Mapeamento - Pemba

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 38

Mapeamento Inicial de Base

MuniSAM
MUNCÍPIO DE PEMBA

Aly Lálá e Deborah Capela| MuniSAM | Julho 2016

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
1

INDICE

Índice
Sumário Executivo .........................................................................................................................................3
Introdução ......................................................................................................................................................5
Antecedentes gerais ..................................................................................................................................5
O Município de Pemba .............................................................................................................................7
A SITUAÇÃO DA RESPONSABILIZAÇÃO SOCIAL POR COMPONENTE ........................................... 9
COMPONENTE A – Maior resistência às Mudanças Climáticas e sistemas sustentáveis de Gestão
de Resíduos sólidos urbanos ................................................................................................................... 9
COMPONENTE B – Gestão Financeira ................................................................................................. 18
COMPONENTE C – Governação Municipal e Participação dos cidadãos.........................................22
Conclusões e Reflexões Finais ................................................................................................................... 29
Anexos ..........................................................................................................................................................34
Anexo A - Bibliografia .................................................................................................................................34
Anexo B - Lista de Entrevistados ............................................................................................................... 35

Índice de Figuras
Figura 1 – Vista sobre o quintal de uma residência no Bairro Paquitequete ........................................................... 08
Figura 2 – Contentor para o depósito do Lixo ........................................................................................................... 163
Figura 3 – Casas no Bairro Paquitequete construídas em zonas de grande perigo de desabamento ..................... 17
Figura 4 – Vereador apresentando o mapa de suspectibilidades a calamidades no bairro de Pemba...................17
Figuras 5 e 6 – O impacto do lixo nas infra-estruturas de drenagem ....................................................................... 18
Figura 7 – Pesquisador do MuniSAM (à esquerda) com o Vereador de Finanças (à direita) ................................ 20
Figura 8 – Escada de Participação de Sherry Arnstein .............................................................................................. 28

LISTA DE ABREVIATURAS

MuniSAM Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao nível dos Municípios


SAMCom Comité de Monitoria de Responsabilização Social
PRODEM Programa de Desenvolvimento Municipal
PDA Programa de Desenvolvimento Autárquico
ANAMM Associação Nacional dos Municípios de Moçambique

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
2

CM Conselho Municipal
AM Assembleia Municipal
OIDP Observatório Internacional de Democracia Participativa
FMI Fundo Monetário Internacional
USAID Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional
CCAP Programa de Adaptação Climática em Cidades Costeiras – USAID
OSC Organizações da Sociedade Civil
AMA Associação do Meio Ambiente
MULEIDE Associação Mulher, Lei e Desenvolvimento
FOCADE Fórum das Organizações de Cabo Delgado
DUATS Direito de Uso e Aproveitamento de Terras
DATA Departamento de Administração do Território Autárquico
CC Conselhos Consultivos
PERPU Plano de Redução de Pobreza Urbana
NUIT Número Único de Identificação Tributária

AGRADECIMENTOS
A CONCERN Universal Moçambique endereça um especial agradecimento ao Presidente do Conselho
Municipal da Cidade de Pemba, o qual abriu as portas da instituição que dirige e facilitou - na impossibilidade
de receber-nos pessoalmente - o acesso aos entrevistados e a documentação relevante. Os vereadores
contactados e a toda equipa do Conselho Municipal, a Assembleia Municipal e alguns representantes da
sociedade civil ofereceram-nos notas importantes que servirão como referência à equipa na utilização da
abordagem de responsabilização social no âmbito do Programa de Desenvolvimento Municipal - PRODEM.
A todas as pessoas e entidades que partilharam connosco a sua opinião e contributo tornando possível o
presente mapeamento, o nosso Muito Obrigado em nome de toda a equipa MuniSAM.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
3

Sumário Executivo
O presente relatório é referente a um exercício de Mapeamento Inicial no âmbito da
implementação do Programa MuniSAM – Programa de Monitoria de
Responsabilização Social ao nível dos Municípios, integrado a partir de Janeiro de
2016 no PRODEM – Programa de Desenvolvimento Municipal, um programa do
Governo de Moçambique que conta com o apoio de quatro parceiros internacionais
de desenvolvimento (Dinamarca, Suíça, Suécia e Irlanda). O MuniSAM está
integrado dentro da componente de Participação do Cidadão, a Componente C, mas
também é implementado numa perspectiva transversal, abrangendo, deste modo, as
Componentes A (maior resistência às Mudanças Climáticas e sistemas sustentáveis
de Gestão de Resíduos sólidos urbanos) e B (Gestão Financeira) do PRODEM.

O relatório de mapeamento inicial pretende oferecer uma descrição detalhada da


actual situação da capacidade e engajamento entre Conselho Municipal, Assembleia
Municipal e Munícipes em volta dos processos de gestão dos recursos públicos e no
nível de satisfação das necessidades dos Munícipes através da provisão de serviços
públicos aos mesmos. As constatações do presente Relatório serão também
utilizadas para comparar o progresso que venha a ser alcançado pelo Programa
MuniSAM, para efeitos de monitoria e avaliação e de medição de impacto. A visita
de campo ao Município de Pemba foi realizada em Abril de 2016.

Cada uma das secções e subsecções do relatório pretende fornecer um retrato


abrangente sobre a actual situação no que respeita à capacidade de envolvimento no
nível municipal, entre órgãos municipais e munícipes, mas, mais especificamente, o
relatório procura avaliar a capacidade das partes interessadas para participarem
efectivamente em torno dos processos de Responsabilização Social que dizem
respeito às três Componentes A, B e C. O relatório foi estruturado de modo a
fornecer um conjunto de constatações de base relativas a cada uma das
Componentes referidas.

Para que a análise fosse possível foi consultada uma série de documentação
relevante e contactos com intervenientes e partes interessadas–chave foram
realizados em Maputo e em Pemba. Foi também efectuada uma análise aprofundada
ao quadro jurídico-legal e institucional relacionado com cada um dos processos de
responsabilização social no nível municipal e as normas aplicáveis a cada um dos
processos de responsabilização social foram mapeadas.

Notamos que os vereadores contactados demonstraram possuir um conhecimento


e domínio profundo e das matérias referentes às suas vereações (Finanças, Meio
Ambiente e Urbanização). Os mesmos demonstram ainda abertura significativa para
com a iniciativa de promoção de participação dos cidadãos. Sentimos que os órgãos
municipais e entidades contactadas durante o exercício tem uma enorme

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
4

expectativa que as actividades previstas venham a apoiar a autarquia a ultrapassar


os seus principais desafios.

A nossa percepção é ainda que há uma necessidade de agilizar a coordenação e


comunicação entre o Conselho Municipal e as organizações da sociedade civil, por
forma a suprimir o clima de desconfiança que pudemos perceber através dos
contactos com organizações de sociedade civil. A última secção do presente
documento aborda com maior detalhe e explicação as constatações por cada uma
das componentes do PRODEM.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
5

Introdução
ANTECEDENTES GERAIS
Moçambique é um país que enveredou, desde 1997, num processo de
municipalização1, o qual vem sido gradualmente implementado. Se, por um lado, o
estabelecimento de autarquias tem como fim desconcentrar certos poderes do
Estado para entidades públicas autónomas; por outro, o objectivo é de aproximar a
prestação de serviços básicos ao cidadão. Assim, questões como o ensino primário,
a prestação de serviços primários de saúde, a gestão de resíduos sólidos e, entre
outros, a adopção e controle da utilização de formas de estar ambientalmente
sustentáveis, devem estar sob a alçada do município.

O Decreto 33/2006 estabeleceu o quadro de transferência de competências para as


autarquias, contudo este processo tem sido demasiadamente lento.

As primeiras 33 autarquias foram criadas em 1998. Uma segunda geração nasceu em


2008, cerca de 10 autarquias. Mais 10 foram criadas em 2013, perfazendo um total de
53 autarquias. A Cidade de Pemba faz parte das primeiras autarquias criadas por
força da Lei 10/97 de 31 de Maio.

Um estudo realizado em 2009 sobre as lições aprendidas nos primeiros dez anos de
autarquização2 concluíra que os municípios enfrentavam (riam) sérios problemas
em áreas específicas como sejam, na gestão financeira, em recursos humanos, na
gestão de resíduos sólidos, pobreza urbana, e na prestação integrada de serviços.
Estes desafios permanecem até hoje, e permanecem também pertinentes as
questões principais de análise que o estudo colocava: (a) o impacto da
urbanização em Moçambique e no futuro? (b) os principais desafios,
constrangimentos, soluções e oportunidades enfrentados pelos municípios? (c)
como responder a tais desafios? (d) qual o papel do Governo, da ANAMM e dos
Parceiros de Cooperação na criação de um clima mais propício a que os municípios
funcionem com eficácia? (e) como podem as agências de ajuda ao desenvolvimento
dar melhor apoio ao desenvolvimento autárquico e quais as lições aprendidas até ao
presente?

