Centrais de Reciclagem
Centrais de Reciclagem
Centrais de Reciclagem
Aprovada por:
_________________________________________________
Prof. Rogério de Aragão Bastos do Valle, D.Sc.
_________________________________________________
Prof. Claudio Fernando Mahler, D.Sc.
_________________________________________________
Prof. César das Neves, Ph.D.
_________________________________________________
Prof. Regis da Rocha Motta, Ph.D.
_________________________________________________
Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D.Sc.
À minha família
iv
AGRADECIMENTOS
Aos Professores Cláudio Mahler e Rogério Valle, meus orientadores, por terem me
aceitado como aluna do Programa de Engenharia de Produção; pelo convívio, pelo
apoio e pela troca de idéias.
Ao Professor César das Neves pelo interesse e valoroso apoio à minha pesquisa.
Grande parte dos Resíduos Sólidos da Construção Civil (RCC) no Brasil não é
reciclada e esta situação deverá mudar significativamente, pois o Conselho Nacional de
Meio Ambiente (CONAMA) publicou a Resolução no 307, que obriga os municípios e o
Distrito Federal a elaborar e implantar uma gestão sustentável dos RCC.
Dentro desta gestão, as atividades de beneficiamento de RCC realizadas em cen-
trais de reciclagem têm importante papel, pois uma das principais ações incentivadas
pela resolução é a reinserção destes resíduos no ciclo produtivo.
O objetivo principal deste trabalho foi levantar os dados existentes relativos a
gestão e reciclagem de RCC no Brasil, avaliá-los e propor um modelo conceitual para
estudos de viabilidade financeira de centrais de reciclagem de RCC, que poderá apoiar o
poder público e a iniciativa privada, na decisão sobre os seus investimentos. Uma apli-
cação do modelo é detalhada para o Município do Rio de Janeiro.
Adicionalmente serão apresentados um diagnóstico das gestões de RCC pratica-
das em vários municípios brasileiros e uma avaliação de desempenho entre as centrais
de reciclagem existentes no Brasil, com o emprego da metodologia de análise multicri-
tério.
vi
February / 2004
SUMÁRIO DA DISSERTAÇÃO
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO II: RESÍDUOS SÓLIDOS 8
II.1. Resíduos Sólidos Urbanos: Introdução 8
II.2. Resíduos Sólidos Urbanos: Custos 12
II.3. Resíduos Sólidos da Construção Civil (RCC): Introdução 15
II.4. Impactos ambientais provocados pelos RCC 17
CAPÍTULO III: ARCABOUÇO LEGAL E NORMATIVO 21
III.1. Legislação 21
III.1.1. Resolução N° 307 do CONAMA 21
III.2. Normas 23
III.2.1. Norma NBR 10.004 23
III.2.2. Projetos de normas brasileiras para RCC 24
III.2.3. Norma de Resíduos Sólidos Inertes da COMLURB 25
CAPÍTULO IV: GESTAO DOS RCC EM ÁREAS URBANAS 28
IV.1. Gestão corretiva 28
IV.2. A implantação da Resolução n° 307 do CONAMA 29
IV.3. Gestão sustentável de RCC 31
IV.3.1. Facilitação da disposição 32
IV.3.2. Segregação na captação 33
IV.3.3. Reciclagem para alteração da destinação 33
CAPÍTULO V: RECICLAGEM DE RCC 35
V.1. Introdução 35
V.2. Reciclagem primária de RCC 35
V.3. Reciclagem secundária de RCC 36
V.4. Diagnóstico 36
V.5. Processo 38
V.6. Equipamentos 40
V.7. Composição gravimétrica dos RCC 45
V.8. O uso de agregados reciclados 49
V.9. Aspectos relacionados com RCC em outros países 51
viii
LISTA DE QUADROS
CONAMA
Quadro VI.1: Distribuição dos agregados beneficiados 79
Quadro VI.2: Estado atual da implantação de gestão sustentável de RCC 86
nos municípios estudados
Quadro VI.3: Estado atual dos municípios estudados em relação a áreas de 87
entrega voluntária de RCC
Quadro VI.4: Produtos escoados: Quantidades, clientes e utilizações 89
Quadro VI.5: Características da operação das centrais de reciclagem de 92
RCC nos municípios
Quadro VI.6: Idade dos equipamentos e tempo de operação 93
Quadro VI.7: As centrais e os percentuais de refugos 95
Quadro VIII.1: Tipos de decisões da fase de pré-investimento 105
Quadro VIII.2: Itens do custo de investimento 109
Quadro VIII.3: Itens dos custos de produção 109
Quadro VIII.4: Graus de precisão de estimativas de custos 110
Quadro IX.1: Processo de reciclagem de RCC 119
Quadro IX.2: Equipamentos complementares 119
Quadro IX.3: Operações secundárias 119
Quadro IX.4: Investimento capital fixo para produção de 20 t/h 120
Quadro IX.5: Investimento capital fixo para produção de 100 t/h 120
Quadro IX.6: Investimento capital fixo: Resumo 121
Quadro IX.7: Custos operacionais para produção de 20 t/h 122
Quadro IX.8: Custos operacionais para produção de 100 t/h 123
Quadro IX.9: Custos operacionais: Resumo 124
Quadro IX.10: Cenários 126
Quadro IX.11: Os cenários e os resultados 127
Quadro IX.12: Cenários com preço de recepção a R$ 5,00 por tonelada 128
Quadro IX.13: Cenários com preço de recepção a R$ 10,00 por tonelada 129
Quadro IX.14: Composição dos investimentos capital fixo 131
Quadro IX.15: Composição dos investimentos capital fixo (corrigida) 132
Quadro IX.16: Investimento por tonelada instalada 133
Quadro IX.17: Custos operacionais – Custos fixos (R$/ano) 134
Quadro IX.18: Custos operacionais – Custos variáveis (R$/ano) 136
xiv
LISTA DE FIGURAS
central”
Figura XI.4: Resultado S1 204
Figura XI.5: Resultado S2 204
Figura XI.6: Resultado S3 205
Figura XI.7: Resultado S4 206
Figura AII.1: Seqüenciamento das prioridades em relação aos RCC 230
Figura AII.2: Caçamba para metal em obra com coleta seletiva 235
Figura AII.3: Caçambas estacionárias dentro da obra com coleta seletiva 235
para a deposição de materiais diferentes
Figura AII.4: Caçamba com mistura de materiais 236
Figura AII.5: Recipientes para coleta seletiva de materiais com menor 236
fração dentro da composição dos RCC
Figura AII.6: Bags para a coleta seletiva 237
Figura AII.7: Recipientes em madeira para a coleta seletiva 237
xxi
LISTA DE ABREVIAÇÕES
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
O problema
Firmas de construção realizam empreendimentos geralmente únicos, situados em
diferentes locais, envolvendo inúmeros fornecedores, utilizando mão-de-obra intensiva
e pouco qualificada. As obras de renovação e demolição, muitas vezes, são atividades
executadas por profissionais autônomos, tendo curta duração e sendo realizadas em lo-
cais com pouco espaço para disposição temporária de resíduos. Estas condições confe-
rem aos responsáveis pelas atividades de construção civil dificuldades significativas no
gerenciamento de resíduos.
O rápido crescimento das cidades de médio e grande porte, com os seus con-
tínuos serviços de construção, reforma e demolição de edificações e de infra-estrutura
urbanas, vem aumentando a geração de RCC (Resíduos Sólidos da Construção Civil).
O incremento da geração, somado com a falta de políticas municipais específicas para
os RCC, agravam os problemas dos municípios com a coleta, transporte e disposição
dos resíduos sólidos urbanos, sendo freqüentemente observada a prática de disposição
ilegal dos RCC em locais não adequados, tais como ruas, calçadas, terrenos baldios,
encostas e leitos de córregos e rios.
Para as áreas com disposição ilegal de RCC são atraídos outros tipos de resí-
duos sólidos, como resíduos industriais e lixo domiciliar, podendo estas áreas trazer po-
tenciais riscos ambiental e sanitário para a população vizinha. Quando estas áreas se
localizam próximas a talvegues, encostas, redes de drenagem e córregos, podem ocorrer
a obstrução de redes de drenagem e o assoreamento dos rios, ampliando os riscos de en-
chentes e deslizamento de encostas, além de aumentar os custos municipais com lim-
peza urbana e com obras de infra-estrutura.
A maioria dos municípios brasileiros emprega ações corretivas em relação aos
RCC, realizando limpezas emergenciais dos locais onde ocorreram deposições ilegais.
Porém, na ausência de soluções municipais satisfatórias para os RCC, muitos destes
locais acabam se firmando como bota-foras não oficiais, tornando rotineiras as limpezas
emergenciais. Nestas condições, os municípios atuam como agentes corretivos, arcando
com custos que poderiam ser evitados, caso políticas e ações municipais preventivas
contra disposições ilegais e reciclagem de RCC fossem implantadas.
2
A metodologia
Catorze municípios brasileiros foram escolhidos para serem analisados, pois
aparentemente são os que apresentam maiores avanços em relação ao tema gestão de
RCC. Doze destes municípios possuem centrais de reciclagem de RCC. Como dois
destes municípios têm duas centrais, são catorze o número de centrais de reciclagem de
RCC incluídas nesta pesquisa.
Parte da coleta dos dados necessários para a realização deste trabalho foi feita
através de visitas a alguns dos municípios e centrais pesquisados. Para a maioria dos
municípios e centrais, foram enviados questionários para os dirigentes municipais res-
ponsáveis pela questão de RCC, os gerentes das centrais instaladas e profissionais de
empresas privadas envolvidos com limpeza urbana.
A coleta de dados também envolveu pesquisa bibliográfica e consultas junto a
fornecedores de materiais e equipamentos, empresários do ramo de mineração e recicla-
gem, sindicatos de produtores de agregados, entre outros inúmeros profissionais.
O principal período de coleta de dados ocorreu entre janeiro e novembro de
2003. As informações apresentadas, que se referirem a períodos anteriores ou posterio-
res a este, estão citadas na pesquisa com as devidas referências.
O diagnóstico sobre a situação atual de cada município pesquisado em relação a
gestão de RCC foi formulado através da análise crítica dos dados coletados. Os dados
foram agrupados em tabelas e posteriormente analisados.
5
A apresentação da pesquisa
Para cumprir os objetivos deste trabalho, procurou-se agrupar as informações em
cinco partes, que são: conceitos básicos, logística reversa, estudo de viabilidade finan-
ceira, análise de desempenho e conclusão.
6
Nos quadros II.1 e II.2 estão apresentados dados sobre municípios brasileiros,
com ou sem serviços de limpeza urbana e/ou coleta, e o percentual de domicílios com
lixo coletado.
9
Quadro II.1: Total de municípios com ou sem serviços de limpeza urbana e/ou
coleta de lixo – Brasil
Quadro II.2: Municípios com serviços de limpeza urbana e/ou coleta de lixo, por
percentual de domicílios com lixo coletado – Brasil
Com o esgotamento gradativo dos lixões e aterros sanitários próximos aos cen-
tros urbanos, outros têm surgido em locais geralmente mais afastados dos locais de ge-
ração e, com o emprego de melhores técnicas de engenharia, aumentando os custos de
implantação e operação destes locais e os custos de transporte dos resíduos.
11
Com base no quadro II.5, tem-se que 83,1 % dos locais para disposição final dos
resíduos sólidos urbanos encontram-se fora do perímetro urbano. Outro fato constatado
é que 5,1 % dos municípios brasileiros não possuem locais para disposição final dos
seus resíduos dentro das suas divisas municipais.
Quadro II.5: Municípios com serviço de coleta de lixo, que possuem áreas para
disposição final dos resíduos – por localização de destino do lixo – Brasil
1
Porcentagem em relação ao número total de municípios brasileiros (5.507).
2
Deve-se ressaltar que estes dados foram publicados em 1998 e que provavelmente alguns deles já se
encontram desatualizados.
13
3
Nota de BATISTA, 2001, p.67: “Não inclui gastos referentes aos resíduos inertes”.
14
BATISTA, 2001, p.68), verifica-se que as despesas da COMLURB estão abaixo do li-
mite inferior estimado (R$ 117,00/tonelada) para os custos municipais com limpeza ur-
bana no Brasil em 1998, embora um pouco acima dos custos de Vitória.
Apesar deste aparente bom desempenho, pode-se observar que, entre 1997 e
2001, as despesas com limpeza urbana no Município do Rio de Janeiro aumentaram em
27,2%. Por outro lado, a participação das despesas com limpeza urbana, em relação às
receitas do município, caiu de 8,00% em 1997 para 5,18% em 2001. Contribuiu para
esta diminuição o aumento das receitas municipais em 96,1% durante o período em
questão.
Considerando as informações dos quadros II.6 e II.7 conclui-se que, realmente,
os custos com limpeza urbana são elevados, consumindo parte significativa dos recursos
financeiros dos municípios. Focalizando em especial os custos com disposição final dos
resíduos, o quadro II.8 ilustra médias de custos de diferentes tipos de disposição no Bra-
sil e em alguns países em desenvolvimento.
4
A Resolução CONAMA n° 307 emprega a terminologia Resíduos da Construção Civil, gerando a sigla
RCC. Adotou-se, porém neste trabalho a terminologia Resíduos Sólidos da Construção Civil, por ser
mais completa.
16
calçadas, terrenos baldios, encostas, leitos de córregos e rios e áreas com importância
ambiental.
A figura II.4 mostra a disposição clandestina em uma esquina do bairro da Tiju-
ca (Cidade do Rio de Janeiro). A figura II.5 mostra a mesma esquina no dia seguinte,
após a limpeza corretiva feita pela COMLURB.
Conforme dados da Prefeitura de São Paulo (IPT, 2000, p. 179) são gerados
4.000 t/dia de RCC. SCHNEIDER (2003, p.49) cita que o aterro público do Município
17
de São Paulo (Aterro de Itatinga) recebeu 1,1 milhão de toneladas de RCC no ano de
2001 (cerca de 3.013 t/dia), “o que representa aproximadamente 21% do total estimado
de resíduos gerados”. No ano de 2002 houve um aumento significativo de RCC dis-
posto, pois o mesmo aterro recebeu cerca de 1,5 milhões de toneladas deste resíduo
(cerca de 4.167 t/dia) (SCHNEIDER, 2003, p.84)5.
