Centrais de Reciclagem

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AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E DE DESEMPENHO DE CENTRAIS DE

RECICLAGEM PARA RESÍDUOS SÓLIDOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

Kátia Regina Alves Nunes

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS
EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO.

Aprovada por:
_________________________________________________
Prof. Rogério de Aragão Bastos do Valle, D.Sc.

_________________________________________________
Prof. Claudio Fernando Mahler, D.Sc.

_________________________________________________
Prof. César das Neves, Ph.D.

_________________________________________________
Prof. Regis da Rocha Motta, Ph.D.

_________________________________________________
Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


FEVEREIRO DE 2004
ii

NUNES, KÁTIA REGINA ALVES


Avaliação de Investimentos e de De-
sempenho de Centrais de Reciclagem para
Resíduos Sólidos de Construção e Demo-
lição [Rio de Janeiro] 2004
XXII, 276 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,
D.Sc., Engenharia de Produção, 2004)
Tese – Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPE
1. Resíduos Sólidos de Construção e De-
molição
2. Avaliação de investimentos
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)
iii

À minha família
iv

AGRADECIMENTOS

Aos Professores Cláudio Mahler e Rogério Valle, meus orientadores, por terem me
aceitado como aluna do Programa de Engenharia de Produção; pelo convívio, pelo
apoio e pela troca de idéias.

Ao Professor César das Neves pelo interesse e valoroso apoio à minha pesquisa.

Aos profissionais de empresas municipais, privadas e mistas de limpeza urbana, como


também aos profissionais de sindicatos, empresas produtoras de agregados, firmas for-
necedoras de equipamentos que despenderam tempo e paciência tanto ao enviar material
escrito e fotos, como ao responder questionários. A atenção destes inúmeros profissio-
nais foi inestimável, agregando um grande valor a esta pesquisa.

À Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro pela flexibilidade de minhas jornadas de traba-


lho como engenheira da Defesa Civil Municipal, o que permitiu que eu conseguisse
realizar o curso de doutorado.

A todos os profissionais, alunos e estagiários dos Programas de Engenharia de Produção


e de Engenharia Civil da COPPE, principalmente à Lúcia Helena Xavier, Rosângela
Cardoso, Carlos Francisco Simões, Adriana de Schueler e Saulo Bárbara.
v

Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários


para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E DE DESEMPENHO DE CENTRAIS DE


RECICLAGEM PARA RESÍDUOS SÓLIDOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

Kátia Regina Alves Nunes


Fevereiro/2004

Orientadores: Rogério de Aragão Bastos do Valle


Cláudio Fernando Mahler

Programa: Engenharia de Produção

Grande parte dos Resíduos Sólidos da Construção Civil (RCC) no Brasil não é
reciclada e esta situação deverá mudar significativamente, pois o Conselho Nacional de
Meio Ambiente (CONAMA) publicou a Resolução no 307, que obriga os municípios e o
Distrito Federal a elaborar e implantar uma gestão sustentável dos RCC.
Dentro desta gestão, as atividades de beneficiamento de RCC realizadas em cen-
trais de reciclagem têm importante papel, pois uma das principais ações incentivadas
pela resolução é a reinserção destes resíduos no ciclo produtivo.
O objetivo principal deste trabalho foi levantar os dados existentes relativos a
gestão e reciclagem de RCC no Brasil, avaliá-los e propor um modelo conceitual para
estudos de viabilidade financeira de centrais de reciclagem de RCC, que poderá apoiar o
poder público e a iniciativa privada, na decisão sobre os seus investimentos. Uma apli-
cação do modelo é detalhada para o Município do Rio de Janeiro.
Adicionalmente serão apresentados um diagnóstico das gestões de RCC pratica-
das em vários municípios brasileiros e uma avaliação de desempenho entre as centrais
de reciclagem existentes no Brasil, com o emprego da metodologia de análise multicri-
tério.
vi

Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of requeriments


for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

INVESTMENT AND PERFORMANCE ANALYSIS IN CONSTRUCTION AND


DEMOLITION WASTE PLANTS

Kátia Regina Alves Nunes

February / 2004

Advisors: Rogério de Aragão Bastos do Valle


Cláudio Fernando Mahler

Departament: Production Engineering

A sizable amount of the Construction and Demolition (C&D) waste in Brazil is


presently not recycled, but this situation is about to change considerably. The Brazilian
Environmental Agency (CONAMA) published the Resolution n. 307, that constrains the
Brazilian cities and its capital to organize and to introduce a Sustainable Management of
C&D waste.
In this Sustainable Management, the recycling activities performed by these
facilities are very important, and one of the most promoted actions by the Resolution is
the reinsertion of this waste back in the production cycle.
This work aims to collect data about C&D Debris management and recycling in
Brazil, evaluate it and propose a conceptual model for financial feasibility analysis of
C&D Debris recycling plants, that can support government and companies in their
decisions about investments in these plants. An application of this model is elaborated
for the City of Rio de Janeiro.
It is also going to be presented a state of the art about C&D waste management
in different Brazilian cities and a performance analysis for various C&D debris
recycling plants, using a multicriteria analysis methodology.
vii

SUMÁRIO DA DISSERTAÇÃO

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO II: RESÍDUOS SÓLIDOS 8
II.1. Resíduos Sólidos Urbanos: Introdução 8
II.2. Resíduos Sólidos Urbanos: Custos 12
II.3. Resíduos Sólidos da Construção Civil (RCC): Introdução 15
II.4. Impactos ambientais provocados pelos RCC 17
CAPÍTULO III: ARCABOUÇO LEGAL E NORMATIVO 21
III.1. Legislação 21
III.1.1. Resolução N° 307 do CONAMA 21
III.2. Normas 23
III.2.1. Norma NBR 10.004 23
III.2.2. Projetos de normas brasileiras para RCC 24
III.2.3. Norma de Resíduos Sólidos Inertes da COMLURB 25
CAPÍTULO IV: GESTAO DOS RCC EM ÁREAS URBANAS 28
IV.1. Gestão corretiva 28
IV.2. A implantação da Resolução n° 307 do CONAMA 29
IV.3. Gestão sustentável de RCC 31
IV.3.1. Facilitação da disposição 32
IV.3.2. Segregação na captação 33
IV.3.3. Reciclagem para alteração da destinação 33
CAPÍTULO V: RECICLAGEM DE RCC 35
V.1. Introdução 35
V.2. Reciclagem primária de RCC 35
V.3. Reciclagem secundária de RCC 36
V.4. Diagnóstico 36
V.5. Processo 38
V.6. Equipamentos 40
V.7. Composição gravimétrica dos RCC 45
V.8. O uso de agregados reciclados 49
V.9. Aspectos relacionados com RCC em outros países 51
viii

CAPÍTULO VI: EXPERIÊNCIAS COM GESTÃO SUSTENTÁVEL DE 54


RCC
VI.1. Introdução 54
VI.2. Rio de Janeiro / RJ 54
VI.2.1. Gestão municipal 54
VI.2.2. Exemplo de iniciativa privada na área de reciclagem de RCC 57
VI.3. Salvador / BA 58
VI.4. São Paulo / SP 59
VI.5. Ribeirão Preto / SP 63
VI.6. São José dos Campos / SP 65
VI.7. Piracicaba / SP 65
VI.8. Vinhedo / SP 67
VI.9. Guarulhos / SP 71
VI.10. Ribeirão Pires / SP 74
VI.11. São José do Rio Preto / SP 74
VI.12. Belo Horizonte / MG 75
VI.13. Londrina / PR 78
VI.14. Brasília / DF 79
VI.15. Macaé / RJ 82
VI.16. Diagnóstico das gestões de RCC praticadas nos municípios estudados 86
CAPÍTULO VII: LOGÍSTICA REVERSA 96
VII.1. Canais de distribuição 96
VII.2. Reinserção na cadeia de produção 98
VII.3. Dispersão geográfica 99
VII.4. Projeto da rede reversa 99
VII.5. Logística reversa x gestão integrada de RCC 100
CAPÍTULO VIII: ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔ- 103
MICA: CONCEITOS
VIII.1. Introdução 103
VIII.2. Fases do projeto 104
VIII.3. Estudos de pré-viabilidade 105
VIII.4. Estudos de viabilidade 106
VIII.5. Estudos de apoio (funcionais) 107
ix

VIII.6. Atividades promocionais 107


VIII.7. Levantamento de dados para o estudo de viabilidade 107
VIII.8. Verificação de alternativas e hipóteses 108
VIII.9. Estrutura de custo proposta 108
VIII.10. A precisão das estimativas de custo 109
VIII.11. Avaliação financeira e econômica 110
VIII.11.1. Análise do Ponto de Equilíbrio 110
VIII.11.2. Métodos de comparação entre alternativas de investimentos 111
VIII.12. Planejamento financeiro 112
VIII.13. Planejamento de financiamento 112
CAPÍTULO IX: CENTRAIS DE RECICLAGEM DE RCC: ANÁLISE 116
DE VIABILIDADE FINANCEIRA
IX.1. Introdução 116
IX.2. Estudo de viabilidade: Metodologia 117
IX.3. Estimativa das receitas e dos custos: Baseado em cotações no mercado 118
IX.3.1. Introdução 118
IX.3.2. Investimento capital fixo 118
IX.3.3. Custos operacionais 121
IX.4. Análise dos investimentos 124
IX.5. Ponto de Equilíbrio 128
IX.6. Dados coletados nas centrais existentes 130
IX.6.1. Introdução 130
IX.6.2. Investimento capital fixo 130
IX.6.3. Custos operacionais 133
IX.6.4. Receitas e economias 140
IX.7. Análise financeira de centrais de reciclagem de RCC: Resumo e 144
considerações
CAPÍTULO X: ANÁLISE DE VIABILIDADE DE CENTRAIS DE 147
RECICLAGEM DE RCC PARA O MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
X.1. Modelo conceitual 147
X.2. O Município do Rio de Janeiro: Informações gerais 147
X.3. Análise de mercado e de concorrência 150
X.3.1. Agregados para construção civil 150
x

X.3.1.1. Oferta nacional 150


X.3.1.2. Consumo nacional 151
X.3.1.3. Outros fatores relevantes a nível nacional 153
X.3.1.4. Consumo de agregados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro 154
X.3.1.5. Preços de agregados 155
X.3.1.6. Consumo de agregados pelo poder público na Região Metropolitana 156
do Rio de Janeiro
X.3.1.7. Agregados para construção civil: Resumo 159
X.3.2. Análise de concorrência 160
X.4. Estimativa de demanda 162
X.4.1. Demanda por moradias e infra-estrutura 162
X.4.2. Potencial de substituição dos agregados naturais pelos agregados 164
beneficiados derivados de RCC
X.4.3. Ações de fomento para aumento do consumo de agregados reciclados 166
X.4.4. Marketing para agregados reciclados 168
X.5. Estimativa de oferta 168
X.5.1. Introdução 168
X.5.2. Estimativas de geração e coleta em alguns municípios 169
X.5.3. Crescimento habitacional e ocupação do solo 172
X.5.4. Produção imobiliária 172
X.5.5. Tipos de materiais dos domicílios 173
X.5.6. Áreas com maior e menor geração de RCC 174
X.5.7. Estimativa da geração de RCC no Município do Rio de Janeiro 177
X.5.8. Estimativa de produção de materiais secundários provenientes de RCC 181
X.6. Análise de investimentos 183
X.6.1. Introdução 183
X.6.2. Acréscimos nas estimativas de custos 183
X.6.3. Estudo de viabilidade financeira 185
X.6.4. Resultados da análise 186
X.7. Ponto de Equilíbrio 189
X.8. Análise de viabilidade para o Município do Rio de Janeiro: Resumo 191
CAPÍTULO XI: AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE CENTRAIS DE 196
RECICLAGEM DE RCC
xi

XI.1. Introdução 196


XI.2. A metodologia THOR 196
XI.2.1. Processo de decisão / Análise multicritério 196
XI.2.2. Decisões 197
XI.2.3. O sistema de informação THOR 197
XI.3. O problema 198
XI.4. Os critérios 199
XI.5. Os decisores 200
XI.6. Metodologia 201
XI.7. Resultados 203
CONCLUSÃO 208
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 215
ANEXOS 224
Anexo I: Resolução n° 307, de 5 de julho de 2002 225
Anexo II: Redução da geração de RCC 230
Anexo III: Perfil para estudos de pré-viabilidade e estudos de viabilidade 240
Anexo IV: Cenários para análise de viabilidade financeira de centrais de 244
reciclagem de RCC
xii

LISTA DE QUADROS

Quadro II.1: Total de municípios com ou sem serviços de limpeza urbana 9


e/ou coleta de lixo
Quadro II.2: Municípios com serviços de limpeza urbana e/ou coleta de 9
lixo, por percentual de domicílios com lixo coletado – Brasil
Quadro II.3: Domicílios particulares permanentes e o destino do lixo: 10
Brasil
Quadro II.4: Destinação final do lixo no Brasil: Evolução entre os anos de 10
1991 e 2000
Quadro II.5: Municípios com serviço de coleta de lixo, que possuem áreas 12
para disposição final dos resíduos – por localização de desti-
no do lixo – Brasil
Quadro II.6: Custos relativos ao gerenciamento de sistema de limpeza 13
urbana
Quadro II.7: Despesas realizadas pela COMLURB de 1997 a 2001 13
Quadro II.8: Custos de diferentes destinações do lixo urbanos em países 14
em desenvolvimento
Quadro III.1: Definições conforme Resolução n° 307 do CONAMA 22
Quadro III.2: Classificação e destinação dos RCC conforme a Resolução 23
n° 307 do CONAMA
Quadro III.3: Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade 24
Quadro IV.1: RCC irregularmente disposto e removido pelos municípios 29
Quadro V.1: Informações básicas sobre os equipamentos de britagem 42
Quadro V.2: Centrais de reciclagem de RCC existentes no Brasil 43
Quadro V.3: Informações adicionais sobre as centrais existentes 44
Quadro V.4: Composição gravimétrica dos RCC nos Municípios de São 45
Paulo (SP) e São Carlos (SP)
Quadro V.5: Composição gravimétrica e peso específico dos RCC do 46
Município do Rio de Janeiro (RJ)
Quadro V.6: Composição gravimétrica dos RCC na Cidade de Salvador 46
Quadro V.7: Granulometria dos RCC do Município do Rio de Janeiro 46
Quadro V.8: Percentual por tipos de RCC conforme classificação do 49
CONAMA
xiii

CONAMA
Quadro VI.1: Distribuição dos agregados beneficiados 79
Quadro VI.2: Estado atual da implantação de gestão sustentável de RCC 86
nos municípios estudados
Quadro VI.3: Estado atual dos municípios estudados em relação a áreas de 87
entrega voluntária de RCC
Quadro VI.4: Produtos escoados: Quantidades, clientes e utilizações 89
Quadro VI.5: Características da operação das centrais de reciclagem de 92
RCC nos municípios
Quadro VI.6: Idade dos equipamentos e tempo de operação 93
Quadro VI.7: As centrais e os percentuais de refugos 95
Quadro VIII.1: Tipos de decisões da fase de pré-investimento 105
Quadro VIII.2: Itens do custo de investimento 109
Quadro VIII.3: Itens dos custos de produção 109
Quadro VIII.4: Graus de precisão de estimativas de custos 110
Quadro IX.1: Processo de reciclagem de RCC 119
Quadro IX.2: Equipamentos complementares 119
Quadro IX.3: Operações secundárias 119
Quadro IX.4: Investimento capital fixo para produção de 20 t/h 120
Quadro IX.5: Investimento capital fixo para produção de 100 t/h 120
Quadro IX.6: Investimento capital fixo: Resumo 121
Quadro IX.7: Custos operacionais para produção de 20 t/h 122
Quadro IX.8: Custos operacionais para produção de 100 t/h 123
Quadro IX.9: Custos operacionais: Resumo 124
Quadro IX.10: Cenários 126
Quadro IX.11: Os cenários e os resultados 127
Quadro IX.12: Cenários com preço de recepção a R$ 5,00 por tonelada 128
Quadro IX.13: Cenários com preço de recepção a R$ 10,00 por tonelada 129
Quadro IX.14: Composição dos investimentos capital fixo 131
Quadro IX.15: Composição dos investimentos capital fixo (corrigida) 132
Quadro IX.16: Investimento por tonelada instalada 133
Quadro IX.17: Custos operacionais – Custos fixos (R$/ano) 134
Quadro IX.18: Custos operacionais – Custos variáveis (R$/ano) 136
xiv

Quadro IX.19: Custos operacionais: Resumo 137


Quadro IX.20: Custos unitários de produção 138
Quadro IX.21: Custos unitários de produção (cenário de funcionamento 139
pleno)
Quadro IX.22: Custos de produção por tonelada, fornecidos pelos gerentes 140
das centrais
Quadro IX.23: Distâncias entre ponto central dos municípios, Centrais de 141
Reciclagem e aterros sanitários
Quadro IX.24: Economias com a aquisição de materiais 143
Quadro X.1: Áreas de Planejamento e as Regiões Administrativas corres- 148
pondentes
Quadro X.2: Domicílios particulares permanentes, população residente, 149
suas variações relativas e densidade domiciliar, segundo as
Áreas de Planejamento e Regiões Administrativas
Quadro X.3: Domicílios, população residente em favelas e densidade do- 149
miciliar, segundo as Áreas de Planejamento e Regiões Admi-
nistrativas 1991/1996/2000
Quadro X.4: Segmentação do mercado de agregados para construção civil 152
no Brasil
Quadro X.5: Agregados para construção civil no Brasil: Produção, consu- 152
mo e preços
Quadro X.6: Índices médios de conversão dos agregados (t/m³) 153
Quadro X.7: Estimativas do consumo anual de agregados nos últimos dez 154
anos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro
Quadro X.8: Estimativas para consumo de agregados para os próximos 155
dez anos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (sem
considerar demandas especiais)
Quadro X.9: Preços e granulometria por tipo de agregado na Região Me- 156
tropolitana do Rio de Janeiro, sem frete
Quadro X.10: Consumo provável de agregados pelo DNIT-RJ nos próxi- 157
mos cinco anos
Quadro X.11: Consumo de agregados pelo DER-RJ em pavimentação entre 157
os anos de 2000 a 2002
xv

Quadro X.12: Consumo de agregados pela Secretaria Municipal de Obras e 158


Serviços Públicos do Município do Rio de Janeiro
Quadro X.13: Estimativas para consumo de agregados para os próximos 160
dez anos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro
Quadro X.14: Estimativa da capacidade de elevação de cotas em áreas de 161
baixada
Quadro X.15: Estimativas de geração e coleta de RCC em alguns municí- 170
pios
Quadro X.16: Município do Rio de Janeiro: Médias de lixo domiciliar e 171
lixo público
Quadro X.17: Uso e Ocupação do Solo – Evolução do uso e ocupação do 172
solo, por grupo e categoria, segundo sua área territorial (%)
nos anos de 1974, 1984 e 1996
Quadro X.18: Produção Imobiliária Licenças – Área das construções licen- 173
ciadas, por tipo de uso da construção – 1994-1998
Quadro X.19: Licenças – Área dos acréscimos de área licenciados, por tipo 173
de uso da construção (1994 – 1998)
Quadro X.20: Domicílios particulares no Estado do Rio de Janeiro, por tipo 174
de material de cobertura e tipo de material das paredes
Quadro X.21: Inscrições imobiliárias por faixa de idade em anos no mu- 175
nicípio do Rio de Janeiro e os respectivos IDH locais
Quadro X.22: Regiões Administrativas do Município do Rio de Janeiro 176
classificadas segundo os seus IDH
Quadro X.23: Estimativa da geração de RCC de novas edificações formais 179
Quadro X.24: Provável geração de RCC de reformas formais 179
Quadro X.25: Provável geração de edificações informais 180
Quadro X.26: Provável geração total de RCC (t/dia) no Município do Rio 181
de Janeiro
Quadro X.27: Totais gerados diariamente por componentes de RCC 182
Quadro X.28: Os cenários para o Município do Rio de Janeiro e os 187
resultados
Quadro X.29: Cenários com preço para recepção a R$ 5,00 por tonelada 189
Quadro X.30: Cenários com preço para recepção a R$ 10,00 por tonelada 190
xvi

Quadro X.31: Comparação entre os Pontos de Equilíbrio obtidos 190


Quadro XI.1: As centrais e os critérios empregados na avaliação de 200
desempenho
Quadro XI.2: Os decisores e os pesos dos critérios 201
Quadro XI.3: Classificação de desempenho 205
Quadro AII.1: Perda de materiais em processos construtivos convencionais, 232
segundo três pesquisas realizadas no Brasil
Quadro AIV.1: Cenário 01 245
Quadro AIV.2: Cenário 02 246
Quadro AIV.3: Cenário 03 247
Quadro AIV.4: Cenário 04 248
Quadro AIV.5: Cenário 05 249
Quadro AIV.6: Cenário 06 250
Quadro AIV.7: Cenário 07 251
Quadro AIV.8: Cenário 08 252
Quadro AIV.9: Cenário 09 253
Quadro AIV.10 Cenário 10 254
Quadro AIV.11 Cenário 11 255
Quadro AIV.12 Cenário 12 256
Quadro AIV.13 Cenário 13 257
Quadro AIV.14 Cenário 14 258
Quadro AIV.15 Cenário 15 259
Quadro AIV.16 Cenário 16 260
Quadro AIV.17 Cenário 17 261
Quadro AIV.18 Cenário 18 262
Quadro AIV.19 Cenário 19 263
Quadro AIV.20 Cenário 20 264
Quadro AIV.21 Cenário 21 265
Quadro AIV.22 Cenário 22 266
Quadro AIV.23 Cenário 23 267
Quadro AIV.24 Cenário 24 268
Quadro AIV.25 Cenário 25 269
Quadro AIV.26 Cenário 26 270
xvii

Quadro AIV.27 Cenário 27 271


Quadro AIV.28 Cenário 28 272
Quadro AIV.29 Cenário 29 273
Quadro AIV.30 Cenário 30 274
Quadro AIV.31 Cenário 31 275
Quadro AIV.32 Cenário 32 276
xviii

LISTA DE FIGURAS

Figura II.1: A disposição dos resíduos sólidos municipais em lixões: Mu- 8


nicípio de Quatis/RJ
Figura II.2: O Aterro de Itaquera/SP que já está esgotado 11
Figura II.3: Aterro de Itaquera/SP: Agressão à paisagem urbana 11
Figura II.4: Local com disposição clandestina 16
Figura II.5: O local após a limpeza 16
Figura II.6: Detalhe de disposição ilegal 18
Figura II.7: Disposição ilegal: Variedade de materiais 18
Figura II.8: Disposição de RCC em encosta junto a talveque 19
Figura V.1: Processo de reciclagem de RCC 39
Figura V.2: Central de reciclagem de RCC em São Paulo/SP: Entrada do 41
conjunto britador
Figura V.3: Caçamba com RCC em um Ecoponto (Município do Rio de 47
Janeiro)
Figura V.4: Detalhe visual da composição dos RCC 47
Figura V.5: Quantidades geradas de RCC por habitante em países 51
europeus
Figura V.6: Tratamentos dos RCC 52
Figura VI.1: Vista frontal de uma área Ecoponto 55
Figura VI.2: As caçambas estacionárias no Ecoponto 56
Figura VI.3: Bags para quantidades menores de materiais 56
Figura VI.4: Equipamento de britagem composto por britador primário (ao 57
fundo) e britador secundário (primeiro plano)
Figura VI.5: Esteira levando material do britador primário para o britador 58
secundário
Figura VI.6: RCC que chega a central de reciclagem 62
Figura VI.7: Central de reciclagem de Itatinga: Geradores a esquerda e 62
equipamento de britagem a direita
Figura VI.8: Armazenamento do agregado beneficiado e carregamento de 63
caminhão basculante
Figura VI.9: Conjunto de peneiras e esteiras 63
xix

Figura VI.10: Central de reciclagem de Ribeirão Preto 64


Figura VI.11: Central de reciclagem de Piracicaba 66
Figura VI.12: Esteira e material beneficiado 68
Figura VI.13: Silo com separadores 68
Figura VI.14: Silo e equipamento britador 69
Figura VI.15: Material proveniente da trituração de pecas em concreto 69
Figura VI.16: Caçamba para deposição de resíduos metálicos 70
Figura VI.17: Totem do PEV Macedo 71
Figura VI.18: Caçambas estacionárias para coleta de RCC situadas no PVE 72
Figura VI.19: Recicladora em funcionamento 73
Figura VI.20: Esteira rolante com eletroímã (em montagem) 73
Figura VI.21: Central de reciclagem de Estoril (vista panorâmica) 76
Figura VI.22: Central de reciclagem de Estoril (conjunto britador) 76
Figura VI.23: Central de reciclagem de Pampulha 77
Figura VI.24: Central de reciclagem de Aterro/Jóquei 80
Figura VI.25: Caminhão sendo carregado 80
Figura VI.26: Conjunto britador em funcionamento 81
Figura VI.27 Conjunto britador: Detalhe 81
Figura VI.28: Central de reciclagem de Macaé: Vista panorâmica 1 83
Figura VI.29: Central de reciclagem de Macaé: Vista panorâmica 2 83
Figura VI.30: Conjunto britador 84
Figura VI.31: Pilhas de RCC bruto misturado 84
Figura VI.32: Brita corrida 85
Figura VI.33: Blocos e pavis 85
Figura VII.1: Canais de distribuição diretos e reversos 97
Figura VII.2: Cadeia da construção civil 100
Figura VII.3: Logística reversa na construção civil 101
Figura XI.1: Inserção de alternativas (centrais), critérios e decisores 202
Figura XI.2: Inserção dos pesos dos critérios e a função de pertinência dos 203
pesos
Figura XI.3: Classificação de cada alternativa (central de reciclagem) se- 204
gundo um determinado critério: Exemplo com o critério
“relação entre tempo de operação e tempo de existência da
central”
xx

central”
Figura XI.4: Resultado S1 204
Figura XI.5: Resultado S2 204
Figura XI.6: Resultado S3 205
Figura XI.7: Resultado S4 206
Figura AII.1: Seqüenciamento das prioridades em relação aos RCC 230
Figura AII.2: Caçamba para metal em obra com coleta seletiva 235
Figura AII.3: Caçambas estacionárias dentro da obra com coleta seletiva 235
para a deposição de materiais diferentes
Figura AII.4: Caçamba com mistura de materiais 236
Figura AII.5: Recipientes para coleta seletiva de materiais com menor 236
fração dentro da composição dos RCC
Figura AII.6: Bags para a coleta seletiva 237
Figura AII.7: Recipientes em madeira para a coleta seletiva 237
xxi

LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas


ATT: Área de Transbordo e Triagem
AMD: Apoio Multicritério à Decisão
BDE: Base de Descarga de Entulho
BELACAP: Serviços de Ajardinamento e Limpeza Urbana – Brasília / DF
BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CETESB: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São
Paulo
CEF: Caixa Econômica Federal
COMLURB: Companhia Municipal de Limpeza Urbana – Município do Rio de Ja-
neiro/RJ
CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente
CGM-RJ: Controladoria Geral do Município do Rio de Janeiro
DER-RJ: Departamento de Estradas e Rodagens do Estado do Rio de Janeiro
DAERP: Divisão de Água e Esgoto – Município de Ribeirão Preto/SP
DNIT: Departamento Nacional de Infra-Estrutura e Transporte
DSPU: Departamento de Serviços Públicos – Município de Guarulhos/SP
EMDHAP: Empresa Municipal de Desenvolvimento Habitacional – Município de
Piracicaba/ SP
FCP-SAN: Projeto de financiamento a concessionários privados de serviços de
saneamento
FEEMA: Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro
FGTS: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
IAP: Instituto Ambiental do Paraná
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS: Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
IDH: Índice de Desenvolvimento Humano
IPTU: Imposto Predial e Territorial Urbano
IR: Imposto de Renda
LIMPURB: Departamento de Limpeza Urbana – Município de São Paulo/SP
LIMPURB: Empresa de Limpeza Urbana do Município de Salvador/BA
xxii

NBR: Norma Brasileira Regulamentadora


UFIR: Unidade de Referência Fiscal
UNIF: Unidade de Valor Fiscal do Município do Rio de Janeiro
RCC: Resíduos Sólidos da Construção Civil
SAD: Sistema de Apoio à Decisão SAMURB: Secretaria Municipal de
Meio Ambiente e Urbanismo de São José do Rio Preto/ SP
SEDEMA: Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente – Município de
Piracicaba/SP
SEMA: Secretaria Municipal do Ambiente – Município de Londrina/PR
SEMAE: Secretaria Municipal de Água e Esgoto – Município de Piracicaba/SP
SI: Sistemas de Informação (SI)
SLU: Superintendência de Limpeza Urbana – Município de Belo Horizonte/
MG
SINDUSCON: Sindicato da Indústria da Construção Civil
SIRIESP: Sindicato das Empresas Removedoras de entulho do Estado de São
Paulo
SMMA: Secretaria Municipal de Meio Ambiente – Município de Macaé/RJ
SOSM: Secretaria de Obras e Serviços Municipais – Município de Ribeirão
Pires/SP
SPMA: Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente – Município de Vi-
nhedo/SP
SSO: Secretaria de Serviços e Obras (Município de São Paulo)
SUDECAP: Superintendência de Desenvolvimento da Capital – Município de Belo
Horizonte/ MG
PDE: Postos de Descarga de Entulho
PROGUARU: Progresso e Desenvolvimento de Guarulhos S.A.
PVE: Ponto de Entrega Voluntária
RCC: Resíduos Sólidos de Construção e Demolição
THOR: Algoritmo Híbrido de Apoio Multicritério de Apoio à Decisão
URBAM: Urbanizadora Municipal – Município de São José dos Campos/SP
URBEL: Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (MG)
VPL: Método do Valor Líquido Presente
1

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

O problema
Firmas de construção realizam empreendimentos geralmente únicos, situados em
diferentes locais, envolvendo inúmeros fornecedores, utilizando mão-de-obra intensiva
e pouco qualificada. As obras de renovação e demolição, muitas vezes, são atividades
executadas por profissionais autônomos, tendo curta duração e sendo realizadas em lo-
cais com pouco espaço para disposição temporária de resíduos. Estas condições confe-
rem aos responsáveis pelas atividades de construção civil dificuldades significativas no
gerenciamento de resíduos.
O rápido crescimento das cidades de médio e grande porte, com os seus con-
tínuos serviços de construção, reforma e demolição de edificações e de infra-estrutura
urbanas, vem aumentando a geração de RCC (Resíduos Sólidos da Construção Civil).
O incremento da geração, somado com a falta de políticas municipais específicas para
os RCC, agravam os problemas dos municípios com a coleta, transporte e disposição
dos resíduos sólidos urbanos, sendo freqüentemente observada a prática de disposição
ilegal dos RCC em locais não adequados, tais como ruas, calçadas, terrenos baldios,
encostas e leitos de córregos e rios.
Para as áreas com disposição ilegal de RCC são atraídos outros tipos de resí-
duos sólidos, como resíduos industriais e lixo domiciliar, podendo estas áreas trazer po-
tenciais riscos ambiental e sanitário para a população vizinha. Quando estas áreas se
localizam próximas a talvegues, encostas, redes de drenagem e córregos, podem ocorrer
a obstrução de redes de drenagem e o assoreamento dos rios, ampliando os riscos de en-
chentes e deslizamento de encostas, além de aumentar os custos municipais com lim-
peza urbana e com obras de infra-estrutura.
A maioria dos municípios brasileiros emprega ações corretivas em relação aos
RCC, realizando limpezas emergenciais dos locais onde ocorreram deposições ilegais.
Porém, na ausência de soluções municipais satisfatórias para os RCC, muitos destes
locais acabam se firmando como bota-foras não oficiais, tornando rotineiras as limpezas
emergenciais. Nestas condições, os municípios atuam como agentes corretivos, arcando
com custos que poderiam ser evitados, caso políticas e ações municipais preventivas
contra disposições ilegais e reciclagem de RCC fossem implantadas.
2

Com a publicação da Resolução CONAMA (Conselho Nacional de Meio


Ambiente) no 307, de 05/07/2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos
para a gestão dos resíduos da construção civil, os municípios e o Distrito Federal ficam
obrigados a elaborar e implantar uma gestão sustentável dos RCC.
Os municípios e o Distrito Federal tinham prazo até janeiro de 2004 para elabo-
rarem os seus Planos Integrados de Gerenciamento Municipal de RCC e, até julho do
mesmo ano, estes já deveriam ter sido implantados. Também a partir de julho de 2004,
fica estabelecido pela resolução CONAMA que os RCC não poderão ser mais destina-
dos para aterros de resíduos domiciliares, áreas de “bota fora”, encostas, corpos d’água,
lotes vazios e em áreas protegidas por legislação específica.
Ainda segundo esta mesma resolução, a fração dos RCC que pode ser reutilizá-
vel ou reciclável como agregado, deverá ser reinserida no processo produtivo ou desti-
nada à áreas de aterro exclusivo de RCC.
Como apenas doze dos 5507 municípios brasileiros (0,2%) possuem centrais de
reciclagem de RCC em operação ou em pré-operação, beneficiando somente parte dos
RCC gerados nestes municípios, conclui-se que a grande maioria dos RCC no Brasil
não é reciclada (IBGE, 2000).
Em 4690 municípios brasileiros (85,2% do total) é realizado algum tipo de co-
leta municipal de RCC (IBGE, 2000) e 94,5% do lixo coletado por todos os municípios
é disposto em lixões, aterros controlados ou em aterros sanitários (IBGE, 1991). Sendo
assim, pode-se considerar que quase todo o RCC coletado no Brasil está sendo disposto
em lixões ou aterros, junto com outros resíduos, principalmente misturado com resíduos
domiciliares.
Constata-se então que as práticas atuais dos municípios em relação aos RCC
estão distantes daquelas que são exigidas pela resolução CONAMA.
Os benefícios da reinserção dos RCC no ciclo produtivo são, entre outros (EPA,
2000):
- Redução dos impactos ambientais da extração, transporte e processamento de
recursos naturais;
- Redução dos custos de construção, através de menores custos com disposição
de RCC, da menor necessidade de aquisição de materiais e da obtenção de
receitas com a venda dos materiais recuperados;
- Apoio às comunidades, aos construtores e aos incorporadores no alcance da
conformidade com políticas e normas ambientais nacionais e locais, já em
3

vigor ou a serem implantadas em breve, tais como: resolução CONAMA so-


bre resíduos da construção civil, normas da ABNT e normas institucionais de
empresas de limpeza urbana;
- Melhora a imagem pública de empresas e de organizações que reduzem a
quantidade gerada de resíduos;
- Reduz a necessidade de disposição de RCC em aterros sanitários, aumentando
a vida útil dos aterros.
Para cumprir as metas fixadas pela resolução CONAMA, os municípios e o
Distrito Federal já deveriam estar com seus Planos de Gerenciamento prontos ou quase
prontos, com as ações a serem implantadas, alocando os devidos recursos e delegando
responsabilidades.
Algumas experiências realizadas no Brasil com gestão de RCC, segundo os seus
gestores e consultores, demonstram bons resultados quando o município adota política
ativa em relação aos RCC, evitando disposições clandestinas, promovendo a reciclagem
dos resíduos e reduzindo alguns custos para o município.
Porém, como estas gestões são ou foram realizadas pelo poder público ou autar-
quias locais, o levantamento dos custos de operação com gestão de RCC, principalmen-
te os referentes às centrais de reciclagem, não é uma tarefa simples.
Entre as justificativas apresentadas para publicação da resolução do CONAMA,
está a consideração da viabilidade técnica e econômica da produção e do uso de mate-
riais provenientes de resíduos da construção civil. Apesar desta consideração apresen-
tar-se como uma afirmação (tal como: Sim, a produção e o uso de materiais provenien-
tes de RCC é viável tanto econômica, quanto tecnicamente.), no levantamento feito para
esta pesquisa não foi encontrada nenhuma literatura sobre viabilidade econômica de
centrais de reciclagem no Brasil.
Isto se torna um fator crítico para o momento atual, pois os municípios e o Dis-
trito Federal se mobilizam para cumprir as exigências do CONAMA e a implantação de
centrais de reciclagem deverá ser item importante dos Planos de Gerenciamento de
RCC.

Objetivo deste trabalho


O objetivo principal deste trabalho foi o de levantar os dados existentes relativos
a gestão e reciclagem de RCC no Brasil, avaliá-los e propor um modelo conceitual para
estudos de viabilidade financeira de centrais de reciclagem de RCC, que poderá apoiar o
4

poder público e a iniciativa privada, na decisão sobre os seus investimentos relaciona-


dos com RCC. Uma aplicação do modelo é detalhada para o Município do Rio de Janei-
ro.
Como a reciclagem é um elemento da gestão integrada de RCC, tem-se também
como objetivo apresentar um diagnóstico sobre a situação atual das gestões de RCC
praticadas em vários municípios brasileiros. As informações levantadas neste diagnós-
tico permitiram que se verificasse como os municípios mais ativos em relação a este
tipo de resíduos estão preparados para cumprir as exigências da resolução CONAMA.
Já existem centrais de reciclagem de RCC instaladas no Brasil e, sendo assim,
aproveitando as experiências realizadas e as informações coletadas nestas instalações,
foi feita uma avaliação de desempenho entre as centrais com o emprego de uma meto-
dologia de análise multicritério.

A metodologia
Catorze municípios brasileiros foram escolhidos para serem analisados, pois
aparentemente são os que apresentam maiores avanços em relação ao tema gestão de
RCC. Doze destes municípios possuem centrais de reciclagem de RCC. Como dois
destes municípios têm duas centrais, são catorze o número de centrais de reciclagem de
RCC incluídas nesta pesquisa.
Parte da coleta dos dados necessários para a realização deste trabalho foi feita
através de visitas a alguns dos municípios e centrais pesquisados. Para a maioria dos
municípios e centrais, foram enviados questionários para os dirigentes municipais res-
ponsáveis pela questão de RCC, os gerentes das centrais instaladas e profissionais de
empresas privadas envolvidos com limpeza urbana.
A coleta de dados também envolveu pesquisa bibliográfica e consultas junto a
fornecedores de materiais e equipamentos, empresários do ramo de mineração e recicla-
gem, sindicatos de produtores de agregados, entre outros inúmeros profissionais.
O principal período de coleta de dados ocorreu entre janeiro e novembro de
2003. As informações apresentadas, que se referirem a períodos anteriores ou posterio-
res a este, estão citadas na pesquisa com as devidas referências.
O diagnóstico sobre a situação atual de cada município pesquisado em relação a
gestão de RCC foi formulado através da análise crítica dos dados coletados. Os dados
foram agrupados em tabelas e posteriormente analisados.
5

As centrais de reciclagem pesquisadas pertencem ao poder público e as experi-


ências privadas de maior porte com reciclagem de RCC ainda não são significativas.
De maneira a diferenciar as análises de viabilidades, optou-se por apresentar uma
análise voltada para iniciativa privada e uma outra dirigida para o poder público.
A análise direcionada para a iniciativa privada compreendeu o estudo de viabi-
lidade financeira de dois projetos de centrais de reciclagem de RCC de pequeno e médio
portes, empregando-se dados coletados junto ao mercado (cotações de preços e estima-
tivas de custos feitas por especialistas).
Com estes dados foram obtidos os investimentos de capital fixo e os custos ope-
racionais necessários para a implantação e operação de centrais de pequeno e médio
portes. A análise financeira empregou a técnica de cenários que, alternando hipóteses,
forneceu resultados através do Método do Valor Presente Líquido, que indicaram em
que condições as instalações estudadas são viáveis.
Na análise direcionada para o poder público se realizou também um estudo de
viabilidade financeira, onde foram usadas informações coletadas junto a dirigentes
municipais e empresários ligados diretamente à administração das centrais de recicla-
gem existentes no Brasil.
Desta maneira foram estimados os investimentos de capital fixo e os custos ope-
racionais necessários para as centrais pesquisadas. A análise financeira ocorreu na com-
paração entre os valores encontrados para as centrais construídas e aqueles estimados
em projeto para centrais de pequeno e médio portes.
Concluídas as duas análises de viabilidade financeira, é descrito um resumo dos
principais resultados obtidos e das devidas conclusões.
A partir das análises apresentadas e dos seus resultados, foi desenvolvido um
modelo conceitual, que foi aplicado em estudo de viabilidade para implantação e opera-
ção de centrais no Município do Rio de Janeiro.
De forma a se avaliar o desempenho das centrais existentes foi ainda empregado
o sistema de apoio à decisão THOR, que é um programa computacional que utiliza uma
metodologia de análise multicritério.

A apresentação da pesquisa
Para cumprir os objetivos deste trabalho, procurou-se agrupar as informações em
cinco partes, que são: conceitos básicos, logística reversa, estudo de viabilidade finan-
ceira, análise de desempenho e conclusão.
6

A parte de conceitos básicos é composta pelos capítulos II (resíduos sólidos), III


(arcabouço legal e normativo) e anexo II (redução da geração de RCC). Nesta parte é
realçada a importância dos RCC dentro da gestão integrada dos resíduos sólidos urba-
nos. Também são descritas normas e legislações pertinentes ao assunto, bem como
exemplos de ações para reduzir a geração de RCC na fonte.
Iniciando a parte de logística reversa, tem-se os capítulos IV (gestão dos RCC
em áreas urbanas) e V (reciclagem de RCC), onde são abordados os tipos de gestão de
RCC praticados no Brasil, as mudanças que deveriam acontecer para o cumprimento da
Resolução n° 307 do CONAMA, as tecnologias empregadas no processo de reciclagem,
tipos de emprego dos agregados beneficiados, entre outros temas.
Os dados obtidos, em campo e através de questionários, começam a ser apresen-
tados no capítulo VI (experiências com gestão sustentável em alguns municípios), onde
as características da gestão de RCC de todos os municípios pesquisados são detalhadas.
Ao final deste capítulo encontra-se o diagnóstico das experiências realizadas pelos mu-
nicípios, contendo quadros com resumos dos dados descritos, além de avaliação dos
mesmos.
Finalizando a parte de logística reversa, chega-se ao capítulo VII (logística re-
versa) que aplica os conceitos relativamente novos deste tema, que são comuns a todos
os setores industriais e os de prestação de serviços, na indústria da construção civil.
O capítulo VIII (estudo de viabilidade técnico-econômica: conceitos) inicia a
parte de estudo de viabilidade financeira onde são apresentados conceitos sobre viabili-
dade técnico-econômica, estando descritos de forma concisa tópicos como: avaliação fi-
nanceira e econômica de projetos, métodos de comparação entre alternativas de investi-
mentos e planejamento de custos.
O capítulo IX (centrais de reciclagem de RCC: análise de viabilidade finan-
ceira) expõe parte significativa das informações coletadas. Os temas abordados são:
estudo de mercado e de concorrência dos agregados reciclados, estimativa de oferta/ge-
ração de RCC, estimativas das receitas e dos custos de centrais de reciclagem de RCC,
análise de investimentos e ponto de equilíbrio.
Terminando a parte de estudo de viabilidade financeira, chega-se ao capítulo X
(análise de viabilidade de centrais de reciclagem de RCC para o Município do Rio de
Janeiro), onde, a partir de um modelo conceitual, é desenvolvida uma análise financeira
específica para o Município do Rio de Janeiro.
7

Na parte análise de desempenho, no capítulo XI (análise de desempenho),


encontra-se o emprego de uma metodologia de análise multicritério para a avaliação dos
desempenhos das centrais de reciclagem existentes no Brasil.
Na conclusão estão resumidas as principais informações e os resultados alcança-
dos pela pesquisa, com análises adicionais e propostas de novas pesquisas para impul-
sionar as atividades de reciclagem de RCC no Brasil.
8

CAPÍTULO II: RESÍDUOS SÓLIDOS

II.1. Resíduos Sólidos Urbanos: Introdução


Ao se analisar as etapas do desenvolvimento urbano das cidades, com o cresci-
mento da população e a industrialização, verifica-se que é dada maior prioridade às
questões de abastecimento de água em comparação com os problemas de coleta e de
destinação, tanto dos efluentes líquidos quanto dos resíduos sólidos.
A pouca atenção dos gestores públicos é mais evidente em relação à destinação
dos resíduos sólidos, tendo esta situação somente começado a se alterar nas últimas dé-
cadas, com a percepção do sério problema ecológico e sanitário que a disposição final
dos resíduos sólidos em lixões (figura II.1), ou até mesmo em aterros sanitários signifi-
cam para a sociedade, pois estes apresentam riscos de acidentes ambientais mesmo que
sejam tomadas várias medidas de segurança.

Figura II.1: A disposição dos resíduos sólidos municipais em lixões:


Município de Quatis/RJ

Nos quadros II.1 e II.2 estão apresentados dados sobre municípios brasileiros,
com ou sem serviços de limpeza urbana e/ou coleta, e o percentual de domicílios com
lixo coletado.
9

Quadro II.1: Total de municípios com ou sem serviços de limpeza urbana e/ou
coleta de lixo – Brasil

Municípios com ou sem acesso a Número de % em relação


serviços de limpeza e/ou coleta de lixo municípios ao número total
brasileiros de municípios
brasileiros
Sem serviços de limpeza e/ou coleta de lixo 32 0,6 %
Limpeza urbana 5461 99,2 %
Coleta de lixo 5471 99,4 %
Com serviços de
Coleta seletiva 451 8,2 %
limpeza
e/ou coleta de lixo Reciclagem 352 6,4 %
Remoção de entulho 4690 85,2 %
Coleta de lixo especial 3567 64,8 %
Total 5475 99,4 %

FONTE: IBGE (2000)

Quadro II.2: Municípios com serviços de limpeza urbana e/ou coleta de lixo, por
percentual de domicílios com lixo coletado – Brasil

Percentual de domicílios com Número de municípios % em relação ao número


lixo coletado (%) total de municípios
Até 50 489 8,9 %
Mais de 50 a 70 728 13,2 %
Mais de 70 a 80 771 14,0 %
Mais de 80 a 90 954 17,4 %
Mais de 90 a 99 525 9,6 %
Com 100 1814 33,1 %
Sem declaração / não sabe 194 3,5 %
Total 5475 99,4 %

FONTE: IBGE (2000)

Comparando-se as informações dos dois quadros, pode-se observar que, apesar


de 99,4% dos municípios brasileiros contarem com serviço de limpeza e/ou coleta de
lixo, apenas 33,1% destes municípios tem 100% dos seus domicílios com lixo coletado.
O quadro II.3 apresenta dados sobre os diferentes destinos do lixo para os do-
micílios particulares permanentes, demonstrando que 85,4% dos domicílios tem lixo
coletado, restando 24,6% sem lixo coletado.
No quadro II.4 verifica-se que 21,3% do lixo coletado pelos municípios é
disposto a céu aberto, em forma de lixões, sem medidas contra impactos sanitários e
ambientais. Além disso, pode-se constatar que apenas 5,5% do lixo coletado é enviado
10

para usinas de compostagem e de incineração, ou para outros destinos (por exemplo,


usinas de reciclagem), o que significa que 94,5% do lixo tem como destino o aterra-
mento. Pode-se concluir que no Brasil ainda são desprezadas as possibilidades de reuti-
lização e reciclagem do lixo e, conseqüentemente, de sua reinserção em cadeias de pro-
dução.

Quadro II.3: Domicílios particulares permanentes e o destino do lixo: Brasil

Domicílios particulares % em relação ao número


DESTINO DO LIXO permanentes total de domicílios par-
(unidade) ticulares permanentes
Coletado 35.393.331 85,4 %
Coletado por serviço de limpeza 33.263.039 80,2 %
Coletado em caçamba de serviço de limpeza 2.130.292 5,1 %
Queimado (na propriedade) 5.029.000 12,1 %
Enterrado (na propriedade) 521.785 1,3 %
Jogado em terreno baldio ou logradouro 3.102.584 7,5 %
Jogado em rio, lago ou mar 193.505 0,5 %
Outro destino 554.896 1,4 %

FONTE: IBGE (2000)

Quadro II.4: Destinação final do lixo no Brasil:


Evolução entre os anos de 1991 e 2000 (IBGE, 1991; IBGE 2000)

TIPOS DE DESTINAÇÃO FINAL 1991 2000


DO LIXO
Céu aberto 76 % 21,3%
Aterro controlado 13 % 37,0%
Aterro sanitário 10 % 36,2%
Usina de compostagem 0,9 % 2,9%
Usina de incineração 0,1 % 0,6%
Outros - 2,0 %

FONTES: IBGE (1991); IBGE (2000).

Com o esgotamento gradativo dos lixões e aterros sanitários próximos aos cen-
tros urbanos, outros têm surgido em locais geralmente mais afastados dos locais de ge-
ração e, com o emprego de melhores técnicas de engenharia, aumentando os custos de
implantação e operação destes locais e os custos de transporte dos resíduos.
11

As figuras II.2 e II.3 apresentam o aterro de Itaquera no Município de São Paulo,


que está esgotado. O aterro encontra-se margeado por moradias e a sua presença não
passa despercebida pela vizinhança. Muitos anos serão necessários para que pelo me-
nos parte dos resíduos depositados no aterro se estabilizem e não mais contaminem o
lençol freático ou não produzam gases.

FONTE: SEMINÁRIO RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (2003)

Figura II.2: O Aterro de Itaquera/SP que já está esgotado

FONTE: SEMINÁRIO RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (2003)

Figura II.3: Aterro de Itaquera/SP: Agressão à paisagem urbana


12

Com base no quadro II.5, tem-se que 83,1 % dos locais para disposição final dos
resíduos sólidos urbanos encontram-se fora do perímetro urbano. Outro fato constatado
é que 5,1 % dos municípios brasileiros não possuem locais para disposição final dos
seus resíduos dentro das suas divisas municipais.

Quadro II.5: Municípios com serviço de coleta de lixo, que possuem áreas para
disposição final dos resíduos – por localização de destino do lixo – Brasil

Número de % em relação ao número


Localização de destino do lixo municípios total de áreas municipais
Dentro do perímetro Próximo à residências 390 6,34 %
urbano Próximo à outras áreas 697 11,3 %
Fora do perímetro Próximo à residências 571 9,2 %
urbano Próximo à outras áreas 4485 73,9 %
Sem declaração 9 0,2 %
Total de áreas municipais para a disposição final dos resíduos 6152 100,0 %
Total de municípios com áreas para disposição final dos 5224 94,9 %1
resíduos

FONTE: IBGE (2000)

II.2. Resíduos Sólidos Urbanos: Custos


Os serviços de limpeza urbana (coleta, transporte e disposição final dos resíduos
sólidos urbanos) são alguns dos serviços mais onerosos aos municípios, como pode ser
constatado pelo quadro II.6, onde são apresentados os custos com limpeza urbana de
alguns município brasileiros2.
Segundo estudos realizados pelo Ministério do Planejamento e Orçamento – Se-
cretaria de Políticas Urbanas (MPO-SEPURB, 1998 Apud: BATISTA, 2001, p.68), esti-
ma-se que a coleta e disposição por tonelada de lixo urbano no Brasil têm os seus custos
variando entre R$ 117,00 e R$ 390,00, conforme a natureza do centro urbano e do servi-
ço prestado. No município de Vitória-ES, no ano de 2000, este custo foi de R$ 80,00/t
para o lixo domiciliar urbano recolhido pelo serviço regular de coleta, de acordo com a
Secretaria Municipal de Serviços (PMV-SEMURB, 2001 Apud: BATISTA, 2001,
p.68).

1
Porcentagem em relação ao número total de municípios brasileiros (5.507).
2
Deve-se ressaltar que estes dados foram publicados em 1998 e que provavelmente alguns deles já se
encontram desatualizados.
13

Quadro II.6: Custos relativos ao gerenciamento de sistema de limpeza urbana

Parcela do Parcela do orçamento Custo da coleta Custo de


Município orçamento gasto gasto com coleta regular aterramento
com SLU (%) seletiva (%) (R$/t) (R$/t)
Niterói – RJ 14,0 - 35,10 4,32
Porto Alegre – RS 9,5 - - -
Florianópolis – SC 16,0 - - -
Belo Horizonte – MG - - 37,62 5,35
Campinas – SP 10,0 - - -
Embu – SP 8,0 0,2 46,00 -
Pitanguinha – AL 17,0 - - -
Ribeirão Preto – SP3 5,0 - 42,00 -
São Sebastião – SP 6,1 0,8 42,00 21,00

FONTES: EIGENHEER (1998) Apud: BATISTA (2001), p.67.

Já a evolução das despesas realizadas entre os anos de 1997 e 2001 pela


COMLURB, com serviços de limpeza urbana no Município do Rio de Janeiro e a parti-
cipação destas despesas em relação às receitas do município, são apresentadas no
quadro II.7.

Quadro II.7: Despesas realizadas pela COMLURB de 1997 a 2001

1997 1998 1999 2000 2001


Despesas COMLURB (1) 248,0 265,6 286,1 304,5 315,4
(R$ milhões)
Receitas do município (2) 3.107,29 3.805,52 5.060,13 4.803,1 6.093,1
(R$ milhões)
Orçamento
% das despesas da 8,00% 6,97% 5,65% 6,34 % 5,18%
COMLURB em relação às
receitas do município (1)
População (3) 5.624.541 5.698.503 5.773.439 5.848.914 5.925.827
Custo da COMLURB por 44,09 46,61 49,55 52,06 53,23
habitante (R$)
Total de lixo municipal do 2.796.021 2.794.329 3.095.504 2.971.932 2.978.474
Rio de Janeiro (toneladas)
(3)
Custo da COMLURB por 90,56 95,37 92,42 102,46 105,89
tonelada de lixo (R$/t)

FONTES: (1) CGM-RJ (2002);


(2) CGM-RJ (2002). Receitas Orçamentárias mais Receitas Extra-Orçamentárias;
(3) COMLURB (2002c).

Comparando o resultado de 1998 da COMLURB (R$ 95,37/tonelada) os estudos


realizados pelo Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO-SEPURB, 1998 Apud:

3
Nota de BATISTA, 2001, p.67: “Não inclui gastos referentes aos resíduos inertes”.
14

BATISTA, 2001, p.68), verifica-se que as despesas da COMLURB estão abaixo do li-
mite inferior estimado (R$ 117,00/tonelada) para os custos municipais com limpeza ur-
bana no Brasil em 1998, embora um pouco acima dos custos de Vitória.
Apesar deste aparente bom desempenho, pode-se observar que, entre 1997 e
2001, as despesas com limpeza urbana no Município do Rio de Janeiro aumentaram em
27,2%. Por outro lado, a participação das despesas com limpeza urbana, em relação às
receitas do município, caiu de 8,00% em 1997 para 5,18% em 2001. Contribuiu para
esta diminuição o aumento das receitas municipais em 96,1% durante o período em
questão.
Considerando as informações dos quadros II.6 e II.7 conclui-se que, realmente,
os custos com limpeza urbana são elevados, consumindo parte significativa dos recursos
financeiros dos municípios. Focalizando em especial os custos com disposição final dos
resíduos, o quadro II.8 ilustra médias de custos de diferentes tipos de disposição no Bra-
sil e em alguns países em desenvolvimento.

