Biblia Textual
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A importância desta obra não pode ser subestimada, uma vez que o tradutor, antes
que possa explicar o significado das palavras, frases e idéias da Escritura, precisa
interessar-se pelo problema precedente, isto é: Qual é o texto original da
passagem? O fato de tal pergunta ser feita (...e respondida!), deve-se a duas
circunstâncias: (a) Nenhum dos documentos originais da Bíblia existe hoje em dia;
e (b) As cópias existentes diferem umas das outras.
Papiro
Ao serem escritos sobre o frágil papiro, e por causa do uso contínuo dos mesmos,
os documentos originais do Novo Testamento foram logo destruídos ou se
extraviaram. Durante o transcurso de mais de quatorze séculos, até a invenção da
imprensa, chegaram a ser feitas milhares de cópias manuscritas do Novo
Testamento, das quais, aproximadamente 5.000 existem hoje, representando não
menos que 250.000 das chamadas "variantes textuais". O Texto do Antigo
Testamento, por outro lado, foi zelosamente resguardado pelas autoridades
judaicas e recompilado entre os anos 750 e 1000 d.C. em uma edição denominada
Texto Massorético (TM). Esta obra é o resultado do trabalho dos chamados
"massoretas" ou comentaristas, que foram eruditos judeus dedicados ao estudo e
depuração das distintas cópias manuscritas do texto bíblico. Uma de suas escolas, a
de Ben 'Asher, em Tiberíades, criou no final do século IX a.C. um sistema de
integração de vogais dentro do texto de consoantes, que acabou por impor-se e
dominar sobre as demais escolas, tanto de Tiberíades como da Babilônia. Por outro
lado, existe hoje o recurso de consulta aos manuscritos do Mar Morto que em quase
sua totalidade, datando do século II a.C., contêm o Antigo Testamento.
Forma de códice
Versões
Com o nome versões se designam as traduções do Texto Original para outras
línguas. Entre estas Versões existem algumas que, por sua antigüidade, merecem
atenção especial, já que as suas diferenças com o Texto Massorético nos indicam
que, muito provavelmente, tiveram como base outro tipo de texto hebraico. Entre
as mais importantes, se encontra A Septuaginta (LXX), que nasceu, em princípio,
para atender às necessidades do povo de Israel durante a diáspora, porém,
posteriormente, ao ser adotada pelo cristianismo helênico, foi descartada pelos
judeus. A LXX é uma tradução para o grego feita ao longo de um período que
começou no século II a.C. As diferenças textuais com o Texto Massorético são
numerosas e isso indica que o Texto Hebraico utilizado para essa tradução não era
exatamente igual ao nosso atual Texto Massorético. Outras traduções de
importância são a de Aquila e Simmaco, a Peshitta, os Targumim e a Vulgata
Latina.
Até a invenção da imprensa no século xv, o texto da bíblia (e qualquer outro tipo de
registro) somente podia ser transcrito mediante um árduo trabalho de copiar letra
por letra e palavra por palavra. Portanto, a consideração do processo que envolveu
o feitio e a transcrição dos manuscritos, é de suma importância para o estudo do
texto sagrado.
Materiais
Entre os diversos materiais utilizados na antigüidade para a
confecção de livros, tais como madeira, osso, metal, argila,
papiro e pergaminho, o estudante da Bíblia há de
interessar-se principalmente pelos dois últimos: o papiro e o
pergaminho. A fabricação do primeiro era um negócio
florescente no Egito, pois crescia abundantemente às
margens do delta do Nilo (Jo 8.11). O pergaminho, por sua
vez, tem uma história interessante que está relacionada
com a competência dos reis em possuírem a melhor
biblioteca da época. Um deles, Tolomeo Epífanes (205-182 Escritura Cuneiforme
a.C.), decretou um embargo sobre as exportações do papiro
produzido no Egito, o qual obrigou o rei de Pérgamo a buscar uma fórmula
alternativa de materiais capazes de receber a escrita. Foi assim que se desenvolveu
a indústria do pergaminho (daí o seu nome), o qual era fabricado com peles de
gado, antílopes, cabras e ovelhas, especialmente animais recém-nascidos.
