Projecto de Estruturas Metalicas
Projecto de Estruturas Metalicas
Projecto de Estruturas Metalicas
ESTRUTURA METÁLICA
Efeitos de 2ª Ordem
JUNHO DE 2013
MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2012/2013
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Tel. +351-22-508 1901
Fax +351-22-508 1446
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Editado por
FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
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Este documento foi produzido a partir de versão eletrónica fornecida pelo respetivo
Autor.
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor José Miguel Castro, pela orientação científica, disponibilidade demonstrada, e
acima de tudo, pelo conhecimento e motivação transmitida.
Ao Engenheiro Bruno Pereira, pela oportunidade de aprendizagem através da sua experiência
profissional e apoio permanente.
À equipa da FASE – Estudos e Projetos, S.A., por ter proporcionado boas condições de trabalho e pelo
conhecimento partilhado.
A todos os professores que fizeram parte da minha vida académica, que contribuíram com a sua
experiência e conhecimento para a melhoria contínua da minha formação pessoal e profissional.
À minha família pelo apoio e amor incondicional, que tornou possível a concretização deste trabalho.
À Débora pelo amor e apoio dado ao longo de todo o meu percurso académico.
A todos deixo o meu profundo agradecimento.
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
RESUMO
Em Portugal, as estruturas metálicas ao longo dos últimos anos têm vindo a ganhar forte presença no
mercado da construção civil. Sendo o aço um material com elevada relação resistência/peso é
preferido na execução de pórticos metálicos constituintes dos pavilhões industriais onde se pretende
vencer moderados vãos com economia. Nestes casos, verifica-se a utilização de elementos de elevada
esbelteza que se encontram solicitados à compressão, o que leva a estas estruturas a serem sensíveis
aos efeitos de segunda ordem.
Neste trabalho apresenta-se um estudo comparativo das diversas metodologias previstas no
Eurocódigo 3 para a consideração das imperfeições e efeitos de segunda ordem na análise global
elástica de pórticos metálicos. O estudo incidiu em vários pórticos do tipo “portal frame”, utilizados
frequentemente em pavilhões industriais e um pórtico metálico de vários pisos destinado a habitação.
Para o efeito considerou-se um conjunto vasto de pórticos metálicos dimensionados de acordo com o
Eurocódigo 3, nos quais foram variados diversos parâmetros, tais como: i) dimensão do pórtico; ii)
inclinação da cobertura; iii) localização da estrutura; iv) presença de rigidificadores nas ligações
travessa-pilar; v) classe de aço. Cada pórtico foi analisado à luz das várias abordagens previstas na
norma Europeia, nomeadamente no que concerne ao procedimento para a avaliação da mobilidade da
estrutura, no processo de incorporação das imperfeições globais. Os resultados obtidos permitem
concluir que a avaliação do parâmetro de carga crítica da estrutura através do método simplificado do
EC3 apresenta alguma discrepância em relação a metodologias mais rigorosas de análise, sobretudo
para combinações de ações com predominância de ações laterais. Conclui-se também que os diversos
métodos de introdução de imperfeições geométricas e de incorporação dos efeitos de segunda ordem
conduzem a resultados consistentes entre si. Em todo o caso, os resultados obtidos permitem também
concluir sobre a reduzida influência dos efeitos de segunda ordem nos casos considerados no estudo.
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
ABSTRACT
In Portugal, the metal structures over the past few years have been gaining a strong presence in the
construction market, in various areas of the industry. As the steel material has high resistance/weight
ratio is preferred in the implementation of metal frames of industrial buildings where it can be used
economically for moderate spans. In these cases, the use of high slenderness elements under
compression, leads these structures to be sensitive to second order effects.
In this work is presented a comparative study of the various methodologies provided in Eurocode 3 for
consideration of imperfections and second order effects in the global analysis of elastic metal frame.
