Livro Ginastica Laboral PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 124

ORGANIZADOR

Antonio Eduardo Branco

GINÁSTICA LABORAL:
Prerrogativa do Profissional
de Educação Física

CONFEF

Sistema CONFEF/CREFs
Conselhos Federal e Regionais de
Educação Física

2015
ORGANIZADOR
Antonio Eduardo Branco

GINÁSTICA LABORAL:
Prerrogativa do Profissional
de Educação Física

CONFEF

Sistema CONFEF/CREFs
Conselhos Federal e Regionais de
Educação Física

2015
GINÁSTICA LABORAL:
Prerrogativa do Profissional
de Educação Física
ORGANIZADOR
Antonio Eduardo Branco
Presidente da Comissão de Legislação e Normas do CONFEF

Jorge Steinhilber
Presidente CONFEF

AUTORES
Lauro Ubirajara Barboza de Aguiar
Fabiana Figueiredo
Marco Antonio Olivatto
Marcia Ferreira Cardoso Carneiro
Rony Tschoeke
Lamartine Pereira Da Costa
Direitos reservados para o CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CONFEF
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Ginástica Laboral: Prerrogativa do Profissional de Educação Física / Branco, Antonio


Eduardo (organizador) / Aguiar, Lauro Ubirajara Barboza de; Figueiredo, Fabiana; Olivatto,
Marco Antonio; Carneiro, Marcia Ferreira Cardoso; Tschoeke, Rony; Da Costa, Lamartine
Pereira (autores)

Rio de Janeiro: CONFEF, 2015.

64p.
ISBN. 978-85-61892-07-4
1. Ginástica Laboral. 2. Educação Física. 3. Saúde. 4. Profissional de Educação Física.
5. Atividade Física.

SEDE:

Rua do Ouvidor, 121, 7º andar • Centro


Rio de Janeiro • RJ • CEP 20040-030
Tel.: (21) 2242-4228
www.confef.org.br
Sumário

APRESENTAÇÃO  7
PREFÁCIO  11
INTRODUÇÃO  13
O PROTAGONISMO BRASILEIRO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO
CONTEXTO HISTÓRICO DA GINÁSTICA LABORAL  22
CAPÍTULO 1 – DEFINIÇÕES E CONCEITOS  25
1.1 Definição de Ginástica Laboral  25
1.2 Tipos de Ginástica Laboral  26
1.2.1 Ginástica Laboral Preparatória ou de Aquecimento  26
1.2.2 Ginástica Laboral Compensatória ou de Pausa  26
1.2.3 Ginástica Laboral de Relaxamento  27
1.3 Frequência e Duração da Ginástica Laboral  27
1.4 Benefícios da Ginástica Laboral  28
1.5 Implantação do Serviço Ginástica Laboral  30
1.6 Condutas Básicas do Profissional de Educação Física na Ginástica Laboral  32
1.7 Acompanhamento de um Programa de Ginástica Laboral  34
CAPÍTULO 2 – COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES  37
2.1 Competências do Profissional de Educação Física e sua atuação nas em-
presas  37
2.2 O Profissional de Educação Física num Programa de Ginástica Laboral  37
2.3 Conhecimento e Aperfeiçoamento Permanentes  38
2.3.1 Apresentação Pessoal  38
2.3.2 Assiduidade e Pontualidade  39
2.3.3 Relacionamento Interpessoal  40
2.3.4 Método, Comunicação e Interdisciplinaridade  40
2. 4 Desenvolvimento de uma equipe de profissionais para o Programa de Ginás-
tica Laboral  41
2.4.1 Importância do Treinamento e da Capacitação dos Profissionais de Edu-
cação Física  42
CAPÍTULO 3 – LEGALIDADE  43
3.1 Atividades Físicas e Exercícios Físicos sob a Luz da Lei 9.696/1998  43
3.2 Resoluções do Conselho Federal de Educação Física – CONFEF 046/2002 e
073/2004  43
3.3 L icenciatura e Bacharelado na Formação do Profissional de Educação
Física  44
3.4 O Profissional de Educação Física como Agente de Saúde  44
3.5 Inserção mercadológica do Profissional de Educação Física  45
3.6 Exercício ilegal da Profissão e Desvio de Função - os “Multiplicadores”  46
3.7 C redenciamento de Empresas Prestadoras de Serviços em Ginástica La-
boral  47
3.7.1 Da escolha e contratação de fornecedores: sugestões de exigência docu-
mental  48
3.8 Da prestação de serviços às empresas contratantes  49
CAPÍTULO 4 – CENÁRIO ATUAL E RECOMENDAÇÕES  51
4.1 Saúde do trabalhador: uma questão multiprofissional  51
4.2 Atividade Física é fator condicionante da Saúde  52
4.3 Ganhos para as empresas e para a sociedade  52
4.4 Responsabilidade ética e o significado da profissão  53
GLOSSÁRIO  55
CONSIDERAÇÕES  56
REFERÊNCIAS  58
7

Apresentação

Cumprimentar e agradecer ao Grupo de Trabalho


coordenado pelo presidente do CREF9/PR, Prof.
Antonio Eduardo Branco, pelo corajoso trabalho
nesta produção.

A presente obra tem como objetivo reforçar os estudos, dados e pesquisas que
apontam a Ginástica Laboral como o melhor recurso para reduzir lesões e doenças
osteoarticulares decorrentes do trabalho, sobretudo no que se refere à melhora da
qualidade de vida e do bem estar dos funcionários.
A obra, no entanto, centra-se não somente na questão do valor da Ginástica La-
boral - que não pode ser confundida com os outros projetos de qualidade de vida,
mas também reforça a importância da orientação do Profissional de Educação Física
para que os resultados positivos sejam alcançados.
Até o ano de 1998, quando não existia a regulamentação do Profissional de Edu-
cação Física, qualquer pessoa podia legalmente ministrar a atividade que, se mal
orientada, pode colocar em risco a integridade física, moral e social do praticante.
Com o advento da Lei 9.696/98, a sociedade passou a ter uma entidade fiscalizadora
das atividades físicas e esportivas, tendo seu direito de ser atendida no serviço de
Ginástica Laboral por profissional qualificado e habilitado.
É gratificante percebermos que a cada dia que passa a situação de pessoas
sem formação em Educação Física vem sendo revertida. A Lei 9.696/98 e as ações
contundentes do Sistema CONFEF/CREFs vêm modificando esse paradigma e esse
senso comum.
Deste modo, é perceptivo que: A sociedade já começa a exigir que as atividades
sejam dinamizadas por Profissional de Educação Física; Os empresários percebem a
melhora na prestação de serviços e já não contratam qualquer diletante, selecionan-
do apenas Profissionais de Educação Física; Os órgãos públicos propõem Políticas
Públicas com Profissionais de Educação Física, contratando os habilitados e exigindo
nos editais a apresentação da Cédula de Identidade Profissional; O Legislativo e o Ju-
diciário começam a compreender a significância do Profissional de Educação Física.
8 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Através desta obra fica evidente a relevância da Ginástica Laboral para prevenção
e redução de lesões e distúrbios osteomioarticulares verificados em funcionários de
diversas ocupações profissionais, bem como a comprovação de que o único profis-
sional da área da saúde capacitado, qualificado e habilitado a conduzir projetos e
programas de Ginástica Laboral é o Profissional de Educação Física.
Parabenizo os autores pelos capítulos e pelas orientações aos leitores.
Boa leitura!

Jorge Steinhilber

CREF 000002/RJ – Presidente CONFEF


9

O Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) por meio da Comissão de Legisla-


ção e Normas, com anuência do Plenário, nomeou um Grupo de Trabalho composto por
Profissionais de Educação Física especialistas na área de Ginástica Laboral - Conselheiros
Regionais, presidido por um Conselheiro Federal. Este grupo de trabalho está envolvido
numa série de ações para contribuir com modificações positivas relacionadas à interven-
ção do Profissional de Educação Física na Saúde do Trabalhador. Este documento é um
dos frutos deste trabalho coletivo.
Atualmente percebe-se no mundo do trabalho a necessidade de prevenção e pro-
moção de saúde do trabalhador - que está inserido num cenário em que ocorrem afasta-
mentos oriundos de Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Rela-
cionados ao Trabalho (LER/DORT), casos crescentes de Transtornos Mentais, acidentes de
trabalho, envelhecimento da população e mudanças no perfil epidemiológico brasileiro,
com ênfase nas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), bem como nas exigências
cada vez maiores relacionadas à produtividade e à qualidade de vida das pessoas.
Ressalta-se a importância das relações entre o Sistema CONFEF/CREFs, bem como
a responsabilidade dos Profissionais de Educação Física envolvidos no desenvolvi-
mento e na execução dos procedimentos da Ginástica Laboral (GL), garantindo sua
identidade nacional.
Dentro das empresas, é visivelmente crescente a procura por programas inter-
disciplinares de promoção de saúde, entre eles o de GL, tema que será tratado neste
livro, por refletir uma área de atuação de exclusiva competência do Profissional de
Educação Física.
A publicação desse Documento Oficial sobre a Ginástica Laboral representa um
compromisso do Sistema CONFEF/CREFs com as questões de legalidade, da compe-
tência e do desenvolvimento da GL como prerrogativa dos Profissionais de Educação
Física, em prol da sociedade brasileira.
Este livro é uma sequência do que já foi produzido em cada estado pelas Câmaras
Técnicas de GL e já possui um corpo documental-base definido, cuja proposta é ser
um norteador para os Profissionais de Educação Física e para a sociedade, abrangen-
do algumas das categorias envolvidas numa prestação de serviço de qualidade e
efetiva. Seguramente é uma área de inserção mercadológica que requer atualização
constante e permanente.
Trata-se de um tema relevante, pois a Ginástica Laboral é um campo que precisa
ser bem aproveitado e apropriado pelos Profissionais de Educação Física, de modo
10 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

que a população também os reconheça como os verdadeiros profissionais que têm


a capacitação e a habilitação para trabalhar com a GL.
Este Grupo de Trabalho explana ainda sobre tópicos relativos à Saúde do Traba-
lhador, que atualmente precisa ser vista pelos profissionais como algo multifatorial
e que requer intervenções multidisciplinares, além da atuação com outros setores
como Ergonomia e Medicina do Trabalho. Neste momento, cabe destacar o Servi-
ço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), previsto em Lei,
que estabelece como uma das prioridades nas empresas a prevenção e a promoção
de saúde. Certamente a importância da presença do Profissional de Educação Física
nesse contexto interdisciplinar é inegável e ganhará mais espaço.

Comissão de Legislação e Normas / CONFEF


Grupo de Trabalho formado por Presidentes das Câmaras Técnicas de GL / CREFs

Lauro Ubirajara Barboza de Aguiar – Conselheiro CREF2/RS


Fabiana Figueiredo – Conselheira CREF3/SC
Marco Antonio Olivatto – Conselheiro CREF4/SP
Marcia Ferreira Cardoso Carneiro – Conselheira CREF7/DF
Rony Tschoeke – Conselheiro CREF9/PR
11

Prefácio

A gestão de programas de promoção da saúde e qualidade de vida e segurança


no trabalho com a utilização de práticas baseadas em evidências torna-se cada vez
necessária no país. Reflexo da exigência da melhoria da perfomance individual e dos
resultados corporativos atualmente impactados pelo envelhecimento da população,
pelo aumento de doenças crônicas e crescente urbanização (e suas repercussões),
a busca pela construção de culturas de saúde e qualidade de vida que resultem na
melhoria da condição de saúde se faz evidente.
Diante desse contexto, a Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), re-
conhecendo ser fundamental a integração de diferentes atores na promoção da saú-
de, do estilo de vida saudável e da qualidade de vida, tem buscado proporcionar o
desenvolvimento e a integração profissional para atuação em Qualidade de Vida e
influenciar os processos de transformação organizacionais e sociais na área.
Aliado a esta busca, além de reconhecer o Profissional de Educação Física como
ator primordial desta ação de mudança, este documento, escrito por representantes
dos Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs) e disponibilizado pelo Conselho
Federal de Educação Física (CONFEF), posiciona a Ginástica Laboral como uma das
principais intervenções fundamentadas dentro de programas de promoção da saú-
de com potencial para criar conexões práticas dentro e fora do ambiente de trabalho.
Destaca-se aqui a atitude dos Profissionais de Educação Física, a partir da publi-
cação deste documento, de subsidiar seus pares na busca de ambientes de trabalho
mais saudáveis e produtivos de maneira ética e integradora e a ABQV vem oferecer a
sua participação neste esforço.

Eloir Edilson Simm


Presidente da ABQV
13

Introdução
Por Lamartine Pereira da Costa

Na qualidade de ex-conselheiro federal do CONFEF muito me sensibilizo por pro-


duzir uma das introduções da presente obra, tendo em vista meu envolvimento com
a Ginástica Laboral (GL) em diferentes estágios do nosso conselho profissional no
final da década de 2000 e início dos anos de 2010. A essas abordagens consultivas
precederam estudos e pesquisas sobre o mesmo tema advindas de minha carreira
acadêmica, sobretudo as desenvolvidas nas décadas de 1980 e 1990.
Em princípio, essa longa experiência baseou-se na temática “Atividades Físicas na
Empresa”, na qual se pode inserir a Ginástica Laboral. Hoje esta opção mais geral do
tema adapta-se melhor às condições brasileiras se o enfoque da GL é a sua história
no Brasil. Ou seja: há registros de práticas físicas em instituições do país nomeada-
mente identificadas como tais desde 1901, quer como esporte ou como lazer ativo de
trabalhadores da indústria, comércio e serviços. Esta visão historiográfica, na minha
perspectiva, apresenta então três marcos importantes de revisão, destacando-se a
obra coletiva “Esporte e Lazer na Empresa”, de Lamartine DaCosta e Paulo Pegado,
publicada pelo Ministério da Educação, Secretaria de Educação Física e Desportos,
Brasília, em 1990, reunindo um grupo de 17 pesquisadores e relatores de empresas.
Outro inventário foi o capítulo “Atividades Físicas na Empresa”, de Giuliano Pimen-
tel, incluído no “Atlas do Esporte no Brasil”, tendo Lamartine DaCosta como Organi-
zador (Shape Editora, Rio de Janeiro, 2005, pp. 576 – 577). A terceira ampla revisão
do tema teve lugar por meio da tese de doutorado em Educação Física “Construção
Léxica da Trajetória da Atividade Física na Empresa: Ginástica Laboral no Brasil em
Abordagem de Gestão do Conhecimento”, defendida por Heglison Toledo e tendo
Lamartine DaCosta como orientador (Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2010).
Uma síntese atualizada dessas contribuições foi disponibilizada recentemente on-
-line sob o título “Atividades Físicas em Empresas Brasileiras – Workplace Physical
Activities in Brazi”, (DaCosta, L.P., Position Paper 2015, ResearchGate).

Marcos históricos

Neste contexto de revisões técnico-científicas, importa pôr em evidência que o


marco inicial simbólico da atividade física em empresas no país foi a Fábrica de Te-
14 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

cidos Bangu (RJ) que, a partir de 1901, incorporou um campo de futebol ao seu
espaço produtivo. Nessa iniciativa, engenheiros ingleses e operários brasileiros
disputavam partidas do esporte recém-chegado no país, conforme comprovação
iconográfica anexada ao referido “Atlas” (p. 882). Como a oferta de atividades físi-
cas em locais de trabalho repetiram desde então o exemplo da Fábrica Bangu em
regiões distintas do país, há uma tradição de mais de um século que dá significado
inicial à GL na versão brasileira.
Seguindo-se, todavia, o critério historiográfico, constata-se que as primeiras
fábricas têxteis e de metalurgia do Vale do Itajaí, em Santa Catarina (eixo Blu-
menau-Joinvile) promoveram a criação de clubes de empregados no início do
século XX na tradição dos imigrantes alemães da região, que praticavam tiro ao
alvo, ginástica de aparelhos e bolão (esporte de pista de madeira com lança-
mento de esferas para derrubar pinos). Um exemplo desta promoção foi consti-
tuído pela “Sociedade de Atiradores de Bela Aliança”, criada por Willy Hering em
1906, da família fundadora da fábrica Trikotwaren Fabrik Gerbruder Hering, em
Blumenau. Neste caso, como nos demais das indústrias da região, a intervenção
das empresas era indireta, pois apoiavam financeiramente os clubes que eram
liderados pelos próprios operários (ver “Declaração de Blumenau” páginas 11-12
de “Esporte e Lazer na Empresa”).
Menos divulgados mas também documentados no “Esporte e Lazer na Empre-
sa” (1990) e no Atlas de 2005 são os casos de pioneirismo do esporte de trabalha-
dores e empresas, ocorridos também no início do século XX em várias cidades do
interior de São Paulo, durante a construção de estradas de ferro, e no cluster de
indústrias têxteis de São Luiz, no Maranhão. Tais circunstâncias foram discutidas
com Gertrud Pfisterer (comunicação pessoal, 2001), historiadora do esporte, pes-
quisadora da Frei Universität Berlin, que então entendeu que o Brasil era um dos
países pioneiros na promoção do esporte e lazer por meio de empresas. A ressalva
feita por Pfisterer, contudo, incidiu na interpretação de que as empresas pioneiras
aparentemente estariam visando à criação de vínculos com seus empregados num
sentido comunitário e não de desenvolvimento físico e psíquico de seus colabo-
radores, como só acontece com propostas esportivas atuais. Entretanto, no Brasil
das primeiras décadas do século XX, a expansão do esporte nas empresas coincide
com o movimento operário sindicalizado, quer por iniciativa de empregados ou de
patrões, sendo esta última versão apontada por alguns teóricos como paliativo ao
conflito de classes.
15

Linha do tempo

Válida ou não a interpretação marxista, pode-se adotar uma linha de tempo para
situar em condições básicas a geração e expansão das atividades físicas nas empre-
sas brasileiras, seguindo-se as três fontes citadas:
Anos de 1900 - Experiências isoladas, com predominância do modelo inglês de
equipes de operários a exemplo de Bangu no Rio de Janeiro em 1901, como em Jun-
diaí e Paranapiacaba em São Paulo (1903), que mobilizou ferroviários da São Paulo
Railway, tendo o futebol como novidade de prática esportiva. Em 1909, criou-se em
Rio Claro (SP) o Rio Claro Futebol Clube, tendo como antecedente o Grêmio Recreati-
vo dos Empregados da Cia Paulista de Estradas de Ferro, fundado em 1896. Este im-
pulso de expansão esportiva com clubes de ferroviários atingiu no mesmo período
– primeira década do século XX – cidades do interior de São Paulo, tais como Piraci-
caba, Araraquara, Bauru, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.
Anos de 1910 - Fora do eixo principal de industrialização do país, surgiram inicia-
tivas de clubes esportivo-recreativos de trabalhadores na área de colonização ger-
mânica de Santa Catarina, abrangendo ginástica de aparelhos, bolão e tiro ao alvo,
como também em São Luiz do Maranhão (Vaz, p. 51 do Atlas), onde a fábrica de teci-
dos de Nhozinho Santos incluía um clube já em 1907, denominado de FAC, destinado
aos seus operários (futebol, atletismo, cricket e crockt).
Anos de 1920 - Em 1926 é proposta a Lei das Férias, resultando entre várias reper-
cussões nos meios operários na criação de clubes ligados a grupos profissionais e
empresas adjetivadas como “classistas” (denominação corrente à época), destacan-
do-se a Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), em Belém e no Rio de Janeiro.
A rede das AABBs teve início em 1928 e hoje abrange todas as regiões do país, sendo
considerada a maior rede de clubes do mundo (total de 1.200 clubes na década de
1990 – Atlas, p.102 -106). Em termos de periodização histórica das relações de traba-
lho no país, a década em foco caracterizou-se por movimentos em prol da criação de
sindicatos, sobretudo nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, regiões centrais
da industrialização nacional.
Anos de 1930 - Nesta década consolidam-se as iniciativas esporte-empresa no
Brasil, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, refletindo um certo cunho as-
sistencialista e corporativista típico da época (Ditadura Vargas). Os ideais higienistas
em voga nesse período fundamentaram a preocupação com a saúde física do traba-
lhador e da sua família. As empresas começam a intervir mais diretamente na criação
16 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

de Associações Desportivas Classistas, como Light & Power (1930) e Caloi (1933). Em
1937, Nicanor Miranda abre “Clubes de Menores Operários” em São Paulo. O Decreto-
-lei n° 1.713 de 1939, ao dispor sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos da União,
cria centros de Educação Física voltados ao tempo livre do funcionário e família, mas
ainda com pouca efetivação prática nos anos seguintes.
Anos de 1940 - O Decreto-lei n.º 3.199 de 14 de abril de 1941 regulamenta o es-
porte em geral no Brasil e nele o esporte do trabalhador, confirmando o modelo
de clubes mantidos pelas empresas. No dia 10 de novembro de 1943, a Consolida-
ção das Leis de Trabalho entra em vigor, fixando a jornada em oito horas diárias e
universalizando a lei de férias e o descanso semanal. Nesse mesmo ano, o Serviço
de Recreação Operária é criado no Rio de Janeiro (RJ) pelo Ministério do Trabalho.
Também visando à “paz social” – expressão usada nos documentos de fundação – no
pós-guerra (1946), são criados pelas respectivas confederações patronais, o Servi-
ço Social do Comércio (SESC) e Serviço Social da Indústria (SESI), instituições líderes
na oferta de práticas esportivas e de lazer ativo para trabalhadores assalariados. Em
1947, o SESI realiza a primeira edição dos Jogos Operários, contando com três moda-
lidades: futebol, basquetebol e voleibol, reunindo 2.500 participantes. Nesta déca-
da aparecem os primeiros textos sobre esportes praticados em empresas na revista
“Educação Physica”, publicada pela Escola de Educação Física do Exército, sediada
no Rio de Janeiro.
Décadas 1950 e 1960 - A Ginástica Laboral emerge com maior atenção nos
meios profissionais e acadêmicos internacionais a partir de experiências advindas
principalmente da extinta URSS, Polônia, Japão e Estados Unidos. Em função de
novo surto de industrialização no país à época e, consequentemente, com expan-
são da empregabilidade, incluindo ênfase nos Recursos Humanos, acontece uma
maior atenção nas atividades físicas em âmbito de empresas. Inezil P. Marinho, pro-
fessor catedrático da então denominada Escola Nacional de Educação Física da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, publica em 1958 artigo de opinião sobre
os benefícios da ginástica e do esporte para trabalhadores, sinalizando crescente
interesse acadêmico neste tema.
Anos de 1970 - O movimento Esporte Para Todos (EPT) estimula o esporte não
formal, ampliando a abrangência do esporte no ambiente de trabalho. Entre 1973 e
1981, os especialistas brasileiros Kolling e Schimitz coordenam estudos na Instituição
de Ensino Superior FEEVALE de Novo Hamburgo (RS) sobre os efeitos e metodologia
da Ginástica Laboral. Kolling, em especial, fez várias pesquisas de interior de fábrica
17

na indústria calçadista de Novo Hamburgo. As lesões por esforço repetitivo (LER)


começam a ser reconhecidas como problemática epidemiológica. No contexto do
avanço econômico do período, surgem novas Associações Desportivas Classistas vi-
sando ao bem-estar e à integração dos funcionários. São dessa época as ADCs das
seguintes empresas que se se destacaram em âmbito nacional nas atividades físicas
e lazer organizadas para empregados: Furnas, Banespa, Ishibras, CPFL, Embratel, Itaú,
Emaq, Telerj, Caloi e Chapecó. No início da década de 1970, publica-se o primeiro
levantamento estatístico em escala nacional do esporte e Educação Física do Brasil
(DaCosta, L. P., Diagnóstico do Desporto e Educação Física no Brasil, Brasilia: IPEA,
1971), com dados sobre empresas, SESI, SESC e ADCs.
Anos de 1980 - Este período marca uma influência maior dos Recursos Humanos
(RH) nas empresas brasileiras. Em 1981, em São Paulo-SP, patrocinado pelo BANESPA,
ocorre a primeira reunião de profissionais do setor esporte-empresa, buscando siste-
matizar a intervenção nesse campo. Em 1988, o Primeiro Seminário de Associações
Desportivas Classistas, em Blumenau (SC), produz a Declaração de Blumenau sobre
Administração, Esporte e Lazer na Indústria. A Constituição Federal de 1988 cita o lazer
e o esporte como direitos sociais e redefine as relações de trabalho. No ano seguinte,
a Lei 7.752 concede incentivo fiscal às empresas que promovessem atividades de lazer
ou esporte. Também nesta década a Ginástica Laboral começa a ser mais difundida,
passando a se constituir em crescente objeto de estudos em centros de pesquisa em
Educação Física e ciências do esporte, especialmente na Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Anos de 1990 - A atividade física na empresa passa a receber maior racionaliza-
ção gerencial. Como possível decorrência de uma melhor interpretação do RH das
empresas, publica-se em 1990 o livro “Esporte e Lazer na Empresa”, de Lamartine
DaCosta (Educação Física) e Paulo Pegado (Medicina), fazendo-se pela primeira vez
no país uma ampla revisão do tema, incluindo análises, pesquisas produzidas por
empresas, levantamentos de campo e estudos de caso (uma nova edição foi feita
no ano seguinte, publicada pelo Ministério da Saúde). Em 1994 e anos seguintes,
Lamartine DaCosta promove junto à Confederação Internacional do Esporte do Tra-
balhador (CSIT), com sede na Bélgica, a adesão do SESI, dando início, assim, à in-
ternacionalização do movimento brasileiro do esporte-empresa após um século de
suas primeiras manifestações. Em 1998, cria-se o programa “Ginástica na Empresa”
do SESI em abrangência nacional.
18 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Anos de 2000 - O citado programa “Ginástica na Empresa” do SESI (conduzido


nas sedes das empresas) apresenta totais de atendimento anual entre 200 e 300 mil
participantes, sobretudo na Grande São Paulo e na Grande Belo Horizonte. Em mea-
dos da década, este total de atendimentos alcançava meio milhão de trabalhadores
em todo o país, constituindo, nestes termos, uma das maiores iniciativas do mundo
em seu gênero. No mesmo período, o total de atletas trabalhadores dos campeona-
tos do SESI, somando-se as etapas locais, regionais e nacional, alcançava uma magni-
tude de um milhão de participantes por ano. Coincidente com a grande escala alcan-
çada pelas atividades físicas – recreativas ou competitivas - nas empresas brasileiras,
neste período cresce a importância da participação de fisioterapeutas nesta área de
intervenção profissional, até então compartilhada de modo predominante por mé-
dicos e Profissionais de Educação Física. Coincidência similar ocorreu no mesmo es-
tágio, com a criação da Associação Brasileira de Ginástica Laboral (ABGL), com sede
em São Paulo capital, integrando preferencialmente Profissionais de Educação Física
dedicados ao tema, visando a um melhor desenvolvimento da atividade introduzida
quatro décadas passadas no país.

Estágio atual

Já o período dos anos de 2010 define a atualidade e o contexto da presente obra,


cuja dominância é da Ginástica Laboral que avançou mais pelo seu sentido prático
do que teórico, como demonstrado por Heglison Toledo na tese defendida no início
da década em foco. Numa perspectiva mais generalista, DaCosta & Pegado (1990)
interpretaram antes o desenvolvimento tanto das atividades físicas nas empresas
como da GL no Brasil por meio de impulsos marcados por eventos ou fases típicas.
Esta interpretação foi originalmente denominada de “surtos”, os quais estariam re-
lacionados a mudanças nos propósitos e estratégias das empresas que, por sua vez,
seriam decorrentes de mudanças estruturais no mundo do trabalho (influências ex-
ternas) e do conhecimento técnico-operacional assimilado na área empresarial (fa-
tores endógenos).
Portanto, o movimento sindical dos anos de 1920 e a legislação trabalhista dos
anos de 1940 exemplificam impulsos de expansão do esporte-empresa devidos a in-
fluências externas nas condições brasileiras, ao passo que a criação da ABGL em 2007
pode ser considerada um desenvolvimento endógeno por promover a melhoria das
19

técnicas de intervenção e do conhecimento dos interventores. Em resumo, a GL da


atualidade representaria o “surto” da década de 2010 com respeito às atividades físi-
cas nas empresas nacionais.