Papiro
Forma
O uso mais antigo do papiro como receptor da escrita era em forma de "rolo". As
folhas de papiro eram unidas lateralmente e logo enroladas em tubos cilíndricos,
com um comprimento aproximado de 10 metros (o Evangelho segundo Lucas tinha,
provavelmente, essa medida).
Os rolos eram relativamente difíceis de usar e a Igreja Primitiva logo descobriu a
dificuldade de encontrar uma passagem específica. Desta maneira, antes de
finalizar o primeiro século, se começou a utilizar a forma de códice, a qual consistia
em dobrar uma ou várias folhas de papiro e costurá-las juntas.
É muito possível que esta forma de códice tenha sido uma proposta idealizada pelos
cristãos gentios em seu afã por diferenciar a típica leitura em rolos utilizada nas
sinagogas.
O pergaminho foi também utilizado posteriormente em forma de códice. Em 331
d.C., o imperador Constantino ordenou a elaboração de 50 cópias da Bíblia em
pergaminho. Duas dessas cópias existem hoje em dia, e constituem as cópias
manuscritas mais importantes do texto do Novo Testamento: o Códice Sinaítico e o
Códice Vaticano.
Causas involuntárias
Escriba Trabalhando
escribas ouvintes. Tais erros acidentais eram quase inevitáveis onde quer que se
copiassem a mão longas passagens, e havia mais possibilidades de que isso
ocorresse se o escriba tivesse olhos ou ouvidos defeituosos; se fosse interrompido
em seu trabalho, ou se, por causa do cansaço, estivesse menos atento do que
deveria estar.
Causas Deliberadas
Outras divergências em palavras, surgiram de intentos deliberados com a finalidade
de suavizar formas gramaticais rudes, ou por tratar de eliminar partes - real ou
aparentemente - obscuras no significado do texto. Algumas vezes, um copista
substituía ou acrescentava o que lhe parecia ser uma palavra ou uma forma mais
apropriada, talvez derivada de uma passagem paralela (harmonização de leituras
similares). Desta maneira, durante os primeiros séculos do Cânon do Novo
Testamento, surgiram centenas - ou até milhares - de variantes textuais.
Texto Alexandrino
É usualmente considerado como o melhor e mais fiel na preservação do original.
Suas características são a brevidade e a austeridade. Isto é, o Alexandrino é
geralmente mais curto que outras classes de texto, e não exibe o grau de esmero
gramatical e estilística que caracterizam o tipo de texto Bizantino e em menor grau
o tipo de texto Cesariense.
Até há pouco tempo, os dois principais testemunhos do tipo de texto Alexandrino
eram o Códice Vaticano e o Códice Sinaítico (manuscritos em pergaminho da
metade do século IV).
No entanto, com a aquisição dos papiros Bodmer, particularmente o P66 e o P75
(ambas as cópias próximas do final do século II), existe evidência de que o tipo de
texto Alexandrino retrocede até um arquétipo publicado no princípio do segundo
século.
Texto Ocidental
Este tipo era corrente na Itália, Gália, África do norte e outras partes (incluindo o
Egito). Pode também retroceder até o segundo século. Utilizado por vários Pais
(Cipriano, Tertuliano, Irineu e Tatiano), sua presença no Egito está demonstrada
pelos papiros P38 (cerca de 300 d.C.) e P48 (próximo ao final do século III). Os
manuscritos gregos mais importantes que representam o tipo do texto Ocidental
são o Códice Beza (D), do século VI, (que continha as Epístolas Paulinas) e o Códice
Washingtonianus (W), do final do século IV (que continha desde Marcos 1.1 até
5.30). De igual maneira, as velhas versões latinas são testemunhos notáveis do
tipo de texto Ocidental, e se encontram dentro de grupos principais, tais como as
formas africana, italiana e hispânicas do texto latino antigo. A característica
principal do tipo de texto Ocidental é sua intensa paráfrase
Texto Cesarience
Parece ter-se originado no Egito (está apoiado pelo papiro Chéster Beatty P45).
Orígenes pode tê-lo levado para Cesaréia, onde Eusébio e outros fizeram uso dele.
