Livro Ginastica Laboral PDF
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GINÁSTICA LABORAL:
Prerrogativa do Profissional
de Educação Física
CONFEF
Sistema CONFEF/CREFs
Conselhos Federal e Regionais de
Educação Física
2015
ORGANIZADOR
Antonio Eduardo Branco
GINÁSTICA LABORAL:
Prerrogativa do Profissional
de Educação Física
CONFEF
Sistema CONFEF/CREFs
Conselhos Federal e Regionais de
Educação Física
2015
GINÁSTICA LABORAL:
Prerrogativa do Profissional
de Educação Física
ORGANIZADOR
Antonio Eduardo Branco
Presidente da Comissão de Legislação e Normas do CONFEF
Jorge Steinhilber
Presidente CONFEF
AUTORES
Lauro Ubirajara Barboza de Aguiar
Fabiana Figueiredo
Marco Antonio Olivatto
Marcia Ferreira Cardoso Carneiro
Rony Tschoeke
Lamartine Pereira Da Costa
Direitos reservados para o CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CONFEF
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.
64p.
ISBN. 978-85-61892-07-4
1. Ginástica Laboral. 2. Educação Física. 3. Saúde. 4. Profissional de Educação Física.
5. Atividade Física.
SEDE:
APRESENTAÇÃO 7
PREFÁCIO 11
INTRODUÇÃO 13
O PROTAGONISMO BRASILEIRO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO
CONTEXTO HISTÓRICO DA GINÁSTICA LABORAL 22
CAPÍTULO 1 – DEFINIÇÕES E CONCEITOS 25
1.1 Definição de Ginástica Laboral 25
1.2 Tipos de Ginástica Laboral 26
1.2.1 Ginástica Laboral Preparatória ou de Aquecimento 26
1.2.2 Ginástica Laboral Compensatória ou de Pausa 26
1.2.3 Ginástica Laboral de Relaxamento 27
1.3 Frequência e Duração da Ginástica Laboral 27
1.4 Benefícios da Ginástica Laboral 28
1.5 Implantação do Serviço Ginástica Laboral 30
1.6 Condutas Básicas do Profissional de Educação Física na Ginástica Laboral 32
1.7 Acompanhamento de um Programa de Ginástica Laboral 34
CAPÍTULO 2 – COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES 37
2.1 Competências do Profissional de Educação Física e sua atuação nas em-
presas 37
2.2 O Profissional de Educação Física num Programa de Ginástica Laboral 37
2.3 Conhecimento e Aperfeiçoamento Permanentes 38
2.3.1 Apresentação Pessoal 38
2.3.2 Assiduidade e Pontualidade 39
2.3.3 Relacionamento Interpessoal 40
2.3.4 Método, Comunicação e Interdisciplinaridade 40
2. 4 Desenvolvimento de uma equipe de profissionais para o Programa de Ginás-
tica Laboral 41
2.4.1 Importância do Treinamento e da Capacitação dos Profissionais de Edu-
cação Física 42
CAPÍTULO 3 – LEGALIDADE 43
3.1 Atividades Físicas e Exercícios Físicos sob a Luz da Lei 9.696/1998 43
3.2 Resoluções do Conselho Federal de Educação Física – CONFEF 046/2002 e
073/2004 43
3.3 L icenciatura e Bacharelado na Formação do Profissional de Educação
Física 44
3.4 O Profissional de Educação Física como Agente de Saúde 44
3.5 Inserção mercadológica do Profissional de Educação Física 45
3.6 Exercício ilegal da Profissão e Desvio de Função - os “Multiplicadores” 46
3.7 C redenciamento de Empresas Prestadoras de Serviços em Ginástica La-
boral 47
3.7.1 Da escolha e contratação de fornecedores: sugestões de exigência docu-
mental 48
3.8 Da prestação de serviços às empresas contratantes 49
CAPÍTULO 4 – CENÁRIO ATUAL E RECOMENDAÇÕES 51
4.1 Saúde do trabalhador: uma questão multiprofissional 51
4.2 Atividade Física é fator condicionante da Saúde 52
4.3 Ganhos para as empresas e para a sociedade 52
4.4 Responsabilidade ética e o significado da profissão 53
GLOSSÁRIO 55
CONSIDERAÇÕES 56
REFERÊNCIAS 58
7
Apresentação
A presente obra tem como objetivo reforçar os estudos, dados e pesquisas que
apontam a Ginástica Laboral como o melhor recurso para reduzir lesões e doenças
osteoarticulares decorrentes do trabalho, sobretudo no que se refere à melhora da
qualidade de vida e do bem estar dos funcionários.
A obra, no entanto, centra-se não somente na questão do valor da Ginástica La-
boral - que não pode ser confundida com os outros projetos de qualidade de vida,
mas também reforça a importância da orientação do Profissional de Educação Física
para que os resultados positivos sejam alcançados.
Até o ano de 1998, quando não existia a regulamentação do Profissional de Edu-
cação Física, qualquer pessoa podia legalmente ministrar a atividade que, se mal
orientada, pode colocar em risco a integridade física, moral e social do praticante.
Com o advento da Lei 9.696/98, a sociedade passou a ter uma entidade fiscalizadora
das atividades físicas e esportivas, tendo seu direito de ser atendida no serviço de
Ginástica Laboral por profissional qualificado e habilitado.
É gratificante percebermos que a cada dia que passa a situação de pessoas
sem formação em Educação Física vem sendo revertida. A Lei 9.696/98 e as ações
contundentes do Sistema CONFEF/CREFs vêm modificando esse paradigma e esse
senso comum.
Deste modo, é perceptivo que: A sociedade já começa a exigir que as atividades
sejam dinamizadas por Profissional de Educação Física; Os empresários percebem a
melhora na prestação de serviços e já não contratam qualquer diletante, selecionan-
do apenas Profissionais de Educação Física; Os órgãos públicos propõem Políticas
Públicas com Profissionais de Educação Física, contratando os habilitados e exigindo
nos editais a apresentação da Cédula de Identidade Profissional; O Legislativo e o Ju-
diciário começam a compreender a significância do Profissional de Educação Física.
8 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Através desta obra fica evidente a relevância da Ginástica Laboral para prevenção
e redução de lesões e distúrbios osteomioarticulares verificados em funcionários de
diversas ocupações profissionais, bem como a comprovação de que o único profis-
sional da área da saúde capacitado, qualificado e habilitado a conduzir projetos e
programas de Ginástica Laboral é o Profissional de Educação Física.
Parabenizo os autores pelos capítulos e pelas orientações aos leitores.
Boa leitura!
