Ricardo Santhiago Metaentrevista Publica
Ricardo Santhiago Metaentrevista Publica
Ricardo Santhiago Metaentrevista Publica
Resumo:
Neste artigo, analiso uma entrevista de história oral
produzida no contexto de um projeto de pesquisa com
cantoras negras brasileiras cujas trajetórias artísticas foram
marcadas pela não adesão ao samba como gênero musical
definidor. A entrevista aqui apresentada e discutida não
consiste, porém, em um relato de experiência, mas sim em
uma “metaentrevista” na qual uma das participantes do
projeto, a cantora Adyel Silva, reflete sobre a experiência de
narrar sua vida para um escutador específico, o pesquisador
de história oral. Tem-se, a partir dessa metaentrevista, a rara
oportunidade de discutir aspectos ligados à interação entre
pesquisador e entrevistado, à apresentação pública de
histórias privadas, ao exercício da liberdade narrativa, ao
processo criativo de narração de si e de cristalização de
narrativas, ao papel que as entrevistas desempenham na
vida e no projeto de nossos entrevistados.
Palavras-chave
História oral; Narrativas pessoais; Liberdade narrativa
Abstract:
In this article, I analyze an oral history interview recorded in
the context of a research project on Brazilian black women
singers whose careers are distinguished by their refusal to
embrace samba as the sole musical genre they perform. The
interview presented and discussed here, however, is not as
much an account of experience but rather a “meta-interview”
1
Professor do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação da Universidade Estadual de
Campinas. Doutor em História Social (USP, 2013) e pós-doutor em História (UFF, 2015). Pesquisador do
Grupo de Estudo e Pesquisa em História Oral e Memória (GEPHOM/EACH-USP), do Laboratório de História
Oral e Imagem (LABHOI-UFF) e do Centro de Estudos em Música e Mídia (MusiMid).
1. Introdução
Uma entrevista implica, sempre, uma transição do privado para o público; mira a
apresentação pública de histórias privadas. À exceção daquelas orientadas para o sujeito
(a entrevista psicológica, a entrevista de emprego), as entrevistas visam em última
instância cruzar o limiar que separa público e privado.2 Sendo assim, o público – esteja
ele corporalmente presente ou imaginado – é um fator determinante, que interfere na
narração.3
Mais do que triangular uma relação preexistente, a inusitada situação comunicativa
daquele sábado requalificou a função de cada um desses polos. Implicou, inclusive,
propor uma nova relação com o público: a relação que o artista desenvolve com ele
baseia-se na aspiração de encantá-lo, de atrair sua atenção. Ali, tratava-se de um outro
público – tão heterogêneo quanto a audiência de um espetáculo, mas elaborado em
função do interesse na história oral, do gosto pela escuta e também pelo questionamento.
Seu pendor não era contemplativo, mas inquisitivo.
O papel definidor do público ficou claro logo após minha primeira pergunta. Depois
de introduzir brevemente (já que esse não era, a rigor, o tema do encontro) o projeto que
eu conduzia e o lugar da narrativa da Adyel dentro dele, lancei minha primeira questão:
“Posso ficar horas aqui falando”, Adyel respondeu, olhando para mim. Mas,
imediatamente, voltou-se para a plateia:
2
Linda Shopes sugeriu a vivaz imagem da entrevista de história oral como um protótipo da história pública:
uma “história pública a dois”, que consiste em “um diálogo sobre o passado entre um historiador e um
membro do público, ou, talvez dizendo melhor, entre duas pessoas com tipos diferentes de conhecimento
histórico” (2016, p. 71).
3
Em um ensaio sobre “liberdade narrativa”, a que aludirei adiante, Robert Zussman (2012) aponta que uma
das dimensões que distinguem as narrativas é “autoridade da audiência”: “em alguns casos, a audiência (um
policial, um padre, um médico) pode dirigir a narrativa” (p. 811). Ele opõe essas narrativas feitas “de cima para
baixo” àquelas feitas “de baixo para cima”, nas quais “pode haver uma audiência, mas sem autoridade sobre
forma ou conteúdo”. Bem, isso depende.
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Exceto quando indicado, todas as citações provêm da entrevista pública realizada em 16 de maio de 2009,
na Universidade de São Paulo.
Quando saiu meu disco, foi um processo muito complicado e muito difícil, porque
eu não sou uma cantora de samba e a impressão que eu tenho é que o Brasil
enxerga as cantoras brasileiras negras como cantoras sambistas – e se você não
é [cantora de samba] você não existe, ou (...) pra se afirmar (...) o caminho é
muito mais cheio de pedras, é muito mais comprido e tal... Bom, o disco saiu...