Informações coletadas junto à Prefeitura do Rio de Janeiro (COMLURB, 2004a)
estimaram em 1.000 t/dia a quantidade de RCC coletado pelo município. Dados for-
necidos pela Prefeitura de Salvador (CARNEIRO; BRUM; SILVA, 2001, p. 64) indica-
vam que cerca de 2.750 t de RCC eram coletadas diariamente, o que representava cerca
50% dos resíduos sólidos urbanos coletados pelo município.
Porém, deve-se considerar que, os valores de geração apresentados estão base-
ados nas quantidades de RCC destinadas aos aterros municipais. Os valores reais de
geração podem ser bem maiores, ao se incluir as deposições ilegais em terrenos baldios,
encostas, entre outras áreas, que acabam sendo incorporadas às paisagens das cidades.
Ao desconhecer os valores reais de geração, os agentes envolvidos na construção
civil e os gestores públicos e privados de resíduos sólidos não percebem a relevância
dos RCC dentro do gerenciamento integrado dos resíduos sólidos urbanos, sendo igno-
rada a sua influência nos gastos com limpeza urbana, que estão embutidos dentro dos
orçamentos municipais.
Os custos sociais e ambientais com as deposições inadequadas, cujas apropri-
ações são mais complexas, nem sempre são observados, o mesmo acontecendo com a
oportunidade de reaproveitamento dos RCC. Através da reutilização e reciclagem des-
tes resíduos, obtém-se insumos para cadeias produtivas, principalmente a da própria in-
dústria da construção civil.
5
Quantidades relacionadas a um ano de 365 dias.
18
Junto com o lixo domiciliar, que traz parcela de resíduos orgânicos, estas áreas
podem se transformar em locais com incidência de insetos e roedores (moscas, mos-
quitos, baratas, escorpiões e ratos), trazendo riscos à saúde da população vizinha.
Devido aos custos com descartes especiais dos resíduos industriais, estes podem
ser também encontrados dispostos ilegalmente nos pontos de bota-fora de RCC clan-
destinos. Dependendo da quantidade e do grau de toxicidade destes resíduos industri-
ais, os pontos poderão representar graves riscos sanitário e ambiental para a localidade.
As áreas de bota-fora de RCC próximas a talvegues, encostas, redes de drena-
gem e córregos podem, por carreamento, provocar assoreamento dos rios e obstrução de
redes de drenagem, aumentando os custos com limpeza pública e os riscos de enchentes
e de deslizamento de encostas. A figura II.8 mostra a disposição de RCC em encosta
junto a talvegue.
Isto gera um dispendioso ciclo vicioso para os municípios, pois uma vez que
estas áreas perdem as características naturais após a retirada dos imóveis irregulares,
novas ocupações ilegais virão, devido ao crescente déficit habitacional nas médias e
grandes cidades brasileiras.
A reinserção dos RCC no processo produtivo da construção civil evita a extração
de recursos naturais não renováveis.
Por serem gerados em grandes quantidades, outro impacto ambiental oriundo
dos RCC é a aceleração do término da vida útil dos aterros municipais. Sendo basica-
mente minerais e inertes, os RCC podem ser empregados pelos gestores destes aterros
como material de cobrimento de camadas do lixo urbano, evitando-se assim a exposição
ao ar livre das frações orgânicas, que atraem insetos, roedores e urubus. Os RCC tam-
bém são utilizados para a construção de vias e áreas de manobras para os veículos que
transportam e despejam o lixo urbano no aterro. Estes cobrimentos de vias e áreas de
manobra ficam incorporados aos aterros.
Empregando-se os RCC dentro dos aterros, os municípios economizam na aqui-
sição de agregados (areia e brita), o que a princípio faz dos RCC um material desejado
pelos gestores dos aterros. Contudo, os gestores não avaliam que a quantidade em ex-
cesso e o peso significativo dos RCC encurtam a vida útil dos aterros, trazendo a longo
prazo outros tipos de custos (procura de novas áreas para aterro mais afastadas dos lo-
cais de geração, implantação de instalações em novos aterros, aumento do custo de
transporte, entre outros).
21
III.1. Legislação
LEITE (2003, p. 22) afirma que “as legislações ambientais envolvem diferentes
aspectos do ciclo de vida útil de um produto, desde a fabricação e o uso de matérias-
primas virgens até sua disposição final ou a dos produtos que o constituem. Dessa ma-
neira, essas legislações regulamentam a produção e o uso de matérias-primas virgens até
sua disposição final ou a dos produtos que o constituem”.
Atualmente no Brasil estão sendo elaborados, discutidos e colocados em vigor
novos mecanismos reguladores e econômicos em relação aos resíduos sólidos, que aper-
feiçoam os já existentes, incentivam as práticas econômica e ambientalmente sustentá-
veis, responsabilizam os geradores e punem as práticas abusivas.
Dentro destes novos mecanismos estão se firmando princípios de proteção am-
biental, tal como o de EPR (extended product responsability – responsabilidade esten-
dida do produto), através do qual “a cadeia industrial produtora ou o próprio produtor,
que de certa maneira agride o meio ambiente, deve se responsabilizar pelo seu produto
até a decisão correta do seu destino após seu uso original” (LEITE, 2003, p.22).
A principal legislação em relação aos RCC é a Resolução n° 307 do CONAMA,
que será apresentada a seguir.
mentado com maiores detalhes no item IV.2 deste trabalho, junto com outros artigos da
resolução.
ITENS DEFINIÇÕES
Resíduos da Resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de
construção civil construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, (...),
comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.
Geradores Pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou
empreendimentos que gerem os resíduos definidos na resolução.
Transportadores São as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do transporte dos resíduos
entre as fontes geradores e as áreas de destinação.
Agregado Material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção, que apre-
reciclado senta características técnicas para a aplicação em obras de edificação, de infra-
estrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia.
Gerenciamento Sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo
de resíduos planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e
implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e
planos.
Reutilização Processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo.
Reciclagem Processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação.
Beneficiamento Ato de submeter um resíduos à operações e/ou processos que tenham por objetivo
dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados como matéria-prima ou
produto.
Aterro de resí- Área onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil
duos da constru- “Classe A” no solo, visando a preservação de materiais segregados de forma a
ção civil possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de
engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde
pública e ao meio ambiente.
Áreas de desti- Áreas destinadas ao beneficiamento ou à disposição final de resíduos.
nação de resí-
duos
III.2. Normas
III.2.1. Norma NBR 10.004
A norma NBR 10.004, de 1987, trata sobre a classificação dos resíduos sólidos.
Segundo esta norma, são várias as formas de classificação dos resíduos sólidos, como
por exemplo:
- Por sua natureza física: seco e molhado;
- Por sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica;
- Pelos riscos potenciais ao meio ambiente: perigosos, não inertes e inertes.
24
CATEGORIA CARACTERÍSTICAS
Classe I Apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente, caracterizando-
(Perigosos) se por possuir uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.
Classe II Podem ter propriedades como: combustibilidade, biodegradabilidade ou
(Não Inertes) solubilidade, porém, não se enquadram como Resíduo I ou III
Classe III Não tem constituinte algum solubilizado em concentração superior ao
(Inertes) padrão de potabilidade de águas
6
Município do Rio de Janeiro.
26
7
COMLURB, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, FEEMA, entre outros.
27
DISPOSIÇÕES CLANDESTINAS
MUNICÍPIOS N° de Total de RCC Total de RCC Ano do Custos com a
disposições removido removido levanta- remoção dos RCC
clandestinas (t/dia) (m³/mês) mento (10³ US$/t)
Rio de Janeiro (01) n.d. n.d. n.d. 2002 0,054
Salvador (02) 161 n.d. n.d. 2000 n.d.
São Paulo (03) n.d. 1.961 n.d. 2002 8,23
Ribeirão Preto (04) 170 110 2.387 1995 n.d.
S. J. Campos (05) 150 348 7.543 1995 n.d.
Piracicaba (06) 80 a 100 n.d. n.d. 2003 n.d.
Vinhedo n.d. n.d. n.d. - n.d.
Guarulhos n.d. n.d. n.d. - n.d.
Ribeirão Pires n.d. n.d. n.d. - n.d.
S. J. Rio Preto n.d. n.d. n.d. - n.d.
Belo Horizonte (07) 134 n.d. n.d. 2003 n.d.
Londrina (08) 40 n.d. n.d. 2003 n.d.
Brasília n.d. n.d. n.d. - n.d.
Macaé (09) 92 n.d. n.d. 1998 n.d.
8
Referência ao artigo 13 da Resolução.
30
9
Apresentada no item III.2.3.
31
10
No item V.4 serão apresentadas perguntas que poderão auxiliar em diagnósticos.
33
V.1. Introdução
Pode-se considerar dois tipos básicos de reciclagem que são a reciclagem pri-
mária e a reciclagem secundária. A reciclagem primária acontece quando o resíduo é
reciclado dentro do mesmo processo do qual se originou. Por outro lado, a reciclagem
secundária acontece quando o resíduo é reciclado em um processo diferente daquele do
qual se originou (JOHN, 2001).
Apesar de comum em vários setores industriais, a prática de reciclagem prima-
ria nem sempre é possível, devido a restrições como características de materiais e de
processos de produção. Nestes casos, a reciclagem secundária pode ser uma boa al-
ternativa.
V.4. Diagnóstico
Parte das centrais de reciclagem de RCC existentes no Brasil resultou de planos
municipais de gerenciamento destes resíduos. Porém, algumas centrais foram adquiri-
das sem maiores preocupações com a realização de outras ações de promoção da reci-
clagem, o que inviabilizou, em alguns casos, a operação destas centrais.
11
Em Belo Horizonte e Brasília possuem duas centrais de reciclagem cada. Existe também uma central
pela iniciativa privada na cidade do Rio de Janeiro, porém ainda se encontra como um projeto-piloto.
37
V.5. Processo
O processo de beneficiamento dos RCC em centrais de reciclagem deve ser
simples, seguindo-se um fluxo de seleção dos materiais recicláveis e descontaminação,
trituração em equipamentos apropriados (com possível classificação) e expedição dos
agregados reciclados (IPT/ CEMPRE, 2000) (PINTO, 1999), conforme o seqüencia-
mento da figura V.1.
39
TRITURAÇÃO E
PENEIRAMENTO
AGREGADOS RECICLADOS
- materiais diversos que podem ser reciclados, como papel, metal e plásti-
cos, serão encaminhados a uma outra central de reciclagem, ou a outras
áreas dentro da própria central de reciclagem de RCC, caso as suas insta-
lações possuam também atividades de reciclagem destes materiais;
- resíduos diversos (orgânicos, industriais, perigosos, etc.), que serão enca-
minhados para outras destinações, principalmente aterros sanitários.
As centrais de reciclagem devem ser instaladas em terrenos com no mínimo
6.000 m² (LIMA; CHENNA, 2000). Ao chegarem nas centrais, os caminhões com RCC
devem ter suas cargas inspecionadas visualmente, somente sendo recebidos RCC de boa
qualidade, que não estejam misturados com plásticos, resíduos orgânicos, industriais, ou
outros materiais.
Após a descarga dos resíduos feita pelos caminhões na área de estocagem dos
RCC, os resíduos passam por uma nova inspeção visual para retirada manual de mate-
riais, principalmente ferragens, que não sejam componentes da fração mineral dos RCC.
Para diminuir a emissão de poeira no processo de britagem, o equipamento bri-
tador deverá possuir micro-aspersores de água. Barreiras vegetais posicionadas ao lon-
go do perímetro do terreno servem para a contenção do material particulado e proteção
acústica para os moradores vizinhos.
V.6. Equipamentos
Ao serem projetadas, as centrais de reciclagem de RCC podem apresentar dife-
rentes portes e complexidades dependendo, dentre outros parâmetros, das quantidades e
dos tipos de resíduos a serem beneficiados (entradas / input), como também das quan-
tidades e dos tipos de agregados reciclados a serem produzidos (saídas / output).
As entradas do processo serão dependentes da composição e do volume de ge-
ração de RCC no município. As saídas dependerão dos equipamentos das centrais e das
demandas da indústria da construção civil por diferentes tipos de agregados reciclados.
A maioria das centrais de reciclagem de RCC brasileiras é composta por insta-
lações simples, com equipamentos nacionais, oriundos do setor de mineração. Os equi-
pamentos são aplicados diretamente ou com adaptações no processo de reciclagem de
RCC, devendo ser basicamente os seguintes:
- alimentador (silo de recepção, tipo calha vibratória);
- britador;
- transportadores de correia;
41
FONTES: Consultas junto a prefeituras e a empresas responsáveis pela operação das centrais.
12
Área mínima.
13
Área mínima.
14
n.d.: Informação não disponibilizada.
45
COMPONENTES %
Concreto 51,2
Pedra e Agregado 29,2
Cerâmico 13,7
Papel e Plástico 1,5
Metais 1,2
Gesso 1,7
Madeira 1,5
Total 100,0
Peso Específico (kg/l) 1,26
COMPONENTES %
Concreto e Argamassa 53,0
Solo e Areia 22,0
Cerâmica Vermelha 9,0
Cerâmica Branca 5,0
Rochas Naturais 5,0
Plástico 4,0
Outros Materiais 2,0
Total 100,0
15
Resíduos de pavimentação, obras de infra-estrutura, edificações (componentes cerâmicos, argamassa e
concreto) e demolição.
49
Os resíduos Classe B são compostos por materiais como plásticos, papel, pape-
lão, metais, vidro e madeiras. Estes resíduos, que provêm em grande parte de embala-
gens, devem ser separados para posterior reutilização ou reciclagem.
De acordo com o quadro V.8, os resíduos Classe C (basicamente gesso) ou Clas-
se D (resíduos perigosos) não possuem percentuais significativos nos municípios em
questão, contudo devem ter armazenamento, transporte, reutilização e destinação final
conforme normas técnicas específicas.
