05 Identificacao Humana
05 Identificacao Humana
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Antropologia Forense
Estabelecer a identidade de uma pessoa incontestavelmente tem sido desde os tempos remotos uma
meta incansável.
Para Federico Olóriz Aguilera “a identificação é o ato mais frequente e elementar da vida social”.
Usamos todos os nossos sentidos, a visão, o olfato, a audição, o tato e o paladar, constantemente no
processo de identificação, seja ele com pessoas ou coisas.
Porém, quando nos deparamos com a necessidade específica de imputarmos uma responsabilidade
a uma pessoa, e este é o objetivo da Polícia Científica, o termo “identificação” precisa ser diferenciado
de “reconhecimento”.
Ao atendermos um telefone, procuramos imediatamente reconhecer de quem é a voz do outro lado.
Quando pretendemos comer algo, fazemos um reconhecimento do alimento utilizando praticamente todos
os sentidos, talvez exceto a audição, para termos certeza de que ele nos seja prazeroso. É claro que
alguns sentidos são mais utilizados do que outros, fato este que determinará inclusive o comportamento
e a forma como cada pessoa irá se relacionar com o seu ambiente.
Portanto, no sentido estrito que queremos dar ao termo “identificação”, é preciso que fique claro que
ele nos levará à obrigação de estabelecermos uma identidade inequívoca, enquanto que o
“reconhecimento” nos traz apenas a ideia de comparação, sem o pressuposto da punição no caso de
uma ambiguidade.
Historicamente vários foram os métodos utilizados nesta tentativa de promover a identificação. Visando
a determinação de propriedades sobre animais, escravos e objetos pessoais, os primeiros processos
preocupavam-se muito mais com a identificação civil do que com a criminal e só posteriormente é que o
homem sentiu necessidade de identificar pessoas nocivas à sociedade.
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Recentemente, face às necessidades da vida moderna, é cada vez mais requisitado que cada um de
nós porte uma identificação que seja rápida e segura.
IDENTIDADE: conjunto de atributos que individualiza uma pessoa, distinguindo-a das demais.
Pode ser classificada em: identidade objetiva e identidade subjetiva.
Identidade Objetiva: É o conjunto de traços anatômicos físicos, que constituem o indivíduo: altura,
peso, cabelo, olhos, características particulares, amputação de uma parte do corpo.
Identidade Subjetiva: A descrição do próprio EU: como a pessoa se vê. Como você se descreve?
Existem alterações da personalidade em que alguém confunde-se com um personagem. Parte daí a
cometer atos de violência.
IDENTIFICAÇÃO: processo pelo qual se determina a identidade de uma pessoa. Aurélio define como
sendo o ato ou o efeito de identificar-se.
No processo de identificação distinguimos 3 fases:
a) 1ª registro ou fichamento, em que são anotados os elementos úteis capazes de individualizar a
pessoa.
b) 2ª registro e coleta de dados ou inspeção dos meses- grupo de caracteres, quando posteriormente
se quer identificar o indivíduo.
c) Julgamento ou comparação entre dois registros anteriores, do qual se concluem ou se exclui a
identidade.
Para que o método de identificação seja perfeito é necessário que preencha os seguintes requisitos
técnicos: unicidade (utilize caracteres que se apresentem em uma única pessoa); imutabilidade (isto é,
que as características utilizadas para a identificação não se transformem, não mudem durante a vida do
indivíduo); praticabilidade (a técnica empregada deve ser prática, fácil de ser executada, sem o emprego
de grande quantidade de material e possa ser feita em qualquer local); classificabilidade (os dados
coletados devem ser facilmente encontrados quando necessário, deve ser arrumado de modo que assim
o permita, dever ser classificados). Atualmente o único método que preenche estes 4 requisitos é o da
identificação datiloscópica.
Identificação médico-legal:
- Espécie;
- Caracterização sexual;
- Idade;
- Sinais individuais;
- Demais formas de identificação.
ESPÉCIE
Uma vez encontrados os fragmentos de um corpo, deve-se primeiramente determinar a espécie. A
determinação da espécie pode ser feita através da análise dos ossos e do sangue.
RECONHECIMENTO: é uma declaração por escrito na qual uma pessoa afirma identificar alguém.
Não é um médico científico, e sim, apenas, uma afirmação de uma pessoa, passível, pois, de uma mentira.
Tais situações ocorrem quando indivíduos sem identificação prévia vêm a falecer e são recolhidos aos
necrotérios dos institutos médico-legais. Nesses casos, é feito um Auto de Reconhecimento Cadavérico
na presença de um delegado de polícia, um escrivão policial e duas testemunhas. A responsabilidade é
de quem declara.
O doutrinador RAZOLI conceitua o Reconhecimento como “uma comparação e uma relação de
identidade entre um estado atual ou sensação e um estado que foi atual no passado ou representação”.
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Existe semelhança entre identificar e reconhecer. Ao se identificar usamos elementos obtidos no
passado e elementos colhidos na atualidade.
Entretanto, há diferenças fundamentais. A identificação é feita por técnico que usa métodos científicos
e elementos concretos para identificar, não deixando dúvidas quanto à identificação ou negativa da
identidade. O reconhecimento é feito por leigos, é processo empírico, em que processos biológicos e
psicológicos entram em jogo e interferindo no resultado.
Influenciam no reconhecimento, a acuidade dos sentidos, principalmente a visão, as condições de
percepção, (tempo de contato, luminosidade, nível de ruído, etc.) a semelhança entre as pessoas ou
objetos a serem reconhecidos. Importante são os processos cata tímicos, fazendo com que a boa-fé,
reconheçamos o que queremos reconhecer ou não reconhecer o que não queremos reconhecer. No caso
de cadáveres, o reconhecimento que mais interessa ao médico legista, encontramos dificuldades
próprias, como a ausência de expressão facial e a palidez do cadáver, que modificam sua fisionomia. O
cadáver é visto em posição horizontal, o que não é usual no vivo. Além disto existe a natural aversão, já
sabida à morte, que faz com que as pessoas não olhem o cadáver frontalmente e façam rapidamente o
reconhecimento.
O reconhecimento não é feito só em cadáveres, mas também no vivo, e até coisas podem ser objeto
de reconhecimento, autos, joias, relógios, armas, etc.
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Posto isto, diga-se que o ato de reconhecimento deve ser sempre reduzido a auto (inciso IV). Todavia,
tem vindo a ser posta em causa a forma como os mesmos são redigidos, tendo em conta a importância
probatória de que necessariamente são dotados para a fase seguinte: a fase de julgamento.
Em observância aos princípios do contraditório e ampla defesa, e ciente da natureza acusatória do
processo criminal brasileiro, pela qual o acusado tem o direito de conhecer todas as provas contra são
produzidas, a lei proibiu aplicação do mencionado inciso III em Juízo, quer em plenário de julgamento,
quer na fase de instrução criminal (art. 226, parágrafo único do CPP). Assim a vítima ou testemunha terá
de efetuar o reconhecimento frente a frente com o acusado, o que pode afetar o alcance da verdade real.
Na prática, mesmo com a proibição está pratica vem sendo adotada, principalmente em processos
crime de roubo onde a palavra do ofendido assume valor preponderante. Tecnicamente esta prova seria
ilegítima, contudo em atenção ao princípio da verdade real, da proteção do bem e da proporcionalidade,
não é reconhecida qualquer nulidade. Reforça este entendimento o disposto no art. 217, caput, do CPP
que dispõe: “Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará
a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do
réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor”. Assim, autoriza-se a retirada do réu
da sala de audiência, sempre que estiver incutido fundado temor da testemunha ou vítima.
2 – O reconhecimento fotográfico
O reconhecimento de pessoas tem que ser efetuado ao vivo e não por fotografias. Doutrinariamente
tem-se concluído que o reconhecimento fotográfico é possível e que constitui na realidade, mais uma das
provas inominadas. No entanto, convém ressaltar que o reconhecimento fotográfico, isoladamente (sem
outras provas), não pode ensejar uma sentença condenatória. Inexiste qualquer empecilho em se
considerar este tipo de prova, na medida em que, como já afirmado em outros tópicos específicos, o rol
de provas elencado no Código de Processo Penal é meramente exemplificativo.
3 – O Reconhecimento Vocal
O reconhecimento vocal reveste-se de especial importância para a investigação, entre outros, de
crimes que envolvam ameaças, reivindicação de atentados, pedidos de resgate, etc. É conhecida a
possibilidade de utilização de escutas telefónicas para a investigação de crimes cometidos através de
telefone.
II – O Reconhecimento de Objetos
Trata-se aqui do reconhecimento de objetos, naturalmente, relacionados com o crime. O
reconhecimento deste tipo de objetos obedece ao regime do reconhecimento pessoal com as devidas
adaptações.
Assim sendo, o identificante deverá proceder a uma descrição inicial do objeto a identificar nos termos
do disposto nos artigos 226 e seguintes do CPP. Caso o identificante tenha procedido a um
reconhecimento com dúvidas, proceder-se-á à junção do objeto a reconhecer com pelo menos dois outros
semelhantes e perguntar-se-á à pessoa se reconhece algum de entre ele e, em caso afirmativo, qual.
Quanto à inobservância das formalidades legais tem lugar a aplicação do regime da invalidade do
reconhecimento pessoal ao reconhecimento de objetos.
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Reconhecimento: é uma comparação e uma relação de identidade entre um estado atual ou sensação
e um estado que foi atual no passado ou representação.
EXUMAÇÕES.
Exumar significa abrir a sepultura, local de consumpção aeróbia, caixão de metal ou madeira onde se
encontra inumado o cadáver para a realização de perícia médico-legal.
Tanto no Código de Processo Civil como no Código de Processo Penal deve ser aplicada a regra de
que se trata de procedimento probatório que fica submetido à discricionariedade do juízo. Nesse caso,
em particular, com muito mais razão, pois o requerimento de exumação de cadáver é medida de caráter
essencialmente excepcional, porquanto ocasiona enorme desgaste emocional aos familiares. De forma
que nem mesmo se a acusação e a defesa, em conjunto, requererem a exumação estará obrigado a
deferi-la, o Juízo. O deferimento de diligências é ato que se inclui na discricionariedade regrada do juiz.
Via de regra, essa discricionariedade deverá se ater a dois pré-requisitos básicos para deferir a
exumação: a necessidade e a pertinência da medida.
A necessidade diz conta à convicção do Juízo de que não existem outros meios probatórios para se
confirmar um fato ou, havendo outros meios, haja séria divergência que justifique a nova perícia. É que a
exumação pode ser suprida, muitas vezes, pela análise de fotos, de laudo de necropsia, de termos de
reconhecimento, da oitiva dos peritos e testemunhas, de exames de DNA de parentes diretos, etc. Se há
outros mecanismos de prova, a exumação será desnecessária.
A pertinência diz conta à prova ser direcionada a um ponto importante, essencial do processo. Se a
questão da exumação trouxer apenas certezas paralelas, secundárias ou inúteis ou, ainda, revelar-se
procrastinatória, não deverá ser deferida.
Todavia, são muitos os casos em que se deve permitir a exumação. O mais comum é sobre a
investigação de paternidade post mortem, essencialmente quando os parentes mais próximos
(descendentes, ascendentes, irmãos e até tios e sobrinhos) se negam a fornecer material genético para
o exame de DNA. Sendo o estado de filiação um direito indisponível e imprescritível (Súmula nº 149,
STF), a exumação dos restos mortais do suposto pai biológico é perfeitamente cabível. A obtenção de
amostras de DNA da medula dos ossos mais longos (fêmur, tíbia, ulna, etc.) é algo que se busca em um
primeiro momento no cadáver, mas também é possível a realização do exame a partir de restos
cadavéricos tais como: ossada, cartilagem, unha ou cabelo.
No âmbito criminal, temos assistido os tribunais deferirem medidas exumatórias quando surgem novas
versões do crime, como por exemplo, suspeita posterior de envenenamento, intoxicação, espancamento
ou outra causa da morte não averiguada ou percebida no primeiro exame de necropsia. Já foi objeto de
exumação intenso espasmo cadavérico em velório, a suspeita posterior de erro médico, suspeita de troca
de cadáveres no enterro quando de acidente com muitas vítimas, a dúvida da identidade do cadaver, de
corpos enterrados como indigentes - mas suspeitos de serem alguém desaparecido - a suspeita de falsa
perícia médica, a ausência ou perda da perícia original, etc.
A primeira questão a ser respondida pelo antropólogo forense é a espécie a ser examinada. Por razões
óbvias, precisa identificar o analisado como “humano”. Alguns critérios podem ser usados como a
verificação como a morfologia dos ossos ou da avaliação dos Canais de Havers. Que são estruturas
encontradas no interior dos ossos e componentes estruturais dos mesmos. Ao olhar do microscópio,
podemos constatar que os ossos humanos têm forma elíptica ou circular, diâmetro superior a 3μm e
densidade de 8 a 10 por mm2. Os ossos animais têm forma circular, diâmetro inferior a 25μm e densidade
superior a mencionada. Outro critério é a análise do sangue. A mais simples consiste na procura dos
cristais de Teichmann. Colocando o sangue sobre a lâmina com solução de ácido acético glacial, e
expondo-o ao calor de evaporação lenta formam-se cristais em forma de charuto na cor marrom,
perceptível ao microscópio.
Gênero: é o sexo da pessoa. O gênero da pessoa pode ser masculino ou feminino. Há formas de se
constatar qual o gênero da pessoa:
- Gênero (sexo) cromossomial: determinação através dos cromossomos XX, XY
- Gênero (sexo) gonadal: determinação pela avaliação das gônadas, se há testículos ou ovários
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- Gênero (sexo) cromatínico: determinação pela presença do corpúsculo de Barr (pedaços de material
genético).
- Gênero (sexo) da genitália interna: presença de ductos de Wolff (no homem viram os canais
diferentes) ou ductos de Müller (na mulher viram fimbrias, trompas, útero e terço proximal da vagina)
- Gênero (sexo) comportamental (psíquico): sexo que o indivíduo acha que tem.