Definições básicas

A partir da constatação de DaCosta & Pegado quanto à tipologia de expansão e


desenvolvimento da atividade física na empresa, pode-se então conceituá-la como
o conjunto de estratégias relacionadas ao universo do lazer ativo (clubes, equipes,
promoções recreativas) e da saúde ocupacional (GL, exercícios corretivos e melhoria
da forma física, atividades esportivas de competição e de lazer ativo) com vistas a
realizar propósitos da empresa no âmbito de melhoria das relações de trabalho, pro-
teção psicossomática dos empregados, aperfeiçoamento da segurança no trabalho,
aumento da produtividade por melhores condições de saúde, redução do absenteís-
mo e da rotatividade do pessoal, entre outros meios gerenciais.
Releve-se, por necessário, que a GL vincula-se primariamente à saúde ocupacio-
nal - objeto de estudo da Medicina do Trabalho – tanto pelo seu sentido terapêutico
(exercícios de regeneração e de desenvolvimento muscular) como pela melhoria de
forma física (recuperação física por intervalo nas rotinas de trabalho). Neste sentido,
consultando-se a produção de Valquíria Lima – uma das lideranças da GL no Brasil a
partir de 2004 –, pode-se atualizar o conceito de GL admitindo ser um conjunto de
práticas físicas visando a compensar o esforço e a atenção requerido pelo trabalho,
criando uma pausa ativa e reduzindo-lhe a monotonia.

Prerrogativas da Educação Física

Em outras palavras, o Profissional de Educação Física, perante a tradição que atu-


almente dá sentido à GL, segue propósitos gerais da empresa que lhe hospeda bem
como atende necessidades educativas e comportamentais dos seus colaboradores.
Neste particular, o “surto” GL gerou sobreposições de funções da Educação Física
por parte da fisioterapia que passou recentemente a atuar em atividades de espor-
20 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

te e lazer, além das intervenções terapêuticas. E se a terapia está se dedicando ao


desenvolvimento de atitudes comportamentais, é possível que, ao continuar esta
tendência, o fisioterapeuta perca o nexo e a delimitação de sua especialização. E se
fisioterapeuta assume a GL com suas raízes esportivas e de lazer ativo, haverá um
inevitável confronto com os especialistas da Medicina do Trabalho, atividade regu-
lamentada em âmbito nacional e atendente à especialização na produção científica.
Tal confrontação jamais houve com o médico do trabalho e o Profissional de Educa-
ção Física, porque historicamente ambos têm trabalhado de modo complementar.
Sem embargo, o Profissional de Educação Física atua formalmente por meio de mé-
todos educacionais e preventivos, para minimizar e/ou evitar a possibilidade de ocor-
rência de lesões decorrentes das atividades repetitivas/cotidianas do estresse causado
pela atuação laboral e de atividades que tragam algum risco para os trabalhadores. Por
sua vez, o fisioterapeuta deve ater sua atuação ao tratamento das lesões já diagnosti-
cadas, acompanhando o paciente até que este esteja em condições plenas de retornar
ao seu trabalho em condições normais. Nestas circunstâncias, a responsabilidade do
Profissional de Educação Física, ao encontrar trabalhadores em situação em que a saú-
de já esteja comprometida, é a de recomendar o acompanhamento por profissional da
fisioterapia e/ou da medicina, pois se trata de reabilitação/tratamento. Uma vez ten-
do alta do fisioterapeuta/médico, este trabalhador poderá reintegrar-se ao grupo que
participa das atividades físico-preventivas ou de simples lazer ativo.

Rumo ao multiprofissionalismo

A própria experiência das atividades físicas na empresa – ora incluindo a GL –,


a julgar pelo exemplo da produção de conhecimento na obra de DaCosta & Pega-
do (1990), tem transcorrido por abordagens de profissionais diversos com predomi-
nância dos Profissionais de Educação Física. Isto posto, o atual estranhamento das
funções ampliadas dos fisioterapeutas traz à luz, naturalmente, a necessidade de se
enfatizar uma gestão compartilhada das funções de Segurança do Trabalho, Medi-
cina Ocupacional e Recursos Humanos. Neste caso, a organização das diferentes in-
terfaces profissionais com tais funções deve pertencer ao especialista em Educação
Física pois este deve atuar no desenvolvimento comportamental dos trabalhadores
alvo, objetivo síntese das intervenções multidisciplinares para as circunstâncias das
atividades físicas.
21

É nesta linha que se insere o presente livro, a partir de seu próprio título de pu-
blicação. Portanto o posicionamento do Profissional de Educação Física no tema do
centenário esporte-empresa e na GL dele decorrente não se trata de status quo nor-
mativo – típico dos conselhos profissionais – mas sobretudo de um imperativo de
inclusão profissional com fundamentos históricos, científicos e educacionais.
Note-se por significativo que já na Antiga Grécia de dois mil anos passados a fi-
gura do paidotribo – educador e treinador físico de adolescentes e jovens – já atuava
como precursor dos atuais Profissionais de Educação Física, orientando seus segui-
dores para uma vida saudável, ao passo que os médicos gregos cuidavam das doen-
ças de eventuais cidadãos desprotegidos. Modus in rebus, hoje a relação educador
físico – médico ainda sobrevive constituindo uma das mais antigas tradições da civi-
lização ocidental.
Em conclusão, almejo que a presente argumentação histórica e educacional pre-
valeça como válida ao enfatizar a complementariedade do médico – ou do fisiote-
rapeuta e outros profissionais correlatos da área de saúde – com o Profissional de
Educação Física. Afinal há um fato cultural que sobrevive há dois mil anos e dá legiti-
midade ao multiprofissionalismo tão enaltecido e pretendido nos tempos presentes
da saúde e da educação.
22 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O protagonismo brasileiro dos Profissionais


de Educação Física no contexto histórico
da Ginástica Laboral

Os Profissionais de Educação Física são reconhecidamente os pioneiros e prota-


gonistas da Ginástica Laboral no Brasil, fato este comprovado pelos inúmeros relatos
e evidências históricas apresentadas.
Reconhecemos a relevância de todas as iniciativas, experiências, atividades e pro-
gramas de Atividades Físicas realizados desde então, os quais contribuíram para a
construção, evolução e consolidação da Ginástica Laboral.
A riqueza histórica envolvida no desenvolvimento e na evolução da GL é muito
valiosa e merece ser tratada com todo respeito e consideração. Neste livro não pre-
tendemos detalhar profundamente essa história, mas destacar alguns dos momen-
tos mais relevantes desse contexto histórico.
Existem evidências de que o primeiro apontamento encontrado no mundo sobre
GL foi um livreto chamado Ginástica de Pausa, editado em 1925 na Polônia. Logo em
seguida, a prática teria seguido para a Holanda e para a Rússia, tomando corpo em
vários países a partir de então. Por volta de 1928, a prática foi implantada no Japão
por meio da Rádio Taissô – ginástica orientada com músicas pelo rádio.
No Brasil, sabe-se que desde o inicio do século passado surgiram as primeiras
ações de Profissionais de Educação Física propondo exercícios físicos no ambiente
de trabalho.
Pesquisas apontam a existência de um Programa de Ginástica Matinal, desen-
volvido nos Estaleiros da Ishibrás no Rio de Janeiro, em meados dos anos 1970,
no qual mais de 2.500 homens faziam exercícios durante 10 minutos antes de
iniciarem suas tarefas laborais. Além disso, sabe-se que em 1978 foi formada a
primeira Associação de Rádio Taissô no Brasil, no bairro da Liberdade, em São
Paulo, onde a técnica japonesa de se exercitar ao som de um rádio foi adaptada
para a realidade dos brasileiros, abrindo espaço para atuação dos Profissionais
de Educação Física da época.
Contudo, cabe ressaltar a iniciativa protagonista da Federação de Estabelecimen-
tos de Ensino Superior (FEEVALE) em Novo Hamburgo , no Rio Grande do Sul (RS),
por meio da Escola de Educação Física, que em 1978 efetivou um contrato com cinco
23

empresas da região para a implantação de um Programa de Ginástica Laboral, base-


ado em análises biomecânicas e estruturada pelos Profissionais de Educação Física
da instituição, bem como com parcerias com o Serviço Social da Indústria (SESI) da
região e conforme as necessidades da empresa naquela época.
Destaca-se o dia 22 de novembro de 1978 como um momento histórico da Gi-
nástica Laboral, pois nesta data foi efetivado o contrato para execução do projeto
de Ginástica Laboral compensatória, entre o Serviço Social da Indústria (SESI-RS) e a
FEEVALE (Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior em Novo Hamburgo -
RS) , nas empresas da região.

Empresas que participaram desse programa


de GL Compensatória

Município de Sapucaia do Sul:


- Curtume Vacchi S.A e Lanifício Kurashiki;
Município de São Leopoldo:
- Artefatos de Borrachas Bins S.A e Biehl S.A;
Município de Novo Hamburgo:
- Metal Grin Indústria de Plástico e Metais Ltda.

Objetivos do Projeto em 1978

- Propiciar aperfeiçoamento físico, mental e emocional aos funcionários parti-


cipantes da Ginástica Laboral das Empresas, em horários de trabalho, tornando-os
mais humanizados.
- Por meio da Faculdade de Ensino, formar profissionais especializados e capacitar
mais estudantes, igualmente dispostos a assumirem lideranças juntos às empresas.
- Considerando-se o caráter experimental de programação, propiciar à Feevale a
tríplice missão: o Ensino, a Pesquisa e a Extensão, através da efetivação do Projeto.
24 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Resultado do Projeto de Ginástica Laboral Compensatória,


a partir dos depoimentos da época (1978)

O Programa da Ginástica Laboral é um desafio, representa a tentativa de reco-


locar as exigências do “humano”, como prioridade máxima na solução dos grandes
problemas. A essência do programa é a valorização da pessoa do trabalhador; é a
tentativa de minimizar os aspectos negativos da especialização das funções, oriun-
das da automatização das tarefas, gerando condições desfavoráveis à realização in-
tegral de cada ser: é no trabalho que o ser humano se cria e se realiza.
Hoje a GL está consolidada e implantada em inúmeras empresas de diversos seg-
mentos por todo o país. A prática cresce de maneira efetiva e comprovada, eviden-
ciada pelos seguintes fatos:
- os Profissionais de Educação Física têm HABILITAÇÃO e ESPECIALIDADE para de-
senvolver os programas de acordo com as necessidades de cada setor da empresa
contratante;
- os indicadores de resultados são produzidos, publicados e demonstrados, de
forma efetiva por meio de relatórios periódicos;
- as empresas estão mais “humanizadas” e reconhecendo a importância das práti-
cas de atividades físicas orientadas no ambiente de trabalho como forma de preven-
ção de doenças ocupacionais e promoção de saúde;
- pela união de empresários e profissionais atuantes na área para potencializar o
desenvolvimento desse programa, que hoje integra as estratégias de prevenção e
promoção de saúde nas empresas;
- pelo reconhecimento por parte da sociedade de que os Profissionais de Educação
Física são competentes, habilitados e preparados para conduzir os programas de GL.
25

CAPÍTULO 1
Definições e conceitos

1.1 Definição de Ginástica Laboral


Vários pesquisadores apoiam e recomendam a prática da atividade física no
ambiente de trabalho como uma das atitudes preventivas de saúde. Pratt, Vuori e
Lankenau (2004); Pereira, Lima e Ceschini (2005); Pedersen et al. (2009); Conn et al.
(2009) e Pereira (2009), entre outros autores, perceberam em seus estudos os efeitos
da atividade física aplicada no trabalho sobre a saúde do trabalhador.
Os Programas de Ginástica Laboral (PGL) são atualmente estruturados na ten-
tativa de minimizar os fatores de risco existentes nas empresas para que possam
contribuir sobre o objetivo macro da promoção da saúde no ambiente de trabalho,
mantendo e promovendo a saúde do trabalhador por meio da prática de exercícios
e dicas de saúde (PEREIRA; LOPEZ; VILARTA, 2013).
A Ginástica Laboral (GL) é um programa de exercícios físicos, planejados e dina-
mizados por Profissionais de Educação Física, realizados no próprio local de trabalho,
durante o horário de expediente, de acordo com as características da atividade de-
sempenhada em cada função (CREF9/PR, 2014).
Alguns pesquisadores enriquecem as definições acerca deste tema, entre eles:
Figueiredo (2007) coloca que a GL é uma proposta de exercícios físicos a serem
realizados diariamente durante a jornada de trabalho, buscando compensar os mo-
vimentos repetitivos inerentes à atividade laboral cotidiana, à ausência de movimen-
tação, ou mesmo compensar as posturas assumidas durante o período de trabalho
que causam algum tipo de constrangimento físico.
Maciel (2010), por sua vez, define a GL como a prática de exercícios físicos es-
pecíficos e preventivos, planejados de acordo com as características de cada tarefa
laboral, realizados durante a jornada de trabalho.
Lima (2007) corrobora, afirmando que essas práticas devem ser complementadas
com ações educativas que possibilitem um maior acesso às informações sobre pro-
moção de saúde, dinâmicas lúdicas e de integração, visando promover maior des-
contração e resgate do equilíbrio e bem-estar do trabalhador.
26 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

1.2 Tipos de Ginástica Laboral


Basicamente existem três tipos de Ginástica Laboral, definidos conforme o horá-
rio de sua aplicação na empresa e seus objetivos: GL Preparatória ou de Aquecimento
(também conhecida como GL Introdutória), GL Compensatória ou de Pausa e GL de
Relaxamento ou de Final de Expediente.
1.2.1 Ginástica Laboral Preparatória ou de Aquecimento
É aquela realizada no início da jornada de trabalho ou logo nas primeiras
horas do expediente, com o objetivo principal de preparar os colaboradores
para a execução de sua tarefa profissional, aquecendo os grupos musculares
que serão mais solicitados em sua jornada.
Neste tipo de GL, o Profissional de Educação Física deve planejar exercícios
físicos que proporcionem algumas reações fisiológicas nos colaboradores par-
ticipantes, como:
 aumento da circulação sanguínea e da frequência respiratória no intuito de
melhorar a oxigenação muscular e tecidual;

 aumento da viscosidade intramuscular e da elasticidade muscular, procuran-


do evitar distensões;

 promover um melhor estado de preparação psicológica dos trabalhadores


para que exerçam suas funções com níveis mais elevados de atenção e con-
centração.

1.2.2 Ginástica Laboral Compensatória ou de Pausa


É aquela realizada durante a jornada de trabalho. Neste momento, interrom-
pe-se a monotonia operacional dos colaboradores, que realizam pausas para
executar exercícios específicos de compensação aos esforços repetitivos, es-
truturas sobrecarregadas e às posturas solicitadas no trabalho, de acordo com
cada função laboral.
Na GL Compensatória, recomenda-se que o Profissional de Educação
Física elabore exercícios físicos que influenciem positivamente nos seguin-
tes aspectos:
 redistribuição sanguínea, melhorando a oxigenação corporal, permitindo
metabolização eficiente do Ácido Lático e outros resíduos que interferem no
desempenho do trabalhador, gerando fadiga e perda de rendimento.
27

 aumentar a viscosidade e a lubrificação dos tendões e das fibras musculares;

 alongar a musculatura, diminuir a tensão muscular e contribuir para melhorar


a postura corporal;

 relaxamento e descontração psicológica;

 integração social e momentos lúdicos que contribuam com a sensação de


bem-estar.

1.2.3 Ginástica Laboral de Relaxamento


É aquela realizada ao final do expediente, antes de os colaboradores
saírem da empresa. Está baseada em exercícios de alongamento e relaxa-
mento muscular, com o principal objetivo de oxigenar as estruturas mus-
culares envolvidas nas tarefas profissionais diárias, reduzindo a fadiga e
aliviando o cansaço.
Este tem sido o tipo de GL menos utilizado pelas empresas que contratam
os Programas, pela preferência que demonstram em investir nas ações que
ocorram durante o horário de expediente, possibilitando que o colaborador
retorne ao trabalho melhor do que estava antes da pausa ativa da GL. No caso
da GL de Relaxamento (final de expediente) os colaboradores vão embora da
empresa e, em geral, para grande parte das pessoas, a percepção que fica é a
de que todo o estímulo empregado acaba sendo “aproveitado” fora do horá-
rio produtivo.
Pereira (2013a) sugere uma nova classificação denominada Ginástica Laboral
Mista, que pode ser executada em todos os momentos dos turnos, pois deri-
va da combinação dos objetivos das Ginásticas explicadas anteriormente (de
Aquecimento, Compensatória e de Relaxamento), associando seus conteúdos e
tipos de exercícios ao objetivo de atender de forma ampla às necessidades dos
trabalhadores e das empresas.
1.3 Frequência e Duração da GL
A literatura nacional e internacional apresenta dados científicos que comprovam
os benefícios do PGL dentro de metodologias, na maioria das vezes, com frequência
de cinco vezes por semana e duração de 15 minutos (Pereira, 2009 e 2013ab).
O ideal é que a GL seja praticada todos os dias, no mínimo três vezes ao dia,
durante a jornada de trabalho. Essa é a situação ideal, nem sempre real. Quanto à
28 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

duração das aulas, estas geralmente têm de cinco a quinze minutos, dependendo
da negociação com a empresa contratante, bem como de suas possibilidades (Fi-
gueiredo, 2007).
A escolha da frequência da realização da série dependerá dos objetivos traçados
pelo profissional juntamente com a empresa, o que por sua vez estará diretamente
relacionado aos benefícios que poderão advir dessa prática. Em outras palavras: eles
são interdependentes (Maciel, 2010).
1.4 Benefícios da GL
Embora a modernidade tenha trazido grandes avanços tecnológicos, a busca
constante e incessante por maior produtividade trouxe também fortes pressões para
o contexto do trabalho, gerando muitas vezes desgastes físicos, mentais e emocio-
nais, que, consequentemente, conduzem a um desequilíbrio.
Assim, não raro se faz necessário “promover um equilíbrio” no ambiente de
trabalho. Quando se implanta um Programa de GL numa empresa, envolve-se a
coletividade, o que propicia, além dos benefícios físicos em si (respiração, alon-
gamento muscular, melhor oxigenação e circulação sanguínea), momentos de
descontração, e um desligamento momentâneo dos problemas do trabalho. É
uma pausa em que, apesar dos cargos exercidos, “todos são iguais”: seres huma-
nos em busca de bem-estar, saúde e qualidade de vida no trabalho (Figueiredo;
Mont’alvão, 2008).
O Programa de Ginástica Laboral (PGL) tem como estratégia interferir so-
bre a saúde do trabalhador por meio da orientação de informações sobre
saúde, que devem acontecer diariamente, durante a aula de GL, incentivando
sempre a mudança do comportamento do mesmo em relação aos seus hábi-
tos (PEREIRA, 2013a).
Conforme o CREF3/SC (2013), a GL favorece a mudança da rotina ocupacional;
desenvolve a consciência corporal; melhora a postura; diminui a tensão muscu-
lar desnecessária; melhora a mobilidade e a flexibilidade; melhora a qualidade
dos movimentos executados durante o trabalho; contribui para o melhor re-
lacionamento entre colegas; reforça a autoestima; melhora a concentração no
trabalho.
Para Lima, Aquilas e Ferreira Jr. (2009), a prática da GL possibilita melhoria na
flexibilidade e mobilidade articular; na postura corporal; na disposição e no âni-
mo para o trabalho; autoconhecimento do corpo e coordenação motora; socia-
29

bilização entre colegas e superiores. Ainda reduz tensão e fadiga muscular; além
de contribuir para a queda dos índices de absenteísmo e procura ambulatorial.
De acordo com o CREF9/PR (2014), além dos benefícios citados, há ainda: a
minimização dos vícios posturais e a prevenção da fadiga muscular (aumento
do relaxamento muscular). Para as empresas, a GL contribui com a redução
do absenteísmo por doenças; diminuição do uso do sistema de saúde; redu-
ção de perdas por presenteísmo e também pode contribuir na diminuição
do turnover.
Conforme Maciel (2010), o objetivo geral/principal da GL é a preparação ou com-
pensação dos aspectos biopsicossociais do trabalhador, sendo que os objetivos se-
cundário/específicos estão vinculados à cada modalidade de ginástica adotada (pre-
paratória, compensatória, relaxamento).
Estes objetivos e/ou benefícios poderão visar:
1) Prevenção e/ou compensação do desgaste ocupacional proporcionado:
1.a) pelas posturas incorretas e/ou cansativas;
1.b) pelos movimentos com ou sem repetitividade e uso de força;
1.c) pelo aumento da tensão física e/ou psicológica;
2) Melhoria do clima organizacional - relacionamentos interpessoais;
3) Redução dos acidentes de trabalho;
4) Redução das doenças ocupacionais osteomusculoligamentares;
5) Aumento da produtividade;
6) Mudança de comportamento – adoção de um estilo de vida saudável.
Entretanto, para que os benefícios sejam alcançados, os princípios metodológi-
cos do PGL precisam ser respeitados incluindo a seleção dos conteúdos e prescrição
dos exercícios que devem considerar a intensidade, a duração, a frequência, o volu-
me, a evolução, a motivação, a satisfação, a segurança e a preservação da integrida-
de do trabalhador, assegurando a eficiência do PGL (Pereira, 2013a).
Certamente o Programa de GL é uma grande “porta de entrada” para outros
temas que visem à promoção de saúde e à qualidade de vida nas empresas,
onde começam a se destacar as questões relacionadas à Educação em Saúde
como preponderantes.
30 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

É oportuno citar também que o conceito de Educação em Saúde se sobrepõe ao


conceito de promoção da saúde, como uma definição mais ampla de um processo
que abrange a participação de toda a população no contexto de sua vida cotidiana
e não apenas das pessoas sob o risco de adoecer (WHO, 2015).
Esta noção está baseada em um conceito de saúde ampliado, considerado como
um estado positivo e dinâmico de busca de bem-estar, que integra os aspectos físico
e mental (ausência de doença), ambiental (ajustamento ao ambiente), pessoal/emo-
cional (autorrealização pessoal e afetiva) e sócio-ecológico (comprometimento com
a igualdade social e com a preservação da natureza).
Uma Educação em Saúde ampliada inclui políticas públicas, ambientes apropria-
dos e reorientação dos serviços de saúde para além dos tratamentos clínicos e curati-
vos, assim como propostas pedagógicas libertadoras, comprometidas com o desen-
volvimento da solidariedade e da cidadania, orientando-se para ações cuja essência
está na melhoria da qualidade de vida e no bem-estar das pessoas.
1.5 Implantação do Serviço Ginástica Laboral
Os Programas de GL acontecem dentro de empresas, chamadas Contratantes e
que, de acordo com a Legislação Brasileira, são Pessoas Jurídicas. Na maioria das ve-
zes, estas empresas contratam outras empresas prestadoras do serviço em GL, de-
nominadas Contratadas.
Neste caso, é de inteira responsabilidade das Contratadas o vínculo empregatício
com o Profissional de Educação Física. Contudo, isto não é impedimento para que a
Contratante possa ter um vínculo diretamente com o Profissional de Educação Física.
Assim, o Profissional de Educação Física poderá atuar nessas Empresas como:
- Profissional Pessoa Física - quando for contratado diretamente pela empresa
contratante dos serviços de GL ou por uma prestadora desse serviço.
- Pessoa Jurídica - quando montar sua própria empresa para prestar esse tipo de
serviço e possuir um CNPJ.
Em todos os casos, o Profissional deve ser habilitado, isto é, com formação em
Educação Física e registrado no Sistema CONFEF/CREFs.
Caso atue como Pessoa Jurídica, é necessário ter visão empreendedora: saber
elaborar um plano de negócios adequado, prever custos, despesas fixas e variá-
veis, folha de pagamento, despesas administrativas, jurídicas, calcular a margem
31

de lucro, prospectar clientes e novos negócios, entre outros. A falta de análise


nestes quesitos poderá desqualificar e/ou inviabilizar a prestação do serviço. Cabe
ressaltar que as empresas contratantes estão priorizando a contratação de Pessoas
Jurídicas para a realização dos Programas de GL.
A qualificação e o aperfeiçoamento do profissional na área administrativa deverá
ser constante, focados na gestão dos negócios em Educação Física, tendo em vista
que são muitas as necessidades a suprir quando se assume um contrato. O profis-
sional precisa saber qual é o foco do negócio e conhecer o perfil da empresa que irá
atender, seu segmento e sua Cultura Organizacional.
Por Cultura Organizacional entende-se a representação do universo simbólico
da empresa, que proporciona um referencial dos padrões de comportamento, con-
dutas, relacionamentos e de desempenho entre os colaboradores, influenciando a
pontualidade, a produtividade, a preocupação com os serviços ao cliente e a própria
qualidade de vida dos envolvidos no processo.
As empresas são constituídas por pessoas e dependem delas para atingir seus
objetivos e cumprir suas metas e missões. E as pessoas, por sua vez, entendem que
as organizações constituem o meio pelo qual podem alcançar vários objetivos pes-
soais e profissionais. A orientação das pessoas constitui-se num passo primordial e
necessário à sua adequada aplicação dentro das diversas atividades da organização.
Trata-se de posicionar as pessoas em suas atividades e esclarecer qual é o seu papel
e suas metas no negócio. A todo esse conjunto de fatores é que se dá o nome de
Cultura Organizacional.
Ou seja, para obter êxito na implantação de um Programa de GL, o Profissional
de Educação Física precisa conhecer a empresa e os colaboradores, entender e adap-
tar-se ao cliente para poder atendê-lo de modo adequado. Também é necessário
que o profissional mantenha-se permanentemente atualizado.
Como já afirmado, é fundamental, para a elaboração inicial do programa, co-
nhecer a Cultura Organizacional da Empresa e as peculiaridades de sua rotina
diária, como também o nível de atividade física habitual dos funcionários; fazer
a avaliação da qualidade de vida dos trabalhadores, a avaliação da percepção e
intensidade de dor, além da qualidade dos relacionamentos interpessoais nos
setores e como ocorre a interação entre as pessoas. Estes relatórios podem va-
riar de acordo com as necessidades da empresa e assim determinar a Ginástica
Laboral mais indicada.
32 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Os programas de Ginástica Laboral são elaborados de acordo com as caracterís-


ticas e necessidades de cada empresa, destacando-se como fatores determinantes
pelo menos os seguintes itens:
 análise do local de trabalho, que deverá ser baseada em princípios ergonô-
micos;

 análise cinesiológica e biomecânica nos postos de trabalho, para avaliar quais


os músculos são os mais requisitados;

 palestras de sensibilização para garantir a participação e engajamento dos


trabalhadores e líderes no programa;

 prescrição dos exercícios realizada de acordo com as funções desempenha-


das em cada posto de trabalho;

 a avaliação do Programa de GL e sua aceitação serão obtidas durante as


aulas, através de entrevistas e questionários e servirão de feedback para
possíveis ajustes;

 a apresentação de resultados, por sua vez, deverá considerar os pontos fortes


e aqueles que devem ser ajustados no decorrer do processo, os quais deverão
ser apresentados à empresa contratante para validação e aprovação.