16
Os tipos de RCC definidos na Resolução CONAMA são as Classes A, B, C e D. A classificação
“Outros” foi incluída na tabela, pois baseando-se nas informações dos municípios em questão não foi
possível fazer a plena correspondência com a classificação do CONAMA.
50
7000
6000
5000
4000
kg.hab/ano
3000
2000
1000
0
Dinamarca
Grécia
Irlanda
Espanha
Áustria
Bélgica
Finlândia
Alemanha
Itália
Holanda
Luxemburgo
Como se pode constatar pela figura V.5, as quantidades geradas de RCC per
capita variam significativamente entre os países relacionados. Segundo EEA (2002),
estas variações resultam em parte das diferenças culturais e econômicas existentes entre
os países. Também podem ser originadas das definições empregadas para RCC, o que
52
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Alemanha 1996
Itália 1997
Holanda 1996
Áustria 1996
Dinamarca 1996
Finlândia 1997
Luxemburgo
Irlanda 1997
1997
Segundo (COELHO; CHAVES, 1998 Apud IPT, 2000, p.183), ”na Europa, os
incentivos fiscais à reciclagem, mesmo indiretos, favorecem o surgimento de re-
ciclagem feita pelas próprias mineradoras, como, por exemplo, a Superfos, que
tem uma usina com três britadores, custo de cerca de US$ 1 milhão e é operada
por apenas três pessoas. O custo operacional é de US$ 2,00 a US$ 4,00 por to-
nelada do produto reciclado e o preço de venda é de cerca de US$ 9,00/t (corres-
pondendo, aproximadamente, a US$ 12,00 por m³)”.
53
17
As pilhas coletadas terão destinação especial.
56
pontos: “enquanto uma tonelada de lixo retirado das ruas custa R$ 150,00, o lixo reti-
rado dos Ecopontos custa apenas R$ 50,00 aos cofres públicos municipais” (COM-
LURB, 2002c, p.1).
No momento o projeto dos Ecopontos está mais adiantado nas Zonas Oeste e
Norte do município. Como o destino dos RCC é o aterro de Gramacho, a gestão sus-
tentável dos RCC ainda se encontra implantada apenas parcialmente no Município do
Rio de Janeiro.
VI.3. Salvador / BA
Em 1997 os RCC representavam 35,5% (380.477 t) do total de resíduos sólidos
urbanos coletados em Salvador e havia 220 pontos de disposição clandestina distribuí-
dos por toda cidade. Os custos totais anuais com a coleta dos resíduos destes pontos fo-
ram estimados em cerca de US$ 6,3 milhões (US$ 16,65/t) (CARNEIRO; BRUM;
SILVA, 2001, p.127).
Com o intuito de melhorar os serviços de limpeza urbana e de reduzir os custos
com a gestão corretiva dos RCC, foi criado pelo município um grupo de trabalho inter-
institucional, para viabilizar a implantação do Projeto Gestão Diferenciada de Entulho
na cidade de Salvador.
Áreas em locais estratégicos do município foram selecionadas, com as denomi-
nações de Postos de Descarga de Entulho (PDE) e de Bases de Descarga de Entulho
(BDE). Alguns dos critérios considerados na seleção das áreas foram (CARNEIRO;
BRUM; SILVA, 2001):
- localização geográfica, evitando distâncias maiores que 15 km dos principais
centros de geração de RCC;
- boas condições de acesso e tráfego aos locais;
- adequação do empreendimento à região, sem causar prejuízos ao bem-estar e
à saúde dos moradores da população vizinha;
59
SCNHEIDER (2003, p. 85) afirma que no Município de São Paulo “em 2002, a
remoção de 715.000 toneladas de RCC18 e sua disposição no aterro de Itaquera consu-
miram 22,7 milhões de Reais, cerca de 32,00 Reais por tonelada”.
Em novembro de 1991 foi montada a primeira central de reciclagem de RCC no
Brasil, com um investimento inicial de US$ 1.000.000,00. A central localizava-se em
uma área de 20.000 m² em Itatinga, Zona Sul de São Paulo. Com capacidade de 100 t/h,
era prevista a posterior instalação de uma fábrica de blocos.
A operação da central se mostrou permanentemente deficiente, não tendo alcan-
çado as metas previstas. Posteriormente, a central foi vítima de vandalismo, fato que in-
viabilizou ainda mais as operações da central (SCHNEIDER, 2004).
Após dez anos, a central foi reformada e, em 2001, transferida para a área de
aterro de inertes de Itaquera. No fim de 2002, a responsável pelo equipamento, a Secre-
taria das Sub-Prefeituras, transferiu-o para Secretaria de Serviços e Obras.
Durante 2001 e 2002 a central foi operada de forma contínua por empresa tercei-
rizada. Findo o contrato, o equipamento tem operado de forma intermitente, por funcio-
nários da prefeitura, com vários problemas, principalmente manutenção dos equipamen-
tos (SCHNEIDER, 2004).
Apesar de possuir central de reciclagem de RCC, São Paulo não tinha uma po-
lítica de gestão sustentável de RCC, com todas as suas diretrizes, como por exemplo,
rede de atração formada com áreas para atender os pequenos geradores.
Com o objetivo de mudar esta situação, estão acontecendo no município de São
Paulo ações conjuntas entre a Prefeitura, o SINDUSCON-SP e o SIRIESP para a elabo-
ração e implantação de uma política pública adequada para os RCC, que solucione os
problemas referentes a estes resíduos, além de criar novas oportunidades de negócios.
Segundo SEMINÁRIO RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (2003), no
município “uma política de Gestão Sustentável dos RCC foi iniciada com a discussão da
legislação sobre o tema e a relação entre os diversos atores envolvidos, no incentivo do
consumo dos agregados reciclados pelas subprefeituras para o cascalhamento de vias e
na criação de Áreas Privadas de Transbordo e Triagem de inertes (ATT), pela cobrança
do uso dos serviços dos transbordos públicos, e de uma rede de áreas públicas para a
recepção gratuita de pequenos volumes de entulho (os Ecopontos)”.
18
RCC de disposições clandestinas.
61
VI.7. Piracicaba / SP
O Município de Piracicaba está atualmente implantando as exigências da Reso-
lução CONAMA n° 307, tendo previsto em seu Plano Integrado de Gerenciamento de
RCC (chamando de projeto “Piracicaba Sempre Limpa”) 21 pequenos pontos de coleta
de RCC até final de 2004, estando três pontos já em funcionamento (dezembro de
2003). Também está prevista uma área para ser transbordo de RCC (PMP, 2003).
Estes pontos de coleta têm como objetivo evitar a disposição clandestina, que
acontece atualmente em 80 a 100 locais dentro do município (PMP, 2003a). A prefeitu-
ra recolhe os RCC e os leva para a sua central de reciclagem. Após chegada dos RCC
na central, eles passam por uma seleção prévia devido à mistura com outros materiais
(madeira, galhadas, entre outros) antes da entrada no processo de beneficiamento.
A central foi adquirida em 1997 pela EMDHAP (Empresa Municipal de Desen-
volvimento Habitacional de Piracicaba) e tem capacidade de produção de 170 toneladas
19
Três pontos encontram-se temporariamente fechados (dezembro de 2003).
66
VI.8. Vinhedo / SP
A Prefeitura de Vinhedo, cidade próxima a Campinas, instalou em 2001 a sua
central de reciclagem de RCC com capacidade de 10 toneladas por hora. A instalação
desta central foi fortemente motivada pelos altos custos de deposição no aterro de Paulí-
nea, cidade a 18 km de Vinhedo, que estão em torno de 120,00 R$/t, não incluindo cus-
tos com transporte (PMV, 2003).
Os materiais produzidos são cascalho de material cerâmico (proveniente do be-
neficiamento de tijolos, telhas, pisos e revestimentos) e agregados derivados de concre-
to, obtidos após a trituração de peças de concreto, tais como blocos, contrapiso e tubos.
O equipamento separa, por granulação, em um conjunto de peneiras, onde se obtém:
areia, pedrisco, pedra 1 e pedra 4.
Segundo o responsável pela operação da central, a produção média mensal gira
em torno de 200 a 250 toneladas, que é abaixo da sua capacidade, devido à contamina-
ção do RCC entregue na central e à pouca demanda pelos agregados reciclados, princi-
palmente os provenientes de material cerâmico. A destinação destes após a trituração
está por enquanto restrita à conservação de estrada de terra.
Freqüentemente, por estar com o pátio de estocagem de agregados reciclados
cheio, a central não pode receber os RCC do município.
Outro fator que influencia no volume de produção da central é o fato de possuir
somente uma pequena área para triagem, perdendo-se muito tempo na preparação do
material para ser triturado. Os RCC recebidos na central entram misturados com outros
materiais de construção.
O transporte para os clientes é feito pelos caminhões da prefeitura dentro do mu-
nicípio, dificilmente ultrapassando 15km (total ida mais volta). Este custo não é conta-
bilizado dentro da apropriação dos custos de produção da central feita pela prefeitura,
ficando como ação social e ambiental (PMV, 2003).
O principal cliente do cascalho é a própria Prefeitura, que emprega o material
em regularizações de vias municipais e pavimentação de calçadas. Já os agregados deri-
vados de concreto são empregados por firmas de engenharia locais para concretagem de
contra-piso e calçadas, mas não em estruturas com solicitações significativas.
Por enquanto não existem áreas de atração para entrega voluntária de pequenos
produtores de RCC dentro do município. Contudo, existe um serviço municipal de re-
colhimento domiciliar de bens volumosos e RCC.
68
VI.9. Guarulhos / SP
A Prefeitura de Guarulhos, seguindo as exigências da Resolução CONAMA no
307, desenvolveu um “Plano para a Gestão Sustentável dos Resíduos Inertes na Cida-
de”. Quanto à destinação, o material será captado nos diversos Pontos de Entrega Vo-
luntária (PEV) distribuídos pela cidade e será encaminhado para uma área pertencente
ao município com 5.000 m², onde está localizada uma central de reciclagem de RCC
(PMG, 2003).
O plano prevê a instalação de 24 PEV distribuídos pela cidade, sendo que um
ponto já está funcionando, quatro estão em construção, seis em licitação e o restante ain-
da em projeto (PMG, 2003). Fotos deste primeiro PEV (PEV Macedo) encontram-se
nas figuras VI.17 e VI.18.
A central de reciclagem foi adquirida há quatro anos e pertence a PROGUARU,
empresa de economia mista. Contudo, durante grande parte destes anos a central ficou
parada por estar instalada em local não licenciado e devido a problemas com os equi-
pamentos (PMG, 2003).
Conforme o responsável pela operação da central, esta só começou realmente a
operar em outubro de 2003, produzindo 45 toneladas diárias de agregados. O objetivo é
alcançar a produção de 120 toneladas diárias (PMG, 2003).
20
Nota de PINTO (1999 p.154): “Conforme apuração realizada pela SUDECAP”.
78
do bastante positivos. Além das duas existentes, o município pretende implantar mais
duas estações de reciclagem de RCC. A terceira central, a estação da BR-040, está com
a obra civil licitada e os equipamentos em processo de licitação (com edital publicado)
(PMBH, 2003).
Em relação à Resolução CONAMA n° 307, foi criada na SLU uma comissão
para adequação à resolução (PMBH, 2003).
Os serviços mais freqüentes de manutenção realizados nas duas centrais de re-
ciclagem são as trocas de: placas de impacto móveis, revestimentos internos, rolamen-
tos, borrachas de redução de ruído, roletes da correia transportadora e peças elétricas
(fusíveis e comandos) (PBH, 2003).
VI.13. Londrina / PR
Em 1994 foi inaugurada na cidade de Londrina a central de moagem de RCC, a
primeira do Estado do Paraná. A central tem capacidade de britagem de 70 a 80 t/dia de
RCC e foi adquirida pela Prefeitura Municipal de Londrina através da Autarquia
Municipal do Ambiente. Ela está instalada em uma antiga pedreira, com área de 174.00
m², localizada na Zona Sul da cidade (PML, 2003).
Estima-se que Londrina gera cerca de 1.280 toneladas diária de RCC21. No mu-
nicípio, os RCC resultantes de demolições e sobras de obras (tais como argamassas, al-
venarias, concreto não estrutural e materiais cerâmicos) correspondem a 65% do total
dos RCC produzidos. Os 35% restantes são compostos basicamente por frações de me-
tais e madeiras (PML, 2003).
A central possui fábrica de artefatos de concreto e iniciou sua produção com
mais de mil tijolos diariamente, destinados para a construção de casas populares.
Na época da inauguração havia quase quatro mil pontos de despejos clandestinos
de RCC detectados no município e, com a inauguração da central, a situação melhorou
significativamente (ECONOCENTER, 2003).
Durante vários anos chegaram em média à central cerca de 100 caminhões de
RCC por dia, o que representava 300 t/dia em média (ECONOCENTER, 2003).
Em julho de 2003 a central estava parada devido a problemas com o Ministério
Público, que embargou a utilização do aterro de inertes situado junto à central, e com is-
to afetou a operação desta. A central estava passando por processo de licitação para a
21
Informação fornecida pela SEMA.
79
VI.14. Brasília / DF
Brasília possui duas centrais de reciclagem de RCC, que foram instaladas em
2001. Uma das unidades de tratamento de RCC está localizada no setor P-Sul de Cei-
lândia, ao lado das unidades de tratamento de lixo e de incineração. Esta unidade está
atualmente desativada. A outra unidade de reciclagem de RCC está localizada no Ater-
ro/Jóquei, estando em operação (NORTEC, 2003).
Estuda-se a transferência dos equipamentos de reciclagem da central paralisada
(central de Ceilândia) para a central do Aterro/Jóquei, aumentando assim a capacidade
de produção desta última central (GDF, 2003).
Os equipamentos de reciclagem pertencem a uma empresa privada, porém ao
final do contrato com esta empresa, a BELACAP será proprietária das benfeitorias e dos
equipamentos (NORTEC, 2003).
A central de Aterro/Jóquei está processando cinco caminhões de RCC por dia,
ou seja, 80 m³ por dia, com produção de 100 t de agregado reciclado diariamente (GDF,
2003).
