Trava Bancária e Recuperação Judicial
Trava Bancária e Recuperação Judicial
Trava Bancária e Recuperação Judicial
PELOTAS
2016
ANDERSON DIAS FERREIRA
PELOTAS
2016
TERMO DE ISENÇÃO E RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito e que se fizerem necessários, que isento completamente
a Faculdade Damásio, e os professores indicados para compor o ato de defesa deste, de toda e
qualquer responsabilidade pelo conteúdo e idéias expressas na presente monografia.
Este trabalho visa elaborar um estudo acerca do instituto da trava bancária utilizada no
processo de recuperação judicial de empresas. Primeiramente, apresenta-se um estudo acerca
da empresa e da ordem econômica, bem como a previsão constitucional e análise de
princípios próprios do direito econômico e os princípios previstos na Constituição Federal de
1988. Analisa-se ainda a função social da empresa, incluindo a apresentação do conceito de
empresa, de quem é empresário bem como de estabelecimento empresarial. É abordada a
questão da crise econômico-financeira e suas conseqüências na sociedade e relativamente às
empresas, falando um pouco sobre as várias causas da crise. Nesse mesmo contexto são
apresentadas informações sobre a taxa de sobrevivências das empresas no mercado brasileiro
e a taxa do pedido de recuperações judiciais no país. Analisa-se a recuperação judicial
prevista na lei 11.101/05, contemplando o conceito de recuperação judicial, principais
princípios adotados, breves notas sobre o procedimento de recuperação com suas fases e
créditos sujeitos e não sujeitos ao procedimento de recuperação. Verifica-se os créditos
excluídos do procedimento recuperacional, notadamente a cessão fiduciária de créditos
recebíveis, analisando conceitos, natureza jurídica do negócio fiduciário. Verifica-se por fim o
grande número de ações judiciais com pedido de antecipação de tutela, visando à liberação da
trava bancária a fim de viabilizar a recuperação judicial da empresa em crise econômico-
financeira, bem como a ocorrência de choque entre princípios da preservação da empresa, da
estrita legalidade e da função social dos contratos. Notadamente, verifica-se a
responsabilidade do poder judiciário pelas decisões sobre a liberação das travas, decidindo
com base na preservação da empresa e função social do contrato.
This work aims to draw up a study of the bank latch institute used in the judicial
recovery process companies. First, we present a study of the company and the economic order
and the constitutional provision and analysis of very principles of economic law and the
principles contained in the Constitution of 1988. It analyzes also the social function of the
company, including presentation of the concept of the company, who is an entrepreneur and
business establishment. It addressed the issue of economic and financial crisis and its
consequences for society and for the companies, talking a little about the various causes of the
crisis. In the same context information is presented on the survival rate of companies in the
Brazilian market and the rate of application for judicial recovery in the country. Analyzes the
bankruptcy protection under the law 11.101 / 05, contemplating the concept of bankruptcy,
major principles adopted, brief notes on the recovery process with its phases and subject
credits and not subject to the recovery procedure. There is the excluded credits recovery
procedure, notably the fiduciary assignment of receivables credits, analyzing concepts, legal
fiduciary business. There is finally the large number of lawsuits with a request for preliminary
injunction, seeking the release of the bank latch to enable the bankruptcy of the company in
economic and financial crisis as well as the occurrence of clash between the principles of
preservation of company, of strict legality and the social function of contracts. Notably, there
is the responsibility of the judiciary by the decisions on the release latches, deciding based on
preserving the business and social function of the contract.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................8
CONCLUSÃO .........................................................................................................55
INTRODUÇÃO
É sabido que a atividade empresarial busca o lucro. Este é seu principal objetivo.
Porém, nem sempre este é alcançado, por vários fatores, tais como má administração,
sobrevinda de crises econômicas, alta carga tributária, etc, acarretando dificuldades
financeiras à empresa.