- Gênero (sexo) médico legal: constatado por perícia médica nos indivíduos de genitália dúbia ou sexo
duvidoso.
Geralmente, determinar o sexo no vivo e no cadáver recente e sem mutilações do aparelho reprodutor
e dos caracteres sexuais secundários, não oferece dificuldade. Contudo, não se tem a mesma facilidade
para identificação dos pseudo-hermafroditismo, no vivo ou no cadáver putrefeito, ou no carbonizado, ou
reduzido a esqueleto.
O crânio e o tórax propiciam elementos de presunção. O crânio feminino tem a fronte mais vertical, a
articulação frontonasal curva, saliências ósseas e as apófises mastoides e estiloides menos
desenvolvidas que o crânio masculino. De modo geral, aceita-se a capacidade do crânio feminino
correspondendo a nove décimos da capacidade do masculino. O tórax na mulher tende à forma ovoide,
mais achatado no sentido ântero--posterior, e no homem, à forma conoide. Na mulher, a capacidade
torácica é menor e as apófises transversas das vértebras dorsais mostram-se mais dirigidas para trás.
Contudo, nota-se que é a pelve (bacia) que fornece os caracteres diferenciais mais importantes. A
pelve feminina tem constituição mais frágil que a do homem e maiores os diâmetros transversais; a grande
e a pequena pelve, mais largas, o sacro mais baixo e côncavo somente na sua metade inferior, o ângulo
sacrovertebral mais fechado (107º), o forame obturador maior e triangular e o ângulo subpubiano amplo,
com cerca de 110º. A inclinação da sínfise vertical é menos pronunciada na mulher. As dimensões
verticais da pelve masculina sobrepujam as correspondentes da pelve feminina. A partir da puberdade, o
ângulo formado pela diáfise femoral e o plano dos côndilos é de 80º para o homem e de 76º para a mulher,
conforme Sterwart e Washington.
Fonte: Manual de medicina legal. Delton Croce e Delton Croce Jr. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2012
Raça: é uma classificação de ordem social, onde a cor da pele e certas características morfológicas
são usadas como parâmetros.
O conceito de raças humanas foi usado pelos regimes colonialistas, para perpetuar a submissão dos
colonizados, já que tais características se transferem de pais para filhos. Hoje em dia, somente nos
Estados Unidos se classifica a população em raças, supostamente para proteger os direitos das minorias.
As características morfológicas mais comuns referem-se à cor de pele, tipo de cabelo, forma da face e do
cranial, ancestralidade e genética. Por ser um tema tratado como tabu, devido ao seu impacto na
identidade social e política, o conceito de raça é contestado por alguns estudiosos. Entre os biólogos, é
um conceito com certo descrédito por não se respeitar as normas taxonômicas atualmente aceitas.
Algumas vezes utiliza-se o termo raça para identificar um grupo cultural ou étnico-linguístico, sem
quaisquer relações com um padrão biológico. Nesse caso pode-se preferir o uso de termos como
população, etnia, ou mesmo cultura.
A obra "Nouvelle division de la terre par les différents espèces ou races qui l'habitent" ("Nova
divisão da terra pelas diferentes espécies ou raças que a habitam") de François Bernier, publicada
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em 1684, trouxe a primeira classificação do homem em raças. Os naturalistas do século XIX,
publicaram estudos sobre as "raças humanas", como Georges Cuvier, James Cowles Pritchard, Louis
Agassiz, Charles Pickering e Johann Friedrich Blumenbach. Nesse momento, as "raças humanas"
diferenciavam-se pela cor da pele, tipo facial (principalmente as formas dos lábios, olhos e nariz),
perfil craniano e características do cabelo, mas considerava-se também que essas características
proporcionavam diferenças no conceito de moral e na inteligência, pois uma caixa craniana maior
ou mais alta representava um cérebro maior, mais alto e por consequência maior quantidade de
células cerebrais. Como dissemos, identificar é determinar alguém por meio de descrições.
A necessidade de descrever as pessoas nasce do contato entre indivíduos e entre grupos diferentes.
No entanto, a classificação de grupos traz sempre consequências negativas, principalmente pelos termos
empregados, que podem ser considerados pejorativos pelos grupos visados. Mesmo num país
multicultural como o Brasil, chamar alguém de japonês é bem diferente de chamar alguém de negro ou
de branco.
Tradicionalmente, os seres humanos foram divididos em três ou cinco grandes grupos de linhagem,
que apresentam características que foram mudando ao longo do tempo:
- Mongoloide (raça amarela): povos do leste e sudeste asiático, Oceania (malaios e polinésios) e
continente americano (esquimós e ameríndios).
- Caucasoide (raça branca): povos de todo o continente europeu, norte da África e parte do continente
asiático (Oriente Médio e norte do Subcontinente Indiano).
- Negróide (raça negra): povos da África Subsaariana.
Apesar de poderem ser considerados como dois grupos distintos de linhagem humana, australóides e
capóides também podem ser considerados como negróides, de acordo com essa mesma classificação
tradicional. Como toda classificação, a classificação em raças não é perfeita e, ao longo do tempo, foram
sendo usados outros termos, principalmente para grupos de características que não se ajustavam
aos grupos "definidos", como por exemplo os pardos (indígenas do sub-continente indiano) e
outros. Além das características físicas, houve sempre outras, mais relacionadas com a cultura,
principalmente a religião dos "outros", como os mouros ou "infiéis", como os europeus denominavam
os muçulmanos, ou os judeus. No início do século XX, Franz Boas pôs em causa a noção de raça e foi
seguido por outros antropólogos, como Ashley Montagu, Richard Lewontin e Stephen Jay Gould.
Contudo, alguns poucos cientistas como J. Philippe Rushton, Arthur Jensen, Vincent Sarich e Frank Miele
(autores de "Race: The Reality of Human Differences") proclamam que não só essa tese é falsa, mas que
foi politicamente motivada e não tem bases científicas.
O conceito divisão em raças era usado como mecanismo de dominação entre os povos, com finalidade
política. Há estudos mostram que a percepção social da cor como definidora de uma divisão humana
em "raças" apenas uma construção sociocultural. Assim, durante a montagem do sistema escravista
moderno, no qual milhões de africanos foram transferidos compulsoriamente para as Américas
para o trabalho escravo, fortaleceu-se o conceito de uma "raça negra", superpondo-se a toda uma grande
quantidade diferenças étnicas que existiam na África, e que ainda existem hoje.
Os africanos nas sociedades que precederam o moderno sistema escravista, não se viam como
"negros", tal como sustenta José D'Assunção Barros em seu livro A Construção Social da Cor. Na
África, os africanos se diferenciavam pelas identidades étnicas, e não se viam como pertencendo a
uma única "raça negra", um conceito que para eles não existia, já que todos eram negros. Os interesses
do tráfico levavam os comerciantes a motivar a diferença étnica entre os africanos de modo que os
comerciantes conseguiam escravos das guerras intertribais, nas quais as tribos vencedoras vendiam
os indivíduos pertencentes às tribos vencidas. Não foi o homem branco europeu que inventou a
escravidão. Análises genéticas recentes indicam que, como pensam os que defendem a teoria da origem
única, a África foi o berço da humanidade, outros defendem a teoria da origem multiregional.
Verificou-se que os aborígenes australianos de um grupo isolado dos restantes por muito tempo e que
os outros grupos, incluindo "europeus", "asiáticos" e "nativos americanos" surgiram de um único
grupo resultado das migrações para fora do continente africano e que poderia dividir-se no
equivalente aos oeste e leste "euro-asiáticos", reconhecendo sempre haver muitos grupos
intermédios.
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É interessante notar que no Brasil, houve como resultado da miscigenação a formação de outros
grupos decorrentes da mistura entre o branco, o negro e o índio.
Assim, temos o mulato (negro+branco), o caboclo ou mameluco; (branco+índio), o cafuzo;
(negro+índio) e o pardo (diversos cruzamentos). No início eram somente essas as raças que se poderia
encontrar como resultado da miscigenação, mas com o tempo, mais imigrantes participaram desses
cruzamentos de raças, tornando ainda mais complexo o agrupamento de semelhanças entre os
indivíduos.
3) Capacidade do crânio — É dada pela quantidade de chumbo miúdo necessária para encher o
crânio após prévia obturação de seus orifícios. A quantitas plumbem obtida é posta em vaso graduado
em centímetros cúbicos, determinando-se, desta forma, o seu volume em capacidade.
A capacidade do crânio é maior no homem e na raça branca (1.558cm3), seguindo-se, em ordem
decrescente, a amarela (1.518cm3), a vermelha (1.437cm3) e a negra (1.430cm3) (vide n. 2.2.2).
4) Ângulo facial — Serve para determinar o prognatismo, ou seja, a proeminência, especialmente dos
maxilares, das raças. Quanto mais agudo for o ângulo facial, tanto mais pronunciado será o prognatismo.
Suas medidas se fazem com os goniômetros, como o de Broca, e obedecem a vários critérios.
Para Jacquart, o ângulo é dado por uma linha vertical que passa pela fronte e pela espinha nasal
anterior — linha facial — e por uma outra que vai da espinha nasal anterior ao meio da linha biauricular
— linha aurículo-espinal.
Segundo Cloquet, essas duas linhas se encontram no rebordo alveolar. Curvier preconiza a
intersecção dessas duas linhas na margem cortante dos incisivos.
Atualmente tem mais valia o método de Rivet para estudar o prognatismo. Consiste esse processo em
se traçar um triângulo facial por intermédio das linhas facial e aurículo-espinal como foram descritas no
método de Jacquart, e uma outra linha tangente ao mento e aos incisivos mediais inferiores. Conhecidos
os comprimentos dos três lados do triângulo obtido, calcula-se facilmente os seus ângulos por meio de
tábuas logarítmicas.
Daí termos os seguintes tipos:
— ortognatas: mais de 73º;
— mesognatas: de 72,99º a 70º;
— prognatas: menos de 70º.
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As partes moles (principalmente os lábios) impedem a determinação do prognatismo no vivo e no
cadáver recente.
Outrossim, qualquer que seja o método goniométrico empregado pelos diferentes autores na
determinação do ângulo facial, não se deve conceder ao prognatismo a importância de outrora e, sim, a
de caráter morfológico designativo simplesmente da proeminência do maciço ósseo da face, ou seus
diversos segmentos, adiante da caixa craniana.
Importa saber que o ângulo facial é máximo na raça branca e menor na raça negra.
5) Dimensões da face — Obtêm-se pela relação entre a largura e a altura da face. Utilizam-se várias
medidas para obtê-lo. Considerando os diâmetros bizigomático e násio-alveolar, os amarelos têm a face
mais larga, sendo secundados pelos negros e, depois, pelos brancos, que as têm mais estreitas.
De forma geral, o ângulo facial, que é o ângulo formado por dois planos, um passando pela face e o
outro pela base do crânio, determina o prognatismo, que permite agrupar os seres humanos em três
grupos, ou raças:
-ortognatas (brancos, leucodermas ou caucasóides)
-prognatas (negros, melanodermas e faiodermas)
-mesognatas (raças primitivas e aborígenes australianos).
(Comprimento em reta entre borda mesial do 1º pré-molar e borda distal do 3º molar) x 100
Distância basion-nasion
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Tipo Índice Dentário= ID Grupo étnico
microdentes < 41,9 caucásicos
mesodentes 42,0 a 43,9 Negroides,
mongólicos
megodentes > 44,0 australóides
Índice dentário e Grupo étnico
Fonte: Campos in http://www. Pericias-forenses.com.br/identesodo.htm
Mamelonada Caucásicos
Intermediária Amarelos
Estrelada Negróides
Cúspides e etnia. Fonte: França
Por fim, a curvatura do palato (abóbada palatina) e do arco dentário também podem contribuir para a
determinação da raça. A forma dos arcos dentários, no plano horizontal, pode exibir variações de forma
características como:
- normal: em forma de arco de elipse,
- trapezoidal,
- triangular, na etnia caucasóide
- redonda: em "arco de ferradura" (arco de círculo) na mongolóide
- assimétrica
- retangular, na negróide.
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A abóbada palatina pode apresentar-se, no plano frontal, sob uma das três formas fundamentais,
conforme o grau de elevação de sua parte central, o rafe mediano, a saber:
- em "alça de balaio", quando menos acentuada a elevação e arredondada,
- ogival ou "em arco gótico", com elevação central muito acentuada,
- plano, quando o arco da abóbada é praticamente inexistente.
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6) Envergadura — A envergadura serve de sinal étnico. Os negros comumente têm os membros
superiores mais longos em relação aos inferiores.
7) Cabelos — Sinal étnico de grande valor, já foram descritos nos tipos raciais de Ottolenghi.
Desde que Alec Jeffreys e outros desenvolveram uma técnica chamada “impressões digitais genéticas
do DNA”, Finger prints, elemento que contém todas as informações genéticas de cada pessoa, com
características únicas, como ocorre com as impressões digitais, os cabelos passaram a constituir
elemento sinalético preciso de identificação de um indivíduo. O DNA há de ser detectado em quantidade
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suficiente no fio de cabelo examinado para permitir a indiscutível identificação do indivíduo. Desse modo,
nem todo cabelo encontrado no local do crime se presta à segura identificação da pessoa.
Os cabelos e os pelos examinados pelo sistema DNA — sigla que significa ácido desoxirribonucléico
— amiúde, todavia, permitem identificar a raça e o indivíduo que os portava.
Os pelos pubianos recolhidos de peças íntimas de uma estuprada, ou no local onde o delito foi
praticado, poderão, caso não pertençam à ofendida, confirmar ou repelir a veracidade afirmada sobre a
identidade do autor. Efetivamente, se encontrados nas roupas íntimas de uma mulata, cujos pelos do
monte de Vênus são escuros, outros pelos pubianos louros, é de se pensar ter sido a mulher violentada
por indivíduo louro tipo ariano.