Apesar de ser certo que o processo de descentralização municipal veio para ficar e
expandir, muitas destas questões continuaram, e continuam, actualmente, sem
resposta e poucas evidências sólidas existem para depreender-se que tenha havido
um forte impacto sobre os desafios então identificados. Durante o Seminário
Nacional de Governação Municipal Participativa em preparação da 16ª Conferência

1Com a aprovação do Decreto nº 33/2006 de 30 de Agosto, que estabelece o quadro de transferência de funções e
competências dos órgãos do Estado para as autarquias Locais.
2 Desenvolvimento Municipal em Moçambique: As Lições da Primeira Década, MAE (Ministério da Administração
Estatal), ANAMM, SDC, Banco Mundial, GTZ, ADA, Embaixada Real da Dinamarca, UCL-DPU e UN-Habitat, vários
autores, 2009.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
6

da OIDP3, a Ministra da Administração Estatal e Função Pública, Carmelita


Namachilua sublinhou que os desafios prioritários para os Municípios
moçambicanos são - numa perspectiva de provisão de serviços de qualidade e alívio
da pobreza -, entre outros, (a) o ordenamento territorial e a gestão do solo urbano;
(b) o aumento de receitas próprias; (c) o saneamento do meio; (d) a adaptação às
mudanças climáticas e (f) a responsabilização social dos munícipes e autarcas no
desenvolvimento das suas cidades e vilas.

A ministra apregoou que é importante estimular que as autarquias assumam a sua


responsabilidade em melhorar o exercício das suas funções. Adianta-se ainda,
determinando que os Municípios devem prestar serviços de qualidade aos
munícipes, e, devem empreender-se no aumento da sua capacidade de geração local
de receitas por forma a reduzir a actual excessiva dependência nas transferências
pelo Governo Central (para funcionamento e investimento, em estradas e fundos de
iniciativa local).

O Governo está bem claro sobre a necessidade de aumentar capacidade, a


transparência e a responsabilização social na gestão (obtenção e utilização) de
recursos municipais. Parece-nos porém que a visão estratégica do processo de
municipalização em Moçambique ainda não é clara e igual para todas as partes
interessadas e actores no processo, principalmente a nível local (Municípios) onde
ainda é possível encontrar alguma resistência por parte dos gestores municipais na
adopção destes princípios e abertura para com iniciativas desta natureza. Poderia
este ser, um dos eixos estratégicos para a Associação Nacional dos Municípios de
Moçambique (ANAMM) no seu próximo plano de longo prazo.

Permanecem desafios a nível de controlo na gestão da coisa pública e na participação


cívica, os quais aliás não são mais do que um reflexo de toda a conjuntura da
governação em Moçambique, a nível distrital, provincial e central. Moçambique
atravessa uma crise sem precedente de gestão de recursos públicos. De acordo com
o FMI, para Moçambique previa-se um crescimento económico de 6.5 por cento em
2016. E em Dezembro de 2015, afirmou que o país registaria, entre outros um
crescimento robusto4. Todavia, a actual conjuntura político-económica mundial não
tem permitido materializar as projecções financeiras dos países, principalmente no
continente africano. Os sistemas de governação existentes, por serem ainda frágeis,
apenas exacerbaram o impacto da referida conjuntura. Se, por um lado, iniciativas
que antecederam ao PRODEM (e.g. PDA, P-13, etc.) contribuíram para reforçar o
quadro institucional das autarquias abrangidas, rápido notou-se que ausências de

3
Observatório Internacional de Democracia Participativa.
4
Por favor, consulte IMF Executive Board Completes Fifth PSI Review, Approves US$282.9 Million
Credit Facility and Concludes 2015 Article IV Consultation with Mozambique, Press Release No.
15/580, December 18, 2015

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
7

mecanismos de engajamento cívico inibem o desenvolvimento e boa-governação


almejados.

Acreditar que, com o reforço das capacidades de engajamento dos munícipes a


pressão cívica exercida sobre os órgãos municipais irá mudar e, consequentemente,
irá alterar-se a qualidade dos serviços municipais prestados foi um dos principais
motos do MuniSAM, que demonstrou que iniciativas de Responsabilização Social e
engajamento cívico podem melhorar a governação municipal e os processos de
gestão de recursos públicos. O PRODEM, que por sua vez, coloca ênfase tanto no
reforço institucional como na promoção da Responsabilização Social integrou a
abordagem utilizada pelo MuniSAM na sua Componente de governação
participativa.

O desafio permanece, sem dúvida, em assegurar que toda a reforma em curso no


país e que as intervenções de Responsabilização Social possam ser traduzidas em
benefícios reais para os munícipes de Moçambique.

O Município de Pemba

Pemba é a cidade capital da Província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.


É uma autarquia de categoria C e tem uma superfície de 19 km2. Possui cerca de 127
967 habitantes, provenientes5, na sua maioria das etnias Amaça, Makuas
islamizados, Mwani da costa, Makuas Ameto de Montepuez e Makuas propriamente
dito.

A cidade de Pemba está dividida em 12 Bairros (Paquitiquete, Ingonane, Cimento,


Natite, Cariacó, Alto Gingone, Eduardo Mondlane, Mahate, Chuíba, Josina Machel,
Maringanha e Muxara). A sua Assembleia Municipal possui 39 membros, 29 da
FRELIMO6 e 10 do MDM7.

Paquitiquete foi a aldeia a partir da qual originou a Cidade de Pemba (outrora Porto
Amélia). É, contudo, o bairro mais pobre e com os piores índices de saneamento.
Para agravar, várias secções do bairro são afectadas pelas subidas de maré,
inundando quintais e residências e impedindo a adopção de práticas apropriadas de
saneamento.

5
Website da Direcção Provincial de Turismo de Cabo Delgado
(http://www.turismocd.gov.mz/cabo/pemba/pemba_pt.htm) e Perfil das Primeiras 33 Autarquias de
Moçambique.
6
FRELIMO (Partido Político) – Frente de Libertação de Moçambique.
7
MDM (Partido Político) – Movimento Democrático de Moçambique.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
8

Figura 1 – vista sobre o quintal de uma residência no Bairro Paquitequete

Pemba é uma cidade portuária e uma das maiores baías naturais do mundo. Possuí
uma localização geográfica favorável à navegação, mas conserva o seu ecossistema
natural único por não ter feito parte das rotas comerciais tradicionais ao longo dos
séculos. Até, sensivelmente, à última década, e apesar de a localização do Porto de
Pemba ser estratégico de acesso aos mercados da região, a actividade comercial era
limitada. As suas condições não são favoráveis para a prática da agricultura.

Mais recentemente, com o início da exploração de hidrocarbonetos, e com a chegada


de grandes empresas do ramo, a Cidade ganhou uma nova dinâmica e instalou-se
uma demanda crescente por imobiliário para escritórios e residências. Esta nova
dinâmica atraiu profissionais de diversas áreas de apoio provenientes de regiões do
país e do estrangeiro. Em 2015, estava previsto o início de obras de construção de um
novo porto e de uma base logística para servir, principalmente, as empresas de
exploração de hidrocarbonetos.

Pemba é, hoje, bastante diferente e é notável a crescente urbanização um pouco


pelos vários bairros municipais. O seu Plano Estratégico 2014-2018, tendo em mente
os desafios sócio-económicos e o potencial da Cidade, traça acções assentes em 4
pilares:

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
9

(a) Desenvolvimento institucional;


(b) Desenvolvimento económico local;
(c) Desenvolvimento de infra-estruituras públicas municipais; e
(d) Desenvolvimento humano.

Estudos recentes apontam para um enorme potencial de crescimento económico em


três grandes áreas, nomeadamente, o desenvolvimento do processamento agro-
alimentar, o desenvolvimento da indústria e do turismo. Os objectivos do PRODEM,
através das suas componentes, estão alinhados às necessidades do plano estratégico
do Município.

No entanto, Pemba terá de ser capaz de vencer os desafios mencionados nas sub-
secções seguintes por forma a alcançar as metas do referido Plano Estratégico e para
aproveitar o seu potencial sócio-económico e o bem-estar dos seus munícipes.

A SITUAÇÃO DA RESPONSABILIZAÇÃO SOCIAL POR


COMPONENTE
COMPONENTE A - MAIOR RESISTÊNCIA ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SISTEMAS
SUSTENTÁVEIS DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
A presente sub-secção procura avaliar o grau de engajamento dos cidadãos nas
matérias abrangidas por esta componente, olhando, entre outras, para as seguintes
dimensões:

 A existência de grupos cívicos que trabalham em matérias ambientais e de


espaços de diálogo apropriados;
 O grau de entendimento, conhecimento e capacidade de munícipes e órgãos
municipais à volta de questões ambientais;
 A existência de planos específicos e a sua monitoria pelos cidadãos;
 A divulgação de informação relevante pelos órgãos municipais;
 Existência de boas práticas locais de tratamento de resíduos;
 A actual situação de ordenamento territorial.

1. De um modo geral, Pemba encontra-se num momento de viragem no que toca


ao saneamento e gestão ambiental. É um município que está a registar uma
crescente exigência de serviços municipais básicos devido ao crescimento do seu
parque residencial e industrial. Para além do apoio a ser prestado no âmbito do
PRODEM (em continuação das actividades do PDA), há a intervenção de
parceiros como a USAID, na componente ambiental.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
10

2. Há uma intervenção limitada por algumas Organizações da Sociedade Civil nesta


área e o comportamento do munícipe face ao saneamento e meio-ambiente
ainda constitui um desafio. O vereador da área de Mudanças Climáticas,
Saneamento e Águas (que acumula também a vereação de Juventude, Deporto,
Cultura e Turismo) partilhou com a equipa que o Município procura trabalhar
em parceria com organizações locais que trabalham na área do Meio Ambiente
e explicou que com quem tem interagido mais e com quem se sentem mais
envolvidos é a AMA (Associação do Meio Ambiente).

