2014 Glaucio de Castro Junior - Projeto Varlibras
2014 Glaucio de Castro Junior - Projeto Varlibras
2014 Glaucio de Castro Junior - Projeto Varlibras
INSTITUTO DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA, PORTUGUÊS E LÍNGUAS CLÁSSICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA
PROJETO VARLIBRAS
BRASÍLIA - DF
2014
GLÁUCIO DE CASTRO JÚNIOR
PROJETO VARLIBRAS
BRASÍLIA - DF
2014
FOLHA DE APROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Profa. Dra. Enilde Faulstich
(Presidente - UnB/IL/ LIP)
_________________________________________
Prof. Dr. Enrique Huelva Unternbäumen
(Membro efetivo - UnB/IL/LET)
___________________________________________
Profa. Dra. Sandra Patrícia de Faria do Nascimento
(Membro efetivo - SEEDF/GDF)
_________________________________________
Profa. Dra. Ronice Muller de Quadros
(Membro efetivo – CCE/UFSC)
_________________________________________
Profa. Dra. Rozana Reigota Naves
(Membro efetivo - UnB/IL/LIP)
____________________________________________
Profa. Dra. Heloisa Maria Moreira Lima Salles
(Suplente/UnB/IL/LIP)
DEDICATÓRIA
Dedico esta tese à Professora Enilde Faulstich, presente em toda a minha trajetória
acadêmica. Sua excelente orientação deixa marcas e uma recordação acadêmica digna de
sempre ser compartilhada, quanto merecedora de ser evocada. Lembro-me de que, quando eu
não conhecia o significado de alguns termos, eu recorria aos dicionários para compreender o
conceito do que me era desconhecido, mesmo depois de perguntar para minha mãe sobre eles.
Posteriormente, durante as aulas de mestrado e doutorado, com a Professora Enilde Faulstich,
conheci a propriedade de uso dos termos; e, hoje, sei que existe um caminho que conduz ao
conhecimento, e ele é uma herança valiosa deixada por nossos antecessores: os dicionários!
Almejo que este (dicionários) seja um dos caminhos que esta tese permita a muitos outros
pesquisadores trilharem em suas formações, juntamente com o que valorizo e pesquiso: a
linha Faulstich para as ciências do léxico e terminologia aplicada à Língua de Sinais
Brasileira - Libras em sua construção e divulgação.
AGRADECIMENTOS
This thesis belongs to the line of research Lexico and Terminology and it was
carried out in the Center of Terminological and Lexical Studies (Lexterm Center) and in the
Laboratory of Brazilian Sign Language (LabLibras) of the University of Brasília (UnB).
The object of this study is the linguistic variation in Brazilian Sign Language –
Libras and it presents some procedures to elaborate a bilingual terminological research –
Libras (BSL) / Portuguese.
The motivation and the key point of this endeavor is the Varlibras Project, which
has as the main purpose to make an inventory of lexical creations in BSL. These data are
located in a data bank of the Nucleus of Research on Regional Variation of BSL – Varlibras.
The research questions are: i) In relation to the lexical enrichment, what are the criteria that
make it possible to create signs according to BSL's morphological, phonological and phonetic
systems?, ii) How the Nucleus of Research on Regional Variation must be structured?, iii)
How does the standardization of sign terms contribute to teaching? The aim of this research is
to register sign terms that are variant forms on BSL in order to create the Nucleus of Research
on Regional Variation of BSL – Varlibras.
The methodology was based on the analysis of videos that were collected from
questionnaires available on the site Varlibras Project. After the analysis each sign term in
BSL was registered. The study of the phenomenon of linguistic variation on BSL allows us to
propose a sistematyzation according to the idea presented by Faulstich (1995, p. 2-4). The
present research proposed a methodology that will advance in the sense of analysing data
related to terms on BSL that can be considered STANDARD and those that present
VARIATION on BSL and that are not registered on previous analysis of
regional/geographical variants. The research was developed according to Labov's proposal
(1972), based on established variations as criteria for registering new occurrences.
Firstly, it is important to be aware of the fact that the criteria for linguistic
organization in any language have to do with linguistic policies, which rely on grammatical
standartization as a model for professional qualification. However, the study of linguistic
variation on BSL is an extra motivation for the development of the language, since speakers
of diverse ages, regions, and levels of education communicate using sign language.
During the research, it was possible to observe that there is a huge production of
sign terms by deaf professionals and non-deaf professionals that know BSL, but not in a strict
way. What calls the attention is the fact that these speakers do not share the produced sign
terms in different spaces of linguistic interaction.
In order to spread those sign terms created, it is paramount to have the
lexicographic register of BSL, mainly if it is developed by experts on the area as is the case of
the nucleus Varlibras – which has as its goals to create dictionaries and glossaries of BSL.
Besides these considerations, although there are laws that guarantee the right of
inclusion for bilingual deaf people, there is a lack of adequated qualification to prepare
experts in the educational area.
Therefore, in this research there is also an analysis of strategies for integrating
professionals and training them for teaching BSL through Varlibras project. The purpose is to
promote a massive learning, not only in social, educational or professional levels, but also of
the BSL and its intrinsic value.
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 19
Sinalizações iniciais do estudo em variação linguística da Libras ........................................... 19
O objeto de estudo .................................................................................................................... 22
O problema ............................................................................................................................... 23
Reflexões que motivam o estudo .............................................................................................. 24
Objetivos da pesquisa ............................................................................................................... 25
Metodologia para a constituição da Tese e as condições de realização .................................... 25
Terminologia nos estudos da Linguística da Língua de Sinais ................................................. 27
Estrutura da tese........................................................................................................................ 34
CAPÍTULO I - ARGUMENTAÇÕES SOBRE A GRAMÁTICA DA LÍNGUA DE
SINAIS BRASILEIRA ........................................................................................................... 36
1. 1 Discussões acerca da gramática da Libras......................................................................... 36
1.1.1 A importância da Datilologia na gramática das línguas de sinais.................................... 37
1.1.2 Uma interpretação da Datilologia na Libras .................................................................... 39
1.2 A organização da significação do termo ............................................................................ 46
1.3 O significado, a referência e o conceito dos termos para um efetivo registro................... 48
1.4 Léxico e sua dinâmica ....................................................................................................... 49
1.5 A variação linguística e o registro da Libras....................................................................... 52
1.6 Variação linguística – nível social e nível gramatical......................................................... 55
1.6.1 Regra do quadrante linguístico – uso do espaço na Libras e a variação linguística ....... 56
1.6.2 A cadeia linguística paramétrica e a constituição dos termos em Libras com foco na
variação linguística ................................................................................................................... 61
1.6.3 O léxico da Libras e as restrições linguísticas ................................................................. 63
1.7 Procedimentos metodológicos para a compreensão da linguística da Libras ..................... 64
1.8 Postulados para a pesquisa científica em variação linguística em Libras .......................... 72
CAPÍTULO II – VARIAÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA – ESTRUTURA
LEXICOGRÁFICA E EDUCAÇÃO LEXICOGRÁFICA ................................................. 75
2.1 Introdução ........................................................................................................................... 75
2.2 Problemas encontrados nos léxicos geral e especial da Libras .......................................... 75
2.3 Proposta de técnicas lexicográficas de registros da Libras................................................. 79
CAPITULO III - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA
E AS CONDIÇÕES PARAMÉTRICAS ............................................................................... 82
3.1 Introdução ........................................................................................................................... 82
3.2 Conceito de Unidades Lexicais (ULs) e Unidades Terminológicas (UTs) da Libras ......... 85
3.3 Processos paramétricos da Libras ....................................................................................... 87
3.3.1 Eixos de análise dos termos da Libras ............................................................................. 88
3.4 As condições paramétricas para formação do sinal-termo em Libras ................................ 90
3.4.1 Condição de uso paramétrico de Configurações de mãos ............................................... 92
3.4.2 Condição de uso paramétrico de definição de ponto de articulação................................ 96
3.4.3 Condição de uso paramétrico da Tipologia de movimentos na Libras ............................ 98
3.4.4 Condição de uso paramétrico da Direcionalidade na Libras ......................................... 103
3.4.5 Condição de uso paramétrico das Expressões faciais e gramaticais: aspectos
linguísticos..............................................................................................................................104
CAPÍTULO IV- QUESTÕES METODOLÓGICAS: A CRIAÇÃO DO SITE
VARLIBRAS ......................................................................................................................... 111
4.1 – Introdução .................................................................................................................. 111
4.2 - As fontes de recolha ................................................................................................. 112
4.3 - Critérios para a seleção do sinal -termo. .............................................................. 113
4.4 - Os procedimentos de recolha e de análise dos dados ....................................... 114
4.5 - Criação do Site Varlibras. ...................................................................................... 116
4.6 - Variáveis para a recolha dos dados. ..................................................................... 124
4.6.1 - Seleção das variáveis ................................................................................................... 124
4.7 - A pesquisa científica em variação linguística ................................................................ 127
4.8- Os procedimentos para validação e organização dos dados ............................................ 131
4.9 - Registros dos sinais-termo e estratégias para divulgação .............................................. 132
Perspectivas parciais da constituição do Projeto Varlibras .................................................... 135
CAPÍTULO V- APESENTAÇÃO DE LÉXICO ALFABÉTICO BILÍNGUE
TERMINOLÓGICOS DE ACORDO COM A CONDIÇÃO PARÁMETRICA ............ 139
5.1 Introdução ......................................................................................................................... 139
5.2 Estrutura do léxico alfabético bilíngue terminológicos das disciplinas Biologia, História,
Física, Matemática, Português e Química .............................................................................. 139
CAPÍTULO VI - ANÁLISE DOS DADOS EM LIBRAS PARA COMPOSIÇÃO DO
BANCO DE DADOS ............................................................................................................ 171
6.1 Introdução ......................................................................................................................... 171
6.2 Alguns princípios orientadores da análise ........................................................................ 174
6.3 Análise dos sinais-termo de acordo com as condições paramétricas................................ 177
6.3.1 Sistematização dos Sinais-termo a partir da variável da condição de uso paramétrico das
configurações de mãos............................................................................................................ 177
6.3.2 Sistematização dos Sinais-termo a partir da variável da condição de uso paramétrico do
ponto de articulação ................................................................................................................ 201
6.3.3 Sistematização dos Sinais-termo a partir da variável da condição de uso paramétrico da
tipologia de movimentos na Libras ........................................................................................ 222
6.3.4 Sistematização dos Sinais-termo a partir da variável da condição de uso paramétrico da
Direcionalidade na Libras....................................................................................................... 230
6.3.5 Sistematização dos Sinais-termo a partir da variável da condição de uso paramétrica das
Expressões faciais e gramaticais: aspectos linguísticos ......................................................... 239
CONCLUSÃO....................................................................................................................... 246
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 248
ANEXO .................................................................................................................................. 259
19
INTRODUÇÃO
O objeto de estudo
O problema
Objetivos da pesquisa
A pesquisa tem por meta estudar teorias linguísticas funcionalistas para aplicar
estes estudos aos dados da variação linguística na Libras. Como as áreas de concentração são
a lexicologia e a terminologia, ao se pensar na elaboração do Projeto Varlibras, vêm várias
questões que estão envolvidas no conteúdo teórico, e uma delas é justamente a TESE que
serve para a realização do estudo. A metodologia para o desenvolvimento da tese baseia-se no
26
estudo de teorias linguísticas com vistas à variação linguística na Libras, para que um modelo
seja determinado: (1) construção de um sistema abstrato para explicar certa parte da
estruturação da língua (2) investigação das consequências da criação desse sistema para a
análise de termo padrão e termos variantes; (3) ajuste e definição desse sistema para que se
torne compatível com os fatos, por meio do desenvolvimento de um site que irá possibilitar a
aplicação dessa construção.
Para retratar essa questão, sabe-se que todas as línguas dependem de sentenças
dotadas de expressão de significado: cada termo e cada sentença está convencionalmente
associada a pelo menos um significado que lhe é associado nessa língua. Entende-se que os
sinais-termo são unidades paramétricas compostas pelos parâmetros linguísticos das línguas
de sinais, que são configuração de mão, ponto de articulação, movimento, direcionalidade e
expressões faciais e corporais.
Em todas as línguas de sinais, os sinais-termo podem ser organizados por
unidades paramétricas de modo a formar sentenças, mas o significado dessas sentenças
depende do significado dos termos neles contidos e dos traços linguísticos ou condições
paramétricas que possibilitam esse processo, a partir de sua base paramétrica. Ou seja, se
utilizarmos uma configuração de mão, que compõe uma determinada base paramétrica com a
condição paramétrica do movimento diferente, pode indicar diferentes termos; há casos em
que a mudança das condições paramétricas mudará o significado; há outros em que não ocorre
a mudança de significado, mas permite a ocorrência de outros processos linguísticos. Ocorre
também o uso de vários termos o que instiga o usuário a selecionar um determinado sinal-
termo para aquele significado que ainda não possui sinal-termo na Libras. Essa situação
motiva a definição do que vem a ser variante e do que são sinais-termo diferentes de um
mesmo termo.
Uma teoria da variação linguística em Libras deve não só apreender a natureza
exata da relação entre o significado dos sinais-termo e o significado das sentenças, mas ser
capaz de enunciar de que modo essa relação depende dos traços linguísticos ou das condições
paramétricas na elaboração dos termos ou como se percebem os termos com base em outros
aspectos gramaticais da sentença, que promove os processos linguísticos na Libras.
Assim, para que seja possível demonstrar uma teoria da variação linguística na
Libras, essa teoria deve satisfazer pelo menos três condições: (i) deve apreender, em qualquer
língua de sinais, a natureza do significado de sinais-termo e de sentenças e explicar a relação
conceitual entre eles; (ii) deve ser capaz de predizer como se constroem as variantes
linguísticas dos sinais-termo, para que se chegue à compreensão do significado; (iii) deve
27
1
FAULSTICH, E. Glossário de termos empregados nos estudos da terminologia, da lexicografia e da
lexicologia. Centro Lexterm, LIP/IL/UnB, 2011. Em elaboração.
2
FAULSTICH, E. Glossário de termos empregados nos estudos da terminologia, da lexicografia e da
lexicologia. Centro Lexterm, LIP/IL/UnB, 2011. Em elaboração.
3
FAULSTICH, E. Glossário de termos empregados nos estudos da terminologia, da lexicografia e da
lexicologia. Centro Lexterm, LIP/IL/UnB, 2011. Em elaboração.
28
resultado dos usos linguísticos pelas influências que cada região sofreu durante sua formação
histórica e social.
Variante-padrão, em termos práticos, para efeito de nosso estudo, será a variante
percebida como padrão, aquela que apresenta possibilidades de uso dos parâmetros da Libras
que depreenda uma característica linguística decorrente da variante linguística que difere das
formas variantes que não apresentam estas propriedades paramétricas. É importante lembrar
que o termo variante-padrão não é sinônimo de variante-culta, visto que este termo apresenta
conotações que efetivamente não se aplicam aos estudos da Libras nesta pesquisa de tese.
Variável4 é um processo de representação de funções e de valores dentro de um
sistema linguístico, resultante de fatos criados pela comunidade social.
Mudança linguística é um processo inerente à própria língua e qualquer língua
evolui. Evolui o sistema linguístico, evoluem aqueles que o usem (comunidade linguística).
Antes de continuar nossas explicações é necessário esclarecer os significados de
termo e de sinal-termo. O termo5 é palavra simples, palavra composta, sintagma, símbolo ou
fórmula que designam os conceitos de áreas do conhecimento específico. Também unidade
terminológica. Termo criado na Língua de Sinais Brasileira para representar conceitos que
denotem palavras simples, compostas, símbolos ou fórmulas, usados nas áreas específicas do
conhecimento. Já sinal-termo6 é: “1. Termo da Língua de Sinais Brasileira que representa
conceitos com características de linguagem, próprias de classe de objetos, de relações ou de
entidades. 2. Termo adaptado do português para a Língua de Sinais Brasileira para representar
conceitos que denotem palavras simples, compostas, símbolos ou fórmulas, usados nas áreas
específicas do conhecimento. 3. Nota: A expressão sinal-termo foi criada por Faulstich (2012)
e aparece pela primeira vez na dissertação de mestrado de Messias Ramos Costa, denominada
Proposta de modelo de enciclopédia bilíngue juvenil: Enciclolibras (2012)”.
