Linha de Base Do Sector EconomicoProdutivo Lubango
Linha de Base Do Sector EconomicoProdutivo Lubango
Linha de Base Do Sector EconomicoProdutivo Lubango
Julho 2013
FICHA TÉCNICA
Título
Organização
Coordenação Institucional
Autor
Assistentes de Pesquisa
Irina Ferreira
Julho 2013
1
ACRÓNIMOS E SIGLAS
2
LISTA DE GRÁFICOS, MAPAS E TABELAS
GRÁFICOS PÁGINA
Gráfico 1 Município do Lubango: população por Comuna e Sexo 22
Gráfico 2 Município do Lubango: população por sexo 22
MAPAS
Mapa 1 Província da Huíla 16
Mapa 2 Divisão administrativa do município do Lubango 18
TABELAS PÁGINA
Tabela 1 Operadores informais e precários entrevistados 13
Tabela 2 Distribuição da superfície territorial e número de habitantes nos
16
Municipio da Provincia da Huíla
Tabela 3 Distribuição da População da Comuna Sede por sexo e escalão
19
etário
Tabela 4 Distribuição da População da Comuna do Hoque por sexo e
20
escalão etário
Tabela 5 Distribuição da População da Comuna da Huíla por sexo e
20
escalão etário
Tabela 6 Distribuição da População da Comuna da Arimba por sexo e
21
escalão etário
Tabela 7 Distribuição da População da Comuna da Quilemba por sexo e
21
escalão etário
Tabela 8 Produtos agrícolas – Campanha Agrícola 2012/2013 25
Tabela 9 Associações e cooperativas existentes no município do Lubango 27
Tabela 10 Associações de Camponeses no Município do Lubango – Junho a
27,28,29,30
Agosto de 2012
Tabela 11 Cooperativas agrícolas no município do Lubango 31
Tabela 12 Materiais de origem mineira (Britadeiras, Arreeiros e Cerâmicas) 34
Tabela 13 Empresas licenciadas durante o ano de 2011 35
Tabela 14 Actividade económica de pequena escala nas Comunas da Huíla
39, 40, 41
e Arimba
Tabela 15 Quadro de Emissão de Cartões para actividade comercial
45
informal
Tabela 16 Operadoras do Transporte Colectivo Intermunicipal 50
Tabela 17 Operadoras do Transporte Colectivo Interprovincial 51
Tabela 18 Hóteis em funcionamento 53
Tabela 19 Taxas médias de câmbio nos mercados Formal e Informal da
58
cidade do Lubango
3
RESUMO EXECUTIVO
O Estudo de Linha de Base sobre o Município do Lubango foi desencadeado pelo Fundo de Apoio
Social (FAS),no quadro da implementação da Componente 2 do Projecto de Desenvolvimento
Local (PDL). O estudo de linha de base teve como objectivo conhecer mais profundamente a
realidade do sector económico e produtivo do município do Lubango, servindo como base para a
tomada de decisões sobre as áreas económicas prioritárias, bem como para o desenvolvimento do
município no geral.
As principais limitações que se colocaram à realização deste estudo foram, na maior parte dos
casos, a inexistência e, noutros casos, as contradições, inexactidão e desactualização de alguns dos
dados fornecidos pelos diferentes sectores do governo. Este facto impediu que a caracterização
quantitativa esperada ficasse por concretizar relativamente a alguns dos objectivos específicos,
nomeadamente a caracterização do mercado de trabalho e a caracterização da estrutura
económica sectorial e respectivas segmentações.
No quadro da sua lógica de elaboração participativa, o estudo foi objecto de validação na Reunião
Ordinária do CACS ao nível municipal, realizada no dia 5 de Junho de 2013, que foi presidida pelo
Sr. Administrador Municipal do Lubango. Do referido encontro saíu um conjunto de informações
adicionais, actualizações, recomendações e sugestões que foram generalizadamente acolhidas no
presente relatório.
4
segmento de importância elevada, nomeadamente em ordem à criação de uma base sustentável
de segurança alimentar. A produção de cereais, de frutícolas (pomares de laranjas, tangerinas,
goiabas e mangas) e hortícolas assegura, a par da produção bovina e caprina, a subsistência dos
agregados familiares e é parcialmente direccionada para o mercado, constituindo a principal fonte
de rendimentos das famílias e dos seus membros. A actividade económica praticada no município
é maioritariamente de carácter familiar e artesanal, sendo reduzidas as áreas e níveis de
intervenção do segmento empresarial. Um grau crescente de associativismo e de produção
cooperativa tem vindo a emergir nos sectores agrícola e pecuário, ainda que essas estruturas
organizativas se confrontem com diversos constrangimentos, ligados aos direitos de propriedade e
ao acesso aos recursos financeiros e técnicos indispensáveis a uma gestão produtiva dos negócios
e actividades. Apesar da presença de Instituições como a UNACA, o IDA, a EDA, o INAPEM, a
provisão de serviços de apoio ao sector económico e produtivo, no Município do Lubango, é
insuficiente.
A actividade industrial tem vindo a crescer no município do Lubango, apesar de Inputs de base,
importantes para a produtividade e viabilidade da actividade económica, como o acesso a energia
e a água, não serem ainda objecto de abastecimento regular , o que constitui um factor
dificultador da instalação da actividade transformadora e faz aumentar os custos de produção,
criando problemas de competitividade aos segmentos de actividade. Também a indústria
extractiva (granito negro, areias, calcário, etc.) bem como a actividade comercial e a prestação de
serviços, quer com carácter formal quer informal, constituem os outros segmentos de actividade
geradores de ocupação produtiva e de rendimentos para a população do município. Existem no
município, algumas actividades de transformação com carácter artesanal, relacionadas com a
panificação, fabricação de doçaria, fabricação de enchidos caseiros e com o artesanato de base
local.
O município do Lubango beneficia da localização na sua comuna sede da maior parte das infra-
estruturas económicas (aeroporto, caminho-de-ferro, rede viária) e sociais (escolas, unidades de
saúde, unidades de uso cultural e lazer) da Província da Huíla, o que constitui um elemento
potencialmente dinamizador da actividade económica. Um dos sectores que mais pode beneficiar
dessa concentração é o sector da hotelaria e turismo, também favorecido pela localização no seu
território de alguns dos mais emblemáticos locais turísticos da Província.
O município, tal como a Província da Huíla em geral, confronta-se com a escassez da oferta de
ocupação formal, pública e privada, resultando daí o ingresso de parte significativa da população
nas actividades informais, nomeadamente no sector comercial e na prestação de serviços
mercantis, constituindo assim uma importante fonte de ocupação e de geração de rendimentos
para a população. Para além do comércio praticado nos mercados, nas ruas e do comércio
ambulante, estão geralmente associadas a estas concentrações de vendedores os mais variados
tipos de prestação de serviços pessoais e de proximidade. As janelas abertas, as lanchonetes, os
barbeiros e cabeleireiros, os alfaiates e modistas, os sapateiros, os engraxadores, os doleiros, a
reparação de aparelhos eléctricos e de electrónica, são exemplos dessas actividades. Por se tratar
de um município de características urbanas, são importantes, pelo elevado número de população
5
que neles participa, os segmentos dos trabalhadores domésticos, que exercem variados tipos de
actividades, e o segmento do transporte de passageiros, quer em táxi colectivo quer em moto
táxis.
1 - no sector agrícola: (i) o segmento das frutícolas, quer de frutas subtropicais, como os citrinos,
quer de frutas tropicais, como as goiabas e mangas; (ii) o segmento dos hortícolas, nos quais se
incluem produtos como o repolho, a cebola ou o tomate; (iii) produtos específicos como a batata-
rena; (iii) o segmento dos grãos, nomeadamente o milho.
Um enfoque específico deve ser fixado relativamente à reactivação da agricultura urbana e peri-
urbana, nomeadamente na comuna sede, pelo papel que essa actividade poderá desempenhar
para o abastecimento da cidade.
2 – no sector pecuário: (i) o gado bovino; (i) o gado caprino; (i) o gado suíno; (iv) as aves
domésticas.
Sublinha-se que nesta área, os esforços de intervenção deverão ser orientados produção de
carnes por meio de pequenas criações de animais de pequeno e médio porte (cabritos, suínos,
coelhos e aves) para abate e produção de carne e ovos.
4 – no comércio: (i) grupos de comerciantes dos mercados locais, municipais e informais, que
negoceiam em bens alimentares e vestuário.
5 – na prestação de serviços: (i) hotelaria e turismo; (ii) janelas abertas e lanchonetes; (iii)
barbeiros e cabeleireiros; (iv) sapateiros; (v) reparadores de equipamentos diversos; (vi)
engraxadores; (vii) fotógrafos ambulantes; (viii) doleiros (câmbio de moeda estrangeira); (ix)
trabalhadores domésticos.