3. De acordo com o vereador esta organização tem conhecimento sobre matérias


de ambiente e capacidades louváveis para realizarem o seu trabalho. O mesmo
entrevistado explica anda que a AMA trabalha a nível dos bairros através de
pontos focais e que já realizaram formações em que convidaram o Conselho
Municipal.

4. Quando contactado pela equipa o coordenador da AMA confirmou que na área


do Meio Ambiente tem havido esta interacção e coordenação que se traduz no
envolvimento e convites mútuos das acções realizadas tanto por esta
organização como pelo Conselho Municipal nestas matérias mas que no fundo
há uma necessidade enorme de se passar da teoria a prática. O entrevistado
partilhou que tem feito ‘alguma’ monitoria na área de saneamento mas que ainda
não conseguiram chegar a um nível de responsabilização aceitável por parte do
executivo.

5. O mesmo acresce que em termos de expansão, a Cidade de Pemba está a crescer


bastante, para Oeste, mas não se está a fazer o devido acompanhamento como,
por exemplo, na provisão de serviços básicos como o arruamento, o
abastecimento de água, o fornecimento de corrente eléctrica e que muitas
pessoas vivem em situação de electricidade e acesso a água deficientes.

6. No entanto, de acordo com um dos nossos entrevistados a coordenação com a


Sociedade Civil não é efectiva e as organizações locais estão a enfraquecer. O
mesmo explica que nenhuma organização faz uma monitoria efectiva às
actividades realizadas pelo Conselho Municipal na área de Meio Ambiente e que
na realidade a maior parte das organizações trabalha no nível distrital e não no
municipal – situação partilhada por todas as organizações contactadas mesmo
aquelas que trabalham na área de governação.

7. Existe um plano de Resiliência a Mudanças Climáticas que foi elaborado através


de uma parceria estabelecida entre o Conselho Municipal de Pemba e a USAID
onde esta última financia um projecto-piloto designado CCAP (Coastal Cities
Adaptation Project ou Programa de Adaptação Climática em Cidades Costeiras),

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
11

o qual é também implementado - de forma piloto - na cidade de Quelimane8 e


tem como objectivo tornar as cidades mais resilientes a mudanças climáticas).

8. Para tal, as suas iniciativas tem a ver com a implantação de infra-estruturas


verdes e resilientes, com a preparação e implementação de planos locais de
adaptação e a implantação de um sistema integrado de informação urbana, por
via do qual o munícipe torna-se mais activo. Através deste sistema, criou-se uma
plataforma online através da qual os munícipes poderão interagir diariamente
com o Conselho Municipal, enviando informações e dados sobre a situação dos
bairros em termos de salubridade, de limpezas de valas de drenagem, recolha de
lixo, entre outros. Esta plataforma contém um sistema de aviso de prévio (ou de
alerta de eventos extremos conforme referiu-se o nosso entrevistado)9. No
momento do trabalho de campo, o sistema encontrava-se parado.

9. De acordo com o mesmo, este plano foi


“Sinto que ainda existe uma
elaborado com base em auscultações
descoordenação entre as próprias
públicas de duas semanas10 realizadas
vereações do Conselho Municipal,
aos 12 bairros municipais numa pesquisa
vejam que muitos funcionários não
que envolveu munícipes e líderes
sabem ainda que já existe este Plano. É
comunitários (no entanto não envolveu
necessário criar-se antes de tudo um
outras organizações locais) e foi
departamento onde encontramos todos
resultado de uma solicitação do
os documentos e planos.”
Conselho Municipal de Pemba para um
(Danilo Singano – Oficial da USAID
plano específico devido à falta de
para o CCAP)
directrizes para ultrapassar os desafios
sentidos.

10. Para efeitos da referida auscultação foram consultados munícipes (através da


criação de núcleos urbanos, peri-urbanos e rurais), instituições do Estado e
organizações da sociedade civil, explicou. As discussões foram harmonizadas e
validadas numa sessão de um dia. Das constatações deste processo resultaram
acções e objectivos estratégicos. O processo foi gerido por um comité de

8
De acordo com o nosso entrevistado, estes pilotos foram seleccionadas tendo como critério algumas
características comuns como o fecalismo a céu aberto, a localização costeira, as condições de
saneamento e os riscos climáticos.
9
Alojado em Data Winner e colocado à disponibilidade do Conselho Municipal para utilizar
conforme às suas necessidades.
10
Formado por aproximadamente 10 elementos, é um órgão presidido pelo Presidente do Conselho
Municipal e aconselha, entre outros, sobre como o Plano pode ser disseminado, sobre o processo de
angariação de fundos, sobre o processo de monitoria. É prudente que haja uma interacção entre este
comité e/ou projecto para assegurar uma coordenação apropriada, unir esforços e evitar a duplicação
de acções. O nosso entrevistado referiu que o projecto irá implementar uma linha que irá trabalhar
com organizações locais, rádios comunitárias, dramaturgos, como uma iniciativa transversal e
complementar ao projecto.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
12

aconselhamento e foi produzido um documento estratégico de resiliência que


terá sido submetido para apreciação em sessão da Assembleia Municipal.

11. Adicionalmente, explica ainda que as actividades deste plano poderão (ou não)
ser inclusas no Plano Anual do Município 201711. Contudo, sublinha, que cada
actividade será, por seu turno, enviada à vereação responsável pela sua execução
e já existe uma Estratégia de Implementação e um Plano de Monitoria.

12. Este programa da USAID para além de apoiar a elaborar o plano e execução pelo
Municípios irá também preparar pacotes de formação (em Adaptação às
Mudanças Climáticas em sala de aula e online) para os quadros do Conselho e
Assembleia Municipal com o objectivo de apoiar funcionários na melhor
implementação do plano.

13. Ainda não existem, no entanto, espaços de diálogo próprios para interacção entre
o Conselho Municipal e os munícipes em volta do Plano Municipal de resiliência
a Mudanças Climáticas, no entanto, durante as visitas do executivo aos bairros
tanto o Presidente do Conselho Municipal como os vereadores aproveitam para
discutir aspectos relacionados com as matérias.

14. O plano ainda não está disponível para consulta pois aguarda ainda a aprovação
pela Assembleia Municipal (Abril 2016).

15. De acordo com o oficial da USAID a falta de uma estratégia de comunicação e as


deficientes condições de documentação de arquivos (físicos e electrónicos) são
causas para a fraca disseminação de mensagens aos munícipes sobre matérias
ambientais. De facto, a equipa auscultou junto da sociedade civil que estes têm
acesso muito limitado a este tipo de informação e quando há programas
radiofónicos e spots televisivos os mesmos não são realizados de forma regular.

16. Existe também um Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos que foi
elaborado em parceria com o PRODEM e um Plano de Recolha de Lixo para lidar
com este enorme desafio do Município. De acordo com o vereador de Economia
e Finanças para lidar com o grave problema de gestão de resíduos sólidos que se
verifica na Cidade de Pemba o Município contratou uma empresa privada para
fazer a recolha do lixo em pontos identificados pelo Conselho Municipal (cerca
de 60 %). O vereador de Mudanças Climáticas explicou que estão a trabalhar nas
zonas periféricas (cerca de 40% de cobertura do Município) através de uma
associação que faz a recolha nos locais de difícil acesso através do uso de “txovas”.

11
Algumas já estão incorporadas no Plano de Desenvolvimento Municipal, por exemplo, o Mapa de
Vulnerabilidade (a ser implementado desde Março de 2015), e já encontram-se em implementação.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
13

17. Ademais, Pemba ainda não possui qualquer actividade de reciclagem e separação
do lixo mas o Vereador da área aproveitou para partilhar que depois da época
das chuvas o Conselho Municipal pretende abrir uma nova lixeira situada a 12
km da Cidade de Pemba

Figura 2 - Contentor para o depósito de lixo

18. Foi também recentemente lançada a Campanha ‘Eu amo o meu Bairro’ que foca
questões de saneamento. Nesta campanha, de acordo com o vereador, todos os
sábados é eleito um Bairro onde são realizadas jornadas de limpeza, sessões de
teatro e o Presidente do Conselho Municipal marca presença para dar palestras
e falar aos munícipes sobre questões de saneamento.

19. De acordo com o vereador da área estas campanhas têm tido tanto sucesso que
recentemente quando se elege um bairro para a realização da actividade os
bairros vizinhos juntam-se. A equipa de pesquisa procurou confirmar a
realização destes eventos mas não obteve confirmação sobre o mesmo.

20. Os entrevistados explicaram que o Conselho Municipal procura obter maior


aproximação e envolvimento dos Líderes comunitários e Conselhos Consultivos,
que esperam vir a tornar-se um mecanismo cada vez mais eficiente na ligação
entre executivo e munícipes – sentimos que esta abordagem não olha para a
sociedade civil organizada como uma ponte entre órgãos municipais e
munícipes.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
14

21. Em termos de divulgação de informação esta vereação usa todos os meios


disponíveis nomeadamente: um jornal mensal que divulga informação sobre as
actividades levadas a cabo pelo Conselho Municipal; programas radiofónicos
semanais em línguas locais (rádio Moçambique, rádio Wimbe e rádio Sem
Fronteiras); spots televisivos, quando justificável, e palestras sempre que o
executivo realiza visitas aos bairros.