O único produto obtido é “entulho picado” (brita corrida), que é empregado na
melhoria da pavimentação do próprio aterro, onde está situada a central. Certo volume
80
de material já foi empregado pelo DER de Brasília como sub-base de estradas (GDF,
2003).
As figuras VI.24, VI.25, VI.26 e VI.27 apresentam fotos da Central de Recicla-
gem de Brasília.
VI.15. Macaé / RJ
Em 1998 foram identificados 92 pontos de deposição clandestina de RCC no
Município de Macaé (DIDONET, 2001). Procurando minimizar este número, a Prefei-
tura de Macaé implantou em 2000 uma central de reciclagem de RCC com uma capaci-
dade de produção de cerca de 32 toneladas diárias.
O processo de beneficiamento na central começa com a identificação dos tipos
de materiais que compõem os RCC que entram na central de reciclagem. Eles são iden-
tificados visualmente no veículo transportador (carroça ou caminhões poliguindastes),
ou então no pátio de seleção e separados em (DIDONET, 2001):
- Material tipo A: Material composto por peças de concreto armado, argamas-
sas de assentamento, blocos de concreto;
- Material tipo B: Material composto por RCC que tenham a predominância
de terra (cerca de 80% de terra e 20% de telhas, tijolos e cimento).
Após a trituração do material tipo A, o agregado resultante é empregado na fa-
bricação de meio fios, blocos e pavis. Já o agregado proveniente da trituração do mate-
rial tipo B é utilizado em sub-base, pavimentação e aterramento.
Toda a produção da instalação de reciclagem é empregada pela prefeitura na
urbanização de vias públicas (brita corrida, pavis e meio-fios) e na construção de casas
populares (bloco de alvenaria).
Os resíduos não reciclados na central (tais como: papelão, papel e plástico) são
destinados ao aterro sanitário. Entretanto, as frações de madeira e metal são separadas e
coletadas por empresas de reciclagem.
Os diferentes tipos de materiais são produzidos conforme a demanda do municí-
pio. A produção de pré-moldados é feita em um local abrigado (galpão amplo, com piso
e cobertura), com uso de uma betoneira mecânica e máquinas manuais com suas ferra-
mentas específicas (DIDONET, 2001). Não é feito controle de qualidade dos materiais
produzidos.
As figuras VI.28, VI.29, VI.30, VI.31, VI.32 e VI.33 trazem fotos da central de
reciclagem de Macaé.
83
22
Conforme informações obtidas dos responsáveis pela gestão de RCC em cada município pesquisado ou
conforme dados coletados durante visitas realizadas. Novembro de 2003.
23
Segundo PINTO (1999).
87
São José dos Cinco pontos de recolhimento gratuito de entulho para pequenos produtores
Campos ou transportadores (Entulhódromos). Caçambeiros utilizam terrenos
particulares.
Piracicaba Atualmente implantadas três das 21 áreas previstas para recepção de RCC
de pequenos produtores.
Vinhedo Não
Guarulhos Programa para 24 pontos de PEV (Pontos de Entrega Voluntária) de RCC:
um em funcionamento, quatro em construção, seis em licitação e nove em
projeto.
Ribeirão Pires Não
São José do Rio Seis dos 14 pontos de coleta de RCC previstos já estão operando.
Preto
Belo Horizonte 22 Unidades de recebimento de pequenos volumes de RCC
Londrina Não
Brasília n.d.
Macaé Não
24
Conforme informações obtidas dos responsáveis pela gestão de RCC em cada município pesquisado ou
conforme dados coletados durante visitas realizadas. Base: Novembro e dezembro de 2003.
88
Pelo quadro VI.3, pode-se observar que, segundo dados fornecidos pelos órgãos
responsáveis, Belo Horizonte e Rio de Janeiro eram os municípios que possuíam o
maior número de áreas de entrega voluntária de RCC operando.
Cabe salientar que a grande maioria das áreas instaladas no Rio de Janeiro está
localizada na Zona Oeste do município. Devido principalmente à falta de espaços ade-
quados na Zona Norte e Zona Sul, nestas regiões a coleta de RCC é feita gratuitamente
no domicílio por caminhão da empresa de limpeza urbana municipal, após pedido feito
por contato telefônico.
Os municípios de Salvador, São Paulo, São José dos Campos, Piracicaba, Guaru-
lhos e São José do Rio Preto já possuem áreas de entrega voluntária, porém ainda
devem implantar mais áreas para terem a gestão operando plenamente.
25
A central de Ceilândia não chegou a operar efetivamente, pois a sua localização inviabilizou os custos
de transporte até o local (NORTEC, 2003).
89
26
Conforme informações obtidas dos responsáveis pela gestão de RCC em cada município pesquisado ou
conforme dados coletados durante visitas realizadas. Novembro de 2003.
27
Período de 01/07/2002 a 30/06/2003.
28
Artefatos de concreto: Produção experimental.
29
Artefatos de concreto: Produção experimental.
90
30
Com exceção da central de Guarulhos, que pertence à empresa de economia mista PROGUARU.
31
Base: Novembro e dezembro de 2003.
91
dois a seis operários para triagem e limpeza. Um técnico em manutenção deverá prestar
serviços periódicos nos equipamentos.
A maioria das centrais tinha Licença de Operação (L.O.) ou documento provi-
sório que permite os seus funcionamentos. Em São Paulo, somente em 2003, a
CETESB criou a obrigatoriedade de licença de operação para Centrais de Reciclagem
de RCC.
No Estado do Rio de Janeiro, empresários sentem grandes dificuldades para a
concessão de L.O. pela FEEMA, pois as regras para isto não são claras. Este fato, em
específico no Estado do Rio de Janeiro, desestimula a participação da iniciativa privada
na reciclagem de RCC.
Das centrais brasileiras pesquisadas não se obteve informações sobre possíveis
impactos ambientais negativos que tivessem sido causados pela reciclagem. Contudo, a
observação destes impactos está presente na literatura estrangeira sobre este tipo de
instalações na Europa, Estados Unidos e Japão, pois estes países estão mais propensos a
beneficiarem RCC contaminado.
Isto acontece mais com as frações de solos impregnadas com produtos químicos
em concentrações perigosas, que muitas vezes se originam de antigos passivos ambien-
tais de suas indústrias. Estes produtos podem poluir direta ou indiretamente o ar, o solo
ou os recursos hídricos em sua vizinhança.
No Brasil os principais impactos ambientais negativos causados pelas centrais de
reciclagem de RCC, observando as características dos RCC brasileiros, seriam emissão
de poeira mineral inerte, emissão de ruído e aumento de tráfego na vizinhança. Os dois
primeiros impactos podem ser compensados através de plantio de árvores de grande
porte no perímetro do terreno, umidificação dos RCC antes do início do beneficia-
mento, entre outras ações.
O aumento do tráfego seria menos observado se a central se localizasse em área
industrial, que geralmente é longe do centro do município, o que aumenta os custos com
transporte. A localização das centrais e de outras instalações industriais depende
fortemente do zoneamento urbano particular a cada município.
92
32
Conforme informações obtidas dos responsáveis pela gestão de RCC em cada município pesquisado ou
conforme dados coletados durante visitas realizadas. Novembro de 2003.
33
Não foi necessária, pois a central está localizada dentro da área do aterro de inertes.
34
Na época da implantação e operação da central não houve exigências de L.O. pela CETESB.
93
Algumas das centrais estão ou estiveram paradas durante algum tempo (sema-
nas, meses ou anos) devido a diferentes razões, tais como mudança na política de reci-
clagem dos municípios, cortes nos orçamentos municipais, roubo ou vandalismo das
instalações e problemas com a vizinhança.
O tempo de operação é a idade da central, descontando-se longos períodos de
paralisação (acima de trinta dias).
35
Os equipamentos foram adquiridos novos.
36
Conforme informações obtidas dos responsáveis pela gestão de RCC em cada município pesquisado ou
conforme dados coletados durante visitas realizadas. Novembro de 2003.
37
A central opera de forma intermitente, não tendo o suporte de um contrato para garantir manutenção e
mão-de-obra extra. Sendo assim, considerou-se o estado da central em novembro de 2003 como pa-
rado.
94
Pela coluna T / I comprova-se que as centrais que vêm operando de forma con-
tínua desde o início são as centrais com valor igual a um, que são as centrais de Vinhe-
do, Belo Horizonte / Estoril, Belo Horizonte/Pampulha e Macaé.
As centrais que ficaram mais ociosas são aquelas com os valores mais próximos
a zero, que são Guarulhos, São José dos Campos e Piracicaba. Conforme informações
de seus dirigentes, Guarulhos e Piracicaba irão tentar recuperar o tempo ocioso, implan-
tando políticas agressivas para a gestão sustentável de RCC.
Pelas poucas informações disponíveis, aparentemente a central de Brasília / Cei-
lândia não entrou efetivamente em operação nos seus três anos de existência.
A coluna refugos (%) do quadro VI.7 é a razão entre a quantidade de resíduos
que entra na central de reciclagem de RCC, porém que não pode ser beneficiada ali38, e
a quantidade total de RCC que entrou na central.
Pode-se observar que é significativa a dispersão dos valores dos refugos, que
variam entre 3 e 50 %. Deve-se atentar para o fato de que quanto maior a mistura do
RCC com frações não minerais inertes, menor será a viabilidade econômica de sua
reciclagem, já que:
- existirá um maior consumo de mão-de-obra para fazer a seleção manual do
material que entrará nos equipamentos de britagem;
- maior será a probabilidade de que o material beneficiado apresente impurezas,
prejudicando a sua qualidade;
- existirão gastos com transporte e destinação destes refugos para aterros, entre
outros aspectos.
38
Ou que no atual “estado da arte”, o seu reuso ou a sua reciclagem não é viável econômica ou tecnica-
mente, tendo então como destino os aterros sanitários.
95
39
Possui, dentro da central de reciclagem, cooperativa de catadores que reciclam outros materiais (PET,
latas, entre outros).
96
40
Supply Chain.
41
Reverse Supply Chain.
97
caso das latas de alumínio. Além disso, os valores dos materiais ou bens de pós-consu-
mo são baixos se comparados aos dos bens originais.
Fluxos
Reciclagem
Retorno Mercado
primário Desmanche
Reuso
Deve-se atentar para o fato que nos países mais desenvolvidos economicamente
(países da União Européia, EUA, Japão, entre outros), observa-se uma percepção mais
madura e difundida dos problemas ambientais (através de maior observação de legisla-
ção ambiental, fiscalização mais eficiente contra abusos ambientais, subsídios do poder
público, entre outros). Estes países possuem maior experiência com os canais reversos,
do que os países em desenvolvimento.
Os canais de distribuição reversos são compostos por duas categorias, que são
os canais baseados nos fluxos de materiais, produtos ou parte destes originados de pós-
consumo, e aqueles com origem no pós-venda, como se pode observar na figura VII.1.
Estas categorias têm características e objetivos diferentes, porém em algumas situações
podem apresentar forte interação e peculiaridades logísticas entre si.
No pós-consumo produtos e materiais são descartados após o término de suas
utilidades previstas, podendo retornar ou não ao ciclo produtivo. Para os fluxos de
retorno existem dois subsistemas reversos: o de reciclagem e o de reuso.
98
42
“Monopólio em que existem muitos vendedores, mas apenas um comprador” (MICHAELIS, 2002).
43
“Estrutura de mercado em que o número de compradores é bem pequeno” (MICHAELIS, 2002).
99
EXTRAÇÃO DE I
MATÉRIA-PRIMA M
P
A
C
T
MATERIAIS DE O
CONSTRUÇÃO S
A
M
Manutenção B
e reforma I
E
N
CONSTRUÇÃO RCC T
A
I
Demolição outros resíduos e emissões S
MATERIAIS DE
CONSTRUÇÃO
CONSTRUÇÃO
REUTILI- RECI-
ZAÇÃO CLAGEM
MANUTENÇÃO DEMOLIÇÃO E
REFORMA
RCC
DISPOSIÇÃO
FINAL
VIII.1. Introdução
Para que se tenha uma decisão fundamentada a respeito da implantação de uma
central de reciclagem de RCC, é essencial a realização de uma avaliação técnico-
econômica, o que minimizará os riscos de que esta instalação seja sub-utilizada ou
desativada precocemente.
As dificuldades relacionadas à análise de investimento começam a ser ameniza-
das com a definição clara dos objetivos a serem alcançados pelo possível investimento.
As alternativas disponíveis para a realização destes objetivos devem ser detalhadas até
determinado nível, que irá crescendo com o tempo e com as confirmações de suas viabi-
lidades.
Ao se analisar a viabilidade de um projeto se comprovará ou não a sua viabi-
lidade técnica, viabilidade econômica e capacidade de obtenção de crédito.
A viabilidade técnica de um projeto investiga aspectos como tecnologia a ser
empregada e as características da fase de construção. A viabilidade técnica é alcançada
quando (BORGES, 2001):
- na fase de implantação é comprovado que a construção pode ser concluída
dentro do cronograma e do orçamento estimados;
- na fase de operação é constatado que o projeto pode operar na capacidade
prevista após conclusão.
Já para a viabilidade econômica, o projeto deve comprovar que (BORGES,
2001):
- tem garantidos os insumos necessários;
- o mercado consumidor foi estimado com segurança;
- existirá geração de fluxo de caixa suficiente para cobrir seu custo de capital;
- que o valor presente líquido esperado do projeto é positivo.
A capacidade do projeto de obter crédito é constatada quando o projeto irá gerar
receita suficiente para cobrir todos os custos operacionais, pagar a dívida pontualmente
e remunerar os investidores (BORGES, 2001).
Para a construção de uma central de reciclagem, por exemplo, haverá etapas com
diferentes níveis de detalhamento das plantas arquitetônicas (projeto conceitual, projeto
detalhado e projeto construtivo), o que é compatível com o progresso das atividades de
104
projeto. Estas deficiências de detalhamento trazem incertezas nas estimativas dos cus-
tos, que irão diminuir com o passar do tempo. Somente no final da construção com a
apuração de todos os custos, é que se conhecerá o custo real da obra (MOTTA; CALÔ-
BA, 2002).