(...) Aí então eu entro no Google, boto lá AdyelChic da Silva, entre aspas, e uma
das coisas que aparece é esse comentário: “Não consigo parar de ouvir. Não
consigo tirar esse disco do meu toca-CD”. Aí eu fui lá ver quem era. Deixei um
recado pra ele e a gente começou a trocar uma coisa até tímida, não foi? [dirige-
se a mim] Coisa assim... [Depois] eu fiz um lançamento no SESC Vila Mariana e
convidei o Ricardo. E, Ricardo, agora eu vou te confessar: [risos da plateia] eu
fiquei morrendo de vergonha porque, é claro, você está fazendo um show, você
está lidando com pessoas que têm emoções e tal. Aí é assim: é uma guitarra que
você percebe que deu a nota errada, e por causa dela talvez eu tenha dado a
nota errada, e todo mundo se atropelando... E eu falando assim: “Meu Deus, do
que eu vi desse menino, ele conhece música, ele gosta de música”. Eu queria
fazer o meu melhor naquela hora. E não saiu o meu melhor. Eu falei: “Ai, que
vergonha, que chato...” [risos da plateia]
Mais uma vez – indo ao encontro do que Norick (2006, p. 93) observa –, a
avaliação crítica do passado, de um ponto de vista diferente – o do presente – abre
caminho para um relato bem-humorado. Minhas próprias lembranças do show – do qual
me lembro em detalhes – eram as melhores, mas já não cabia interromper: aquelas não
eram as minhas lembranças, mas as de Adyel. E elas já haviam conquistado o seu
público – ironicamente, com o relato espirituoso de um episódio que, nem em nossas
entrevistas formais nem em nossas incontáveis conversas, havia aparecido. De certa
forma, isso confirma que o plano arriscado de pedir a um narrador que contasse sobre o
processo de narrar deu certo: em forma (do solene ao tragicômico ou ao “nem trágico
nem cômico”) e conteúdo (a discussão da nossa relação e do nosso processo), dali até o
final do encontro, a performance de Adyel ofereceu insights eloquentes para a maneira
como nossos entrevistados interpretam e se relacionam com nossas pesquisas.
4. Liberdade, liberdade
5
Embora, vale a pena frisar, haja vários tipos de jornalismo. O trabalho de pesquisa do jornalismo literário ou
do jornalismo de grande extensão certamente guarda mais semelhanças com a nossa prática do que com a
do noticiário. Nos últimos anos, Eliane Brum tem sido um exemplo notável disso.
A única coisa que me consola é pensar que, quando o mundo acabar, eu vou
para o paraíso, porque fiz a coisa certa! Vou ficar lá em cima, rindo e abrindo as
asinhas – e ficar assistindo esses produtores, esses jabazeiros, esse povo que
passa arrombando tudo, arder no fogo do inferno! De vez em quando vou rezar
um pouco por suas almas... Mas só um pouquinho, claro! Deles eu não sinto
pena; sinto pelas pessoas que não podem conhecer. (SANTHIAGO, 2009, p. 37)
Ocorre que, se a relação com a liberdade artística é pacífica, o mesmo não ocorre
com a liberdade narrativa: a primeira é um assunto confortável (e talvez seja mesmo um
topos recorrente em narrativas de artistas); a segunda é um pressuposto conflituoso: “a
constatação de que a liberdade às vezes é uma coisa complicada”, diz Adyel. O
desconforto se dá porque, ao contrário da liberdade artística (que deve ser perseguida), a
liberdade narrativa está ao alcance dos lábios, ao menos no contexto de uma entrevista
de história oral.
Ao colocar em questão a liberdade narrativa, em um gesto que se contrapõe às
suas visões sobre todos os outros tipos de liberdade, Adyel nos impede de relevar um
comentário metodológico. Durante todo aquele projeto, minha estratégia para iniciar as
entrevistas foi a mesma: eu retomava o tema do estudo;sinalizava genericamente o
escopo que gostaria de cobrir na entrevista; esclarecia que não tinha uma pauta ou roteiro
de questões. E concluía: “Você pode começar por onde você quiser, como quiser...”. Na
maior parte das vezes isso funcionou, mas uma experiência em que eu mesmo fui
entrevistado deixou-me menos impaciente com a forma como as entrevistas começam,
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A esse respeito, ver o clássico livro de Michael Frisch, A SharedAuthority(1990), mas também sua réplica a
um debate sobre suas ideias (2003), no qual esclareceu a diferença entre “autoridade compartilhada” e
“compartilhando autoridade”. Em texto publicado em língua portuguesa (2016), ele volta a remeter a essa
distinção.