De Cesaréia foi levado a Jerusalém, onde foi usado por Cirilo e por armênios que
em épocas recentes tinham uma colônia em Jerusalém. Os missionários armênios
levaram o tipo de texto Cesariense para a Georgia, onde influenciou a Versão
Georgiana, como também o manuscrito grego do século IX, Códice Korideti (Q).
Parece, pois, que o tipo de texto Cesariense teve uma longa e acidentada carreira.
De acordo com o ponto de vista da maioria dos eruditos, se trata de um texto
oriental, e está caracterizado por uma mescla de leituras ocidentais e alexandrinas.
Pode-se também observar o propósito de tornar elegantes as expressões,
característica especialmente notável no tipo de texto Bizantino.
El Textus Receptus
João Gutemberg
Inventor Da Imprensa
Jerônimo. As traduções em idiomas nacionais não anulavam a superioridade do
texto latino do qual provinham; porém, a publicação do Novo Testamento grego
oferecia a qualquer erudito conhecedor de ambas as línguas, uma ferramenta com
a qual podia criticar e corrigir a Bíblia oficial da igreja romana.
Todavia, em 1514, saiu da imprensa o primeiro Novo Testamento Grego como parte
de uma Bíblia poliglota. Planejada em 1502 pelo Cardeal Primado da Espanha,
Francisco Jiménez de Cisneros, uma magnífica edição do texto hebraico, aramaico,
grego e latino, foi impresso na cidade universitária de Alcalá (Complutum).
Apesar do texto complutense ter sido o primeiro Novo Testamento grego a ser
impresso, não foi o primeiro a ser publicado (isto é, colocado em circulação). A
edição preparada pelo famoso erudito e humanista holandês Disidério Erasmo de
Rotterdam teve essa primazia.
Outra interpolação que não está apoiada por nenhum manuscrito grego antigo e
fidedigno, é a conhecida Vírgula Johanneum em 1Jo 5.7-8, que Erasmo se viu
obrigado a introduzir por causa dos ataques dos editores da Poliglota Complutense.
II - O valor
Uma obra apreciada
Quando se visita o Museu Britânico, de Londres, ao passarmos pelos seus históricos
salões, com suas preciosas obras milenares, destaca-se aos olhos do visitante
atento uma obra peculiar.
Um dos exemplares do Novo Testamento, publicado em 1681, por João Ferreira de
Almeida, está ali exposto. Nota-se nesse exemplar uma peculiaridade notável.
Impresso segundo as técnicas da época e publicado na Holanda, em Amsterdã, por
ordem da Companhia Holandesa das Índias Orientais, neste manuscrito podem ser
vistas algumas correções feitas a mão, demonstrando o cuidado e a urgência do
autor em que a preciosa Palavra de Deus alcançasse os povos de língua
portuguesa, com os quais trabalhava na Batávia, atualmente Jacarta, na ilha de
Java, na Indonésia.
Embora o trabalho de revisão e correção daquela primeira edição do Novo
Testamento não tenha sido visto pelo autor, pois demorou dez longos anos, a
segunda versão foi impressa na própria Batávia e dali distribuída para os povos de
língua portuguesa daquela região antes colônias de Portugal.
Enquanto aguardava essa revisão, Almeida não perdeu tempo e iniciou o trabalho
de tradução do Antigo Testamento. Em 1683 ele já completara a tradução do
Pentateuco.
Mas, com a saúde abalada, desde 1670, seu ritmo de trabalho era limitado. Ao
diminuir suas atividades pastorais, ele dedicou a maior parte do tempo ao seu
trabalho de tradução.
Embora abnegado e com um objetivo claro a alcançar em sua vida, Almeida faleceu
em 6 de agosto de 1691, na Batávia, no Oriente, sem ver a sua obra completa.
Enquanto tinha forças continuou trabalhando e sua tradução chegou, conforme
alguns historiadores, ao capítulo 6 de Jeremias, e segundo outros historiadores, ao
capítulo 48 de Ezequiel. Seu amigo e companheiro de ministério, o pastor holandês,
Jacobus op den Akker, completou o seu trabalho, concluindo a tradução do Antigo
Testamento.
