Artigo Comunicação Organizacional
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RESUMO
Esta pesquisa trata do tema comunicação organizacional interna em um Centro
Tecnológico de Polímeros – CETEPO no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial -
SENAI. Relativos a este tema, trabalharam-se os seguintes conceitos: meios de comunicação
formal e informal, fluxos formais de comunicação em sentido vertical, ascendente e
descendente, além do fluxo em sentido horizontal. Também se conceituou os instrumentos
formais, tais como: os quadros de avisos, caixas de sugestões, mensagens eletrônicas,
sinalizadores, periódico interno, carta ao pessoal, notas e flashes informativos. Após estas
contextualizações, utilizou-se como metodologia de pesquisa o estudo de caso, com coleta de
dados qualitativos e quantitativos. Através de entrevistas, observação participante e a
aplicação de questionários, realizou-se em 2004 uma análise da percepção dos colaboradores
CETEPO-SENAI em relação à comunicação interna praticada pela organização. Ao final da
análise, foram sugeridas alternativas para os itens avaliados positiva e negativamente,
contribuindo, assim, para a melhoria do processo de comunicação interna do CETEPO-
SENAI.
1 INTRODUÇÃO
1
Bacharel em Administração de Empresas – UNISINOS - RS
2
Bacharel, Especialista, Mestre e Doutorando Interdisciplinar em Ciências Humanas – UFSC - SC
NIEVIROSKI., Andrea Lecini; AMORIN, Wellington Lima. Comunicação organizacional interna em um 2
centro tecnológico de polímeros-CETEPO-SENAI. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada,
Blumenau, v.1, n.3, p.01-18, Sem II, 2007
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2 COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL INTERNA
Mattelart (1999) afirma que os sistemas de comunicação interna contribuem para que a
empresa se torne competitiva, devido ao fato de que suas atividades são realizadas por pessoas
e que a política de comunicação adotada pela organização irá influenciar no desempenho dos
mesmos. Em outras palavras, as pessoas atuarão de acordo com as informações que recebem,
o que pode ou não provocar conflitos entre si.
Para Marin (1997), embora possa haver a formalização dos relacionamentos sociais
praticados na organização, atitudes do comportamento humano do ponto de vista afetivo e
emocional, não necessariamente possuem um padrão rígido de conduta, levando-se a perceber
realidades formais e informais de comunicação interna organizacional.
Um fluxo de comunicação ascendente para que ocorra, sem colapsos, exige um certo grau
de institucionalização, através da utilização de instrumentos planejados como: caixa de
sugestões, concurso de idéias e participação recompensada com benefícios, (Marin, 1997).
Kunsch (2003) coloca que, para que ocorra essa institucionalização é necessária uma
filosofia e uma política sendo praticada pela direção neste sentido. Todavia, Marin (1997)
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reconhece a existência de vários problemas na eficiência deste tipo de comunicação: risco de
excessivo controle por parte da direção; ira do diretor quando a mensagem é desagradável, o
que implica somente em comunicações favoráveis; insuficiência de canais; entre outros.
Marin (1997) considera que a comunicação horizontal é aquela que se dá entre as pessoas
consideradas iguais, hierarquicamente, em uma organização.
Maximiano (2000), da mesma forma, define a comunicação horizontal como aquela que
ocorre entre unidades de trabalho do mesmo nível ou entre unidades de trabalho de níveis
diferentes, também chamada de comunicação diagonal pelo autor.
Kunsch (2003) salienta a importância deste fluxo visto que, possui um papel agregador
que proporciona a socialização de informações, assim como o conhecimento de atividades das
outras unidades organizacionais.
Marin (1997) aponta alguns problemas existentes quanto ao uso da comunicação
horizontal, dos quais o fato de que os membros estão sempre muito ocupados, trabalhando em
suas próprias áreas e sem tempo para tarefas de coordenação.
