O Deus Poderosamente Fraco...

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O DEUS “poderosamente fraco” DE JESUS

Deus se faz “fraco” para plenificar nossa fragilidade

Jesus provoca uma grande decepção nos seus ouvintes, sobretudo entre os
fariseus, saduceus e levitas.
Jesus representa motivo de grande escândalo. Ele não somente transgride as
regras por eles indicadas, relativiza o sábado, desqualifica a limpeza exterior,
critica os bons costumes e a fiel observância das leis..., mas causa o maior
impacto ao anunciar um “Deus vulnerável”.
Os que ficaram mais ressentidos e desiludidos foram, sem dúvida, os
fariseus, pois consideravam-se superiores aos outros, perfeitos cumpridores
da lei, e portanto, merecedores da atenção de Deus.
Eles apresentavam-se como modelos para o povo, porque viviam atraídos
por um Deus que somente eles encontraram. É possível compreender a
seriedade e a moralidade dos fariseus à luz do Deus em que creem. É duro
viver ao lado de um fariseu, porque igualmente duro é seu Deus.
O Deus de Jesus não age do mesmo modo que o Deus dos fariseus. Ele não faz
comparações entre uns e outros; não coloca os impuros em situação de
desvantagem.
Jesus destruiu tudo quanto eles, ao longo dos séculos de tradições sobre o puro e
o impuro, sobre o perfeito e o imperfeito, haviam trabalhado e impresso na
mente e no coração das pessoas.
O Deus dos fariseus condena os pecadores, o Deus de Jesus os absolve.
O primeiro dedica-se aos sãos, o segundo aos enfermos. Jesus anuncia um banquete para os “pobres,
estropiados, cegos e coxos” (Lc. 14,21). À volta d’Ele encontram-se os não-eleitos.

Jesus revela a “fraqueza” de Deus. O Deus de Jesus mostra o seu rosto na


proximidade e na reconcilia-ção para com todos. Ele não tem vergonha de se
aproximar e de se misturar com a pobreza e a fragilidade dos seus filhos. Ele se
revela como um “Deus errante”, que corre ao en-
contro daquele que está perdido. Com efeito, Jesus senta-se à mesa e co-
me com os pecadores, porque seu Deus toma parte do mesmo banquete.
Jesus faz surgir, em meio a seu povo, o problema da imagem de Deus.
Ele deixa absolutamente claro que o amor não depende do fato de que
a pessoa não seja frágil. Sua visão rejeita o ponto de vista tradicional, ou
seja, a pessoa não tem necessidade de ser “justa” para que Deus a aceite.
O pecador encontra agora uma esperança.
Os fariseus perceberam que Jesus estava mudando radicalmente a maneira
de entender quem é Deus e qual o lugar privilegiado de encontro com Ele.
Eles não suportaram ver um Deus despojado da própria divindade. Para eles, a idéia de Deus estava
ligada à idéia de potência, de força, de poder... O Deus de Jesus manifesta sua presença na dimensão do
pequenino, do fraco... O que é pequeno torna-se agora o indispensável. As pequenas realidades, como o
grão de mostarda ou a pitada de fermento na massa, são figuras que revelam o Deus de Jesus.
O Deus de Jesus é a derrocada do Deus dos fariseus. A fraqueza foi revalorizada pelo Deus de Jesus.

De fato, o que Jesus transformou por completo não é nada menos que o próprio
Deus. O comportamento do Deus anunciado por Jesus, do Deus que demonstra
um amor incondicionado pelos pecadores, começava a colocar o Deus dos
fariseus na sombra.
Com a atuação e a pregação de Jesus iniciou-se uma luta entre “Deus contra
Deus”.
Jesus põe no centro de seu anúncio a indigência, a fragilidade, o limite... e não a perfeição, a pureza...
A indigência, a fragilidade... nos fazem disponíveis, abertos à graça de Deus e nos permitem encontrar
“tudo” aquilo de que temos necessidade.
Este é o caminho de Deus em direção ao homem, e do homem rumo a Deus.
O Deus de Jesus assume a condição humana a tal ponto que liberta o ser
humano da exigência de “ser como Deus” (“sereis como Deuses” – tentação da
serpente no paraíso).
Deus contém em si, agora, o máximo de humanidade. Deus encontra-se
mergulhado no humano, acolhe tudo e plenifica tudo (inclusive a fragilidade).
Jesus acolhe o anseio do ser humano de libertar-se da perfeição. O Deus de
Jesus dispensa o ser humano da implacável cobrança de “ser alguém”, de ser
“o melhor”, de “não fracassar”... O Evangelho é o espaço onde o ser humano
pode ser ele mesmo por inteiro, com suas riquezas e fragilidades. O ser humano
pode tomar parte ativa do Reino, permanecendo aquilo que é: um ser indigente.
Textos bíblicos: Lc. 14,15-24 Lc. 15,1-7

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