Caderno de Apresentação UJC
Caderno de Apresentação UJC
Caderno de Apresentação UJC
APRESENTAÇÃO
União da Juventude Comunista - UJC
SUMÁRIO
Apresentação................................................................................. 02
História da UJC............................................................................... 03
N
ão é possível conhecer a história da União da Juventude Comunista sem
entender o momento de criação e desenvolvimento do Partido
Comunista Brasileiro (PCB). Fundado em 1922, o PCB nasce inspirado
no processo da Revolução Russa, para fazer frente à necessidade de
organização do crescente movimento operário brasileiro, que já naquele
momento apontava para as limitações das teses anarquistas¹, predominantes
no período. Era preciso criar uma organização que unificasse as novas
demandas, mobilizações e lutas e que fosse capaz de formular um programa de
intervenção política que superasse os limites das ações diretas e se
configurasse como uma alternativa real para a conquista do poder pelos
trabalhadores.
1 - O movimento operário brasileiro, em sua origem, devido a presença marcante de trabalhadores imigrantes europeus, foi
hegemonizado por teses e concepções políticas anarquistas, que postulavam a necessidade de ações diretas de combate ao
Estado, sem uma organização centralizada forte.
2 - A Internacional Comunista é o nome dado a uma associação criada para coordenar e organizar as ações dos diversos
movimentos e grupos comunistas atuantes no mundo todo. Sua existência se deu em diferentes momentos da história,
tendo sido criada e dissolvida diversas vezes. A “primeira internacional” foi criada em 1864, em Londres, sendo que dela
participaram os fundadores do Marxismo, Marx e Engels. Foi extinta em 1876. A “segunda internacional” foi criada em 1889,
tinha em suas fileiras importantes revolucionários como Karl Kautsky, Rosa Luxemburgo e o próprio Lênin. A “terceira
internacional” foi criada dois anos após a revolução russa, em 1919, e é dissolvida em plena 2ª Guerra Mundial, em um
movimento estratégico de Stálin para se aliar as potências imperialistas contra a Alemanha Nazista. Com a ascensão do
stalinismo as dissidências trotskystas criam a “quarta internacional”, mas essa já não consegue uma ampla aderência do
movimento comunistas internacional. A Internacional Comunista a qual se refere o texto é a Terceira Internacional, também
conhecida como “Komintern”. 4
V Congresso, em Setembro de 1928.
A JC entra na década de 1930 ainda sem muita expressão. Tanto o PCB quanto
a JC, conseqüentemente, sofrem a crescente influência do “obreirismo”,4 o que
engessou as organizações levando-as a um estreito isolamento político.
Todavia, com o crescimento do movimento fascista na Europa, o Komintern se
viu obrigado a recuar de sua política estreita, e, em 1935 efetua uma guinada
na linha política do Movimento Comunista Internacional a partir da busca pela
construção de “frentes únicas” contra o avanço do fascismo.
3 A política de “classe contra classe” foi uma política advinda da Terceira Internacional no seu VI Congresso Mundial que
postulava o combate à social-democracia por parte dos comunistas.
4 Obreirismo é uma ideologia que proclama a necessidade de que os trabalhadores “produtivos” cumpram funções centrais
no partido, sendo os outros quadros, como os quadros intelectuais, desprezados, secundarizados ou até depurados da
organização partidária. 5
Ainda em 1935, deliberação do partido apontava para a necessidade da JC
formar comitês juvenis da ANL, a Aliança Nacional Libertadora,5 e indicava
também como prioridade, no meio estudantil, organizar o Congresso da
Juventude Proletária, Estudantil e Popular, e que o congresso deliberasse por
sua adesão à ANL, fazendo um trabalho paralelo entre os estudantes e entre os
Jovens operários nas fábricas, sindicatos etc: “Formar e ampliar a JC dentro de
amplos organismos de massa juvenis”.