6
ÍNDICE PÁGINA
Apresentação – O contexto do Estudo 10
1. Introdução 11
1.1 Objectivos 11
1.2 Metodologia 11
1.3 Limitações do Estudo 14
1.4 Estrutura do Relatório 14
2. Caracterização geral do município 14
2.1 Breve caracterização da Província da Lubango 14
2.1.1 Localização 16
2.1.2 Organização administrativa e localização geográfica dos
16
municípios
2.2 O Município do Lubango 17
2.2.1 Enquadramento Geográfico 17
2.2.2 Aspectos biofísicos 17
2.2.3 Aspectos institucionais 18
2.2.4 Demografia 19
2.2.4.1 População estimada do município 19
2.2.4.2 Emprego 22
2.2.5 Aspectos gerais da situação sócio-económica 23
3. Descrição dos sectores económicos/produtivos 24
3.1 Sector agro-pecuário 24
3.1.3 Caracterização institucional 25
3.1.4 Formas organizativas 27
3.1.5 Principais problemas 31
3.2 Sector industrial 33
3.2.1 Formas organizativas 35
3.2.2 Principais problemas 36
3.3 Sector comercial 36
3.3.1 Formas organizativas 47
3.3.2 Principais problemas 48
3.4 Outras actividades geradoras de rendimento 49
3.2.1 Banca e seguros 49
3.4.2 Transportes e Comunicações 49
3.4.3 Hotelaria e Turismo 52
3.4.7 Formas organizativas 54
3.4.8 Principais Problemas 54
3.5 Infra-estruturas económicas e produtivas 54
3.6 Provedores de serviços 55
3.7 Créditos disponíveis no município 56
4 Considerações finais 58
4.1 Gerais 58
4.2 Sectoriais 59
4.3 Recomendações 61
5 Bibliografia 63
6 Anexos 65
6.1 Anexo 1 - Termos de referência 65
6.2 Anexo 2 - Lista das entrevistas realizadas 71
7
6.3 Anexo 3 – Lista da documentação consultada 74
6.4 Anexo 4 - Instrumentos de recolha de informação 76
6.5 Anexo 5 - I Rede Comercial Licenciada – Dep. Provincial de
79
Comércio, Turismo e Hotelaria
6.6 Anexo 6 –Informação estatística relativa ao emprego na
Província da Huíla – Serviços Provinciais da Huíla do Instituto 80
Nacional de Emprego e Formação Profissional
6.7 Anexo 7 - Caracterização Geral da Província e Distribuição
da população por municípios e comunas – Serviço Provincial 81
da Huíla do Instituto Nacional de Estatística
6.8 Anexo 8 – Dados sobre os mercados do município do
82
Lubango
8
APRESENTAÇÃO
O Fundo de Apoio Social (FAS) é uma agência do Governo de Angola, criada a 28 de Outubro de
1994, ao abrigo do Decreto Executivo Nº 44/94 do Conselho de Ministros, com personalidade
jurídica e autonomia administrativa e financeira para, em coordenação com outros programas de
combate à pobreza contribuir para a promoção do Desenvolvimento Sustentável e redução da
pobreza.
Na base das suas experiências e lições aprendidas ao longo dos anos em Angola, o FAS, está a
implementar no período de 2011 a 2015, o Projecto de Desenvolvimento Local (PDL) com o
objectivo de melhorar o acesso das populações pobres a serviços sociais e económicos, a
oportunidades económicas, bem como aumentar as capacidades de planeamento e de gestão do
desenvolvimento local dos municípios alvo.
O PDL compreende três componentes de entre as quais, uma com carácter mais inovador, a
componente 2 denominada “Desenvolvimento da Economia Local (DEL)” que visa melhorar as
competências empresariais e o acesso ao mercado de grupos de produtores/artesãos e
provedores de serviços. Os objectivos específicos desta componente são: (a) Gerar oportunidades
de emprego e o aumento da renda familiar; (b) Melhorar a capacidade empreendedora dos
pequenos produtores, artesãos e prestadores de serviços; (c) Incentivar e apoiar a criação de
pequenas indústrias de transformação; (d) Revitalizar o mercado local; (e) Estimular a produção
local e vocações regionais.
Com os estudos de linha de base, o Fundo de Apoio Social pretende contribuir para o
aprofundamento dos conhecimentos sobre o sector económico-produtivo dos municípios,
enquanto um complemento para a melhoria dos Perfis Municipais e para o provimento de
potenciais ideias para a definição de uma eventual Estratégia de Desenvolvimento da Economia
Local dos municípios em estudo. Os municípios eleitos para a realização de estudos de linha de
base são os municípios de Benguela e Baía Farta na província de Benguela, Lubango e Chibia na
província da Huíla, Namibe e Tômbwa na província do Namibe e Huambo e Caála na província do
Huambo.
9
1. INTRODUÇÃO
1.1 OBJECTIVOS
a) uma caracterização geral dos municípios, nas suas diferentes vertentes (localização
geográfica; características naturais/ambientais; dimensão; população; educação; saúde,
habitação; vias de comunicação, etc.);
g) a caracterização do sector financeiro formal e informal, bem como das principais fontes de
recursos financeiros para o financiamento da actividade económica;
1.2 METODOLOGIA
10
O trabalho de campo foi realizado entre os dias 12 de Outubro a 29 de Novembro de 2012, no
município do Lubango, tendo sido feito o levantamento de dados qualitativos e quantitativos.
Todo o processo foi conduzido por um consultor independente, contratado pelo FAS para o efeito,
tendo sido coadjuvado pela equipa técnica do FAS da Província da Huíla e tendo tido o apoio, na
pesquisa no terreno, de duas assistentes de pesquisa.
Procedeu-se a uma revisão da literatura disponível e tão actual quanto possível sobre o município
do Lubango (relatórios, estudos e outras publicações).
11
Tabela 1: Operadores informais e precários entrevistados
Nº de Actividade Ocupação
Operadores
entrevistados
1 Prestação de serviços - restauração Empregada de roulote – Lubango
1 Prestação de serviços pessoais Barbearia – Lubango
1 Prestação de serviços pessoais Salão de Beleza – Lubango
2 Prestação de serviços pessoais Segurança (guarda) – Lubango
12
1.3 LIMITAÇÕES DO ESTUDO
As principais limitações que se colocaram à realização deste estudo foram, na maior parte dos
casos, a inexistência e, noutros casos, as contradições, inexactidão e desactualização de alguns dos
dados fornecidos pelos diferentes sectores do governo. Este facto impediu que a caracterização
quantitativa esperada ficasse por concretizar relativamente a alguns dos objectivos específicos,
nomeadamente a caracterização do mercado de trabalho e a caracterização da estrutura
económica sectorial e respectivas segmentações. A não realização das entrevistas planeadas por
dificuldades de conciliar o tempo da pesquisa de terreno com a disponibilidade dos
representantes institucionais e a pouca abertura por parte dos representantes de alguns agentes
económicos para partilhar dados específicos relacionados com as respectivas actividades
constituíram limitações adicionais. Algumas reuniões e entrevistas foram muitas vezes adiadas por
compromissos dos visados, ausências e aspectos burocráticos. A recolha de informação solicitada
junto de algumas instituições foi também sendo adiada, por razões burocráticas ou compromissos
dos seus representantes. A inexistência de um documento do Perfil Municipal e do Plano
Integrado Municipal de Desenvolvimento Rural e Combate à Pobreza dificultaram a recolha de
informações com maior detalhe.
A Província da Huíla, em termos económicos, estrutura-se sobre o seu grande potencial no sector
agro-pecuário. No sector agrícola, são os cereais que constituem a base da produção agrícola,
nomeadamente o milho, o massango e a massambala. Têm ainda algum significado as culturas do
feijão comum, do feijão macunde, da abóbora, da batata-doce e da batata-rena. Frutas
temperadas, como por exemplo os citrinos e tropicais bem como hortícolas fazem também parte
da diversidade que o sector oferece. O essencial da actividade agrícola é realizado no quadro da
actividade económica familiar de subsistência, enquanto o sector empresarial é ainda muito
incipiente e o sector associativo tem um espectro de intervenção limitado.
13
A actividade agrícola enfrenta vários tipos de constrangimentos: elevado custo dos inputs,
dificuldade de acesso a crédito, fragilidade das instituições públicas de suporte, reduzido número
de postos de comercialização com insuficiências ao nível das estruturas de conservação de
produtos perecíveis, extensão do comércio informal, entre outros.
A par dos mercados municipais, estão activos na Província diversos mercados informais onde se
transaccionam todo o tipo de produtos (bens alimentares, vestuário, produtos de usos pessoal e
doméstico, electrodomésticos, mobiliário, etc.) e onde se prestam variados tipos de serviços
pessoais ou de proximidade (carregamento de mercadorias, cabeleireiros, alimentação
confeccionada, confecção de vestuário, reparações diversas, entre outros).
14
2.1.1 Localização
15
2.2 O Município do Lubango
O Município do Lubango com uma superfície 3.140 km² fica situado na zona sudoeste da província
da Huíla. A população residente é estimada em 1.414.115 (um milhão, quatrocentos e catorze mil
cento e quinze) habitantes, dos quais 81,74% (1.155.897) habitantes residem na cidade e
arredores, ou seja , no município sede1.