Dizendo que funcionei como seu “muro”, Adyel constrói nosso espaço narrativo
como um lugar seguro, protegido, até sagrado – o que entendi melhor tempos depois, na
véspera do lançamento de Solistas Dissonantes, quando ela me telefonou confessando a
preocupação de não ser bem compreendida pelos críticos e leitores comuns,
preocupação impenetrável dentro dos limites do muro, no qual ela depositou confissões e
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Creio que o temor de Adyel não se confirmou e o esforço de compreensão característico da história oral
também atuou em quem a leu. Outra entrevistada, a cantora Leila Maria, trouxe a preocupação dentro de sua
própria entrevista: “Eu mesma não falo disso, porque tenho medo de que as pessoas não entendam o que
estou dizendo e não apenas me tomem como preconceituosa, mas achem que estou usando isso como um
recurso para justificar porque não acontecem mais coisas na minha carreira. Talvez enxerguem como um tipo
de dor de cotovelo... Então, não dá. Não falo sobre isso com ninguém, porque as pessoas não assumem nem
o preconceito geral – imagine, então, o especificamente aplicado dentro dessa área” (SANTHIAGO, 2009, p.
76-7). “Não falo sobre isso com ninguém”, disse ela, mas falando comigo a respeito.
Ele me deixou depois [pensando] assim: “Puta que pariu! Por quê que eu fui
nascer preta, não cantar samba nesse país aqui, que não tem memória, que não
se respeita, que não conta histórias pros seus filhos? Que merda que eu fui
fazer?!? Que carma é esse?!?” (...) E... e eu tive momentos de grandes tristezas
por causa desse menino.
[Alguém me disse:] “Eu saí dali com três propostas pra você, pra gente prensar
isso como disco, entendeu? Fica nas tuas mãos, você escolhe”. Mais uma vez eu
escolhi errado... Puta que o pariu! Eu já tinha até esquecido disso! “Tem a
Eldorado, tem a Warner, tem a não-sei-quem”. Eu escolhi errado, eu fiz o
raciocínio [contrário]. Puta que o pariu, como eu sou pobre! Ai, por quê que eu fui
lembrar disso agora? (...) Porra, Ricardo, eu falei: “Ó, quer saber, eu vou escolher
a Eldorado, porque eu acho que, como ela tem um casting pequeno, ela vai poder
me dar atenção”. (...) Ai, agora eu tô com raiva de mim! Hoje eu vou remar com
vontade! (...) Olha isso, que pobreza: você tem uma Warner, você tem uma
multinacional na mão, e optar por uma coisinha pequena, aqui. Ah, não! Eu
mereço tudo [de ruim]! Porra! Olha isso! Eu tinha até esquecido, esquecido! Mas
tudo bem, tudo bem.
Além de contar sobre nossa relação, Adyel também se valeu da ocasião para
recontar aquilo que já havia verbalizado em nossos encontros privados, executando um
ato autobiográfico distinto. Ainda na primeira metade de nossa conversa, ela disse:
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Trata-se do programa “Encontro da gente”, apresentado em 2005 e 2006 na TV da Gente, idealizada pelo
cantor Netinho de Paula como uma emissora voltada ao público negro.
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Para mais informações sobre a transcriação, ver: MEIHY, 2005. Críticas desse procedimento, em outras
bases, estão disponíveis em, por exemplo: LEITE, 2008; SANTHIAGO, 2011.
6. Histórias de família
O que a gente não pode é esquecer essas histórias que a gente ouviu e que a
gente vive... O que a gente viveu, o que a gente sentiu. E é importante a gente...
é muito importante a gente contar isso para as pessoas que estão próximas da
gente, sabe? Porque essas histórias vão continuar. Eu contei pra ele [Ricardo].
Eu conto para o meu filho. Se eu não tivesse um filho e tivesse contado pra ele
[Ricardo], eu tenho certeza que daqui a cem anos alguém [poderia estar]
contando um causo [sobre mim], em função de contar essas histórias. Elas não
são bobas não! Não são só os homens poderosos que fazem história. A gente faz
história todo dia. Ele [Ricardo] me valorizou. E eu valorizei a minha avó na hora
que eu contei isso pra ele. Porque eu contei de todo o trabalho que ela teve, o
quanto ela suou e quanta esperança ela colocou – o quanto ela quis que eu não
Contando isso eu já nem sei se a história do meu pai é tão importante para eu ter
me voltado para a música. Porque é... Ela [minha avó] faria [a mesma coisa] de
qualquer maneira: com o filho dela campeão ou não, tenha tido [ou não] a chance
de ir morar na Nigéria e representar esse país por causa de não-sei-o-que.