De modo geral, as pesquisas relatadas na presente tese foram todas desenvolvidas
sob a perspectiva de análise de variantes (Faulstich, 1995, 2001) e da Teoria da Variação
Linguística (Labov, 1972). Destes estudos, incorporamos os principais postulados e
elaboramos uma proposta para o estudo e a análise da variação linguística em Libras.
4
FAULSTICH, E. Glossário de termos empregados nos estudos da terminologia, da lexicografia e da
lexicologia. Centro Lexterm, LIP/IL/UnB, 2011. Em elaboração.
5
FAULSTICH, E. Glossário de termos empregados nos estudos da terminologia, da lexicografia e da
lexicologia. Centro Lexterm, LIP/IL/UnB, 2011. Em elaboração.
6
FAULSTICH, E. et al. Glossário de termos empregados nos estudos da terminologia, da lexicografia e da
lexicologia da linguística comum e da linguística da Língua de Sinais Brasileira (Libras). Centro Lexterm,
LIP/IL/UnB, 2011. Em elaboração, com o grupo de pesquisa da Libras.
29
VARIANTE - 2
VARIANTE – 2
estudando a sincronia porque jovens e adultos realizam a língua num dado recorte do tempo.
(MARTELOTTA, et. al. 2013, p. 152).
Além de contribuir para a descrição e explicação dos fenômenos linguísticos,
postulamos que as variantes da Libras são estruturadas com base em regras gramaticais e
lexicais. Pesquisas baseadas na produção real dos indivíduos, dá-nos informações detalhadas
acerca da variante produzida pelas pessoas Surdas mais escolarizadas, sobre as variantes que
deixaram de ser estigmatizadas, e das mudanças já implementadas na sinalização. Com isso, a
área de ensino de línguas se enriquece com dados reais e que são encontrados no léxico da
Libras.
Assim, o Projeto Varlibras busca explicar a variação e a mudança do léxico na
Libras, a partir de abordagens da linguística como o funcionalismo, de modo a preparar o
corpus e delimitar uma proposta a ser firmada e defendida nas análises dos dados que
compõem o léxico das disciplinas selecionadas, aproveitando o aparato teórico-metodológico
linguístico, social, geográfico e temporal. Apresenta-se a seguir a estrutura de tese.
Estrutura da tese
A gramática da Libras é uma área de conhecimento que tem sido explorada por
pesquisadores das mais diversas áreas de formação no Brasil apenas nas últimas décadas.
Portanto, as produções, além de raras são recentes. Grande parte dos estudos sobre a Libras
baseia-se em outros realizados sobre a Língua de Sinais Americana (ASL).
Essa produção ainda incipiente, no Brasil, é reflexo da própria história dos
Surdos, de sua educação, comunidade, cultura e identidade. Os Surdos foram, historicamente,
privados de utilizarem a língua de sinais e o uso foi proibido nos contextos escolares, o que
acarretou profundas demandas em prol desse grupo.
Tal situação começou a se modificar apenas na segunda metade do século 20, com
os estudos de Stokoe, que é um linguista norte-americano que pesquisou extensivamente a
Língua de Sinais Americana enquanto trabalhava na Universidade Gallaudet e, através da
publicação de sua obra, ele foi fundamental na mudança da percepção da ASL de uma versão
simplificada ou incompleta do inglês para o de uma complexa e próspera língua natural, com
gramática independente funcional e poderosa, como qualquer língua falada no mundo.
Atualmente, contamos, no Brasil, com estudos sobre os aspectos gramaticais e
discursivos da Libras, produzidos, principalmente, pela Universidade Federal de Santa
Catarina – UFSC, pela Universidade de Brasília – UnB, pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul – UFRGS e pela Universidade Federal de Goiás – UFG, dentre outras.
A respeito dos estudos sobre variação linguística da Libras, algumas pesquisas
têm sido desenvolvidas, como o estudo de XAVIER (2010, p. 1-27) sobre a Variação
fonológica na Libras: um estudo da alternância no número de articuladores manuais
envolvidos na produção dos sinais; os estudos preliminares de PEREIRA (2011), acerca da
Língua Brasileira de Sinais e suas variações: um estudo sobre as variantes utilizadas nas
escolas de surdos; os estudos de STROBEL E FERNANDES (1998) ao retratar a variação
linguística da Libras nos estudos dos aspectos linguísticos. O pesquisador Surdo, CASTRO
JÚNIOR (2011) desenvolveu a pesquisa da variação linguística da Libras com foco no léxico.
Após anos de pesquisas, iniciado em 2008, o autor, sob a orientação da professora Enilde
Faulstich, realizou vários estudos pioneiros sobre a variação linguística da Libras, o que
37
7
Texto: História da Datilologia. Ramos, Clélia Regina Disponível em: <http://www.editora-arara-
azul.com.br/pdf/artigo3.pdf> Acesso em: 20/12/2010.
38
sabido que Woll (1977) fez um levantamento histórico do material impresso na Inglaterra
sobre Línguas de Sinais, e mostrou que, a partir de 1880, começam a aparecer pequenos
panfletos, provavelmente destinados à venda para arrecadação de fundos, geralmente
consistindo em ilustrações de sinais (em fotos ou desenhos), com ou sem descrições de como
produzi-los. (RAMOS, 2005, p.1).
Um panfleto, denominado "Language of Silent Word" (1914) apresenta fotos de
boa qualidade de 143 sinais e mais o alfabeto manual. Até 1938, quando um novo panfleto foi
publicado pelo National Institute for the Deaf, essa foi a "cartilha" dos interessados em
Língua de Sinais. (RAMOS, 2005, p.1).
Vem do século XVI, com o espanhol Pedro Ponce de Léon (1520- 1584), a
invenção do primeiro alfabeto, publicado por Juan Martin Pablo Bonet em 1620, em um livro
intitulado Reduccion de las letras y artes para enseñar a hablar a los mudos. O trabalho de
Ponce de Léon está registrado nos livros da instituição religiosa e relata sucesso de uma
metodologia que incluía a datilologia, escrita e fala o que levou seus três alunos Surdos a falar
grego, latim e italiano, além de chegar a um alto nível de compreensão em física e
astronomia. (RAMOS, 2005, p.2).
Em meados do século XVIII, foi levado à França por Jacob Rodriguez Pereira, e
subsequentemente para os Estados Unidos, em 1816 (por meio de Gallaudet), esse "alfabeto
de uma mão", que pode ser reconhecido como o ancestral dos alfabetos manuais atuais. Outra
corrente é a do "alfabeto de duas mãos", atualmente ainda em uso na Inglaterra e em algumas
de suas ex-colônias, que aparentemente não mantém relação com o alfabeto de Bonet, um
padre espanhol, educador e pioneiro na educação de Surdos. O alfabeto publicado
anonimamente em 1698 com o nome de "Digitilíngua" deve ser o inspirador do atual.
(RAMOS, 2005, p.2).
Mesmo sendo resultado do uso de ouvintes, no sentido de ensinar o Surdo a falar,
a maior parte das comunidades surdas de todo o mundo utiliza a datilologia em suas línguas
de sinais. A compreensão do percurso histórico dos alfabetos datilológicos permite que as
pesquisas linguísticas tenham fundamentos e que os mecanismos de criação e produção de
sinais-termo na Libras sejam validados. Os Surdos necessitam contribuir para o registro da
Libras e compreender a história da origem de um sinal-termo é fundamental para o seu efetivo
registro.
Por sua vez, Padden (1998 apud Santana, 2007, p.96) chama atenção que “o
alfabeto digital é um tipo de sistema manual que representa a ortografia da linguagem oral.”.
39
No entanto, ele refere-se sempre a nomes próprios, lugares, nomes científicos, e é usado para
vocábulos que não possuem sinais.
morfossintáticas, que são estruturas que parecem sem sentido, mas que possuem informações,
dependendo do contexto da situação de uso. Por isso, a datilologia em si tem seus aspectos
positivos e negativos, mas, associada a outros estudos linguísticos, é possível compreender
sua gramática, bem como a definição das regras.
Em vista das argumentações expostas acerca da gramática da datilologia, é
necessário destacar, algumas recomendações linguísticas que servem de base para sustentar e
delimitar os estudos em língua de sinais, em que i) “a utilização” da datilologia tem de ser
feita de forma correta, na quantidade exigida para um registro terminológico e para a
compreensão dos fenômenos de língua e de linguagem; ii) a Libras deverá ser corretamente
empregada, para evitar os erros terminológicos de registros lexicais, até onde a fonologia, a
morfologia, a sintaxe, e a semântica da Língua de Sinais Brasileira – Libras possibilitam, de
modo autônomo, a elaboração de sinais-termo, com vistas à total compreensão do significado;
iii) todos os procedimentos de datilologia são discutidos por quem tem a Libras como Língua
1 – L1.
Para fundamentar as argumentações expostas, prosseguimos na exposição dos
argumentos, a partir de duas questões de base: 1) O que exige o uso da datilologia na Libras?
1a) A falta de vocabulário especializado no léxico da Libras? e ou 1b) A falta de sinais da
Libras para datas? Para números? Para estruturas morfossintáticas? 2) Qual foi o motivo de
ter sido usada a datilologia na sinalização dos sinais-termo para a compreensão dos
fenômenos de língua e de linguagem?
Inicialmente, cabe-nos retomar conceitos de datilologia. Existe o que está
reconhecido como processo datilológico, que, muitas vezes, pode ser confundido com o uso
de datilologia. Processo datilológico não é Datilologia. Exemplos de processo datilológico são
os números, as siglas e outros elementos reduzidos que fazem uso da datilologia. Na Libras,
existe terminologia que exige a aplicação de processos datilológicos pelo falante de língua de
sinais. Esses processos metalinguísticos se organizam segundo tipos, como nominal,
explicativo, argumentativo, conceitual, informativo, numérico, processual, e podem ser
manifestados em conjunto.
Alguns termos da Libras apresentam processos datilológicos, porque indicam
números contextualizados, números de lei e siglas, por exemplo. Por outro lado, aparece a
representação de um sinal, que não é propriamente o sinal do referido termo, mas o que indica
as propriedades conceituais por meio do processo datilológico informativo, como no caso do
termo FORMAS. O uso conceitual desse termo na Libras pode indicar vários contextos, por
43
pelo contato que mantém com o português em ambiente em que os Surdos falantes de Libras
estão na imersão na língua portuguesa.
Quando um termo não apresenta ou não possui sinal-termo, a escolha do processo
datilológico tem que ser criteriosa, para evitar a falta de compreensão de outros termos da
língua. Se apenas a sinalização de um termo equivalente for empregada, como a de termos em
formação ainda não amplamente conhecidos, o melhor é usar processo datilológico. Essas
questões serão atenuadas pelas pesquisas que se fazem hoje, primordialmente nas
universidades, acerca do desempenho social e linguístico da Libras, muitas já concretizadas
com bons resultados, porém de pouco conhecimento dos Surdos que vivem na vastidão do
Brasil.
Em continuidade das discussões, é preciso acentuar que também as
FRASEOLOGIAS para as quais não há sinais-termo na Libras têm de ser consideradas, e
estas só são entendidas se forem faladas por processo datilológico com a intenção de oferecer
benefício e conforto linguísticos aos Surdos e falantes de Libras. Consideramos então a
datilologia nominal, sob dois tipos: o da nominalização e o da especificação. Exemplo desse
processo aparece no termo ETAPAS. Como a língua de sinais aceita apenas quatro referentes
estabelecidos no espaço, a partir da regra do quadrante linguístico nos eixos sintáticos e
paradigmáticos, e como especificam-se no discurso cinco etapas, é preciso recorrer à
datilologia para o efetivo estabelecimento do sinal para ETAPAS associado ao plural. Nesse
caso, o termo CLASSIFICATÓRIO, por exemplo, está atrelado ao significado específico de
sua sinalização, mas um outro termo, como CLASSIFICATÓRIA, implica que a datilologia
seja usada para fixar as concepções específicas, na composição do termo no discurso.
Na sinalização de termos, da área escolar FUNDAMENTAL, poderia ser usada a
sinalização de 1º ao 9º ano em Libras, entretanto é importante manter o contexto histórico de
uso do termo ENSINO FUNDAMENTAL, fato este recorrente, quando se quer manter a
fidelidade tradutória do termo, e, por isso, não é recomendada uma substituição lexical
aleatória por sinal inventado na hora de usar a Libras. Da mesma forma que o uso e a
repetição da datilologia e dos processos podem ser entendidos como prejuízo, tornam-se
recursos ricos quando percebida a recorrência. Esse cuidado é importante de ser observado,
com vistas a não prejudicar a compreensão de qualquer termo em Libras. A datilologia é
recomendada na comunicação, e, por isso, em alguns momentos, é a melhor forma léxica
possível, para evitar tradução e sinalização equivocadas.
O que se percebe é que, possivelmente, haja falta de domínio das propriedades
dos processos datilológicos pelos usuários de Libras. Como todo estudo que aperfeiçoa áreas
45
o significado dos termos como o da constituição das sentenças são explicitados no ato da
comunicação e regulam os mecanismos linguísticos na língua.
Desses três meios de construção de termos, a significação constitui a base da
nomeação entre um termo e seu conceito correspondente. É por meio dessa relação que será
descrito no item seguinte, as possibilidades que direcionam para um efetivo registro e para a
teoria da variação linguística da Libras.
O léxico é uma entidade, por meio do qual uma língua revela sua cultura de quem
a usa. O léxico de uma língua é formado por unidades linguísticas, por signos linguísticos
padrão e variantes.
Um estudo linguístico que analisa a variação linguística em Libras representa um
evidente enriquecimento de perspectiva no estudo da língua no desenvolvimento da técnica e
50
Existe um léxico na mente dos falantes/ouvintes de uma língua e esse léxico envolve
propriedades que permitem as relações sintagmáticas e paradigmáticas da língua,
sendo esse léxico pelo menos em parte compartilhado pelos falantes/ouvintes de
uma comunidade linguística.
É preciso encarar a variação linguística como fato real presente no dia a dia das
línguas. A escola deve compreender, de uma vez por todas, que os alunos falam de maneira
diferente, e isso deve ser não só estudado, como também, especialmente, valorizado. Deve-se
ensinar que a língua que o Brasil fala é multifacetada; entretanto, há uma variante ou dialeto
de prestígio, que todos têm que aprender, pois é esta que conduz a bens culturais mais
valorizados. Os livros didáticos e outros materiais devem não só mostrar uma forma de
variação, um recorte do real, mas, sim, o real como todo; mostrar e exemplificar os usos de
São Paulo, do Sul, do Sudeste e também do Nordeste, com os regionalismos e as variantes
possíveis.
Faulstich foi a pioneira nos estudos de Socioterminologia no Brasil, ao reconhecer
que a pesquisa terminológica deve ter como auxiliares princípios funcionalistas da variação e
da mudança linguística, assim como da etnografia, em vista da comunicação no seio da
sociedade. (CRUZ, 2013, p. 22). A pesquisadora, em sua trajetória de pesquisa, ao criticar o
ponto de vista de Wüster, esclarece que, no lugar da prescrição, deveria haver descrição dos
dados terminológicos e que normalização, no contexto wüsteriano, era o mesmo que
normatização. Com fundamentação epistemológica, Faulstich (1995b) declara que “as
características de variação, no universo da terminologia, revelam peculiaridades próprias a
serem estudadas pela disciplina socioterminologia, que requer método próprio para a
sistematização de termos e de variantes” (p. 281). Para esta autora, a “Socioterminologia já
era prenúncio para o desenvolvimento de uma terminologia de cunho funcionalista e de
natureza social”. (CRUZ, 2013, p. 22).
Em toda comunidade linguística são frequentes as formas linguísticas em
variação, que são, portanto, diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em um mesmo
contexto.
Os estudos que a Linguística tem desenvolvido para analisar os fenômenos
recorrentes na língua já ganhou espaço dentro de alguns compêndios. Isso serve para que os
estudiosos Surdos, nas pesquisas da Libras, percebam necessidade de pesquisar e analisar o
que de fato ocorre na língua.
Strobel e Fernandes (1998) observam que a Libras apresenta dialetos regionais,
salientando assim, uma vez mais, o seu caráter de língua natural.
