O Que É o Parágrafo
O Que É o Parágrafo
O Que É o Parágrafo
O PARÁGRAFO-PADRÃO
“Em geral, o parágrafo-padrão, aquele de estrutura mais comum e mais eficaz, – o
que justifica seja ensinado aos principiantes – consta, sobretudo na dissertação e
na descrição, de duas e, ocasionalmente, de três partes: a introdução,
representada na maioria dos casos por um ou dois períodos curtos iniciais, em que
se expressa de maneira sumária e sucinta a ideia-núcleo (é o que passaremos a
chamar daqui por diante de tópico frasal ou frase-núcleo); o desenvolvimento, isto
é, a explanação dessa ideia-núcleo; e a conclusão, mais rara, mormente nos
parágrafos pouco extensos ou naqueles em que a idéia central não apresenta maior
complexidade.”
(Othon Garcia. Comunicação em prosa moderna. RJ: FGV, 1988, p.206)
ESTRUTURA DO PARÁGRAFO-PADRÃO
O tópico frasal é de suma importância tanto para quem escreve quanto para quem
lê o parágrafo.
• Para quem escreve, é importante para não “se perca” ao escrever, pois terá
aquela ideia como base do parágrafo, evitando assim um aglomerado de ideias
soltas. O tópico frasal será o seu “norte”.
1.
“Viver é mesmo uma ginástica. O coração se contorce para bombear o sangue
que, por sua vez, corre o corpo inteiro. A respiração estica e encolhe os pulmões. O
aparelho digestivo se dobra e desdobra com o alimento. Tudo na vida animal é
movimento - músculos que se contraem, músculos que se estendem. Graças a
cerca de 650 músculos o homem pode, além de viver, ficar em pé, andar, dançar,
falar, piscar os olhos, cair na gargalhada, prorromper em lágrimas, expressar no
rosto suas emoções, escrever e ler este texto. Portanto, o desempenho da
musculatura é muito mais forte que mera força bruta.” (Revista Superinteressante,
n.2, 1988)
2.
Todos sabem que a cada dia se torna mais difícil trafegar pelas ruas da
capital amazonense. Com a facilidade que existe hoje para se adquirir um
automóvel, o número de veículos em circulação vem crescendo em larga escala. Só
que a cidade não foi preparada para essa nova realidade. Cresceu rápida e
desordenadamente nas últimas décadas, sem ruas e bairros planejados para a
grande demanda de carros. Isso, somado à falta de preparo de motoristas e
pedestres, resultou no trânsito confuso e estressante de hoje. (Carlos Guedelha)
3.
Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação:
informar, divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de
notícias, relatos e comentários sobre a realidade. A segunda atende à procura de
distração, de evasão, de divertimento por parte do público. A terceira procura
persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo produto. A quarta é realizada de
modo intencional ou não, por meio de material que contribui para a formação do
indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos. (Samuel P. Netto)
4.
O Brasil tem 31 milhões de crianças, destas, apenas três milhões
terminarão o curso secundário. É uma forma de abandono disfarçado, mesmo
daquelas que não dormem na rua. Um programa educacional para todas essas
crianças não se fará pela lógica do crescimento econômico, mas sim usando um
crescimento econômico que seja subordinado e compatível com a educação.
(Cristovan Buarque, Humanidades, n. 1, 1992. pp. 10-12)
5.
A globalização é o estágio supremo da internacionalização. O processo de
intercâmbio entre países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo desde o
período mercantil dos séculos XVII e XVIII, expande-se com a industrialização,
ganha novas bases com a grande indústria nos fins do século XIX e, agora, adquire
mais intensidade, mais amplitude e novas feições. O mundo inteiro torna-se
envolvido em todo tipo de trocas: técnicas, comerciais, financeiras, culturais.
(Milton Santos, Folha de S. Paulo, 5 abr. 1996)
a) DECLARAÇÃO INICIAL
Faz-se uma declaração inicial, que será comentada em seguida.
Ex:
“O conhecimento nasceu como uma extensão do corpo, para ajudá-lo a
viver. O corpo sentiu dor, e a dor fê-lo usar a inteligência a fim de encontrar uma
receita para por fim à dor. O corpo sentiu prazer, e o prazer fê-lo usar a inteligência
a fim de encontrar uma receita para repetir a experiência de prazer. Esse é o início
do conhecimento. Foi assim que nasceu a ciência.”
(RUBEM ALVES. Folha de S. Paulo, 12.09.99.)
b) DEFINIÇÃO
É uma forma de iniciar parágrafos sobre termos que pedem uma ligeira
conceituação.
Ex:
“O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo,
isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um
modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabelecer
algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a
construção cultural, mas que dão, também, as formas da ação humana.”
(Maria Lucia Aranha, Temas de filosofia. São Paulo: Moderna, 1992, p. 62)
c) DIVISÃO
Usa-se um numeral ou um pronome indefinido no plural como vários, alguns, etc. O
que se faz em seguida é apresentar as ideias como uma enumeração.
