01 Citologia
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Citologia
Pré-Vestibular
Teoria e Exercícios Propostos
índice.biologia 1
O organismo pluricelular, que é formado por muitas células (milhares, milhões, até trilhões
de células), apresenta o corpo com tecidos, órgãos e sistemas, especializados em diferentes
funções vitais. As células dos pluricelulares diferem quanto às especializações e de acordo
com os tecidos a que elas pertencem.
Podemos então considerar, para o organismo unicelular ou pluricelular, que a célula é a
unidade estrutural e funcional dos seres vivos.
Na classificação dos seres vivos, são utili- As células procarióticas apresentam or-
zados critérios de organização e fisiologia ganização mais simples, sem núcleo organi-
celular para diferenciar os diferentes grupos zado e sem organelas membranosas, como
(reinos). retículo endoplasmático, complexo de Golgi,
Quanto à organização celular, as células mitocôndria, entre outras. Possuem célula
podem ser procarióticas ou eucarióticas. procariótica os organismos do reino Monera
(bactérias e cianobactérias).
Célula uma unidade de eficiência na es- entre si, estabelecendo um fluxo organizado
trutura e funcionamento dos seres vivos. dentro da célula e oferecendo uma superfície
O sucesso da organização celular e da fi- desproporcionalmente grande em relação ao
siologia celular está relacionado com várias volume celular;
características e propriedades dos diferen- 3) presença de material genético: a célu-
tes componentes celulares; entre eles pode- la contém no seu interior as informações ne-
mos destacar: cessárias (DNA) para criar e manter sua pró-
1) alto teor de água: a célula é completa- pria organização e para coordenar as ativi-
mente ocupada por água, o que facilita a dis- dades que realiza.
persão de substâncias e a ocorrência de rea- 4) presença de enzimas: o material gené-
ções químicas; tico determina a produção de enzimas,
2) compartimentação: um vasto sistema catalisadores que permitem a ocorrência de
de membranas forma numerosos comparti- reações que, sem eles, levariam milhares de
mentos, isolando os processos metabólicos anos para ocorrer.
3. Células Procarióticas
(Do latim pro, primitivo, e cario, núcleo)
Caracterizam-se pela ausência de um envoltório nuclear, estando os cromossomos imersos no
citoplasma. Nessas células, o sistema de membranas se resume à membrana plasmática. Os seres
procariontes compreendem as bactérias e as cianobactérias (algas azuis).
Tomando a célula bacteriana como modelo de organização procariótica, podemos notar, em
alguns tipos, formato de um bastão com 2 µ m de comprimento. Presença de uma membrana
plasmática e, externamente, uma parede celular rígida. Ribossomos aderidos à face interna da
membrana plasmática e às moléculas de RNA mensageiro. Contém cromossomos circulares,
presentes na região do hialoplasma. Esses cromossomos possuem DNA, mas não possuem
proteínas. A membrana plasmática possui uma invaginação chamada mesossomo, onde se
concentram enzimas respiratórias; parece desempenhar algum papel na divisão celular.
4. Células Eucarióticas
Estas células possuem um núcleo delimitado por um sistema de membranas (a membrana
nuclear ou carioteca), nitidamente separado do citoplasma. Têm um rico sistema de membra-
nas que formam numerosos compartimentos, separando entre si os diversos processos meta-
bólicos que ocorrem na célula. Como modelo de células eucariontes, veremos uma célula animal
e uma célula vegetal.
Nos tecidos vegetais, as comunicações entre as células são feitas por meio de estruturas
denominadas plasmodesmos.
Os plasmodesmos permitem trocas de materiais entre células vegetais vizinhas por meio
de pontes citoplasmáticas, conforme pode ser observado na figura a seguir.
2. Substâncias Inorgânicas
2.1. Água
A vida na Terra começou na água e, ainda hoje, a
ela se associa. Só há vida onde há água. As proprie-
dades da água que a tornam fundamental para os
seres vivos se relacionam com sua estrutura
molecular, constituída por dois átomos de hidro-
gênio ligados a um átomo de oxigênio por liga-
ções covalentes. Embora a molécula como um
todo seja eletricamente neutra, a distribuição do
II. Capilaridade: capacidade de penetrar em espaços reduzidos, o que permite à água percor-
rer os microporos do solo, tornando-se acessível às raízes das plantas.
III. Calor específico elevado: as moléculas de água podem absorver grande quantidade de
calor sem que sua temperatura fique elevada, pois parte desta energia é utilizada no enfra-
quecimento das ligações de hidrogênio. Isso explica o papel termorregulador da água por
meio da transpiração que mantém a temperatura em valores compatíveis com a manu-
tenção da vida das diferentes espécies.
IV. Capacidade solvente: a polaridade da molécula de água explica sua eficácia em separar
partículas entre si, pois o caráter polar da água tende a diminuir as forças de atração dos
íons encontrados em sais e em outros compostos iônicos, favorecendo a dissociação dos
mesmos. Os dipolos da água envolvem os cátions e os ânions (solvatação), impedindo a
união entre essas partículas carregadas eletricamente.
Alguns dos principais papéis da água nos condutores) usam a água como meio de
seres vivos são: distribuição de substâncias.
solvente da maioria dos solutos, o que per- devido ao seu elevado calor específico, a
mite a ocorrência das reações químicas (é abundante presença de água nos seres vi-
chamada solvente universal). vos impede grandes variações de tempe-
as reações catalisadas por enzimas só ratura.
ocorrem na água. Em algumas reações, a age como lubrificante nas articulações,
água participa também como substrato nos olhos e, misturada aos alimentos,
(reações de hidrólise). como saliva, facilita a deglutição.
as substâncias se distribuem pelo interi- A água é a substância mais abundante em
or da célula graças ao contínuo fluxo de todos os seres vivos. No homem, representa
água no seu interior (ciclose). cerca de 65% de sua massa. A proporção va-
os sistemas de transporte dos animais (sis- ria de uma espécie para outra (mais de 95%
tema circulatório) e dos vegetais (vasos da massa dos celenterados), de acordo com a
idade (diminui com o envelhecimento), com Cátions: sódio, potássio, magnésio, cálcio,
o sexo e de um tecido para outro. No homem, ferro, manganês, cobalto, cobre, zinco.
perdas maiores que 15% da massa de água Ânions: cloreto, bicarbonato, fosfato, sul-
(desidratação) podem ter conseqüências gra- fato, nitrato.
ves, devida à diminuição do volume de líqui-
do circulante. Importância Biológica
Cálcio: participa da estrutura das mem-
branas, dos cromossomos, do esqueleto
dos vertebrados, da contração muscular
e da coagulação do sangue.