O município do Lubango fica situado na zona sudoeste da província da Huíla entre os municípios
de Quilengues, Cacula, Quipungo, Chibia e Humpata. Localiza-se na zona Sudoeste da Província da
Huíla, tendo como limites ao Norte com os Municípios de Quilengues e Cacula, a Sul com o
Município da Chibia, a Oeste com o Município de Quipungo e a Leste com os Municípios da
Humpata e Bibala, província do Namibe.
1
Serviços Provinciais da Huíla – INE, 2012
16
A estação das chuvas tem duração de 6 meses, com início nos meses de Outubro e término em
Abril. Os meses de Maio e Setembro são de transição. A humidade relativa média anual é baixa,
andando em geral à volta de 60 a 70%2. A precipitação média anual, assim como o período
chuvoso e o número total médio de dias de chuva tem pouco significado, a não ser que se indique
qual a sua distribuição e intensidade durante o ciclo vegetativo em causa. A quantidade de
precipitação aumenta de Oeste para Leste e de Sul para Norte, em virtude do relevo.
2
GPH, 2012 - PIDRCP -relatório de balanço de execução financeira do 1º semestre
17
2.2.4 Demografia
Não existem cifras exactas sobre os fenómenos demográficos no País, uma vez que o último censo
populacional data de 1970 do século passado, estando actualmente em curso o levantamento
relativo ao Censo 2013. Deste modo, a análise deste recurso económico fundamental só pode ser
feita na base no cruzamento de estimativas, das listagens que as Administrações Comunais têm
vindo a realizar, das informações provenientes dos números de assistidos pelas organizações não
governamentais e outras organizações da sociedade civil.
De acordo com o Relatório de execução financeira do III Trimestre do Governo da Província da Huíla (GPH),
2012, o município do Lubango tem uma população estimada em cerca de 1.414.115, habitantes, dos quais
?%(596.350) do sexo masculino e ?%(817.765) do sexo feminino.
Os dados relativos à população do Município do Lubango remetem para um documento principal e têm
como fonte a Administração Municipal do Lubango: a monografia do município do Lubango, de 2011,
segundo o qual a comuna sede concentra 81,74% da população, maioritariamente do sexo feminino.
18
Tabela 4: Distribuição da População da Comuna do Hoque por sexo e escalão etário
Superfície Sexo
Nº Comuna Idade Total
(Km2} Masculino Feminino
0-4 Anos 3638 4453 8091
5-9 Anos 2568 4208 6776
10-14 2025 3884 5909
11
15-19 2287 3682 5969
20-24 2136 3167 5303
11
25-29 1432 2269 3701
30-34 1372 1883 3255
1 Arimba 353,05
11
35-39 1244 1249 2493
40-44 " 1238 1089 2327
45-49 1224 1023 2247
11
50-54 1010 1010 2020
55-59 986 1050 2036
60-64 909 1004 1913
65 e+ 924 988 1912
TOTAL: 22.993 30.959 53.952
Fonte: Monografia do Municipio do Lubango, 2011
A comuna da Arima concentra apenas 3,82% da população do município do Lubango (Tabela 5).
Superfície .. Sexo
Nº Comuna Idade Total
'(Km2) Masculino Feminino
0-4 Anos 350 340 6907
5-9 Anos 205 253 459
10-14 11 203 202 405
11 11
15-19 195 131 327
11
20-24 11 846 112 1969
11
25-29 11 784 956 1740
11
475 30-34 11 583 911 149
1 Quilemba 11
35-39 443 836 4127
40-44 11 444 749 9
119
11
45-49 " " 422 725 114
50-54 11 367 627 994
11 11
55-59 260 503 763
11 11
60-64 233 40 642
11
65e + " " 126 210 30.387
TOTAL 14.06 16.32 30.38
TOTAL GERAL 3.140 Km² 1.414.115
Fonte: Monografia do Município do Lubango, 2011
20
Finalmente, a comuna da Quilemba é a menos populosa do município (2,15% da população), mas
mantém as mesmas características das outras comunas, relativamente à predominância de
mulheres e jovens, como se revela na tabela seguinte.
A população do Município do Lubango, de acordo com os dados que nos foram fornecidos pelo
Serviço Provincial da Huíla do INE, representa 43,22,% da população da Província da Huíla e
apresenta uma densidade populacional de 450 habitantes por km². Na maioria esta população
dedica-se à actividade agro–pecuária de auto subsistência, existindo entre ela camponeses
associados, pequenos empresários agropecuários e comerciantes.
Gráfico 1: Município do Lubango: população por Comuna e Sexo
Fonte: elaborado a partir dos dados fornecidos pela Administração Municipal do Lubango
Resulta dos dados populacionais uma grande prevalência de população feminina, que à escala
municipal representa cerca de 60% da população total.
Fonte: elaborado a partir dos dados fornecidos pela Administração Municipal do Lubango
2.2.4.2. Emprego
Os dados relativos à população activa e ao emprego são igualmente escassos. A Comuna sede, segundo o
GPH (2011) possui uma população activa de 655.795 habitantes, assim distribuídos: Comuna do Hoque com
21
47.932, a Huíla com 40.714 habitantes, a Arimba com 27.315 habitantes e a Quilemba com 13.087
habitantes, totalizando aproximadamente 784.843 habitantes. Ou seja, estaríamos perante uma taxa de
actividade de 55,5%.
Os números fornecidos pelos Serviços Provinciais da Huíla do INEFOP (vide Anexo 6) referem-se a um total
de 23.661 trabalhadores no município do Lubango num total de 43.388 efectivos ao nível provincial, o que
corresponde a 54,53% do mercado de trabalho formal da Província da Huíla.
A cidade e o município albergam instituições de educação e ensino de referência, tendo tradição académica,
pois tem estabelecimentos de ensino desde o nível primário ao superior quer público quer privado.
Conta com 159 escolas: sendo 145 de ensino primário e 14 de ensino secundário. Garantem o processo de
ensino - aprendizagem 7.155 professores em toda extensão do Município, para um universo de 210.107
alunos.
A província conta com uma universidade, com três faculdades e um instituto superior politécnico,
uma universidade especializada (ISCED) e cinco institutos superiores politécnicos. Os
estabelecimentos de ensino superior públicos disponibilizam um total de 43 cursos, frequentados
no ano transacto por 16.584 alunos.
Para além dos hospitais acima referidos, também possui 1 hospital municipal, 18 centros de saúde,
29 postos de saúde estatais e 25 privados.
22
A assistência médica e medicamentosa às populações é razoável, uma vez que na zona peri-
urbano alguns centros e postos de saúde, encontram-se apetrechados com os equipamentos
básicos que garantem a assistência às populações.
Estas unidades reúnem um total de 1.298 camas, concentradas maioritariamente nas estruturas
hospitalares do município do Lubango (71,6%) e da Matala (7,9%), o que evidencia a importância
que estes dois centros urbanos têm na província
Os meios de transporte mais usados no município são os chamados candongueiros. Estes usam
preferencialmente as viaturas de marca Toyota Hiace ou Venture, cobrando aproximadamente
100,00 Kuanzas pela carreira Lubango/ Lubango e vice-versa.
A cidade e arredores beneficiam de rede telefónica fixa e móvel, assegurada por três operadoras:
Angola Telecom, Movicel e Unitel, e pela rede de fibra óptica em algumas sedes comunais.
O município é servido por instalações desportivas e recreativas de referência no País, com
destaque para o Pavilhão Gimnodesportivo da Nossa Senhora do Monte e três estádios de futebol
relvados. Existem ainda um circuito de competição motorizada urbano; um circuito para
competições de Karting, pistas de atletismo e alguns ginásios. Foi construído no âmbito do CAN
201O um estádio de futebol 11 no bairro Joaquim Kapango, zona da Kanguinda.
23
Tabela 8: Produtos agrícolas – Campanha Agrícola 2012/2013
EDAS
Produtos (ha) Total da
Munhino Hoque Província
Milho 6.190 9.286 336.757
Massango 4.757 7.135 88.314
Massambala 6.783 10.175 129.671
Feijão 318 477 51.807
Amendoim 38 58 5.258
Hortícolas 38 56 855
Trigo 13 8 73
Frutícolas 10 4 164
Batata Rena 43 65 1.414
Batata Doce 56 75 948
Mandioca 6 15 854
Total 18.252 27.354 605.304
Fonte: Direcção Provincial da Agricultura e do Desenvolvimento Rural e Pescas – Huíla,
Setembro de 2012
Parte significativa dos agentes económicos realiza estas duas actividades, agricultura e pecuária,
ainda que a de criação de gado constituía a de maior relevo, sendo a agricultura apenas
complementar e de subsistência.
Na sua grande maioria as lavouras são feitas recorrendo a tracção animal e manual. A
mecanização agrícola é uma actividade que é praticada fundamentalmente, por pequenos
agricultores. No município do Lubango existe disponível, quer em estabelecimentos formais quer
no mercado João de Almeida, uma grande diversidade de materiais para a actividade agrícola:
catanas, ancinhos, sachos, charruas de tracção animal, máquinas de charrua, sistemas de rega, etc.
