Ensinamentos - Silvia Helena
Ensinamentos - Silvia Helena
Ensinamentos - Silvia Helena
Aquele que nunca desiste, com uma forte determinação para realizar o seu trabalho –
mesmo cometendo falhas ou sendo ridicularizado pelos outros – certamente crescerá
bastante. Eu próprio trabalho com essa atitude. Entretanto, aqueles que desistem após
o primeiro fracasso não servem, de fato, para o trabalho.
Meishu-Sama em 1950
BONDADE E CORTESIA
Mas o mundo atual mostra-nos, a todo instante, como é carente dessa bondade e
cortesia. Por toda parte, o ser humano vive a esmiuçar os defeitos alheios, odiando e
recriminando a toda gente, salientando sempre os seus aspectos desagradáveis.
Podemos afirmar que quase não existe cortesia no homem moderno. Há, nele, um
requinte de egoísmo, grosseria, espírito calculista e constante desculpa para todos os
erros que comete. Não lhe importa ser desagradável aos outros.
25 de outubro de 1950
Já lhes falei que não devem odiar ninguém. Digo-lhes, também, que não devem ser
odiados. Isso porque os maus pensamentos, o ódio, o ciúme, o desejo de vingança e
outros sentimentos negativos chegam até nós através dos elos espirituais e nos
atrapalham completamente. Ficamos mal humorados, perturbados e não podemos
desempenhar corretamente nossas tarefas; nessas condições, o sucesso é impossível.
Tomem, pois, o máximo cuidado.
Se o número dessas criaturas perversas aumentar, será difícil que o mundo melhore. O
tempo nos revela, porém, que toda semente ruim produz mau fruto; os perversos
serão infalivelmente destruídos.
18 de julho de 1951
Tanto os descrentes como os religiosos vivem a falar em crise. Isso demonstra que eles
desconhecem a realidade das coisas.
Se é a crise que abre caminho para o progresso, ela deixa de ser crise. Podemos
compará-la à pausa para tomar fôlego, na corrida, ou aos nós do bambu. As varas do
bambu se mantêm firmes devido à formação de nós no curso de seu desenvolvimento;
se lhes faltassem nós, não apresentariam sua conhecida resistência. Quanto mais nós
tem o bambu, mais forte ele é.
29 de outubro de 1952
EGOÍSMO E APEGO
Notamos que todas as pessoas manifestam em seu caráter dois traços irmãos -
egoísmo e apego - e que nos problemas complicados há sempre interferência desses
sentimentos.
Temos casos de políticos que acabaram na miséria porque o apego às posições os fez
perder a melhor oportunidade de se afastarem da vida pública. Eis um bom exemplo
da inconveniência do egoísmo e do apego.
Há industriais que, devido ao apego que têm ao dinheiro e ao lucro, irritam seus
fornecedores, prejudicando as transações comerciais. Momentaneamente, o negócio
se lhes afigura vantajoso, mas, com o tempo, mostra-se contraproducente.
No Mundo Espiritual, é raro que marido e mulher permaneçam juntos. A razão do fato
está na diferença da posição que o espírito de cada um alcançou. O convívio dos dois
só lhes será possível quando estiverem nivelados, como habitantes do Reino do Céu.
Entretanto, aqueles que alcançarem certo grau de aperfeiçoamento, terão licença de se
encontrar, embora estejam em camadas espirituais inferiores. Mas o encontro durará
apenas um instante, e a licença lhes será concedida pelas divindades que
superintendem os níveis em que eles estão situados. Não haverá permissão para que,
levados pela saudade, os cônjuges se abracem; à mínima intenção de teor mundano,
seus corpos ficarão rijos e perderão o movimento. Isso demonstra como o apego é
condenável.
25 de janeiro de 1949
ENTREGUE-SE A DEUS
Entregar-se inteiramente a Deus é jamais se preocupar com o que possa acontecer. Isso
parece fácil, mas na realidade não o é. Eu mesmo faço um grande esforço para agir
assim; entretanto, as preocupações surgem-me involuntariamente. Neste mundo cheio
de perversidade, é quase impossível viver sem preocupações. Mas o homem de fé
torna-se diferente dos demais: tão logo lhe surge um problema, lembra-se de entregá-
lo a Deus. Sente-se, pois, aliviado.