Ferro: faz parte das moléculas dos cito-
cromos, componentes da respiração ce-
lular e da molécula da hemoglobina, pig-
mento transportador de O2 do sangue.
Magnésio: encontrado na molécula da
clorofila, pigmento fotossintetizante dos
vegetais.
O zinco, o cobre e o cobalto atuam como
co-enzimas em alguns processos. O sódio
e o potássio são os principais envolvidos
na transmissão do impulso nervoso.
Fosfato: importante componente da es-
trutura do ATP e dos nucleotídeos do
DNA e do RNA.
Iodo: faz parte da estrutura dos hormô-
nios (tiroxinas) secretados pela tireóide
dos vertebrados.
De um modo geral, os sais na forma iônica
atuam no metabolismo, como mencionado
anteriormente, e na forma molecular estão
presentes em estruturas esqueléticas como
carapaças, conchas, ossos, chifres, cascos, em
que são comuns o carbonato de cálcio e o
fosfato de cálcio.
3. Carboidratos
A variação do teor de água em
diferentes estruturas no ser humano.
3.1. Apresentação
Os carboidratos são moléculas orgânicas
2.2. Sais Minerais formadas por átomos de carbono (C), de hi-
Como a célula é um meio aquoso não se drogênio (H) e de oxigênio (O).
encontram sais minerais, mas íons inorgâ- Os carboidratos também podem ser cha-
nicos. Alguns deles são encontrados em to- mados de hidratos de carbono, de glicídios,
dos os seres vivos. de açúcares, entre outros nomes.
Nem sempre o açúcar (carboidrato) está relacionado com o paladar doce dos alimentos.
Existem açúcares, como o amido da maisena e da farinha de trigo, que não são doces. São doces
a glicose do mel e a frutose das frutas.
Os carboidratos apresentam muitas funções no metabolismo dos seres vivos; uma das
mais importantes é a função energética dessas moléculas, relacionadas com o metabolismo
energético que envolve o funcionamento das organelas mitocôndrias e cloroplastos.
3.2. Classificação
Os carboidratos são classificados de acor-
do com o número de moléculas em sua cons-
tituição, como monossacarídeos, oligossaca-
rídeos e polissacarídeos.
I. Monossacarídeos
Os monossacarídeos são moléculas orgâ-
nicas formadas por átomos de carbono (C),
de hidrogênio (H) e de oxigênio (O), na pro-
porção 1: 2: 1, respectivamente, apresentan-
do a fórmula geral (CH2O) n, em que n pode
variar de 3 a 7.
O nome genérico do monossacarídeo está
relacionado com o valor de n.
n=3 trioses
n=4 tetroses
n=5 pentoses
n=6 hexoses
n=7 heptoses
Os monossacarídeos mais abundantes são Carboidratos do tipo hexoses glicose e
as hexoses com fórmula geral (C6H12O6). Nessa galactose possuem a função orgânica
classe, inclui-se a glicose, o mais importante
aldeído (aldose) e a frutose, a função orgânica
combustível para a maioria dos seres vivos e
componente dos polissacarídeos mais impor- cetona (cetose).
tantes, como o amido e a celulose. Outras
hexoses importantes são a frutose e a galactose.
Uma outra classe importante dos monos-
sacarídeos são as pentoses com fórmula geral
(C5H10O5). As pentoses desoxirribose e ribose
são os componentes dos ácidos nucléicos DNA
e RNA, respectivamente.
As trioses e as heptoses são compostos que
participam das reações dos processos meta-
bólicos da respiração e da fotossíntese.
Os monossacarídeos são sólidos brancos,
cristalinos, solúveis em água, sendo a maio-
ria de sabor doce.
Algumas fórmulas estruturais de monos-
sacarídeos
Polissacarídeos estruturais
A celulose é o polissacarídeo presente na
membrana celulósica das células vegetais
(grande abundância na natureza). Está rela-
cionada com a estrutura e forma das células
vegetais.
O aproveitamento da celulose na forma
de moléculas de glicose só é possível na pre-
sença da enzima celulase, que é produzida
por microrganismos como bactérias e
Dissacarídeo (C12H22O11) protozoários, que vivem mutualisticamente
IV. Esteróides
São lipídios formados por ácidos graxos e
por álcoois de cadeia cíclica como o colesterol.
Possuem importância metabólica na for-
mação dos hormônios esteróides e compo-
nentes da bile.
A bile é secretada pelo fígado, sendo cons-
tituída por sais que promovem a emulsifi-
cação das gorduras, facilitando a ação das
lipases no intestino.
Os hormônios esteróides são testosterona,
estrógeno e progesterona, relacionados com as
Ácidos graxos insaturados (duplas liga-
características sexuais e a produção de gametas.
ções entre carbonos)
A testosterona é hormônio masculino pro-
II. Cerídios duzido nos testículos; o estrógeno e a
São lipídios formados pela união de ácido progesterona são hormônios femininos pro-
graxo de cadeia longa (de 14 a 36 átomos de duzidos no ovário.
carbono) com um álcool de cadeia longa (de
16 a 30 átomos de carbono).
As ceras possuem importância biológica
no revestimento e proteção de superfícies dos
corpos dos seres vivos.
As ceras revestem as folhas e frutos dos ve-
getais, diminuindo a taxa de transpiração, pois
funcionam como material impermeabilizante.
