ode ser perdido em menos de uma década como resultado
re orâticas agrícolas equivocadas e pastagem excessiva. A agri-
rJtura acelera a erosão porque a aradura desagrega o solo e
r ~ina a cobertura natural de vegetais resistentes à erosão. A
rresão do solo tem sido particularmente intensa em muitas re-
rõ e s do mundo. Uma delas é a das pradarias norte-america-
-=s. onde a lavra do solo tem sido muito profunda e as práticas
fle conservação vêm sendo ignoradas há bastante tempo. Os
solos desagregados foram adelgaçados e carregados pelos
tos da região. As pradarias são, agora, vulneráveis ao incre-
~ento da erosão quando tempestades de pó têm lugar nos
:<~gos períodos de seca (ver Capítulo 15).
O plantio em curvas de contorno pode diminuir o dano
re.sado pela agricultura. Essa prática cobre o terreno com
. ~a sulcagem sinuosa que procura seguir o contorno das cur-
3s de nível das encostas naturais, ao invés de fazê-la paralela
=:s limites da propriedade, que podem cruzar a encosta em
r_=lquer direção. O plantio em curvas de contorno inibe a ero
sãO' porque boa parte da água da chuva é conduzida ao longo
co sulco de contorno ao invés de escorrer diretamente encos-
ca abaixo. Erosão do solo em Madagascar. [Peter johnson/Corbis]
■ a> podem diminuir ou mesmo desaparecer. Ambos podem Áreas com chuvas moderadas a altas, como no Leste dos
^penvolver os mesmos argilominerais, dependendo da exata Estados Unidos, parte do Canadá e grande parte da Europa, são
■-i-reza do clima, e terão perdido todos os minerais solúveis o lugar ideal do grupo de solos pedalfer (ver Figura 7.16a). Es
— .amadas superiores. Assim, solos jovens são afetados pe- se nome deriva da palavra grega pedon. que significa “chão” ou
a .: reposição da rocha-matriz, mas solos antigos, principal- “solo”, e dos símbolos dos elementos químicos alumínio (Al) e
nec:e pelo clima. ferro (Fe). As camadas superior e intermediária do pedalfer
contêm abundantes minerais insolúveis, como o quartzo, argi-
1g8 Para Entendera Terra
1 'minerais e produtos da alteração do ferro. Carbonatos e ou- tender o clima antigo e, mesmo, para quantificar a concentr-
tr s minerais mais solúveis estão ausentes. O grupo pedalfer ção de dióxido de carbono e oxigênio na atmosfera de époc
reúne bons solos para a agricultura. passadas. A mineralogia de paleossolos de bilhões de anos ati
fornece evidências de que não houve oxidação dos solos n
Climas úmidos: grupo dos lateritos Em climas quentes e primeiros estágios da história da Terra e de que, portanto, o ox
úmidos, o intemperismo é rápido e intenso e os solos tomam-se gênio ainda não tinha se tomado em um dos principais eleme
espessos. Quanto maior a temperatura e a umidade, mais luxu tos da atmosfera.
riante a vegetação. Umidade, temperaturas altas e abundância
de vegetação aceleram tanto o intemperismo químico, que a ca
mada superior do solo é lixiviada de todos os minerais solúveis
e facilmente alteráveis. O resíduo desse rápido intemperismo é umanos como agentes do
o laterito, um solo vermelho profundo no qual o feldspato e
outros silicatos foram completamente alterados, deixando para emperismo
trás, predominantemente, óxidos de ferro e alumínio e hidróxi
dos (ver Figura 7.16b). Nos lateritos, a sílica e o carbonato de As pessoas têm uma tendência a não se considerarem parte
cálcio foram lixiviados. Embora esses solos possam sustentar paisagem natural, embora o sejam. Os humanos são respons.
