Dunkirk
Dunkirk
Dunkirk
Nem Hans Zimmer deve ficar a salvo de críticas e o seu currículo não lhe pode
dar o estatuto de “intocável” no que às mesmas diz respeito. O compositor
alemão, capaz de criar um épico por si só como poucos, rouba
sistematicamente as cenas para si, em vez de as deixar crescer em nós. O seu
ritmo acelerado, prolongado e ansioso, se funciona em algumas ocasiões, em
outras tantas impede-as de criarem por si próprias essa ansiedade. O exagero
que acontece em alguns momentos tira-nos qualquer sentimento de empatia,
ligação ou comoção por uma cena que foi atropelada pela sua própria banda
sonora e que quase acaba a competir pela nossa atenção com as imagens em
ecrã em vez de criar uma harmoniosa existência entre estas duas
componentes.
Um dos filmes mais aguardados do ano, com uma história e os meios técnicos
para torná-lo num épico instantâneo acaba por não corresponder às
expectativas minimamente mais elevadas que poderiam ter sido criadas. Não
desilude, mas também não deixa saudades de o ver novamente tão
depressa. Dunkirktem um peso e responsabilidade histórica associada a si que
nunca é correspondida, resultando apenas num bom filme que nunca chega a
ser tão bom como deveria (e tinha capacidade para o ser).
Dunkirkdeve e merece ser visto, mas só o tempo dirá se será realmente tão
marcante quanto se esperava. A carga emocional desta última obra
de Christopher Nolan vive mais da História, que já era sua, do que
propriamente de uma condução capaz do seu realizado
Este tão famoso nome tem sido associado a grandes blockbusters nos últimos
15 anos, passando pela sucedida trilogia do Batman, até aos filmes cerebrais
com narrativas não-lineares, uma característica típica de Nolan, como Inception
(2010) e mais recentemente Interstellar (2014).
Talvez muitos já estejam familiarizados, mas é possível que grande parte das
audiências de hoje em dia não conheçam a história de Dunkirk e a Operação
Dínamo, o foco principal do filme.
Para quem acha que vai assistir a mais um filme de guerra, Dunkirk tem uma
abordagem diferente. É uma história de sobrevivência que se foca mais no
evento em si do que nas personagens. Não existem as típicas imagens
sangrentas ou o diálogo ocasional onde as personagens se dão a conhecer.
Estas muito pouco falam, comunicando mais entre acções do que propriamente
palavras. Não ficamos a saber qual é a história da vida de alguém, quem foi ou
quem será no futuro.
Desde a primeira nota, tocada por Hans Zimmer, que sentimos a sua
intensidade e somos subitamente lançados para uma guerra aterrorizadora,
que apesar de estar no passado, naquela 1h e 46 minutos se sente tão
presente.
É evidente que Nolan modula aqui sua ambição para se aproximar do cinema
de guerra com o mesmo tom operístico com que Stanley Kubrick criava seus
filmes mais pretensiosos. Dunkirkpromete "a guerra como você nunca viu" e
entrega uma experiência cheia de sobrecargas sensoriais, mas o que resta
dela em seguida? Com o mesmo arranque seco que havia começado, o filme
se encerra num triunfo estranho, tateando imagens em busca de significado,
alternando close-ups de personagens fitando o vazio.
Se o filme de Nolan não encontra uma conclusão que o justifique, talvez seja
porque o espetáculo é uma justificativa em si mesmo. Não há nada de errado
nisso. James Cameron gastou os tubos recriando o horror do Titanic com o
mesmo impulso sádico de Dunkirk, mas tinha plena noção do valor da história
que contava e do gênero a que se filiava, e as fantasias do seu melodrama
sulista ajudavam a evitar, pela espetacularização, a frontalidade da morte. Já
em Dunkirk não há escapismo possível; de todos os instrumentos ao alcance
de Nolan a fantasia nunca foi um deles.
FICHA TÉCNICA
Vivendo a Guerra
Nolan imprimiu um ritmo nesse filme, que te faz grudar na cadeira em muitos
momentos. Os eventos de ataque e defesa em Dunkirk são frenéticos e quando
você pensa que está tranquilo, que vai dar aquela respirada funda, as coisas
acontecem novamente de uma maneira muito pior.