Quadro II.8: Custos de diferentes destinações do lixo urbanos em países em


desenvolvimento

PAÍSES Lixão Aterro controlado Compostagem Incineração


(US$/t) / sanitário (US$/t) (US$/t)
(US$/t)
Baixa renda – Ásia 0,5 – 2 3 – 10 5 – 20 40 – 60
Média renda – Ásia 1–3 8 – 15 10 – 40 30 – 80
Alta renda - Ásia 5 – 10 20 – 50 20 – 60 20 – 100
Brasil – média 0–5 9 – 20 20 – 35 60 – 1.500
Buenos Aires - Argentina - 10 - -
África do Sul - 5 - 12 - -

FONTES: FRICKE at al, 2001 Apud: FLAVIA, 2002, p.51.

Segundo os dados listados no quadro II.8, os custos com a disposição em lixões


(aterros não controlados) são os mais baixos em comparação com as outras destinações.
Para que não se chegue a conclusões erradas, já que esta alternativa representa 21,3%
das destinações finais dos municípios brasileiros (quadro II.4), deve-se levar em contar
que os custos listados neste quadro envolvem apenas os custos tangíveis da implanta-
ção e operação dos lixões (custos com aquisição do terreno, mão de obra, equipamentos,
administração, entre outros).
15

Por serem desprovidos de barreiras e outras medidas de engenharia que atenuem


os riscos ambientais e sanitários, os lixões são à primeira vista mais econômicos que as
outras destinações. Contudo, os custos apresentados para os lixões não englobam os
custos intangíveis ou de apropriação mais complexa, tais como contaminação de corpos
d’água e impactos no ecossistema, que podem resultar em custos significativos para
remediação dos passivos ambientais e para tratamento médico da população vizinha a
estas áreas.
No Município do Rio de Janeiro, o custo da disposição do lixo urbano no Aterro
Sanitário de Gramacho é de US$ 5,50/t (COMLURB, 2002e), ficando acima da média
brasileira para lixões (0 a 5,00 US$/t) e abaixo dos valores para aterro sanitário (9,00 a
20,00 US$/t), conforme os dados do quadro II.8.
Uma alternativa para a destinação dos resíduos sólidos urbanos, que vem se con-
solidando rapidamente em alguns países, e mais lentamente no Brasil, é a reutilização
ou beneficiamento de frações componentes do lixo, disponibilizando-as novamente para
o mercado como insumos para produção em diferentes ramos industriais.
Este trabalho se direciona para a reciclagem dos resíduos sólidos provenientes da
indústria da construção civil, devido à sua importância dentro dos serviços de limpeza
urbana, como será visto a seguir.

II.3. Resíduos Sólidos da Construção Civil (RCC): Introdução


As terminologias Resíduos Sólidos de Construção e Demolição (RCD) e Resí-
duos Sólidos da Construção Civil (RCC) vêm sendo difundidas nos meios acadêmicos
brasileiros para a denominação de resíduos sólidos freqüentemente chamados de entulho
de obras, caliça ou metralha.
A sigla RCD provavelmente é oriunda da tradução do termo em inglês
Construction and Demolition Waste (C&D Waste).
Neste trabalho será empregada a terminologia Resíduos Sólidos da Construção
Civil (RCC) por mais se assemelhar àquela adotada na Resolução CONAMA n° 3074.
Sendo gerados em quantidade significativa, os RCC agravam os problemas
municipais com coleta, transporte e disposição final dos resíduos sólidos ocorrendo fre-
qüentemente a disposição ilegal dos resíduos em locais não adequados, tais como ruas,

4
A Resolução CONAMA n° 307 emprega a terminologia Resíduos da Construção Civil, gerando a sigla
RCC. Adotou-se, porém neste trabalho a terminologia Resíduos Sólidos da Construção Civil, por ser
mais completa.
16

calçadas, terrenos baldios, encostas, leitos de córregos e rios e áreas com importância
ambiental.
A figura II.4 mostra a disposição clandestina em uma esquina do bairro da Tiju-
ca (Cidade do Rio de Janeiro). A figura II.5 mostra a mesma esquina no dia seguinte,
após a limpeza corretiva feita pela COMLURB.

Figura II.4: Local com disposição clandestina

Figura II.5: O local após a limpeza

Conforme dados da Prefeitura de São Paulo (IPT, 2000, p. 179) são gerados
4.000 t/dia de RCC. SCHNEIDER (2003, p.49) cita que o aterro público do Município
17

de São Paulo (Aterro de Itatinga) recebeu 1,1 milhão de toneladas de RCC no ano de
2001 (cerca de 3.013 t/dia), “o que representa aproximadamente 21% do total estimado
de resíduos gerados”. No ano de 2002 houve um aumento significativo de RCC dis-
posto, pois o mesmo aterro recebeu cerca de 1,5 milhões de toneladas deste resíduo
(cerca de 4.167 t/dia) (SCHNEIDER, 2003, p.84)5.
Informações coletadas junto à Prefeitura do Rio de Janeiro (COMLURB, 2004a)
estimaram em 1.000 t/dia a quantidade de RCC coletado pelo município. Dados for-
necidos pela Prefeitura de Salvador (CARNEIRO; BRUM; SILVA, 2001, p. 64) indica-
vam que cerca de 2.750 t de RCC eram coletadas diariamente, o que representava cerca
50% dos resíduos sólidos urbanos coletados pelo município.
Porém, deve-se considerar que, os valores de geração apresentados estão base-
ados nas quantidades de RCC destinadas aos aterros municipais. Os valores reais de
geração podem ser bem maiores, ao se incluir as deposições ilegais em terrenos baldios,
encostas, entre outras áreas, que acabam sendo incorporadas às paisagens das cidades.
Ao desconhecer os valores reais de geração, os agentes envolvidos na construção
civil e os gestores públicos e privados de resíduos sólidos não percebem a relevância
dos RCC dentro do gerenciamento integrado dos resíduos sólidos urbanos, sendo igno-
rada a sua influência nos gastos com limpeza urbana, que estão embutidos dentro dos
orçamentos municipais.
Os custos sociais e ambientais com as deposições inadequadas, cujas apropri-
ações são mais complexas, nem sempre são observados, o mesmo acontecendo com a
oportunidade de reaproveitamento dos RCC. Através da reutilização e reciclagem des-
tes resíduos, obtém-se insumos para cadeias produtivas, principalmente a da própria in-
dústria da construção civil.

II.4. Impactos ambientais provocados pelos RCC


Em sua grande maioria os RCC são resíduos inertes, de baixa periculosidade,
cujos impactos ambientais originam-se basicamente do expressivo volume gerado e da
sua disposição ilegal em locais não adequados, tais como ruas, calçadas, terrenos bal-
dios, encostas, leitos de córregos e rios e áreas de preservação ambiental. A prática de
disposição ilegal é observada freqüentemente nas médias e grandes cidades brasileiras.

5
Quantidades relacionadas a um ano de 365 dias.
18

Em Salvador foram levantados 161 pontos de disposição clandestina de RCC no


ano de 2000 (CARNEIRO; BRUM; SILVA, 2001, p.133) e em Belo Horizonte foram
encontrados 134 destes pontos em 1993 (DO CAOS ..., 1996 Apud: IPT, 2000, p.179).
As áreas de disposição ilegal de RCC deterioram a região onde se situam e atra-
em a disposição de outros tipos de resíduos sólidos, tais como lixos volumosos (mó-
veis, geladeiras, por exemplo), galhadas (resto de poda ou corte de árvores), lixo domi-
ciliar e resíduos industriais. As figuras II.6 e II.7 trazem fotos de disposições ilegais.

Figura II.6: Detalhe de disposição ilegal

Figura II.7: Disposição ilegal: Variedade de materiais


19

Junto com o lixo domiciliar, que traz parcela de resíduos orgânicos, estas áreas
podem se transformar em locais com incidência de insetos e roedores (moscas, mos-
quitos, baratas, escorpiões e ratos), trazendo riscos à saúde da população vizinha.
Devido aos custos com descartes especiais dos resíduos industriais, estes podem
ser também encontrados dispostos ilegalmente nos pontos de bota-fora de RCC clan-
destinos. Dependendo da quantidade e do grau de toxicidade destes resíduos industri-
ais, os pontos poderão representar graves riscos sanitário e ambiental para a localidade.
As áreas de bota-fora de RCC próximas a talvegues, encostas, redes de drena-
gem e córregos podem, por carreamento, provocar assoreamento dos rios e obstrução de
redes de drenagem, aumentando os custos com limpeza pública e os riscos de enchentes
e de deslizamento de encostas. A figura II.8 mostra a disposição de RCC em encosta
junto a talvegue.

Figura II.8: Disposição de RCC em encosta junto a talvegue

Com o crescimento gradativo dos aterros clandestinos em áreas de valor am-


biental, nos médios e grandes centros urbanos, tais como várzeas, vales e manguezais,
ocorrem impactos no ecossistema, e ainda estimula-se a ocupação irregular destas áreas
por imóveis de população carente. Por serem construídos sem embasamento técnico,
tanto estes aterros quanto os imóveis irregulares, poderão apresentar sérios problemas
de recalque ou de enchentes, tendo os municípios muitas vezes que arcar com ônus de
realocação das famílias carentes.
20

Isto gera um dispendioso ciclo vicioso para os municípios, pois uma vez que
estas áreas perdem as características naturais após a retirada dos imóveis irregulares,
novas ocupações ilegais virão, devido ao crescente déficit habitacional nas médias e
grandes cidades brasileiras.
A reinserção dos RCC no processo produtivo da construção civil evita a extração
de recursos naturais não renováveis.
Por serem gerados em grandes quantidades, outro impacto ambiental oriundo
dos RCC é a aceleração do término da vida útil dos aterros municipais. Sendo basica-
mente minerais e inertes, os RCC podem ser empregados pelos gestores destes aterros
como material de cobrimento de camadas do lixo urbano, evitando-se assim a exposição
ao ar livre das frações orgânicas, que atraem insetos, roedores e urubus. Os RCC tam-
bém são utilizados para a construção de vias e áreas de manobras para os veículos que
transportam e despejam o lixo urbano no aterro. Estes cobrimentos de vias e áreas de
manobra ficam incorporados aos aterros.
Empregando-se os RCC dentro dos aterros, os municípios economizam na aqui-
sição de agregados (areia e brita), o que a princípio faz dos RCC um material desejado
pelos gestores dos aterros. Contudo, os gestores não avaliam que a quantidade em ex-
cesso e o peso significativo dos RCC encurtam a vida útil dos aterros, trazendo a longo
prazo outros tipos de custos (procura de novas áreas para aterro mais afastadas dos lo-
cais de geração, implantação de instalações em novos aterros, aumento do custo de
transporte, entre outros).
21

CAPÍTULO III. ARCABOUÇO LEGAL E NORMATIVO

III.1. Legislação
LEITE (2003, p. 22) afirma que “as legislações ambientais envolvem diferentes
aspectos do ciclo de vida útil de um produto, desde a fabricação e o uso de matérias-
primas virgens até sua disposição final ou a dos produtos que o constituem. Dessa ma-
neira, essas legislações regulamentam a produção e o uso de matérias-primas virgens até
sua disposição final ou a dos produtos que o constituem”.
Atualmente no Brasil estão sendo elaborados, discutidos e colocados em vigor
novos mecanismos reguladores e econômicos em relação aos resíduos sólidos, que aper-
feiçoam os já existentes, incentivam as práticas econômica e ambientalmente sustentá-
veis, responsabilizam os geradores e punem as práticas abusivas.
Dentro destes novos mecanismos estão se firmando princípios de proteção am-
biental, tal como o de EPR (extended product responsability – responsabilidade esten-
dida do produto), através do qual “a cadeia industrial produtora ou o próprio produtor,
que de certa maneira agride o meio ambiente, deve se responsabilizar pelo seu produto
até a decisão correta do seu destino após seu uso original” (LEITE, 2003, p.22).
A principal legislação em relação aos RCC é a Resolução n° 307 do CONAMA,
que será apresentada a seguir.

III.1.1. A Resolução no 307 do CONAMA


A Resolução CONAMA no 307, de 05/07/2002, publicada no DOU (Diário
Oficial da União) em 17/07/2002, tem como objetivo “estabelecer diretrizes, critérios e
procedimentos para a gestão dos resíduos de construção civil, disciplinando as ações ne-
cessárias de forma a minimizar os impactos ambientais” (MME, 2002, p.1). As defini-
ções adotadas nesta resolução estão descritas no quadro III.1.
A classificação dos RCC, seguida na resolução (art. 3o), e as suas respectivas
destinações (art. 9o), conforme o mesmo documento, são apresentadas no quadro III.2.
O art. 4o da Resolução enfatiza que o objetivo principal dos geradores de RCC
deve ser a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reci-
clagem e a destinação final. Já o art. 5o especifica como instrumento para a implemen-
tação da gestão dos resíduos da construção civil o Plano Integrado de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil, realizado por Municípios e Distrito Federal, que será co-
22

mentado com maiores detalhes no item IV.2 deste trabalho, junto com outros artigos da
resolução.

Quadro III.1: Definições conforme Resolução no 307 do CONAMA

ITENS DEFINIÇÕES
Resíduos da Resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de
construção civil construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, (...),
comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.
Geradores Pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou
empreendimentos que gerem os resíduos definidos na resolução.
Transportadores São as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do transporte dos resíduos
entre as fontes geradores e as áreas de destinação.
Agregado Material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção, que apre-
reciclado senta características técnicas para a aplicação em obras de edificação, de infra-
estrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia.
Gerenciamento Sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo
de resíduos planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e
implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e
planos.
Reutilização Processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo.
Reciclagem Processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação.
Beneficiamento Ato de submeter um resíduos à operações e/ou processos que tenham por objetivo
dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados como matéria-prima ou
produto.
Aterro de resí- Área onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil
duos da constru- “Classe A” no solo, visando a preservação de materiais segregados de forma a
ção civil possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de
engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde
pública e ao meio ambiente.
Áreas de desti- Áreas destinadas ao beneficiamento ou à disposição final de resíduos.
nação de resí-
duos

FONTE: MME (2002, p.1 e 2)


23

Quadro III.2: Classificação e destinação dos RCC conforme Resolução no 307 do


CONAMA

Tipo de Definição Exemplos Destinações Obrigatórias


RCC
Classe A Resíduos reutilizáveis - RCC de pavimentação e de outras Reutilização ou reciclagem
ou recicláveis como obras de infra-estrutura, inclusive na forma de agregados, ou
agregados solos provenientes de terraplanagem; encaminhados a áreas de
- RCC de edificações: componentes aterro de resíduos sólidos da
cerâmicos, argamassa e concreto; construção civil, sendo dis-
- resíduos de processo de fabricação postos de modo a permitir a
e/ou demolição de peças pré-molda- sua utilização ou reciclagem
das em concreto, produzidas no can- futura.
teiro de obras.
Classe B Resíduos recicláveis - plásticos; Reutilização / reciclagem ou
para outras destina- - papel/papelão; encaminhamento a áreas de
ções - metais; armazenamento temporário,
- vidros; sendo dispostos de modo a
- madeiras e outros. permitir a sua utilização ou
reciclagem futura.
Classe C Resíduos para os - produtos oriundos do gesso. Armazenamento, transporte e
quais não foram de- destinação final conforme
senvolvidas tecnolo- normas técnicas específicas.
gias ou aplicações
economicamente
viáveis que permitam
a sua reciclagem /
recuperação
Classe D Resíduos perigosos Resíduos tais como: Armazenamento, transporte,
oriundos do processo - tintas, solventes e óleos; reutilização e destinação fi-
de construção, ou - RCC de clínicas radiológicas, insta- nal conforme normas técni-
aqueles contaminados lações industriais e outros. cas específicas.
oriundos de demoli-
ções, reformas e re-
paros de determina-
das instalações

FONTE: MME (2002)

III.2. Normas
III.2.1. Norma NBR 10.004
A norma NBR 10.004, de 1987, trata sobre a classificação dos resíduos sólidos.
Segundo esta norma, são várias as formas de classificação dos resíduos sólidos, como
por exemplo:
- Por sua natureza física: seco e molhado;
- Por sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica;
- Pelos riscos potenciais ao meio ambiente: perigosos, não inertes e inertes.
24

Outro tipo de classificação é feito em relação à origem, podendo os resíduos


serem classificados como domiciliar, comercial, varrição e feiras livres, serviços de
saúde e hospitalar, portos, aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários, industriais,
agrícolas e entulhos (IPT, 2000).
A classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade está apresentada a
seguir.

Quadro III.3: Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade

CATEGORIA CARACTERÍSTICAS
Classe I Apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente, caracterizando-
(Perigosos) se por possuir uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.
Classe II Podem ter propriedades como: combustibilidade, biodegradabilidade ou
(Não Inertes) solubilidade, porém, não se enquadram como Resíduo I ou III
Classe III Não tem constituinte algum solubilizado em concentração superior ao
(Inertes) padrão de potabilidade de águas

FONTE: ABNT, 1987 Apud: IPT, 2000, p.29.

Pela classificação quanto á periculosidade, como mostra o quadro III.3, conside-


ra-se os RCC como sendo materiais de categoria classe III, caso estejam livres de subs-
tâncias tóxicas.

III.2.2. Projetos de normas brasileiras para RCC

A ABNT, através ABNT/CB-02 Comitê Brasileiro de Construção Civil, está


elaborando as seguintes normas (ABNT, 2004):
- 02:130.05-002: Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção
Civil - Execução de camadas de pavimentação – Procedimento;
- 02:130.06-001: Resíduos Sólidos de Construção Civil e Resíduos Volumosos -
Áreas de Transbordo e Triagem - Diretrizes para Projeto, Implantação e Ope-
ração;
- 02:130.06-002: Resíduos Sólidos de Construção Civil e Resíduos Inertes–
Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação;
- 02:130.06-004: Resíduos Sólidos de Construção Civil - Áreas de Reciclagem -
Diretrizes para Projeto, Implantação e Operação.
25

III.2.3. Normas Resíduos Sólidos Inertes da COMLURB


A norma institucional “Resíduos Sólidos Inertes” da COMLURB (Companhia
Municipal de Limpeza Urbana) estabelece procedimentos para acondicionamento, cole-
ta, transporte e destinação final dos resíduos sólidos inertes gerados no Município do
Rio de Janeiro (COMLURB, 2002a).
Para esta norma, resíduos sólidos inertes são aqueles oriundos de obras de cons-
trução civil, renovação e demolição de imóveis. Nesta classificação também estão in-
cluídos os bens móveis inservíveis e os resíduos oriundos de poda de árvores (galhada)
e limpeza de jardins (folhagem).
A norma informa que “os serviços de coleta, transporte e destinação final são e-
xecutados diretamente pela COMLURB ou através de terceiros, mediante a contratação
entre as partes interessadas, caso em que o prestador do serviço (empresa ou coletor
transportador autônomo) deve ser credenciado pela COMLURB” (COMLURB, 2002a).
O pequeno gerador de resíduos sólidos inertes é definido na norma como o imó-
vel somente de uso residencial que gera até 150 sacos de RCC, com capacidade máxima
de 20 litros, ou até dois metros cúbicos de galhada e/ou folhagem, em um intervalo
mínimo de cinco dias. Este tipo de gerador pode entregar os resíduos até um dos locais
autorizados pela COMLURB, ou utilizar o Serviço de Remoção Gratuita, mediante
solicitação direta pelo (Tele-atendimento COMLURB tel. 2204-99996).
Já o grande gerador de resíduos sólidos inertes é definido como o imóvel resi-
dencial que gera quantidades de RCC, galhada e folhagem superiores aos limites do pe-
queno gerador. Adicionalmente inclui-se como grande gerador o imóvel não residen-
cial que produz qualquer quantidade de resíduos sólidos inertes.
Segundo a norma, “o grande gerador de resíduos sólidos inertes pode, a seu cri-
tério, efetuar o transporte dos resíduos por meios próprios, até um dos locais autoriza-
dos pela COMLURB, ou contratar prestadores de serviços de coleta, transporte e des-
tinação final, empresa ou coletor transportador autônomo, credenciado na COM-
LURB”.
Para a destinação final, a norma estabelece que (COMLURB, 2002a):
- O serviço de tele-atendimento da COMLURB divulgará de forma permanente
os locais autorizados para disposição de resíduos sólidos inertes;

6
Município do Rio de Janeiro.
26

- A disposição dos resíduos sólidos inertes em locais que não os previamente


determinados pela COMLURB, somente poderá ser realizada após autorização
específica da COMLURB;
- Áreas privadas, devidamente licenciadas pelos órgãos competentes7, poderão
ser utilizadas por prestador de serviços (de coleta, transporte e destinação fi-
nal) e por empresa ou coletor transportador autônomo como áreas para dispo-
sição final dos resíduos sólidos inertes.
Consultando o site da COMLURB (COMLURB, 2004b), verificou-se que os
transportadores de RCC são isentos de pagamento de taxas para depositar o RCC, para
quantidades até 18 t/dia (do mesmo gerador), quando dispostas em uma das seguintes
unidades:
- Aterro de Missões (km 0 da Rodovia Washington Luiz);
- Aterro de Gramacho (localizado no Município de Duque de Caxias);
- CTR Gericinó (Estr. do Gericinó s/nº - Bangu).
Para quantidades superiores a 18 t/dia, os transportadores deverão pagar taxa no
valor de R$10,00/t para dispor nos locais acima citados.
As seguintes infrações estão sujeitas à multas, com valores entre 1 a 100 UNIFs
(Unidade de Valor Fiscal do Município do Rio de Janeiro), sendo que elas poderão ser
aplicadas cumulativamente, quando houver a prática simultânea de dois ou mais atos
puníveis (COMLURB, 1990):
- Lançamento ou depósito de resíduos sólidos em logradouros públicos (Art. 44
–I);
- Lançamento de RCC em imóveis não edificados, públicos ou privados, bem
como em rios, canais, lagos e lagoas (Art. 44 – XVI);
- Disposição ou permissão de acúmulo de lixo a céu aberto, ou sob qualquer ou-
tra forma que prejudique o meio ambiente (Art. 44 – XIX).

7
COMLURB, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, FEEMA, entre outros.
27

Segundo INDICADORES (2002), a UNIF foi extinta em 1996 e o cálculo de va-


lores a serem pagos em UNIF para valores atuais pode ser feito ao se multiplicar o valor
em UNIF por 25,08 e depois pelo último valor da UFIR (Unidade de Referência Fis-
cal), também extinta (R$ 1,2130). Conforme o processo descrito, as multas da COM-
LURB por práticas puníveis variam de R$ 30,42 a R$ 3.042,20, podendo ser acu-
mulativas.
28

CAPÍTULO IV. GESTÃO DOS RCC EM ÁREAS URBANAS

IV.1. Gestão corretiva


Atividades de reformas e ampliações são geralmente construções informais, ile-
gais ou isentas de pedido de licenciamento, que representam pouco volume de serviços
e que geram isoladamente pequena quantidade de RCC. Porém, por serem freqüentes, a
soma das quantidades não significativas de RCC resulta em valores expressivos, que
não podem ser desconsiderados pelos municípios.
Quando um município não disponibiliza alternativas para a captação dos RCC
gerados nos serviços de construção e demolição de pequeno porte, as áreas livres vizi-
nhas aos locais destes serviços tornam-se vazadouro para estes resíduos.
Grande parte dos municípios brasileiros emprega ações corretivas em relação
aos RCC, somente agindo após o acontecimento das disposições ilegais, realizando
limpezas emergenciais dos locais atingidos. Essas ações, segundo PINTO (1999, p.45)
“quando rotineiras, têm significado sempre atuações em que os gestores se mantêm
como coadjuvantes dos problemas, confirmando, num ou noutro caso, uma prática que
pode ser denominada de Gestão Corretiva”.
Características peculiares de cada município influenciam na maior ou menor
ocorrência de disposições clandestinas de RCC: existência de política e de normas
municipais para os RCC, capacidade fiscalizadora, capacidade gerencial e operacional
da empresa de limpeza urbana, existência de áreas para entrega voluntária de RCC, dis-
tância entre os aterros sanitários ou aterros de inertes e os centros urbanos, altimetria
típica, densidade demográfica, entre outras.
O quadro IV.1 mostra o número de disposições clandestinas e as quantidades
removidas diariamente destes locais em alguns municípios brasileiros.
29

Quadro IV.1: RCC irregularmente disposto e removido pelos municípios

DISPOSIÇÕES CLANDESTINAS
MUNICÍPIOS N° de Total de RCC Total de RCC Ano do Custos com a
disposições removido removido levanta- remoção dos RCC
clandestinas (t/dia) (m³/mês) mento (10³ US$/t)
Rio de Janeiro (01) n.d. n.d. n.d. 2002 0,054
Salvador (02) 161 n.d. n.d. 2000 n.d.
São Paulo (03) n.d. 1.961 n.d. 2002 8,23
Ribeirão Preto (04) 170 110 2.387 1995 n.d.
S. J. Campos (05) 150 348 7.543 1995 n.d.
Piracicaba (06) 80 a 100 n.d. n.d. 2003 n.d.
Vinhedo n.d. n.d. n.d. - n.d.
Guarulhos n.d. n.d. n.d. - n.d.
Ribeirão Pires n.d. n.d. n.d. - n.d.
S. J. Rio Preto n.d. n.d. n.d. - n.d.
Belo Horizonte (07) 134 n.d. n.d. 2003 n.d.
Londrina (08) 40 n.d. n.d. 2003 n.d.
Brasília n.d. n.d. n.d. - n.d.
Macaé (09) 92 n.d. n.d. 1998 n.d.

n.d.: informação não disponível


FONTES: (01) COMLURB (2002c, p.1);
(02) CARNEIRO (2001, p.133);
(03) SCHNEIDER (2003, p.84) . Considerou-se o total de RCC coletado em 2002 dividido
por 365 dias;
(04) e (05): PINTO (1999, p.39 e 47)
(06) Dado coletado junto a EMDHAP em julho de 2003;
(07) Dado coletado junto a SLU em agosto de 2003;
(08) Dado coletado junto a Prefeitura de Londrina em agosto de 2003;
(09) DIDONET (2001, p.4)

IV.2. A Implantação da Resolução n° 307 do CONAMA


O art. 4° determina que, no prazo máximo de dezoito meses após a entrada em
vigor da resolução8, os RCC não poderão ser mais destinados para aterros de resíduos
domiciliares, áreas de “bota fora”, encostas, corpos d’água, lotes vazios e em áreas pro-
tegidas por legislação específica. Como a entrada em vigor da resolução foi em
02/01/2003, o prazo máximo fica fixado em 01/07/2004.
O art. 5 da Resolução do CONAMA especifica o Plano Integrado de Gerencia-
mento de Resíduos da Construção Civil como instrumento para a implementação da
gestão dos RCC. O Plano deverá incorporar:
- Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil; e
- Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

8
Referência ao artigo 13 da Resolução.
30

Uma peça fundamental para o programa é a elaboração de normas institucionais


pela empresa municipal encarregada pela limpeza urbana, tais como a norma da COM-
LURB9, que estabelece procedimentos para acondicionamento, coleta, transporte e des-
tinação final dos resíduos sólidos inertes, que é basicamente voltada para os RCC.
As normas devem definir os critérios técnicos de limpeza urbana local, englo-
bando as seguintes informações, entre outras:
- Quem são os pequenos e os grandes geradores (definição pelas quantidades de
geração, pela origem – residencial, comercial, industrial);
- Quais são os procedimentos e as responsabilidades para acondicionamento, co-
leta, transporte e destinação para os pequenos e os para grandes geradores;
- Quais os tipos de serviços municipais de limpeza urbana que estarão disponí-
veis para os pequenos e para os grandes geradores (tele-atendimento, coleta
domiciliar, áreas para recebimento, triagem e armazenamento temporário, ou
áreas para destinação final, tanto para pequenos volumes, quanto para grandes
volumes);
- Quais os critérios para o cadastramento de transportadores de RCC;
- Quais os tipos de práticas que serão considerados infrações (disposição de
RCC em logradouros públicos, rios, áreas não licenciadas, por exemplo);
- Quais os valores das multas a serem aplicadas para cada tipo de infração.
O Plano Integrado de Gerenciamento Municipal de RCC, além de incluir o Pro-
grama de Gerenciamento, deverá também conter as diversas ações a serem realizadas
pelo poder municipal para que as normas sejam efetivamente cumpridas pelos gerado-
res. As ações devem ser descritas, os prazos para suas conclusões estimados e as respon-
sabilidades por suas execuções estabelecidas.
Entre as ações do plano estão: treinamento de funcionários, preparação de equi-
pe fiscalizadora (ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes envol-
vidos), preparação, discussão, votação e publicação de legislação necessária (obrigato-
riedade do cumprimento de normas institucionais para RCC), estabelecimento de pro-
cessos de licenciamento para as áreas de beneficiamento e de disposição final de resí-
duos e proibição da disposição dos RCC em áreas não licenciadas).
Outro ponto a ser abrangido no plano é o incentivo à reinserção dos resíduos re-
utilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo, que será comentado no capítulo V.

9
Apresentada no item III.2.3.
31

Ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a sua se-


gregação deverão também estar incluídas no Plano de Gerenciamento de RCC, segundo
a resolução do CONAMA. As ações deverão atingir os geradores e os transportadores
através de meios como a mídia, distribuição de impressos, visitas a escolas, centros de
educação profissionalizantes e a canteiros de obras.
Contatos, palestras e treinamentos dos agentes envolvidos com RCC (sindicatos
de construção civil, associações de catadores, de carroceiros, de coletores de entulho,
por exemplo) aumentarão as chances de sucesso do plano.
Um item a ser incluído é a definição de áreas aptas para recebimento, triagem e
armazenamento temporário de pequenos volumes, que será comentado no item IV.3.1.
Segundo o art. 11 da resolução, os municípios e o Distrito Federal deveriam ter
elaborado, até janeiro de 2004, os seus Planos Integrados de Gerenciamento de RCC. O
prazo limite para a implantação dos planos é até julho de 2004.
A resolução do CONAMA estabelece ainda que os geradores não enquadrados
como geradores de pequenos volumes, conforme critérios técnicos do sistema de limpe-
za urbana local, deverão elaborar e implementar Projetos de Gerenciamento de RCC
próprios, especificando os procedimentos a serem executados para manejo e destinação
adequados dos RCC.
Os projetos deverão ser apreciados pelo poder público municipal, conforme as
exigências contidas no Plano de Gerenciamento de RCC de cada município e, conterá
basicamente as seguintes informações sobre os RCC gerados, que são: caracterização,
triagem, acondicionamento, transporte e destinação.

IV.3. Gestão sustentável de RCC


A gestão sustentável de RCC proposta pela resolução do CONAMA amplia os
tradicionais serviços de limpeza urbana, incluindo também ações de coleta, transporte,
reciclagem e destinação específicas para os RCC.
A gestão sustentável baseia-se em (PINTO, 1999):
- Formação de rede municipal de áreas para atração de RCC, diferenciadas para
pequenos e grandes geradores e coletores, com a finalidade de maximizar a
captação de RCC. A disposição de pequenos volumes de RCC é facilitada e
racionaliza-se o descarte dos grandes volumes;
- Reciclagem dos resíduos captados pela rede, em centrais de reciclagem para
RCC;
32

- Reintrodução dos materiais reciclados no ciclo produtivo, principalmente da


própria indústria da construção civil;
- Alteração de cultura e de práticas dos geradores e coletores, em relação à in-
tensidade de geração e à disposição dos RCC;
- Alteração de cultura e de práticas da gestão corretiva empregada pelos muni-
cípios.
A gestão sustentável favorece a preservação da paisagem e da qualidade de vida
nos ambientes urbanos. Além disso, a mesma beneficia o alcance de maior eficiência
dos serviços de limpeza urbana, pois os municípios passam a atuar preventivamente em
relação aos RCC, diminuindo as suas despesas com (PINTO, 1999):
- As ações corretivas de limpeza (coleta, transporte e destinação final) das áreas
diretamente afetadas (calçadas, logradouros públicos, encostas, rios, etc.) com
disposição clandestina de RCC;
- O aumento da freqüência dos serviços de manutenção e limpeza de redes de
drenagem, devido ao carreamento dos RCC;
- As ações emergenciais, no caso de inundações ou enchentes resultantes do
mau funcionamento da rede de drenagem (natural ou urbana);
- A recuperação ambiental de áreas degradadas por serem sorvedouros ilegais de
RCC e, algumas vezes, de resíduos industriais;
- Novas obras públicas, tais como obras para contenção de encostas e para dra-
gagem e canalização de rios, necessárias devido à disposição desordenada dos
RCC;
- Destinação final dos resíduos (menor quantidade de resíduos aterrados e au-
mento da vida útil dos aterros).
PINTO (1999) afirma que as diretrizes básicas da gestão sustentável dos RCC
são: a facilitação total da disposição dos RCC, a diferenciação integral dos resíduos só-
lidos captados e a alteração da destinação dos resíduos captados, através da reciclagem.

IV.3.1- Facilitação da disposição


Realizando-se um diagnóstico sobre a situação dos RCC em um município10, vi-
sualiza-se os funcionamentos formal e informal da disposição dos RCC nas diversas
áreas do município.

10
No item V.4 serão apresentadas perguntas que poderão auxiliar em diagnósticos.
33

Freqüentemente os locais com disposição clandestina constante situam-se dentro


de áreas do poder público ou em suas proximidades. Estas áreas podem estar reserva-
das para determinado propósito (como terrenos vazios para a construção de escolas, de
praças, de prédios para administração pública ou áreas de proteção ambiental) ou com
uso restrito devido às suas características (áreas não edificantes como margens de rios,
faixas de terrenos próximas a rodovias e viadutos e servidões).
Para definir a estratégia a ser adotada para a facilitação da disposição dos RCC,
deve-se considerar os seguintes aspectos (PINTO, 1999):
- Boa oferta de áreas públicas de pequeno e médio porte, onde poderão ser des-
cartados RCC. Estas áreas deverão se situar, se possível, nos locais com dis-
posição clandestina constante ou em suas proximidades;
- Direcionamento das pequenas áreas (cerca de 300 m²) para a recepção de pe-
quenos volumes de RCC e de resíduos sólidos não-domiciliares, não-sépticos e
não-industriais (tais como: podas de árvores e embalagens - alumínio, vidro,
papel) transportados em veículos particulares ou em veículos de agentes infor-
mais de coleta;
- Direcionamento das áreas de médio porte (entre 3.000 e 5000 m²) para a recep-
ção de volumes significativos somente de RCC, que são transportados por veí-
culos maiores. Estas áreas podem incluir centrais de reciclagem de RCC, re-
duzindo-se assim custos com transporte, ou servir como local para acumulação
e transbordo para a central de reciclagem, situada em outra região.

IV.3.2- Segregação na captação


A disponibilidade de áreas para captação de RCC permite a sua diferenciação de
outros tipos de resíduos urbanos, possibilitando outro destino a estes resíduos que não
seja em aterros.
Apesar desta diferenciação nas áreas de captação ser um passo avançado em re-
lação à reciclagem dos RCC no Brasil, o ideal seria que os RCC fossem segregados na
fonte (no local da geração). Porém, as dificuldades para a redução da geração de RCC
nos canteiros de obras estão comentadas no anexo II.

IV.3.3. Reciclagem para alteração da destinação


A gestão sustentável é consolidada através do beneficiamento dos RCC em
centrais de reciclagem, para onde fluem os volumes de RCC, tanto diretamente dos
34

grandes geradores e transportadores, quanto indiretamente os oriundos das áreas da rede


de atração direcionadas para pequenos volumes.
No próximo capítulo serão apresentadas maiores informações sobre reciclagem
de RCC.
35

CAPÍTULO V. RECICLAGEM DE RCC

V.1. Introdução
Pode-se considerar dois tipos básicos de reciclagem que são a reciclagem pri-
mária e a reciclagem secundária. A reciclagem primária acontece quando o resíduo é
reciclado dentro do mesmo processo do qual se originou. Por outro lado, a reciclagem
secundária acontece quando o resíduo é reciclado em um processo diferente daquele do
qual se originou (JOHN, 2001).
Apesar de comum em vários setores industriais, a prática de reciclagem prima-
ria nem sempre é possível, devido a restrições como características de materiais e de
processos de produção. Nestes casos, a reciclagem secundária pode ser uma boa al-
ternativa.

V.2. Reciclagem primária de RCC


No início dos anos 80 começou a ser implantando no Brasil o uso de pequenos
moinhos em obras de edificações. Através da moagem de resíduos menos resistentes,
tais como os provenientes de argamassas e alvenaria, estes equipamentos permitem a
reutilização destes resíduos durante a execução da obra, principalmente nos serviços de
revestimento de edificações. Devido ao seu pequeno porte, os moinhos podem ser trans-
portados e montados com relativa facilidade, o que favorece a prática da reciclagem nos
canteiros de obra.
O investimento necessário para a compra do moinho é de cerca de US$ 5.000,00
(IPT/ CEMPRE 2000, p.183). Pelas experiências obtidas, verifica-se que os resultados
do uso dos moinhos são bons, pois os resíduos são beneficiados e empregados no local
onde foram gerados, o que favorece a homogeneidade da composição dos reciclados e a
sua não-contaminação. Além disso, reduz-se tanto os custos das perdas nas atividades
de construção quanto os custos com gerenciamento de RCC.
GRIGOLI (2001), voltado principalmente para obras de edificações, apresenta
formas práticas de como se empregar na própria obra parte dos RCC gerados em seus
postos de trabalho, com ou sem beneficiamento (reciclando-os ou somente reutilizando-
os). Foram vinte os empregos pesquisados e aprovados, que são: assentamentos de ba-
tentes, assentamentos de esquadrias e/ou contramarco, enchimentos de rasgos de pare-
des, chumbamentos de tubulações elétricas e hidráulicas, assentamento de blocos cera-
micos, chumbamento de caixas elétricas, execução de embonecamento de tubulações,
36

remendo e emendas em alvenarias, enchimentos de rebocos internos, enchimentos de


caixões perdidos, enchimentos de degraus de escadaria, estrado sobre o solo para lança-
mento de contrapiso e passeio público, contrapiso e interiores de unidades habitacio-
nais, concretos de piso para abrigos de automóveis leves, drenos de floreiras, drenos de
visitas de hidrantes e drenos de fundo de poço de elevador, drenos de escoamento de
água de chuvas e drenos de pastios de estacionamento, aterramento de valetas junto ao
solo, estanqueamento, fundações de muros com pequenas cargas, vigas de concreto com
baixa solicitação e, pilares de concreto com baixa solicitação.

V.3. Reciclagem secundária de RCC


Como apresentado no capítulo anterior, uma gestão sustentável de RCC é con-
solidada através do beneficiamento destes resíduos em centrais de reciclagem, para on-
de fluem os volumes de RCC, tanto os de grandes geradores e transportadores, quanto
os oriundos das áreas da rede de atração direcionadas para pequenos volumes.
A primeira central de reciclagem do Brasil entrou em operação no ano de 1991
na cidade de São Paulo e, desde então, outras doze centrais foram instaladas. As cidades
que já possuem central de reciclagem de RCC são: São Paulo, Ribeirão Preto, São José
dos Campos, Piracicaba, Vinhedo, Guarulhos, Ribeirão Pires (todas estas no Estado de
São Paulo), Belo Horizonte (MG), Londrina (PR), Brasília (DF) e Macaé (PINTO,
2002)11. Devido à publicação da Resolução CONAMA este número deve aumentar em
breve.
Os municípios de São José do Rio Preto, Socorro e Campinas, todos no Estado
de São Paulo, preparam-se para implantar as suas centrais de reciclagem de RCC.
Para viabilizar a implantação da reciclagem municipal, dentro do contexto da
gestão sustentável, o município deve realizar inicialmente um diagnóstico da situação
atual dos RCC.

V.4. Diagnóstico
Parte das centrais de reciclagem de RCC existentes no Brasil resultou de planos
municipais de gerenciamento destes resíduos. Porém, algumas centrais foram adquiri-
das sem maiores preocupações com a realização de outras ações de promoção da reci-
clagem, o que inviabilizou, em alguns casos, a operação destas centrais.

11
Em Belo Horizonte e Brasília possuem duas centrais de reciclagem cada. Existe também uma central
pela iniciativa privada na cidade do Rio de Janeiro, porém ainda se encontra como um projeto-piloto.
37

Visando atender as exigências da Resolução n° 307 do CONAMA, procurando-


se implantar de forma satisfatória e viável o gerenciamento de RCC, os dirigentes muni-
cipais devem realizar inicialmente um diagnóstico da situação atual dos RCC, contendo:
- Caracterização dos resíduos;
- Estimativa das quantidades geradas e coletadas;
- Locais onde ocorrem as disposições clandestinas e suas quantidades;
- Levantamento das práticas comuns dos pequenos e grandes geradores e dos
transportadores;
- Custos da atual gestão corretiva;
- Localização das jazidas fornecedoras de agregados para o município e as quan-
tidades extraídas.
Após a realização deste diagnóstico inicial, pode-se iniciar um outro mais deta-
lhado, que irá embasar a análise de viabilidade das centrais de reciclagem de RCC. Este
diagnóstico mais detalhado deverá responder questões como (PINTO, 1997 Apud
IPT/CEMPRE, 2000, p. 186) (IPT/CEMPRE, 2000) (BRITO FILHO, 1999 Apud IPT/
CEMPRE, 2000, p.186):
- Existe um Plano Integrado de Gerenciamento de RCC, nos moldes da Resolu-
ção CONAMA, ou qualquer outro tipo de programa ou política municipal que
envolva os RCC?
- Segundo o Plano Integrado (ou programa e política existentes), quais são as
ações para minimizar as disposições ilegais? Estas ações já foram implemen-
tadas? Já existem resultados?
- Já existe sistema de coleta de resíduos a serem reciclados (atendimento domi-
ciliar e postos de entrega)?
- Já existe divulgação eficiente das ações de reciclagem do município e dos seus
benefícios? Já existe a cultura de reciclagem na população e o seu respectivo
engajamento?
- Quanto representará o volume de agregado reciclado na preservação das fontes
naturais de areia e pedra britada? Em quanto serão aliviados os aterros ofi-
ciais?
- Existem tentativas com sucesso ou não de reutilização ou reciclagem de RCC
na região na qual está localizado o município?
- Quais serão os produtos da central de reciclagem de RCC? Existe mercado para
estes produtos? Pode-se monetizar este mercado?
38

- Serão criadas ações no município que fomentem o consumo de agregados reci-


clado tanto pela iniciativa privada quanto pelo poder público? Como estas
ações afetariam o mercado de agregados reciclados?
- Quais serão/são os custos com as ações para facilitação da disposição e segre-
gação na captação? Estas ações asseguram/assegurarão o fluxo contínuo de
RCC para a central de reciclagem?
- Que tipos de instalações e equipamentos serão utilizados na central de recicla-
gem? Qual será a capacidade de reciclagem? Quais serão os custos com im-
plantação e operação desta central? Esta central será somente para RCC ou in-
cluíra reciclagem de outros materiais?
- Onde será instalada a central de reciclagem? A sua localização é tal, que os
custos com transportes serão os mínimos possíveis?
- Com as ações de reciclagem, quais serão os custos eliminados com limpeza
urbana? E quais serão as receitas provenientes da venda dos materiais recicla-
dos (substituição dos agregados convencionais)?
- Existem possibilidades de ações em parceria com a iniciativa privada ou com
administrações de outros municípios para o beneficiamento e consumo dos
materiais reciclados? E com o governo estadual ou federal?
- Quais são/serão os instrumentos de sustentação jurídica municipais para as ati-
vidades de reciclagem que serão implantadas?
- Já foi implantado dentro do município grupo de gerenciamento e fiscalização
específico para o Programa de Reciclagem de RCC?
Observando a quantidade de questões formuladas, verifica-se que a análise de
viabilidade de centrais de reciclagem de RCC e a formulação de um Plano de Geren-
ciamento Integrado de RCC não são tarefas simples.

V.5. Processo
O processo de beneficiamento dos RCC em centrais de reciclagem deve ser
simples, seguindo-se um fluxo de seleção dos materiais recicláveis e descontaminação,
trituração em equipamentos apropriados (com possível classificação) e expedição dos
agregados reciclados (IPT/ CEMPRE, 2000) (PINTO, 1999), conforme o seqüencia-
mento da figura V.1.
39

RECEBIMENTO DOS RCC DE


PEQUENOS E MÉDIOS GERADORES

SELEÇÃO DOS MATERIAIS


RECICLÁVEIS E DESCONTAMINAÇÃO

TRITURAÇÃO E
PENEIRAMENTO

AGREGADOS RECICLADOS

Figura V.1: Processo de reciclagem de RCC

A britagem ou a trituração é a etapa principal do beneficiamento dos RCC, da


qual resultam os agregados reciclados. Os RCC podem ser britados apenas uma vez ou
mais, dependendo das dimensões e granulometria desejadas para os agregados.
Segundo LIMA (1999, p.29), “as principais características dos reciclados que
são afetadas pelos procedimentos e equipamentos utilizados são: classificação e com-
posição, teor de impurezas, granulometria, forma e resistência dos grãos”.
As centrais de reciclagem deverão conter:
- imóvel para apoio administrativo;
- guarita no portão de acesso;
- portão e cercamento do terreno;
- áreas para circulação e manobra de veículos;
- estrutura de apoio do equipamento britador; e
- conjunto britador;
- áreas para estocagem para:
- material recebido (RCC bruto);
- material processado (agregado reciclado), com diferentes áreas para agre-
gados com composição e granulometria diferentes;
40

- materiais diversos que podem ser reciclados, como papel, metal e plásti-
cos, serão encaminhados a uma outra central de reciclagem, ou a outras
áreas dentro da própria central de reciclagem de RCC, caso as suas insta-
lações possuam também atividades de reciclagem destes materiais;
- resíduos diversos (orgânicos, industriais, perigosos, etc.), que serão enca-
minhados para outras destinações, principalmente aterros sanitários.
As centrais de reciclagem devem ser instaladas em terrenos com no mínimo
6.000 m² (LIMA; CHENNA, 2000). Ao chegarem nas centrais, os caminhões com RCC
devem ter suas cargas inspecionadas visualmente, somente sendo recebidos RCC de boa
qualidade, que não estejam misturados com plásticos, resíduos orgânicos, industriais, ou
outros materiais.
Após a descarga dos resíduos feita pelos caminhões na área de estocagem dos
RCC, os resíduos passam por uma nova inspeção visual para retirada manual de mate-
riais, principalmente ferragens, que não sejam componentes da fração mineral dos RCC.
Para diminuir a emissão de poeira no processo de britagem, o equipamento bri-
tador deverá possuir micro-aspersores de água. Barreiras vegetais posicionadas ao lon-
go do perímetro do terreno servem para a contenção do material particulado e proteção
acústica para os moradores vizinhos.

V.6. Equipamentos
Ao serem projetadas, as centrais de reciclagem de RCC podem apresentar dife-
rentes portes e complexidades dependendo, dentre outros parâmetros, das quantidades e
dos tipos de resíduos a serem beneficiados (entradas / input), como também das quan-
tidades e dos tipos de agregados reciclados a serem produzidos (saídas / output).
As entradas do processo serão dependentes da composição e do volume de ge-
ração de RCC no município. As saídas dependerão dos equipamentos das centrais e das
demandas da indústria da construção civil por diferentes tipos de agregados reciclados.
A maioria das centrais de reciclagem de RCC brasileiras é composta por insta-
lações simples, com equipamentos nacionais, oriundos do setor de mineração. Os equi-
pamentos são aplicados diretamente ou com adaptações no processo de reciclagem de
RCC, devendo ser basicamente os seguintes:
- alimentador (silo de recepção, tipo calha vibratória);
- britador;
- transportadores de correia;
41

- extrator de metais ferrosos (eletroímã);


- conjunto peneirador.
Entre os equipamentos de britagem, têm-se os britadores de impacto, os britado-
res de mandíbula e os moinhos de martelo.
A figura V.2 apresenta foto de entrada de conjunto britador de impacto.

Figura V.2: Central de Reciclagem em São Paulo/SP: Entrada do conjunto britador

No quadro V.1 encontram-se resumidas as vantagens e desvantagens dos tipos


de equipamentos de britagem.
42

Quadro V.1: Informações básicas sobre os equipamentos de britagem

Equipamentos funcionamento Vantagens desvantagens


de britagem
Britadores de Os resíduos são Processa peças de concreto Alto custo de manutenção, com subs-
impacto britados pelo cho-
e de madeira; tituição periódica dos martelos e das pla-
que contra marte-
Ótima redução das peças, cas de impactos.
los maciços e pla-
gerando bom percentual de
cas de impactos.finos;
Geração de grãos mais in-
tegros;
Baixa emissão de ruídos.
Britadores de Os resíduos são Menor custo de manuten- Empregados como britadores primários,
mandíbula esmagados. ção. pois geram alto percentual de graúdos;
Geração de grãos lamelares, que geral-
mente apresentam baixa qualidade;
Dificuldades na britagem de peças em
concreto armado e de pecas robustas de
madeira
Alta emissão de ruídos.
Moinhos de Os resíduos são Alta geração de finos. Empregados como britadores secunda-
martelo britados pelo cho- rios, acompanhados de britadores de
que contra marte- mandíbulas.
los maciços e pla-
cas de impactos.

FONTE: LIMA (1999)

Já o quadro V.2 apresenta características básicas sobre as centrais de reciclagem


de RCC operantes em municípios brasileiros. Por este quadro verifica-se que entre as
catorze centrais, nove têm britadores de impacto.
43

Quadro V.2: Centrais de reciclagem de RCC existentes no Brasil

Município Início Tipo de Capacidade Situação atual (11/2003)


atividade britador (t/h)
São Paulo / SP 1991 Impacto 100 Parada
Ribeirão Preto / SP 1996 Impacto 40 Parada
S.J. dos Campos/ SP 1996 Impacto 40 Desativada
Piracicaba / SP 1997 Mandíbulas 15 Opera continuamente com produção
média de 170 t/dia
Vinhedo / SP 2001 Mandíbulas 10 Opera continuamente com produção
média de 10 t/dia
Guarulhos / SP 2002 Impacto 15 Reiniciando as operações
Ribeirão Pires / SP 2002 Impacto 25 Opera continuamente com produção
média de 30 t/dia
S.J. do Rio Preto - Impacto 55 Em montagem
Belo Horizonte / 1995 Impacto 40 Opera continuamente com produção
MG - Estoril média de 210 t/dia
Belo Horizonte / 1996 Impacto 40 Opera continuamente com produção
MG- Pampulha média de 210 t/dia
Londrina / PR 1994 Moinho 15 Parada
Brasília / DF 2001 Impacto 40 Opera continuamente com produção
Aterro / Jóquei média de 100 t/dia
Brasília / DF 2001 Impacto 40 Desativada
Ceilândia
Macaé / RJ 2000 Moinho 8 Opera continuamente com produção
média de 32 t/dia

FONTES: Consultas junto a prefeituras e a empresas responsáveis pela operação das centrais.

No quadro V.3 estão descritas informações adicionais sobre as centrais existen-


tes, que incluem características dos equipamentos e máquinas, a existência ou não de
fábrica de blocos e as áreas dos terrenos, onde se localizam as centrais.
44

Quadro V.3: Informações adicionais sobre as centrais existentes

Município Características dos equipamentos e máquinas Fábrica Área do


de arte- terreno
fatos de (m²)
concreto
São Paulo / SP Britador de impacto, alimentador vibratório, calha metálica, Não 4.000
transportador de correia, eletroímã, quadro de comando e proteção
elétrico, peneira vibratória, geradores a diesel e conjunto
nebulizador.
Ribeirão Preto / SP Britador de impacto, alimentador vibratório, calha metálica, Não 15.000
transportador de correia, eletroímã, quadro de comando e proteção
elétrico, sistema de contenção de material particulado e sistema de
contenção de ruídos.
S.J. dos Campos/ Triturador de mandíbulas, alimentador vibratório, transportadores Não s.d.
SP de saída e de empilhamento, quadro de comando, transportador
magnético e conjunto de peneiras.
Piracicaba / SP Triturador de mandíbula, alimentador vibratório, transportadores de Sim 14.000
saída e de empilhamento, quadro de comando, transportador
magnético, nebulizador para poeira, conjunto de peneiras e
aspersores de água.
Vinhedo / SP Triturador de mandíbulas, alimentador vibratór io, transportador de Não 2.000
saída, transportador de empilhamento, quadro de comando,
transportador magnético, nebulizador para poeira e conjunto de
peneiras.
Guarulhos / SP Britador de impacto, alimentador vibratório, calha metálica, n.d. 5.000
transportador de correia, eletroímã, quadro de comando e proteção
elétrico e conjunto de peneiras.
Ribeirão Pires / SP Britador para trituração, cabine com painel de comando, silo de Não 1.400
2m³, correia transportadora giratória e peneiras.
S.J. do Rio Preto Britador de impacto, alimentador vibratório, calha metálica, Sim Ainda a
transportador de correia, eletroímã, quadro de comando e proteção definir
elétrico, sistema de contenção de material particulado e sistema de
contenção de ruídos.
Belo Horizonte / Britador de impacto, alimentador vibratório, calha metálica, Sim 6.00012
MG - Estoril transportador de correia, eletroímã, quadro de comando e proteção
elétrico, sistema de contenção de material particulado e sistema de
contenção de ruídos.
Belo Horizonte / Britador de impacto, alimentador vibratório, calha metálica, Sim 6.00013
MG- Pampulha transportador de correia, eletroímã, quadro de comando e proteção
elétrico, sistema de contenção de material particulado e sistema de
contenção de ruídos.
Londrina / PR Alimentador vibratório, britador de mandíbula, 2 correias Sim 174.000
transportadoras, silo, calha vibratória, moinho de martelo, peneira
rotativa, betoneira e 4 máquinas para confecção de blocos.
Brasília / DF - Alimentador vibratório, triturador de percussão, transportador de Não n.d.14
Aterro / Jóquei saída, transportador de empilhamento, quadro de comando,
eletroímã e conjunto de peneiras.
Brasília / DF - Alimentador vibratório, triturador de percussão, transportador de Não n.d.
Ceilândia saída, transportador de empilhamento, quadro de comando,
eletroímã e conjunto de peneiras.
Macaé / RJ Moinho, eletroímã, quadro de comando, correia transportadora, Sim n.d.
betoneira e mesa vibratória para a fabricação de pré-moldados.