Jorge Steinhilber
Prefácio
Introdução
Por Lamartine Pereira da Costa
Marcos históricos
cidos Bangu (RJ) que, a partir de 1901, incorporou um campo de futebol ao seu
espaço produtivo. Nessa iniciativa, engenheiros ingleses e operários brasileiros
disputavam partidas do esporte recém-chegado no país, conforme comprovação
iconográfica anexada ao referido “Atlas” (p. 882). Como a oferta de atividades físi-
cas em locais de trabalho repetiram desde então o exemplo da Fábrica Bangu em
regiões distintas do país, há uma tradição de mais de um século que dá significado
inicial à GL na versão brasileira.
Seguindo-se, todavia, o critério historiográfico, constata-se que as primeiras
fábricas têxteis e de metalurgia do Vale do Itajaí, em Santa Catarina (eixo Blu-
menau-Joinvile) promoveram a criação de clubes de empregados no início do
século XX na tradição dos imigrantes alemães da região, que praticavam tiro ao
alvo, ginástica de aparelhos e bolão (esporte de pista de madeira com lança-
mento de esferas para derrubar pinos). Um exemplo desta promoção foi consti-
tuído pela “Sociedade de Atiradores de Bela Aliança”, criada por Willy Hering em
1906, da família fundadora da fábrica Trikotwaren Fabrik Gerbruder Hering, em
Blumenau. Neste caso, como nos demais das indústrias da região, a intervenção
das empresas era indireta, pois apoiavam financeiramente os clubes que eram
liderados pelos próprios operários (ver “Declaração de Blumenau” páginas 11-12
de “Esporte e Lazer na Empresa”).
Menos divulgados mas também documentados no “Esporte e Lazer na Empre-
sa” (1990) e no Atlas de 2005 são os casos de pioneirismo do esporte de trabalha-
dores e empresas, ocorridos também no início do século XX em várias cidades do
interior de São Paulo, durante a construção de estradas de ferro, e no cluster de
indústrias têxteis de São Luiz, no Maranhão. Tais circunstâncias foram discutidas
com Gertrud Pfisterer (comunicação pessoal, 2001), historiadora do esporte, pes-
quisadora da Frei Universität Berlin, que então entendeu que o Brasil era um dos
países pioneiros na promoção do esporte e lazer por meio de empresas. A ressalva
feita por Pfisterer, contudo, incidiu na interpretação de que as empresas pioneiras
aparentemente estariam visando à criação de vínculos com seus empregados num
sentido comunitário e não de desenvolvimento físico e psíquico de seus colabo-
radores, como só acontece com propostas esportivas atuais. Entretanto, no Brasil
das primeiras décadas do século XX, a expansão do esporte nas empresas coincide
com o movimento operário sindicalizado, quer por iniciativa de empregados ou de
patrões, sendo esta última versão apontada por alguns teóricos como paliativo ao
conflito de classes.
15
Linha do tempo
Válida ou não a interpretação marxista, pode-se adotar uma linha de tempo para
situar em condições básicas a geração e expansão das atividades físicas nas empre-
sas brasileiras, seguindo-se as três fontes citadas:
Anos de 1900 - Experiências isoladas, com predominância do modelo inglês de
equipes de operários a exemplo de Bangu no Rio de Janeiro em 1901, como em Jun-
diaí e Paranapiacaba em São Paulo (1903), que mobilizou ferroviários da São Paulo
Railway, tendo o futebol como novidade de prática esportiva. Em 1909, criou-se em
Rio Claro (SP) o Rio Claro Futebol Clube, tendo como antecedente o Grêmio Recreati-
vo dos Empregados da Cia Paulista de Estradas de Ferro, fundado em 1896. Este im-
pulso de expansão esportiva com clubes de ferroviários atingiu no mesmo período
– primeira década do século XX – cidades do interior de São Paulo, tais como Piraci-
caba, Araraquara, Bauru, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.
Anos de 1910 - Fora do eixo principal de industrialização do país, surgiram inicia-
tivas de clubes esportivo-recreativos de trabalhadores na área de colonização ger-
mânica de Santa Catarina, abrangendo ginástica de aparelhos, bolão e tiro ao alvo,
como também em São Luiz do Maranhão (Vaz, p. 51 do Atlas), onde a fábrica de teci-
dos de Nhozinho Santos incluía um clube já em 1907, denominado de FAC, destinado
aos seus operários (futebol, atletismo, cricket e crockt).
Anos de 1920 - Em 1926 é proposta a Lei das Férias, resultando entre várias reper-
cussões nos meios operários na criação de clubes ligados a grupos profissionais e
empresas adjetivadas como “classistas” (denominação corrente à época), destacan-
do-se a Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), em Belém e no Rio de Janeiro.
A rede das AABBs teve início em 1928 e hoje abrange todas as regiões do país, sendo
considerada a maior rede de clubes do mundo (total de 1.200 clubes na década de
1990 – Atlas, p.102 -106). Em termos de periodização histórica das relações de traba-
lho no país, a década em foco caracterizou-se por movimentos em prol da criação de
sindicatos, sobretudo nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, regiões centrais
da industrialização nacional.
Anos de 1930 - Nesta década consolidam-se as iniciativas esporte-empresa no
Brasil, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, refletindo um certo cunho as-
sistencialista e corporativista típico da época (Ditadura Vargas). Os ideais higienistas
em voga nesse período fundamentaram a preocupação com a saúde física do traba-
lhador e da sua família. As empresas começam a intervir mais diretamente na criação
16 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
de Associações Desportivas Classistas, como Light & Power (1930) e Caloi (1933). Em
1937, Nicanor Miranda abre “Clubes de Menores Operários” em São Paulo. O Decreto-
-lei n° 1.713 de 1939, ao dispor sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos da União,
cria centros de Educação Física voltados ao tempo livre do funcionário e família, mas
ainda com pouca efetivação prática nos anos seguintes.
Anos de 1940 - O Decreto-lei n.º 3.199 de 14 de abril de 1941 regulamenta o es-
porte em geral no Brasil e nele o esporte do trabalhador, confirmando o modelo
de clubes mantidos pelas empresas. No dia 10 de novembro de 1943, a Consolida-
ção das Leis de Trabalho entra em vigor, fixando a jornada em oito horas diárias e
universalizando a lei de férias e o descanso semanal. Nesse mesmo ano, o Serviço
de Recreação Operária é criado no Rio de Janeiro (RJ) pelo Ministério do Trabalho.
Também visando à “paz social” – expressão usada nos documentos de fundação – no
pós-guerra (1946), são criados pelas respectivas confederações patronais, o Servi-
ço Social do Comércio (SESC) e Serviço Social da Indústria (SESI), instituições líderes
na oferta de práticas esportivas e de lazer ativo para trabalhadores assalariados. Em
1947, o SESI realiza a primeira edição dos Jogos Operários, contando com três moda-
lidades: futebol, basquetebol e voleibol, reunindo 2.500 participantes. Nesta déca-
da aparecem os primeiros textos sobre esportes praticados em empresas na revista
“Educação Physica”, publicada pela Escola de Educação Física do Exército, sediada
no Rio de Janeiro.