The study focused on multiple frames of the type portal frame, often used in industrial buildings and
multi-storey frame for housing/offices. For this purpose it was considered a wide range of metal
frames design according to Eurocode 3, in which various parameters were varied, such as: i) frame
size; ii) roof pitch; iii) the location of the structure; iv) presence of stiffeners in beam-column
connections; v) steel grade. Each frame was analysed in relation to the various approaches set out in
the European norm, particularly with regards to the procedure to evaluate the mobility of the structure
in the process of incorporation of global imperfections. The results indicate that the evaluation of
critical load factor of the structure through the simplified method of EC3 presents some discrepancy
regarding methodologies of more rigorous analysis, especially for combinations of actions with
predominant lateral actions. It was also concluded that the various methods of introducing geometric
imperfections and incorporating the second order effects lead to results consistent with each other. In
any case, the results also supported the conclusion about the reduced influence of second order effects
in the cases considered in the study.
KEYWORDS: Portal frame, metal structures, second order effects, geometric imperfections, critic load
factor.
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................... i
RESUMO ................................................................................................................................. iii
ABSTRACT ............................................................................................................................................... v
ÍNDICE GERAL........................................................................................................................................ vii
ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................................................ xi
ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................................. xiii
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................1
1.1. ENQUADRAMENTO E OBJETIVOS .................................................................................................... 1
1.2. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ................................................................................................... 2
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
6.3.2.1. Validação dos resultados obtidos pelo programa de cálculo ROBOT ...................................... 55
6.4.2. DETERMINAÇÃO DO PARÂMETRO DE CARGA CRÍTICA PARA OS CASOS DE ESTUDO DIMENSIONADOS PARA
O AÇO DA CLASSE S355 ............................................................................................................................ 59
6.4.3. OBTENÇÃO DOS ESFORÇOS PARA OS DIFERENTES TIPOS DE ANÁLISE (S355) ..................................... 60
8. CONCLUSÕES ................................................................................................................69
8.1. CONCLUSÕES................................................................................................................................. 69
8.2. PROPOSTA PARA DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ....................................................................... 71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................... 73
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
ÍNDICE DE FIGURAS
Fig. 2.1 – Esquema estrutural de um edifício metálico de um piso (Adaptado de Trahair et al, 2008) ... 4
Fig. 2.2 – Esquema estrutural de um edifício com pórticos de vigas simplesmente apoiadas (adaptado
do relatório do projeto SECHALO, 2012) ................................................................................................. 4
Fig. 2.3 – Esquema estrutural de um portal frame simétrico de vão simples (adaptado de SCI, 2004) . 5
Fig. 2.4 – Vários tipos de portal frame (adaptado do relatório do projeto SECHALO, 2012) .................. 6
Fig. 2.5 – Formas típicas de treliças horizontais (adaptado do relatório do projeto SECHALO, 2012)... 7
Fig. 2.6 – Esquema estrutural de um edifício com pórticos treliçados (adaptado do relatório do projeto
SECHALO, 2012) ..................................................................................................................................... 7
Fig. 2.7 – Esquemas estruturais de pórticos de vigas suportadas por cabos (adaptado do relatório do
projeto SECHALO, 2012) ......................................................................................................................... 7
Fig. 2.8 – Esquemas estruturais de arcos (adaptado do relatório do projeto SECHALO, 2012) ............ 8
Fig. 2.9 – Exemplo de planta estrutural de um edifício metálico de vários pisos (adaptado do relatório
do projeto SECHALO, 2012) .................................................................................................................... 8
Fig. 2.10 Classificação do pórtico metálico de vários pisos (adaptado do relatório do projeto
SECHALO, 2012) ..................................................................................................................................... 9
Fig. 3.1 – Convenção de sinais das pressões (adaptado de EC1-1-4, 2010) ....................................... 12
Fig. 3.2 – Procedimentos de cálculo para a determinação das ações do vento (adaptado de EC1-1-4,