53
dia e dos outros tipos de uso da língua. Citem-se os recursos expressivos da língua portuguesa
em seus vários planos: fonológico, morfológico e léxico-semântico dão forma à estrutura da
língua, e a linguagem se produz de modo integral quando intervêm as estruturas fonológicas,
morfológicas e semântica, e as diferenças prendem-se aos modelos se gerados, um não sendo
inferior ao outro, mas diferentes. Assim a linguagem é, na verdade, a chave que abrirá a porta
para um leitor no mundo e caso tal modalidade não seja adequadamente escolhida, as
intenções se perdem no caminho.
Na pesquisa da gramática da Libras, os modelos de representação que se pretende
propor na investigação contêm informações morfossintáticas e semânticas baseadas em dados
pertencentes ao uso da língua. Assim, na falta de vocabulários terminológicos em uma língua
não é possível descrever, discutir e explicar determinados termos e, por isso, buscam-se
modelos inseridos na interface paramétrica, para que seja possível a compreensão dos
processos que são decorrentes do uso da língua. Isso se justifica pelo fato de que os Surdos e
profissionais da educação de surdos anseiam por um recurso que possibilite o conhecimento e
a divulgação de sinais padronizados no Brasil.
Desse modo, usar a língua com propriedade deve ressaltar também dos estudos da
variação linguística na Libras, por exemplo, na análise dos verbetes dos sinais-termo. Muitas
palavras em língua portuguesa, quando são passadas para a Libras, não apresentam um sinal-
termo, e o falante da língua necessita compreender que não é só copiar, através da forma ou
da representação visual, para mostrar domínio e competência, é preciso conhecer o objeto, o
conceito, a função e como se deu a construção mental do objeto ou o significado pelo Surdo
através de representações das condições paramétricas, por isso é importante valorizar e
registrar a construção e a formulação do significado e de todas as inúmeras possibilidades que
a linguística oferece para a pesquisa do sinal-termo em relação ao objeto ou ao conceito, ou
ao significado. Por exemplo, para o verbete Projetor de imagem: Qual é o sinal-termo do
objeto em Libras? Qual é o sinal-termo de projetar? Como se dá a construção mental do sinal-
termo do objeto? Pesquisas têm mostrado que a forma de conceituar esse verbete seria:
aparelho + ligar + projetar + imagem, e isso seria a construção mental, e não se limitaria
apenas à forma icônica que se supõe o objeto ter. Em outras análises, se o verbete remete a
outro, para que possamos entender as relações de estrutura, é preciso apresentar algum termo
que o leitor conhece além de compreender o tema. Aí, estaremos na dimensão espacial, que
organiza campos lexicais e semânticos.
Antes de qualquer processo, é preciso delimitar o campo lexical e o semântico
para saber o termo e contexto em que um termo foi empregado. Os verbetes, seja, no léxico
55
concreto, seja, na construção mental, apresentam uma linearidade quantitativa, porém não é a
quantidade de informação que define o verbete, e sim o conhecimento que ele contém. O
conjunto de verbetes organiza o dicionário, que é um documento que contribui para a
construção das informações e para a disseminação destas. Por isso, é um desafio elaborar
dicionário e outras obras lexicográficas e, por isso, para quem não sabe Libras, as condições e
representações paramétricas devem ser enfocadas, bem como os resultados apresentados
desse processo. De início, deve ser elaborado um dicionário de configuração, quer dizer, um
dicionário paramétrico, se o público para o qual o dicionário se direcione for usuário de
Libras. Caso contrário, poderá ser um dicionário bilíngue bidirecional, que apresente a
estrutura Português → Libras; Libras → Português e ofereça condições para a consulta dos
verbetes nas duas línguas. A qualidade dos dicionários está ligada ao conhecimento do
processo lexicográfico e de quem os elabora. Assim, no caso da Libras é preciso que o
registro da Libras seja feito, preferencialmente, pelos Surdos que dominam a língua.
Para fundamentar ainda mais a discussão exposta neste capítulo, passaremos, no
item seguinte, a enfatizar alguns conceitos de estruturação e organização dos estudos da
variação linguística.
ao construir uma sentença, o comunicador utiliza os olhos para entender o que está sendo
comunicado. Desse modo é possível analisar a diferença de forma paramétrica, diferença de
forma lexical parcial, diferença de forma lexical total, diferença de forma lexical por
ampliação, diferença de forma lexical por restrição.
Alem disso, existem, às vezes, realidades culturais que não dependem de
condições de cultura e ou aspectos relativos ao patrimônio cultural, como um local
arquitetônico e ou urbanístico e, podem, portanto, estar presentes em mais de um ambiente
cultural, mas são entidades que se conservam na língua. Assim, é possível analisar as mesmas
diferenças de forma dos termos não culturais e incluir, ainda, a diferença de forma por
substituição decorrente dos processos inerentes aos termos. Esses assuntos serão expandidos
no corpo da tese. A seguir, daremos noções do quadrante linguístico na Libras.
Fonte: QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira: estudos
linguísticos: Porto Alegre, 2004, p. 131.
57
Fonte: QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira: estudos
linguísticos: Porto Alegre, 2004, p. 131.
Este aspecto é muito difícil de ser equiparado com os traços semióticos da língua
verbal, mas facilmente assimilável aos distintos planos referenciais assinalados no
cinema: em frente corresponderia, nesta comparação, ao primeiríssimo primeiro
plano, à direita o primeiro plano e à esquerda o fundo. (MASSONE, 2000, p. 106).
referentes no espaço, usa se estratégias linguísticas que são marcadas antes ou depois do item
que se estabelece no espaço para a referência.
As figuras 7, 8, 9 exemplificam a ideia do estabelecimento da regra do quadrante
na Libras.
Figura 7 - Sinal-termo para UM-MÊS, DOIS-MESES, TRÊS-MESES e QUATRO-MESES
Fonte: QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira: estudos
linguísticos. Porto Alegre, 2004, p.107.
59
Fonte: QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira: estudos
linguísticos. Porto Alegre, 2004, p. 108-109.
60
Fonte: QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira: estudos
linguísticos. Porto Alegre, 2004, p. 109.
As autoras Quadros e Karnopp (2004, p.87) relatam que “todos os utentes de uma
língua conhecem milhares de palavras. Os utentes das línguas de sinais conhecem também
milhares de sinais. Associar o sinal com o seu significado correspondente faz com que as
pessoas identifiquem os sinais da língua. Pessoas Surdas, usuários de uma língua de sinais,
sabem, em virtude de seu conhecimento fonológico, se uma cadeia de CM, M e L poderia ser
um sinal de uma língua. A questão que se põe pelas autoras é: todos conhecem o sinal-termo
FILOSOFIA? como veremos:
Figura 10 - Sinal-termo FILOSOFIA
Fonte: QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira: estudos
linguísticos: Porto Alegre, 2004, p. 87.
62
A variação, provocada pela função de uma dada variável, será realizada sob a
forma de variantes. Para Faulstich (1999c, p.13), “a função é uma entidade de natureza
pragmática que ativa ou retrai os mecanismos da variação.”.
Faulstich (2001, p.26-33) distingue as variantes concorrentes, coocorrentes e
competitivas da seguinte maneira:
As variantes concorrentes são aquelas que podem concorrer entre si, ou que podem
concorrer para a mudança. Nessa condição, uma variante que concorre com outra ao
mesmo tempo não ocupa o mesmo espaço, por causa da própria natureza da
concorrência. Se uma variante está presente no plano discursivo, outra não aparece.
Assim, as variantes concorrentes, enquanto tais, se organizam em distribuição
complementar. As concorrentes são variantes formais. A variante formal é uma
forma linguística ou forma exclusiva de registro que corresponde a uma das
alternativas de denominação para um mesmo referente, podendo concorrer num
contexto determinado. Classificam-se em variantes terminológicas linguísticas e
variantes terminológicas de registro.
As variantes coocorrentes são aquelas que têm duas ou mais denominações para um
mesmo referente. Estas variantes têm por função fazer progredir o discurso e
organizam, na mensagem, a coesão lexical. Entre variantes coocorrentes há
compatibilidade semântica, uma vez que elas se equivalem no plano de conteúdo.
As variantes coocorrentes formalizam a sinonímia terminológica. A sinonímia
terminológica relaciona o sentido de dois ou mais termos com significados idênticos
e podem coocorrer num mesmo contexto, sem que haja alteração no plano de
conteúdo.
posição política nos motivou a estudar os fenômenos intrínsecos, por meio da variação para
oferecer aos usuários da Libras, aos intérpretes e tradutores e aos usuários em geral recursos
de linguagem especializada, tão necessários para a interação entre os sujeitos que vivem em
sociedade. Essa é uma visão política e linguística da língua de sinais.
Para Faulstich (2013, s.p.), a terminologia insere-se no conjunto das políticas
educativas particulares de acordo com o nível ou o destino do objeto de análise. Também,
adverte a autora que os dois polos principais da ação educativa são o indivíduo e a sociedade;
um terceiro, a ser considerado, é a espécie – aqui representado pelas políticas de língua e
políticas linguísticas.
Em trabalho sobre política de língua, Faulstich (2013, s.p.) considera que é
entendida como o modelo de organização para o qual os indivíduos são conduzidos para uma
educação linguística eficaz. As políticas são diversas, no entanto as políticas de línguas,
vigentes no mundo contemporâneo, estão orientadas para o multilinguismo, como meta de
intercomunicação entre os povos. Um dos argumentos para essa orientação diz respeito ao uso
das línguas segundas, línguas regionais e línguas minoritárias que desempenham papel
político determinado por leis e ganham expressão social e linguística, ao se tornarem o objeto
de aprendizagem, normalmente regido por leis de ensino. Vale ressaltar que o multilinguismo
visa à sociedade, à comunidade, e o pluringuismo destaca o indivíduo como propulsor do ato
de sua expressão para a comunicação recíproca. E na relação entre os fins da educação e os
meios para a expansão ecológica das línguas, o plurilinguismo se respalda em políticas
linguísticas. Sob o ponto de vista de Calvet (2002, p. 16, apud FAULSTICH, 2013, s.p.),
política linguística é “ensemble des choix conscients concernant les rapports entre langue(s) et
vie sociale”, visto que esse tipo de política constitui “intervention sur la langue ou sur les
rapports entre langues.” O autor observa que intervenções nas situações linguísticas são
entendidas como “comportement conscient, toute pratique consciente de nature à changer soit
la forme des langues, soit les articulations entre les langues et les rapports sociaux”
(CALVET, 2002, p. 17, apud FAULSTICH, 2013, s.p.) e observa, em seguida, que a prática
concreta de uma política linguística está diretamente relacionada a uma “planification
linguistique”. (CALVET, 2007, p. 11).
Com base nas ideias dos autores citados, entendemos que será possível promover
a integração de profissionais da Libras para a discussão sobre a variação regional, junto à
comunidade surda no Brasil, orientada por pesquisadores da área de léxico e terminologia na
constituição dos estudos.
Para isso, os dados do vocabulário das disciplinas Biologia, Física, História,
74
2.1 Introdução
visto que a Lexicologia estuda cientificamente as palavras de uma Língua, o que corresponde
aos “sinais” das Línguas sinalizadas. Já para a lexicografia da Libras, existem várias
iniciativas de sistematização do léxico, nem sempre consolidadas como dicionários, mas que
têm como princípio organizacional a inclusão de duas línguas, a Libras e o Português
(CARVALHO; MARINHO 2007, p. 125).
Porém, os problemas remontam às primeiras tentativas de registro da Libras em
dicionário para a Libras. “A primeira publicação” sobre a Libras no Brasil foi feita, em 1873,
pelo Surdo Flausino José da Gama, aluno do Instituto de Surdos-Mudos do Rio de Janeiro
(atual Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES). O estudo resultou na obra
“Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos”, publicado em 1875, e é o primeiro registro
documentado com 382 sinais.
Para as autoras SOFIATO e REILY (2011, p. 625), a Iconographia dos Signaes
dos Surdos-Mudos foi uma obra muito relevante na história da surdez e da língua de sinais no
Brasil. A produção dessa obra, apoiada pelo diretor da instituição, na época Tobias Leite, pois
a edição de uma obra dessa natureza daria visibilidade ao trabalho desenvolvido no Instituto e
nada melhor que um aluno, educado nesse estabelecimento, no papel de autor/produtor. A
obra estruturava-se de forma semelhante a um dicionário.
A obra de Flausino constitui-se basicamente de 382 estampas, compostas por
imagens referentes aos sinais que foram escolhidos para compor o léxico e, também por
verbetes em Língua Portuguesa correspondentes ao significado desses mesmos sinais. No
prefácio da Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos, escrito pelo próprio diretor Tobias
Leite, encontram-se as finalidades atribuídas a sua existência; entre elas, destacam-se: a
intenção de “vulgarizar a linguagem dos signaes, meio predilecto dos surdos-mudos para a
manifestação de seus pensamentos e a intenção de mostrar o quanto deve ser apreciado um
surdo-mudo educado”. (LEITE apud GAMA, 1875).
A questão que as autoras Sofiato e Reily (2011) apresentam é: como ocorreu a
criação da obra de Flausino da Gama? O diretor, Tobias Leite destaca que Flausino da Gama,
vendo entre os livros da biblioteca do Instituto “a obra do ilustre surdo-mudo Pélissier,
professor do Instituto de Paris, manifestou o desejo de reproduzir as estampas para os falantes
conversarem com os surdos-mudos”. Ao que tudo indica, “Flausino foi muito insistente em
seu pedido”. (SOFIATO; REILY, 2011, p. 632).
Além de ser um exímio repetidor, no prefácio Flausino declara que ele era um
hábil desenhista, e que o que inviabilizava a execução de seu desejo era a falta de recursos
financeiros do Instituto, pois as despesas eram grandes. Tobias Leite comunicou o fato ao Sr.
77
Eduard Rensburg, dono de oficina de litografia na época, que se ofereceu para ensinar a
Flausino o desenho litográfico, colocando a sua oficina à disposição para a concretização da
obra. O diretor de Flausino aceitou prontamente a proposta, e, segundo ele, “em poucos dias
sahio o livro que tenho a satisfacção de apresentar a todos os que se interessarem por essa
numerosa classe de nossos compatriottas”. (LEITE, 1875 apud GAMA, 1875).
Na pesquisa bibliográfica das autoras Sofiato e Reily, não foi constatado nenhum
autor que suscitasse um questionamento a respeito da “história oficial” que envolve Flausino
e seu trabalho. Os relatos a respeito de sua trajetória e sua realização são muito próximos:
Flausino José da Gama era aluno do Instituto Nacional dos Surdos-Mudos (hoje
Instituto Nacional de Educação de Surdos - ou INES) quando, inspirado no livro do
surdo francês Pellisier na biblioteca do INES, publicou em 1873, o livro
Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos, de que há somente uma edição
original na Biblioteca Nacional e cópia em microfilmes disponíveis na biblioteca do
INES. (CAPOVILLA; RAPHAEL, 2004, p. 14).
compreender essa questão, vejamos a seguir mais dados sobre o uso inadequado de
terminologias.
3.1 Introdução
Desde tempos remotos, os homens criam e utilizam termos para expressar e denominar
conceitos, objetos e processos dos diferentes campos do conhecimento especializado. Essa
produtividade linguística de feição terminológica ocorre notadamente no universo das
ciências, das técnicas e das distintas atividades da comunicação.
O falante de Libras não aprende a usar uma forma de comunicação, por exemplo, a
modalidade visual-espacial de forma aleatória, e é juntamente essa forma que os estudos da
variação linguística da Libras irá focar – as condições paramétricas que determinam a forma e
as possibilidades paramétricas de sinalização de um sinal-termo. O falante de Libras necessita
de ter o domínio das estruturas que são necessárias, as condições paramétricas, para produzir
um determinado sinal-termo. A efetiva comunicação em Libras, por meio das condições
paramétricas, possibilita ao falante modular, organizar, sistematizar, enriquecer e sustentar as
sinalizações visuais e corporais e torná-las mais expressivas.
Através das articulações, dos movimentos corporais e faciais e das múltiplas
modificações nos elementos linguísticos que compõem as sinalizações, a realização da Libras
tem excepcionais possibilidades e qualidades capazes de suscitar, aos que dominam essa
modalidade de comunicação, todo um conjunto de percepções.