As secreções oleosas das glândulas sebá-
ceas protegem a superfície corporal dos ma-
míferos contra ressecamento. A secreção ole-
osa da glândula uropigiana das aves lubrifi-
ca as penas, evitando que as mesmas fiquem
encharcadas no ambiente aquático.
III. Fosfolipídios
São lipídios formados por ácido graxo, m
glicerol e o grupo fosfato.
Os fosfolipídios estão presentes nas estru-
turas da membrana celular.
Como cada ligação peptídica é formada entre dois aminoácidos, uma proteína com 100
(cem) aminoácidos apresentará 99 (noventa e nove) ligações peptídicas.
123456 74 89
4 123456 74
= −
479 396976
As proteínas diferem entre si pelo número, tipo e seqüência dos aminoácidos em suas
estruturas.
5.5. As Funções das Proteínas específicas que o DNA comanda todo o meta-
As proteínas desempenham quatro fun- bolismo celular.
ções importantes para os seres vivos. Entre Sendo proteínas, quando submetidas a fa-
estas funções podemos citar a função estru- tores capazes de modificar sua configuração
tural ou plástica, hormonal, anticorpos (imu- espacial natural, as enzimas podem perder
nização) e enzimática. suas propriedades catalíticas. São constituí-
As proteínas estruturais estão presentes das por uma ou mais cadeias polipeptídicas.
em estruturas esqueléticas, como ossos, ten- Algumas enzimas só atuam quando ligadas a
dões e cartilagens, unhas, cascos, etc., além um outro composto, chamado co-fator. O co-
da membrana celular. fator pode ser um metal (Zn, Fe, Mg, Mn, etc.)
As proteínas hormonais atuam no meta- ou uma molécula orgânica designada por
bolismo como mensageiros químicos, como a co-enzima. As vitaminas da dieta, geralmen-
insulina e o glucagon que controlam a glicemia te, são co-enzimas.
do sangue e o hormônio de crescimento de-
nominado somatotrofina, secretado pela 6.2. Catálise e Ação Enzimática
hipófise. As reações químicas ocorrem quando li-
gações químicas das moléculas reagentes são
As proteínas de defesa imunológica são
rompidas e novas ligações são formadas, ori-
as imunoglobulinas (anticorpos).
ginando novas moléculas. Para que aconte-
As proteínas de ação enzimática (enzimas) çam, as moléculas reagentes devem alcançar
são importantes como catalisadores biológi- um nível de energia maior que o normal (es-
cos favorecendo reações do metabolismo ce- tado de transição). A energia necessária para
lular, como as proteases, a catalase, as elevar o nível energético dos reagentes a este
desidrogenases, entre outras. estado de transição é a energia de ativação.
Pode ser comparada à energia necessária para
6. Enzimas levar uma pedra até o alto de uma monta-
nha, de onde ela irá rolar.
6.1. Apresentação
As enzimas constituem a mais numerosa
classe das proteínas.
As enzimas são responsáveis por catalisar
milhares de reações químicas que constitu-
em o metabolismo celular.
Os catalisadores são substâncias que in-
terferem na velocidade de uma reação quí-
mica, sem sofrer alteração. Como todo
catalisador, a enzima pode participar de uma
reação várias vezes, podendo realizar uma
mesma reação química milhares de vezes
por segundo.
Todas as enzimas são proteínas. Portan-
to, sua produção é subordinada ao controle
do DNA. É através da produção de enzimas
E+S ES E + P
III. Efeito do pH
As enzimas têm um pH ótimo no qual sua atividade biológica é máxima. Em valores
abaixo (mais ácido) ou acima (mais básico) desse pH, a atividade biológica diminui por-
que a estrutura tridimensional da enzima se altera.
O pH ótimo varia de enzima para enzima.
Exemplos
enzima pH ótimo
pepsina 2,0
tripsina 8,5
ptialina 6,8
Nas células eucarióticas, a maior parte do DNA encontra-se nos cromossomos; menor quan-
tidade é observada nas mitocôndrias e nos cloroplastos.
Os nucleotídeos do DNA.
123456784 123456784
9
46
8467 = 9
46
846
637citosina 637guanina
O esquema a seguir mostra a relação entre DNA, RNAm, RNAt, RNAr e ribossomos no
mecanismo de síntese de proteínas, que estudaremos no capítulo seguinte.
A Transcriptase Reversa
Trata-se de uma enzima presente em certos vírus (os retrovírus, por exemplo o HIV, que é
causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). É capaz de montar o DNA tendo como
molde uma molécula de RNA. A seqüência de bases do DNA formado é complementar à do RNA
que serve de molde. Acredita-se que, além da aids, os retrovírus estejam envolvidos em algumas
formas de câncer, nas quais as células hospedeiras incorporam o DNA (produzido a partir do
RNA viral) ao seu genótipo, originando células cancerosas.
4. O Código Genético
O mecanismo de síntese de proteínas é comandado pelas moléculas de DNA. Na verdade,
seqüências específicas das moléculas de DNA, denominadas genes, é que comandarão a sínte-
se protéica nos seres vivos.
Os genes podem ser definidos como uma seqüência de trincas de nucleotídeos.
Como estudado nos módulos anteriores, Se o códon fosse constituído pela combi-
o DNA é transcrito para a formação das mo- nação de duas bases, como existem quatro
léculas de RNA. tipos de bases no DNA ou no RNA, apenas
As moléculas de RNA podem ser do tipo dezesseis aminoácidos seriam codificados.
RNA mensageiro (RNAm), RNA transporta-
dor (RNAt) e RNA ribossômico (RNAr), que
são importantes no mecanismo de síntese de
proteínas.
A síntese de proteínas nas células dos se-
res vivos é realizada em duas etapas (trans-
crição e tradução), com uma grande
especificidade entre as trincas do DNA, os
códons do RNA mensageiro (RNAm) e os Como percebemos, nenhuma das situa-
ções anteriores, para a formação dos códons,
aminoácidos.
seria suficiente para a codificação dos vinte
O conjunto de trincas do DNA ou códons tipos de aminoácidos que formam as proteí-
do RNAm formam o Código Genético. nas dos seres vivos.