12
Área mínima.
13
Área mínima.
14
n.d.: Informação não disponibilizada.
45

V.7. Composição gravimétrica dos RCC


Através da composição gravimétrica são definidos os percentuais da massa de
cada um dos materiais componentes dos resíduos sólidos. Desta análise da composição
são dependentes, por exemplo, o planejamento da limpeza urbana e a determinação de
sistemas mais eficientes de tratamento, disposição e reciclagem de resíduos sólidos
(CASTRO, 1996 Apud CARNEIRO; BRUM; SILVA, 2001, p.63).
A composição dos RCC é variável para cada município devido à influência de
fatores locais, tais como características geológicas e morfológicas, desenvolvimento tec-
nológico da indústria de construção civil, materiais de construção disponíveis, técnicas
de construção e de demolição predominantes, demanda por novas obras, nível das ativi-
dades sócio-econômicas e hábitos e costumes da comunidade.
Aspectos sazonais como estações do ano e o desenvolvimento de projetos espe-
ciais (obras de saneamento, construção ou ampliação de estradas, construção de metrô,
entre outros) também influem na composição dos RCC.
Nos quadros V.4, V.5 e V.6 estão apresentadas composições dos RCC em quatro
municípios brasileiros. A distribuição granulométrica dos RCC do Município do Rio de
Janeiro está disposta no quadro V.7.

Quadro V.4: Composição gravimétrica dos RCC nos municípios de


São Paulo (SP) e São Carlos (SP)

RESÍDUOS São Paulo (%) São Carlos (%)


Solo 33 -
Concreto 8 4
Argamassa 24 64
Material orgânico 1 -
Pedra - 1
Cerâmico 30 29
Outros 4 2

FONTE: IPT/CEMPRE, 2000, p.186.


46

Quadro V.5: Composição gravimétrica e peso específico dos RCC do


Município do Rio de Janeiro (RJ)

COMPONENTES %
Concreto 51,2
Pedra e Agregado 29,2
Cerâmico 13,7
Papel e Plástico 1,5
Metais 1,2
Gesso 1,7
Madeira 1,5
Total 100,0
Peso Específico (kg/l) 1,26

FONTE: COMLURB (2002f)

Quadro V.6: Composição gravimétrica dos RCC na Cidade de Salvador

COMPONENTES %
Concreto e Argamassa 53,0
Solo e Areia 22,0
Cerâmica Vermelha 9,0
Cerâmica Branca 5,0
Rochas Naturais 5,0
Plástico 4,0
Outros Materiais 2,0
Total 100,0

FONTE: LIMPURB, 1999 Apud CARNEIRO; BRUM; SILVA (2001 p.139).

Quadro V.7: Granulometria dos RCC do Município do Rio de Janeiro

PENEIRA / AMOSTRA % RETIDO


50 mm 33,1
25 mm 23,2
4,8 mm 22,5
Fundo 21,2
Total 100,0

FONTE: COMLURB (2000f)

Através das figuras V.3 e V.4 verifica-se a falta de homogeneidade da compo-


sição gravimétrica dos RCC.
47

Figura V.3: Caçamba com RCC em um Ecoponto (Município do Rio de Janeiro)

Figura V.4: Detalhe visual da composição dos RCC

Analisando as composições gravimétricas apresentadas, pode-se observar a dife-


rença entre os valores dos materiais componentes entre as cidades. Além disso, consta-
ta-se a existência de dois grandes grupos de materiais: o grupo dos resíduos à base de
cimento (concretos, argamassas e blocos de concreto) e o grupo dos resíduos cerâmicos
(telhas, manilhas, tijolos e azulejos).
48

No grupo dos materiais à base de cimento, verifica-se o predomínio das arga-


massas (composição básica: cimento e areia, resistência baixa) sobre os concretos (com-
posição básica: cimento, brita e areia, resistência alta).
Segundo IPT/ CEMPRE (2000, p. 187), as características do grupo dos materiais
à base de cimento são muito variáveis, sendo “os concretos (e alguns tipos de arga-
massa) os que normalmente têm maior resistência (com um valor teórico estimado de 20
MPa); enquanto que as argamassas (de revestimentos e assentamento de blocos, em
edificações) apresentam resistências baixas (valor teórico estimado de 5 MPa)”.
As características dos materiais cerâmicos podem ser também muito variáveis.
Por exemplo, um tijolo comum maciço pode ter resistência entre 3 e 6 MPa e, ladrilhos
cerâmicos podem ser de alta durabilidade, com resistência a ácidos e tensão de ruptura
elevada (IPT/ CEMPRE, 2000, p. 187).
Em comparação com os resíduos à base de cimento, os resíduos cerâmicos têm
geralmente resistências inferiores. Contudo, estes podem “apresentar, quando pulveri-
zados, propriedades interessantes de plasticidade e retenção de água, fatores importantes
para argamassas de revestimento e assentamento. Podem, com uma finura semelhante à
do cimento, ainda apresentar atividade pozolânica, o que poderia ser fator de redução de
consumo de cimento e/ou cal” (IPT/ CEMPRE, 2000, p. 187).
Segundo IPT/ CEMPRE (2000, p. 187), “as pozolanas são materiais silicosos ou
sílico-aluminosos que têm pouca ou nenhuma qualidade cimentante; porém, quando na
presença de umidade, reagem com o hidróxido de cálcio à temperatura normal, forman-
do produtos com capacidade cimentante. Comercialmente, existe o cimento pozolânico,
que consiste basicamente da mistura de cimento tradicional com pozolanas”.
Em relação ao quadro III.2 do item III.1.1 deste trabalho (Classificação e desti-
nação dos RCC conforme a Resolução CONAMA n° 307), pode-se agrupar as infor-
mações apresentadas nos quadros V.4, V.5 e V.6, encontrando-se o percentual por tipos
de RCC em quatro municípios, de acordo com a classificação do CONAMA, que está
ilustrada no quadro V.8. Desta forma, verifica-se que nos municípios pesquisados os
resíduos Classe A15 correspondem a cerca de 95% dos RCC.

15
Resíduos de pavimentação, obras de infra-estrutura, edificações (componentes cerâmicos, argamassa e
concreto) e demolição.
49

Quadro V.8: Percentual por tipos de RCC conforme classificação do CONAMA

TIPOS DE RCC MUNICÍPIOS (%)


SEGUNDO O São Paulo São Carlos Rio de Janeiro Salvador
CONAMA
CLASSE A 95,0 98,0 94,1 94,0
CLASSE B 1,0 - 4,2 4,0
CLASSE C - - 1,7 -
CLASSE D - - - -
OUTROS16 4,0 2,0 - 2,0

Os resíduos Classe B são compostos por materiais como plásticos, papel, pape-
lão, metais, vidro e madeiras. Estes resíduos, que provêm em grande parte de embala-
gens, devem ser separados para posterior reutilização ou reciclagem.
De acordo com o quadro V.8, os resíduos Classe C (basicamente gesso) ou Clas-
se D (resíduos perigosos) não possuem percentuais significativos nos municípios em
questão, contudo devem ter armazenamento, transporte, reutilização e destinação final
conforme normas técnicas específicas.

V.8. O uso de agregados reciclados


Ao se analisar os empregos dos agregados reciclados, deve-se considerar que em
geral a qualidade destes agregados é heterogênea e inferior aos agregados convencionais
(IPT/ CEMPRE, 2000). Para aumentar o potencial da reciclagem, deve-se garantir a ho-
mogeneidade da composição e a pureza (ou a não contaminação) dos materiais.
Basicamente as características mais importantes dos agregados reciclados são
- composição da mistura;
- resistência contra intempéries;
- tamanho e forma dos grãos;
- resistência de carga;
- permeabilidade;
- ausência de contaminação (por óleos ou substâncias diversas).
Quanto melhores forem estas características, melhor será a qualidade dos agre-
gados reciclados, podendo estes serem empregados até em peças estruturais. Para este

16
Os tipos de RCC definidos na Resolução CONAMA são as Classes A, B, C e D. A classificação
“Outros” foi incluída na tabela, pois baseando-se nas informações dos municípios em questão não foi
possível fazer a plena correspondência com a classificação do CONAMA.
50

fim, os agregados provenientes da demolição de peças de concreto são os mais adequa-


dos.
Mas, como no Brasil o beneficiamento dos RCC é em grande parte realizado pe-
los municípios em instalações simples e, como quase não acontece a separação dos resí-
duos na fonte (nos canteiros de obra, demolições e reformas), os agregados reciclados
não apresentam homogeneidade de suas características físico-químicas, dificultando o
seu emprego em concretos estruturais. Como conseqüência, os principais empregos dos
agregados reciclados no Brasil são simplificados, e consomem grandes quantidades de
materiais.
As aplicações mais usuais são:
- obras de pavimentação (pavimentação para tráfego leve, regularização e casca-
lhamento de ruas de terra e calçadas);
- construção de estradas (base e sub-base, guias e sarjetas);
- obras de urbanização e de instalações esportivas;
- obras de drenagem;
- contenção de encostas com sacaria de entulho-cimento; e
- obras de edificações (blocos de concreto de vedação, argamassas e contrapi-
sos).
Também nestas aplicações não estruturais, o agregado reciclado será empregado
conforme a sua maior ou menor qualidade. Nas estradas com tráfego intenso, por exem-
plo, deve-se empregar materiais beneficiados com melhores características. Já em estra-
das ou vias com pouco tráfego, obras de urbanização, lastro para fundações e aterros
simples se empregará materiais com menor qualidade.
As aplicações do agregado reciclado no Brasil ainda são restritas, pois aplica-
ções potenciais não foram pesquisadas com maior profundidade, trazendo dúvidas aos
profissionais de construção civil sobre as especificações técnicas para a produção e para
a aplicação do material. Empiricamente são utilizados traços com limitação do teor de
agregados reciclados, de forma a prevenir problemas, tais como retração por secagem e
alta absorção (LIMA, 1999).
Como já mencionado no item III.2, a primeira norma brasileira sobre emprego
do agregado reciclado (como base e sub-base) está em fase de publicação.
Com a publicação desta e de outras normas será garantida a qualidade dos pro-
dutos e fomentado o incremento do consumo de agregados reciclados.
51

Um aspecto também importante em relação à qualidade dos agregados recicla-


dos é a não existência no Brasil de organização que fiscalize a qualidade do agregado
reciclado e os seus empregos, como já acontece em alguns países, tal como na Alema-
nha (através do Bundesüberwachungs- und –zertizierungsverband Recycling-Baustoffe
e.v.) (KOHLER, 1997).

V.9. Aspectos relacionados com RCC em outros países


A figura V.5 apresenta o levantamento das quantidades de RCC gerada por habi-
tante anualmente em onze países europeus, segundo EEA (2002).

7000

6000

5000

4000
kg.hab/ano

3000

2000

1000

0
Dinamarca

Grécia

Irlanda

Espanha
Áustria

Bélgica

Finlândia

Alemanha

Itália

Holanda
Luxemburgo

1994 1995 1996 1997 1998 1999

FONTE: EEA (2002)

Figura V.5: Quantidades geradas de RCC por habitante em países europeus

Como se pode constatar pela figura V.5, as quantidades geradas de RCC per
capita variam significativamente entre os países relacionados. Segundo EEA (2002),
estas variações resultam em parte das diferenças culturais e econômicas existentes entre
os países. Também podem ser originadas das definições empregadas para RCC, o que
52

explicaria as grandes quantidades encontradas para a Áustria e a Alemanha que incluem


solo e pedras escavadas (movimentação de terra) em seus registros de RCC.
A figura V.6 ilustra os percentuais dos RCC, que foram reciclados, incinerados e
aterrados em oito países europeus. Constata-se que Dinamarca, Alemanha e Holanda
reciclam mais de 80% dos RCC gerados. Finlândia, Irlanda e Itália reciclam entre 30 e
50% dos RCC, enquanto Luxemburgo recicla apenas 10% (EEA, 2002).

100%

90%
80%

70%

60%
50%

40%

30%

20%
10%

0%
Alemanha 1996

Itália 1997

Holanda 1996
Áustria 1996

Dinamarca 1996

Finlândia 1997

Luxemburgo
Irlanda 1997

1997

Não especificado Aterrado Incinerado Reciclado

FONTE: EEA (2002)


Figura V.6: Tratamentos dos RCC

Segundo (COELHO; CHAVES, 1998 Apud IPT, 2000, p.183), ”na Europa, os
incentivos fiscais à reciclagem, mesmo indiretos, favorecem o surgimento de re-
ciclagem feita pelas próprias mineradoras, como, por exemplo, a Superfos, que
tem uma usina com três britadores, custo de cerca de US$ 1 milhão e é operada
por apenas três pessoas. O custo operacional é de US$ 2,00 a US$ 4,00 por to-
nelada do produto reciclado e o preço de venda é de cerca de US$ 9,00/t (corres-
pondendo, aproximadamente, a US$ 12,00 por m³)”.
53

EPA (1998) estimou em 136 milhões de toneladas a quantidade de RCC gerado


nos EUA no ano de 1996 em atividades de construção relacionadas com edificações
(excluindo obras de estradas, pontes e movimentação de terra). Outras estimativas para
o ano de 1996 foram:
- A geração per capita de 1,27 kg diariamente (464 kg ou 0,464 t, anualmente);
- 43% dos RCC foram gerados em construção de residências e 57% foram pro-
venientes de construções não-residenciais (indústrias, comércio, hospitais, en-
tre outros);
- Os serviços de demolição contribuíram com 48% da geração de RCC; as refor-
mas originaram 44% e os 8% restantes vieram de novas construções;
- 20 a 30% dos RCC de edificações eram reciclados;
- O destino mais freqüente dos RCC era a disposição em aterros, sendo que 35 a
45% era disposto em aterros de RCC; de 30 a 40% dos RCC era destinado
para aterros sanitários, aterros clandestinos ou dispostos no próprio canteiro de
obras.
INGALLS (2000) estima que os RCC nos EUA representam de 15 a 30% do to-
tal de resíduos sólidos enviados para aterros.
EPA (1998) apresenta também a estimativa da existência de 3.500 centrais de
reciclagem de RCC operando nos EUA. Os materiais com maior recuperação e benefi-
ciamento eram concreto, asfalto, metais e madeira.
Segundo HUANG (2002), os RCC correspondem a aproximadamente de 15 a
20% dos resíduos sólidos municipais de Taiwan. Em análise de viabilidade para a im-
plantação de centrais de reciclagem de RCC em Taiwan, HUANG (2002) afirmou que
dentro das condições pesquisadas (mercado, demanda, concorrência, tecnologia, entre
outras), a viabilidade das centrais não aconteceria sem subsídios governamentais.
54

CAPÍTULO VI: EXPERIÊNCIAS COM GESTÃO SUSTENTÁVEL


DE RCC
VI.1. Introdução
A seguir serão comentadas as situações de treze municípios brasileiros e do
Distrito Federal em relação à gestão sustentável de RCC. Em onze destes municípios e
em Brasília localizam-se as catorze centrais de reciclagem de RCC existentes (Belo
Horizonte e Brasília possuem duas centrais cada). Além de Brasília, os municípios es-
tudados são:
- Rio de Janeiro (RJ);
- Salvador (BA);
- São Paulo (SP);
- Ribeirão Preto (SP);
- São José dos Campos (SP);
- Piracicaba (SP);
- Vinhedo (SP);
- Guarulhos (SP);
- Ribeirão Pires (SP);
- São José do Rio Preto (SP);
- Belo Horizonte (BH);
- Londrina (PR);
- Macaé (RJ).
Estes municípios foram escolhidos para análise nesta pesquisa, pois aparente-
mente são os que apresentam maiores avanços em relação ao tema gestão de RCC.

VI.2. Rio de Janeiro / RJ


VI.2.1. Gestão municipal
No Município do Rio de Janeiro a COMLURB está implantando um projeto
chamado de Ecopontos, o qual tem como objetivo a criação de áreas de pequeno porte
para depósito voluntário de pequenos volumes de RCC, galhos de árvores, bens inser-
víveis, baterias e materiais como metal, papel e vidro.
Os resíduos são acondicionados separadamente, porém apenas as frações de me-
tal, papel e vidro são posteriormente recicladas por uma cooperativa de catadores. Os
outros resíduos, inclusive os RCC, são transportados para um dos aterros municipais e
55

lá aterrados17. Em março de 2004 estavam em operação 42 pontos de recepção (35 na


Zona Oeste e 7 na Zona Norte) (COMLURB, 2004a).
A figura VI.1 ilustra uma área de Ecoponto situada à margem de um canal. A
área tem instalações simples, o que reduz os custos de implantação de tais áreas. Na
mesma figura se observa a manobra de troca de caçamba estacionária através de cami-
nhão do tipo poliguindaste.

Figura VI.1: Vista frontal de uma área Ecoponto

Na figura VI.2 visualiza-se três caçambas localizadas dentro do Ecoponto. As


caçambas destinam-se à colocação separada de RCC e galhadas, porém verifica-se que
o rigor na separação não é observado.

17
As pilhas coletadas terão destinação especial.
56

Figura VI.2: As caçambas estacionárias no Ecoponto

Para o recebimento e separação de quantidades menores de materiais recicláveis,


tais como papel, alumínio e vidro, os Ecopontos têm áreas demarcadas com bags espe-
cíficos para cada material (figura VI.3).

Figura VI.3: Bags para quantidades menores de materiais

A comparação entre os custos operacionais destes Ecopontos e os das retiradas


de lixo depositado ilegalmente nas ruas (gestão corretiva) é muito favorável aos Eco-
57

pontos: “enquanto uma tonelada de lixo retirado das ruas custa R$ 150,00, o lixo reti-
rado dos Ecopontos custa apenas R$ 50,00 aos cofres públicos municipais” (COM-
LURB, 2002c, p.1).
No momento o projeto dos Ecopontos está mais adiantado nas Zonas Oeste e
Norte do município. Como o destino dos RCC é o aterro de Gramacho, a gestão sus-
tentável dos RCC ainda se encontra implantada apenas parcialmente no Município do
Rio de Janeiro.

VI.2.2. Exemplo de iniciativa privada na área de reciclagem de RCC


Foi implantada no bairro do Catumbi, no Município do Rio de Janeiro, central
de reciclagem de RCC por iniciativa privada, experiência que no Brasil pode se tornar
mais comum no ramo empresarial, como acontece em vários países do primeiro mundo.
A maioria das centrais brasileiras está localizada em terrenos amplos, com suas
operações produtivas ocorrendo a céu aberto. De forma diferente às outras centrais, a
central do Catumbi está em operação em um galpão fechado.
Fotos da central estão apresentadas nas figuras VI.4 e VI.5.

Figura VI.4: Equipamento de britagem composto por


britador primário (ao fundo) e britador secundário (primeiro plano)
58

Figura VI.5: Esteira levando material do britador primário


para o britador secundário

VI.3. Salvador / BA
Em 1997 os RCC representavam 35,5% (380.477 t) do total de resíduos sólidos
urbanos coletados em Salvador e havia 220 pontos de disposição clandestina distribuí-
dos por toda cidade. Os custos totais anuais com a coleta dos resíduos destes pontos fo-
ram estimados em cerca de US$ 6,3 milhões (US$ 16,65/t) (CARNEIRO; BRUM;
SILVA, 2001, p.127).
Com o intuito de melhorar os serviços de limpeza urbana e de reduzir os custos
com a gestão corretiva dos RCC, foi criado pelo município um grupo de trabalho inter-
institucional, para viabilizar a implantação do Projeto Gestão Diferenciada de Entulho
na cidade de Salvador.
Áreas em locais estratégicos do município foram selecionadas, com as denomi-
nações de Postos de Descarga de Entulho (PDE) e de Bases de Descarga de Entulho
(BDE). Alguns dos critérios considerados na seleção das áreas foram (CARNEIRO;
BRUM; SILVA, 2001):
- localização geográfica, evitando distâncias maiores que 15 km dos principais
centros de geração de RCC;
- boas condições de acesso e tráfego aos locais;
- adequação do empreendimento à região, sem causar prejuízos ao bem-estar e
à saúde dos moradores da população vizinha;
59

- poucas habitações vizinhas;


- locais com constante deposição clandestina de RCC;
- locais com possibilidade de aterramento.
Os PDE são direcionados para a recepção, reutilização ou transferência de RCC
de pequenos geradores ou coletores, com volumes de até 2m³. Já os BDE são grandes
áreas direcionadas para recepção, reutilização, reciclagem ou envio para destinação ade-
quada de RCC provenientes de grandes geradores ou coletores e dos PDE, sem limita-
ção de quantidade.
O projeto ainda está em fase de implantação. Em 2001 seis dos 22 PDE pre-
vistos já estavam em operação e três das cinco áreas previstas para BDE estavam em
processo de disponibilização.
Além da criação destas áreas, o projeto prevê remediação de passivos ambien-
tais, intensificação da fiscalização coibindo a prática da deposição clandestina, educação
ambiental e orientação à população usuária das áreas.
Os custos estimados com a implementação, operação e manutenção do projeto
de gestão diferenciada de RCC representam menos de 50% dos custos apurados da
Gestão Corretiva (CARNEIRO; BRUM; SILVA, 2001).
Apesar destes resultados, apenas parte das ações do projeto de gestão diferen-
ciada foi executada, devido à restrições de recursos. Estas restrições afetam principal-
mente as operações de reciclagem dos RCC e as de fabricação de componentes para a
construção civil. Sem as ações de reciclagem, os RCC estão ainda sendo dispostos em
aterros. A implantação destas ações tem custo estimado de cerca de US$ 258 mil (CAR-
NEIRO; BRUM; SILVA, 2001).
O aumento crescente da geração de RCC em Salvador (823 t/dia em 1996 para
2.746 t/dia em 2000) deve resultar em programas que incentivem a redução de RCC na
fonte (CARNEIRO; BRUM; SILVA, 2001).

VI.4. São Paulo / SP


SCHNEIDER (2003, p. 49) estimou para o Município de São Paulo a geração de
16.000 t/dia de RCC, o que resulta em cerca de 5,2 milhões de toneladas anuais. No
ano de 2001, 21% (1,1 milhões de toneladas) da quantidade gerada estimada de RCC foi
destinada para área pública (aterro de inertes).
60

SCNHEIDER (2003, p. 85) afirma que no Município de São Paulo “em 2002, a
remoção de 715.000 toneladas de RCC18 e sua disposição no aterro de Itaquera consu-
miram 22,7 milhões de Reais, cerca de 32,00 Reais por tonelada”.
Em novembro de 1991 foi montada a primeira central de reciclagem de RCC no
Brasil, com um investimento inicial de US$ 1.000.000,00. A central localizava-se em
uma área de 20.000 m² em Itatinga, Zona Sul de São Paulo. Com capacidade de 100 t/h,
era prevista a posterior instalação de uma fábrica de blocos.
A operação da central se mostrou permanentemente deficiente, não tendo alcan-
çado as metas previstas. Posteriormente, a central foi vítima de vandalismo, fato que in-
viabilizou ainda mais as operações da central (SCHNEIDER, 2004).
Após dez anos, a central foi reformada e, em 2001, transferida para a área de
aterro de inertes de Itaquera. No fim de 2002, a responsável pelo equipamento, a Secre-
taria das Sub-Prefeituras, transferiu-o para Secretaria de Serviços e Obras.
Durante 2001 e 2002 a central foi operada de forma contínua por empresa tercei-
rizada. Findo o contrato, o equipamento tem operado de forma intermitente, por funcio-
nários da prefeitura, com vários problemas, principalmente manutenção dos equipamen-
tos (SCHNEIDER, 2004).
Apesar de possuir central de reciclagem de RCC, São Paulo não tinha uma po-
lítica de gestão sustentável de RCC, com todas as suas diretrizes, como por exemplo,
rede de atração formada com áreas para atender os pequenos geradores.
Com o objetivo de mudar esta situação, estão acontecendo no município de São
Paulo ações conjuntas entre a Prefeitura, o SINDUSCON-SP e o SIRIESP para a elabo-
ração e implantação de uma política pública adequada para os RCC, que solucione os
problemas referentes a estes resíduos, além de criar novas oportunidades de negócios.
Segundo SEMINÁRIO RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (2003), no
município “uma política de Gestão Sustentável dos RCC foi iniciada com a discussão da
legislação sobre o tema e a relação entre os diversos atores envolvidos, no incentivo do
consumo dos agregados reciclados pelas subprefeituras para o cascalhamento de vias e
na criação de Áreas Privadas de Transbordo e Triagem de inertes (ATT), pela cobrança
do uso dos serviços dos transbordos públicos, e de uma rede de áreas públicas para a
recepção gratuita de pequenos volumes de entulho (os Ecopontos)”.

18
RCC de disposições clandestinas.
61

Alguns resultados das atividades para a melhoria da gestão de RCC no Municí-


pio de São Paulo são (SCHNEIDER, 2004):
- O aterro de Itaquera está com o fim da sua vida útil próximo. Sendo assim,
atualmente estão sendo licitados três aterros para RCC nas Regiões Sul,
Leste e Noroeste da cidade, seguindo as diretrizes da Resolução CONAMA
n° 307;
- A Central de Reciclagem de Itaquera será transferida para o Aterro da Zona
Sul, onde será disponibilizado transporte do agregado reciclado;
- Existem atualmente cinco processos de licenciamento em andamento de
grandes áreas para transbordo e triagem de RCC. Um ponto de entrega vo-
luntária de RCC (Ecoponto) já está em operação na Moóca e oito outros es-
tão em fase de implantação;
- Publicação de especificações e normas técnicas no Diário Oficial do Muni-
cípio, que são:
- para o uso de agregado reciclado em pavimentação (Especificação
PMSP/SP ETS 001/2002: Camadas de Reforço do Sub-leito, Sub-
base e Base Mista de Pavimento com Agregado Reciclado de RCC);
- critérios para projeto de ATTs (Norma para Áreas de Transbordo e
Triagem de Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos -
Critérios para Projeto, Implantação e Operação - versão consolidada
em 30/11/2002);
- projetos de aterros (Norma para Apresentação de Projetos de Aterros
de Resíduos da Construção Civil e de Resíduos Inertes - versão con-
solidada em 06/11/2002); e
- critérios para projeto, implantação e operação de aterros de RCC
(Norma para Aterros de Resíduos da Construção Civil e de Resíduos
Inertes - Critérios para Projeto, Implantação e Operação – versão
consolidada em 06/11/2002).
- Existência de preço público oficial para diversos serviços que podem ser rea-
lizados com agregado reciclado;
- Intensificação da fiscalização, através de ações conjuntas com a guarda civil
metropolitana e a Polícia Militar Ambiental contra bota-foras e transporta-
dores clandestinos.
As figuras VI.6, VI.7, VI.8 e VI.9 trazem fotos da central.
62

Figura VI.6: RCC que chega à central de reciclagem.

Figura VI.7: Central de Reciclagem de Itatinga: Geradores a esquerda e


equipamento de britagem a direita.
63

Figura VI.8: Armazenamento do agregado beneficiado e


carregamento de caminhão basculante.

Figura VI.9: Conjunto de peneiras e esteiras

VI.5. Ribeirão Preto / SP


A Cidade de Ribeirão Preto produz aproximadamente 900 toneladas de RCC por
dia e possui uma central de reciclagem de RCC, localizada em área próxima à Via
Norte. Porém, desde o final de 2001 as atividades da central estão paralisadas, pois par-
te dos equipamentos foi roubada (PMRP, 2003b).
A figura VI.10 apresenta foto da Central de Reciclagem de Ribeirão Preto.
64

FONTE: PMRP (2003a)

Figura VI.10: Central de Reciclagem de Ribeirão Preto

Os equipamentos já foram repostos e a produção será reiniciada após o término


da licitação para a segurança patrimonial da usina. Quando em operação, a central de
reciclagem de RCC chegou a beneficiar 20% da produção gerada, atendendo cerca de
30 caçambeiros (PMRP, 2003b).
A capacidade de 240 t/dia da central nunca foi atingida, não pela falta de escoa-
mento do material, mas sim, pela falta de legislação que obrigasse os caçambeiros a de-
positar entulhos na central (PMRP, 2003b).
O resultado da operação de beneficiamento da central de reciclagem era um
material de granulometria irregular, contudo, ideal para os fins destinados, que era na
sua totalidade utilizado pela própria prefeitura (Secretaria Municipal de Infraestrutura)
na manutenção de estradas rurais e vicinais, sem asfalto, pertencentes ao município
(aproximadamente 330 km).
Os preparativos para a implantação das exigências da Resolução do CONAMA
por enquanto não começaram em Ribeirão Preto. Para os pequenos produtores de RCC
não existem áreas de recepção ofertadas pelo município, sendo freqüente a ocorrência
de deposições clandestinas. Para a limpeza corretiva destes locais, o município dispõe
de uma pá-carregadeira e de três caminhões (PMRP, 2003b).
65

Os caçambeiros, que atendem aos médios e grandes produtores de RCC, utili-


zam aterros de inertes próprios.

VI.6. São José dos Campos / SP


A Central de Reciclagem de RCC de São José dos Campos foi inaugurada em
1997, e desativada no ano seguinte. Quando em operação, a central chegou a receber até
10 caminhões/dia, com um total aproximado de 60 toneladas diárias de RCC. O mate-
rial beneficiado foi empregado em sua grande parte em áreas rurais sem pavimentação
pertencentes ao município (ECONOCENTER, 2003).
Segundo o engenheiro responsável pela central, que trabalha na URBAM, órgão
municipal de limpeza urbana de São José dos Campos, proprietário das instalações, a
central foi desativada devido aos altos custos de produção e também ao fato que o equi-
pamento britador era obsoleto e que quebrava facilmente. No momento do contato com
o engenheiro (novembro de 2003) não existia perspectiva de reativar a central.
Em termos de redes de atração para pequenos produtores de RCC, o município
conta com oito pontos de recolhimento gratuito19, com entrega voluntária, chamados de
entulhódromos (PMSJC, 2003). Para quantidades significativas, os produtores ou os ca-
çambeiros devem se dirigir a terrenos particulares.

VI.7. Piracicaba / SP
O Município de Piracicaba está atualmente implantando as exigências da Reso-
lução CONAMA n° 307, tendo previsto em seu Plano Integrado de Gerenciamento de
RCC (chamando de projeto “Piracicaba Sempre Limpa”) 21 pequenos pontos de coleta
de RCC até final de 2004, estando três pontos já em funcionamento (dezembro de
2003). Também está prevista uma área para ser transbordo de RCC (PMP, 2003).
Estes pontos de coleta têm como objetivo evitar a disposição clandestina, que
acontece atualmente em 80 a 100 locais dentro do município (PMP, 2003a). A prefeitu-
ra recolhe os RCC e os leva para a sua central de reciclagem. Após chegada dos RCC
na central, eles passam por uma seleção prévia devido à mistura com outros materiais
(madeira, galhadas, entre outros) antes da entrada no processo de beneficiamento.
A central foi adquirida em 1997 pela EMDHAP (Empresa Municipal de Desen-
volvimento Habitacional de Piracicaba) e tem capacidade de produção de 170 toneladas

19
Três pontos encontram-se temporariamente fechados (dezembro de 2003).
66

diárias. Ela estava funcionando basicamente em caráter experimental, passando so-


mente em 2003 a ter incrementado o seu volume de produção. Porém, a central ainda
não está operando plenamente. A fábrica de blocos ainda está em montagem (PMP,
2003b).
A figura VI.11 apresenta foto da Central de Reciclagem de Piracicaba.

FONTE: PMP (2003a)

Figura VI.11: Central de reciclagem de Piracicaba

Como resultado do beneficiamento dos RCC, a Prefeitura de Piracicaba prio-


riza os agregados a granel que são aplicados em obras de pavimentação, inclusive para
tráfego pesado, com consistência tecnológica comprovada. Também é desejada a pro-
dução de artefatos, como blocos de concretos, guias, sarjetas, placas para pavimentação
e passeio público (PMP, 2003a).
Os materiais beneficiados estão sendo fornecidos provisoriamente a algumas se-
cretarias municipais, tais como a Secretaria Municipal de Obras (que utiliza material pa-
ra base e sub-base em pavimentação, regularização de ruas, calçadas, regularização de
estradas rurais e correção de canalizações rurais), SEMAE (regularização de valas para
tubulações) e SEDEMA (cobertura de lixões). As secretarias com o seu próprio trans-
porte retiram os materiais no local (PMP, 2003b).
67

VI.8. Vinhedo / SP
A Prefeitura de Vinhedo, cidade próxima a Campinas, instalou em 2001 a sua
central de reciclagem de RCC com capacidade de 10 toneladas por hora. A instalação
desta central foi fortemente motivada pelos altos custos de deposição no aterro de Paulí-
nea, cidade a 18 km de Vinhedo, que estão em torno de 120,00 R$/t, não incluindo cus-
tos com transporte (PMV, 2003).
Os materiais produzidos são cascalho de material cerâmico (proveniente do be-
neficiamento de tijolos, telhas, pisos e revestimentos) e agregados derivados de concre-
to, obtidos após a trituração de peças de concreto, tais como blocos, contrapiso e tubos.
O equipamento separa, por granulação, em um conjunto de peneiras, onde se obtém:
areia, pedrisco, pedra 1 e pedra 4.
Segundo o responsável pela operação da central, a produção média mensal gira
em torno de 200 a 250 toneladas, que é abaixo da sua capacidade, devido à contamina-
ção do RCC entregue na central e à pouca demanda pelos agregados reciclados, princi-
palmente os provenientes de material cerâmico. A destinação destes após a trituração
está por enquanto restrita à conservação de estrada de terra.
Freqüentemente, por estar com o pátio de estocagem de agregados reciclados
cheio, a central não pode receber os RCC do município.
Outro fator que influencia no volume de produção da central é o fato de possuir
somente uma pequena área para triagem, perdendo-se muito tempo na preparação do
material para ser triturado. Os RCC recebidos na central entram misturados com outros
materiais de construção.
O transporte para os clientes é feito pelos caminhões da prefeitura dentro do mu-
nicípio, dificilmente ultrapassando 15km (total ida mais volta). Este custo não é conta-
bilizado dentro da apropriação dos custos de produção da central feita pela prefeitura,
ficando como ação social e ambiental (PMV, 2003).
O principal cliente do cascalho é a própria Prefeitura, que emprega o material
em regularizações de vias municipais e pavimentação de calçadas. Já os agregados deri-
vados de concreto são empregados por firmas de engenharia locais para concretagem de
contra-piso e calçadas, mas não em estruturas com solicitações significativas.
Por enquanto não existem áreas de atração para entrega voluntária de pequenos
produtores de RCC dentro do município. Contudo, existe um serviço municipal de re-
colhimento domiciliar de bens volumosos e RCC.
68

Fotos da Central de Reciclagem de Vinhedo estão apresentadas nas figuras


VI.12, VI.13, VI.14, VI.15 e VI.16.

Figura VI.12: Esteira e material beneficiado

Figura VI.13: Silo com separadores


69

Figura VI.14: Silo e equipamento britador

Figura VI.15: Material proveniente da trituração de peças em concreto


70

Figura VI.16: Caçamba para deposição de resíduos metálicos


71

VI.9. Guarulhos / SP
A Prefeitura de Guarulhos, seguindo as exigências da Resolução CONAMA no
307, desenvolveu um “Plano para a Gestão Sustentável dos Resíduos Inertes na Cida-
de”. Quanto à destinação, o material será captado nos diversos Pontos de Entrega Vo-
luntária (PEV) distribuídos pela cidade e será encaminhado para uma área pertencente
ao município com 5.000 m², onde está localizada uma central de reciclagem de RCC
(PMG, 2003).
O plano prevê a instalação de 24 PEV distribuídos pela cidade, sendo que um
ponto já está funcionando, quatro estão em construção, seis em licitação e o restante ain-
da em projeto (PMG, 2003). Fotos deste primeiro PEV (PEV Macedo) encontram-se
nas figuras VI.17 e VI.18.
A central de reciclagem foi adquirida há quatro anos e pertence a PROGUARU,
empresa de economia mista. Contudo, durante grande parte destes anos a central ficou
parada por estar instalada em local não licenciado e devido a problemas com os equi-
pamentos (PMG, 2003).
Conforme o responsável pela operação da central, esta só começou realmente a
operar em outubro de 2003, produzindo 45 toneladas diárias de agregados. O objetivo é
alcançar a produção de 120 toneladas diárias (PMG, 2003).

FONTE: PMG (2003)


Figura VI.17: Totem do PEV Macedo
72

FONTE: PMG (2003)

Figura VI.18: Caçambas estacionárias para coleta de RCC situadas no PVE

Atualmente o único produto beneficiado é a brita corrida. Porém, planeja-se a


obtenção de agregados com diferentes granulometrias (pó de pedra, brita 1, brita 2, brita
3), além da execução de artefatos de concreto e de artefatos cerâmicos. Como emprego
dos produtos, pretende-se a pavimentação e correção de ruas de terra, construção de
passeios, escadarias e guias públicas.
Os consumidores dos produtos beneficiados são as secretarias do município e a
PROGUARU.
Em Guarulhos, os custos com coleta, transporte e disposição final de lixo co-
mum no aterro sanitário são R$ 107,04. Os custos com disposição de resíduos de manu-
tenção da cidade em aterro coletados e transportados por veículos públicos são R$ 46,88
(PMG, 2003).
Fotos da central de reciclagem de RCC estão apresentadas nas figuras VI.19 e
VI.20.
73

FONTE: PMG (2003)


Figura VI.19: Recicladora em funcionamento

FONTE: PMG (2003)

Figura VI.20: Esteira rolante com eletroímã (em montagem)


74

VI.10. Ribeirão Pires / SP


O Município de Ribeirão Pires está localizado em área ambientalmente prote-
gida, devido a sua localização em região de mananciais necessários para o abasteci-
mento da Região Metropolitana de São Paulo.
O município implantou, em 2002, a sua central de reciclagem de RCC com capa-
cidade nominal de beneficiamento de 25 t/dia.
Não existem áreas de atração de entrega voluntária de RCC no município. Os re-
síduos chegam na central através de caminhões da prefeitura, que recolhem RCC dis-
postos de forma irregular e de caçambeiros (pequenos e médios transportadores de
RCC) (PMETRP, 2003).
Apesar de estar abaixo de sua capacidade, devido a restrições ambientais, a cen-
tral produz apenas 520 t/mês (PMETRP, 2003).
Atualmente produz somente brita corrida que serve para o cascalhamento de ruas
e estradas vicinais não pavimentadas. Estão previstas possíveis utilizações em concreto
não estrutural, com agregado com granulometria equivalente a brita 1.
Todo o material está sendo utilizado pela própria prefeitura e o custo de produ-
ção gira em torno de R$ 17,98/t (PMETRP, 2003).
No município não é permitida a existência de aterros sanitários. A coleta de lixo
domiciliar e o seu transporte são executados por empresa particular, sendo o lixo trans-
portado para cidade vizinha e disposto em aterro particular. Estas operações custam ao
município R$ 96,00/t (PMETRP, 2003).

VI.11. São José do Rio Preto / SP


O Município de São José do Rio Preto possui catorze áreas planejadas para en-
trega voluntária de RCC, sendo que seis já estão operando.
A central de reciclagem de RCC já foi adquirida, porém devido a protestos da
vizinhança local, não se pôde instalar a central no terreno escolhido. Dois terrenos mu-
nicipais estão sendo avaliados como opção. Após a escolha definitiva de um deles será
providenciada a devida Licença de Instalação.
A capacidade nominal da central de processar resíduos de construção com a pré-
classificação será de 55 t/hora, totalizando 360 t/dia, considerando 6,5 horas de traba-
lhos diários. O início provável de produção é abril de 2004 (PMSJRP, 2003).
Os principais produtos a serem beneficiados são brita corrida e artefatos de con-
creto, que serão empregados pelo município em pavimentação (leito e subleito), reco-
75

brimento de estradas municipais não pavimentadas e calçamento de áreas públicas, blo-


cos de concreto, meio-fios, cobrimento de aterro, entre outros.
Inicialmente somente o município será o consumidor dos produtos, pois existem
várias possibilidades para o emprego destes materiais em obras públicas.
No município os custos de deposição de lixo comum no aterro sanitário são de
R$ 7,15/t. Os custos de coleta e transporte de lixo são de R$ 43,23/t (PMSJRP, 2003).

VI.12. Belo Horizonte / MG


Desde 1994 vem sendo implantado em Belo Horizonte um programa para pre-
venir as deposições clandestinas e promover a reciclagem de entulho, que tem como ob-
jetivo geral evitar os impactos ambientais resultantes da deposição indiscriminada dos
RCC na Cidade de Belo Horizonte (CHENNA, 2001).
O programa opera atualmente com uma rede de 22 unidades de recebimento de
pequenos volumes e duas estações de reciclagem (Estoril e Pampulha) (PMBH, 2003).
As unidades recebem até 2 m³ de resíduos inertes. Os RCC recicláveis são arma-
zenados em caçamba específica, que é posteriormente transportada para a estação de re-
ciclagem. Os outros resíduos são colocados em caçambas separadas e removidos para o
aterro sanitário.
Fotos das centrais de reciclagem estão dispostas nas figuras VI.21, VI.22 e
VI.23.
Também estão incluídas no programa ações para conscientização e envolvimen-
to da sociedade contra as deposições clandestinas e envolver os transportadores de RCC
nas práticas corretas de deposição.
As unidades são compostas por instalações simples, providas de terreno com á-
rea a partir de 300 m² (cercado, com ponto de água e de energia elétrica), guarita, ba-
nheiro e caçambas estacionárias para o armazenamento dos resíduos (CHENNA; LIMA,
2000).
76

FONTE: PMBH (2003)

Figura VI.21: Central de Reciclagem Estoril (vista panorâmica)

FONTE: PMBH (2003)

Figura VI.22: Central de Reciclagem Estoril (conjunto britador)


77

FONTE: PMBH (2003)


Figura VI.23: Central de Reciclagem Pampulha

O material beneficiado tem sido empregado principalmente pela própria Prefei-


tura, através da SLU (Superintendência de Limpeza Urbana), SUDECAP (Superinten-
dência de Desenvolvimento da Capital) e URBEL (Companhia Urbanizadora de Belo
Horizonte). Empresas de engenharia também têm adquirido o material.
Os principais empregos são em obras de reestruturação de vilas e conjuntos há-
bitacionais de baixa renda, em obras de manutenção de instalações de limpeza urbana,
em pavimentações e em outras obras públicas.
Somente entre novembro de 1995 a junho de 1999 foram beneficiados 104.400
m³ (2.372 m³ por mês) de RCC. Parte deste material reciclado foi empregado na execu-
ção de serviços, que correspondem a cerca de 100 km de vias pavimentadas, sendo os
seus custos 30% menores que os custos com pavimentos tradicionais (PINTO, 1999).20
Os RCC recicláveis, que devido à capacidade limitada das estações de recicla-
gem não podem ser beneficiados, são transportados para os bota-foras licenciados e para
aterro sanitário.
Segundo os responsáveis pelas centrais, os resultados do programa contra as de-
posições clandestinas e promoção da reciclagem de RCC em Belo Horizonte estão sem-

20
Nota de PINTO (1999 p.154): “Conforme apuração realizada pela SUDECAP”.
78

do bastante positivos. Além das duas existentes, o município pretende implantar mais
duas estações de reciclagem de RCC. A terceira central, a estação da BR-040, está com
a obra civil licitada e os equipamentos em processo de licitação (com edital publicado)
(PMBH, 2003).
Em relação à Resolução CONAMA n° 307, foi criada na SLU uma comissão
para adequação à resolução (PMBH, 2003).
Os serviços mais freqüentes de manutenção realizados nas duas centrais de re-
ciclagem são as trocas de: placas de impacto móveis, revestimentos internos, rolamen-
tos, borrachas de redução de ruído, roletes da correia transportadora e peças elétricas
(fusíveis e comandos) (PBH, 2003).

VI.13. Londrina / PR
Em 1994 foi inaugurada na cidade de Londrina a central de moagem de RCC, a
primeira do Estado do Paraná. A central tem capacidade de britagem de 70 a 80 t/dia de
RCC e foi adquirida pela Prefeitura Municipal de Londrina através da Autarquia
Municipal do Ambiente. Ela está instalada em uma antiga pedreira, com área de 174.00
m², localizada na Zona Sul da cidade (PML, 2003).
Estima-se que Londrina gera cerca de 1.280 toneladas diária de RCC21. No mu-
nicípio, os RCC resultantes de demolições e sobras de obras (tais como argamassas, al-
venarias, concreto não estrutural e materiais cerâmicos) correspondem a 65% do total
dos RCC produzidos. Os 35% restantes são compostos basicamente por frações de me-
tais e madeiras (PML, 2003).
A central possui fábrica de artefatos de concreto e iniciou sua produção com
mais de mil tijolos diariamente, destinados para a construção de casas populares.
Na época da inauguração havia quase quatro mil pontos de despejos clandestinos
de RCC detectados no município e, com a inauguração da central, a situação melhorou
significativamente (ECONOCENTER, 2003).
Durante vários anos chegaram em média à central cerca de 100 caminhões de
RCC por dia, o que representava 300 t/dia em média (ECONOCENTER, 2003).
Em julho de 2003 a central estava parada devido a problemas com o Ministério
Público, que embargou a utilização do aterro de inertes situado junto à central, e com is-
to afetou a operação desta. A central estava passando por processo de licitação para a

21
Informação fornecida pela SEMA.
79

sua concessão à iniciativa privada. A empresa ganhadora deveria aumentar a capacida-


de dos equipamentos a fim de quadruplicar a capacidade de produção (PML, 2003).
Os materiais obtidos após o processo de moagem dos RCC eram empregados
pela própria prefeitura em pavimentações e na confecção de artefatos de concreto não
estruturado, tais como: tijolos, pré-fabricados, tubos de concreto e bloquetes para cal-
çamento, entre outros.
Quando a central estava em funcionamento, as 80 toneladas diárias de agregados
beneficiados se distribuíam da seguinte maneira (quadro VI.1):

Quadro VI.1: Distribuição dos agregados beneficiados (PML, 2003)

MATERIAIS PERCENTUAL TONELADAS METROS


/DIA CÚBICOS/DIA
Areia 50% 40 29
Pedra média 10% 08 06
Pedra grande 35% 28 24
Pedrisco 05% 04 3,3

VI.14. Brasília / DF
Brasília possui duas centrais de reciclagem de RCC, que foram instaladas em
2001. Uma das unidades de tratamento de RCC está localizada no setor P-Sul de Cei-
lândia, ao lado das unidades de tratamento de lixo e de incineração. Esta unidade está
atualmente desativada. A outra unidade de reciclagem de RCC está localizada no Ater-
ro/Jóquei, estando em operação (NORTEC, 2003).
Estuda-se a transferência dos equipamentos de reciclagem da central paralisada
(central de Ceilândia) para a central do Aterro/Jóquei, aumentando assim a capacidade
de produção desta última central (GDF, 2003).
Os equipamentos de reciclagem pertencem a uma empresa privada, porém ao
final do contrato com esta empresa, a BELACAP será proprietária das benfeitorias e dos
equipamentos (NORTEC, 2003).
A central de Aterro/Jóquei está processando cinco caminhões de RCC por dia,
ou seja, 80 m³ por dia, com produção de 100 t de agregado reciclado diariamente (GDF,
2003).
O único produto obtido é “entulho picado” (brita corrida), que é empregado na
melhoria da pavimentação do próprio aterro, onde está situada a central. Certo volume
80

de material já foi empregado pelo DER de Brasília como sub-base de estradas (GDF,
2003).
As figuras VI.24, VI.25, VI.26 e VI.27 apresentam fotos da Central de Recicla-
gem de Brasília.

FONTE: NORTEC (2003)

Figura VI.24: Central de Reciclagem de Aterro/Jóquei

FONTE: NORTEC (2003)

Figura VI.25: Caminhão sendo carregado


81

FONTE: NORTEC (2003)

Figura VI.26: Conjunto britador em funcionamento

FONTE: NORTEC (2003)

Figura VI.27: Conjunto britador: Detalhe


82

VI.15. Macaé / RJ
Em 1998 foram identificados 92 pontos de deposição clandestina de RCC no
Município de Macaé (DIDONET, 2001). Procurando minimizar este número, a Prefei-
tura de Macaé implantou em 2000 uma central de reciclagem de RCC com uma capaci-
dade de produção de cerca de 32 toneladas diárias.
O processo de beneficiamento na central começa com a identificação dos tipos
de materiais que compõem os RCC que entram na central de reciclagem. Eles são iden-
tificados visualmente no veículo transportador (carroça ou caminhões poliguindastes),
ou então no pátio de seleção e separados em (DIDONET, 2001):
- Material tipo A: Material composto por peças de concreto armado, argamas-
sas de assentamento, blocos de concreto;
- Material tipo B: Material composto por RCC que tenham a predominância
de terra (cerca de 80% de terra e 20% de telhas, tijolos e cimento).
Após a trituração do material tipo A, o agregado resultante é empregado na fa-
bricação de meio fios, blocos e pavis. Já o agregado proveniente da trituração do mate-
rial tipo B é utilizado em sub-base, pavimentação e aterramento.
Toda a produção da instalação de reciclagem é empregada pela prefeitura na
urbanização de vias públicas (brita corrida, pavis e meio-fios) e na construção de casas
populares (bloco de alvenaria).
Os resíduos não reciclados na central (tais como: papelão, papel e plástico) são
destinados ao aterro sanitário. Entretanto, as frações de madeira e metal são separadas e
coletadas por empresas de reciclagem.
Os diferentes tipos de materiais são produzidos conforme a demanda do municí-
pio. A produção de pré-moldados é feita em um local abrigado (galpão amplo, com piso
e cobertura), com uso de uma betoneira mecânica e máquinas manuais com suas ferra-
mentas específicas (DIDONET, 2001). Não é feito controle de qualidade dos materiais
produzidos.
As figuras VI.28, VI.29, VI.30, VI.31, VI.32 e VI.33 trazem fotos da central de
reciclagem de Macaé.
83

Figura VI.28: Central de Reciclagem de Macaé: Vista panorâmica 1

Figura VI.29: Central de Reciclagem de Macaé: Vista panorâmica 2


84

Figura VI.30: Conjunto britador

Figura VI.31: Pilhas de RCC bruto misturado


85

Figura VI.32: Brita corrida

Figura VI.33: Blocos e pavis


86

VI.16. Diagnóstico das gestões de RCC praticadas nos municípios estudados


Introdução
Os contatos feitos com responsáveis pelas questões municipais dos RCC permi-
tiram a formulação de um diagnóstico sobre a situação atual de cada município pesqui-
sado em relação ao tema gestão de RCC. Este diagnóstico é apresentado a seguir.

Estado atual da implantação da Gestão Sustentável

Quadro VI.2: Estado atual da implantação de gestão sustentável de RCC


nos municípios estudados22

MUNICÍPIOS GESTÃO SUSTENTÁVEL DE RCC: DIRETRIZES23


Facilitação da Segrega- Alteração da destinação
disposição ção na Possui central de Caso tenha central,
captação reciclagem de esta central está
RCC? em operação?
Rio de Janeiro/RJ Parcialmente. Novos Parcial- Não -
pontos sendo implantados. mente
Salvador/BA Sim Sim Não -
São Paulo/SP Parcialmente. Novos Sim Sim Não
pontos sendo implantados
Ribeirão Preto/SP Não Não Sim Não
S. J. dos Campos/SP Parcialmente n.d. Sim Não
Piracicaba/SP Parcialmente Sim Sim Sim
Vinhedo/SP Parcialmente Sim Sim Sim
Guarulhos/SP Parcialmente. Novos Sim Sim Sim
pontos sendo implantados.
Ribeirão Pires/SP Parcialmente Parcial- Sim Sim
mente
S. J. do Rio Preto/SP Parcialmente Sim Em implantação -
Belo Horizonte/MG Sim Sim Sim Sim
Londrina/PR Não Não Sim Não
Brasília/DF n.d. n.d. Sim Uma central em
operação e outra
paralisada.
Macaé/RJ Não Não Sim Sim.

n.d. Informação não disponível.

22
Conforme informações obtidas dos responsáveis pela gestão de RCC em cada município pesquisado ou
conforme dados coletados durante visitas realizadas. Novembro de 2003.
23
Segundo PINTO (1999).
87

Pode-se verificar pelo quadro VI.2, segundo as informações fornecidas pelos


órgãos responsáveis, que o município que até final de 2003 tinha as três diretrizes da
gestão sustentável de RCC (facilitação da disposição, segregação na captação e
alteração da destinação) implantadas e operando plenamente era Belo Horizonte.
Os municípios de Piracicaba, Vinhedo, Guarulhos e Ribeirão Pires tinham pelo
menos uma das três diretrizes ainda em implantação ou operando de forma não adequa-
da. Contudo, estavam próximos de ter as diretrizes operando plenamente.
Os municípios restantes apesar de já terem elementos da gestão sustentável de
RCC, ainda estavam distantes de tê-la operando satisfatoriamente.

Estado atual dos municípios em relação à diretriz facilitação da disposição

Quadro VI.3: Estado atual dos municípios estudados em relação a


áreas de entrega voluntária de RCC24

MUNICÍPIOS ÁREAS DE ENTREGA VOLUNTÁRIA DE RCC


Rio de Janeiro 42 Ecopontos foram já implantados na cidade.
O objetivo é aumentar este número.
Salvador Seis dos 22 PDE (Postos de Descarga de Entulho) previstos já em operação.
São Paulo Projeto para instalação de 96 Ecopontos, além de ATTs.
Ribeirão Preto Não

São José dos Cinco pontos de recolhimento gratuito de entulho para pequenos produtores
Campos ou transportadores (Entulhódromos). Caçambeiros utilizam terrenos
particulares.
Piracicaba Atualmente implantadas três das 21 áreas previstas para recepção de RCC
de pequenos produtores.
Vinhedo Não
Guarulhos Programa para 24 pontos de PEV (Pontos de Entrega Voluntária) de RCC:
um em funcionamento, quatro em construção, seis em licitação e nove em
projeto.
Ribeirão Pires Não

São José do Rio Seis dos 14 pontos de coleta de RCC previstos já estão operando.
Preto
Belo Horizonte 22 Unidades de recebimento de pequenos volumes de RCC
Londrina Não
Brasília n.d.
Macaé Não

n.d. Informação não disponível.