1.6 Condutas Básicas do Profissional de Educação Física na


Ginástica Laboral
Atualmente as técnicas de aplicação de GL estão bastante específicas e a exigên-
cia sobre esse serviço está elevada, o que a torna um programa estratégico, que me-
rece rigor e assertividade em todas as etapas.
A Ginástica Laboral é um trabalho específico que exige do profissional sólidos co-
nhecimentos em adaptação/correção postural e também um cuidado com a rotina
nos exercícios para não desestimular a prática. Deve procurar sempre compatibilizar
o ambiente de trabalho às necessidades e limitações dos trabalhadores.
Inicialmente deve-se pesquisar e entender o ambiente corporativo e os concei-
tos básicos de outras áreas de atuação que complementam o Programa de GL, tais
como: ergonomia, normas de segurança e qualidade de vida no trabalho, estresse
ocupacional e recursos humanos. Além destes aspectos técnicos, o Profissional de
Educação Física deve ser capaz de interagir, motivar e contribuir para uma maior
integração entre os funcionários da empresa.
33

Os Profissionais de Educação Física devem conhecer previamente os setores


da empresa, preparando-se para respeitar suas normas de segurança. Também
devem conhecer os riscos ambientais (químicos, físicos, biológicos, ergonômi-
cos e de acidentes de trabalho) que podem estar relacionados à suas atividades
profissionais. Também devem possuir conhecimento nas áreas de Fisiologia do
Exercício, Ergonomia, Técnicas de Relaxamento, Flexibilidade e Alongamento,
Segurança do Trabalho, Medicina Ocupacional, Massagem e Dinâmicas de Recre-
ação e Lazer, entre outras.
Todos esses conhecimentos e conteúdos deverão ser previamente analisados,
planejados e contextualizados com a realidade de cada empresa contratante, de
modo a aculturar tais atividades para que façam sentido e produzam os resultados
esperados.
O Profissional de Educação Física deve planejar o Programa de GL com base em
uma análise das atividades desenvolvidas em cada setor da empresa, e de acordo
com as principais causas de afastamento, queixas mais frequentes ou outra ques-
tão com a qual a GL possa contribuir e que tenha relação com suas possibilidades
e objetivos, verificando:
1. perfil da empresa e ramo de atividade;
2.inserções adaptadas aos horários, turnos e pausas da empresa, bem como exi-
gências de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC’s) e Equipamentos de Pro-
teção Individual (EPI’s);
3. áreas de risco;
4. causas de afastamento – pois algumas empresas implantam o programa aliado
a um conjunto de ações motivacionais e não especificamente relacionado à
prevenção de lesões.
A função principal do Profissional de Educação Física é atuar na prevenção e na
promoção da saúde. O crescimento dos programas de atividade física nas empresas
contribui para uma maior união entre os profissionais da área de saúde, valorizando
o trabalho multi e interdisciplinar, respeitando os limites de cada área de atuação. O
objetivo é que esse trabalho tenha resultados concretos e mostre um caminho para
uma vida mais saudável também no ambiente de trabalho. Pimentel (1999) discorre
que cabe ao profissional que atua nesta área a intervenção crítica, ciente e aplicada
dentro de sua especialidade.
34 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O profissional que ministrar as aulas de Ginástica Laboral deverá ser motivador e


capaz de levar aos funcionários a real importância de tal prática. Não deverá preo-
cupar-se somente em “dar as aulas”, pois há outras ações que devem ser propostas,
como divulgações e atividades diferenciadas no local de trabalho, causando estímu-
los maiores e mais significativos. O programa só terá progressão e continuidade se
houver uma grande parcela de funcionários integrados e satisfeitos, de forma cons-
ciente, alcançando índices positivos em relação à melhoria de sua qualidade de vida
(CASTILHO et al., 2009).
1.7 Acompanhamento de um Programa de Ginástica Laboral
Monitorar e acompanhar um Programa de GL consiste em coletar dados perti-
nentes de maneira regular e apresentar relatórios periódicos, indicadores de resul-
tados, pontos de melhoria ou mudança, bem como identificar eventuais desvios ou
problemas, e oferecer sugestões de solução. Estes procedimentos darão credibilida-
de e maiores chances de continuidade do serviço prestado.
Atualmente é vital coletar e apresentar indicadores de gestão e monitoramento
do Programa de GL, dentre os quais cita-se alguns exemplos: frequência e partici-
pação dos colaboradores nas sessões, satisfação dos participantes, desempenho
do Profissional de Educação Física, eventuais índices corporais como flexibilidade
de alguns segmentos específicos, cruzando-os com indicadores da empresa con-
tratante, tais como: absenteísmo, turnover, acidentes de trabalho, procura ambula-
torial, entre outros. Há de se considerar que a GL por si só não será capaz de modi-
ficar na totalidade todos esses indicadores, mas certamente poderá contribuir com
melhorias. Cabe ressaltar que a atuação do Profissional de Educação Física deve ser
pautada em indicadores que foram negociados/pactuados anteriormente com a
Contratante. Isso permitirá nortear todas as ações, bem como definir o campo de
atuação e os objetivos a serem alcançados.
Sugere-se muita cautela em relação à produtividade como um indicador de
resultado do Programa de GL ou mesmo como sendo o objetivo principal do
programa. É fundamental entender como a empresa define e mensura PRODU-
TIVIDADE, a fim de conhecer as reais possibilidades de intervenção. A produti-
vidade é afetada por um universo de variáveis que exercem influências diretas
e indiretas sobre esse item e não se pode transferir toda essa responsabilidade
para o programa.
35

Exemplos de Indicadores de Controle e Acompanhamento


Adesão
É muito efetivo realizar um levantamento mensal, abordando a participação
dos trabalhadores no Programa de GL, de forma nominal ou quantitativa geral.
Conforme os dados obtidos, pode-se identificar os setores críticos, como os que
não participam do Programa de GL, para os quais poderá ser desenvolvida algu-
ma ação de intervenção específica. A adesão também contribui nas avaliações do
próprio Programa de GL, pois, quanto maior a participação regular dos colabora-
dores nas sessões, entende-se que melhor é a aceitação desse programa, elevando
as chances de continuidade, alcance dos resultados e consequente renovação da
prestação de serviços.
Pesquisas de Satisfação
Considera-se importante realizar pesquisas que contemplem aspectos correlacio-
nados ao programa e aos Profissionais de Educação Física, tais como: pontualidade,
didática, metodologia, simpatia, atenção, desenvoltura e disponibilidade, atividades
mais apreciadas, materiais utilizados, sugestões de outras atividades a serem reali-
zadas, sempre com a possibilidade de comentários abertos. A periodicidade dessas
pesquisas poderá ser trimestral, semestral ou até mesmo anual.
Indicadores Específicos
Existem inúmeras possibilidades disponíveis na literatura científica e nas pu-
blicações técnicas, com instrumentos de avaliação validados, tais como: percep-
ção de desconforto, nível de atividade física habitual e também sobre estilo de
vida. Lembrando sempre que devem ser estabelecidos indicadores de acordo
com os objetivos do programa. É importante ressaltar que os indicadores de mo-
nitoramento escolhidos devem fazer sentido ao programa e aos colaboradores,
de modo que sejam efetivamente utilizados e acompanhados, permitindo que
melhorias sejam alcançadas. Avaliar e não utilizar os dados significa perda de
tempo e improvisação.
Por fim, cabe destacar que monitorar e acompanhar os indicadores de maneira
comparativa e crítica subsidia a produção de relatórios estruturados, que indicarão
as mudanças ocorridas durante o programa, além das ações de intervenção e possi-
bilidades de melhoria.
37

CAPÍTULO 2
Competências e responsabilidades

2.1 C
 ompetências do Profissional de Educação Física e sua atuação
nas empresas
O Profissional de Educação Física conquistou e vem conquistando cada vez mais
seu espaço na sociedade. Sua atuação dentro das organizações destaca-se pela ca-
pacidade de promover ações e programas de qualidade de vida e bem-estar, uma
vez que os trabalhadores estão sendo acometidos pelas doenças ocupacionais com
mais frequência, sendo fundamental uma intervenção profissional preventiva e de
promoção de saúde.
Para poder atuar na área empresarial, o Profissional de Educação Física deve estar
preparado para colocar em prática os conhecimentos específicos sobre o corpo hu-
mano, adquiridos ao longo de sua formação, tais como anatomia humana, fisiologia
do esforço, cinesiologia, biomecânica, além de disciplinas que tratam da metodo-
logia e da didática para montagem e planejamento de aulas. Este profissional deve
conduzir suas práticas com criatividade, motivação, carisma, capacidade de comuni-
cação e com um olhar técnico, didático e metodológico.
Esse composto de características e de conhecimentos torna-o um profissional
capaz e sensível para com o próximo, condição necessária para atuar em empresas
onde os trabalhadores, muitas vezes, depositam expectativas nessa relação agrega-
dora de valor, baseada numa intervenção profissional ética, garantindo à sociedade
uma prática segura.
2.2 O Profissional de Educação Física num Programa de
Ginástica Laboral
Para que o Profissional de Educação Física possa atuar com qualidade e em ní-
veis de excelência dentro de uma empresa contratante de GL, não basta atender às
questões de formação acadêmica e de habilitação legal. É necessária a atualização
permanente e aprimoramento dos seus conhecimentos, com aplicação prática de
acordo com os mercados de trabalho dos mais diversos segmentos laborais do país.
Cabe destacar que os ambientes corporativos são diferentes de certos ambientes
comuns à área de atuação do Profissional de Educação Física, como academias, clu-
bes, estúdios e locais específicos para a prática de exercícios físicos orientados. Deste
38 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

modo, é fundamental estar atento às peculiaridades de cada empresa, respeitando sua


cultura organizacional, sua missão, seus valores, suas regras e suas políticas de saúde e
segurança ocupacional.

Não se pode deixar de considerar a responsabilidade e a parcela de copartici-


pação da empresa contratante no sucesso de um Programa de GL, de modo que
se estabeleçam boas condições para a realização do programa, considerando aspec-
tos físicos, estruturais e de apoio tácito a ele, que crescerá na medida em que houver
incentivos efetivos, investimentos proporcionais e resultados positivos.
2.3 Conhecimento e Aperfeiçoamento Permanentes
Conhecimentos inerentes à prevenção, promoção de saúde e saúde do trabalha-
dor são cada vez mais valorizados nos programas de GL, pois caracterizam-se como
“portas de entrada” para outras ações nas empresas. Entenda-se por outras ações:
atividades físicas orientadas, fitness corporativo (academia de ginástica na própria
empresa), assessoria esportiva, grupos de caminhada e corrida, palestras, orienta-
ções posturais, atividades de relaxamento, entre outras possibilidades.
O Profissional de Educação Física precisa apropriar-se desses conhecimentos du-
rante e após sua graduação, buscando embasamento científico atualizado, estudos
de caso, troca de experiências e vivências práticas.
Além desse aperfeiçoamento permanente, torna-se imprescindível o desenvolvi-
mento da sua capacidade de levar conhecimento àqueles que vão se beneficiar de
seu serviço nas empresas. Os colaboradores têm diferentes níveis sócio-culturais e
de formação, bem como adotam estilos de vida muito diversificados, o que exige um
olhar ampliado do Profissional de Educação Física para conseguir conectar-se com
seu público-alvo e atingir os objetivos do Programa de GL.
Aqui cabe destacar algumas das competências necessárias ao Profissional de
Educação Física: autoconhecimento e autoconfiança; disciplina; organização pessoal
e metodológica; capacidade de planejamento e de improvisação; trabalho em equi-
pe; relacionamento interpessoal; controle emocional; disposição para entender as
necessidades e propor soluções dentro dos limites éticos da sua intervenção profis-
sional na GL.
2.3.1 Apresentação Pessoal
A atuação em GL ocorre em ambientes corporativos, que exige não somente
o cuidado com a aparência física, mas também com a vestimenta apropriada
39

(ex.: o uso de uma bermuda de ginástica ou uma camiseta regata são inadmissí-
veis em um ambiente corporativo). Deve ser utilizada uma vestimenta adequa-
da e discreta, que sem dúvida contribuirá para o bom desempenho do trabalho.
Algumas orientações adicionais:
I. conhecer a cultura da empresa, o ambiente de trabalho e o que se espera em
termos de vestimenta e aparência;
II. excesso de maquiagem e acessórios podem comprometer a imagem profis-
sional. O ambiente corporativo, em geral, requer mais discrição;
III. ser discreto ao vestir-se e nas atitudes, zelando por uma impressão positiva;
IV. administrar o tom e a velocidade da fala, fazer pausas, adequar o volume ao
ambiente e ao(s) interlocutor(es) presentes na sessão, observando e desen-
volvendo a prática da boa dicção;
V. ler, estudar e buscar informações sobre apresentação pessoal pode ser um
grande diferencial.
2.3.2 Assiduidade e Pontualidade
A regularidade com que o Profissional de Educação Física comparecerá na
empresa para dinamizar as atividades é considerada um item imprescindível
para o sucesso de um Programa de GL, uma vez que refletirá na confiança e na
continuidade do programa. Além disso, a pontualidade representa a segurança
de que todas as turmas serão atendidas dentro dos horários estabelecidos, evi-
tando atrasos no retorno à produção e ao trabalho.
O Profissional de Educação Física estará atento a:
 planejar antecipadamente as atividades que desenvolverá na empresa;

 alinhar e cumprir todos os horários previamente firmados com as gerências;

 zelar pelo cumprimento do que foi estabelecido no cronograma;

 gerenciar o tempo para conseguir cumprir todas as atividades de cada dia;

 comprometer-se em manter uma comunicação direta com a empresa con-


tratante, com os profissionais das áreas afins (Gerência, RH, Sesmt) e com a
prestadora de serviços nos casos de imprevistos ou eventualidades que o im-
peçam de cumprir o que foi determinado (CREF4/SP, 2013).
40 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

2.3.3 Relacionamento Interpessoal


A capacidade do Profissional de Educação Física de se relacionar com os di-
ferentes perfis de pessoas dentro de uma empresa é fator determinante para o
sucesso do Programa de GL. Para isso são necessárias habilidades de comuni-
cação, escuta ativa, atenção, sociabilização e integração. Os relacionamentos
interpessoais estão cada vez mais valorizados, e a forma como as pessoas inte-
ragem interfere diretamente nos resultados do programa.
Cabe ao Profissional de Educação Física procurar identificar as necessidades
e as características dos colaboradores em cada setor, de modo a oferecer-lhes
atividades que tenham significado e propósito, adequados à sua atividade la-
boral, capazes de proporcionar benefícios; respeitar diferentes crenças, hábi-
tos e modos de comportamento das pessoas; evitar expor os participantes a
situações constrangedoras, pois isso poderá reduzir a participação e a adesão
no programa; zelar pela segurança e pela integridade dos participantes e, so-
bretudo, não apenas propor e executar movimentos, mas levar informações e
conhecimentos aos participantes, contribuindo com a educação em saúde e a
construção de um estilo de vida mais ativo e saudável. Isso influencia positiva-
mente a saúde do trabalhador!
2.3.4 Método, Comunicação e Interdisciplinaridade
O Profissional de Educação Física que atuar com GL precisará manter aper-
feiçoamento constante, buscando conhecimentos inerentes às atividades rea-
lizadas nas empresas, de preferência com respaldo científico, evitando empiris-
mo ou atividades que produzem poucos resultados. Além disso, é vital manter
contato direto com a empresa contratante, seu departamento de recursos hu-
manos, Segurança e Medicina do Trabalho e áreas afins, bem como com os pró-
prios colaboradores, procurando entender as necessidades para então propor
soluções e melhorias, de modo a potencializar os possíveis resultados que um
Programa de GL poderá produzir.
Vale ressaltar a importância do apoio e adesão dos Gestores e Lideranças
diretas da empresa contratante, por meio da participação ativa no programa,
uma vez que os resultados que poderão ser alcançados ficarão potencializados,
gerando credibilidade e motivação nos trabalhadores.
41

2.4 Desenvolvimento de uma equipe de profissionais para o Pro-


grama de GL
Nesse mundo competitivo e de rápidas mudanças, numa economia globalizada
muito dinâmica, em que os desafios apresentam-se diariamente, numa intensidade
e complexidade cada vez maiores, exige-se pessoas inteligentes, ágeis, empreende-
doras em suas funções e dispostas a assumir novas responsabilidades, atuando em
equipes de trabalho de alta performance e que se complementem.
Em paralelo ao Diagnóstico Inicial e ao Projeto de Implantação da Ginástica La-
boral numa empresa, se faz necessário investimento de tempo e recursos no Trei-
namento, Capacitação e Desenvolvimento dos Profissionais de Educação Física que
atuarão no contrato – em especial naquelas empresas que demandam equipes
maiores para atender todos os setores, em todos os turnos de trabalho.
Sabe-se que as pessoas constituem hoje o principal patrimônio de uma organi-
zação e representam o negócio junto aos clientes. Dessa forma, o capital humano
passou a ser considerado o principal diferencial competitivo das organizações bem-
- sucedidas e deve ser valorizado de maneira estratégica.
As pessoas passaram a ser consideradas os principais parceiros da organização,
podendo contribuir efetivamente para que a empresa alcance os objetivos traçados
no planejamento estratégico. Essa contribuição virá da aplicação de seus conheci-
mentos, habilidades e atitudes, bem como de suas capacidades, que deverão ser
treinadas e desenvolvidas ao longo do processo – desde o início.
Nesse cenário, é fundamental investir num programa contínuo de treinamento e
desenvolvimento dos envolvidos no Programa de GL, pois representam a empresa
junto aos clientes e à sociedade de uma forma geral.
Vale destacar mais uma vez que antes dos Profissionais de Educação Física inicia-
rem qualquer Programa de GL, de modo a evitar improvisações, devem conhecer a
empresa em que atuarão, além de conhecer a metodologia de trabalho que será uti-
lizada e a sistematização dos exercícios físicos a ser seguida. Os profissionais devem
ainda participar da elaboração desse trabalho.
Sugere-se uma construção participativa, na qual a troca de experiências e de co-
nhecimentos seja considerada item fundamental para a integração da equipe e para
o sucesso do programa.
42 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

2.4.1 Importância do Treinamento e da Capacitação dos Profissionais de


Educação Física
Por treinamento considera-se um meio de desenvolvimento de determina-
das competências nas pessoas, para que conheçam e dominem as atividades
que desenvolverão em sua função profissional, alinhadas com as diretrizes de
trabalho e com a filosofia da empresa contratante.
Antes mesmo de iniciar um Programa de GL, recomenda-se um programa de
treinamento com os Profissionais de Educação Física, de modo que possam co-
nhecer a Missão, a Visão e os Valores da empresa que os contrata, bem como se
familiarizem com a Descrição do Cargo que vão ocupar (aqui deve-se descrever
o que o profissional desempenhar, quais as responsabilidades que assumirá e a
quem deverá se reportar diretamente, na estrutura da organização).
Este treinamento inicial é o momento oportuno para discutir o processo
de implantação do Programa de GL, bem como compartilhar as informações
que serão obtidas no Diagnóstico Inicial, permitindo que os profissionais co-
nheçam o cliente e seu perfil, os diferentes setores da empresa e os objetivos
do programa.
Vale considerar que as diferenças entre os Profissionais de Educação Física
(perfil, postura, nível de experiências anteriores) são importantes e merecem
ser respeitadas. Entretanto, num programa que envolve a participação de vá-
rios profissionais, cabe à empresa capacitá-los e alinhá-los, para que possam
atuar com segurança e dentro de uma mesma metodologia, podendo tomar
decisões corretas na linha de frente, em sintonia e afinidade com o negócio.
As mudanças são constantes e precisa-se atenção à essas situações, de
modo a monitorar as características e necessidades dos clientes, para oferecer
atividades e serviços que contribuam com o seu aperfeiçoamento e conquista
dos objetivos traçados.
Ao longo da realização do Programa de GL, simultaneamente ocorrerão
workshops constantes com a equipe (treinamentos e capacitações), visando
adquirir novas habilidades e capacidades que serão requeridas durante da evo-
lução do programa. O objetivo é a manutenção e adequação constante às de-
mandas da empresa contratante.
43

CAPÍTULO 3
Legalidade

3.1 Atividades Físicas e Exercícios Físicos sob a Luz da Lei 9.696/1998


Em 1º de setembro de 1998 foi sancionada a Lei nº 9.696/98, que passou a re-
gulamentar as atividades do Profissional de Educação Física e criou os respectivos
Conselho Federal e Conselhos Regionais de Educação Física no Brasil – Sistema
CONFEF/CREFs.
Dentre os fatores que contribuíram para a regulamentação dos serviços prestados
à sociedade nesse campo estão: a afirmação do direto do cidadão à prática esportiva
formal e informal, expressa no Artigo 2.017 da Constituição Federal de 1988; a nova
Lei 9.615/1998 que fala sobre a organização geral do esporte e o reconhecimento,
pela população, da importância da atividade corporal para a saúde e qualidade de
vida. O Art. 3º da Lei 9.696/1998 estabelece que: compete ao Profissional de Educa-
ção Física coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar,
avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar servi-
ços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, parti-
cipar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos,
científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto.
Sua regulamentação significa o reconhecimento, pela sociedade e autoridades
governamentais, da importância desse serviço para o bem-estar da população.
3. 2 Resoluções do Conselho Federal de Educação Física – CONFEF
046/2002 e 073/2004
Conforme a Resolução CONFEF 046/2002, em seu Art. 1º: O Profissional de Edu-
cação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações – gi-
násticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, ati-
vidades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação,
ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral
e do cotidiano e outras práticas corporais –, tendo como propósito prestar serviços que
favoreçam desenvolvimento da educação e da saúde (...).
Em relação à Ginástica Laboral, a Resolução CONFEF 073/2004 afirma que é
prerrogativa privativa do Profissional de Educação Física planejar, organizar,
dirigir, desenvolver, ministrar e avaliar programas de atividades físicas, particular-
44 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

mente, na forma de Ginástica Laboral e de programas de exercícios físicos, esporte,


recreação e lazer, independentemente do local e do tipo de empresa e trabalho.
É fundamental destacar a importância do Art. 5º da Resolução CONFEF 073/2004,
que aponta o Profissional de Educação Física como sendo um profissional ativo nos
processos de planejamento e implantação de programas destinados à educação do
trabalhador nos temas referentes à saúde funcional e ocupacional e hábitos para
uma vida ativa.
Vale ressaltar que a atividade física agora é oficialmente parte integrante da Le-
gislação Brasileira no contexto da saúde, de acordo com a LEI 12.864/ 2013 (para mais
informações, vide: www.confef.org.br).
3.3 L
 icenciatura e Bacharelado na Formação do Profissional de Edu-
cação Física
Legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional é uma competência
privativa da União (art. 22, XXIV da Constituição Federal). Dessa forma, o Minis-
tério da Educação e o Conselho Nacional de Educação estabeleceram duas for-
mações: LICENCIATURA e BACHARELADO. Destaca-se que tais modalidades de
formação são específicas, com aprendizagens, áreas de conhecimento e habili-
dades diferentes requerendo, portanto, intervenções profissionais distintas, que
não se confundem.
Desde então fica claro que, para a intervenção Profissional de Educação Física
no Brasil, a legislação atual possibilita duas vertentes de formação: LICENCIATURA e
BACHARELADO, instituídas pelo CNE por meio da Resolução 1, de 18 de fevereiro de
2002, e Resolução 7, de 31 de março de 2014.
Assim sendo, somente podem atuar com Ginástica Laboral os Licenciados em
Educação Física pela Resolução CNE 03/1987 e os Graduados em Educação Física
(Bacharel) pela Resolução CNE 07/2004, devidamente registrados junto ao Sistema
CONFEF/CREFs e em dia com suas obrigações pecuniárias.
3.4 O Profissional de Educação Física como Agente de Saúde
O Profissional de Educação Física é um Agente de Saúde, reconhecido por Norma
Legal pelo Conselho Nacional de Saúde, em sua Sexagésima Terceira Reunião Ordi-
nária, realizada em 05 e 06 de março de 1997. Entre as 14 categorias reconhecidas
como “Profissionais de Saúde” de Nível Superior está a de nº 3 – Profissionais de Edu-
cação Física, sendo as demais as seguintes: Assistentes Sociais, Biólogos, Enfermei-
45

ros, Farmacêuticos, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Médicos, Médicos Veterinários,


Nutricionistas, Odontólogos, Psicólogos e Terapeutas Ocupacionais.
O Profissional de Educação Física tem como responsabilidade legal ser um agen-
te de promoção da saúde. Analisando a grade curricular dos cursos de Educação
Física encontram-se: anatomia, fisiologia, ergonomia, bioquímica, biomecânica, gi-
nástica individual e em grupo, atividades físicas para empresas, gestão e marketing,
pedagogia do movimento humano, treinamento funcional, atividades de recreação
e lazer, atividade física e saúde, exercícios resistidos, atividades físicas para pessoas
com deficiência, atividades físicas para grupos especiais, primeiros socorros, compo-
sição do movimento, desenvolvimento humano e aprendizagem motora, avaliação
motora, pedagogia dos esportes, treinamento esportivo, sociologia, filosofia, condi-
cionamento físico, didática e metodologia, empreendedorismo e gestão, gestão de
pessoas e carreiras, psicologia das organizações – enfim, uma gama de disciplinas
e conteúdos voltados à prevenção de doenças, promoção da saúde, educação em
saúde, atendendo às necessidades integrais do ser humano.
O Profissional de Educação Física é aquele que orienta e transforma a rotina das
pessoas por meio da dinamização de atividades, mostrando caminhos alternativos,
a fim de que adotem um estilo de vida ativo e saudável.
Enfim, em virtude de sua formação acadêmica e constante atualização profissio-
nal, ele é o profissional tecnicamente capacitado e legalmente habilitado para plane-
jar, implantar, gerenciar e realizar as atividades do Programa de GL.
3.5 Inserção mercadológica do Profissional de Educação Física
No contexto das empresas em funcionamento no Brasil, detentoras de postos de
trabalho, em que o Profissional de Educação Física pode prestar assistência à saúde
do trabalhador, intervindo de forma efetiva à prevenção, promoção da saúde inte-
gral e à melhoria de sua qualidade de vida, no que concerne à suas necessidades na
prática de ginásticas, exercícios físicos, atividades físicas, orientações e similares, in-
dependentemente do local em que atue, configuram-se oportunidades de inserção
mercadológica para os Profissionais de Educação Física, aos quais compete:
I – realizar ações profissionais, de alcance individual e/ou coletivo, de promoção da ca-
pacidade de movimento e prevenção à intercorrência de processos cinesiopatológicos;
II - prescrever, orientar, ministrar, dinamizar e avaliar procedimentos e a prática de
exercícios ginásticos preparatórios, compensatórios ou de relaxamento às atividades
laborais e do cotidiano;
46 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

III - identificar, avaliar, observar e realizar análises biomecânicas dos movimentos,


bem como testes de esforço relacionados às tarefas decorrentes das variadas fun-
ções que o trabalho na empresa requer, considerando suas diferentes exigências em
qualquer fase do processo produtivo, propondo atividades físicas, exercícios ginás-
ticos, atividades esportivas e recreativas que contribuam para a manutenção e pre-
venção da saúde e do bem-estar do trabalhador;
IV - propor, realizar, interpretar e elaborar laudos de testes cineantropométricos e de
análise biomecânica de movimentos funcionais, quando indicados para fins diag-
nósticos;
V - elaborar relatório de análise da dimensão sócio-cultural e comportamental do
movimento corporal do trabalhador e estabelecer nexo causal de distúrbios biodi-
nâmicos funcionais.
O Profissional de Educação Física, no âmbito da sua atividade profissional, está
qualificado e legalmente habilitado para:
- prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria especializada;
- contribuir para a promoção da harmonia e da qualidade assistencial no trabalho
em equipe multiprofissional e a ela integrar-se, sem renunciar à sua independência
ético-profissional;
- desempenhar papel ativo nos processos de planejamento e implantação de pro-
gramas destinados à educação do trabalhador nos temas referentes à saúde funcio-
nal e ocupacional e hábitos para uma vida ativa;
- atuar e contribuir de forma efetiva para a qualidade do trabalho em equipe multi-
profissional, conforme sua área de habilitação, em conformidade com o Código de
Ética Profissional e sem renúncia à autonomia técnico-científica.
3.6 Exercício ilegal da Profissão e Desvio de Função ­— os “Multipli-
cadores”
Para assegurar as determinações da Lei 9.696/1998 e da Resolução CONFEF
073/2004, a prática da Ginástica Laboral, seja em órgão público ou particular, em
todo o território nacional, deve sempre contar com a presença e dinamização de um
Profissional de Educação Física habilitado.
A responsabilidade por esta atividade não pode ser transferida a terceiros, como
estagiários ou “multiplicadores” (funcionário da empresa contratante do servi-
47

ço que é “treinado” para reproduzir a sequência de exercícios de GL). A atuação


do estagiário somente é permitida na presença de um Profissional de Educação Físi-
ca com campo de atuação Pleno ou Bacharel devidamente preparado e legalmente
habilitado para assumir o controle, sanar dúvidas e ser o responsável pela atividade
realizada naquele ambiente. A realização da atividade por “multiplicadores”, que são
empregados da própria empresa, não é permitida por se tratar de uma pessoa não
habilitada, sem preparo técnico e sem respaldo legal para orientar a atividade, repre-
sentando um risco muito maior à saúde dos trabalhadores.
Desse modo, os programas de Ginástica Laboral que contam com estagiários sem
supervisão ou acompanhamento e com “multiplicadores” são ilegais, pois incorrem
na contravenção penal de exercício ilegal da profissão. Essa exploração de mão de
obra barata pode resultar em consequências danosas à saúde física e psicológica
dos trabalhadores e também ao empresário, pois os malefícios provocados por
orientação de indivíduos não habilitados podem aparecer a curto, médio e longo
prazo, aliados aos riscos à saúde dos trabalhadores, bem como pode trazer sérias
consequências na área trabalhista, uma vez que um funcionário que “atuava como
multiplicador” poderá vir a requerer na Justiça seus direitos, referentes ao acúmulo
de funções. Exemplo: foi contratado para Auxiliar Administrativo e atuava também
como “multiplicador” da Ginástica Laboral.
3.7 C
 redenciamento de Empresas Prestadoras de Serviços em Ginás-
tica Laboral
Para desfrutar dos benefícios promovidos pela atividade de Ginástica Laboral,
a qualidade na prestação do serviço é de extrema relevância. Recomenda-se, por-
tanto, que ao contratar uma empresa prestadora de serviços de GL verifique-se sua
exigência documental, bem como seu registro de Pessoa Jurídica junto ao Sistema
CONFEF/CREFs.
Vale destacar que os Profissionais de Educação Física vinculados à empresa pres-
tadora de GL também precisam estar devidamente registrados junto ao Sistema
CONFEF/CREFs. A confirmação deste registro dá-se pela apresentação da Cédula de
Identificação Profissional (CIP) que deverá estar de posse dos profissionais e pelo
Selo de Credenciamento Anual de Pessoa Jurídica. Adotando estas medidas, a con-
tratante estará garantindo uma contratação segura e mais assertiva, aumentando as
chances de sucesso dos programas de GL e o alcance dos benefícios que esta ativi-
dade tem a oferecer aos seus colaboradores.
48 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