O código genético é constituído por 64 Então, vamos considerar que cada códon
códons para codificar vinte aminoácidos que é constituído por uma trinca de nucleotídeos.
entram na formação das proteínas.
Se o códon é constituído pela combinação
Dizemos que esse código genético é uni- de três bases, como existem quatro tipos de
versal, pois a codificação (especificidade bases no DNA ou no RNA, são 64 códons pos-
códon e aminoácido) é a mesma para qual- síveis para a codificação de 20 aminoácidos
quer espécie. para a formação das proteínas.
As quatro bases do RNA (adenina, uracila,
guanina e citosina), combinadas três a três,
formam 64 códons, que constituem o código
genético.
Por que cada códon é formado por uma
trinca de nucleotídeos?
Se o códon fosse constituído por uma úni-
ca base nitrogenada, como existem quatro ti-
A tabela a seguir mostra os 64 códons que
pos de bases no DNA ou no RNA, apenas qua-
constituem o código genético.
tro aminoácidos seriam codificados.
Veja que, em muitos códons, aparece a letra
U, que é o símbolo da base nitrogenada uracila,
isto é, corresponde a um nucleotídeo, no qual
está presente a base uracila, que é típica do RNA.
Poderíamos representar uma tabela do có-
digo genético baseada na molécula de DNA. Nes-
te caso, ao invés da base uracila (U), teríamos a
base timina (T) presente nas trincas do DNA.
Tanto o códon UUU quanto o códon UUC células. O comando metabólico exercido pelo
codificam o mesmo aminoácido (fenela- DNA passa pelo controle da produção de
lanina). enzimas, proteínas que atuam como
catalisadores. Determinando a síntese de uma
certa enzima, o DNA está, indiretamente, de-
terminando a ocorrência da etapa metabóli-
Podemos, então, concluir que, nem sem- ca por ela catalisada.
pre, uma mutação provocará alteração na se-
qüência de aminoácidos de uma proteína e 1 gene → 1 enzima → 1 característica
numa característica de um indivíduo.
Repare, ainda, na tabela do código genéti- Como o DNA comanda a produção de pro-
co, que três códons: UAA, UAG e UGA não teínas? As primeiras idéias a respeito suge-
codificam aminoácidos. Esses códons são cha- riam que a molécula de DNA serviria de mol-
mados códons de parada, sendo importan- de para a formação das proteínas. Essa hipó-
tes pontos de determinação de início e final tese foi abandonada pela impossibilidade de
de seqüências específicas de aminoácidos no se conseguir um encaixe físico-químico entre
mecanismo de síntese de proteínas. o DNA (molde) e a proteína (produto) .
A descoberta do RNA mensageiro, por
6. Síntese de Proteínas Jacob e Monod, esclareceu o vínculo entre o
DNA e os ribossomos, organóides que parti-
6.1. A Transferência de Informações cipam da síntese protéica. No processo da
transcrição, um filamento de DNA serve de
As informações genéticas para controle da modelo para a montagem do RNA mensagei-
atividade celular e para transmissão de ca- ro, que contém seqüência de nucleotídeos
racterísticas hereditárias estão nas molécu- complementar à seqüência do filamento de
las de DNA, presentes nos cromossomos das DNA que o originou. Por exemplo:
Observe que a seqüência do RNAm não é a outra. Ambas são constituídas por RNA
mesma do DNA, mas é complementar, de ribossômico (RNAr) e por proteínas, algumas
acordo com a especificidade das bases dos com função catalítica, permitindo a ligação
nucleotídeos. dos aminoácidos que irão formar a proteína
que está sendo produzida. Imagina-se que o
RNA ribossômico estabilize a ligação entre o
RNA mensageiro e os RNA transportadores,
unindo-se a ambos. O RNA ribossômico re-
presenta 80% do RNA celular.
Quando o códon AUG é traduzido pelo ribossomo, o RNAt com anticódon UAC liga-se ao
códon, trazendo o aminoácido correspondente.
Após a leitura do primeiro códon, o ribossomo desloca-se para o seguinte, onde outro
RNAt se liga, trazendo um outro aminoácido. Por ação da enzima peptidil-transferase, pre-
sente no ribossomo, o aminoácido recém-chegado se une ao primeiro, através de uma ligação
peptídica.
À medida que os códons do RNAm vão sendo percorridos pelo ribossomo, outros aminoáci-
dos vão se ligando, até se formar a proteína. Como vários ribossomos se deslocam simultanea-
mente pelo mesmo filamento de RNAm, várias moléculas de proteínas são produzidas ao mes-
mo tempo. A seqüência na qual os aminoácidos se ligam obedece à seqüência de códons do
RNAm, que reflete fielmente a seqüência de nucleotídeos da molécula do DNA.
Cada aminoácido tem o seu RNAt específico. Como existem 20 aminoácidos, devem existir
pelo menos 20 RNAt diferentes.
A ligação dos ribossomos com o RNAm se faz sempre na mesma extremidade do filamento,
impedindo que a informação seja lida de trás para frente ou pela metade.
Concluindo, chama-se tradução a leitura dos códons do RNAm pelos anticódons do RNAt,
conforme o ribossomo percorre a fita do RNAm.
3.1. Microvilosidades
Expansões semelhantes a dedos de luvas,
que aumentam a superfície de absorção. Exis-
tem na mucosa intestinal e nos túbulos renais.