Ex:
“O povoamento do sul do Brasil processou-se de dois modos diferentes: no
litoral, pela vinda de colonos açorianos, que chegavam com algumas ferramentas,
sementes, um pouco de dinheiro; no interior, pela chegada de famílias paulistas,
que seguiam os caminhos do altiplano. O duplo aspecto do povoamento dará lugar
a dois tipos de sociedade e dois tipos de economia.” (Roger Bastide, Brasil: Terra
de Contraste)
d) ALUSÃO HISTÓRICA
Utiliza-se algum fato histórico como ponto de partida para desenvolver o parágrafo.
Ex:
“Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-
oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As
fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição.
Preparou-se o terreno para a construção da chamada aldeia global.” (Antonio
Carlos Viana)
e) INTERROGAÇÃO (PERGUNTA)
Inicia-se o parágrafo com uma pergunta que desperta a reflexão do leitor. A
pergunta não é respondida de imediato, mas ao longo da argumentação.
Ex:
“Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os
contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que
parece não ter fim. A cada ano, o cidadão é lesado por novos impostos para
alimentar um sistema que só parece piorar.” (Antonio Carlos Viana)
f) ADJETIVAÇÃO
O uso de dois ou mais adjetivos servem de base para a argumentação.
Ex:
“O atual e crescente interesse pelo canto gregoriano é notável e
compreensível. Notável porque se dá numa época em que tudo o que está na
moda tem de ser barulhento e acelerado; compreensível porque nenhuma outra
música proporciona uma sensação de tranqüilidade e paz interior tão profunda. Os
cantos tranqüilizadores conquistaram o mundo em busca de uma nova
espiritualidade”
(Encarte do CD Vozes da tranqüilidade, Reader’s Digest Música)
g) CITAÇÃO
Inicia-se o parágrafo com a citação de alguma frase interessante dita por alguém
renomado.
Ex:
“Todo brasileiro é mestiço. Se não no sangue nas ideias.” A observação é
Sílvio Romero, e foi feita há cerca de um século. De fato, o material de que se
alimenta a vida espiritual de todos os brasileiros provém de fontes étnicas muito
diversas e muito misturadas. Tradições culturais européias se cruzam com raízes
africanas e matrizes indígenas, antes de receberem influências asiáticas, sobretudo
através da imigração japonesa. A riqueza (a universalidade) de uma cultura
nacional depende de muitos fatores. E depende, decisivamente, de sua capacidade
de saber assimilar a diversidade das experiências humanas que lhe chegam,
através dos mais distintos caminhos.
(Leandro Konder, O Globo, 11 out. 1992.
i) ILUSTRAÇÃO
Inicia-se o parágrafo apresentando um fato para ilustrar o tema.
Ex:
“Na mesma semana que morreu Ayrton Senna, morreu atropelada no Rio,
mais precisamente na Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, uma
empregada doméstica chamada Rosilene. Durante uma hora os carros
passaram por cima de seu corpo, a ponto de só ser reconhecida através das
impressões digitais que restaram. O Brasil inteiro chorou a morte de Senna, mas
poucos souberam do fim trágico de Rosilene. Este é bem o retrato do país que
habitamos. Somos cada dia mais dois Brasis. Um, dos ricos e famosos, que faz uma
nação inteira chorar ou pelo menos se interessar pelo caso. Outro, o dos
miseráveis, cujas vidas não interessam a ninguém.” (Antonio Carlos Viana)
EXERCÍCIO
a) O trabalho dignifica o homem, mas o homem não deve viver só para o trabalho.
b) A propaganda de bebidas alcoólicas deveria ser proibida por duas razões
fundamentais:
c) Caótico e estressante. Este é o verdadeiro retrato do trânsito em Manaus.
d) Até quando o país será refém da impunidade?
e) Secas constantes. Enchentes avassaladoras. Aquecimento global. Essa realidade
mostra que
A princesa e o sapo
Um brasileiro fantástico
Gabarito
6.
a) Monteiro Lobato foi um grande escritor de histórias
infantojuvenis. Seus livros encantaram e ainda encantam muitas
crianças brasileiras. Sua maior criação foi Sítio do Picapau
Amarelo.
Uma das diferenças na literatura infantojuvenil de Lobato é a
união do real e do imaginário. Sítio do Picapau Amarelo, você vai
encontrar uma boneca falante, um sabugo de milho, que é a
pessoa mais sábia da região, e muitos personagens do folclore
brasileiro.
Lobato afirmava que "um país se faz com homens e com
livros" e essa importância dada à literatura é vista em toda a
sua vida, pois, em seus 66 anos de vida, escreveu 42 livros - 23
de literatura infantojuvenil e 19 para adultos.
Não deixe de conhecer a obra desse escritor e apreciar a
capacidade que ele tinha de mesclar o real e o irreal .