Os pelos e os cabelos são comumente encontrados no local do crime; geralmente permitem determinar
a espécie animal, a raça, o sexo, a idade, a região onde se implantavam; se cabelos postiços,
descoloridos ou tingidos, manchados, deformados; reconstituir as circunstâncias que puderam separá-los
do corpo: pelos ou cabelos caídos, arrancados, rompidos, cortados, gastos, queimados.
Para determinar se trata-se de um pelo humano, o perito observa o aspecto da medula, da casca e da
cutícula e o índice medular, ou seja, a relação entre o diâmetro da medula e o diâmetro total do pelo. O
aspecto da medula, da casca e da cutícula é muito diferente no homem e no animal, o que está longe de
ter um valor absoluto.
Igualmente o diâmetro médio, pois no mesmo indivíduo existem pelos mais finos e mais grossos.
O índice medular é constante em cada espécie, seja qual for o próprio diâmetro do cabelo: no homem
é sempre inferior a 0,30, enquanto, na maioria dos animais, é superior a 0,60.
Os pelos ou cabelos caídos ou arrancados mostram o bulbo de aspecto particular e diferente; os pelos
ou cabelos rompidos por puxões ou esmagamento acabam em leque; os pelos ou cabelos calcinados
apresentam degenerescências sucessivas que permitem avaliar a que temperatura ficaram expostos.
O valor dos resultados depende do confronto de pelos ou cabelos suficientemente numerosos com os
de um indivíduo já conhecido, principalmente se houver particularidades especiais; ainda assim, somos
de opinião que, no sentido mais amplo de “crime”, deve-se conferir-lhes o valor de simples prova indicial,
a ser empregada quando não se dispõe de meios para as aplicações médico-legais do DNA.
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10) Maxilar superior — No 6.º mês constitui um osso único, formado à custa dos POP, surgido, no
embrião, no final do 2.º mês.
11) Ossos próprios do nariz — Existe, em cada um deles, um POP aos 80 dias de vida embrionária.
12) Únguis — O POP aparece, em geral, no 3.º mês, no embrião.
13) Palatinos — Aos 45 dias surgem, no embrião, dois POP.
14) Vômer — Ocorre o mesmo que nos palatinos.
15) Maxilar inferior — Os POP, em número de seis, aparecem, em geral, nos 50 dias de vida
embrionária. Primitivamente duplo, cada hemimaxilar desenvolve-se por seis POP, a partir do 50.º dia de
vida embrionária. No feto a termo, as hemimandíbulas direita e esquerda têm de permeio tecido
conjuntivo. Entre o 2.º e o 3.º mês de vida extrauterina ocorre a soldadura das mesmas formando a sínfise
mentoniana.
16) Clavícula — O POP forma-se, amiúde, no final da 4.ª semana, no embrião, e o POC entre 20 e 22
anos de idade.
17) Omoplata — Em torno dos 45 aos 60 dias gestacionais, aparece um POP, e o ponto caracoideo,
entre 15 e 18 meses após o nascimento; os demais núcleos complementares formam-se desde os 14 até
os 20 anos.
18) Úmero — Desenvolve-se por um POP e sete complementares. O primitivo surge aos 45 dias de
vida embrionária. Entre o 2.º e o 4.º mês após o nascimento surge um núcleo de ossificação complementar
na extremidade superior do osso, e ao iniciar-se o 3.º ano forma-se, na extremidade inferior, um ponto
condileano. Aos 5 anos aparece um segundo núcleo epitrocleano, e aos 12 anos são detectados na
epitróclea e no epicôndilo o 3.º e o 4.º POC.
19) Cúbito — O POP surge no início do 2.º mês de vida embrionária. O ponto epifisário inferior aparece
entre o 6.º e o 9.º ano e o núcleo epifisário superior, dos 14 aos 18 anos.
20) Rádio — O POP aparece cerca do 40.º dia de gestação. O ponto complementar epifisário inferior
principia a ossificação durante o 5.º ano e o ponto epifisário superior, no 6.º ano de vida extrauterina
21) Carpo — Os núcleos de ossificação aparecem do 1.º ao 3.º ano após o nascimento no grande osso
e no osso ganchoso; entre o 3.º e o 4.º ano, no escafoide, no semilunar e no piramidal; do 4.º ao 5.º, no
trapézio e no trapezoide, e dos 10 aos 16 anos no psiforme.
22) Metacarpo — O primeiro metacarpiano desenvolve-se por um POP que surge aos 75 dias de vida
embrionária. O POC aparece ao final do 7.º ano de vida extrauterina. O segundo, terceiro, quarto e quinto
metacarpianos o fazem por um POP que surge no 3.º mês de vida embrionária. O POC epifisário aparece
entre o 5.º e o 6.º ano de vida extrauterina.
23) Quirodáctilos — O núcleo primitivo surge aos 60 dias de gestação e o ponto secundário entre o 5.º
e o 6.º ano, após o nascimento.
24) Bacia — O POP ilíaco aparece dos 45 aos 50 dias de gestação, em embriões de 3 a 6cm; o ponto
isquiático, aos 90 dias em embriões com 18cm, e o ponto pubiano, ao final do 4.º mês, em fetos de 25 a
33cm. Os POC surgem: para a espinha ilíaca anterior e inferior, dos 14 aos 15 anos; para a crista ilíaca
e para a tuberosidade isquiática, dos 15 aos 16 anos; para a espinha púbica, aos 18 anos.
25) Fêmur — O pontus ossisfacere primitivus aparece no embrião de aproximadamente 60 dias. O
POC epifisário inferior surge, no feto, 15 dias antes do nascimento; é o chamado ponto de ossificação de
Bèclard, que, no feto a termo, mede de 4 a 8mm e que tem importância médico-legal para afirmar, como
simples probabilidade, a idade do recém-nascido. Vermelho vivo no cadáver frescun, amarelo-escuro no
feto macerado ou no neonato putrefeito, pode não existir em 10 a 15% dos casos. Os POC epifisários
superiores aparecem aos 2, aos 3 e aos 8 anos de idade.
26) Tíbia — O ponto primitivo surge no embrião entre 35 e 40 dias. O POC epifisário superior aparece
no momento do nascimento, o ponto epifisário inferior, aos 18 meses, e o ponto de ossificação destinado
à tuberosidade anterior, entre 12 e 14 meses de vida extrauterina
27) Perônio — O ponto primitivo diafisário surge dos 35 aos 40 dias de vida embrionária. O ponto
complementar epifisário superior aparece aos 2 anos, e o ponto epifisário inferior, aos 4 anos de idade.
28) Tarso — Os pontos de ossificação aparecem na seguinte ordem no:
a) Calcâneo — O POP, entre o 4.º e o 5.º mês de vida fetal, e o ponto secundário, desde os 7 até os
10 anos.
b) Astrágalo — Entre o 6.º e o 9.º mês de vida intrauterina.
c) Cuboide e primeiro cuneiforme — No 1.º ano, depois do nascimento.
d) Escafoide — De 4 a 5 anos.
e) Metatarso — Cada um dos metatarsianos desenvolve-se por um POP a partir do 3.º mês de vida
fetal e por um POC que aparece de 2 a 4 anos após o nascimento.
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Pododáctilos — Os pontos de ossificação aparecem desde os 45 dias de vida embrionária até os 3 e
meio a 4 anos de vida extrauterina.
A observação da época em que ocorre a soldadura dos diferentes pontos de ossificação nos ossos,
associada a outros elementos, tem importância na determinação da idade. A soldadura desses núcleos
de ossificação processa-se da seguinte forma:
1) Corpos vertebrais — Até a idade de 2 anos, unem-se os pontos primitivos laterais entre si, para,
decorridos mais 3 a 4 anos, soldarem-se ao corpo vertebral. A soldadura dos pontos secundários tem
lugar entre os 19 e os 25 anos de idade.
2) Costelas — A soldadura ocorre dos 16 aos 25 anos.
3) Maxilar superior — As diversas peças constitutivas do maxilar superior soldam-se entre si no final
do 6.º mês de vida fetal.
4) Malar — Os três POP que o formam mostram-se completamente soldados no 5.º mês de vida
endouterina.
5) Maxilar inferior — A soldadura das duas metades entre si, formando a sínfise mentoniana, se dá
entre 2 e 3 meses pós-nascimento.
6) Clavícula — O tempo de soldadura é de 22 a 25 anos.
7) Omoplata — A época de soldadura dos diferentes POP varia dos 14 aos 25 anos. Ou seja: o ponto
coracoide principal, de 14 a 16 anos; o ponto coracoide acessório, de 16 a 18 anos; o ponto acromial, de
17 a 18 anos; o ponto blenoide superior, de 16 a 18 anos; a placa glenoide, de 19 a 20 anos; o ponto
genoide inferior, de 20 a 24 anos; e o ponto marginal, de 22 a 25 anos.
8) Úmero — A soldadura das duas peças epifisárias e da diáfise ocorre entre 16 e 18 anos, e na
epitróclea, dos 19 aos 20 anos pós-nascimento.
9) Cúbito — A soldadura ocorre na epífise superior dos 16 aos 20 anos, e na epífise inferior, entre 20
e 22 anos, na mulher, e 21 a 25 anos, no homem.
10) Rádio — A epífise inferior solda-se dos 16 aos 20 anos, e a epífise superior, dos 20 aos 24 anos.
11) Bacia — O púbis solda-se ao ísquion dos 11 aos 12 anos; o ísquion se une ao ílio entre 12 e 13
anos; o púbis solda-se ao ílio dos 15 aos 20 anos.
12) Fêmur — A solidare do grande e do pequeno trocânter à diáfise dá-se dos 16 aos 18 anos, e com
a cabeça femoral, aos 19 anos. A extremidade inferior do fêmur principia a soldadura com a diáfise aos
18 anos, terminando dos 20 aos 22 anos após o nascimento.
13) Tíbia — A epífise inferior solda-se à diáfise dos 16 aos 18 anos, e a epífise superior, dos 18 aos
25 anos.
14) Perônio — O ponto epifisário superior solda-se dos 18 aos 19 anos, e o ponto epifisário inferior,
dos 19 aos 20 anos post partum.
Existem tabelas que indicam a idade aproximada pela morfologia e densidade dos ossos. A radiografia
da mão e pulso é indicada para verificar idades próximas dos 18 anos e a partir dos 25 a do crânio,
devido a fusão dos ossos.
Os dentes são bons indicativos para idades até 18 anos, mas a sua precisão é menor que a da
radiografia.
A aparência também constitui elemento indicativo (assim como a pele, os olhos, a calvície), embora
sejam falhos em relação a outros métodos.
Assim, vários são os aspectos físicos que podem indicar uma idade para fins de estimativa: aparência,
rugas na pele, presença de pelos pubianos, arco senil na região do globo ocular, dentição, radiografia dos
ossos com solduras ou pontos de ossificação, estatura, formato de coluna, ausência de cabelos,
coloração grisalha de cabelos.
Detalhe técnico importante: no cadáver, deve-se deduzir 16mm da medida total, correspondente ao
achatamento natural dos discos intervertebrais sobre as cartilagens intra-articulares, e, no esqueleto em
posição normal, deve-se aumentar, nessa medida total, 6cm correspondentes às partes moles destruídas.
É obviamente um cálculo empírico.
Portanto, vários fatores precisam ser considerados quando do estudo dos registros prévios tais como
hereditariedade, sexo, clima, raça, doenças sistêmicas, desnutrição, mineralização, erupção, cáries,
extrações peri-odontopatias e o desgaste natural; é sabido que meninas magras ou longilíneas de boa
condição socioeconômica apresentam erupção precoce e por sua vez, observa-se retardo quando o flúor
é utilizado. Vários autores preparam tabelas que podem ser utilizadas desde que se considere os fatores
acima citados e são unanimes em afirmar algumas conclusões:
- quanto menor a idade do examinado maior a precisão;
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- quanto maior a idade, em função da regressão orgânica, maiores serão os intervalos de idade
estimado.
- devem ser avaliados mais de um aspecto, primeiras evidências de formação da coroa, um terço, dois
terços e coroa completa; início de mineralização da raiz, um terço, dois terços e término apical (Arbenz,
1988; Nicodemo, Moraes e Médici 19xx);
- na involução dentária devem ser avaliados o desgaste oclusal, periodontose, desenvolvimento da
dentina secundária na cavidade pulpar, deposição de cemento na raiz e transparência do ápice radicular
(GUSTAFSON, 1966).
- a avaliação pode ser feita por meio clínico macro e microscópico bem como por radiografias.
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Estimativa da idade em anos pelo fechamento das suturas cranianas
Estatura: é o tamanho da pessoa. Com o tempo as pessoas vão aumentando. Chega-se a uma idade,
próxima ao fim da adolescência, que a estatura para de aumentar e começa a se estabilizar. Quando a
3ª idade se aproxima, devido a perda de cálcio nos ossos e nova conformação da coluna, a estatura vai
diminuindo.
A estatura é avaliada através da medição direta no vivo ou no morto, através de tábuas ou tabelas
osteométricas:
- Broca
- Etienne-Rollet
- Lacassagne e Martin
Determinação da altura
A literatura mostra que o pioneiro na realização desta estimativa foi Carrea, professor argentino, em
1920, que realizou estudos visando proporcionar dados odontométricos (a partir de medidas mésiodistais
dos incisivos centrais, laterais e caninos inferiores), que o possibilitasse fazer uma relação destes dados
com a altura do indivíduo.
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A aplicabilidade do referido método foi comprovada na perícia realizada por peritos brasileiros, no
caso Josef Mengele, onde, junto com outras estimativas, foi eficaz (Galvão, 2007–
http://abmlmedicinalegal.org.br/Artigos/1122.pdf).
A figura a seguir demonstra o esquema do traçado do "arco" e da "corda" entre a face mesial do
primeiro incisivo inferior e a face distal do canino inferior do mesmo lado, possibilita efetuar as medições
necessárias para o cálculo da estatura de acordo com a fórmula de Carrea.