3.7.1 Da Escolha e Contratação de Fornecedores: sugestões de exigência


documental
Para uma contratação legal e segura de empresas prestadoras de serviços
de GL, recomenda-se que as empresas Contratantes solicitem as seguintes do-
cumentações, na forma original ou sob a forma de fotocópia autenticada por
órgão competente, comprovando idoneidade na execução do serviço presta-
do, bem como o cumprimento da legislação que regulariza o funcionamento
destes estabelecimentos:
a. comprovante de inscrição no CNPJ;
b. certidão conjunta negativa de débitos relativa a tributos e contribuições
federais e à dívida ativa da união;
c. certidão negativa de débito de tributos estaduais, da sede da empresa;
d. certidão negativa de débito de tributos municipais, da sede da empresa;
e. certidão negativa de débito do INSS (CND);
f. certidão de regularidade do FGTS (CRF);
g. registro comercial, no caso de empresa individual;
h. Ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente regis-
trado, em se tratando de sociedades comerciais, e, no caso de sociedades
por ações, acompanhado de documentos de eleição de seus administra-
dores;
i. inscrição do ato constitutivo no notário registrador de pessoas jurídicas, no
caso de sociedades civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício;
j. comprovante de alvará de funcionamento da empresa;
k. registro ou inscrição da pessoa jurídica no respectivo Conselho Regional
de Educação Física da sua região, acompanhado do comprovante de paga-
mento da anuidade do ano corrente.
Este texto trata-se de uma sugestão, pois não compete ao Sistema CONFEF/
CREFs essa fiscalização, mas sim à empresa contratante. Os itens que devem ser
conferidos são: listagem dos profissionais que prestarão o serviço, acompanhada
das cópias do registro pessoa física perante o CREF da região. Sugere-se também
documento que comprove o vínculo existente entre a empresa prestadora de GL
49

e o Profissional de Educação Física que prestará o serviço, evitando passivo traba-


lhista à empresa contratante.
3.8 Da prestação de serviços às empresas contratantes
Compreender as mudanças ocorridas no mundo nos últimos anos e vislumbrar
os rumos que a economia e a produção estão tomando, aliados às expectativas da
sociedade é um dos grandes desafios existentes na Educação Física.
Os temas qualidade de vida, promoção de saúde e bem-estar nas empresas têm
crescido de maneira importante e responsável. Inúmeros estudos internacionais que
analisaram o absenteísmo, o presenteísmo, os custos com assistência médica, os aci-
dentes de trabalho e as aposentadorias precoces por problemas ocupacionais mos-
tram que as intervenções no ambiente de trabalho são eficazes e melhoram todos
esses indicadores. As empresas estão enfrentando sérios problemas com o aumento
dos custos de assistência médica. No Brasil, a sinistralidade (despesas médicas, hos-
pitalares e laboratoriais) tem aumentando sistematicamente acima da inflação. Os
gestores têm se utilizado de várias ferramentas para buscar controlar essas despesas.
Portanto, o estilo de vida dos empregados é de grande importância. Segundo dados
da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005), no Brasil, as doenças crônicas são
responsáveis por 72% de todos os óbitos, projetando-se um aumento de 22% nos
próximos dez anos, principalmente pelo aumento na frequência de diabetes (OGATA
e SIMURRO, 2009).
Nesse momento, vale destacar que a questão do estilo de vida tem grande im-
portância social e econômica e deve ser vista como estratégica pelos gestores das
áreas pública e privada, bem como pelos profissionais da área da saúde – em espe-
cial pelos Profissionais de Educação Física.
51

CAPÍTULO 4
Cenário atual e recomendações

4.1 Saúde do trabalhador: uma questão multiprofissional


A prática regular de atividades físicas nunca esteve tão ligada à saúde como agora,
sobretudo por conta de um estilo de vida predominantemente “sedentário” (com pouca
ou nenhuma atividade física) que o mundo atual induz a viver, pelo conforto e como-
dismo que proporciona. Porém, o sedentarismo tornou-se um problema mundial e traz
uma série de fatores de risco, dentre os quais podem-se destacar as doenças crônico-de-
generativas, estresse, desequilíbrio muscular e outros males da vida moderna.
Essa é uma das razões pela qual observa-se o crescente interesse por parte das
empresas em promover ambientes atrativos e saudáveis, principalmente por meio
de programas de incentivo à prática de atividades físicas, como Ginástica Laboral,
frequência em academias de ginástica e musculação, grupos de caminhada e cor-
rida, entre outras iniciativas estruturadas, uma vez que o colaborador sedentário
está mais exposto aos problemas de saúde.
Para tal, faz-se necessário um trabalho multiprofissional, no qual o Profissional
de Educação Física exerce uma função extremamente importante e indispensável.
O trabalho do Profissional de Educação Física é promover a saúde por meio de
atividades físicas e exercícios prescritos e orientados de forma direcionada, que vi-
sem atender a objetivos pré-determinados. Ao entender que as empresas contratam
pessoas saudáveis para exercerem suas funções, naturalmente não é “tratar”, e sim
manter e promover a saúde, prevenindo o aparecimento de doenças.
Essa é uma das muitas razões que justificam a atuação do Profissional de Educa-
ção nos programas de GL. Contudo, é essencial o conhecimento das leis para quem
contrata e a ética de cada profissional, para não invadir a área de atuação de outro
profissional.
Se cada profissional agir com ética, respeito, amor e, principalmente, conseguir
entender que por trás de cada profissão existe uma missão, não restará dúvidas
de qual é o seu espaço. Certamente, ainda vai contribuir para um mundo melhor
e mais humano.
O trabalho multiprofissional produz um resultado muito positivo, desde que os es-
paços, limites e competências sejam respeitados. Cada profissão tem definido o seu
52 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

papel na sociedade, pois existem para atender às necessidades e interesses da popula-


ção. Esta é uma situação que deve ficar clara tanto para as empresas que contratam os
serviços, quanto para os profissionais que nela atuarão. Dessa forma, cada um respei-
tando, colaborando e complementando o trabalho do outro, todos serão beneficiados.
4.2 Atividade Física é fator condicionante da Saúde
Sancionada em 24 de setembro de 2013, a Lei Nº 12.864 passou a incluir a ativida-
de física como fator determinante e condicionante da saúde. A Lei anterior (Nº 8.080,
de setembro de 1990), que dispunha sobre as condições para a promoção, proteção
e recuperação da saúde, era omissa quanto à atividade física – mesmo que para
os especialistas a atividade física sempre tenha se mostrado como fator de promo-
ção e recuperação da saúde.
Essa nova Lei, que é parte integrante da Legislação Brasileira no contexto da saú-
de, tem no Art. 1° o caput do art. 3° da Lei número 8.080, de 19 de setembro de 1990,
que passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 3°: Os níveis de saúde expressam a
organização social e econômica do país, tendo a saúde como determinantes e con-
dicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio
ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e
o acesso aos bens e serviços essenciais.”
O novo dispositivo da Lei é uma conquista do sistema CONFEF/CREFs que, desde
o ano de 2007, vinha pleiteando junto ao poder legislativo federal a referida e impor-
tante mudança.
É pertinente também citar neste contexto as modificações recentes na legisla-
ção previdenciária brasileira – que regulamentaram o Fator Acidentário de Preven-
ção (FAP) e o Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP) – que atribui redução nos encar-
gos das empresas que comprovadamente investem em programas de promoção de
saúde, como é o caso, por exemplo, dos programas de GL.
4.3 Ganhos para as empresas e para a sociedade 
Colaboradores ativos apresentam menor tendência de ficarem doentes e recu-
peram-se de modo mais rápido de eventuais problemas. Tanto a eficiência quanto
a produtividade aumentam pelo fato de os colaboradores estarem mais dispostos,
sentindo-se bem e com menor tendência a acidentes de trabalho. O resultado disso
é uma força de trabalho mais saudável, mais envolvida com a empresa e mais produ-
tiva. Esses hábitos, adquiridos na empresa, são levados até os membros da família,
tornando a mudança de hábito ainda mais efetiva.
53

Além de promover impacto positivo no estado de saúde das pessoas, o incentivo


a um estilo de vida ativo e saudável vai ao encontro aos principais objetivos das or-
ganizações, aumentando a produtividade, a disposição dos envolvidos e a redução
das queixas de dores e desconfortos, bem como uma esperada e possível redução
dos afastamentos e atestados médicos.
Contudo, somente se conseguirá atingir esse nível de manutenção de um es-
tilo de vida saudável na empresa se a saúde for incorporada como um valor es-
tratégico para o negócio. Isso precisa ser disseminado desde a mais alta gerência
até os demais níveis da organização. Criar ambientes de trabalho mais saudáveis,
nos quais o bem-estar seja elemento perceptível e presente no funcionamento
do negócio, já é caracterizado como um dos grandes desafios deste momento e
dos próximos anos.
4.4 Responsabilidade ética e o Significado dessa Profissão
Acreditamos que é possível ressaltar o significado dessa profissão e do Profissio-
nal de Educação Física junto à sociedade brasileira por meio da Responsabilidade
ética, através da qual viabilizaremos uma maior adesão aos princípios e valores filo-
sóficos e morais que se aplicam a esse universo profissional.
O Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) constitui-se a instância máxima
deliberativa, normativa, de julgamento e executiva do sistema nacional que, em sua
expressão e complexidade, reúne as representações de todos os segmentos profis-
sionais da área da Educação Física, sendo, na verdade, a Instituição de defesa da so-
ciedade na medida em que tem o caráter disciplinar de promover o controle ético e
punir quando se fizer necessário.
O Sistema CONFEF/CREFs visa garantir o respeito profissional e a dignidade,
exigindo deste profissional o respeito à sociedade, resguardando-a para que seja
atendida por profissionais devidamente habilitados. É, portanto, um fundamental
órgão fiscalizador do exercício profissional. Atualmente, os conselhos profissionais
tratam da valorização do profissional, da sua educação continuada, preparando-os
para o pleno exercício profissional com a qualidade desejada e cada vez mais exi-
gida pela sociedade.
A ética está diretamente ligada ao comportamento do Profissional de Educação
Física na sua intervenção profissional diária. Trata-se de uma adaptação da morali-
dade no contexto dessa atuação profissional, em que as questões de tempo e espa-
ço – nas quais ocorre essa intervenção – são circunstanciais, ou seja, dependem da
intencionalidade do sujeito em cada ação.
54 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Contudo, a ética não permite adaptações circunstanciais. A ética é sobretudo um


valor absoluto essencial nessa intervenção profissional.
55

Glossário

Definição de termos utilizados pelas empresas contratantes


Absenteísmo: significa “estar fora, afastado ou ausente”. O absenteísmo consiste no ato
de se abster de alguma atividade ou função. No caso do trabalho, é quando o colaborador
faltou e não está presente na empresa. Normalmente as empresas monitoram e acompa-
nham suas taxas de absenteísmo, bem como o impacto financeiro que isso representa nos
resultados do negócio.

Colaborador: é o próprio trabalhador da empresa contratante, no caso o Beneficiário dos


Programas de GL.

Presenteísmo: termo usado para identificar o colaborador que está presente no seu lo-
cal de trabalho, porém não tem a produtividade esperada devido a inúmeros fatores que
interferem em seu rendimento, como insatisfação, desconfortos, dores, eventuais proble-
mas de saúde. Está ali simplesmente por medo de perder o seu emprego ou por obrigação.

Turnover: indica a rotatividade dos colaboradores dentro de uma empresa, aferida pela
média de pessoal que se mantém fixo na companhia em comparação com os que saem da
empresa.
56 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Considerações

Hoje pode-se afirmar que a gestão e a promoção de saúde numa empresa devem
ir além de apenas cuidar dos chamados “grupos de risco”. Ou seja, o ideal não é so-
mente concentrar os esforços em mapear os doentes crônicos e assistir apenas a esse
grupo, esquecendo-se do restante da força de trabalho que se encontra saudável.
Deve-se zelar por todos os colaboradores.
Pesquisas sobre qualidade de vida demonstram que em torno de 10% da popu-
lação saudável das companhias no mundo todo acaba migrando anualmente para
o grupo de alto risco – quando não monitoradas e trabalhadas de maneira regular,
preventiva e coerente. Evoca-se a necessidade de ações com esse enfoque.
A Ginástica Laboral tem papel preponderante entre os programas de qualidade
de vida que buscam conseguir prevenir doenças, bem como promover a saúde e o
bem-estar em várias frentes. Mas destaca-se que estes programas podem buscar
sempre uma maior amplitude de ações e que possam envolver inclusive outras áreas
de atuação, como por exemplo: a Ergonomia do Trabalho.
Um programa mais abrangente de qualidade de vida pode buscar atender seus
clientes com foco ampliado em áreas como promoção de saúde, esporte, lazer e
tempo livre, cultura e entretenimento, alimentação saudável, combate ao stress
do dia a dia e apoio psicológico, podendo estas ações estenderem-se também aos
familiares dos colaboradores como forma de ampliar o atendimento realizado den-
tro da empresa. O foco deve estar cada vez mais centrado no estilo de vida das
pessoas, capacitando e oferecendo possibilidades efetivas de mudança de com-
portamento sustentáveis.
Programas de Qualidade de Vida necessitam de uma estrutura bem definida, por
meio de pilares conceituais que possam nortear suas ações, amparados por uma
boa estratégia de comunicação, alinhamento direto com as lideranças das empre-
sas, bem como na geração de valores e resultados, definidos a partir de análises e
pesquisas iniciais para conhecer as necessidades e características de cada empresa.
Somente com a realização regular desses diagnósticos específicos e as es-
peradas reavaliações trimestrais, semestrais ou anuais, aliado a adequados planeja-
mentos, trabalho regular e contínuo, comprometimento, ética e respeito, pode-se
atingir os objetivos propostos pela Ginástica Laboral e contribuir com a saúde dos
trabalhadores e a conquista dos resultados dentro das empresas.
57

Neste contexto, vale destacar que o Profissional de Educação Física é peça-chave


para o sucesso dos Programas de Ginástica Laboral, pois sem dúvida tem todos os
subsídios necessários para uma atuação de excelência.
O que resta é a conscientização dos contratantes e da sociedade como um todo,
de que esta área de atuação é, de fato e de direito, prerrogativa desta categoria pro-
fissional.
58 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Referências
ABEGUNDE, D.O. et al. The burden and costs of chronic diseases in low-income and mid-
dle-income countries. The Lancet, n. 370, p. 1929-38, 2007.
ALWAN, A. et al. Monitoring and surveillance of chronic noncommunicable diseases:
progress and capacity in highburden countries. The Lancet, n. 376, p. 1861-1868, 2010,
. Ministério da Saúde. Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil. Brasília, DF, Jul. 2011. Acessa-
do em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_acoes_enfrent_dcnt_2011.
pdf>. Acesso em: 15 jun. 2015.
. Ministério do Planejamento, Orçamento E Gestão; INSTITUTO BRASILEIRO DE GE-
OGRAFIA E ESTATISTICA. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento.
Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008–2009 Antropometria e Estado Nutricional
de Crianças, Adolescentes e Adultos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
BRASIL. Ministério da Previdência Social. Coordenação-Geral de Monitoramento Benefí-
cio por Incapacidade – CGMBI/DPSSO/SPS/MPS. 1º Boletim Quadrimestral sobre Be-
nefícios Por Incapacidade. Brasília, 2014.
CARVALHO, C. M. C.; MORENO, C. R. C. Efeitos de um programa de Ginástica Laboral na
saúde de mineradores. Cad. Saúde Colet., n. 15, v. 1, p. 117-130, 2007.
Coletivo de Autores; Coordenação: KALLAS, D. ;. Manual de Boas Práticas de Ginástica
Laboral/Associação Brasileira de Ginástica Laboral – São Paulo:[s.n.],2010.
CONN, V. S. et al. Meta-Analysis of Workplace Physical Activity Interventions. Am. J. Prev.
Med., v. 37, p. 330–339, 2009.
CREF 3/SC. Ginástica Laboral: como contratar serviços de qualidade. Publicação Comis-
são de Ginástica Laboral, 2013. http://www.crefsc.com.br/index2.php?id_conteudo=32.
Acessado em 21 de abril de 2015.
CREF 9/PR. Guia oficial para o empresário: como contratar Programas de Ginástica La-
boral com segurança, legalidade e resultados. http://www.crefpr.org.br/. Acessado em
21 de abril de 2015.
DaCosta, L.P,. Atividades Físicas em Empresas Brasileiras – Workplace Physical Activities
in Brazil, Position Paper 2015, ResearchGate.
DaCosta, L.P; QUINTAS, G. Fundamentos do Lazer e Esporte na Empresa. Esporte e Lazer
na Empresa. Brasília: MEC/SEFD, 1990.
FRANCHI, K.M.B.; MONTENEGRO JUNIOR, R.M. Atividade física: uma necessidade para
a boa saúde na terceira idade. RBPS, 2005.
FIGUEIREDO, F. A relevância dos conhecimentos de Ergonomia e Ginástica Laboral
para os profissionais que trabalham com Programas de Qualidade de Vida em em-
presas. Dissertação de Mestrado – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro: Rio
de Janeiro, 2004.
59

FIGUEIREDO, F. Como garantir o sucesso de suas aulas de Ginástica Laboral. Rio de


Janeiro: Sprint, 2007.
FIGUEIREDO, F. Ginástica Laboral: cinco sugestões de aulas práticas. Rio de Janeiro: Ed.
Sprint, 2007.
FIGUEIREDO, F.; MONT’ALVÃO, C. Ginástica laboral e ergonomia. 2. ed. Rio de Janeiro:
Sprint, 2008.
GOULART, F. A. de A. Doenças Crônicas Não Transmissíveis: estratégias de controle e
desafios para os sistemas de saúde. Brasília: OPAS, 2011.
LIMA, V. Ginástica laboral: atividade física no ambiente de trabalho. 3. ed. São Paulo:
Phorte, 2007.
LIMA V. A.; AQUILAS A. L.; FERREIRA JUNIOR, M. Efeitos de um programa de exercícios físi-
cos no local de trabalho sobre a percepção de dor musculoesquelética em trabalhadores
de escritório. Rev. Bras. Med. Trab. São Paulo, v. 7, p. 11-17, 2009.
MACIEL, M. G. Ginástica laboral e ergonomia: intervenção profissional. 1. ed. Jundiaí,
SP: Fontoura, 2010.
(Manual de Boas Práticas – ABGL, 2009).
OGATA, A.; SIMURRO, S.; Guia Prático de Qualidade de Vida. São Paulo: Elsevier, 2009.
ORGANIZAÇÃO NAÇÕES UNIDAS. Declaração dos direitos universais do homem. Ge-
nebra: Assembleia Legislativa da ONU , 10 de dezembro de 1984. Impresso.
PEDERSEN, M. T. et al. The effect of worksite physical activity intervention on physical ca-
pacity, health, and productivity: a 1-year randomized controlled trial. J. Occup. Environ.
Med., v. 51, p. 759-70, 2009.
PEREIRA, C. C. D. A. Comparação da associação de diferentes programas de atividade
física aplicados no local de trabalho sobre o nível de atividade física e qualidade de
vida de trabalhadores do setor administrativo de comunidade universitária. 2013.
Tese Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2013.
PEREIRA, C. C. D. A. Efeitos de um programa de Ginástica Laboral sobre as principais
sintomatologias das lesões por Esforço Repetitivo/ Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (LER/ DORT): dor e fadiga. 2009. Dissertação de Mestrado.
Universidade de Brasília, 2009.
PEREIRA, C. C. D. A. Excelência Técnica dos Programas de Ginástica Laboral: uma
abordagem didático-pedagógica. 1. ed. São Paulo: Phorte , 2013a.
PEREIRA, C. C. D. A.; LIMA, V.; CESCHINI, F. Comparação do auto-relato de dores corporais
entre trabalhadores do setor administrativo e fabril. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE
CIÊNCIAS DO ESPORTE, 28. 2005, Local. Anais. 2005. p.264.
PEREIRA, C. C. D. A.; LOPEZ, R. F. A. ; VILARTA, R. Effects of physical activity programmes
in the workplace (PAPW) on the perception and intensity of musculoskeletal pain expe-
rienced by garment workers. Work, v. 44, p. 415-421, 2013.
60 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PRATT M.; VUORI I.; LANKENAU B. Physical Activity Policy and Program Development:
The Experience in Finland. Public. Health. Rep., v. 119. May/Jun., 2004.
PIMENTEL, Giuliano G. Atividades Físicas na empresa. In: DACOSTA, L. (Org.) Atlas do
esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Sharpe, 2005, p.576-577.
PUGLIESI, N. Qualidade de Vida: os 7 erros da gestão de saúde. Revista Você RH, São
Paulo, 30 jan. 2014. Disponível em: < http://exame.abril.com.br/revista-voce-rh/edico-
es/29/noticias/os-7-erros-da-gestao-de-saude?page=1 >. Acessado em: 16 jun. 2015
SCHMIDT, M.I. et al. Health in Brazil 4. Chronic non-communicable diseases in Brazil: bur-
den and current challenges. The Lancet, n. 377, 2011. Disponível em: <www.thelancet.
com > . Acessado em 15 jun. 2015.
SCHRAMM, J. M.; OLIVEIRA, A. F. ; LEITE, I. C. Transição epidemiológica e o estudo de car-
ga de doenças no Brasil. Ciência Saúde Coletiva, v. 9, p. 897–908, 2004.
TOLEDO, Heglison C. Construção Léxica da Trajetória da Atividade Física na Empresa:
Ginástica Laboral no Brasil em Abordagem de Gestão do Conhecimento, 358f, Tese
(Doutorado em Educação Física), Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2010.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global health risks: mortality and burden of disease
attributable to selected major risks. Geneva: WHO, 2009. Disponível em: <http://www.
who.int/healthinfo/global_burden_disease/global_health_risks/en/> . Acessado em: 16
jun. 2015.
. Global recommendations on physical activity for health. Geneva: WHO,
2010. Disponivel em: <http://whqlibdoc.who.int/publications/2010/9789241599979_
eng.pdf > . Acesso em: 20 jun. 2015
. Global status report on noncommunicable diseases 2010. Geneva: WHO,
2011. Disponível em: <http://www.who.int/nmh/publications/ncd_report_full_en.pdf>.
Acessado em: 14 maio 2015.
. The Workplace Wellness Alliance Investing in a Sustainable Workforce.
Geneva: World Economic Forum, 2012. Disponível em: <http://www3.weforum.org/
docs/WEF_HE_WorkplaceWellnessAlliance_IndustryAgenda_2012.pdf> . Acessado em:
19 jun. 2015.
. The World health report 2002: Reducing risks, promoting healthy life. Gene-
va: WHO, 2002. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/publications/2002/9241562072.
pdf> . Acessado em: 15 maio 2015.
. Working towards wellness: the business rationale. Geneva: World Economic
Forum, 2008. Disponível em: <http://www.weforum.org/pdf/Wellness/Bus_Rationale.
pdf >. Acessado em: 10 maio 2015.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed , 1998.
Conselho Federal de Educação Física

Presidente
Jorge Steinhilber
1º Vice-Presidente
João Batista Andreotti Gomes Tojal
2º Vice Presidente
Marino Tessari
1º Secretário
Almir Adolfo Gruhn
2º Secretário
Iguatemy Maria de Lucena Martins
1º Tesoureiro
Sérgio Kudsi Sartori
2º Tesoureiro
Marcelo Ferreira Miranda

Conselheiros
Angelo Luis de Souza Vargas
Antônio Ricardo Catunda de Oliveira
Carlos Alberto Camilo Nacimento
Carlos Alberto Oliveira Garcia
Emerson Silami Garcia
Georgios Stylianos Hatzidakis
Janine Aparecida Viniski
Jeane Arlete Marques Cazelato
Lúcio Rogério Gomes dos Santos
Luisa Parente Ribeiro Rodrigues de Carvalho
Márcia Regina Aversani Lourenço
Roberto Jorge Saad
Sebastião Gobbi
Solange Guerra Bueno
Teófilo Jacir de Faria
Tharcisio Anchieta da Silva
Valéria Sales dos Santos E Silva
Wagner Domingos Fernandes Gomes
Elisabete Laurindo
Sedes dos Conselhos Regionais
de Educação Física

CREF1/RJ-ES – Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo


Rua Adolfo Mota, 104 – Tijuca
Rio de Janeiro – RJ – CEP 20540-100
Tel.: (21) 2569-6629 – 2569-7375 – 2569-7611 Telefax: (21) 2569-2398
[email protected] – www.cref1.org.br
CREF2/RS – Estado do Rio Grande do Sul
Rua Coronel Genuíno, 421, conj. 401 – Centro
Porto Alegre – RS – CEP 90010-350
Tel.: (51) 3288-0200 - Telefax: (51) 3288-0222
[email protected] – www.crefrs.org.br
CREF3/SC – Estado de Santa Catarina
Rua Afonso Pena, 625 – Estreito
Florianópolis – SC – CEP 88070-650
Telefax.: (48) 3348-7007
[email protected] – www.crefsc.org.br
CREF4/SP – Estado de São Paulo
Rua Líbero Badaró, 377 – 3º andar – Centro
São Paulo – SP – CEP 01009-000
Telefax: (11) 3292-1700
[email protected] – www.crefsp.org.br
CREF5/CE – Estado do Ceará
Av. Washington Soares, 1400, Sls. 402/403 - Edson Queiroz
Fortaleza – CE – CEP 60811-341
Tel.: (85) 3234-6038 – Telefax: (85) 3262-2945
[email protected] – www.cref5.org.br
CREF6/MG – Estado de Minas Gerais
Rua Bernardo Guimarães, 2766 – Santo Agostinho
Belo Horizonte – MG – CEP 30140-082
Telefax: (31) 3291-9912
[email protected] – www.cref6.org.br
CREF7/DF – Distrito Federal
SGAN - Quadra 604 - Conjunto C, L2 Norte, Asa Norte
Brasília – DF – CEP 70840-040
Tel.: (61) 3426-5400 – 3321-1417
[email protected] – www.cref7.org.br
CREF8/AM-AC-RO-RR – Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima
Rua Ferreira Pena, 1118 / 202 – Centro
Manaus – AM – CEP 69025-010
Tel.: 0800-280-8234
Telefax: (92) 3234-8234 – 3234-8324
[email protected] – www.cref8.org.br
CREF9/PR – Estado do Paraná
Rua Amintas de Barros, 581 – Centro
Curitiba – PR – CEP 80060-205
Tel.: 0800-643-2667 - (41) 3363-8388
Telefax: (41) 3362-4566
[email protected] – www.crefpr.org.br
CREF10/PB – Estado da Paraíba
Rua Profº Álvaro de Carvalho, 56/Térreo –
Tambauzinho – João Pessoa – PB – CEP 58042-010
Tel.: (83) 3244-3964– Cel.: (83) 8832-0227
[email protected] – www.cref10.org.br
CREF11/MS – Estado de Mato Grosso do Sul
Rua Joaquim Murtinho, 158 – Centro
Campo Grande – MS – CEP 79002-100
Telefax: (67) 3321-1221
[email protected] – www.cref11.org.br
CREF12/PE-AL – Estados de Pernambuco e Alagoas
Rua Carlos de Oliveira Filho, 54, Prado
Recife – PE – CEP 50720-230
Tel.: (81) 3226-0996 T elefax: (81) 3226-2088
[email protected] – www.cref12.org.br
CREF13/BA-SE – Estados da Bahia e Sergipe
Av. Antônio Carlos Magalhães, 3259, sl. 803
Centro – Salvador – BA – CEP 41800-700
Tel.: (71) 3351-7120 – T elefax: (71) 3351-8769
[email protected] – www.cref13.org.br
CREF14/GO-TO – Estados de Goiás e Tocantins
Rua Dr. Olinto Manso Pereira, 673, sl. 01
Setor Sul, G oiânia – GO – CEP 74080-100
Tel: (62) 3229-2202 T elefax: (62) 3609-2201
[email protected] – www.cref14.org.br
CREF15/PI-MA – Estados do Piauí e Maranhão
Rua Jonatas Batista, 852 – Sala CREF
Teresina/ PI – CEP 64000-400
Tel.: (86) 3221-2178
[email protected] – www.cref15.org.br
CREF16/RN – Estado do Rio Grande do Norte
Rua Desembargador Antônio Soares, 1274 - Bairro Tirol
Natal - RN - CEP 59022-170
Tel.: (84) 3201-2254
[email protected] – www.cref16.org.br
CREF17/MT – Estado do Mato Grosso
Rua Generoso Ciríaco Maciel, 02 - Jd. Petrópolis
Cuiabá - MT - 78070-050
Telefax: (65) 3621-2504 – 3621-8254
[email protected] – www.cref17.org.br
CREF18/PA-AP – Estados do Pará e Amapá
Av. Generalíssimo Deodoro, 877
Galeria João & Maria – Sala 11 e 12
Nazaré – Belém/PA – CEP 66040-140
Tel.: (91) 3212-6405
[email protected] – www.cref18.org.br
CONFEF

Sistema CONFEF/CREFs
Conselhos Federal e Regionais de
Educação Física
GINÁSTICA LABORAL:
Prerrogativa do Profissional
de Educação Física
ORGANIZADOR
Antonio Eduardo Branco
Presidente da Comissão de Legislação e Normas do CONFEF

Jorge Steinhilber
Presidente CONFEF

AUTORES
Lauro Ubirajara Barboza de Aguiar
Fabiana Figueiredo
Marco Antonio Olivatto
Marcia Ferreira Cardoso Carneiro
Rony Tschoeke
Lamartine Pereira Da Costa
Direitos reservados para o CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CONFEF
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Ginástica Laboral: Prerrogativa do Profissional de Educação Física / Branco, Antonio


Eduardo (organizador) / Aguiar, Lauro Ubirajara Barboza de; Figueiredo, Fabiana; Olivatto,
Marco Antonio; Carneiro, Marcia Ferreira Cardoso; Tschoeke, Rony; Da Costa, Lamartine
Pereira (autores)

Rio de Janeiro: CONFEF, 2015.