Décadas 1950 e 1960 - A Ginástica Laboral emerge com maior atenção nos
meios profissionais e acadêmicos internacionais a partir de experiências advindas
principalmente da extinta URSS, Polônia, Japão e Estados Unidos. Em função de
novo surto de industrialização no país à época e, consequentemente, com expan-
são da empregabilidade, incluindo ênfase nos Recursos Humanos, acontece uma
maior atenção nas atividades físicas em âmbito de empresas. Inezil P. Marinho, pro-
fessor catedrático da então denominada Escola Nacional de Educação Física da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, publica em 1958 artigo de opinião sobre
os benefícios da ginástica e do esporte para trabalhadores, sinalizando crescente
interesse acadêmico neste tema.
Anos de 1970 - O movimento Esporte Para Todos (EPT) estimula o esporte não
formal, ampliando a abrangência do esporte no ambiente de trabalho. Entre 1973 e
1981, os especialistas brasileiros Kolling e Schimitz coordenam estudos na Instituição
de Ensino Superior FEEVALE de Novo Hamburgo (RS) sobre os efeitos e metodologia
da Ginástica Laboral. Kolling, em especial, fez várias pesquisas de interior de fábrica
17
Estágio atual
Definições básicas
Rumo ao multiprofissionalismo
É nesta linha que se insere o presente livro, a partir de seu próprio título de pu-
blicação. Portanto o posicionamento do Profissional de Educação Física no tema do
centenário esporte-empresa e na GL dele decorrente não se trata de status quo nor-
mativo – típico dos conselhos profissionais – mas sobretudo de um imperativo de
inclusão profissional com fundamentos históricos, científicos e educacionais.
Note-se por significativo que já na Antiga Grécia de dois mil anos passados a fi-
gura do paidotribo – educador e treinador físico de adolescentes e jovens – já atuava
como precursor dos atuais Profissionais de Educação Física, orientando seus segui-
dores para uma vida saudável, ao passo que os médicos gregos cuidavam das doen-
ças de eventuais cidadãos desprotegidos. Modus in rebus, hoje a relação educador
físico – médico ainda sobrevive constituindo uma das mais antigas tradições da civi-
lização ocidental.
Em conclusão, almejo que a presente argumentação histórica e educacional pre-
valeça como válida ao enfatizar a complementariedade do médico – ou do fisiote-
rapeuta e outros profissionais correlatos da área de saúde – com o Profissional de
Educação Física. Afinal há um fato cultural que sobrevive há dois mil anos e dá legiti-
midade ao multiprofissionalismo tão enaltecido e pretendido nos tempos presentes
da saúde e da educação.
22 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CAPÍTULO 1
Definições e conceitos
duração das aulas, estas geralmente têm de cinco a quinze minutos, dependendo
da negociação com a empresa contratante, bem como de suas possibilidades (Fi-
gueiredo, 2007).
A escolha da frequência da realização da série dependerá dos objetivos traçados
pelo profissional juntamente com a empresa, o que por sua vez estará diretamente
relacionado aos benefícios que poderão advir dessa prática. Em outras palavras: eles
são interdependentes (Maciel, 2010).
1.4 Benefícios da GL
Embora a modernidade tenha trazido grandes avanços tecnológicos, a busca
constante e incessante por maior produtividade trouxe também fortes pressões para
o contexto do trabalho, gerando muitas vezes desgastes físicos, mentais e emocio-
nais, que, consequentemente, conduzem a um desequilíbrio.
Assim, não raro se faz necessário “promover um equilíbrio” no ambiente de
trabalho. Quando se implanta um Programa de GL numa empresa, envolve-se a
coletividade, o que propicia, além dos benefícios físicos em si (respiração, alon-
gamento muscular, melhor oxigenação e circulação sanguínea), momentos de
descontração, e um desligamento momentâneo dos problemas do trabalho. É
uma pausa em que, apesar dos cargos exercidos, “todos são iguais”: seres huma-
nos em busca de bem-estar, saúde e qualidade de vida no trabalho (Figueiredo;
Mont’alvão, 2008).
O Programa de Ginástica Laboral (PGL) tem como estratégia interferir so-
bre a saúde do trabalhador por meio da orientação de informações sobre
saúde, que devem acontecer diariamente, durante a aula de GL, incentivando
sempre a mudança do comportamento do mesmo em relação aos seus hábi-
tos (PEREIRA, 2013a).
Conforme o CREF3/SC (2013), a GL favorece a mudança da rotina ocupacional;
desenvolve a consciência corporal; melhora a postura; diminui a tensão muscu-
lar desnecessária; melhora a mobilidade e a flexibilidade; melhora a qualidade
dos movimentos executados durante o trabalho; contribui para o melhor re-
lacionamento entre colegas; reforça a autoestima; melhora a concentração no
trabalho.
Para Lima, Aquilas e Ferreira Jr. (2009), a prática da GL possibilita melhoria na
flexibilidade e mobilidade articular; na postura corporal; na disposição e no âni-
mo para o trabalho; autoconhecimento do corpo e coordenação motora; socia-
29
bilização entre colegas e superiores. Ainda reduz tensão e fadiga muscular; além
de contribuir para a queda dos índices de absenteísmo e procura ambulatorial.
De acordo com o CREF9/PR (2014), além dos benefícios citados, há ainda: a
minimização dos vícios posturais e a prevenção da fadiga muscular (aumento
do relaxamento muscular). Para as empresas, a GL contribui com a redução
do absenteísmo por doenças; diminuição do uso do sistema de saúde; redu-
ção de perdas por presenteísmo e também pode contribuir na diminuição
do turnover.
Conforme Maciel (2010), o objetivo geral/principal da GL é a preparação ou com-
pensação dos aspectos biopsicossociais do trabalhador, sendo que os objetivos se-
cundário/específicos estão vinculados à cada modalidade de ginástica adotada (pre-
paratória, compensatória, relaxamento).
Estes objetivos e/ou benefícios poderão visar:
1) Prevenção e/ou compensação do desgaste ocupacional proporcionado:
1.a) pelas posturas incorretas e/ou cansativas;
1.b) pelos movimentos com ou sem repetitividade e uso de força;
1.c) pelo aumento da tensão física e/ou psicológica;
2) Melhoria do clima organizacional - relacionamentos interpessoais;
3) Redução dos acidentes de trabalho;
4) Redução das doenças ocupacionais osteomusculoligamentares;
5) Aumento da produtividade;
6) Mudança de comportamento – adoção de um estilo de vida saudável.