24
Conforme informações obtidas dos responsáveis pela gestão de RCC em cada município pesquisado ou
conforme dados coletados durante visitas realizadas. Base: Novembro e dezembro de 2003.
88

Pelo quadro VI.3, pode-se observar que, segundo dados fornecidos pelos órgãos
responsáveis, Belo Horizonte e Rio de Janeiro eram os municípios que possuíam o
maior número de áreas de entrega voluntária de RCC operando.
Cabe salientar que a grande maioria das áreas instaladas no Rio de Janeiro está
localizada na Zona Oeste do município. Devido principalmente à falta de espaços ade-
quados na Zona Norte e Zona Sul, nestas regiões a coleta de RCC é feita gratuitamente
no domicílio por caminhão da empresa de limpeza urbana municipal, após pedido feito
por contato telefônico.
Os municípios de Salvador, São Paulo, São José dos Campos, Piracicaba, Guaru-
lhos e São José do Rio Preto já possuem áreas de entrega voluntária, porém ainda
devem implantar mais áreas para terem a gestão operando plenamente.

Centrais de Reciclagem: Informações sobre os produtos escoados


O quadro VI.4 traz várias informações sobre quantidades, clientes e empregos
dos materiais beneficiados nas centrais de reciclagem.
A coluna quantidade escoada refere-se à produção média dos últimos doze meses
de uma central. Se a central está paralisada, o valor apresentado indicará a média dos
últimos doze meses antes da paralisação.
Com exceção da central de Brasília (Aterro / Jóquei)25, os principais empregos
dos agregados beneficiados eram os de regularização de vias municipais sem pavimen-
tação, de base e sub-base para vias municipais a serem pavimentadas e pavimentação de
calçadas.
Empregos sem escala, com pouco consumo de agregado beneficiado e prova-
velmente demandando mão-de-obra intensiva, eram as produções de artefatos de con-
creto simples (principalmente blocos de vedação) feitas nas centrais de Belo Horizonte e
de Macaé.
Como o Rio de Janeiro e Salvador não possuíam central de reciclagem, estes
municípios não foram incluídos no quadro VI.4. Os RCC recolhidos nestas duas cidades
não estavam sendo reinseridos no ciclo produtivo, indo para aterros.
Segundo a COMLURB (2004), a cidade do Rio de Janeiro já estava cumprindo a
Resolução CONAMA, pois ao empregar todo o RCC coletado em aterros como camada

25
A central de Ceilândia não chegou a operar efetivamente, pois a sua localização inviabilizou os custos
de transporte até o local (NORTEC, 2003).
89

de cobrimento e como pavimentação de vias de acesso e manobras, estava deixando de


consumir agregados naturais que seriam empregados para estas finalidades.

Quadro VI.4: Produtos escoados: Quantidade, clientes e utilizações26

MUNICÍ- Principais Quantidades Principais Principais utilizações


PIOS produtos Escoadas clientes
São Paulo Brita corrida Antes da parada de produção: Prefeitura Regularização de vias municipais e
230 t/dia pavimentação de calçadas
Ribeirão Preto Brita corrida Antes da parada de produção: Prefeitura Regularização de estradas
80 t/dia municipais sem asfalto (cerca de
330 km) e ruas sem asfalto.
São José dos Brita corrida Antes da parada de produção: Prefeitura Regularizações em áreas rurais sem
Campos 60 t/dia pavimentação
Piracicaba Brita corrida e Média diária: Prefeitura Base e sub-base, regularização de
artefatos de Brita corrida: 140 t ruas e calçadas, estradas rurais,
concreto Blocos: 1.350 unidades regularização de valas e cobertura
de lixões.
Vinhedo Cascalho, Nos últimos 12 meses27: Areia Prefeitura e Regularização de vias municipais e
areia, pedrisco, 20 m³, pedrisco 15 m³, pedra 1 empresas pavimentação de calçadas.
brita 1 e 50 m³, pedra 4 60 m³, cascalho privadas
brita 4. 900 m³. Média mês: 90m²
Guarulhos Brita corrida n.d. Prefeitura Pavimentação e correção de ruas de
e a PRO- terra.
GUARU
Ribeirão Pires Brita 1, brita 3, n.d. Prefeitura Regularização de vias municipais e
pedrisco e pavimentação de calçadas
brita corrida
São José do Brita 1 e 2, 0 Prefeitura Base e sub-base, artefatos de com-
Rio Preto brita corrida e creto, cobrimento de aterro, reco-
artefatos de brimento de estradas municipais não
concreto pavimentadas e calçamento de áreas
públicas
Belo Brita corrida Média mensal: 4.880 t Prefeitura e Base e sub-base, conformações em
Horizonte – e artefatos de Média diária: 222 t firmas de obras de saneamento e pequena
Estoril concreto 28 engenharia parcela de artefatos de concreto não
estrutural.
Belo Brita corrida Média mensal: 4.880 t Prefeitura e Base e sub-base, conformações em
Horizonte – e artefatos de Média diária: 222 t firmas de obras de saneamento e pequena
Pampulha concreto 29 engenharia parcela de artefatos de concreto não
estrutural.
Londrina Areia, brita 1 e Antes da parada da produção: Prefeitura Confecção de artefatos de concreto
3 e, pedrisco 1.500 blocos/dia não estruturado (tijolos, pré-
fabricados e tubos de concreto)
Brasília - Brita corrida 100 t/dia n.d. Regularização de vias do aterro do
Aterro/ Jóquei Jóquei
Brasília - - - - -
Ceilândia
Macaé Blocos, pavis, Brita corrida: 32 t/dia Prefeitura Peças de pavimentação e material
meio-fios e Blocos: 950 un., pavis: 1.638 para sub-base, pavimentação e
brita corrida. un. e, meio-fio: 34 un. aterramento.

n.d. Informação não disponível.

26
Conforme informações obtidas dos responsáveis pela gestão de RCC em cada município pesquisado ou
conforme dados coletados durante visitas realizadas. Novembro de 2003.
27
Período de 01/07/2002 a 30/06/2003.
28
Artefatos de concreto: Produção experimental.
29
Artefatos de concreto: Produção experimental.
90

Excetuando-se as centrais de Belo Horizonte e Vinhedo, as outras centrais só


possuíam um único cliente: a própria prefeitura.
As centrais de Belo Horizonte e Vinhedo atendiam clientes externos, que eram
basicamente firmas de engenharia que trabalhavam com pavimentações. Contudo, a
quantidade escoada para estes clientes não era significativa. Quase toda a produção era
consumida pelas prefeituras.
Quando perguntados pelo mix de produção, a maioria dos gerentes informou que
as suas centrais tinha capacidade de disponibilizar diferentes produtos (brita corrida,
brita 1, brita 2, brita 3, entre outros). Porém, a principal saída era de brita corrida, que
era o produto mais fácil de ser obtido (passa somente por uma britagem e não é penei-
rado) e mais barato (consome menos energia e menos homens-horas).

Centrais de Reciclagem: Informações sobre as operações


O quadro VI.5 apresenta dados sobre as operações e outras características das
centrais. Pela coluna proprietário dos equipamentos, constata-se que todas as centrais
são municipais30.
Em cinco centrais, a operação era feita por empresas terceirizadas e, em outras
cinco, era feita por pessoal do próprio município. Em Vinhedo, a operação era realizada
por equipe mista, sendo uma parte com pessoal da prefeitura e outra com pessoal tercei-
rizado. Em Guarulhos, a operação era de empresa de economia mista. Em São José do
Rio Preto ainda não estava definido quem faria a operação e, em Brasília / Ceilândia,
nunca houve operação.
Deve-se ressaltar, conforme descrito no quadro VI.2, que das catorze centrais
listadas, cinco estavam paradas31 (São Paulo, Ribeirão Preto, São José dos Campos,
Londrina e Brasília / Ceilândia), uma em construção (São José do Rio Preto) e oito em
opera-ção (Piracicaba, Vinhedo, Guarulhos, Ribeirão Pires, Belo Horizonte, Brasília -
Aterro / Jóquei e Macaé), conforme dados dos órgãos responsáveis pela gestão dos
RCC.
O dimensionamento da equipe administrativa e de operação depende do porte e
da produção da central. Para as centrais existentes, deve-se contar basicamente com um
encarregado, um ou dois agentes administrativos, um funcionário para a recepção dos
RCC, um vigia, um operador da central de britagem, um operador de pá-carregadeira e

30
Com exceção da central de Guarulhos, que pertence à empresa de economia mista PROGUARU.
31
Base: Novembro e dezembro de 2003.
91

dois a seis operários para triagem e limpeza. Um técnico em manutenção deverá prestar
serviços periódicos nos equipamentos.
A maioria das centrais tinha Licença de Operação (L.O.) ou documento provi-
sório que permite os seus funcionamentos. Em São Paulo, somente em 2003, a
CETESB criou a obrigatoriedade de licença de operação para Centrais de Reciclagem
de RCC.
No Estado do Rio de Janeiro, empresários sentem grandes dificuldades para a
concessão de L.O. pela FEEMA, pois as regras para isto não são claras. Este fato, em
específico no Estado do Rio de Janeiro, desestimula a participação da iniciativa privada
na reciclagem de RCC.
Das centrais brasileiras pesquisadas não se obteve informações sobre possíveis
impactos ambientais negativos que tivessem sido causados pela reciclagem. Contudo, a
observação destes impactos está presente na literatura estrangeira sobre este tipo de
instalações na Europa, Estados Unidos e Japão, pois estes países estão mais propensos a
beneficiarem RCC contaminado.
Isto acontece mais com as frações de solos impregnadas com produtos químicos
em concentrações perigosas, que muitas vezes se originam de antigos passivos ambien-
tais de suas indústrias. Estes produtos podem poluir direta ou indiretamente o ar, o solo
ou os recursos hídricos em sua vizinhança.
No Brasil os principais impactos ambientais negativos causados pelas centrais de
reciclagem de RCC, observando as características dos RCC brasileiros, seriam emissão
de poeira mineral inerte, emissão de ruído e aumento de tráfego na vizinhança. Os dois
primeiros impactos podem ser compensados através de plantio de árvores de grande
porte no perímetro do terreno, umidificação dos RCC antes do início do beneficia-
mento, entre outras ações.
O aumento do tráfego seria menos observado se a central se localizasse em área
industrial, que geralmente é longe do centro do município, o que aumenta os custos com
transporte. A localização das centrais e de outras instalações industriais depende
fortemente do zoneamento urbano particular a cada município.
92

Quadro VI.5: Características da operação das centrais de reciclagem de RCC


nos municípios32

Município Proprietário dos Operação Equipe (fixa) Licença de


equipamentos operação (LO)
São Paulo Prefeitura Terceirizado
01 encarregado, um operador de britagem, dois Não33
(SSO) (em auxiliares de operação, dois operadores de pá-
licitação)
carregadeira, oito selecionadores e um técnico
em manutenção (25% do tempo).
Ribeirão Preto Prefeitura Municipal 01 encarregado, 01 faxineiro, 04 vigias, 02 ope- Não34
(DAERP) radores e 07 braçais (separadores e marroeiros).
São José dos Prefeitura Municipal 01 encarregado, 01 operador central de britagem, Sim
Campos (URBAM) 03 ajudantes, 01 operador de pá carregadeira, 01
motorista de caminhão e 01 vigia.
Piracicaba Prefeitura Terceirizado Usina: 01 gerente, 01 operador de máquinas e 02 Sim
(EMDHAP) ajudantes;
Fábrica de blocos: 01 operador e 05 ajudantes.
Vinhedo Prefeitura Municipal e 01 gerente, 03 agentes administrativos, 01 opera- Sim
(SPMA) terceirizado dor máquinas, 01 operador pá carregadeira e
01 operário.
Guarulhos Empresa de PROGUA- 01 gerente, 02 operadores e 04 ajudantes para Sim
economia mista RU triagem.
(PROGUARU)
Ribeirão Pires Prefeitura Municipal 01 encarregado, 05 agentes de serviços gerais e n.d.
(SOSM) 03 vigilantes.
São José do Prefeitura Ainda não 01 encarregado geral, 02 operacionais para a Sim
Rio Preto (SAMURB) definido guarita, 01 operador de pá carregadeira, 01 ope-
rador de britagem, 05 operacionais para triagem
dos resíduos tipos 1 e 2 e 03 operacionais para
serviços gerais.
Belo Horizonte Prefeitura Municipal 01 encarregado, 01 escriturário, 06 operários pa- Sim
– Estoril (SLU) ra triagem, 01 funcionário recepção, 02 operá-
rios para fábrica de pré-moldados, 01 jardineiro,
e 01 vigia.
Belo Horizonte Prefeitura Municipal 01 encarregado, 01 escriturário, Sim
– Pampulha (SLU) 06 operários para triagem, 01 funcionário
recepção, 02 operários para fábrica de pré-
moldados, 01 jardineiro e 01 vigia.
Londrina / PR Prefeitura Terceirizado 01 funcionário fiscal, 01 agente administrativo, Possui carta
(SEMA) (em 01 operador máquina motriz, 04 operador frente de anuência
licitação) de trabalho e 01 vigia. do IAP para as
instalações
existentes.
Brasília - Distrito Federal Terceirizado 01 encarregado, 01 operador pá carregadeira, 01 Em processo
Aterro/ Jóquei (BELACAP) operador central de britagem, 01 mecânico e 05 de
ajudantes. licenciamento
Brasília - Distrito Federal - - Em processo
Ceilândia (BELACAP) de
licenciamento.
Macaé Prefeitura Terceirizado 01 responsável pela usina, 01 encarregado, 04 Sim
(SMMA) operadores de máquina/equipamentos, 01
operador de central de britagem e 02 vigias.

32
Conforme informações obtidas dos responsáveis pela gestão de RCC em cada município pesquisado ou
conforme dados coletados durante visitas realizadas. Novembro de 2003.
33
Não foi necessária, pois a central está localizada dentro da área do aterro de inertes.
34
Na época da implantação e operação da central não houve exigências de L.O. pela CETESB.
93

As informações contidas no quadro VI.6 permitem que se avalie as centrais pelo


seu tempo de operação em relação a idade dos equipamentos35.

Quadro VI.6: Idade dos equipamentos e tempo de operação das centrais36

MUNICÍPIOS INÍCIO IDADE DOS TEMPO DE T/I ESTADO ATUAL


DAS EQUIPAMEN- OPERAÇÃO
ATIVI- TOS (ANOS) (ANOS)
DADES I T
São Paulo/SP 1991 13 7 0,54 Parada37
Ribeirão Preto /SP 1996 8 6 0,75 Parada
S. J. Campos / SP 1996 8 1 0,13 Desativada
Piracicaba / SP 1997 7 1 0,14 Opera continuamente com
produção média de 170 t/dia
Vinhedo / SP 2001 3 3 1 Opera continuamente com
produção média de 10 t/dia
Guarulhos / SP 1999 5 0,25 0,05 Reiniciando as operações
Ribeirão Pires /SP 2002 2 1 0,5 Opera continuamente com
produção média de 30 t/dia
S.J. Rio Preto /SP 2004 - 0 - Em montagem
Belo Horizonte / 1995 9 9 1 Opera continuamente com
MG – Estoril produção média de 210 t/dia
Belo Horizonte / 1996 8 8 1 Opera continuamente com
MG - Pampulha produção média de 210 t/dia
Londrina / PR 1994 10 n.d. n.d. Parada
Brasília / DF – 2001 3 3 1 Opera continuamente com
Aterro/ Jóquei produção média de 100 t/dia
Brasília / DF – 2001 3 0 - Desativada
Ceilândia
Macaé / RJ 2000 4 4 1 Opera continuamente com
produção média de 32 t/dia

n.d. Informação não disponível.

Algumas das centrais estão ou estiveram paradas durante algum tempo (sema-
nas, meses ou anos) devido a diferentes razões, tais como mudança na política de reci-
clagem dos municípios, cortes nos orçamentos municipais, roubo ou vandalismo das
instalações e problemas com a vizinhança.
O tempo de operação é a idade da central, descontando-se longos períodos de
paralisação (acima de trinta dias).

35
Os equipamentos foram adquiridos novos.
36
Conforme informações obtidas dos responsáveis pela gestão de RCC em cada município pesquisado ou
conforme dados coletados durante visitas realizadas. Novembro de 2003.
37
A central opera de forma intermitente, não tendo o suporte de um contrato para garantir manutenção e
mão-de-obra extra. Sendo assim, considerou-se o estado da central em novembro de 2003 como pa-
rado.
94

Pela coluna T / I comprova-se que as centrais que vêm operando de forma con-
tínua desde o início são as centrais com valor igual a um, que são as centrais de Vinhe-
do, Belo Horizonte / Estoril, Belo Horizonte/Pampulha e Macaé.
As centrais que ficaram mais ociosas são aquelas com os valores mais próximos
a zero, que são Guarulhos, São José dos Campos e Piracicaba. Conforme informações
de seus dirigentes, Guarulhos e Piracicaba irão tentar recuperar o tempo ocioso, implan-
tando políticas agressivas para a gestão sustentável de RCC.
Pelas poucas informações disponíveis, aparentemente a central de Brasília / Cei-
lândia não entrou efetivamente em operação nos seus três anos de existência.
A coluna refugos (%) do quadro VI.7 é a razão entre a quantidade de resíduos
que entra na central de reciclagem de RCC, porém que não pode ser beneficiada ali38, e
a quantidade total de RCC que entrou na central.
Pode-se observar que é significativa a dispersão dos valores dos refugos, que
variam entre 3 e 50 %. Deve-se atentar para o fato de que quanto maior a mistura do
RCC com frações não minerais inertes, menor será a viabilidade econômica de sua
reciclagem, já que:
- existirá um maior consumo de mão-de-obra para fazer a seleção manual do
material que entrará nos equipamentos de britagem;
- maior será a probabilidade de que o material beneficiado apresente impurezas,
prejudicando a sua qualidade;
- existirão gastos com transporte e destinação destes refugos para aterros, entre
outros aspectos.

38
Ou que no atual “estado da arte”, o seu reuso ou a sua reciclagem não é viável econômica ou tecnica-
mente, tendo então como destino os aterros sanitários.
95

Quadro VI.7: As centrais e os percentuais de refugos

MUNICÍPIOS REFUGOS (%) FONTE


São Paulo 30 NORTEC (2003)
Ribeirão Preto n.d. -
São José dos Campos 50 URBAM (2003)
Piracicaba n.d. -
39
Vinhedo 10 SPMA (2003)
Guarulhos 3 DSPU (2003)
Ribeirão Pires 40 SOSM (2003)
São José do Rio Preto 9 SAMURB (2003)
Belo Horizonte - Estoril 15 SLU (2001)
Belo Horizonte – Pampulha 15 SLU (2001)
Londrina 10 SEMA (2003)
Brasília - Aterro/ Jóquei n.d. -
Brasília - Ceilândia - -
Macaé 20 LIMPATEC (2003)

n.d. Informação não disponível.

39
Possui, dentro da central de reciclagem, cooperativa de catadores que reciclam outros materiais (PET,
latas, entre outros).
96

CAPÍTULO VII. LOGÍSTICA REVERSA


VII.1. Canais de distribuição
Segundo LEITE (2003, p.4), canais de distribuição diretos, ou simplesmente,
canais de distribuição40, “são constituídos pelas diversas etapas pelas quais os bens pro-
duzidos são comercializados até chegar ao consumidor final, seja uma empresa ou uma
pessoa física. A distribuição física dos bens é a atividade que realiza a movimentação e
disponibiliza esses produtos ao consumidor final”.
Já canais de distribuição reversos41 podem ser definidos, segundo LEITE (2003,
p.4), como as etapas, as formas e os meios pelos quais os bens produzidos, ou partes de-
les, “com pouco uso após a venda, com ciclo de vida útil ampliado ou após extinta a sua
vida útil, retorna ao ciclo produtivo (...), readquirindo valor em mercados secundários
pelo reuso ou pela reciclagem de seus materiais constituintes”. Caso não exista inte-
resse, ou caso não seja técnica ou economicamente viável o retorno destes materiais ao
ciclo produtivo, tem-se então opções de destinação final, tais como os aterros sanitários,
os lixões e a incineração com recuperação energética.
A figura VII.1 ilustra os canais de distribuição diretos e os reversos, sendo os di-
retos caracterizados por fluxos de materiais virgens ou primários em direção a mercados
denominados primários, através de atacadistas ou distribuidores. Redes varejistas e
consumidores finais compõem os mercados primários.
Também na figura VII.1 constata-se que os canais de distribuição reversos são
baseados em fluxos de materiais secundários, que são materiais provenientes do descar-
te dos produtos, ou parte destes, após concluída a sua utilidade original.
Vários estudos já foram realizados sobre os canais de distribuição diretos, devi-
do tanto às oportunidades de racionalização dos custos envolvidos, quanto pela diferen-
ciação dos serviços ofertados pelas empresas. Contudo, comprova-se que pouco inte-
resse tem sido despertado pelos canais de distribuição reversos, ao se comparar os
desenvolvimentos destes com aqueles alcançados pelos canais diretos.
Isto se deve principalmente ao fato que, mais notadamente nos países em
desenvolvimento, os canais reversos têm importância econômica inferior à dos canais
diretos. Geralmente as quantidades negociadas nos canais reversos são bem menores
daquelas dos canais diretos dos bens produzidos, com algumas exceções tais como o

40
Supply Chain.
41
Reverse Supply Chain.
97

caso das latas de alumínio. Além disso, os valores dos materiais ou bens de pós-consu-
mo são baixos se comparados aos dos bens originais.

Fluxos

Mercado Reversos Diretos Reversos Mercado


secundário secundário

Reciclagem
Retorno Mercado
primário Desmanche

Reuso

Pós-venda Pós-consumo Disposição


final

Figura VII.1: Canais de distribuição diretos e reversos (LEITE, 2003, p. 5)

Deve-se atentar para o fato que nos países mais desenvolvidos economicamente
(países da União Européia, EUA, Japão, entre outros), observa-se uma percepção mais
madura e difundida dos problemas ambientais (através de maior observação de legisla-
ção ambiental, fiscalização mais eficiente contra abusos ambientais, subsídios do poder
público, entre outros). Estes países possuem maior experiência com os canais reversos,
do que os países em desenvolvimento.
Os canais de distribuição reversos são compostos por duas categorias, que são
os canais baseados nos fluxos de materiais, produtos ou parte destes originados de pós-
consumo, e aqueles com origem no pós-venda, como se pode observar na figura VII.1.
Estas categorias têm características e objetivos diferentes, porém em algumas situações
podem apresentar forte interação e peculiaridades logísticas entre si.
No pós-consumo produtos e materiais são descartados após o término de suas
utilidades previstas, podendo retornar ou não ao ciclo produtivo. Para os fluxos de
retorno existem dois subsistemas reversos: o de reciclagem e o de reuso.
98

No pós-venda uma parcela de produtos, com pouco ou nenhum uso, retorna ao


ciclo de negócios devido a problemas com qualidade ou a transações comerciais entre as
empresas.
Como se pôde observar, os canais de distribuição reversos podem se tornar
complexos, envolvendo vários agentes e atividades. A logística reversa pode ser enten-
dida, conforme LEITE (2003, p.17), “como a área da logística empresarial que planeja,
opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos
bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por
meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas:
econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros”.

VII.2. Reinserção na cadeia de produção


Segundo LEITE (2003, p. 21), “para a maior parte dos bens descartados
existem algumas condições necessárias para a reintegração ao ciclo produtivo ou
tecnologia de reciclagem, ou mercado para as aplicações dos materiais etc., mas
nem sempre se apresentam todas as condições necessárias para completar o ciclo
de retorno. Em alguns casos, a causa principal pode ser a baixa disponibilidade
do produto de pós-consumo, devido a dificuldades de captação que impedem es-
calas econômicas de atividade; em outros, a causa pode ser a característica mo-
nopsônica42 ou oligopsônica43 dos mercados de matérias-primas secundárias, que
desencoraja investimentos não verticalizados, dificultando a estruturação logís-
tica adequada e o desenvolvimento de novas aplicações para os materiais recicla-
dos, entre outras possibilidades”.
A logística tradicional envolve basicamente a localização das instalações neces-
sárias, os transportes, os estoques, a movimentação de materiais, o nível de integração
das atividades logísticas e o sistema de informação adequado, de modo a tornar eficazes
os diversos fluxos de materiais e mercadorias em toda a cadeia logística.
Ao se implantar a logística reversa, será facilitada a solução de aspectos logís-
ticos (localização de origens e destinos, a organização dos diferentes tipos de coleta,
problemas de transporte, entre outros). Deve-se ressaltar que a viabilidade dos fluxos
reversos depende também da conciliação dos interesses entre empresas de um mesmo
setor ou entre empresas de diferentes setores e governo (municipal, estadual ou federal).

42
“Monopólio em que existem muitos vendedores, mas apenas um comprador” (MICHAELIS, 2002).
43
“Estrutura de mercado em que o número de compradores é bem pequeno” (MICHAELIS, 2002).
99

VII.3. Dispersão geográfica


Freqüentemente as empresas produtoras de matérias-primas novas ou virgens lo-
calizam-se distantes de centros urbanos, mas junto às fontes de recursos naturais, como
por exemplo:
- indústrias de papel próximas a reservas florestais;
- siderúrgicas próximas a jazidas de minério de ferro;
- empresas produtores de pedra britada próximas a maciços rochosos; e
- empresas produtoras de areia lavada junto a várzeas e leitos de rios e depósi-
tos lacustres.
Tendência inversa se verifica em empresas de setores industriais que benefici-
am matérias-primas secundárias. Estas buscam se situar junto aos centros urbanos, pró-
ximas às fontes de produtos de pós-consumo (resíduos residenciais, comerciais e indus-
triais), minimizando-se as distâncias e os custos de transporte, facilitando as atividades
logísticas.
Em relação à viabilidade econômica do beneficiamento de materiais secundá-
rios, LEITE (2003) afirma que quando a ação de transporte entre as fontes e a localiza-
ção da indústria ultrapassa 100 km, o beneficiamento é raramente viável.

VII.4. Projeto da rede reversa


Os seguintes aspectos são considerados no planejamento de uma rede reversa de
pós-consumo (LEITE, 2003):
- Definição dos objetivos da rede reversa: As revalorizações podem ser moti-
vadas por aspectos econômicos, aspectos ecológicos e/ou aspectos legais;
- Estabelecimento do nível de integração e do tipo de rede reversa: Para estas
decisões se levará em conta “o conhecimento logístico das fontes de produtos
de pós-consumo, das características desses produtos, dos seus materiais cons-
tituintes de interesse, da tecnologia necessária em todas as fases reversas, das
empresas atuantes nos diversos canais reversos, das empresas prestadoras de
serviços especializados, entre outros” (LEITE, 2003, p.191);
- Características do produto pós-consumo e definição do mercado final para o
produto beneficiado: Deve-se verificar os tipos de produtos que podem ser
gerados do beneficiamento das matérias-prima secundárias e, determinar os
mercados secundários com maior potencial de consumo destes produtos;
100

- Localização dos centros de consolidação, desmanche e remanufatura: Para


que se obtenha custos aceitáveis para transporte, estes centros devem ser regio-
nais, próximos às origens das matérias-primas secundárias e aos mercados
consumidores dos produtos beneficiados;
- Sistemas de mensuração e informação: As operações dos canais reversos de-
vem ser controladas e os resultados mensurados através de sistemas de infor-
mações.

VII.5. Logística reversa x gestão integrada de RCC


A figura VII.2 apresenta a cadeia produtiva da indústria da construção civil,
onde se pode verificar o fluxo dos canais de distribuição direta partindo das empresas de
extração de matéria-prima, podendo passar ou não por beneficiamento em empresas fa-
bricantes de materiais e, chegando até as atividades típicas da construção civil, tais co-
mo construção, manutenção e reforma.

EXTRAÇÃO DE I
MATÉRIA-PRIMA M
P
A
C
T
MATERIAIS DE O
CONSTRUÇÃO S

A
M
Manutenção B
e reforma I
E
N
CONSTRUÇÃO RCC T
A
I
Demolição outros resíduos e emissões S

Fonte: SCHNEIDER (2003, p.53), adaptado de PUT (2001).

Figura VII.2: Cadeia da construção civil


101

EXTRAÇÃO CANAIS DIRETOS


DE MATÉRIA-PRIMA CANAIS REVERSOS

MATERIAIS DE
CONSTRUÇÃO

CONSTRUÇÃO

REUTILI- RECI-
ZAÇÃO CLAGEM
MANUTENÇÃO DEMOLIÇÃO E
REFORMA

RCC

DISPOSIÇÃO
FINAL

Figura VII.3: Logística reversa na construção civil

Na figura VII.3 podem ser observados os canais de distribuição diretos e rever-


sos fluindo em direção ao ciclo produtivo da construção. Ainda não é possível fazer
com este ciclo dos canais reversos seja fechado, pois vários materiais têm um número
limitado de beneficiamentos, bem como sua viabilidade técnico-econômica. Nestes ca-
sos, os resíduos são enviados para aterros, aterros de inertes ou incineração.
Ao se analisar a viabilidade do beneficiamento de RCC, não se deve focalizar
somente as centrais de reciclagem. Deve-se também considerar o sistema, no qual a re-
ciclagem de RCC está incluída, como também os seus fluxos e os seus componentes.
Ao se implantar a logística reversa, a solução dos aspectos logísticos deste sistema é fa-
cilitada (localização de origens e destinos, a organização dos diferentes tipos de coleta,
problemas de transporte, entre outros).
Partindo-se dos conceitos gerais de logística reversa e enfocando-se a questão
dos RCC dentro da indústria da construção civil brasileira, observa-se que:
- dentro dos canais de distribuição diretos, os fluxos de materiais primários (ou
virgens) que envolvem maiores quantidades são brita e areia, juntamente com
102

as matérias-primas componentes do cimento Portland e do aço da construção


civil;
- as pedreiras, os areais e as empresas cimenteiras situam-se geralmente afasta-
das dos grandes centros urbanos, o que faz com que os custos com transporte
dos materiais influenciem fortemente os preços finais pagos pelos consumi-
dores;
- dentro dos canais de distribuição reversos, os fluxos de materiais secundários
que envolvem maiores quantidades são os resíduos minerais, provenientes de
argamassas, concreto, tijolos e telhas cerâmicas, entre outros;
- como em quase todos os setores industriais, também na construção civil ob-
serva-se que os canais de distribuição reversos têm despertado pouco interesse
dos empreendedores, sendo ainda pouco exploradas as possibilidades de em-
prego dos resíduos como materiais secundários da própria construção civil ou
até de outros setores industriais;
- a maior parte dos RCC está sendo recolhida pelas empresas de limpeza urbana
municipal ou por caçambeiros e disposta em lixões ou aterros sanitários, ou
sendo colocados de forma ilegal no meio ambiente;
- para minimizar os custos de transporte, as centrais de reciclagem de RCC de-
vem se situar próximas aos centros urbanos, que ao mesmo tempo são fonte de
matéria-prima (RCC) e mercado consumidor de agregados beneficiados;
- o processo de reciclagem acontece em downcycling, onde o produto beneficia-
do tem emprego como material com características inferiores que o emprego
anterior;
- a publicação da Resolução CONAMA no 307, com a obrigatoriedade de rein-
serção dos RCC no ciclo de produção, serve como alavanca para a reciclagem
de RCC no Brasil. Porém, por si só não garante o sucesso dos empreendimen-
tos na área de reciclagem de RCC.
Deve-se ressaltar que a viabilidade dos fluxos reversos depende também da con-
ciliação dos interesses entre empresas de um mesmo setor ou entre empresas de dife-
rentes setores e governo (municipal, estadual ou federal).
103

VIII. ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA: CON-


CEITOS

VIII.1. Introdução
Para que se tenha uma decisão fundamentada a respeito da implantação de uma
central de reciclagem de RCC, é essencial a realização de uma avaliação técnico-
econômica, o que minimizará os riscos de que esta instalação seja sub-utilizada ou
desativada precocemente.
As dificuldades relacionadas à análise de investimento começam a ser ameniza-
das com a definição clara dos objetivos a serem alcançados pelo possível investimento.
As alternativas disponíveis para a realização destes objetivos devem ser detalhadas até
determinado nível, que irá crescendo com o tempo e com as confirmações de suas viabi-
lidades.
Ao se analisar a viabilidade de um projeto se comprovará ou não a sua viabi-
lidade técnica, viabilidade econômica e capacidade de obtenção de crédito.
A viabilidade técnica de um projeto investiga aspectos como tecnologia a ser
empregada e as características da fase de construção. A viabilidade técnica é alcançada
quando (BORGES, 2001):
- na fase de implantação é comprovado que a construção pode ser concluída
dentro do cronograma e do orçamento estimados;
- na fase de operação é constatado que o projeto pode operar na capacidade
prevista após conclusão.
Já para a viabilidade econômica, o projeto deve comprovar que (BORGES,
2001):
- tem garantidos os insumos necessários;
- o mercado consumidor foi estimado com segurança;
- existirá geração de fluxo de caixa suficiente para cobrir seu custo de capital;
- que o valor presente líquido esperado do projeto é positivo.
A capacidade do projeto de obter crédito é constatada quando o projeto irá gerar
receita suficiente para cobrir todos os custos operacionais, pagar a dívida pontualmente
e remunerar os investidores (BORGES, 2001).
Para a construção de uma central de reciclagem, por exemplo, haverá etapas com
diferentes níveis de detalhamento das plantas arquitetônicas (projeto conceitual, projeto
detalhado e projeto construtivo), o que é compatível com o progresso das atividades de
104

projeto. Estas deficiências de detalhamento trazem incertezas nas estimativas dos cus-
tos, que irão diminuir com o passar do tempo. Somente no final da construção com a
apuração de todos os custos, é que se conhecerá o custo real da obra (MOTTA; CALÔ-
BA, 2002).
Porém, a tomada de decisão sobre a escolha de uma determinada alternativa é re-
alizada relativamente cedo, em um estágio ainda com pouco detalhamento de projeto,
onde não se tem conhecimento de todas as implicações associadas à escolha. Neste es-
tágio a “modelagem econômico-financeira das alternativas disponíveis pode ser feita
com determinado grau de confiabilidade, mas sempre haverá certo nível de incerteza ou
risco na orçamentação de capital” (MOTTA; CALÔBA, 2002, p.23).
Em um mundo competitivo, procura-se fortemente maximizar a rentabilidade
dos investimentos a serem feitos. Segundo MOTTA e CALÔBA (2002, p. 23) “o desa-
fio da Engenharia Econômica consiste em definir, tão precisamente quanto possível,
alternativas de investimentos e prever sua conseqüências, reduzidas a termos mone-
tários, elegendo-se um instante de referência temporal e considerando o valor do dinhei-
ro no tempo”.

VIII.2. Fases do Projeto


Pode-se dividir o ciclo de desenvolvimento de um projeto em três fases prin-
cipais, que são pré-investimento, investimento e operação. Estas fases também são divi-
síveis em diferentes grupos de atividades, que são (UNIDO, 1987, p.21):
- Fase de pré-investimento:
- Identificação de oportunidades (idéias de projeto/estudo de oportunidade);
- Estágio de seleção preliminar (estudo de pré-viabilidade);
- Estágio de formulação do projeto (estudo de viabilidade técnico-econô-
mica);
- Estágio de decisão e avaliação (relatório de avaliação).
- Fase de investimento (implementação):
- Estágio de negociação e contratação (suprimentos);
- Estágio de concepção do projeto (engenharia);
- Estágio de construção;
- Estágio de pré-operação e treinamento.
- Fase operacional.
105

Quadro VIII.1: Tipos de decisões da fase de pré-investimento (UNIDO, 1987, p. 262)

Decisão Instrumentos de análise Objetivos da decisão


Identificação Estudo de oportunidade Identificar a oportunidade. Determinar as áreas críticas para
geral ou do projeto estudos de suporte. Determinar área para estudo de pré-
viabilidade.
Análise preliminar Estudos de apoio Determinar qual das escolhas possíveis é a mais viável.
Identificar a escolha do critério do projeto.

Estudo de pré- Determinar a viabilidade provisória do projeto.


viabilidade Avaliar se o estudo de viabilidade deve ser lançado.
Análise final Estudos de apoio Investigar detalhadamente os critérios selecionados que
requerem estudos em profundidade.

Estudo de viabilidade Fazer as escolhas finais das características do projeto.


Determinar a viabilidade do projeto e os critérios
selecionados.
Avaliação do Estudo de avaliação Tomar a decisão final de investimento
projeto

VIII.3. Estudos de pré-viabilidade


Tendo a idéia de projeto obtido resultados positivos no estudo de oportunidade,
deve-se prosseguir para a elaboração de um estudo mais detalhado. Porém, a completa
preparação de um estudo de viabilidade técnico-econômica é longa e onerosa. Já o estu-
do de pré-viabilidade permite que se analise a idéia de projeto com maior profundidade
que o estudo de oportunidades, confirmando ou não a viabilidade, porém sem grande
consumo de recursos e de tempo como um estudo de viabilidade.
Mesmo de forma mais ampla um estudo de pré-viabilidade deve examinar as al-
ternativas econômicas de (UNIDO, p.26):
a) Mercado e capacidade da fábrica: demanda e estudo de mercado, vendas e
marketing, programa de produção e capacidade da fábrica;
b) Insumos materiais;
c) Localização e tamanho;
d) Engenharia de projeto: tecnologia e equipamento e trabalhos de engenharia
civil;
e) Despesas gerais: fabricação, administração e vendas;
f) Mão-de-obra: trabalho e staff;
g) Implementação do projeto;
h) Análise financeira: custos de investimento, financiamento do projeto, custo
de produção e rentabilidade comercial.
106

VIII.4. Estudo de viabilidade


Segundo UNIDO (1987, p.30), “o estudo de viabilidade de um projeto industrial
deve fornecer uma base técnico-econômica e comercial para uma decisão de investi-
mento, definir e analisar os elementos críticos que relacionam a produção de um produ-
to juntamente com as abordagens de alternativas para tal produção. Deve fornecer tam-
bém um projeto com capacidade de produção definida num local selecionado, usando
particular tecnologia ou tecnologias em relação a materiais e insumos definidos, aos in-
vestimentos identificados e custo de produção, e receita de vendas, resultando num re-
torno, obtido, em decorrência do investimento realizado”.
Quando os resultados do estudo de pré-viabilidade são positivos, deve-se então
iniciar o estudo de viabilidade onde parâmetros, premissas, análises, entre outras infor-
mações do projeto, devem ser detalhadas e ajustadas, de forma a se chegar a um projeto
viável bem definido. No estudo de viabilidade, as hipóteses e as soluções consideradas e
os resultados encontrados deverão ser apresentados e justificados.
Durante os diferentes estágios da fase de pré-investimento, as decisões de inves-
timento podem ser tomadas (continuar ou não a desenvolver determinada idéia de pro-
jeto), e as implicações destas decisões devem ser analisadas com critério. Um estudo de
viabilidade proporciona subsídios para um melhor processo de tomada de decisão sobre
investimentos.
Como as atividades industriais podem variar de categoria, porte e complexidade,
não existe um formato padrão de estudo de viabilidade que possa ser empregado para
todos os tipos de projetos industriais.
Porém, um perfil básico de estudo, que poderá ser empregado tanto para estudos
de pré-viabilidade, como para estudos de viabilidade, está apresentado no anexo 3 deste
trabalho. O perfil deverá ser adaptado para as características de cada projeto e também
ser aprofundado, conforme a necessidade (pré-viabilidade ou viabilidade).

VIII.5. Estudos de apoio (funcionais)


Durante os estudos de pré-viabilidade e de viabilidade de projetos de grandes in-
vestimentos pode-se constatar a necessidade de um ou mais trabalhos analisando aspec-
tos específicos que estão envolvidos nestes estudos e, que podem ser fatores decisivos
nos seus resultados. Estes trabalhos são considerados com estudos de apoio e são fre-
qüentemente realizados por profissionais de fora da organização responsável pelos es-
tudos de pré-viabilidade e viabilidade.
107

Os estudos de apoio podem ser:


a) Estudos de mercado dos produtos a serem manufaturados;
b) Estudos de matéria-prima e insumos necessários;
c) Laboratório e testes-piloto de fábrica;
d) Estudos de localização de fábrica;
e) Estudos de economia de escala;
f) Estudos de seleção de equipamentos.

VIII.6. Atividades promocionais


Após o estudo de pré-viabilidade demonstrar a viabilidade de um projeto, ini-
ciam-se as atividades de promoção que têm como objetivo de identificar as possíveis
fontes de financiamento (sócios públicos ou privados, bancos de fomento, entre outros),
as estratégias de marketing a serem seguidas pelos empreendedores e outras atividades
necessárias para o sucesso do projeto.

VIII.7. Levantamento de dados para o estudo de viabilidade


As estimativas dos custos de investimentos e de produção devem ser realizadas
com a maior precisão possível, porém para isto são necessários recursos financeiros e
tempo de tal forma, que nem sempre é justificável.
Sendo assim, a equipe de projeto poderá fazer uso de hipóteses, informações de
projetos similares, dados de referência publicados por associações industriais, fabri-
cantes de equipamentos, organizações internacionais, entre outros, para chegar nas esti-
mativas. Nestes casos, as fontes deverão ser citadas.
Dependendo da precisão, dos custos e do tempo requeridos, as estimativas dos
custos de investimento serão feitas por (UNIDO, 1987, p.33):
a) “Abrindo concorrência baseada nas especificações e orçamento das quanti-
dades envolvidas. Esse é o processo mais acurado, mas também mais caro e
o método que mais absorve tempo”;
b) “Usando preços e projetos similares para calcular os custos, baseados nas
especificações e valores das quantidades”;
c) “Usando os parâmetros de custos unitários derivados a partir de projetos
operacionais similares, isto é, medidos em custos por metro cúbico de espaço
abrangido ou custo por metro quadrado de área construída”;
108

d) “Estimativa do total para grupos de equipamentos ou partes de projetos fun-


cionais, baseada nos custos de projetos existentes comparáveis entre si”.
Para se estimar os investimentos e custos de produção deve-se levar em contar as
seguintes informações (UNIDO, 1987, p.33):
a) Programa de produção;
b) Programa de trabalho (n° de turnos, dias trabalhados, etc.);
c) Tipo de tecnologia e equipamentos;
d) Qualificação da mão-de-obra e do staff;
e) Qualidade dos insumos.

VIII.8. Verificação de alternativas e hipóteses


Segundo UNIDO (1987, p.34) “a preparação do estudo de viabilidade torna-se
muitas vezes difícil pelo número de alternativas viáveis (seleção de tecnologia, equipa-
mento, capacidade, localização, financiamento etc.) e hipóteses, nas quais o processo de
decisão deve ser baseado”.
Havendo alternativas diferentes para a solução de um problema, elas devem ser
desenvolvidas e uma delas selecionada, conforme métodos e fórmulas indicados no
estudo.

VIII.9. Estrutura de custos proposta


Exemplos de estrutura para os custos de investimentos e para os custos de produ-
ção estão apresentados respectivamente nos quadros VIII.2 e VIII.3.

Quadro VIII.2: Itens do custo de investimento

Investimento total:
Investimento fixo;
Terra e preparação do terreno;
Tecnologia;
Equipamento: Produção; Auxiliar; Serviço; Peças de reposição,
peças sobressalentes e ferramentas.
Obras civis: Desenvolvimento e preparação do terreno; Edifícios;
Obras externas.
Despesas de capital de pré-produção: Despesas preliminares para
emissão do capital social; Pré-produção; Testes de funciona-
mento, início e licenciamento.
Capital de giro;
Cronograma financeiro dos investimentos (fluxo de caixa).
109

Quadro VIII.3: Itens dos custos de produção

Produção total
Custos da fábrica:
Indiretos administrativos;
Custos de distribuição e vendas;
Custos de operação
Custos financeiros
Depreciação (fixo)
Custos totais de produção
(custos operacionais + custos financeiros e depreciação)

VIII.10. A precisão das estimativas de custo


Conforme o progresso do projeto dentro da fase de pré-investimento, aumenta a
precisão das estimativas do custo de investimento. No quadro VIII.4 estão apresentados
os graus de precisão conforme o progresso do projeto.
Quanto maior o avanço dos estágios da fase de pré-investimento, maior será a
precisão das informações, e menor será a probabilidade, que uma avaliação de inves-
timento considerada viável nesta fase, mostre-se inviável nas fases subseqüentes do pro-
jeto. Segundo UNIDO (1987, p.45) “a precisão das estimativas de custo não é apenas
determinada pela razão de fatos e hipóteses, mas também pelos métodos aplicados que
podem variar de estimativas globais para cálculos detalhados”.

Quadro VIII.4: Graus de precisão de estimativas de custos (UNIDO, 1987, p. 44)

Estágios Porcentagem (%)


aproximadamente
Estudo de oportunidade 30
Estudo de pré-viabilidade 20
Estudo de viabilidade 10

Quanto maior o avanço dos estágios da fase de pré-investimento, maior será a


precisão das informações, e menor será a probabilidade, que uma avaliação de investi-
mento considerada viável nesta fase, mostre-se inviável nas fases subseqüentes do pro-
jeto. Segundo UNIDO (1987, p.45) “a precisão das estimativas de custo não é apenas
110

determinada pela razão de fatos e hipóteses, mas também pelos métodos aplicados que
podem variar de estimativas globais para cálculos detalhados”.

VIII.11. Avaliação financeira e econômica


Estando todos os elementos de um estudo de viabilidade reunidos, passa-se ao
cálculo dos custos totais de investimentos, que deverá incluir as implicações financeiras
da contratação do financiamento do projeto. A avaliação econômico-financeira deverá
ser baseada em métodos de comparação entre alternativas de investimentos, cujos
resultados também apresentem os riscos de cada projeto.

VIII.11.1. Análise do Ponto de Equilíbrio


A análise do Ponto de Equilíbrio é um instrumento complementar para a avalia-
ção financeira de projetos. Pela análise é determinado o Ponto de Equilíbrio (PE), no
qual o somatório das receitas de vendas e o somatório dos custos de produção se equi-
valem.
O ponto de equilíbrio pode ser definido em termos de unidades físicas de produ-
ção (exemplo, 500 t/dia), valor das vendas (exemplo, 1000,00 R$/mês) ou pela porcen-
tagem de utilização da capacidade da instalação de acordo com as respectivas receitas
de vendas e custos de produção (exemplo, 53% da capacidade de produção).
Atribuindo-se diferentes valores às variáveis da análise do Ponto de Equilíbrio
(preço de vendas unitário, custo unitário e volume de vendas) permite que se observe
que o comportamento da lucratividade da fase de operação de um determinado projeto.

VIII.11.2. Métodos de comparação entre alternativas de investimentos


Os métodos de comparação entre alternativas de investimentos podem ser agru-
pados em métodos estáticos e dinâmicos. Os métodos, que quando adequadamente uti-
lizados melhor servem como instrumentos de decisão dentro da Engenharia Econômica,
são os dinâmicos. Eles se diferenciam basicamente dos métodos estáticos por conside-
rarem o fator tempo nas entradas e saídas dos fluxos de caixa através do emprego de
taxas de juros.
Devido às incertezas de projeto, tais como cálculo dos investimentos iniciais,
comportamento do fluxo de caixa, entre outras, deve-se empregar métodos que avaliem
os riscos de cada projeto.
111

Em resumo, os métodos para comparação entre alternativas de investimento


podem ser classificados em:
- Métodos dinâmicos:
- Método do Valor Presente Líquido (VPL);
- Método da Taxa de Retorno: Taxa Interna de Retorno (TIR) e Taxa Mí-
nima de Atratividade.
- Métodos estáticos:
- “Pay-Back”.
- Métodos sob a consideração da incerteza:
- Cálculo de probabilidades;
- Análise de sensibilidade;
- Simulação de Monte Carlo;
- Árvore de decisão.
Devido aos pontos fracos dos processos estáticos, estes não serão detalhados
neste trabalho. A seguir serão apresentados os métodos dinâmicos e os métodos sob
consideração da incerteza.
Com o cálculo do VPL e TIR das alternativas de investimento, tem-se dois im-
portantes critérios para embasar o julgamento dos investimentos. Contudo, o emprego
de métodos sob consideração de incerteza, segundo KOHLER (1997, p.394), “possibi-
litam o emprego diferenciado de taxas de juros ou consideram as incertezas, como por
exemplo, nos dados de entrada da análise de investimento, através da inclusão da dis-
tribuição das probabilidades na avaliação financeira”.

VIII.12. Planejamento financeiro


Além dos métodos de comparação entre alternativas de investimentos apresen-
tados anteriormente, outras condições econômico-financeiras deverão ser incluídas em
uma avaliação final. Entre estas condições estão, por exemplo, o planejamento finan-
ceiro e o planejamento de financiamentos.
Segundo KOHLER (1997, p. 394), “decisões sobre investimentos devem ser to-
madas levando-se em consideração tanto os aspectos sobre rentabilidade, quanto os de
liquidez. Mesmo quando um projeto de investimentos é classificado sob pontos de vista
de rentabilidade com promissor, devem ser respondidas as perguntas sobre a liquidez
necessária para a realização, sobre a demanda por capital e mais tarde naturalmente
sobre a obtenção dos meios necessários”.
112

O planejamento financeiro tem como enfoque principal o planejamento da liqui-


dez e o planejamento da demanda de capital, que apresentam as seguintes características
(KOHLER, p. 394):
- Planejamento de liquidez:
- Planejamento detalhado a curto prazo;
- Unidade contábil é o fluxo de pagamentos;
- Unidade de planejamento: dia, semana ou mês.
- Planejamento de demanda por capital:
- Planejamento básico a longo prazo;
- Unidades contábeis são os movimentos dos balanços;
- Unidade de Planejamento: um ano.

VIII.13. Planejamento de financiamento


Segundo FINNERTY (1998, p. 38), “para se montar um financiamento
para um projeto auto-sustentável, credores prospectivos (e investidores de capi-
tal externos prospectivos, se houver) devem se convencer de que o projeto é téc-
nica e economicamente viável, e de que o projeto terá capacidade de obtenção de
crédito suficiente se financiado nas bases propostas pelos patrocinadores. Esta-
belecer a viabilidade técnica requer que se demonstre, até que os credores este-
jam convencidos, que a construção pode ser concluída dentro do cronograma e
do orçamento, e que o projeto será capaz de operar à sua capacidade prevista
após o término da construção. O estabelecimento da capacidade de obtenção de
crêdito requer que se demonstre que, mesmo sob circunstâncias pessimistas, o
projeto será capaz de gerar receita suficiente para cobrir todos os custos
operacionais e para servir sua dívida pontualmente”.
Existem problemas que podem afetar qualidade de crédito, tais como (BORGES,
2001):
- risco setorial (ex. setores com reserva de mercado);
- volatilidade dos negócios (ex. commodities);
- economia informal (ex. açúcar e álcool, transporte rodoviário, frigoríficos);
- falta de transparência (ex. construção civil);
- instabilidade do caráter (cooperativas).
A mensuração de risco de crédito de empréstimo, conforme BORGES (2001),
“serve para um empréstimo ou avaliar uma obrigação corretamente, (e também) serve
113

para fixar limites apropriados ao volume de crédito a ser concedido a qualquer tomador
(e seu grupo econômico) ou a exposição aceitável a perdas com qualquer tomador (e seu
grupo econômico)”.
Os modelos de avaliação de risco de inadimplência são (BORGES, 2001):
- técnicas de avaliação de risco de inadimplência;
- tratamento de riscos;
- consideração dos riscos diferenciados de acordo com a fase do projeto;
- análise pontual de risco do projeto;
- classificação de risco, medições e graus;
- mitigações paralelas de risco.
Os modelos de avaliação de risco de inadimplência podem ser qualitativos ou
quantitativos. Os qualitativos são função da transparência: volume, qualidade, confiabi-
lidade e disponibilidade das informações, empregando para isto informações cadastrais
internas das empresas ou de terceiros (tal como o SPC), informações publicamente
disponíveis (BOVESPA), além de rating ou classificação de risco (BORGES, 2001).