uma luxuriante vegetação, como as florestas equatoriais, não veis pela chuva ácida, a qual intensifica o intemperismo quín
são muito produtivos para o plantio. A maior parte da matéria co. Este é promovido pelo intemperismo físico, e os human
orgânica é constantemente reposta na superfície pela vegetação, aceleram ambos os processos por meio de suas inumeráveis a'
o que chega a produzir, no máximo, uma delgada camada de vidades de desagregação das rochas, desde a escavação de fu
húmus no topo do solo. O desmatamento e o cultivo do solo fa dações de edifícios e construção de rodovias até as enorm
zem com que essa camada superficial rica em húmus oxide-se operações de mineração. Estima-se que somente a construç'
rapidamente e desapareça, deixando a descoberto o infértil ho de rodovias mova, por ano, 3 mil trilhões de toneladas de roc.
rizonte sotoposto. e solo.14
Por essa razão, muitos lateritos só podem ser cultivados in Os solos podem armazenar a poluição por um longo perí
tensivamente durante poucos anos, até se tomarem estéreis e do de tempo depois de terem sido contaminados por derram
serem abandonados. Grandes regiões da índia encontram-se, mentos de materiais tóxicos. Os contaminantes infiltram-se v
agora, nessa condição. Quando algumas áreas da floresta da garosamente a partir do solo até as águas subterrâneas e super
Amazônia,12 no Brasil, são desmatadas, elas também se tomam ficiais. Os humanos têm, também, dispersado sal no solo, pes
inférteis em poucos anos. O reflorestamento de solos lateritos ticidas e derivados do petróleo, os quais podem interferir sign
em condições naturais levaria muitos milhares de anos.13 ficativamente no crescimento dos vegetais e, assim, acelerar
erosão.
Climas secos: solos do grupo pedocal Escassez de água e au
sência de vegetação dificultam a ação do intemperismo, de mo
do que os solos, nas regiões áridas, são delgados. Em áreas frias
e secas, onde o intemperismo químico é muito lento, a influên intemperismo gera a matéria-
cia da rocha-matriz é preponderante, mesmo quando os solos se
formaram num longo período de tempo. Como resultado, o ho ima dos sedimentos
rizonte A contém muitos minerais inalterados e fragmentos da
rocha-matriz. Quando a chuva é esparsa demais para dissolver O solo é apenas um dos vários produtos do intemperismo.
quantidades significativas de minerais solúveis, os mesmos po processos que decompõem e desintegram as rochas produzem
dem permanecer no horizonte A. fragmentos que variam muito em tamanho e forma, desde gran
Os pedocais são os solos dominantes nas regiões áridas. des matacões de 5 m de diâmetro até pequenas partículas tão fi
Eles são ricos em cálcio, derivado do carbonato de cálcio e de nas que não podem sequer ser vistas sem um microscópio. Par
outros minerais solúveis neles contidos, e pobres em matéria tículas maiores que um grão de areia muito grosso (2 mm dc
orgânica. Os pedocais são encontrados no Sudoeste dos Esta diâmetro) tendem a ser fragmentos contendo grãos minerais dc
dos Unidos e em climas similares. A maior parte da água do rocha-matriz. As partículas de areia e silte são, em geral, grão
solo está próxima da superfície e evapora no período entre as cristalinos individuais de qualquer dos vários minerais forma
chuvas, deixando para trás nódulos e concreções de precipita dores da rocha (Figura 7.17). As partículas mais pequenas de
dos de carbonato de cálcio, predominantemente no horizonte material alterado são os grãos finos de argilominerais produzi
intermediário. A combinação da mineralogia e da aridez é pou dos pela alteração química de silicatos. Uma certa massa de
co favorável para uma grande população de organismos do so granito, por exemplo, é desintegrada pelo intemperismo nas se
lo. tomando os solos desse grupo menos férteis que aqueles do guintes classes de materiais:
grupo pedalfer. • Fragmentos de rocha e mineral que ainda são identificáveis co
mo pertencentes à rocha-matriz;
Paleossolos: investigando o clima antigo a partir do solo
Atualmente, tem havido muito interesse nos solos antigos que • Produtos sólidos da alteração química, tais como argilomine
foram preservados como rochas no registro geológico. Alguns rais e óxidos de ferro;
têm idades de mais de 1 bilhão de anos. Esses paleossolos, co
mo são chamados, estão sendo estudados como guias para en • íons dissolvidos nas águas da chuva e do solo.