“A gente está falando de história oral. Eu acho que todo mundo deveria ter a
oportunidade de fazer a história oral da sua vida, não é? Fazer, falar...”, diz mais adiante
uma mulher da plateia, visivelmente emocionada. Adyel concorda, mas à sua maneira: em
vez de sugerir que todos deveriam ser objeto de estudo e interesse acadêmico, retoma
sabiamente o que já havia sugerido antes (como se vê na primeira citação reproduzida
neste artigo). Lá, ela relatava que, durante seu período como apresentadora de TV,
lançava mão de um meio de comunicação massiva para estimular a transmissão
intrafamiliar e intergeracional de histórias: “vivia falando para as pessoas: ‘contem as
histórias das suas famílias’”. Desta vez, agregou humor à sua fala:
Contem para os seus filhos, para os seus sobrinhos, para os seus netos. Contem
suas histórias, as histórias dos seus pais e as histórias dos seus avós. Isso é
muito enriquecedor. Isso é fantástico. Tem que contar história. Devia ser assim, ó:
não tem a Hora do Brasil? A gente devia fazer a “hora da gente”. Marca [hora],
bota [todo mundo] ali sentado e conta! [risos da plateia]
Mas eu acho que, se você perguntar para o meu filho, se você der a chance para
o meu filho falar, eu não sei se ele vai falar isso tudo. Ele já vai falar sob o olhar
dele, a vivência dele, que é uma outra coisa. Acho [que] a coisa importante de
sempre falar, de contar, é... não sei... Eu supervalorizei a minha avó depois disso
tudo , entendeu? É contar para vocês de eu onde eu venho e me conscientizar de
quem eu sou, do que eu estou fazendo, do quê que eu quero.
O passado familiar é para Adyel, enfim, uma bússola poderosa: a intuição que
atribui à avó confere a ela os meios (e a responsabilidade) para seguir adiante; e a
história oral, neste caso, parece ter sido o instrumento que lhe permitiu reinterpretar – e
não simplesmente relembrar – essa história, em um processo de pesquisa compreendido
em sua plenitude, do modo que só uma entrevista sobre o processo permite vislumbrar.
Ecléa Bosi – cujo trabalho é e continuará sendo esteio dos mais floríferos para a
prática da história oral – disse certa vez que toda entrevista resultaria desejavelmente em
uma amizade. Bem, mas isso seria exequível? Seria desejável? Como cultivar tantas
amizades depois da segunda dezena de entrevistas? Como não desvirtuar a vocação da
investigação – será que não acabaríamos elegendo como narradores apenas as pessoas
com quem supomos afinidades prévias, impedindo o intercâmbio e a aprendizagem que
Olha, no dia que você me deu o texto escrito, a transcrição do que eu falei, [eu
pensei:] “Quanta bobagem!” [risos do público]. Eu falei: “Meu Deus, eu posso não
ter falado isso? Por quê que eu falei isso?”. (...) Eu fui super verdadeira, mas eu
tenho que tomar cuidado, porque isso pode vir a público e... Eu sou formada em
jornalismo. Eu conheço a raça! [risos] E eu não posso cutucar. Sem cutucar, eles
já me tratam com um pouco de desprezo. Se se sentirem cutucados, vai ser bem
pior. Pra quê? Pra quê, né? (...) Aqui, lendo, eu pude... eu pude ver como eu
viajo, né? Eu falo: “gente, eu comecei aqui, mas eu não concluí”. (...) Também
porque faz muito tempo, né? Isso foi [falado] há três anos. Aí, quando eu li, eu
fiquei emocionada com algumas coisas. E por duas vezes eu parei de ler. Eu
falei: “Eu vou parar de ler”. Talvez eu não estivesse num momento feliz, muito
confortável, estivesse fragilizada. (...) E você vai... É uma coisa de alma, mesmo,
de se despir de tudo, de ter a chance de... “Fala...” de falar! É isso.
Assim como as histórias individuais são janelas para questões mais amplas, a
narrativa de Adyel sobre sua experiência enquanto entrevistada levanta problemas
procedimentais e éticos que são comuns à prática da história oral como um todo. Ela
permite confirmar que não apenas nós, pesquisadores, somos capturados pela magia de
um diálogo intenso. Permite entrever os desdobramentos das conversas que temos com
nossos entrevistados, que vão da cristalização de fragmentos narrativos que voltarão a
ser contados à solidificação de uma relação saudável com o passado. Permite, também,
Referências
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