Mas não me prenderei a essas conhecidas formas de apego; pretendo analisar aquelas
que nem todos percebem, tal como a preocupação em relação ao futuro e o
sofrimento pelo que já passou. Quando se trata de um religioso, embora Deus queira
protegê-lo, o apego forma espiritualmente um obstáculo. Quanto mais forte o apego,
mais fraca é a proteção Divina; daí nem sempre as coisas correrem como gostaríamos.
Vejamos.
É difícil conseguir de imediato aquilo que se deseja intensamente, mas todos sabemos,
por experiência própria, que é comum esse desejo se concretizar a partir do momento
em que, considerando-o inviável, a pessoa se resigna.
Às vezes, querendo obter algo, tudo nos parece fácil, mas nada conseguimos. E, mais
uma vez, o desejo se concretiza repentinamente, quando já o tivermos esquecido.
Temos, ainda, o caso de o doente e seus familiares, ansiosos pela cura, verem a doença
ir se agravando sempre, até chegar ao ponto em que, ante a perspectiva do inevitável
desenlace, todos se resignam. É então que sobrevêm melhoras rápidas, e firma-se a
cura. Aquele que reage, confiando somente no poder de sua força de vontade, certo de
que vai se curar, quase sempre morre. É um fato curioso. A causa principal está no
apego à vida.
Ao nos depararmos com um doente desenganado, é bom insinuar-lhe, bem como à sua
família, que, diante da improbabilidade da cura, vamos pedir a Deus pela sua infalível
salvação no Mundo Espiritual. A partir daí, com a ministração do Johrei, muitas vezes a
doença começa a ceder.
Considerando que quase sempre o apego é a causa do insucesso, tenho por hábito
aconselhar às pessoas que provoquem o efeito contrário. É a ironia das ironias, mas é a
pura verdade.
28 de novembro de 1951
Volto a ventilar o assunto de que o homem foi criado para construir o Mundo Ideal
planejado por Deus. E ele só trabalhará com saúde, sem desgraças, em ambiente
satisfatório, se conseguir identificar-se com este objetivo Divino. Eis a Verdade Eterna.
O ser humano carrega não só as suas próprias máculas, como as de sua raiz familiar.
Além disso, mesmo sem saber, ele absorve substâncias tóxicas, aumentando,
inevitavelmente, o número de suas enfermidades. Ora, a existência de pessoas doentes
e, consequentemente, inúteis para a Obra Divina, constitui um prejuízo para Deus. Por
isso, é lógico que Ele deseje curá-las; nem precisaríamos preocupar-nos com o assunto.
No entanto, os que ignoram esse aspecto, julgam que os remédios sejam o único
recurso contra as doenças, e nada mais fazem que reprimi-las. Assim, desconhecendo a
Lei de Identidade Espírito-Matéria, jamais poderão obter a cura integral.
Também o ingresso na Fé produz sofrimento, e este será tanto mais profundo, quanto
maior for a dedicação. O motivo é que Deus quer beneficiar a pessoa como
recompensa pela sua dedicação, e para isso é necessário eliminar suas máculas
espirituais, a fim de que ela possa receber Suas Graças. Suportando as purificações sem
vacilar, a pessoa receberá benefícios inesperados. Entretanto, quem não possui firmeza
de fé, vacila nesses momentos decisivos.
Vou lhes falar de minha experiência sobre o assunto. Durante vinte anos sofri em
virtude de dívidas aparentemente insolúveis. Finalmente consegui saldá-las em 1941.
Foi um alívio! No ano seguinte, começaram a chegar-me riquezas inesperadas, e assim
me surpreendi com a profundidade da Vontade Divina.
É habitual ouvirmos comentários como este: "Fulano ficou rico após o incêndio". Isso
nada mais é que uma consequência da purificação. Podemos dizer o mesmo em
relação ao incêndio de Atami. Se compararmos a atual cidade com o que ela era antes
da catástrofe, veremos que a diferença é surpreendente.
2 de dezembro de 1953
O SUSSURRO DE SATANÁS
“O Sussurro de Satanás”: parece até título de filme. Acho que todos já devem
Ter passado por esta experiência. A maioria das pessoas, quando ingressaram na fé
messiânica, geralmente experimentaram uma alegria especial, até então nunca
sentida. Tais pessoas haviam praticado fervorosamente algum tipo de fé mas, apesar
disso, dificilmente recebiam graças, não encontravam a Verdade e acabavam perdendo
todas as esperanças. Por isso, num momento de angústia, ao encontrarem a Igreja
Messiânica Mundial, é natural que ficassem alegres pois é como se tivessem
encontrado o tão poderoso tesouro, procurado há tanto tempo pelo caminho da vida.