Assim, para que estes fluxos formais atinjam seus objetivos são necessários instrumentos
de transmissão de mensagens eficientes, os quais serão apresentados a seguir:
Para Piñuel e Gaitán (apud RAIGADA, 1997), os quadros de cortiça onde se fixam os
anúncios ou os luminosos contemplam todo o tipo de informação como, por exemplo:
informações legais obrigatórias; informações comunicadas pela direção (comunicação em
sentido descendente); mensagens que integram os colaboradores; entre outros.
Fortes (2003) coloca que os quadros de avisos possuem aplicabilidade para informações
administrativas que exigem rapidez e flexibilidade como: alertas de última hora, convênios,
eventos promocionais e comemorações em geral.
Andrade (2003) alerta que, muitas vezes, esse meio de comunicação não cumpre o seu
objetivo em virtude de não estar bem localizado. Os melhores locais para a colocação de
quadros, segundo o autor, são os caminhos que conduzem ao restaurante ou à tesouraria e não,
como se pensa, próximo ao relógio ponto, por exemplo.
Fortes (2003) atenta, também, para o fato de que as informações nos quadros de avisos,
além de demandarem cuidados para atrair a atenção dos colaboradores, devem ser mantidos
em constante atualização em virtude de serem temporários.
4.4 SINALIZADORES
De acordo com Raigada (1997), o periódico interno de uma empresa pode ser
considerado como um dos principais dispositivos para desenvolver a comunicação interna (em
sentidos descendente, ascendente e horizontal).
No entanto, lembra Andrade (2003), o periódico não deve ser transformado em porta-voz
da direção da empresa. É preciso, saber que o house organ é um periódico da organização e
de todos os seus públicos.
Quanto à periodicidade, Raigada (1997) aconselha que mais vale começar prudentemente
e acrescentar progressivamente a freqüência de aparição dos periódicos (passar de semestral a
mensal) que diminuir para não dar a sensação de fracasso.
Sobre o papel das publicações internas, Marin (1997) coloca que as informações
divulgadas possuem o caráter de “formação na empresa”, fazendo pública uma situação
relevante alcançada por pessoas chaves da organização ou o agradecimento da empresa a
determinados indivíduos ou grupos.
Raigada (1997) coloca que, nos periódicos devem prevalecer verdadeiras informações
que não sejam contaminadas de propaganda ou sobrecarregadas com outras mensagens já
difundidas, além disso, a publicação pode acolher informações pessoais tais como
acontecimentos sociais (nascimentos, matrimônios, falecimentos e outros) ou pequenos
anúncios.
Este tipo de documento está destinado a difundir rapidamente, para um público concreto,
uma informação breve (como um reforço nas medidas de segurança, informações técnicas,
anúncio da chegada de uma personalidade importante entre outros), (Raigada, 1997).
Fortes (2003) complementa que estes instrumentos são lembretes impressos em folha
solta, às vezes em somente uma face ou dobrada ao meio. São passados de mão em mão
internamente na empresa.
No entanto, Raigada (1997) destaca que, com a tendência de se multiplicar o envio de tais
notas, o risco de redução do impacto das mensagens torna-se maior, havendo uma
desconsideração deste tipo de leitura.
Assim, os instrumentos formais de comunicação apresentados descrevem formas de
viabilizar os objetivos da comunicação interna nas organizações. No entanto, para Baldissera
(2000), a decisão pelo uso de tecnologias ou ferramentas específicas em detrimento de outras,
é tomada sob o âmbito de cada cultura organizacional em particular.
5 MÉTODO
Comunicação informal * deve haver reuniões sociais e profissionais com mais integralidade;
* é uma questão cultural e pessoal o relacionamento interpessoal entre colegas;
Fluxo formal – * participação restrita da direção em algumas reuniões rotineiras de colaboradores;
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Comunicação * os colaboradores, muitas vezes, não buscam comunicar-se com a direção por
ascendente medo,resistência de chefias ou coordenadores muito atarefados;
* utilização do formulário (956/002) como instrumento de comunicação ascendente.