Para a sociedade, é mais benéfico que uma empresa continue funcionando do que seja
fechada, pois ela tem potencial para gerar riquezas e cuida de uma parte importante e
extremamente vital da sociedade, que é a geração de emprego e renda.
sujeita à recuperação, como pagar demais credores, tendo em vista que tal faturamento fica
―travado‖ pela instituição bancária cessionária do crédito? Como garantir o fluxo de caixa se
o faturamento está comprometido?
Nesse mesmo sentido, Del Masso (2013, p. 45) ainda refere que:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Com efeito, ainda na Constituição Federal, o artigo 170 abre o título da Ordem
Econômica e Financeira, estabelecendo princípios gerais da atividade econômica. Vejamos:
a) Soberania nacional
b) Propriedade privada
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Notadamente, como principio eleito pelo legislador constituinte em 1988, para nortear
a economia nacional, a propriedade privada, nas palavras de Del Masso (2013, p. 77):
Deixando bem clara a aposição adotada, Tartuce (2015, p. 898) indica que para ele:
Ilustre conceituação da livre concorrência é trazida por Tércio Sampaio Ferraz Jr.
(citado por Eros Grau, 1990, p. 230-231):
e) Defesa do consumidor
Henrique Viana Pereira (2010, p. 47), dissertando sobre a função social da empresa,
especificamente falando sobre a defesa do meio ambiente fala que ―a ordem econômica resta
diretamente influenciada pelo dever de proteção ao meio ambiente, o que limita sua atuação,
em benefício da busca pela existência digna‖.
Ocorre que a defesa do meio ambiente não é bem vista por empresários de um modo
geral, por vários motivos, principalmente por questões financeiras. Muitos empresários não
querem gastar tempo nem dinheiro com preservação do meio ambiente. Muitos
empreendimentos são barrados nos processos de licenciamento ambiental, por falta de
adequação à legislação, levando a atividade empresarial à uma limitação temporal e
fincanceira. Segundo Del Masso (2013, p. 80):
Tal princípio pode ter extrema ligação com o próximo a ser estudado, o princípio da
busca do pleno emprego. Isto porque, estando o cidadão empregado, é grande a possibilidade
de redução de pobreza, pelo menos no plano hipotético, claro, se de fato todos os direitos dos
21
Já José Afonso da Silva (2007, p. 796), citado por Henrique Viana Pereira (2010, p.
49) mostra que:
Segundo Del Masso (2013, p. 82), a busca do pleno emprego é uma das maneiras de
valorizar o trabalho humano. Segundo ele, o desemprego configura uma das situações de
desigualdade sociais mais importantes.
humano. Isso impede que o princípio seja considerado apenas como mera busca
quantitativa, em que a economia absorva a força de trabalho disponível, como o
consumo absorve mercadorias. Quer-se que o trabalho seja a base do sistema
econômico, receba o tratamento de principal fator de produção e participe do produto
da riqueza e da renda em proporção de sua posição na ordem econômica. (PEREIRA,
2010, p. 50 apud SILVA, 2007, p. 797).
O que ocorre é que muitas vezes não há mão de obra qualificada para que o mercado
de trabalho possa absorvê-la. Esse aperfeiçoamento valoriza o trabalho humano, além de ter
um papel importante de inclusão no trabalho. Portanto, o cidadão tem uma parcela de
responsabilidade para que possa ser absorvido pelo mercado a fim de cumprir o princípio em
comento.
Além da redação do artigo 170, inciso IX da Constituição Federal, o artigo 179, caput
da Carta Magna traz a seguinte redação:
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Como dito anteriormente, tal principio visa efetivar a livre concorrência e a igualdade,
estimulando a atividade empreendedora.
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Para chegar até a função social da empresa, primeiramente cabe traçar a definição do
que ela é e quais são suas características e particularidades.
3.1. O Empresário
Esclarecendo ainda melhor o assunto, Henrique Viana Pereira (2010, p. 58) mostra
que:
Note-se, por outro lado, que a legislação civil classifica quem não é empresário no
artigo 966, Parágrafo único, estabelecendo que ―Não se considera empresário quem exerce
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de
empresa.‖
3.2. A Empresa
Em suma, Maria Helena Diniz expõe de forma clara e didática os conceitos ora
estudados a seguir:
O termo ―função social‖ traz consigo uma diretriz a ser adotada como principio
fundamental para o exercício de determinados direitos.