24
As EDAS do Munhino e do Hoque funcionam no Km16, Comuna da Huíla e na Comuna do Hoque.
São instituições do Governo, do Ministério da Agricultura, que prestam apoio técnico e material às
comunidades, nomeadamente às associações e cooperativas das comunas da Arimba, Quilemba,
Hoque e Huíla. Em termos institucionais dependem do IDA, tendo no entanto ligação formal e
institucional com a Administração Municipal do Lubango, através da Repartição Municipal de
Agricultura e Desenvolvimento Rural e as respectivas comunas da Arimba, Huíla, Quilemba e
Hoque. comunais da Arimba e Huila. Existe uma ligação muito forte de trabalho entre as
administrações e as EDAs ,para atender questões ligadas a agricultura nas comunas.
Vários programas de apoio à actividade agro-pecuária têm sido postos em acção, de entre os quais
destacamos:
- Programa de Extensão e Desenvolvimento Rural (PEDR) aprovado em 2004 pelo Governo Central,
que tem como grande objectivo relançar a produção familiar num universo de 206.800 famílias
beneficiárias na província do Lubango. Este Programa contém os seguintes eixos principais: a)
apoio à organização das associações e outras organizações comunitárias; b) asseguramento de
serviços de apoio à produção; c) apoio à comercialização de produtos agro-pecuários; d) facilitação
do relacionamento com as instituições sociais.
25
compra dos excedentes de produção das comunidades rurais e o seu fornecimento ao consumo da
população, à indústria nacional e à exportação; o fornecimento permanente e de forma
organizada às comunidades rurais inputs agrícolas (ferramentas, fertilizantes, pesticidas,
sementes, etc.), de bens de consumo, de bens industriais, de materiais de construção, de
pequenos equipamentos e outros.
No período entre Junho e Agosto de 2012, segundo o levantamento feito pela equipa do FAS com
a colaboração da administrações comunais e EDAs do Munhino e Hoque, foram recenseadas as
seguintes associações de camponeses no Município do Lubango. Das 45 associações recenseadas,
26 localizam-se na Comuna da Huíla, 15 na Comuna do Hoque e 4 na Comuna da Arimba.
26
7 Sacho 21 11 10 Bº Sacho Não
legalizada
8 Nhime 3 3 0 Nhime Não
legalizada
9 Bambi 13 10 3 Bambi Não
legalizada
10 Eputo 20 15 5 Eputo Não
legalizada
11 Miguel Ramos 18 12 6 Unene Não
legalizada
12 Pakaha 18 12 6 Pakaha Não
legalizada
13 Chileva 8 2 4 Chileva Não
legalizada
45 TOTAL GERAL 1245 912 331
NO
MUNICÍPIO
27
Fonte: Delegação Provincial do FAS – Huíla, Junho-Agosto de 2012
Apenas 1 associação da Comuna da Huíla está legalizada enquanto na Comuna do Hoque apenas 1
está em vias de lelalização, não tendo as outras 43 associações de camponeses estatuto legal.
28
Tabela 10: Associações de Camponeses no Município do Lubango – Junho a Agosto de 2012
(cont.)
A maior presença deste modelo organizativo ocorre na Comuna do Hoque, onde a maior parte
das cooperativas não estão legalizadas e três delas têm mais de 150 sócios ou cooperantes. Na
Comuna da Huíla, a única cooperativa existente está legalizada.
A não legalização surge também muitas vezes associada à falta de documentos de identificação
por parte dos agricultores e pequenos produtores mas também como consequência de não
estarem suficientemente informados nem sensibilizados para as suas vantagens.
29
Tabela 11: Cooperativas agrícolas no município do Lubango
Um dos grandes problemas enfrentados pelos pequenos agricultores tem a ver com o acesso a
recursos financeiros que lhes permitam obter os inputs indispensáveis à sua actividade,
nomeadamente as sementes e os fertilizantes. A insuficiência de estruturas de armazenamento
da produção e dificuldades associadas ao escoamento dos produtos são outros constrangimentso
significativos.
Algumas das associações e cooperativas foram reativadas apenas para poder solicitar crédito, pelo
que as que não foram beneficiadas deixaram de funcionar. Boa parte delas não estava legalizada,
tendo como principal razão para tal, a falta de documentos de identificação dos camponeses (o
cartão de eleitor que todos têm, serve apenas para votar, mas não é aceite no notário como
elemento de identificação).
Existem muitos pequenos produtores que não querem ser membros nem de associações nem de
cooperativas porque não vêm a importância dessas organizações. As principais acções das
associações e cooperativas têm sido a mediação de conflitos de terra e a viabilização do acesso ao
crédito, incluindo a responsabilização do crédito que os seus membros recebem. No entanto, em
termos organizativos estas denotam muitas lacunas nos sistemas de informação e gestão. Alguns
membros queixam-se de haver pouca transparência nas condições contratuais com o banco,
nomeadamente no valor real do contrato, prazo de reembolso e período de carência. Muitos
membros das cooperativas vendem a sua produção sem passar pela cooperativa, pois dizem que
assim ganham mais dinheiro. As cooperativas têm assim pouca visibilidade no mercado. Os custos
com os serviços de notariado para a legalização de cooperativas, ficaram recentemente mais
30
acessíveis, pois estas foram isentas do pagamento de emolumentos, pelo que os custos passaram
de 90 a 120 mil para cerca de 40 mil Kwanzas.
- Muitos pequenos agricultores só conseguem explorar pequenas parcelas das suas terras por falta
de insumos e de equipamentos. Os pequenos produtores têm muitos receios em recorrer ao
crédito bancário por medo de não ter condições para reembolsar o mesmo. Face a isso, a maioria
dos produtores opta por comprar o fertilizante no mercado informal a crédito dos fornecedores,
mas a um preço mais elevado, mas sem necessidade de apresentarem garantias ou hipotecas;
31
- Os micros e pequenos produtores têm muita dificuldade em lutar por preços justos dos seus
produtos, devido às poucas alternativas que têm para o escoamento dos mesmos. Assim, a
maioria vê-se obrigada a vender a produção na localidade em que produz, ficando completamente
dependente dos preços oferecidos pelos comerciantes;
- A produção do tomate e de outros produtos hortícolas, sendo culturas de curto prazo poderia
ajudar muito no rendimento familiar. No entanto, o excesso de produção, a pouca capacidade de
armazenagem, a inexistência de processos de transformação e a dificuldade de comercialização,
faz que uma boa parte da produção se esteja a estragar no campo sem ser colhida. e. Um dos
grandes problemas identificados na produção pecuária é a insuficiência de pastagem na estação
seca;
- Inexistência de estudos de cadeia de valor do sector agro-pecuário que tem dificultado uma
planificação mais realística e adequada para o desenvolvimento do mesmo. Um dos
constrangimentos para a realização desses estudos, tem sido a falta de uma definição clara sobre
quem tem a responsabilidade de os executar, governo, privados ou uma parceria público/privada.
No município existem várias unidades industriais que operam com materiais de origem mineira,
nomeadamente os granitos, as areias e as argilas (GPH, 2012 – Relatório anual sobre as actividades
desenvolvidas, 2011).
32
Tabela 12: Materiais de origem mineira (Britadeiras, Arreeiros e Cerâmicas)
33
Tabela 13: Empresas licenciadas durante o ano de 2011
INDÚSTRIAS DE PANIFICAÇÃO
1 Matela, Lda Produção de Pão Município.Kuvango 06/DHL/I.A/2011
2 Oscar Gil Pereira Produção de Pão Bº. do Tchioco 09/DHL/I.A/2011
3 Sumba Futa Nova Produção de Pão Bº. Hélder Neto 11/DHL/I.A/2011
4 Ana Maria F. Gois Produção de Pão Bº. Cdte Cow-Boy 12/DHL/I.A/2011
5 Shoprite Produção de Pão Bº. Cdte Cow-Boy 19/DHL/I.A/2011
INDÚSTRIA DE ENGARRAFAMENTO DE ÁGUA
Apesar de não se ter tido acesso a informação específica, a generalidade das unidades
empresariais organiza-se em termos de forma jurídica, sob a forma de empresas individuais, de
empresas em nome colectivo e, em dimensão mais reduzida, sob a forma de sociedades
anónimas.
34
3. 2.2 Principais problemas
35
Fotografia 5 – Janela Aberta Fotografia 6 – Janela Aberta.
Há produtores que vendem a produção a intermediários, e outros que o fazem directamente para
fora do município, fazendo recurso a viaturas privadas.
A prestação de serviços, com carácter formal, surge representada no município por actividades
como as escolas, instituições e centros de formação profissional do governo e privados sobre
36
pastelaria, decoração, serralharia, mecânica, electricidade, entre outros. Neste âmbito destaca-se
a SINFIC, empresa envolvida na prestação de serviços para formação específicas em gestão de
negócios,pesquisas, estudos e assessoria técnica na organização comunitária, Também a prestação
de serviços, pessoais e de proximidade, com um carácter informal, está presente, disseminada por
todo o município.