O trabalho de tradução de João Ferreira de Almeida alcançava assim toda a Bíblia
Sagrada e desde o início de suas publicações foi uma obra muito apreciada pelos
conhecedores da língua portuguesa.
1. A infância e a conversão
2. Um adolescente talentoso
3. Um jovem operoso
Em setembro de 1655, faz o exame final, quando prega sobre Tito 2.11-12, mas só
recebe a sua confirmação em 22 de agosto de 1656. Neste mesmo ano, quase um
mês depois, em 18 de setembro, é enviado como ministro para o Ceilão, hoje Sri
Lanka.
Luta Contra Os Cristãos
Devido à sua saúde abalada, foi permitido a João Ferreira de Almeida, que
dedicasse menos horas ao seu trabalho na igreja. Com isso entregou-se ainda mais
à tradução do Antigo Testamento, trabalho que já tinha iniciado anos antes. Um ano
depois, em 1683, já havia traduzido o Pentateuco.
Em 1689, Almeida é considerado "pastor emérito" e também neste ano, em 16 de
setembro ele pede a sua jubilação, "em virtude da velhice e fraqueza".
As últimas atas das reuniões do presbitério que se referem à sua presença datam
de agosto de 1691. Na ata da reunião do dia 20 de agosto daquele ano ainda há
menção do seu nome, mas ao que parece, ele já não estava mais presente. João
Ferreira de Almeida faleceu em 6 de agosto desse ano, aos 63 anos, deixando a
esposa e um casal de filhos.
O término de sua obra, como mencionado antes, deu-se através do seu colega de
ministério, o pastor Jacobus op den Akker.
Convém lembrar, como vemos em sua história, relatada no livro Deus, o homem e
a Bíblia, que Almeida "lutou durante toda a sua vida para manter as comunidades
evangélicas portuguesas nos seus próprios lugares", enquanto os holandeses iam
ocupando os lugares do império português nas Índias. Almeida se esforçou
continuamente para que essas comunidades tivessem outros livros na língua
portuguesa. Numerosas traduções foram feitas por ele para o português, porém tais
trabalhos não chegaram a ser publicados. Outros livretos, entretanto, foram
impressos na Holanda e na Batávia.
Quando completou a tradução do Novo Testamento, Almeida foi recompensado pelo
presbitério com a importância de 30 réis, quantia esta aumentada, pelo
Governo da Companhia Holandesa das Índias Orientais em mais 50 réis.
RESTAURAÇÃO TEXTUAL
O PERÍODO PRÉ-CRÍTICO
Os fatos mais destacados na história dos homens que aplicaram esta ciência na
busca por restaurar o texto do Novo Testamento, podem ser resumidos mais ou
menos assim: durante os séculos XVII e XVIII, vários eruditos conseguiram
recolher grande número de informações de muitos manuscritos gregos, assim como
das versões antigas e dos Pais Apostólicos. Sem dúvida, com a exceção de dois ou
três revisores que timidamente se atreveram a corrigir alguns dos mais notórios
erros do Texto Receptus, esta forma degradada do Novo Testamento continuou
sendo reimpressa edição após edição até o século XIX.
Lachmann, o precursor
Não foi senão na primeira parte do século XIX que o erudito clássico alemão Karl
Lachmann se aventurou a aplicar os critérios que havia utilizado na revisão de
textos gregos clássicos. Lachmann foi o primeiro erudito que se reconhece haver-se
apartado totalmente do Texto Receptus. Ele demonstrou, por comparação de
manuscritos, como estes podiam retroceder até seus arquétipos perdidos e inferir
sua condição e paginação. Ao revisar o Novo Testamento, a intenção de Lachmann
não era reproduzir o texto original, o qual considerava um trabalho impossível,
apresentar, com puras evidências documentadas e à parte de qualquer edição
impressa previamente, o tipo de texto corrente na cristandade oriental no final do
século IV. Apesar dos muitos obstáculos que encontrou durante o seu trabalho e
das limitações de sua obra, a opinião da maioria dos eruditos está de acordo com a
avaliação que F. J. A. Hort tem feito de Lachmann e sua obra: "... Um novo período
começou em 1831, quando pela primeira vez, um texto foi construído diretamente
dos antigos documentos sem a intervenção de nenhuma edição impressa, e quando
a primeira tentativa sistemática foi feita para substituir a eleição arbitrária pelo
método científico na discriminação de variantes textuais".