Em 1950 o PCB adota uma nova linha política e decide pela reorganização da
juventude. A UJC compreende, no período, a necessidade de estender sua
inserção para os mais amplos movimentos de juventude, direcionando-os sob
a perspectiva da luta de classes. Neste período, foi presidente da UJC João
Saldanha, o João Sem Medo.
Ainda nos anos 50, a UJC esteve engajada na luta pela adesão do Brasil à
guerra da Coréia (contra o eixo Berlim-Roma-Tóquio) e na campanha do
“Petróleo é nosso”. Em 1956, compôs a chapa que reconduziu a UNE a posturas
mais progressistas, além de ter participado dos espaços da UBES e ter
cumprido papel importante na construção dos Centros Populares de Cultura
(CPCs) vinculados às entidades estudantis. Nesse mesmo período, no plano
internacional, teve atuação decisiva na Federação Mundial das Juventudes
Democráticas (FMJD), do qual é uma das organizações fundadoras.
Com a derrota dos segmentos armados da resistência à ditadura, esta volta sua
atenção para o PCB, que era então responsável pelas maiores fissuras na
ditadura, com amplas denúncias e passeatas. Desencadeia-se, assim, uma
forte perseguição aos comunistas. Um terço do Comitê Central do PCB é
assassinado, assim como diversos militantes do Partido e muitos jovens da
UJC. Tal situação levou a UJC a praticamente deixar de existir, atuando mais em
núcleos dispersos e com pouca funcionalidade. Mesmo assim Jovens
Comunistas participaram do Encontro Nacional dos Estudantes que definiu
pela reorganização da UNE.
Com a volta dos exilados e com a lei da anistia, o PCB organiza uma comissão
incumbida de reorganizar a UJC; porém, já se iniciava, então, a disputa interna
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que culminaria no “racha” de 1992. Diversos membros da comissão de
reorganização da UJC foram substituídos, vários jovens saíram do PCB com
Prestes e outros se afastaram do PCB diante das novas posturas adotadas pelo
Partido, importadas do Eurocomunismo, que levavam o PCB a uma clara
postura de conciliação de classes.
A UJC ressurge neste cenário, em 1985, junto com a legalidade do PCB, porém
com o discurso muito diluído e com fraca capacidade de mobilização, o que
afastava, paulatinamente, a juventude mais aguerrida das fileiras da UJC. O VII
Congresso, em 1984 e o VIII Congresso em 1987, aprofundaram a linha
conciliadora do PCB. Agravou-se a luta interna. A seqüência de acontecimentos
que ocorreram no Leste Europeu no fatídico ano de 1989, e posteriormente
com o próprio colapso da URSS, serviu para justificar uma suposta legitimação
as posturas liquidacionistas dentro do PCB, que apontavam para a constituição
uma nova organização, ideologicamente gelatinosa, que viria a ser o PPS, hoje
de perfil claramente burguês. É chamado, em caráter extraordinário, o X
Congresso, que ocorre de maneira confusa e não legitima, onde inclusive não-
militantes puderam fazer uso do direito de voto, passando por cima de todos os
principios éticos-organizativos do partido.
8 Em 1989, sobre a pressão da crise no Leste Europeu, um grupo interno ao PCB, liderado por Roberto Freire, postula a
necessidade do abandono da tese da revolução social e a aderência às idéias social-democratas da “nova esquerda”
européia. Tal grupo aprova um congresso relampâgo, em 1992, que permite que pessoas não filiadas ao partido decidam
sobre os rumos da organização, decidindo pela liquidação do PCB e a formação de uma novo partido. Assim se dá a formação
do Partido Popular Socialista (PPS), que hoje em dia faz alianças reacionárias com partidos como o PSDB. A maior parte dos
militantes comunistas, contudo, não reconhece tal congresso e decide pela manutenção do PCB. 3
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organizados no movimento nacional em defesa do PCB que, durante o
congresso, denunciam as posturas liquidacionistas e antimarxistas dos que
conduziam o congresso e organizam em outro local uma conferência nacional
de reorganização do PCB, rompendo não apenas com as posturas
liquidacionistas como com a política de conciliação operante no PCB nos anos
de 1980 – reorganizando-o, assim, de maneira revolucionária, sobre os pilares
do Marxismo-Leninismo.