Outro elemento ainda ligado ao som, na minha visão, foi o que fez desse filme
ser especial – os efeitos sonoros. Quando assistimos a um filme desse estilo,
os efeitos sonoros trazem uma imersão bem importante para o espectador,
mas o que Nolan fez com Dunkirk, superou tudo o que já vi nesse quesito. Em
ambientes fechados, em ambientes abertos, os estampidos das armas de fogo
são impressionantes e te fazem crer que aquilo está realmente acontecendo.
Todo evento envolvendo naufrágio, bombardeio e conflito aéreo, sentimos da
pele com cada passo, cada movimento e o som forte sempre presente.
Solidão
Por mais que você esteja com 30 mil, 300 mil, milhões de soldados ao seu
lado, na guerra, você sempre está sozinho. Isso mostra em cenas
emblemáticas, com cenas onde os que estão prontos para embarcar mal se
falam e buscam salvar sua pele.
História da Gaivota e do Gato que a ensinou a voar Página 12
A luta pela sobrevivência nos ares também não é muito diferente, porque por
mais que haja dois ou mais companheiros contigo, você precisa tomar decisões
mortais a todos os momentos.
Você está com muitos ao seu lado, mas sozinho. O medo é coletivo, mas o
medo é solitário. A luta é entre países, mas a luta interna é muito mais cruel.
Sobrevivência no desespero
A lupa que o diretor coloca na vida das três pessoas, revela outro sentimento
interessante – o ser humano mostra o seu melhor, nos momentos de maior
dificuldade. E uma cena de menos de um minuto, representa isso para o filme
inteiro. Pode parecer pouco importante, se visto num montante geral, mas ela
traz a carga dramática mais heroica do longa.
Concluindo
Realização:Christopher Nolan
Actor(es):Tom Hardy,Cillian Murphy,Kenneth Branagh,Harry Styles,Mark
Rylance
PUB
É verdade que Nolan não inventa nada em Dunkirk, mas dispõe os elementos
com tanta desenvoltura e precisão que não precisa de inventar, basta saber o
que está a fazer. É também verdade que Dunkirk não é um filme perfeito,
sobretudo por uma opção de fundo que está longe de, aos nossos olhos, ser
inteiramente conseguida: não há silêncio nem pausas sonoras, a música de
Hans Zimmer está permanentemente presente. Sim, a presença da banda-
sonora é importante na construção da tensão. Mas há momentos (como nas
extraordinárias cenas de aviação ou na viagem do barquinho do Sr. Dawson)
onde a sua presença se torna supérflua, patuda, como se quisesse sublinhar
aquilo que não precisa de ser sublinhada, minimizando a força das imagens de
Crítica | Dunkirk
Quando os soldados de Steven Spielberg vão se aproximando da praia de
Omaha em seus botes Higgins, no começo de O Resgate do Soldado Ryan, o
diretor norte-americano não esconde de seu espectador a carga dramática que
História da Gaivota e do Gato que a ensinou a voar Página 16
o momento envolvia. A mão do capitão John Miller (Tom Hanks) tremula ao
pegar seu cantil e, em seguida, um de seus combatentes vomita dentro do
barco. Tudo o que Spielberg realiza depois disso, na extraordinária introdução
de seu filme, é colocado em função de reconstituir a desorientação provocada
por uma das batalhas mais sangrentas e caóticas da Segunda Grande Guerra.
Ele leva a câmera às mãos, a coloca ao nível da água, mergulha com ela e a
abaixa até a areia da praia, impedindo que o espectador veja com clareza o
que ocorre no campo de batalha. O público é imerso na guerra como nunca se
fizera antes. Não somente em seus matizes sangrentos e seus ruídos
ensurdecedores. Spielberg arrasta seu público para o caos absoluto e para a
catástrofe emocional do conflito.