2010) ...................................................................................................................................................... 13
Fig. 3.3 – Coeficiente de exposição, , para e unitários (Fig.NA-4.2 de EC1-1-4, 2010) ........ 14
Fig. 3.4 – Zonas em Coberturas de duas vertentes (adaptado de EC1-1-4, 2010) ............................... 15
Fig. 3.5 – Coeficiente de forma para a carga da neve em coberturas de duas vertentes (adaptado de
EC1-1-3, 2009) ....................................................................................................................................... 17
Fig. 3.6 – Zonamento do território nacional para a ação da neve (adaptado de NA EC1-1-3, 2009) ... 17
Fig. 4.1 – Relações força-deslocamento obtidas com diferentes tipos de análise (adaptado de Trahair
et al, 2008).............................................................................................................................................. 22
Fig. 4.2 – Modelos de comportamento não linear do aço (adaptado de Simões, 2007) ....................... 23
Fig. 4.3 – Modo de deformação com deslocamentos simétricos (SCI, 2001) ....................................... 24
Fig. 4.4 – Modo de feformação com deslocamentos laterais: (SCI, 2001) ............................................ 24
Fig. 4.5 – Efeitos de segunda ordem locais e globais num portal frame (adaptado do relatório do
projeto SECHALO, 2012) ....................................................................................................................... 24
Fig. 4.6 – Efeitos de segunda ordem globais (adaptado de SCI, 2001) ................................................ 25
Fig. 4.7 – Efeitos de segunda ordem locais (adaptado de SCI, 2001) .................................................. 25
Fig. 4.8 – Imperfeição geométrica equivalente global (desvio de verticalidade): EC3-1-1 (2010) ........ 28
Fig. 4.9 – Imperfeições globais através de forças horizontais equivalentes (EC3-1-1, 2010) ............... 28
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Fig. 4.10 – Imperfeições locais através de forças horizontais equivalentes (EC3-1-1, 2010) ............... 29
Fig. 4.11 – Notações para modo de encurvadura lateral (Figura 5.1 do EC3-1-1, 2010)...................... 31
Fig. 4.12 – Calculo do parâmetro pelo método proposto por Lim et al (2005) ................................. 32
Fig. 4.13 – Subdivisão dos pórticos para método simplificado proposto pelo SCI (SCI 2001) ............. 33
Fig. 4.13 – Valores utilizados para cálculos não lineares (adaptado do Robot User Guide, 2013) ...... 35
Fig. 6.1 – Exemplo de discretização da estrutura em elementos finitos (adaptado de César, 2004) ... 48
Fig. 6.2 – Comparação do α para a combinação ELU AVB I e ELU AVB S1 W2 ................................ 52
Fig. 7.1 – Identificação dos elementos críticos no dimensionamento dos pilares ................................. 66
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3.5 – Coeficientes de pressão exterior para coberturas de duas vertentes (adaptado de EC1-1-
4, 2010) .................................................................................................................................................. 16
Tabela 3.6 – Coeficientes de pressão exterior para paredes verticais de edifícios de planta retangular
(adaptado de EC1-1-4, 2010)................................................................................................................. 16
Tabela 3.7 – Valores dos coeficientes de forma (adaptado de EC1-1-3, 2009) .................................... 17
Tabela 3.8 – Valores recomendados para os coeficientes (adaptado de EC0, 2009) ..................... 18
Tabela 5.2 – Zonas para definição das ações vento e neve ................................................................. 39
Tabela 5.9 – Ações verticais consideradas no pórtico de vários pisos (adaptado de ECCS, 2006) ..... 42
Tabela 5.10 – Combinações de ações consideradas no pórtico de vários pisos (adaptado de ECCS,
2006) ...................................................................................................................................................... 43
Tabela 6.2 – Variação do αcr com a discretização das barras no SAP2000 .......................................... 48
Tabela 6.3 – Comparação entre αcr obtidos pelo Robot e SAP2000 ..................................................... 49
Tabela 6.4 – Parâmetro αcr obtidos pelo análise à encurvadura efetuada em Robot............................ 49
Tabela 6.5 – Obtenção do Parâmetro αcr através de método simplificado proposto pelo EC3-1-1 ...... 50
Tabela 6.6 – Obtenção do Parâmetro αcr através de método simplificado proposto pelo SCI .............. 50
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Tabela 6.7 – Obtenção do Parâmetro αcr através de método simplificado proposto pelo Lim et al
(2005) ..................................................................................................................................................... 51
Tabela 6.9 – Variações percentuais do parâmetro αcr em relação ao valor exato nas combinações
ELU AVB I e ELU AVB S1 W2 ............................................................................................................... 52
Tabela 6.10 – Variações percentuais do αcr em relação ao valor exato na combinação ELU AVB W2
S1 ........................................................................................................................................................... 53
Tabela 6.11 – Resultados obtidos para análises através de Robot (Caso 2) ........................................ 54