22. De acordo com o vereador de Mudanças Climáticas, Saneamento e Águas “os


munícipes hoje estão mais activos e começam a reclamar. Os nossos números de
telefone estão disponíveis ao público pois colocamos nas vitrinas e divulgamos nas
palestras que fazemos, eles ligam (...) ligam a reclamar de vários assuntos como
por exemplo o carro não passar há muitos dias para recolher lixo”.

23. No entanto todas as organizações da sociedade civil contactadas foram unânimes


em afirmar que quando existe a divulgação mencionada pelo Conselho
Municipal a mesma é insuficiente pois não faz uso dos mecanismos mais
apropriados para disseminar informação aos munícipes – apesar de tantos
mecanismos terem sido reportados pelo órgão executivo os entrevistados
contactados afirmaram não ter conhecimento de grande parte deles. Como
resultado continua a verificar-se uma fraca adopção de boas práticas para evitar
agravar as condições do meio ambiente dos bairros.

24. Um dos nossos entrevistados da sociedade civil refere que a experiência com o
Conselho Municipal é promissória, porque o órgão abre espaço para ouvir e
debater com a sociedade civil. Indica, contudo, que o que costuma faltar são
planos reais de seguimento de tais debates e sugestões. Os planos, projectos e
legislação relevante não são devidamente divulgados aos munícipes. Estes,
consequentemente, ficam sem perceber, afinal quais são os fundamentos que
orientam a actuação do município12.

25. As conversas mantidas (tanto com OSC como CM e AM) sugerem que a
metodologia do MuniSAM pode vir a ser bastante útil para ultrapassar situações
como esta. Quer com a intensificação de actividades de sensibilização, bem
assim, através do estabelecimento de mecanismos efectivos de debate entre
autoridades municipais e munícipes.

26. Os vereadores entrevistados explicaram que existem activistas dinamizados pelo


Conselho Municipal nos bairros que fazem palestras sobre o tema, peças de
teatro e sensibilização dos munícipes. No entanto, as actividades de

12
Um dos nossos entrevistados refere-se à construção de infra-estruturas em áreas municipais outrora
consideradas zonas de reserva como um exemplo de falta de comunicação efectiva entre CM e
munícipes.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
15

sensibilização são ainda um desafio para o Conselho Municipal e espera-se que


o MuniSAM possa ajudar a preencher esta lacuna ao promover sensibilizações
mais regulares a nível dos bairros. De acordo com os vereadores o Conselho
Municipal não tem esta capacidade, nem em termos de recursos financeiros nem
humanos.

27. Os espaços de diálogo que existem de disseminação de informação às


comunidades, funcionários municipais e representantes da sociedade civil sobre
questões de posse, uso e aproveitamento da terra: herança, transferência,
trespasse, ainda são insuficientes e remetem-se apenas a encontros entre
Conselho Municipal e líderes comunitários - quem trata deste tipo de assuntos a
nível dos bairros são os próprios secretários de bairro. De acordo com uma das
nossas entrevistadas, os maiores problemas de ordenamento estão relacionados
com a cedência de espaços pelos líderes comunitários sem proceder à devia
consulta comunitária e sem analisar se tais espaços são apropriados para
habitação.

28. A equipa acredita que esta


“Bairros como o Paquitequete sofrem
descentralização de decisões
de gravíssimos problemas de
relacionadas com posse, uso e ordenamento territorial e
aproveitamento de terra aos Líderes consequentemente de saneamento, de
comunitários trás consequências lixo... Não compreendemos, não existe
negativas para o actual um controle, as pessoas já foram
(des)ordenamento dos bairros. Estes reassentadas de lá mas voltaram a
líderes não estão nem capacitados nem instalar-se no mesmo local. Nós
instruídos para tomar decisões com base [MULEIDE] fizemos lá uma jornada
em conhecimentos adequados. de limpeza mas não resolveu nada,
Acreditamos por isso que esta matéria tem de haver maior regularidade”.
(Delfina Naeite – Coordenadora
deveria ser tratada mais de perto pelo
Provincial da MULEIDE)
Conselho Municipal e pela Vereação de
tutela uma vez que o desordenamento dos bairros tem implicações graves para
a Gestão de Resíduos Sólidos, a Erosão, Mudanças Climáticas, entre outros.

29. O Coordenador da AMA também discute a eficácia do papel dos Líderes


comunitários e explica que os munícipes de Pemba são oriundos de várias partes
do país e até de outros países Africanos, muitas vezes sem a mesma educação
cívica e com culturas e práticas distintas o que resulta muitas vezes na resistência
em acatar as mensagens que tanto Conselho Municipal como organizações da
sociedade civil tentam transmitir. Segundo discute o entrevistado, as
sensibilizações ainda não são suficientes, as mesmas devem ser muito mais
regulares, exaustivas quanto aos conteúdos debatidos, devem ser muito mais
abrangentes e deveriam reunir executivo, sociedade civil organizada, Líderes

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
16

comunitários e munícipes para que se atinja um entendimento comum, e


consequentemente uma mudança de pensamento.

Figura 3 – Casas no Bairro Paquitequete construídas em zonas de grande perigo de desabamento

30. Segundo o vereador de Solo Urbano o Conselho Municipal usa de momento


todos os instrumentos possíveis para tomar decisões de gestão em torno de
matérias de solo urbano, nomeadamente:
a. Constituição, os instrumentos de Política de Ordenamento Territorial
a nível Nacional, o Regulamento de Gestão de Solos urbanos nas
autarquias;
b. Mapa de vulnerabilidade dos bairros da Cidade de Pemba -
mapeamento da vulnerabilidade enquanto à exposição dos bairros
municipais às mudanças climáticas.

É com base nestes instrumentos, que, de acordo com o vereador, o Conselho


Municipal toma decisões, quanto aos pedidos de DUATS (e pedidos de construção)
que são emitidos por munícipes através de líderes comunitários, régulos e chefes de
quarteirão.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
17

Figura 4 - Vereador apresentando o mapa de susceptibilidade a calamidades na Cidade de Pemba

31. No entanto, apesar do alegado uso destes instrumentos, o Coordenador da AMA


explica que, grande parte dos problemas relacionados com o desordenamento da
Cidade de Pemba estão relacionados com a falta de um Plano concreto de
Ordenamento Territorial. Apesar de louvar os esforços recentes do CM o
entrevistado explica que:

“(...) a planta da Cidade em 1978 já previa que as zonas mais habitadas hoje seriam
muito vulneráveis. Ora podemos dizer que a culpa é dos munícipes que não
respeitam, não ouvem e constroem em qualquer lugar mas temos também de
responsabilizar o Conselho Municipal pela falta de controle que está a exercer nesta
área. Acredito que a vossa abordagem de responsabilização social possa vir a ajudar
o Município a ultrapassar grande parte dos desafios que sentimos pois muitos estão
relacionados com a falta de responsabilização dos gestores municipais”.

32. O entrevistado vai mais longe ao afirmar que a falta de aplicação de normas
municipais também resulta do descuido dos próprios líderes ao nível dos bairros.
O mesmo, sublinha ainda que a realização de auditorias sociais no âmbito das
intervenções do PRODEM será benéfica quer para o Conselho Municipal
(obrigando-o a agir de forma mais responsável) quer para os munícipes, porque
irá permitir sensibilizá-los e mudar alguns hábitos nocivos ao ambiente.

33. Esperamos, por isso, que a mesma venha estimular um maior diálogo entre
ambos os lados da governação municipal nesta autarquia.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
18

Desafios -
Descrição
Componente A
A construção desordenada e o fraco ordenamento territorial
dos bairros municipais (em parte devido à cedência sem os
Ordenamento devidos conhecimentos de aspectos técnicos de terra pelos
Territorial líderes comunitários) tem causado danos graves como a erosão,
construções desordenadas, desabamento de casas, disputas
entre munícipes sobre posse de terra, entre outros.
Munícipes depositam lixo nas valas de drenagem e quando
chove o lixo todo vai para o mar. De acordo com a
Gestão de
Coordenadora da MULEIDE esta prática usada pelos munícipes
Resíduos Sólidos
é propositada para “não terem trabalho de ir colocar o lixo nos
e Saneamento
contentores, assim, quando chove aproveitam a boleia da água
para tirar lixo de perto das suas casas”.

Figuras 5 e 6 - O impacto do lixo nas infra-estruturas de drenagem

COMPONENTE B - GESTÃO FINANCEIRA


Para a presente sub-secção a equipa analisou o contexto fiscal do Município de
Pemba para compreender:

 A realização - a respectiva frequência - de campanhas de sensibilização fiscal;


 A tendência da cobrança de receitas e taxas municipais;
 O nível de acesso a informação tributaria municipal relevante, incluindo o acesso
a informação fiscal auditada;
 O engajamento entre os órgãos municipais para abordar e discutir questões
fiscais.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
19

34. De acordo com o vereador de Finanças, o principal factor de autonomização dos


municípios é o seu potencial para a colecta de receitas. O mesmo refere que,
actualmente, Pemba cobra apenas uma ínfima parte do seu potencial de
cobrança - apenas 17%. “O problema é que o Conselho Municipal não tem ainda
um cadastro preciso dos contribuintes e/ou do seu potencial de arrecadação de
receitas próprias”.