A língua de sinais apresenta também propriedades compartilhadas por outras línguas e
permite a expressão de vários assuntos e temas. Mas a comunicação só será eficaz
dependendo da clareza, do domínio e da organização visual-espacial das informações, a partir
da sinalização e da interpretação de forma adequada, pois, além dos referentes serem
estabelecidos no espaço, a imagem mental do significado e do significante deve ser formada
rapidamente no momento da sinalização, e por isso é preciso elaborar, sentir e expressar as
diversidades da língua que muitas vezes pode não estar escrito.
Para o falante da Libras, o estudo das condições paramétricas é uma atividade
linguística necessária para adquirir a primazia da comunicação expressiva e interativa. As
condições paramétricas são para o falante de Libras uma concepção interior e modular –
sinalizante, através da qual se podem liberar pensamentos e sentimentos que não poderiam ser
expressos de outra forma, e essa forma é a comunicação visual-espacial.
83
para uma desejada precisão conceitual e definição já que põe em evidência formas diferentes
para um mesmo conceito. Desse modo, propomos um percurso pautado pelas investigações
terminológicas de base linguístico-comunicacional-organizacional. Os fundamentos levam em
consideração o comportamento dos léxicos terminológicos no âmbito dos estudos da variação
linguística. De modo geral, as novas proposições não se resumem apenas em definir os
parâmetros da Libras, procuram atingir os aspectos que envolvem as condições paramétricas,
que também envolvem os estudos do léxico. A importância deste estudo é que permitirá
colher dados que possibilitarão o desenvolvimento de técnicas para o registro de sinais-termo
da Libras, com o propósito de compreender a unidade terminológica à luz de um ponto de
vista descritivo. Mais ainda, estudar a terminologia técnico-científica é tratar de questões da
política de línguas, que constantemente temos defendido, e não de um constructo formal
idealizado a serviço de uma comunicação restrita ao âmbito de especialistas da área.
FINATTO, 2004). Por isso é importante compreender como ocorre a organização dos
referentes e dos sinais-termo no espaço.
Deste modo, a variação linguística da Libras e os processos linguísticos
empregados para a constituição dessas unidades são estudadas com o intuito de entender
como elas se constituem e como esses processos intervêm na expansão lexical e terminológica
da língua e, a partir desse ponto, de que forma esse processo pode interferir e contribuir para a
organização de repertórios lexicográficos e terminográficos. Por isso é importante
compreender as principais ocorrências da variação linguística com base nas condições
paramétricas da Libras em sua construção terminológica.
Assim sendo, é necessário conscientizar os Surdos a respeito dos processos de
construção terminológica permitirá o enriquecimento ainda mais acelerado da Libras, e a
rápida sistematização e divulgação dos neologismos terminológicos. Isso acarretará o acesso e
o domínio mais rápido, também, dos intérpretes para adequarem sua tradução ao contexto
emergente. (FARIA-NASCIMENTO, 2009, p. 58).
“As lacunas lexicais e terminológicas são preenchidas nas mais diferentes línguas
de modalidade oral-auditiva, grosso modo, por empréstimo ou por construção. O processo de
construção terminológica com vistas ao preenchimento de lacunas na Libras constitui-se de
mecanismos linguísticos se não idênticos, bastante semelhantes aos mecanismos linguísticos
presentes na construção lexical. Isso porque terminologia é léxico, e um lexema, unidade do
léxico, ganha estatuto de termo, unidade da terminologia, no contexto das linguagens de
especialidade. No espaço abstrato de construção de palavras o mecanismo linguístico é
praticamente o mesmo”. (FARIA-NASCIMENTO, 2009, p. 59). Sabe-se que a unidade
terminológica é unidade linguística, unidade cognitiva e unidade sociocultural, e seu estudo
pode limitar-se a um aspecto, ou pode ser um estudo integrador das várias faces do termo
(CABRÉ, 1999).
A Terminologia é um campo de estudos de caráter inter e transdisciplinar, o que a
leva a convocar um conjunto de saberes para a apreensão do fenômeno terminológico, por
excelência, o termo, cuja essência situa-se na representação lexical do conhecimento
especializado e na sua divulgação. Para tanto, contribuem determinados conhecimentos
exteriores e mesmo interiores aos estudos da linguagem. (KRIEGER; FINATTO, 2004).
Essas informações nos auxiliam a discutir o ponto seguinte.
87
reproduções de vários sinais em filme em câmera lenta, ela pôde e ver que em cada um a mão
assumia uma determinada configuração e acumulava esse elemento ao segundo, que é o ponto
de articulação, tornando-se esses dois agora simultâneos, e eles se acumulam então ao terceiro
elemento, que é o movimento do sinal, resultando na simultaneidade dos três elementos,
invariavelmente nessa ordem”.
A autora destaca ainda que “essa simultaneidade final dos três elementos não é
absoluta, pois só ocorre após uma fase de sequência e acumulação que ainda não foi
suficientemente explorada. Os sinais não são exclusivamente simultâneos no nível de sua
segunda articulação: são uma mescla de sequencialidade, acumulação e simultaneidade de
elementos. Pode-se dizer que os elementos de segunda articulação da Libras só são
simultâneos após serem acumulados um a um. Isso explica o fato de uma escrita linear de LS
poder ser bem-sucedida, em vez de se enxergar todos os elementos de uma só vez e ir
escolhendo intuitivamente o que ler primeiro. Na ELiS, os elementos já se apresentam
alinhados sequencialmente, na ordem em que aparentemente são realizados e são lidos
cumulativamente até chegar à simultaneidade final do sinal. Essa é uma intuição que pede
estudo científico psicolinguístico em laboratório de análise de imagens e aprofundamento de
conhecimentos linguísticos das LS”. (ESTELITA-BARROS, 2008, p.26-27).
Deste modo, a organização de um banco de dados deve contemplar esses
fenômenos linguísticos, para que, a partir de um sinal-termo, os seus elementos de caráter
determinante possam se juntar às suas condições paramétricas. Temos assim o fenômeno da
expansão sintagmática, em que elementos paramétricos se juntam a esses mecanismos em
função de um determinado para a formação de novos sinais-termo, com distinto significado.
automático que obedece a determinadas condições, não ordenadas entre si. As condições
podem ser universais, ou seja, são as mesmas para todas as línguas, ou paramétricas,
condições que preveem diversas possibilidades, das quais cada língua faz escolhas.
Deste modo, o estudo do léxico da Libras, firmada nos princípios da teoria
linguística da língua de sinais, dispõe de recursos para diferenciar regras de aplicação restrita
de regras de uso geral, regras de mudança estrutural de regras de implementação e, com
princípios e condições, dirime a capacidade de muitas regras e alcança generalizações.
Mostra-nos, sobretudo, como olhar para os fatos da língua à luz de princípios universais. É
incontestável que, funcionando como unidades lexicais ou unidades terminológicas, certos
sinais-termo tendem a agrupar-se e a sofrer as mesmas regras, constituindo um padrão
lexicográfico paramétrico natural, ou seja, dois ou mais segmentos constituem um padrão
lexicográfico paramétrico natural se for necessário para especificar a informação do termo,
um número de traços menor do que o número necessário para caracterizar cada traço
isoladamente. O que a teoria da variação linguística no estudo do léxico da Libras tem
mostrado é que o padrão lexicográfico paramétrico natural tem análises mais simples que as
não naturais. Se isso efetivamente está ocorrendo, é sinal de que, como refere Kenstowicz (op.
cit., p. 21), “a teoria está avaliando corretamente as distinções empíricas e está oferecendo
uma base formal para não só descrever, mas também explicar por que as línguas se
comportam de uma forma e não de outra”.
Para compreender os traços distintivos e os traços específicos na Libras, é preciso
verificar a ocorrência da variação na Libras. Deste modo, em um primeiro momento serão
apresentadas as possibilidades das condições de uso paramétrico de configuração de mão, da
condição de uso paramétrico de definição de ponto de articulação, da condição de uso
paramétrico da tipologia de movimentos da Libras, da condição de uso paramétrico da
direcionalidade na Libras e da condição de uso paramétrico das expressões faciais e
gramaticais. Essas condições paramétricas permitem prever a sistematização dos sinais-termo
a partir de uma variável da condição de uso paramétrica de cada um dos parâmetros da Libras
para representar e explicar alguns fenômenos linguísticos que abrirão caminhos para outros
estudos nas áreas, como as estruturas suprassegmentares, o processo facional, os processos
lexicais, as dimensões paramétricas e outros. Espera-se por meio dos estudos das condições
paramétricas da Libras promover incitantes propostas e discussões que vão desde o grau de
abstração da estrutura paramétrica e um efetivo domínio da propriedade das regras para a
elaboração do léxico alfabético bilíngue de termos da Libras.
92
mais fechada para uma mais aberta (como na sequência das CMs: 17, 18 e 19; 26, 27, 28 e 29;
59, 60 e 61 etc.). (FARIA-NASCIMENTO, 2009, p. 166).
Na proposta de Felipe e Lira (2005) foram elencadas 73CMs. A organização das CMs
nessa proposta também agrupa, de certa forma, CMs semelhantes, apesar de não haver um
critério harmônico da passagem de uma CM para outra. (FARIA-NASCIMENTO, 2009, p.
167).
Por sua vez, Faria-Nascimento (2009) apresenta em sua tese de doutorado de 2009 um
quadro ampliado com 75 (setenta e cinco) configurações de mãos, conforme mostra a figura a
seguir:
94
Fonte: FARIA-NASCIMENTO, Sandra Patrícia de. Tese de Doutorado: Representações lexicais da Língua de
Sinais Brasileira: uma proposta lexicográfica. 2009. UnB. p. 177-183.
95
LS, ou seja, os Formatos de Mão mais frequentes em determinada LS, pois é útil para facilitar
a escrita de iniciantes”. (ESTELITA-BARROS, 2008, p. 28).
O estudo e a pesquisa de Estelita-Barros (2008) por meio da Elis privilegia a
escrita de quatro parâmetros: Configuração de Dedos (CD), Orientação da Palma (OP), Ponto
de Articulação (PA) e Movimento (Mov). Cada um desses parâmetros é composto por vários
visemas, cujas representações gráficas denominamos visografemas, e seu conjunto,
visograma. Esses termos correspondem respectivamente ao conceito aproximado de fonemas,
letras e alfabeto em uma LO.
Deste modo, esta pesquisa estabelece duas propostas no que tange às condições de
uso da configuração de mão nos estudos do léxico da Libras para uma efetiva análise da
ocorrência da variação linguística. Um aspecto gramatical, em que temos o parâmetro da
Configuração de mão que, baseada em Faria-do-Nascimento (2009, p.164), apresenta uma
proposta para a ordenação do parâmetro da configuração de mão e o da autora Estelita-Barros
(2008), que apresenta uma alternativa que corresponde ao nível de traços linguísticos, como
as configurações de dedos, pois temos na Libras configuração de mãos abertas e fechadas que
respondem às necessidades do estudo desta pesquisa da variação linguística.
Fonte: STOKOE W. et. al., 1976. In: Faria-Nascimento, Sandra Patrícia de. Tese de Doutorado: Representações
lexicais da Língua de Sinais Brasileira: uma proposta lexicográfica. 2009. UnB. p.189.
Fonte: ESTELITA-BARROS, Mariângela. Tese de Doutorado: ELiS – Escrita das Línguas de Sinais: proposta
teórica e verificação prática. 2008. UFSC. p.76.
98
Fonte: ESTELITA-BARROS, Mariângela. Tese de Doutorado: ELiS – Escrita das Línguas de Sinais: proposta
teórica e verificação prática. 2008. UFSC. p. 76
Fonte: FERNANDES S.; STROBEL K. Aspectos linguísticos da Libras. Secretaria de Estado da Educação.
Departamento de Educação Especial. Estado do Paraná, 1998.
Fonte: FERNANDES S.; STROBEL K. Aspectos linguísticos da Libras. Secretaria de Estado da Educação.
Departamento de Educação Especial. Estado do Paraná, 1998.
101
Fonte: FERNANDES S.; STROBEL K. Aspectos linguísticos da Libras. Secretaria de Estado da Educação.
Departamento de Educação Especial. Estado do Paraná, 1998.
Fonte: FERNANDES S.; STROBEL K. Aspectos linguísticos da Libras. Secretaria de Estado da Educação.
Departamento de Educação Especial. Estado do Paraná, 1998.
102
Fonte: FERNANDES S.; STROBEL K Aspectos linguísticos da Libras. Secretaria de Estado da Educação.
Departamento de Educação Especial. Estado do Paraná, 1998.
Fonte: FERNANDES S.; STROBEL K Aspectos linguísticos da Libras. Secretaria de Estado da Educação.
Departamento de Educação Especial. Estado do Paraná, 1998.
103
Desse modo, fica estabelecido esta tipologia dos movimentos que ocorrem na
Libras e que representam as variáveis da condição de uso do parâmetro movimento na Libras
e que auxiliam nos estudos da variação linguística.
A seguir, apresentam-se discussões sobre a condição de uso paramétrico da
direcionalidade na Libras.
Fonte: ESTELITA-BARROS, Mariângela. Tese de Doutorado: ELiS – Escrita das Línguas de Sinais: proposta
teórica e verificação prática. 2008. UFSC. p.75.
Deste modo, é importante ressaltar que não se pode ter formas aleatórias de
orientações da palma da mão, sob o risco de promover formas que não seguem as estruturas
paramétricas na Libras e que não colabora na seleção das variáveis da condição de uso da
direcionalidade da Libras.
104
O último parâmetro a ser discutido é o das expressões não manuais (ENM), que podem
ter funções gramaticais na Libras. As ENMs podem movimentar as bochechas, os olhos, a
cabeça, as sobrancelhas, o nariz, os lábios, a língua e o tronco. (NASCIMENTO, 2010, p. 17).
Na figura 26, apresentam-se alguns exemplos, extraídos de Felipe (2007) quando discutiu o
tema.
Fonte: FELIPE, Tanya A. Libras em contexto: Curso Básico: Livro do estudante. Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Especial, 2007. 7 ed. 188p. 2007.
facial. (...) Os sinais não podem ser feitos dissociados da expressão facial”. As expressões
faciais ajudam a captar sentimentos e facilita o entendimento na comunicação.
Logo, Coutinho (2000, p. 47) completa o seu comentário quanto às expressões
faciais: “Ela é uma grande aliada no reforço do que estamos sinalizando. Por isso, quando
falamos em tristeza, amor, desejo, decepção, felicidade, ao realizarmos o sinal, nossa
expressão facial deve estar em sintonia com o que estamos dizendo”. Quadros (2004, p. 60)
utiliza o termo “Expressões não-manuais (ENM)” para designar não apenas as expressões
faciais. Para a autora:
As expressões não-manuais (movimento da face, dos olhos, da cabeça ou do tronco)
prestam-se a dois papéis nas línguas de sinais: marcação de construções sintáticas e
diferenciação de itens lexicais. As expressões não-manuais que têm função sintática
marcam sentenças interrogativas sim-não, interrogativas QU-, orações relativas,
topicalizações, concordância e foco.
momento da datilologia, voltando novamente o olhar para a face assim que ela finaliza (apud
BAHAN, 1996). Isso é reforçado por Baker-Shenk (1983), que observa o interessante fato de
que a região de sinalização envolve também o tórax e o usuário também direcionaria o olhar
para essa região. No entanto, isso não ocorre, confirmando, assim, a importância da
informação gramatical expressa pela face e parte superior do corpo.
Como dito anteriormente, uma simples mudança na expressão facial pode mudar o
significado do sinal. O contexto é também importante para discernir qual o “tom” que
determinada expressão facial procura agregar ao sinal. Para Coutinho (2000, p. 47), “Os sinais
não podem ser feitos dissociados da expressão facial. Ela é uma grande aliada no reforço do
que estamos sinalizando (…), nossa expressão facial deve estar em sintonia com o que
estamos dizendo”.
Ao observar, os autores Capovilla, Raphael e Mauricio (2009a e 2009b), percebe-
se que eles estabelecem o registro dos sinais por meio de elo entre as expressões faciais e o
sinal. No Novo Deit-Libras foram identificadas doze expressões faciais que representam
sentimentos e sensações positivas, como na ilustração 27; vinte que representam sensações
negativas, como mostrado na ilustração 28; catorze expressões faciais que representam
sentimentos e sensações negativas, como mostrado na ilustração 29; vinte e quatro expressões
faciais que representam estados e movimentos de face, como mostrado na ilustração 30.