64p.
ISBN. 978-85-61892-07-4
1. Ginástica Laboral. 2. Educação Física. 3. Saúde. 4. Profissional de Educação Física.
5. Atividade Física.

SEDE:

Rua do Ouvidor, 121, 7º andar • Centro


Rio de Janeiro • RJ • CEP 20040-030
Tel.: (21) 2242-4228
www.confef.org.br
Sumário

APRESENTAÇÃO 7
PREFÁCIO 11
INTRODUÇÃO 13
O PROTAGONISMO BRASILEIRO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO
CONTEXTO HISTÓRICO DA GINÁSTICA LABORAL 22
CAPÍTULO 1 – DEFINIÇÕES E CONCEITOS 25
1.1 Definição de Ginástica Laboral 25
1.2 Tipos de Ginástica Laboral 26
1.2.1 Ginástica Laboral Preparatória ou de Aquecimento 26
1.2.2 Ginástica Laboral Compensatória ou de Pausa 26
1.2.3 Ginástica Laboral de Relaxamento 27
1.3 Frequência e Duração da Ginástica Laboral 27
1.4 Benefícios da Ginástica Laboral 28
1.5 Implantação do Serviço Ginástica Laboral 30
1.6 Condutas Básicas do Profissional de Educação Física na Ginástica Laboral 32
1.7 Acompanhamento de um Programa de Ginástica Laboral 34
CAPÍTULO 2 – COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES 37
2.1 Competências do Profissional de Educação Física e sua atuação nas em-
presas 37
2.2 O Profissional de Educação Física num Programa de Ginástica Laboral 37
2.3 Conhecimento e Aperfeiçoamento Permanentes 38
2.3.1 Apresentação Pessoal 38
2.3.2 Assiduidade e Pontualidade 39
2.3.3 Relacionamento Interpessoal 40
2.3.4 Método, Comunicação e Interdisciplinaridade 40
2. 4 Desenvolvimento de uma equipe de profissionais para o Programa de Ginás-
tica Laboral 41
2.4.1 Importância do Treinamento e da Capacitação dos Profissionais de Edu-
cação Física 42
CAPÍTULO 3 – LEGALIDADE 43
3.1 Atividades Físicas e Exercícios Físicos sob a Luz da Lei 9.696/1998 43
3.2 Resoluções do Conselho Federal de Educação Física – CONFEF 046/2002 e
073/2004 43
3.3 Licenciatura e Bacharelado na Formação do Profissional de Educação
Física 44
3.4 O Profissional de Educação Física como Agente de Saúde 44
3.5 Inserção mercadológica do Profissional de Educação Física 45
3.6 Exercício ilegal da Profissão e Desvio de Função - os “Multiplicadores” 46
3.7 Credenciamento de Empresas Prestadoras de Serviços em Ginástica La-
boral 47
3.7.1 Da escolha e contratação de fornecedores: sugestões de exigência docu-
mental 48
3.8 Da prestação de serviços às empresas contratantes 49
CAPÍTULO 4 – CENÁRIO ATUAL E RECOMENDAÇÕES 51
4.1 Saúde do trabalhador: uma questão multiprofissional 51
4.2 Atividade Física é fator condicionante da Saúde 52
4.3 Ganhos para as empresas e para a sociedade 52
4.4 Responsabilidade ética e o significado da profissão 53
GLOSSÁRIO 55
CONSIDERAÇÕES 56
REFERÊNCIAS 58
7

Apresentação

Cumprimentar e agradecer ao Grupo de Trabalho


coordenado pelo presidente do CREF9/PR, Prof.
Antonio Eduardo Branco, pelo corajoso trabalho
nesta produção.

A presente obra tem como objetivo reforçar os estudos, dados e pesquisas que
apontam a Ginástica Laboral como o melhor recurso para reduzir lesões e doenças
osteoarticulares decorrentes do trabalho, sobretudo no que se refere à melhora da
qualidade de vida e do bem estar dos funcionários.
A obra, no entanto, centra-se não somente na questão do valor da Ginástica La-
boral - que não pode ser confundida com os outros projetos de qualidade de vida,
mas também reforça a importância da orientação do Profissional de Educação Física
para que os resultados positivos sejam alcançados.
Até o ano de 1998, quando não existia a regulamentação do Profissional de Edu-
cação Física, qualquer pessoa podia legalmente ministrar a atividade que, se mal
orientada, pode colocar em risco a integridade física, moral e social do praticante.
Com o advento da Lei 9.696/98, a sociedade passou a ter uma entidade fiscalizadora
das atividades físicas e esportivas, tendo seu direito de ser atendida no serviço de
Ginástica Laboral por profissional qualificado e habilitado.
É gratificante percebermos que a cada dia que passa a situação de pessoas
sem formação em Educação Física vem sendo revertida. A Lei 9.696/98 e as ações
contundentes do Sistema CONFEF/CREFs vêm modificando esse paradigma e esse
senso comum.
Deste modo, é perceptivo que: A sociedade já começa a exigir que as atividades
sejam dinamizadas por Profissional de Educação Física; Os empresários percebem a
melhora na prestação de serviços e já não contratam qualquer diletante, selecionan-
do apenas Profissionais de Educação Física; Os órgãos públicos propõem Políticas
Públicas com Profissionais de Educação Física, contratando os habilitados e exigindo
nos editais a apresentação da Cédula de Identidade Profissional; O Legislativo e o Ju-
diciário começam a compreender a significância do Profissional de Educação Física.
8 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Através desta obra fica evidente a relevância da Ginástica Laboral para prevenção
e redução de lesões e distúrbios osteomioarticulares verificados em funcionários de
diversas ocupações profissionais, bem como a comprovação de que o único profis-
sional da área da saúde capacitado, qualificado e habilitado a conduzir projetos e
programas de Ginástica Laboral é o Profissional de Educação Física.
Parabenizo os autores pelos capítulos e pelas orientações aos leitores.
Boa leitura!

Jorge Steinhilber

CREF 000002/RJ – Presidente CONFEF


9

O Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) por meio da Comissão de Legisla-


ção e Normas, com anuência do Plenário, nomeou um Grupo de Trabalho composto por
Profissionais de Educação Física especialistas na área de Ginástica Laboral - Conselheiros
Regionais, presidido por um Conselheiro Federal. Este grupo de trabalho está envolvido
numa série de ações para contribuir com modificações positivas relacionadas à interven-
ção do Profissional de Educação Física na Saúde do Trabalhador. Este documento é um
dos frutos deste trabalho coletivo.
Atualmente percebe-se no mundo do trabalho a necessidade de prevenção e pro-
moção de saúde do trabalhador - que está inserido num cenário em que ocorrem afasta-
mentos oriundos de Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Rela-
cionados ao Trabalho (LER/DORT), casos crescentes de Transtornos Mentais, acidentes de
trabalho, envelhecimento da população e mudanças no perfil epidemiológico brasileiro,
com ênfase nas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), bem como nas exigências
cada vez maiores relacionadas à produtividade e à qualidade de vida das pessoas.
Ressalta-se a importância das relações entre o Sistema CONFEF/CREFs, bem como
a responsabilidade dos Profissionais de Educação Física envolvidos no desenvolvi-
mento e na execução dos procedimentos da Ginástica Laboral (GL), garantindo sua
identidade nacional.
Dentro das empresas, é visivelmente crescente a procura por programas inter-
disciplinares de promoção de saúde, entre eles o de GL, tema que será tratado neste
livro, por refletir uma área de atuação de exclusiva competência do Profissional de
Educação Física.
A publicação desse Documento Oficial sobre a Ginástica Laboral representa um
compromisso do Sistema CONFEF/CREFs com as questões de legalidade, da compe-
tência e do desenvolvimento da GL como prerrogativa dos Profissionais de Educação
Física, em prol da sociedade brasileira.
Este livro é uma sequência do que já foi produzido em cada estado pelas Câmaras
Técnicas de GL e já possui um corpo documental-base definido, cuja proposta é ser
um norteador para os Profissionais de Educação Física e para a sociedade, abrangen-
do algumas das categorias envolvidas numa prestação de serviço de qualidade e
efetiva. Seguramente é uma área de inserção mercadológica que requer atualização
constante e permanente.
Trata-se de um tema relevante, pois a Ginástica Laboral é um campo que precisa
ser bem aproveitado e apropriado pelos Profissionais de Educação Física, de modo
10 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

que a população também os reconheça como os verdadeiros profissionais que têm


a capacitação e a habilitação para trabalhar com a GL.
Este Grupo de Trabalho explana ainda sobre tópicos relativos à Saúde do Traba-
lhador, que atualmente precisa ser vista pelos profissionais como algo multifatorial
e que requer intervenções multidisciplinares, além da atuação com outros setores
como Ergonomia e Medicina do Trabalho. Neste momento, cabe destacar o Servi-
ço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), previsto em Lei,
que estabelece como uma das prioridades nas empresas a prevenção e a promoção
de saúde. Certamente a importância da presença do Profissional de Educação Física
nesse contexto interdisciplinar é inegável e ganhará mais espaço.

Comissão de Legislação e Normas / CONFEF


Grupo de Trabalho formado por Presidentes das Câmaras Técnicas de GL / CREFs

Lauro Ubirajara Barboza de Aguiar – Conselheiro CREF2/RS


Fabiana Figueiredo – Conselheira CREF3/SC
Marco Antonio Olivatto – Conselheiro CREF4/SP
Marcia Ferreira Cardoso Carneiro – Conselheira CREF7/DF
Rony Tschoeke – Conselheiro CREF9/PR
11

Prefácio

A gestão de programas de promoção da saúde e qualidade de vida e segurança


no trabalho com a utilização de práticas baseadas em evidências torna-se cada vez
necessária no país. Reflexo da exigência da melhoria da perfomance individual e dos
resultados corporativos atualmente impactados pelo envelhecimento da população,
pelo aumento de doenças crônicas e crescente urbanização (e suas repercussões),
a busca pela construção de culturas de saúde e qualidade de vida que resultem na
melhoria da condição de saúde se faz evidente.
Diante desse contexto, a Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), re-
conhecendo ser fundamental a integração de diferentes atores na promoção da saú-
de, do estilo de vida saudável e da qualidade de vida, tem buscado proporcionar o
desenvolvimento e a integração profissional para atuação em Qualidade de Vida e
influenciar os processos de transformação organizacionais e sociais na área.
Aliado a esta busca, além de reconhecer o Profissional de Educação Física como
ator primordial desta ação de mudança, este documento, escrito por representantes
dos Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs) e disponibilizado pelo Conselho
Federal de Educação Física (CONFEF), posiciona a Ginástica Laboral como uma das
principais intervenções fundamentadas dentro de programas de promoção da saú-
de com potencial para criar conexões práticas dentro e fora do ambiente de trabalho.
Destaca-se aqui a atitude dos Profissionais de Educação Física, a partir da publi-
cação deste documento, de subsidiar seus pares na busca de ambientes de trabalho
mais saudáveis e produtivos de maneira ética e integradora e a ABQV vem oferecer a
sua participação neste esforço.

Eloir Edilson Simm


Presidente da ABQV
13

Introdução
Por Lamartine Pereira da Costa

Na qualidade de ex-conselheiro federal do CONFEF muito me sensibilizo por pro-


duzir uma das introduções da presente obra, tendo em vista meu envolvimento com
a Ginástica Laboral (GL) em diferentes estágios do nosso conselho profissional no
final da década de 2000 e início dos anos de 2010. A essas abordagens consultivas
precederam estudos e pesquisas sobre o mesmo tema advindas de minha carreira
acadêmica, sobretudo as desenvolvidas nas décadas de 1980 e 1990.
Em princípio, essa longa experiência baseou-se na temática “Atividades Físicas na
Empresa”, na qual se pode inserir a Ginástica Laboral. Hoje esta opção mais geral do
tema adapta-se melhor às condições brasileiras se o enfoque da GL é a sua história
no Brasil. Ou seja: há registros de práticas físicas em instituições do país nomeada-
mente identificadas como tais desde 1901, quer como esporte ou como lazer ativo de
trabalhadores da indústria, comércio e serviços. Esta visão historiográfica, na minha
perspectiva, apresenta então três marcos importantes de revisão, destacando-se a
obra coletiva “Esporte e Lazer na Empresa”, de Lamartine DaCosta e Paulo Pegado,
publicada pelo Ministério da Educação, Secretaria de Educação Física e Desportos,
Brasília, em 1990, reunindo um grupo de 17 pesquisadores e relatores de empresas.
Outro inventário foi o capítulo “Atividades Físicas na Empresa”, de Giuliano Pimen-
tel, incluído no “Atlas do Esporte no Brasil”, tendo Lamartine DaCosta como Organi-
zador (Shape Editora, Rio de Janeiro, 2005, pp. 576 – 577). A terceira ampla revisão
do tema teve lugar por meio da tese de doutorado em Educação Física “Construção
Léxica da Trajetória da Atividade Física na Empresa: Ginástica Laboral no Brasil em
Abordagem de Gestão do Conhecimento”, defendida por Heglison Toledo e tendo
Lamartine DaCosta como orientador (Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2010).
Uma síntese atualizada dessas contribuições foi disponibilizada recentemente on-
-line sob o título “Atividades Físicas em Empresas Brasileiras – Workplace Physical
Activities in Brazi”, (DaCosta, L.P., Position Paper 2015, ResearchGate).

Marcos históricos

Neste contexto de revisões técnico-científicas, importa pôr em evidência que o


marco inicial simbólico da atividade física em empresas no país foi a Fábrica de Te-
14 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

cidos Bangu (RJ) que, a partir de 1901, incorporou um campo de futebol ao seu
espaço produtivo. Nessa iniciativa, engenheiros ingleses e operários brasileiros
disputavam partidas do esporte recém-chegado no país, conforme comprovação
iconográfica anexada ao referido “Atlas” (p. 882). Como a oferta de atividades físi-
cas em locais de trabalho repetiram desde então o exemplo da Fábrica Bangu em
regiões distintas do país, há uma tradição de mais de um século que dá significado
inicial à GL na versão brasileira.
Seguindo-se, todavia, o critério historiográfico, constata-se que as primeiras
fábricas têxteis e de metalurgia do Vale do Itajaí, em Santa Catarina (eixo Blu-
menau-Joinvile) promoveram a criação de clubes de empregados no início do
século XX na tradição dos imigrantes alemães da região, que praticavam tiro ao
alvo, ginástica de aparelhos e bolão (esporte de pista de madeira com lança-
mento de esferas para derrubar pinos). Um exemplo desta promoção foi consti-
tuído pela “Sociedade de Atiradores de Bela Aliança”, criada por Willy Hering em
1906, da família fundadora da fábrica Trikotwaren Fabrik Gerbruder Hering, em
Blumenau. Neste caso, como nos demais das indústrias da região, a intervenção
das empresas era indireta, pois apoiavam financeiramente os clubes que eram
liderados pelos próprios operários (ver “Declaração de Blumenau” páginas 11-12
de “Esporte e Lazer na Empresa”).
Menos divulgados mas também documentados no “Esporte e Lazer na Empre-
sa” (1990) e no Atlas de 2005 são os casos de pioneirismo do esporte de trabalha-
dores e empresas, ocorridos também no início do século XX em várias cidades do
interior de São Paulo, durante a construção de estradas de ferro, e no cluster de
indústrias têxteis de São Luiz, no Maranhão. Tais circunstâncias foram discutidas
com Gertrud Pfisterer (comunicação pessoal, 2001), historiadora do esporte, pes-
quisadora da Frei Universität Berlin, que então entendeu que o Brasil era um dos
países pioneiros na promoção do esporte e lazer por meio de empresas. A ressalva
feita por Pfisterer, contudo, incidiu na interpretação de que as empresas pioneiras
aparentemente estariam visando à criação de vínculos com seus empregados num
sentido comunitário e não de desenvolvimento físico e psíquico de seus colabo-
radores, como só acontece com propostas esportivas atuais. Entretanto, no Brasil
das primeiras décadas do século XX, a expansão do esporte nas empresas coincide
com o movimento operário sindicalizado, quer por iniciativa de empregados ou de
patrões, sendo esta última versão apontada por alguns teóricos como paliativo ao
conflito de classes.
15

Linha do tempo

Válida ou não a interpretação marxista, pode-se adotar uma linha de tempo para
situar em condições básicas a geração e expansão das atividades físicas nas empre-
sas brasileiras, seguindo-se as três fontes citadas:
Anos de 1900 - Experiências isoladas, com predominância do modelo inglês de
equipes de operários a exemplo de Bangu no Rio de Janeiro em 1901, como em Jun-
diaí e Paranapiacaba em São Paulo (1903), que mobilizou ferroviários da São Paulo
Railway, tendo o futebol como novidade de prática esportiva. Em 1909, criou-se em
Rio Claro (SP) o Rio Claro Futebol Clube, tendo como antecedente o Grêmio Recreati-
vo dos Empregados da Cia Paulista de Estradas de Ferro, fundado em 1896. Este im-
pulso de expansão esportiva com clubes de ferroviários atingiu no mesmo período
– primeira década do século XX – cidades do interior de São Paulo, tais como Piraci-
caba, Araraquara, Bauru, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.
Anos de 1910 - Fora do eixo principal de industrialização do país, surgiram inicia-
tivas de clubes esportivo-recreativos de trabalhadores na área de colonização ger-
mânica de Santa Catarina, abrangendo ginástica de aparelhos, bolão e tiro ao alvo,
como também em São Luiz do Maranhão (Vaz, p. 51 do Atlas), onde a fábrica de teci-
dos de Nhozinho Santos incluía um clube já em 1907, denominado de FAC, destinado
aos seus operários (futebol, atletismo, cricket e crockt).
Anos de 1920 - Em 1926 é proposta a Lei das Férias, resultando entre várias reper-
cussões nos meios operários na criação de clubes ligados a grupos profissionais e
empresas adjetivadas como “classistas” (denominação corrente à época), destacan-
do-se a Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), em Belém e no Rio de Janeiro.
A rede das AABBs teve início em 1928 e hoje abrange todas as regiões do país, sendo
considerada a maior rede de clubes do mundo (total de 1.200 clubes na década de
1990 – Atlas, p.102 -106). Em termos de periodização histórica das relações de traba-
lho no país, a década em foco caracterizou-se por movimentos em prol da criação de
sindicatos, sobretudo nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, regiões centrais
da industrialização nacional.
Anos de 1930 - Nesta década consolidam-se as iniciativas esporte-empresa no
Brasil, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, refletindo um certo cunho as-
sistencialista e corporativista típico da época (Ditadura Vargas). Os ideais higienistas
em voga nesse período fundamentaram a preocupação com a saúde física do traba-
lhador e da sua família. As empresas começam a intervir mais diretamente na criação
16 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

de Associações Desportivas Classistas, como Light & Power (1930) e Caloi (1933). Em
1937, Nicanor Miranda abre “Clubes de Menores Operários” em São Paulo. O Decreto-
-lei n° 1.713 de 1939, ao dispor sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos da União,
cria centros de Educação Física voltados ao tempo livre do funcionário e família, mas
ainda com pouca efetivação prática nos anos seguintes.
Anos de 1940 - O Decreto-lei n.º 3.199 de 14 de abril de 1941 regulamenta o es-
porte em geral no Brasil e nele o esporte do trabalhador, confirmando o modelo
de clubes mantidos pelas empresas. No dia 10 de novembro de 1943, a Consolida-
ção das Leis de Trabalho entra em vigor, fixando a jornada em oito horas diárias e
universalizando a lei de férias e o descanso semanal. Nesse mesmo ano, o Serviço
de Recreação Operária é criado no Rio de Janeiro (RJ) pelo Ministério do Trabalho.
Também visando à “paz social” – expressão usada nos documentos de fundação – no
pós-guerra (1946), são criados pelas respectivas confederações patronais, o Servi-
ço Social do Comércio (SESC) e Serviço Social da Indústria (SESI), instituições líderes
na oferta de práticas esportivas e de lazer ativo para trabalhadores assalariados. Em
1947, o SESI realiza a primeira edição dos Jogos Operários, contando com três moda-
lidades: futebol, basquetebol e voleibol, reunindo 2.500 participantes. Nesta déca-
da aparecem os primeiros textos sobre esportes praticados em empresas na revista
“Educação Physica”, publicada pela Escola de Educação Física do Exército, sediada
no Rio de Janeiro.
Décadas 1950 e 1960 - A Ginástica Laboral emerge com maior atenção nos
meios profissionais e acadêmicos internacionais a partir de experiências advindas
principalmente da extinta URSS, Polônia, Japão e Estados Unidos. Em função de
novo surto de industrialização no país à época e, consequentemente, com expan-
são da empregabilidade, incluindo ênfase nos Recursos Humanos, acontece uma
maior atenção nas atividades físicas em âmbito de empresas. Inezil P. Marinho, pro-
fessor catedrático da então denominada Escola Nacional de Educação Física da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, publica em 1958 artigo de opinião sobre
os benefícios da ginástica e do esporte para trabalhadores, sinalizando crescente
interesse acadêmico neste tema.
Anos de 1970 - O movimento Esporte Para Todos (EPT) estimula o esporte não
formal, ampliando a abrangência do esporte no ambiente de trabalho. Entre 1973 e
1981, os especialistas brasileiros Kolling e Schimitz coordenam estudos na Instituição
de Ensino Superior FEEVALE de Novo Hamburgo (RS) sobre os efeitos e metodologia
da Ginástica Laboral. Kolling, em especial, fez várias pesquisas de interior de fábrica
17

na indústria calçadista de Novo Hamburgo. As lesões por esforço repetitivo (LER)


começam a ser reconhecidas como problemática epidemiológica. No contexto do
avanço econômico do período, surgem novas Associações Desportivas Classistas vi-
sando ao bem-estar e à integração dos funcionários. São dessa época as ADCs das
seguintes empresas que se se destacaram em âmbito nacional nas atividades físicas
e lazer organizadas para empregados: Furnas, Banespa, Ishibras, CPFL, Embratel, Itaú,
Emaq, Telerj, Caloi e Chapecó. No início da década de 1970, publica-se o primeiro
levantamento estatístico em escala nacional do esporte e Educação Física do Brasil
(DaCosta, L. P., Diagnóstico do Desporto e Educação Física no Brasil, Brasilia: IPEA,
1971), com dados sobre empresas, SESI, SESC e ADCs.
Anos de 1980 - Este período marca uma influência maior dos Recursos Humanos
(RH) nas empresas brasileiras. Em 1981, em São Paulo-SP, patrocinado pelo BANESPA,
ocorre a primeira reunião de profissionais do setor esporte-empresa, buscando siste-
matizar a intervenção nesse campo. Em 1988, o Primeiro Seminário de Associações
Desportivas Classistas, em Blumenau (SC), produz a Declaração de Blumenau sobre
Administração, Esporte e Lazer na Indústria. A Constituição Federal de 1988 cita o lazer
e o esporte como direitos sociais e redefine as relações de trabalho. No ano seguinte,
a Lei 7.752 concede incentivo fiscal às empresas que promovessem atividades de lazer
ou esporte. Também nesta década a Ginástica Laboral começa a ser mais difundida,
passando a se constituir em crescente objeto de estudos em centros de pesquisa em
Educação Física e ciências do esporte, especialmente na Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Anos de 1990 - A atividade física na empresa passa a receber maior racionaliza-
ção gerencial. Como possível decorrência de uma melhor interpretação do RH das
empresas, publica-se em 1990 o livro “Esporte e Lazer na Empresa”, de Lamartine
DaCosta (Educação Física) e Paulo Pegado (Medicina), fazendo-se pela primeira vez
no país uma ampla revisão do tema, incluindo análises, pesquisas produzidas por
empresas, levantamentos de campo e estudos de caso (uma nova edição foi feita
no ano seguinte, publicada pelo Ministério da Saúde). Em 1994 e anos seguintes,
Lamartine DaCosta promove junto à Confederação Internacional do Esporte do Tra-
balhador (CSIT), com sede na Bélgica, a adesão do SESI, dando início, assim, à in-
ternacionalização do movimento brasileiro do esporte-empresa após um século de
suas primeiras manifestações. Em 1998, cria-se o programa “Ginástica na Empresa”
do SESI em abrangência nacional.
18 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Anos de 2000 - O citado programa “Ginástica na Empresa” do SESI (conduzido


nas sedes das empresas) apresenta totais de atendimento anual entre 200 e 300 mil
participantes, sobretudo na Grande São Paulo e na Grande Belo Horizonte. Em mea-
dos da década, este total de atendimentos alcançava meio milhão de trabalhadores
em todo o país, constituindo, nestes termos, uma das maiores iniciativas do mundo
em seu gênero. No mesmo período, o total de atletas trabalhadores dos campeona-
tos do SESI, somando-se as etapas locais, regionais e nacional, alcançava uma magni-
tude de um milhão de participantes por ano. Coincidente com a grande escala alcan-
çada pelas atividades físicas – recreativas ou competitivas - nas empresas brasileiras,
neste período cresce a importância da participação de fisioterapeutas nesta área de
intervenção profissional, até então compartilhada de modo predominante por mé-
dicos e Profissionais de Educação Física. Coincidência similar ocorreu no mesmo es-
tágio, com a criação da Associação Brasileira de Ginástica Laboral (ABGL), com sede
em São Paulo capital, integrando preferencialmente Profissionais de Educação Física
dedicados ao tema, visando a um melhor desenvolvimento da atividade introduzida
quatro décadas passadas no país.

Estágio atual

Já o período dos anos de 2010 define a atualidade e o contexto da presente obra,


cuja dominância é da Ginástica Laboral que avançou mais pelo seu sentido prático
do que teórico, como demonstrado por Heglison Toledo na tese defendida no início
da década em foco. Numa perspectiva mais generalista, DaCosta & Pegado (1990)
interpretaram antes o desenvolvimento tanto das atividades físicas nas empresas
como da GL no Brasil por meio de impulsos marcados por eventos ou fases típicas.
Esta interpretação foi originalmente denominada de “surtos”, os quais estariam re-
lacionados a mudanças nos propósitos e estratégias das empresas que, por sua vez,
seriam decorrentes de mudanças estruturais no mundo do trabalho (influências ex-
ternas) e do conhecimento técnico-operacional assimilado na área empresarial (fa-
tores endógenos).
Portanto, o movimento sindical dos anos de 1920 e a legislação trabalhista dos
anos de 1940 exemplificam impulsos de expansão do esporte-empresa devidos a in-
fluências externas nas condições brasileiras, ao passo que a criação da ABGL em 2007
pode ser considerada um desenvolvimento endógeno por promover a melhoria das
19

técnicas de intervenção e do conhecimento dos interventores. Em resumo, a GL da


atualidade representaria o “surto” da década de 2010 com respeito às atividades físi-
cas nas empresas nacionais.

Definições básicas

A partir da constatação de DaCosta & Pegado quanto à tipologia de expansão e


desenvolvimento da atividade física na empresa, pode-se então conceituá-la como
o conjunto de estratégias relacionadas ao universo do lazer ativo (clubes, equipes,
promoções recreativas) e da saúde ocupacional (GL, exercícios corretivos e melhoria
da forma física, atividades esportivas de competição e de lazer ativo) com vistas a
realizar propósitos da empresa no âmbito de melhoria das relações de trabalho, pro-
teção psicossomática dos empregados, aperfeiçoamento da segurança no trabalho,
aumento da produtividade por melhores condições de saúde, redução do absenteís-
mo e da rotatividade do pessoal, entre outros meios gerenciais.
Releve-se, por necessário, que a GL vincula-se primariamente à saúde ocupacio-
nal - objeto de estudo da Medicina do Trabalho – tanto pelo seu sentido terapêutico
(exercícios de regeneração e de desenvolvimento muscular) como pela melhoria de
forma física (recuperação física por intervalo nas rotinas de trabalho). Neste sentido,
consultando-se a produção de Valquíria Lima – uma das lideranças da GL no Brasil a
partir de 2004 –, pode-se atualizar o conceito de GL admitindo ser um conjunto de
práticas físicas visando a compensar o esforço e a atenção requerido pelo trabalho,
criando uma pausa ativa e reduzindo-lhe a monotonia.