CAPÍTULO 7 • Intemperismo e Erosão 189
: entrado em climas temperados; grupo dos lateritos, encontra 2. No norte de Illinois, você pode encontrar dois solos desen\
do nos trópicos úmidos; e grupo pedocal, que se forma em cli vidos em um mesmo tipo de substrato rochoso: um tem 10 mil an ■
mas quentes e secos. o outro, 40 mil anos. Que diferenças você esperaria encontrar em -
composições ou perfis?
3. Qual das duas rochas você esperaria que se alterasse mais rápide
Conceitos e termos-chave granito ou o basalto? Que fatores influenciaram sua escolha?
4. Considere que um granito com cristais de cerca de 4 mm de diãi.
• acunhamento do gelo (p. 182) • horizonte B (p. 185) tro e com um sistema retangular de juntas espaçadas aproximadam
• alteração esferoidal • horizonte C (p. 185) te de 0,5 a 1 m esteja se alterando na superfície terrestre. Que tama:
geral você esperaria encontrar para a maior partícula alterada?
(p. 183) • húmus (p. 185)
5. Compare a alteração de duas rochas: (A) um basalto rico em v:_
• bauxita(p. 180) • intemperismo (p. 171) vulcânico, com cristais muito pequenos de piroxênio e feldspato i
• caulinita(p. 175) • intemperismo físico (p. 171) em cálcio com cerca de 0,5 mm de diâmetro; e (b) um gabro com e
• erosão (p. 171-172) tamente a mesma composição mineral, mas com cristais maiores c:
• intemperismo químico (p. 171)
mm de diâmetro. O que você poderia dizer sobre a velocidade de
• esfoliação (p. 183) • junta (p. 182) ração nessas duas rochas?
• estabilidade química (p. 179) • laterito(p. 188) 6. Por que você esperaria que uma rodovia localizada em uma re;
• ferro férrico (p. 180) • oxidaçãofp. 180) úmida e fria e feita de concreto, que é uma rocha artificial, mostra
• ferro ferroso (p. 180) tendência a rachar e desenvolver uma superfície rugosa e desnivel
• pedalfer(p. 187) mesmo não estando sujeita ao tráfego pesado?
• hematita (p. 180) • pedocal (p. 188) 7. A pirita é um mineral no qual o ferro ferroso está combinado c
• hidrólise (p. 175) • regolitoíp. 185) o íon sulfeto. Qual o principal processo químico de alteração da -
• horizonte A (p. 185) rita?
• solo (p. 173)
8. Ordene as rochas a seguir de acordo com a rapidez com
elas se alteram num clima úmido e quente: um arenito de puro qu^r
Exercícios zo, um calcário de pura calcita, um granito c um depósito de sal-ge
(halita, NaCl).
9. Que diferenças você espera encontrar entre a alteração de uma
Este ícone indica que há luna animação disponível no sítio ele
S
C O N tC M K t
trônico ique rpode ajudá-lo
j
na resposta.
r
vina magnesiana pura (Mg2S i04) c a de uma oüvina ferrosa (Fe2SíC
pura?
1. O que as diversas rochas utilizadas nos monumentos podem nos di 10. Como se parecería o mundo se não houvesse o intemperismo
zer sobre o intemperismo? sua superfície?
2. Quais minerais formadores de rocha encontrados em rochas ígneas 11. Vá até um cemitério e descreva, em um texto de uma página__
alteram-se para argilominerais? evidências visíveis da alteração de diferentes tipos de rochas utiliza^
nas lápides. Se você não encontrar tais evidências, explique por qu;
3. Como a chuva abundante afeta o intemperismo?
4. Qual das duas rochas altera-se mais rápido, o granito ou o calcário?
5. Como o intemperismo físico influencia o intemperismo químico?
6. Como o clima influencia o intemperismo químico?
Investigue você mesmo
7. Quais são os principais fatores que controlam a formação Como
dos se formam as estruturas hoodoos!
diferentes tipos de solo?