Todas essas expressões são usadas para compor os sinais.
4.1 – Introdução
Neste capitulo, serão descritos os procedimentos metodológicos adotados para
desenvolver a pesquisa de variação linguística da Libras por meio da divulgação do site do
Projeto Varlibras. O método adotado nesta pesquisa segue o modelo de Faulstich (1995), o
repertório de termos acompanhados de seus equivalentes de uma ou várias línguas e que não
comportam definições. Esses léxicos contêm geralmente uma só área de conhecimento; no
nosso caso, ampliamos a área. Nesta pesquisa o léxico alfabético – léxico será apresentado em
ordem alfabética, sem as remissivas, será o léxico bilíngue na forma de LP/Libras.
Para elaborar o léxico alfabético de LP/Libras das disciplinas Biologia, Física,
História, Matemática, Português e Química, tomamos como ponto de partida o conteúdo
coletado por meio de questionários no site do Projeto Varlibras.
Assim, a metodologia, utiliza o resultado de uma pesquisa de campo, a qual
auxilia na formação dos sinais-termo, com a finalidade de atender as necessidades
comunicacionais entre os professores da educação de Surdos e os alunos Surdos, bem como
dos usuários de Libras.
Para a criação e o registro, no banco de dados do Projeto Varlibras, do sinal-termo
padrão e das variantes dos sinais-termo, analisamos as condições de uso por meio das
variáveis, que são: configuração de mãos, movimentos, ponto de articulação, orientação de
mão e expressões faciais e expressões corporais, que são importantes na formação dos sinais-
termo e na formação visual-espacial da Libras, para assim ampliar as condições de
aprendizagem do vocabulário dos alunos Surdos com os fundamentos linguísticos da Libras e
do português.
O método de pesquisa para a coleta dos dados visou identificar e registrar a
variação linguística da Libras, ao considerar o uso dos sinais pelos Surdos, para posterior
registro dos sinais-termo das disciplinas Biologia, Física, História, Matemática, Português e
Química.
Os sinais-termo registrados foram identificados de acordo com os seguintes
procedimentos metodológicos:
1) seleção dos termos em Português;
2) organização de questionários para cada disciplina;
3) registro dos sinais-termo para cada vídeo recebido e analisado, desde
112
também são importantes para o entendimento do conteúdo especializado de textos das áreas
de Biologia, Física, História, Português, Matemática e Química e, por isso, devem ser
incluídos em obras terminográficas.
Nesta pesquisa, são considerados os seguintes critérios para seleção de termos: (i)
a indicação de termos conhecidos e desconhecidos pelos Surdos; (ii) a indicação de termos
importantes por parte dos professores especialistas, colaboradores na pesquisa; (iii) a
frequência dos termos nos textos e nos materiais que são utilizados no ensino de Biologia,
Física, História, Português, Matemática e Química; (iv) a motivação e seleção efetiva dos
sinais-termo pelo pesquisador com a colaboração de integrantes do projeto. A ordem em que
esses critérios são apresentados acima corresponde à sua importância na seleção dos termos
para compor o banco de dados do Projeto Varlibras.
A aplicação desses critérios listados aconteceu na fase de coleta e registro dos
dados no Projeto Varlibras. Para identificar as necessidades dos usuários em relação aos
termos conhecidos e desconhecidos, procurou-se, em primeiro lugar, que os informantes
registrassem os sinais-termo para aqueles termos que são conhecidos. Ao registrar os vídeos,
ficou claro que é no momento da situação informativa que estaria configurada a necessidade
lexicográfica para a elaboração do banco de dados. A partir dos dados recolhidos, foi possível
analisar o conjunto de sinais-termo com base nas condições paramétricas, uma das variáveis
estabelecidas para as análises. A indicação de termos importantes por parte dos professores
especialistas foi feita a partir de uma solicitação para que apontassem termos nas áreas de
Biologia, Física, História, Português, Matemática e Química considerados por eles relevantes
para o registro da Libras. A frequência dos termos nos textos e materiais das áreas de
Biologia, Física, História, Português, Matemática e Química compôs o corpus para
elaboração do questionário, a partir de glossários de cada área. A motivação e a seleção
efetiva dos sinais-termo pelos pesquisadores colaboradores do projeto se manifestaram no
momento em que, a partir dos dados coletados, tivemos que selecionar os termos que
efetivamente iriam constituir a macroestrutura do léxico de cada disciplina, a saber: Biologia,
Física, História, Português, Matemática e Química para a composição dos seus respectivos
léxicos.
termos preliminares e, assim, com base nos postulados para a variação linguística, o primeiro
procedimento foi verificar os dados da Libras correspondentes a termos de diferentes
disciplinas da educação de Surdos e, para a execução da pesquisa, foram usados os seguintes
procedimentos:
1) Verificação dos dados em Libras, correspondentes a termos das disciplinas
Biologia, Física, História, Matemática, Português e Química, usados pelos Surdos
e não-surdos, se são reconhecidos pelos Surdos e não-surdos de todas as
diferentes regiões do Brasil;
2) Registro dos sinais-termo recebidos por meio dos questionários elaborados
para cada disciplina;
3) Criação de sinais-termo, caso os usados pelos Surdos e não-surdos não fossem
reconhecidos pelos Surdos e não-surdos;
4) Utilização do sinal-termo como termo-padrão, desde que reconhecidos pelos
Surdos e não-surdos. Considerou-se como sinal termo-padrão aquele sinal que
apresentam os seguintes critérios que são encontrados em todos os termos: [+]
nome, a categoria gramatical do termo e [+] lexical para indicar que o termo é
encontrado no conjunto de vocabulário da língua. Já os seguintes critérios são
encontrados em um ou outro termo, dependendo de sua análise: [±] paramétrico,
permite estabelecer as condições paramétricas de uso paramétrica a partir da base
paramétrica e seguem as variáveis de uso dos parâmetros da Libras e o [±] social,
quando a base paramétrica é igual nas formas variantes, é a condição de uso de
um dos parâmetros que irá diferenciar a forma de sinalização dos sinais-termo, no
nível de representação lexical que caracteriza as variantes lexicais de uso social
que define os critérios de registro e a escolha da variante-padrão;
5) Apresentação dos sinais-termo padrão e variantes da Libras a usuários de
Libras Surdos e não-surdos das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e
Sul;
6) Possibilidade de registro, caso haja, de novos termos–padrão e dos termos
variantes no banco de dados do site do Varlibras.
regiões do Brasil. Depois das discussões foi possível selecionar os termos–padrão, aqueles
que forem reconhecidos pelos sinalizantes de Libras Surdos e não-surdos, e relacionar aos
termos-padrão termos variantes, para registro, caso houvesse.
Durante a coleta de dados os Surdos e não-surdos respondiam a comandos. Caso
houvesse sinal-termo para o termo da disciplina, marcavam SIM; caso não houvesse sinal-
termo para o termo, marcavam NÃO. O pesquisador enfatizou que, ao marcar o comando
SIM, o sinal-termo deveria ser filmado. Depois, os dados foram analisados, e os sinais-termo
padrão e as variantes foram registrados.
Quanto aos Surdos e não-surdos que foram convidados para filmar e participar
dos questionários, muitos apenas acessaram o site do Projeto VARLIBRAS e não
participaram de fato, porém o pesquisador aproveitou para sinalizar os textos do site do
Projeto VARLIBRAS para que as informações fossem acessíveis. Tendo em vista essa atitude
positiva, obteve-se um número expressivo de sinais-termo.
É de nosso entendimento que um grupo pequeno pode não ser suficiente para
representar toda a diversidade de uma sociedade, mas serve de amostra da variação buscada –
e encontrada – na pesquisa que se realizou. Desse modo, para a disciplina Biologia, foram
obtidos dados de oito (8) informantes, na disciplina Física, foram obtidos dados de quatro (4)
informantes, na disciplina História, foram obtidos dados de cinco (5) informantes, na
disciplina de Matemática, foram obtidos dados de cinco (5) informantes, na disciplina de
Português foram obtidos dados de trinta e seis (36) informantes e na disciplina de Química
foram obtidos dados de dois (2) informantes.
Outro procedimento utilizado foi o grupo focal como forma complementar para a
coleta de dados. Os participantes do grupo foram orientados e tinham o objetivo de discutir
sobre os termos da terminologia das disciplinas selecionadas para este estudo e analisar as
variantes dos termos para a escolha da variante-padrão.
Como as discussões do grupo foram preestabelecidas, foi possível interagir.
As discussões fluíram, e, às vezes, elas tomavam outros rumos, o que em nada
prejudicou a pesquisa, ao contrário, a beneficiou. Os entrevistados, ao desencadearem outro
assunto, criaram um contraste que me levou a aproveitar os aportes, organizar os dados e os
resultados.
manutenção do site foram pagos pelo pesquisador. A seguir, serão demonstrados todos os
passos que permitem visualizar a página principal de divulgação do site:
Figura 33 - Parte do site onde aparecem contato, banco de dados e questionário do site
Varlibras
a) Gênero11
• masculino
• feminino
_________________
11
Labov utilizou em suas publicações o termo Sexo e nesta pesquisa optamos por usar o termo gênero.
125
b) Faixa etária
• jovem (de 20 a 40 anos)
• adulto (mais de 40 anos)
contradizer tal afirmação. Para tal, dividimos nossos informantes em dois grupos: jovens (com
idade entre 20 e 40 anos) e adultos (com idade superior a 40 anos).
A variável faixa etária tem atuado de modo muito produtivo nos estudos
sociolinguísticos. Para Tarallo (2010), a correlação desse fator com as variantes linguísticas
pode sinalizar duas realidades: 1) estabilidade, quando não há nenhuma correlação entre a
faixa etária e os fenômenos linguísticos observados; 2) mudança em progresso – quando a
ocorrência da variante inovadora é mais frequente entre os jovens e decresce na faixa etária
mais avançada.
c) Escolaridade
• 0 a 5 anos de estudo
• de 5 a 11 anos de estudo
Com base no estudo do inglês falado em Nova Iorque, Labov (1966) ressalta a
influência da variável nível de escolaridade em relação ao uso das variantes inovadoras. O
linguista concluiu que os/as falantes menos escolarizados/as usavam mais as formas não
padrão, ao passo que as variantes padrão ocorriam de modo mais constante na fala das
pessoas mais escolarizadas. Essa é a tendência que tem sido encontrada na maior parte dos
trabalhos quantitativos.
Procuramos verificar, com essas variáveis, qual a influência da escolaridade na
ocorrência de variantes. Sabemos que os mais escolarizados tendem a empregar mais a norma
padrão. Isso se deve ao fato de na maioria das vezes a escola dar pouca relevância à variante
não padrão até mesmo, em alguns casos, menosprezando a variante daqueles de classe social
inferior. Labov (1966) salienta, em seu estudo do inglês de Nova Iorque, que, embora os
alunos estivessem em contato direto por dez ou doze anos com o inglês standard, ensinado
pelos professores, ainda assim não o utilizavam na fala. Segundo ele, isso ocorre porque a
variante empregada pelas pessoas no dia a dia faz parte de processos subjacentes, e não
simplesmente de escolha consciente do usuário da língua. Nossa expectativa é de que os mais
escolarizados tendam a utilizar mais a variante padrão, ao passo que os que têm pouca ou
nenhuma escolaridade apresentem uma maior frequência de uso de variantes, que não a
padrão de um determinado termo.
d) Tipo de entrevista
• dirigida
• livre
127
uma vez que, na prática didática, a metalinguagem corrente utiliza vocabulário como a
expressão metodológica que responde às tarefas de ensino, de aprendizagem, de aquisição e
de ampliação de novos significados e possibilita uma prática mais direcionada. Assim, a partir
dessas percepções, é possível enfocar e direcionar a pesquisa deste estudo com base na
investigação dos significados das unidades lexicais decorrentes da variação linguística que
mostra a necessidade de organização do banco de dados terminológicos da Libras, que
possibilita a ampliação do vocabulário. Para dar o tratamento correto ao uso do vocabulário
no ensino ou na vida quotidiana busca-se apoio nas ideias de Faulstich (2002, p. 90-103, apud
Salles et. al.). Afirma Faulstich que ampliar o vocabulário é acrescentar ao vocabulário
fundamental unidades lexicais do vocabulário comum e completá-los com termos de áreas
especializadas das ciências, da tecnologia, das artes e de outros meios sociais.
Na comunicação quotidiana, o falante usa o vocabulário ativo, que compõe o
acervo lexical comum, porém, em situações específicas, as unidades lexicais que pertencem
ao vocabulário passivo são ativadas e atualizadas no discurso. (FAULSTICH, 2002, p. 94,
apud Salles et. al.).
No caso da Libras, a situação específica está diretamente relacionado à
comunicação sinalizada.
O vocabulário de uma língua é ampliado ou enriquecido à medida que o falante
aumenta sua convivência sociocultural e procura indagar metodicamente o significado de
sinais desconhecidos e, nesse caso, o dicionário é um importante documento de consulta, que
auxilia o usuário a compreender os significados dos sinais e a aprender os significados de
outros sinais que não fazem parte de seu vocabulário, para então usá-los com propriedade.
(FAULSTICH, 2002, p. 94, apud Salles et. al.).
Usar o vocabulário com propriedade significa inserir as palavras em contextos
adequados e obter a coesão lexical no discurso. A coesão deve ser vista como um fenômeno
linguístico que organiza a configuração lexical e gramatical de um texto. (FAULSTICH,
2002, p. 94, apud Salles et. al.).
Na coesão gramatical, operam elementos que pertencem a inventários fechados do
sistema da língua, a coesão lexical se organiza por meio de unidades lexicais que pertencem
às séries abertas da língua, por isso é mais complexa e só pode ser identificada no vocabulário
em uso. (FAULSTICH, 2002, p. 94, apud Salles et. al.).
Para que haja coesão lexical, é preciso que, no texto, ocorra relação entre duas ou
mais unidades lexicais. Se dessa relação decorrer uma linha isotópica no interior do texto, é
porque as unidades lexicais envolvidas geraram relações semânticas, com base em elementos
130
linguística como fato real presente no dia a dia das pessoas. As instituições de ensino devem
compreender, de uma vez por todas, que seus alunos falam de maneira diferente, e isso deve
ser não só estudado, como, também, especialmente, valorizado. Deve-se ensinar que a língua
que o Brasil fala é multifacetada, mas que há uma variante ou dialeto de prestigio, que todos
têm que aprender, pois é através desta que se tem acesso a bens culturais mais valorizados. Os
livros didáticos e outros materiais devem não só mostrar uma variação, um recorte do real,
mas, sim, o real como todo; mostrar e exemplificar a fala de São Paulo, do Sul, do Sudeste e
também do Nordeste, com todas as variantes regionais.
Já aparece nos documentos que orientam o Ensino Fundamental (Parâmetros
Curriculares Nacionais PCN) a indicação clara para que sejam trabalhadas em sala e aula
questões que têm como foco a variação linguística. Como podemos observar a partir da
citação retirada dos documentos PCN de Língua Portuguesa que orientam o Ensino
Fundamental “Usar os conhecimentos adquiridos por meio da prática de reflexão sobre a
língua, para expandirem as possibilidades e uso da linguagem e a capacidade de análise
crítica”. (PCN 2001, p. 33).
Como os Surdos estão inseridos no ensino de Língua Portuguesa, muitos termos
são analisados e estudados para que se chegue ao sinal-termo e o registro deste seja efetivo e
validado. No próximo item do capítulo, apresentaremos os procedimentos para a validação e
organização dos dados da pesquisa.
12
FAULSTICH, E. A terminologia entre as políticas de língua e as políticas linguísticas na educação
linguística brasileira. 2013. (Artigo em elaboração).
134
Assim, a decisão lexical é mais rápida, indicando que um simples morfema-base é ativado.
(EMMOREY, 2003, p. 131, apud QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 96).