Carrea definiu duas fórmulas que permitem calcular a altura máxima e a altura mínima possível para
os dentes estudados:
Observa-se que a altura masculina está mais próxima da máxima e a feminina da mínima.
MALFORMAÇÕES
São defeitos morfológicos devido à má formação do corpo humano. Exemplos: lábio leporino, pé torto,
desvios da coluna, doenças cutâneas etc.
SINAIS PROFISSIONAIS
São os reflexos que a atividade laboral, ou seja, que o trabalho imprime no corpo do trabalhador. Em
outras palavras, são as marcas que o trabalho causam no trabalhador. Normalmente são relacionadas a
deformações no corpo da pessoa, consequência direta da prática de certa atividade por muito tempo.
SINAIS INDIVIDUAIS
São as características próprias, pertencentes a cada indivíduo. Alguns sinais individuais não são
capazes de identificar as pessoas, no entanto pode excluí-la.
Podemos citar como exemplos: cicatrizes, próteses dentárias, fraturas.
TATUAGENS
A tatuagem, também conhecida como Sistema Cromodérmico, foi oficialmente proposta como meio
identificativo em 1832 pelo filósofo inglês Jeremy Bentham, nascido em Londres em 15 de fevereiro de
1748, criador da doutrina do Utilitarismo que tinha como lema “a maior felicidade possível para o maior
número possível de pessoas”. A proposta inicial era a de tatuar na parte interna do antebraço direito letras
para identificar civilmente uma pessoa e números para a identificação criminal.
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O primeiro instrumento elétrico para tatuagem foi patenteado em 1891 nos Estados Unidos, país que
se tornou um importante centro de criação de desenhos, e só em junho de 1959, através do dinamarquês
“Knud Harld Likke Gregersen” é que a tatuagem elétrica chegaria ao Brasil. No fim do século XIX a
tatuagem esteve brevemente em voga nas classes altas inglesas, para ambos os sexos.
Muitos povos acreditam que a tatuagem, a marca ou desenho permanente na pele, feito mediante a
introdução de pigmento sob ela e somente removível com procedimentos especiais, proporciona proteção
mágica contra as doenças e a má sorte, outros as usam como meio de tornar evidente a posição social
de uma pessoa no grupo e, por fim, como forma de ritos de iniciação. Exemplo disso é que certas tribos
australianas usavam como ritual de iniciação do adolescente a circuncisão, tatuagem em várias partes do
corpo, extração de dentes e outros atos mortificantes, além de jejum e reclusão. A motivação mais
frequente da tatuagem, no entanto, é de ordem estética. Praticada em muitos países, é, no entanto, quase
desconhecida na China e pouco comum entre povos de pele negra, provavelmente pela tendência à
formação de quelóides que essas populações apresentam.
As primeiras ocorrências de tatuagens usadas com fins criminais datam do Antigo Egito entre 4000 e
2000 a.C. Algumas múmias com sinais parecidos com tatuagens foram encontradas no Vale do Rio Nilo.
Segundo alguns especialistas, os corpos eram de prisioneiros marcados para não fugir. Algumas tinham
as mãos amarradas nas costas. Os romanos tatuavam criminosos e escravos. No século XIX, ex-
presidiários americanos e desertores do exército britânico eram identificados por tatuagens e, mais tarde,
os internados em prisões siberianas e em campos de concentração nazistas foram também marcados
assim. Foi por crueldade que os nazistas optaram pela tatuagem para identificar seus prisioneiros, pois
já àquela, na Alemanha, usava-se o Sistema Datiloscópico de Henry.
Muito usual, entre as tribos indígenas da América, esquimós, povos do leste da Sibéria, Polinésia,
Micronésia, Nova Zelândia, Myanmar (antiga Birmânia), Tunísia, ainos do Japão, os ibos da Nigéria, os
índios chontal do México, os índios pima, do Arizona, e os senoi, da Malásia, a tatuagem era aplicada
com diferentes técnicas em cada um desses povos.
O pai da palavra “tattoo” foi o capitão James Cook, também descobridor do surf, em 1769, que
escreveu em seu diário a palavra “tattow”, também conhecida como “tatau” que correspondia ao som feito
durante a execução da tatuagem, onde se utilizavam ossos finos como agulhas e uma espécie de
martelinho para introduzir a tinta na pele.
Tal proposição do uso da tatuagem para fins identificativos, tanto civil como criminal, não obteve
aprovação social pela inconveniência de sua aplicação, por ser estigmatizante, doloroso, estar sujeito a
infecções cutâneas e ser de fácil adulteração, pois atualmente já existem processos cirúrgicos que
possibilitam seu desaparecimento.
Sinais de Violência
Os sinais da violência se traduzem em consequências que podem ser distintas de acordo com o
momento em que foram produzidas. Assim, podem ser encontrados elementos que permitem distinguir
as lesões intra vitam (em vida) e as post mortem (após a morte). Sendo o papel do perito esclarecer para
à Justiça se as lesões encontradas no cadáver foram causadas: a) bem antes da morte; b) imediatamente
antes da morte; c) logo após a morte; d) certo tempo após a morte.
Com base no Manual de Medicina Legal de Delton Croce e Delton Croce Junior1, vejamos a
brilhante explicação dos meios de diagnostico apresentados pelos doutrinadores:
As lesões corporais sofridas em vida traduzem sempre reações vitais, do tipo hemorragia e coagulação
do sangue, retração dos tecidos, escoriações, equimoses, reações inflamatórias, embolias, consolidação
de fraturas ou pseudoartrose, eritema, flictenas, reticulovascular cutâneo nas queimaduras, e fuligem nas
vias aéreas e de monóxido de carbono no sangue nos que respiraram no foco de incêndio, coágulo de
espuma, diluição do sangue e presença de líquido nos pulmões e no estômago dos afogados, e de
substâncias sólidas no interior da traqueia e dos brônquios, no soterramento, aeração pulmonar e
conteúdo lácteo no tubo digestivo de recém-nascido.
1
Croce, Delton. Manual de medicina legal / Delton Croce e Delton Croce Jr. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
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1) Hemorragia — Pode ser interna, externa ou simultaneamente interna e externa. A hemorragia
interna proveniente de lesão produzida no vivo aloja--se no interior do corpo sob forma de grandes
coleções hemáticas; ademais, o sangue infiltra-se e coagula nas malhas dos tecidos. No morto, a coleção
hemática interna é sempre de reduzidíssima dimensão, ou não existe, e o sangue não coagula (sinal de
Donné). Todavia, se o ferimento, ou contusão interna, foi provocado imediatamente antes ou logo após a
morte, podem ser encontrados coágulos moles e frouxos que despegam facilmente das malhas dos
tecidos com a aplicação de um simples jato d’água. A infiltração dos tecidos pode faltar nas hemorragias
externas por secção dos grandes vasos do pescoço (esgorjamento), no vivo; pode ainda não ocorrer se
o dano foi provocado certo tempo após a morte. Por isso as lesões aplicadas no cadáver são brancas.
O extravasamento sanguíneo externo pode não ocorrer se o dano foi causado por ação de instrumento
puntiforme, ou por arrancamento ou torção, em que o trauma promove, por si só, a hemostasia.
5) Reações inflamatórias — Manifestadas pelos quatro sintomas cardinais: dor, tumor, rubor e calor,
ocorrem, em geral, quando germes piógenos penetram no organismo vivo, seja por um ponto da pele,
seja pelos tecidos traumatizados.
A inflamação importa em fenômenos vitais importantes, como:
a) vasodilatação ativa, motivadora da sensação de calor local;
b) marginação dos glóbulos brancos, que deixam a posição axial na torrente circulatória arterial mais
rápida, e migram para a periferia dos vasos, onde a circulação sanguínea é mais lenta, e, por movimentos
ameboides, penetram entre as células endoteliais até a intimidade dos tecidos;
c) exsudação serosa;
d) alterações celulares locais, em que participam tanto as células que, no indivíduo normal, concorrem
na defesa orgânica, revertendo, nas reações inflamatórias, a um estado embrionário indiferenciado, como
também o sistema reticuloendotelial, representado pela medula dos ossos chatos, linfonodos etc., e
fagocitose dos agentes patogênicos, pelos histiócitos. Desse modo, é a inflamação tissular importante
elemento afirmativo de que a lesão foi produzida bem antes da morte.
6) Embolias — São acidentes cujas principais manifestações dependem do órgão em que ocorrem.
Chama-se embolia à obliteração súbita de um vaso, especialmente uma artéria, por coágulo ou por um
corpo estranho líquido, sólido ou gasoso, chamado êmbolo. O êmbolo pode formar-se no próprio aparelho
circulatório ou nele penetrar, sendo conduzido pela corrente sanguínea até um vaso de menor calibre que
ele, obliterando-o subitamente, determinando, amiúde, a morte. Em verdade, na embolia pulmonar que
afeta preferentemente o pulmão direito, supõe-se que, tão importante quanto a oclusão de um ramo das
artérias pulmonares, pelo embolus, é o concurso de uma intensa comoção neurovegetativa. Isto porque
a ligadura cirúrgica de um ramo importante das artérias pulmonares produz transtornos passageiros; além
disto, não é raro a necropsia detectar êmbolos pequenos, obliterando, portanto, vasos pouco calibrosos,
em muitas mortes provocadas por embolia pulmonar. As localizações embólicas mais frequentes são os
pulmões, o cérebro, a medula espinal, a retina, os rins, o baço, o mesentério, os membros e as pequenas
arteríolas da pele. Geralmente o êmbolo desprende-se de uma endocardite valvular aguda ou, mais
raramente, crônica, de lesão mitral estenosante, de tromboflebites ou de varizes afetadas de
flebotromboses.
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A introdução de grande volume de ar na torrente circulatória, como ocorre na descompressão rápida
dos escafandristas, em que o azoto borbulha no sangue e forma rosário de bolhas gasosas,
interrompendo a circulação nos capilares, causa embolia fatal. Não se pode admitir que a introdução de
ar na corrente circulatória durante injeção intravenosa cause acidente embólico, pois tem sido
demonstrada, clínica e experimentalmente, a enorme tolerância do organismo à introdução de razoável
quantidade de ar. Não é assim, contudo, quando grande volume de ar é introduzido acidentalmente após
término de venóclise em que, por descuido, não se desligou o sistema perfusor; ou na seção dos grandes
vasos do pescoço, das axilas, da pélvis, em que o êmbolo gasoso impede a circulação do sangue pelas
artérias pulmonares e, consequentemente, a hematose, acarretando síndrome de asfixia aguda,
manifestada por cianose, edema dos pulmões, dispneia intensa, estado de choque etc., durante minutos
ou horas após o trauma, ou morte súbita.
A presença de gotículas gordurosas no parenchyma pulmonarius consigna sobrevivência, pois foram
para aí conduzidas pela circulação após desprendimento das regiões traumatizadas (tecido celular
subcutâneo, medula espinal, degeneração hepática gordurosa, politraumatismos com fraturas
cominutivas dos ossos longos dos membros, ou localizados na bacia, nas costelas, sobretudo nos
idosos). Melhor do que observar os sintomas clínicos (dispneia, taquicardia, expectoração hemoptoica,
coma) ou os pulmões congestos, edematosos, com equimoses subpleurais, da mucosa gástrica e do
tecido nervoso cerebral, na necropsia, é proceder ao exame histológico da substantia pulmonalis,
objetivando evidenciar, pelo tratamento com Sudam III, nos capilares interalveolares, tecido adiposo,
aglomeradamente compactado, em formato de salsicha.
7) Consolidação das fraturas — O tempo de consolidação de uma fratura varia conforme o osso.
Amiúde demanda 1 ou 2 meses, havendo, contudo, casos que requerem mais tempo. Existem casos de
retardo de consolidação e até de não consolidação, geradora de pseudoartrose. Nesta eventualidade o
exame do foco traumático revela a existência de tecido conjuntivo exuberante em substituição ao calo
ósseo, envolvendo as extremidades fraturadas e reabsorções e deformações extensas, lembrando
corrosão do osso ofendido determinada por esse tecido de conexão. A visualização radiológica ou direta
da fase evolutiva dos calos de fratura ou de alterações tissulares comuns à pseudoartrose constitui sinal
comprobatório de reação vital.
8) O eritema, simples e fugaz afluxo de sangue na pele, e as flictenas contendo líquido límpido ou
citrino, leucócitos, cloreto de sódio e albuminas (sinal de Chambert), e o retículo vasculocutâneo afirmam
queimaduras intra vitam. No cadáver não se forma nenhum desses sinais vitais. E as bolhas porventura
existentes assestam-se em áreas edemaciadas contendo gás e, às vezes, líquido desprovido de
albuminas e de glóbulos brancos.
9) O cogumelo de espuma traduz fenômeno vital, pois só se forma nos afogados que reagiram à
proximidade da morte e cedo foram retirados do meio líquido (vide n. 6.5.4, subitem b).
10) A diluição do sangue e a presença de líquido nos pulmões e no estômago, nos asfixiados por
submersão, de substâncias sólidas no interior da traqueia e dos brônquios, no soterramento, de fuligem
nas vias respiratórias e monóxido de carbono no sangue dos que respiraram no foco de incêndio, de
aeração pulmonar e conteúdo lácteo no tubo digestivo de recém-nascido são sinais certos de reação vital.
Os exames complementares laboratoriais compreendem a prova de Verdereau e a prova histológica:
1) Prova de Verdereau — Consiste na existência de maior percentual de leucócitos em relação ao
número de hemácias numa área lesada em vida do que o habitualmente encontrado noutra região
incólume do corpo. O maior afluxo leucocitário na zona traumatizada afirma fenômeno vital. Esta prova é
sempre negativa nas hemorragias copiosas e acidentes fulminantes, nas lesões produzidas no cadáver,
e se realiza, em média, a cerca de 72 horas do óbito (vide “Prova de ser nascente”).