Entretanto, para que os benefícios sejam alcançados, os princípios metodológi-
cos do PGL precisam ser respeitados incluindo a seleção dos conteúdos e prescrição
dos exercícios que devem considerar a intensidade, a duração, a frequência, o volu-
me, a evolução, a motivação, a satisfação, a segurança e a preservação da integrida-
de do trabalhador, assegurando a eficiência do PGL (Pereira, 2013a).
Certamente o Programa de GL é uma grande “porta de entrada” para outros
temas que visem à promoção de saúde e à qualidade de vida nas empresas,
onde começam a se destacar as questões relacionadas à Educação em Saúde
como preponderantes.
30 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CAPÍTULO 2
Competências e responsabilidades
2.1 C
ompetências do Profissional de Educação Física e sua atuação
nas empresas
O Profissional de Educação Física conquistou e vem conquistando cada vez mais
seu espaço na sociedade. Sua atuação dentro das organizações destaca-se pela ca-
pacidade de promover ações e programas de qualidade de vida e bem-estar, uma
vez que os trabalhadores estão sendo acometidos pelas doenças ocupacionais com
mais frequência, sendo fundamental uma intervenção profissional preventiva e de
promoção de saúde.
Para poder atuar na área empresarial, o Profissional de Educação Física deve estar
preparado para colocar em prática os conhecimentos específicos sobre o corpo hu-
mano, adquiridos ao longo de sua formação, tais como anatomia humana, fisiologia
do esforço, cinesiologia, biomecânica, além de disciplinas que tratam da metodo-
logia e da didática para montagem e planejamento de aulas. Este profissional deve
conduzir suas práticas com criatividade, motivação, carisma, capacidade de comuni-
cação e com um olhar técnico, didático e metodológico.
Esse composto de características e de conhecimentos torna-o um profissional
capaz e sensível para com o próximo, condição necessária para atuar em empresas
onde os trabalhadores, muitas vezes, depositam expectativas nessa relação agrega-
dora de valor, baseada numa intervenção profissional ética, garantindo à sociedade
uma prática segura.
2.2 O Profissional de Educação Física num Programa de
Ginástica Laboral
Para que o Profissional de Educação Física possa atuar com qualidade e em ní-
veis de excelência dentro de uma empresa contratante de GL, não basta atender às
questões de formação acadêmica e de habilitação legal. É necessária a atualização
permanente e aprimoramento dos seus conhecimentos, com aplicação prática de
acordo com os mercados de trabalho dos mais diversos segmentos laborais do país.
Cabe destacar que os ambientes corporativos são diferentes de certos ambientes
comuns à área de atuação do Profissional de Educação Física, como academias, clu-
bes, estúdios e locais específicos para a prática de exercícios físicos orientados. Deste
38 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
(ex.: o uso de uma bermuda de ginástica ou uma camiseta regata são inadmissí-
veis em um ambiente corporativo). Deve ser utilizada uma vestimenta adequa-
da e discreta, que sem dúvida contribuirá para o bom desempenho do trabalho.
Algumas orientações adicionais:
I. conhecer a cultura da empresa, o ambiente de trabalho e o que se espera em
termos de vestimenta e aparência;
II. excesso de maquiagem e acessórios podem comprometer a imagem profis-
sional. O ambiente corporativo, em geral, requer mais discrição;
III. ser discreto ao vestir-se e nas atitudes, zelando por uma impressão positiva;
IV. administrar o tom e a velocidade da fala, fazer pausas, adequar o volume ao
ambiente e ao(s) interlocutor(es) presentes na sessão, observando e desen-
volvendo a prática da boa dicção;
V. ler, estudar e buscar informações sobre apresentação pessoal pode ser um
grande diferencial.
2.3.2 Assiduidade e Pontualidade
A regularidade com que o Profissional de Educação Física comparecerá na
empresa para dinamizar as atividades é considerada um item imprescindível
para o sucesso de um Programa de GL, uma vez que refletirá na confiança e na
continuidade do programa. Além disso, a pontualidade representa a segurança
de que todas as turmas serão atendidas dentro dos horários estabelecidos, evi-
tando atrasos no retorno à produção e ao trabalho.
O Profissional de Educação Física estará atento a:
planejar antecipadamente as atividades que desenvolverá na empresa;
CAPÍTULO 3
Legalidade
CAPÍTULO 4
Cenário atual e recomendações
Glossário
Presenteísmo: termo usado para identificar o colaborador que está presente no seu lo-
cal de trabalho, porém não tem a produtividade esperada devido a inúmeros fatores que
interferem em seu rendimento, como insatisfação, desconfortos, dores, eventuais proble-
mas de saúde. Está ali simplesmente por medo de perder o seu emprego ou por obrigação.
Turnover: indica a rotatividade dos colaboradores dentro de uma empresa, aferida pela
média de pessoal que se mantém fixo na companhia em comparação com os que saem da
empresa.
56 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Considerações
Hoje pode-se afirmar que a gestão e a promoção de saúde numa empresa devem
ir além de apenas cuidar dos chamados “grupos de risco”. Ou seja, o ideal não é so-
mente concentrar os esforços em mapear os doentes crônicos e assistir apenas a esse
grupo, esquecendo-se do restante da força de trabalho que se encontra saudável.
Deve-se zelar por todos os colaboradores.
Pesquisas sobre qualidade de vida demonstram que em torno de 10% da popu-
lação saudável das companhias no mundo todo acaba migrando anualmente para
o grupo de alto risco – quando não monitoradas e trabalhadas de maneira regular,
preventiva e coerente. Evoca-se a necessidade de ações com esse enfoque.
A Ginástica Laboral tem papel preponderante entre os programas de qualidade
de vida que buscam conseguir prevenir doenças, bem como promover a saúde e o
bem-estar em várias frentes. Mas destaca-se que estes programas podem buscar
sempre uma maior amplitude de ações e que possam envolver inclusive outras áreas
de atuação, como por exemplo: a Ergonomia do Trabalho.
Um programa mais abrangente de qualidade de vida pode buscar atender seus
clientes com foco ampliado em áreas como promoção de saúde, esporte, lazer e
tempo livre, cultura e entretenimento, alimentação saudável, combate ao stress
do dia a dia e apoio psicológico, podendo estas ações estenderem-se também aos
familiares dos colaboradores como forma de ampliar o atendimento realizado den-
tro da empresa. O foco deve estar cada vez mais centrado no estilo de vida das
pessoas, capacitando e oferecendo possibilidades efetivas de mudança de com-
portamento sustentáveis.
Programas de Qualidade de Vida necessitam de uma estrutura bem definida, por
meio de pilares conceituais que possam nortear suas ações, amparados por uma
boa estratégia de comunicação, alinhamento direto com as lideranças das empre-
sas, bem como na geração de valores e resultados, definidos a partir de análises e
pesquisas iniciais para conhecer as necessidades e características de cada empresa.