Porém, a tomada de decisão sobre a escolha de uma determinada alternativa é re-
alizada relativamente cedo, em um estágio ainda com pouco detalhamento de projeto,
onde não se tem conhecimento de todas as implicações associadas à escolha. Neste es-
tágio a “modelagem econômico-financeira das alternativas disponíveis pode ser feita
com determinado grau de confiabilidade, mas sempre haverá certo nível de incerteza ou
risco na orçamentação de capital” (MOTTA; CALÔBA, 2002, p.23).
Em um mundo competitivo, procura-se fortemente maximizar a rentabilidade
dos investimentos a serem feitos. Segundo MOTTA e CALÔBA (2002, p. 23) “o desa-
fio da Engenharia Econômica consiste em definir, tão precisamente quanto possível,
alternativas de investimentos e prever sua conseqüências, reduzidas a termos mone-
tários, elegendo-se um instante de referência temporal e considerando o valor do dinhei-
ro no tempo”.
Investimento total:
Investimento fixo;
Terra e preparação do terreno;
Tecnologia;
Equipamento: Produção; Auxiliar; Serviço; Peças de reposição,
peças sobressalentes e ferramentas.
Obras civis: Desenvolvimento e preparação do terreno; Edifícios;
Obras externas.
Despesas de capital de pré-produção: Despesas preliminares para
emissão do capital social; Pré-produção; Testes de funciona-
mento, início e licenciamento.
Capital de giro;
Cronograma financeiro dos investimentos (fluxo de caixa).
109
Produção total
Custos da fábrica:
Indiretos administrativos;
Custos de distribuição e vendas;
Custos de operação
Custos financeiros
Depreciação (fixo)
Custos totais de produção
(custos operacionais + custos financeiros e depreciação)
determinada pela razão de fatos e hipóteses, mas também pelos métodos aplicados que
podem variar de estimativas globais para cálculos detalhados”.
para fixar limites apropriados ao volume de crédito a ser concedido a qualquer tomador
(e seu grupo econômico) ou a exposição aceitável a perdas com qualquer tomador (e seu
grupo econômico)”.
Os modelos de avaliação de risco de inadimplência são (BORGES, 2001):
- técnicas de avaliação de risco de inadimplência;
- tratamento de riscos;
- consideração dos riscos diferenciados de acordo com a fase do projeto;
- análise pontual de risco do projeto;
- classificação de risco, medições e graus;
- mitigações paralelas de risco.
Os modelos de avaliação de risco de inadimplência podem ser qualitativos ou
quantitativos. Os qualitativos são função da transparência: volume, qualidade, confiabi-
lidade e disponibilidade das informações, empregando para isto informações cadastrais
internas das empresas ou de terceiros (tal como o SPC), informações publicamente
disponíveis (BOVESPA), além de rating ou classificação de risco (BORGES, 2001).
IX.1. Introdução
Como foi descrito no capítulo I, entre as justificativas apresentadas para a publi-
cação da Resolução CONAMA no 307 está a consideração da viabilidade técnica e
econômica da produção e uso de materiais provenientes de resíduos da construção civil.
Apesar desta afirmação, no levantamento feito para esta pesquisa não foi encontrada
nenhuma literatura sobre viabilidade econômica de centrais de reciclagem de RCC no
Brasil.
A decisão para a implantação de centrais de reciclagem deveria somente ser
tomada se fosse comprovada a sua viabilidade econômico-financeira, o que ocorreria
após a execução de atividades de ante-projeto, tais como localização da planta, primei-
ros contatos com as autoridades públicas locais para esclarecimento de possíveis exi-
gências, consultas para o licenciamento da instalação, estudo de mercado, entre outros
pontos (KOHLER, 1997).
Deve-se atentar para o fato, que para as centrais privadas (não financiadas pelo
Estado) tem-se um olhar diferenciado do que se tem ou se teria para uma central pú-
blica, onde não se observa uma abordagem mais profunda quanto à viabilidade econô-
mico-financeira destas instalações.
Em uma tomada de decisão a favor ou não de um investimento, os critérios de
decisão do poder público (tais como: melhoria da qualidade de vida da sociedade, de-
senvolvimento econômico da região e proteção ambiental) se diferenciam dos critérios
da iniciativa privada, que são baseados principalmente em retorno financeiro.
No anexo III está apresentada uma estrutura-modelo sugerida pela UNIDO
(1987) para estudos de pré-viabilidade e de viabilidade de empreendimentos complexos,
envolvendo investimentos vultosos e várias fontes de financiamento.
Simplificando esta estrutura, acrescentando elementos descritos por KOHLER
(1997), identificou-se para um estudo de pré-viabilidade de centrais de reciclagem de
RCC no Brasil a necessidade do desenvolvimento das seguintes etapas:
a. Análise de mercado e de concorrência;
b. Estimativa de geração de RCC;
c. Estimativa das receitas e dos custos;
d. Análise dos investimentos; e
117
e. Ponto de Equilíbrio.
A identificação destas etapas permitirá, como será visto no capítulo X, a apre-
sentação de proposta para modelo conceitual de estudos de viabilidade financeira de
centrais de reciclagem de RCC. Uma aplicação do modelo será detalhada para o Muni-
cípio do Rio de Janeiro.
As etapas (a) e (b) dependem diretamente da localização geográfica da instala-
ção de reciclagem, o que também acontece parcialmente com a etapa (c).
No presente capítulo serão enfocados os itens (c) estimativa de receitas e dos
custos, (d) análise dos investimentos e (e) Ponto de Equilíbrio.
No capítulo X, para o estudo de viabilidade no Município do Rio de Janeiro,
serão feitas estimativas de (a) análise de mercado e de concorrência, (b) quantidade
gerada de RCC e parte de (c) receitas e custos, para o caso específico deste município.
ETAPAS EQUIPAMENTOS
Planejamento do perfil granulométrico Computador, escritório e instrumentos
Recepção dos caminhões e medição quanto a Balança (para produção em torno de 100 t/h)
peso ou volume. e instrumentos
Caminhão é orientado quanto ao local de -
descarga.
Material despejado é inspecionado e são Ferramentas e pá mecânica
retirados os inservíveis de grande porte e
contaminantes.
Material é enviado à linha de separação Pá mecânica, correia transportadora e
secundária, onde sofre nova limpeza. alimentador vibratório
Material vai para a pilha de estocagem. Correia transportadora
Material é britado e classificado. Grelha vibratória, correia transportadora,
britador cônico e peneira vibratória
Produto vai para as pilhas de estocagem. Correia transportadora
ETAPAS EQUIPAMENTOS
Britagem, transporte e classificação Sistema pulverizador de controle de partículas
Operação de equipamentos rodantes Oficina, lubrificação e tanque de combustível
ETAPAS EQUIPAMENTOS
Movimentação de estoque Caminhão basculante
Frete Caminhão basculante
Deve-se atentar para o fato que uma estimativa completa de investimento capital
fixo tem que conter o valor referente ao terreno, onde será localizado o empreendimen-
to. Como este valor varia amplamente entre municípios, e até entre regiões de um mes-
mo município, ele não será incluído na análise a ser feita neste capítulo.
Ao se comparar os preços dos equipamentos usados com os novos comprova-se
que estes últimos custam um pouco mais que o dobro que os primeiros. A vida útil dos
equipamentos usados é em média, entre os equipamentos pesquisados no mercado, a
metade dos equipamentos novos (a vida útil dos equipamentos usados considerada é dez
anos e a dos equipamentos novos vinte anos).
Alguns empreendedores com experiência em equipamentos de britagem afirma-
ram que, na prática, estes equipamentos têm vida útil bem maior, mas procurou-se tra-
balhar com estimativas pessimistas (vida útil estimada pelo fabricante).
CUSTOS VARIÁVEIS
3 Custos variáveis
3.1 Peças de reposição 5.000 60.000
3.2 Despesas diversas 2.000 24.000
3.3 Elementos de desgaste 1.000 12.000
3.4 Diesel 1.000 12.000
Total (em R$) 9.000 108.000
CUSTOS VARIÁVEIS
3 Custos variáveis
3.1 Peças de reposição 15.000 180.000
3.2 Despesas diversas 5.000 60.000
3.3 Elementos de desgaste 5.000 60.000
3.4 Diesel 10.000 120.000
Total (em R$) 35.000 420.000
44
Considerando 1 US$ = R$ 3,00.
45
O VPL é um método dinâmico de comparação entre alternativas de investimento. Ver item VIII.11.2.
125
Os resultados da análise
Adotando uma taxa de atratividade de 12%, após impostos, que é o mínimo a ser
esperado dentro do quadro financeiro atual, resumiu-se no quadro IX.11 os resultados
encontrados nos cenários apresentados nas quadros anteriores.
127
Pode-se constatar que os pares de cenários (01 e 02), (03 e 04), (05 e 06) e (07 e
08) são idênticos entre si, com exceção dos cenários pares, que não consideram a en-
trada de receitas de recepção de RCC dos usuários. Já os cenários ímpares consideram
estas receitas.
Observa-se pelos resultados negativos (valores do VPL sem receitas de recep-
ção) dos cenários pares, que as centrais de reciclagem de RCC nas atuais condições de
mercado não são viáveis financeiramente. Somente as receitas provenientes da venda
de agregado beneficiado não viabilizam as centrais.
Deve-se salientar que os resultados destes cenários não consideram preço de ter-
reno e custos com destinação de rejeitos, o que tornariam piores os resultados de uma
análise financeira completa.
Para que as centrais se tornem viáveis, dentro das condições atuais, devem ser
introduzidos instrumentos ou meios que viabilizem a implantação e operação destas ins-
talações, tais como: receitas de recepção de RCC, incentivos fiscais e outros subsídios
do poder público.
A cobrança pela recepção de RCC cria outra opção de receita para as centrais.
Comprova-se pelo quadro IX.11 que dentre os cenários impares, que são os cenários
que levam em conta este tipo de receita, os melhores resultados (menor preço a ser pago
por tonelada para viabilizar o projeto) são os cenários 05 e 07: preços de R$ 1,21/t (com
128
46
Assunto mencionado no item VIII.11.1.
47
Considerou-se 264 dias de trabalho por ano.
129
48
O termo “emprestada” significa que o equipamento é emprestado de outro órgão do mesmo município.
49
São duas pás-carregadeiras.
50
Inclui obras civis.
51
Não incluindo obras civis.
52
Não incluindo a pá-carregadeira. Inclui as obras civis.
53
A usina aluga três caminhões para a distribuição dos materiais beneficiados.
54
Custo incluindo a fábrica de blocos.
55
Custo incluindo a fábrica de blocos.
56
Custo incluindo quatro máquinas para confecção de blocos, não incluindo pá-carregadeira..
57
Fornecida pela firma contratada para operação da central.
132
58
Inclui obras civis.
133
Custos fixos
Os custos fixos (quadro IX.17) englobam os custos com mão-de-obra, energia,
manutenção, depreciação, seguros, vendas, consultorias e juros e despesas financeiras.
As equipes necessárias para a operação das centrais de reciclagem existentes já
foram apresentadas no quadro VI.5.
134
* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.
A grande maioria dos dados da tabela IX.17 foi estimado pela autora desta
pesquisa, pois estes:
- não foram disponibilizados pelos gerentes das centrais, mas que foram obtidos
por comparação com outras instalações de características similares; ou
- foram disponibilizados pelos gerentes das centrais, mas que não incluíam al-
guns itens, tais como salários de engenheiro, vigia e operador de pá-mecânica.
Incluiu-se nos custos fixos os custos referentes a seguro, apesar de algumas em-
presas seguradoras informaram que não é usual que os municípios façam seguros de
suas propriedades. As centrais pesquisadas não tinham seguro63.
Deveriam ser incluídos também os custos em relação a vendas e distribuição dos
materiais beneficiados. Contudo, não se observou nas centrais pesquisadas a existência
de profissional atuante na área comercial para incrementar as vendas e prestar assistên-
cia técnica aos clientes. Como na iniciativa privada esta função estaria parcialmente
59
Estimativas feitas pela autora baseadas em dados coletados.
60
Depreciação: total dos investimentos de capital fixo corrigido dividido por 20 anos.
61
Corresponde a 4,3% do valor segurado (total dos investimentos de capital fixo corrigido) (SULAMERI-
CA, 2003).
62
E despesas financeiras.
63
Como duas das centrais pesquisadas passaram por roubos e vandalismos (São Paulo e Ribeirão Preto),
talvez a opção por não ter seguro deveria ser reavaliada pelos dirigentes municipais.
135
sendo exercida pelo engenheiro responsável, será considerado aqui, de forma simplifi-
cada, que estes custos estão inclusos no salário deste profissional.
Um outro tipo de custo operacional resultaria das despesas com recuperação
ambiental, que visam reduzir ou eliminar os impactos ambientais negativos causados
por uma central de reciclagem de RCC. Nas centrais brasileiras eles não foram detec-
tados, mas estão presentes nos estudos de viabilidade de centrais de reciclagem de RCC
na Europa, Estados Unidos e Japão, pois estes países estão mais propensos a bene-
ficiarem RCC contaminado (KOHLER, 1997).
Custos variáveis
Os custos variáveis (quadro IX.18) englobam custos com peças de reposição,
elementos de desgaste, diesel e outras despesas diversas. Como existiram diferenças sig-
nificativas entre os custos coletados de centrais semelhantes, optou-se por fazer as esti-
mativas destes custos junto a sindicatos e empresas fornecedoras de equipamentos de
britagem (SINDIBRITA, 2003).
Como cada central têm características diferentes de localização em relação ao
centro da cidade e seu aterro, não considerou aqui os custos de transporte e disposição
dos refugos das atividades de beneficiamento, que para centrais em plena operação não
devem ser desprezados.
136
* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.
64
Estimativas feitas pela autora baseadas em dados coletados.
137
- Por estarem paralisadas, os dados históricos das centrais sem atividade podem
estar desatualizados ou sub-estimados.
* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.
65
Estimativas feitas pela autora baseadas em dados coletados.
138
* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.
n.d. Informação não disponível.
66
Os custos totais de produção e os custos unitários de produção foram estimados pela autora. As esti-
mativas foram baseadas em dados coletados.