3.2. Interdigitações
Conjunto de saliências e reentrâncias nas
membranas de células vizinhas, que se en-
caixam facilitando as trocas entre elas. São
observadas nas células epiteliais. Complexo Juncional
5.2. Difusão
Consiste na passagem das moléculas do
soluto, do local de maior para o local de me-
nor concentração, até estabelecer um equilí-
brio. É um processo lento, exceto quando o
Paramécio um protozoário de água doce gradiente de concentração for muito elevado
7. Transporte Ativo
Célula vegetal plasmolisada
Neste processo, as substâncias são
Quando a célula fica exposta ao ar, perde transportadas com gasto de energia, poden-
água por evaporação e se retrai. Nesse caso, o do ocorrer do local de menor para o de mai-
retraimento é acompanhado pela parede ce- or concentração (contra o gradiente de con-
lular. Retraída, a membrana celulósica não centração). Esse gradiente pode ser quími-
oferece resistência à entrada de água. Pelo co ou elétrico, como no transporte de íons.
contrário, auxilia-a. A célula está dessecada O transporte ativo age como uma porta
ou murcha. giratória. A molécula a ser transportada
Como a parede celular está retraída, exer- liga-se à molécula transportadora (proteí-
ce uma pressão no sentido de voltar à situa- na da membrana) como uma enzima se liga
ção inicial e acaba favorecendo a entrada de ao substrato. A molécula transportadora
água na célula vegetal . Assim, temos uma gira e libera a molécula carregada no outro
situação contrária da célula túrgida e o valor lado da membrana. Gira, novamente, vol-
de (PT) ou (M) é negativo. tando à posição inicial. A bomba de sódio
e potássio liga-se em um íon Na+ na face
A expressão das relações hídricas da célu-
interna da membrana e o libera na face ex-
la vegetal ficará assim:
terna. Ali, se liga a um íon K+, liberando-o
1 2
121 = 23 − − 24 na face interna. A energia para o transpor-
121 = 23 + 24 te ativo vem da hidrólise do ATP.
1.1. Introdução
A síntese de proteínas, no interior das cé-
lulas, é realizada pelos ribossomos. Alguns
se encontram isolados no citoplasma, outros
se associam para formar as cadeias dos
polirribossomos, e um grande número de-
les se associa às membranas do retículo
endoplasmático rugoso. A produção de pro-
teínas pelos ribossomos do ergastoplasma
(RER) se processa de forma diferente, pois
introduz, nas dobras das membranas do
retículo, as proteínas sintetizadas. A intro-
dução das proteínas no retículo endoplas-
mático chama-se segregação e tem grande
importância funcional, pois separa do
hialoplasma as substâncias que serão acu-
muladas em grânulos ou exportadas para
fora das células. As proteínas lançadas no
retículo endoplasmático podem ter três des-
tinos: Retículo endoplasmático,
1) serem exportadas sem se acumularem em complexo de Golgi e vesículas de secreção.
grânulos;
Descrito por Camilo Golgi, em 1898, esse
2) serem acumuladas em grânulos para uti-
organóide pertence ao conjunto de cavidades
lização na própria célula, como as enzimas
delimitadas por membranas lipoproteicas.
lisossômicas; Constitui-se de pilhas de sacos achatados,
3) serem acumuladas em grânulos para ex- dispersos no citoplasma. Na periferia desses
portação, cuja exteriorização na superfí- sacos, surgem pequenas vesículas, por
cie é denominada exocitose. brotamento. As unidades estruturais do com-
plexo golgiense são chamadas dictiossomos.
As células que realizam as atividades aci- As membranas do complexo golgiense são
ma descritas possuem um ergastoplasma lipoprotéicas e podem ser impregnadas por
muito desenvolvido. As proteínas passam, corantes com sais de ósmio ou de prata.
no próprio ergastoplasma e no complexo Suas funções são muito variadas. Nos sacos
golgiense, por uma série de transformações do complexo golgiense, muitas substâncias po-
pós-traducionais (após a tradução). dem ser acumuladas, concentradas e empaco-
tadas nas vesículas que brotam da sua perife- Em vesículas que brotam das cavidades
ria. As proteínas produzidas no ergastoplasma do ergastoplasma, as proteínas são levadas
podem ser concentradas no complexo às vesículas do complexo golgiense, fundin-
golgiense, que participa, também, da produção do-se a elas.
de polissacarídeos e de glicoproteínas. Do complexo golgiense formam-se grânu-
Tem papel destacado nas células que pro- los com as proteínas em seu interior fase de
duzem suas substâncias de exportação. A concentração e embalagem.
produção de substâncias que irão ter função Esses grânulos, denominados grânulos de
fora da célula constitui a secreção celular. zimógeno, são direcionados para fora do
complexo golgiense na forma de vesículas de
1.3. A Secreção Celular secreção fase de armazenamento. No final
O estudo da secreção celular pode ser fei- do processo, as vesículas de secreção são
to pela análise da atividade secretora de uma direcionadas para a região da membrana,
estrutura glandular como as células acinosas para liberar a secreção para o local de atua-
do pâncreas. ção fase de descarga (exocitose).
O processo de secreção envolve a ativida- O local de atuação da secreção celular pode
de das organelas do retículo endoplasmático ser uma cavidade corporal digestiva, fora do
rugoso (RER) e do complexo golgiense com corpo, ou no sangue. Neste último caso, a se-
suas vesículas de secreção. creção é denominada hormônio.
No retículo endoplasmático rugoso, tam- A figura a seguir mostra a interação fun-
bém chamado de ergastoplasma, ocorre sín- cional entre o retículo endoplasmático rugo-
tese protéica com incorporação de aminoáci- so e o complexo de golgiense no mecanismo
dos fase de síntese. da secreção celular.
Espermatozóide
2. Lisossomos
2.1. Introdução rido (digestão extracelular). Nesses animais,
a digestão intracelular tem papéis específi-
Uma vez que as células não são capazes
cos, como o de destruição de bactérias inva-
de sintetizar todas as substâncias de que ne-
soras ou o de digestão de organóides celula-
cessitam, principalmente as células dos se-
res inativados.
res heterótrofos, precisam obter essas subs-
tâncias por meio dos alimentos. Todavia, as A digestão intracelular conta com a partici-
partículas de alimentos contêm, geralmente, pação das enzimas dos lisossomos, que têm di-
macromoléculas, isto é, moléculas muito âmetro entre 0,5 e 1,0 µ1 . Revestidos por mem-
grandes que não podem ser empregadas brana lipoprotéica, possuem, em seu interior,
como tal pelas células. Há a necessidade de enzimas hidrolíticas (hidrolases) que catalisam
quebrá-las em moléculas menores. Ao pro- reações do processo de digestão intracelular.
cesso de transformação das moléculas do ali- Estas enzimas são específicas aos diferen-
mento em partículas menores dá-se o nome tes substratos que são hidrolisados no meio
de digestão. Em alguns animais, como nos celular.
protozoários e nos poríferos, todo o processo As enzimas lisossômicas são produzidas
ocorre no interior das células (digestão no ergastoplasma, transferidas para os
intracelular). Nos que possuem um tubo di- sáculos do complexo golgiense e armazena-
gestivo incompleto, como a planária, parte das em vesículas membranosas, os
da digestão ocorre no tubo e parte dentro das lisossomos primários.
células. Animais com tubo digestivo comple- Os lisossomos atuam na digestão de ma-
to realizam toda a digestão no interior do teriais que são englobados pelas células em
tubo e as células recebem o alimento já dige- processos de fagocitose e pinocitose.