Estamos percebendo, com essas reflexões, que os parâmetros do português, a
segunda língua dos Surdos brasileiros, por viverem num Estado que tem o português como
línguas majoritárias são diferentes dos parâmetros do português como primeira língua dos
não-Surdos. Isso tudo nos leva a buscar soluções de natureza linguística e política com vistas
à satisfatória elaboração de glossários e de dicionários bilíngues para os usuários de duas
línguas diferentes, a língua oral majoritária do país – o português, e a língua visual–espacial
minoritária no país – a Libras. (FAULSTICH, 2013, p.6).
Uma das dificuldades da pesquisa dos sinais-termo em uma perspectiva
lexicográfica e terminográfica será pensar em como seria o registro ideal dos sinais-termo em
Libras. Muitas propostas têm sido discutidas e utilizadas, mas será preciso haver um consenso
entre os pesquisadores. Essa dificuldade acontece, porque muitos dados em Libras advêm de
registros coletados em vídeos filmados dos Surdos e ou falantes de Libras sinalizando. Apesar
de ter propostas para a escrita de Libras, esta nem sempre é compreendida por todos os
falantes, e o registro se dá em LP. Entendemos que pensar em uma alternativa para o registro
em LP é também importante.
Para esta pesquisa, o pesquisador analisa a possibilidade de aliar a escrita com as
variáveis de uso das condições paramétricas dos sinais-termo para seguir uma estratégia
visual de registro da Libras, em que a configuração de mão evidencia as variações linguísticas
em Libras, por exemplo, ficando assim, evidente e possível a sua sistematização. Essa é uma
proposta que poderá colaborar para o registro e divulgação da Libras e diminuir os processos
linguísticos que acontecem na interlíngua, de forma positiva, entre a LP e a Libras.
Assim, a partir desta proposta entendemos que é possível pensar na efetiva
implantação do Projeto Varlibras e definir diretrizes de atuações com vistas à possível
elaboração de léxicos em Libras de diversas áreas do saber e do conhecimento.
Até que ponto as línguas de sinais podem ser entendidas dentro do marco
convencional da linguística, quer dizer, tomando como pontos de referências
teóricos modelos que foram projetados para línguas baseadas nos sons e derivados
de formas linguísticas formalizadas? (...) Os modelos que provêm da linguística
tradicional e ocidental são suficientes para a análise das línguas de sinais? Podem as
línguas de sinais ser descritas nos mesmos termos das línguas faladas? (Massone,
1993, p. 81-82).
5.1 Introdução
Deste modo, foi possível elaborar a estrutura do léxico alfabético bilíngue dos
sinais-termo das disciplinas, com orientações de como utilizar o DVD e de como o léxico
alfabético bilíngue está organizado, atendendo as regras lexicográficas que promove e
divulgue a educação lexicográfica necessária para a produção de registros videográficas em
Libras.
Assim, a estrutura do léxico alfabético bilíngue dos sinais-termo das disciplinas é
organizado da seguinte maneira:
APRESENTAÇÃO
CONTATO
CRÉDITOS
FONTE: DVD LÉXICO ALFABÉTICO BILÍNGUE DE TERMOS DAS DISCIPLINAS BIOLOGIA, FÍSICA,
HISTÓRIA, MATEMÁTICA E PORTUGUÊS.
CONTATO
FONTE: DVD LÉXICO ALFABÉTICO BILÍNGUE DE TERMOS DAS DISCIPLINAS BIOLOGIA, FÍSICA,
HISTÓRIA, MATEMÁTICA, PORTUGUÊS E QUÍMICA.
4- CRÉDITOS
CRÉDITOS
FONTE: DVD LÉXICO ALFABÉTICO BILÍNGUE DE TERMOS DAS DISCIPLINAS BIOLOGIA, FÍSICA,
HISTÓRIA, MATEMÁTICA, PORTUGUÊS E QUÍMICA.
termo é padrão e quando aparece na tela a cor da camiseta vermelha significa que esta é a
variante do termo apresentado.
d. Algumas telas têm ícone e ou setas para regresso à tela anterior e para avanço, ou
ainda, para voltar a página principal.
e) Na tela de acesso ao verbete, a seta da esquerda, leva aos verbetes anteriores dos
verbetes. Ao clicar na seta da direita, irá para os próximos verbetes.
SINAL-TERMO: CÉLULA
PADRÃO VARIANTE - 1 VARIANTE - 2
[+] NOME [+] NOME [+] NOME
[+] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO
[+] GRAMATICAL [+] SOCIAL [+] LEXICAL
O termo FÍGADO apresentou uma variante. Esta variante foi considerada, visto
que a variante-padrão escolhida foi aquela que não apresentasse nenhuma correlação com a
tendência de desenhar o “formato do órgão” no corpo humano. A variante apresenta o
formato do contorno do órgão, sendo, por isso, uma representação icônica e não paramétrica
porque não se deriva de uma base que lhe ofereça condições paramétricas.
149
Termo de Física
A B
COMPRIMENTO VARIANTE
ACERELAÇÃO BATERIA
COORDENADA
ACERELAÇÃO ANGULAR BÚSSOLA
CORRENTE ELÉTRICA
ACERELAÇÃO INSTANTÂNEA
C CURTO CIRCUÍTO
ACERELAÇÃO VETORIAL CAMADA
ALTURA D
CAPACIDADE TÉRMICA
ALTURA VARIANTE DEFORMAÇÃO
CENTRO
ÂNGULO DENSIDADE
CIRCUÍTO ELÉTRICO
ÁREA CIRCULAR DESLOCAMENTO
ÁTOMO COLISÃO DIÂMETRO
ATRAÇÃO COMPRIMENTO DIREÇÃO
ATRITO
DISTÂNCIA
Termo de Física
ENERGIA POTENCIAL ESFERA
E ELÁSTICA ESPAÇO
ELASTIDADE ENERGIA POTENCIAL
ELÉTRICO GRAVITACIONAL F
ELÉTRON ENERGIA QUÍMICA FLUÍDO
ENERGIA ENERGIA TÉRMICA FORÇA
ENERGIA CINÉTICA EQUAÇÃO FUNÇÃ
ENERGIA EÓLICA EQUILÍBRIO
ENERGIA INTERNA EQUILÍBRIO INSTÁVEL G
ENERGIA MAGNÉTICA EQUILÍBRIO NÃO GERADOR
ENERGIA MECÂNICA INSTÁVEL GLOSSÁRIO FÍSICA
ENERGIA NUCLEAR EQUILÍBRIO TÉRMICO GRAVIDADE
ENERGIA POTENCIAL ESCALA
151
Termo de Física
H N
L AÇ O
HORIZONTAL L QUIDO NÊUTRON
HORIZONTAL VARIANTE N CLEO
M
I O
MASSA
RBITA
XIMO
INTERVALO DE TEMPO N AÇ O
MEDIDA
ISOLANTE NIMO P
L MISTURA PARALELO
DULO A CULA
LANÇAMENTO L CULA PERPENDICULAR
LARGURA MOVIMENTO LA AÇ O
LEI O
Termo de Física U
PROPORCIONAL RESULTANTE UNIRFORME
TON L NEO V
PURO CUO
S ALÊNCIA
Q SENTIDO VELOCIDADE
QUEDA SISTEMA VELOCIDADE FINAL
R LIDO VELOCIDADE INICIAL
A AÇ O T VELOCIDADE N AN ÂNEA
RAIO L A DIA
TANGENTE
REFERENCIAL VELOCIDADE VETORIAL
TEMPERATURA VENTOR
RENDIMENTO TEMPO
REPOUSO VERTICAL
A RIA VERTICAL VARIANTE
REPOUSO VARIANTE AN LAÇ O
L O VOLUME
152
Todos estes termos da Física estão relacionados com uma estratégia icônico-
simbólica de propósitos definidos que possibilitou estabelecer a escolha da variante-padrão.
Existe um distanciamento da matriz lexical, que se supõe ser o item icônico ao analisar as
estruturas paramétricas da composição dos parâmetros dos sinais-termo que ativam a
compreensão do conteúdo do referido termo.
Uma análise importante que se fez nas descrições das condições paramétricas dos
termos da disciplina Física é que a condição paramétrica de uso da configuração de mão muda
e foi determinante para a seleção do termo padrão. A escolha do termo padrão se baseou no
não uso da configuração da letra inicial do termo, mas que por meio das outras condições
paramétricas de uso, como o movimento e o ponto de articulação no uso do espaço,
ofereceram possibilidades de selecionar os sinais-termo padrão, como os termos ALTURA e
COMPRIMENTO. A seguir, é possível ver as descrições de condições paramétricas dos
termos padrão e dos termos que apresenta variante.
SINAL-TERMO: ALTURA
PADRÃO VARIANTE
[+] NOME [+] NOME
[+] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO
Libras, sendo que 22 (vinte e dois) são termos que apresentam formas variantes, que são:
ÁFRICA, ÁSIA, CAPITALISMO, CIDADE, CONSTITUIÇÃO, CRUZADA,
DEMOCRACIA, ESTADO, EURO, EUROPA, FARAÓ, GLOBALIZAÇÃO, GOVERNO,
GRÉCIA, HISTÓRIA, IDADE MÉDIA, ÍNDIO, INTERIOR, MAÇONARIA, PARTIDO
POLÍTICO, PERÍODO e UNIVERSO.
A lista de termos da História que foram sinalizados é a seguinte:
Termo de História
A C
FRICA A L IA CONSTITUINTE CAMPO DE N N AÇ O
FRICA VARIANTE AN AÇO
ALDEIA
B CAPITALISMO 1
ALEIJADINHO BABEL CAPITALISMO 2
AL NAÇ O A LÔNIA CAPITALISMO VARAINTE
A RICA CENTRAL BANDEIRANTE CAPITANIA RIA
A RICA DO NORTE RBAROS CIDADE
A RICA DO SUL BARROCO CIDADE VAIRANTE
A RICA LATINA BEATO L AÇ O
ANARQUIA L M LÔNIA
ANGLICANO BRICS N Ç O
ARTE RUPESTRE BURGUESIA N Ç O VARIANTE
SIA CONTINENTE
SIA VARIANTE CONTRA REFORMA
Termo de História
CRIACIONISMO
E EVOLUCIONISMO
EGITO ÊXODO
CRUZADA ÊXODO RURAL
CRUZADA VARIANTE ELITE
EMBAIXADA AN O A TIMA
D AÇ O F
DEMOCRACIA ENGENHO A A
DEMOCRACIA VARIANTE ESCRAVO A A VARIANTE
DINASTIA ESTADO N CIOS
DITADURA ESTADO VARIANTE FEUDALISMO
LAR ESTADO LAICO FOLCLORE
DOM PEDRO PRIMEIRO ETNIA
EURO G
DOM PEDRO SEGUNDO LIO VARGAS
DOUTRINA EURO VARIANTE
EUROPA L AL AÇ O
EUROPA VARIANTE L AL AÇ O VARIANTE
154
Termo de História I
L RIA IDADE ANTIGA
GOLPE DE ESTADO IDADE N ÂNEA N Ç O
GOVERNO IDADE DIA INTERIOR
GOVERNO VARIANTE A DIA VARIANTE INTERIOR VARIANTE
CIA IDADE MODERNA IONOMAMI
CIA VARIANTE ILUMINISMO ISLAMISMO
GUARANI AÇ O
IMPERIALISMO
J
GUERRA CIVIL
GUERRA FRIA N N ÊNCIA MINEIRA AL M
N N ÊNCIA TA
H INDIANISMO
HEBREUS NDIO L
HIERARQUIA NDIO VARIANTE LA NDIO
RIA N Ç O LATIM
RIA VARIANTE 1
RIA VARIANTE 2
Termo de História P
M N LIO AS
AÇONARIA N PIO A SES EMERGENTES
AÇONARIA VARIANTE A SES LATINOAMERICANOS
MARECHAL DEODORO N PARTIDO L TICO
ÂNEO NAÇ O A L TICO VARIANTE
AL POLE NACIONALISMO AA
MERCOSUL NAZISMO PATRIOTA
ÂMIA NEOLIBERAL ODO
POLE NEOLIBERALISMO ODO VARIANTE
N AÇ O NÔMADE RSIA
NAÇ O PESTE NEGRA
ES
O PLEBISCITO
MITO 1 OCEANIA LO
MITO 2 ONU PREFEITURA
MONARQUIA PROTESTANTE
155
R S U
AÇA SANCIONAR N O IA
RACISMO SOBERANIA UNIVERSO
REGIME SOCIALISMO UNIVERSO VARIANTE
REGIME MILITAR SOCIEDADE V
REINADO SUSERANO
L O VASSALO
RENASCIMENTO
T
TANCREDO NEVES
BLICA
TIRADENTES
L Ç O
TRADICIONAL
L Ç O FRANCESA
TRÁFICO DE ESCRAVOS
L Ç O INDUSTRIAL
SINAL-TERMO: ÁFRICA
PADRÃO VARIANTE
[+] NOME [+] NOME
[+] SOCIAL [+] SOCIAL
SINAL-TERMO: HISTÓRIA
PADRÃO VARIANTE - 1 VARIANTE – 2
[+] NOME [+] NOME [+] NOME
[+] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO
[+] SOCIAL [+] SOCIAL [+] LEXICAL
SINAL-TERMO: CAPITALISMO
PADRÃO VARIANTE
[+] NOME [+] NOME
[+] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO
Termo de Matemática
DETERMINANTE AÇOES EQUIVALENTES
A O AÇ ES MISTAS
A Ç O NÇ O
O DE L NÔMIO
A Ç O DE MATRIZ NÇ O CRESCENTE
A Ç O DE MATRIZ VARIANTE DOBRO
NÇ O DECRESCENTE
AN LISE NA RIA E
ANTECESSOR ES A TICAS G
C GEOMETRIA
F L RIO A TICA
RCULO A AÇ O
COLUNA A AÇ O DE UM N MERO L
COSSENO RMULA LADOS
CUBO AÇ O LINHA
AÇ O PRIA LOGARITMO
D AÇ O PRIA LOSANGO
DECIMAL
158
Termo de Matemática
M P RAIZ QUADRADA
L NÔMIO RAIZ QUADRADA VARIANTE 1
MATRIZ
PORCENTAGEM RAIZ QUADRADA VARIANTE 2
MATRIZ TRANSPOSTA
ÊNCIA REGRA DE SARRUS
MEIO
ÊNCIA DE EXPOENTE RETA
MENOS
NEGATIVA ÂNGULO
N LTIPLO COMUM
N VEIS RETAS CONCORRENTOS
L L AÇ O
L L AÇ O DA MATRIZ Q RETAS PARALELAS
QUADRADO
N QUADRUPLO
N MPARES
QUARTO
N MPARES VARIANTE 1
QUINTO
N MPARES VARIANTE 2
N MEROS PARES R
N MEROS PARES VARIANTE 1 RAIZ DE AÇ ES
N MEROS PARES VARIANTE 2
Termo de Matemática
S TIPO DE AÇ O
SENO ÂNGULO
L AÇ O DE AÇ ES TRIPLO
AÇ O
AÇ O VARIANTE V
AÇ O DA MATRIZ A BOLA XIMO
SUCESSOR A LA NIMO
SUCESSOR VARIANTE
T
TABUADA
TANGENTE
ÇO
159
ADIÇÃO DE MATRIZ
PADRÃO VARIANTE
[+] NOME [+] NOME
[+] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO
(3) Alguns sinais não foram produzidos conforme o esperado, ou seja, os sujeitos
Surdos empregaram outro sinal que, por sua vez, não sofre o processo em questão de
incorporação de numeral, mas sim, de uso de base paramétrica por meio das condições
paramétricas de uso do movimento e da configuração de mão.
SUBTRAÇÃO
PADRÃO VARIANTE
[+] NOME [+] NOME
[+] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO
[+] GRAMATICAL [+] LEXICAL
161
SUCESSOR
PADRÃO VARIANTE
[+] NOME [+] NOME
[+] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO
[+] GRAMATICAL [+] LEXICAL
Por isso, a ocorrência de variantes foi muito restrita devido a estes critérios que
foram estabelecidos e que possibilitou o registro e a escolha da variante-padrão.
No item seguinte, apresentamos considerações acerca do léxico alfabético
bilíngue dos sinais-termo da disciplina Português.