2) Prova histológica — Objetiva evidenciar possíveis fenômenos vitais que lembram os que
descrevemos nas reações inflamatórias, como: a) intensa congestão vascular e afluxo leucocitário com
marginação e invasão dos interstícios tissulares pelos histiócitos, quando o dano foi produzido apenas 2
minutos antes do exitus; b) neoformação vascular e assenhoreamento sanguíneo dos capilares em
repouso, se a lesão corporal ocorreu 5 minutos antes da morte; c) incursão dos neutrófilos
polimorfonucleares e dos linfócitos nos interstitium se a morte ocorreu 10 minutos após a produção da
lesão. Nenhum desses fenômenos vitais de reação de defesa processa-se no cadáver. Desse modo, tem
a prova histológica importância médico-legal na diagnose diferencial entre as produzidas bem antes ou
logo após a morte. Quanto maior for o espaço de tempo transcorrido entre a produção da lesão e o evento
morte mais acentuados serão os fenômenos vitais subsidiários da diagnose. Esse tempo não deverá
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exceder, contudo, os 4 dias, pois a putrefação cadavérica e as hipóstases obviamente falseiam os
resultados da prova histológica. É oportuna a complementação da prova histológica pela observação
de alterações estruturais nos linfonodos, do tipo congestão vascular, e presença de elementos
histiocitários de reação fagocitária, nos seios linfáticos, carregados de hemossiderina, pigmento castanho
que toma coloração azul, pelo reativo de Perls, e que é o corpo mais prestimoso subsidiário da diagnose
de reação vital.
Na atualidade são utilizados diferentes métodos de necropsias que são variações das técnicas de
Virchow, Ghon, Letulle e Rokitansky.
Na técnica de Rokitansky, há retirada dos órgãos isoladamente logo após terem sido dissecados,
abertos e examinados no local e favorecem as condições, geralmente necessárias, nos casos em que a
autopsia autorizada é parcial ou restritiva e o limite de tempo é escasso para a realização do
procedimento.
No método de Virchow, os órgãos são retirados e examinados posteriormente em laboratório. Este
método é recomendado para mostrar as alterações de cada órgão, porém a relação topográfica entre eles
é prejudicada.
A técnica de Ghon onde a retirada dos órgãos se realiza com monoblocos de órgãos com função
anatômica e funcional relacionados.
Na técnica de Letulle, os órgãos das cavidades cervical, torácica e abdominal são retirados em
monobloco.
Os métodos de Ghon e Letulle preservam as relações entre os órgãos e sistema linfático.
a) ECTOSCOPIA2: A necropsia inicia-se pela inspeção externa ou ectoscopia do corpo. Esta parte
do exame tem por objetivo descrever, além das possíveis lesões externas, os fenômenos cadavéricos
(rigor mortis ou flacidez muscular e livores, entre outros), estado de nutrição, estatura, ainda que
aproximada, compleição física, cor da pele e dos pêlos, e o aspecto das mucosas de globos oculares,
boca e genitália externa. Visa também detectar eventuais alterações gerais, como palidez e icterícia, por
exemplo. Para a realização da ectoscopia o cadáver deve estar nu. Realiza-se o exame das superfícies
dorsal e ventral do corpo, iniciando-se do geral para o específico e das regiões proximais para as distais
dos membros. A descrição dos achados no laudo seguirá esta mesma ordem.
VESTES: nos orifícios de saída produzidos por projetil de arma de fogo, deve-se observar, na face
interna, das vestes em contato com o corpo, a presença de fragmentos de pele que podem ter sido
levados pela bala desde o orifício de entrada. É o sinal de LATES E TOVO.
2
http://www.patologia.medicina.ufrj.br/graduacao/images/_dep-patologia/arquivos_texto/Metodos_Estudo/UFRJ-HUCFF-POP-Necropsia-logo.pdf
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passarem pelo bordo inferior das regiões mamárias. Da fúrcula esternal o corte desce para a sínfise
pubiana em linha reta, medialmente, fazendo-se um pequeno contorno na cicatriz umbilical. Após essa
incisão, os planos cutâneo, subcutâneo e muscular são rebatidos para a exposição do gradil costal e da
cavidade peritoneal. Outras técnicas de incisão podem ser utilizadas na dependência do que se deseja
examinar e das características próprias do corpo em estudo. Em recém-nascidos a incisão preferencial é
a mentopubiana, que se estende, na linha média, do mento à sínfise púbica, podendo ser feito um
pequeno contorno na cicatriz umbilical ou, então, pouco acima desta, o corte divergir, “em V”, até o púbis.
Em casos excepcionais, quando se realizam necropsias parciais, a incisão irá depender do(s) órgão(s) a
ser(em) estudado(s). Cabe ao patologista a decisão da técnica de incisão mais apropriada a ser usada.
O gradil costal é retirado, juntamente com o esterno, através da secção do corpo das costelas, por
meio de um costótomo, o mais próximo possível dos bordos laterais do corpo. As extremidades cortadas
das cortelas devem ser protegidas com gaze. A clavícula é desarticulada do manúbrio esternal com o uso
de um bisturi e, então, se retira o plastrão costoesternal, separando-o dos ligamentos com o pericárdio
ou outras estruturas.
Não serão realizadas, a menos que haja autorização específica dos familiares, incisões na face e nas
extremidades dos membros, que possam implicar em mutilação do corpo, salvo a retirada da extremidade
distal do fêmur esquerdo (autópsias de fetos ou de recém-natos, para a pesquisa de sífilis) e das
musculaturas das panturrilhas, em adultos, para a pesquisa de trombos venosos profundos.
c) EVISCERAÇÃO: Consta da retirada das vísceras de suas respectivas cavidades para dissecção e
exame posteriores. Após a evisceração, o exame das cavidades propriamente ditas poderá ser levado a
termo. Assim, após a retirada do encéfalo, procede-se ao exame da base do crânio e, após a retirada das
vísceras tóracoabdominais, são examinadas as porções posteriores dos arcos costais, a coluna vertebral
e o retroperitônio. Usualmente são pesados e, ou medidos os órgãos (encéfalo, tireóide, glândulas
salivares submandibulares, timo, coração, pulmões, fígado, baço, pâncreas, adrenais, rins, e a próstata).
CAVIDADE CRANIANA: A retirada do encéfalo é feita após rebater-se a dura-máter. Seccionam-se
os pares de nervos cranianos e, posteriormente, a medula espinhal cervical alta. Para o exame da base
da cavidade craniana, é rebatida a dura-máter que o recobre. Deve-se, neste momento, e com cuidado,
retirar a hipófise por meio de fratura ou corte do dorso da sela túrcica do esfenóide.
CAVIDADES TORÁCICA E ABDOMINAL: A retirada das vísceras das cavidades torácica e abdominal
pode ser realizada por técnicas diversas que podem ser usadas em combinação, na dependência de cada
caso em exame. A escolha da técnica de evisceração a ser utilizada é atribuição do médico patologista.
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infecciosos, além de abreviar, sobremodo, o tempo de realização do exame necroscópico. Pode ser
utilizada associada com as outras técnicas de evisceração descritas.
Dependendo da indicação clínica, poderão ser retirados outros órgãos, como, por exemplo, os globos
oculares, os seios paranasais, e as estruturas do ouvido médio e interno. Na necessidade de se analisar
a medula óssea, idealmente se coleta um fragmento do esterno e fragmentos dos arcos costais ou
segmentos de corpos vertebrais (torácicos ou lombares). Na retirada da medula espinhal, esta será feita
pela remoção dos corpos vetebrais, seccionando-se, com serra ou cinzel, os arcos vertebrais bilaterais,
após a retirada completa das vísceras torácicas e abdominais.
d) DISSECAÇÃO: É a técnica pela qual o patologista irá, através de cortes nas peças, realizar o exame
sistemático de cada órgão e estrutura, possibilitando o achado das alterações anatomopatológicas
porventura existentes. Em geral, as vísceras sólidas são seccionadas em seus maiores eixos e
examinadas as superfícies externa e aos cortes. As vísceras ocas são abertas longitudinalmente e têm
suas superfícies externa e interna examinadas, juntamente com as características de suas paredes. Os
cortes permitem uma visualização detalhada das estruturas em análise. Os órgãos que seguem técnicas
diferentes ou particulares de dissecção são a seguir descritos:
- ENCÉFALO: Há duas técnicas básicas de exame anatomopatológico do encéfalo. Na primeira, a ser
utilizada rotineiramente, o tronco cerebral, juntamente com o cerebelo, é separado do cérebro. O cérebro
é então seccionado em cortes coronais de cerca de 1,0cm cada. O cerebelo e o tronco cerebral são
cortados em cortes mais finos, oblíquos ou transversais. Na outra, a ser utilizada quando se deseja uma
correlação com exames de imagem (tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética), o
encéfalo é cortado como um todo, em planos transversais, discretamente descendentes no sentido
anteroposterior. Os cortes do encéfalo, em virtude da consistência diminuída do tecido, são realizados
após a fixação em solução de formol, preferencialmente a 20%, por 15 dias. O encéfalo deve ser pesado
tanto a fresco, quanto após a fixação.
- TRAQUÉIA: É aberta pela sua porção membranosa (posterior), até os brônquios fontes, usualmente
ainda unidos aos pulmões;
- CORAÇÃO: Há duas técnicas básicas de dissecção do coração. Na primeira, a ser utilizada quando
se deseja investigar um infarto do miocárdio, o órgão é examinado em cortes transversais de cerca de
1,0cm cada. Na outra, a ser seguida quando se deseja examinar detalhadamente as estruturas valvares,
o endocárdio, o miocárdio, e as artérias coronárias e ramos; as câmaras de enchimento e de
esvaziamento ventriculares e os átrios são abertos no sentido do fluxo sanguíneo normal. Inicia-se o corte
das veias cavas superior e inferior, abrindo-se o átrio direito. Observa-se a disposição in situ das
estruturas da valva tricúspide e, após, secciona-se, lateralmente, a parede da câmara de enchimento do
ventrículo direito e, a seguir, com corte anterior e adjacente ao septo interventricular, abre-se a câmara
de esvaziamento do ventrículo direito. Este último corte normalmente é estendido ao tronco da artéria
pulmonar, sendo, a seguir, abertas as artérias pulmonares direita e esquerda. O exame do lado esquerdo
inicia-se com a secção das quatro veias pulmonares, de modo a se expor a cavidade atrial esquerda.
Igualmente examinam-se as cúspides da valva mitral e, fazendo-se cortes homólogos, aos realizados
no ventrículo direito, abrem-se as câmaras de enchimento e de esvaziamento do ventrículo esquerdo, de
modo a se expor também a luz do ramo ascendente da aorta. A abertura das cavidades cardíacas é
realizada com uma faca de lâmina fina, curta e pontiaguda ou com uma tesoura de lâmina longa e ponta
romba, sendo a abertura das artérias com a tesoura. Os vasos, depois de abertos, são examinados quanto
à sua parede e a sua superfície endotelial. O exame das artérias coronárias e ramos é idealmente
realizado antes da abertura do coração. Após a observação da origem dos óstios das artérias coronárias
direita e esquerda, as aa. coronárias e os seus ramos são abertos, longitudinalmente, com uma tesoura
pequena com lâminas finas e uma das pontas romba. Pode-se também fazer cortes transversais e
sequenciais, em todo o trajeto das artérias coronárias e de seus ramos, na busca de obstruções das suas
luzes. Usualmente o coração é pesado, após ter sido aberto e limpo dos coágulos, e são medidos a
espessura das paredes das câmaras de enchimento ventriculares, direita e esquerda, a cerca de 1 cm
após as valvas tricúspide e mitral, e os perímetros das valvas tricúspide, pulmonar, mitral e aórtica.
- ESTÔMAGO: É aberto pela grande curvatura, cujo corte se estende para o duodeno, expondo-se a
papila de Vater. Neste momento deve-se espremer um pouco a vesícula biliar in situ para se verificar se
estão pérvias as vias biliares extra-hepáticas.
- FÍGADO: É cortado no plano coronal, após o exame e a retirada da vesícula biliar.
- INTESTINO DELGADO: É aberto pelo bordo antimesentérico;
- INTESTINO GROSSO: Sua abertura deve ser, a partir do cólon sigmóide, por corte acompanhando
(lateralmente) uma das tênias (faixa muscular longitudinal), usualmente a tênia livre.
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- RINS: São desencapsulados e cortados do córtex para a medula passando pelo hilo. No caso de
uma das eviscerações em bloco e em que se queira examinar os ureteres, o melhor procedimento é retirar
o máximo da gordura perirrenal e, após o corte do rim, acessar a cavidade pielo-calicial, a qual é aberta
com uma tesoura, cujo corte é direcionado para o ureter, o qual é aberto até a bexiga;
- BEXIGA: Pode ser aberta, com uma tesoura, através do colo vesical ou das inserções dos ureteres.
- ÚTERO: Pode ser aberto com uma tesoura, através do colo uterino, em direção às trompas (abertura
em “Y”) ou ser cortado em fatias paralelas de cerca de 5mm cada, no plano sagital, sendo o primeiro
corte, mediano, buscando-se passar pela cavidade endometrial e pelo canal endocervical. Para facilitar o
exame da luz dessas estruturas, pode-se amputar o colo uterino antes dos cortes.
Ações Preliminares
- Conferir a identificação do cadáver e providenciar sua identificação civil papiloscópica, sempre que
possível.
- Consultar a ocorrência policial e a solicitação de necropsia feita em hospitais.
- Conferir as informações da guia e do cadáver.
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Elaboração do laudo
1. Preâmbulo
- Devem constar a hora, o dia, o mês, o ano e a cidade em que a perícia é realizada, o nome da autoridade
requisitante do exame, o Médico Legista incumbido da perícia, o nome do Diretor do IML que designou o perito, o
nome do exame solicitado e a qualificação do periciando.
2. Quesitos
- Houve morte?
- Qual a causa da morte?
- Qual o instrumento ou meio que a produziu?
- Foi produzida com o emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel?