Como explicado neste capítulo, os processos dos intemperismos
8. O que acelera a erosão do solo? mico e físico reforçam-se mutuamente. As estruturas hoodoos (um
mo geológico técnico) são pináculos de rocha caprichosamente es
pidos e matacões equilibrados resultantes do intemperismo tanto
mico como físico, comuns em climas secos. O Canyon Bryce,
Questões para pensar Utah (EUA), é um parque nacional em grande parte devido à sua es:-:
tacular exibição de hoodoos (ver a fotografia no texto do sítio eletrc*
co). Os hoodoos tipicamente se formam cm rochas sedimentares i.
Este ícone indica que há uma animação disponível no sítio ele
mo em Bryce), tufos vulcânicos e granitos. Um conjunto de fratur.
trônico que pode ajudá-lo na resposta.
C O -fC M JB ' verticais (juntas) é também um pré-requisito para que os hoodoos
1. Você está planejando utilizar lajotas decorativas de calcário polido senvolvam-se bem.
para erigir monumentos na cidade de Tucson, Arizona (uma região de No Canyon Bryce, siltitos e calcários formados no leito de um ai
clima árido e quente), e em Seattle, Washington (uma região chuvosa tigo lago estão expostos ao longo da borda do Planalto Paunsaugunt -
e fria». Como você acha que vai ficar a aparência de cada um desses erosão regressiva na borda do planalto criou um labirinto de hoodo
monumentos daqui a cem anos? O derretimento da neve e intensas tempestades de verão geraram ua
CAPÍTULO 7 • Intemperismo e Erosão 191
emento que rapidamente erodiu os sedimentos moles. Dada a Lepsch, I. F. 2002. Formação e conservação dos solos. São Paulo:
• altitude do planalto, muitos dias de condições de congelamen- Oficina de Textos.
: degelo também contribuíram para o intemperismo físico. A borda Primavesi, A. 2002. Manejo ecológico do solo: agricultura em re
: malto está retrocedendo a uma taxa de 23 a 122 centímetros a ca- giões tropicais. São Paulo: Nobel.
O anos, a qual foi baseada em estudos de ancis de crescimento de
res impactadas pela erosão da borda.
Como os hoodoos do Canyon Bryce se formaram? Por que os hoo-
' e a maioria das rochas alteradas são tipicamente arredondados? Notas de tradução
que grau o intemperismo físico contribui com o intemperismo quí-
Explore as repostas dessas questões no texto publicado no se- 1Em português, meteorização e também alteração, que têm fle-
sítio eletrônico da Web: http://www.wMreeman.com/understan- xões em várias formas gramaticais, são sinônimos de intemperis-
earth.15 mo, que não têm a forma verbal. Por isso, é preferível utilizar o
primeiro vocábulo para expressar o processo. Mas. contraditoria-
mente, meteorização tem sido cada vez menos utilizada na lite
ratura técnica, de sorte que haveria a necessidade de se criar as
Sugestões de leitura flexões de intemperismo, como o verbo intemperizar. para dar
conta dos vários sentidos do vocábulo. Seguiremos, aqui, utili
Blatt, H. 1992. Sedimenlary Pettvlogy. 2d ed. New York: W. H. zando intemperismo, quando se trata do processo em geral, e al
teração, quando for necessário expressar a ação do intemperis
~_rroll, D. 1970. Rock weathering. New York: Plenum. mo - a chuva altera (ou meteoriza, mas não intemperiza, pois
I Iman, S. M., and Dethier, D. P. 1986. Rates o f Chemical Weathe- não existe essa forma) a rocha - ou o seu resultado - rocha alte
■Rocks and Minerais. New York: Academic Press. rada (ou meteorizada).
:_uri. K. L. 1978. The preservation of stonc. Scientific American 2 O texto do presente livro, por ser introdutório, traz eventualmente
: 126 algumas simplificações. Nem todas as argilas são geradas por pro
Loughnan, F. C. 1969. Chemical Weathering ofthe Silicate Mine- cessos do intemperismo: processos geológicos que ocorrem em bai
New York: Elsevier. xas temperaturas, ligados à colocação de magmas na crosta e a pro
dartini, I. P., and Chesworth, W. (eds.). 1992. Weathering, Soils cessos metamórficos, podem originar argilominerais.