Prerrogativas da Educação Física

Em outras palavras, o Profissional de Educação Física, perante a tradição que atu-


almente dá sentido à GL, segue propósitos gerais da empresa que lhe hospeda bem
como atende necessidades educativas e comportamentais dos seus colaboradores.
Neste particular, o “surto” GL gerou sobreposições de funções da Educação Física
por parte da fisioterapia que passou recentemente a atuar em atividades de espor-
20 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

te e lazer, além das intervenções terapêuticas. E se a terapia está se dedicando ao


desenvolvimento de atitudes comportamentais, é possível que, ao continuar esta
tendência, o fisioterapeuta perca o nexo e a delimitação de sua especialização. E se
fisioterapeuta assume a GL com suas raízes esportivas e de lazer ativo, haverá um
inevitável confronto com os especialistas da Medicina do Trabalho, atividade regu-
lamentada em âmbito nacional e atendente à especialização na produção científica.
Tal confrontação jamais houve com o médico do trabalho e o Profissional de Educa-
ção Física, porque historicamente ambos têm trabalhado de modo complementar.
Sem embargo, o Profissional de Educação Física atua formalmente por meio de mé-
todos educacionais e preventivos, para minimizar e/ou evitar a possibilidade de ocor-
rência de lesões decorrentes das atividades repetitivas/cotidianas do estresse causado
pela atuação laboral e de atividades que tragam algum risco para os trabalhadores. Por
sua vez, o fisioterapeuta deve ater sua atuação ao tratamento das lesões já diagnosti-
cadas, acompanhando o paciente até que este esteja em condições plenas de retornar
ao seu trabalho em condições normais. Nestas circunstâncias, a responsabilidade do
Profissional de Educação Física, ao encontrar trabalhadores em situação em que a saú-
de já esteja comprometida, é a de recomendar o acompanhamento por profissional da
fisioterapia e/ou da medicina, pois se trata de reabilitação/tratamento. Uma vez ten-
do alta do fisioterapeuta/médico, este trabalhador poderá reintegrar-se ao grupo que
participa das atividades físico-preventivas ou de simples lazer ativo.

Rumo ao multiprofissionalismo

A própria experiência das atividades físicas na empresa – ora incluindo a GL –,


a julgar pelo exemplo da produção de conhecimento na obra de DaCosta & Pega-
do (1990), tem transcorrido por abordagens de profissionais diversos com predomi-
nância dos Profissionais de Educação Física. Isto posto, o atual estranhamento das
funções ampliadas dos fisioterapeutas traz à luz, naturalmente, a necessidade de se
enfatizar uma gestão compartilhada das funções de Segurança do Trabalho, Medi-
cina Ocupacional e Recursos Humanos. Neste caso, a organização das diferentes in-
terfaces profissionais com tais funções deve pertencer ao especialista em Educação
Física pois este deve atuar no desenvolvimento comportamental dos trabalhadores
alvo, objetivo síntese das intervenções multidisciplinares para as circunstâncias das
atividades físicas.
21

É nesta linha que se insere o presente livro, a partir de seu próprio título de pu-
blicação. Portanto o posicionamento do Profissional de Educação Física no tema do
centenário esporte-empresa e na GL dele decorrente não se trata de status quo nor-
mativo – típico dos conselhos profissionais – mas sobretudo de um imperativo de
inclusão profissional com fundamentos históricos, científicos e educacionais.
Note-se por significativo que já na Antiga Grécia de dois mil anos passados a fi-
gura do paidotribo – educador e treinador físico de adolescentes e jovens – já atuava
como precursor dos atuais Profissionais de Educação Física, orientando seus segui-
dores para uma vida saudável, ao passo que os médicos gregos cuidavam das doen-
ças de eventuais cidadãos desprotegidos. Modus in rebus, hoje a relação educador
físico – médico ainda sobrevive constituindo uma das mais antigas tradições da civi-
lização ocidental.
Em conclusão, almejo que a presente argumentação histórica e educacional pre-
valeça como válida ao enfatizar a complementariedade do médico – ou do fisiote-
rapeuta e outros profissionais correlatos da área de saúde – com o Profissional de
Educação Física. Afinal há um fato cultural que sobrevive há dois mil anos e dá legiti-
midade ao multiprofissionalismo tão enaltecido e pretendido nos tempos presentes
da saúde e da educação.
22 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O protagonismo brasileiro dos Profissionais


de Educação Física no contexto histórico
da Ginástica Laboral

Os Profissionais de Educação Física são reconhecidamente os pioneiros e prota-


gonistas da Ginástica Laboral no Brasil, fato este comprovado pelos inúmeros relatos
e evidências históricas apresentadas.
Reconhecemos a relevância de todas as iniciativas, experiências, atividades e pro-
gramas de Atividades Físicas realizados desde então, os quais contribuíram para a
construção, evolução e consolidação da Ginástica Laboral.
A riqueza histórica envolvida no desenvolvimento e na evolução da GL é muito
valiosa e merece ser tratada com todo respeito e consideração. Neste livro não pre-
tendemos detalhar profundamente essa história, mas destacar alguns dos momen-
tos mais relevantes desse contexto histórico.
Existem evidências de que o primeiro apontamento encontrado no mundo sobre
GL foi um livreto chamado Ginástica de Pausa, editado em 1925 na Polônia. Logo em
seguida, a prática teria seguido para a Holanda e para a Rússia, tomando corpo em
vários países a partir de então. Por volta de 1928, a prática foi implantada no Japão
por meio da Rádio Taissô – ginástica orientada com músicas pelo rádio.
No Brasil, sabe-se que desde o inicio do século passado surgiram as primeiras
ações de Profissionais de Educação Física propondo exercícios físicos no ambiente
de trabalho.
Pesquisas apontam a existência de um Programa de Ginástica Matinal, desen-
volvido nos Estaleiros da Ishibrás no Rio de Janeiro, em meados dos anos 1970,
no qual mais de 2.500 homens faziam exercícios durante 10 minutos antes de
iniciarem suas tarefas laborais. Além disso, sabe-se que em 1978 foi formada a
primeira Associação de Rádio Taissô no Brasil, no bairro da Liberdade, em São
Paulo, onde a técnica japonesa de se exercitar ao som de um rádio foi adaptada
para a realidade dos brasileiros, abrindo espaço para atuação dos Profissionais
de Educação Física da época.
Contudo, cabe ressaltar a iniciativa protagonista da Federação de Estabelecimen-
tos de Ensino Superior (FEEVALE) em Novo Hamburgo , no Rio Grande do Sul (RS),
por meio da Escola de Educação Física, que em 1978 efetivou um contrato com cinco
23

empresas da região para a implantação de um Programa de Ginástica Laboral, base-


ado em análises biomecânicas e estruturada pelos Profissionais de Educação Física
da instituição, bem como com parcerias com o Serviço Social da Indústria (SESI) da
região e conforme as necessidades da empresa naquela época.
Destaca-se o dia 22 de novembro de 1978 como um momento histórico da Gi-
nástica Laboral, pois nesta data foi efetivado o contrato para execução do projeto
de Ginástica Laboral compensatória, entre o Serviço Social da Indústria (SESI-RS) e a
FEEVALE (Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior em Novo Hamburgo -
RS) , nas empresas da região.

Empresas que participaram desse programa


de GL Compensatória

Município de Sapucaia do Sul:


- Curtume Vacchi S.A e Lanifício Kurashiki;
Município de São Leopoldo:
- Artefatos de Borrachas Bins S.A e Biehl S.A;
Município de Novo Hamburgo:
- Metal Grin Indústria de Plástico e Metais Ltda.

Objetivos do Projeto em 1978

- Propiciar aperfeiçoamento físico, mental e emocional aos funcionários parti-


cipantes da Ginástica Laboral das Empresas, em horários de trabalho, tornando-os
mais humanizados.
- Por meio da Faculdade de Ensino, formar profissionais especializados e capacitar
mais estudantes, igualmente dispostos a assumirem lideranças juntos às empresas.
- Considerando-se o caráter experimental de programação, propiciar à Feevale a
tríplice missão: o Ensino, a Pesquisa e a Extensão, através da efetivação do Projeto.
24 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Resultado do Projeto de Ginástica Laboral Compensatória,


a partir dos depoimentos da época (1978)

O Programa da Ginástica Laboral é um desafio, representa a tentativa de reco-


locar as exigências do “humano”, como prioridade máxima na solução dos grandes
problemas. A essência do programa é a valorização da pessoa do trabalhador; é a
tentativa de minimizar os aspectos negativos da especialização das funções, oriun-
das da automatização das tarefas, gerando condições desfavoráveis à realização in-
tegral de cada ser: é no trabalho que o ser humano se cria e se realiza.
Hoje a GL está consolidada e implantada em inúmeras empresas de diversos seg-
mentos por todo o país. A prática cresce de maneira efetiva e comprovada, eviden-
ciada pelos seguintes fatos:
- os Profissionais de Educação Física têm HABILITAÇÃO e ESPECIALIDADE para de-
senvolver os programas de acordo com as necessidades de cada setor da empresa
contratante;
- os indicadores de resultados são produzidos, publicados e demonstrados, de
forma efetiva por meio de relatórios periódicos;
- as empresas estão mais “humanizadas” e reconhecendo a importância das práti-
cas de atividades físicas orientadas no ambiente de trabalho como forma de preven-
ção de doenças ocupacionais e promoção de saúde;
- pela união de empresários e profissionais atuantes na área para potencializar o
desenvolvimento desse programa, que hoje integra as estratégias de prevenção e
promoção de saúde nas empresas;
- pelo reconhecimento por parte da sociedade de que os Profissionais de Educação
Física são competentes, habilitados e preparados para conduzir os programas de GL.
25

CAPÍTULO 1
Definições e conceitos

1.1 Definição de Ginástica Laboral


Vários pesquisadores apoiam e recomendam a prática da atividade física no
ambiente de trabalho como uma das atitudes preventivas de saúde. Pratt, Vuori e
Lankenau (2004); Pereira, Lima e Ceschini (2005); Pedersen et al. (2009); Conn et al.
(2009) e Pereira (2009), entre outros autores, perceberam em seus estudos os efeitos
da atividade física aplicada no trabalho sobre a saúde do trabalhador.
Os Programas de Ginástica Laboral (PGL) são atualmente estruturados na ten-
tativa de minimizar os fatores de risco existentes nas empresas para que possam
contribuir sobre o objetivo macro da promoção da saúde no ambiente de trabalho,
mantendo e promovendo a saúde do trabalhador por meio da prática de exercícios
e dicas de saúde (PEREIRA; LOPEZ; VILARTA, 2013).
A Ginástica Laboral (GL) é um programa de exercícios físicos, planejados e dina-
mizados por Profissionais de Educação Física, realizados no próprio local de trabalho,
durante o horário de expediente, de acordo com as características da atividade de-
sempenhada em cada função (CREF9/PR, 2014).
Alguns pesquisadores enriquecem as definições acerca deste tema, entre eles:
Figueiredo (2007) coloca que a GL é uma proposta de exercícios físicos a serem
realizados diariamente durante a jornada de trabalho, buscando compensar os mo-
vimentos repetitivos inerentes à atividade laboral cotidiana, à ausência de movimen-
tação, ou mesmo compensar as posturas assumidas durante o período de trabalho
que causam algum tipo de constrangimento físico.
Maciel (2010), por sua vez, define a GL como a prática de exercícios físicos es-
pecíficos e preventivos, planejados de acordo com as características de cada tarefa
laboral, realizados durante a jornada de trabalho.
Lima (2007) corrobora, afirmando que essas práticas devem ser complementadas
com ações educativas que possibilitem um maior acesso às informações sobre pro-
moção de saúde, dinâmicas lúdicas e de integração, visando promover maior des-
contração e resgate do equilíbrio e bem-estar do trabalhador.
26 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

1.2 Tipos de Ginástica Laboral


Basicamente existem três tipos de Ginástica Laboral, definidos conforme o horá-
rio de sua aplicação na empresa e seus objetivos: GL Preparatória ou de Aquecimento
(também conhecida como GL Introdutória), GL Compensatória ou de Pausa e GL de
Relaxamento ou de Final de Expediente.
1.2.1 Ginástica Laboral Preparatória ou de Aquecimento
É aquela realizada no início da jornada de trabalho ou logo nas primeiras
horas do expediente, com o objetivo principal de preparar os colaboradores
para a execução de sua tarefa profissional, aquecendo os grupos musculares
que serão mais solicitados em sua jornada.
Neste tipo de GL, o Profissional de Educação Física deve planejar exercícios
físicos que proporcionem algumas reações fisiológicas nos colaboradores par-
ticipantes, como:
 aumento da circulação sanguínea e da frequência respiratória no intuito de
melhorar a oxigenação muscular e tecidual;

 aumento da viscosidade intramuscular e da elasticidade muscular, procuran-


do evitar distensões;

 promover um melhor estado de preparação psicológica dos trabalhadores


para que exerçam suas funções com níveis mais elevados de atenção e con-
centração.

1.2.2 Ginástica Laboral Compensatória ou de Pausa


É aquela realizada durante a jornada de trabalho. Neste momento, interrom-
pe-se a monotonia operacional dos colaboradores, que realizam pausas para
executar exercícios específicos de compensação aos esforços repetitivos, es-
truturas sobrecarregadas e às posturas solicitadas no trabalho, de acordo com
cada função laboral.
Na GL Compensatória, recomenda-se que o Profissional de Educação
Física elabore exercícios físicos que influenciem positivamente nos seguin-
tes aspectos:
 redistribuição sanguínea, melhorando a oxigenação corporal, permitindo
metabolização eficiente do Ácido Lático e outros resíduos que interferem no
desempenho do trabalhador, gerando fadiga e perda de rendimento.
27

 aumentar a viscosidade e a lubrificação dos tendões e das fibras musculares;

 alongar a musculatura, diminuir a tensão muscular e contribuir para melhorar


a postura corporal;

 relaxamento e descontração psicológica;

 integração social e momentos lúdicos que contribuam com a sensação de


bem-estar.

1.2.3 Ginástica Laboral de Relaxamento


É aquela realizada ao final do expediente, antes de os colaboradores
saírem da empresa. Está baseada em exercícios de alongamento e relaxa-
mento muscular, com o principal objetivo de oxigenar as estruturas mus-
culares envolvidas nas tarefas profissionais diárias, reduzindo a fadiga e
aliviando o cansaço.
Este tem sido o tipo de GL menos utilizado pelas empresas que contratam
os Programas, pela preferência que demonstram em investir nas ações que
ocorram durante o horário de expediente, possibilitando que o colaborador
retorne ao trabalho melhor do que estava antes da pausa ativa da GL. No caso
da GL de Relaxamento (final de expediente) os colaboradores vão embora da
empresa e, em geral, para grande parte das pessoas, a percepção que fica é a
de que todo o estímulo empregado acaba sendo “aproveitado” fora do horá-
rio produtivo.
Pereira (2013a) sugere uma nova classificação denominada Ginástica Laboral
Mista, que pode ser executada em todos os momentos dos turnos, pois deri-
va da combinação dos objetivos das Ginásticas explicadas anteriormente (de
Aquecimento, Compensatória e de Relaxamento), associando seus conteúdos e
tipos de exercícios ao objetivo de atender de forma ampla às necessidades dos
trabalhadores e das empresas.
1.3 Frequência e Duração da GL
A literatura nacional e internacional apresenta dados científicos que comprovam
os benefícios do PGL dentro de metodologias, na maioria das vezes, com frequência
de cinco vezes por semana e duração de 15 minutos (Pereira, 2009 e 2013ab).
O ideal é que a GL seja praticada todos os dias, no mínimo três vezes ao dia,
durante a jornada de trabalho. Essa é a situação ideal, nem sempre real. Quanto à
28 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

duração das aulas, estas geralmente têm de cinco a quinze minutos, dependendo
da negociação com a empresa contratante, bem como de suas possibilidades (Fi-
gueiredo, 2007).
A escolha da frequência da realização da série dependerá dos objetivos traçados
pelo profissional juntamente com a empresa, o que por sua vez estará diretamente
relacionado aos benefícios que poderão advir dessa prática. Em outras palavras: eles
são interdependentes (Maciel, 2010).
1.4 Benefícios da GL
Embora a modernidade tenha trazido grandes avanços tecnológicos, a busca
constante e incessante por maior produtividade trouxe também fortes pressões para
o contexto do trabalho, gerando muitas vezes desgastes físicos, mentais e emocio-
nais, que, consequentemente, conduzem a um desequilíbrio.
Assim, não raro se faz necessário “promover um equilíbrio” no ambiente de
trabalho. Quando se implanta um Programa de GL numa empresa, envolve-se a
coletividade, o que propicia, além dos benefícios físicos em si (respiração, alon-
gamento muscular, melhor oxigenação e circulação sanguínea), momentos de
descontração, e um desligamento momentâneo dos problemas do trabalho. É
uma pausa em que, apesar dos cargos exercidos, “todos são iguais”: seres huma-
nos em busca de bem-estar, saúde e qualidade de vida no trabalho (Figueiredo;
Mont’alvão, 2008).
O Programa de Ginástica Laboral (PGL) tem como estratégia interferir so-
bre a saúde do trabalhador por meio da orientação de informações sobre
saúde, que devem acontecer diariamente, durante a aula de GL, incentivando
sempre a mudança do comportamento do mesmo em relação aos seus hábi-
tos (PEREIRA, 2013a).
Conforme o CREF3/SC (2013), a GL favorece a mudança da rotina ocupacional;
desenvolve a consciência corporal; melhora a postura; diminui a tensão muscu-
lar desnecessária; melhora a mobilidade e a flexibilidade; melhora a qualidade
dos movimentos executados durante o trabalho; contribui para o melhor re-
lacionamento entre colegas; reforça a autoestima; melhora a concentração no
trabalho.
Para Lima, Aquilas e Ferreira Jr. (2009), a prática da GL possibilita melhoria na
flexibilidade e mobilidade articular; na postura corporal; na disposição e no âni-
mo para o trabalho; autoconhecimento do corpo e coordenação motora; socia-
29

bilização entre colegas e superiores. Ainda reduz tensão e fadiga muscular; além
de contribuir para a queda dos índices de absenteísmo e procura ambulatorial.
De acordo com o CREF9/PR (2014), além dos benefícios citados, há ainda: a
minimização dos vícios posturais e a prevenção da fadiga muscular (aumento
do relaxamento muscular). Para as empresas, a GL contribui com a redução
do absenteísmo por doenças; diminuição do uso do sistema de saúde; redu-
ção de perdas por presenteísmo e também pode contribuir na diminuição
do turnover.
Conforme Maciel (2010), o objetivo geral/principal da GL é a preparação ou com-
pensação dos aspectos biopsicossociais do trabalhador, sendo que os objetivos se-
cundário/específicos estão vinculados à cada modalidade de ginástica adotada (pre-
paratória, compensatória, relaxamento).
Estes objetivos e/ou benefícios poderão visar:
1) Prevenção e/ou compensação do desgaste ocupacional proporcionado:
1.a) pelas posturas incorretas e/ou cansativas;
1.b) pelos movimentos com ou sem repetitividade e uso de força;
1.c) pelo aumento da tensão física e/ou psicológica;
2) Melhoria do clima organizacional - relacionamentos interpessoais;
3) Redução dos acidentes de trabalho;
4) Redução das doenças ocupacionais osteomusculoligamentares;
5) Aumento da produtividade;
6) Mudança de comportamento – adoção de um estilo de vida saudável.
Entretanto, para que os benefícios sejam alcançados, os princípios metodológi-
cos do PGL precisam ser respeitados incluindo a seleção dos conteúdos e prescrição
dos exercícios que devem considerar a intensidade, a duração, a frequência, o volu-
me, a evolução, a motivação, a satisfação, a segurança e a preservação da integrida-
de do trabalhador, assegurando a eficiência do PGL (Pereira, 2013a).
Certamente o Programa de GL é uma grande “porta de entrada” para outros
temas que visem à promoção de saúde e à qualidade de vida nas empresas,
onde começam a se destacar as questões relacionadas à Educação em Saúde
como preponderantes.
30 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

É oportuno citar também que o conceito de Educação em Saúde se sobrepõe ao


conceito de promoção da saúde, como uma definição mais ampla de um processo
que abrange a participação de toda a população no contexto de sua vida cotidiana
e não apenas das pessoas sob o risco de adoecer (WHO, 2015).
Esta noção está baseada em um conceito de saúde ampliado, considerado como
um estado positivo e dinâmico de busca de bem-estar, que integra os aspectos físico
e mental (ausência de doença), ambiental (ajustamento ao ambiente), pessoal/emo-
cional (autorrealização pessoal e afetiva) e sócio-ecológico (comprometimento com
a igualdade social e com a preservação da natureza).
Uma Educação em Saúde ampliada inclui políticas públicas, ambientes apropria-
dos e reorientação dos serviços de saúde para além dos tratamentos clínicos e curati-
vos, assim como propostas pedagógicas libertadoras, comprometidas com o desen-
volvimento da solidariedade e da cidadania, orientando-se para ações cuja essência
está na melhoria da qualidade de vida e no bem-estar das pessoas.
1.5 Implantação do Serviço Ginástica Laboral
Os Programas de GL acontecem dentro de empresas, chamadas Contratantes e
que, de acordo com a Legislação Brasileira, são Pessoas Jurídicas. Na maioria das ve-
zes, estas empresas contratam outras empresas prestadoras do serviço em GL, de-
nominadas Contratadas.
Neste caso, é de inteira responsabilidade das Contratadas o vínculo empregatício
com o Profissional de Educação Física. Contudo, isto não é impedimento para que a
Contratante possa ter um vínculo diretamente com o Profissional de Educação Física.
Assim, o Profissional de Educação Física poderá atuar nessas Empresas como:
- Profissional Pessoa Física - quando for contratado diretamente pela empresa
contratante dos serviços de GL ou por uma prestadora desse serviço.
- Pessoa Jurídica - quando montar sua própria empresa para prestar esse tipo de
serviço e possuir um CNPJ.
Em todos os casos, o Profissional deve ser habilitado, isto é, com formação em
Educação Física e registrado no Sistema CONFEF/CREFs.
Caso atue como Pessoa Jurídica, é necessário ter visão empreendedora: saber
elaborar um plano de negócios adequado, prever custos, despesas fixas e variá-
veis, folha de pagamento, despesas administrativas, jurídicas, calcular a margem
31

de lucro, prospectar clientes e novos negócios, entre outros. A falta de análise


nestes quesitos poderá desqualificar e/ou inviabilizar a prestação do serviço. Cabe
ressaltar que as empresas contratantes estão priorizando a contratação de Pessoas
Jurídicas para a realização dos Programas de GL.
A qualificação e o aperfeiçoamento do profissional na área administrativa deverá
ser constante, focados na gestão dos negócios em Educação Física, tendo em vista
que são muitas as necessidades a suprir quando se assume um contrato. O profis-
sional precisa saber qual é o foco do negócio e conhecer o perfil da empresa que irá
atender, seu segmento e sua Cultura Organizacional.
Por Cultura Organizacional entende-se a representação do universo simbólico
da empresa, que proporciona um referencial dos padrões de comportamento, con-
dutas, relacionamentos e de desempenho entre os colaboradores, influenciando a
pontualidade, a produtividade, a preocupação com os serviços ao cliente e a própria
qualidade de vida dos envolvidos no processo.
As empresas são constituídas por pessoas e dependem delas para atingir seus
objetivos e cumprir suas metas e missões. E as pessoas, por sua vez, entendem que
as organizações constituem o meio pelo qual podem alcançar vários objetivos pes-
soais e profissionais. A orientação das pessoas constitui-se num passo primordial e
necessário à sua adequada aplicação dentro das diversas atividades da organização.
Trata-se de posicionar as pessoas em suas atividades e esclarecer qual é o seu papel
e suas metas no negócio. A todo esse conjunto de fatores é que se dá o nome de
Cultura Organizacional.
Ou seja, para obter êxito na implantação de um Programa de GL, o Profissional
de Educação Física precisa conhecer a empresa e os colaboradores, entender e adap-
tar-se ao cliente para poder atendê-lo de modo adequado. Também é necessário
que o profissional mantenha-se permanentemente atualizado.
Como já afirmado, é fundamental, para a elaboração inicial do programa, co-
nhecer a Cultura Organizacional da Empresa e as peculiaridades de sua rotina
diária, como também o nível de atividade física habitual dos funcionários; fazer
a avaliação da qualidade de vida dos trabalhadores, a avaliação da percepção e
intensidade de dor, além da qualidade dos relacionamentos interpessoais nos
setores e como ocorre a interação entre as pessoas. Estes relatórios podem va-
riar de acordo com as necessidades da empresa e assim determinar a Ginástica
Laboral mais indicada.
32 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Os programas de Ginástica Laboral são elaborados de acordo com as caracterís-


ticas e necessidades de cada empresa, destacando-se como fatores determinantes
pelo menos os seguintes itens:
 análise do local de trabalho, que deverá ser baseada em princípios ergonô-
micos;

 análise cinesiológica e biomecânica nos postos de trabalho, para avaliar quais


os músculos são os mais requisitados;

 palestras de sensibilização para garantir a participação e engajamento dos


trabalhadores e líderes no programa;

 prescrição dos exercícios realizada de acordo com as funções desempenha-


das em cada posto de trabalho;

 a avaliação do Programa de GL e sua aceitação serão obtidas durante as


aulas, através de entrevistas e questionários e servirão de feedback para
possíveis ajustes;

 a apresentação de resultados, por sua vez, deverá considerar os pontos fortes


e aqueles que devem ser ajustados no decorrer do processo, os quais deverão
ser apresentados à empresa contratante para validação e aprovação.