II. Pinocitose
A pinocitose é um processo de englobamento de materiais de natureza líquida pela célula
por meio da formação de canais de pinocitose.
mento responsável pelo transporte de oxigê- O mesmo pode ser observado em situa-
nio. A autofagia também ocorre em situações ções normais, como na metamorfose do giri-
de extrema desnutrição, quando parte do no. Sua cauda desaparece por ação de enzi-
citoplasma é digerido para manter a oferta mas lisossômicas, e a matéria resultante é
de energia e a vida da célula. empregada pelo animal para completar sua
Estruturas celulares velhas e sem função, transformação em anfíbio adulto.
como mitocôndrias, cloroplastos ou porções
do retículo endoplasmático, podem ser en-
globadas pelos lisossomos primários, for-
mando o vacúolo autofágico. Trata-se de
uma forma bastante econômica de reaprovei-
tamento de matéria orgânica.
A membrana dos lisossomos tem papel
fundamental na manutenção da integridade
da célula, uma vez que impede a ação das
enzimas lisossômicas sobre os componentes
celulares. Não se conhece o mecanismo que
torna a membrana lisossômica resistente às
suas enzimas. Certas doenças se devem à li-
beração das enzimas no citoplasma das célu-
las. No pulmão dos mineiros de carvão, as
células têm seus lisossomos rompidos pela
sílica, componente das rochas, causando a
pneumoconiose, destruição maciça do teci-
do pulmonar que determina severa redução
da capacidade respiratória. Trata-se de do-
ença gravemente incapacitante.
Podemos perceber que nesse processo existe um saldo positivo de 2 ATP para a célula.
Algumas bactérias, como o acetobacter, podem oxidar o álcool etílico, transformando-o
em ácido acético, como acontece no processo de produção de vinagre.
Além dos lactobacilos, as células musculares também realizam a fermentação láctica quando
estão em atividade intensa e com déficit de oxigênio. O acúmulo de ácido láctico nas células
musculares é responsável por sintomas como dores musculares e fadiga muscular.
Podemos, então, representar as fermentações por uma equação geral:
5.1. As Mitocôndrias
São organóides presentes em todas as célu- A mitocôndria ao microscópio eletrônico.
las eucarióticas, animais e vegetais. Seu número
varia de 1 000 a 50 000 por célula. Têm compri- A membrana interna forma numerosas do-
mento entre 5 e 10 µm e largura entre 0,5 e 1 µm. bras, as cristas mitocondriais. O espaço inter-
no das mitocôndrias é a matriz mitocondrial.
Em sua composição química, encontram-se:
As atividades das mitocôndrias se associam
Água 66% com o metabolismo energético das células e a
Proteínas 22% produção de ATP. Essas atividades são compar-
Lipídios 11% timentalizadas, isto é, algumas ocorrem na ma-
triz e outras junto às cristas. Quanto mais ativa
Ácidos nucleicos 0,5% for uma célula, mais mitocôndrias ela possui e
Íons 0,5% mais cristas as mitocôndrias apresentam.
5.2. Etapas
Por meio da fermentação, as células conseguem transferir menos de 3% da energia da
glicose para as moléculas de ATP. A respiração aeróbica obtém rendimento energético 19
vezes maior. Trata-se de um processo mais complexo, que ocorre com a participação das
mitocôndrias, e requer oxigênio.
Basicamente, o que torna a respiração aeróbica mais rentável que a fermentação é a
desmontagem completa do ácido pirúvico até CO2 e a remoção de átomos de hidrogênio
ricos em energia.
A respiração aeróbica é dividida em três etapas:
I. Glicólise
É idêntica à quebra da glicose na fermentação. Inicialmente, a glicose incorpora dois gru-
pos fosfato, consumindo duas moléculas de ATP.
Observe que mais átomos de hidrogênio foram retirados e recolhidos pelo NADH2.
Até a produção do ácido pirúvico, todas as etapas da glicólise ocorrem no hialoplasma. As
moléculas do ácido pirúvico penetram nas mitocôndrias, onde ocorre sua conversão em acetil
CoA, que irá movimentar a etapa seguinte.
Cada volta do ciclo de Krebs é movimentada por uma molécula de acetil-CoA. Após as
etapas resumidas acima, os átomos de carbono são liberados como CO2 e os átomos de hidrogê-
nio são recolhidos pelo NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo) e pelo FAD (flavina-
dinucleotídeo) e transformados em NADH2 e FADH2. Uma molécula de ATP é produzida na
passagem do ácido cetoglutárico para ácido succínico.
Como uma molécula de glicose origina duas moléculas de acetil-CoA, ela permite dar duas
voltas no ciclo de Krebs, originando quatro moléculas de CO2, seis moléculas de NADH2, duas
moléculas de FADH2 e 2 moléculas de ATP.
Como duas moléculas de CO2 já haviam sido liberadas na transformação do ácido pirúvico
em acetil-CoA, totalizam-se seis moléculas de CO2.
Todas as etapas do ciclo de Krebs ocorrem graças às enzimas presentes na matriz
mitocondrial.
Observação
Considere que cada NADH2 gera três ATP na cadeia respiratória, e cada FADH2 gera apenas
dois ATP.