Num levantamento efectuado entre Junho e Agosto de 2012, identificaram-se vários tipos de
actividades de pequena escala, nas áreas do comércio, pequena indústria, transformação agrícola
e ofícios, nas Comunas da Huíla e da Arimba.
Na Comuna da Huíla verifica-se uma grande diversidade de actividades, sendo que apenas 13,33%
(2 em 15) estão em vias de legalização.
37
Tabela 14: Actividade económica de pequena escala nas Comunas da Huíla e Arimba
38
Na Comuna da Arimba verifica-se uma maioria de estabelecimentos legalizados. A actividade
predominante é a actividade comercial, com destaque para mais de uma dezena de Janelas
Abertas.
Tabela 14: Actividade económica de pequena escala nas Comunas da Huíla e Arimba (cont.)
39
Blau(Luis Rosario) legalizada
19 Janela Aberta Elvira Comércio Bº da Lola Não
legalizada
20 Janela Comércio Km 12 Não
Aberta(Maria legalizada
Goreth)
21 Janela Comércio Bº da Lola Não
Aberta(Antonio legalizada
Cajamba)
22 Janela Comércio Sede Arimba Legalizada
Aberta(Maria Gloria
Xavier)
23 Clemencia Agrícola Mateta Via
Figueredo Leandro legalização
24 Cantina(Manuel Comércio Figueira Não
Elizabeth) legalizada
25 Janela Aberta Comércio Sede Arimba Legalizada
26 Janela Aberta Comércio Tchingolung Não
a legalizada
27 Janela Aberta nº 4 Comércio Sede Arimba Legalizada
28 Estabelec. Comércio Sede Arimba Não
Comercial Luis legalizada
Antonio
29 Estabelec. Comércio Sede Arimba Não
Comercial Ernesto legalizada
Pedro
30 Lacnhonete(Tito Comércio Sede Arimba Não
Salvador Pedro) legalizada
SUBTOTAL 16 5 11
46 TOTAL GERAL 136 102 34
Fonte: Direcção Provincial do FAS – Huíla, Junho-Agosto de 2012
O comércio informal realiza-se nos mercados, em locais fixos na rua, de forma ambulante através
dos zungueiros, à porta das habitações nas zonas residenciais urbanas e periféricas e em
estabelecimentos não legalizados.
É sobretudo nos mercados que o comércio informal apresenta a sua maior expressão. As
vendedoras de mercados e praças são reconhecidas como um grupo da sociedade civil bastante
expressivo, tanto em número como em dinamismo.
40
No município do Lubango pontificam o mercado João de Almeida e o mercado Mutundo.
De acordo com a informação prestada pela Administração Municipal do Lubango (vide Anexo 8),
estariam activos em alguns mercados do município do Lubango 6.272 operadores, assim
distribuídos:
41
Mercado do Bula Matady: 2.583 vendedores
Negócio – está há um mês no negócio da venda de cds; numa caixa de 100 discos pode
ganhar 4.000 ou 5.000 kwanzas; vende os cds a 500, mas faz desconto; quando são clientes
conhecidos faz kilapi; a música que os clientes compram mais é kizomba; compra a
mercadoria a uns fornecedores que vêm de Luanda; é um negócio de risco, porque a polícia
anda sempre em cima (apreende a mercadoria e prende os vendedores); o espaço que ocupa
no Mercado Mutundo está alugado por 2.000 kwanazas por mês
Informações complementares – veio viver para o Lubango por causa da guerra: era
fotógrafo ambulante mas roubaram-lhe a máquina; há 12 anos que andava a fazer
fotografia; dava para viver; vive no Chioco e tem que apanhar 2 táxis para chegar ao
mercado; gasta 200 kwanzas por dia para vir para o mercado e outro tanto para voltar; é
casado e tem 4 filhos; para comprar uma máquina digital precisava de 100.000 kwanzas;
agora tem uma máquina de rolo que lhe emprestaram e vai tirando fotografias; se tivesse
dinheiro gostava de ter um estúdio de fotografia; já foi 2 vezes ao BUE e não conseguiu
apoio porque eles querem alguns documentos que não tem.
42
Estas estimativas oficiais são significativamente subavaliadas relativamente ao número de
operadores que estão diariamente activos nos mercados do município, pois não têm em conta os
agentes envolvidos no fornecimento de refeições nas “barracas” e restaurantes e todo o conjunto
de actividades relacionados com a prestação de um vasto leque de serviços, desde a troca de
moeda, ao armazenamento, conservação e carregamento de mercadorias, à venda ambulante, à
venda de sacos, à prestação de serviços de limpeza, de segurança ou de lazer.
Em 2011, procedeu-se a um ensaio de registo dos operadores informais, pelo Governo Provincial
da Huíla, nos mercados do Lubango e Humpata. Dessa intervenção resultou a atribuição de
cartões a comerciantes ambulantes, a vendedores dos mercados e a comerciantes enquadrados
na categoria de comércio precário.
Tipo de Actividade
Total de Total de
Trimestres Vendedor Cartões Receitas p/
Comércio
Ambulante de Emitidos OGE
Precário
Mercado
I 19 32 20 71 4.582.950,00
II 0 49 21 70 4.965.250,00
II 0 14 61 75 6.208.885,00
IV 0 0 58 58 5.649.004,00
43
Fotografia 18 – Comércio ambulante Fotografia 19 – Comércio de rua.
No contexto urbano da Comuna sede, um dos segmentos mais expressivos é o dos trabalhadores
domésticos, com variadas actividades (cozinheiros, jardineiros, seguranças, motoristas,
empregados domésticos, etc.), que constitui o modo de vida de muitas mulheres e homens. Com
carácter residual e exótico, constata-se a presença frequente nas principais vias e praças da cidade
de grupos de jovens mulheres mumuílas (provenientes dos municípios da Chibia e Humpata e
Comunas da Huila, Hoque, Quilemba), a venderem produtos tradicionais (produtos de beleza) ou
modernos (bolos, gelados e produtos de higiene e limpeza). Algumas envolvem-se na prestação de
serviços domésticos.
44
Fotografia 22 – Mumuila e zungueira. Fotografia 23 – Mumuilas e zungueiros.
Para além do comércio de mercadorias, a informalidade surge também presente noutras áreas
como a exploração mineira, a construção civil, a agricultura, o transporte de pessoas
(nomeadamente, taxistas e mototaxistas) e mercadorias, a hotelaria e turismo e a prestação de
serviços pessoais e de proximidade.
A rede de mercados do município Lubango tem sofrido mutações significativas, não apenas no que
se refere ao número de mercados operativos, à respectiva dimensão, às funções que
desempenham no quadro da rede comercial e de prestação de serviços mercantis, mas também
no que respeita às próprias características funcionais e organizativas dos mercados. No quadro da
actividade comercial informal, tem-se também conhecimento da existência de redes de
comerciantes que se organizam com carácter regular ou ocasional para a aquisição de mercadorias
noutras províncias ou no estrangeiro.
45
acesso a um financiamento para executar um projecto. O número de membros de um grupo está
dependente em primeiro lugar de se encontrar, em número suficiente, pessoas em quem se
confia. Além disso o número de elementos depende da quantia que se pretende amealhar, da
regularidade em que cada membro recebe e do valor que cada um entrega. A ordem de quem
recebe o valor colectado costuma estar decidida inicialmente mas há grupos que vão decidindo à
medida que vão jogando a kixiquila. As garantias de cumprimento assentam na confiança entre as
pessoas, na pressão social que leva a que o custo de incumprimento possa ser elevado, pois pode
implicar estratégias que envolvam o chefe que paga o salário e as autoridades tradicionais ou
formais.
A kixiquila pode viabilizar pequenos negócios e novos negócios, estando aí numa perspectiva de
contribuição para a produção e emprego. Em primeiro lugar porque garante a manutenção do
fundo de maneio de pequenos negócios informais. Por outro lado permite iniciar negócios, em
particular negócios de pessoas com pouco fundo e sem qualquer outra hipótese de mobilizar
recursos financeiros. A grande ligação entre os projectos de microcrédito e a kixiquila passa pelo
tipo de garantias usadas, como forma de garantir o pagamento do empréstimo. Os projectos usam
garantias baseadas na pressão social, por norma concedem créditos em grupo e com
responsabilidade solidária entre os membros.
No caso concreto da Comuna sede regista-se uma significativa presença de mulheres e de jovens a
praticar a zunga, percorrendo as ruas da cidade.
Também se verifica a presença de comerciantes informais em pontos fixos de algumas das ruas da
cidade, a par da presença de alguns prestadores de serviços (engraxadores, reparadores de
aparelhos, fotógrafos, doleiros, carregadores, entre outros).
No contexto urbano da Comuna sede, um dos segmentos mais expressivos é o dos trabalhadores
domésticos, com variadas actividades (cozinheiros, jardineiros, seguranças, motoristas, etc.), que
constitui o modo de vida de muitas mulheres e homens.
Por outro lado, como já chegam ao município com um bom fundo de maneio, ficam em vantagem
em relação ao comércio local que está descapitalizado e tem muita dificuldade em aceder ao
crédito.