Somente com a realização regular desses diagnósticos específicos e as es-
peradas reavaliações trimestrais, semestrais ou anuais, aliado a adequados planeja-
mentos, trabalho regular e contínuo, comprometimento, ética e respeito, pode-se
atingir os objetivos propostos pela Ginástica Laboral e contribuir com a saúde dos
trabalhadores e a conquista dos resultados dentro das empresas.
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Referências
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ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed , 1998.
Conselho Federal de Educação Física
Presidente
Jorge Steinhilber
1º Vice-Presidente
João Batista Andreotti Gomes Tojal
2º Vice Presidente
Marino Tessari
1º Secretário
Almir Adolfo Gruhn
2º Secretário
Iguatemy Maria de Lucena Martins
1º Tesoureiro
Sérgio Kudsi Sartori
2º Tesoureiro
Marcelo Ferreira Miranda
Conselheiros
Angelo Luis de Souza Vargas
Antônio Ricardo Catunda de Oliveira
Carlos Alberto Camilo Nacimento
Carlos Alberto Oliveira Garcia
Emerson Silami Garcia
Georgios Stylianos Hatzidakis
Janine Aparecida Viniski
Jeane Arlete Marques Cazelato
Lúcio Rogério Gomes dos Santos
Luisa Parente Ribeiro Rodrigues de Carvalho
Márcia Regina Aversani Lourenço
Roberto Jorge Saad
Sebastião Gobbi
Solange Guerra Bueno
Teófilo Jacir de Faria
Tharcisio Anchieta da Silva
Valéria Sales dos Santos E Silva
Wagner Domingos Fernandes Gomes
Elisabete Laurindo
Sedes dos Conselhos Regionais
de Educação Física
Sistema CONFEF/CREFs
Conselhos Federal e Regionais de
Educação Física
GINÁSTICA LABORAL:
Prerrogativa do Profissional
de Educação Física
ORGANIZADOR
Antonio Eduardo Branco
Presidente da Comissão de Legislação e Normas do CONFEF
Jorge Steinhilber
Presidente CONFEF
AUTORES
Lauro Ubirajara Barboza de Aguiar
Fabiana Figueiredo
Marco Antonio Olivatto
Marcia Ferreira Cardoso Carneiro
Rony Tschoeke
Lamartine Pereira Da Costa
Direitos reservados para o CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CONFEF
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.
64p.
ISBN. 978-85-61892-07-4
1. Ginástica Laboral. 2. Educação Física. 3. Saúde. 4. Profissional de Educação Física.
5. Atividade Física.
SEDE:
APRESENTAÇÃO 7
PREFÁCIO 11
INTRODUÇÃO 13
O PROTAGONISMO BRASILEIRO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO
CONTEXTO HISTÓRICO DA GINÁSTICA LABORAL 22
CAPÍTULO 1 – DEFINIÇÕES E CONCEITOS 25
1.1 Definição de Ginástica Laboral 25
1.2 Tipos de Ginástica Laboral 26
1.2.1 Ginástica Laboral Preparatória ou de Aquecimento 26
1.2.2 Ginástica Laboral Compensatória ou de Pausa 26
1.2.3 Ginástica Laboral de Relaxamento 27
1.3 Frequência e Duração da Ginástica Laboral 27
1.4 Benefícios da Ginástica Laboral 28
1.5 Implantação do Serviço Ginástica Laboral 30
1.6 Condutas Básicas do Profissional de Educação Física na Ginástica Laboral 32
1.7 Acompanhamento de um Programa de Ginástica Laboral 34
CAPÍTULO 2 – COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES 37
2.1 Competências do Profissional de Educação Física e sua atuação nas em-
presas 37
2.2 O Profissional de Educação Física num Programa de Ginástica Laboral 37
2.3 Conhecimento e Aperfeiçoamento Permanentes 38
2.3.1 Apresentação Pessoal 38
2.3.2 Assiduidade e Pontualidade 39
2.3.3 Relacionamento Interpessoal 40
2.3.4 Método, Comunicação e Interdisciplinaridade 40
2. 4 Desenvolvimento de uma equipe de profissionais para o Programa de Ginás-
tica Laboral 41
2.4.1 Importância do Treinamento e da Capacitação dos Profissionais de Edu-
cação Física 42
CAPÍTULO 3 – LEGALIDADE 43
3.1 Atividades Físicas e Exercícios Físicos sob a Luz da Lei 9.696/1998 43
3.2 Resoluções do Conselho Federal de Educação Física – CONFEF 046/2002 e
073/2004 43
3.3 Licenciatura e Bacharelado na Formação do Profissional de Educação
Física 44
3.4 O Profissional de Educação Física como Agente de Saúde 44
3.5 Inserção mercadológica do Profissional de Educação Física 45
3.6 Exercício ilegal da Profissão e Desvio de Função - os “Multiplicadores” 46
3.7 Credenciamento de Empresas Prestadoras de Serviços em Ginástica La-
boral 47
3.7.1 Da escolha e contratação de fornecedores: sugestões de exigência docu-
mental 48
3.8 Da prestação de serviços às empresas contratantes 49
CAPÍTULO 4 – CENÁRIO ATUAL E RECOMENDAÇÕES 51
4.1 Saúde do trabalhador: uma questão multiprofissional 51
4.2 Atividade Física é fator condicionante da Saúde 52
4.3 Ganhos para as empresas e para a sociedade 52
4.4 Responsabilidade ética e o significado da profissão 53
GLOSSÁRIO 55
CONSIDERAÇÕES 56
REFERÊNCIAS 58
7
Apresentação
A presente obra tem como objetivo reforçar os estudos, dados e pesquisas que
apontam a Ginástica Laboral como o melhor recurso para reduzir lesões e doenças
osteoarticulares decorrentes do trabalho, sobretudo no que se refere à melhora da
qualidade de vida e do bem estar dos funcionários.
A obra, no entanto, centra-se não somente na questão do valor da Ginástica La-
boral - que não pode ser confundida com os outros projetos de qualidade de vida,
mas também reforça a importância da orientação do Profissional de Educação Física
para que os resultados positivos sejam alcançados.
Até o ano de 1998, quando não existia a regulamentação do Profissional de Edu-
cação Física, qualquer pessoa podia legalmente ministrar a atividade que, se mal
orientada, pode colocar em risco a integridade física, moral e social do praticante.
Com o advento da Lei 9.696/98, a sociedade passou a ter uma entidade fiscalizadora
das atividades físicas e esportivas, tendo seu direito de ser atendida no serviço de
Ginástica Laboral por profissional qualificado e habilitado.