Tischendorf, o descobridor.
Entre 1841 e 1872, ele preparou oito edições do Novo Testamento grego, algumas
das quais foram reimpressas sozinhas ou juntamente com versões alemãs e latinas,
assim como também 22 volumes de manuscritos de textos bíblicos. O total de seus
livros e artigos, ressaltando que a maioria deles está relacionada com a crítica
bíblica, supera cento e cinqüenta. Enquanto estudava teologia em Leipzig, deste
1834 até 1838, o jovem Tischendorf esteve sob a influência de Johann Winer, cuja
gramática do Novo Testamento Grego alcançou muitas edições e permaneceu como
normativa por várias gerações. Winer soube infundir em seu pupilo a paixão pela
pesquisa e aplicação dos testemunhos mais antigos para reconstituir a forma mais
pura da Escritura grega. A esta tarefa se dedicou o jovem erudito, o qual
escrevendo à sua noiva em certa ocasião, lhe declarou: "estou confrontado com um
trabalho sagrado: a luta por recobrar a forma original do Novo Testamento". Aos
vinte e cinco anos de idade, Tischendorf decifrou o palimpsesto Códice Efraemi (C);
viajou extensamente por toda a Europa e Oriente Médio em busca de manuscritos
novos e antigos; os examinou e os revisou, e em 1859 descobriu no Mosteiro de
Santa Catarina, no Monte Sinai, o documento que tem a primazia entre os
testemunhos mais fiéis e antigos do Novo Testamento: o Códice Sinaítico. A história
de tal achado é apaixonante e merece ser narrada com alguns detalhes.
Tregelles, o abnegado.
Alford, o valoroso.
O ano de 1881 tem um significado especial pela publicação da mais notável edição
crítica do Testamento Grego jamais produzida. Depois de 28 anos de trabalho, B. F.
Westcott (1825-1901) e J. A. Hort (1828-1892), ambos professores de Teologia em
Cambridge, produziram dois volumes intitulados, O Novo Testamento em Grego
Original. Ao contrário de revisores anteriores, nem Westcott nem Hort se
prenderam à comparação de manuscritos nem tão pouco proveram um aparato
crítico. Mas, utilizando coleções de variantes textuais prévias, aperfeiçoaram a
metodologia crítica desenvolvida por Griesbach, Lachmann e outros, e a aplicaram
rigorosamente, porém com discriminação, aos testemunhos do Novo Testamento.
Os princípios e procedimentos da crítica textual elaborada por eles são demasiado
extensos para explicá-los em detalhes, porém podem resumir-se sumariamente
como o determinaram em sua introdução, a saber: as evidências internas da
leitura; as probabilidades intrínsecas e de transcrição; os grupos de evidências
internas e as evidências genealógicas. Ao fazer um retrospecto e avaliar a obra de
Westcott e Hort, pode-se dizer que os eruditos de hoje em dia estão de acordo em
que a principal contribuição feita por eles foi a clara demonstração de que o Texto
Bizantino é posterior a outros textos. Três formas principais de evidências
respaldam este juízo: (1) O Texto Bizantino contém leituras combinadas ou
fundidas que são claras composições de elementos de outros textos mais antigos;
(2) nenhum dos Pais ante-nicenos cita leitura alguma do Texto Bizantino; e, (3) na
comparação entre as leituras sírias com outras rivais, sua aspiração de ser aceita
como original diminui gradualmente e finalmente desaparece. Não pode ser
surpresa que a total recusa de Westcott e Hort quanto às aspirações do Texto
Receptus de ser o original do Novo Testamento, foi vista com alarme por muitos
homens da Igreja, e encontrou sérias oposições.