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Eduardo Tomasevicius Filho aponta de onde pode ter surgido o termo em destaque:
O conceito de função teria sido formulado pela primeira vez por São Tomás
de Aquino, quando afirmou que os bens apropriados individualmente teriam um
destino comum, que o homem deveria respeitar. (PEREIRA, 2010, p. 61 apud
TOMASEVICIUS FILHO, 2003, p. 33).
A expressão função social, segundo Rodrigo Almeida Magalhães, pode ser definida
como ―um objetivo a ser alcançado em benefício da sociedade‖ (PEREIRA, 2010, p. 61 apud
MAGALHÃES, 2007, p. 342).
Não menos importante é a definição de função social trazida por Pietro Perlingieri,
para o qual:
Muito importante é saber quando a empresa cumpre sua função social. Nas palavras de
Fábio Ulhoa Coelho, a empresa cumpre a sua função social quando:
Cumpre sua função social a empresa que gera empregos, tributos e riqueza,
contribui para o desenvolvimento econômico, social e cultural da comunidade em que
atua, de sua região ou do país, adota práticas empresariais sustentáveis visando à
proteção do meio ambiente e ao respeito aos direitos dos consumidores. Se sua
atuação é consentânea com estes objetivos, e se desenvolve com estrita obediência às
leis a que se encontra sujeita, a empresa está cumprindo sua função social; isto é, os
bens de produção reunidos pelo empresário na organização do estabelecimento
empresarial estão tendo o emprego determinado pela Constituição Federal.
O princípio da função social da empresa é constitucional, geral e implícito.
(PEREIRA, 2010, p. 66 apud COELHO, 2012, p. 89).
A partir do que Fabio Ulhoa Coelho destaca sobre a função social da empresa, é
possível observar a relevância que a mesma possui no âmbito da sociedade. Ana Frazão de
Azevedo Lopes menciona essa importância com as seguintes palavras:
4. CRISE ECONÔMICO-FINANCEIRA
Empresa, como visto anteriormente, segundo definição legal do artigo 966 do Código
Civil é o exercício de atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de
bens ou de serviços. Também viu-se que a empresa gera um grande impacto econoico e
social. É positivo o impacto quando a empresa gera empregos, arrecada tributos, cumpre a lei,
etc. Agora, veremos o impacto gerado quando a empresa entra em crise financeira. Segundo
Ricardo Negrão (2010, p. 186) a crise econômica pode configurar-se da seguinte forma:
Segundo a publicação:
31
Vejamos o gráfico:
de todos os tamanhos deverão pedir recuperação judicial no Brasil, maior número registro
pelo Serasa Experian desde 2005.‖
5. A RECUPERAÇÃO JUDICIAL
5.1. Conceito
De modo geral, quem ganha com a nova lei são todos os agentes econômicos,
a saber: o Estado, os empregados, os consumidores, os empresários e as sociedades
empresárias. O maior beneficiado é o Brasil, que, após conviver com uma legislação
que não mais atende a realidade econômica, incorpora ao ordenamento jurídico novo
instituto – o da recuperação da empresa, alinhando-se aos principais países europeus e
aos EUA no direito das quebras e da recuperação. (ARÊAS, 2015, p. 16 apud SILVA,
2005, p.7)
(...) uma permissão legal que concede ao devedor empresário ou sociedade empresária
a possibilidade de negociar diretamente com todos os seus credores ou tão somente
com parte destes, de acordo com suas reais possibilidades, ampliando o seu universo
de medidas eficazes e suficientes à satisfação dos créditos negociados, mantendo os
direitos dos credores não incluídos no plano, garantindo o controle do Poder Judiciário
e dos credores por instrumentos próprios, com a finalidade precípua de recuperar e
preservar a empresa viável com a reorganização de seu passivo.