1.6 Condutas Básicas do Profissional de Educação Física na


Ginástica Laboral
Atualmente as técnicas de aplicação de GL estão bastante específicas e a exigên-
cia sobre esse serviço está elevada, o que a torna um programa estratégico, que me-
rece rigor e assertividade em todas as etapas.
A Ginástica Laboral é um trabalho específico que exige do profissional sólidos co-
nhecimentos em adaptação/correção postural e também um cuidado com a rotina
nos exercícios para não desestimular a prática. Deve procurar sempre compatibilizar
o ambiente de trabalho às necessidades e limitações dos trabalhadores.
Inicialmente deve-se pesquisar e entender o ambiente corporativo e os concei-
tos básicos de outras áreas de atuação que complementam o Programa de GL, tais
como: ergonomia, normas de segurança e qualidade de vida no trabalho, estresse
ocupacional e recursos humanos. Além destes aspectos técnicos, o Profissional de
Educação Física deve ser capaz de interagir, motivar e contribuir para uma maior
integração entre os funcionários da empresa.
33

Os Profissionais de Educação Física devem conhecer previamente os setores


da empresa, preparando-se para respeitar suas normas de segurança. Também
devem conhecer os riscos ambientais (químicos, físicos, biológicos, ergonômi-
cos e de acidentes de trabalho) que podem estar relacionados à suas atividades
profissionais. Também devem possuir conhecimento nas áreas de Fisiologia do
Exercício, Ergonomia, Técnicas de Relaxamento, Flexibilidade e Alongamento,
Segurança do Trabalho, Medicina Ocupacional, Massagem e Dinâmicas de Recre-
ação e Lazer, entre outras.
Todos esses conhecimentos e conteúdos deverão ser previamente analisados,
planejados e contextualizados com a realidade de cada empresa contratante, de
modo a aculturar tais atividades para que façam sentido e produzam os resultados
esperados.
O Profissional de Educação Física deve planejar o Programa de GL com base em
uma análise das atividades desenvolvidas em cada setor da empresa, e de acordo
com as principais causas de afastamento, queixas mais frequentes ou outra ques-
tão com a qual a GL possa contribuir e que tenha relação com suas possibilidades
e objetivos, verificando:
1. perfil da empresa e ramo de atividade;
2. inserções adaptadas aos horários, turnos e pausas da empresa, bem como exi-
gências de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC’s) e Equipamentos de Pro-
teção Individual (EPI’s);
3. áreas de risco;
4. causas de afastamento – pois algumas empresas implantam o programa aliado
a um conjunto de ações motivacionais e não especificamente relacionado à
prevenção de lesões.
A função principal do Profissional de Educação Física é atuar na prevenção e na
promoção da saúde. O crescimento dos programas de atividade física nas empresas
contribui para uma maior união entre os profissionais da área de saúde, valorizando
o trabalho multi e interdisciplinar, respeitando os limites de cada área de atuação. O
objetivo é que esse trabalho tenha resultados concretos e mostre um caminho para
uma vida mais saudável também no ambiente de trabalho. Pimentel (1999) discorre
que cabe ao profissional que atua nesta área a intervenção crítica, ciente e aplicada
dentro de sua especialidade.
34 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O profissional que ministrar as aulas de Ginástica Laboral deverá ser motivador e


capaz de levar aos funcionários a real importância de tal prática. Não deverá preo-
cupar-se somente em “dar as aulas”, pois há outras ações que devem ser propostas,
como divulgações e atividades diferenciadas no local de trabalho, causando estímu-
los maiores e mais significativos. O programa só terá progressão e continuidade se
houver uma grande parcela de funcionários integrados e satisfeitos, de forma cons-
ciente, alcançando índices positivos em relação à melhoria de sua qualidade de vida
(CASTILHO et al., 2009).
1.7 Acompanhamento de um Programa de Ginástica Laboral
Monitorar e acompanhar um Programa de GL consiste em coletar dados perti-
nentes de maneira regular e apresentar relatórios periódicos, indicadores de resul-
tados, pontos de melhoria ou mudança, bem como identificar eventuais desvios ou
problemas, e oferecer sugestões de solução. Estes procedimentos darão credibilida-
de e maiores chances de continuidade do serviço prestado.
Atualmente é vital coletar e apresentar indicadores de gestão e monitoramento
do Programa de GL, dentre os quais cita-se alguns exemplos: frequência e partici-
pação dos colaboradores nas sessões, satisfação dos participantes, desempenho
do Profissional de Educação Física, eventuais índices corporais como flexibilidade
de alguns segmentos específicos, cruzando-os com indicadores da empresa con-
tratante, tais como: absenteísmo, turnover, acidentes de trabalho, procura ambula-
torial, entre outros. Há de se considerar que a GL por si só não será capaz de modi-
ficar na totalidade todos esses indicadores, mas certamente poderá contribuir com
melhorias. Cabe ressaltar que a atuação do Profissional de Educação Física deve ser
pautada em indicadores que foram negociados/pactuados anteriormente com a
Contratante. Isso permitirá nortear todas as ações, bem como definir o campo de
atuação e os objetivos a serem alcançados.
Sugere-se muita cautela em relação à produtividade como um indicador de
resultado do Programa de GL ou mesmo como sendo o objetivo principal do
programa. É fundamental entender como a empresa define e mensura PRODU-
TIVIDADE, a fim de conhecer as reais possibilidades de intervenção. A produti-
vidade é afetada por um universo de variáveis que exercem influências diretas
e indiretas sobre esse item e não se pode transferir toda essa responsabilidade
para o programa.
35

Exemplos de Indicadores de Controle e Acompanhamento


Adesão
É muito efetivo realizar um levantamento mensal, abordando a participação
dos trabalhadores no Programa de GL, de forma nominal ou quantitativa geral.
Conforme os dados obtidos, pode-se identificar os setores críticos, como os que
não participam do Programa de GL, para os quais poderá ser desenvolvida algu-
ma ação de intervenção específica. A adesão também contribui nas avaliações do
próprio Programa de GL, pois, quanto maior a participação regular dos colabora-
dores nas sessões, entende-se que melhor é a aceitação desse programa, elevando
as chances de continuidade, alcance dos resultados e consequente renovação da
prestação de serviços.
Pesquisas de Satisfação
Considera-se importante realizar pesquisas que contemplem aspectos correlacio-
nados ao programa e aos Profissionais de Educação Física, tais como: pontualidade,
didática, metodologia, simpatia, atenção, desenvoltura e disponibilidade, atividades
mais apreciadas, materiais utilizados, sugestões de outras atividades a serem reali-
zadas, sempre com a possibilidade de comentários abertos. A periodicidade dessas
pesquisas poderá ser trimestral, semestral ou até mesmo anual.
Indicadores Específicos
Existem inúmeras possibilidades disponíveis na literatura científica e nas pu-
blicações técnicas, com instrumentos de avaliação validados, tais como: percep-
ção de desconforto, nível de atividade física habitual e também sobre estilo de
vida. Lembrando sempre que devem ser estabelecidos indicadores de acordo
com os objetivos do programa. É importante ressaltar que os indicadores de mo-
nitoramento escolhidos devem fazer sentido ao programa e aos colaboradores,
de modo que sejam efetivamente utilizados e acompanhados, permitindo que
melhorias sejam alcançadas. Avaliar e não utilizar os dados significa perda de
tempo e improvisação.
Por fim, cabe destacar que monitorar e acompanhar os indicadores de maneira
comparativa e crítica subsidia a produção de relatórios estruturados, que indicarão
as mudanças ocorridas durante o programa, além das ações de intervenção e possi-
bilidades de melhoria.
37

CAPÍTULO 2
Competências e responsabilidades

2.1 Competências do Profissional de Educação Física e sua atuação


nas empresas
O Profissional de Educação Física conquistou e vem conquistando cada vez mais
seu espaço na sociedade. Sua atuação dentro das organizações destaca-se pela ca-
pacidade de promover ações e programas de qualidade de vida e bem-estar, uma
vez que os trabalhadores estão sendo acometidos pelas doenças ocupacionais com
mais frequência, sendo fundamental uma intervenção profissional preventiva e de
promoção de saúde.
Para poder atuar na área empresarial, o Profissional de Educação Física deve estar
preparado para colocar em prática os conhecimentos específicos sobre o corpo hu-
mano, adquiridos ao longo de sua formação, tais como anatomia humana, fisiologia
do esforço, cinesiologia, biomecânica, além de disciplinas que tratam da metodo-
logia e da didática para montagem e planejamento de aulas. Este profissional deve
conduzir suas práticas com criatividade, motivação, carisma, capacidade de comuni-
cação e com um olhar técnico, didático e metodológico.
Esse composto de características e de conhecimentos torna-o um profissional
capaz e sensível para com o próximo, condição necessária para atuar em empresas
onde os trabalhadores, muitas vezes, depositam expectativas nessa relação agrega-
dora de valor, baseada numa intervenção profissional ética, garantindo à sociedade
uma prática segura.
2.2 O Profissional de Educação Física num Programa de
Ginástica Laboral
Para que o Profissional de Educação Física possa atuar com qualidade e em ní-
veis de excelência dentro de uma empresa contratante de GL, não basta atender às
questões de formação acadêmica e de habilitação legal. É necessária a atualização
permanente e aprimoramento dos seus conhecimentos, com aplicação prática de
acordo com os mercados de trabalho dos mais diversos segmentos laborais do país.
Cabe destacar que os ambientes corporativos são diferentes de certos ambientes
comuns à área de atuação do Profissional de Educação Física, como academias, clu-
bes, estúdios e locais específicos para a prática de exercícios físicos orientados. Deste
38 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

modo, é fundamental estar atento às peculiaridades de cada empresa, respeitando sua


cultura organizacional, sua missão, seus valores, suas regras e suas políticas de saúde e
segurança ocupacional.

Não se pode deixar de considerar a responsabilidade e a parcela de copartici-


pação da empresa contratante no sucesso de um Programa de GL, de modo que
se estabeleçam boas condições para a realização do programa, considerando aspec-
tos físicos, estruturais e de apoio tácito a ele, que crescerá na medida em que houver
incentivos efetivos, investimentos proporcionais e resultados positivos.
2.3 Conhecimento e Aperfeiçoamento Permanentes
Conhecimentos inerentes à prevenção, promoção de saúde e saúde do trabalha-
dor são cada vez mais valorizados nos programas de GL, pois caracterizam-se como
“portas de entrada” para outras ações nas empresas. Entenda-se por outras ações:
atividades físicas orientadas, fitness corporativo (academia de ginástica na própria
empresa), assessoria esportiva, grupos de caminhada e corrida, palestras, orienta-
ções posturais, atividades de relaxamento, entre outras possibilidades.
O Profissional de Educação Física precisa apropriar-se desses conhecimentos du-
rante e após sua graduação, buscando embasamento científico atualizado, estudos
de caso, troca de experiências e vivências práticas.
Além desse aperfeiçoamento permanente, torna-se imprescindível o desenvolvi-
mento da sua capacidade de levar conhecimento àqueles que vão se beneficiar de
seu serviço nas empresas. Os colaboradores têm diferentes níveis sócio-culturais e
de formação, bem como adotam estilos de vida muito diversificados, o que exige um
olhar ampliado do Profissional de Educação Física para conseguir conectar-se com
seu público-alvo e atingir os objetivos do Programa de GL.
Aqui cabe destacar algumas das competências necessárias ao Profissional de
Educação Física: autoconhecimento e autoconfiança; disciplina; organização pessoal
e metodológica; capacidade de planejamento e de improvisação; trabalho em equi-
pe; relacionamento interpessoal; controle emocional; disposição para entender as
necessidades e propor soluções dentro dos limites éticos da sua intervenção profis-
sional na GL.
2.3.1 Apresentação Pessoal
A atuação em GL ocorre em ambientes corporativos, que exige não somente
o cuidado com a aparência física, mas também com a vestimenta apropriada
39

(ex.: o uso de uma bermuda de ginástica ou uma camiseta regata são inadmissí-
veis em um ambiente corporativo). Deve ser utilizada uma vestimenta adequa-
da e discreta, que sem dúvida contribuirá para o bom desempenho do trabalho.
Algumas orientações adicionais:
I. conhecer a cultura da empresa, o ambiente de trabalho e o que se espera em
termos de vestimenta e aparência;
II. excesso de maquiagem e acessórios podem comprometer a imagem profis-
sional. O ambiente corporativo, em geral, requer mais discrição;
III. ser discreto ao vestir-se e nas atitudes, zelando por uma impressão positiva;
IV. administrar o tom e a velocidade da fala, fazer pausas, adequar o volume ao
ambiente e ao(s) interlocutor(es) presentes na sessão, observando e desen-
volvendo a prática da boa dicção;
V. ler, estudar e buscar informações sobre apresentação pessoal pode ser um
grande diferencial.
2.3.2 Assiduidade e Pontualidade
A regularidade com que o Profissional de Educação Física comparecerá na
empresa para dinamizar as atividades é considerada um item imprescindível
para o sucesso de um Programa de GL, uma vez que refletirá na confiança e na
continuidade do programa. Além disso, a pontualidade representa a segurança
de que todas as turmas serão atendidas dentro dos horários estabelecidos, evi-
tando atrasos no retorno à produção e ao trabalho.
O Profissional de Educação Física estará atento a:
 planejar antecipadamente as atividades que desenvolverá na empresa;

 alinhar e cumprir todos os horários previamente firmados com as gerências;

 zelar pelo cumprimento do que foi estabelecido no cronograma;

 gerenciar o tempo para conseguir cumprir todas as atividades de cada dia;

 comprometer-se em manter uma comunicação direta com a empresa con-


tratante, com os profissionais das áreas afins (Gerência, RH, Sesmt) e com a
prestadora de serviços nos casos de imprevistos ou eventualidades que o im-
peçam de cumprir o que foi determinado (CREF4/SP, 2013).
40 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

2.3.3 Relacionamento Interpessoal


A capacidade do Profissional de Educação Física de se relacionar com os di-
ferentes perfis de pessoas dentro de uma empresa é fator determinante para o
sucesso do Programa de GL. Para isso são necessárias habilidades de comuni-
cação, escuta ativa, atenção, sociabilização e integração. Os relacionamentos
interpessoais estão cada vez mais valorizados, e a forma como as pessoas inte-
ragem interfere diretamente nos resultados do programa.
Cabe ao Profissional de Educação Física procurar identificar as necessidades
e as características dos colaboradores em cada setor, de modo a oferecer-lhes
atividades que tenham significado e propósito, adequados à sua atividade la-
boral, capazes de proporcionar benefícios; respeitar diferentes crenças, hábi-
tos e modos de comportamento das pessoas; evitar expor os participantes a
situações constrangedoras, pois isso poderá reduzir a participação e a adesão
no programa; zelar pela segurança e pela integridade dos participantes e, so-
bretudo, não apenas propor e executar movimentos, mas levar informações e
conhecimentos aos participantes, contribuindo com a educação em saúde e a
construção de um estilo de vida mais ativo e saudável. Isso influencia positiva-
mente a saúde do trabalhador!
2.3.4 Método, Comunicação e Interdisciplinaridade
O Profissional de Educação Física que atuar com GL precisará manter aper-
feiçoamento constante, buscando conhecimentos inerentes às atividades rea-
lizadas nas empresas, de preferência com respaldo científico, evitando empiris-
mo ou atividades que produzem poucos resultados. Além disso, é vital manter
contato direto com a empresa contratante, seu departamento de recursos hu-
manos, Segurança e Medicina do Trabalho e áreas afins, bem como com os pró-
prios colaboradores, procurando entender as necessidades para então propor
soluções e melhorias, de modo a potencializar os possíveis resultados que um
Programa de GL poderá produzir.
Vale ressaltar a importância do apoio e adesão dos Gestores e Lideranças
diretas da empresa contratante, por meio da participação ativa no programa,
uma vez que os resultados que poderão ser alcançados ficarão potencializados,
gerando credibilidade e motivação nos trabalhadores.
41

2.4 Desenvolvimento de uma equipe de profissionais para o Pro-


grama de GL
Nesse mundo competitivo e de rápidas mudanças, numa economia globalizada
muito dinâmica, em que os desafios apresentam-se diariamente, numa intensidade
e complexidade cada vez maiores, exige-se pessoas inteligentes, ágeis, empreende-
doras em suas funções e dispostas a assumir novas responsabilidades, atuando em
equipes de trabalho de alta performance e que se complementem.
Em paralelo ao Diagnóstico Inicial e ao Projeto de Implantação da Ginástica La-
boral numa empresa, se faz necessário investimento de tempo e recursos no Trei-
namento, Capacitação e Desenvolvimento dos Profissionais de Educação Física que
atuarão no contrato – em especial naquelas empresas que demandam equipes
maiores para atender todos os setores, em todos os turnos de trabalho.
Sabe-se que as pessoas constituem hoje o principal patrimônio de uma organi-
zação e representam o negócio junto aos clientes. Dessa forma, o capital humano
passou a ser considerado o principal diferencial competitivo das organizações bem-
- sucedidas e deve ser valorizado de maneira estratégica.
As pessoas passaram a ser consideradas os principais parceiros da organização,
podendo contribuir efetivamente para que a empresa alcance os objetivos traçados
no planejamento estratégico. Essa contribuição virá da aplicação de seus conheci-
mentos, habilidades e atitudes, bem como de suas capacidades, que deverão ser
treinadas e desenvolvidas ao longo do processo – desde o início.
Nesse cenário, é fundamental investir num programa contínuo de treinamento e
desenvolvimento dos envolvidos no Programa de GL, pois representam a empresa
junto aos clientes e à sociedade de uma forma geral.
Vale destacar mais uma vez que antes dos Profissionais de Educação Física inicia-
rem qualquer Programa de GL, de modo a evitar improvisações, devem conhecer a
empresa em que atuarão, além de conhecer a metodologia de trabalho que será uti-
lizada e a sistematização dos exercícios físicos a ser seguida. Os profissionais devem
ainda participar da elaboração desse trabalho.
Sugere-se uma construção participativa, na qual a troca de experiências e de co-
nhecimentos seja considerada item fundamental para a integração da equipe e para
o sucesso do programa.
42 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

2.4.1 Importância do Treinamento e da Capacitação dos Profissionais de


Educação Física
Por treinamento considera-se um meio de desenvolvimento de determina-
das competências nas pessoas, para que conheçam e dominem as atividades
que desenvolverão em sua função profissional, alinhadas com as diretrizes de
trabalho e com a filosofia da empresa contratante.
Antes mesmo de iniciar um Programa de GL, recomenda-se um programa de
treinamento com os Profissionais de Educação Física, de modo que possam co-
nhecer a Missão, a Visão e os Valores da empresa que os contrata, bem como se
familiarizem com a Descrição do Cargo que vão ocupar (aqui deve-se descrever
o que o profissional desempenhar, quais as responsabilidades que assumirá e a
quem deverá se reportar diretamente, na estrutura da organização).
Este treinamento inicial é o momento oportuno para discutir o processo
de implantação do Programa de GL, bem como compartilhar as informações
que serão obtidas no Diagnóstico Inicial, permitindo que os profissionais co-
nheçam o cliente e seu perfil, os diferentes setores da empresa e os objetivos
do programa.
Vale considerar que as diferenças entre os Profissionais de Educação Física
(perfil, postura, nível de experiências anteriores) são importantes e merecem
ser respeitadas. Entretanto, num programa que envolve a participação de vá-
rios profissionais, cabe à empresa capacitá-los e alinhá-los, para que possam
atuar com segurança e dentro de uma mesma metodologia, podendo tomar
decisões corretas na linha de frente, em sintonia e afinidade com o negócio.
As mudanças são constantes e precisa-se atenção à essas situações, de
modo a monitorar as características e necessidades dos clientes, para oferecer
atividades e serviços que contribuam com o seu aperfeiçoamento e conquista
dos objetivos traçados.
Ao longo da realização do Programa de GL, simultaneamente ocorrerão
workshops constantes com a equipe (treinamentos e capacitações), visando
adquirir novas habilidades e capacidades que serão requeridas durante da evo-
lução do programa. O objetivo é a manutenção e adequação constante às de-
mandas da empresa contratante.
43

CAPÍTULO 3
Legalidade

3.1 Atividades Físicas e Exercícios Físicos sob a Luz da Lei 9.696/1998


Em 1º de setembro de 1998 foi sancionada a Lei nº 9.696/98, que passou a re-
gulamentar as atividades do Profissional de Educação Física e criou os respectivos
Conselho Federal e Conselhos Regionais de Educação Física no Brasil – Sistema
CONFEF/CREFs.
Dentre os fatores que contribuíram para a regulamentação dos serviços prestados
à sociedade nesse campo estão: a afirmação do direto do cidadão à prática esportiva
formal e informal, expressa no Artigo 2.017 da Constituição Federal de 1988; a nova
Lei 9.615/1998 que fala sobre a organização geral do esporte e o reconhecimento,
pela população, da importância da atividade corporal para a saúde e qualidade de
vida. O Art. 3º da Lei 9.696/1998 estabelece que: compete ao Profissional de Educa-
ção Física coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar,
avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar servi-
ços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, parti-
cipar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos,
científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto.
Sua regulamentação significa o reconhecimento, pela sociedade e autoridades
governamentais, da importância desse serviço para o bem-estar da população.
3. 2 Resoluções do Conselho Federal de Educação Física – CONFEF
046/2002 e 073/2004
Conforme a Resolução CONFEF 046/2002, em seu Art. 1º: O Profissional de Edu-
cação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações – gi-
násticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, ati-
vidades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação,
ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral
e do cotidiano e outras práticas corporais –, tendo como propósito prestar serviços que
favoreçam desenvolvimento da educação e da saúde (...).
Em relação à Ginástica Laboral, a Resolução CONFEF 073/2004 afirma que é
prerrogativa privativa do Profissional de Educação Física planejar, organizar,
dirigir, desenvolver, ministrar e avaliar programas de atividades físicas, particular-
44 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

mente, na forma de Ginástica Laboral e de programas de exercícios físicos, esporte,


recreação e lazer, independentemente do local e do tipo de empresa e trabalho.
É fundamental destacar a importância do Art. 5º da Resolução CONFEF 073/2004,
que aponta o Profissional de Educação Física como sendo um profissional ativo nos
processos de planejamento e implantação de programas destinados à educação do
trabalhador nos temas referentes à saúde funcional e ocupacional e hábitos para
uma vida ativa.
Vale ressaltar que a atividade física agora é oficialmente parte integrante da Le-
gislação Brasileira no contexto da saúde, de acordo com a LEI 12.864/ 2013 (para mais
informações, vide: www.confef.org.br).
3.3 Licenciatura e Bacharelado na Formação do Profissional de Edu-
cação Física
Legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional é uma competência
privativa da União (art. 22, XXIV da Constituição Federal). Dessa forma, o Minis-
tério da Educação e o Conselho Nacional de Educação estabeleceram duas for-
mações: LICENCIATURA e BACHARELADO. Destaca-se que tais modalidades de
formação são específicas, com aprendizagens, áreas de conhecimento e habili-
dades diferentes requerendo, portanto, intervenções profissionais distintas, que
não se confundem.
Desde então fica claro que, para a intervenção Profissional de Educação Física
no Brasil, a legislação atual possibilita duas vertentes de formação: LICENCIATURA e
BACHARELADO, instituídas pelo CNE por meio da Resolução 1, de 18 de fevereiro de
2002, e Resolução 7, de 31 de março de 2014.
Assim sendo, somente podem atuar com Ginástica Laboral os Licenciados em
Educação Física pela Resolução CNE 03/1987 e os Graduados em Educação Física
(Bacharel) pela Resolução CNE 07/2004, devidamente registrados junto ao Sistema
CONFEF/CREFs e em dia com suas obrigações pecuniárias.
3.4 O Profissional de Educação Física como Agente de Saúde
O Profissional de Educação Física é um Agente de Saúde, reconhecido por Norma
Legal pelo Conselho Nacional de Saúde, em sua Sexagésima Terceira Reunião Ordi-
nária, realizada em 05 e 06 de março de 1997. Entre as 14 categorias reconhecidas
como “Profissionais de Saúde” de Nível Superior está a de nº 3 – Profissionais de Edu-
cação Física, sendo as demais as seguintes: Assistentes Sociais, Biólogos, Enfermei-
45

ros, Farmacêuticos, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Médicos, Médicos Veterinários,


Nutricionistas, Odontólogos, Psicólogos e Terapeutas Ocupacionais.
O Profissional de Educação Física tem como responsabilidade legal ser um agen-
te de promoção da saúde. Analisando a grade curricular dos cursos de Educação
Física encontram-se: anatomia, fisiologia, ergonomia, bioquímica, biomecânica, gi-
nástica individual e em grupo, atividades físicas para empresas, gestão e marketing,
pedagogia do movimento humano, treinamento funcional, atividades de recreação
e lazer, atividade física e saúde, exercícios resistidos, atividades físicas para pessoas
com deficiência, atividades físicas para grupos especiais, primeiros socorros, compo-
sição do movimento, desenvolvimento humano e aprendizagem motora, avaliação
motora, pedagogia dos esportes, treinamento esportivo, sociologia, filosofia, condi-
cionamento físico, didática e metodologia, empreendedorismo e gestão, gestão de
pessoas e carreiras, psicologia das organizações – enfim, uma gama de disciplinas
e conteúdos voltados à prevenção de doenças, promoção da saúde, educação em
saúde, atendendo às necessidades integrais do ser humano.
O Profissional de Educação Física é aquele que orienta e transforma a rotina das
pessoas por meio da dinamização de atividades, mostrando caminhos alternativos,
a fim de que adotem um estilo de vida ativo e saudável.
Enfim, em virtude de sua formação acadêmica e constante atualização profissio-
nal, ele é o profissional tecnicamente capacitado e legalmente habilitado para plane-
jar, implantar, gerenciar e realizar as atividades do Programa de GL.
3.5 Inserção mercadológica do Profissional de Educação Física
No contexto das empresas em funcionamento no Brasil, detentoras de postos de
trabalho, em que o Profissional de Educação Física pode prestar assistência à saúde
do trabalhador, intervindo de forma efetiva à prevenção, promoção da saúde inte-
gral e à melhoria de sua qualidade de vida, no que concerne à suas necessidades na
prática de ginásticas, exercícios físicos, atividades físicas, orientações e similares, in-
dependentemente do local em que atue, configuram-se oportunidades de inserção
mercadológica para os Profissionais de Educação Física, aos quais compete:
I – realizar ações profissionais, de alcance individual e/ou coletivo, de promoção da ca-
pacidade de movimento e prevenção à intercorrência de processos cinesiopatológicos;
II - prescrever, orientar, ministrar, dinamizar e avaliar procedimentos e a prática de
exercícios ginásticos preparatórios, compensatórios ou de relaxamento às atividades
laborais e do cotidiano;
46 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

III - identificar, avaliar, observar e realizar análises biomecânicas dos movimentos,


bem como testes de esforço relacionados às tarefas decorrentes das variadas fun-
ções que o trabalho na empresa requer, considerando suas diferentes exigências em
qualquer fase do processo produtivo, propondo atividades físicas, exercícios ginás-
ticos, atividades esportivas e recreativas que contribuam para a manutenção e pre-
venção da saúde e do bem-estar do trabalhador;
IV - propor, realizar, interpretar e elaborar laudos de testes cineantropométricos e de
análise biomecânica de movimentos funcionais, quando indicados para fins diag-
nósticos;
V - elaborar relatório de análise da dimensão sócio-cultural e comportamental do
movimento corporal do trabalhador e estabelecer nexo causal de distúrbios biodi-
nâmicos funcionais.
O Profissional de Educação Física, no âmbito da sua atividade profissional, está
qualificado e legalmente habilitado para:
- prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria especializada;
- contribuir para a promoção da harmonia e da qualidade assistencial no trabalho
em equipe multiprofissional e a ela integrar-se, sem renunciar à sua independência
ético-profissional;
- desempenhar papel ativo nos processos de planejamento e implantação de pro-
gramas destinados à educação do trabalhador nos temas referentes à saúde funcio-
nal e ocupacional e hábitos para uma vida ativa;
- atuar e contribuir de forma efetiva para a qualidade do trabalho em equipe multi-
profissional, conforme sua área de habilitação, em conformidade com o Código de
Ética Profissional e sem renúncia à autonomia técnico-científica.
3.6 Exercício ilegal da Profissão e Desvio de Função — os “Multipli-
cadores”
Para assegurar as determinações da Lei 9.696/1998 e da Resolução CONFEF
073/2004, a prática da Ginástica Laboral, seja em órgão público ou particular, em
todo o território nacional, deve sempre contar com a presença e dinamização de um
Profissional de Educação Física habilitado.
A responsabilidade por esta atividade não pode ser transferida a terceiros, como
estagiários ou “multiplicadores” (funcionário da empresa contratante do servi-
47

ço que é “treinado” para reproduzir a sequência de exercícios de GL). A atuação


do estagiário somente é permitida na presença de um Profissional de Educação Físi-
ca com campo de atuação Pleno ou Bacharel devidamente preparado e legalmente
habilitado para assumir o controle, sanar dúvidas e ser o responsável pela atividade
realizada naquele ambiente. A realização da atividade por “multiplicadores”, que são
empregados da própria empresa, não é permitida por se tratar de uma pessoa não
habilitada, sem preparo técnico e sem respaldo legal para orientar a atividade, repre-
sentando um risco muito maior à saúde dos trabalhadores.
Desse modo, os programas de Ginástica Laboral que contam com estagiários sem
supervisão ou acompanhamento e com “multiplicadores” são ilegais, pois incorrem
na contravenção penal de exercício ilegal da profissão. Essa exploração de mão de
obra barata pode resultar em consequências danosas à saúde física e psicológica
dos trabalhadores e também ao empresário, pois os malefícios provocados por
orientação de indivíduos não habilitados podem aparecer a curto, médio e longo
prazo, aliados aos riscos à saúde dos trabalhadores, bem como pode trazer sérias
consequências na área trabalhista, uma vez que um funcionário que “atuava como
multiplicador” poderá vir a requerer na Justiça seus direitos, referentes ao acúmulo
de funções. Exemplo: foi contratado para Auxiliar Administrativo e atuava também
como “multiplicador” da Ginástica Laboral.
3.7 Credenciamento de Empresas Prestadoras de Serviços em Ginás-
tica Laboral
Para desfrutar dos benefícios promovidos pela atividade de Ginástica Laboral,
a qualidade na prestação do serviço é de extrema relevância. Recomenda-se, por-
tanto, que ao contratar uma empresa prestadora de serviços de GL verifique-se sua
exigência documental, bem como seu registro de Pessoa Jurídica junto ao Sistema
CONFEF/CREFs.
Vale destacar que os Profissionais de Educação Física vinculados à empresa pres-
tadora de GL também precisam estar devidamente registrados junto ao Sistema
CONFEF/CREFs. A confirmação deste registro dá-se pela apresentação da Cédula de
Identificação Profissional (CIP) que deverá estar de posse dos profissionais e pelo
Selo de Credenciamento Anual de Pessoa Jurídica. Adotando estas medidas, a con-
tratante estará garantindo uma contratação segura e mais assertiva, aumentando as
chances de sucesso dos programas de GL e o alcance dos benefícios que esta ativi-
dade tem a oferecer aos seus colaboradores.
48 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