Fluxo formal - * diversas formas de se obter o comprometimento dos colaboradores, entre elas,
Comunicação através da comunicação de idéias e propostas criativamente.
descendente
Fluxo formal – * decisões tomadas em conjunto de setores são importantes para não incorrerem
Comunicação retrabalho e falhas na comunicação;
horizontal * a estrutura física do CETEPO (em dois prédios) é um fator importante que
desestimula a interação entre os setores.
Outras formas de * instrumentos menos burocráticos para que a comunicação seja dirigida a quem
comunicação interna realmente interessa;
comentadas ou * filtragem efetiva das mensagens que circulam no CETEPO;
sugeridas * e-mail individualizado para não burocratizar a comunicação interna;
* pessoas mais capacitadas em suas áreas facilitam o fluxo de comunicação,visto não
haver tanta dependência de informações de colegas;
* desenvolvimento pessoal necessário: falar com a pessoa e não da pessoa;
* encontros técnicos e sociais mais freqüentes para disseminar informações;
É possível perceber que alguns aspectos dos quadros de avisos estão sendo observados
pela organização para que se cumpra o seu objetivo de ser um meio de comunicação visual
que dissemina coletivamente as informações, como conceituou Fortes (2003). Isso pode ser
observado nas opiniões dos respondentes quanto ao aspecto de divulgação de informações
rápidas e flexíveis nos quadros de avisos com 66% de concordância (1). Porém, não ficou
claro se há uma quantidade ideal destes quadros na empresa já que 47% concordaram que há
pequena quantidade, 23% discordaram e 29% foram indiferentes à questão (2).
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Sobre este último aspecto, Fortes (2003) alerta para o fato de que o número de mensagens
difundidas via quadro de avisos é necessariamente limitado, ou seja, multiplica-se o número
de quadros e perde-se, progressivamente, a relevância do que está sendo informado.
Portanto, é preciso que a organização observe este item pois, quando houve o
questionamento sobre os quadros de avisos como instrumento eficiente de comunicação
interna, as opiniões também ficaram divididas com 33% de discordância e 44% de
concordância dos pesquisados (3).
De acordo com as informações acima, existe uma consciência dos colaboradores quanto
aos aspectos de formalização das caixas de sugestões. Esta constatação deve-se,
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principalmente, à observação do percentual obtido de 67% de discordância total relacionado à
questão que verifica se há confusão das caixas de sugestões com o formulário interno de
Alteração de Documentos (1), onde são registradas melhorias sugeridas pelos colaboradores
apenas para processos operacionais realizados.
Neste sentido, Raigada (1997), aconselha que realmente ocorra a padronização do
procedimento de coleta de sugestões para evitar a conversão deste meio de comunicação para
“caixa de reclamações”.
Percebe-se, no entanto, a existência de opiniões divididas com relação ao aspecto de
eficiência das caixas de sugestões com 42% de discordância e outros 42% de concordância
(2). Para esta situação, Marin (1997), explica que as informações ascendentes são mais
difíceis em organizações tradicionais pela sua hierarquia imperativa, o que converge para o
que foi levantado no CETEPO-SENAI.
Verifica-se, através dos dados acima, que existe um percentual de 52% de concordância
total com relação à praticidade das mensagens eletrônicas (1). Fortes (2003) salienta a
contribuição deste instrumento para a diminuição do preparo tradicional de correspondência
rompendo a cadeia – anotar, digitar, imprimir, expedir e postar, através da simplicidade,
rapidez e economia dos correios eletrônicos.
No entanto, a pesquisa revelou uma divisão de opiniões quando são levantados os
aspectos de confidencialidade, com 22% de discordância total e 17% concordância total (2) , e
sobrecarga do usuário de informações desnecessárias com 42% de concordância e 26% de
discordância (3). Raigada (1997) ressalta, em relação a esse item, que as mensagens
eletrônicas correspondem a um dispositivo comum, que leva em consideração a diversidade
de informações presentes em todos os sentidos de sua circulação (ascendente, descendente, e
horizontal) podendo gerar, desta forma, a sobrecarga do usuário identificada na pesquisa.