A noção dos objetivos da lei é nitidamente demonstrada no artigo 47, que possui a
seguinte redação:
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de
crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte
produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo,
assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade
econômica.
parceiros negociais diretos, bem como à Sociedade Civil. (NONES, 2008, p. 115 apud
MAMED, 2007, p. 56-57)
Existem outras disposições no na legislação civil que apontam para a mesma direção,
porém, fica consignado, por todos, a hipótese acima.
A conclusão a que se chega é que a manutenção ou, como o próprio princípio diz, a
preservação da empresa, é fundamental, pois visa manter a geração de empregos, o
pagamento dos credores, estimula à atividade econômica, à concorrência, etc. É claro que,
como visto anteriormente, nem todas as empresas merecem ser recuperadas.
a) empresa pública;
b) sociedade de economia mista;
c) instituição financeira pública ou privada;
d) cooperativa de crédito;
e) consórcio;
f) entidade de previdência;
g) sociedade operadora de plano de assistência à saúde;
h) sociedade seguradora;
i) sociedade de capitalização;
j) outras entidades equiparadas às anteriores; e
k) sociedades simples. (Sanchez e Gialluca, 2012, p. 52)
haja vista que, como dito anteriormente, os requisitos da antiga lei de concordata eram
extremamente rigorosos e praticamente inoperáveis.
porque o plano de recuperação nem foi apresentado ainda, vez que seu momento de
apresentação é posterior ao despacho de processamento.
O mencionado despacho, simplesmente, dá início ao procedimento de
verificação da viabilidade da preservação da empresa e do seu plano de recuperação,
com a eventual aprovação, alteração ou rejeição e consequente falência. (Sanchez e
Gialluca, 2012, p. 58-59).
Nesse ínterim, pode ocorrer que já hajam pedidos de falência distribuídos contra o
devedor. Todos esses pedidos, todavia, devem ser suspensos com a distribuição do pedido de
recuperação judicial. Fábio Ulhoa Coelho leciona que:
Tal fase culmina com a intimação dos credores sobre o deferimento do processamento
da recuperação judicial, nos termos do artigo 52, § 1º e incisos, a seguir:
Veja-se que o prazo para a assembléia de credores decidir sobre o plano, quando há
objeções, é muito longo. Isto devido aos debates que podem ser gerados entre credores.
Reuniões de credores podem ser trabalhosas e tensas, logo, é evidente que o prazo de 150 dias
para que ocorram as deliberações é acertado.
Por derradeiro, a fase de execução tem início a fim de cumprir o plano aprovado em
juízo.
Fábio Ulhoa Coelho faz uma distinção sobre o encerramento do processo judicial,
afirmando ele que pode se dar de duas formas ou hipóteses. Segundo ele:
Preferencialmente deixamos para abordar agora os créditos que são sujeitos e não
sujeitos à recuperação judicial, pois a partir daí se dará o cerne do trabalho, que é a cessão
fiduciária de créditos, excluída da recuperação.
Focaremos agora na hipótese do artigo 49, § 3º, que traz a cessão fiduciária de
créditos, objeto do presente estudo. Para elucidar, veja-se a redação do dispositivo a seguir:
A legislação brasileira, no caso, o Código Civil de 2002, dispõe no artigo 1.361 sobre
a propriedade fiduciária da seguinte forma: ―Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade
resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao
credor.‖
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Significa, portanto, que a propriedade pode ser extinta, ou seja, não pertence mais ao
seu possuído, a fim de garantir a obrigação contraída.
Importante frisar que a legislação civil destacou como propriedade fiduciária apenas
os bens móveis infungíveis, deixando de lado, aparentemente a propriedade móvel e fungível.
Dois anos após a edição do Código Civil de 2002,a lei disciplinou a alienação
fiduciária de bens móveis e fungíveis. Em 2004, a lei nº 10.931 acrescentou o § 3º ao artigo
66 B da lei nº 4.728/65, com a seguinte redação:
Ou seja, a lei em 2004 veio permitir o que o Código Civil em 2002 não regulamentou.