Água 50%
Proteínas 25%
Lipídios 15%
Clorofila 3%
Carotenóides 2%
Dos produtos da fotólise da água, os elétrons irão ocupar o "vazio" na molécula da clorofi-
la b, os prótons H+ serão recolhidos pela ferredoxina, que irá reduzir o NADP a NADPH2,
enquanto o oxigênio molecular é liberado. Como já foi afirmado, o oxigênio liberado na
fotossíntese provém da água.
Após a análise das etapas fotoquímica e química da fotossíntese, podemos relacioná-las por
um esquema que representa os principais eventos das duas etapas da fotossíntese.
O corante de Feulgen tem grande afinidade pelo DNA (mas não pelo RNA), sendo usado
para averiguar o núcleo das células em preparados para microscopia.
O interior do núcleo é ocupado pela cariolinfa (ou nucleoplasma), gel protéico claro, seme-
lhante ao hialoplasma, mas com maior concentração de RNA e de proteínas.
O nucléolo é um corpúsculo denso, esférico, sem membrana e com diâmetro entre 1 µ m
e 2 µ m. Habitualmente, há 1 nucléolo em cada núcleo, embora possa haver 2 ou estar
ausente. Constitui-se de RNA, fosfolipídeos, polissacarídeos, DNA (da cromatina associada
ao nucléolo) e água.
O nucléolo não é observado nos procariontes. É particularmente freqüente nas células
jovens, com intensa síntese de proteínas. Experiências têm mostrado seu papel na formação
de ribossomos, como local de produção do RNA ribossômico. O nucléolo desaparece no início
da divisão celular, voltando a aparecer no seu final.
Além desses componentes, é extremamente importante a cromatina, que é o conjunto de
filamentos cromossômicos.
Organização nuclear
2. Cromatina
É formada por uma rede de filamentos e grânulos, aderida à face interna da carioteca. Du-
rante a interfase, está descondensada, formando a eucromatina. As porções que, nessa etapa,
estão condensadas são os cromocentros, formados por heterocromatina.
A cromatina é constituída por DNA e por proteínas básicas chamadas histonas. Possui,
ainda, RNA e cálcio.
Cada filamento descondensado (desespiralizado) na interfase é um cromonema. Durante
a divisão, sofre condensação e encurtamento, sendo visto individualizado como um
cromossomo.
Estrutura do cromossomo
(a) Cromossomo observado ao microscópio
(b) Eesquema do cromossomo
3. Atividades Fisiológicas
Os núcleos na interfase estão em intensa atividade. No DNA nuclear, estão as informações
genéticas da célula. Esse é o seu principal papel, como depositário de caracteres hereditários
e como controlador da atividade celular.
No final do século passado, Balbiani executou o processo conhecido por merotomia. Uma
ameba é seccionada mecanicamente em dois fragmentos, um nucleado e o outro anucleado. O
nucleado vive normalmente, enquanto que o anucleado morre cerca de 20 dias depois.
Se, dentro dos primeiros dias após a merotomia, o fragmento anucleado receber o núcleo de uma
outra ameba, volta a se locomover, a se alimentar e pode se reproduzir.
4. Cromossomos
No estudo do núcleo interfásico, é impor- Durante a espiralização da cromatina, as
tante a caracterização da cromatina, isto é, regiões de heterocromatina condensam-se me-
dos filamentos cromossômicos. nos que as de eucromatina, originando regiões
Os cromossomos são formados por proteí- de estreitamento nos cromossomos. São as
nas e DNA, variando em número, forma e po- constrições. Todos os cromossomos têm pelo
sição de centrômero nas diferentes espécies. menos uma constrição, chamada centrômero
(cinetócoro ou constrição primária).
Durante a divisão celular, cada filamento
de cromatina se condensa e origina um cor- A posição ocupada pelo centrômero per-
púsculo bastante visível, com formato de um mite classificar os cromossomos em:
bastão, chamado cromossomo. Cada 1) metacêntricos: o centrômero fica no meio
cromossomo simples é formado por uma do cromossomo;
única molécula de DNA, ligada às proteínas. 2) submetacêntricos: o centrômero é deslo-
Nos procariontes, o cromossomo possui ape- cado para uma das extremidades, e o
nas DNA. cromossomo tem dois braços;
Cada segmento de cromossomo capaz de 3) acrocêntricos: o centrômero se localiza
determinar a produção de uma proteína é bem próximo de uma extremidade, e um
chamado gene. O cromossomo pode ser, en- braço é bem maior que o outro;
tão, definido como uma seqüência linear 4) telocêntricos: o centrômero está em uma
de genes. das extremidades.
A observação dos cromossomos mostra que, em um núcleo, geralmente, eles ocorrem aos
pares, chamados cromossomos homólogos. São iguais quanto ao tamanho, à forma e à posi-
ção do centrômero.
O número cromossômico é bastante variável de espécie para espécie. Veja na tabela abai-
xo alguns exemplos.
Podemos perceber que, com o crescimento celular, o volume celular cresce numa razão
maior que sua área, ou seja, o crescimento da superfície celular não acompanha o aumento do
volume celular.
Esta desproporcionalidade entre superfície e volume torna-se, ao longo do processo de cres-
cimento celular, inviável para a manutenção do metabolismo celular, como absorção de nutri-
entes, trocas gasosas e eliminação de excretas. Com o crescimento celular, essa
desproporcionalidade entre superfície celular e volume desencadeia a divisão celular, tornan-
do, assim, a superfície compatível com o volume a cada início de ciclo celular.
b) Com o crescimento, o volume do citoplasma aumenta proporcionalmente mais que o vo-
lume do núcleo, diminuindo a relação núcleo-plasmática (RNP).
456789
5
695
123 =
456789
5
568
Consideremos uma célula que tem volu- A interfase é dividida em três períodos.
me nuclear de 1 mm3 e volume citoplástico I. Período G1: a letra G vem da palavra gap,
de 5 mm3. Com o crescimento da célula, o que significa "intervalo", em inglês. Nesse
volume do citoplasma passa para 10 mm3, período, ocorre crescimento da célula que
não se alterando o volume nuclear. surgiu na mitose anterior, até alcançar seu
tamanho normal. No período G1, há in-
tensa produção de RNA no núcleo, e sín-
tese de proteínas no citoplasma.