É curioso pensar que Dunkirk, o mais novo longa-metragem de Christopher
Nolan, seja um dos grandes favoritos ao Oscar 2018 levando consigo
exatamente essa mesma alcunha – a de filme de imersão. Nolan não é
exatamente um diretor que eu aprecie. Toda a habilidade técnica do diretor
britânico (não há como negar sua proficiência em filmar) acaba encobrindo a
falta de empatia e de emoção em sua construção de personagens. Exceção se
faça ao Coringa, de Batman: O Cavaleiro das Trevas, mas muitos méritos
sejam dados também à atuação de Heath Ledger. A questão primordial é que
em A Origem, por exemplo, Nolan trabalha com um roteiro escrito do zero, sem
nenhuma base em uma qualquer história real preliminarmente dramática. Sua
frieza ao tratar de dramas humanos, nesse caso, impacta menos no conjunto
da obra. Já em Dunkirk, infelizmente, ele escolheu muito mal onde cometer o
mesmo erro.
Sim, é óbvio que o filme, indicado a oito estatuetas, é primoroso em todos os
quesitos técnicos. Nolan usa quase tudo o que a gramática do gênero lhe
oferece. Quando é necessário levar a câmera às mãos, ele leva. Quando é
necessário realizar travellings, fazer movimentos de grua ou spins nas
maravilhosas tomadas aéreas, ele também não economiza. Nolan fecha e abre
seus planos de forma belíssima. Não há como negar – Dunkirk é uma aula de
técnica de direção de cinema. A direção de arte, utilizando inclusive caças dos
tempos da guerra, não deixa por menos e o mesmo se pode dizer do lindo
trabalho fotográfico de Hoyte von Hoyteama. Os efeitos sonoros se somam à
trilha de Hans Zimmer para criar tensão. A música de Zimmer não cria
melodias heroicas e sim texturas, fabricadas por células que se repetem
obsessivamente e em um constante acelerando (há muitas pessoas
confundindo com o termo musical crescendo, que se refere ao aumento de
intensidade de som e não de seu andamento). Por vezes, Hans Zimmer parece
recriar sons de sirenes, motores e até hélices. Trilha e efeitos sonoros estão
DUNKIRK (2017)
Dunkirk - Christopher Nolan
Na Operação Dínamo, mais conhecida como a Evacuação de Dunquerque,
soldados aliados da Bélgica, do Império Britânico e da França são rodeados
pelo exército alemão e devem ser resgatados durante uma feroz batalha no
início da Segunda Guerra Mundial. A história acompanha três momentos
distintos: uma hora de confronto no céu, onde o piloto Farrier (Tom Hardy)
precisa destruir um avião inimigo, um dia inteiro em alto mar, onde o civil
britânico Dawson (Mark Rylance) leva seu barco de passeio para ajudar a
resgatar o exército de seu país, e uma semana na praia, onde o jovem soldado
Tommy (Fionn Whitehead) busca escapar a qualquer preço.
Roteiro: Christopher Nolan
Elenco: Fionn Whitehead, Tom Glynn-Carney, Jack Lowden, Harry Styles,
Aneurin Barnard, James D'Arcy, Barry Keoghan, Kenneth Branagh, Cillian
Murphy, Mark Rylance, Tom Hardy, Michael Caine, Billy Howle, Bobby
Lockwood, Miranda Nolan, Kevin Guthrie, Brian Vernel, Elliott Tittensor,
Matthew Marsh, Jochum ten Haaf
★★★★★20/7/2017, 6:30248
Batalha de Dunquerque
Beligerantes
Canadá
França
Bélgica
Países Baixos
Comandantes
Forças
Militares britânicos sendo resgatados por um barco pesqueiro após seu navio ter sido atacado nas
cercanias de Dunquerque.
Índice
[esconder]
1História
2Operação Dynamo
3Referências
4Ver também
00COMENTE! [2]
O segundo-tenente britânico P. D. Elliman havia escapado da
investida alemã em meio à chuva intensa. Ele e seus homens da
Artilharia Real haviam fugido de um caminhão que eles foram forçados
a abandonar. Agora, na noite de 29 de maio de 1940, eles se
encontravam presos com milhares de outros soldados na praia na
cidade costeira de Dunkirk, no norte da França.
Nunca foi tão importante estar bem informado.Sua assinatura financia o bom
jornalismo.
EXPERIMENTE POR R$ 0,99 NO 1º MÊS
Ele foi, a certa altura, resgatado por outro navio e atacado novamente,
mas conseguiu sobreviver.
Quem se salvou?