Ocorre que ao admitir a alienação fiduciária sobre direitos sobre coisas móveis,
compromete-se muitas vezes o próprio procedimento recuperacional, afetando, assim, o
princípio da preservação da empresa, pois, grande parte das vezes a tava bancária impede o
48
fluxo de caixa das empresas recuperandas para que possam continuar suas atividades, como
nos julgados a seguir.
___________________________________________
Por isso, a trava bancária afeta especificamente a retenção de valor
(moeda), representando o resultado diretamente ligado ao ―caixa‖ da
empresa, de modo que a sua manutenção implica na impossibilidade de fato
da proporcionar a recuperação da empresa. (Disponível em: http://tj-
mt.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/362861316/agravo-de-instrumento-ai-
300628920138110000-30062-2013/inteiro-teor-362861322. Acesso em: 29
jul. 2016).
A grande verdade é que a própria trava bancária gera uma enxurrada de ações judiciais
pedindo sua liberação.
Por outro lado, na mesma pesquisa constatou-se que nem todos os tribunais são
favoráveis ao pedido de liberação. Em outros casos, as empresas conseguem obter cerca de
50% dos valores retidos pelas instituições financeiras. (disponível em: <http://oab-
rj.jusbrasil.com.br/noticias/1326319/decisoes-derrubam-trava-bancaria-em-recuperacao-
judicial>. Acesso em: 09 set 2016).
(disponível em:
http://www.jusbrasil.com.br/busca?q=libera%C3%A7%C3%A3o+trava+banc%C3%A1ria&p
=160. Acesso em: 06 set 2016).
O termo ―princípio‖ vem do termo matino principium, principii, traz a ínsita idéia de
começo, origem, base, ponto de partida. (LENZA, 2014, p. 1.395).
Notadamente, para que seja realizada uma ponderação equilibrada, correta, seguem-se
algumas fases ou procedimentos, que deverão ser seguidos pelo julgador, conforme destaca a
professora Letícia Balsamão Amorim:
CONCLUSÃO
Por tudo o que foi exposto, conclui-se que constituição federal de 1988 teve o cuidado
de estabelecer a ordem econômica sobre princípios fundamentais que regem a vida econômica
do país, buscando o desenvolvimento humano, social, empresarial e institucional. Sobretudo,
a livre iniciativa é um pilar evidenciado sobre o qual o empreendedor pode se apoiar a fim de
explorar a atividade econômica e a dignidade da pessoa humana, juntamente com os valores
sociais do trabalho, equilibram a balança econômica.
Ocorre que muitas vezes, a empresa passa por crises econômicas, por diversos fatores
e, considerando a importância de um empreendimento na sociedade em geral, o interesse do
Estado é que a mesma siga em funcionamento. Desde muito tempo atrás já se protegia e
atividade econômica com leis que permitissem, estimulassem a recuperação da crise
econômico-financeira empresarial. Tal proteção atualmente no Brasil se dá pela lei de
recuperação judicial e falências.
Nesta discussão sobre a liberação das travas, a constatação fundamental ocorrida foi a
geração do conflito entre princípios, quais sejam, o princípio da preservação da empresa e o
da função social da empresa, pois a trava bancária acaba frustrando o procedimento de
recuperação, o da estrita legalidade, pois a lei determina a exclusão do credito fiduciária da
recuperação em juízo e o da função social do contrato pois trata do contrato de cessão de
créditos fiduciários recebíveis.
Por sua vez, a resolução deste conflito foi repassada ao poder judiciário, que deverá
usar a regra de ponderação, como já tem feito, admitindo a liberação da trava bancária
decidindo com base na preservação da empresa e função social do contrato e, em outros casos,
inadmitindo a liberação com base no princípio da legalidade.
57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Esboço e críticas. Revista de Informação Legislativa. Brasília, v. 42, n. 165, p. 123-134,
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BÔAS, Bruno Villas. Metade das empresas fecha as portas no Brasil após quatro anos,
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(a): Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Julgamento: 07/03/2013, Órgão Julgador:
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