Também a concorrência desleal do comércio informal, que não paga impostos, vende porta-a-
porta e já se arraigou aos hábitos dos consumidores, cria muitos problemas aos pequenos
comerciantes.
46
Nos mercados, os vendedores das bancadas fixas também se sentem penalizados pela
concorrência dos vendedores ambulantes, pelas mesmas razões indicadas pelos pequenos
comerciantes, mas substituindo o argumento do não pagamento dos impostos pelo não
pagamento da licença do local de venda.
Algumas mulheres estão a deixar de vender no mercado informal, optando por fazê-lo em lojas e
cantinas, instaladas à porta das suas residências. No entanto, sendo um grupo muito
descapitalizado, as lojas ficam muitas vezes sem mercadorias. O seu acesso ao crédito bancário é
quase impossível, uma vez que lhes é exigido um bem para hipoteca ou um avalista.
Banco de Poupança e Crédito (BPC), Banco de Comércio Internacional (BIC), Banco de Fomento
Angola (BFA), Banco Sol, Banco (BAI), Banco de Comércio e Indústria (BCI), Banco Totta e Açores,
Banco Keve, Banco Milleniun, Banco Espirito Santo, Banco Expresso 24 (BNI), Banco Angolano de
Negócios e Crédito (BANC), são exemplos de instituições bancárias presentes no município do
Lubango.
Em 2011, o Transporte Público Colectivo Urbano de Passageiros, foi assegurado pela Empresa
EMUTRAC-EP nos municípios do Lubango, Humpata e Chibia, e este serviço foi auxiliado por 864
“Táxis Colectivos” com capacidade de até 15 lugares cada, que cobriram toda a circunscrição da
Província. (GPH, 2012 – Relatório anual sobre as actividades desenvolvidas (2011)
47
Fotografia 24 – Táxi colectivo e moto-táxi Fotografia 25 – Táxi colectivo (candongueiro).
No caso do Transporte Colectivo Intermunicipal, este serviço foi assegurado por diversas
operadoras, fazendo cobertura aos troços que ligam aos diversos Municípios da Província.
Rotas Empresas
Lubango/Caluquembe JOBITA
Lubango/Caluquembe e Lubango/Matala. TRUCKGEST
Lubango/Caconda, Lubango/Matala e Lubango/Chibia ELECTRO HUÍLA
Mat/Kuvango, Mat./Quipungo, Mat./Chicomba e F.K.P. LDA
Mat./Comunas.
Lubango/Matala ORG. PAULO & FILHO LDA
Fonte: GPH, 2012 – Relatório anual sobre as actividades desenvolvidas (2011)
No caso do Transporte Colectivo Interprovincial, este foi assegurado por diversas Operadoras,
fazendo cobertura às linhas:
48
Operativo no transporte rodoviário está também um número indeterminado de táxis colectivos
(candongueiros/hiasses), um elevado númerode mototaxistas (kupapatas) e, mais recentemente
algumas viaturas efectuando serviço de táxi com contador.
- o serviço prestado pelos kupapatas tem uma grande vantagem sobre os machimbombos e
candongueiros: é totalmente adaptado para atender às características da procura, uma vez que o
serviço que eles oferecem é rápido (reduzindo o tempo que as pessoas gastam em deslocações de
um lugar para outro), confortável (as pessoas não precisam de andar das paragens de autocarro
ou minibus até às suas casas ou locais de destino) e revela melhor adaptação às condições de
circulação das vias de comunicação (muitas vezes demasiado estreitas e não asfaltadas);
- a redução geral de recursos induzida pela crise militar e económica que levou funcionários e
outros servidores públicos que possuíam uma motorizada a usá-la como mototáxi com a finalidade
de obterem recursos monetários adicionais e que atraiu para a actividade desempregados e
desmobilizados de guerra;
49
A actividade dos serviços de correios só tem expressão na Comuna sede, com o funcionamento de
uma central de Correios, não existindo qualquer reflexo destes serviços nas outras comunas.
Dos 7 hotéis em funcionamento, todos localizados sede da província (cidade do Lubango), com um
total de 448 quartos e 612 camas conforme se apresenta na Tabela 18.
Nº Capacidade
Desiglnação Localização Classificação
Quartos Camas
Ainda assim, as unidades hoteleiras são insuficientes não havendo hospedarias para atingir
pessoas com menos recursos financeiros. Outro senão é que a maioria dos serviços de restauração
de melhor qualidade estão concentrados no Complexo Turístico da Nossa Sra. Do Monte, ficando o
centro da cidade desprovido desses serviços. A localização geográfica da província da Huíla
50
oferece uma relativa diversidade de áreas paisagísticas. Mas nem todas são acessíveis, apenas se
podendo chegar com facilidade aos seguintes locais:
- Nª. Senhora do Monte;
- Miradouro da Boca da Humpata;
- Monumento ao Cristo rei;
- Barracões;
- Fenda da Tundavala;
- Cascata da Huíla e da Hunguéria;
- Barragem das Neves;
Registe-se no entanto que a maior parte dos mototaxistas não está filiado na organização.
Nos mercados foi possível constatar, a existência de grupos de ajuda mútua e solidariedade, já
referidos quando foram abordados os serviços financeiros.
51
3.4.8 Principais problemas
Federação das Mulheres Empresárias – Organização que agrega mulheres de vários estratos
sociais, que são empreendedoras no ramo do comércio, prestadores de serviço no ramo de
hotelaria, proprietárias de salões de beleza, uma criadora de gado e duas proprietárias de
embarcações a remo.
Câmara de Comércio e Indústria de Angola – Fundada em 2008, estão nela filiadas 340 empresas,
de grande, média e pequena dimensão, incluindo empresas individuais do ramo da pesca.
Os principais serviços que presta aos seus membros é servir de elo entre os empresários e o
governo, fazendo por exemplo “lobby” para diminuir impostos e a realização de algumas formação
em gestão. Os principais constrangimentos que a Câmara enfrenta, estão relacionados com a falta
de instalações próprias, falta de pagamento de quotização por parte dos membros e a inexistência
de recursos financeiros para o desenvolvimento das suas actividades.
52
informais em actos de comércio formais”. O BUE é um organismo público, cuja missão é
“simplificar e desburocratizar os serviços de constituição e licenciamento de micro e pequenas
empresas, de modo a transformar as actividades económicas informais em actos de comércio
formais”. O programa conta com a participação do Instituto Nacional de Apoio a Pequenas e
Médias Empresas (INAPEM), para qualificar os futuros empreendedores e os que já exercem a
actividade, com vista a minimizar os riscos.
O BUE do Lubango tem dimensão municipal e dispõe de todos os serviços necessários à legalização
e licenciamento da actividade económica. Em parceria com o INEFOP o BUE presta igualmente
serviço na área de capacitação em gestão empresarial.
Um dos principais mecanismos de apoio à actividade económica do município tem sido o Crédito
de campanha agrícola, cujo objectivo é facilitar o acesso ao crédito por parte de cooperativas,
associações,pequenos e médios produtores. O programa no valor de USD 150 milhões, é de
âmbito nacional, concede crédito até ao valor de USD 5.000 por camponês, é concedido a
membros de associações e cooperativas, desde que pelo menos um deles possua Bilhete de
Identidade (BI).
O Programa prevê taxas de juros muito inferiores às normalmente praticadas pelos bancos e
destina-se, por exemplo à compra de bois para tracção animal, sementes, fertilizantes e outros
factores de produção. Em cada município foram estabelecidos Comités Locais de Pilotagem
53
chefiados pelo Administrador Municipal que analisam e aprovam as candidaturas para o crédito. O
programa é implementado através dos bancos ‘operadores’ que assinaram um acordo com o
Comité de Coordenação do Crédito Agrícola. Os beneficiários dos créditos têm de apresentar aos
bancos facturas pró-forma de fornecedores locais relativas aos bens a serem financiados, o
pagamento dos fornecedores é feito directamente pelos bancos . Em Junho de 2011, através do
Banco Sol, um dos três bancos envolvidos no crédito de campanha (os outros foram o BCP e o BCI),
foram atribuídos na Comuna do Hoque, créditos a 167 beneficiários, enquadrados em 20 grupos
com um financiamento total de 34.433.810,00 kwanzas. Os beneficiários foram membros das
Cooperativas Tchipalacassa, Amiga, Nova Vida, Cuatessa e Sagrada, e das Associações do Bango,
Mohole, Hinambidja, Muculo e Cabalombo. (IDA – Huíla, 2011).
Para além da intervenção no crédito de campanha agrícola, o Banco Sol oferece também
disponibiliza linhas de microcrédito individual, direccionados aos micros e pequenos
empreendedores. A partir de um valor mínimo de 1000 dólares, com um período de reembolso
curto (geralmente 1 ano), até um máximo na casa dos 20.000 dólares e com período de reembolso
de dois anos. As taxas de juro praticadas são de valores que rondam os 6% ao mês e são exigidas
garantias, quer aos empreendedores formais (alvará) quer aos informais (cartão de comerciante
precário ou de vendedor no mercado). A avaliação dos beneficiários e o seu acompanhamento é
efectuada numa lógica de proximidade sendo os funcionários do banco que se deslocam ao
encontro dos clientes. A questão do reembolso é um dos principais problemas que os responsáveis
da Instituição identificam, pois da sua experiência, as fragilidades dos beneficiários na gestão dos
seus negócios e os elevados níveis de vulnerabilidade e constrangimentos que enfrentam, têm
contribuído para taxas de reembolso menos satisfatórias.