Basta dizer que todos aqueles que se opuseram à obra de Westcott e Hort (e
conseqüentemente à aplicação da crítica textual aos manuscritos do Novo
Testamento) não conseguiram compreender a força do método genealógico,
segundo o qual o texto mais tardio e combinado se evidencia como secundário e
corrupto. A breve recapitulação da obra de Westcott e Hort pode ser concluída com
a observação de que o consenso majoritário de opiniões eruditas reconhece que
suas edições críticas foram verdadeiramente extraordinárias. Eles apresentaram o
que sem dúvida é o mais puro e antigo texto que podia ser obtido com os meios de
informação da época. Apesar da descoberta de novos manuscritos ter requerido um
novo alinhamento de certos grupos de testemunhos, a validade geral de seus
princípios e procedimentos críticos é amplamente reconhecida pelos eruditos
textuais contemporâneos.
Evidências Externas
Evidências internas
TEOLOGIA DA TRADUÇÃO
Na realidade, as razões das distintas categorias que acabam por predominar nos
enunciados da tradução bíblica, são muitas, complexas e ... conflitantes. Elas
abarcam um amplo espectro que começa com o sistema de tradução literal
(interlinear), e concluem nos limites da tradução dinâmica (de tendência
parafrásica). Entre esses extremos, a mais destacada classificação seja quiçá a
tradução por eqüivalências formais da linguagem (literária).
DEFINIÇÕES
Tradução Literal
O estilo de tradução literal ocupa, por assim dizer, o primeiro dos extremos dentro
do amplo espectro que forma as distintas técnicas de tradução bíblica. As bases
deste sistema não podem ser subestimadas, pois ainda que sua apresentação seja
"interlinear" (e por isso não reflete as relações sintáticas do idioma a ser
traduzido), a consulta relacionada com a definição dos vocábulos, verbos,
coordenação e subordinação gramatical do Original, constitui uma ferramenta
indispensável para o tradutor bíblico.
Tradução Textual
Devido, por um lado, à simplicidade do seu propósito, e, por outro lado, à extensão
e complexidade dos seus delineamentos, o sistema de tradução textual talvez seja
a técnica de tradução mais difícil de sintetizar seus postulados, desde que os
critérios utilizados em sua prática têm a ver tanto com a aptidão como com a
atitude do tradutor. Em geral, poderíamos afirmar que a tradução textual fixa suas
tarefas dentro de uma disciplina que transcreve, não o que o Autor Sagrado pode
ter dito que foi escrito em português, senão o que Ele diz em hebraico, aramaico e
grego.
Tradução Literária
A tradução literária trata de orientar todos seus esforços para o texto original, ou
seja, o autor, o ambiente e sua época. Este sistema de tradução procura utilizar
todas as funções da linguagem literária, e trata de reproduzi-las em todos os seus
aspectos. Sob estes parâmetros, o tradutor literário atua com plena liberdade de
elevar o nível do Original, com a finalidade de produzir uma plena comunicação.
Tradução Dinâmica
A tradução dinâmica tem por objetivo o leitor que, por assim dizê-lo, "aguarda que
o conduzam" ao texto. Isto significa que durante o desenvolvimento da tradução, o
próprio texto deverá sofrer uma transformação tal que situe o leitor nas mesmas
condições em que se achava o destinatário original. Estas versões cumprem uma
função importante, pois, assim como se preparam versões infantis da Bíblia, estas
são produzidas para pessoas que, ainda que saibam ler, não têm o hábito da
leitura. Não obstante sua grande utilidade, o desconhecimento de que se trata de
uma paráfrase, poderia, eventualmente, orientar mal o leitor ao fazê-lo supor que
está lendo a verdadeira Palavra de Deus.