A Caixa Econômica Federal


A fonte de financiamento que possui linha para financiamento de novos negó-
cios com RCC é a Caixa Econômica Federal (CEF), que é o principal banco do Gover-
no Federal na promoção do desenvolvimento urbano, através de (TAVARES, 2003):
- financiamentos e repasses para habitação, saneamento e infra-estrutura;
- produtos para modernização da gestão pública;
- parcerias com entidades de assistência técnica, capacitação e pesquisa em a-
poio às administrações municipais.
TAVARES (2003) afirma que o interesse da CEF na gestão de RCC e na Reso-
lução CONAMA n° 307 é significativo, pois a entidade:
- “é responsável por grande parte dos financiamentos imobiliários”; e
- “é financiadora de ações em saneamento, inclusive quanto a resíduos sólidos”.
Uma das ações da CEF no financiamento de saneamento é o programa FCP-
SAN, que possibilita o financiamento a concessionários privados de serviços de limpeza
urbana e implementa nova modalidade de financiamento voltada aos resíduos sólidos,
apoiando Sociedades de Propósito Específico, detentoras ou não de concessão ou sub-
concessão.
114

Segundo TAVARES (2003), Sociedades de Propósito Específico são “empresas


privadas constituídas com o propósito específico de atuar no desenvolvimento de servi-
ços vinculados aos resíduos sólidos, ao abastecimento de água e ao esgotamento sani-
tário”.
Os condicionantes para o financiamento da CEF são (TAVARES, 2003):
- “Implantação, pelo Governo Municipal, do Plano Integrado de Gerenciamento
previsto pelo CONAMA”;
- “Abertura do mercado público local – regulamentação, pelo governo, da possi-
bilidade de uso de agregados reciclados em obras públicas”;
- “Compromisso dos operadores públicos e privados com as normas ambientais
e normas técnicas para a qualidade de produtos e serviços executados”.
As modalidades de financiamento em implantação pelo programa FCP-SAN,
são:
- alguns dos itens são financiáveis, tais como:
- equipamentos de transporte;
- equipamentos de carga;
- equipamentos fixos para reciclagem;
- obras civis correlatas.
- atividades que se tem com objetivos de alcance:
- operação de áreas de triagem;
- operação de aterros com reservação de resíduos segregados;
- operação de reciclagem dos resíduos classe A;
- operações de reciclagem de madeira e recuperação de solos.
Segundo TAVARES (2003), as condições básicas do financiamento deste pro-
grama são:
- carência: prazo de execução + 2 meses, limitado a 36 meses;
- amortização: até 180 meses (em função da viabilidade do projeto);
- contrapartida: mínima de 25% do valor do investimento;
- taxa de juros: T.R. + 8,0% aa;
- desembolso: parcelas mensais, respeitando o cronograma físico-financeiro;
- garantias: fianças e/ou vinculação de receitas, além de outras julgadas neces-
sárias.
- taxa de risco de crédito: defina de acordo com rating do tomador;
aa
- taxa de administração: 2,0 % (carência e amortização)
115

Adicionalmente a CEF, bancos habilitados pelo agente operador do FGTS po-


dem atuar com agentes financeiros.
Segundo o glossário do Banco Central (BACEN, 2004), TR é “a taxa obtida a
partir das médias dos CDB’s de 30 dias a taxas pré-fixadas praticadas por bancos co-
merciais. A TR é ajustada por meio de um redutor, de modo a adequá-la aos contratos
de poupança e do Sistema Financeiro da Habitação”.
Em consultas a profissionais da área financeira, nos estudos de viabilidade de
projetos deve-se trabalhar com uma taxa de atratividade mínima de 12%, que é o míni-
mo a ser esperado dentro do cenário financeiro atual.
116

CAPÍTULO IX: CENTRAIS DE RECICLAGEM DE RCC: ANÁLISE


DE VIABILIDADE FINANCEIRA

IX.1. Introdução
Como foi descrito no capítulo I, entre as justificativas apresentadas para a publi-
cação da Resolução CONAMA no 307 está a consideração da viabilidade técnica e
econômica da produção e uso de materiais provenientes de resíduos da construção civil.
Apesar desta afirmação, no levantamento feito para esta pesquisa não foi encontrada
nenhuma literatura sobre viabilidade econômica de centrais de reciclagem de RCC no
Brasil.
A decisão para a implantação de centrais de reciclagem deveria somente ser
tomada se fosse comprovada a sua viabilidade econômico-financeira, o que ocorreria
após a execução de atividades de ante-projeto, tais como localização da planta, primei-
ros contatos com as autoridades públicas locais para esclarecimento de possíveis exi-
gências, consultas para o licenciamento da instalação, estudo de mercado, entre outros
pontos (KOHLER, 1997).
Deve-se atentar para o fato, que para as centrais privadas (não financiadas pelo
Estado) tem-se um olhar diferenciado do que se tem ou se teria para uma central pú-
blica, onde não se observa uma abordagem mais profunda quanto à viabilidade econô-
mico-financeira destas instalações.
Em uma tomada de decisão a favor ou não de um investimento, os critérios de
decisão do poder público (tais como: melhoria da qualidade de vida da sociedade, de-
senvolvimento econômico da região e proteção ambiental) se diferenciam dos critérios
da iniciativa privada, que são baseados principalmente em retorno financeiro.
No anexo III está apresentada uma estrutura-modelo sugerida pela UNIDO
(1987) para estudos de pré-viabilidade e de viabilidade de empreendimentos complexos,
envolvendo investimentos vultosos e várias fontes de financiamento.
Simplificando esta estrutura, acrescentando elementos descritos por KOHLER
(1997), identificou-se para um estudo de pré-viabilidade de centrais de reciclagem de
RCC no Brasil a necessidade do desenvolvimento das seguintes etapas:
a. Análise de mercado e de concorrência;
b. Estimativa de geração de RCC;
c. Estimativa das receitas e dos custos;
d. Análise dos investimentos; e
117

e. Ponto de Equilíbrio.
A identificação destas etapas permitirá, como será visto no capítulo X, a apre-
sentação de proposta para modelo conceitual de estudos de viabilidade financeira de
centrais de reciclagem de RCC. Uma aplicação do modelo será detalhada para o Muni-
cípio do Rio de Janeiro.
As etapas (a) e (b) dependem diretamente da localização geográfica da instala-
ção de reciclagem, o que também acontece parcialmente com a etapa (c).
No presente capítulo serão enfocados os itens (c) estimativa de receitas e dos
custos, (d) análise dos investimentos e (e) Ponto de Equilíbrio.
No capítulo X, para o estudo de viabilidade no Município do Rio de Janeiro,
serão feitas estimativas de (a) análise de mercado e de concorrência, (b) quantidade
gerada de RCC e parte de (c) receitas e custos, para o caso específico deste município.

IX.2. Estudo de viabilidade: Metodologia


As catorze centrais de reciclagem pesquisadas pertencem ao poder público, e as
experiências privadas de maior porte com reciclagem de RCC ainda não são significa-
tivas. De maneira a diferenciar os estudo de viabilidades, optou-se por apresentar uma
análise voltada para iniciativa privada e uma outra dirigida para o poder público.
Sendo assim, este capítulo será dividido em duas partes básicas. Na primeira
parte se realizará análise de viabilidade financeira de dois projetos de centrais de re-
ciclagem de RCC de portes diferentes (20 t/h – pequeno porte e 100 t/h – médio porte),
empregando-se dados coletados junto a fornecedores de materiais e equipamentos,
empresários do ramo de mineração, sindicato de produtores de agregados, entre outros.
Com estes dados serão estimados os investimentos de capital fixo e os custos o-
peracionais necessários para a implantação e operação das centrais. A análise financei-
ra empregará oito cenários que, alternando três hipóteses, fornecerá resultados através
do Método do Valor Líquido Presente, que indicarão em que condições centrais de reci-
clagem de RCC com capacidades nominais de 20 t/h e 100 t/h serão viáveis.
Na segunda parte será desenvolvida também uma análise de viabilidade finan-
ceira, sendo usadas informações coletadas junto a dirigentes municipais e empresários
ligados diretamente à administração de centrais existentes no Brasil.
Com estes dados serão obtidos os investimentos de capital fixo e os custos ope-
racionais necessários para catorze centrais pesquisadas. A análise financeira será basea-
118

da na comparação entre os valores encontrados para as centrais construídas e aqueles


estimados nos dois projetos de centrais de 20 t/h e 100 t/h.
Concluídas as duas análises de viabilidade financeira, será apresentado um re-
sumo dos principais resultados obtidos.

IX. 3. Estimativa das receitas e dos custos: Baseada em cotações de mercado


IX.3.1.Introdução
Em consultas junto ao SINDIBRITA, fornecedores de equipamentos de britagem
e empresas produtoras de agregados constatou-se que seria mais significativo para os
objetivos desta pesquisa apresentar estudo de viabilidade de duas centrais de recicla-
gem: uma de pequeno porte (20 t/h) e outra de médio porte (100 t/h).
Conforme as consultas, abaixo de 20 t/h, a viabilidade financeira muito prova-
velmente seria negativa para um empreendedor privado, devido à pouca produção e aos
baixos preços do produto beneficiado. Obteve-se também a informação que uma central
com capacidade nominal de 50 t/h teria custos de implantação e operação próximos a
uma central de 100 t/h.
Sendo assim, se partirá das premissas que devido a pouca tradição do uso de a-
gregados beneficiados e de empreendimentos na área de reciclagem de RCC, dever-se-
ia investigar inicialmente a viabilidade de centrais com capacidades nominais de 20 t/h
e de 100 t/h.
As informações sobre os equipamentos necessários para as centrais de 20 t/h e
100 t/h estão apresentadas nos quadros IX.1, IX.2 e IX.3. Estas foram também obtidas
em consultas junto ao SINDIBRITA, fornecedores de equipamentos de britagem e em-
presas produtoras de agregados.
Das mesmas fontes foram obtidas quantidades e preços destes equipamentos
(usados e novos) e os custos de operação das centrais. Estes dados estão contidos nos
itens IX.3.2 e IX.3.3.

IX.3.2. Investimento capital fixo


Os equipamentos necessários para centrais de reciclagem de RCC exigem altos
investimentos. Como existe no setor de mineração mercado disponível para vendas de
equipamentos usados, optou-se por realizar análises de investimento de projetos com
equipamentos tanto novos, quanto usados.
119

Quadro IX.1: Processo de reciclagem de RCC

ETAPAS EQUIPAMENTOS
Planejamento do perfil granulométrico Computador, escritório e instrumentos
Recepção dos caminhões e medição quanto a Balança (para produção em torno de 100 t/h)
peso ou volume. e instrumentos
Caminhão é orientado quanto ao local de -
descarga.
Material despejado é inspecionado e são Ferramentas e pá mecânica
retirados os inservíveis de grande porte e
contaminantes.
Material é enviado à linha de separação Pá mecânica, correia transportadora e
secundária, onde sofre nova limpeza. alimentador vibratório
Material vai para a pilha de estocagem. Correia transportadora
Material é britado e classificado. Grelha vibratória, correia transportadora,
britador cônico e peneira vibratória
Produto vai para as pilhas de estocagem. Correia transportadora

Quadro IX.2: Equipamentos complementares

ETAPAS EQUIPAMENTOS
Britagem, transporte e classificação Sistema pulverizador de controle de partículas
Operação de equipamentos rodantes Oficina, lubrificação e tanque de combustível

Quadro IX.3: Operações secundárias

ETAPAS EQUIPAMENTOS
Movimentação de estoque Caminhão basculante
Frete Caminhão basculante

Os quadros IX.4 e IX.5 contém listagem, quantidades e preços dos equipamentos


(usados e novos) necessários para as centrais de 20 t/h e 100 t/h. Estes dados irão com-
por, dentro da análise financeira a ser realizada, os investimentos de capital fixo.
120

Quadro IX.4: Investimento capital fixo para produção de 20 t/h

EQUIPAMENTOS USADOS NOVOS


Preço Vida Preço Vida
Item Discriminação Quant unitário Total útil unitário Total útil
1 Obras civis
1.1 Escritório 1 40.000 40.000 20 40.000 40.000 20
2 Equipamentos
2.1 Pá mecânica 1 150.000 150.000 10 280.000 280.000 20
2.2 Caminhão basculante 1 100.000 100.000 10 140.000 140.000 20
2.3 Balança 70.000 0 10 120.000 0 20
Correias
2.4 transportadoras 5 10.000 50.000 10 27.000 135.000 20
2.5 Alimentador vibratório 1 20.000 20.000 10 41.000 41.000 20
2.6 Britador cônico 1 60.000 60.000 10 200.000 200.000 20
2.7 Calha vibratória 30.000 0 10 75.000 0 20
2.8 Peneira vibratória 1 40.000 40.000 10 100.000 100.000 20
2.9 Sistema aspersor 1 30.000 30.000 20 30.000 30.000 20
3 Instalações especiais
3.1 Oficina / Ferramental 1 40.000 40.000 20 40.000 40.000 20
TOTAL (em R$) 530.000 1.006.000

FONTES: SINDIBRITA, fornecedores de equipamentos de britagem e firmas produtoras de agregados


(Base: 11/2003).

Quadro IX.5: Investimento capital fixo para produção de 100 t/h

EQUIPAMENTOS USADOS NOVOS


Preço Vida Preço Vida
Item Discriminação Quant unitário Total útil unitário Total útil
1 Obras civis
1.1 Escritório 1 40.000 40.000 20 40.000 40.000 20
2 Equipamentos
2.1 Pá mecânica 2 150.000 300.000 10 280.000 560.000 20
2.2 Caminhão basculante 2 100.000 200.000 10 140.000 280.000 20
2.3 Balança 1 70.000 70.000 10 120.000 120.000 20
Correias
2.4 transportadoras 15 10.000 150.000 10 27.000 405.000 20
2.5 Alimentador vibratório 1 40.000 40.000 10 100.000 100.000 20
2.6 Britador cônico 1 150.000 150.000 10 486.000 486.000 20
2.7 Calha vibratória 1 30.000 30.000 10 75.000 75.000 20
2.8 Peneira vibratória 1 90.000 90.000 10 225.000 225.000 20
2.9 Sistema aspersor 1 78.300 78.300 20 78.300 78.300 20
3 Instalações especiais
3.1 Oficina / Ferramental 1 80.000 80.000 20 80.000 80.000 20
TOTAL 1.228.300 2.449.300

FONTES: SINDIBRITA, fornecedores de equipamentos de britagem e firmas produtoras de agregados


(Base: 11/2003).
121

O quadro IX.6 ilustra de forma resumida os investimentos de capital fixo, com-


forme o volume de produção e opção por equipamentos novos ou usados.

Quadro IX.6: Investimento capital fixo: Resumo

CAPACIDADE DE 20 t/h CAPACIDADE DE 100 t/h


Custos totais (em R$) Custos totais (em R$)
Item Discriminação Equip. Equip. Equip. Equip.
Usados novos usados Novos
1 Obras civis 40.000 40.000 40.000 40.000
2 Equipamentos 450.000 926.000 1.108.300 2.329.300
3 Instalações especiais 40.000 40.000 80.000 80.000
Total (sem terreno) (em R$) 530.000 1.006.000 1.226.300 2.449.300
Total (em R$) / Capacidade 26.500 50.300 12.270 24.500
Total (sem terreno) (em US$) 176.700 335.400 408.770 816.500
Total (em US$) / Capacidade 8.835 16.770 4.090 8.170

FONTES: SINDIBRITA, fornecedores de equipamentos de britagem e firmas produtoras de agregados


(Base: 11/2003).

Deve-se atentar para o fato que uma estimativa completa de investimento capital
fixo tem que conter o valor referente ao terreno, onde será localizado o empreendimen-
to. Como este valor varia amplamente entre municípios, e até entre regiões de um mes-
mo município, ele não será incluído na análise a ser feita neste capítulo.
Ao se comparar os preços dos equipamentos usados com os novos comprova-se
que estes últimos custam um pouco mais que o dobro que os primeiros. A vida útil dos
equipamentos usados é em média, entre os equipamentos pesquisados no mercado, a
metade dos equipamentos novos (a vida útil dos equipamentos usados considerada é dez
anos e a dos equipamentos novos vinte anos).
Alguns empreendedores com experiência em equipamentos de britagem afirma-
ram que, na prática, estes equipamentos têm vida útil bem maior, mas procurou-se tra-
balhar com estimativas pessimistas (vida útil estimada pelo fabricante).

IX.3.3. Custos operacionais


Os quadros IX.7 e IX.8 contém detalhamentos dos custos fixos e dos custos va-
riáveis da operação de centrais de 20 t/h e 100 t/h. Estes dados irão compor, dentro da
análise financeira a ser realizada, os custos operacionais.
122

Quadro IX.7: Custos operacionais para produção de 20 t/h

Item Discriminação Quant. Salário com Total Total


imposto mensal anual
CUSTOS FIXOS
1 Mão-de-obra
1.1 Catadores 3 650 1.950 23.400
1.2 Operador de britagem 1 1.100 1.100 13.200
1.3 Operador de pá/trator 1 1.300 1.300 15.600
1.4 Motoristas 1 1.100 1.100 13.200
1.5 Controlador de pátio 1 1.100 1.100 13.200
1.6 Mecânico 1.300 0 0
1.7 Auxiliar de escritório / vendas 1 1.100 1.100 13.200
1.8 Vigias 2 1.100 2.200 26.400
Total de mão-de-obra 9.850 118.200

2 Outros custos fixos


2.1 Energia 3.000 36.000
2.2 Manutenção 2.000 24.000
2.3 Depreciação
2.3.1 Equipamentos usados 4.250 51.000
2.3.2 Equipamentos novos 8.217 98.600
2.4 Seguros 800 9.600
2.5 Telefones 2.000 24.000
2.6 Suporte ao produto 5.000 60.000
2.7 Pró-labore 5.000 60.000
2.8 MO Externa 500 6.000
2.9 Consultorias 1.000 12.000
2.10 Juros / Despesas financeiras 1.000 12.000
Total de outros custos fixos
para equipamentos usados 24.550 294.600
para equipamentos novos 28.517 342.200

Total dos custos fixos (em R$)


para equipamentos usados 34.400 412.800
para equipamentos novos 38.367 460.400

CUSTOS VARIÁVEIS

3 Custos variáveis
3.1 Peças de reposição 5.000 60.000
3.2 Despesas diversas 2.000 24.000
3.3 Elementos de desgaste 1.000 12.000
3.4 Diesel 1.000 12.000
Total (em R$) 9.000 108.000

FONTES: SINDIBRITA, fornecedores de equipamentos de britagem e firmas produtoras de agregados


(Base: 11/2003).
123

Quadro IX.8: Custos operacionais para produção de 100 t/h

Item Discriminação Quant. Salário com Total Total


imposto mensal anual
CUSTOS FIXOS
1 Mão-de-obra
1.1 Catadores 6 650 3.900 46.800
1.2 Operador de britagem 3 1.100 3.300 39.600
1.3 Operador de pá/trator 3 1.300 3.900 46.800
1.4 Motoristas 2 1.100 2.200 26.400
1.5 Controlador de pátio 2 1.100 2.200 26.400
1.6 Mecânico 1 1.300 1.300 15.600
1.7 Auxiliar de escritório / vendas 2 1.100 2.200 26.400
1.8 Vigias 2 1.100 2.200 26.400
Total de mão-de-obra 21.200 254.400

2 Outros custos fixos


2.1 Energia 20.000 240.000
2.2 Manutenção 11.000 132.000
2.3 Depreciação 5.000 60.000
2.3.1 Equipamentos usados 10.069 120.830
2.3.2 Equipamentos novos 20.244 242.930
2.4 Seguros 800 9.600
2.5 Telefones 2.000 24.000
2.6 Suporte ao produto 20.000 240.000
2.7 Pró-labore 5.000 60.000
2.8 MO Externa 2.500 30.000
2.9 Consultorias 2.500 30.000
2.10 Juros / Despesas financeiras 5.000 60.000
Total de outros custos fixos
para equipamentos usados 83.869 1.006.430
para equipamentos novos 94.044 1.128.530

Total dos custos fixos (em R$)


para equipamentos usados 105.069 1.260.830
para equipamentos novos 115.244 1.382.930

CUSTOS VARIÁVEIS

3 Custos variáveis
3.1 Peças de reposição 15.000 180.000
3.2 Despesas diversas 5.000 60.000
3.3 Elementos de desgaste 5.000 60.000
3.4 Diesel 10.000 120.000
Total (em R$) 35.000 420.000

FONTES: SINDIBRITA, fornecedores de equipamentos de britagem e firmas produtoras de agregados


(Base: 11/2003).

O quadro IX.9 ilustra de forma resumida os custos operacionais, conforme o


volume de produção e opção por equipamentos novos ou usados.
124

Quadro IX.9: Custos operacionais: Resumo

CAPACIDADE DE 20 t/h CAPACIDADE DE 100 t/h


Total anual (em R$) Total anual (em R$)
Item Discriminação Equip. Equip. Equip. Equip.
usados novos usados novos
CUSTOS FIXOS
1 Mão-de-obra 118.200 118.200 254.400 254.400
2 Outros custos fixos 294.600 342.200 1.260.830 1.382.930
CUSTOS VARIÁVEIS
3 Custos variáveis 108.000 108.000 420.000 420.000
Total (em R$) 520.800 568.400 1.935.230 2.057.330
Total (em US$)44 173.600 189.467 645.080 685.777

FONTES: SINDIBRITA, fornecedores de equipamentos de britagem e firmas produtoras de agregados


(Base: 11/2003).

Ao se comparar os custos operacionais de centrais compostas por equipamentos


usados são cerca de 10% menores que os custos de centrais de equipamentos novos.
Isto se deve à depreciação, que é maior para os equipamentos mais novos.
Em relação aos valores de seguro, deve-se mencionar que as cinco maiores fir-
mas de seguros no Brasil foram contactadas para que apresentassem os custos com
seguro, que estas centrais deveriam ter. Apenas uma empresa respondeu ao contato, in-
formando que não existe um histórico de perdas prováveis (uma base atuarial acerca
deste evento/risco) de tais instalações no Brasil, por isto tal seguro seria considerado de
alto risco para a empresa.
Na prática, nenhuma das instalações de reciclagem de RCC pesquisadas tem se-
guro. Contudo, baseando-se em valores de seguros para empresas produtoras de agrega-
dos naturais, colocou-se os valores de seguro para as instalações orçadas nos quadros
IX.7 e IX.8.

IX.4. Análise dos investimentos


Os cenários
O método empregado na análise financeira será o VPL (Valor Presente Líqui-
do)45. Oito cenários serão usados na análise, que corresponderão à combinação de três
hipóteses, que são:

44
Considerando 1 US$ = R$ 3,00.
45
O VPL é um método dinâmico de comparação entre alternativas de investimento. Ver item VIII.11.2.
125

a. Capacidade nominal (20 t/h ou 100 t/h?);


b. Equipamentos (novos ou usados?);
c. Conta com receitas de recepção de RCC (sim ou não?).
As hipóteses (a) e (b) já foram discutidas anteriormente neste capítulo. A hipó-
tese (c) refere-se a algumas informações recebidas (de SINDIBRITA, fornecedores de
equipamentos de britagem e empresas produtoras de agregados), que dentro das condi-
ções atuais do mercado de agregados, dificilmente ocorreria a viabilidade financeira de
centrais de reciclagem de RCC para empreendedores privados, sendo necessária a co-
brança dos usuários (geradores, transportadores e poder público), pela recepção dos seus
RCC, por cada tonelada que fosse entregue na central.
Além destas três hipóteses, foram incluídas mais duas hipóteses, que são:
d. O custo do terreno está incluso ?
e. Despesas com transporte de refugos estão incluídas ?
Nos cenários que serão simulados somente será considerada a alternativa não pa-
ra as hipóteses (d) e (e), pois para as estimativas destas é necessária a localização prévia
do empreendimento. No capítulo X estes custos serão incluídos.
Quando o cenário incluir receitas de recepção de RCC, será feita simulação
financeira com planilhas eletrônicas para se estimar o menor valor necessário que taxa
deve assumir, dentro das condições de um determinado cenário, para que a via-bilidade
financeira seja atendida. Isto acontece quando a análise financeira resulta em um VPL
igual a zero, para a taxa de retorno especificada.
Segundo SINDIBRITA e empresas produtoras de agregados, o preço do agre-
gado beneficiado deverá ser função direta do mercado dos agregados convencionais.
Pode-se trabalhar com a hipótese de que o preço do agregado beneficiado deve ser no
mínimo 30% mais barato que o agregado convencional, ou não se terá escoamento do
produto no mercado. Como atualmente o preço médio do agregado para base e sub-ba-
se praticado no Rio de Janeiro é de R$ 12,00 (preço sem imposto e sem frete), o preço
do agregado beneficiado deverá ser em torno de R$ 9,00 (preço sem imposto e sem fre-
te).
O quadro IX.10 apresenta resumidos os oito cenários a serem considerados na
análise financeira das centrais de reciclagem de RCC. No anexo IV estão localizados os
quadros que apresentam com maiores detalhes a análise financeira de cada cenário con-
siderado.
126

Quadro IX.10: Cenários

CENÁRIOS CAPACIDADE EQUIPA- TERRENO CONTA COM DESPESAS COM TRANS-


NOMINAL (t/h) MENTOS INCLUSO? RECEITA DE PORTE E DESTINAÇÃO
RECEPÇÃO DE REFUGOS?
DE RCC?
01 20 Usados Não Sim Não
02 20 Usados Não Não Não
03 20 Novos Não Sim Não
04 20 Novos Não Não Não
05 100 Usados Não Sim Não
06 100 Usados Não Não Não
07 100 Novos Não Sim Não
08 100 Novos Não Não Não

Considerou-se em 20% o percentual de rejeitos provenientes do beneficiamento


de RCC. Este percentual não é relevante nos oito cenários apresentados, pois não se
considerou transporte e deposição de rejeitos nos cenários.
Contudo, em uma análise completa de viabilidade, ao se ter uma localização pro-
vável da central, deve-se considerar qual será o provável percentual de rejeitos de RCC
daquela região, e os seus respectivos custos de transporte e disposição final até aterro
sanitário ou até outra destinação.
O cálculo do volume de produção de agregado foi baseado levando-se em conta
80% da capacidade nominal do equipamento a ser empregado, que é um procedimento
normal em projetos industriais.

Os resultados da análise
Adotando uma taxa de atratividade de 12%, após impostos, que é o mínimo a ser
esperado dentro do quadro financeiro atual, resumiu-se no quadro IX.11 os resultados
encontrados nos cenários apresentados nas quadros anteriores.
127

Quadro IX.11: Os cenários e os resultados

CENÁ- CAPACI- EQUIPA- TER- CONTA DESPESAS PREÇO COBRA- VALOR DO


COM RE- COM TRANS- DO PARA A RE-
RIOS DADE MEN- RENO VPL SEM
CEITA DE PORTE E CEPÇÃO DE
NOMINAL TOS INCLU- RCC PARA
RECEITA DE
RECEP- DESTINAÇÃO
SO? VPL=0 RECEPÇÃO
(t/h) ÇÃO DE DE REFUGOS?
RCC? (em R$/t) DE RCC
(em R$)
01 20 Usados Não Sim Não 7,57 -
02 20 Usados Não Não Não - -1.490.666
03 20 Novos Não Sim Não 8,67 -
04 20 Novos Não Não Não - -1.706.996
05 100 Usados Não Sim Não 1,21 -
06 100 Usados Não Não Não - -1.187.598
07 100 Novos Não Sim Não 1,79 -
08 100 Novos Não Não Não - -1.757.759

Pode-se constatar que os pares de cenários (01 e 02), (03 e 04), (05 e 06) e (07 e
08) são idênticos entre si, com exceção dos cenários pares, que não consideram a en-
trada de receitas de recepção de RCC dos usuários. Já os cenários ímpares consideram
estas receitas.
Observa-se pelos resultados negativos (valores do VPL sem receitas de recep-
ção) dos cenários pares, que as centrais de reciclagem de RCC nas atuais condições de
mercado não são viáveis financeiramente. Somente as receitas provenientes da venda
de agregado beneficiado não viabilizam as centrais.
Deve-se salientar que os resultados destes cenários não consideram preço de ter-
reno e custos com destinação de rejeitos, o que tornariam piores os resultados de uma
análise financeira completa.
Para que as centrais se tornem viáveis, dentro das condições atuais, devem ser
introduzidos instrumentos ou meios que viabilizem a implantação e operação destas ins-
talações, tais como: receitas de recepção de RCC, incentivos fiscais e outros subsídios
do poder público.
A cobrança pela recepção de RCC cria outra opção de receita para as centrais.
Comprova-se pelo quadro IX.11 que dentre os cenários impares, que são os cenários
que levam em conta este tipo de receita, os melhores resultados (menor preço a ser pago
por tonelada para viabilizar o projeto) são os cenários 05 e 07: preços de R$ 1,21/t (com
128

equipamentos usados) e R$ 1,79/t (com equipamentos novos) para centrais com


capacidade nominal de 100 t/h.
Para a viabilização de centrais dos cenários 01 e 03 com capacidade nominal de
20 t/h são necessários preços bem maiores (R$ 7,57/t com equipamentos usados e R$
8,67/t com equipamentos novos) do que as dos cenários 05 e 07. Isto indica que uma
produção maior de agregado beneficiado facilita a viabilização financeira das centrais.

IX.5. Ponto de Equilíbrio


O Ponto de Equilíbrio46 é o ponto no qual o somatório das receitas de vendas e o
somatório dos custos de produção se equivalem financeiramente. No caso do estudo
aqui realizado, o Ponto de Equilíbrio será definido em termos de toneladas produzidas.
No item anterior, um dos resultados da análise financeira foi a constatação de
que, sem as receitas de recepção de RCC, as centrais de reciclagem de RCC (de 20 ou
100 t/h) não são viáveis financeiramente.
Assumindo-se que os usuários (privados ou públicos) pagarão o valor fixado pe-
la central, montou-se os quadros IX.12 e IX.13 com cenários considerando preços de R$
5,00 e R$ 10,00 por tonelada, respectivamente.

Quadro IX.12: Cenários com preço de recepção a R$ 5,00 por tonelada

CAPACIDADE EQUIPA- TERRENO CONTA COM DESPESAS PREÇO DE PONTO DE


NOMINAL MENTOS INCLUSO? RECEITA DE COM RECEPÇÃO EQUILÍBRIO
(t/h) RECEPÇÃO? REFUGOS? (R$/t) (EM t)
20 Usados Não Sim Não 5,00 Não tem
20 Novos Não Sim Não 5,00 Não tem
100 Usados Não Sim Não 5,00 106.000
100 Novos Não Sim Não 5,00 114.300

Com um preço de recepção no valor de R$ 5,00 por tonelada, as centrais de 20


t/h não têm Ponto de Equilíbrio. Já as centrais de 100 t/h têm os seus Pontos de Equilí-
brio em 106.000 t (equipamentos usados, produção obtida em 166 dias – 63% dos dias
trabalhados em um ano47) e 114.300 t (equipamentos novos, produção obtida em 179
dias – 68% dos dias trabalhados em um ano).

46
Assunto mencionado no item VIII.11.1.
47
Considerou-se 264 dias de trabalho por ano.
129

Quadro IX.13: Cenários com preço de recepção a R$ 10,00 por tonelada

CAPACIDADE EQUIPA- TERRENO CONTA COM DESPESAS PREÇO DE PONTO DE


NOMINAL MENTOS INCLUSO? RECEITA DE COM RECEPÇÃO EQUILÍBRIO
(t/h) RECEPÇÃO? REFUGOS? (R$/t) (EM t)
20 Usados Não Sim Não 10,00 26.000
20 Novos Não Sim Não 10,00 28.300
100 Usados Não Sim Não 10,00 75.300
100 Novos Não Sim Não 10,00 81.200

Com um preço de recepção no valor de R$ 10,00 por tonelada, as centrais de 20


t/h passam a ter Pontos de Equilíbrios iguais a 26.000 t (equipamentos usados, produção
obtida em 203 dias – 77% dos dias trabalhados) e 28.300 t (equipamentos novos, produ-
ção obtida em 220 dias – 83% dos dias trabalhados).
Já as centrais de 100 t/h têm os seus Pontos de Equilíbrio em 75.300 t (equipa-
mentos usados, produção obtida em 117 dias – 44% dos dias trabalhados em um ano) e
81.200 t (equipamentos novos, produção obtida em 126 dias – 47% dos dias trabalha-
dos em um ano).
130

IX.6. Dados coletados nas centrais existentes


IX.6.1. Introdução
Este item baseia-se em informações coletadas durante as visitas às centrais de
reciclagem de RCC e aquelas obtidas através de respostas aos questionários.
Por mais que se tenha insistido através de visitas, mensagens eletrônicas, telefo-
nemas e conversas com mais de um contato no mesmo município, nem todos os dados
desejados para a pesquisa foram disponibilizados, principalmente aqueles referentes a
custos.
Em alguns casos o motivo parece ser que, por pertencer ao poder público, a a-
propriação de custos da maioria das centrais não é considerada relevante, e por isto não
é feita. Em outros, por ter operação terceirizada, alguns gerentes de contrato não quise-
ram fornecer os custos.
Contatou-se também que parte dos dados disponibilizados pelas centrais não es-
tava completo, deixando de incluir alguns itens.
Para contornar estes problemas, várias informações foram estimadas através de
comparações com outras centrais de mesmo porte.
Os custos relativos aos investimentos de capital fixo estão em dólares america-
nos, pois os valores a serem apresentados referem-se a despesas realizadas em anos
distribuídos em intervalo de tempo relativamente longo (cerca de treze anos). Os
demais custos estão em reais.
Os dados coletados ou estimados por comparação estão classificados em:
- investimento capital fixo;
- custos operacionais;
- receitas e economias mensais.

IX.6.2. Investimento capital fixo


O quadro IX.14 apresenta os dados sobre a composição dos investimentos de
capital fixo dos municípios pesquisados.
Todas as centrais pesquisadas são municipais e estão localizadas em terrenos
municipais. Sendo assim, não foram necessários investimentos na aquisição de terreno.
131

Quadro IX.14: Composição dos investimentos capital fixo

MUNICÍPIO INVESTIMENTO CAPITAL FIXO (em 10³ US$) TO- FONTE


Equipa- Pá carrega- Fábrica Obras Caminhão TAL
mentos deira48 de civis basculante (10³
blocos US$)
São Paulo 1.000,0 Emprestadas - n.d. Emprestado 1.000,0 NORTEC (2003)
49 50

Ribeirão Preto 125,4 Emprestada - 92,6 - 218,0 DAERP (2003)


S. José dos 83,0 Emprestada - n.d. - 83,051 CAVALCANTI:
Campos KARINA (2003)

Piracicaba 100,0 26,7 16,7 15,0 n.d. 158,4 EMDHAP (2003)


52
Vinhedo 36,0 Emprestada - n.d. Emprestado 36,0 SPMA (2003)
Guarulhos 66,7 Emprestada - - n.d. 66,7 NORTEC (2003)
Ribeirão Pires n.d. Aluguel - n.d. Aluguel53 100,0¹ SOSM (2003)
S. J. Rio Preto 96,6 n.d. - 69,0 - 165,6 SAMURB (2003)
BH – Estoril 96,954 Aluguel n.d. 52,1 Aluguel 150,0 CHENNA (2001)
55
BH –Pampulha 134,4 Aluguel n.d. 48,0 Aluguel 182,4 CHENNA (2001)
56 SEMA (2003)
Londrina 100,0 - 100,0
Brasília – Aterro n.d. n.d. - n.d. n.d. 80,3 NORTEC (2003)
Brasília - n.d. n.d. - n.d. n.d. 84,8 NORTEC (2003)
Ceilândia
Macaé n.d. contratada57 - n.d. - 115,0 LIMPATEC (2003)

n.d. Informação não disponível.

Observou-se na coleta de informações, que aparentemente alguns itens, tais co-


mo pá-carregadeira e caminhão basculante, não estavam incluídos em alguns dos inves-
timentos de capital fixo fornecidos pelos municípios, pois estes eram emprestados de
outros órgãos municipais ou eram alugados.
De forma a uniformizar as informações, acrescentou-se a compra destes equipa-
mentos na opção mais econômica (usado) dentro da composição dos investimentos capi-
tal fixo (quadro IX.15).

48
O termo “emprestada” significa que o equipamento é emprestado de outro órgão do mesmo município.
49
São duas pás-carregadeiras.
50
Inclui obras civis.
51
Não incluindo obras civis.
52
Não incluindo a pá-carregadeira. Inclui as obras civis.
53
A usina aluga três caminhões para a distribuição dos materiais beneficiados.
54
Custo incluindo a fábrica de blocos.
55
Custo incluindo a fábrica de blocos.
56
Custo incluindo quatro máquinas para confecção de blocos, não incluindo pá-carregadeira..
57
Fornecida pela firma contratada para operação da central.
132

Quadro IX.15: Composição dos investimentos capital fixo (corrigida)

MUNICÍPIO INVESTIMENTO CAPITAL FIXO (em 10³ US$) TOTAL TOTAL


Equipa- Pá carrega- Fábrica de Obras Caminhão Sem Com
mentos deira blocos civis basculante correção correção
(10³ US$) (10³ US$)
São Paulo 1.000,0 1.000,058 1000,0
Ribeirão Preto 125,4 100,0 - 92,6 65,0 218,0 383,0
S. José dos 83,0 100,0 - n.d. 65,0 83,0 248,0
Campos
Piracicaba 100,0 100,0 16,7 15,0 65,0 158,4 323,4
Vinhedo 36,0 100,0 - n.d. 65,0 36,0 201,0
Guarulhos 66,7 100,0 - - 65,0 66,7 232,0
Ribeirão Pires n.d. 100,0 - n.d. 65,0 100,0¹ 265,0
S. José do Rio 96,6 100,0 - 69,0 65,0 165,6 330,6
Preto
BH – Estoril 96,9 100,0 n.d. 52,1 65,0 150,0 315,0
BH – 134,4 100,0 n.d. 48,0 65,0 182,4 347,4
Pampulha
Londrina 100,0 65,0 100,0 265,0
Brasília – n.d. 100,0 - n.d. 65,0 80,3 245,3
Aterro
Brasília - n.d. 100,0 - n.d. 65,0 84,8 250,0
Ceilândia
Macaé n.d. 100,0 - n.d. 65,0 115,0 280,0

n.d. Informação não disponível.

Dividindo-se os totais de investimentos de capital fixo dos municípios pela capa-


cidade instalada das centrais de reciclagem, chega-se aos valores de investimentos por
capacidade instalada (quadro IX.16).

58
Inclui obras civis.
133

Quadro IX.16: Investimento por tonelada instalada

MUNICÍPIO TOTAL DE INVESTIMENTO CAPACIDADE INVESTIMENTO POR


CAPITAL FIXO INSTALADA CAPACIDADE INSTA-
(com correção) (10³ US$) (t/h) LADA (10³ US$/t)

São Paulo 1000,0 100 10,0


Ribeirão Preto 383,0 40 9,6
S. José dos Campos 248,0 40 6,2
Piracicaba 323,4 15 21,6
Vinhedo 201,0 25 8,0
Guarulhos 232,0 15 15,5
Ribeirão Pires 265,0 25 10,6
S. José do Rio Preto 330,6 55 6,0
BH – Estoril 315,0 40 7,9
BH –Pampulha 347,4 40 8,7
Londrina 265,0 15 17,7
Brasília – Aterro 245,3 40 6,1
Brasília – Ceilândia 250,0 40 6,3
Macaé 280,0 8 35,0

A média aritmética dos investimentos por capacidade instalada nos municípios


pesquisados é 12.500,00 US$/t.
O quadro IX.6, apresentado anteriormente, fornece os valores de investimentos
por capacidade instalada (através de cotações de mercado) de 16.770 US$/t (capacidade
20 t/h – equipamentos novos) e 8.170 US$/t (capacidade 100 t/h – equipamentos no-
vos).

IX.6.3. Custos operacionais


Os custos operacionais são compostos pelo somatório dos custos fixos e dos
custos variáveis.

Custos fixos
Os custos fixos (quadro IX.17) englobam os custos com mão-de-obra, energia,
manutenção, depreciação, seguros, vendas, consultorias e juros e despesas financeiras.
As equipes necessárias para a operação das centrais de reciclagem existentes já
foram apresentadas no quadro VI.5.
134

Quadro IX.17: Custos operacionais – Custos fixos59

MUNICÍPIOS CUSTOS OPERACIONAIS (em 10³ R$)


MÃO-DE- ENER- MANU- DEPRE- SEGU- JUROS62
OBRA GIA TENÇÂO CIAÇÃO ROS61
60

São Paulo* 282,0 46,7 36,0 150,0 129,0 360,0


Ribeirão Preto* 234,0 4,9 6,3 57,5 49,4 138,0
S. J. Campos* 174,0 10,0 6,3 37,2 40,0 89,3
Piracicaba 198,0 10,0 6,3 48,5 41,7 116,4
Vinhedo 150,0 1,2 1,1 50,3 26,0 72,4
Guarulhos 162,0 10,0 6,3 34,8 30,0 83,5
Ribeirão Pires 174,0 30,0 11,9 49,6 34,2 95,4
S.J. Rio Preto** 210,0 10,0 11,9 39,8 42,7 119,0
BH – Estoril 210,0 15,1 14,4 47,3 40,6 113,4
BH – Pampulha 210,0 15,1 14,4 52,1 44,8 125,1
Londrina* 162,0 10,0 5,4 39,8 34,2 95,4
Brasília-Aterro 162,0 10,0 7,2 36,8 31,6 88,3
Brasília-Ceilândia* 162,0 10,0 7,2 37,5 32,3 90,0
Macaé 162,0 5,0 9,4 42,0 36,1 100,8

* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.

A grande maioria dos dados da tabela IX.17 foi estimado pela autora desta
pesquisa, pois estes:
- não foram disponibilizados pelos gerentes das centrais, mas que foram obtidos
por comparação com outras instalações de características similares; ou
- foram disponibilizados pelos gerentes das centrais, mas que não incluíam al-
guns itens, tais como salários de engenheiro, vigia e operador de pá-mecânica.
Incluiu-se nos custos fixos os custos referentes a seguro, apesar de algumas em-
presas seguradoras informaram que não é usual que os municípios façam seguros de
suas propriedades. As centrais pesquisadas não tinham seguro63.
Deveriam ser incluídos também os custos em relação a vendas e distribuição dos
materiais beneficiados. Contudo, não se observou nas centrais pesquisadas a existência
de profissional atuante na área comercial para incrementar as vendas e prestar assistên-
cia técnica aos clientes. Como na iniciativa privada esta função estaria parcialmente

59
Estimativas feitas pela autora baseadas em dados coletados.
60
Depreciação: total dos investimentos de capital fixo corrigido dividido por 20 anos.
61
Corresponde a 4,3% do valor segurado (total dos investimentos de capital fixo corrigido) (SULAMERI-
CA, 2003).
62
E despesas financeiras.
63
Como duas das centrais pesquisadas passaram por roubos e vandalismos (São Paulo e Ribeirão Preto),
talvez a opção por não ter seguro deveria ser reavaliada pelos dirigentes municipais.
135

sendo exercida pelo engenheiro responsável, será considerado aqui, de forma simplifi-
cada, que estes custos estão inclusos no salário deste profissional.
Um outro tipo de custo operacional resultaria das despesas com recuperação
ambiental, que visam reduzir ou eliminar os impactos ambientais negativos causados
por uma central de reciclagem de RCC. Nas centrais brasileiras eles não foram detec-
tados, mas estão presentes nos estudos de viabilidade de centrais de reciclagem de RCC
na Europa, Estados Unidos e Japão, pois estes países estão mais propensos a bene-
ficiarem RCC contaminado (KOHLER, 1997).

Custos variáveis
Os custos variáveis (quadro IX.18) englobam custos com peças de reposição,
elementos de desgaste, diesel e outras despesas diversas. Como existiram diferenças sig-
nificativas entre os custos coletados de centrais semelhantes, optou-se por fazer as esti-
mativas destes custos junto a sindicatos e empresas fornecedoras de equipamentos de
britagem (SINDIBRITA, 2003).
Como cada central têm características diferentes de localização em relação ao
centro da cidade e seu aterro, não considerou aqui os custos de transporte e disposição
dos refugos das atividades de beneficiamento, que para centrais em plena operação não
devem ser desprezados.
136

Quadro IX.18: Custos operacionais – Custos variáveis (R$/ano)64

MUNICÍPIOS PEÇAS DE ELEMENTOS DIESEL DESPESAS TOTAL


REPOSIÇÃO DE DESGASTE DIVERSAS
São Paulo* 180 60 120 60 420
Ribeirão Preto* 60 12 12 24 108
S. J. Campos* 60 12 12 24 108
Piracicaba 60 12 12 24 108
Vinhedo 60 12 12 24 108
Guarulhos 60 12 12 24 108
Ribeirão Pires 60 12 12 24 108
S.J. Rio Preto** 60 12 12 24 108
BH – Estoril 60 12 12 24 108
BH – Pampulha 60 12 12 24 108
Londrina* 30 6 6 16 58
Brasília Aterro 60 12 12 24 108
Brasília Ceilândia* 60 12 12 24 108
Macaé 60 6 6 16 58

* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.

Custos operacionais totais


O quadro IX.19 traz os custos totais de produção baseados nos dados dos qua-
dros anteriores (IX.17 e IX.18).
Voltando ao quadro IX.9, tem-se as informações que segundo as cotações feitas
em mercado os custos operacionais anuais para centrais de 20 t/h seria de R$
568.400,00, e de 100 t/h seria de R$ 2.057.330,00 (ambas as centrais com equipamentos
novos).
Estes custos estão acima daqueles encontrados para as centrais pesquisadas. Os
motivos para isto podem ser:
- Apesar dos acréscimos que a pesquisadora fez nos custos fornecidos pelos ge-
rentes, para ficarem mais completos, eles foram insuficientes para representar
os reais custos operacionais das centrais pesquisadas;
- Por funcionarem abaixo de suas capacidades, as centrais em atividade têm cus-
tos operacionais mais baixos que os de centrais em plena operação; e

64
Estimativas feitas pela autora baseadas em dados coletados.
137

- Por estarem paralisadas, os dados históricos das centrais sem atividade podem
estar desatualizados ou sub-estimados.

Quadro IX.19: Custos operacionais: Resumo65

MUNICÍPIOS CUSTOS FIXOS CUSTOS CUSTOS


ANUAIS (10³ R$) VARIÁVEIS TOTAIS
(10³ R$) DE
MÃO-DE- OUTROS CUS-
PRODUÇÃO
OBRA TOS FIXOS
(10³ R$)
São Paulo* 282,0 721,7 420 1.423,7
Ribeirão Preto* 234,0 256,1 108 598,1
S. J. Campos* 174,0 182,8 108 464,8
Piracicaba 198,0 222,9 108 528,9
Vinhedo 150,0 259,0 108 409,0
Guarulhos 162,0 164,6 108 434,6
Ribeirão Pires 174,0 221,1 108 503,1
S.J. Rio Preto** 210,0 223,3 108 541,4
BH – Estoril 210,0 230,8 108 548,8
BH – Pampulha 210,0 251,5 108 569,5
Londrina* 162,0 184,8 58 404,8
Brasília Aterro 162,0 173,9 108 443,9
Brasília Ceilândia* 162,0 177,0 108 447,0
Macaé 162,0 193,3 58 413,3

* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.

O quadro IX.20 apresenta os custos unitários de produção das centrais pesqui-


sadas, que foram baseados nos custos totais estimados e nas quantidades escoadas. Para
as centrais que estão paralisadas, os custos são referentes aos últimos doze meses antes
da paralisação (excetuando-se a central de São José do Rio Preto, que está sendo im-
plantada).
Levando-se em consideração as informações do item IX.4, que para se ter esco-
amento da produção de centrais de reciclagem de RCC, o agregado beneficiado deveria
ter preço no máximo em torno de R$ 9,00 (sem frete e sem imposto).
Observa-se pelas informações do quadro IX.20, que todos os custos unitários de
produção das centrais estão acima deste valor.

65
Estimativas feitas pela autora baseadas em dados coletados.
138

Quadro IX.20: Custos unitários de produção66

MUNICÍPIOS CAPACI- PRODUÇÃO QUANTI- CUSTOS CUSTOS FONTES


DADE ANUAL ES- DADES TOTAIS DE UNITÁRIOS (QUANTIDADES
INS- TIMADA ESCOA- PRODUÇÃO DE PRO- ESCOADAS)
TALADA EM DAS67 DUÇÃO
PROJETO
(t/h) (10³ t/ano) (10³t/ano) (10³ R$/ano) (R$/t)
São Paulo* 100 169,0 60,7 1.423,7 23,5 NORTEC (2003)
Ribeirão Preto* 40 67,6 21,1 598,1 28,4 DAERP (2003)
S. J. Campos* 40 67,6 15.8 464,8 29,4 URBAM (2003)
Piracicaba 15 25,3 n.d. 528,9 n.d. EMDHAP (2003)

Vinhedo 10 16,9 2,7 409,0 151,5 SPMA (2003)

Guarulhos 15 25,3 7,9 434,6 55,0 NORTEC (2003)

Ribeirão Pires 25 42,3 7,9 503,1 63,7 SOSM (2003)

S.J. Rio Preto** 25 42,3 - 541,4 - SAMURB (2003)

BH – Estoril 40 67,6 55,4 548,8 9,9 SLU (2003)

BH – Pampulha 40 67,6 55,4 569,5 10,3 SLU (2003)

Londrina* 15 25,3 10,6 404,8 38,2 SEMA (2003)

Brasília Aterro 40 67,6 26,4 443,9 16,8 NORTEC (2003)

Brasília Ceilândia* 40 67,6 - 447,0 - NORTEC (2003)


Macaé 8 13,5 8,568 413,3 48,6 LIMPATEC (2003)

* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.
n.d. Informação não disponível.

Se as centrais estivessem operando com produção próxima à produção anual es-


timada em projeto, os custos unitários de produção seriam mais baixos, como pode ser
constatado no quadro IX.21.

66
Os custos totais de produção e os custos unitários de produção foram estimados pela autora. As esti-
mativas foram baseadas em dados coletados.
67
Considerando 264 dias trabalhados por ano.
68
Não se considerou receitas ou benefícios financeiros da produção mensal de 950 blocos, 1.638 pavis e
34 meio-fios.
139

Quadro IX.21: Custos unitários de produção (cenário de funcionamento pleno)69

MUNICÍPIOS PRODUÇÃO CUSTOS CUSTOS


ANUAL ESTI- TOTAIS DE UNITÁRIOS
MADA EM PRODUÇÃO DE PRO-
PROJETO DUÇÃO
(10³ t/ano) (10³ R$/ano) (R$/t)
São Paulo* 169,0 1.423,7 8,4
Ribeirão Preto* 67,6 598,1 8,9
S. J. Campos* 67,6 464,8 6,9
Piracicaba 25,3 528,9 20,9
Vinhedo 16,9 409,0 24,2
Guarulhos 25,3 434,6 17,2
Ribeirão Pires 42,3 503,1 11,8
S.J. Rio Preto** 42,3 541,4 12,8
BH – Estoril 67,6 548,8 8,1
BH – Pampulha 67,6 569,5 8,4
Londrina* 25,3 404,8 16,0
Brasília Aterro 67,6 443,9 6,6
Brasília Ceilândia* 67,6 447,0 6,6
Macaé 13,5 413,3 30,6

* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.

Comparando-se os custos unitários de produção para um cenário de funciona-


mento pleno do quadro IX.21, com os custos unitários do quadro IX.20, conclui-se que
os primeiros são bem mais baixos que os segundos (média de R$ 13,40/t contra R$
43,21/t). Funcionando abaixo de suas capacidades, as centrais estão perdendo a oportu-
nidade de abaixar os seus custos de produção. Isto para centrais que estão operando,
pois para aquelas paradas a realidade é que está se desperdiçando investimento público.
Os valores apresentados no quadro IX.22 são os custos de produção por tonelada
das centrais pesquisadas segundo seus gerentes. Observa-se que das catorze centrais,
apenas quatro têm apropriados e disponibilizados os seus custos de produção.
Comparando-se os valores do quadro IX.22 com os do quadro IX.20, verifica-se
que somente os custos das centrais de Belo Horizonte estão próximos aos estimados por
esta pesquisa.

69
Os custos totais de produção e os custos unitários de produção foram estimados pela autora. As esti-
mativas foram baseadas em dados coletados.
140

Quadro IX.22: Custos de produção por tonelada, fornecidos pelos gerentes das centrais

MUNICíPIOS CUSTO DE CUSTO DE FONTE


PRODUÇÃO POR PRODUÇÃO POR
TONELADA (R$/t) TONELADA (US$/t)
São Paulo* 13,0070 4,10 NORTEC (2003)
Ribeirão Preto* n.d. n.d. -
São José dos Campos* n.d. n.d. -
Piracicaba n.d. n.d. -
Vinhedo n.d. n.d. -
Guarulhos n.d. n.d. -
Ribeirão Pires 17,8971 6,15 SOSM (2003)
São José do Rio Preto** n.d. n.d. -
Belo Horizonte – Estoril 9,4572 2,98 SLU (2003)
Belo Horizonte - Pampulha 9,4573 2,98 SLU (2003)
Londrina* n.d. n.d. -
Brasília – Aterro/ Jóquei n.d. n.d. -
Brasília – Ceilândia* - - -
Macaé n.d. n.d. -

* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.
n.d. Informação não disponível.

IX.6.4. Receitas e economias


Em relação a receitas e possíveis economias para os seus proprietários (os muni-
cípios) observadas nas centrais pesquisadas, as mais significativas a princípio são:
- receitas com vendas de agregado beneficiado;
- economias com aquisição de materiais;
- economias com disposição e transporte de RCC.
Receitas
Apenas três centrais de reciclagem de RCC vendem agregado beneficiado para
clientes da iniciativa privada: Vinhedo, Belo Horizonte/Estoril e Belo Horizonte/Pam-
pulha. Porém, as quantidades vendidas por estas centrais são ínfimas.
A instalação de Vinhedo vendeu, entre julho de 2002 e junho de 2003, cerca de
1.500m³ de agregado beneficiado por um preço médio de R$ 2,40/m³, incluindo frete
(SPMA, 2003). A receita total nestes doze meses foi de R$ 3.600,00.

70
Em outubro de 2002.
71
Em dezembro de 2003.
72
Em agosto de 2002.
73
Em agosto de 2002.
141

Pelo preço de R$ 1,50/t (R$ 2,40/m³), sem frete, pode-se adquirir agregado bene-
ficiado nas centrais de Belo Horizonte. Os totais vendidos pelas centrais não foram dis-
ponibilizados (SLU, 2003).

Economias com disposição e transporte de RCC até os aterros


O quadro IX.23 traz informações sobre distâncias aproximadas entre centros dos
municípios, aterros e centrais de reciclagem. Em alguns casos, as centrais estão mais
próximas dos centros dos municípios do que os aterros. Isto significa que levando os
RCC para estas centrais os municípios estão economizando com transporte.

Quadro IX.23: Distâncias entre ponto central dos municípios,


centrais de reciclagem e aterros sanitários

MUNICÍPIOS DISTÂNCIAS APROXIMA- CUSTOS DE CUSTOS DE FONTES


DAS ENTRE DISPOSIÇÃO COLETA E
Centro – Centro – Central – NO ATERRO TRANSPOR-
Central Aterro Aterro (R$/t) TE (R$/t)
São Paulo n.d. n.d. n.d. 9,0074 n.d. SCHNEIDER
(2003)
Ribeirão Preto n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. -
S. J. dos Campos 2,0 10,0 8,0 80,0075 n.d. URBAM (2003)
Piracicaba 9,0 20,0 11,0 n.d. n.d. EMDHAP (2003)
Vinhedo 1,5 40,0 40,0 120,0076 n.d. SPMA (2003)
Guarulhos 6,0 10,0 4,0 107,0477 NORTEC (2003)
Ribeirão Pires 3,0 n.d. n.d. 96,0078 SOSM (2003)
S. J. do Rio Preto n.d. n.d. n.d. 7,15 43,23 SAMURB (2003)
BH - Estoril 10,0 12,0 10,0 10,85 37,15 SLU (2003)
BH – Pampulha 15,0 12,0 8,0 10,85 37,15 SLU (2003)
Londrina 10,0 8,0 5,0 9,88 27,00 SEMA (2003)
Brasília - Aterro n.d. n.d. 0,0 n.d. n.d. -
Brasília - Ceilândia - - - - - -
Macaé 4,0 15,0 13,0 - LIMPATEC (2003)

n.d. Informação não disponível.