É gratificante percebermos que a cada dia que passa a situação de pessoas
sem formação em Educação Física vem sendo revertida. A Lei 9.696/98 e as ações
contundentes do Sistema CONFEF/CREFs vêm modificando esse paradigma e esse
senso comum.
Deste modo, é perceptivo que: A sociedade já começa a exigir que as atividades
sejam dinamizadas por Profissional de Educação Física; Os empresários percebem a
melhora na prestação de serviços e já não contratam qualquer diletante, selecionan-
do apenas Profissionais de Educação Física; Os órgãos públicos propõem Políticas
Públicas com Profissionais de Educação Física, contratando os habilitados e exigindo
nos editais a apresentação da Cédula de Identidade Profissional; O Legislativo e o Ju-
diciário começam a compreender a significância do Profissional de Educação Física.
8 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Através desta obra fica evidente a relevância da Ginástica Laboral para prevenção
e redução de lesões e distúrbios osteomioarticulares verificados em funcionários de
diversas ocupações profissionais, bem como a comprovação de que o único profis-
sional da área da saúde capacitado, qualificado e habilitado a conduzir projetos e
programas de Ginástica Laboral é o Profissional de Educação Física.
Parabenizo os autores pelos capítulos e pelas orientações aos leitores.
Boa leitura!
Jorge Steinhilber
Prefácio
Introdução
Por Lamartine Pereira da Costa
Marcos históricos
cidos Bangu (RJ) que, a partir de 1901, incorporou um campo de futebol ao seu
espaço produtivo. Nessa iniciativa, engenheiros ingleses e operários brasileiros
disputavam partidas do esporte recém-chegado no país, conforme comprovação
iconográfica anexada ao referido “Atlas” (p. 882). Como a oferta de atividades físi-
cas em locais de trabalho repetiram desde então o exemplo da Fábrica Bangu em
regiões distintas do país, há uma tradição de mais de um século que dá significado
inicial à GL na versão brasileira.
Seguindo-se, todavia, o critério historiográfico, constata-se que as primeiras
fábricas têxteis e de metalurgia do Vale do Itajaí, em Santa Catarina (eixo Blu-
menau-Joinvile) promoveram a criação de clubes de empregados no início do
século XX na tradição dos imigrantes alemães da região, que praticavam tiro ao
alvo, ginástica de aparelhos e bolão (esporte de pista de madeira com lança-
mento de esferas para derrubar pinos). Um exemplo desta promoção foi consti-
tuído pela “Sociedade de Atiradores de Bela Aliança”, criada por Willy Hering em
1906, da família fundadora da fábrica Trikotwaren Fabrik Gerbruder Hering, em
Blumenau. Neste caso, como nos demais das indústrias da região, a intervenção
das empresas era indireta, pois apoiavam financeiramente os clubes que eram
liderados pelos próprios operários (ver “Declaração de Blumenau” páginas 11-12
de “Esporte e Lazer na Empresa”).
Menos divulgados mas também documentados no “Esporte e Lazer na Empre-
sa” (1990) e no Atlas de 2005 são os casos de pioneirismo do esporte de trabalha-
dores e empresas, ocorridos também no início do século XX em várias cidades do
interior de São Paulo, durante a construção de estradas de ferro, e no cluster de
indústrias têxteis de São Luiz, no Maranhão. Tais circunstâncias foram discutidas
com Gertrud Pfisterer (comunicação pessoal, 2001), historiadora do esporte, pes-
quisadora da Frei Universität Berlin, que então entendeu que o Brasil era um dos
países pioneiros na promoção do esporte e lazer por meio de empresas. A ressalva
feita por Pfisterer, contudo, incidiu na interpretação de que as empresas pioneiras
aparentemente estariam visando à criação de vínculos com seus empregados num
sentido comunitário e não de desenvolvimento físico e psíquico de seus colabo-
radores, como só acontece com propostas esportivas atuais. Entretanto, no Brasil
das primeiras décadas do século XX, a expansão do esporte nas empresas coincide
com o movimento operário sindicalizado, quer por iniciativa de empregados ou de
patrões, sendo esta última versão apontada por alguns teóricos como paliativo ao
conflito de classes.
15
Linha do tempo
Válida ou não a interpretação marxista, pode-se adotar uma linha de tempo para
situar em condições básicas a geração e expansão das atividades físicas nas empre-
sas brasileiras, seguindo-se as três fontes citadas:
Anos de 1900 - Experiências isoladas, com predominância do modelo inglês de
equipes de operários a exemplo de Bangu no Rio de Janeiro em 1901, como em Jun-
diaí e Paranapiacaba em São Paulo (1903), que mobilizou ferroviários da São Paulo
Railway, tendo o futebol como novidade de prática esportiva. Em 1909, criou-se em
Rio Claro (SP) o Rio Claro Futebol Clube, tendo como antecedente o Grêmio Recreati-
vo dos Empregados da Cia Paulista de Estradas de Ferro, fundado em 1896. Este im-
pulso de expansão esportiva com clubes de ferroviários atingiu no mesmo período
– primeira década do século XX – cidades do interior de São Paulo, tais como Piraci-
caba, Araraquara, Bauru, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.
Anos de 1910 - Fora do eixo principal de industrialização do país, surgiram inicia-
tivas de clubes esportivo-recreativos de trabalhadores na área de colonização ger-
mânica de Santa Catarina, abrangendo ginástica de aparelhos, bolão e tiro ao alvo,
como também em São Luiz do Maranhão (Vaz, p. 51 do Atlas), onde a fábrica de teci-
dos de Nhozinho Santos incluía um clube já em 1907, denominado de FAC, destinado
aos seus operários (futebol, atletismo, cricket e crockt).
Anos de 1920 - Em 1926 é proposta a Lei das Férias, resultando entre várias reper-
cussões nos meios operários na criação de clubes ligados a grupos profissionais e
empresas adjetivadas como “classistas” (denominação corrente à época), destacan-
do-se a Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), em Belém e no Rio de Janeiro.
A rede das AABBs teve início em 1928 e hoje abrange todas as regiões do país, sendo
considerada a maior rede de clubes do mundo (total de 1.200 clubes na década de
1990 – Atlas, p.102 -106). Em termos de periodização histórica das relações de traba-
lho no país, a década em foco caracterizou-se por movimentos em prol da criação de
sindicatos, sobretudo nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, regiões centrais
da industrialização nacional.