35. Por este motivo, o Conselho Municipal estava, à altura deste mapeamento, a criar
uma base de dados de contribuintes. O seu orçamento para a contratação de uma
empresa para o efeito era extremamente limitado, por isso, firmaram um
protocolo com uma Universidade local e desenvolveram um projecto com 100
estudantes13 onde os mesmos se dirigiam ao terreno para realizar inquéritos e
efectuar um levantamento dos dados nos bairros.

36. Esta é uma acção que tem como meta melhorar a colecta de receitas próprias e
visa também trazer melhorias significativas para o processo de Planificação
habilitando o Conselho Municipal a projectar melhor as suas actividades com
base numa perspectiva mais real dos recursos locais que terá ao seu dispor.

“Se o Município não melhorar os processos de colecta de recursos e por outro


lado continuar a aumentar a estrutura de custos então estaremos a perpetuar
a pobreza em que a maior parte dos Municípios em Moçambique se encontra,
o que mais esperamos da implementação de um programa como o MuniSAM
é o seu apoio e contribuição na melhoria dos fundos arrecadados pelo
Município. O processo de autarquização em Moçambique tem sido marcado
por uma abordagem (...) que insiste em apenas olhar para a melhoria do sector
de despesas e não para o sector de receitas que é o único que pode contribuir
para o empoderamento e a independência dos Municípios, este é que deve ser
o principal objectivo da Municipalização.”

(Vereador de Finanças do Conselho Municipal de Pemba, Minoz Hassam)

13
Estes foram recrutados pelo Conselho Municipal ao abrigo de um protocolo com uma universidade
local. O CM oferece uma ajuda de custos simbólica e os inquiridores efectuam o levantamento de
todos os prédios, das publicidades e identificam todas as prováveis fontes de taxas e impostos
municipais. Esta é a alternativa que o município encontrou face a um orçamento de 700.000 USD,
proposto por uma empresa privada. Ao abrigo do referido protocolo o CM irá despender um
orçamento total de 20.000 USD, quase 98% mais baixo que o preço inicial.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
20

37. Aliado a este processo de mapeamento, o CM iniciou, recentemente um processo


de informatização da gestão de receitas através do aluguer de um software de
gestão de receitas14 que permite cobrir todas as receitas próprias. O programa
tem um sistema de cadastro (por via do NUIT do contribuinte) e uma vez feito o
registo o sistema notifica sobre as obrigações dos contribuintes. Tudo isto trará
benefícios significativos para a gestão e arrecadação de receitas municipais em
Pemba.

38. Os munícipes, segundo o


vereador, têm conhecimento
limitado sobre a importância do
pagamento de taxas e impostos.
Tal afecta negativamente a
autonomia do Município, pois
“não basta ter autonomia política
temos de ser economicamente
autónomos também”.

39. O mesmo acresce que este é o


principal desafio da autarquia:
consciencializar os munícipes
sobre o quadro legal de
arrecadação de receitas e da Figura 7 – Pesquisador do MuniSAM (à esquerda) com
Vereador de Finanças (à direita)
importância do pagamento das
taxas e impostos municipais. Acresce que, por exemplo, o IPRA (imposto predial
autárquico) não é cobrado apropriadamente há 30 anos e que o nível de cobrança
do mesmo é de apenas 1% do seu potencial.

40. Para além do referido desconhecimento, existe também uma forte resistência por
parte dos munícipes em pagar os seus impostos. Os munícipes questionam:
porque é que temos de pagar impostos ao Conselho Municipal se já pagamos à
Autoridade Tributária? Estas preocupações são legítimas. É, por isso, essencial
incluí-las em iniciativas de sensibilização e divulgação sobre o processo de
municipalização e desconcentração fiscal.

41. Outro factor para o não pagamento, pelos munícipes, dos seus impostos, prende-
se com o facto de estes não reconhecerem melhorias nas suas vidas e no seu bem-
estar. A este respeito o vereador de Finanças deixou claro que as pessoas nunca
vão estar dispostas a pagar impostos e taxas quando não recebem serviços.
Segundo o mesmo, outro desafio que contribui para a baixa arrecadação de

14
O programa cobre apenas as receitas próprias e não abrange as receitas resultantes das
transferências de nível central, nomeadamente, FIIL, PERPU, FE e FCA.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
21

receitas está relacionado com o facto de o Município apenas cobrar aos


comerciantes informais ao em vez de cobrar ao sector privado pois “existe um
conformismo por parte dos Municípios em diversificar as suas fontes de cobrança”.
Acresce que a prática que normalmente existe é de os Municípios irem buscar
recursos junto daqueles que mais incentivos fiscais precisam, ignorando
entidades com real capacidade de contribuição.

42. Pemba não possui um plano de angariação de receitas e sensibilização, nem


realizam sessões de sensibilização fiscal nos bairros devido à escassez de recursos
humanos para realizar esta actividade mas divulgam spots publicitários através
da televisão e das rádios locais sobre o processo de cobrança e arrecadação de
receitas e o calendário do pagamento de taxas e impostos.

43. A tendência de subida do nível de cobrança de receitas no exercício anterior e no


exercício em curso foi de 4% a 5%, o que demonstra de acordo com o vereador
de Finanças um crescimento homogéneo das receitas próprias devido ao recente
crescimento económico do Município causado pelo aumento de residentes
municipais. A descida de receitas sentida entre 2015 e 2016 foi consequência das
calamidades sentidas nesse ajo que afectaram a economia local, no entanto o
Conselho Municipal procurou fontes alternativas como os Bancos.

44. Quanto à divulgação de informação sobre receitas colectadas o entrevistado


assume que este processo tem ainda muito espaço para melhoria - apenas
divulgam nas vitrinas do Conselho Municipal no entanto quando a equipa foi
confirmar não encontrou lá nenhum documento, situação que poderá estar
relacionada com o facto de o edifício se encontrar em obras aquando da nossa
visita - e assume que uma maior e melhor divulgação acarreta o potencial de
mobilizar maior número de contribuintes.

45. Assim, o Conselho Municipal planeia divulgar informação sobre receitas


colectadas em tempo real através de um aparelho televisor que será montado nas
suas instalações assim que o sistema informático estiver pronto e regularizado.
Isto irá, de acordo com o nosso entrevistado, estimular uma maior credibilidade
junto dos contribuintes municipais. Este sistema irá também permitir publicar
dados mensais sobre as receitas cobradas e as despesas efectuadas, aumentando,
deste modo a transparência no processo de gestão de receitas e despesas.

46. Os munícipes não têm conhecimento e clareza sobre o Plano e Orçamento do


Município muito mais pela falta de “interesse por parte dos munícipes em
consultar esta informação” do que pela falta de acesso, segundo os entrevistados
funcionários do Conselho Municipal. O vereador assume que esta falta de
interesse pode ser causada pela inexistência de momentos em que estes

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
22

documentos possam ser discutidos com os munícipes pois segundo o que foi
possível apurar não existem de momento, espaços efectivo para divulgação e
discussão dessa informação entre Conselho Municipal e munícipes.

47. Vários entrevistados foram unânimes em afirmar que os membros da Assembleia


Municipal não possuem a capacidade devida para fiscalizar a execução dos
planos e orçamento municipal. Tal limitação está fortemente ligada à falta de
aproveitamento das capacidades internas dos membros – existem membros
formados nas áreas fiscalizadas pelas comissões de trabalho mas devido à sua
filiação política, os seus conhecimentos não são “correctamente aproveitados”.

48. Segundo a Presidente da Assembleia Municipal apesar de os membros da


Assembleia Municipal terem formação académica razoável (havendo alguns com
formação superior) nem todos estão a desempenhar funções na Assembleia junto
das suas respectivas áreas de formação. Como resultado, alguns entrevistados
afirmam que os membros da Assembleia tem capacidade descritiva mas não
analítica, ou seja, não conseguem comentar nem rever tabelas de operações
financeiras, gráficos, rácios, etc., e tendem apenas a aprovar documentos e
acções do Conselho Municipal sem qualquer capacidade crítica.

49. Outros entrevistados (da sociedade civil organizada) foram também unânimes
em afirmar que não existe nenhum tipo de feedback entre os membros da
Assembleia Municipal e as comunidades.

COMPONENTE C - GOVERNAÇÃO MUNICIPAL E PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS


Esta sub-secção representa o principal enfoque da intervenção do MuniSAM junto
do PRODEM – Responsabilização Social, a Monitoria pelos Cidadãos aos processos
de gestão de recursos públicos e o engajamento dos mesmos nos processos de
governação municipal. Assim, a equipa analisou os seguintes aspectos:
 O conhecimento pelos cidadãos municipais e funcionários dos Órgãos
Municipais sobre direitos e deveres e sobre práticas de responsabilização social;
 A existência de grupos cívicos envolvidos em processos de monitoria de
responsabilização social e de governação municipal e a avaliação do seu nível de
conhecimento e engajamento em torno dos mesmos;
 O nível de interacção e engajamento entre Grupos cívicos e Órgãos Municipais
em torno dos processos de monitoria de responsabilização social e de governação
municipal;
 Nível de conhecimento e de capacidade das Assembleias Municipais (assim
como das Comissões de trabalho) e dos Conselhos Municipais para realizarem
em pleno, as suas funções;

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
23

 As dimensões da participação dos munícipes nos espaços de funcionamento


promovidos pelos Órgãos municipais e o consequente nível e capacidade de
engajamento pelos cidadãos municipais;
 Tipos de, e espaços existentes de divulgação e disseminação de informação aos
munícipes em geral.
50. Em entrevista com o Chefe do Departamento de Administração do Território
Autárquico (DATA) foi possível compreender que a participação do cidadão em
matérias de governação municipal é possível através dos Conselhos Consultivos
que foram revitalizados pelo Conselho Municipal de Pemba - com o intuito de
melhorar o nível de engajamento dos cidadãos.