(resposta especificada).
3. Histórico
Os dados importantes do histórico estarão na guia de requisição de necropsia, na ocorrência policial e na
solicitação hospitalar de necropsia. Este item serve como norteador para a perícia, visto que orientará o
estabelecimento de nexos causal e temporal entre os achados durante o exame e o delito em investigação.
4. Descrição
Aconselha-se subdividir este item em:
- Apresentação do corpo: descrever as vestes do cadáver, invólucros e como se apresenta o cadáver para o
exame.
- Identificação do corpo: descrever características do cadáver quanto a sexo, idade, estatura, peso, biótipo,
ancestralidade geográfica, cor dos olhos, cabelos, tatuagens, sinais particulares e defeitos físicos. Se o corpo estiver
acompanhado de documentos de identificação, anotar seu número e órgão que o expediu.
- Sinais de morte: informar quais fenômenos cadavéricos o corpo apresenta.
- Estimativa da data provável do óbito: pelos fenômenos cadavéricos apresentados, estimar data e hora
aproximada do óbito.
- Exame externo: descrever pormenorizadamente as alterações observadas tais como: palidez cutânea, pletora
facial, cianose labial e de leitos ungueais, turgência de jugulares, edema de membros inferiores, drenagem de
líquidos ou espuma pelos orifícios oral e nasais, e todas as lesões encontradas, suas características, topografia,
número e suas repercussões no organismo.
Nos casos de ferimentos por arma de fogo, caracterizar bem as feridas de entrada dos projéteis em todos os
seus detalhes de tal forma que se possa estabelecer a distância dos disparos. Nas feridas pérfuro-incisas, descrever
formato e dimensão para estabelecer o número e a posição dos gumes. Deve-se utilizar a terminologia anatômica.
As lesões que não guardam relação ao fato delituoso, quando existirem, serão descritas à parte.
- Exame interno: descrever as cavidades acessadas, seus achados e características.
A incisão biacrômio mento pubiana é a que melhor permite acesso às cavidades cervical torácica e abdominal.
No exame das lesões provocadas por projétil de arma de fogo ou instrumento pérfuro-cortante, identificar quais
vísceras foram lesionadas para definição do seu trajeto e da sua gravidade (letalidade). Quantificar o volume dos
derrames encontrados dentro das cavidades.
Nos casos de vítimas de projéteis de arma de fogo e de arma branca, sugere-se realizar a descrição dos exames
externo e interno num mesmo subitem. Assim, logo após a descrição da ferida externa, já indica/indicar por onde o
instrumento que a produziu penetrou no corpo, que vísceras ele lesou e por onde saiu, ou em que local interrompeu
sua progressão.
Essa maneira facilita a descrição e a interpretação dos trajetos encontrados.
5. Discussão
Estabelecer o nexo causal entre os achados do exame e o delito em apuração. As lesões que não guardam
relação com o evento em apuração devem ser elencadas, excluindo-se seu nexo causal com o evento. Informar se
foram feitas radiografias e descrever laudo sumário sobre elas. Informar, de acordo com as características da ferida
de entrada, a distância do disparo da arma de fogo, bem como o trajeto descrito pelo projétil no corpo examinado.
Informar o destino dado ao projétil retirado do corpo da vítima. Separar e informar quais projéteis,
individualmente, poderiam causar a morte. Definir número e posição dos gumes do instrumento pérfuro-cortante e
determinar seu sentido de ação. Informar se foram realizadas fotografias e/ou gráficos e se foram coletadas
amostras de material biológico para exames de laboratório. Referir quais exames solicitou.
Se houver relato de atendimento médico da vítima antes do óbito, transcrever, neste tópico, os aspectos
relevantes dos procedimentos realizados.
6. Conclusão
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Estabelecer a cronologia dos eventos que, partindo de uma causa básica, produziram alterações no organismo
da vítima, culminando com o seu óbito. É um resumo objetivo, porém real e lógico, dos eventos que determinaram
a sua morte. Iniciar pela causa imediata, indo até a causa básica, que é anotada por último.
Fluxograma
Biometria médica.
Biometria [bio (vida) + metria (medida)] é o estudo estatístico das características físicas ou
comportamentais dos seres vivos. Recentemente este termo também foi associado à medida de
características físicas ou comportamentais das pessoas como forma de identificá-las unicamente. Hoje a
biometria é usada na identificação criminal, controle de acesso, etc. Os sistemas chamados biométricos
podem basear o seu funcionamento em características de diversas partes do corpo humano, por exemplo:
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os olhos, a palma da mão, as digitais do dedo, a retina ou íris dos olhos. A premissa em que se
fundamentam é a de que cada indivíduo é único e possuí características físicas e de comportamento (a
voz, a maneira de andar, etc.) distintas, traços aos quais são característicos de cada ser humano.
Tipos de Biometria
Vejamos a seguir um dos mais famosos métodos de identificação, desenvolvido pela biometria
médica.
Em 1884, Juan Vucetich, filho de Victor Vucetich e Vicenta Kovacevich e oriundo da cidade de Lesina
(Iugoslávia), muda-se para a Argentina, indo morar em La Plata. Em julho de 1888, ele toma contato com
os trabalhos científicos de Bertillon através do artigo “El color del íris”, mesmo ano em que ingressa na
Polícia da Província de Buenos Aires. Em 15 de novembro deste mesmo ano, toma posse na Polícia de
La Plata. Em 10 de maio de 1889, é designado Auxiliar de Estatística e, em 26 de setembro deste mesmo
ano, assume o cargo de Chefe desse Escritório.
Em 1891, Vucetich lê o artigo “Anthropologie – Lês empreintes digitales, d’apres Francis Galton”, de
Henry de Varigny, ambos publicados na revista científica Revue Scientifique (ver nota 133). Nesse mesmo
ano, Guillermo J. Núnez, Chefe da Polícia da Província de Buenos Aires, que já havia levado os dois
artigos citados anteriormente ao conhecimento de Vucetich, o encarrega de montar um escritório de
identificação antropométrica em La Plata, semelhante ao de Bertillon em Paris, sugerindo o uso das
impressões digitais.
Sua dedicação e os estudos de Francis Galton e Henry de Varigny levaram Vucetich a crer que as
impressões digitais poderiam sem classificadas em grupos, inventando inclusive formas mais eficientes
para sua coleta, ao acumular grande quantidade delas, suficientemente para sistematizar o seu próprio
método. Vucetich afirmou em 1901, referindo-se a Galton, “não fiz mais do que seguir a rota traçada pelo
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sábio mestre. Ele tem sido meu piloto, e devo ao seu trabalho e ao seu saber a ressonância que tem tido
o meu humilde trabalho e a honra que desmerecidamente me foi dispensada” (Barberá & Turégano, 1988,
p. 87).
Primeiramente, Vucetich nomeou seu procedimento de “Icnofalangometría” ou “Método Galtoneano”,
onde dividia os datilogramas em 101 grandes grupos, assim como constava na sistemática de Galton.
Ao aprofundar seus estudos, em 24 de dezembro de 1896 (Kehdy, 1962, p. 68), Vucetich reduziu seus
grupos a apenas 4 tipos fundamentais, similarmente a Galton, aos quais denominou: Arco (1), Presilha
Interna (2), Presilha Externa (2) e Verticilo (4), criando o Sistema Datiloscópico Argentino.
Uma pergunta que sempre é feita e poucos estudiosos respondem é acerca do por que Vucetich
utilizou esta nomenclatura.
Antes de respondermos a pergunta sobre a origem dos nomes, é importante que entendamos a origem
das impressões digitais, e para isso B. C. Bridges (1942, ps. 1-2) explica que, desde milhões de anos
atrás, “a sobrevivência de cada animal dependia dele reconhecer os rastros deixados por seus amigos
ou inimigos”, desde que minúsculas formas de vida deixaram a água e passaram a se mover sobre a
terra. Assim os pés dos animais que andam no chão logo desenvolveram blocos para apoiar seu peso e
acolchoar seus passos, e em alguns mamíferos esses blocos criaram pequenos agrupamentos, verrugas
epidérmicas “que se organizaram circularmente ao redor de um ápice elevado, e em cada uma delas
abriu-se uma minúscula glândula de suor. Essas verrugas tenderam a se fundir, formando linhas
transversais através do bloco, criando uma superfície de atrito que prevenia os deslizamentos. Dobras da
pele cercaram os blocos, criando uma leve depressão, e onde essas dobras se encontraram formou-se
um delta. Como escalar árvores para se alimentar tornou-se um hábito, parte da existência da espécie,
os agrupamentos de verrugas nesses blocos foram pouco a pouco se aplainando, e um padrão apareceu.
Esse achatamento reduziu a impressão que se tinha de uma terceira dimensão, como se estando em alto
relevo, tornando-o mais parecido com um desenho”.
Para Bridges, “a sobrevivência passou a depender cada vez mais da certeza com que se pegavam as
coisas e os padrões das cristas papilares começaram a se formar proporcionalmente ao tamanho do
animal. A superfície inteira de atrito foi coberta por elevações, mas ao invés de irem de um lado para o
outro, elas mantiveram a direção das dobras que originalmente cercavam os blocos, assumindo a forma
de um verticilo, proporcionando o máximo de tração para uma determinada superfície. Indubitavelmente
as mãos e pés de aborígines tiveram essa mesma aparência. Porém, nos grandes macacos e no homem
primitivo, o peso do corpo transformou-se em um obstáculo muito grande para se continuar escalando as
árvores; assim as superfícies de atrito deixaram de ser uma parte tão importante. Os verticilos
começaram, então, a se transformar em outras formas, laços e arcos”.
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Tais fatos sustentam a afirmação de Barberá e Turégano (1988, p. 420) de que “As formas vão se
simplificando, de uma mais primitiva a outra mais recente, à medida que as gerações humanas
necessitam de menos trabalho rude e preensor (pegar objetos)”. Perceba que, conforme demonstrado na
Tabela – Comparação entre a incidência de Arco Verticilo em ambas as mãos, a prova de que os Verticilos
estão mais associados à característica de preensão está ao constatar-se que eles são mais frequentes
na mão direita e menos na mão esquerda, ocorrendo o oposto com os Arcos.
Assim vemos que a mão direita trabalha mais que a esquerda, assim, nela ocorrem mais vezes
Verticilos, enquanto que na mão esquerda ocorrem mais Arcos. (Barberá & Turégano, 1988, p. 420).
Outro fator preponderante para essa afirmativa está no fato de ser nos dedos Mínimos, justamente os
que têm menor atividade de agarramento, que há menor incidência de Verticilo.
Outros fatos curiosos citados por Barberá e Turégano (1988, p. 420) são que “... atuais descentes de
famílias nobres (casa real), que há séculos não executam trabalhos rudes, exibem com certa frequência
a fórmula 1-1111/1-1111” e que segundo uma teoria defendida no Congresso de Medicina Legal de
Barcelona (3 a 7 de outubro de 1961) “os homossexuais apresentam uma maior incidência de Arcos”, por
fim “As mulheres possuem, em geral, mais Arcos do que Verticilos, pois desde remotamente elas têm um
trabalho menos pesado do que os homens”.
Nas mãos e pés do homem moderno, evoluindo desde tempos remotos, as papilas dérmicas ainda
proveem o atrito necessário para aumentar a segurança no contato com outros objetos. Elas fortalecem
a estrutura dérmica e facilitam o processo de transpiração, além de terem a função de ajudar na
sensibilidade do toque.
Quanto aos nomes, Arco se deve à forma abaulada das linhas que forma este tipo de datilograma, o
mesmo ocorrendo com Verticilo, proveniente do inglês “Whorl” e do espanhol “Espira” ou “Torvellino”,
espiral, arredondado, circular. A grande dúvida fica por conta dos tipos Presilha Interna e Externa.
O termo Presilha vem do espanhol “Presilla” e do inglês “Loop”, que significa laçada, volta. Mas por
que Interna e Externa? Os vocábulos, Interna e Externa, seguem o raciocínio de Galton e Henry, que
definiram seus tipos como “Radial” e “Ulnar” Loop. Para diferenciar dos nomes em inglês, Vucetich
preferiu adotar a posição destes ossos em relação à mão humana, tomando por base a localização do
ápice da laçada, e não a direção da sua abertura (Radial como Externa e Ulnar como Interna), tendo estes
pontos como fixos e não variáveis, independentemente da mão em que ocorram, ao contrário do proposto
pelo sistema Henry. O mais engraçado nessa definição de Vucetich é que seu raciocínio só vale do ponto
de vista da mão direita, pois, da perspectiva da mão esquerda, essas definições se invertem, e aí a lógica
de Henry parece ser mais racional.
Entretanto, a partir do momento em que a coleta e o arquivamento dos dedos nas planilhas
datiloscópicas são feitos pela “ordem natural”, dos polegares para os mínimos, sendo dividida em mão
direita, parte superior, e mão esquerda, parte inferior, a ideia de Vucetich volta a ser muito mais eficiente,
principalmente pelo fato de não ser preciso saber de qual mão se trata o datilograma, o que é impossível
pelo sistema Henry.
Uma melhor solução para evitar essa confusão de nomenclatura foi proposta por Olóriz e adotada
pelos espanhóis, mudando o ponto de vista do núcleo do desenho para a posição dos deltas . Os nomes
adotados (Barberá & Turégano, 1988, p. 92) foram “Sinistrodeltos”, para Presilha Externa, delta à
esquerda do núcleo, e “Dextrodelta”, delta à direita do núcleo, para Presilha Interna. Perceba que esses
nomes têm vantagens mnemônicas sobre os propostos por Galton-Henry e Vucetich.
O modelo da ficha decadactilar de Vucetich, onde as impressões digitais são impressas, consistia
numa folha de papel de 20 x 9 cm, dividida em 2 partes, sendo que na inferior ficariam os dedos da mão
direita e na superior a mão esquerda, dos polegares aos mínimos, dispensando o uso das simultâneas.