67
Considerando 264 dias trabalhados por ano.
68
Não se considerou receitas ou benefícios financeiros da produção mensal de 950 blocos, 1.638 pavis e
34 meio-fios.
139
* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.
69
Os custos totais de produção e os custos unitários de produção foram estimados pela autora. As esti-
mativas foram baseadas em dados coletados.
140
Quadro IX.22: Custos de produção por tonelada, fornecidos pelos gerentes das centrais
* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.
n.d. Informação não disponível.
70
Em outubro de 2002.
71
Em dezembro de 2003.
72
Em agosto de 2002.
73
Em agosto de 2002.
141
Pelo preço de R$ 1,50/t (R$ 2,40/m³), sem frete, pode-se adquirir agregado bene-
ficiado nas centrais de Belo Horizonte. Os totais vendidos pelas centrais não foram dis-
ponibilizados (SLU, 2003).
74
Deposição no aterro de inertes de Itaquera. Ano-Base 2002 (SCHNEIDER, 2003).
75
Valor cobrado pela empresa que opera o aterro (terceirizada pela Prefeitura) para clientes que não
sejam a Prefeitura. O valor cobrado da Prefeitura de S.J. dos Campos não foi divulgado. O aterro não
aceita entulho.
76
Para utilizar o aterro do Município de Paulínea.
77
Custos normais. Porém, é de R$ 46,88 / t o custo de disposição de resíduos de manutenção da cidade
em aterro, coletados e transportados por veículos públicos.
78
Não existe aterro sanitário no Município de Ribeirão Pires. A coleta de lixo é executada por empresa
particular e transportado para a cidade vizinha, sendo depositado em aterro particular.
142
No mesmo quadro tem-se os custos com disposição nos aterros em alguns dos
municípios pesquisados. Observa-se que estes custos estão variando de R$ 7,15/t a R$
120,00/t
Somando-se estes valores com os custos com transporte79, e comparando os com
os custos unitários de produção (média de R$ 43,21/t), dependendo de cada município
poderá ser vantajoso o beneficiamento de RCC, somente contando com as economias
com transporte e disposição nos aterros.
79
Pode-se considerar o custo de transporte como 0,22 R$/(m³.km) (SINDIBRITA, 2003).
80
Agregados para uso principalmente em base e sub-base (SINDIBRITA, 2003).
143
* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.
Infra-estrutura do Município
A população do Rio de Janeiro é 100% urbana, tendo uma população de
5.848.914 habitantes. Estes residem em 1.802.347 domicílios81, distribuídos em uma
área de 1.261,08 km² (IBGE, 2000). A infra-estrutura urbana é razoável em relação à
rede de água canalizada, iluminação pública e esgotamento sanitário. Especialmente em
sua área central a cidade dispõe de gás canalizado. 345.257 domicílios (cerca de 20%
do total de domicílios) localizam-se em favelas.
95% dos domicílios têm água canalizada e 69% é atendido com rede de esgoto
(IPP, 2002). A COMLURB realiza os serviços de limpeza pública e remoção de lixo,
atendendo cerca de 96% das unidades comerciais e residenciais (IPP, 2002).
As Áreas de Planejamento (AP) e Regiões Administrativas (RA) corresponden-
tes dentro do Município do Rio de Janeiro estão ilustradas no quadro X.1.
81
Particulares permanentes.
149
Crescimento habitacional
Os quadros X.2 e X.3 trazem informações sobre domicílios particulares per-
manentes e domicílios em favelas, população residente, suas variações relativas e den-
sidade domiciliar no Município do Rio de Janeiro.
peri, Magé, Mangaratiba, Maricá, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracam-
bi, Queimados, São Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica e Tanguá.
AGREGADO MERCADO
BRITA 70 % para mistura com 35% concreto
cimento 15% pré-fabricados
10% revenda (lojas de construção e depósitos) e
consumidor final
10% cascalhamento, enrocamento, gabiões, lastro
de ferrovia, contenção de taludes
30% para mistura com pavimentação de ruas, bases e sub-bases para a
asfalto betuminoso construção de rodovias
AREIA 50% para fabricação de concreto e pré-fabricados
50% para fabricação de argamassas em geral
Quadro X.5: Agregados para construção civil no Brasil: Produção, consumo e preços
(1) Preço médio FOB- mina para o mercado da Região Metropolitana de São Paulo, excluídos impostos
e compensação financeira;
(2) Preço médio FOB- mina no mercado da Região Metropolitana de São Paulo;
(r) revisado;
(p) previsto.
82
Dentro de uma faixa de tolerância de +/- 5%.
154
Quadro X.7: Estimativas para consumo anual de agregados nos últimos dez anos na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro
Deve-se atentar para o fato que, entre 2000 e 2003, a demanda por agregados foi
baixa, devido a pouca ocorrência de grandes obras na Região Metropolitana do Rio de
Janeiro.
SINDIBRITA (2003) estima que, entre 50 e 60% do consumo total de agregados
nos últimos dez anos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foi para pavimenta-
ção, 10 a 15% para concreto, 5 a 10% para lastro de ferrovias e o restante para fins di-
versificados.
Como prognóstico de consumo de agregados para os próximos anos, o SINDI-
BRITA (2003) estimou inicialmente que não aconteceria uma redução da demanda, pre-
vendo uma estabilização a níveis mais elevados que os atuais (quadro X.7)
155
Quadro X.8: Estimativas para consumo de agregados para os próximos dez anos na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro (sem considerar demandas especiais)
nos areais, sem frete e sem imposto) estão apresentados no quadro X.9. O preço do
frete é calculado sob o preço de 0,22 R$/(m³.km) (SINDIBRITA, 2003; SINDIPEDRA,
2004b).
Conforme SINDIPEDRA (2004b), “devido ao elevado custo do transporte, em
função do elevado peso específico e do baixo preço de venda, o raio de ação comercial
das pedreiras não vai além de 70 km”.
83
Considerou-se que para uma empresa simples a carga tributária está em torno de 22%.
84
“Areia é o material encontrado em estado natural que passa na peneira de 4,8 mm” (YAZIGI, p.186).
85
“Pó de pedra, também chamado de areia artificial, é o material obtido por fragmentação de rocha que
atravessa a peneira de 4,8 mm” (YAZIGI, p.186).
86
Ou pedrisco.
157
87
Cerca de 90% destes valores foram empregados em obras da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
158
88
Com exceção de vias urbanas.
89
Total da Coordenadoria Geral de Obras da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos do
Município do Rio de Janeiro.
90
Total de agregados pela Coordenadoria Geral de Conservação da Secretaria Municipal de Obras e Ser-
viços Públicos do Município do Rio de Janeiro
159
projetos da SMH voltados para moradores de favelas ou para servidores municipais são:
Programa Morar Legal, Programa Bairrinho, Programa Morar Carioca, entre outros
(PCRJ, 2004b).
Os outros municípios componentes da Região Metropolitana do Rio de Janeiro
não possuem disponíveis os seus consumos de agregados (consumo direto pelas prefei-
turas ou indireto pelas empreiteiras).
Quadro X.13: Estimativas para consumo de agregados para os próximos dez anos
na Região Metropolitana do Rio de Janeiro
Na recepção
Do ponto de vista de recepção de RCC, as centrais de reciclagem têm como
concorrente os aterros sanitários que, segundo as técnicas de engenharia aplicadas atual-
mente, necessitam de grandes quantidades de material mineral inerte para cobrir as célu-
las dos aterros. O material também é necessário para construir os acessos e as áreas de
manobras dos caminhões basculantes que trazem o lixo municipal.
Sendo assim, as empresas operadoras necessitam de RCC, substituindo o empre-
go de agregados naturais.
Porém, segundo as estimativas de que os RCC correspondem a uma fração sig-
nificativa (entre 20 a 50%) dos resíduos sólidos municipais, e supondo que todo o RCC
gerado fosse coletado, as empresas operadoras dos aterros e empresas municipais de
limpeza urbana deveriam rever se tecnicamente não está havendo um desperdício de
matéria-prima secundária (RCC) e uma aceleração equivocada para o fim da vida útil
dos aterros sanitários.
Deve-se salientar que as empresas operadoras de aterros (isto nos municípios on-
de a operação dos aterros foi terceirizada), ganham geralmente por tonelada recebida e
quanto mais RCC aceitarem nos aterros, maiores serão as faturas a serem cobradas.
Os aterros de inertes também concorrem com as centrais de reciclagem na re-
cepção de RCC. Existem no Município do Rio de Janeiro áreas de baixada, que têm ca-
pacidade de elevação de cota e são regiões para as quais a cidade está se expandindo.
Segundo a FUNDAÇÃO RIO ÁGUAS (2004), esta elevação seria benéfica para a Cida-
de (tais como menores riscos de inundação e melhoria da capacidade de carga dos terre-
nos). A estimativa da capacidade de aterramento está apresentada no quadro IX.14.
91
Empregando-se o índice de conversão 1,45 t/m³.
162
Sudeste (75,8%). 29,3% da demanda total (1,95 milhões) concentra-se nas áreas metro-
politanas, principalmente nas Regiões Metropolitanas de São Paulo (596 mil unidades)
e Rio de Janeiro (391 mil). Para o Estado do Rio de Janeiro a estimativa do déficit é de
505 mil unidades (FJP, 2001).
4,5 milhões de famílias (83,2% do déficit habitacional urbano) possuem renda
mensal inferior a três salários mínimos (FJP, 2001).
lares de 60m² ou agregados para execução de sub-base de mil metros quadrados de ruas
com uma caixa de 0,40m”.
Possíveis aplicações
A normalização das especificações do uso dos agregados de RCC reciclados co-
mo bases de pavimentos (Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção
Civil - Execução de Camadas de Pavimentação) estão sendo formuladas pela ABNT, e
os trabalhos já estão em fase de consulta pública e deverão ser publicados em breve
(ABNT, 2004).
Segundo ÂNGULO (2002, p.3) “experiências de sucesso no uso em larga escala
do agregado para base de pavimentação existem em diferentes cidades brasileiras, como
em São Paulo e na cidade de Belo Horizonte”.
Sendo assim, existindo experiências positivas comprovadas e, em breve, exis-
tindo até norma técnica específica, tecnicamente o maior potencial de substituição dos
agregados naturais pelos agregados reciclados parece estar em base e sub-bases de vias.
Além destes empregos como base e sub-base, LIMA (1999b, p.16) sugere algu-
mas opções de aplicações, observando as diretrizes propostas por ele, e citadas anterior-
mente. As aplicações são:
- concreto de baixo consumo de cimento, sem armadura, para execução de com-
trapisos, calçadas, enchimentos e pequenos reforços;
- argamassa de assentamento de componentes em alvenaria de vedação (tijolos
maciços, tijolos cerâmicos furados e blocos de concreto);
- argamassas para emboço interno e externo, para parede e teto;
- fabricação de componentes pré-moldados de concreto, não-estruturais, de pe-
queno e médios portes (tijolos e blocos de concreto, tubos etc.).
Mercado
Observando-se a segmentação do mercado de agregados para construção civil
em nível nacional, descrita na tabela X.2, constata-se que, diretamente para pavimen-
tação, tem-se apenas o consumo de 30% da produção de brita. 70% da produção de bri-
ta e 100% da produção de areia são voltados para outros mercados (mistura com cimen-
to, fabricação de concreto e pré-fabricados e de argamassas).
166
92
Considerou-se 30% do menor valor obtido nos próximos dez anos da tabela IX.6, na soma entre a
demanda normal e a demanda do Pan-Americano.
167
93
Ver item III.2.2.
94
Maiores detalhes sobre condições de financiamento da CEF estão descritos no item VIII.13.
168
Estes tipos de incentivos têm implantação mais complexa, pois podem exigir en-
tendimentos entre organizações, governos municipais, estaduais e federal.
Nos países com escassez de agregados, como a Holanda, Bélgica e Alemanha, os
preços dos agregados naturais são mais altos do que no Brasil. Estes países também
têm poucas áreas disponíveis para aterro sanitário ou aterro de inertes, tendo os
geradores que pagar um preço mais alto para dispor o seu RCC em comparação com os
preços praticados no Brasil.
95
Processo de reciclagem onde o emprego do material beneficiado é inferior ao emprego de origem do
material.
169
96
Irão existir alguns desvios na geração per capita pois empregou-se valores RCC de anos-bases dife-
rentes do ano-base do censo do IBGE, que é 2000. Considera-se, porém, que estes desvios não são
relevantes para a análise aqui proposta.
171
Quadro X.17: Uso e Ocupação do Solo – Evolução do uso e ocupação do solo, por
grupo e categoria, segundo sua área territorial (%)
nos anos de 1974, 1984 e 1996
97
O IBGE considera aglomerados subnormais como grupos de mais de 50 unidades habitacionais dis-
postas de modo “desordenado e denso”, sobre o solo que pertence a terceiros, e “carente de serviços pú-
blicos essenciais” (CÉZAR, 2002).
173
Quadro X.19: Licenças – Área dos acréscimos de área licenciados, por tipo de uso da
construção (1994 – 1998)
98
Os dados atualizados ainda não foram disponibilizados pelo IBGE.
174
U - Urbana
R - Rural
99
Ver quadro V.5.
175
FONTES:
IDH: PCRJ (Apud OGLOBO, 2003)
Total de inscrições imobiliárias / Idade dos imóveis: SMF – PCRJ (2003)
100
Não inclui territorial.
176
101
O pequeno gerador são imóveis residenciais que gera até 150 sacos de RCC, com capacidade máxima
de 20 litros, em intervalo mínimo de cinco dias. Maiores detalhes estão apresentados no item III.2.3.
178
102
Em 10/04/2004 no site www.rio.rj.gov.br/comlurb.
179
Serão consideradas, para a inclusão das quantidades de RCC gerados por refor-
mas e ampliações informais (que não são comunicadas à prefeitura), as seguintes hipó-
teses para que as quantidades geradas:
- estas são coletadas pela administração municipal a domicílio;
- estas são coletadas pela administração municipal em disposições clandestinas;
- estas são entregues pelos carroceiros ou pelos próprios geradores nos eco-
pontos;
- estas são entregues pelos caçambeiros nos aterros licenciados pela adminis-
tração municipal.