Tabela 6.12 – Resultados obtidos para análises através de SAP2000 (Caso 2) .................................. 54
Tabela 6.13 – Desvio entre os resultados obtidos para análises em Robot e SAP2000 (Caso 2) ....... 54
Tabela 6.14 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA
(Caso 2) .................................................................................................................................................. 55
Tabela 6.15 – Resultados obtidos para análises através de Robot (Caso 2a) ...................................... 56
Tabela 6.16 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA
(Caso 2a) ................................................................................................................................................ 56
Tabela 6.17 – Resultados obtidos para análises através de Robot (Caso 2b) ...................................... 56
Tabela 6.18 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA
(Caso 2b) ................................................................................................................................................ 57
Tabela 6.19 – Resultados obtidos para análises através de Robot (Caso 3) ........................................ 57
Tabela 6.20 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA
(Caso 3) .................................................................................................................................................. 57
Tabela 6.23 – Resultados obtidos para análises através de Robot: ELU AVB I (Caso 2a) .................. 60
Tabela 6.24 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA:
ELU AVB I (Caso 2a) ............................................................................................................................. 60
Tabela 6.25 – Resultados obtidos para análises através de ROBOT: ELU AVB W2 S1 (Caso 2a) ..... 60
Tabela 6.26 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS e a análise 2OA: ELU AVB
W2 S1 (Caso 2a) .................................................................................................................................... 61
Tabela 6.27 – Resultados obtidos para análises através de Robot: ELU AVB S1 W2 (Caso 2c)......... 61
Tabela 6.28 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA:
ELU AVB S1 W2 (Caso 2c) .................................................................................................................... 62
Tabela 6.29 – Resultados obtidos para análises através de Robot: ELU AVB W2 S1 (Caso 2c) ......... 62
Tabela 6.30 – Desvio entre os resultados obtidos entre as análises 2OS em relação à análise 2OA:
ELU AVB W2 S1 (Caso 2c) .................................................................................................................... 62
Tabela 6.31 – Resultados obtidos para análises através de Robot: ELU AVB I (Caso 3) .................... 63
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Tabela 6.32 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA:
ELU AVB I (Caso 3) ............................................................................................................................... 63
Tabela 6.33 – Resultados obtidos para análises através de Robot: ELU AVB W2 S1 (Caso 3) .......... 64
Tabela 6.34 – Desvio entre os resultados obtidos entre as análises 2OS em relação à análise 2OA:
ELU AVB W2 S1 (Caso 3) ...................................................................................................................... 64
Tabela 7.1 – Parâmetro αcr através de método simplificado proposto pelo EC3 e AE efetuada em
Robot ...................................................................................................................................................... 65
Tabela 7.5 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA ..... 67
Tabela 7.6 – Amplificações obtidas devido à consideração das imperfeições globais. ........................ 67
Tabela 7.7 – Desvio entre os métodos de consideração das imperfeições geométricas. ..................... 68
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
SIMBOLOGIA
– coeficiente de direção
– coeficiente de sazão
, – valor básico da velocidade de referência do vento
! – coeficiente de forma para a carga da neve;
– coeficiente de exposição;
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
-. – valor de cálculo do carregamento vertical da estrutura ( para uma dada combinação de ações)
- – carga crítica de instabilidade global da estrutura num modo de encurvadura com
deslocamentos laterais, com base na rigidez elástica inicial
/. – valor de cálculo da ação horizontal total na base do piso, incluindo as forças horizontais
equivalentes transmitidas pelo piso
0. – valor de cálculo da ação vertical total na base do piso
ф – valor base definido por: ф = 1/200
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
1
INTRODUÇÃO
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Para a consideração dos efeitos de segunda ordem na totalidade, é necessário recorrer a uma análise
avançada realizada em programas de cálculo automático. Esta análise é ainda de elevada
complexidade para ser efetuada em gabinetes de projeto, uma vez que recorre a procedimentos
numéricos e iterativos, para estimar o comportamento não linear (geométrico e eventualmente
material) das estruturas. A grande utilidade deste método de análise seria a dispensa das verificações
de estabilidade dos elementos, sendo apenas necessário verificar a segurança das secções transversais
dos mesmos.