Originalmente a ficha reservava as seguintes dimensões para os dedos (Kehdy, 1962, p. 317):
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• Polegares: 35 mm;
• Indicadores: 30 mm;
• Médios: 30 mm;
• Anulares: 30 mm;
• Mínimos: 25 mm.
Atualmente usamos praticamente a mesma ficha, apenas com o detalhe que invertemos a posição das
mãos, a direita é a superior e a esquerda a inferior, e, em seu verso, coletamos as impressões dos dez
dedos simultaneamente.
A originalidade do Sistema Vucetich está em:
• Redigir e ler a fórmula datiloscópica do polegar direito até o mínimo esquerdo, em sequência, ao
contrário de Henry que coletava as impressões em ordem, mas não as lia da mesma forma;
• Simbolizar os polegares com letras e os outros dedos com números;
• Representar as Presilhas com 2 ou 3, considerando-as 2 tipos distintos, ao contrário de Galton que
as tratava em relação aos ossos da mão (Rádio e Cúbito). O sentido radial é do polegar para o mínimo e
o sentido cubital é o oposto;
• Escrever os símbolos dos tipos fundamentais no canto superior direito dos respectivos dedos
(atualmente esta notação é feita no canto superior esquerdo);
• Criou a canaleta para a tomada de impressões digitais (segundo Piédrola algo totalmente
desnecessário);
• Chamou de “Serie” e “Sección” à semifórmula da mão direita e esquerda, respectivamente.
“Fundamental” à letra inicial do polegar direito e aos dedos restantes de “Divisiones”. “Subclasificación” à
letra inicial do polegar esquerdo e “Subdivisiones” aos dedos restantes.
Um dos críticos de Vucetich, Piédrola afirma que o uso da canaleta é “nocivo e totalmente
desnecessário” e, em relação ao excesso de denominações descritas no item 6, todas elas seriam “tolas”
(Barberá & Turégano, 1988, p. 87). E é dessa “tolice” que herdamos até hoje o termo “fundamental”,
quando na verdade Vucetich só o aplicava ao datilograma encontrado no polegar direito, mas que nos
parece corretamente ser aplicado para todos os dedos. Associado ao fato de que, em 24 de fevereiro de
1910, o Poder Executivo na Argentina (Kehdy, 1962, p. 70) decretaria a obrigatoriedade da aposição do
polegar direito em seus títulos de cidadania, advém daí até os dias atuais o equívoco histórico do excesso
de valor aplicado aos polegares, e principalmente ao direito, em menosprezo aos outros dedos,
principalmente os indicadores.
O método começou a ser aplicado em 1º de setembro de 1891 com o registro das impressões digitais
de 23 delinquentes e tinha como objetivo individualizá-los. O primeiro deles a ser cadastrado foi Julio
Torres, vulgo “SaltaParedes” (Barberá & Turégano, 1988, p. 84). Em dezembro deste mesmo ano
identificou 7 pessoas dentre 645 criminosos.
Em 1892, seu sistema datiloscópico foi estendido às penitenciárias de Mercedes, San Nicolas e Sierra
Chica. De 393 aspirantes ao cargo policial, 11 tinham antecedentes criminais. No mesmo ano, Vucetich
coleta impressões digitais de 1.462 pessoas, sendo que 78 delas foram identificadas com antecedentes
e um com nome falso.
Em 29 de junho de 1892, um funcionário de Vucetich, Eduardo M. Alvaréz, vai a um local de crime, na
cidade de Necochea, e coleta os fragmentos de impressões digitais ensanguentadas em uma porta. A
mãe, solteira, Francisca Rojas de Caraballo, de 27 anos, acusava um ancião seu vizinho, Pedro Ramón
Velázquez, de 45 anos, da morte de seus dois filhos, Ernesto Ponciano, de 6 anos, e Felisa Caraballo, de
4 anos, porém este funcionário descobre que a impressão digital corresponde ao polegar direito da mãe.
Vários autores tentam sempre estipular “a primeira vez” de alguns importantes fatos históricos, e entre
eles estão os datiloscópicos. Cabe ressaltar neste ponto que, apesar da tentativa de alguns escritores em
tentar tornar o nome de Vucetich maior do que ele realmente foi, esta não foi a “primeira aplicação da
datiloscopia na Argentina e no mundo”, mas apenas na Argentina. Lembre-se que, afora os fatos ocorridos
séculos antes de Cristo pelos imperadores chineses, que utilizaram a datiloscopia tanto para fins civis
como criminais, Herschel, em 1877, e Faulds, em 1880, usaram as impressões digitais civil e
criminalmente, respectivamente. Portanto, se há alguma primazia em se afirmar a identidade de um
criminoso, esta pertence a Henry Faulds e não a Vucetich. Perceba que Edward Henry só em 1898, 18
anos após Faulds e 6 anos após Vucetich, viria também solucionar um crime através dos datilogramas.
Em seu artigo “Idea de la Identificatión antropométrica: las impresiones digitales”, publicado no jornal
“El Dia” de 12 de dezembro de 1893, Vucetich propõe a expansão do uso das impressões digitais à
identificação civil, até então restrita ao uso criminal.
Nesse mesmo ano, também publica um livro intitulado “Sistema de filiación. Provincia de Buenos
Aires”, mas que, na opinião de Barberá e Turégano (1988, p. 85) “não teve nenhuma originalidade por
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ser uma adaptação das obras de Lavater “L’art de connaître lês hommes pour la phisonomie” de 1781 e
de Brocca “Instructions générales pour lês recheches antropologiques à faire pour lê vivant” de 1864 e
1879”.
Em 14 de setembro de 1895, na cidade de La Plata, Vucetich pessoalmente faz a primeira identificação
necroscópica de um cadáver que havia se suicidado com um corte na garganta provocado por uma
navalha. Confrontando apenas as impressões digitais da mão direita, tendo em vista o estado de
decomposição do corpo, com as fichas que tinha obtido na cadeia de Sierra Chica dois anos antes e que
guardava em seus arquivos, conseguiu identificar o suicida como Carlos Casali (Sappietro, 2000). Em 6
de dezembro de 1896, na mesma cidade, em uma cena de crime onde foi assassinado Abdón Rivas,
impressões digitais foram encontradas e identificadas como sendo Audifrásio González, o autor do crime
(Kehdy, 1962, p. 68).
A contribuição positiva desse procedimento nas investigações policiais, devido à sua grande
simplicidade e eficiência, levou o governo argentino a adotá-lo em suas cédulas de identidade, pois se
comprovou ser muito mais eficaz que todos os métodos anteriores. Em 6 de novembro de 1895, é adotado
oficialmente pela Polícia de La Plata e, em 1º de janeiro de 1896, abandona-se definitivamente a
identificação utilizada pelo sistema antropométrico de Bertillon. Um ano após é batizado de “Sistema
Datiloscópico Argentino”.
Os livros e artigos de Vucetich serviam para reproduzir a evolução de seus pensamentos e estudos,
assim ao reunir um farto material submeteu-os ao Segundo Congresso Científico Latino-Americano, em
março de 1901 na cidade de Montevidéu. Uma das decisões desse Congresso foi a de sugerir aos países
latino-americanos que adotassem as impressões digitais como “meio individualizador insuperável”. A
partir daí, difundiu-se por todo o mundo como técnica identificadora, sendo cunhada por Lacassagne a
expressão “Vucetismo”, a ponto de ser considerada por Reyna Almandos “por sua inquestionável eficácia,
perfeito em sua aplicação matemática”. Vários órgãos de diferentes países, principalmente os de língua
não anglo-saxônica, como a França (1903), Itália (1906), Espanha (1907), Chile, México (1920), Noruega,
Japão, Bélgica, Tchecolosváquia, Alemanha, passam a adotá-lo.
Após Félix Pacheco assistir palestra de Juan Vucetich neste Congresso, o Brasil oficializou seu método
em 5 de fevereiro de 1903, por meio do Decreto 4.764, que, em seu artigo 57 e em seu parágrafo único,
introduz a identificação datiloscópica nos seguintes termos:
“Art. 57 – a identificação dos delinquentes será feita pela combinação de todos os processos
atualmente em uso nos países mais adiantados, constando do seguinte, conforme o modelo do Livro de
Registro Geral, anexo a este Regulamento:
a) exame descritivo (retrato falado);
b) notas cromáticas;
c) observações antropométricas;
d) sinais particulares, cicatrizes, tatuagens;
e) impressões digitais;
f) fotografia de frente de perfil.
Parágrafo Único – Estes dados serão na sua totalidade subordinados à classificação dactiloscópica,
de acordo com o método instituído por D. Juan Vucetich, considerando-se, para todos os efeitos, a
impressão digital como prova mais concludente e positiva da identifidade do indivíduo, dando-se-lhe a
primazia no conjunto das outras observações, que servirão para corroborá-la.”
Neste mesmo ano, o Brasil realizaria um convênio com a Argentina sobre a troca de individuais
datiloscópicas entre o Rio de Janeiro e La Plata e, em 20 de outubro de 1905, esse acordo estender-se-
ia às polícias de Buenos Aires, Montevidéu e Santiago, ocasião em que foi proposta a adoção da carteira
de identidade (Kehdy).
Historicamente devemos a esse artigo dois pontos extremamente distintos para os profissionais da
área da papiloscopia: um deles positivo, a oficialização da datiloscopia como forma inequívoca de
identificar as pessoas; o outro extremamente negativo, deixando a pecha de que a datiloscopia estaria
voltada principalmente para os delinquentes, com reflexo até os dias de hoje, uma vez que o Congresso
Nacional por meio de norma constitucional, em 1988, estabeleceu que “o civilmente identificado não será
submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. Ora, um dos pontos mais
positivos do sistema datiloscópico, que outros processos não possibilitavam, isto é, a sua aplicação tanto
para fins civis como criminais, com este Decreto viu-se inoperante. Apenas em abril de 1907, quatro anos
após o Decreto 4.764 ser editado, seria estendido à identificação civil, começando pelo Rio de Janeiro,
mas aí o mal já estava realizado.
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O livro “Datiloscopia Comparada”, considerado a principal obra de Vucetich, foi apresentado no II
Congresso Médico de Buenos Aires, continha a base de sua disciplina e a relacionava com a Biologia,
além de compará-la com outros sistemas de identificação de seus antecessores. Tal obra, traduzida
inclusive para o japonês, recebeu vários prêmios e menções por todo o mundo.
Em agosto de 1905, ao analisar seu mais recente livro “Evolución de la Dactiloscopia”, o III Congresso
Científico Latino-Americano, realizado no Rio de Janeiro – Brasil, ressaltou a eficiência do método
datiloscópico, devido à sua economia, facilidade e praticidade. Ademais demonstrou ser “infalível” ao
comprovar que não existem duas pessoas com impressões digitais idênticas.
Em 1º de julho de 1907, a Academia de Ciências de Paris reconhece que o Sistema Vucetich é superior
ao Sistema de Bertillon e, em 1908, foi a vez do IV Congresso Científico Latino-Americano, realizado no
Chile, onde apresentou as teses “Necesidad de crear en cada país una Oficina Central de Identificación”,
“Estadística de la Criminalidad” e “Ficha o Cédula de Canje Universal”.
Em 1º de maio de 1909, o Banco Espanhol adotaria as impressões digitais como forma de identificar
seus clientes.
Em 1911, foi nomeado Diretor do Registro Nacional de Identificação, quando a Lei 8.129, decretada
pelo Congresso Nacional, ordenou o cadastramento eleitoral de todos os cidadãos argentinos.
Em 1912, o Brasil adotaria este sistema em todo território nacional e Vucetich faria várias viagens de
estudo pelo mundo, com o objetivo de saber como cada país estava desenvolvendo a técnica de
identificação. Assim conheceu Bombaim, Nova Delhi, Calcutá, Madras, Colombo, Panag, Singapura,
Hong-Kong, Shangai. Em 14 de abril de 1913, montou em Pequim, a pedido do Ministro da Justiça Dr.
Shih Iin Hsii, o primeiro Gabinete de Identificação pelo Sistema Argentino na China.
Ainda em 1913, visitou o Japão, país no qual seu livro “Dactiloscopia Comparada” já havia sido
traduzido, Estados Unidos, divulgando seu sistema nas cidades da Califórnia, Berkeley, Oakland e
Alameda, e Cuba em Havana.
De volta à Argentina, ocupou-se com a redação de um Projeto de Lei para a criação do Registro Geral
das Pessoas, na Província de Buenos Aires, promulgada em 20 de julho de 1916, porém, para sua
tristeza, o projeto foi abortado dez meses depois de começado, em 28 de maio de 1917. Nesta lei, no
artigo 4º, Inciso 10, Letra B, estabelecia a obrigatoriedade da identificação dos recém-nascidos pelo
método datiloscópico. A afirmativa de que esse projeto seria o “primeiro de sua espécie” não condiz com
a realidade, pois tal proposta já havia sido feita na Espanha, em 1911, por Federico Olóriz Aguilera.
É importante ressaltar que até hoje não é possível fazer este tipo de coleta de forma satisfatória, pois
os equipamentos, por mais avançados que estejam, não possuem tecnologia suficiente para conseguir
capturar estas impressões digitais de forma nítida e que possibilitem aos técnicos uma análise eficiente.
O que conseguimos são apenas borrões que de nada ajudam no estabelecimento de uma identidade.
No Brasil, a ideia proposta para solução de semelhantes problemas, antevistos por Vucetich, foram
primeiramente discutidas em 1934 no I Congresso Brasileiro de Identificação, que conclui pela
identificação das crianças apenas em sua idade escolar, ao se matricular pela primeira vez em um
estabelecimento de ensino. Posteriormente, em 1997, houve a edição do Decreto regulamentador da Lei
número 9.454 que em seu Capítulo III – Do Registro Civil das Pessoas Naturais, artigo 8º, § 1º estabelece
que:
“Art. 8° O número único de Registro de Identidade Civil será atribuído à pessoa pelos órgãos locais,
quando da lavratura do seu Registro de Nascimento.