Além dos mais de 300 mil que conseguiram ser retirados, quem se salvou foi a
própria Inglaterra. As Forças Armadas do país sentiram a surra que levaram
no continente e começaram a se modernizar. E, especialmente, quem se safou
foi o primeiro-ministro, Winston Churchill, que tomou posse apenas 12 dias
antes da parada alemã. Não fosse Dunquerque, ele poderia muito bem ser
deposto após o fiasco na França e substituído por alguém disposto a entrar
em acordo com Hitler, sugerem alguns historiadores.
”Guerras não são vencidas com evacuações”, ele disse. Mas, malandramente,
transformou aquela derrota em vitória na base do gogó. Exaltou a atitude dos
civis e a bravura das tropas, lançando a base do chamado “espírito de
Dunquerque”. Em seguida, substituiu os equipamentos perdidos e se
aproximou do presidente americano, Franklin D. Roosevelt. Em julho, quando
os nazistas iniciaram os bombardeios na Inglaterra, Churchill ajudou o país
a se preparar psicologicamente para resistir aos três meses de cerco.
Ao caminhar pelas ruínas do Forum em Roma, observar o imponente Arco do Triunfo em Paris, ou
mesmo ao passear pelas antigas ruas do Centro Histórico de Ouro Preto, é quase impossível não se
sentir admirado e assombrado pelo peso da História que lugares tais como estes carregam.
Infelizmente, por conta da sangrenta história da Europa, em muitos destes lugares marcantes o peso
é devido às marcas da guerra – morte, sangue, sacrifício e horror. Nossas mentes estão repletas de
imagens da Segunda Guerra Mundial. Devido ao escopo e escala deste horrendo conflito, os filmes,
livros, fotos e reportagens frequentemente nos lembram de épicas batalhas deste conflito,
especialmente das atuações dos EUA nos Teatros da Europa Ocidental e do Pacífico.
CONTEXTO HISTÓRICO
Após anos de tensão e de construir uma ideologia baseada no ódio revanchista, Hitler está preparado.
Magistralmente, fez tudo ao seu alcance para contaminar o povo alemão com suas ideias distorcidas
e levantou moral, financeira e militarmente uma nova sociedade, um novo paradigma de Alemanha
que chama de Terceiro Reich. Suas ultimas ações lançaram a Europa à beira do abismo da guerra
inevitável. Inglaterra e França assistiram impassíveis a anexação da Áustria e dos Sudetos, na
esperança de evitar o pior. Mas quando Hitler audaciosamente invade a Polônia em 1939, não há
mais escapatória, fica evidente que o Terceiro Reich só vai parar quando consumir toda a Europa
Ocidental. A Europa está mais uma vez em guerra.
No entanto, mesmo após a declaração de guerra da França e Inglaterra, nada acontece. Durante quase
um ano, entre 1939 e 1940, a guerra estava lá, mas não havia combate, estávamos no que mais tarde
OPERAÇÃO DÍNAMO
A Operação Dínamo talvez seja um ponto de virada fundamental que muitas vezes é ignorada pelas
aulas de História sobre a Segunda Guerra Mundial. Sem condições de resgate, os 400.000 homens
encurralados em Dunquerque não guardavam esperanças de serem salvos.
O mistério apontado sobre a pausa do avanço nazista pode ser respondido pela promessa de
Hermann Goring que conseguiria fazer a Inglaterra se render apenas com o extermínio dos homens
através da poderosa força aérea alemã: a Luftwaffe.
Mas obviamente não foi isso que aconteceu. Em 26 de maio de 1940, o Ministro da Guerra britânico,
Anthony Eden, deu as ordens para que a retirada acontecesse imediatamente. Diversos generais e
figuras importantes da Guerra não acreditavam que seria possível o sucesso do resgate por conta dos
bombardeios intensos da Luftwaffe no local, massacrando diversos soldados acuados na praia.
No dia 28 de maio houve um enorme revés para o cerco de proteção em Dunquerque. O exército
belga se rende, deixando um furo gigantesco no bloqueio leste. Para preencher o vazio, foram
ordenadas que diversos soldados ingleses retornassem ao posto para repelir forças terrestres nazistas.
Nessa altura, o perímetro era de 11km em terreno pantanoso, uma verdadeira sorte para ajudar a
impedir a travessia dos Panzers nazistas.