Entretanto, existe um grande perigo: Satanás sempre está à espreita, procurando uma
oportunidade para abalar a fé de tais pessoas.
Desde épocas remotas, vem ocorrendo uma grande luta - invisível aos nossos olhos
entre Deus e Satanás. Esta luta se apresenta sob diversas formas. De uma escala maior
para uma menor, temos as guerras entre países, as divergências entre partidos
políticos, os conflitos entre classes sociais, as desavenças entre as pessoas e, por fim,
em sua menor forma, a luta que existe no interior de cada indivíduo: a luta entre o
Bem e o Mal. Resumindo, numa abrangências maior temos a guerra entre os países e,
na menor escala, temos a luta incessante dentro de cada indivíduo. O resultado é que a
maioria das pessoas, até os dias de hoje, vem apresentando uma forte tendência para
se ligar ao Mal, aumentando, cada vez mais. o número dos súditos de Satanás.
Contudo. é lógico que muitas pessoas não têm nenhuma consciência disso, pois, se o
soubessem, imediatamente procurariam afastar-se dele.
Dentre os que são salvos por Deus existem muitos que estão trabalhando para o Mal,
inconscientemente, pois eles têm a possibilidade de abrir seus olhos. Essa não
consciência consiste em acreditar que estão fazendo um bem, enquanto que, na
verdade, não passa de um mal; veneram um deus achando que é do Bem mas que, na
verdade, faz parte da falange do mal; o que acreditam ser a Verdade, na realidade não
o é e assim por diante. Portanto, basta apresentar-lhes a Luz da Salvação para
mostrarmos a verdadeira face dos erros cometidos.
O que falei até agora foi sobre as pessoas que ainda podem ser salvas, mas existem as
que não têm a mínima chance.: “Elas são poucas e veneram e praticam o mal
conscientemente. Estas raramente são salvas, o que é motivo de misericórdia, pois, na
ocasião do Juízo Final, suas almas serão extintas.
Aqueles que não percebem o plano de Satanás, acabam vacilando na fé pelo mais
simples motivo. Geralmente, ele procura confundi-los, utilizando de forma ardilosa os
conselhos de um amigo ou as palavras amáveis dos familiares. Ou seja, as palavras
amáveis, na verdade, não passam de uma máscara utilizada por Satanás para destrui-
los. Se, neste momento, não tivermos uma fé bem solidificada, acabaremos nos
deixando levar pela conversa, pensando: "Ei Ele tem razão..." Neste ponto, uma parte
da fé já foi destruída pela artimanha de Satanás, permitindo, assim, a livre atuação da
falange dos demônios. E como se fosse uma guerra medieval: basta uma parte da
muralha ser destruída, para que todo o exército inimigo invada o castelo por essa
brecha, apossando-se dele completamente.
Suponhamos uma pessoa que sofra de uma doença incurável e, de repente, seja salva
pela Força de Kannon (Johrei). Nesta hora, é natural que nasça dentro dela uma
fervorosa fé, que a faz entregar sua própria vida a Deus, já que foi recuperada pela Sua
Luz. E difícil acreditar mas, ás vezes com o passar do tempo, existem aquelas que são
meio distraídas" e acabam esquecendo o sentimento inicial, o que é muito desolador
Essas pessoas "distraídas", mesmo tendo sido salvas por Deus uma vez, caem
facilmente nas engenhosas armadilhas de Satanás e, infelizmente, acabam se tornando
prisioneiras do Mal.
Chamo a atenção das pessoas que já receberam graças: tomem o máximo de cuidado
no assunto citado acima.
19 de abril de 1936
Devo abordar a questão pelo aspecto espiritual e dizer, numa palavra, que todos os
sofrimentos são ações purificadoras. Ser vítima de chantagem, incêndio, acidente,
roubo, desgraça familiar, prejuízo, fracasso comercial, necessidade monetária, conflito
conjugal, desavença entre pais e filhos ou entre irmãos, contenda com parentes e
amigos, tudo isso faz parte da ação purificadora. Nessas circunstâncias, só há um
recurso: eliminar as máculas espirituais por meio do sofrimento. Enquanto houver
máculas no espírito, a ação purificadora persistirá; diminuí-las, é condição essencial
para melhorar o destino. O ato purificador é dispensado quando atingimos certo grau
de purificação; então a desgraça se transforma em felicidade. Sendo esta a verdade, a
boa sorte não se espera de braços cruzados, mas purificando.