54
Comércio e Indústria (BCI), Finibanco, Millenium, BIC, Valor, Comercial Angolano (BCA), Espírito
Santo Angola (BESA), Investimento Angolano (BAI), BMF, Sol, Caixa Tota, Atlântico, Poupança e
Crédito (BPC), Fomento Angola (BFA), Banc, Standard Bank e Kwanza.
Para além das instituições de crédito formal, existem ainda instituições de financiamento informal.
Nos mercados, a existência de grupos de ajuda mútua e solidariedade, sob a forma de associações
rotativas de poupança e crédito. Os vendedores contribuem com verbas diárias, semanais ou
mensais para uma caixa comum que é cedida para utilização, à vez, pelos diferentes membros do
grupo. Esse dinheiro é usado para pagar a taxa do mercado ou comprar mercadoria para revenda.
O mesmo mecanismo - “kuvuondika” ou “kixiquila” - surge também referido como prática usual
entre os funcionários públicos. Fazem-se pequenas colectas entre os outros vendedores que
funcionam como empréstimos. Porém, não revelaram o valor dos empréstimos, alegando que os
mesmos variavam.
Existem ainda os doleiros, que fazem comércio não oficial de divisas e que, em alguns casos,
efectuam empréstimos contra o pagamento de juros. Estes operadores financeiros negoceiam
com moeda estrangeira de forma regular, apesar de tal actividade lhes estar interdita por lei.
Segundo o Relatório anual das actividades desenvolvidas em 2011 pelo Governo Provincial da
Huíla, em 2011, as taxas médias de compra e venda de divisas nos mercados formal e informal
foram as que se apresentam na tabela 29.
Tabela 19: Taxas médias de câmbio nos mercados Formal e Informal da cidade do Lubango
MERCADO
55
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4.1 Gerais
4.2 Sectoriais
56
que não conseguem dar às instituições financeiras as garantias exigidas, têm que fazer recurso a
mecanismos de financiamento informal, nomeadamente ao crédito concedido pelos fornecedores
de inputs, aos quais, apesar de beneficiarem de um período de reembolso mais dilatado, acabam
por pagar juros relativamente superiores aos praticados pelas instituições de crédito. A escassez
de conhecimento técnico especializado, as dificuldades de acesso a crédito, a insuficiência de
infra-estruturas de apoio à actividade e os problemas associados ao armazenamento, transporte e
escoamento dos bens, constituem os principais factores de constrangimento do desenvolvimento
agro-pecuário no município do Lubango. Por outro lado, os diferentes ramos de actividade agro-
pecuária encontram, no município, algumas condições para o escoamento da sua produção,
nomeadamente as actividades de agro-transformação, o que permite admitir que possam ser
potenciadas as possibilidades de geração de desenvolvimento económico local, com base na
exploração dos benefícios resultantes das cadeias de valor agro-pecuárias.
A actividade industrial tem vindo a crescer no município do Lubango, apesar de Inputs de base,
importantes para a produtividade e viabilidade da actividade económica, como o acesso a energia
e a água, não serem ainda objecto de abastecimento regular no município do Lubango, o que
constitui um factor dificultador da instalação de actividade transformadora e faz aumentar os
custos de produção, criando problemas de competitividade aos segmentos de actividade. Também
a indústria extractiva (granito negro, areias, calcário, etc.) bem como a actividade comercial e a
prestação de serviços, quer com carácter formal quer informal, constituem os outros segmentos
de actividade geradores de ocupação produtiva e de rendimentos para a população do município.
Existem no município, algumas actividades de transformação com carácter artesanal, relacionadas
com a panificação e fabricação de doçaria, com a fabricação de enchidos caseiros e com o
artesanato de base local. De modo geral, trata-se de áreas de negócio que se debatem com
dificuldades de aquisição de matérias-primas, ferramentas e instrumentos de trabalho, formação
específica e capital inicial. A generalidade dos operadores envolvidos nessas actividades carecem
de formação adequada em gestão de negócios, acompanhamento e metodologia
O município do Lubango beneficia da localização na sua comuna sede da maior parte das infra-
estruturas económicas (aeroporto, caminho-de-ferro, rede viária) e sociais (escolas, unidades de
saúde, unidades de uso cultural e lazer) da Província do Lubango, o que constitui um elemento
potencialmente dinamizador da actividade económica. Um dos sectores que mais pode beneficiar
dessa concentração é o sector da hotelaria e turismo, que é também favorecido pela localização
no seu território de alguns dos mais emblemáticos locais turísticos da Província.
57
reparação de aparelhos eléctricos e de electrónica, são exemplos dessas actividades. Por se tratar
de um município de características urbanas, são importantes, pelo elevado número de população
que neles participa, os segmentos dos trabalhadores domésticos, que exercem variados tipos de
actividades, e o segmento do transporte de passageiros, quer em táxi colectivo quer em moto
táxis.
4.3 Recomendações
Com base nessa grelha conceptual e no levantamento de informação realizado, que incluiu
naturalmente a auscultação da perspectiva de alguns dos actores institucionais relevantes e
conhecedores, em primeira instância, da realidade do município, emerge um conjunto de
actividades com potencial de exploração, enquanto cadeias de valor susceptíveis de contribuir
para processos de desenvolvimento local e para a preservação de boas práticas tradicionais:
1 - no sector agrícola: (i) o segmento das frutícolas, quer de frutas subtropicais, como os citrinos,
quer de frutas tropicais, como as goiabas e mangas; (ii) o segmento dos hortícolas, nos quais se
incluem produtos como o repolho, a cebola ou o tomate; (iii) produtos específicos como a batata-
rena; (iii) o segmento dos grãos, nomeadamente o milho.
Um enfoque específico deve ser fixado relativamente à reactivação da agricultura urbana e peri-
urbana, nomeadamente na comuna sede, pelo papel que essa actividade poderá desempenhar
para o abastecimento da cidade.
2 – no sector pecuário: (i) o gado bovino; (i) o gado caprino; (i) o gado suíno; (iv) as aves
domésticas.
Sublinha-se que nesta área, os esforços de intervenção deverão ser orientados produção de
carnes por meio de pequenas criações de animais de pequeno e médio porte (cabritos, suínos,
coelhos e aves) para abate e produção de carne e ovos.
58
4 – no comércio: (i) grupos de comerciantes dos mercados locais, municipais e informais, que
negoceiam em bens alimentares e vestuário.
5 – na prestação de serviços: (i) hotelaria e turismo; (ii) janelas abertas e lanchonetes; (iii)
barbeiros e cabeleireiros; (iv) sapateiros; (v) reparadores de equipamentos diversos; (vi)
engraxadores; (vii) fotógrafos ambulantes; (viii) doleiros (câmbio de moeda estrangeira); (ix)
trabalhadores domésticos.
Do nosso ponto de vista, das cadeias de valor enunciadas para o município do Lubango, as que
consideramos prioritárias (prioridade conforme a ordem de apresentação e conforme a ordem em
que aparecem os vários segmentos) – porque serão as com maior potencial de sucesso, de gerar
emprego e rendimentos, de gerar resultados de forma mais rápida e com menos custos, de
beneficiar das potencialidades naturais e das capacidades instaladas, de gerar e induzir efeitos
positivos sobre outras actividades e de promover dinâmicas de desenvolvimento económico local
– são:
1 – No sector pecuário: 1.1) gado bovino; 2.1) o gado caprino; 1.3) o gado suíno; 1.4) as aves
domésticas.
2 – No sector agrícola: 2.1) O segmento das frutícolas como os citrinos, , as goiabas e mangas;
2.2)o segmento dos hortícolas , nos quais se incluem produtos como a cenoura, o repolho, a
cebola ou o tomate; 2.3) produção de produtos específicos como a batata-rena.
3 - No comércio: 3.1) grupos de comerciantes dos mercados locais, municipal e informais, que
negoceiam em bens alimentares e vestuário.
4 – Na prestação de serviços: 4.1) Hotelaria e turismo; 4.2) Janelas abertas e lanchonetes; 4.3)
Barbeiros e cabeleireiros; 4.4) Sapateiros e engraxadores; 4.5) Reparadores de equipamentos
diversos 4.6) Fotógrafos.
5 – Na pequena produção artesanal: 5.1) Produção de leite, manteiga e queijo; 5.2) a conservação
e transformação de derivados vegetais; 5.3) a confecção de enchidos e carnes secas; 5.4) a
confecção de doçaria; 5.5) a confecção de pão e produtos de pastelaria; o artesanato local,
nomeadamente a cestaria e a olaria .