Com as docas e portos totalmente destruídos pela Luftwaffe, o Capitão William Tennant ordenou
que duas estruturas rochosas naturais que se estendiam até uma boa distância da praia fossem
utilizadas como molhes. Através deste improviso que mais de 220 mil homens conseguiram ser
evacuados. Nas embarcações civis, menores, que chegavam até a proximidade da praia, quase 100
mil foram salvos.
Mas os custos também foram altos para que o milagre fosse realizado. Para firmar o perímetro, 68
mil soldados foram mortos na blitzkrieg até a ordem de hiato. Durante a evacuação, 3.500 morreram
e outros 13 mil ficaram feridos. Não só o custo humano foi drástico. As perdas em maquinário e
explosivos foram severas para a reserva do exército britânico. Foram abandonados mais de 2 mil
rifles, 20 mil motocicletas, 65 mil veículos diversos, 68 mil toneladas de munição, 147 mil toneladas
de combustível e quase todos os 445 tanques enviados para a França se perderam.
O LEGADO DE DUNQUERQUE
A Segunda Guerra Mundial é o alvo preferido dos revisionistas históricos, e muito se pergunta até
hoje por que Berlin enviou a Ordem de Parada, que possibilitou o milagre. Talvez Hitler quisesse
chegar em Paris o quanto antes, uma derrota moral pesadíssima para os Aliados. Possivelmente,
estava confiante demais na sua blitzkrieg após as incontestáveis vitórias-relâmpago em 1939 e 1940.
Também é possível que esperasse negociar um acordo com os Aliados antes de voltar sua atenção
para Stalin (outro movimento de Hitler até hoje questionado à exaustão: por que invadir a União
Soviética?). Jamais saberemos, e só nos resta recorrer aos “e se…”. E se não houvesse milagre?
Certamente a Guerra teria caminhado de forma bem diferente, e possivelmente o mundo seria hoje
um lugar bem mais sombrio.
Estudiosos do período discutem qual foi o real impacto dos eventos que se passaram no Norte da
França em 1940. É bem verdade que os sobreviventes da BEF foram enviados para o Norte da
África, não pisaram em solo europeu no restante da guerra. Mas também é verdade que muitos que
embarcaram por suas vidas nas gélida e rasas águas de Dunquerque voltaram à França 4 anos mais
tarde, desembarcando na Normandia no célebre Dia D para expulsar de vez por todas os nazistas da
França.
O maior legado do Milagre de Dunquerque foi, sem dúvida alguma, o que os ingleses chamaram de
“Espírito de Dunquerque”. Estes acontecimentos foram como uma bomba atômica moral para os
ingleses, e foram explorados como tal pela mídia e propaganda de guerra da época.
A imagem do pescador inglês, abandonando suas redes em Dover e partindo em seu pequeno barco
para o Inferno da Guerra do outro lado do Canal para resgatar seus compatriotas encurralados é parte
indissociável do inconsciente coletivo dos Britânicos.
Símbolo máximo da solidariedade britânica em tempos de adversidade, o Espírito de Dunquerque
carregou o esforço de guerra britânico pelas mais sombrias fases do conflito, incluindo as chuvas de
bombas diárias sobre os civis e o constante medo de invasão pelos alemães.
Apesar de dizer que “Guerras não são vencidas com evacuações”, Churchill foi extremamente feliz
quando em seu famoso discurso “We Shall Fight…” (lembra de Aces High, do Iron Maiden?)
chamou os eventos de “livramento milagroso”.
Paciência
"Dunkirk" é baseado no livro de mesmo nome e mostra um lado geralmente
ignorado dos combates que devastaram o mundo nos anos 1930 e 1940. A Batalha
de Dunkirk (ou Dunquerque), uma cidade na França, não aconteceu nas trincheiras.
Na verdade, ela foi a evacuação histórica de centenas de milhares de soldados aliados
que acabaram encurralados pelo exército alemão.
'Dunkirk' mostra evacuação de centenas de milhares de soldados aliados após cerco do exército alemão (Foto:
Divulgação)
A missão durou semanas e foi considerada um sucesso, ou uma derrota que levou à
vitória. E no filme é contada em três perspectivas, que acontecem em paralelo:
A dos soldados que aguardam o resgate pelo mar na praia de Dunkirk
O apelo humano e dramático é muito forte pois "Dunkirk" não glamouriza ou tem
heróis muito definidos. Essa é a história de um punhado de homens normais, com
falhas e qualidades, jogados em um evento selvagem que extrapola a racionalidade.