Considerando estas hipóteses, as quantidades geradas de RCC de reformas e am-
pliações informais estarão incluídas nos itens (d) e (e) apresentados adiante.
180
Estimativa total
Nas estimativas acima realizadas não foi incluída a estimativa da quantidade de
RCC proveniente de demolições. Isto se deve à falta de maiores informações sobre o
volume de demolições no Município do Rio de Janeiro.
Sendo assim, a provável geração total de RCC no Município do Rio de Janeiro,
sem incluir os RCC oriundos de demolições, está detalhada no quadro X.26.
181
De acordo com o quadro X.26, a estimativa de geração per capita anual de RCC
para o Município do Rio de Janeiro é de 180 kg/habitante.
Segundo PINTO (1999)103 “a geração de RCC per capita pode ser estimada pela
mediana como 500 kg/hab.ano de algumas cidades brasileiras”.
Sendo assim, a estimativa encontrada para o Município do Rio de Janeiro está
abaixo da média brasileira e abaixo da média de oito dos municípios apresentados no
quadro X.14 (701 kg/hab.ano)104.
103
Apud ANGULO et al., 2002.
104
Resultado da multiplicação de 1,92 kg/dia.habitante por 365 dias.
182
105
E considerando-se que no atual estágio de tecnologia empregada para reciclagem de RCC brasileira, os
melhores potenciais encontram-se nas frações minerais inertes.
183
106
Valores coletados em fevereiro de 2004.
107
Valor que é aceitável dentro do intervalo encontrado para percentual de refugos nas centrais estudadas
(quadro IX.23).
185
108
O VPL é um método dinâmico de comparação entre alternativas de investimento, que é tema do item
VIII.11.2.
187
Observa-se pelos resultados negativos dos cenários que não contam com receita
para recepção de RCC (coluna: valor do VPL sem receita de recepção de RCC), que as
centrais de reciclagem de RCC nas atuais condições de mercado não são viáveis finan-
ceiramente. Somente as receitas provenientes da venda de agregado beneficiado não
viabilizam as centrais. Esta conclusão também foi obtida em IX.3.5.
A cobrança de valores para recepção de RCC cria outra opção de receita para as
centrais. Comprova-se pelo quadro X.28, que dentre os cenários que levam em conta as
receitas provenientes da recepção de RCC na central, os melhores resultados (menores
preços a serem cobrados por tonelada para viabilizar o projeto), considerando o
investimento em aquisição de terreno e despesas com transporte e destinação de rejeitos,
são:
- o cenário 23 (R$ 3,27/t com equipamentos de 100 t/h usados);
- o cenário 29 (R$ 3,78/t com equipamentos de 100 t/h novos).
Para a viabilização de centrais com capacidade nominal de 20 t/h considerando
investimento em aquisição de terreno e despesas com transporte e destinação de rejeitos,
os preços deverão ser de:
- R$ 8,41/t com equipamentos usados (cenário 11);
- R$ 9,73/t com equipamentos novos (cenário 17).
Verifica-se que os preços para recepção de RCC são mais altos para as centrais
de 20 t/h, do que para as centrais de 100 t/h.
Isto indica que uma produção maior de agregado beneficiado facilita a viabiliza-
ção financeira das centrais.
Observa-se no quadro X.28 que os cenários que consideram as despesas com
transporte e com disposição de rejeitos apresentam resultados bem menos favoráveis do
que aqueles cenários que não consideram estas despesas. Isto representa que estas des-
pesas influem significativamente na viabilidade financeira das centrais.
Ao se conseguir encurtar as distâncias até os aterros sanitários ou centrais de re-
ciclagem de outros tipos de materiais, diminui-se os custos com transporte dos rejeitos.
Obtendo-se isenção de pagamento, ou menores valores pagos, para a entrega dos
rejeitos nos aterros sanitários, reduz-se os custos com disposição dos rejeitos.
Não foi explorada na análise a possibilidade de se trabalhar em mais de um tur-
no, o que permitiria duplicar ou triplicar a produção de agregado reciclado, caso hou-
vesse demanda.
189
Quadro X.29: Cenários com preço para recepção a R$ 5,00 por tonelada
109
Considerou-se 264 dias de trabalho por ano.
190
Com um preço para recepção de RCC no valor de R$ 10,00 por tonelada, as cen-
trais de 20 t/h passam a ter Pontos de Equilíbrios iguais a 27.676 t (equipamentos usa-
dos, produção obtida em 216 dias – 82% dos dias trabalhados) e 29.973 t (equipamentos
novos, produção obtida em 234 dias – 89% dos dias trabalhados).
Já as centrais de 100 t/h têm os seus Pontos de Equilíbrio em 92.888 t (equi-
pamentos usados, produção obtida em 145 dias – 55% dos dias trabalhados em um ano)
e 98.778 t (equipamentos novos, produção obtida em 155 dias – 59% dos dias trabalha-
dos em um ano).
O quadro X.31 agrega os resultados dos cálculos dos Pontos de Equilíbrios dos
cenários considerados (terreno, despesas com refugos e receitas para recepção de RCC
incluídos).
prima secundária (RCC) e uma aceleração equivocada para o fim da vida útil dos aterros
sanitários.
Deve-se salientar que as empresas operadoras de aterros (isto nos municípios
onde a operação dos aterros foi terceirizada) ganham geralmente por tonelada recebida e
quanto mais RCC aceitarem nos aterros, maiores serão as faturas a serem cobradas.
Os aterros de inertes também concorrem com as centrais de reciclagem na re-
cepção de RCC. Existem no Município do Rio de Janeiro áreas de baixada, que têm ca-
pacidade de elevação de cota e são regiões para as quais a cidade está se expandindo.
Conforme dirigentes municipais, esta elevação seria benéfica para a cidade (tais como
menores riscos de inundação e melhoria da capacidade de carga dos terrenos).
Segundo esta estimativa, o Município do Rio de Janeiro possuiria uma disponi-
bilidade de aterramento de RCC de cerca de 155 milhões toneladas, somente nestas
áreas de baixada (Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Baía de Sepetiba).
Em relação a esta capacidade de aterramento, verifica-se que um percentual des-
tas áreas é de proteção ambiental. Adicionalmente, deveria a prefeitura antes de licen-
ciar os aterros de inertes realizar estudo de impacto ambiental, considerando o fato que,
sem os devidos controles, existe o risco que resíduos industriais e domiciliares sejam
dispostos ilegalmente nestes aterros, junto com os RCC, podendo provocar graves
problemas ambientais às regiões envolvidas.
XI.1. Introdução
Com a finalidade de complementar o estudo de viabilidade desenvolvido, reali-
za-se neste capítulo uma avaliação de desempenho das centrais existentes. Esta avalia-
ção empregará o sistema de apoio à decisão THOR, que é um sistema computacional
baseado em uma metodologia de análise multicritério. Será inserida no sistema uma
parte das informações coletadas para a pesquisa e, através de critérios pré-estabelecidos,
chegar-se-á a uma avaliação do desempenho das centrais.
XI.2.2. Decisões
O entendimento da relação entre as decisões atuais e as futuras e suas conse-
qüências é crucial para a análise do crescimento econômico. Considerando, por exem-
plo, a decisão sobre investimentos em um mundo de economia globalizada, com várias
influências mudando o ambiente, pode-se assumir que:
- As decisões não são repetitivas;
- Os critérios para avaliação das alternativas de investimento são subjetivos e
eles devem ser definidos por tomadores de decisão; e
- As alternativas podem ser avaliadas por critérios, usando uma escala, onde os
decisores deverão escolher a que for melhor para cada critério e alternativa.
Restrições econômicas geralmente dificultam o encontro de opções dentro de um
orçamento limitado. O número de opções raramente é único. Existe não apenas um to-
mador de decisão, porém vários, que podem ou não ser afetados pela decisão. AMD é
aplicada para a seleção da estratégia ótima, pois (GOMES, 1999):
- Os participantes têm uma série de ferramentas que permitem a modelagem do
processo de decisão;
- Modelos empregando probabilidades de sucesso, risco, medidas de benefícios
ou utilidades são úteis para guiar os gerentes, mas eles podem ser empregados
em apenas um número limitado de casos, quando as distribuições são
conhecidas; e
- O alto número de parâmetros e as diferentes possibilidades para os pesos.
as relações de preferência entre as alternativas. Critério também pode ser definido como
uma ferramenta que permite a comparação de alternativas segundo um eixo particular-
mente significativo ou um ponto de vista. A decisão multicritério começa com a geração
de critérios que permitirão a avaliação do problema dentro do contexto em que este está
inserido.
Decisores são os indivíduos que emitem opiniões no processo decisório, influen-
ciando o resultado final.
Um processo de tomada de decisão pode ser definido como a eleição, por parte de
um centro decisor (um indivíduo ou um grupo de indivíduos), da melhor alternativa em-
tre as possíveis.
O sistema THOR oferece, por meio de um embasamento técnico-científico, uma
classificação das alternativas a partir de entradas do centro decisor, que, após responder
ao sistema, às questões necessárias para os cálculos, ordena as alternativas, da mais para
a menos atrativa. O sistema, quando conveniente, sugere a retirada de alguns critérios,
visto que estes não interferem na classificação / ordenação das alternativas. Os critérios
são elementos comuns a todas as alternativas e possuem um conjunto de propriedades
que serão computadas na ordenação ao final.
Os resultados da ordenação permitem ao decisor avaliar a sua capacidade de men-
surar critérios e alternativas, a fim de chegar o mais próximo possível do esperado;
auxiliam o decisor quando o conjunto de alternativas e critérios é bastante elevado, fa-
cilitando, dessa forma, a percepção de quais alternativas devem ser consideradas, caso
um novo processo decisório seja iniciado.
O THOR é baseado em um algoritmo que compara alternativas discretas, e que
emprega (GOMES, 1999):
- Teoria dos conjuntos aproximativos;
- Teoria dos conjuntos nebulosos;
- Modelagem de preferências;
- Teoria da utilidade multiatributo.
XI.3. O problema
A avaliação de desempenho a ser realizada tem como objetivo comparar o de-
sempenho das centrais de reciclagem existentes através de diferentes critérios. Como
resultado desta comparação as centrais serão agrupadas em três grupos, que serão:
(a) Centrais com melhor desempenho;
199
XI.4. Os critérios
Segundo GOMES (1999, p. 132), “os critérios permitem a avaliação das alter-
nativas de forma a verificar que, para uma alteração na classificação da alternativa num
dado critério, será observada uma redução ou aumento da satisfação da alternativa”. O
conjunto de critérios deverá satisfazer as condições de exaustividade, coesão e não-re-
dundância.
Os critérios empregados para a comparação do desempenho entre as treze cen-
trais de reciclagem são:
- Relação entre tempo total de operação efetiva (TO) e tempo de existência da
central de reciclagem (ID);
- Relação entre investimento capital fixo (CF) e capacidade instalada (CI);
- Custos unitários de produção (em R$);
- Relação entre produção média (PM) e capacidade instalada (CI);
- Estado atual (paralisada ou operando).
O quadro XI.1 traz os critérios empregados e os seus valores para cada central
pesquisada.
200
XI.5. Os decisores
Para tornar a avaliação de desempenho representativa de vários setores da socie-
dade, investigou-se os pesos dos critérios que se adequassem às opiniões do setor públi-
co, setor empresarial e do consumidor.
O decisor empresarial considera em suas decisões principalmente a viabilidade
financeira das alternativas disponíveis.
Já o decisor público leva em conta em suas decisões, além dos aspectos econô-
micos-financeiros, os possíveis benefícios para o bem estar social e proteção ao meio
ambiente, entre outros aspectos.
O decisor consumidor geralmente considera em suas decisões os benefícios dire-
tos (por exemplo, bom preço e boa qualidade de produtos ou serviços) que serão obti-
dos.
201
XI.6. Metodologia
Para a obtenção da avaliação de desempenho empregando o sistema THOR, fo-
ram seguidos os passos descritos abaixo:
a) Passo 1: Inserção de alternativas (centrais), critérios e decisores (figura XI.1);
b) Passo 2: Inserção dos pesos dos critérios (figura XI.2), feito a partir do mó-
dulo de elicitação do THOR, usando uma escala de razões;
c) Passo 3: Inserção do valores de P, Q e discordância de cada critério.
d) Passo 4: Classificação de cada alternativa (Central de Reciclagem) segundo
cada critério - exemplo com um critério (figura XI.3).
202
Figura XI.2: Inserção dos pesos dos critérios e a função de pertinência dos pesos
203
XI.7. Resultados
Como conclusão da metodologia apresentada no item anterior, chega-se a três ta-
belas de resultados S1, S2 e S3, que representam três ordenações, baseadas nos três
algoritmos de ordenação do THOR (figuras XI.4, XI.5 e XI.6).
A diferença entre os resultados é obtida pelas diferenças entre os algoritmos e que
são baseados na modelagem de preferências, que é a base do algoritmo ELECTRE, e na
experiência com o algoritmo ALINA. Estes dois algoritmos geraram o sistema THOR
com os respectivos resultados S1, S2 e S3 (GOMES, 1999).
204
SUBGRUPOS CENTRAIS
SB01 Brasília / Aterro, BH / Estoril e BH / Pampulha
SB02 Piracicaba, Macaé e Vinhedo
SB03 São José dos Campos, Ribeirão Preto, Ribeirão Pires, Guarulhos e
Londrina
SB04 Brasília / Ceilândia e São Paulo
Onde SB01 > SB02 > SB03 > SB04 estando o símbolo > representando a
dominância.
Agrupando-se os quatro sub-grupos em três, conforme o objetivos citado no
item XI.4, tem-se conforme ordem decrescente de priorização das centrais de
reciclagem de RCC:
a) Centrais com melhor desempenho: Brasília / Aterro, Belo Horizonte / Estoril
e Belo Horizonte / Pampulha;
b) Centrais com desempenho fraco: Brasília / Ceilândia e São Paulo;
206
c) Centrais com desempenho médio: Piracicaba, Macaé, Vinhedo, São José dos
Campos, Ribeirão Preto, Ribeirão Pires, Guarulhos e Londrina.