. Contudo, ainda foi considerado eficiente este instrumento de comunicação interna com
o percentual de 52% de concordância (4) e o percentual de 74% de concordância total quanto
à sugestão de ser implantado na organização o e-mail individualizado (5).
Quanto aos resultados, há uma concordância de 79% dos respondentes que consideram as
identificações de cargos e setores apenas como literais transmissores de informações
relacionados às funções dos colaboradores (1). Além disso, de acordo com a pesquisa, há um
percentual 44% de discordância e 39% de indiferença dos respondentes no que se refere aos
sinalizadores como recursos auxiliares que fazem relevância aos eventos ou pessoas no dia-a-
dia da unidade (2).
Considerando outros aspectos da comunicação visual, levantados na fase exploratória,
observa-se que ocorrem divisões de grupos na unidade devido a estrutura física da mesma
(divisória de paredes entre setores e a divisão da unidade em 2 prédios): percentuais de 50%
de concordância (3).
Porém, houve um percentual de 52% de discordância para a pergunta sobre
distanciamento entre colegas na comunicação face-a-face, o que exigiria o uso de outros
canais de comunicação (4). Assim, percebe-se que há uma maioria que concorda com a
adequação da estrutura efetiva da unidade, não afetando, deste modo, as expectativas das
pessoas envolvidas, como coloca Raigada (1997).
Por meio dos resultados obtidos, verifica-se que há uma concordância efetiva dos
pesquisados com relação aos aspectos de apresentação do periódico como: veracidade das
informações publicadas, com 89% de concordância (1); adequados intervalos de publicações,
com 84% de concordância (2); e veiculação de notícias numa linguagem acessível, com 95%
de concordância (3).
Além disso, os respondentes concordam que pode haver um maior direcionamento deste
meio de comunicação para o público interno, com 47% de concordância e 32% de
discordância (4) salientando que, hoje, o periódico publicado no SENAI-CETEPO é editado
com ênfase no seu público externo. Complementando esta questão, foi constatada a
concordância de 69% dos pesquisados quanto a necessidade de publicações de situações que
foram destaque alcançadas por colaboradores da unidade.
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Este levantamento reflete, também, outra necessidade: uma maior consciência da direção
sobre a publicação do periódico do SENAI-CETEPO como instrumento de comunicação
interna que auxilie no desenvolvimento da informação e da lealdade dos colaboradores,
conforme coloca Marin (1997).
Por meio dos resultados obtidos, verificou-se que há uma concordância com relação a
algumas características da comunicação pessoal, obtidas nas entrevistas na etapa exploratória,
visto que 89% dos respondentes concordaram que é possível perceber as manifestações
verbais e não-verbais dos indivíduos (1), 79% estão de acordo com o exercício de
disseminação de informações entre colaboradores (2), e 61% dos respondentes concordaram
com a objetividade das reuniões no SENAI-CETEPO (3).
No entanto, há uma divisão de opiniões quanto à indisponibilidade de diálogos mais
prolongados ou esclarecimento de dúvidas, no dia-a-dia da organização, visto o percentual de
47% de concordância e 37% de discordância (4). Para exemplificar, no setor técnico há maior
complexidade de processos, necessitando de maior tempo para explicações e esclarecimento
de dúvidas. Ao passo que, no setor administrativo, não há tantas informações técnicas devido
aos seus processos essencialmente rotineiros.
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Quanto à comunicação informal percebeu-se uma normalidade, visto o percentual de 89%
que concordam que o desenvolvimento pessoal caracteriza este tipo de comunicação e que se
deve falar com a pessoa e não da pessoa (5). Além disso, o percentual de 79% dos
pesquisados que concordaram que a comunicação pessoal entre colaboradores é madura, nas
relações sociais e informais na unidade (6).
7 CONCLUSÕES
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REFERÊNCIAS
MATTELART, Armand. História das teorias da comunicação. São Paulo: Edições Loyola,
1999.