74
Deposição no aterro de inertes de Itaquera. Ano-Base 2002 (SCHNEIDER, 2003).
75
Valor cobrado pela empresa que opera o aterro (terceirizada pela Prefeitura) para clientes que não
sejam a Prefeitura. O valor cobrado da Prefeitura de S.J. dos Campos não foi divulgado. O aterro não
aceita entulho.
76
Para utilizar o aterro do Município de Paulínea.
77
Custos normais. Porém, é de R$ 46,88 / t o custo de disposição de resíduos de manutenção da cidade
em aterro, coletados e transportados por veículos públicos.
78
Não existe aterro sanitário no Município de Ribeirão Pires. A coleta de lixo é executada por empresa
particular e transportado para a cidade vizinha, sendo depositado em aterro particular.
142

No mesmo quadro tem-se os custos com disposição nos aterros em alguns dos
municípios pesquisados. Observa-se que estes custos estão variando de R$ 7,15/t a R$
120,00/t
Somando-se estes valores com os custos com transporte79, e comparando os com
os custos unitários de produção (média de R$ 43,21/t), dependendo de cada município
poderá ser vantajoso o beneficiamento de RCC, somente contando com as economias
com transporte e disposição nos aterros.

Economias com aquisição de materiais


Caso as centrais estivessem trabalhando com as capacidades planejadas, as eco-
nomias que estes municípios teriam anualmente com a aquisição de agregados de jazi-
das estão ilustradas no quadro IX.24. O preço médio destes agregados é de R$ 12,00/t
(sem imposto e sem frete)80.
Observa-se que os valores obtidos para as possíveis economias com materiais
são em oito das catorze centrais maiores que os custos operacionais. Nos outras seis os
valores são menores, porém significativos.

79
Pode-se considerar o custo de transporte como 0,22 R$/(m³.km) (SINDIBRITA, 2003).
80
Agregados para uso principalmente em base e sub-base (SINDIBRITA, 2003).
143

Quadro IX.24: Economias com a aquisição de materiais

MUNICÍPIOS CAPACIDADE PRODUÇÃO CUSTOS ECONO-


INSTALADA ANUAL ESTIMADA OPERACIONAIS MIAS
EM PROJETO ANUAIS (10³ R$)
(t/h)
(10³ t/ano) (10³ R$)
São Paulo* 100 169,0 1.423,7 2.028
Ribeirão Preto* 40 67,6 598,1 811
S. J. Campos** 40 67,6 464,8 811
Piracicaba 15 25,3 528,9 304
Vinhedo 10 16,9 409,0 203
Guarulhos 15 25,3 434,6 304
Ribeirão Pires 25 42,3 503,1 508
S.J. Rio Preto** 25 42,3 541,4 508
BH – Estoril 40 67,6 548,8 811
BH – Pampulha 40 67,6 569,5 811
Londrina* 15 25,3 404,8 304
Brasília Aterro 40 67,6 443,9 811
Brasília Ceilândia* 40 67,6 447,0 811
Macaé 8 13,5 413,3 162

* Central paralisada. Os dados referem-se aos últimos doze meses antes da paralisação;
** Central a entrar em operação.

Outras economias e benefícios intangíveis


Estimou-se nos sub-itens anteriores integralmente ou parcialmente as economias
e receitas provenientes de instalações de beneficiamento de RCC. Porém, para os muni-
cípios existem outros benefícios que podem advir das instalações, mas que não são fa-
cilmente mensuráveis, que são, entre outros:
- motivação de seus habitantes a usar as soluções oferecidas (como áreas de a-
tração e coleta domiciliar) para dispor os seus RCC, evitando as disposições
ilegais (reduzindo-se assim os custos com limpeza corretiva e recuperação am-
biental);
- redução da necessidade de locais para disposição de RCC, trazendo o aumento
da vida útil de seus aterros de inertes e aterros de lixo domiciliar;
- redução do impacto ambiental da extração, transporte e processamento de re-
cursos naturais; e
- melhoria da imagem pública dos municípios.
144

IX.7. Análise financeira de centrais de reciclagem de RCC: Resumo e conside-


rações
Como as centrais de reciclagem pesquisadas pertencem ao poder público, e as
experiências privadas de maior porte com reciclagem de RCC ainda não são significa-
tivas, optou-se por apresentar dois tipos de análise de viabilidade: uma análise voltada
para iniciativa privada e uma outra dirigida para o poder público.
Isto porque em uma tomada de decisão a favor ou não de um investimento, os
critérios de decisão do poder público (tais como: melhoria da qualidade de vida da
sociedade, desenvolvimento econômico da região e proteção ambiental) se diferenciam
dos critérios da iniciativa privada (principalmente lucro).

Iniciativa privada: Projetos de centrais de reciclagem de RCC de 20 t/h e 100 t/h


Concluiu-se através dos resultados negativos da análise financeira baseada em
cenários que, somente contando com receitas provenientes da venda de agregado
reciclado, as centrais de reciclagem de RCC nas atuais condições de mercado não são
viáveis financeiramente.
Estes resultados não incluíram preço de terreno e custos com transporte e dispo-
sição de rejeitos da produção das centrais, o que significa que os resultados de uma aná-
lise financeira completa iriam ser mais desfavoráveis.
Considerou-se nos cenários que o preço do agregado beneficiado deveria ser em
torno de R$ 9,00/t (preço sem imposto e sem frete), que seria 30% mais barato que o
agregado convencional. O preço médio do agregado para base e sub-base praticado no
Município do Rio de Janeiro é de R$ 12,00/t (preço sem imposto e sem frete). Este últi-
mo valor refere-se a cotação realizada em novembro de 2003 e pode variar conforme in-
flação, oferta e demanda de agregados naturais, localização da obra, entre outros as-
pectos.
Para que as centrais se tornem viáveis dentro das condições atuais devem ser in-
troduzidos meios que viabilizem a implantação e operação destas instalações, tais como:
receitas de recepção de RCC, redução de impostos e financiamentos a juros mais bai-
xos que os praticados no mercado. Destes possíveis meios de viabilização, trabalhou-se
nesta pesquisa somente com a cobrança dos usuários de valores pela recepção de RCC,
pois os outros meios dependem fortemente de negociação entre vários setores da econo-
mia.
145

O recebimento destes valores gera receita adicional para as centrais. Compro-


vou-se na análise financeira, que dentre os cenários apresentados, os melhores resulta-
dos (menores preços a serem cobrados por tonelada dos usuários para viabilizar o pro-
jeto) foram encontrados para centrais de 100 t/h (preço de R$ 1,21/t – central com
equipamentos usados, e R$ 1,79/t – central com equipamentos novos).
Para a viabilização de centrais de 20 t/h são necessários preços bem maiores (R$
7,57/t – central com equipamentos usados, e R$ 8,67/t – central com equipamentos no-
vos). Isto indica que uma produção maior de agregado reciclado facilita a viabilização
financeira das centrais.
Assumindo-se que os usuários (privados ou públicos) pagariam pela entrega dos
RCC nas centrais, foram montados cenários considerando preços de R$ 5,00 e R$ 10,00
por tonelada, respectivamente.
Com um preço para recepção no valor de R$ 5,00/t, as centrais de 20 t/h não têm
Ponto de Equilíbrio (não se viabilizam financeiramente). Já as centrais de 100 t/h têm
os seus Pontos de Equilíbrio em 106.000t (equipamentos usados, produção obtida em
63% dos dias úteis anuais) e 114.300 t (equipamentos novos, produção obtida em 68%
dos dias úteis anuais).
Com um preço para recepção no valor de R$ 10,00/t, as centrais de 20 t/h pas-
sam a ter Pontos de Equilíbrios iguais a 26.000t (equipamentos usados, produção obtida
em 77% dos dias úteis anuais) e 28.300t (equipamentos novos, produção obtida em 83%
dos dias úteis anuais).
Já as centrais de 100 t/h têm os seus Pontos de Equilíbrio em 75.300 t (equipa-
mentos usados, produção obtida em 44% dos dias úteis anuais) e 81.200 t (equipamen-
tos novos, produção obtida em 47% dos dias úteis anuais).
Esta parte foi voltada para estudos de viabilidade da iniciativa privada, mas pode
ser também empregada pelo poder público em suas tomadas de decisão sobre investi-
mentos, incluindo-se aspectos sociais e econômicos, que geralmente não estão inclusos
de forma significativa nas análises da iniciativa privada.

Centrais pertencentes ao poder público: Dados coletados nas centrais existentes


A média dos investimentos por capacidade instalada das catorze centrais pes-
quisadas é 12.500,00 US$/t. As capacidades instaladas destas centrais variam de 8 a 100
t/h. Para fins de comparação, tem-se que os valores obtidos para os projetos de centrais
foram 16.770 US$/t (capacidade de 20 t/h) e 8.170 US$/t (capacidade de 100 t/h).
146

Em novembro de 2003 verificou-se que das catorze centrais existentes, cinco


estavam com suas atividades paralisadas e uma estava em construção.
Comparando-se os custos unitários de produção para um cenário de funciona-
mento pleno das centrais de reciclagem de RCC, com os custos unitários do obtidos
pelas instalações, conclui-se que os primeiros são bem mais baixos que os segundos
(média de R$ 13,40/t contra R$ 43,21/t).
Funcionando abaixo de suas capacidades, as centrais estão perdendo a oportuni-
dade de abaixar os seus custos de produção. Isto para centrais que estão operando, pois
para aquelas paradas há desperdício de investimento público.
Em relação a receitas e possíveis economias para os municípios, oriundas da im-
plantação e operação de centrais de reciclagem de RCC, as mais significativas a prin-
cípio são: receitas com vendas de agregado beneficiado, economias com aquisição de
materiais e economias com disposição e transporte de RCC.
Mais facilmente quantificáveis, e também consideráveis, são as possíveis econo-
mias com aquisição de agregados. Pelos resultados obtidos, verifica-se que em oito das
catorze centrais, estas economias são maiores que os custos operacionais. Nos outras
seis, os valores são menores, porém expressivos.
Se for considerado que ainda existe a possibilidade de obtenção de receitas a-
través de venda do material beneficiado para iniciativa privada, e de economia com
transporte e disposição de RCC em aterros, estes resultados ficarão provavelmente ainda
mais favoráveis à reciclagem de RCC nos municípios.
Isto significa que, caso as centrais de reciclagem pesquisadas, que pertencem ao
poder público, operassem continuamente com produções próximas às suas capacidades
instaladas, muito provavelmente estas instalações seriam viáveis economicamente.
Entretanto, conforme informações apresentadas nos quadros VI.6 e IX.20, em
apenas duas das treze centrais pesquisadas (excluindo-se das catorze centrais, aquela
ainda em construção), observou-se que as operações foram contínuas e com produções
próximas às respectivas capacidades instaladas. Em oito centrais, existiram paradas de
produção por tempo prolongado e em onze centrais, as produções foram menores que a
metade das respectivas capacidades instaladas.
Conclui-se, então, que tem sido fraco o desempenho do poder público como ad-
ministrador direto de centrais de reciclagem de RCC.
147

CAPÍTULO X: ANÁLISE DE VIABILIDADE DE CENTRAIS DE


RECICLAGEM DE RCC PARA O MUNICÍPIO DO RIO DE
JANEIRO

X.1. Modelo conceitual


Estuda-se neste capítulo a viabilidade financeira de centrais de reciclagem de
RCC no Município do Rio de Janeiro. Para isto, inicialmente serão apresentadas infor-
mações básicas sobre o município, e posteriormente será realizada a análise de viabili-
dade. O modelo conceitual proposto, para ser seguido por esta análise, é composto
pelas seguintes etapas sucessivas:
- Estudo de mercado e de concorrência;
- Estimativa de oferta e de demanda;
- Estimativa das receitas e dos custos;
- Análise de investimentos; e
- Determinação do Ponto de Equilíbrio.

X.2. O Município do Rio de Janeiro: Informações gerais


Economia
O Rio de Janeiro é a segunda cidade em importância econômica do país, abri-
gando instituições financeiras influentes e algumas das maiores empresas privadas do
Brasil, além de ser considerada a capital brasileira do petróleo. Com um PIB de R$ 61,6
bilhões, a Cidade do Rio de Janeiro é a segunda maior arrecadadora de impostos de
todos os municípios brasileiros (PCRJ, 2004).
Segundo PCRJ (2004) é “no conjunto da economia que o Rio apresenta sua ca-
racterística de metrópole global, cidade de serviços, centro do comércio nacional, celei-
ro de inovação tecnológica, com empresas de pequeno, médio e grande portes e forte
mercado consumidor. (...) Turismo e informática são duas vocações em franca expan-
são”. Com base nos dados do IBGE (1997), verifica-se que no Município do Rio de Ja-
neiro existem 4.083 empresas com CNPJ na área de construção civil, representando
2,9% no total de 143.568 empresas com CNPJ atuantes no município.
148

Infra-estrutura do Município
A população do Rio de Janeiro é 100% urbana, tendo uma população de
5.848.914 habitantes. Estes residem em 1.802.347 domicílios81, distribuídos em uma
área de 1.261,08 km² (IBGE, 2000). A infra-estrutura urbana é razoável em relação à
rede de água canalizada, iluminação pública e esgotamento sanitário. Especialmente em
sua área central a cidade dispõe de gás canalizado. 345.257 domicílios (cerca de 20%
do total de domicílios) localizam-se em favelas.
95% dos domicílios têm água canalizada e 69% é atendido com rede de esgoto
(IPP, 2002). A COMLURB realiza os serviços de limpeza pública e remoção de lixo,
atendendo cerca de 96% das unidades comerciais e residenciais (IPP, 2002).
As Áreas de Planejamento (AP) e Regiões Administrativas (RA) corresponden-
tes dentro do Município do Rio de Janeiro estão ilustradas no quadro X.1.

Quadro X.1: Áreas de Planejamento e as Regiões Administrativas correspondentes

Áreas de Planejamento (AP) Regiões Administrativas correspondentes


I RA Portuária II RA Centro
AP 1 III RA Rio Comprido VII São Cristóvão
XXI RA Paquetá XXIII RA Santa Teresa
IV RA Botafogo V RA Copacabana
AP 2 VI RA Lagoa VIII RA Tijuca
IX Vila Isabel XXVII RA Rocinha
X RA Ramos XI RA Penha
XII RA Inhaúma XIII RA Méier
AP 3 XIV RA Irajá XV RA Madureira
XX RA Ilha do Governador XXII RA Anchieta
XXV RA Pavuna XXVIII RA Jacarezinho
XXIX RA Complexo do Alemão XXX RA Maré
AP 4 XVI RA Jacarepaguá XXIV RA Barra da Tijuca
XXIX RA Cidade de Deus
XVII RA Bangu XVIII RA Campo Grande
AP 5 XIX RA Santa Cruz XXVI RA Guaratiba
XXXIII Realengo

81
Particulares permanentes.
149

Crescimento habitacional
Os quadros X.2 e X.3 trazem informações sobre domicílios particulares per-
manentes e domicílios em favelas, população residente, suas variações relativas e den-
sidade domiciliar no Município do Rio de Janeiro.

Quadro X.2: Domicílios particulares permanentes, população residente, suas variações


relativas e densidade domiciliar, segundo as Áreas de Planejamento e Regiões
Administrativas

Áreas de Domicílios particulares permanentes População Densidade Domiciliar


Planeja- A/B
mento B Crescimento A Crescimento
(AP) 2000/1991 2000/1991 1991 2000
1991 2000 1991 2000
(%) (%)
Total 1 560 324 1 802 347 15,51 5 480 778 5 857 904 6,88 3,42 3,22
AP 1 92 482 85 162 - 7,92 303 695 268 280 - 11,66 3,00 3,06
AP 2 345 978 363 800 5,15 1 034 612 997 478 - 3,59 2,90 2,72
AP 3 646 851 710 107 9,78 2 323 990 2 353 590 1,27 3,50 3,32
AP 4 143 249 204 396 42,69 526 302 682 051 29,59 3,50 3,43
AP 5 331 764 438 882 32,29 1 292 179 1 556 505 20,46 3,80 3,51

FONTES: IBGE (1991) e IBGE (2002)

Quadro X.3: Domicílios, população residente em favelas e densidade domiciliar,


segundo as Áreas de Planejamento e Regiões Administrativas 1991/1996/2000

Áreas de 1991 2000 Densidade


Planeja- Domiciliar
mento (AP) Domicílios População Domicílios População 1991 2000
Total 226 141 882 483 345 257 1 092 958 3,90 3,17
AP 1 21 997 85 588 24 400 77 270 3,89 3,17
AP 2 33 800 127 561 47 550 146 436 3,77 3,08
AP 3 121 920 479 661 169 731 545 036 3,93 3,21
AP 4 18 790 72 182 48 141 144 298 3,84 3,00
AP 5 29 634 117 491 55 435 179 918 3,96 3,25

FONTES: IBGE (1991) e IBGE (2002)

A Região Metropolitana do Rio de Janeiro


A Região Metropolitana do Rio de Janeiro é formada pelos seguintes municí-
pios: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Itaguaí, Já-
150

peri, Magé, Mangaratiba, Maricá, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracam-
bi, Queimados, São Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica e Tanguá.

X.3. Análise de mercado e de concorrência


Neste item são estudados aspectos econômicos dos agregados da construção ci-
vil, tais como análise de mercado no Brasil, e em específico na Região Metropolitana do
Rio de Janeiro.

X.3.1. Agregados para construção civil


X.3.1.1. Oferta nacional
Segundo o DNPM (2003), no Brasil os recursos em agregados para a indústria
da construção civil são abundantes, estando os grandes centros consumidores, de modo
geral, situados em regiões com reservas de boa qualidade.
Os tipos de rochas empregadas e os seus percentuais na produção de pedra bri-
tada são granito e gnaisse (85,0%), calcário e dolomito (10,0%) e, basalto e diabásio
(5,0%).
Porém, algumas regiões, tais como as cidades localizadas na Bacia do Paraná,
não têm recursos suficientes em rochas adequadas para britagem. Nestes casos, a pedra
britada pode ser transportada por distâncias superiores a 100 km.
Os principais locais de extração de areia são várzeas e leitos de rios, depósitos
lacustres, mantos de decomposição de rochas, arenitos e pegmatitos decompostos. No
Brasil, 70,0% da areia é retirada de leitos de rios e 30,0% nas várzeas (DNPM, 2003).
Juntas, as 2.500 empresas que produzem pedra britada e extraem areia, empre-
gam 60.000 empregos diretos no Brasil e são em grande maioria empresas familiares
(DNPM, 2003).
Conforme o DNPM (2003, p.28), “areia e pedra britada caracterizam-se pelo
baixo valor e grandes volumes produzidos. O transporte responde por cerca de
2/3 do preço final do produto, o que impõe a necessidade de produzi-las o mais
próximo possível do mercado, que são os aglomerados urbanos. O maior pro-
blema para o aproveitamento das reservas é a urbanização crescente que esteri-
liza importantes depósitos ou restringe a extração. A ocupação do entorno de pe-
dreiras por habitações e restrições ambientais à utilização de várzeas e leitos de
rios para extração de areia criam sérios problemas para as lavras em operação.
Em conseqüência, novas áreas de extração estão cada vez mais distantes dos
151

pontos de consumo, encarecendo o preço final dos produtos. A Região Metro-


politana de São Paulo, por exemplo, importa quase toda areia que consome,
sendo boa parte de locais que ficam a mais de 100 km”.
Em 2002, a indústria da construção civil consumiu 386,0 milhões de toneladas
de agregados para construção civil, o que representa um decréscimo de 3,26% em rela-
ção ao consumo de 2001. Deste total de agregados, 156,4 milhões de toneladas (40,5%)
foram de pedras britadas e 229,6 milhões de toneladas (59,5%) foram de areia.
Em relação aos agregados para construção civil, não há importação ou exporta-
ção significativas. A produção nacional atende à demanda interna pelos agregados. O
principal produtor é o Estado de São Paulo, abastecendo 32,8% do mercado nacional.
Outros estados grandes produtores são: Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Gran-
de do Sul e Santa Catarina (DNPM, 2003).

X.3.1.2. Consumo nacional


Segundo SINDIPEDRAS (2004b), o consumo per capita de pedra britada no
Brasil está em torno de 1,5 toneladas por habitante/ano, enquanto que nos países muito
desenvolvidos esse consumo gira em torno de 7,0 a 10,0 toneladas por habitante/ano.
Tendo o Brasil 178.116.860 habitantes (IBGE, 2004), o consumo total brasileiro
estimado seria de 267 milhões de toneladas (cerca de 170 milhões de m³).
A Região Metropolitana de São Paulo consumiu, em 2002, cerca de 25,8 mi-
lhões de toneladas de brita e 37,5 milhões de toneladas de areia, sendo esta região para
ambos agregados a maior consumidora.
Outros grandes mercados consumidores são as Regiões Metropolitanas de Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre e as Regiões de Campinas, Sorocaba
e Baixada Santista no Estado de São Paulo e Maringá-Londrina no Estado do Paraná.
A segmentação do mercado consumidor nacional em 2002 tanto para pedra bri-
tada, como para areia está apresentada no quadro X.4.
152

Quadro X.4: Segmentação do mercado de agregados para construção civil no Brasil

AGREGADO MERCADO
BRITA 70 % para mistura com 35% concreto
cimento 15% pré-fabricados
10% revenda (lojas de construção e depósitos) e
consumidor final
10% cascalhamento, enrocamento, gabiões, lastro
de ferrovia, contenção de taludes
30% para mistura com pavimentação de ruas, bases e sub-bases para a
asfalto betuminoso construção de rodovias
AREIA 50% para fabricação de concreto e pré-fabricados
50% para fabricação de argamassas em geral

FONTE: DNPM (2003)

Um resumo da produção nacional, consumo e preços dos agregados entre os


anos de 2000 e 2002 está ilustrado no quadro X.5.

Quadro X.5: Agregados para construção civil no Brasil: Produção, consumo e preços

DISCRIMINAÇÃO 2000 (r) 2001 (r) 2002 (p)


AREIA Produção (106 t) 225,7 236,1 229,6
Consumo (t/hab) 1,3 1,4 1,4
Preço (1) US$/t 2,07 1,70 2,00
PEDRA Produção (106 t) 155,7 162,8 156,4
BRITADA Consumo (t/hab) 0,9 0,9 0,9
Preço (2) US$/t 4,02 3,15 3,40

FONTE: ANEPAC/DNPM/DIDEM Apud DNPM (2003)

(1) Preço médio FOB- mina para o mercado da Região Metropolitana de São Paulo, excluídos impostos
e compensação financeira;
(2) Preço médio FOB- mina no mercado da Região Metropolitana de São Paulo;
(r) revisado;
(p) previsto.

No Brasil, a maioria das mineradoras de pedra britada comercializa os seus pro-


dutos através da medição do seu volume. Na mineradora, a caçamba do caminhão é
carregada, realiza-se o nivelamento do material e, finalmente, mede-se a altura da carga
para determinar uma média aproximada do volume (SINDIPEDRAS, 2004b).
153

Como este processo de medição acarreta imprecisões, gerando diferenças nas


entregas e recebimentos de agregado natural, a relação entre produtores e consumidores
pode ser prejudicada.
Por estes motivos já existem fortes iniciativas de sindicatos e produtores de se
mudar o tradicional processo de comercialização de volume para pesagem de produto.
O quadro X.6 traz índices médios de conversão dos agregados.

Quadro X.6: Índices médios de conversão dos agregados (t/m³)

AGREGADO ÍNDICE DE CONVERSÃO82


(t/m³)
Pedras 1, 2 e 3 1,45
Areia artificial 1,70
Pó de pedra 1,56
Pedrisco limpo 1,42
Pedrisco misto 1,68
Bica corrida 1,76
Brita graduada 1,78

FONTE: SINDIPEDRAS (2004b)

X.3.1.3. Outros fatores relevantes a nível nacional


A forte elevação do câmbio e a conseqüente inflação setorial elevaram signifi-
camente os custos dos agregados no período 2001-2002 (SINDIBRITA, 2003).
Neste mesmo período, observou-se que empresas produtoras de agregados reali-
zaram investimentos para a modernização dos equipamentos e processos, objetivando o
aumento de produtividade, melhoria de qualidade de produtos e minimização dos im-
pactos ambientais.
Segundo DNPM (2003, p. 29) “em âmbito nacional, observa-se que, cada vez
mais, os maiores mercados estão sendo visados pelos grupos cimenteiros, entendendo-
se estar no contexto do planejamento estratégico relacionado a uma integração vertical
e, portanto, sendo fundamental a garantia de suprimento de areia e brita para a produção
de concreto”.
As atividades da indústria da construção civil são tradicionalmente marcadas por
forte sazonalidade, o que gera amplas flutuações no consumo de agregados. Esta sazo-

82
Dentro de uma faixa de tolerância de +/- 5%.
154

nalidade é dependente, em grande parte, de políticas públicas de infra-estrutura urbana,


que podem ser alteradas com as mudanças de governos.
O ano de 2003 foi um período de transição política, com ajustes na economia
operando com alta taxa de juros e acontecendo forte retração da demanda. Foi um ano
de retração para a indústria da construção civil, particularmente para a construção de
edificações (formais ou informais), o que reduziu o consumo de agregados.

X.3.1.4 . Consumo de agregados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro


Segundo o SINDIBRITA (2003), ao se considerar as flutuações de demanda, a
ausência de territorialidade entre as 31 pedreiras e os 50 areais da Baixada Fluminense
na competição para fornecimento de agregados, entre outros dados, obtém-se estima-
tivas de consumo nos últimos 10 anos para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro
(quadro X.7).

Quadro X.7: Estimativas para consumo anual de agregados nos últimos dez anos na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro

AGREGADOS CONSUMO ANUAL ESTIMADO


em 10³ m³ em 10³ toneladas
AREIA 1.500 2.250
BRITA 6.000 9.000

FONTE: SINDIBRITA (2003)

Deve-se atentar para o fato que, entre 2000 e 2003, a demanda por agregados foi
baixa, devido a pouca ocorrência de grandes obras na Região Metropolitana do Rio de
Janeiro.
SINDIBRITA (2003) estima que, entre 50 e 60% do consumo total de agregados
nos últimos dez anos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foi para pavimenta-
ção, 10 a 15% para concreto, 5 a 10% para lastro de ferrovias e o restante para fins di-
versificados.
Como prognóstico de consumo de agregados para os próximos anos, o SINDI-
BRITA (2003) estimou inicialmente que não aconteceria uma redução da demanda, pre-
vendo uma estabilização a níveis mais elevados que os atuais (quadro X.7)
155

Porém, em específico para o Município do Rio de Janeiro, a realização dos jogos


Pan-Americanos em 2007, com investimentos de US$ 100 milhões, deve alterar signi-
ficativamente as estimativas do quadro X.8.

Quadro X.8: Estimativas para consumo de agregados para os próximos dez anos na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro (sem considerar demandas especiais)

AGREGADOS CONSUMO ANUAL ESTIMADO


em 10³ m³ em 10³ toneladas
AREIA 1.500 2.250
BRITA 6.000 9.000

FONTE: SINDIBRITA (2003)

Conforme o SINDIBRITA (2003), durante os anos de construção da série de o-


bras para o Pan-Americano (2004, 2005, 2006 e metade de 2007), o consumo de agre-
gados aumentará em torno de 50% dos valores do quadro X.5.
DNPM (2003) e SINDIBRITA (2003) apontam para outros projetos nos muni-
cípios da Baixada Fluminense, que provavelmente provocarão crescimento significativo
da demanda por agregados para construção, caso sejam implantados. Exemplos de pro-
jetos são:
- Projeto Baixada Viva que engloba obras de pavimentação, drenagem e sanea-
mento de municípios como Nova Iguaçu, Mesquita, São João de Meriti, Bel-
ford Roxo e Duque de Caxias);
- Implantação do Pólo Gás-Químico em Duque de Caxias;
- Construção de arco-viário; e
- Projeto de Revitalização da Baía de Guanabara.
Sem considerar as demandas do Pan-Americano e de outros projetos de grande
vulto, as estimativas de consumo conservadoras para os próximos dez anos para a Re-
gião Metropolitana do Rio de Janeiro estão apresentadas no quadro X.6, sendo idênti-
cas às estimativas de consumo dos últimos dez anos.

X.3.1.5. Preços de agregados


Os preços praticados atualmente para os agregados pétreos não sofreram fortes
variações desde 1994, e os preços médios por tipo de agregado (preços na pedreira ou
156

nos areais, sem frete e sem imposto) estão apresentados no quadro X.9. O preço do
frete é calculado sob o preço de 0,22 R$/(m³.km) (SINDIBRITA, 2003; SINDIPEDRA,
2004b).
Conforme SINDIPEDRA (2004b), “devido ao elevado custo do transporte, em
função do elevado peso específico e do baixo preço de venda, o raio de ação comercial
das pedreiras não vai além de 70 km”.

Quadro X.9: Preços e granulometria por tipo de agregado na Região Metropolitana


do Rio de Janeiro, sem frete

AGREGADOS GRANULOMETRIA PREÇOS SEM IMPOSTO PREÇOS COM IMPOSTO83


(diâmetros em mm) (R$/m³) (R$/t) (R$/m³) (R$/t)
Areia84 < 4,8 14,00 8,26 18,00 10,59
Pó-de-pedra85 < 4,8 14,00 9,00 18,00 11,54
Brita 086 4,8 a 9,5 17,16 11,83 22,00 15,17
Brita 1 de 9,5 a 19,0 17,16 11,83 22,00 15,17
Brita 2 de 19 a 38 17,16 11,83 22,00 15,17
Brita 3 de 38,0 a 76,0 17,16 11,83 22,00 15,17
Brita Corrida de 4,8 a 50,0 14,00 8,00 18,00 10,23

FONTE: SINDIBRITA (2004)

X.3.1.6. Consumo de agregados pelo poder público na Região Metropolitana do


Rio de Janeiro
Departamento Nacional de Infra-Estrutura e Transporte (DNIT)
O DNIT-RJ não dispõe de dados sobre consumo de agregados nos últimos anos,
porém os seus técnicos têm dados sobre duas grandes obras no Estado do Rio de Janei-
ro, que provavelmente começarão e terminarão nos próximos cinco anos, que são:

83
Considerou-se que para uma empresa simples a carga tributária está em torno de 22%.
84
“Areia é o material encontrado em estado natural que passa na peneira de 4,8 mm” (YAZIGI, p.186).
85
“Pó de pedra, também chamado de areia artificial, é o material obtido por fragmentação de rocha que
atravessa a peneira de 4,8 mm” (YAZIGI, p.186).
86
Ou pedrisco.
157

- duplicação parcial da BR-101 (Rio-Santos), trecho de 26 km entre Santa Cruz


e Itacurussá, com duração de dois anos e meio;
- duplicação parcial da BR-493 (Antiga Estrada do Contorno), trecho de 26 km
entre Manilha e Santa Guilhermina (Magé), com duração de dois anos.
O consumo de agregados estimados para sub-base e base nos projetos básicos
está apresentado no quadro X.10.

Quadro X.10: Consumo provável de agregados pelo DNIT-RJ


nos próximos cinco anos

RODOVIAS CONSUMO (x 10³ m³)


BR-101 93,9
BR-493 25,3
TOTAL 34,7

FONTE: DNIT (2003)

Departamento de Estradas e Rodagens do Estado do Rio de Janeiro – DER-RJ


Pelo quadro X.11 constata-se as quantidades empregadas de agregados pelo
DER-RJ nos anos de 2000, 2001 e 2002. Os dados de 2003 não foram ainda disponibi-
lizados.

Quadro X.11: Consumo de agregados pelo DER-RJ em pavimentação


entre os anos de 2000 a 200287

CONSUMO (x 10³ m³)


AGREGA- EMPREITEIRAS INTERNO TOTAL
DOS (novas obras) (conservação)
2000 2001 2002 2000 2001 2002 2000 2001 2002
Pó-de-pedra 200,3 411,5 280,9 109,0 40,0 118,0 309,2 451,5 398,9
Areia 287,0 53,4 26,7 28,0 - 15,0 56,7 53,4 41,8
Brita 206,1 495,0 269,9 160,0 85,0 137,0 366,1 580,0 406,9
Saibro 252,5 921,8 438,6 - - - 25,3 92,2 43,9
Total 460,2 1052,0 1512,2 297,0 125,0 270,0 757,2 1177,0 1782,2

FONTE: DER-RJ (2002)

87
Cerca de 90% destes valores foram empregados em obras da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
158

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro


A Prefeitura do Rio de Janeiro só disponibilizou o consumo de agregados dos
últimos três anos na parte de conservação da Secretaria Municipal de Obras e Serviços
(SMO), que se encarrega principalmente da manutenção das condições das vias urba-
nas. O consumo realizado pelas novas obras e manutenção de construções já existen-
tes88 (escolas, obras viárias, áreas de lazer, intervenções urbanísticas, entre outras obras)
no mesmo período não foi disponibilizado (quadro X.12).

Quadro X.12: Consumo de agregados pela Secretaria Municipal de Obras e Serviços


Públicos do Município do Rio de Janeiro

CONSUMO (x 10³ m³)


AGREGA- EMPREITEIRAS 89
INTERNO90 TOTAL
DOS (novas obras) (conservação)
2001 2002 2003 2001 2002 2003 2001 2002 2003
Pó-de-pedra n.d. n.d. n.d. 61,6 132,6 136,5 n.d. n.d. n.d.
Areia n.d. n.d. n.d. 1,6 3,4 1,7 n.d. n.d. n.d.
Brita 0 n.d. n.d. n.d. 67,5 111,9 95,0 n.d. n.d. n.d.
Brita 1 n.d. n.d. n.d. 13,8 17,7 7,5 n.d. n.d. n.d.
Brita 2 n.d. n.d. n.d. 5,0 9,2 7,3 n.d. n.d. n.d.
Saibro n.d. n.d. n.d. - 0,5 - n.d. n.d. n.d.

FONTE: SMO-PCRJ (2003)


n.d.: dados não disponíveis

Órgão também grande consumidor de agregados é a Secretaria Municipal de Ha-


bitação (SMH), responsável pelo Projeto Favela-Bairro, que desde 1994 investiu cerca
de US$ 300 milhões em obras de melhoria das condições nas favelas do município do
Rio de Janeiro (CARDOSO, 2002).
A principal meta deste projeto é a integração de favelas à cidade, dotando-as de
toda infra-estrutura urbana, serviços, equipamentos públicos e políticas sociais. Outros

88
Com exceção de vias urbanas.
89
Total da Coordenadoria Geral de Obras da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos do
Município do Rio de Janeiro.
90
Total de agregados pela Coordenadoria Geral de Conservação da Secretaria Municipal de Obras e Ser-
viços Públicos do Município do Rio de Janeiro
159

projetos da SMH voltados para moradores de favelas ou para servidores municipais são:
Programa Morar Legal, Programa Bairrinho, Programa Morar Carioca, entre outros
(PCRJ, 2004b).
Os outros municípios componentes da Região Metropolitana do Rio de Janeiro
não possuem disponíveis os seus consumos de agregados (consumo direto pelas prefei-
turas ou indireto pelas empreiteiras).

X.3.1.7. Agregados para construção civil: Resumo


Segundo o DNPM (2003), no Brasil os recursos em agregados para a indústria
da construção civil são abundantes, estando os grandes centros consumidores brasilei-
ros, de modo geral, situados em regiões com reservas de boa qualidade.
Ainda segundo o DNPM (2003, p.28), “areia e pedra britada caracterizam-se pe-
lo baixo valor e grandes volumes produzidos. O transporte responde por cerca de 2/3 do
preço final do produto, o que impõe a necessidade de produzi-las o mais próximo pos-
sível do mercado, que são os aglomerados urbanos”.
Os preços praticados atualmente para os agregados pétreos não sofreram fortes
variações desde 1994, apesar dos aumentos dos custos de produção, a estabilidade dos
preços se manteve devido aos incrementos na produtividade.
Apesar de se ter um bom número de informações sobre o consumo de agregados
no Brasil, informações mais precisas sobre o consumo dos últimos anos do poder pú-
blico na Região Metropolitana do Rio de Janeiro não estão bem documentadas, não
sendo possível saber quais são os consumos da Prefeitura do Rio e das prefeituras de
outros municípios da região metropolitana, por não haver levantamentos precisos.
Considerando as demandas do Pan-Americano, porém sem considerar outros
possíveis projetos de grande vulto, as estimativas de consumo para os próximos dez
anos para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro estão apresentadas no quadro X.13.
160

Quadro X.13: Estimativas para consumo de agregados para os próximos dez anos
na Região Metropolitana do Rio de Janeiro

DE- AGRE- CONSUMO ANUAL ESTIMADO (em 10³ toneladas)


MAN- GADOS
DAS 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
NOR- AREIA 2.250 2.250 2.250 2.250 2.250 2.250 2.250 2.250 2.250 2.250
MAL
(1) BRITA 9.000 9.000 9.000 9.000 9.000 9.000 9.000 9.000 9.000 9.000
TOTAL 11.250 11.250 11.250 11.250 11.250 11.250 11.250 11.250 11.250 11.250
PAN- AREIA 1.125 1.125 1.125 563 - - - - - -
AME-
RICANO BRITA 4.500 4.500 4.500 2.250 - - - - - -
(2) TOTAL 5.625 5.625 5.625 2.813 - - - - - -
(1) + (2) AREIA 3.325 3.325 3.325 2.813 2.250 2.250 2.250 2.250 2.250 2.250
BRITA 13.500 13.500 13.500 11.250 9.000 9.000 9.000 9.000 9.000 9.000
TOTAL 16.825 16.825 16.825 14.063 11.250 11.250 11.250 11.250 11.250 11.250

FONTE: Adaptado de SINDIBRITA (2003)

X.3.2. Análise de concorrência


Na venda
Tendo os agregados no Brasil preços baixos, estabilizados há vários anos, e o
número de obras também baixo, existe uma grande oferta atualmente de agregados. De-
vido às expectativas de demanda das obras do Pan-Americano, novas mineradoras vêm
se instalando na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Contudo, nem as previsões mais otimistas acreditam em aumento dos preços dos
agregados naturais (SINDIBRITA, 2004). Sendo assim, para atrair e estabelecer clien-
tes, os preços dos agregados reciclados devem ser mais baixos que os preços dos agre-
gados convencionais.
Centrais de reciclagem de RCC que se localizarem em pontos mais centrais dos
municípios, irão minorar os custos de frete das empresas transportadoras, podendo co-
brar preços mais altos pela recepção do material e podendo diminuir os preços de venda
dos agregados reciclados.
Por outro lado, estas áreas mais centrais geralmente estão localizadas próximas a
áreas densamente povoadas, o que pode trazer uma série de dificuldades com a vizi-
nhança, além de haver maiores dificuldades com licenciamento de instalação e opera-
ção.
161

Na recepção
Do ponto de vista de recepção de RCC, as centrais de reciclagem têm como
concorrente os aterros sanitários que, segundo as técnicas de engenharia aplicadas atual-
mente, necessitam de grandes quantidades de material mineral inerte para cobrir as célu-
las dos aterros. O material também é necessário para construir os acessos e as áreas de
manobras dos caminhões basculantes que trazem o lixo municipal.
Sendo assim, as empresas operadoras necessitam de RCC, substituindo o empre-
go de agregados naturais.
Porém, segundo as estimativas de que os RCC correspondem a uma fração sig-
nificativa (entre 20 a 50%) dos resíduos sólidos municipais, e supondo que todo o RCC
gerado fosse coletado, as empresas operadoras dos aterros e empresas municipais de
limpeza urbana deveriam rever se tecnicamente não está havendo um desperdício de
matéria-prima secundária (RCC) e uma aceleração equivocada para o fim da vida útil
dos aterros sanitários.
Deve-se salientar que as empresas operadoras de aterros (isto nos municípios on-
de a operação dos aterros foi terceirizada), ganham geralmente por tonelada recebida e
quanto mais RCC aceitarem nos aterros, maiores serão as faturas a serem cobradas.
Os aterros de inertes também concorrem com as centrais de reciclagem na re-
cepção de RCC. Existem no Município do Rio de Janeiro áreas de baixada, que têm ca-
pacidade de elevação de cota e são regiões para as quais a cidade está se expandindo.
Segundo a FUNDAÇÃO RIO ÁGUAS (2004), esta elevação seria benéfica para a Cida-
de (tais como menores riscos de inundação e melhoria da capacidade de carga dos terre-
nos). A estimativa da capacidade de aterramento está apresentada no quadro IX.14.

Quadro X.14: Estimativa de capacidade de elevação de cotas em áreas de baixada

LOCAIS VOLUME (em 10³ m³)


Barra da Tijuca – Recreio dos Bandeirantes 40.000
Baía de Sepetiba 66.500
TOTAL (em 10³ m³) 106.500
91
TOTAL (em 10³ t) 154.425

FONTE: FUNDAÇÃO RIO ÁGUAS (2004)

91
Empregando-se o índice de conversão 1,45 t/m³.
162

Segundo esta estimativa, o Município do Rio de Janeiro possuiria uma disponi-


bilidade de aterramento de RCC de cerca de 155 milhões toneladas, somente nas três
regiões citadas (Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Baía de Sepetiba). Não fo-
ram levantados os totais com as capacidades de aterramento em outras regiões.
Em relação a esta capacidade de aterramento, deve-se atentar aos seguintes as-
pectos:
- Nesta estimativa estão incluídas áreas de proteção ambiental, onde não serão
feitos aterramentos;
- Antes de ser licenciadas áreas para aterramento, a Prefeitura do Rio de Janeiro
deve realizar um estudo de impacto ambiental deste aterramento nas regiões em
questão;
- Sem os devidos controles, existe o risco que resíduos industriais e domiciliares
sejam dispostos ilegalmente nestes aterros de inertes, junto com os RCC, po-
dendo provocar graves problemas ambientais às regiões envolvidas.
A Resolução CONAMA no 307 define aterro de resíduos da construção civil co-
mo “área onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil
Classe “A” no solo, visando a reservação de materiais segregados de forma a possibili-
tar seu uso futuro e / ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia pa-
ra confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio
ambiente” (MME, 2002).
Seguindo esta definição, somente resíduos Classe “A” poderão ser dispostos nes-
tes aterros. Sendo assim, na execução dos aterros de resíduos de construção civil deve
ser garantido que os resíduos empregados sejam isentos das frações de Classes B, C e
D, que incluem plásticos, metais, vidros, madeiras, gesso, tintas, solventes, óleos, entre
outros. Como isto será alcançado na prática, deverá ser uma preocupação importante
dos dirigentes municipais.
Um forte apoio para estes dirigentes será a norma em elaboração pela ABNT
sobre diretrizes para projeto, implantação e operação de aterros de RCC.

X.4. Estimativa de demanda


X.4.1. Demanda por moradias e infra-estrutura
Déficit habitacional
Em 2000 estimou-se em 6,7 milhões de novas moradias o déficit habitacional
brasileiro, sendo a maioria em áreas urbanas (cerca de 81,3%) e nas Regiões Nordeste e
163

Sudeste (75,8%). 29,3% da demanda total (1,95 milhões) concentra-se nas áreas metro-
politanas, principalmente nas Regiões Metropolitanas de São Paulo (596 mil unidades)
e Rio de Janeiro (391 mil). Para o Estado do Rio de Janeiro a estimativa do déficit é de
505 mil unidades (FJP, 2001).
4,5 milhões de famílias (83,2% do déficit habitacional urbano) possuem renda
mensal inferior a três salários mínimos (FJP, 2001).

Domicílios inadequados em função da depreciação


Em 2000 cerca de 837 mil domicílios precisavam passar por serviços de conser-
vação, pois tinham sido edificados há mais de 50 anos. 43,9% destes domicílios estão
localizados na Região Sudeste, sendo a maioria nas regiões metropolitanas do Rio de
Janeiro e São Paulo (FJP, 2001).

Moradias carentes de infra-estrutura básica


As moradias urbanas com deficiências de infra-estrutura básica, que não eram ser-
vidas por algum dos serviços essenciais (energia elétrica, abastecimento de água, rede
coletora de esgoto ou fossa séptica e coleta de lixo) foram estimadas em cerca 10 mi-
lhões no ano de 2000. As regiões metropolitanas que destacam neste caso são Rio de
Janeiro (519 482) e Recife (514 439) (FJP, 2001).

O emprego de agregados reciclados na construção de imóveis populares e na execução


de obras de infra-estrutura
Resumindo os dados descritos neste item, para a Região Metropolitana do Rio de
Janeiro foi estimado em 2000: Déficit de 391 mil imóveis residenciais e 520 mil imó-
veis residenciais com deficiências de infra-estrutura básica. Foi também constatado que
um número significativo de moradias necessitavam de serviços de conservação.
Projetando para 2003, provavelmente estes números continuam os mesmos ou
até aumentaram, já que se vem observando nesta região um crescimento populacional e
ausência de políticas habitacionais.
A utilização de agregados reciclados tem sido uma alternativa pouco explorada
para a solução destes problemas habitacionais. LIMA e CHENNA (2000, p.42), que ci-
tam experiências com reciclagem de RCC pelo município de Belo Horizonte, afirmam
que “100 viagens de aproximadamente 5m³ de entulho comum, geram aproximadamen-
te 400m³ de reciclados, os quais permitem produzir blocos para construir 55 casas popu-
164

lares de 60m² ou agregados para execução de sub-base de mil metros quadrados de ruas
com uma caixa de 0,40m”.

X.4.2. Potencial de substituição dos agregados naturais pelos agregados benefi-


ciados derivados de RCC
Diagnóstico da situação atual
Em sua pesquisa sobre aplicações possíveis do agregado reciclado, LIMA
(1999b, p.12 e 16) considerou alguns aspectos da realidade da reciclagem no Brasil na-
quele momento, porém aspectos que ainda continuam atuais, que são:
- grande parte dos agregados reciclados é gerada por empresas públicas.
- o resíduo que entra nas centrais é geralmente heterogêneo, com alto teor de
material cerâmico;
- há dificuldade de classificação dos RCC nas recicladoras, que possuem insta-
lações simplificadas;
- é ainda quase inexistente a preocupação de construtores em segregar os resí-
duos nas fontes geradoras (como por exemplo, em canteiros de obras e em
postos de trabalho);
- existe a necessidade de se processar grandes quantidades de resíduos, objeti-
vando o aumento da vida útil de aterros e a busca da viabilização econômica
da reciclagem;
- falta estrutura fiscalizadora da qualidade do reciclado e de seus empregos;
- falta conhecimento para o uso do material em diversos serviços.
Seguindo algumas diretrizes, LIMA (1999b, p.16) analisou potenciais aplicações
dos agregados beneficiados. As diretrizes foram:
- uso da maior quantidade possível destes agregados, incrementando a demanda
por este tipo de material, desafogando os pátios das centrais existentes, in-
centivando o aumento da produção nas centrais existentes e motivando a cons-
trução de novas centrais tanto do poder público quanto pela iniciativa privada.
- simplificação do processo de reciclagem;
- minimização dos riscos de colapsos estruturais e de surgimento de patologias
significativas para os usuários;
- favorecimento do avanço progressivo da reciclagem no país: Como se tem
ainda carência por experiências expressivas com o agregado reciclado, uma má
aplicação do agregado pode gerar acidentes e desta maneira prejudicar a ima-
165

gem do material. Pode-se adotar a estratégia de refinar as aplicações do agre-


gado reciclado conforme for avançando a pesquisa científica, a publicação de
normas, o emprego de melhores tecnologias nas instalações de reciclagem e a
confiança do mercado consumidor.

Possíveis aplicações
A normalização das especificações do uso dos agregados de RCC reciclados co-
mo bases de pavimentos (Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção
Civil - Execução de Camadas de Pavimentação) estão sendo formuladas pela ABNT, e
os trabalhos já estão em fase de consulta pública e deverão ser publicados em breve
(ABNT, 2004).
Segundo ÂNGULO (2002, p.3) “experiências de sucesso no uso em larga escala
do agregado para base de pavimentação existem em diferentes cidades brasileiras, como
em São Paulo e na cidade de Belo Horizonte”.
Sendo assim, existindo experiências positivas comprovadas e, em breve, exis-
tindo até norma técnica específica, tecnicamente o maior potencial de substituição dos
agregados naturais pelos agregados reciclados parece estar em base e sub-bases de vias.
Além destes empregos como base e sub-base, LIMA (1999b, p.16) sugere algu-
mas opções de aplicações, observando as diretrizes propostas por ele, e citadas anterior-
mente. As aplicações são:
- concreto de baixo consumo de cimento, sem armadura, para execução de com-
trapisos, calçadas, enchimentos e pequenos reforços;
- argamassa de assentamento de componentes em alvenaria de vedação (tijolos
maciços, tijolos cerâmicos furados e blocos de concreto);
- argamassas para emboço interno e externo, para parede e teto;
- fabricação de componentes pré-moldados de concreto, não-estruturais, de pe-
queno e médios portes (tijolos e blocos de concreto, tubos etc.).

Mercado
Observando-se a segmentação do mercado de agregados para construção civil
em nível nacional, descrita na tabela X.2, constata-se que, diretamente para pavimen-
tação, tem-se apenas o consumo de 30% da produção de brita. 70% da produção de bri-
ta e 100% da produção de areia são voltados para outros mercados (mistura com cimen-
to, fabricação de concreto e pré-fabricados e de argamassas).
166

Conforme ÂNGULO (2002, p.3), “os dados nacionais demonstram que o


setor de pavimentação sozinho seria incapaz de consumir integralmente o RCC
reciclado como base de pavimentação, até porque parte do agregado natural é
utilizada no concreto asfáltico e não todo na base do pavimento”.
ÂNGULO (2002, p.3) conclui que “como no atual estágio de conheci-
mento, a utilização de agregados de RCC reciclados como base de pavimentação
é a única alternativa tecnologicamente consolidada, é necessário que sejam de-
senvolvidos outros mercados para garantir a reciclagem em grande escala de
RCC”.
Porém, para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o SINDIBRITA (2003)
estimou que entre 50 e 60% do consumo total de agregados nos últimos dez anos na re-
gião foi para pavimentação, 10 a 15% para concreto, 5 a 10% para lastro de ferrovias e,
o restante para fins diversificados.
Comparada com as segmentações de mercado nacionais, a demanda de agrega-
dos para pavimentação na Região Metropolitana do Rio de Janeiro foi maior que a mé-
dia nacional. Mesmo assim, sendo o mercado de pavimentação controlado significa-
mente pelo setor público, novas opções de mercados para os agregados reciclados tra-
riam uma diversificação de clientes.
Em um cenário que considerasse que 30% do mercado atual de areia e brita po-
deria ser substituído por agregados reciclados, ter-se-ia na Região Metropolitana do
Rio de Janeiro um mercado mínimo de 3,4 milhões de toneladas anuais de agrega-
dos reciclados nos próximos dez anos92.

X.4.3. Ações de fomento para aumento de consumo de agregados reciclados


A Resolução CONAMA no 307 serve como alavanca para a reciclagem de RCC
no Brasil. Contudo, somente a resolução não garante o sucesso dos empreendimentos
na área de reciclagem de RCC.
Um aspecto importante para a viabilidade econômica das centrais de reciclagem
é a preocupação com o escoamento dos RCC beneficiados por estas centrais.
A publicação de normas sobre empregos de agregados reciclados disponibiliza
procedimentos para a garantia da qualidade dos produtos e serviços realizados com estes

92
Considerou-se 30% do menor valor obtido nos próximos dez anos da tabela IX.6, na soma entre a
demanda normal e a demanda do Pan-Americano.
167

materiais, fomentando os seus consumos. A primeira norma brasileira sobre emprego


de agregado reciclado como base e sub-base será em breve publicada93.
Sendo o próprio poder público (municípios, estados e união) um grande consu-
midor de agregados, através da construção de casas populares e obras de infra-estrutura,
obras de manutenção de vias urbanas, entre outros, este pode adotar políticas que fo-
mentem o consumo de agregado reciclado.
Esta política pode ser aplicada diretamente, quando a obra pública for executada
pelo próprio poder público (com seu pessoal e equipamentos), ou indiretamente através
de cláusulas contratuais, quando a obra pública for executada por terceiros.
Nas centrais de reciclagem já implantadas, esta política de absorção direta da
produção pelo próprio poder público foi vista principalmente no capítulo VI (quadro
VI.4), onde se comprova que atualmente o principal cliente das centrais existentes é o
poder municipal local.
Ações de política de absorção indireta pelo poder público podem ser exemplifi-
cadas, como a iniciativa do Município de São Paulo em publicar preços públicos
oficiais para a contratação de diversos serviços, que podem ser realizados com agregado
beneficiado.
No conjunto de ações em prol da reinserção dos RCC beneficiados no ciclo pro-
dutivo, deverá ser feito levantamento dos potenciais mercados, podendo o município fa-
zer contatos e firmar parcerias com municípios vizinhos, governos estaduais e federal e
iniciativa privada. Para o sucesso destas parcerias, a viabilidade técnico-econômica das
ações deve estar sempre focada.
Oportunidades, tais como o aproveitamento de instalações de mineração dentro
ou próximas a perímetros urbanos e o preenchimento de antigas cavas de mineração, de-
vem ser avaliadas.
Incentivos para o emprego para RCC beneficiados poderiam também ser alcan-
çados por meio de redução de impostos (tais como isenção de parte do ICMS, do IPTU
e COFINS) e de financiamentos com juros menores do que os praticados no mercado
(através da CEF94, BNDES e outras organizações de fomento), para o beneficiamento e
comércio de materiais reciclados, para execução de obras com materiais reciclados, para
construção de centrais de reciclagem privadas, por exemplo.

93
Ver item III.2.2.
94
Maiores detalhes sobre condições de financiamento da CEF estão descritos no item VIII.13.
168

Estes tipos de incentivos têm implantação mais complexa, pois podem exigir en-
tendimentos entre organizações, governos municipais, estaduais e federal.
Nos países com escassez de agregados, como a Holanda, Bélgica e Alemanha, os
preços dos agregados naturais são mais altos do que no Brasil. Estes países também
têm poucas áreas disponíveis para aterro sanitário ou aterro de inertes, tendo os
geradores que pagar um preço mais alto para dispor o seu RCC em comparação com os
preços praticados no Brasil.

X.4.4. Marketing para agregados reciclados


Deve-se salientar que ações de marketing para promover o uso de agregados re-
ciclados na construção civil devem ser realizadas, aumentando-se desta forma o consu-
mo pelos produtos. Existem preconceitos em relação a produtos reciclados que, por
exemplo, tais produtos apresentariam qualidade inferior.
Sendo a construção civil um setor industrial conservador, devem ser elaboradas
estratégias de marketing junto aos seus empresários, como a de construção sustentável,
apresentando o material como uma alternativa ambientalmente correta e mais barata aos
agregados tradicionais.
Junto aos dirigentes públicos pode ser interessante a vinculação de suas obras
com o emprego de materiais ambientalmente corretos, favorecendo uma imagem ecoló-
gica destes dirigentes e do município.
Dentro dos processos e da tecnologia empregada no Brasil atualmente, somente
é possível um downcycling95. Sendo assim, pode-se afirmar que os agregados recicla-
dos, principalmente para iniciativa privada, somente serão vendidos em grandes quanti-
dades, se forem com preços abaixo daqueles praticados para os agregados naturais.