51. O entrevistado explica que os Conselhos Consultivos têm como principais


responsabilidades canalizar para o Conselho Municipal as principais
preocupações e necessidades dos munícipes, e em conjunto com o órgão
executivo, procurar soluções dentro dos recursos disponíveis. Assume, todavia,
que estes CCs ainda não são muito eficientes pois os Postos Administrativos
ainda não foram formalizados, o que, acontecendo, poderá alterar o actual
cenário.

52. Alguns entrevistados da sociedade civil organizada, referem também que os


Conselhos Consultivos não são suficientemente efectivos na busca de soluções a
nível das comunidades. Ademais, os mesmos não realizam a devida auscultação,
por um lado, e monitoria, por outro, das actividades financiadas pelo PERPU
(Plano de Redução de Pobreza Urbana).

53. Os Conselhos Consultivos só são efectivos em levar informação dos munícipes


ao Conselho Municipal se as informações são de carácter informativo, por
exemplo “no nosso bairro temos necessidades de água”, no entanto não
conseguem quando são informações críticas, por exemplo, "prometeram água há
dois anos, mas ainda não temos..." – muito devido ao cunho político com que são
criados.

54. Também apuramos que assuntos críticos mais sensíveis como por exemplo casos
relacionados com corrupção são ainda menos prováveis de serem levantados e
que nunca os assuntos são levados de volta aos munícipes. As razões por detrás
destes cenários são o medo de represálias políticas e devido ao facto de o posto
ser voluntário que tende a que os membros não se dêem ao trabalho. Outra nota
importante no que toca a este assunto é o facto de os Conselhos Consultivos
apenas discutirem em torno dos “7 biliões” e não sobre o desenvolvimento local.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
24

“Os Conselhos Consultivos precisam ser consolidados ainda,


inicialmente eles só olhavam para o orçamento no âmbito do PERPU, e
por isso falta-lhes capacidade para apoiar áreas como o ambiente, a
urbanização, entre outros”

55. Quanto à coordenação entre o DATA e os Órgãos Municipais o entrevistado


admite que possuem uma boa relação e coordenação e explica que quanto ao
Conselho Municipal o DATA é consultado em situações pontuais e convidados
para a maior parte dos eventos, no entanto muitas vezes o órgão executivo tende
a esquecer a estrutura da tutela administrativa questionando a sua autonomia
perante o DATA; quanto à Assembleia Municipal existe boa coordenação, o
DATA participa em todas as sessões da Assembleia e recebe as resoluções para
que possam emitir os seus pareceres internos e entregar tudo ao Gabinete da
Governadora.

56. Durante a realização das entrevistas com as organizações AMA, MULEIDE e


FOCADE a equipa pode perceber que a sociedade civil organizada em Pemba é
forte, capacitada e com o conhecimento suficiente para realizar o seu papel
crítico e activo na vida Municipal. No entanto, foi possível captar também através
das entrevistas que a maior parte das acções das organizações estão mais
concentradas a nível Distrital.

57. As organizações do FOCADE (do qual fazem parte, entre outras, a Kulima,
Heipo, Progresso, Congresso Islâmico, Solidarmed, CESC, ADEMO, Helvetas e
Fundação Wiwanana) partilharam com a equipa que a interacção e coordenação
entre as organizações da sociedade civil e os órgãos municipais na área de
Governação praticamente não existe, facto confirmado por outra OSC local:
“Ninguém sabe de nada que se passa no Município, não há envolvimento nem
participação dos munícipes nem da sociedade civil organizada, não há partilha de
informação, nem auscultação nem prestação de contas pelo Conselho Municipal”.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
25

“Eles [CM] têm feito algum trabalho com os munícipes a nível dos bairros mas não
com a Sociedade Civil organizada. Mas mesmo esse trabalho que fazem com os
munícipes não sei até que ponto reflecte um bom engajamento. Por exemplo, nunca
soube de nenhuma auscultação em torno dos problemas enfrentados pelos
munícipes nos bairros residenciais em que vivem. Sentimos que há receio por parte
do CM neste tipo de interacção, talvez não seja falta de vontade, talvez seja apenas
falta de experiência sobre como dialogar com munícipes”.
(Membro do FOCADE)
)

58. Por outro lado, de acordo com a MULEIDE os próprios doadores são a causa do
seu foco a nível Distrital, havendo sempre uma maior tendência para trabalhar
nos Distritos ao invés do Município e também pelo facto de que a maior parte
das Organizações Não-Governamentais em Cabo Delgado serem internacionais
e por isso optarem por não se envolverem muito no fórum municipal e em
participar em eventos de muito cunho político.

59. Em termos de participação dos munícipes todos as organizações contactadas


foram unânimes em afirmar que os munícipes raramente participam na gestão
municipal ou sequer em actividades organizadas pela sociedade civil pois as
mensagens da sociedade civil organizada são abafadas e por isso nunca chegam
aos munícipes. Existe também por outro lado alguma perseguição e
desmoralização para aqueles que tentam “falar” o que justifica a fraca
participação dos munícipes em marchas e outros eventos organizados pelas
Organizações da sociedade civil.

“Não digo medo, mas em termos políticos é difícil esta participação. Vejam que
quando a Sociedade Civil organiza por exemplo uma marcha os munícipes não
aparecem, e quando o Conselho Municipal organiza um evento a Sociedade Civil
não participa porque não somos convidados, nem sabíamos desse grande encontro
de dirigentes municipais que vai acontecer esta semana em Pemba. Não existe
conexão, nem coordenação. Somos conotados como oposição, estamos a andar
para trás quando devíamos andar para a frente”.
(Membros do FOCADE)

60. Foi possível perceber a dependência que o Conselho Municipal tem nos Líderes
Comunitários e nos Conselhos Consultivos para interagir e disseminar

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
26

informação aos munícipes o que deixa a equipa com algumas dúvidas quanto à
efectividade destes mecanismos na melhoria da participação e engajamento dos
cidadãos tendo a conta as limitações acima discutidas.

61. Os membros entrevistados da Assembleia Municipal de Pemba afirmaram que


as suas sessões são abertas para a participação das organizações da sociedade
civil e restantes munícipes e que o seu calendário está exposto na vitrina (facto
comprovado pela equipa assim como estava exposto também a acta da última
sessão). No entanto as organizações da sociedade civil contactadas afirmaram
que nunca participaram em nenhuma sessão e uma das organizações membro
do FOCADE partilhou que estão há dois anos à espera da reposta da Assembleia
Municipal para um pedido de encontro.

62. Em termos de capacidade a Presidente da Assembleia Municipal refere que, nem


sempre os membros possuem a devida formação para as respectivas comissões
de trabalho em que estão inseridos. A percepção da sociedade civil é mais dura.
Muitos afirmam que os membros da Assembleia não possuem quase nenhuma
capacidade para realizarem o seu papel fiscalizador e que desconhecem as suas
funções. Outros acrescem que estes “andam à deriva”.

63. Os membros da Assembleia Municipal foram abertos ao confessar que, desde


2014, quando assumiram funções nunca tiveram qualquer formação. Mais,
indicam que “a capacitação, para nós, é prioritária. Em todas as áreas, não
consigo apontar uma como mais importante que outra, até em como interagir com
os munícipes nós precisamos de apoio. O desconhecimento de leis também é um
défice nosso, guiamo-nos pela Lei 2/97”. Como principais desafios, sublinham a
necessidade de capacitação e de apoio na interacção com a sociedade civil, quer
com organizações como com os munícipes.

64. As suas relações com o Conselho Municipal são boas. Em termos processuais
afirmaram receber os documentos para as sessões, por vezes, até com 45 dias de
antecedência, e realçaram também o facto de o Conselho Municipal acatar
muitas das suas recomendações chegando mesmo a confessar quando “cometem
alguns erros”. Para o seu funcionamento, a Assembleia Municipal possui um
orçamento anual, o qual é parte integrante do orçamento do Conselho
Municipal. A sua gestão é feita pelo Conselho Municipal, e é disponibilizado
sempre que solicitado, excepto na falta de liquidez já que o seu financiamento
depende do nível de colecta de receitas próprias.

65. A Presidente da Assembleia Municipal sublinhou a importância da governação


participativa, de que “tudo tem de descer aos bairros, porque o município pode
construir uma escola quando a prioridade nesse bairro é o acesso a água”. Segundo
a mesma, “temos de estar juntos na programação, nos bairros, na Assembleia e

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
27

nós mesmos temos de fazer com que as coisas aconteçam, e, quando acontecem, é
preciso manter. No final do ano é preciso divulgar o que foi feito, o que não foi feito,
e os motivos”.