Uma simulação, que pode ser feita para a avaliação de desempenho, é aquela na
qual os critérios não recebem pesos diferenciados. O resultado desta simulação está a-
presentado na figura XI.7. Observando a classificação obtida percebe-se poucas dife-
renças entre o quadro XI.2 e a figura XI.7.
CONCLUSÃO
De forma a estudar os sucessos e os fracassos na implantação e operação de cen-
trais de reciclagem de RCC, este trabalho compreendeu a pesquisa que foi realizada en-
volvendo catorze centrais brasileiras, sobre estudo de viabilidade econômica deste tipo
de instalação industrial. De forma complementar, foi realizado um diagnóstico das
gestões de RCC praticadas nos municípios estudados. Os dados têm como referência o
mês novembro de 2003.
Os municípios que tiveram as suas centrais de reciclagem de RCC pesquisadas
foram: São Paulo, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Piracicaba, Vinhedo, Guaru-
lhos, Ribeirão Pires, São José do Rio Preto, Belo Horizonte, Londrina, Brasília e Macaé.
camente para o poder público: ser o administrador destas centrais ou deixar que a inicia-
tiva privada se encarregue desta tarefa.
Nas atuais condições de mercado, não é viável para as empresas da iniciativa pri-
vada a implantação e operação de centrais de reciclagem de RCC. Conclui-se, então,
que para que se viabilize economicamente estas instalações é necessária a criação de
meios, como já mencionado, tais como: financiamentos a juros baixos, incentivos
fiscais para o beneficiamento e comércio de materiais reciclados, como também para
execução de obras com estes materiais.
A viabilização ocorrerá provavelmente através da adoção, não somente de uma
medida, mas de conjunto de ações de incentivo a reciclagem.
Para o fomento da reinserção dos RCC beneficiados no ciclo produtivo, deverá
ser feito levantamento dos potenciais mercados, podendo o município fazer contatos e
firmar parcerias com municípios vizinhos, governos estaduais e federal e, principal-
mente, com a iniciativa privada. Para o sucesso destas parcerias, a viabilidade técnico-
econômica das ações deverá estar sempre focada.
dos cenários, que não contam com receita de recepção de RCC, que centrais de reci-
clagem de RCC (de 20 t/h e 100 t/h), nas atuais condições de mercado, não são viáveis
financeiramente para empreendimentos da iniciativa privada.
Dentre os cenários que levam em conta as receitas de recepção de RCC nas
centrais, o melhor resultado encontrado é o de preço de R$ 3,50/t para instalações com
equipamentos de 100 t/h.
Os resultados dos cenários também mostram que, quando se inclui nas análises
financeiras as despesas com transporte e disposição de rejeitos em aterros sanitários,
obtém-se resultados bem menos favoráveis do que aqueles que não as incluem.
Os custos de disposição mudam com relativa freqüência e é possível que, dentro
de um grupo ações de incentivo à implantação da resolução CONAMA, as empresas de
limpeza urbana municipal poderiam preços menores para a recepção de rejeitos de cen-
trais de reciclagem de RCC da iniciativa privada.
Ao se conseguir, através da localização das centrais, diminuir a distância até os
aterros sanitários ou centrais de reciclagem de outros tipos de materiais, têm-se reduzi-
dos os custos com transporte dos rejeitos.
Avaliação de desempenho
Com a finalidade de complementar o estudo de viabilidade realizado, foi feita
uma avaliação de desempenho das centrais existentes, através do sistema de apoio à
decisão THOR, que é baseado em metodologias de análise multicritério.
Contudo, devido incerteza dos dados coletados junto às instalações de recicla-
gem, chegou-se à conclusão que os resultados obtidos pelo uso de análise multicritério
devem ser vistos com grandes restrições, neste caso em específico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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06/06/2002.
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em http://www2.rio.rj.gov.br/comlurb/informa_artigos/arti11.htm. Acesso em
15/09/2002.
. Informações coletadas com o Sr. Mauro Wanderley da COMLURB em
20/07/2002. Rio de Janeiro; 2002f.
. Informações coletadas com o Sr. Mauro Wanderley da COMLURB
entre janeiro e março de 2004. Rio de Janeiro; 2004a.
___________ . Informações sobre recebimento de RCC. Disponível em
http://www2.rio.rj.gov.br/comlurb. Acesso em 06/02/2004. Rio de Janeiro; 2004b.
CONTROLADORIA GERAL DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO (CGM-RJ).
Disponível em: http://www.rio.rj.gov.br/cgm/prestacaocontas. Acesso em 10/05/
2002.
DEPARTAMENTO DE ESTRADAS E RODAGEM DO ESTADO DO RIO DE
JANEI-RO (DER-RJ). Dados fornecidos pela Diretoria de Administração e
Finanças. Rio de Janeiro: Novembro de 2002.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA E TRANSPORTE
(DNIT). Dados fornecidos pelo Departamento de Engenharia. Rio de Janeiro:
Outubro de 2003.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE PESQUISA MINERAL (DNPM). Sumário
Mineral 2003. Disponível em: http://dnpm.gov.br/dnpm-
legis/sumariomineral2003.pdf. Acesso em: Novembro de 2003.
DIDONET, H.R.: PEREIRA, E.A. Trabalho de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
2001. Programa de Formação Profissional em Ciências Ambientais – UFRJ, Rio
de Janeiro.
DIVISÃO DE ÁGUA E ESGOSTO DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO
(DAERP). Informações obtidas com o Sr. Helder Carvalho em maio de 2003.
ECONOCENTER. .Artigo sobre entulho e agregados reciclados. Disponível em:
www.econocenter.com.br/reciclagem/entulho.htm. Acesso em: 02/04/2003.
EMASA MINERAÇÃO. Informações obtidas com o Sr. Luiz Moreira Neto em
fevereiro de 2004.
EMPRESA DE LIMPEZA URBANA DO SALVADOR (LIMPURB). Relatório Anual
de Atividade da LIMPURB – 2000. Salvador, 2000.
218
ANEXOS
Anexo I
Anexo II
2. Perdas e desperdício
Além da influência na geração de RCC, o expressivo índice de perdas de mate-
riais é uma das causas dos altos custos das construções e pode ser considerado como um
indicador da baixa qualidade dos projetos e de execução de obras no Brasil.
Em relação às perdas na construção civil, pode-se adotar a seguinte classificação
(SKOYLES, 1976 Apud SOIBELMAN et al, 1994, p.556):
- Diretas: Os materiais são danificados durante o processo de construção, devido
tanto a descarregamento, transporte e armazenamento inadequados dos materi-
ais, quanto a vandalismo. Estes materiais não podem muitas vezes ser facil-
mente recuperados ou utilizados novamente no processo;
- Indiretas: São perdas encontradas quando os materiais ou equipamentos são
empregados de modo inadequado.
Segundo estudo feito em cinco canteiros de obras na cidade de Porto Alegre
(SOIBELMAN et al., 1994), grande parte das perdas no canteiro de obras é previsível e
pode ser evitada. Outras conclusões do estudo foram:
- em geral as empresas não tinham idéia da magnitude das perdas em seus can-
teiros;
- ações simples de prevenção, tais como cuidados básicos no recebimento, arma-
zenamento e manuseio dos materiais, não foram observadas nos canteiros;
- as perdas ocorreram mais como resultado da combinação de vários fatores do
que como conseqüência de um incidente isolado;
- fraco interesse dos construtores em reduzir as perdas no canteiro;
- muitas das perdas geradas fora do âmbito do canteiro foram ocasionadas por
projetos inadequados e aprovisionamento ruim.
No quadro AIII.1 pode-se observar a variação dos valores de perdas dos princi-
pais materiais em obras de edificações no Brasil.
232
(1) Valores de uma obra (PINTO, 1989 Apud PINTO, 1999, p.17);
(2) Média de cinco obras (SOIBELMAN, 1993 Apud PINTO, 1999, p.17);
(3) Mediana de diversos canteiros (SOUZA et. al., 1998 Apud PINTO, 1999, p.17) .
fonte, grande parte dos materiais sairia das obras para centrais de reciclagem, facilitando
o processo de reciclagem nestas centrais, e tornando-o assim mais econômico.
Contudo, com as dificuldades encontradas por alguns municípios na implantação
de coleta seletiva de lixo domiciliar, pode-se prever que a coleta seletiva de RCC dentro
dos canteiros será também complexa, pois dependendo do município, a quantidade de
RCC gerada pode ser tão significativa quanto à de lixo domiciliar.
A introdução da coleta seletiva depende de diferentes fatores, sendo destacados
os seguintes (BILITEWSKI, 1993):
- tamanho do canteiro (disponibilidade de espaço para o armazenamento tempo-
rário de RCC separado por grupo de materiais);
- prazo da obra;
- materiais empregados e processo de construção;
- distância/localização de centrais de reciclagem e de aterros sanitários;
- taxas cobradas para a entrega em centrais de reciclagem;
- taxas cobradas para a disposição final dos resíduos e,
- existência de mercado para a venda dos materiais resultantes da coleta sele-
tiva.
A consideração satisfatória da reciclagem de materiais em novas construções e
obras de reforma pode ser resumida nos seguintes pontos (WILLKOMM, 1990 e EPA,
2000):
- treinamento dos funcionários das empresas envolvidas nas atividades de cons-
trução (empreiteiros e sub-empreiteiros), destacando os procedimentos da co-
leta seletiva e os seus benefícios;
- facilidade do reaproveitamento ou da reciclagem dos resíduos de materiais
inertes através da previsão no canteiro de área apropriada para o seu depósito
temporário;
- previsão dos locais intermediários de coleta (entre os postos de trabalho e os
vasilhames ou as caçambas), minimizando-se assim os transportes horizon-
tais;
- previsão da área necessária para os vasilhames e as caçambas destinados ao
depósito temporário dos materiais, que serão separados, por exemplo, em parte
mineral inerte, madeira, metal, materiais tóxicos, papel e plásticos (embala-
gens);
- ações preventivas que evitem a mistura entre os resíduos separados;
234
110
A entrega de RCC em aterros sanitários não será mais permitida após julho de 2004 (CONAMA,
2002).
235
Figura AII.3: Caçambas estacionárias dentro da obra com coleta seletiva para a
deposição de materiais diferentes
236
Figura AII.5: Recipientes para coleta seletiva de materiais com menor fração
dentro da composição dos RCC
237
4. Serviços de demolição
Nos serviços de demolição, a separação de materiais e componentes objetivando
as suas posteriores reutilizações ou reciclagem pode ser realizada através de:
- desmontagem seletiva dos materiais e componentes durante a demolição;
- desmontagem seletiva parcial dos materiais e componentes durante a demoli-
ção, que acontece após a conclusão de determinadas etapas de demolição (te-
lhado, esquadrias, alvenaria, por exemplo);
- separação dos materiais e componentes após a demolição, em central de reci-
clagem.
As duas primeiras opções minimizam a mistura entre os materiais e asseguram
melhor a integridade dos componentes, favorecendo, desta forma, a reutilização e a
reciclagem dos mesmos. Contudo, elas têm maiores custos com pessoal, em
comparação com os serviços de demolição tradicionais.
Os principais passos para a desmontagem seletiva durante as etapas de demo-
lição são (BILITEWSKI, 1993):
- Retirada de equipamentos: Alguns, ou mesmo todos, os equipamentos, poderão
ser diretamente reutilizados em novos projetos;
- Retiradas de janelas, portas, cabos elétricos e tubos de instalação. Estes pode-
rão ser reutilizados após ligeiros reparos;
- Retirada de pavimentação, materiais de acabamento e ferragens. Estes poderão
ser novamente empregados após tratamentos mais complexos (reciclagem);
- Desmontagem do telhado e das fachadas: Deve-se agrupar os materiais entre os
que podem ser reciclados ou não e,
- Demolição das estruturas e alvenarias através de equipamentos apropriados,
separando-se os diferentes materiais em frações (concreto, alvenaria, arma-
ções, etc.).
Para que a demolição seletiva torne-se prática comum entre os agentes envolvi-
dos com atividades de demolição, deve ser encontrado o ponto de equilíbrio entre dois
objetivos, que são:
- Maximizar separação e destinação adequadas de materiais e componentes, cu-
jas reutilizações ou reciclagem sejam economicamente viáveis e,
- Cobrir os custos com os serviços de demolição e de separação adequada de
materiais e componentes, com as receitas com as vendas destes para partes in-
teressadas e com as economias com destinação dos RCC (custos com trans-
239
porte, taxas cobradas para entrega tanto em área licenciada para recepção de
RCC ou em central de reciclagem, quanto para disposição em aterros).
Anexo III
Perfil para estudos de pré-viabilidade e estudos de viabilidade
(UNIDO, 1987, p.249)
1. Sumário executivo
2. Histórico do projeto:
a. Patrocinador(es) do projeto:
b. História do projeto;
c. Custo dos estudos e/ou investigações já realizadas.
3. Capacidade do mercado e da fábrica:
a. Demanda e mercado:
i. A estimativa do tamanho e a capacidade existente da indústria, o seu crês-
cimento passado, a estimativa do crescimento futuro, a dispersão local da
indústria, os seus principais problemas e perspectivas, a qualidade geral
dos bens:
ii. As últimas importações e as suas tendências futuras, volume e preços;
iii. O papel da indústria na economia nacional e na política, prioridades e me-
tas nacionais relacionadas ou designadas à indústria;
iv. O tamanho atual aproximado da demanda, o seu crescimento passado e os
principais determinantes e indicadores.
b. Previsão de vendas e marketing:
i. A concorrência antecipada para o projeto, de produtores e fornecedores
locais e estrangeiros já existentes ou em potencial;
ii. Localização de mercado(s);
iii. Programação de vendas;
iv. Estimativa da receita de vendas anual dos produtos e subprodutos (locais e
estrangeiros);
v. Custo anual estimado da promoção de vendas e marketing.
c. Programa de produção (aproximado):
i. Produtos;
ii. Subprodutos;
iii. Resíduos (custo anual estimado para disposição de resíduos).
d. Determinação da capacidade da fábrica:
i. Capacidade normal viável da fábrica;
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Anexo IV