Se a Fé é o meio para purificarmos sem sofrimentos, é natural que não haja felicidade
para os descrentes. Existem diversas espécies de crenças, mas para se obter a
verdadeira felicidade é preciso seguir uma fé verdadeira e de poder elevado. Daí a
necessidade de se reconhecer a Igreja Messiânica Mundial como uma religião que
corresponde a essa condição.
25 de outubro de 1952
Conforme todos podem observar, não existe nada mais vago, abstrato e difícil de ser
obtido que a boa sorte, algo tão simples. Não estando ela ao nosso alcance, a única
alternativa que temos, naturalmente, é esperar por ela. Daí, talvez, o nome sorte.
Concordo com as palavras: "A vida é uma grande aposta", pois até as pessoas
consideradas sábias continuam a perseguir a boa sorte, embora pareçam ter perdido as
esperanças de alcançá-la. Talvez esta seja a predestinação dos homens.
É unicamente pela vontade de alcançar a boa sorte que conseguimos fazer diversas
coisas, seja qual for o sacrifício. Por esse motivo, também, é que "fazemos das tripas
coração" e chegamos ao fim da vida sacrificando-nos para realizar nossos desejos.
Assim, talvez, seja a vida. Não existe nada mais irônico que a sorte: quanto mais
tentamos agarrá-la, mais ela foge. No Ocidente, existe um ditado que diz: "A
oportunidade de obter a boa sorte só aparece uma vez na vida. Se a perdermos, não
encontraremos outra". É exatamente assim.
Pela minha longa experiência, sinto que sou constantemente ludibriado pela sorte. Às
vezes parece que vou consegui-la facilmente, mas tal não acontece. Quando a vejo
bem diante de meus olhos e estendo as mãos para alcançá-la, ela acaba escapando.
Quanto mais a perseguimos, mais rápido ela foge. É realmente difícil lidar com ela. Mas
eu consegui agarrar de fato aquilo que se chama sorte. Entretanto, o que complica sua
explicação é a existência de pontos desconhecidos que as pessoas dificilmente
compreendem, salvo as que têm fé. Isto porque elas olham somente o lado superficial
das coisas e não o seu interior; ou melhor, não o enxergam. E no caso da sorte, sua
causa está justamente no interior; sem compreender isso, é impossível alcançá-la.
Quando o homem movimenta o corpo, não é o corpo em si que se move; quem o faz
mover-se é o espírito, que está dentro dele. Da mesma forma, o fator essencial da
sorte está no interior do homem. Vou explicar melhor.
Darei explicações mais detalhadas sobre o Mundo Espiritual. Ele possui uma hierarquia
muito mais justa e rigorosa que a do Mundo Material. É constituído de cento e oitenta
camadas, distribuídas em três planos – Superior, Intermediário e Inferior – cada um
composto de sessenta camadas. Naturalmente, o Plano Superior é o Céu; o Inferior é o
Inferno; o Intermediário corresponde ao Mundo Material. Talvez o homem
contemporâneo não acredite nisso de imediato; entretanto, como Deus me mostrou
minuciosamente a relação entre o Mundo Espiritual e o Mundo Material, e, através de
minha longa experiência, adquiri o mais profundo conhecimento sobre o assunto, não
há o menor erro no que estou afirmando. Como prova disso, existem inúmeras pessoas
que, acreditando nesse princípio e colocando-o em prática, conseguiram alcançar a boa
sorte. Eu me incluo entre elas. Para se certificarem do que estou dizendo, basta que me
analisem imparcialmente: constatarão o estado de felicidade em que eu me encontro.
Ao contrário das más ações, que maculam o espírito e o tornam pesado, as boas ações
o tornam leve, fazendo-o elevar-se. Por conseguinte, o segredo da boa sorte é
evitarmos o mal, não cometermos pecados e praticarmos o bem o máximo possível,
tornando leve o nosso espírito. Por se tratar da Verdade, afirmo que não há outra
maneira para alcançarmos a boa sorte.
3 de fevereiro de 1954
FELICIDADE
Será, então, a felicidade algo tão difícil de se conseguir? Devo dizer que não. A
felicidade baseia-se na eliminação de três fatores principais: doença, pobreza e
conflito. Como essa eliminação não é fácil, a maior parte das pessoas submete-se a
uma forçada resignação.
Tudo se enquadra dentro da Lei de Causa e Efeito, e a felicidade não foge a essa lei.