3.7.1 Da Escolha e Contratação de Fornecedores: sugestões de exigência


documental
Para uma contratação legal e segura de empresas prestadoras de serviços
de GL, recomenda-se que as empresas Contratantes solicitem as seguintes do-
cumentações, na forma original ou sob a forma de fotocópia autenticada por
órgão competente, comprovando idoneidade na execução do serviço presta-
do, bem como o cumprimento da legislação que regulariza o funcionamento
destes estabelecimentos:
a. comprovante de inscrição no CNPJ;
b. certidão conjunta negativa de débitos relativa a tributos e contribuições
federais e à dívida ativa da união;
c. certidão negativa de débito de tributos estaduais, da sede da empresa;
d. certidão negativa de débito de tributos municipais, da sede da empresa;
e. certidão negativa de débito do INSS (CND);
f. certidão de regularidade do FGTS (CRF);
g. registro comercial, no caso de empresa individual;
h. Ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente regis-
trado, em se tratando de sociedades comerciais, e, no caso de sociedades
por ações, acompanhado de documentos de eleição de seus administra-
dores;
i. inscrição do ato constitutivo no notário registrador de pessoas jurídicas, no
caso de sociedades civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício;
j. comprovante de alvará de funcionamento da empresa;
k. registro ou inscrição da pessoa jurídica no respectivo Conselho Regional
de Educação Física da sua região, acompanhado do comprovante de paga-
mento da anuidade do ano corrente.
Este texto trata-se de uma sugestão, pois não compete ao Sistema CONFEF/
CREFs essa fiscalização, mas sim à empresa contratante. Os itens que devem ser
conferidos são: listagem dos profissionais que prestarão o serviço, acompanhada
das cópias do registro pessoa física perante o CREF da região. Sugere-se também
documento que comprove o vínculo existente entre a empresa prestadora de GL
49

e o Profissional de Educação Física que prestará o serviço, evitando passivo traba-


lhista à empresa contratante.
3.8 Da prestação de serviços às empresas contratantes
Compreender as mudanças ocorridas no mundo nos últimos anos e vislumbrar
os rumos que a economia e a produção estão tomando, aliados às expectativas da
sociedade é um dos grandes desafios existentes na Educação Física.
Os temas qualidade de vida, promoção de saúde e bem-estar nas empresas têm
crescido de maneira importante e responsável. Inúmeros estudos internacionais que
analisaram o absenteísmo, o presenteísmo, os custos com assistência médica, os aci-
dentes de trabalho e as aposentadorias precoces por problemas ocupacionais mos-
tram que as intervenções no ambiente de trabalho são eficazes e melhoram todos
esses indicadores. As empresas estão enfrentando sérios problemas com o aumento
dos custos de assistência médica. No Brasil, a sinistralidade (despesas médicas, hos-
pitalares e laboratoriais) tem aumentando sistematicamente acima da inflação. Os
gestores têm se utilizado de várias ferramentas para buscar controlar essas despesas.
Portanto, o estilo de vida dos empregados é de grande importância. Segundo dados
da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005), no Brasil, as doenças crônicas são
responsáveis por 72% de todos os óbitos, projetando-se um aumento de 22% nos
próximos dez anos, principalmente pelo aumento na frequência de diabetes (OGATA
e SIMURRO, 2009).
Nesse momento, vale destacar que a questão do estilo de vida tem grande im-
portância social e econômica e deve ser vista como estratégica pelos gestores das
áreas pública e privada, bem como pelos profissionais da área da saúde – em espe-
cial pelos Profissionais de Educação Física.
51

CAPÍTULO 4
Cenário atual e recomendações

4.1 Saúde do trabalhador: uma questão multiprofissional


A prática regular de atividades físicas nunca esteve tão ligada à saúde como agora,
sobretudo por conta de um estilo de vida predominantemente “sedentário” (com pouca
ou nenhuma atividade física) que o mundo atual induz a viver, pelo conforto e como-
dismo que proporciona. Porém, o sedentarismo tornou-se um problema mundial e traz
uma série de fatores de risco, dentre os quais podem-se destacar as doenças crônico-de-
generativas, estresse, desequilíbrio muscular e outros males da vida moderna.
Essa é uma das razões pela qual observa-se o crescente interesse por parte das
empresas em promover ambientes atrativos e saudáveis, principalmente por meio
de programas de incentivo à prática de atividades físicas, como Ginástica Laboral,
frequência em academias de ginástica e musculação, grupos de caminhada e cor-
rida, entre outras iniciativas estruturadas, uma vez que o colaborador sedentário
está mais exposto aos problemas de saúde.
Para tal, faz-se necessário um trabalho multiprofissional, no qual o Profissional
de Educação Física exerce uma função extremamente importante e indispensável.
O trabalho do Profissional de Educação Física é promover a saúde por meio de
atividades físicas e exercícios prescritos e orientados de forma direcionada, que vi-
sem atender a objetivos pré-determinados. Ao entender que as empresas contratam
pessoas saudáveis para exercerem suas funções, naturalmente não é “tratar”, e sim
manter e promover a saúde, prevenindo o aparecimento de doenças.
Essa é uma das muitas razões que justificam a atuação do Profissional de Educa-
ção nos programas de GL. Contudo, é essencial o conhecimento das leis para quem
contrata e a ética de cada profissional, para não invadir a área de atuação de outro
profissional.
Se cada profissional agir com ética, respeito, amor e, principalmente, conseguir
entender que por trás de cada profissão existe uma missão, não restará dúvidas
de qual é o seu espaço. Certamente, ainda vai contribuir para um mundo melhor
e mais humano.
O trabalho multiprofissional produz um resultado muito positivo, desde que os es-
paços, limites e competências sejam respeitados. Cada profissão tem definido o seu
52 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

papel na sociedade, pois existem para atender às necessidades e interesses da popula-


ção. Esta é uma situação que deve ficar clara tanto para as empresas que contratam os
serviços, quanto para os profissionais que nela atuarão. Dessa forma, cada um respei-
tando, colaborando e complementando o trabalho do outro, todos serão beneficiados.
4.2 Atividade Física é fator condicionante da Saúde
Sancionada em 24 de setembro de 2013, a Lei Nº 12.864 passou a incluir a ativida-
de física como fator determinante e condicionante da saúde. A Lei anterior (Nº 8.080,
de setembro de 1990), que dispunha sobre as condições para a promoção, proteção
e recuperação da saúde, era omissa quanto à atividade física – mesmo que para
os especialistas a atividade física sempre tenha se mostrado como fator de promo-
ção e recuperação da saúde.
Essa nova Lei, que é parte integrante da Legislação Brasileira no contexto da saú-
de, tem no Art. 1° o caput do art. 3° da Lei número 8.080, de 19 de setembro de 1990,
que passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 3°: Os níveis de saúde expressam a
organização social e econômica do país, tendo a saúde como determinantes e con-
dicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio
ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e
o acesso aos bens e serviços essenciais.”
O novo dispositivo da Lei é uma conquista do sistema CONFEF/CREFs que, desde
o ano de 2007, vinha pleiteando junto ao poder legislativo federal a referida e impor-
tante mudança.
É pertinente também citar neste contexto as modificações recentes na legisla-
ção previdenciária brasileira – que regulamentaram o Fator Acidentário de Preven-
ção (FAP) e o Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP) – que atribui redução nos encar-
gos das empresas que comprovadamente investem em programas de promoção de
saúde, como é o caso, por exemplo, dos programas de GL.
4.3 Ganhos para as empresas e para a sociedade 
Colaboradores ativos apresentam menor tendência de ficarem doentes e recu-
peram-se de modo mais rápido de eventuais problemas. Tanto a eficiência quanto
a produtividade aumentam pelo fato de os colaboradores estarem mais dispostos,
sentindo-se bem e com menor tendência a acidentes de trabalho. O resultado disso
é uma força de trabalho mais saudável, mais envolvida com a empresa e mais produ-
tiva. Esses hábitos, adquiridos na empresa, são levados até os membros da família,
tornando a mudança de hábito ainda mais efetiva.
53

Além de promover impacto positivo no estado de saúde das pessoas, o incentivo


a um estilo de vida ativo e saudável vai ao encontro aos principais objetivos das or-
ganizações, aumentando a produtividade, a disposição dos envolvidos e a redução
das queixas de dores e desconfortos, bem como uma esperada e possível redução
dos afastamentos e atestados médicos.
Contudo, somente se conseguirá atingir esse nível de manutenção de um es-
tilo de vida saudável na empresa se a saúde for incorporada como um valor es-
tratégico para o negócio. Isso precisa ser disseminado desde a mais alta gerência
até os demais níveis da organização. Criar ambientes de trabalho mais saudáveis,
nos quais o bem-estar seja elemento perceptível e presente no funcionamento
do negócio, já é caracterizado como um dos grandes desafios deste momento e
dos próximos anos.
4.4 Responsabilidade ética e o Significado dessa Profissão
Acreditamos que é possível ressaltar o significado dessa profissão e do Profissio-
nal de Educação Física junto à sociedade brasileira por meio da Responsabilidade
ética, através da qual viabilizaremos uma maior adesão aos princípios e valores filo-
sóficos e morais que se aplicam a esse universo profissional.
O Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) constitui-se a instância máxima
deliberativa, normativa, de julgamento e executiva do sistema nacional que, em sua
expressão e complexidade, reúne as representações de todos os segmentos profis-
sionais da área da Educação Física, sendo, na verdade, a Instituição de defesa da so-
ciedade na medida em que tem o caráter disciplinar de promover o controle ético e
punir quando se fizer necessário.
O Sistema CONFEF/CREFs visa garantir o respeito profissional e a dignidade,
exigindo deste profissional o respeito à sociedade, resguardando-a para que seja
atendida por profissionais devidamente habilitados. É, portanto, um fundamental
órgão fiscalizador do exercício profissional. Atualmente, os conselhos profissionais
tratam da valorização do profissional, da sua educação continuada, preparando-os
para o pleno exercício profissional com a qualidade desejada e cada vez mais exi-
gida pela sociedade.
A ética está diretamente ligada ao comportamento do Profissional de Educação
Física na sua intervenção profissional diária. Trata-se de uma adaptação da morali-
dade no contexto dessa atuação profissional, em que as questões de tempo e espa-
ço – nas quais ocorre essa intervenção – são circunstanciais, ou seja, dependem da
intencionalidade do sujeito em cada ação.
54 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Contudo, a ética não permite adaptações circunstanciais. A ética é sobretudo um


valor absoluto essencial nessa intervenção profissional.
55

Glossário

Definição de termos utilizados pelas empresas contratantes


Absenteísmo: significa “estar fora, afastado ou ausente”. O absenteísmo consiste no ato
de se abster de alguma atividade ou função. No caso do trabalho, é quando o colaborador
faltou e não está presente na empresa. Normalmente as empresas monitoram e acompa-
nham suas taxas de absenteísmo, bem como o impacto financeiro que isso representa nos
resultados do negócio.

Colaborador: é o próprio trabalhador da empresa contratante, no caso o Beneficiário dos


Programas de GL.

Presenteísmo: termo usado para identificar o colaborador que está presente no seu lo-
cal de trabalho, porém não tem a produtividade esperada devido a inúmeros fatores que
interferem em seu rendimento, como insatisfação, desconfortos, dores, eventuais proble-
mas de saúde. Está ali simplesmente por medo de perder o seu emprego ou por obrigação.

Turnover: indica a rotatividade dos colaboradores dentro de uma empresa, aferida pela
média de pessoal que se mantém fixo na companhia em comparação com os que saem da
empresa.
56 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Considerações

Hoje pode-se afirmar que a gestão e a promoção de saúde numa empresa devem
ir além de apenas cuidar dos chamados “grupos de risco”. Ou seja, o ideal não é so-
mente concentrar os esforços em mapear os doentes crônicos e assistir apenas a esse
grupo, esquecendo-se do restante da força de trabalho que se encontra saudável.
Deve-se zelar por todos os colaboradores.
Pesquisas sobre qualidade de vida demonstram que em torno de 10% da popu-
lação saudável das companhias no mundo todo acaba migrando anualmente para
o grupo de alto risco – quando não monitoradas e trabalhadas de maneira regular,
preventiva e coerente. Evoca-se a necessidade de ações com esse enfoque.
A Ginástica Laboral tem papel preponderante entre os programas de qualidade
de vida que buscam conseguir prevenir doenças, bem como promover a saúde e o
bem-estar em várias frentes. Mas destaca-se que estes programas podem buscar
sempre uma maior amplitude de ações e que possam envolver inclusive outras áreas
de atuação, como por exemplo: a Ergonomia do Trabalho.
Um programa mais abrangente de qualidade de vida pode buscar atender seus
clientes com foco ampliado em áreas como promoção de saúde, esporte, lazer e
tempo livre, cultura e entretenimento, alimentação saudável, combate ao stress
do dia a dia e apoio psicológico, podendo estas ações estenderem-se também aos
familiares dos colaboradores como forma de ampliar o atendimento realizado den-
tro da empresa. O foco deve estar cada vez mais centrado no estilo de vida das
pessoas, capacitando e oferecendo possibilidades efetivas de mudança de com-
portamento sustentáveis.
Programas de Qualidade de Vida necessitam de uma estrutura bem definida, por
meio de pilares conceituais que possam nortear suas ações, amparados por uma
boa estratégia de comunicação, alinhamento direto com as lideranças das empre-
sas, bem como na geração de valores e resultados, definidos a partir de análises e
pesquisas iniciais para conhecer as necessidades e características de cada empresa.
Somente com a realização regular desses diagnósticos específicos e as es-
peradas reavaliações trimestrais, semestrais ou anuais, aliado a adequados planeja-
mentos, trabalho regular e contínuo, comprometimento, ética e respeito, pode-se
atingir os objetivos propostos pela Ginástica Laboral e contribuir com a saúde dos
trabalhadores e a conquista dos resultados dentro das empresas.
57

Neste contexto, vale destacar que o Profissional de Educação Física é peça-chave


para o sucesso dos Programas de Ginástica Laboral, pois sem dúvida tem todos os
subsídios necessários para uma atuação de excelência.
O que resta é a conscientização dos contratantes e da sociedade como um todo,
de que esta área de atuação é, de fato e de direito, prerrogativa desta categoria pro-
fissional.
58 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Referências
ABEGUNDE, D.O. et al. The burden and costs of chronic diseases in low-income and mid-
dle-income countries. The Lancet, n. 370, p. 1929-38, 2007.
ALWAN, A. et al. Monitoring and surveillance of chronic noncommunicable diseases:
progress and capacity in highburden countries. The Lancet, n. 376, p. 1861-1868, 2010,
. Ministério da Saúde. Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil. Brasília, DF, Jul. 2011. Acessa-
do em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_acoes_enfrent_dcnt_2011.
pdf>. Acesso em: 15 jun. 2015.
. Ministério do Planejamento, Orçamento E Gestão; INSTITUTO BRASILEIRO DE GE-
OGRAFIA E ESTATISTICA. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento.
Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008–2009 Antropometria e Estado Nutricional
de Crianças, Adolescentes e Adultos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
BRASIL. Ministério da Previdência Social. Coordenação-Geral de Monitoramento Benefí-
cio por Incapacidade – CGMBI/DPSSO/SPS/MPS. 1º Boletim Quadrimestral sobre Be-
nefícios Por Incapacidade. Brasília, 2014.
CARVALHO, C. M. C.; MORENO, C. R. C. Efeitos de um programa de Ginástica Laboral na
saúde de mineradores. Cad. Saúde Colet., n. 15, v. 1, p. 117-130, 2007.
Coletivo de Autores; Coordenação: KALLAS, D. ;. Manual de Boas Práticas de Ginástica
Laboral/Associação Brasileira de Ginástica Laboral – São Paulo:[s.n.],2010.
CONN, V. S. et al. Meta-Analysis of Workplace Physical Activity Interventions. Am. J. Prev.
Med., v. 37, p. 330–339, 2009.
CREF 3/SC. Ginástica Laboral: como contratar serviços de qualidade. Publicação Comis-
são de Ginástica Laboral, 2013. http://www.crefsc.com.br/index2.php?id_conteudo=32.
Acessado em 21 de abril de 2015.
CREF 9/PR. Guia oficial para o empresário: como contratar Programas de Ginástica La-
boral com segurança, legalidade e resultados. http://www.crefpr.org.br/. Acessado em
21 de abril de 2015.
DaCosta, L.P,. Atividades Físicas em Empresas Brasileiras – Workplace Physical Activities
in Brazil, Position Paper 2015, ResearchGate.
DaCosta, L.P; QUINTAS, G. Fundamentos do Lazer e Esporte na Empresa. Esporte e Lazer
na Empresa. Brasília: MEC/SEFD, 1990.
FRANCHI, K.M.B.; MONTENEGRO JUNIOR, R.M. Atividade física: uma necessidade para
a boa saúde na terceira idade. RBPS, 2005.
FIGUEIREDO, F. A relevância dos conhecimentos de Ergonomia e Ginástica Laboral
para os profissionais que trabalham com Programas de Qualidade de Vida em em-
presas. Dissertação de Mestrado – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro: Rio
de Janeiro, 2004.
59

FIGUEIREDO, F. Como garantir o sucesso de suas aulas de Ginástica Laboral. Rio de


Janeiro: Sprint, 2007.
FIGUEIREDO, F. Ginástica Laboral: cinco sugestões de aulas práticas. Rio de Janeiro: Ed.
Sprint, 2007.
FIGUEIREDO, F.; MONT’ALVÃO, C. Ginástica laboral e ergonomia. 2. ed. Rio de Janeiro:
Sprint, 2008.
GOULART, F. A. de A. Doenças Crônicas Não Transmissíveis: estratégias de controle e
desafios para os sistemas de saúde. Brasília: OPAS, 2011.
LIMA, V. Ginástica laboral: atividade física no ambiente de trabalho. 3. ed. São Paulo:
Phorte, 2007.
LIMA V. A.; AQUILAS A. L.; FERREIRA JUNIOR, M. Efeitos de um programa de exercícios físi-
cos no local de trabalho sobre a percepção de dor musculoesquelética em trabalhadores
de escritório. Rev. Bras. Med. Trab. São Paulo, v. 7, p. 11-17, 2009.
MACIEL, M. G. Ginástica laboral e ergonomia: intervenção profissional. 1. ed. Jundiaí,
SP: Fontoura, 2010.
(Manual de Boas Práticas – ABGL, 2009).
OGATA, A.; SIMURRO, S.; Guia Prático de Qualidade de Vida. São Paulo: Elsevier, 2009.
ORGANIZAÇÃO NAÇÕES UNIDAS. Declaração dos direitos universais do homem. Ge-
nebra: Assembleia Legislativa da ONU , 10 de dezembro de 1984. Impresso.
PEDERSEN, M. T. et al. The effect of worksite physical activity intervention on physical ca-
pacity, health, and productivity: a 1-year randomized controlled trial. J. Occup. Environ.
Med., v. 51, p. 759-70, 2009.
PEREIRA, C. C. D. A. Comparação da associação de diferentes programas de atividade
física aplicados no local de trabalho sobre o nível de atividade física e qualidade de
vida de trabalhadores do setor administrativo de comunidade universitária. 2013.
Tese Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2013.
PEREIRA, C. C. D. A. Efeitos de um programa de Ginástica Laboral sobre as principais
sintomatologias das lesões por Esforço Repetitivo/ Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (LER/ DORT): dor e fadiga. 2009. Dissertação de Mestrado.
Universidade de Brasília, 2009.
PEREIRA, C. C. D. A. Excelência Técnica dos Programas de Ginástica Laboral: uma
abordagem didático-pedagógica. 1. ed. São Paulo: Phorte , 2013a.
PEREIRA, C. C. D. A.; LIMA, V.; CESCHINI, F. Comparação do auto-relato de dores corporais
entre trabalhadores do setor administrativo e fabril. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE
CIÊNCIAS DO ESPORTE, 28. 2005, Local. Anais. 2005. p.264.
PEREIRA, C. C. D. A.; LOPEZ, R. F. A. ; VILARTA, R. Effects of physical activity programmes
in the workplace (PAPW) on the perception and intensity of musculoskeletal pain expe-
rienced by garment workers. Work, v. 44, p. 415-421, 2013.
60 GINÁSTICA LABORAL: PRERROGATIVA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PRATT M.; VUORI I.; LANKENAU B. Physical Activity Policy and Program Development:
The Experience in Finland. Public. Health. Rep., v. 119. May/Jun., 2004.
PIMENTEL, Giuliano G. Atividades Físicas na empresa. In: DACOSTA, L. (Org.) Atlas do
esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Sharpe, 2005, p.576-577.
PUGLIESI, N. Qualidade de Vida: os 7 erros da gestão de saúde. Revista Você RH, São
Paulo, 30 jan. 2014. Disponível em: < http://exame.abril.com.br/revista-voce-rh/edico-
es/29/noticias/os-7-erros-da-gestao-de-saude?page=1 >. Acessado em: 16 jun. 2015
SCHMIDT, M.I. et al. Health in Brazil 4. Chronic non-communicable diseases in Brazil: bur-
den and current challenges. The Lancet, n. 377, 2011. Disponível em: <www.thelancet.
com > . Acessado em 15 jun. 2015.
SCHRAMM, J. M.; OLIVEIRA, A. F. ; LEITE, I. C. Transição epidemiológica e o estudo de car-
ga de doenças no Brasil. Ciência Saúde Coletiva, v. 9, p. 897–908, 2004.
TOLEDO, Heglison C. Construção Léxica da Trajetória da Atividade Física na Empresa:
Ginástica Laboral no Brasil em Abordagem de Gestão do Conhecimento, 358f, Tese
(Doutorado em Educação Física), Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2010.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global health risks: mortality and burden of disease
attributable to selected major risks. Geneva: WHO, 2009. Disponível em: <http://www.
who.int/healthinfo/global_burden_disease/global_health_risks/en/> . Acessado em: 16
jun. 2015.
. Global recommendations on physical activity for health. Geneva: WHO,
2010. Disponivel em: <http://whqlibdoc.who.int/publications/2010/9789241599979_
eng.pdf > . Acesso em: 20 jun. 2015
. Global status report on noncommunicable diseases 2010. Geneva: WHO,
2011. Disponível em: <http://www.who.int/nmh/publications/ncd_report_full_en.pdf>.
Acessado em: 14 maio 2015.
. The Workplace Wellness Alliance Investing in a Sustainable Workforce.
Geneva: World Economic Forum, 2012. Disponível em: <http://www3.weforum.org/
docs/WEF_HE_WorkplaceWellnessAlliance_IndustryAgenda_2012.pdf> . Acessado em:
19 jun. 2015.
. The World health report 2002: Reducing risks, promoting healthy life. Gene-
va: WHO, 2002. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/publications/2002/9241562072.
pdf> . Acessado em: 15 maio 2015.
. Working towards wellness: the business rationale. Geneva: World Economic
Forum, 2008. Disponível em: <http://www.weforum.org/pdf/Wellness/Bus_Rationale.
pdf >. Acessado em: 10 maio 2015.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed , 1998.
Conselho Federal de Educação Física

Presidente
Jorge Steinhilber
1º Vice-Presidente
João Batista Andreotti Gomes Tojal
2º Vice Presidente
Marino Tessari
1º Secretário
Almir Adolfo Gruhn
2º Secretário
Iguatemy Maria de Lucena Martins
1º Tesoureiro
Sérgio Kudsi Sartori
2º Tesoureiro
Marcelo Ferreira Miranda

Conselheiros
Angelo Luis de Souza Vargas
Antônio Ricardo Catunda de Oliveira
Carlos Alberto Camilo Nacimento
Carlos Alberto Oliveira Garcia
Emerson Silami Garcia
Georgios Stylianos Hatzidakis
Janine Aparecida Viniski
Jeane Arlete Marques Cazelato
Lúcio Rogério Gomes dos Santos
Luisa Parente Ribeiro Rodrigues de Carvalho
Márcia Regina Aversani Lourenço
Roberto Jorge Saad
Sebastião Gobbi
Solange Guerra Bueno
Teófilo Jacir de Faria
Tharcisio Anchieta da Silva
Valéria Sales dos Santos E Silva
Wagner Domingos Fernandes Gomes
Elisabete Laurindo
Sedes dos Conselhos Regionais
de Educação Física

CREF1/RJ-ES – Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo


Rua Adolfo Mota, 104 – Tijuca
Rio de Janeiro – RJ – CEP 20540-100
Tel.: (21) 2569-6629 – 2569-7375 – 2569-7611 Telefax: (21) 2569-2398
[email protected] – www.cref1.org.br
CREF2/RS – Estado do Rio Grande do Sul
Rua Coronel Genuíno, 421, conj. 401 – Centro
Porto Alegre – RS – CEP 90010-350
Tel.: (51) 3288-0200 - Telefax: (51) 3288-0222
[email protected] – www.crefrs.org.br
CREF3/SC – Estado de Santa Catarina
Rua Afonso Pena, 625 – Estreito
Florianópolis – SC – CEP 88070-650
Telefax.: (48) 3348-7007
[email protected] – www.crefsc.org.br
CREF4/SP – Estado de São Paulo
Rua Líbero Badaró, 377 – 3º andar – Centro
São Paulo – SP – CEP 01009-000
Telefax: (11) 3292-1700
[email protected] – www.crefsp.org.br
CREF5/CE – Estado do Ceará
Av. Washington Soares, 1400, Sls. 402/403 - Edson Queiroz
Fortaleza – CE – CEP 60811-341
Tel.: (85) 3234-6038 – Telefax: (85) 3262-2945
[email protected] – www.cref5.org.br
CREF6/MG – Estado de Minas Gerais
Rua Bernardo Guimarães, 2766 – Santo Agostinho
Belo Horizonte – MG – CEP 30140-082
Telefax: (31) 3291-9912
[email protected] – www.cref6.org.br
CREF7/DF – Distrito Federal
SGAN - Quadra 604 - Conjunto C, L2 Norte, Asa Norte
Brasília – DF – CEP 70840-040
Tel.: (61) 3426-5400 – 3321-1417
[email protected] – www.cref7.org.br
CREF8/AM-AC-RO-RR – Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima
Rua Ferreira Pena, 1118 / 202 – Centro
Manaus – AM – CEP 69025-010
Tel.: 0800-280-8234
Telefax: (92) 3234-8234 – 3234-8324
[email protected] – www.cref8.org.br
CREF9/PR – Estado do Paraná
Rua Amintas de Barros, 581 – Centro
Curitiba – PR – CEP 80060-205
Tel.: 0800-643-2667 - (41) 3363-8388
Telefax: (41) 3362-4566
[email protected] – www.crefpr.org.br
CREF10/PB – Estado da Paraíba
Rua Profº Álvaro de Carvalho, 56/Térreo –
Tambauzinho – João Pessoa – PB – CEP 58042-010
Tel.: (83) 3244-3964 – Cel.: (83) 8832-0227
[email protected] – www.cref10.org.br
CREF11/MS – Estado de Mato Grosso do Sul
Rua Joaquim Murtinho, 158 – Centro
Campo Grande – MS – CEP 79002-100
Telefax: (67) 3321-1221
[email protected] – www.cref11.org.br
CREF12/PE-AL – Estados de Pernambuco e Alagoas
Rua Carlos de Oliveira Filho, 54, Prado
Recife – PE – CEP 50720-230
Tel.: (81) 3226-0996 Telefax: (81) 3226-2088
[email protected] – www.cref12.org.br
CREF13/BA-SE – Estados da Bahia e Sergipe
Av. Antônio Carlos Magalhães, 3259, sl. 803
Centro – Salvador – BA – CEP 41800-700
Tel.: (71) 3351-7120 – Telefax: (71) 3351-8769
[email protected] – www.cref13.org.br
CREF14/GO-TO – Estados de Goiás e Tocantins
Rua Dr. Olinto Manso Pereira, 673, sl. 01
Setor Sul, Goiânia – GO – CEP 74080-100
Tel: (62) 3229-2202 Telefax: (62) 3609-2201
[email protected] – www.cref14.org.br
CREF15/PI-MA – Estados do Piauí e Maranhão
Rua Jonatas Batista, 852 – Sala CREF
Teresina/ PI – CEP 64000-400
Tel.: (86) 3221-2178
[email protected] – www.cref15.org.br
CREF16/RN – Estado do Rio Grande do Norte
Rua Desembargador Antônio Soares, 1274 - Bairro Tirol
Natal - RN - CEP 59022-170
Tel.: (84) 3201-2254
[email protected] – www.cref16.org.br
CREF17/MT – Estado do Mato Grosso
Rua Generoso Ciríaco Maciel, 02 - Jd. Petrópolis
Cuiabá - MT - 78070-050
Telefax: (65) 3621-2504 – 3621-8254
[email protected] – www.cref17.org.br
CREF18/PA-AP – Estados do Pará e Amapá
Av. Generalíssimo Deodoro, 877
Galeria João & Maria – Sala 11 e 12
Nazaré – Belém/PA – CEP 66040-140
Tel.: (91) 3212-6405
[email protected] – www.cref18.org.br

Você também pode gostar