X.5. Estimativa de oferta


X.5.1. Introdução
Para a análise de viabilidade de centrais de reciclagem no município é impor-
tante uma estimativa da quantidade gerada de RCC, que deve ser baseada em dados mu-
nicipais, tais como: crescimento habitacional, número de habite-se para novas edifica-
ções e para reformas, número de construções informais e quantidades coletadas de RCC
pela empresa municipal de limpeza urbana.

95
Processo de reciclagem onde o emprego do material beneficiado é inferior ao emprego de origem do
material.
169

X.5.2. Estimativas de geração e coleta em alguns municípios


As estimativas de geração e coleta de alguns municípios brasileiros estão apre-
sentadas no quadro X.15.
A COMLURB estima que coleta e dispõe diariamente cerca de 1.000 t/dia de
RCC (COMLURB, 2004a), segundo apropriações feitas em seus aterros. Observando-
se o quadro X.15, percebe-se que a quantidade coletada por habitante de RCC do Muni-
cípio do Rio de Janeiro é a mais baixa entre os municípios apresentados. Uma razão
para isto pode ser que as disposições clandestinas são apropriadas como lixo público.
Segundo a terminologia descrita em COMLURB (2002c, p.2), o lixo público é
composto por: “resíduos sólidos provenientes de serviços de varrição, raspagem, capina
e outros que se façam necessários para a conservação e limpeza de logradouros e demais
áreas de uso público”. Esta definição inclui os RCC dispostos clandestinamente.
170

Quadro X.15: Estimativas de geração e coleta de RCC em alguns municípios

MUNICÍ- ESTIMATIVAS DE ANO- POPU- GERAÇÃO COLETA FONTES


PIOS RCC BASE LAÇÃO PER PER
CAPITA DE CAPITA DE
(em toneladas por dia) (IBGE, RCC RCC
GERADAS COLETADAS 2000)96 (kg/hab.dia) (kg/hab.dia)
Rio de n.d. 1.000 2003 5.857.904 n.d. 0,17 COMLURB
Janeiro (2004a)
Salvador n.d. 2.746 2000 2.443.107 n.d. 1,12 LIMPURB
(2000)
São Paulo 16.000 3.360 2001 10.434.252 1,53 0,32 SCHNEIDER
(2003)
Ribeirão 1.000 250 2003 504.923 1,98 0,50 DAERP
Preto (2003)
São José 733 n.d. 1995 539.313 1,36 n.d. PINTO
dos Campos (1999)
Piracicaba 620 n.d. 2003 329.158 1,88 n.d. PP (2003)
Vinhedo n.d. 11 2003 47.215 n.d. 0,23 PV
(2003)
Guarulhos n.d. n.d. - 1.072.717 n.d. n.d. -
Ribeirão n.d. n.d. - 104.508 n.d. n.d. -
Pires
São José do 687 n.d. 1996 358.523 1,92 n.d. PINTO
Rio Preto (1999)
Santo André 1.013 n.d. 1996 649.331 1,56 n.d. PINTO
(1999)
Belo n.d. 2.220 2000 2.238.526 n.d. 0,99 CHENNA
Horizonte (2001)
Londrina 1.280 n.d. 2003 447.065 2,86 n.d. SEMA (2003)
Brasília n.d. n.d. - 2.051.146 n.d. n.d. -
Macaé - 35 2003 132.461 n.d. 0,26 LIMPATEC
(2003)
Florianó- 636 n.d. 2001 285.281 2,23 n.d. XAVIER
polis (2001)
MÉDIAS 1,92 0,51

O quadro X.16 agrega informações sobre médias coletadas de lixo domiciliar e


lixo público no Município do Rio de Janeiro entre os anos de 1990 e 2003.

96
Irão existir alguns desvios na geração per capita pois empregou-se valores RCC de anos-bases dife-
rentes do ano-base do censo do IBGE, que é 2000. Considera-se, porém, que estes desvios não são
relevantes para a análise aqui proposta.
171

Quadro X.16: Município do Rio de Janeiro: Médias de lixo domiciliar e


lixo público

ANOS MÉDIAS DIA (em toneladas)


LIXO DOMICILIAR LIXO PÚBLICO
1990 3.387 1.616
1991 3.487 1.953
1992 3.165 2.124
1993 3.157 2.319
1994 3.230 2.310
1995 3.371 2.456
1996 4.214 2.812
1997 4.759 2.469
1998 4.915 2.361
1999 4.889 2.734
2000 4.838 2.643
2001 4.880 2.848
2002 n.d. n.d.
2003 n.d. n.d.

FONTE: COMLURB (2002c)

Se considerarmos para o Município do Rio de Janeiro um cenário em que:


- 20% em peso do lixo que é retirado das ruas, o lixo público, é RCC disposto
clandestinamente, e
- a quantidade de lixo público retirado em 2001 é igual ou menor à quantidade
retirada em 2003 (quadro X.16 – ano de 2001),
a quantidade de RCC coletado pela COMLURB seria superior a 0,20 x 2.848 +
1.000, que resulta em cerca de 1.600 toneladas diárias. A coleta per capita de RCC pas-
saria de 0,15 para 0,27 kg/hab.dia encontrando-se ainda abaixo da média (0,51
kg/hab.dia) de sete dos municípios listados no quadro X.15.
Contudo, entre a quantidade gerada e a quantidade coletada se tem uma diferen-
ça significativa, pois muitas vezes as disposições clandestinas acabam se incorporando à
paisagem da cidade ou, os RCC sendo reutilizados dentro das próprias obras que os
geram.
172

X.5.3. Crescimento habitacional e ocupação do solo


Conforme CEZAR (2002), “a taxa de crescimento dos setores subnor-
mais97 é de 2,4% ao ano, enquanto que o resto da cidade cresce apenas 0,38% ao
ano. Isso quer dizer que as “favelas” crescem em um ano o que o “asfalto” leva
mais de seis anos para crescer, no conjunto. (...) Em resumo, éramos 5.480.778
residentes no Rio em 1991, e passamos a ser 5.851.914 em 2000. E o número de
“favelados” já passa de um milhão”.
No Município do Rio de Janeiro 18,7% da população reside em favelas, contra
16% em 1991, e 14% em 1980 (CÉZAR, 2002).
A evolução do uso e ocupação do solo no município entre os anos de 1974, 1984
e 1996 está indicada no quadro X.17.

Quadro X.17: Uso e Ocupação do Solo – Evolução do uso e ocupação do solo, por
grupo e categoria, segundo sua área territorial (%)
nos anos de 1974, 1984 e 1996

Grupos e categorias de uso Área territorial (%)


e ocupação do solo 1974 1984 1996
Total 100,00 100,00 100,00
Área Urbanizada 32,03 41,53 46,30
Predominantemente 21,64 27,82 32,05
residencial
Serviços e comércio 1,08 2,14 2,33
Industrial 1,50 2,72 2,54
Institucional 7,21 7,92 8,05
Lazer 0,60 0,93 1,33
Área Natural 67,97 58,47 53,70
Lagoas e represas 1,12 1,10 1,19
Cobertura vegetal 20,21 17,00 19,05
Agrícola 21,20 17,03 6,20
Área vazia ou ocupação 25,44 23,34 27,26
rarefeita

FONTE: IPP (2002)

X.5.4. Produção imobiliária


As evoluções das licenças para novas construções e reformas entre os anos de
1994 e 1998 estão indicadas nos quadros X.18 e X.19.

97
O IBGE considera aglomerados subnormais como grupos de mais de 50 unidades habitacionais dis-
postas de modo “desordenado e denso”, sobre o solo que pertence a terceiros, e “carente de serviços pú-
blicos essenciais” (CÉZAR, 2002).
173

Quadro X.18: Produção Imobiliária Licenças – Área das construções licenciadas,


por tipo de uso da construção – 1994-1998

ANOS ÁREA LICENCIADA (m²)


Total Residencial Comercial Industrial Misto Outros
1994 2.947.001 2.268.634 646.705 7.147 24.515 -
1995 3.335.941 2.093.121 961.994 196.147 14.375 70.304
1996 2.624.435 1.700.939 662.558 11.214 85.282 164.442
1997 3.049.130 1.993.338 806.713 6.282 31.317 211.480
1998 2 476 100 1 542 255 782 828 53 925 31 623 65 473
MÉDIA 2.886.521 1.919.657 772.160 54.943 37.422 102.340

FONTE: IPP (2002)

Quadro X.19: Licenças – Área dos acréscimos de área licenciados, por tipo de uso da
construção (1994 – 1998)

ANOS ACRÉSCIMO DE ÁREA (m²)


Total Residencial Comercial Industrial Misto Outros
1994 311.567 208.909 65.798 29.945 3.747 3.168
1995 262.057 168.621 72.922 12.192 2.199 6.123
1996 267.949 128.496 121.465 13.332 3.320 1.336
1997 252.305 122.645 99.604 16.646 2.257 11.153
1998 303 090 171 681 92 167 29181 2 165 7 896
MÉDIA 279.394 160.070 90.391 101.296 2.738 5.935

FONTE: IPP (2002)

X.5.5. Tipos de materiais dos domicílios


Embora os dados apresentados no quadro X.20 sejam representativos de todo o
Estado do Rio de Janeiro, não sendo específico para o Município do Rio de Janeiro, e
referentes ao ano de 199198, pode-se visualizar a distribuição dos domicílios particu-
lares neste estado por tipo de material de cobertura e de material das paredes.
Pode-se constatar que dos 3.454.528 domicílios do estado, 2.646.403 (76,6 %)
têm paredes de alvenaria e possuem cobertura em laje de concreto ou em telha de barro.
Apenas 32.016 (0,93 %) dos domicílios têm paredes de madeira.

98
Os dados atualizados ainda não foram disponibilizados pelo IBGE.
174

Esta predominância de materiais, como tijolos e telhas cerâmicas, blocos de con-


creto e lajes em concreto feitas in loco ou pré-moldadas na construção dos domicílios,
refletem na composição gravimétrica dos RCC99.

Quadro X.20. Domicílios particulares no Estado do Rio de Janeiro


por tipo de material de cobertura e tipo de material das paredes

TIPO DE TIPO DE MATERIAL DAS PAREDES


MATERIAL DA Alvenaria Madeira Taipa não Material Palha Outro
COBERTURA aparelhada revestida aproveitado
U R U R U R U R U R U R
Laje de concreto 1.972.111 13.889 532 11 - - - - - - - -
Telha de barro 674.292 90.799 9.834 874 8.011 7.907 2.330 269 23 118 1.990 950
Telha de
cimento–amianto 568.517 26.219 16.521 505 6.242 2.480 6.372 152 11 6 1.739 278
Zinco 9.895 338 1.674 40 1.031 80 798 - - - - 18
Madeira 18.573 406 1.422 180 134 16 94 - - - 46 -
aparelhada
Material 479 4 270 - 158 5 1.996 - - - 15 -
aproveitado
Outro 3.237 148 147 6 27 29 83 - - - 192 5

U - Urbana
R - Rural

FONTE: IBGE (1991)

X.5.6. Áreas com maior e menor geração de RCC


Segundo SCHNEIDER (2003, p.34), “o Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) é um indicador sintético que varia de 0 (piores condições de desenvolvimento) à
1 (melhores condições de desenvolvimento) e objetiva identificar o desenvolvimento
econômico e social dos países”.
O IDH pode variar de zero (nenhum desenvolvimento) até um (desenvolvimen-
to total) e considera-se a seguinte classificação:
. 0,800 - 1,000: Alto nível de desenvolvimento;
. 0,500 - 0,799: Médio nível de desenvolvimento;
. 0,000 - 0,499: Baixo nível de desenvolvimento.
No quadro X.21 estão apresentados os IDH das regiões administrativas do mu-
nicípio do Rio de Janeiro, além do total de inscrições imobiliárias e do número de imó-
veis por faixa etária.

99
Ver quadro V.5.
175

Quadro X.21: Inscrições imobiliárias por faixa de idade em anos100


no município do Rio de Janeiro e os respectivos IDH locais

REGIÕES ADMINISTRA- IDH Total N° DE IMÓVEIS COM IDADE EM TORNO


TIVAS médio Inscrições DE
imobiliárias 0 – 20 21 - 40 41 - 60 61 - 80 ACIM
ANOS ANOS ANOS ANOS A DE
81
I RA Portuária 0,773 10.318 1.284 3.487 1.331 4.130 86
II RA Centro 0,894 73.911 8.823 35.551 21.725 7.652 160
III RA Rio Comprido 0,837 19.193 3.692 5.734 4.913 4.837 17
IV RA Botafogo 0,935 111.111 17.215 47.871 37.724 8.213 6
V RA Copacabana 0,956 93.300 16.724 60.191 46.726 2.876 15
VI RA Lagoa 0,946 77.466 16.456 40.996 17.736 2.262 16
VII RA São Cristóvão 0,820 16.483 1.148 4.633 4.416 6.240 46
VIII RA Tijuca 0,926 69.072 12.968 35.214 14.786 6.081 23
IX RA Vila Isabel 0,923 66.901 18.794 24.289 13.498 10.297 23
X RA Ramos 0,857 38.992 6.378 15.916 7.413 9.202 83
XI RA Penha 0,857 45.149 10.535 20.230 7.600 6.751 33
XII RA Inhaúma 0,838 33.739 6.383 17.669 6.359 3.316 12
XIII RA Méier 0,874 124.378 30.369 48.150 20.525 25.296 38
XIV RA Irajá 0,802 52.195 11.841 27.710 8.719 3.895 30
XV RA Madureira 0,833 91.456 20.787 34.239 16.678 19.679 73
XVI RA Jacarepaguá 0,852 111.349 61.174 41.527 5.928 2.683 37
XVII RA Bangu 0,789 57.883 19.333 31.550 5.195 1.768 37
XVIII RA Campo Grande 0,780 62.682 34.016 21.320 5.483 1.672 191
XIX RA Santa Cruz 0,751 36.599 17.988 14.600 2.973 1.010 27
XX RA Ilha do Governador 0,845 46.047 14.343 24.714 6.767 1.212 11
XXI RA Paquetá 0,822 1.935 637 633 322 341 2
XXII RA Anchieta 0,810 23.905 8.312 10.436 3.546 1.588 23
XXIII RA Santa Tereza 0,878 11.382 948 3.532 4.263 2.632 7
XXIV RA Barra da Tijuca 0,855 72.193 61.163 10.690 268 64 8
XXV RA Pavuna 0,748 11.446 2.664 7.478 833 459 12
XXVI RA Guaratiba 0,744 7.270 3.837 2.574 709 145 5
XXVII RA Rocinha 0,732 370 133 188 33 16 -
XXVIII RA Jacarezinho 0,731 1.305 100 892 150 160 3
XXIX RA Complexo do Alemão 0,711 2.342 301 1.380 248 413 -
XXX RA Maré 0,722 23.989 16.733 5.677 1.139 209 231
XXXI RA Vigário Geral 0,785 25.001 4.706 15.635 2.253 2.376 31
XXXIII RA – Realengo 0,820 36.791 12.623 17.592 4.173 2.286 117
XXXIV RA – Cidade de Deus 0,751 6.561 703 5.841 16 1 -
TOTAL 1.470.044 437.868 612.866 277.735 140.136 1.439

FONTES:
IDH: PCRJ (Apud OGLOBO, 2003)
Total de inscrições imobiliárias / Idade dos imóveis: SMF – PCRJ (2003)

Aplicando a classificação de IDH para as Regiões Administrativas do Rio de


Janeiro, pode-se observar no quadro X.22 quais seriam as regiões administrativas com
altos e médios níveis de desenvolvimento. Nenhuma das regiões foi classificada como
baixo nível de desenvolvimento.

100
Não inclui territorial.
176

Quadro X.22: Regiões Administrativas do Município do Rio de Janeiro


classificadas segundo os seus IDH

CLASSIFICAÇÃO DAS REGIÕES ADMINISTRATIVAS (R.A.)


REGIÕES
SEGUNDO IDH
Alto nível de Copacabana, Lagoa, Botafogo, Tijuca, Vila Isabel, Centro, Santa
desenvolvimento Tereza, Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Ilha do Governador, Ramos,
(IDH entre 1 e 0,800) Penha, Inhaúma, Rio Comprido, Madureira, São Cristóvão,
Paquetá e, Irajá,
Médio nível de desen- Bangu, Campo Grande Portuária, Cidade de Deus, Santa Cruz,
volvimento (IDH entre Pavuna, Guaratiba, Rocinha, Jacarezinho, Maré e Complexo do
0,799 e 0,500) Alemão
Baixo nível de Nenhuma das R.A.
desenvolvimento
(IDH abaixo de 0,499)

SCHNEIDER (2003) afirma que a geração de resíduos domiciliares per capita é,


no Município de São Paulo, quase quatro vezes maior nas regiões de maior poder
aquisitivo (áreas com maiores IDH) e sugere que, possivelmente, pode-se estender para
os RCC a lógica que relaciona poder aquisitivo e geração dos resíduos domiciliares,
para poder aquisitivo e geração de RCC.
Sendo assim, poder-se-ia esperar que as maiores gerações de RCC estariam nas
áreas com maiores IDH e que as menores gerações estariam nas áreas com menores
IDH.
Com a realização de pesquisas mais detalhadas se poderá comprovar se real-
mente tanto a caracterização quantitativa, quanto a caracterização qualitativa dos RCC,
tal como no lixo domiciliar, têm relação com o poder aquisitivo de cada região compo-
nente dos municípios.
As classificações das áreas municipais, segundo geração por habitante de RCC e
também segundo densidade demográfica, acrescidas de informações sobre fluxos destes
resíduos e distâncias de transporte, são dados fundamentais para o estudo locacional de
áreas de atração (para os dirigentes municipais) e para centrais de reciclagem de RCC
(para dirigentes municipais ou empresários). A viabilidade da cadeia de distribuição
reversa (logística reversa), como comentado no capítulo VII, dependerá fortemente
destes dados.
177

X.5.7. Estimativa da geração de RCC no Município do Rio de Janeiro


Segundo pesquisa nacional realizada por um grupo de universidades brasileiras,
coordenadas pela Universidade de São Paulo (USP), sobre estimativa da quantidade de
RCC produzido em obras de edificações chegou-se ao indicador de 49,58 kg/m². Ao se
considerar a massa de um edifício igual a 1.000 kg/m², o RCC gerado será aproximada-
mente 5,0% da massa do edifício (ANDRADE, 2001)
PINTO (1999) estima uma taxa de geração de RCC na ordem de 150 kg/m², vá-
lida tanto para novas edificações, quanto para obras de reforma.
De forma conservadora, considerando o valor menos otimista como taxa de ge-
ração de RCC, a taxa de 150 kg/m², tanto para novas edificações e reformas, se realizará
a estimativa de geração de RCC no município do Rio de Janeiro, baseando-se em:
a) produção imobiliária formal de novas edificações;
b) produção imobiliária formal de reformas;
c) produção imobiliária informal (imóveis de pessoas carentes, geralmente auto-
construção);
d) quantidade de RCC coletado pela administração municipal a domicílio e en-
tregue nos aterros licenciados por transportadores credenciados pela COM-
LURB;
e) quantidade de RCC coletado pela administração municipal em disposições
clandestinas.
Deve-se salientar que as produções imobiliárias (a) e (b) são aquelas que obtive-
ram licença formal da Prefeitura para serem executadas. Parte significativa, porém não
quantificada das reformas, não é comunicada para a Prefeitura, pois muitas vezes trata-
se de troca de revestimentos ou de outros serviços de pequena monta, onde elementos
estruturais e fachadas dos imóveis não são afetados. Nestes casos, as licenças são
dispensadas. Entretanto, há geração de RCC.
Em pesquisa realizada junto a transportadores ou a empresas transportadoras de
sete municípios brasileiros, PINTO (1999, p. 26) constatou que 52 % das remoções
efetivadas eram provenientes de reformas e ampliações.
O RCC gerado por estas reformas informais pode ter diferentes destinos:
- coletado no domicílio pela COMLURB, quando pequeno gerador101;

101
O pequeno gerador são imóveis residenciais que gera até 150 sacos de RCC, com capacidade máxima
de 20 litros, em intervalo mínimo de cinco dias. Maiores detalhes estão apresentados no item III.2.3.
178

- coletado por caçambeiros cadastrados pela COMLURB, que irão empregar os


aterros disponibilizados por este órgão;
- coletado por carroceiros cadastrados pela COMLURB, que irão empregar os
Ecopontos disponibilizados por este órgão;
- coletado por caçambeiros e carroceiros não cadastrados pela COMLURB, que
vão depositar o RCC em aterros clandestinos, em logradouros públicos, em en-
costas, ou em locais não adequados, e
- depositado pelo próprio gerador em locais não adequados.
Consultando a listagem de empresas cadastradas para transporte de entulho no
site da COMLURB102 foram encontradas 30 empresas cadastradas.
Consultando as Páginas Amarelas (TELELISTAS, 2003) foi encontrada uma
listagem com 67 empresas ou pessoas sediadas no município do Rio de Janeiro se ofere-
cendo para transporte de entulho.
Comprova-se, então, que pelo menos 55% dos transportadores de RCC que ope-
ram no município não são cadastrados pela COMLURB, não empregando os aterros dis-
ponibilizados por esta empresa. Como possivelmente nem todos os transportadores es-
tão incluídos na listagem das Páginas Amarelas, este percentual deve ser maior.
Se 55% dos transportadores de RCC não utilizam as soluções disponibilizadas
pela COMLURB, é porque está havendo disposições clandestinas em locais não licen-
ciados, trazendo impactos ambientais e financeiros ao município.

a) Provável geração de RCC de produção imobiliária formal de novas edificações


Baseando-se nas informações anteriormente expostas e naquelas contidas no
quadro X.18, monta-se o quadro X.23.

102
Em 10/04/2004 no site www.rio.rj.gov.br/comlurb.
179

Quadro X.23: Estimativa da geração de RCC de novas edificações formais

NOVAS EDIFICAÇÕES FORMAIS MÉDIAS


Área total de Habite-se (m²/ano) 2.886.521
Taxa de geração de RCC (kg/m²) 150
Provável geração de RCC (t/ano) 342.978
Provável geração de RCC diária ( / 365 dias) (t/dia) 940

b) Provável geração de RCC de produção imobiliária formal de reformas


Baseando-se nas informações anteriormente expostas e naquelas contidas no
quadro X.19, monta-se o quadro X.24.

Quadro X.24: Provável geração de RCC de reformas formais

REFORMAS FORMAIS MÉDIAS


Área total de acréscimos (m²/ano) 279.394
Taxa de geração de RCC (kg/m²) 150
Provável geração de RCC (t/ano) 41.909
Provável geração de RCC diária ( / 365 dias) (t/dia) 115

Serão consideradas, para a inclusão das quantidades de RCC gerados por refor-
mas e ampliações informais (que não são comunicadas à prefeitura), as seguintes hipó-
teses para que as quantidades geradas:
- estas são coletadas pela administração municipal a domicílio;
- estas são coletadas pela administração municipal em disposições clandestinas;
- estas são entregues pelos carroceiros ou pelos próprios geradores nos eco-
pontos;
- estas são entregues pelos caçambeiros nos aterros licenciados pela adminis-
tração municipal.
Considerando estas hipóteses, as quantidades geradas de RCC de reformas e am-
pliações informais estarão incluídas nos itens (d) e (e) apresentados adiante.
180

c) Provável geração de RCC de construção de edificações informais (imóveis


pertencentes a pessoas carentes)
Segundo CEZAR (2002), a taxa de crescimento de domicílios carentes é de
2,4% ao ano. O quadro X.3 mostra que em 2000 o número total de domicílios era de
345.257 unidades. Sendo assim, constata-se que, por ano, são construídos cerca de
8.500 novos domicílios não formais (irregulares) carentes. Considerando que:
- a taxa de geração de 150 kg/m² possa ser empregada nestes tipos de construções,
apesar do predomínio de método construtivo diferente (auto-construção) dos mé-
todos de construção observados para a estimativa da taxa a ser empregada;
- todos os domicílios carentes teriam em média 20 m² de área;

Quadro X.25: Provável geração de edificações informais

NOVAS EDIFICAÇÕES INFORMAIS MÉDIAS


Estimativa de área total construída (m²/ano) 170.000
Taxa de geração de RCC (kg/m²) 150
Provável geração de RCC (t/ano) 25.500
Provável geração de RCC diária ( / 365 dias) 222

d) e e) Quantidade de RCC coletado pela administração municipal a domicílio, em


Ecopontos e em disposições clandestinas
Como foi estimado no item X.4.2, a quantidade de RCC coletado pela
COMLURB seria superior a 1.600 (600 + 1.000) toneladas diárias.

Estimativa total
Nas estimativas acima realizadas não foi incluída a estimativa da quantidade de
RCC proveniente de demolições. Isto se deve à falta de maiores informações sobre o
volume de demolições no Município do Rio de Janeiro.
Sendo assim, a provável geração total de RCC no Município do Rio de Janeiro,
sem incluir os RCC oriundos de demolições, está detalhada no quadro X.26.
181

Quadro X.26: Provável geração total de RCC (t/dia)


no Município do Rio de Janeiro

ESTIMATIVA DE GERAÇÃO TOTAL DE RCC toneladas / dia


Estimativa de geração de RCC de novas edificações formais 940
Estimativa de geração de RCC em reformas formais 115
Estimativa de geração de RCC de novas edificações irregulares 222
Quantidade de RCC coletado pela administração municipal a 1.000
domicílio
Estimativa de quantidade de RCC coletado pela administração 600
municipal em disposições clandestinas
Estimativa de geração total de RCC 2.877
Dividido pela população (estimativa de geração per capita) 0,49 kg/hab.dia
Estimativa per capita anual 180 kg/hab.ano

De acordo com o quadro X.26, a estimativa de geração per capita anual de RCC
para o Município do Rio de Janeiro é de 180 kg/habitante.
Segundo PINTO (1999)103 “a geração de RCC per capita pode ser estimada pela
mediana como 500 kg/hab.ano de algumas cidades brasileiras”.
Sendo assim, a estimativa encontrada para o Município do Rio de Janeiro está
abaixo da média brasileira e abaixo da média de oito dos municípios apresentados no
quadro X.14 (701 kg/hab.ano)104.

X.5.8. Estimativa de produção de materiais secundários provenientes de RCC


A composição gravimétrica dos RCC foi apresentada no quadro V.5 do capítulo
V. Baseando-se neste quadro e no quadro IX.26, os totais gerados por componentes de
RCC seriam os que estão expostos no quadro IX.27.

103
Apud ANGULO et al., 2002.
104
Resultado da multiplicação de 1,92 kg/dia.habitante por 365 dias.
182

Quadro X.27: Totais gerados diariamente por componentes de RCC

COMPONENTES % X 2.887 t/dia


Concreto 51,2 1.473
Pedra e Agregado 29,2 843
Cerâmico 13,7 396
Papel e Plástico 1,5 44
Metais 1,2 35
Gesso 1,7 49
Madeira 1,5 44
Total 100,0 2.887

Somando-se as frações minerais inertes (concreto, pedra e agregado e cerâmico)


dos totais apresentados no quadro X.26105, conclui-se que existe um potencial de 2.712
t/dia (cerca de um milhão de toneladas anuais) de material mineral inerte a ser
beneficiado e comercializado no Município do Rio de Janeiro.

105
E considerando-se que no atual estágio de tecnologia empregada para reciclagem de RCC brasileira, os
melhores potenciais encontram-se nas frações minerais inertes.
183

X.6. Análise de investimentos


X.6.1. Introdução
Seguindo o modelo conceitual proposto, que está descrito no item X.I, após as
etapas de análise de mercado e de concorrência (item X.3) e estimativa de oferta e de
demanda (itens X.4 e X.5), chega-se a etapa de estimativa das receitas e dos custos, que
já foi quase integralmente desenvolvida no capítulo IX (item IX.3), faltando apenas a
inclusão de alguns componentes, como será visto adiante.
Terminadas estas atividades, segue-se para a etapa de análise de investimentos.

X.6.2. Acréscimos nas estimativas de custos


Tendo-se definido o município, pode-se acrescentar, nas estimativas feitas no
capítulo IX, os custos com aquisição de terreno apropriado e os custos com transporte e
destinação adequada dos rejeitos das centrais.
Terrenos
Em consultas junto a SINDIBRITA, fornecedores de equipamentos de britagem
e empresas produtoras de agregados, verificou-se que os tamanhos mínimos de terrenos
para a localização de centrais de reciclagem de RCC seriam:
- 6.000 m² para centrais de 20 t/h;
- 30.000 m² para centrais de 100 t/h.
Consultando a Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU) da Prefeitura do Rio
de Janeiro, obteve-se a informação que pelo zoneamento do município a implantação
deste tipo de instalação industrial somente seria possível em:
- áreas industriais;
- em algumas ruas de centro de bairros.
As áreas industriais, que são atualmente três no município, estão situadas em
Campo Grande e Santa Cruz. Os terrenos podem ser adquiridos por preços a partir de
R$ 7,25/m² da CODIN (Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de
Janeiro). Os terrenos mais próximos do centro do município distam deste 43 km e cus-
tam R$ 7,25/m². Estão disponíveis áreas para centrais de 20 t/h e 100 t/h.
Devido à densidade demográfica do município grandes terrenos em ruas de cen-
tro de bairros podem ser difíceis de serem encontrados com preços acessíveis. Além
disso, poderá haver resistências da vizinhança contra a instalação da central no local.
184

Os problemas de zoneamento, juntamente com aqueles provenientes de reclama-


ções de vizinhos, aumento de tráfego no local e legislação ambiental pertinente, podem
dificultar a concessão de licenças de implantação e operação das centrais.
Sendo assim, considerou-se na análise a aquisição de terrenos na área industrial
mais próxima do centro do Município do Rio de Janeiro (43 km), para redução dos
custos de transporte (chegada de RCC e saída de agregado beneficiado).
Os preços dos terrenos na área em questão seriam no mínimo de R$ 43.500,00
(6.000m² x R$ 7,25/m²) para centrais de 20 t/h e de R$ 217.500,00 (30.000m² x R$
7,25/m²) para centrais de 100 t/h106.

Transporte e disposição dos rejeitos


Como foi mencionado no item IX.3.4, considerou-se em 20% o percentual de re-
jeitos provenientes do beneficiamento de RCC. Contudo, esta estimativa não afetou os
resultados da análise de viabilidade feita no item em questão, pois o transporte e desti-
nação dos rejeitos não estavam incluídos.
Ao se posicionar a central de reciclagem na área industrial citada anteriormente,
pode-se estimar os custos com transporte como sendo a multiplicação da distância entre
o aterro de Paciência (aterro do Município do Rio de Janeiro que começará a operar em
breve), que seria de cerca de 10 km e a preço do frete, que está em torno de
0,22R$/(m³.km).
Considerando o percentual de 20% de rejeitos107, a geração diária de rejeitos de
uma central seria de cerca de 26 t/dia para central de 20 t/h e de 128 t/dia para centrais
de 100 t/h.
Consultando o site da COMLURB (COMLURB, 2004b), constatamos que os
transportadores de RCC são isentos de pagamento de valores para depositar RCC (para
quantidades até 18 t/dia, do mesmo gerador), quando dispostas em uma das seguintes
unidades:
- Aterro de Missões (km 0 da Rodovia Washington Luiz);
- Aterro de Gramacho (localizado no Município de Duque de Caxias);
- CTR Gericinó (Estr. do Gericinó s/nº - Bangu).

106
Valores coletados em fevereiro de 2004.
107
Valor que é aceitável dentro do intervalo encontrado para percentual de refugos nas centrais estudadas
(quadro IX.23).
185

Para quantidades superiores a 18 t/dia, os transportadores deverão pagar


R$10,00/t para dispor nos locais acima citados.
Realizando os devidos cálculos, pode-se estimar que uma central de 20 t/h gas-
taria anualmente R$ 21.120,00 e a de 100 t/h, R$ 290.400,00, somente com pagamento
ao aterro municipal para o recebimento de rejeitos das centrais de reciclagem. Nestes
valores não estão inclusos os custos com transporte.
Estas informações sobre custos de disposição nos aterros mudam com relativa
freqüência e, existe a possibilidade que, dentro de um grupo ações de incentivo a im-
plantação da resolução CONAMA, as empresas de limpeza urbana municipal poderiam
cobrar preços mais baixos para os rejeitos em questão.

X.6.3. Estudo de viabilidade financeira


Como já citado, o estudo a ser feito neste item para o Município do Rio de Ja-
neiro é a continuação da análise feita no item IX.3, onde se trabalhou com oito cenários.
Estes cenários representaram a combinação de três variantes:
a. Capacidade nominal (20 t/h ou 100 t/h?);
b. Equipamentos (novos ou usados?);
c. Conta com receita de recepção de RCC (sim ou não?).
No item IX.3 foi descrito que:
- em consultas junto a SINDIBRITA, fornecedores de equipamentos de brita-
gem e empresas produtoras de agregados, constatou-se que seria mais signifi-
cativo para os objetivos desta pesquisa apresentar estudo de viabilidade de
dois tipos de centrais de reciclagem: uma de pequeno porte (20 t/h) e outra de
médio porte (100 t/h);
- como é possível comprar equipamentos usados, optou-se por realizar análises
de investimento de projetos com equipamentos tanto novos quanto usados;
- a variante (c) (conta com receita de recepção de RCC na central?) refere-se à
hipótese que, dentro das condições atuais do mercado de agregados, difícil-
mente ocorreria a viabilidade financeira das centrais para empreendedores pri-
vados, sendo necessária cobrança de determinado valor por cada tonelada que
o município ou empresas transportadoras entregassem na central;
- Quando o cenário incluir receitas de recepção de RCC, para a estimativa do
preço, que deverá ser cobrado por cada tonelada, será considerado o menor
valor necessário, dentro das condições deste cenário, para que a viabilidade
186

financeira seja zero. Isto acontece quando a análise financeira resulta em um


Valor Presente Líquido (VPL)108 igual a zero;
- Não foram considerados os custos com aquisição de terreno e transporte e
destinação de rejeitos da produção, pois para isto seria necessária a localiza-
ção prévia do empreendimento, o que não se tinha definido naquela análise.
Para o Município do Rio de Janeiro foram investigados 32 cenários de análise de
viabilidade financeira, que correspondem a combinação de cinco variantes, que são:
a. Capacidade nominal (20 t/h ou 100 t/h?);
b. Equipamentos (novos ou usados?);
c. Conta com receita de recepção de RCC na central (sim ou não?).
d. O custo de aquisição do terreno (onde se localizará a planta) está incluído?
e. As despesas com transporte e disposição dos rejeitos estão incluídas?
As variantes (d) e (e) foram previamente comentadas em X.5.1.

X.6.4. Resultados da análise


Os quadros com as variantes consideradas em cada um dos 32 cenários e os seus
respectivos resultados estão apresentados no anexo V (cenários para análise de viabili-
dade financeira de centrais de reciclagem de RCC) deste trabalho.
Os cenários de 01 a 08 já foram apresentados no item IX.3.4. Contudo, no qua-
dro X.28 eles serão agrupados junto com os outros cenários (de 09 a 32) e os seus
resultados, contribuindo para as conclusões gerais que serão obtidas.

108
O VPL é um método dinâmico de comparação entre alternativas de investimento, que é tema do item
VIII.11.2.
187

Quadro X.28: Os cenários para o Município do Rio de Janeiro e os resultados

CENÁ- CAPACI- EQUI- TER- CONTA DESPESAS PREÇO CO- VALOR DO


RIOS DADE PA- RENO COM RE- COM BRADO PA- VPL SEM
NOMI- MEN- INCLU CEITA DE TRANS- RA A RECEITA DE
NAL TOS -SO? RECEPÇÃO PORTE E RECEPÇÃO RECEPÇÃO
DE RCC? DESTINA- DE RCC DE RCC
(t/h) ÇÃO DE PARA VPL=0 (em R$)
REFUGOS? (em R$/t)
01 20 Usados Não Sim Não 7,57 -
09 20 Usados Não Sim Sim 8,43 -
10 20 Usados Sim Sim Não 7,55 -
11 20 Usados Sim Sim Sim 8,41 -
02 20 Usados Não Não Não - -1.490.666
12 20 Usados Não Não Sim - -1.660.268
13 20 Usados Sim Não Não - -1.529.656
14 20 Usados Sim Não Sim - -1.699.259
03 20 Novos Não Sim Não 8,67 -
15 20 Novos Não Sim Sim 9,53 -
16 20 Novos Sim Sim Não 8,87 -
17 20 Novos Sim Sim Sim 9,73 -
04 20 Novos Não Não Não - -1.706.997
18 20 Novos Não Não Sim - -1.876.599
19 20 Novos Sim Não Não - -1.745.987
20 20 Novos Sim Não Sim - -1.915.589
05 100 Usados Não Sim Não 1,21 -
21 100 Usados Não Sim Sim 3,01 -
22 100 Usados Sim Sim Não 1,48 -
23 100 Usados Sim Sim Sim 3,27 -
06 100 Usados Não Não Não - -1.187.598
24 100 Usados Não Não Sim - -2.958.473
25 100 Usados Sim Não Não - -1.452.580
26 100 Usados Sim Não Sim - -3.223.455
07 100 Novos Não Sim Não 1,79 -
27 100 Novos Não Sim Sim 3,58 -
28 100 Novos Sim Sim Não 1,98 -
29 100 Novos Sim Sim Sim 3,78 -
08 100 Novos Não Não Não - -1.757.759
30 100 Novos Não Não Sim - -3.528.634
31 100 Novos Sim Não Não - -1.953.712
32 100 Novos Sim Não Sim - -3.723.587
188

Observa-se pelos resultados negativos dos cenários que não contam com receita
para recepção de RCC (coluna: valor do VPL sem receita de recepção de RCC), que as
centrais de reciclagem de RCC nas atuais condições de mercado não são viáveis finan-
ceiramente. Somente as receitas provenientes da venda de agregado beneficiado não
viabilizam as centrais. Esta conclusão também foi obtida em IX.3.5.
A cobrança de valores para recepção de RCC cria outra opção de receita para as
centrais. Comprova-se pelo quadro X.28, que dentre os cenários que levam em conta as
receitas provenientes da recepção de RCC na central, os melhores resultados (menores
preços a serem cobrados por tonelada para viabilizar o projeto), considerando o
investimento em aquisição de terreno e despesas com transporte e destinação de rejeitos,
são:
- o cenário 23 (R$ 3,27/t com equipamentos de 100 t/h usados);
- o cenário 29 (R$ 3,78/t com equipamentos de 100 t/h novos).
Para a viabilização de centrais com capacidade nominal de 20 t/h considerando
investimento em aquisição de terreno e despesas com transporte e destinação de rejeitos,
os preços deverão ser de:
- R$ 8,41/t com equipamentos usados (cenário 11);
- R$ 9,73/t com equipamentos novos (cenário 17).
Verifica-se que os preços para recepção de RCC são mais altos para as centrais
de 20 t/h, do que para as centrais de 100 t/h.
Isto indica que uma produção maior de agregado beneficiado facilita a viabiliza-
ção financeira das centrais.
Observa-se no quadro X.28 que os cenários que consideram as despesas com
transporte e com disposição de rejeitos apresentam resultados bem menos favoráveis do
que aqueles cenários que não consideram estas despesas. Isto representa que estas des-
pesas influem significativamente na viabilidade financeira das centrais.
Ao se conseguir encurtar as distâncias até os aterros sanitários ou centrais de re-
ciclagem de outros tipos de materiais, diminui-se os custos com transporte dos rejeitos.
Obtendo-se isenção de pagamento, ou menores valores pagos, para a entrega dos
rejeitos nos aterros sanitários, reduz-se os custos com disposição dos rejeitos.
Não foi explorada na análise a possibilidade de se trabalhar em mais de um tur-
no, o que permitiria duplicar ou triplicar a produção de agregado reciclado, caso hou-
vesse demanda.
189

Deve-se salientar que a distância de 43 km do centro da cidade até a central, que


foi considerada nos cenários, encarece os custos com frete. Mas, a consideração de
localizações mais próximas ao centro (como por exemplo, Avenida Brasil e São Cristó-
vão), dependerá do tamanho das áreas ofertadas, dos preços exigidos e de consultas aos
órgãos de licenciamento.

X.7. Ponto de Equilíbrio


Um dos resultados da análise financeira feita no item anterior foi a constatação
que, sem as receitas para recepção de RCC, a implantação de uma central de reciclagem
de RCC (de 20 t/h ou de 100 t/h), no local escolhido no Município do Rio de Janeiro,
não seria viável financeiramente.
Assumindo-se que seria cobrado um preço por tonelada de RCC entregue nas
centrais, montou-se os quadros X.29 e X.30 com cenários considerando preços de R$
5,00 e R$ 10,00 por tonelada, respectivamente.

Quadro X.29: Cenários com preço para recepção a R$ 5,00 por tonelada

CAPACIDADE EQUIPA- TERRENO CONTA COM DESPESAS PREÇO DE PONTO DE


NOMINAL MENTOS INCLUSO? RECEITAS COM RECEPÇÃO EQUILÍBRIO
(t/h) DE RECEP- REFUGOS? (R$/t) (EM t)
ÇÃO?
20 Usados Sim Sim Sim 5,00 Não tem
20 Novos Sim Sim Sim 5,00 Não tem
100 Usados Sim Sim Sim 5,00 130.724
100 Novos Sim Sim Sim 5,00 139.013

Com um preço para recepção de RCC no valor de R$ 5,00 por tonelada, as


centrais de 20 t/h não têm Ponto de Equilíbrio. Já as centrais de 100 t/h têm os seus
Pontos de Equilíbrio em 130.724 t (equipamentos usados, produção obtida em 204 dias
– 77% dos dias trabalhados em um ano109) e 139.013 t (equipamentos novos, produção
obtida em 217 dias – 82% dos dias trabalhados em um ano).

109
Considerou-se 264 dias de trabalho por ano.
190

Quadro X.30: Cenários com preço de recepção a R$ 10,00 por tonelada

CAPACIDADE EQUIPA- TERRENO CONTA COM DESPESAS PREÇO DE PONTO DE


NOMINAL MENTOS INCLUSO? RECEITAS COM RECEPÇÃO EQUILÍBRIO
(t/h) DE REFUGOS? (R$/t) (EM t)
RECEPÇÃO?
20 Usados Sim Sim Sim 10,00 27.676
20 Novos Sim Sim Sim 10,00 29.973
100 Usados Sim Sim Sim 10,00 92.888
100 Novos Sim Sim Sim 10,00 98.778

Com um preço para recepção de RCC no valor de R$ 10,00 por tonelada, as cen-
trais de 20 t/h passam a ter Pontos de Equilíbrios iguais a 27.676 t (equipamentos usa-
dos, produção obtida em 216 dias – 82% dos dias trabalhados) e 29.973 t (equipamentos
novos, produção obtida em 234 dias – 89% dos dias trabalhados).
Já as centrais de 100 t/h têm os seus Pontos de Equilíbrio em 92.888 t (equi-
pamentos usados, produção obtida em 145 dias – 55% dos dias trabalhados em um ano)
e 98.778 t (equipamentos novos, produção obtida em 155 dias – 59% dos dias trabalha-
dos em um ano).
O quadro X.31 agrega os resultados dos cálculos dos Pontos de Equilíbrios dos
cenários considerados (terreno, despesas com refugos e receitas para recepção de RCC
incluídos).

Quadro X.31: Comparação entre os Pontos de Equilíbrio obtidos

CAPACIDADE EQUIPA- PREÇO PONTO DE DIAS TRABALHA- % DOS DIAS TRA-


NOMINAL MENTOS PARA EQUILÍBRIO DOS PARA BALHADOS EM UM
(t/h) RECEPÇÃO (PE) ALCANÇAR PE ANO PARA
(R$/t)) ALCANÇAR PE
20 Usados 5,00 Não tem -
20 Novos 5,00 Não tem -
100 Usados 5,00 130.724 204 77%
100 Novos 5,00 139.013 217 82%
20 Usados 10,00 27.676 216 82%
20 Novos 10,00 29.973 234 89%
100 Usados 10,00 92.888 145 55%
100 Novos 10,00 98.778 155 59%
191

X.8. Análise de viabilidade para o Município do Rio de Janeiro: Resumo


O Município do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro é a segunda cidade em importância econômica do país, pos-
suindo um PIB de R$ 61,6 bilhões. A população do município é 100% urbana, totali-
zando 5.848.914 habitantes. Estes residem em 1.802.347 domicílios, distribuídos em
uma área de 1.261,08 km².

Análise de mercado e de concorrência


No Brasil os recursos em agregados para a indústria da construção civil são a-
bundantes, estando os grandes centros consumidores brasileiros de modo geral situados
em regiões com reservas de boa qualidade.
Em termos nacionais são produzidos grandes volumes de areia e pedra britada,
obtendo-se por estes, contudo, baixos valores nas vendas. Os custos com transporte re-
presentam cerca de 2/3 do preço final dos produtos.
As estimativas para o consumo de agregados na Região Metropolitana do Rio de
Janeiro são de 11,3 milhões de toneladas anuais para os próximos dez anos. Estas esti-
mativas podem ser acrescidas em 50% considerando-se as estimativas de demandas do
Pan-Americano.
Em um cenário que considerasse que 30% do mercado atual de areia e brita po-
deria ser substituído por agregados reciclados, ter-se-ia na Região Metropolitana do Rio
de Janeiro um mercado mínimo de 3,4 milhões de toneladas anuais de agregados reci-
clados nos próximos dez anos.
Tendo os agregados no Brasil preços baixos, estabilizados há vários anos, e de-
vido à pouca quantidade de obras, existe no presente uma grande oferta de agregados.
Sendo assim, para atrair e estabelecer clientes, os preços dos agregados reciclados de-
verão ser mais baixos do que os dos agregados convencionais.
Do ponto de vista de recepção de RCC, as centrais de reciclagem têm como
concorrentes os aterros sanitários que, segundo as técnicas de engenharia aplicadas,
necessitam de grandes quantidades de material mineral inerte para cobrir as células dos
aterros. O material também é necessário para construir os acessos e as áreas de mano-
bras dos caminhões-basculantes que trazem o lixo municipal.
Contudo, as empresas operadoras dos aterros e empresas municipais de limpeza
urbana deveriam rever se, tecnicamente, não está havendo um desperdício de matéria-
192

prima secundária (RCC) e uma aceleração equivocada para o fim da vida útil dos aterros
sanitários.
Deve-se salientar que as empresas operadoras de aterros (isto nos municípios
onde a operação dos aterros foi terceirizada) ganham geralmente por tonelada recebida e
quanto mais RCC aceitarem nos aterros, maiores serão as faturas a serem cobradas.
Os aterros de inertes também concorrem com as centrais de reciclagem na re-
cepção de RCC. Existem no Município do Rio de Janeiro áreas de baixada, que têm ca-
pacidade de elevação de cota e são regiões para as quais a cidade está se expandindo.
Conforme dirigentes municipais, esta elevação seria benéfica para a cidade (tais como
menores riscos de inundação e melhoria da capacidade de carga dos terrenos).
Segundo esta estimativa, o Município do Rio de Janeiro possuiria uma disponi-
bilidade de aterramento de RCC de cerca de 155 milhões toneladas, somente nestas
áreas de baixada (Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Baía de Sepetiba).
Em relação a esta capacidade de aterramento, verifica-se que um percentual des-
tas áreas é de proteção ambiental. Adicionalmente, deveria a prefeitura antes de licen-
ciar os aterros de inertes realizar estudo de impacto ambiental, considerando o fato que,
sem os devidos controles, existe o risco que resíduos industriais e domiciliares sejam
dispostos ilegalmente nestes aterros, junto com os RCC, podendo provocar graves
problemas ambientais às regiões envolvidas.

Estimativa de oferta e de demanda


Para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro foram estimados em 2000:
Déficit de 391 mil imóveis residenciais e 520 mil imóveis residenciais com deficiências
de infra-estrutura básica. Em 2004 provavelmente estes números continuarão os mes-
mos ou até aumentarão.
Sendo o próprio poder público um grande consumidor de agregados, através da
construção de casas populares e obras de infra-estrutura, este poderia adotar políticas
que fomentassem o consumo de agregado reciclado.
Incentivos para o emprego para RCC beneficiados poderiam também ser alcan-
çados por meio de redução de impostos e de financiamentos com juros baixos, para o
beneficiamento e comércio de materiais reciclados, para execução de obras com mate-
riais reciclados, para construção de centrais de reciclagem privadas, por exemplo.
A utilização de agregados reciclados tem sido uma alternativa pouco explorada
para a solução destes problemas habitacionais e de infra-estrutura.
193

Atualmente a COMLURB estima que coleta 1.000 t/dia (0,17 kg/hab.dia) de


RCC, valor que se encontra abaixo da média coletada em sete municípios pesquisados
(0,51kg/hab.dia).
Assumindo-se hipoteticamente que 20% em peso do lixo que é retirado das ruas
pela COMLURB, o lixo público, seria parte dos RCC dispostos clandestinamente, a co-
leta per capita de RCC passaria de 0,15 para 0,27 kg/hab.dia, encontrando-se ainda
abaixo da média coletada nos municípios pesquisados.
Entretanto, entre a quantidade gerada e a quantidade coletada se tem uma dife-
rença significativa, pois muitas vezes as disposições clandestinas acabam se incorporan-
do à paisagem da cidade ou os RCC sendo reutilizados dentro das próprias obras que os
geram.
Somando-se aos valores coletados pela empresa de limpeza urbana municipal, a
quantidade de RCC gerada para novas edificações e reformas (considerando para ambas
as obras o valor menos otimista como tarifa de geração de RCC, a taxa de 150 kg/m²),
chegou-se à estimativa de quantidade gerada de RCC no Município do Rio de Janeiro
de 2.877 t/dia, que corresponde a 0,59 kg/hab.dia ou a 180 kg/hab.ano.
Nestes valores não foram incluídas as quantidades de RCC oriundas de demoli-
ções, devido à falta de maiores informações.
O valor de 180 kg/hab.ano está tanto abaixo da estimativa de PINTO (1999) co-
mo mediana de algumas cidades brasileiras (500 kg/hab.ano), como da média de oito
dos municípios estudados no capítulo (701 kg/hab.ano).
Somando-se as frações minerais inertes (concreto, pedra e agregado e cerâmico)
de 2.877 t/dia, conclui-se que existe um potencial de 2.712 t/dia (um milhão de tonela-
das por ano) de material mineral inerte a ser beneficiado e comercializado no Municí-
pio do Rio de Janeiro.
Considerando-se a hipótese que não houvesse reciclagem de RCC no Município
do Rio de Janeiro, e que toda fração Classe “A” dos RCC gerados fosse destinada para
o aterramento das regiões da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Baía de
Sepetiba, seriam necessários cerca de 155 anos para que a capacidade de recepção de
material inerte destas regiões fosse esgotada.

Estimativa das receitas e dos custos / Análise de investimentos


Em consultas junto a SINDIBRITA, fornecedores de equipamentos de britagem
e empresas produtoras de agregados constatou-se que seria mais significativo para os
194

objetivos desta pesquisa apresentar estudo de viabilidade de dois tipos de centrais de


reciclagem: uma de pequeno porte (20 t/h) e outra de médio porte (100 t/h);
Os equipamentos necessários para centrais de reciclagem exigem altos investi-
mentos. Como existe mercado disponível para vendas de equipamentos usados, optou-
se por realizar análises de investimento de projetos com equipamentos tanto novos,
quanto usados.
Também junto às fontes citadas acima, obteve-se a informação que dificilmente
ocorreria a viabilidade financeira de centrais de reciclagem de RCC para empreende-
dores privados, dentro das condições atuais, sendo necessária a cobrança de valores para
recepção de RCC dos usuários por cada tonelada que fosse entregue na central de
reciclagem.
Devido à densidade demográfica do município grandes terrenos em ruas de cen-
tro de bairros podem ser difíceis de serem encontrados com preços acessíveis. Além
disso, problemas de zoneamento, reclamações de moradores próximos, aumento de trá-
fego na vizinhança e legislação ambiental pertinente, podem dificultar a concessão de
licença de implantação das centrais em determinados locais.
No estudo realizado levou-se em conta a aquisição de terrenos na área industrial
mais próxima do centro do município (43 km).
Para o Município do Rio de Janeiro foram investigados 32 cenários de análise de
viabilidade financeira, que correspondem a combinação de cinco variantes, que são:
a. Capacidade nominal (20 t/h ou 100 t/h?);
b. Equipamentos (novos ou usados?);
c. Conta com receita de recepção de RCC (sim ou não?).
d. O custo de aquisição do terreno (onde se localizará a planta) está incluído?
e. As despesas com transporte e disposição dos rejeitos estão incluídas?
Comprovou-se pelos resultados negativos dos cenários que não contam com
receitas de recepção de RCC, que realmente as centrais de reciclagem de RCC (de 20
t/h e 100 t/h) nas atuais condições de mercado não são viáveis financeiramente. So-
mente as receitas provenientes da venda de agregado beneficiado não viabilizam as cen-
trais.
Para isto, devem ser introduzidos meios que viabilizem a implantação e opera-
ção das centrais. A cobrança de valores para a recepção de RCC cria uma opção de
receita para as centrais.
195

Dentre os cenários que levam em conta as receitas de recepção dos resíduos na


central, os melhores resultados (menores preços a serem pagos por tonelada pelos usuá-
rios para viabilizar o projeto), considerando o investimento em aquisição de terreno e
despesas com transporte e destinação de rejeitos, são:
- Preço para recepção de RCC de R$ 3,27/t, com equipamentos de 100 t/h
usados;
- Preço para recepção de RCC de R$ 3,78/t, com equipamentos de 100 t/h novos.
Para a viabilização de centrais com capacidade nominal de 20 t/h, considerando
investimento em aquisição de terreno e despesas com transporte e destinação de rejeitos,
obteve-se:
- Preço para recepção de RCC de R$ 8,41/t com equipamentos usados;
- Preço para recepção de RCC de R$ 9,73/t com equipamentos novos.
Constata-se que os preços para recepção de RCC para as centrais de 20 t/h são
bem maiores que os das centrais de 100 t/h. Isto indica que uma produção maior de
agregado beneficiado facilita a viabilização financeira das centrais.
Verifica-se nos resultados do estudo de viabilidade, que os cenários que incluem
as despesas com transporte e disposição de rejeitos têm resultados bem menos favorá-
veis do que aqueles que não as incluem. Isto significa que estas despesas pesam na via-
bilidade das centrais de reciclagem.
Os custos de disposição mudam com relativa freqüência e, é possível que, dentro
de um grupo ações de incentivo a implantação da resolução CONAMA, empresas de
limpeza urbana municipal poderiam cobrar menos para a recepção de rejeitos de cen-
trais de reciclagem de RCC.
Ao se conseguir, através da localização das centrais, diminuir a distância até os
aterros sanitários ou centrais de reciclagem de outros tipos de materiais, reduz-se os
custos com transporte dos rejeitos.
Não foi explorada na análise a possibilidade de se trabalhar em mais de um tur-
no, o que se permitiria duplicar ou triplicar a produção de agregado reciclado, caso hou-
vesse demanda.
196

CAPÍTULO XI: AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE CENTRAIS


DE RECICLAGEM DE RCC

XI.1. Introdução
Com a finalidade de complementar o estudo de viabilidade desenvolvido, reali-
za-se neste capítulo uma avaliação de desempenho das centrais existentes. Esta avalia-
ção empregará o sistema de apoio à decisão THOR, que é um sistema computacional
baseado em uma metodologia de análise multicritério. Será inserida no sistema uma
parte das informações coletadas para a pesquisa e, através de critérios pré-estabelecidos,
chegar-se-á a uma avaliação do desempenho das centrais.