Na etapa inicial da pesquisa, foram propostos 100 (cem) termos para a coleta de
dados por meio de questionário. Porém, foram acrescidos novos termos no léxico alfabético
bilíngue sugerido pelos participantes da pesquisa e, no decorrer das análises dos dados
coletados, novos sinais-termo foram propostos também pelos participantes para o efetivo
registro no léxico alfabético bilíngue da disciplina Português. O léxico alfabético bilíngue de
sinais-termo de Português contém 132 (cento e trinta e dois) sinais-termo na Libras, sendo
que 4 (quatro) são termos que apresentam formas variantes, que são CONCRETO, FRASE,
INATO e LÉXICO.
A lista de termos da Português que foram sinalizados é a seguinte:
162
Termo de Português
D F A A A L NGUA DE SINAIS
ÊITICO L O A A A L NGUA ORAL
N AÇ O FLEXIBILIDADE A TICA INATA
AÇ O FONEMA H
DIACRONIA N TICA HABILIDADE
DIALETO FONOLOGIA TESE
N RIO FRASE I
DICOTOMIA FRASE VARIANTE ICONICIDADE
DIRECIONALIDADE G INATO
ÊNERO INATO VARIANTE
E
ENTRADA
RIA J
GLOSA A O
ESCRITA
ETIMOLOGIA
O FACIAL E CORPORAL
163
Termo de Português
L MORFEMA PARES NIMOS
L XICO MORFEMA PRESO POLISSEMIA
L XICO VARIANTE MORFEMA ZERO PONTO DE A LAÇ O
LEXICOGRAFIA MORFOLOGIA PRAGMÁTICA
LEXICOLOGIA MOVIMENTO PREFIXO
Ç O
L NGUA N PRIMEIRA L NGUA
L NGUA MATERNA NEOLOGISMO
LINGUAGEM ÊNCIA
N CLEO PRONOME
LINGUAGEM FORMAL NUMERAL
LINGUAGEM INFORMAL R
L N STICA P AÇ O
M A O
FORA PARADIGMA
MITO A ÂMETROS
Termo de Português
S V
SEGUNDA L NGUA NÔNIMO
SINTAXE AL L N STICO
ÂNTICA A AÇ L N STICA
TICA SISTEMA
SOCIOLETO VARIANTE
SIGLA VERBO
SIGNIFICADO L N STICA
SUBSTANTIVO VOGAL
SIGNIFICANTE
SIGNO L N STICO SUFIXO
LABA T
SINAL
SINAL-TERMO TERMINOGRAFIA
SINCRONIA TERMINOLOGIA
N N MIA TEXTO
164
SINAL-TERMO: CONCRETO
PADRÃO VARIANTE - 1 VARIANTE – 2
[+] NOME [+] NOME [+] NOME
[+] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO
[+] GRAMATICAL [+] SOCIAL [+] LEXICAL
SINAL-TERMO: FRASE
PADRÃO VARIANTE
[+] NOME [+] NOME
[+] SOCIAL [+] SOCIAL
SINAL-TERMO: INATO
PADRÃO VARIANTE
[+] NOME [+] NOME
[+] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO
SINAL-TERMO: LÉXICO
PADRÃO VARIANTE
[+] NOME [+] NOME
[+] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO
[+] GRAMATICAL [+] LEXICAL
Termo de Química
A M S
ÁTOMO MISTURA HETEROGÊNEA SOLIDIFICAÇÃO
SOLIDIFICAÇÃO VARIANTE
E MISTURA HOMOGÊNEA
SÓLIDO
ENERGIA N SUBSTÂNCIA
ENERGIA VARIANTE SUBSTÂNCIA COMPOSTA
NÊUTRON
SUBSTÂNCIA SIMPLES
G NÚCLEO
GASOSO P T
TABELA PERIÓDICA
L PRÓTON
LÍQUIDO
SINAL-TERMO: ENERGIA
PADRÃO VARIANTE
[+] NOME [+] NOME
[+] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO
[+] GRAMATICAL [+] LEXICAL
Já o termo SOLIDIFICAÇÃO, se diferencia pela marca [+] social, pois está associado a
forma de uso pelos sinalizantes de Libras que apenas reduplicam o movimento, por isso é [+]
paramétrico, pois a base SÓLIDO permite a derivação para o sinal-termo SOLIDIFICAÇÃO.
Assim, as tabelas a seguir apresentam as análises das descrições das condições
paramétricas dos termos padrão e dos termos que apresenta variante na disciplina Química.
SINAL-TERMO: SOLIDIFICAÇÃO
PADRÃO VARIANTE
[+] NOME [+] NOME
[+] PARAMÉTRICO [-] PARAMÉTRICO
[+] SOCIAL [+] LEXICAL
6.1 Introdução
como entrar ou sair de uma conversa corretamente, sabe qual tipo de linguagem usar para uma
solicitação ou pedido, qual tipo de linguagem é adequado para diferentes situações sociais, e
assim por diante. Quando um usuário de uma língua conhece de forma efetiva a sua língua,
saberá utilizá-la em seus atos comunicativos e funções sociais.
O estudo em uma perspectiva variacionista necessita englobar as inter-relações no
uso da linguagem e suas perspectivas de estruturação. Estudar a variação na língua, no contato
de línguas, com vista a um planejamento político na relação entre língua e sociedade.
Cabe lembrar que a variação na língua significa que os falantes de determinadas
línguas têm diferentes maneiras de dizer a mesma coisa, ou seja, podemos ter diferentes
formas de sinalizar um determinado termo, sem mudança de significado. Essas diferentes
formas de sinalizar um determinado termo são, denominadas variantes.
Os primeiros estudos de variação linguística em Libras tratam de três tipos: a
variação regional, a variação social e a variação relacionadas a mudanças históricas. A
variação regional detalha que em uma área geográfica pode usar variantes diferentes de uma
área para outra área geográfica, apesar de que na língua eles estão utilizando o mesmo termo e
o significado não muda.
A variação na Libras não se limita apenas à variação regional, podemos ter
também a variação social; onde pessoas de diferentes grupos socioeconômicos podem utilizar
formas diferentes de determinados termos na língua. Além desse, temos também a variação
relacionada a mudanças históricas. Ao longo do tempo, notam-se diferentes formas de realizar
a sinalização dos termos sem mudança de significado, e segue o processo – Datilologia –
Processo datilológico – Sinal soletrado – Sinal-termo em Libras, em que a transcrição do
termo que utiliza as letras do alfabeto e é conhecida como datilologia possibilita uma
sinalização mais rápida, até que a língua apresente um sinal-termo para o termo
correspondente.
Como dissemos, a variação significa uma maneira diferente de dizer a mesma
coisa. Muitas vezes, o falante da língua terá diferentes maneiras de dizer a mesma coisa e vai
fazer uma escolha dependendo da situação. Muitas vezes, o repertório lexical é diferente e vai
estar inserido no vocabulário do falante da língua. Também será introduzida uma alteração em
um repertório lexical existente, ou uma nova variante aparecerá. A variante lexical com maior
frequência de uso e a variante lexical com menor frequência de uso podem coexistir por um
tempo e, em seguida, podem desaparecer. Esse processo é chamado de variação histórica
relacionada a mudanças.
173
A Libras, como língua varia tanto no espaço quanto no tempo, bem como de
acordo com o ambiente linguístico em que uma forma é usada. Deste modo, é importante
analisar as diversas produções em Libras, para estabelecer princípios norteadores por meio
das condições paramétricas. Defendemos que cada condição paramétrica compõe um
segmento que é a unidade básica sobre a qual se estruturam internamente os sinais-termo da
Libras e, por isso, é preciso desenvolver, para os itens lexicais dessa língua, um modelo de
representação e descrição que permita o seu desdobramento com estudos iniciados por outros
pesquisadores. Deste modo, para a análise dos resultados dos dados coletados a serem
organizados na forma de léxico alfabético bilíngue de cada disciplina: Biologia, Física,
História, Matemática, Português e Química, torna-se importante considerar os fatores que
estão associados à produção do sinal-termo. Muitos desses fatores são sociais e outros são
linguísticos.
175
possível enumerar as principais estruturas por meio das quais línguas diferentes codificam o
mesmo domínio funcional.
Como argumento para a natureza adaptativa das línguas naturais, Givón postulou
princípios da organização gramatical icônica ou princípios de iconicidade. Uma síntese desses
princípios é dada a seguir. Regras de entonação: ênfase na previsibilidade - trechos de
informação menos previsível são enfatizados. Blocos de informação que pertencem ao mesmo
domínio conceitual são empacotados sob um contorno melódico único. O tempo de pausa
entre blocos de informação corresponde à distância temática ou cognitiva que existe entre
eles. Regras de espaçamento: blocos de informação que pertencem ao mesmo domínio
conceitual são mantidos em proximidade espaço-temporal. Operadores funcionais são
mantidos mais perto do que tomam por escopo. Regras de sequência: um bloco de informação
mais importante é colocado no início. Ordem de ocorrência e ordem reportada: a ordem
temporal na qual os acontecimentos ocorreram é espelhada no relato linguístico desses
acontecimentos. Regras de quantidade: Informação previsível – ou já ativada – não será
expressa. Informação irrelevante ou sem importância não será expressa.
Observem que, ao enunciar relações de motivação entre forma e função, os
princípios de iconicidade se opõem ao princípio da arbitrariedade do signo linguístico.
Portanto, o funcionalista, busca nos condicionamentos cognitivos e discursivos que
caracterizam cada momento da interação as explicações que justifiquem a forma da expressão
linguística utilizada. Notem que os princípios de iconicidade não são universais absolutos,
regras categóricas do funcionamento linguístico. Eles representam uma preferência ou
tendência no uso de uma língua natural. Percebam, ainda, que esses princípios competem na
determinação da expressão linguística e por isso, ao serem considerados neste estudo, irei
tratar desse princípio para possibilitar futuras pesquisas sobre o tema ao explicar as
motivações lexicográficas da escolha da base paramétrica para um conjunto de léxicos na
Libras.
A seguir, mostraremos dados de algumas análises realizadas em torno dos sinais-
termo coletados que servem para ilustrar os fatores aqui especificados, levando em conta as
restrições internas e externas na análise, bem como a sistematização dos sinais-termo a partir
de cada variável de uso paramétrico da condição paramétrica.
177
FONTE: CASTRO JÚNIOR, Gláucio de. Variação Linguística na Língua de Sinais Brasileira – Foco no léxico.
Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília – UnB, 2011.
FONTE: CASTRO JÚNIOR, Gláucio de. Variação Linguística na Língua de Sinais Brasileira – Foco no léxico.
Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília – UnB, 2011.
Castro Júnior (2011, p. 88) mostrou que essa variante foi eleita e escolhida como
variante-padrão, porque necessitava seguir um padrão paramétrico que possibilitasse a
escolha do sinal de acordo com o termo - LEI. O autor mostra que uma das vantagens da
pesquisa na identificação da variante-padrão é que, para a descrição dos sinais realizados
pelos Surdos, tomamos emprestados os sinais do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue
da Libras, de Capovilla et. al. (2001), mesmo conscientes das limitações linguísticas, por não
darem conta de especificar as variedades da língua, dada a dimensão geográfica do Brasil.
Reconhecemos a importância do trabalho dos autores, mas, com respeito, concordamos que
há certa imposição em suas explicações para as “regras” das muitas variedades da Libras. Há
que atentar, portanto, para, na tentativa de padronizar, esquecer a diversidade de sinais, o que
possibilitou para aos Surdos discutirem os termos apresentados na pesquisa da variação
linguística.
Deste modo, quando uma variante não é tida como referência para os Surdos e se
uma determinada variante ainda não pode ser considerada variante-padrão com base nas
discussões aleatórias sobre a propriedade da constituição do termo em Libras, Castro Júnior
(2011), enfatiza que uma linearidade e uma sequencialidade são necessárias para servir de
base na realização e organização dos termos. Esse critério foi utilizado para a escolha da
variante-padrão para o termo CONSTITUIÇÃO, conforme veremos a seguir:
180
FONTE: CASTRO JÚNIOR, Gláucio de. Variação Linguística na Língua de Sinais Brasileira – Foco no léxico.
Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília – UnB, 2011.
padrão e deste modo contribuir na compreensão das funções linguísticas que acontecem na
Libras, por meio da variável da condição de uso da configuração de mão.
Na grande maioria dos termos da Libras, pelo menos algum resquício da língua
portuguesa - LP, como a configuração de mão (CM) permanece, e não é possível analisar sem
que processos, como a adaptação estrutural, não estejam sem a influência da LP. Mas a
condição paramétrica da CM precisa ficar clara no sentido de que não é “seguir” algo da LP
para definir o sinal ou criar o sinal correspondente para o termo que é interpretado da LP para
a Libras, mas que a CM é imprescindível faz parte da gramática da datilologia da Libras e é
utilizada quando outros mecanismos não possibilitam adequação do termo ao padrão na
Libras. Em estudos anteriores, Strobel e Fernandes (1998) apresentam exemplos de variação
linguística na Libras que também foram observados decorrentes de mudanças na configuração
de mão, o que permite a análise de outras condições paramétricas que correm na Libras. As
figuras a seguir mostram exemplos de variação decorrentes da configuração de mão:
Fonte: FERNANDES Suely; STROBEL Karin. Aspectos linguísticos da Libras. Secretaria de Estado da
Educação. Departamento de Educação Especial. Estado do Paraná, 1998.
Fonte: FERNANDES Suely; STROBEL Karin. Aspectos linguísticos da Libras. Secretaria de Estado da
Educação. Departamento de Educação Especial. Estado do Paraná, 1998.
182
Fonte: FERNANDES Suely; STROBEL Karin. Aspectos linguísticos da Libras. Secretaria de Estado da
Educação. Departamento de Educação Especial. Estado do Paraná, 1998.
Na figura 43, no sinal-termo para AVIÃO, percebemos nas duas formas variantes
a iconicidade. Entretanto, em outras dimensões lexicográficas, a variante para a primeira
forma apresenta uma alta iconicidade, o que possibilita nomear essa variante para o termo
AVIÃO. Como a segunda variante apresenta uma baixa iconicidade, em que o formato do
corpo de um avião é ampliado, essa variante em sua forma de sinalizar se sustenta em sua
interpretação, quando fazemos um cruzamento lexical com outras condições paramétricas,
como a do movimento, a nomeação para o termo AERONAVE, que é qualquer máquina
capaz de sustentar voo, e a grande maioria também são capaz de alçar voo por meios próprios.
Deste modo, essas duas formas de sinalizar um único termo podem possibilitar a sinalização
de outro termo e deixar de ser variantes para serem apenas termos diferentes na organização
lexical e gramatical dos sinais-termo da Libras.
Na figura 44, notamos a importância do suporte lexical para o termo AJUDAR. A
mudança ocorre na configuração de mão, que funciona como suporte lexical, e, na sinalização
do termo AJUDAR, o suporte lexical é obrigatório, e sua ausência gera outras interpretações e
crassos. O suporte lexical é importante para a abstração e compreensão de inúmeros
fenômenos na Libras e auxilia o falante na medida em que este passa a ser utilizado de forma
efetiva.
Na figura 45, no termo CONVERSAR, ainda não foi possível descrever a função
lexicográfica da configuração de mão estar aberta ou fechada. Mas o pesquisador Castro
Júnior (2011) classifica essas formas como variação de apoio, ou seja, esse processo é
eminentemente paramétrico na sua elaboração, e há constituição lexicográfica na organização
dos termos. A mão de apoio é sempre passiva, e a mão ativa para diversos outros termos se
183
foi possível constatar que o sinal-termo criado para ORGANISMO, que inicialmente era
sinalizado por meio da datilologia, permitiu tanto uma interpretação para o ORGANISMO
BIÓTICO, quanto para o ORGANISMO ABIÓTICO, quando na sinalização tivesse a
incorporação de alguns traços linguísticos e ou condições paramétricas que permitisse a
compreensão de seus respectivos significados. Deste modo, foi feita a seleção da base
paramétrica do termo ORGANISMO, e na figura a seguir, visualizamos a base paramétrica da
configuração de mão que foi utilizada para a criação e organização paramétrica de vários
sinais-termo na Biologia.
Deste modo, apresentamos figuras com alguns exemplos de sinais-termo que foram
criados a partir da base paramétrica da figura 46 e podem ser considerado variante-padrão, a
partir do respectivo termo pesquisado.