Anos de 1930 - Nesta década consolidam-se as iniciativas esporte-empresa no
Brasil, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, refletindo um certo cunho as-
sistencialista e corporativista típico da época (Ditadura Vargas). Os ideais higienistas
em voga nesse período fundamentaram a preocupação com a saúde física do traba-
lhador e da sua família. As empresas começam a intervir mais diretamente na criação
16 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
de Associações Desportivas Classistas, como Light & Power (1930) e Caloi (1933). Em
1937, Nicanor Miranda abre “Clubes de Menores Operários” em São Paulo. O Decreto-
-lei n° 1.713 de 1939, ao dispor sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos da União,
cria centros de Educação Física voltados ao tempo livre do funcionário e família, mas
ainda com pouca efetivação prática nos anos seguintes.
Anos de 1940 - O Decreto-lei n.º 3.199 de 14 de abril de 1941 regulamenta o es-
porte em geral no Brasil e nele o esporte do trabalhador, confirmando o modelo
de clubes mantidos pelas empresas. No dia 10 de novembro de 1943, a Consolida-
ção das Leis de Trabalho entra em vigor, fixando a jornada em oito horas diárias e
universalizando a lei de férias e o descanso semanal. Nesse mesmo ano, o Serviço
de Recreação Operária é criado no Rio de Janeiro (RJ) pelo Ministério do Trabalho.
Também visando à “paz social” – expressão usada nos documentos de fundação – no
pós-guerra (1946), são criados pelas respectivas confederações patronais, o Servi-
ço Social do Comércio (SESC) e Serviço Social da Indústria (SESI), instituições líderes
na oferta de práticas esportivas e de lazer ativo para trabalhadores assalariados. Em
1947, o SESI realiza a primeira edição dos Jogos Operários, contando com três moda-
lidades: futebol, basquetebol e voleibol, reunindo 2.500 participantes. Nesta déca-
da aparecem os primeiros textos sobre esportes praticados em empresas na revista
“Educação Physica”, publicada pela Escola de Educação Física do Exército, sediada
no Rio de Janeiro.
Décadas 1950 e 1960 - A Ginástica Laboral emerge com maior atenção nos
meios profissionais e acadêmicos internacionais a partir de experiências advindas
principalmente da extinta URSS, Polônia, Japão e Estados Unidos. Em função de
novo surto de industrialização no país à época e, consequentemente, com expan-
são da empregabilidade, incluindo ênfase nos Recursos Humanos, acontece uma
maior atenção nas atividades físicas em âmbito de empresas. Inezil P. Marinho, pro-
fessor catedrático da então denominada Escola Nacional de Educação Física da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, publica em 1958 artigo de opinião sobre
os benefícios da ginástica e do esporte para trabalhadores, sinalizando crescente
interesse acadêmico neste tema.
Anos de 1970 - O movimento Esporte Para Todos (EPT) estimula o esporte não
formal, ampliando a abrangência do esporte no ambiente de trabalho. Entre 1973 e
1981, os especialistas brasileiros Kolling e Schimitz coordenam estudos na Instituição
de Ensino Superior FEEVALE de Novo Hamburgo (RS) sobre os efeitos e metodologia
da Ginástica Laboral. Kolling, em especial, fez várias pesquisas de interior de fábrica
17
Estágio atual
Definições básicas
Rumo ao multiprofissionalismo
É nesta linha que se insere o presente livro, a partir de seu próprio título de pu-
blicação. Portanto o posicionamento do Profissional de Educação Física no tema do
centenário esporte-empresa e na GL dele decorrente não se trata de status quo nor-
mativo – típico dos conselhos profissionais – mas sobretudo de um imperativo de
inclusão profissional com fundamentos históricos, científicos e educacionais.
Note-se por significativo que já na Antiga Grécia de dois mil anos passados a fi-
gura do paidotribo – educador e treinador físico de adolescentes e jovens – já atuava
como precursor dos atuais Profissionais de Educação Física, orientando seus segui-
dores para uma vida saudável, ao passo que os médicos gregos cuidavam das doen-
ças de eventuais cidadãos desprotegidos. Modus in rebus, hoje a relação educador
físico – médico ainda sobrevive constituindo uma das mais antigas tradições da civi-
lização ocidental.
Em conclusão, almejo que a presente argumentação histórica e educacional pre-
valeça como válida ao enfatizar a complementariedade do médico – ou do fisiote-
rapeuta e outros profissionais correlatos da área de saúde – com o Profissional de
Educação Física. Afinal há um fato cultural que sobrevive há dois mil anos e dá legiti-
midade ao multiprofissionalismo tão enaltecido e pretendido nos tempos presentes
da saúde e da educação.
22 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CAPÍTULO 1
Definições e conceitos
duração das aulas, estas geralmente têm de cinco a quinze minutos, dependendo
da negociação com a empresa contratante, bem como de suas possibilidades (Fi-
gueiredo, 2007).
A escolha da frequência da realização da série dependerá dos objetivos traçados
pelo profissional juntamente com a empresa, o que por sua vez estará diretamente
relacionado aos benefícios que poderão advir dessa prática. Em outras palavras: eles
são interdependentes (Maciel, 2010).
1.4 Benefícios da GL
Embora a modernidade tenha trazido grandes avanços tecnológicos, a busca
constante e incessante por maior produtividade trouxe também fortes pressões para
o contexto do trabalho, gerando muitas vezes desgastes físicos, mentais e emocio-
nais, que, consequentemente, conduzem a um desequilíbrio.
Assim, não raro se faz necessário “promover um equilíbrio” no ambiente de
trabalho. Quando se implanta um Programa de GL numa empresa, envolve-se a
coletividade, o que propicia, além dos benefícios físicos em si (respiração, alon-
gamento muscular, melhor oxigenação e circulação sanguínea), momentos de
descontração, e um desligamento momentâneo dos problemas do trabalho. É
uma pausa em que, apesar dos cargos exercidos, “todos são iguais”: seres huma-
nos em busca de bem-estar, saúde e qualidade de vida no trabalho (Figueiredo;
Mont’alvão, 2008).
O Programa de Ginástica Laboral (PGL) tem como estratégia interferir so-
bre a saúde do trabalhador por meio da orientação de informações sobre
saúde, que devem acontecer diariamente, durante a aula de GL, incentivando
sempre a mudança do comportamento do mesmo em relação aos seus hábi-
tos (PEREIRA, 2013a).
Conforme o CREF3/SC (2013), a GL favorece a mudança da rotina ocupacional;
desenvolve a consciência corporal; melhora a postura; diminui a tensão muscu-
lar desnecessária; melhora a mobilidade e a flexibilidade; melhora a qualidade
dos movimentos executados durante o trabalho; contribui para o melhor re-
lacionamento entre colegas; reforça a autoestima; melhora a concentração no
trabalho.
Para Lima, Aquilas e Ferreira Jr. (2009), a prática da GL possibilita melhoria na
flexibilidade e mobilidade articular; na postura corporal; na disposição e no âni-
mo para o trabalho; autoconhecimento do corpo e coordenação motora; socia-
29
bilização entre colegas e superiores. Ainda reduz tensão e fadiga muscular; além
de contribuir para a queda dos índices de absenteísmo e procura ambulatorial.