XI.2. A Metodologia THOR


XI.2.1. Processo de decisão / Análise Multicritério
Uma das maiores dificuldades que os tomadores de decisão enfrentam é de identi-
ficar as soluções viáveis para os seus problemas e, depois disto, priorizar as seleciona-
das. A seleção e priorização de alternativas são feitas sob a influência de fatores quanti-
tativos e qualitativos, que podem ser conflitantes entre si. A classificação dos fatores
qualitativos pode também ser prejudicada pelo fato de cada grupo de tomadores de
decisão possuir os seus próprios critérios e valores.
A literatura sobre Apoio Multicritério à Decisão (AMD) é ampla e pode ser em-
contrada em, por exemplo, “Vincke, Philippe, 1992, Multi-criteria Decision-Aid. Ed.
John Wiley & Sons, Inc”, e “Roy, Bernard, Bouysson, Denis, 1993, Aide Multiple a la
Decision: Methods et cas, Ed. Economica, France” (GOMES, 1999).
O AMD aceita as seguintes suposições básicas (GOMES, 1999):
- A complexidade do processo de tomada de decisões, que envolve as várias
partes que definem os aspectos relevantes de tal processo;
- A subjetividade inerente da opinião de cada parte (julgamento de valor);
- Conhecimento dos limites da objetividade e da devida consideração da subje-
tividade e,
- A imprecisão gerada pelo fato do problema ainda não ter sido claramente defi-
nido.
197

XI.2.2. Decisões
O entendimento da relação entre as decisões atuais e as futuras e suas conse-
qüências é crucial para a análise do crescimento econômico. Considerando, por exem-
plo, a decisão sobre investimentos em um mundo de economia globalizada, com várias
influências mudando o ambiente, pode-se assumir que:
- As decisões não são repetitivas;
- Os critérios para avaliação das alternativas de investimento são subjetivos e
eles devem ser definidos por tomadores de decisão; e
- As alternativas podem ser avaliadas por critérios, usando uma escala, onde os
decisores deverão escolher a que for melhor para cada critério e alternativa.
Restrições econômicas geralmente dificultam o encontro de opções dentro de um
orçamento limitado. O número de opções raramente é único. Existe não apenas um to-
mador de decisão, porém vários, que podem ou não ser afetados pela decisão. AMD é
aplicada para a seleção da estratégia ótima, pois (GOMES, 1999):
- Os participantes têm uma série de ferramentas que permitem a modelagem do
processo de decisão;
- Modelos empregando probabilidades de sucesso, risco, medidas de benefícios
ou utilidades são úteis para guiar os gerentes, mas eles podem ser empregados
em apenas um número limitado de casos, quando as distribuições são
conhecidas; e
- O alto número de parâmetros e as diferentes possibilidades para os pesos.

XI.2.3. O sistema de informação THOR


O THOR é um Sistema de Apoio à Decisão (SAD), que é um subgrupo dos Sis-
temas de Informação (SI), que auxilia na tomada de decisão e pode ser aplicado a qual-
quer processo decisório, discreto, transitivo ou não, em que se tenha pelo menos duas
alternativas e dois critérios de decisão. O sistema trabalha com elementos discretos,
sendo eles: alternativas, critérios e decisores (GOMES, 2002).
Alternativa é uma possível contribuição para tomar a decisão, sendo uma solução
quando supera as restrições do problema. Alguns autores utilizam como sinônimo de al-
ternativa os termos opção, conjunto de ações potenciais, solução candidata ou simples-
mente candidata como sinônimo de alternativa.
Critérios estão associados aos atributos ou objetivos julgados relevantes na situa -
ção, em uma visão particular do analista e/ou decisor. Os critérios permitem estabelecer
198

as relações de preferência entre as alternativas. Critério também pode ser definido como
uma ferramenta que permite a comparação de alternativas segundo um eixo particular-
mente significativo ou um ponto de vista. A decisão multicritério começa com a geração
de critérios que permitirão a avaliação do problema dentro do contexto em que este está
inserido.
Decisores são os indivíduos que emitem opiniões no processo decisório, influen-
ciando o resultado final.
Um processo de tomada de decisão pode ser definido como a eleição, por parte de
um centro decisor (um indivíduo ou um grupo de indivíduos), da melhor alternativa em-
tre as possíveis.
O sistema THOR oferece, por meio de um embasamento técnico-científico, uma
classificação das alternativas a partir de entradas do centro decisor, que, após responder
ao sistema, às questões necessárias para os cálculos, ordena as alternativas, da mais para
a menos atrativa. O sistema, quando conveniente, sugere a retirada de alguns critérios,
visto que estes não interferem na classificação / ordenação das alternativas. Os critérios
são elementos comuns a todas as alternativas e possuem um conjunto de propriedades
que serão computadas na ordenação ao final.
Os resultados da ordenação permitem ao decisor avaliar a sua capacidade de men-
surar critérios e alternativas, a fim de chegar o mais próximo possível do esperado;
auxiliam o decisor quando o conjunto de alternativas e critérios é bastante elevado, fa-
cilitando, dessa forma, a percepção de quais alternativas devem ser consideradas, caso
um novo processo decisório seja iniciado.
O THOR é baseado em um algoritmo que compara alternativas discretas, e que
emprega (GOMES, 1999):
- Teoria dos conjuntos aproximativos;
- Teoria dos conjuntos nebulosos;
- Modelagem de preferências;
- Teoria da utilidade multiatributo.

XI.3. O problema
A avaliação de desempenho a ser realizada tem como objetivo comparar o de-
sempenho das centrais de reciclagem existentes através de diferentes critérios. Como
resultado desta comparação as centrais serão agrupadas em três grupos, que serão:
(a) Centrais com melhor desempenho;
199

(b) Centrais com desempenho médio; e


(c) Centrais com desempenho ruim.
A avaliação de desempenho obtida com sistema THOR permitirá que se verifi-
que, dentro dos resultados da implantação e operação das centrais existentes, quais fo-
ram os fatores que mais influenciaram nos desempenhos das centrais.
Das catorze centrais pesquisadas, desconsiderou-se a de São José do Rio Preto
para a análise de desempenho, pois não estava ainda em plena operação, não havendo
dados históricos suficientes que permitissem uma comparação com outras centrais.

XI.4. Os critérios
Segundo GOMES (1999, p. 132), “os critérios permitem a avaliação das alter-
nativas de forma a verificar que, para uma alteração na classificação da alternativa num
dado critério, será observada uma redução ou aumento da satisfação da alternativa”. O
conjunto de critérios deverá satisfazer as condições de exaustividade, coesão e não-re-
dundância.
Os critérios empregados para a comparação do desempenho entre as treze cen-
trais de reciclagem são:
- Relação entre tempo total de operação efetiva (TO) e tempo de existência da
central de reciclagem (ID);
- Relação entre investimento capital fixo (CF) e capacidade instalada (CI);
- Custos unitários de produção (em R$);
- Relação entre produção média (PM) e capacidade instalada (CI);
- Estado atual (paralisada ou operando).
O quadro XI.1 traz os critérios empregados e os seus valores para cada central
pesquisada.
200

Quadro XI.1: As centrais e os critérios empregados na avaliação de desempenho

MUNICÍPIOS TO / ID CF / CI CUP PM / CI ESTADO


ATUAL
São Paulo 0,54 10,0 23,5 0,36 Paralisada
Ribeirão Preto 0,75 9,6 28,4 0,31 Paralisada
S. J. Campos 0,13 6,2 29,4 0,23 Paralisada
Piracicaba 0,14 21,6 n.d. 0,00 Operando
Vinhedo 1,00 8,0 151,5 0,16 Operando
Guarulhos 0,05 15,5 55,0 0,31 Operando
Ribeirão Pires 0,50 10,6 63,7 0,19 Operando
S.J. Rio Preto - - - - -
BH – Estoril 1,00 7,9 9,9 0,82 Operando
BH – Pampulha 1,00 8,7 10,3 0,82 Operando
Londrina 0,50 17,7 38,2 0,42 Paralisada
Brasília Aterro 1,00 6,1 16,8 0,39 Operando
Brasília Ceilândia - 6,3 n.d. 0,00 Paralisada
Macaé 1,00 35,0 48,0 0,63 Operando

TO: Tempo de operação efetiva (Fonte: Ver quadro VI.6);


ID: Tempo de existência da Central de Reciclagem (Fonte: Ver quadro VI.6 – Idade dos equi-
pamentos);
CF: Investimento Capital Fixo (Fonte: Ver quadro IX.6);
CI: Capacidade instalada (Fonte: Ver quadro IX.20);
CUP: Custo Unitário de Produção (Fonte: Ver quadro IX.20);
PM: Produção média (Fonte: Ver quadro IX.20 – Quantidade escoada);
Estado Atual: Fonte: Ver quadro VI.6.
n.d. Informação não disponível.

XI.5. Os decisores
Para tornar a avaliação de desempenho representativa de vários setores da socie-
dade, investigou-se os pesos dos critérios que se adequassem às opiniões do setor públi-
co, setor empresarial e do consumidor.
O decisor empresarial considera em suas decisões principalmente a viabilidade
financeira das alternativas disponíveis.
Já o decisor público leva em conta em suas decisões, além dos aspectos econô-
micos-financeiros, os possíveis benefícios para o bem estar social e proteção ao meio
ambiente, entre outros aspectos.
O decisor consumidor geralmente considera em suas decisões os benefícios dire-
tos (por exemplo, bom preço e boa qualidade de produtos ou serviços) que serão obti-
dos.
201

A tomada de decisão integrada é, basicamente, a média aritmética entre os pesos


dos critérios dos decisores envolvidos. Empregar-se-á este tipo de decisor no sistema
THOR, para que os resultados obtidos possam ilustrar uma avaliação de desempenho in-
tegrando segmentos significativos da sociedade.
Para a avaliação realizada procurou-se estimar, seguindo a visão de cada tipo de
decisor, os pesos dos critérios que seriam dados por estes (quadro XI.2).

Quadro XI.2: Os decisores e os pesos dos critérios

DECISORES TO / ID CF / CI CUP PM / CI ESTADO


ATUAL
Público 1 1 1 2 1
Empresarial 1 1 3 2 2
Consumidor 1 1 2 1 1
Integrada 1 1 2 2 1

XI.6. Metodologia
Para a obtenção da avaliação de desempenho empregando o sistema THOR, fo-
ram seguidos os passos descritos abaixo:
a) Passo 1: Inserção de alternativas (centrais), critérios e decisores (figura XI.1);
b) Passo 2: Inserção dos pesos dos critérios (figura XI.2), feito a partir do mó-
dulo de elicitação do THOR, usando uma escala de razões;
c) Passo 3: Inserção do valores de P, Q e discordância de cada critério.
d) Passo 4: Classificação de cada alternativa (Central de Reciclagem) segundo
cada critério - exemplo com um critério (figura XI.3).
202

Figura XI.1: Inserção de alternativas (centrais), critérios e decisores

Figura XI.2: Inserção dos pesos dos critérios e a função de pertinência dos pesos
203

Figura XI.3: Classificação de cada alternativa (central de reciclagem) segundo um


determinado critério - exemplo com o critério “relação entre tempo de operação e
tempo de existência da central”

XI.7. Resultados
Como conclusão da metodologia apresentada no item anterior, chega-se a três ta-
belas de resultados S1, S2 e S3, que representam três ordenações, baseadas nos três
algoritmos de ordenação do THOR (figuras XI.4, XI.5 e XI.6).
A diferença entre os resultados é obtida pelas diferenças entre os algoritmos e que
são baseados na modelagem de preferências, que é a base do algoritmo ELECTRE, e na
experiência com o algoritmo ALINA. Estes dois algoritmos geraram o sistema THOR
com os respectivos resultados S1, S2 e S3 (GOMES, 1999).
204

Figura XI.4: Resultado S1

Figura XI.5: Resultado S2


205

Figura XI.6: Resultado S3

Observando-se os resultados S1, S2 e S3, constata-se que, na classificação de


desempenho em relação aos critérios já descritos, existem quatro sub-grupos (SB) dis-
tintos de centrais de reciclagem de RCC, que são (quadro XI.3):

Quadro XI.3: Classificação de desempenho

SUBGRUPOS CENTRAIS
SB01 Brasília / Aterro, BH / Estoril e BH / Pampulha
SB02 Piracicaba, Macaé e Vinhedo
SB03 São José dos Campos, Ribeirão Preto, Ribeirão Pires, Guarulhos e
Londrina
SB04 Brasília / Ceilândia e São Paulo

Onde SB01 > SB02 > SB03 > SB04 estando o símbolo > representando a
dominância.
Agrupando-se os quatro sub-grupos em três, conforme o objetivos citado no
item XI.4, tem-se conforme ordem decrescente de priorização das centrais de
reciclagem de RCC:
a) Centrais com melhor desempenho: Brasília / Aterro, Belo Horizonte / Estoril
e Belo Horizonte / Pampulha;
b) Centrais com desempenho fraco: Brasília / Ceilândia e São Paulo;
206

c) Centrais com desempenho médio: Piracicaba, Macaé, Vinhedo, São José dos
Campos, Ribeirão Preto, Ribeirão Pires, Guarulhos e Londrina.

Uma simulação, que pode ser feita para a avaliação de desempenho, é aquela na
qual os critérios não recebem pesos diferenciados. O resultado desta simulação está a-
presentado na figura XI.7. Observando a classificação obtida percebe-se poucas dife-
renças entre o quadro XI.2 e a figura XI.7.

Figura XI.7: Resultado S4 – Sem pesos

As diferenças limitam-se basicamente a uma melhor classificação da central de


São Paulo (de 13o para 9o ) e a uma pior classificação da central de Piracicaba (de 4o pa-
ra 12o).
Pelo resultado S4, São Paulo passa para o grupo de centrais com desempenho
médio e Piracicaba passa do grupo com desempenho médio, para aquele com desem-
penho ruim.
Complementando estes resultados, deve-se considerar as incertezas das informa-
ções empregadas na avaliação, pois:
207

- nem todas as informações necessárias foram coletadas;


- em algumas situações, os responsáveis pelas centrais forneceram parte das in-
formações incompletas ou baseadas em experiência não documentada, fatos
que aumentaram a imprecisão, como também a incerteza dos dados.
Como foi significativo o volume de dados com incerteza, não foi estimado um
determinado grau de incerteza para cada um deles, adotando-se um valor comum
(“um”) para todos os dados. Este procedimento não influenciou os resultados obtidos
com o programa THOR.
Porém, devido ao expressivo volume de dados com incerteza chegou-se à con-
clusão que os resultados obtidos pelo emprego da análise multicritério realizada pelo
sistema THOR devem ser vistos com amplas restrições, já que a qualidade das infor-
mações não permitiu uma avaliação de desempenho adequada.
Esta conclusão não desperdiça os esforços feitos na tentativa de avaliação de de-
sempenho das centrais de reciclagem de RCC. A análise multicritério realizada pelo
sistema THOR é uma ferramenta oportuna para várias situações de tomada de decisão,
servindo também, como se comprovou, para a avaliação de desempenho de instalações
industriais.
Que novas tentativas empregando análise multicritério e outras técnicas de análi-
se decisão sejam realizadas por pesquisas posteriores, que poderão ter mais chances de
sucesso, caso o gerenciamento das centrais existentes se torne mais apurado financeira e
tecnicamente, fato que também se estenda para as novas centrais que forem instaladas.
208

CONCLUSÃO
De forma a estudar os sucessos e os fracassos na implantação e operação de cen-
trais de reciclagem de RCC, este trabalho compreendeu a pesquisa que foi realizada en-
volvendo catorze centrais brasileiras, sobre estudo de viabilidade econômica deste tipo
de instalação industrial. De forma complementar, foi realizado um diagnóstico das
gestões de RCC praticadas nos municípios estudados. Os dados têm como referência o
mês novembro de 2003.
Os municípios que tiveram as suas centrais de reciclagem de RCC pesquisadas
foram: São Paulo, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Piracicaba, Vinhedo, Guaru-
lhos, Ribeirão Pires, São José do Rio Preto, Belo Horizonte, Londrina, Brasília e Macaé.

Diagnóstico das gestões praticadas


As visitas realizadas a algumas das cidades pesquisadas, bem como os contatos
feitos com dirigentes municipais e pesquisa bibliográfica, permitiram a formulação de
um diagnóstico sobre a situação de cada município pesquisado em relação ao tema ges-
tão de RCC.
Segundo os dados fornecidos pelo órgão responsável, verificou-se que o municí-
pio que tinha as três diretrizes da gestão sustentável de RCC (facilitação da disposição,
segregação na captação e alteração da destinação) implantadas e operando, era Belo
Horizonte.
Os municípios de Piracicaba, Vinhedo, Guarulhos e Ribeirão Pires tinham, pelo
menos, uma das três diretrizes ainda em implantação ou operando de forma não ade-
quada.
Os municípios restantes, apesar de já terem elementos da gestão sustentável de
RCC, ainda estavam distantes de tê-la operando satisfatoriamente. Em novembro de
2003, verificou-se que, das catorze centrais pesquisadas, cinco estavam com suas ativi-
dades paralisadas e uma estava em construção.

Análise de viabilidade financeira para centrais de reciclagem de RCC


Como as centrais de reciclagem pesquisadas pertencem ao poder público e as ex-
periências privadas de maior porte com reciclagem de RCC ainda não são significa-
tivas, optou-se por apresentar dois tipos de estudo de viabilidade: uma análise econô-
mica voltada para iniciativa privada e uma outra dirigida para o poder público.
209

Análise de viabilidade: Iniciativa privada


Em consultas a diversas fontes, constatou-se que seria mais significativo para os
objetivos desta pesquisa apresentar estudo de viabilidade financeira de duas centrais de
reciclagem: uma de pequeno porte (20 t/h) e outra de médio porte (100 t/h).
Concluiu-se, através dos resultados negativos da análise financeira realizada
com oito cenários, que as centrais de reciclagem de RCC, nas atuais condições de mer-
cado, não são viáveis financeiramente para a iniciativa privada. Somente as receitas
provenientes da venda de agregado beneficiado não viabilizam as centrais.
Trabalhou-se nos cenários com a hipótese de preço de venda do agregado bene-
ficiado em torno de R$ 9,00/t, não estando incluídos imposto sobre circulação de merca-
dorias e preço de frete.
Os resultados não englobaram custos com aquisição de terreno para a central e
custos com transporte e disposição de rejeitos da produção em aterros sanitários, pois
estes dependem da localização da central.
Para que as centrais se tornem viáveis para a iniciativa privada, dentro das
condi-ções atuais, devem ser introduzidos meios que viabilizem a implantação e
operação des-tas instalações, tais como: cobrança pela a recepção dos RCC nas centrais,
redução de impostos e financiamentos a juros mais baixos que os praticados no
mercado.
Destes possíveis meios de viabilização, trabalhou-se nesta pesquisa basicamente
com as receitas obtidas com a recepção dos RCC nas centrais, pois os outros meios de-
pendem fortemente de negociação entre alguns setores da economia.
Constatou-se na análise financeira que, dentre os cenários apresentados, os me-
lhores resultados (menores preços a serem cobrados por tonelada dos usuários para via-
bilizar o projeto) foram encontrados para centrais com maior capacidade instalada (100
t/h, com preço em torno de R$ 1,50/t).
Não foram exploradas na análise alternativas, tais como: adoção de mais de um
turno de trabalho e emprego de equipamentos com capacidade de produção maior que
100 t/h. Trabalhando-se com mais de um turno, tem-se a opção de aumentar expressi-
vamente a produção.
Como no Brasil o uso de agregados reciclados ainda não está difundido, pode-se
considerar que os investimentos em centrais de reciclagem de grande porte terão maio-
res riscos de insucesso, do que aqueles em centrais de pequeno e médio porte.
210

Análise de viabilidade: Poder público


Funcionando abaixo de suas capacidades, as centrais existentes estão perdendo a
oportunidade de reduzir os seus custos de produção. Isto para centrais que estão ope-
rando, pois para aquelas paradas, há desperdício de investimento público.
Em relação a receitas e a possíveis economias para os municípios, oriundas de
centrais de reciclagem de RCC, as mais significativas são: receitas com vendas de agre-
gado beneficiado, economias com aquisição de materiais e economias com disposição e
transporte de RCC.
Constatou-se que, em oito das catorze centrais, as economias com aquisição de
materiais seriam maiores que os custos operacionais. Nos outras seis, os valores seriam
menores, porém significativos.
Sobre os custos com disposição de RCC em aterros, verificou-se que, dependen-
do de cada município, é provável que o beneficiamento de RCC seja viabilizado so-
mente contando com as economias com transporte de RCC até os aterros e com a sua
disposição nos mesmos.
Certa dificuldade de quantificação é encontrada quando são avaliados os benefí-
cios indiretos com a reciclagem de RCC. Contudo, estes devem ser incluídos também
em análises que venham a ser desenvolvidas pelo poder público.
Pode-se concluir que as centrais de reciclagem de RCC, pela ótica do poder pú-
blico, podem ser viáveis economicamente nas atuais condições de mercado, depen-
dendo das particularidades locais de cada município, tais como: custos com disposição
em aterros, custos com transporte dos RCC até os aterros e preços para aquisição de
agregados naturais. A viabilidade, contudo, também dependerá da continuidade e do
volume de produção a serem alcançados pelas centrais.
Como se comprovou no diagnóstico realizado, somente cinco das treze centrais
instaladas, conforme informações fornecidas, funcionavam continuamente desde as suas
implantações, e destas cinco, somente duas mantinham produções próximas às capaci-
dades planejadas em projeto. Sendo assim, as experiências levantadas mostraram que a
maioria das centrais pesquisadas vem sendo administrada de forma deficiente pelo
poder público.
Esta administração deficiente e as suas conseqüências no desempenho das ins-
talações deverão ser cuidadosamente consideradas pelos municípios em suas análises de
investimentos. Os gestores municipais devem avaliar o que seria mais viável economi-
211

camente para o poder público: ser o administrador destas centrais ou deixar que a inicia-
tiva privada se encarregue desta tarefa.
Nas atuais condições de mercado, não é viável para as empresas da iniciativa pri-
vada a implantação e operação de centrais de reciclagem de RCC. Conclui-se, então,
que para que se viabilize economicamente estas instalações é necessária a criação de
meios, como já mencionado, tais como: financiamentos a juros baixos, incentivos
fiscais para o beneficiamento e comércio de materiais reciclados, como também para
execução de obras com estes materiais.
A viabilização ocorrerá provavelmente através da adoção, não somente de uma
medida, mas de conjunto de ações de incentivo a reciclagem.
Para o fomento da reinserção dos RCC beneficiados no ciclo produtivo, deverá
ser feito levantamento dos potenciais mercados, podendo o município fazer contatos e
firmar parcerias com municípios vizinhos, governos estaduais e federal e, principal-
mente, com a iniciativa privada. Para o sucesso destas parcerias, a viabilidade técnico-
econômica das ações deverá estar sempre focada.

Município do Rio de Janeiro: Estimativa de demanda para agregados


Em um cenário que considerasse que 30% do mercado atual de areia e brita po-
deria ser substituído por agregados reciclados, ter-se-ia na Região Metropolitana do Rio
de Janeiro um mercado mínimo de 3,4 milhões de toneladas anuais de agregados reci-
clados nos próximos dez anos.
Também para a mesma região foram estimados em 2000: déficit de 391 mil imó-
veis residenciais e 520 mil imóveis residenciais com deficiências de infra-estrutura
básica. A utilização de agregados reciclados tem sido uma alternativa pouco explorada
para a solução destes problemas habitacionais e de infra-estrutura.
Sendo o próprio poder público um grande consumidor de agregados, através da
construção de casas populares e obras de infra-estrutura, este poderia adotar políticas
que fomentassem o consumo de agregado reciclado.
Os agregados no Brasil têm preços baixos, estabilizados há vários anos, e devi-
do à pouca quantidade de obras, existe atualmente uma grande oferta de agregados.
Sendo assim, para atrair e estabelecer clientes, os preços dos agregados reciclados de-
verão ser mais baixos do que os dos agregados convencionais.
Do ponto de vista de recepção de RCC, as centrais de reciclagem têm como con-
correntes os aterros sanitários que, segundo as técnicas de engenharia aplicadas, neces-
212

sitam de grandes quantidades de material mineral inerte. Contudo, as empresas envol-


vidas na operação dos aterros deveriam rever se, tecnicamente, não está havendo um
desperdício de matéria-prima secundária (RCC) e uma aceleração equivocada da vida
útil dos aterros sanitários.
Deve-se salientar que muitas empresas operadoras de aterros ganham geralmente
por tonelada recebida e, quanto mais RCC aceitarem nos aterros, maiores serão as fa-
turas a serem cobradas.
Os aterros de inertes também concorrem com as centrais de reciclagem na re-
cepção de RCC. Existem no Município do Rio de Janeiro áreas de baixada, que pos-
suem capacidade de elevação de cota e são regiões para as quais a cidade está se expan-
dindo. Esta capacidade de aterramento, que poderia ser empregada como destinação da
fração mineral inerte (Classe “A”) dos RCC, foi estimada em 155 milhões toneladas.
Todavia, sem os devidos controles, existe o risco que resíduos industriais e do-
miciliares sejam dispostos ilegalmente nestes aterros, podendo provocar graves proble-
mas ambientais às regiões envolvidas.

Município do Rio de Janeiro: Estimativa de oferta de RCC


Através de estimativas, concluiu-se que existe um potencial de 2.712 t/dia (que
corresponde a um milhão de toneladas por ano) de material mineral inerte, proveniente
da geração de RCC, a ser beneficiado e comercializado no município.
Considerando-se a hipótese que não houvesse reciclagem de RCC no Município
do Rio de Janeiro, e que toda fração Classe “A” dos RCC gerados fosse destinada para
o aterramento das regiões da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Baía de
Sepetiba, seriam necessários cerca de 155 anos para que a capacidade de recepção de
material inerte destas regiões fosse esgotada.

Estimativa das receitas e dos custos / Análise de investimentos


Devido à densidade demográfica do município, terrenos com grandes áreas em
centro de bairros podem ser difíceis de serem encontrados com preços acessíveis. Além
disso, problemas de zoneamento, reclamações de moradores próximos, aumento de trá-
fego na vizinhança e legislação ambiental pertinente, podem dificultar a concessão de
licença de implantação das centrais em determinados locais.
Trabalhando-se com 32 cenários para análise de viabilidade de centrais a serem
localizadas no Município do Rio de Janeiro, comprovou-se pelos resultados negativos
213

dos cenários, que não contam com receita de recepção de RCC, que centrais de reci-
clagem de RCC (de 20 t/h e 100 t/h), nas atuais condições de mercado, não são viáveis
financeiramente para empreendimentos da iniciativa privada.
Dentre os cenários que levam em conta as receitas de recepção de RCC nas
centrais, o melhor resultado encontrado é o de preço de R$ 3,50/t para instalações com
equipamentos de 100 t/h.
Os resultados dos cenários também mostram que, quando se inclui nas análises
financeiras as despesas com transporte e disposição de rejeitos em aterros sanitários,
obtém-se resultados bem menos favoráveis do que aqueles que não as incluem.
Os custos de disposição mudam com relativa freqüência e é possível que, dentro
de um grupo ações de incentivo à implantação da resolução CONAMA, as empresas de
limpeza urbana municipal poderiam preços menores para a recepção de rejeitos de cen-
trais de reciclagem de RCC da iniciativa privada.
Ao se conseguir, através da localização das centrais, diminuir a distância até os
aterros sanitários ou centrais de reciclagem de outros tipos de materiais, têm-se reduzi-
dos os custos com transporte dos rejeitos.

Avaliação de desempenho
Com a finalidade de complementar o estudo de viabilidade realizado, foi feita
uma avaliação de desempenho das centrais existentes, através do sistema de apoio à
decisão THOR, que é baseado em metodologias de análise multicritério.
Contudo, devido incerteza dos dados coletados junto às instalações de recicla-
gem, chegou-se à conclusão que os resultados obtidos pelo uso de análise multicritério
devem ser vistos com grandes restrições, neste caso em específico.

Propostas para novas pesquisas


O modelo conceitual apresentado para estudos de viabilidade econômica de cen-
trais de reciclagem de RCC mostrou-se uma ferramenta valiosa. O seu emprego, mes-
mo em administração pública, indicou tanto a necessidade de estabelecimento de novas
políticas públicas para a privatização do sistema, como ocorre nos países desenvolvidos,
como também o insucesso do poder público em administrar centrais de reciclagem de
RCC.
214

Como propostas para novas pesquisas, tem-se:


- Acompanhamento com planilha própria da operação de algumas centrais de re-
ciclagem de RCC, por um prazo não menor que duas semanas em cada uma;
- Projeto, implantação e monitoramento de uma central de reciclagem, com le-
vantamento preciso de dados e análise das diversas etapas do projeto, verifi-
cando os resultados encontrados em relação àqueles gerados pelo modelo aqui
proposto;
- Realização de estimativas mais precisas sobre as quantidades geradas e cole-
tadas de RCC no Município do Rio de Janeiro;
- Desenvolvimento de metodologia para estudo locacional de centrais de recicla-
gem;
- Estudo comparativo entre as mesmas centrais de RCC, usando outras técnicas
de tomada de decisão e de análise de risco, como simulação estocástica, árvores
de decisão e amostragem de Monte Carlo;
- Estudo de viabilidade econômica da cadeia de distribuição reversa (logística
reversa) dos RCC.
215

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223

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DE JANEIRO (SINDIBRITA). Dados fornecidos pelo Sr. Luiz Moreira Neto entre
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YAZIGI, W. A técnica de edificar. São Paulo: PINI, 1998.
224

ANEXOS

Anexo I: Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002:


Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da
construção civil.
Anexo II: Redução da geração de RCC
Anexo III: Perfil para estudos de pré-viabilidade e estudos de viabilidade
Anexo IV: Cenários para análise de viabilidade financeira de centrais de
reciclagem de RCC
225

Anexo I

Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002

Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da


construção civil.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das


competências que lhe foram conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,
regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de julho de 1990, e tendo em vista o
disposto em seu Regimento Interno, Anexo à Portaria nº 326, de 15 de dezembro de
1994, e
Considerando a política urbana de pleno desenvolvimento da função social da cidade e
da propriedade urbana, conforme disposto na Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001;
Considerando a necessidade de implementação de diretrizes para a efetiva redução dos
impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção civil;
Considerando que a disposição de resíduos da construção civil em locais inadequados
contribui para a degradação da qualidade ambiental;
Considerando que os resíduos da construção civil representam um significativo per-
centual dos resíduos sólidos produzidos nas áreas urbanas;
Considerando que os geradores de resíduos da construção civil devem ser responsáveis
pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas
e estradas, bem como por aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de
solos;
Considerando a viabilidade técnica e econômica de produção e uso de materiais prove-
nientes da reciclagem de resíduos da construção civil; e
Considerando que a gestão integrada de resíduos da construção civil deverá propor-
cionar benefícios de ordem social, econômica e ambiental, resolve:

Art. 1º Estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da


construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos
ambientais.
Art. 2º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:
226

I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e


demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação
de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, me-
tais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pa-
vimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente cha-
mados de entulhos de obras, caliça ou metralha;
II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por
atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos definidos nesta Resolução;
III - Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do
transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação;
IV - Agregado reciclado: é o material granular proveniente do beneficiamento de re-
síduos de construção que apresentem características técnicas para a aplicação em obras
de edificação, de infra-estrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia;
V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou re-
ciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e re-
cursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas
previstas em programas e planos;
VI - Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do
mesmo;
VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido sub-
metido à transformação;
VIII - Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo à operações e/ou processos que
tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados como
matéria-prima ou produto;
IX - Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão empregadas técnicas de
disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no solo, visando a reservação de
materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da
área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível,
sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente;
X - Áreas de destinação de resíduos: são áreas destinadas ao beneficiamento ou à dis-
posição final de resíduos.
Art. 3º Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta Reso-
lução, da seguinte forma:
I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
227

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de


infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos
(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blo-
cos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais
como os produtos oriundos do gesso;
IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais co-
mo: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições,
reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.
Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e,
secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final.
§ 1º Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos
domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d`água, lotes vagos e em
áreas protegidas por Lei, obedecidos os prazos definidos no art. 13 desta Resolução.
§ 2º Os resíduos deverão ser destinados de acordo com o disposto no art. 10 desta
Resolução.
Art. 5º É instrumento para a implementação da gestão dos resíduos da construção civil o
Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, a ser elaborado
pelos Municípios e pelo Distrito Federal, o qual deverá incorporar:
I - Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil; e
II - Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.
Art 6º Deverão constar do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Constru-
ção Civil:
I - as diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa Municipal de Gerenciamento
de Resíduos da Construção Civil e para os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil a serem elaborados pelos grandes geradores, possibilitando o exercício
das responsabilidades de todos os geradores.
II - o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento, triagem e
armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o porte da
228

área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos resíduos oriundos de


pequenos geradores às áreas de beneficiamento;
III - o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de beneficiamento e
de disposição final de resíduos;
IV - a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;
V - o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo;
VI - a definição de critérios para o cadastramento de transportadores;
VII - as ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes envolvidos;
VIII - as ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a sua se-
gregação.
Art 7º O Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil será
elaborado, implementado e coordenado pelos municípios e pelo Distrito Federal, e de-
verá estabelecer diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das responsabili-
dades dos pequenos geradores, em conformidade com os critérios técnicos do sistema
de limpeza urbana local.
Art. 8º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil serão elaborados
e implementados pelos geradores não enquadrados no artigo anterior e terão como obje-
tivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambiental-
mente adequados dos resíduos.
§ 1º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, de empreendimentos
e atividades não enquadrados na legislação como objeto de licenciamento ambiental,
deverá ser apresentado juntamente com o projeto do empreendimento para análise pelo
órgão competente do poder público municipal, em conformidade com o Programa Mu-
nicipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.
§ 2º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de atividades e em-
preendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, deverá ser analisado dentro do pro-
cesso de licenciamento, junto ao órgão ambiental competente.
Art. 9º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deverão con-
templar as seguintes etapas:
I - caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos;
II - triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser rea-
lizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de
resíduos estabelecidas no art. 3º desta Resolução;
229

III - acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após a


geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja possível,
as condições de reutilização e de reciclagem;
IV - transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de
acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;
V - destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta Resolução.
Art. 10. Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes formas:
I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encami-
nhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a per-
mitir a sua utilização ou reciclagem futura;
II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armaze-
namento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem
futura;
III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade
com as normas técnicas especificas.
IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em
conformidade com as normas técnicas especificas.
Art. 11. Fica estabelecido o prazo máximo de doze meses para que os municípios e o
Distrito Federal elaborem seus Planos Integrados de Gerenciamento de Resíduos de
Construção Civil, contemplando os Programas Municipais de Gerenciamento de Resí-
duos de Construção Civil oriundos de geradores de pequenos volumes, e o prazo máxi-
mo de dezoito meses para sua implementação.
Art. 12. Fica estabelecido o prazo máximo de vinte e quatro meses para que os gera-
dores, não enquadrados no art. 7º, incluam os Projetos de Gerenciamento de Resíduos
da Construção Civil nos projetos de obras a serem submetidos à aprovação ou ao licen-
ciamento dos órgãos competentes, conforme §§ 1º e 2º do art. 8º.
Art. 13. No prazo máximo de dezoito meses os Municípios e o Distrito Federal deverão
cessar a disposição de resíduos de construção civil em aterros de resíduos domiciliares e
em áreas de "bota fora".
Art. 14. Esta Resolução entra em vigor em 2 de janeiro de 2003.
JOSÉ CARLOS CARVALHO
Presidente do Conselho
Publicada DOU 17/07/2002
230

Anexo II

REDUÇÃO DA GERAÇÃO DE RCC

1. Prioridades em relação aos RCC


Para que os problemas com os RCC sejam abrandados, esforços devem ser
realizados tanto pelo setor da construção civil, quanto pelos gestores públicos e privados
de resíduos sólidos. De acordo com o art. 4 da Resolução N° 307 do CONAMA, o
seqüenciamento das prioridades dos geradores de RCC deve ser como o fluxo ilustrado
na Figura AII.1

Figura AII.1: Seqüenciamento das prioridades em relação aos RCC

Não geração de resíduos

Redução da geração de resíduos

Reutilização dos resíduos

Reciclagem dos resíduos

Envio dos resíduos aos aterros

Para o alcance dos objetivos de não geração e de redução da geração de RCC em


novas construções, além do aumento do potencial de reutilização e reciclagem de ma-
teriais e componentes em obras de reformas e de demolição, é essencial que estes obje-
tivos já sejam considerados nas etapas de projeto, de suprimentos e de construção, atra-
vés de, entre outros (BILITEWSKI, 1993):
- análise atenta a ser feita pelo incorporador, a equipe de projeto e a equipe de
construção, das possibilidades de menor consumo de materiais e de uma vida
útil prolongada do empreendimento, flexibilidade do seu uso e da posterior re-
utilização ou reciclagem dos seus componentes;
- emprego de materiais reciclados ou que sejam de fácil reutilização;
231

- desenvolvimento de projeto estrutural considerando o uso mínimo de fôrmas;


- execução de processos construtivos com um bom controle de qualidade, mini-
mizando as perdas de materiais e garantindo vida longa ao empreendimento;
- esboço de plano da futura demolição do empreendimento durante a fase de
projeto, que localize e especifique as peças e os materiais a serem reutilizados
ou reciclados, e que descreva os métodos de demolição a serem empregados.

2. Perdas e desperdício
Além da influência na geração de RCC, o expressivo índice de perdas de mate-
riais é uma das causas dos altos custos das construções e pode ser considerado como um
indicador da baixa qualidade dos projetos e de execução de obras no Brasil.
Em relação às perdas na construção civil, pode-se adotar a seguinte classificação
(SKOYLES, 1976 Apud SOIBELMAN et al, 1994, p.556):
- Diretas: Os materiais são danificados durante o processo de construção, devido
tanto a descarregamento, transporte e armazenamento inadequados dos materi-
ais, quanto a vandalismo. Estes materiais não podem muitas vezes ser facil-
mente recuperados ou utilizados novamente no processo;
- Indiretas: São perdas encontradas quando os materiais ou equipamentos são
empregados de modo inadequado.
Segundo estudo feito em cinco canteiros de obras na cidade de Porto Alegre
(SOIBELMAN et al., 1994), grande parte das perdas no canteiro de obras é previsível e
pode ser evitada. Outras conclusões do estudo foram:
- em geral as empresas não tinham idéia da magnitude das perdas em seus can-
teiros;
- ações simples de prevenção, tais como cuidados básicos no recebimento, arma-
zenamento e manuseio dos materiais, não foram observadas nos canteiros;
- as perdas ocorreram mais como resultado da combinação de vários fatores do
que como conseqüência de um incidente isolado;
- fraco interesse dos construtores em reduzir as perdas no canteiro;
- muitas das perdas geradas fora do âmbito do canteiro foram ocasionadas por
projetos inadequados e aprovisionamento ruim.
No quadro AIII.1 pode-se observar a variação dos valores de perdas dos princi-
pais materiais em obras de edificações no Brasil.
232

Estes dados se referem à construção residencial de edifícios, não existindo no


Brasil ainda pesquisas sobre a intensidade de perdas em outros tipos de construção
(reformas, auto-construções, construção pesada, montagem industrial, etc.) (PINTO,
1999).

Quadro AII.1: Perda de materiais em processos construtivos convencionais,


segundo três pesquisas realizadas no Brasil

MATERIAIS Pinto (1) Soibelman (2) FINEP/ITEQ (3)


Concreto Usinado 1,5% 13% 9%
Aço 26% 19% 11%
Blocos e tijolos 13% 52% 13%
Cimento 33% 83% 56%
Cal 102% -- 36%
Areia 39% 44% 44%

(1) Valores de uma obra (PINTO, 1989 Apud PINTO, 1999, p.17);
(2) Média de cinco obras (SOIBELMAN, 1993 Apud PINTO, 1999, p.17);
(3) Mediana de diversos canteiros (SOUZA et. al., 1998 Apud PINTO, 1999, p.17) .

FONTE: PINTO, 1999, p.17.

Em PINTO (1989, Apud PINTO, 1999, p.16) é estimado que “intensidade da


perda se situe entre 20 e 30% da massa total de materiais, dependendo do patamar
tecnológico do executor”. PINTO (1999, p.18) também constata que “é importante
ressaltar que devido à variabilidade das situações diagnosticadas, os agentes constru-
tores devem ter a sua atenção voltada para o reconhecimento de seus índices particu-
lares, seu patamar tecnológico, buscando investir em melhorias para conquistar compe-
titividade no mercado e racionalidade no uso dos recursos não renováveis”.
A implantação de sistemas integrados de gestão da qualidade, meio ambiente e
segurança do trabalho pode ser um importante meio de se diminuir a ocorrência de erros
(não-conformidades) durante as fases de projeto, de suprimentos e de construção,
favorecendo-se a não geração de RCC e a redução de perdas de materiais.

3. Coleta seletiva nos canteiros


Outra estratégia que pode ser adotada em relação à geração de resíduos é a in-
trodução da coleta seletiva dos RCC nos canteiros de obras. Se fossem separados na
233

fonte, grande parte dos materiais sairia das obras para centrais de reciclagem, facilitando
o processo de reciclagem nestas centrais, e tornando-o assim mais econômico.
Contudo, com as dificuldades encontradas por alguns municípios na implantação
de coleta seletiva de lixo domiciliar, pode-se prever que a coleta seletiva de RCC dentro
dos canteiros será também complexa, pois dependendo do município, a quantidade de
RCC gerada pode ser tão significativa quanto à de lixo domiciliar.
A introdução da coleta seletiva depende de diferentes fatores, sendo destacados
os seguintes (BILITEWSKI, 1993):
- tamanho do canteiro (disponibilidade de espaço para o armazenamento tempo-
rário de RCC separado por grupo de materiais);
- prazo da obra;
- materiais empregados e processo de construção;
- distância/localização de centrais de reciclagem e de aterros sanitários;
- taxas cobradas para a entrega em centrais de reciclagem;
- taxas cobradas para a disposição final dos resíduos e,
- existência de mercado para a venda dos materiais resultantes da coleta sele-
tiva.
A consideração satisfatória da reciclagem de materiais em novas construções e
obras de reforma pode ser resumida nos seguintes pontos (WILLKOMM, 1990 e EPA,
2000):
- treinamento dos funcionários das empresas envolvidas nas atividades de cons-
trução (empreiteiros e sub-empreiteiros), destacando os procedimentos da co-
leta seletiva e os seus benefícios;
- facilidade do reaproveitamento ou da reciclagem dos resíduos de materiais
inertes através da previsão no canteiro de área apropriada para o seu depósito
temporário;
- previsão dos locais intermediários de coleta (entre os postos de trabalho e os
vasilhames ou as caçambas), minimizando-se assim os transportes horizon-
tais;
- previsão da área necessária para os vasilhames e as caçambas destinados ao
depósito temporário dos materiais, que serão separados, por exemplo, em parte
mineral inerte, madeira, metal, materiais tóxicos, papel e plásticos (embala-
gens);
- ações preventivas que evitem a mistura entre os resíduos separados;
234

- impedimento do uso dos vasilhames e caçambas para despejo de resíduos vin-


dos de fora do canteiro (tais como resíduos industriais e lixo domiciliar);
- planejamento antecipado do destino dos resíduos, definindo-se pelas seguintes
opções: entrega gratuita ou venda para interessados nos resíduos, entrega em
área licenciada pelo município para recepção de RCC, entrega em central de
reciclagem, disposição em aterros de inertes licenciados ou de resíduos domi-
ciliares110, entre outros e,
- pressão junto aos fornecedores em relação à redução da quantidade de emba-
lagens.
A coleta seletiva pode ser feita de modo contínuo ou após a conclusão de de-
terminadas etapas de construção. Para o armazenamento poderão ser empregados vasi-
lhames padrões (capacidade de até 100 l), containers (cerca de 1,5 m3) e caçambas esta-
cionárias (entre 3 e 5 m³, podendo chegar a 7,0 m3).
Os resíduos devem ser separados em partes minerais (concreto, alvenaria, agre-
gados e argamassas), madeira, metais, papel, plástico e materiais tóxicos (cola, tinta,
oléos, etc.). É importante que se isole os materiais tóxicos dos outros resíduos, pois a
reutilização e reciclagem de RCC contaminados com substâncias tóxicas são, segundo
as técnicas de engenharia atuais, quase sempre inviáveis economicamente. Para os ma-
teriais tóxicos deve-se dar destinação adequada, conforme normas técnicas específicas.
As figuras AII.2, AII.3 e AII.4 referem-se a ações facilitadoras para coleta
seletiva dentro de um canteiro de obras situado na cidade de Karlsruhe (Alemanha).

110
A entrega de RCC em aterros sanitários não será mais permitida após julho de 2004 (CONAMA,
2002).
235

FONTE: NUDDING (1996)

Figura AII.2: Caçamba para metal em obra com coleta seletiva

FONTE: NUDDING (1996)

Figura AII.3: Caçambas estacionárias dentro da obra com coleta seletiva para a
deposição de materiais diferentes
236

FONTE: NUDDING (1996)

Figura AII.4: Caçamba com mistura de materiais

As figuras AII.5, AII.6 e AII.7 referem-se a ações facilitadoras para coleta


seletiva dentro de um canteiro de obras situado na cidade de São Paulo (Projeto Obra
Limpa).

FONTE: SINDUSCON-SP (2004)

Figura AII.5: Recipientes para coleta seletiva de materiais com menor fração
dentro da composição dos RCC
237

FONTE: SINDUSCON-SP (2004)

Figura AII.6: Bags para a coleta seletiva

FONTE: SINDUSCON-SP (2004)

Figura AII.7: Recipientes em madeira para a coleta seletiva


238

4. Serviços de demolição
Nos serviços de demolição, a separação de materiais e componentes objetivando
as suas posteriores reutilizações ou reciclagem pode ser realizada através de:
- desmontagem seletiva dos materiais e componentes durante a demolição;
- desmontagem seletiva parcial dos materiais e componentes durante a demoli-
ção, que acontece após a conclusão de determinadas etapas de demolição (te-
lhado, esquadrias, alvenaria, por exemplo);
- separação dos materiais e componentes após a demolição, em central de reci-
clagem.
As duas primeiras opções minimizam a mistura entre os materiais e asseguram
melhor a integridade dos componentes, favorecendo, desta forma, a reutilização e a
reciclagem dos mesmos. Contudo, elas têm maiores custos com pessoal, em
comparação com os serviços de demolição tradicionais.
Os principais passos para a desmontagem seletiva durante as etapas de demo-
lição são (BILITEWSKI, 1993):
- Retirada de equipamentos: Alguns, ou mesmo todos, os equipamentos, poderão
ser diretamente reutilizados em novos projetos;
- Retiradas de janelas, portas, cabos elétricos e tubos de instalação. Estes pode-
rão ser reutilizados após ligeiros reparos;
- Retirada de pavimentação, materiais de acabamento e ferragens. Estes poderão
ser novamente empregados após tratamentos mais complexos (reciclagem);
- Desmontagem do telhado e das fachadas: Deve-se agrupar os materiais entre os
que podem ser reciclados ou não e,
- Demolição das estruturas e alvenarias através de equipamentos apropriados,
separando-se os diferentes materiais em frações (concreto, alvenaria, arma-
ções, etc.).
Para que a demolição seletiva torne-se prática comum entre os agentes envolvi-
dos com atividades de demolição, deve ser encontrado o ponto de equilíbrio entre dois
objetivos, que são:
- Maximizar separação e destinação adequadas de materiais e componentes, cu-
jas reutilizações ou reciclagem sejam economicamente viáveis e,
- Cobrir os custos com os serviços de demolição e de separação adequada de
materiais e componentes, com as receitas com as vendas destes para partes in-
teressadas e com as economias com destinação dos RCC (custos com trans-
239

porte, taxas cobradas para entrega tanto em área licenciada para recepção de
RCC ou em central de reciclagem, quanto para disposição em aterros).

5. Prolongamento da vida útil do empreendimento


A minimização de RCC pode ser também alcançada com a estratégia do prolon-
gamento da vida útil das construções. Seguindo esta estratégia, as edificações ou outros
tipos de obras podem passar por ajustes ao longo de sua utilização, tais como:
- renovação para um novo tipo de uso;
- renovação para a incorporação de tecnologias mais atualizadas e de novas exi-
gências de conforto dos usuários e,
- serviços de manutenção preventiva para manter as capacidades técnicas de
projeto.
Além do aspecto ambiental oriundo da redução de RCC, deve-se observar o ca-
ráter histórico que a conservação de determinadas construções poderá trazer à região
onde estão localizadas. Em alguns casos, a adequação de construções antigas a novos
usos poderá ser também a melhor opção econômica.
240

Anexo III
Perfil para estudos de pré-viabilidade e estudos de viabilidade
(UNIDO, 1987, p.249)
1. Sumário executivo
2. Histórico do projeto:
a. Patrocinador(es) do projeto:
b. História do projeto;
c. Custo dos estudos e/ou investigações já realizadas.
3. Capacidade do mercado e da fábrica:
a. Demanda e mercado:
i. A estimativa do tamanho e a capacidade existente da indústria, o seu crês-
cimento passado, a estimativa do crescimento futuro, a dispersão local da
indústria, os seus principais problemas e perspectivas, a qualidade geral
dos bens:
ii. As últimas importações e as suas tendências futuras, volume e preços;
iii. O papel da indústria na economia nacional e na política, prioridades e me-
tas nacionais relacionadas ou designadas à indústria;
iv. O tamanho atual aproximado da demanda, o seu crescimento passado e os
principais determinantes e indicadores.
b. Previsão de vendas e marketing:
i. A concorrência antecipada para o projeto, de produtores e fornecedores
locais e estrangeiros já existentes ou em potencial;
ii. Localização de mercado(s);
iii. Programação de vendas;
iv. Estimativa da receita de vendas anual dos produtos e subprodutos (locais e
estrangeiros);
v. Custo anual estimado da promoção de vendas e marketing.
c. Programa de produção (aproximado):
i. Produtos;
ii. Subprodutos;
iii. Resíduos (custo anual estimado para disposição de resíduos).
d. Determinação da capacidade da fábrica:
i. Capacidade normal viável da fábrica;
241

ii. Relação quantitativa entre vendas, capacidade da fábrica e insumos


materiais.
4. Insumos materiais (necessidade de insumos aproximadas, as suas posições de for-
necimentos atual e em potencial, e uma estimativa aproximada dos custos anuais dos
insumos locais e estrangeiros):
a. Matéria-prima;
b. Materiais industriais processados;
c. Componentes;
d. Materiais auxiliares;
e. Suprimentos de fábrica;
f. Utilidade, especialmente, energia.
5. Localização e local (uma pré-seleção, incluindo, se for necessário, uma estimativa
do custo do terreno).
6. Engenharia do projeto:
a. Determinação preliminar do escopo do projeto;
b. Tecnologia(s) e equipamento:
i. Tecnologias e processos que podem ser adaptados, dados em termos de ta-
manho da capacidade;
ii. Estimativa aproximada dos custos de tecnologia local e estrangeira;
iii. Um plano aproximado do equipamento proposto (principais componentes);
- Equipamento de produção;
- Equipamento auxiliar;
- Equipamento de serviço;
- Peças sobressalentes, peças de reposição e ferramentas.
iv. Estimativa aproximada do custo de investimento do equipamento (local /
estrangeiro), classificada conforme o item III.
c. Obras de engenharia civil:
i. Layout aproximado das obras de engenharia civil, o arranjo das constru-
ções, uma descrição sucinta do material de construção a ser usado:
- Preparação e desenvolvimento do terreno;
- Construções e obras civis especiais;
- Obras externas.
ii. Estimativa aproximada do custo de investimento das obras de engenharia
civil (locais / estrangeiras), classificada conforme o item I.
242

7. Organização da fábrica e custos indiretos:


a. Layout organizacional aproximado:
i. Produção;
ii. Vendas;
iii. Administração;
iv. Direção.
8. Mão-de-obra:
a. Estimativa das necessidades de mão-de-obra, dividida em braçal e de escritório e
nas principais categorias de profissões (locais / estrangeiras);
b. Custo anual estimado da mão-de-obra conforme classificação acima incluindo os
custos indiretos de salários e ordenados.
9. Cronograma de implementação:
a. Cronograma de implementação proposto aproximado;
b. Custos de implementação estimados.
10. Avaliação econômica e financeira:
a. Total dos custos de investimento:
i. Estimativa aproximada das necessidades de capital de giro;
ii. Ativo fixo estimado;
iii. Total dos custos de investimentos.
b. Financiamento do projeto:
i. Estrutura de capital proposta e financiamento proposto;
ii. Juros.
c. Custo de produção;
d. Avaliação financeira:
i. Capacidade de pagamento;
ii. Taxa de retorno simples;
iii. Ponto de equilíbrio;
iv. Taxa interna de retorno.
e. Avaliação econômica nacional:
i. Testes preliminares:
- Taxa de câmbio projetada;
- Protecionismo efetivo.
ii. Análise de custo-benefício aproximada;
iii. Diversificação econômico-industrial;
243

iv. Estimativa do efeito da criação do emprego;


v. Estimativa da poupança de câmbio.
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Anexo IV

Cenários para análise de viabilidade financeira de centrais de


reciclagem de RCC
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