185
VARIANTE – 2
203
Xavier (2006, p.64), afirma que a gama de “articuladores passivos” é maior, dado
que os sinais podem ser produzidos em três regiões diferentes: sobre o corpo, sobre alguma
região da mão passiva e no espaço de sinalização, ou seja, na região em frente à cabeça e ao
torso do sinalizador.
Segundo Lidell e Johnson, na ASL, podemos encontrar 20 (vinte) áreas que
correspondem às localizações possíveis no corpo na ASL. A figura a seguir lista estas
localizações:
Figura 66 – Localizações sobre o corpo possíveis na ASL
Fonte: XAVIER, André Nogueira. Descrição Fonético-Fonológica dos Sinais da Língua Brasileira de Sinais
(Libras). Dissertação de Mestrado. 2006. 175 p.
205
expressam: i) a que distância perpendicular a mão está localizada em relação ao corpo; ii)
qual o grau de afastamento d mão em relação à linha medial do corpo e iii) em que altura a
mão se situa em relação às localizações principais que se encontram ao longo da região
central do corpo. Liddell e Johnson representam esses traços a seguir: i) proximal [p]: indica
uma loclização a poucos centímetros de uma região sobre o corpo; ii) medial [m]: indica uma
localização em frente ao corpo cuja distancia é aproximadamente equivalente à de um
cotovelo horizontalmente posicionado; iii) distal [d]: indica uma localização em frente ao
corpo cuja distancia é aproximadamente equivalente à de um braço semi-estendido e
horizontalmente posicionado; iv) estendido [e]: indica uma localização em frente ao corpo
cuja distancia é equivalente à de um braço totalmente estendido e horizontalmente
posicionado.
Na análise dos sinais-termo da disciplina História, para o registro dos sinais-termo
no léxico bilíngue desta disciplina, os estudos de Xavier (2006) e Liddell e Johnson,
contribuíram para o registro de formas distintivas que permitiu a compreensão de um
conjunto de termos para o seu efetivo registro: períodos da história e nomes dos presidentes
do Brasil A partir do estabelecimento da função do ponto de articulação enquanto condição
paramétrica foi possível pensar uma base paramétrica as quais foram escolhidas pelo grupo de
pesquisadores e esta possibilitou o registro de outros sinais-termo com a mesma organização
lexicográfica decorrente da variável de uso da condição paramétrico do ponto de articulação.
As bases paramétricas da condição de uso paramétrico do ponto de articulação, conferimos
nas figuras a seguir:
Figura 68 – Base-paramétrica – Ponto de Articulação
207
conforme veremos na sequência de figura para cada um desses sinais-termo em Libras que
foram coletados:
Fonte: COSTA, Messias Ramos. Proposta de modelo de enciclopédia visual bilíngue juvenil: enciclolibras.
2012. 151 f., il. Dissertação (Mestrado em Linguística) -Universidade de Brasília, Brasília, 2012.
Fonte: COSTA, Messias Ramos. Proposta de modelo de enciclopédia visual bilíngue juvenil: enciclolibras.
2012. 151 f., il. Dissertação (Mestrado em Linguística) -Universidade de Brasília, Brasília, 2012.
212
Fonte: COSTA, Messias Ramos. Proposta de modelo de enciclopédia visual bilíngue juvenil: enciclolibras.
2012. 151 f., il. Dissertação (Mestrado em Linguística) -Universidade de Brasília, Brasília, 2012.
Fonte: COSTA, Messias Ramos. Proposta de modelo de enciclopédia visual bilíngue juvenil: enciclolibras.
2012. 151 f., il. Dissertação (Mestrado em Linguística) -Universidade de Brasília, Brasília, 2012.
manifestar na sua língua, anseiam por interações linguísticas com as demais comunidades
surdas no Brasil. As variações lexicais atuam no nível gramatical, na perspectiva de
organização gramatical, em que os processos de interpretação-explicativa e interpretação-
argumentativa têm um papel importante.
A seguir, são registradas as variantes para os termos que foram coletados nesta
pesquisa para os seguintes termos: BEBÊ, CRIANÇA, ADOLESCENTE, ADULTO E
IDOSO.
Figura 84 – Sinal-termo – Variante – BEBÊ
VARIANTE – 1 VARIANTE - 2
FONTE: DVD – GLOSSÁRIO DE HISTÓRIA – 2014
222
O movimento neste sinal-termo ocorre tanto na mão que está configurada para
especificar um referente a ser compreendido também por outra mão que está configurada e
apresenta outro movimento que indica um conjunto de células do tipo vegetal. Deste modo, a
condição paramétrica do movimento é importante e funciona como uma condição paramétrica
lexical que ativa a compreensão do sinal-termo para célula vegetal.
225
Assim, este exemplo nos levou a uma discussão interessante em torno do fato de
que em uma língua, no caso a língua portuguesa, o termo MITO apresenta a mesma grafia
para o termo com conceitos diferentes e que podem ser lexicografado no mesmo campo
lexical em uma obra lexicográfica através de acepções em torno do termo.
No caso da língua de sinais, na Libras, este termo apresenta domínios diferentes,
conceitos diferentes, bases paramétricas diferentes, condições paramétricas diferentes que a
priori são as unidades lexicais maiores, porém não são dotadas de significados caso a análise
de suas condições fossem realizadas isoladamente, o registro lexicográfico não poderá
proceder da seguinte forma MITO (1) E MITO (2), pois entre parêntese indica de modo geral
que este termo apresenta formas variantes que não é o caso em estudo.
Outra problemática percebida na análise destes termos está relacionada ao fato de
especificar para a palavra homônima com significado diferentes, a sua propriedade entre
parêntese, por exemplo, MANGA (FRUTA) e MANGA (ROUPA), no caso do termo MITO
não há como seguir esta especificação, pois foge da regra lexicográfica em torno de termos
que apresentam características mais gerais e mais específicas e a dificuldade da interpretação
para o Surdo está justamente no seu conceito e isso acarretaria uma lacuna informacional que
gera a não compreensão lexical do termo por meio da sua densidade de registro.
Assim, os membros participantes da pesquisa selecionou o verbete para o termo
MITO, que é mostrado a seguir: MITO – s.m. Narrativa popular ou literária, que coloca em
cena seres sobrehumanos, e ações imaginárias, para as quais se faz a transposição de
acontecimentos históricos, reais ou fantasiosos (desejados), ou nas quais se projetam
determinados complexos individuais ou determinadas estruturas subjacentes das relações
familiares. Fig. Coisa fabulosa ou rara: a Fênix dos antigos é um mito. Lenda, fantasia. Fig.
Coisa que não existe na realidade.
Deste modo, podemos afirmar que realmente a compreensão da propriedade está
no sentido figurado que indica o termo MITO. Quando selecionamos o domínio de uma coisa
fabulosa ou rara, iremos utilizar a forma a seguir para sinalizar este sinal-termo:
235
E quando selecionamos o domínio do sentido figurado para coisa que não existe
na realidade, iremos selecionar o sinal-termo – MITO – DOMÍNIO – 2.
Como esta pesquisa preocupa também em oferecer contribuições por meio da
educação lexicográfica, esta discussão linguística em torno do termo MITO fez com que o
pesquisador realizasse uma pesquisa no dicionário dos autores Capovilla; Raphael (2011) para
a percepção de termos que apresentam a mesma grafia em Língua Portuguesa, porém com
formas diferentes de sinalizar, para analisar a composição das condições paramétricas.
236
Segundo Cole (1998), as expressões faciais assumem várias funções e fornecem um caminho
não só para prever o comportamento, mas também para exibir e manipular o comportamento.
A grande maioria dos estudos concentra-se nas expressões faciais emocionais (afetivas).
Deste modo, é necessário compreender de fato nos estudos da variação linguística da Libras a
condição de uso paramétrica da expressão facial e corporal.
As expressões afetivas podem ser usadas independentemente de elementos
linguísticos, uma vez que é possível traduzir emoção através do olhar, da postura, dos gestos;
ou revelar função fática e diferentes comportamentos através da entoação da voz ou das
posições do corpo. Segundo Reilly (2006, p. 266-267), “ao contrário do que ocorre com as
expressões gramaticais não-manuais nas línguas de sinais, as emocionais são variáveis quanto
à sua intensidade, e a sua duração é inconsistente". Podem co-ocorrer com a “pronúncia” ou
existir independentemente de um comportamento linguístico”. Isso nos permite concluir que
os sinais não-manuais gramaticais dependem de regras linguísticas específicas (ANATER,
2009, p.89).
Corina et. al. (1999) no seu estudo conclui que a produção normal de expressão
facial afetiva varia em intensidade crescente, diminui ao longo do discurso, e suas transições
não estabelecem limites das unidades linguísticas. Em contraste, expressões faciais
gramaticais, na ASL, dividem-se em pelo menos duas classes distintas: classe de expressões
faciais com funções sintáticas (condicionais e relativas, por exemplo), com uso de expressões
específicas; e a classe que marca sentenças adverbiais, essas expressões co-ocorrem e
modificam sinais verbais.
Outro ponto importante destacado pelo autor concentra-se no fato de que as
expressões faciais linguísticas fazem uso de músculos faciais individuais, são específicas no
âmbito e tempo, ocorrem coordenadas com as sentenças, assumem funções linguísticas
específicas e são exigidas pela gramática da língua. (PÊGO, 2013, p. 42).
São vários os estudos que confirmam tal diferença entre os marcadores faciais
linguísticos e os afetivos, em termos de recrutamento muscular, como as investigações feitas
por Baker e Padden (1978), Baker-Shenk (1983), Liddell (1977, 1980), e Reilly, Mclntire e
Bellugi (1991).
Segundo Corina et. al. (1999), além das diferenças funcionais, há pelo menos
quatro características que distinguem as expressões faciais afetivas das linguísticas, em ASL,
relacionadas ao uso diferente da musculatura facial:
1- início e fim rápidos: as expressões afetivas são inconsistentes e inconstantes em
seu início e nos padrões de deslocamento e na sua forma ápice, já as linguísticas, tais como os
241
de modo a organizar linguísticamente o escopo da ação, ou seja, ou início, meio e fim de algo
a ser relatado diretamente ou retomado no discurso. Na organização de uma história, as
expressões da face sempre revelam características emocionais ou reações específicas
diferentemente de quando relacionadas à morfologia ou à sintaxe da língua. As expressões
afetivas somadas às mudanças de direção do olhar revelam os sinais referentes ao que se está
relatando. Indicam também o papel do narrador ou de “quem está falando” quando a história é
recontada. As expressões afetivas e direcionalidade do olhar, dentro desse discurso,
delimitam, portanto, o escopo do que está sendo dito”
Para representar a variável da condição de uso da expressão facial, selecionamos o
termo MOTOR do dicionário de Capovilla; Raphael, 2001. A seguir, as figuras mostram as
variantes deste termo.
A autora Pêgo (2013) também mostra que alguns sinais-termo da Libras possuem
restrições para co-ocorrer com sinais e modulações aspectuais. Para a autora essa é a
propriedade que mais evidencia seu caráter morfológico nas produções da Libras. Os
morfemas-boca são quase sempre combinados com sinais manuais, no entanto possuem
limitações de uso, não podem ser combinados com quaisquer sinais-termo.
Começamos as análises dos sinais-termo da Libras com base nas condições
paramétricas da expressão facial, por meio de um exemplo que explica como ocorre a
percepção em torno de uma condição paramétrica da expressão corporal. Os termos que foram
selecionados são GANHAR e CONSEGUIR. As figuras a seguir mostram a sinalização destes
termos em Libras.
Figura 115 – Sinal-termo – CONSEGUIR
movimento corporal e por isso não pode utilizar uma mesma imagem conforme mostra os
verbetes extraídos de Capovilla; Raphael, 2001. Esta observação, nas gravações de vídeos
coletados pelo pesquisador, esta presente com mais frequência por usuários com mais anos de
escolaridade. A variável escolaridade nos mostra a existência de escolhas linguísticas quando
se tem mais anos de estudos, que são diferentes as escolhas feitas pelos entrevistados, mas
que estão presentes nos estudos dos sinais-termo, sendo a língua um comportamento social e
constituída pelo grupo de falantes.
Percebemos que um comportamento linguístico está associado com um
comportamento social mais geral e geralmente os falantes de Libras não sentem a necessidade
de questionar seu modo de falar, que eles consideram legítimo, quando por razões variadas, os
falantes não se sentem questionados em seu modo de sinalizar, quando consideram sua forma
de sinalizar a escolha dentro de termos que conhecem e selecionam como padrão, mas é
preciso que os falantes analisem o seu modo de sinalizar que às vezes é pouco compreendido
ou fora do contexto e ou atualizar o conjunto de vocabulários que domina, mas que tenham
em mente as propriedades que regulam os termos, os critérios que são estabelecidos e que
efetivamente compreendam o que vem a ser uma base e a condição paramétrica para que
possam praticar e divulgar a norma-padrão.
As pesquisas linguísticas possuem o objetivo de contribuir com os avanços das
teorias científicas, ampliando, complementando ou, até mesmo, fornecendo novas
perspectivas, novos “olhares”. Muitas das transformações linguísticas são resultado de
demandas sociais, culturais e históricas, exigindo, assim, revisão ou inversão de modelos
teóricos consolidados, clássicos. (PÊGO, 2013, p. 12).
Essas discussões, permitiu extensamente no decorrer do capítulo 6 apreender os
vários aspectos linguísticos que ocorre na Libras. Existe na literatura o que podemos chamar
de olhares sobre a língua, de análise de imagens da língua, de um termo, de registro do sinal-
termo, por meio de características e ou traços paramétricos que permitem determinar a norma
que podem ser partilhadas por todos ou diferenciadas segundo certas variáveis de condição de
uso e as variáveis de análise (g, faixa etária, escolaridade e tipo de entrevista) geram uma
conscientização em torno da importância de compreender a variação linguística da Libras.
Espera-se também, que seja possível compreender as influências que essas
atitudes podem ter sobre as práticas linguísticas. Mas em face da variação, temos atitudes de
rejeição ou aceitação, de substituição ou de expansão do léxico da Libras, que não têm
necessariamente, influência sobre a forma de sinalizar dos falantes, mas que todas as variantes
sejam consideradas no conjunto de léxico que podemos encontrar na língua, mas que
245
certamente têm influências sobre como o sinalizante realiza a seleção da condição paramétrica
e que pode melhorar estes aspectos, que são característicos do espectro de propriedades
linguísticas que encontramos na Libras.
O sinalizante de Libras crer que há um modo paramétrico de sinalizar a própria
língua, quando um falante que está aprendendo a Libras, este busca meios e formas de
adquirir a sinalização fluente e dentro do que se espera ao usar a língua com propriedade. As
motivações são linguísticas e sociais e se passamos pelas análises dos sinais-termo
compreendemos como ocorre a produção destes na Libras. Deste modo, podemos de fato
compreender, como as línguas variam, por que evoluem? Esta compreensão, leva em conta a
estrutura paramétrica que funcionam como poderoso fator de evolução e organização
lexicográfica. William Labov (1976, p. 190) apresenta o modo como se produz a evolução:
“Pode-se considerar que o processo de variação linguística se desenrola em três etapas. Na
origem, a mudança se reduz a uma variação, entre milhares de outras, no discurso de algumas
pessoas. Depois ela se propaga e passa a ser adotada por tantos falantes que doravante se opõe
frontalmente à antiga forma. Por fim, ela se realiza e alcança a regularidade pela eliminação
das formas rivais.
Constatamos deste modo, que as condições paramétricas à qual consagramos uma
longa discussão, de fato contribui para os estudos dos mecanismos que regulam a criação e a
sinalização dos sinais-termo na Libras nos estudos da variação linguística e aqui apresentamos
uma abordagem sociolinguística que aplica na linguística da língua de sinais, de modo a
enriquecer, isto é, renovar, a explicação e a compreensão dos estudos. Mas para que essas
explicações sejam completas e convincentes, a descrição deve levar em conta certo números
de fatores linguísticos e de fatores sociais que ao analisar os glossários das disciplinas de
biologia, história, física, matemática, português e química, apresentado no próximo capítulo
irá demandar a consagração do Núcleo de Pesquisa em Variações Regionais dos Sinais da
Libras – Varlibras em várias instituições interessadas em promover os estudos da variação
linguística em Libras. No
item seguinte apresenta-se a conclusão da pesquisa desta tese.
246
CONCLUSÃO
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ANEXO