“Não há divulgação do plano e orçamento. Talvez afixem lá no Município


mas eu, nenhum munícipe vai lá consultar. Na verdade esses documentos
deviam estar ao alcance da base, nos bairros senão ninguém vai ter
coragem de ir lá pedir e ninguém vai consultar também porque ninguém
diz ao munícipe que a informação está lá. Só aí os órgãos municipais
poderão afirmar que ninguém lá vai. E mesmo assim corria o risco de ser
conotado como um desocupado, um confuso. Mesmo nós, organizações da
sociedade civil, dançamos para ter acesso a documentos”.
(Membros do FOCADE)

66. Os nossos entrevistados da sociedade civil, contudo, afirmam que não existe
divulgação do Plano e Orçamento, pelo menos, não a nível dos bairros. Ademais,
afirmam nunca ter tido acesso ao Plano e Orçamento, à conta de gerência, ou a
colecta diária de receitas.

“Pode até ser que afixem no Conselho Municipal mas nenhum munícipe
vai lá consultar. Na verdade, os documentos deveriam estar ao alcance das
bases, nos bairros, porque ninguém tem coragem de ir lá consultar e
também porque como é que o munícipe vai saber que os documentos estão
lá? Só aí o Conselho Municipal pode dizer que o munícipe e a sociedade
civil organizada não foram consultar porque não querem. Além disso
ainda não há abertura para esta consulta, quem for lá procurar Planos e
Orçamentos pode ser conotado como um desocupado, um confuso. Ainda
não há esta cultura e por isso ainda existe desconfiança”.
(MULEIDE)

67. Os membros de Organizações da Sociedade Civil explicam que ainda existe um


profundo enraizamento político a nível das estruturas dos bairros e que isso tem
graves implicações para a descentralização da governação municipal em Pemba.

68. A Presidente da Assembleia Municipal reconhece que é preciso que órgãos


municipais e munícipes falem a mesma língua, mas reconhece que a Assembleia

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
28

Municipal carece de formação específica nessa área. A mesma refere que o poder
local deve servir para resolver assuntos locais; que é preciso ter consciência que,
para haver sucesso, é preciso envolver as pessoas, porque há coisas que não
requerem custos mas que podem ser feitas para melhorar a vida das pessoas.
Acresce ainda que, apesar de as actividades dos Planos Anuais serem retiradas
dos Planos Quinquenais, e considerando que as necessidades das comunidades
encontram-se em constante mutação, referiu que as autoridades municipais
auscultam, junto das comunidades, as actividades de impacto, as que poderão
fazer a diferença.

69. Um dos membros da sociedade civil consultado refere que é necessário que os
planos municipais requeiram a participação do cidadão e que seja obrigatório
que a participação cívica seja um requisito na elaboração de planos municipais.
Afirma que até existem espaços radiofónicos onde se abre espaço para debates
municipais, contudo, caso os debates estiverem a ferir “entidades” podem ser
cortados imediatamente. Mesmo em relação ao observatório provincial, conta
que são realizados encontros prévios para diluir e esclarecer os assuntos a
conversar; e que os órgãos municipais acreditam que participação é ser
convocado pelos mesmos sem um papel activo da sociedade civil. Afirma existir
uma mão invisível no poder, fala-se por conveniência, mas não é necessariamente
aquilo que se pretende dizer; poucas pessoas têm coragem de falar.

70. Quando solicitado a posicionar a participação efectiva da Sociedade Civil em


Pemba, um dos nossos
entrevistados afirma que o poder
desta é aparente: existe alguma
parceira com os órgãos municipais
e as consultas são feitas de forma
muito estratégica e não efectivas
(terapêutica). O seu poder é muito
simbólico porque as organizações
da sociedade civil não têm
qualquer influência sobre as
decisões do governo municipal. Na
escala de 0-10 em participação o
nosso entrevistado colocaria em
3,5. Esta não é uma classificação
determinante a absoluta, é baseada
em percepções. Mas muitos
munícipes manifestaram um
Figura 8 - Escada de Participação de Sherry Arnstein
mesmo posicionamento quando
inquiridos sobre o grau de participação. Estas percepções são relevantes e devem
orientar a actuação dos órgãos municipais na sua interacção com os munícipes.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
29

Conclusões e Reflexões Finais


Esta secção apresenta um sumário das principais constatações relativas ao quadro
de responsabilização social e aos principais desafios, por Componente, no município
da Cidade de Pemba.
Face ao acima exposto, de um modo geral, notamos que os vereadores contactados
demonstraram possuir um conhecimento e domínio profundo das matérias
referentes às suas vereações (Finanças, Meio Ambiente e Urbanização). Os mesmos
demonstram ainda abertura significativa para com a iniciativa de promoção de
participação do cidadão. Sentimos durante o exercício que os órgãos municipais e
entidades contactadas têm uma enorme expectativa de que as actividades previstas
venham a apoiar a autarquia a ultrapassar os seus principais desafios.

A nossa percepção é ainda que há uma necessidade de agilizar a coordenação e


comunicação entre o Conselho Municipal e as organizações da sociedade civil, por
forma a eliminar o clima de desconfiança que pudemos perceber do lado da
sociedade civil.

Abaixo partilhamos, de forma resumida, algumas das principais constatações do


mapeamento.

Constatações Comuns a cada uma das componentes:


a. Pemba possui uma sociedade civil bem estabelecida, apesar de, nos últimos anos
estar a enfraquecer. Possui uma coligação, formada em 1998, o Fórum das
Organizações de Cabo Delgado (FOCADE), para promover o desenvolvimento
de Organizações da Sociedade Civil, da boa governação e direitos do cidadão,
entre outros. O FOCADE é formado por 54 membros, mas o seu foco de
intervenção têm sido, principalmente, nas acções de nível provincial, ou seja, sob
a alçada do Governo da Província. Tem um papel activo no Observatório de
Desenvolvimento Provincial, mas uma participação insignificante nas sessões da
Assembleia Municipal. Esta lacuna poderá ser minimizada com a criação e
capacitação do SAMCom de Pemba. Existem ainda, para além do FOCADE
organizações fortes, organizadas e com o foco bem definido naqueles que são os
seus objectivos de apoio ao desenvolvimento de Pemba (MULEIDE, AMA);
b. Ausência de conhecimento e interesse sobre a intervenção do município e o
papel que o munícipe deve desempenhar em qualquer uma das componentes do
programa. Este facto deve-se ao hábito que os cidadãos em Moçambique têm, na
sua maioria, de que a provisão de serviços públicos compete apenas ao Estado e
que o cidadão é mero agente passivo do processo. A realização de campanhas de
sensibilização sobre os direitos e deveres dos munícipes no âmbito da
responsabilização social pode ser chave para ultrapassar esta realidade;
c. O ambiente político-social em Pemba é, ainda, sensível à participação. Muitos
entrevistados referiram-se ao temor em participar, à conotação política ou,

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
30

simplesmente, que participar não adianta nada. A utilização de uma abordagem


baseada em direitos e deveres pode ser uma ferramenta adequada em contextos
de receio em participar e/ou de conotação politica das actividades de grupos
cívicos.

Mais especificamente, por componente, encontramos as seguintes constatações:

Componente Constatações
A ausência de conhecimento e interesse nesta
componente tem impacto sobre o comportamento dos
munícipes no que toca ao meio ambiente. A questão das
deficientes práticas de gestão de resíduos urbanos ainda
constitui um problema sério e tem consequências para a
saúde dos munícipes. Recentemente, o Conselho
Municipal terceirizou o serviço de recolha de resíduos
urbanos, contudo o mesmo ainda não consegue abranger
todos os bairros, OU por insuficiência de meios, OU pela
dificuldade de acesso em muitas das zonas da autarquia
À excepção dos Conselhos Consultivos Municipais, os
quais apenas abordam questões relacionadas com o
PERPU, não há espaço estruturado ou regular onde
Componente A -
órgãos municipais e munícipes possam abordar, interagir
Maior Resistência
e discutir matérias ambientais
às Mudanças
Esta autarquia encontra-se a implementar, desde 2015, no
Climáticas e
âmbito de uma parceria com a USAID (CCAP), um Plano
Sistemas
de Adaptação e Resiliência a Mudanças Climáticas. Uma
Sustentáveis de
das primeiras intervenções do SAMCom pode ser,
Gestão de Resíduos
sem limitação, a monitoria às suas actividades. O
Sólidos Urbanos
Conselho Municipal não possui mecanismos de
reciclagem ou separação de lixo doméstico
O acesso a informação sobre aspectos climáticos e gestão
de resíduos sólidos ainda é limitado. Contudo, no âmbito
do projecto acima referido, prevê-se a entrada em
funcionamento de um sistema de alerta de eventos
extremos. O CCAP produziu também um sistema
integrado de informação urbana, o qual, apesar de não se
encontrar em funcionamento, é uma importante fonte de
informação para o processo de auditorias sociais, mas
também, de captura de percepções dos munícipes sobre
a qualidade dos serviços prestados pelo Conselho
Municipal