Descobrir sua causa será, pois, descobrir a chave do problema. A solução da incógnita
está na compreensão do amor altruísta. Lutar pelo bem-estar do próximo é a condição
essencial para nos tornarmos felizes. O mundo, entretanto, está repleto de pessoas que
buscam a felicidade apenas para si, indiferentes à desgraça alheia.
Deus, por meio de Seus representantes, criou as religiões, que por sua vez
estabeleceram doutrinas, através das quais são indicadas as bases do viver. São as
religiões que nos ensinam a existência de um Ser Invisível, para, com a mais pura
intenção, conduzir-nos ao caminho da Fé. Não é pequeno o empenho requerido para
salvar uma pessoa. A vida realmente não tem sentido para a maioria, que, não sendo
ensinada a crer no invisível, parte para o Além indiferente aos ensinamentos,
ludibriada e perdida nas trevas. Todavia, para os que souberem desfrutar da alegria de
viver, extasiar-se com as verdades, conseguir vida longa e o meio de serem
verdadeiramente felizes, o mundo será, sem dúvida, um paraíso digno de ser vivido.
Nós afirmamos que, para nos tornarmos felizes, há um caminho cujo rumo está
indicado neste livro, apresentado com tal propósito.
1º de dezembro de 1948
SEGREDO DA FELICIDADE
Quantas pessoas felizes conhecemos? Talvez nenhuma. Isso mostra que o mundo está
cheio de sofrimento. Todos vivem sob o risco de fracasso, dúvida, desespero,
desemprego, doença, pobreza e conflito, acorrentados pelas dificuldades, como se
estivessem numa prisão.
Creio que todo ser humano, algum dia, perguntou a si mesmo: "Se Deus criou o
homem, por que o faz sofrer tanto, ao invés de determinar que no mundo reine a
felicidade?" Como essa interrogação permanece sem uma resposta, vamos tecer
considerações a respeito.
Muitos já me perguntaram: "Se Deus é Amor e Piedade, como deixou que o homem
errasse, para depois levá-lo ao Juízo Final?" E mais: "Se, desde o início, Ele não criasse o
homem como um ser malvado, não haveria necessidade de castigo ou Juízo Final..."
Parecem-me observações bem lógicas. Falando a verdade, eu também penso assim. Se
estivesse no lugar de Deus, poderia explicar tudo a respeito do problema. Como sou
apenas uma existência criada, não consigo dar a resposta que Ele daria. Entretanto,
esforço-me para compreender e imagino que a resposta da questão é a que vai a
seguir.
Mas, como obter a felicidade neste mundo em que se empreende tal batalha?
Deixando de lado todas as suposições com que temos tentado compreender a vontade
de Deus, procuremos descobrir o meio de sermos felizes.
Aos políticos, cabe esquecerem a si próprios, pondo a felicidade do povo acima de tudo
e erigindo-se como exemplos de boa conduta. O povo também deve praticar boas
ações e esforçar-se constantemente para desenvolver sua inteligência.
Sabemos que serão mais felizes aqueles que praticarem maior número de ações
louváveis. Já imaginaram que povo e que nação surgiriam, se todas as pessoas se
unissem para praticar o bem? Um país assim seria alvo de respeito universal. Poderia
ser considerado como uma parcela do Paraíso Terrestre, pois, com o tempo,
desapareceriam todos os problemas de ordem moral, toda doença, toda pobreza e
todo conflito. Seria como "bater com o martelo no chão" – a pancada não poderia
falhar.
Por toda parte existem homens praticando o mal, mentindo, enganando, buscando
atender às exigências de seu próprio egoísmo. É uma sociedade de seres maldosos.
Assim, a felicidade mantém-se muito distante. E o pior é que há quem julgue ser
natural um mundo tão perverso, achando inútil tentar reformá-lo. Temos até
encontrado quem procure impedir nossas tentativas de transformar em paraíso este
inferno terrestre. Essas pessoas, pelo mal que intentam, cavam sua própria desgraça,
criando para si próprias o pior de todos os infernos. São merecedoras de piedade e
oramos constantemente para que sejam salvas.
Tenho certeza de que, meditando sobre este ensinamento, todos perceberão que não é
difícil ser feliz.
1º de outubro de 1949
Dentro de cada ser humano há uma batalha constante entre o bem e o mal. É a luta
para subjugar as paixões do mundo, conforme a interpretação budista.
20 de junho de 1951