DISCIPLINA DA TRADUÇÃO
Um corpo de tradutores que consistentemente fixe sua tarefa dentro de uma
disciplina que transcreva, não o que o Autor Divino pode ter dito que foi escrito em
português, senão o que Ele diz em hebraico, aramaico e em grego. Isto, claro está,
apresenta de imediato dois problemas que desafiam a capacidade e habilidade do
tradutor: (1) Como apresentar fielmente o texto nos idiomas originais ao leitor da
língua portuguesa? e, (2) Como apresentar, entretanto, o português de maneira tal
que se leia como uma obra vernácula e não estrangeira; como um original e não
como uma tradução? Sujeito à consideração de que a solução do segundo
enunciado sempre deverá estar subordinada à primeira (e ainda que seja verdade
que qualquer tradução, por mais que pretenda, sempre falhará em mostrar com
fidelidade fotográfica a PALAVRA DE DEUS), o pensamento do tradutor tem de estar
firmado na possibilidade (não na impossibilidade) de traduzir o jota e o til,
considerando que qualquer outra proposta que não leve em conta a nitidez infalível
da Palavra, o tornará de imediato incompetente para tratar do problema que tem
em mãos. Ao longo da tradução, então, o objetivo principal é conseguir um texto de
português depurado, informando e advertindo o leitor ao pé da página, ou em
comentário anexo, as razões que existem para tal ou qual provisão textual em
separado do aparato crítico. O estilo da tradução (princípio que deve ser sempre
mantido) é baseado no seguinte: sempre que possível, cada palavra hebraica ou
grega deve ser traduzida pela mesma palavra em português; e, quando possível,
uma única palavra portuguesa explique cada palavra hebraica, aramaica ou grega.
DISCIPLINA DA REVISÃO
A esta altura, podemos dizer então que, com as exceções que delineiam hoje a
pureza de sua base textual, o estilo de tradução de João Ferreira de Almeida se
apega consistentemente àquele que o Original demanda, melhor que qualquer
outra versão portuguesa das Sagradas Escrituras. E é precisamente por isso que
esta versão, mesmo depois de mais de quatro séculos, permanece sendo superior
às demais versões portuguesas, quer antigas ou contemporâneas. Neste sentido,
ainda se percebe no trabalho dos revisores algumas falhas penosas, talvez porque
ninguém pode tratar senão defeituosamente com o Livro, a não ser que esteja
convencido até a medula que a Bíblia foi dada pelo sopro do Eterno e é inspirada
em cada uma de suas letras. A disciplina dos revisores consiste então em
resguardar tudo quanto a versão João Ferreira de Almeida tem de bom, sua forma
e seu estilo literário, tal como tem sido conhecida e utilizada, para preservar assim
os benefícios da riqueza de comunicação que dali se deriva, ao retardar as trocas e
a corrupção que sofre a linguagem através do tempo; tratando de fazer, não uma
nova, mas sim, uma versão melhor, mais próxima do texto Original, sob princípios
orientados para a transmissão de toda a intenção, força e lucidez do Original; a
defesa de sua pureza, brevidade e simplicidade, e o respeito com cada uma de suas
aparentes assimetrias, redundâncias e asperezas gramaticais.
CONCLUSÃO
Durante o processo de revisão, adaptação e tradução, o uso dos recursos científicos
de linguagem podem ser tomados como instrumentos úteis, porém subalternos no
momento de decidir a atribuição final das eqüivalências. Estas decisões (não
somente a respeito de palavras, senão também com respeito à coordenação e à
subordinação gramatical imposta pelo Autor Exato), se alcançam, não por ditados
da sociologia lingüística, senão pelo recurso de interpretação intrínseco da Bíblia
Sagrada. Ou seja, as conclusões que o tradutor percebe, não somente pelo seu alto
grau de erudição, senão pela sã exegese e traço de ligação que surge da analogia e
harmonia espiritual latente em toda a Escritura (Sl. 119.160a e 2Pe. 1.20).
Epílogo
Diante desta formidável tarefa, somente nos resta admitir de antemão as limitações
e a futilidade que representam o depender tão somente das disciplinas humanas, e
reconhecer que, assim como, diante do Deus Todo-poderoso não podemos
aproximar-nos com "vãs repetições", tão pouco diante do Sagrado Texto podemos
fazê-lo com fraseologias ou com a fluência de um "espírito liberal", como se
tratássemos com introduções e comentários em dicionários ou enciclopédias gerais.
Temos de aproximar-nos com espírito contrito, coração puro e atitude prostrada.
Com fé simples e pés descalços, limpos do lodo mundano e das vãs filosofias
humanas.