De acordo com o CREF9/PR (2014), além dos benefícios citados, há ainda: a
minimização dos vícios posturais e a prevenção da fadiga muscular (aumento
do relaxamento muscular). Para as empresas, a GL contribui com a redução
do absenteísmo por doenças; diminuição do uso do sistema de saúde; redu-
ção de perdas por presenteísmo e também pode contribuir na diminuição
do turnover.
Conforme Maciel (2010), o objetivo geral/principal da GL é a preparação ou com-
pensação dos aspectos biopsicossociais do trabalhador, sendo que os objetivos se-
cundário/específicos estão vinculados à cada modalidade de ginástica adotada (pre-
paratória, compensatória, relaxamento).
Estes objetivos e/ou benefícios poderão visar:
1) Prevenção e/ou compensação do desgaste ocupacional proporcionado:
1.a) pelas posturas incorretas e/ou cansativas;
1.b) pelos movimentos com ou sem repetitividade e uso de força;
1.c) pelo aumento da tensão física e/ou psicológica;
2) Melhoria do clima organizacional - relacionamentos interpessoais;
3) Redução dos acidentes de trabalho;
4) Redução das doenças ocupacionais osteomusculoligamentares;
5) Aumento da produtividade;
6) Mudança de comportamento – adoção de um estilo de vida saudável.
Entretanto, para que os benefícios sejam alcançados, os princípios metodológi-
cos do PGL precisam ser respeitados incluindo a seleção dos conteúdos e prescrição
dos exercícios que devem considerar a intensidade, a duração, a frequência, o volu-
me, a evolução, a motivação, a satisfação, a segurança e a preservação da integrida-
de do trabalhador, assegurando a eficiência do PGL (Pereira, 2013a).
Certamente o Programa de GL é uma grande “porta de entrada” para outros
temas que visem à promoção de saúde e à qualidade de vida nas empresas,
onde começam a se destacar as questões relacionadas à Educação em Saúde
como preponderantes.
30 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CAPÍTULO 2
Competências e responsabilidades
(ex.: o uso de uma bermuda de ginástica ou uma camiseta regata são inadmissí-
veis em um ambiente corporativo). Deve ser utilizada uma vestimenta adequa-
da e discreta, que sem dúvida contribuirá para o bom desempenho do trabalho.
Algumas orientações adicionais:
I. conhecer a cultura da empresa, o ambiente de trabalho e o que se espera em
termos de vestimenta e aparência;
II. excesso de maquiagem e acessórios podem comprometer a imagem profis-
sional. O ambiente corporativo, em geral, requer mais discrição;
III. ser discreto ao vestir-se e nas atitudes, zelando por uma impressão positiva;
IV. administrar o tom e a velocidade da fala, fazer pausas, adequar o volume ao
ambiente e ao(s) interlocutor(es) presentes na sessão, observando e desen-
volvendo a prática da boa dicção;
V. ler, estudar e buscar informações sobre apresentação pessoal pode ser um
grande diferencial.
2.3.2 Assiduidade e Pontualidade
A regularidade com que o Profissional de Educação Física comparecerá na
empresa para dinamizar as atividades é considerada um item imprescindível
para o sucesso de um Programa de GL, uma vez que refletirá na confiança e na
continuidade do programa. Além disso, a pontualidade representa a segurança
de que todas as turmas serão atendidas dentro dos horários estabelecidos, evi-
tando atrasos no retorno à produção e ao trabalho.
O Profissional de Educação Física estará atento a:
planejar antecipadamente as atividades que desenvolverá na empresa;
CAPÍTULO 3
Legalidade
CAPÍTULO 4
Cenário atual e recomendações
Glossário
Presenteísmo: termo usado para identificar o colaborador que está presente no seu lo-
cal de trabalho, porém não tem a produtividade esperada devido a inúmeros fatores que
interferem em seu rendimento, como insatisfação, desconfortos, dores, eventuais proble-
mas de saúde. Está ali simplesmente por medo de perder o seu emprego ou por obrigação.
Turnover: indica a rotatividade dos colaboradores dentro de uma empresa, aferida pela
média de pessoal que se mantém fixo na companhia em comparação com os que saem da
empresa.
56 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Considerações
Hoje pode-se afirmar que a gestão e a promoção de saúde numa empresa devem
ir além de apenas cuidar dos chamados “grupos de risco”. Ou seja, o ideal não é so-
mente concentrar os esforços em mapear os doentes crônicos e assistir apenas a esse
grupo, esquecendo-se do restante da força de trabalho que se encontra saudável.
Deve-se zelar por todos os colaboradores.
Pesquisas sobre qualidade de vida demonstram que em torno de 10% da popu-
lação saudável das companhias no mundo todo acaba migrando anualmente para
o grupo de alto risco – quando não monitoradas e trabalhadas de maneira regular,
preventiva e coerente. Evoca-se a necessidade de ações com esse enfoque.
A Ginástica Laboral tem papel preponderante entre os programas de qualidade
de vida que buscam conseguir prevenir doenças, bem como promover a saúde e o
bem-estar em várias frentes. Mas destaca-se que estes programas podem buscar
sempre uma maior amplitude de ações e que possam envolver inclusive outras áreas
de atuação, como por exemplo: a Ergonomia do Trabalho.
Um programa mais abrangente de qualidade de vida pode buscar atender seus
clientes com foco ampliado em áreas como promoção de saúde, esporte, lazer e
tempo livre, cultura e entretenimento, alimentação saudável, combate ao stress
do dia a dia e apoio psicológico, podendo estas ações estenderem-se também aos
familiares dos colaboradores como forma de ampliar o atendimento realizado den-
tro da empresa. O foco deve estar cada vez mais centrado no estilo de vida das
pessoas, capacitando e oferecendo possibilidades efetivas de mudança de com-
portamento sustentáveis.
Programas de Qualidade de Vida necessitam de uma estrutura bem definida, por
meio de pilares conceituais que possam nortear suas ações, amparados por uma
boa estratégia de comunicação, alinhamento direto com as lideranças das empre-
sas, bem como na geração de valores e resultados, definidos a partir de análises e
pesquisas iniciais para conhecer as necessidades e características de cada empresa.
Somente com a realização regular desses diagnósticos específicos e as es-
peradas reavaliações trimestrais, semestrais ou anuais, aliado a adequados planeja-
mentos, trabalho regular e contínuo, comprometimento, ética e respeito, pode-se
atingir os objetivos propostos pela Ginástica Laboral e contribuir com a saúde dos
trabalhadores e a conquista dos resultados dentro das empresas.
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Conselho Federal de Educação Física
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