59
5. BIBLIOGRAFIA
FAS – Huíla
- (2011) Relação nominal das Associações e Cooperativas organizadas dos Municípios do Lubango
e Chibia
60
Serviços Provinciais da Huíla do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional
61
6. ANEXOS
O PDL surge de uma simbiose entre as lições aprendidas e experiência adquirida pelo FAS desde o
seu estabelecimento em 1994, as mudanças favoráveis do actual quadro institucional em Angola e
os desafios presentes de redução da pobreza no país.
o PDL tem como objectivo apoiar o Governo de Angola na implementação dos princípios
estabelecidos na sua estratégia de desenvolvimento de longo prazo, Angola 2025,bem como o
Plano 2011-2012 em complementaridade com as iniciativas das províncias e municípios incluindo:
(i) construção e/ou reabilitação da rede de infra-estruturas sociais e económicas dentro do quadro
de descentralização definido no horizonte 2025; (ii) melhoria da qualidade dos serviços públicos
prestados; (fi) fortalecimento das capacidades institucionais locais com vista a garantir que os
municípios possam gerir os seus recursos humanos e financeiros de forma transparente, eficaz e
eficiente; (iv) fortalecimento da capacidade dos cidadãos de participarem na formulação de
politicas públicas e no controlo dos respectivos investimentos e despesas públicos; e (v) aumento
das oportunidades de emprego e geração de rendas a nível local.
Neste sentido, o PDL envidará esforços no sentido de promover, com os seus investimentos e
actividades, o fortalecimento de processos participativos de tomada de decisão, de capacidade de
planeamento, de alocação de recursos e de operação e manutenção de infra-estruturas sociais e
económicas básicas, incrementando assim o capital físico, humano e social em Angola.
Os objectivos de desenvolvimento do PDL são: (i) melhorar o acesso das populações pobres a
serviços sociais e económicos básicos e as oportunidades económicas, e (ii) aumentar as
capacidades de planeamento e de gestão do desenvolvimento local dos municípios alvo.
• 720.000 pessoas nas áreas do programa com acesso a fontes de água de qualidade;
62
• 50 por cento dos grupos de produtores/empresas em municípios participantes apresentam uma
melhoria em pelo menos um aspecto de sua gestão empresarial;
• 50 por cento dos municípios participantes integraram seu respectivo Plano de Desenvolvimento
Municipal' nos planos anuais provinciais;
• 60 por cento de representantes da sociedade civil nos municípios participantes consideram que
os seus pontos de vista foram tomados em consideração no processo de desenvolvimento local;
• 60 por cento dos beneficiários satisfeitos com a qualidade dos serviços sociais e económicos
financiados pelo PDL.
O alcance dos resultados acima descritos será garantido por três componentes devidamente
estruturadas, nomeadamente:
Até ao presente, o FAS abrangeu um total de 45 municípios e, na sua terceira fase estendeu as
suas acções das 9 províncias iniciais a todo o país, através da criação de 13escritórios provinciais.
.Abertura de 5 escritórios e constituição de equipas nas províncias do Uíge, Lunda Norte, Lunda
Sul, Moxico e Kuando Kubango;
63
1.3. Grupo Alvo
O PDL focará em 3 grupos alvos principais, de acordo com as suas respectivas componentes:
Especial atenção será dada à inclusão dos grupos mais vulneráveis, aquelas comunidades que,
pelas suas características (localização geográfica, índice de pobreza, sem voz) não foram
priorizadas no âmbito das carteiras-piloto ou Planos de Desenvolvimento Municipal usando a
discriminação positiva nos processos de priorização das infra-estruturas bem como cedência de
acções formativas;
64
Tendo em consideração a natureza inovativa das actividades propostas, a Componente 2 terá uma
fase piloto a decorrer num período de dois anos, nas províncias da Huíla, Lubango, Benguela e
Namibe. As províncias acima referidas foram seleccionadas pelas oportunidades económicas
promissoras no âmbito da produção e processamento agrícola, artesanal e actividades de pesca
marinha e fluvial em pequena escala. As actividades piloto serão testadas inicialmente em 12
municípios (urbanos, rurais e peri urbanos), tendo em vista a adaptação dos instrumentos
aplicados à diversidade de contextos de Angola. Os resultados e as lições aprendidas com a
implementação das experiências piloto serão incorporados em manuais de orientação
metodológica a serem disseminados a posterior.
Uma vez que Angola carece de informação sobre as oportunidades económicas de relevância para
grupos de produtores, micro e pequenas empresas, a componente 2financiará também trabalhos
analíticos que irão permitir que, mesmo as administrações municipais com pouca ou nenhuma
experiência na preparação e implementação de estratégias e actividades de desenvolvimento
económico local estejam em condições de as desenvolver.
Unidades domiciliares individuais ou empresas não serão elegíveis aos serviços, fundos e
actividades cobertos por esta componente.
Os referidos estudos têm como objectivo elaborar uma linha de base que sirva de referência para
as actividades a desenvolver no âmbito da Componente 2 do PDL -Desenvolvimento da Economia
Local.
O estudo de linha de base deve fornecer as seguintes informações, com os últimos dados
disponíveis e compilados a partir do início do trabalho:
65
2. Mercado de trabalho: % população empregada, desempregada, empregada temporariamente;
6. Formas de organização;
7. Provedores de serviços;
Os estudos de Linha de Base devem acontecer a partir do mês de Julho nos municípios acima
referidos e deverá incluir fotos ilustrativas. Outros estudos já realizados poderão ser utilizados -
caso os dados sejam recentes - com as devidas referências.
f. Fluência em Português, escrito e falado e conhecimentos de uma língua local como vantagem.
4. PRODUTOS PRINCIPAIS
- Um relatório com informação solicitada por município contendo as seguintes informações, com
os últimos dados disponíveis e compilados a partir do início do trabalho:
66
4. Número de empresas, o tamanho das empresas, organização jurídica (formal ou informal);
5. Formas de organização;
6. Provedores de serviços;
- Realização de um Workshop de disseminação dos resultados dos estudos dirigido aos parceiros
locais e às equipas provinciais do FAS nas províncias em que se vai realizar o estudo.
6. TERMOS CONTRATUAIS
o contrato é celebrado por um período de 60 dias e terá a sua efectividade na data estipulada e
confirmada por carta pelo Contratante.
Os interessados deverão enviar para o FAS uma proposta técnica e financeira para
desenvolvimento do trabalho proposto.
O FAS notificará o Contratado por escrito da sua intenção de pôr termo ao Contrato, indicando em
detalhe as razões específicas para o cancelamento.
67
Anexo 2: Listagem das entrevistas realizadas Município do Lubango
Nº Nome Instituição/Função
68
Entrevistas a Operadores Comerciais/Prestadores de Serviços informais e precários (35)
69
30 (não quis dizer o Prestação de serviços – transporte de Mototaxista (kupapata) –
nome) passageiros parada da Tundavala
31 (não quis dizer o Prestação de serviços – transporte de Mototaxista (kupapata) –
nome) passageiros parada da Tundavala
32 (nome imperceptível) Comércio precário Janela aberta – Lubango
33 (não quis dizer o Prestação de serviços pessioais Guarda - Lubango
nome)
34 Joaquina Prestação de serviços pessoais Empregada doméstica -
Lubango
35 (não quis dizer o Comércio ambulante Zungueiro – Lubango
nome
70
Anexo 3: Lista da documentação consultada
FAS – Huíla
- (2011) Relação nominal das Associações e Cooperativas organizadas dos Municípios do Lubango
e Chibia
71
Serviços Provinciais da Huíla do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional
72
Anexo 4: Instrumentos de recolha de informação
Dados biográficos
Idade
Sexo
Nível de escolaridade
Actividade profissional
Instituição
Dados organizacionais
Estrutura da organização
Organização administrativa
Comunas/Bairros
Recursos naturais
Actividade económica
Principais actividades/sectores
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Articulação entre actividades e sectores
Habitação
Saúde
Educação
Cultura/Lazer/Entretenimento
INFORMAÇÃO SOCIO-DEMOGRÁFICA
1) IDADE
2) SEXO
3) NATURALIDADE
4) ESCOLARIDADE
5) ANOS DE RESIDÊNCIA
6) BAIRRO/MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA
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INFORMAÇÃO RELACIONADA COM O EXERCÍCIO DA ACTIVIDADE E COM O LOCAL DE TRABALHO
9) ACTIVIDADE
(Há muitas pessoas na actividade neste município? Que outras actividades informais são
importantes no município? Onde estão localizadas? Porque escolheu esta actividade? Quem são
os clientes/utilizadores? Porque escolheu trabalhar neste município/comuna/bairro? A que horas
começa e finaliza? Participa em grupos de kixiquila? A actividade é rentável? Permite ganhar
dinheiro para satisfazer as necessidades da família? Principais problemas enfrentados no exercício
da actividade? Expectativas para o futuro?)
75
Anexo 5: Rede comercial licenciada
76
Anexo 6: Informação estatística relativa ao emprego na Província da Huíla
77
Anexo 7: Caracterização Geral da Província e Distribuição da população por municípios e
comunas
78
Anexo 8: Dados sobre os mercados do município do Lubango - Número de vendedores em
alguns mercados do município do Lubango
79
80