-sleosols. New York: Elsevier. 3 Entretanto, a moagem do café em um diâmetro fino demais pode ser
•_hon, D. B. 1991. Introduction to the Pettvlogy o f Soils and Che- menos eficiente para a solubilização da cafeína e de outras substân
? ■ Weathering. New York: Wiley.
cias. Isso porque a água, ao escoar pelos interstícios granulares, po
-etallack, G. J. 1990. Soils o f the Past. Boston: Unwin Hyman. de abrir canalículos preferenciais, em vez de infiltrar-se por toda a
rede intergranular. Portanto, há uma granulometria ideal de moagem
do café. Para as máquinas de café expresso, feito sob pressão do va
por, por exemplo, é utilizado um grão mais grosso que o da filtra
Sugestões de leitura em português gem gravitacional.
4 Este é um processo de equilíbrio termodinâmico: se duas soluções
-mpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. 1999. Sistema bra com concentrações diferentes de um mesmo soluto (CO,) forem co
de classificação de solos. Rio de Janeiro: Embrapa. locadas em contato, a tendência é que o soluto distribua-se unifor
memente nas duas.
'-imieri, F. e Larach, J. O. I. 1998. Pedologia e geomorfologia. In:
. A. J. T. e Cunha, S. B. da (eds.). 1998. Geomorfologia e meio 5 Considerada a atividade vulcânica atual.
nte. Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil. p. 59-122. 6 Como grande parte dos solos vermelhos no Brasil.
? rio, C. G. 1996. Intemperismo em regiões tropicais. In: Guerra. 7 É freqüente. na Europa e na América do Norte, o uso de placas de ar-
J. T. e Cunha, S. B. da (eds.). 1996. Geomorfologia e meio ambien- dósia e mesmo de madeira como cobertura de habitações.
’ . o de Janeiro: Bertrand-Brasil. p. 25-58. 8 O mesmo que fraturas das rochas.
S .guio, K. 2003. Geologia sedimentar. São Paulo: Edgar Blucher. 9 Em inglês, frost wedging. Para partir um bloco de rocha, o pedreiro
7--erra, A. J. T. 1999. Erosão e conservação dos solos: conceitos, faz um acunhamento ao longo de uma fissura e vai batendo nas cu
-■ e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil. nhas até atingir o objetivo. De forma análoga, a água. ao congelar-
2 Agostini, L. R. 1999. Erosão: o problema mais que o processo, se nas fraturas, forma cunhas de gelo (ice wedge). A expansão gera
anópolis: Edufsc. da pelo congelamento ocasiona o processo de acunhamento do ge
> Iva, A. M. da. e Schulz. H. E. e Camargo, P. B. de. 2003. Erosão lo, partindo a rocha.
. . - ssedimentologia em bacias hidrográficas. São Paulo: Rima. 10 O termo “horizonte” tem sido tradicionalmente utilizado para
2 garella, J. J., Becker, R. D. e Santos, G. F. 1994. Estrutura e ori- descrever estruturas ou níveis de rochas e depósitos sedimenta
c.is paisagens tropicais e subtropicais: fundamentos geológicos res. Em rochas ígneas e metamórficas não-acamadas. o termo é
. • sficos, alteração química e física das rochas, relevo cárstico e mais comumente empregado para referir-se apenas às estruturas
co (v.l). Florianópolis: Editora da UFSC. horizontais ou quase horizontais resultantes de processos do in
~ ledo, M. C.. Oliveira. S. B. B. de, e Melfi. A. J. 2000. Intempe- temperismo.
e formação do solo. In: Teixeira, W., Toledo, M. C. M. de, Fair- 11 “Solo residual” é um conceito utilizado por geólogos mais do que
T. R.; e Taioli, F. (orgs.) 2000. Decifrando a Terra. São Paulo: por pedólogos para diferenciar o regolito resultante da alteração da
- de Textos, p. 139-166. rocha subjacente do regolito formado pela deposição de materiais
192 Para Entender a Terra