II. Período S: vem de synthesis. Nele, a célu-
la duplica seu material genético, graças à
replicação do DNA da cromatina. A du-
plicação não é sincronizada, isto é, os
cromossomos não iniciam nem encerram
a replicação todos ao mesmo tempo.
Após a duplicação, o cromossomo, que era
formado por um cromonema, passa a ter dois
filamentos unidos pelo centrômero. São duas
Hertwig, em 1908, propôs que quando cromátides-irmãs.
a RNP alcança um valor mínimo crítico
III. Período G2: duplicado todo o material
(Kc), constante para cada tecido, a divi-
hereditário, a célula entra em outro perío-
são se inicia.
do de crescimento, semelhante ao do G1,
Não se sabe, ao certo, que fatores contro- mas com menor produção de RNA e de
lam a taxa de divisão de um tecido. Estudos proteínas. É o momento de aparecimento
com vegetais mostram a ação de hormônios, das proteínas que irão constituir o fuso
como as citocininas, estimulando as divisões. mitótico, assumindo um arranjo especial
Acredita-se que a duração dos ciclos celula- organizado pelos centríolos.
res e a ocorrência de mitose sejam influencia-
Uma vez iniciada a divisão celular, uma
das pelas concentrações intracelulares de al-
série de alterações ocorre na célula, em uma
gumas substâncias, como o ATP, o AMP cíclico
e outras. seqüência contínua de numerosos eventos.
6. O Ciclo Celular
Compreende todo o período que vai desde
o surgimento da célula até o momento em que
ela se divide. O período que antecede a divi-
são celular é a interfase, de aparente inativi-
dade, uma vez que nele não se observam gran-
des alterações morfológicas na célula. Cons-
titui, porém, um período de acentuada ativi-
dade metabólica, tanto do citoplasma como
do núcleo.
7. Mitose
7.1. Introdução
Ao estudarmos a divisão celular da mitose, verificamos comportamentos característicos
dos cromossomos, mudanças na estrutura do núcleo, da membrana nuclear, dos centríolos e
do nucléolo.
Para facilitar o estudo da mitose, podemos dividi-la em fases com os seguintes nomes:
prófase, metáfase, anáfase e telófase.
7.2. Fases
I. Prófase
É a mais longa. Tem início com um discreto aumento de volume do núcleo. A cromatina
começa a se espiralizar. Os nucléolos desaparecem.
Os centríolos já duplicados migram para os pólos da célula. Durante a migração, fibras
protéicas do hialoplasma se colocam como raios ao redor dos centríolos, formando o áster.
Surgem, também, fibras que ligam um par de centríolos ao outro. Formam o fuso mitótico ou
fuso acromático. Ao conjunto formado pelos centríolos, pelos ásteres e pelo fuso mitótico dá-
se o nome de aparelho mitótico.
A carioteca se rompe e os cromossomos se soltam no citoplasma. Através dos centrômeros,
ligam-se as fibras do fuso mitótico. As fibras do fuso que se ligam aos cromossomos são
chamadas fibras cromossômicas. As que vão de um par de centríolos ao outro, sem se ligar a
cromossomo nenhum, são as fibras contínuas.
II. Metáfase
Os cromossomos se colocam na região equatorial da célula. As
cromátides-irmãs, ainda unidas pelo centrômero, atingem seu grau
máximo de condensação, tornando-se bem visíveis ao microscópio.
Pela facilidade de observação dos cromossomos, a metáfase é chamada
fase do cariótipo. Para facilitar o estudo cromossômico, a divisão celu-
lar pode ser interrompida na metáfase, por substâncias como a colchicina
e a vimblastina, que impedem a polimerização das proteínas do fuso
mitótico.
II. Metáfase I
Metáfase I: com grau máximo de
condensação ou espiralização, maior que na
mitose, os cromossomos estão emparelhados
no equador celular.
13789
52 6 13789
52 66
123452 6 2
312
52 6 123452 66 2
312
52 66
33
52 6 33
52 66
429
52 6 429
52 66 2n = 4
2n = 4 → n = 2
IV. Telófase I
Telófase I: os cromossomos se desespi- n=2
ralizam, a carioteca se refaz e o citoplasma se
divide, formando duas células-filhas haplóides. VI. Metáfase II
Entre o final da divisão I e o início da divisão Nesta fase, os cromossomos estão bem
II, pode ocorrer um pequeno intervalo, a condensados ou espiralizados, localizados no
intercinese, no qual não há duplicação do DNA. plano equatorial da célula.
n=2 n=2
VII. Anáfase II
Ocorre a bipartição dos centrômeros e as cromátides irmãs se separam, tracionadas pelas fibras
do fuso para pólos opostos das células.
n=2
Importante
A anáfase I separa os cromossomos homólogos, enquanto a anáfase II separa as
cromátides irmãs.
VIII. Telófase II
Nesta última etapa, ocorre a reorganização do núcleo, a desespiralização dos cromossomos
e a divisão do citoplasma (citocinese).
n=2
Observe que foram formadas quatro células (n = 2) com a metade da ploidia da célula inicial.
n=2
Observe que as células resultantes da meiose, assim como os gametas dos animais e os
esporos dos vegetais, apresentam metade da quantidade de DNA e da ploidia da célula inicial.
Leitura Complementar
II) Zigóteno (zygos = par): prosseguindo na
As Subfases da Prófase condensação, cada cromossomo se move
É a fase mais longa e complexa, contendo e se coloca lado a lado com seu homólogo.
cinco estágios. O emparelhamento se chama sinapse e
I) Leptóteno (leptos = fino): nesse estágio, os cada par de homólogos constitui um
filamentos de cromatina, já duplicados, bivalente.
iniciam sua espiralização.
Zigóteno
Leptóteno
Paquíteno
Diplóteno
Diacinese
Anotações