§ 1° Os órgãos locais atribuirão o número único de Registro de Identidade Civil, ao recém-nascido,
mediante apresentação da Declaração de Nascido Vivo, padronizada pelo Ministério da Saúde e
preenchida pelo estabelecimento de saúde onde ocorreu o nascimento, dela devendo constar sua
impressão plantar e a impressão digital do polegar direito da mãe, sem prejuízo de outras formas
normatizadas pela autoridade administrativa competente.”
Apesar de mais de 40 anos, a afirmação de Carlos Kehdy, de 1962 (p. 492), ainda continua sendo
extremamente atual, ao dizer que “o recém-nascido continua sendo identificado nas maternidades, a título
precário, embora essa identificação associe o filho à mãe, pela respectiva ficha, ainda não está
positivamente garantida a identidade da criança, em virtude dessa precariedade da identificação do
recém-nascido e da não implantação da identificação escolar, nos estabelecimentos de ensino primário”.
Podem existir métodos modernos e precisos para a identificação do indivíduo, mas nenhum que seja
tão preciso, barato e tão difundido quanto a identificação datiloscópica de Vucetich. Este é o método oficial
adotado no Brasil desde 1903.
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Especificações do Sistema
O Sistema decadactilar de Vucetich se baseia na identificação utilizando as impressões de todos os
dedos de ambas as mãos.
Na existência de ponto(s) de confluência entre os três sistemas cria-se uma figura típica denominada
delta ou trirrádio (pequeno ângulo ou triangulo formado pelo encontro das linhas).
A presença de um, dois ou nenhum delta na impressão digital estabelece os 4 padrões do Sistema
Dactiloscópico de Vucetich.
- Verticilo: ter dois deltas, um de cada lado;
- Presilha Externa: ter um delta, à esquerda do observador;
- Presilha Interna: ter um delta, à direita do observador;
- Arco: não ter delta.
Para fins de classificação, essas quatro formas fundamentais se designam pelas letras (V,E,I,A)
quando se encontram no polegar, e por números (de 1 a 4), quando se encontram em qualquer um dos
outros dedos:
- V (Verticilo) = 4 (dois deltas);
- E (Presilha Externa) = 3 (um delta à esquerda);
- I (Presilha Interna) = 2 (um delta à direita);
- A (Arco) = 1 (adéltico: sem deltas).
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Fórmula Dactiloscópica
Também denominada Individual Dactiloscópica é uma fórmula empregada para arquivamento dos
achados obtidos a partir da tomada e classificação das impressões digitais de um indivíduo. Nessa
fórmula, os dedos da mão direita constituem a série, e os dedos da mão direita, a seção. O polegar da
série é denominado fundamental, e os demais dedos constituem a divisão.
Estrutura da fórmula
a) Numerador (série):
- dedos da mão direita
- começando pelo polegar (representado por uma letra)
- demais dedos (indicador, médio, anular e mínimo): representados por números
b) Denominador (secção):
- os dedos da mão esquerda
- na mesma sequência da mão direita
Série: V - 3243
Seção: I - 2131
Anomalias
São defeitos dos dedos, os quais podem ser congênitos ou adquiridos; os primeiros já nascem com o
indivíduo e os últimos são adquiridos no decorrer da existência. Chamamos a atenção para diferença
entre desenho anômalo e anomalia.
DESENHO ANÔMALO – convencionou-se designar os tipos especiais como desenhos anômalos, isto
é, os seus núcleos apresentam características anormais, diferentes dos tipos fundamentais preconizados
por VUCETICH.
ANOMALIAS – são apenas defeitos dos dedos, podendo apresentar desenhos digitais perfeitos.
Apresentaremos, a seguir, um exemplo da anomalia mais comum, a hiperdatilia. Esta anomalia consiste
na presença de dedos em número superior ao normal.
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Os indivíduos portadores de hiperdatilia costumam submeter-se a uma intervenção cirúrgica para
extração dos dedos anormais. Neste caso, ficará com as mãos normais, porém, com uma cicatriz que
deverá ser anotada pelo identificador, na respectiva ficha de identidade. Além da hiperdatilia, existem
outras anomalias congênitas, tais como: a hipodatilia (números de dedos inferior ao normal), a sindatilia
(dedos ligados pela pele ou pelos ossos), a agenésia total (a não formação dos dedos), etc. Dentre as
anomalias não congênitas podemos citar a microdatilia (diminuição do volume do dedo) e a macrodatilia
(aumento anormal do volume digital), etc.
Em resumo:
ANOMALIAS CONGÊNITAS
- Hiperdatilia
- Hipodatilia
- Sindatilia
- Agenésia total
Deve-se anotar essas anomalias nas ID (tiradas em duplicata), para a orientação do datiloscopista,
pois constituem as únicas exceções à classificação normal, sendo arquivadas em arquivos especial.
Quando o desenho papilar for impossível de classificação, deformado por cicatrizes e nas
malformações escreve-se X; e na falta parcial ou total do dedo, 0 (zero).
PONTOS CARACTERÍSTICOS
São os acidentes encontrados nas cristas papilares; os elementos individualizadores da impressão
digital.
A evidenciação de 12 pontos característicos permite o estabelecimento da identidade de uma pessoa
(Brasil).
1 - Ilhota;
2 - Cortada;
3 - Bifurcação;
4 - Forquilha;
5 - Encerro.
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A leitura da impressão digital se faz em sentido horário, sendo iniciada a análise na posição 12 h.
2ª Registro
Planilha dactiloscópica obtida quando do levantamento pericial ou impressão digital deixada em local
de crime (exame de local de crime, necroscópico).
3ª Comparação
Busca de pontos característicos correspondentes (planilha do Instituto de Identificação com impressão
digital deixada no local dos fatos ou coletada do cadáver).
2. Latentes: para ficar evidente, a impressão precisa ser revelada com reveladores próprios (carbonato
de chumbo, negro de fumo e outros métodos mais modernos)
Questões
01. (PC/TO – Papiloscopista - Aroeira) O processo de identificação, para ser completo, necessita de
certos requisitos de natureza biológica e técnica para a obtenção de bons resultados. A ciência que utiliza
esse processo de identificação para fins de aplicação no direito criminal é chamada de
(A) Antropologia forense.
(B) Arqueologia penal.
(C) Medicina criminal.
(D) Paleontologia humana.
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02. (PC/GO - Delegado de Polícia – UEG). Em Antropologia Forense, os ângulos faciais (Jacquart,
Cloquet e Curvier) são determinantes para:
(A) altura
(B) idade
(C) sexo
(D) raça
03. (PC/MG -Delegado de Polícia – PC-MG). No esqueleto, a estimativa do sexo, faz-se pelas
características morfológicas observadas, após a puberdade. Os achados mais evidentes do dimorfismo
sexual são observados no(a)
(A) clavícula.
(B) úmero.
(C) fêmur.
(D) pelve.
04. (PC/RJ - Delegado de Polícia – FUNCAB). A identificação de uma pessoa se define como um
conjunto de características que individualiza a pessoa, tornando-a diferente das demais. Sob esta óptica,
o exame de DNA, embora moderno e com alto grau de confiabilidade, não é suficiente para a
determinação da identidade, pois via de regra, essas análises são realizadas utilizando-se como material
de comparação amostras de familiares, sendo assim um método capaz de gerar o grau de parentesco e,
não a identidade propriamente dita, ou seja, pode determinar se um indivíduo é filho de alguém, mas não
qual dos filhos. Outras técnicas, científicas, ao contrário do exame de DNA, podem, isoladamente, conferir
a identidade a um cadáver, considerando a preexistência de parâmetros de comparação. Entre essas
técnicas, estão:
(A) reconhecimento facial, arcada dentária e sobreposição de imagens.
(B) reconhecimento facial, sinais particulares e sobreposição de imagens.
(C) impressão dactiloscópica, sinais particulares e sobreposição de imagens.
(D) impressão dactiloscópica, arcada dentária e sobreposição de imagens.
(D) impressão dactiloscópica, arcada dentária e sinais particulares.
05. (DPF - Perito Criminal Federal – CESPE). Considerando que questões relativas à identidade e
identificação são estudadas pelo ramo da medicina legal denominado antropologia forense, julgue o item
a seguir.
A identificação médico-legal antropológica é realizada sobre o corpo vivo ou sobre o cadáver inteiro,
espostejado ou reduzido a ossos, a partir da análise das características de idade, sexo, raça, peso e
estatura.
( ) certo ( ) errado
07. (PC/MA - Médico Legista - FGV) A necropsia pode ser realizada conforme várias técnicas. Quanto
à técnica de Ghon, assinale a afirmativa correta.
(A) Ela se inicia pela abertura da cavidade tóracoabdominal.
(B) O primeiro monobloco engloba todo o mediastino.
(C) O esôfago faz parte do primeiro monobloco, segundo esta técnica.
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(D) O segmento terminal do duodeno, o jejuno, o íleo e o cólon são os últimos a serem examinados.
(E) Os testículos fazem parte do quarto monobloco.
08. (PC/PA – Papiloscopista - FUNCAB/2016) Acerca do sistema datiloscópico de Vucetich, qual das
alternativas abaixo apresenta corretamente as quatro formas básicas de desenhos de cristas papilares
das polpas digitais?
(A) Arco, presilha interna, verticilo e presilha externa
(B) Presilha interna, deita presilha externa e verticilo
(C) Arco, delta, presilha interna e presilha externa
(D) Delta, arco, presilha interna e vertícilo
(E) Presilha externa, vertícilo, delta e arco
09. (Polícia Científica/PE - Perito Papiloscopista - CESPE/2016) Acerca dos tipos fundamentais de
datilograma descritos por Juan Vucetich, assinale a opção correta.
(A) O arco se caracteriza pela presença de um delta à esquerda do observador.
(B) A forquilha é o datilograma que apresenta um delta à direita do observador.
(C) O verticilo se caracteriza pela presença de dois deltas.
(D) A bifurcação é um datilograma didéltico.
(E) A presilha é o datilograma adéltico formado por linhas paralelas e abauladas.
11. (PC/GO - Delegado de Polícia – UEG). No local do crime, os peritos arrecadaram um desenho
digital que apresentava um delta à esquerda. Pelo sistema de Vucetich, este desenho é classificado como
(A) presilha interna
(B) verticilo
(C) presilha externa
(D) arco
Respostas
01. Resposta: A
A antropologia forense é ciência que utiliza esse processo de identificação para fins de aplicação no
direito criminal, utiliza os conhecimentos da biologia do esqueleto humano e de outras ciências forenses
na identificação de cadáveres em avançado estado de decomposição, carbonizados ou gravemente
mutilados e restos esqueléticos e no esclarecimento da causa e circunstâncias da morte dos indivíduos.
02. Resposta: D
Há cinco tipos étnicos fundamentais: caucasiano, mongólico, negróide, indiano e australóide. A raça é
identificada pelo índice cefálico (forma do crânio e ângulo facial).
03. Resposta: D
A pelve tem fundamental importância na proteção dos órgãos localizados na cavidade pélvica, também
atua como ponto de fixação para os músculos do períneo e dos membros inferiores. Servindo para
sustentar o tronco e promover uma área para inserção das extremidades inferiores, atuando na
transferência de peso para os membros inferiores. É limitada anteriormente pela sínfise púbica ou púbis,
lateralmente pelos ossos do quadril (íleo, ísquio e púbis), posteriormente pelo sacro e cóccix e
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inferiormente pelo diafragma da pelve, este último separando a pelve do períneo. A pelve da mulher serve
ainda para outra função vital: proteger os órgãos reprodutores e o feto em desenvolvimento.
04. Resposta: D
As técnicas que são usualmente utilizadas, como a impressão dactiloscópica e o exame de arcada
dentária, são válidas para a imensa maioria dos casos como meio de produção de prova de identificação.
Os sinais particulares, tais como tatuagens, cicatrizes, amputações e estigmas profissionais não
seguem aos princípios básicos de identificação que são: a unicidade, imutabilidade e praticidade.
Não é possível, do ponto de vista científico, conferir identidade a um indivíduo unicamente por ele
possuir determinada marca ou tatuagem.
Os sinais particulares, embora incapazes de, por si só, identificar o indivíduo, geralmente tem
relevância como critério de exclusão no processo de investigação médico-legal.
06. Resposta: D
Genival Veloso assevera: "Finalmente, pode-se dizer que o método de identificação pelo sistema
dactiloscópico de Vucetich é um processo de grande valia e de extraordinário efeito, porque ele apresenta
os requisitos essenciais de um bom método: unicidade, praticabilidade, imutabilidade e classificabilidade.
Só não apresenta o requisito da perenidade".
07. Resposta: B
O primeiro bloco, também chamado bloco cardiopulmonar, é constituído da língua e órgãos do pescoço
(faringe, esôfago, laringe, traquéia, glândulas tireóide e paratireóides e as glândulas salivares
submandibulares, entre outros), além do coração, com os vasos da base e ramos, e dos pulmões com os
brônquios principais e as demais estruturas do mediastino.
08. Resposta: A
De acordo com o sistema dactiloscópico de Vucetich as quatro formas básicas de desenhos de cristais
papilares das polpas digitais são: o arco (sem delta), a presilha interna (um delta à direita do observador),
o verticilo (dois deltas) e a presilha externa (um delta a esquerda do observador).
09. Resposta: C
Conforme o Sistema de Vucetich o verticilo pela existência de dois deltas, sendo um delta à direita e
outro à esquerda do observador, tendo pelo menos uma linha livre e curva à frente de cada delta.
10. Resposta: D
Arco: é o datilograma, geralmente adéltico, formado por linhas que atravessam o campo digital,
apresentando em sua trajetória formas mais ou menos paralelas e abauladas ou alterações
características. É representado pela letra A para os polegares e número 1 para os demais dedos.
11. Resposta: C
Presilha externa - o delta situa-se à esquerda do observador - representado pela letra E para os
polegares e 3 para os demais dedos
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