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O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência (Mauro Iasi)
A ESTRATÉGIA DA REVOLUÇÃO E
AS FRENTES TÁTICAS DA UJC.
A
ntigamente, os comunistas faziam a análise de que o modo de produção
capitalista no Brasil ainda não estava completo, se comparado com o
capitalismo e a industrialização dos principais países capitalistas do
mundo, como EUA, França, Inglaterra, etc. Isso quer dizer que eles
identificavam que vários momentos da economia brasileira, bem como várias
relações sociais no país, não eram de fato capitalistas, mas sim pré-capitalistas
(por exemplo, as relações de trabalho no campo que deixaram de ser baseadas
no trabalho escravo, sem, contudo, se consolidarem como relações de trabalho
livre, baseadas no assalariamento). Por consequência, argumentavam que
não era possível para os trabalhadores no Brasil lutarem por uma revolução
socialista, visto que era necessário primeiro desenvolver o capitalismo e as
forças produtivas do Brasil, para depois se atingirem as condições para
socializar toda a produção através de uma revolução, sem haver escassez ou
falta de capacidade produtiva.
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Mas, quando entre camaradas nos encontramos
e ousamos sonhar futuros.
Quando a teoria nos aclara a vista
e com o povo, ombro a ombro, marchamos.
Respondemos: vale a pena viver,
quando se é comunista. (Mauro Iasi)
ORGANIZAÇÃO DA UJC
A
tualmente a UJC se organiza em três frentes principais de atuação:
movimento estudantil, jovens trabalhadores e cultura. A estruturação
da UJC nesse formato se deu a partir da análise da realidade brasileira,
que concluiu sobre a necessidade de atuação dos comunistas nessas frentes de
lutas juvenis. Contudo, não se trata de uma forma de organização engessada:
ela se altera de acordo com a dinâmica das lutas sociais e das demandas de
atuação política que se colocam para nós. Há estados, por exemplo, em que a
UJC mantém também uma frente voltada para os movimentos sociais.
Na frente dos Jovens Trabalhadores a UJC procura denunciar a, cada vez mais
precária, inserção do jovem no mundo do trabalho, e organizar a juventude
trabalhadora para reagir às diversas formas de expropriação que sofrem na
sociedade capitalista.
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Há homens que lutam um dia e são bons,
Há outros que lutam um ano e são melhores,
Há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Mas há os que lutam toda a vida e estes
são imprescindíveis. (Bertolt Brecht)
A UJC É UMA FRENTE DE LUTA DO PCB
A
UJC se caracteriza como uma frente de massas do PCB, estando
inseridos nela tanto militantes do PCB como militantes não organizados
no partido, mas que tem concordância com a linha politica adotada pela
UJC e pelo PCB. Propõe-se a ser um elemento de mediação entre o Partido e a
juventude brasileira, tendo como pauta central a necessidade de fortalecer
ações táticas que tencionem a ordem do capital, organizando e formando as
camadas da juventude, na perspectiva de construção da Revolução Socialista.
Dessa forma, as nossas deliberações precisam estar em consonância com as
Resoluções do PCB. Contudo, na perspectiva de democracia de mão dupla, o
PCB pode levar em consideração as resoluções e acúmulos que a UJC vem
adquirindo na elaboração das suas resoluções no trabalho com a juventude,
incorporando às suas resoluções.
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EXPEDIENTE
- Caderno de Apresentação -
União da Juventude Comunista
Danielli Cristini
Diagramação
Thiago Almeida
Fotos