E você está ali no meio, acompanhando de perto, para o bem ou para o mal, o que
acontece nesses casos.
Foi uma das batalhas mais relevantes da II Guerra Mundial e chega agora aos cinemas
pelas mãos do realizador Christopher Nolan. Mas o que aconteceu em Dunquerque em
1940?
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Autor
ALEMANHA
CINEMA
II GUERRA MUNDIAL
WINSTON CHURCHILL
EUROPA
MUNDO
CULTURA
HISTÓRIA
REINO UNIDO
Foi com este discurso que Winston Churchill brindou o resgate de mais de 330
mil soldados das tropas aliadas em 1940. A Batalha de Dunquerque registou
perdas materiais colossais para as forças opositoras de Hitler, mas
especialmente para as tropas britânicas. A pequena cidade portuária no norte de
França foi palco de uma das batalhas mais difíceis da II Guerra Mundial, que
chega agora ao grande ecrã pelas mãos de Christopher Nolan. Como se
desenrolou esta batalha e por que inspirou um filme?
Neste momento, e com 800 mil militares alemães à perna, era claro para os
Aliados que a batalha estava perdida e que a prioridade era retirar os soldados
com segurança. Para a nação de Churchill não havia escolha: ou se retiravam
com eficácia ou teriam que se render à Alemanha.
Foi graças ao papel preponderante da Força Aérea Britânica que estes soldados
se conseguiram aguentar tanto tempo em Dunquerque. Contas feitas, foi uma
vitória da Alemanha nazi.
Olhando para estes números é óbvio que não foi uma vitória dos Aliados.
Mesmo resgatados mais de 300 mil soldados, cerca de 80 mil morreram e 40
Ainda assim, Dunquerque foi “um milagre” mas, como Churchill assegurou: “as
guerras não se vencem com evacuações” e, sem surpresa, mais de mil civis
perderam a vida nos mútuos bombardeamentos, havendo relatos de familiares
de soldados que dão conta de crianças a deambular pela praia.
Pelo menos desde o lançamento de Inception (2010) que o nome de Nolan roça
as ambições de Kubrick, ou não partilhassem o mesmo estúdio: a Warner Bros.
A ligação é reforçada por Nolan, ele mesmo, aquando do lançamento
de Interstellar (2014), ao comparar o filme ao clássico 2001, de Kubrick.
Não que a evacuação de Dunkirk não tenha sido heroica: mais de 300 mil soldados
ingleses, franceses e belgas ficaram encurralados por tropas alemãs e acossados por
duas divisões panzer com sangue nos olhos. Um massacre estava desenhado. Que
tenham conseguido resistir até viabilizar a fuga para a Inglaterra por via marítima foi
seguramente um feito militar assombroso. Basta dizer que Winston Churchill classificou
a operação como “um milagre”. E, de certa forma, Dunquerque foi uma derrota que
pavimentou o caminho para a vitória: Churchill usou a agressão alemã como argumento
para convencer Franklin Roosevelt a entrar na guerra.
Muitos, é claro, não sobreviveram: o plano original era resgatar somente 40 mil pessoas,
o que já parecia uma missão impossível; mais de 250 mil conseguiram escapar da
carnificina anunciada, um número impressionante.
No filme de Nolan, estrelado por Kenneth Brannagh, Tom Hardy e Mark Rylance, tudo
acontece em menos de 24 horas, no dia decisivo da retirada das tropas britânicas. A
narrativa é estruturada pelo olhar de um jovem soldado inglês, desesperado para voltar
para casa, que passa por diversas situações dramáticas que testam sua capacidade de
sobrevivência. Nesse sentido, Nolan segue as convenções da “jornada do herói”.
As mesmas situações são mostradas a partir de três pontos de vista diferentes, da terra
(na praia onde centenas de milhares de pessoas aguardam o resgate), no ar (registrando
a ação de dois aviões ingleses) e no mar (com foco em uma das centenas de
embarcações inglesas envolvidas na operação). Um detalhe interessante é que em
momento algum aparecem em cena os soldados nazistas, um inimigo invisível mas
bastante presente