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
31

A cobrança de receitas pelo Município ainda não


ultrapassa os 17% do seu potencial. Isto deve-se, entre
outros, a (a) lacunas no processo de planificação e
previsão de receitas, à (b) ausência de um plano de
arrecadação de receitas municipais, (c) ausência de um
plano de sensibilização e, (d) à falta de motivação para o
pagamento de impostos e taxas municipais pelos
munícipes (falou-se mesmo em resistência em pagar).
Não pudemos apurar se o Conselho Municipal possui um
mecanismo eficiente para a prevenção, identificação,
tratamento e correcção de situações irregulares no
processo de cobrança. Contudo, constou-nos que está em
curso um processo de reestruturação da gestão da
Componente B –
arrecadação de receitas municipais, especialmente das
Gestão Financeira
receitas próprias, e acreditamos que eventualmente este
aspecto será tratado. De qualquer modo, este deve ser um
dos pontos de atenção do SAMCom de Pemba
Não existe um espaço estruturado ou regular onde órgãos
municipais e munícipes possam abordar, interagir à volta
de matérias de gestão financeira e os espaços e meios
existentes de divulgação de informação desta ainda
carecem de muita melhoria
Os relatórios e/ou recomendações deixadas pelas
auditorias efectuadas ao Conselho Municipal não são
partilhadas com a Assembleia. Esta partilha é de extrema
importância pois poderia permitir à Assembleia
Municipal exercer mais cabalmente as suas funções de
fiscalização
Apesar de existirem Conselhos Consultivos dinamizados
pelo Conselho Municipal, estes apenas servem para
abordar questões ligadas ao PERPU. Os mesmos não
exploram de forma efectiva a interacção com as
comunidades municipais nem canalizam a informação
Componente C –
entre órgãos municipais e munícipes e vice-versa. No que
Governação
diz respeito ao processo de auscultação e canalização de
Municipal e
necessidades para alimentação do Plano do Município a
Participação dos
sua participação tem tido um impacto nulo. Profundo
Cidadãos
enraizamento político das estruturas a nível dos bairros
Apesar de os membros da Assembleia Municipal
exercerem o seu papel de representantes dos munícipes,
algumas necessidades de reforço de capacidades ficaram
salientes, nomeadamente, (a) o conhecimento sobre o

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
32

conceito de Responsabilização Social, (b) o reforço para


um maior domínio das suas funções como órgão de
supervisão, por comissão, e, (c) carecem de um
documento orientador sobre os processos que devem ser
usados, quer pela Assembleia, bem assim, pelas
comissões, para melhor exercerem actividades a si
atribuídas por Lei
Ainda é reduzido o número de munícipes e organizações
da sociedade civil que participam nas sessões da
Assembleia Municipal
Ainda existe um clima de desconfiança entre Órgãos
Municipais e Sociedade Civil e um certo receio em
participar (por parte dos munícipes) em matérias de
gestão municipal
Falta de clareza por parte dos munícipes sobre o Plano e
Orçamento Municipais e falta de divulgação a nível dos
bairros sobre estes importantes documentos
A participação efectiva da Sociedade Civil em Pemba
ainda é aparente e simbólica

Espera-se que as actividades planificadas no âmbito do PRODEM contribuam para


resolver parte significativa das questões encontradas. É preciso reduzir a crescente
separação entre munícipes e órgãos municipais de modo a que, de forma sistémica,
os municípios abrangidos pelo PRODEM possam contribuir para permitir
desenvolver relações efectivas, inclusivas e de colaboração entre estes actores na
procura por soluções aos problemas mais prementes.

Fortalecer as organizações locais da sociedade civil para intervirem nos assuntos sob
a alçada do Conselho Municipal é igualmente importante. Recomendamos o
envolvimento de representantes das chefias comunitárias, do Conselho Municipal,
da Assembleia Municipal e de membros de organizações da Sociedade Civil como
MULEIDE, AMA ou FOCADE15 nos processos de capacitação em responsabilização
social. O SAMCom de Pemba deve ter um papel relevante na sensibilização fiscal. A
planificação das suas intervenções deve tomar em consideração a dimensão
territorial da Cidade de Pemba. Este facto pode requerer a utilização da experiência
de pessoas familiarizadas com a governação e participação cívica na província, em

15
Tomando em consideração a importância da equidade do género, achamos prudente que, a nível
das organizações da sociedade civil existentes em Pemba, a MULEIDE poderá ser uma parceira
crucial para esta intervenção pois, entre outros (a) poderá assegurar a questão da igualdade e
equidade de género; (b) possui uma experiência de 25 anos de intervenção em prol de grupos
desfavorecidos, liderança e democracia, (c) tem uma experiencia adequada de interacção com órgãos
de governação na provincial, (d) possui escritórios próprios, o que é um factor importante em termos
de sustentabilidade.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
33

geral, e no município de Pemba, em especial. A fraca coordenação entre OSCs e


Governo Municipal exige que o programa trabalhe para contribuir para a melhoria
deste cenário, envolvendo sempre que possível a sociedade civil organizada nas
actividades em parceria com os órgãos municipais e trabalhar no sentido de
desmistificar a “dificuldade de trabalhar a nível Municipal”. Uma vez que os
Conselhos Consultivos são estruturas já existentes achamos prudente trabalhar em
coordenação com os mesmos, de forma a alinharmo-nos à estratégia do Conselho
Municipal e ao mesmo tempo tendo a oportunidade de os capacitar e contribuir para
a melhoria do seu papel a nível de base.

Esperamos que a intervenção de responsabilização social proposta pela


implementação da metodologia do MuniSAM e do PRODEM possa contribuir para
oferecer outra dinâmica ao Município da Cidade de Pemba.

A transparência nas contas públicas e processos decisórios, o acesso à informação e


a participação do cidadão são alguns dos elementos fundamentais da boa
governação. E um pouco por todo o mundo, há registo do impacto que a má
governação tem sobre a vida dos Estados. Exemplos incluem crises políticas cíclicas,
crises nos preços de produtos básicos, crises na qualidade dos serviços públicos
prestados, a queda do nível de vida dos cidadãos, o aumento da pressão sobre os
grupos mais vulneráveis, a ausência de integridade pública, entre vários outros
males.

Quando falamos de Responsabilização Social no nível municipal, estamos a falar


sobre a oportunidade que os munícipes têm, conforme estabelece a Constituição da
República e demais legislação, de interagir com os entes públicos municipais à volta
da forma como estes executam as decisões, acções e contas municipais para a
satisfação das necessidades dos munícipes. Esta é a finalidade da Componente de
Responsabilização Social no âmbito do PRODEM.

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
34

Anexos

Anexo A - Bibliografia
Nº Descrição
1 Plano Estratégico do Conselho Municipal da Cidade de Pemba
2 Boletim Informativo “Pemba”, edição nº 4, Conselho Municipal da Cidade
de Pemba
3 Acta da V sessão ordinária da AMCP, Acta nº 05/2015, Dezembro 2014
4 Acta da VI sessão ordinária da AMCP, Acta nº 01/2015, Abril 2015
5 Resolução nº 01/2015, sobre o balanço e a Conta de Gerência do Conselho
Municipal referentes ao exercício de 2014, Assembleia Municipal da Cidade
da Pemba, aos 09 de Abril de 2015
6 Resolução nº 13/2015, sobre o Plano Económico e Social e Orçamento
Municipal 2016, Assembleia Municipal da Cidade da Pemba, aos 15 de
Dezembro de 2015

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
35

Anexo B - Lista de Entrevistados


Nº Nome Cargo Contacto
1 Fátima Correia Chipiquete Chefe do Gabinete do Presidente do 824724940
CM
4 Minoz Hassam Vereador de Finanças 843144210

5 Benedito Emílio João Chefe do DATA 824566320


António
6 Florêncio Luís FOCADE (Associação HEIPO) 827309431
7 Rodrigues Nganga FOCADE (PROGRESSO) 825980841
8 Thomas Hurley FOCADE (SOLIDARMED) 823436180
9 Nassuveleche Dulá FOCADE (Congresso Islâmico de 826601390
Moçambique)
10 Paulina Modesto FOCADE (CESC) 825894576
11 Horácio Daniel Mwembe FOCADE (ADEMO) 878317113
12 Jorge José Sousa FOCADE 824908080
13 José Carlos Samuel FOCADE (Fundação WIWANANA) 866109131
14 Caibane Combo Vereador da área de Mudanças 823972659
Climáticas, Saneamento e águas e da
área de Juventude, Desporto, Cultura
e Turismo
15 Delfina Naeite Coordenadora Provincial da 843636365
MULEIDE
16 Tomás Langa Coordenador da AMA 848206031
17 Marques Naba Vereador de Solo Urbano
18 Danilo Singano Representante da USAID no Projecto 821227970
de Mudanças Climáticas no CM
19 Muanarera Abdala Anif Presidente da Assembleia Municipal
20 Faquiho Jamusse Vice-Presidente da Assembleia 828761293
Municipal
21 José Njaz Secretário da Assembleia Municipal 825411923
22 Fátima Faige Membro da Comissão do Meio 829972156
Ambiente
23 José Jesus Chefe da Comissão de Finanças 861448771

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
36

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016
37

Mapeamento Inicial de Base, Município de Pemba

Mapeamento Inicial MuniSAM (Programa de Monitoria de Responsabilização Social ao Nível dos Municípios)
Município de Pemba – Julho 2016

Você também pode gostar