O principal objetivo deste trabalho é efetuar um estudo comparativo das diversas metodologias
propostas pelo Eurocódigo 3 para a consideração dos efeitos de segunda ordem, na análise global
elástica de pórticos metálicos em situações concretas de projeto. Procura-se a validação dos métodos
simplificados previstos no regulamento face aos métodos mais avançados, na tentativa de efetuar
recomendações de cariz prático, para a consideração dos efeitos de segunda ordem de forma rápida e
eficiente, na análise deste tipo de estruturas.
2
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
2
PAVILHÕES INDUSTRIAIS E
PÓRTICOS METÁLICOS
2.1. INTRODUÇÃO
As estruturas são necessárias para suportar cargas e resistir a forças, transferindo essas cargas e forças
para as suas fundações. Em Portugal, as estruturas metálicas têm vindo a ganhar forte presença no
mercado da construção civil, sendo aplicadas:
Na construção de pontes;
Em edifícios industriais;
Em edifícios comerciais;
Em edifícios culturais ou para escritórios;
Em entrepostos e armazéns.
As estruturas metálicas presentes nos edifícios metálicos, normalmente tridimensionais, são dispostas
de forma a atuar como se fossem compostas por uma série de pórticos bidimensionais paralelos
(estrutura principal), ligados por membros unidirecionais (estrutura secundária).
Os pórticos são os constituintes principais da estrutura de edifícios metálicos com finalidades distintas,
sendo o seu formato ajustado às necessidades desses edifícios. Efetua-se de seguida o seu
enquadramento e caraterização, mediante estes sejam inseridos em edifícios de um piso ou de vários
pisos.
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Permitir que estas ações sejam transferidas até às fundações sem a ocorrência de fenómenos
de instabilidade.
[2-D] Pórtico metálico
[1-D] Madres
Forças nodais
[2-D] Sistema de
Contraventamento
[3D] Estrutura
do Edifício
Fig. 2.1 – Esquema estrutural de um edifício metálico de um piso (adaptado de Trahair et al, 2008)
Segundo o relatório do projeto SECHALO (2012), existem quatro tipos de pórticos de um piso que
permitem que a área interior do edifício seja totalmente livre:
Pórticos de vigas simplesmente apoiadas;
Pórticos rígidos (portal frame e pórticos treliçados);
Pórticos de vigas suportadas por cabos;
Arcos.
2.2.1.1. Pórticos de vigas simplesmente apoiadas
Um edifício composto por pórticos de vigas simplesmente apoiadas apresenta uma série de vigas
paralelas entre si, apenas apoiadas nos pilares através de apoios fixos ou flexíveis. Para este tipo de
esquema estrutural funcionar é necessário incorporar na estrutura sistemas de contraventamento na
cobertura (para transferir as forças horizontais devidas ao vento), e nas fachadas (para transferir as
cargas para as fundações). Apresenta-se de seguida um esquema estrutural típico do pavilhão
industrial onde se inserem este tipo de pórticos, Fig. 2.2.
Fig. 2.2 – Esquema estrutural de um edifício com pórticos de vigas simplesmente apoiadas (adaptado do
relatório do projeto SECHALO, 2012)
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Portal frame
Os pórticos metálicos denominados de “portal frame” são estruturas compostas por pilares e travessas
horizontais ou inclinadas (normalmente perfis laminados a quente de secção em I), onde se utilizam
rigidificadores nas suas ligações, que consiste na colocação de outro perfil cortado de forma triangular
(Fig. 2.3).
Cumeeira
Inclinação do telhado Travessa
Rigidificador da
Rigidificador cumeeira
pilar-travessa Pilar
Fig. 2.3 – Esquema de um portal frame simétrico de vão simples (adaptado de SCI, 2004)
Segundo o SCI (2004), o portal frame é normalmente utilizado nos pavilhões industriais sendo
composto por um único vão e as suas características principais são as seguintes:
Vãos compreendidos entre 15 e 50 m;
Altura da cumeeira entre 5 e 10 m;
Inclinação da cobertura entre 5º e 10º;
Espaçamento entre pórticos entre 5m e 8m;
Rigidificadores na ligação pilar-travessa e cumeeira.
A configuração típica do edifício metálico onde são usados pórticos do tipo portal frame como
estrutura principal, está representada na Fig. 2.1.
Existem vários tipos de pórticos que podem ser denominados de portal frame, conforme se descreve
sumariamente na Fig. 2.4.
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
c) Portal frame com piso mezanino d) Portal frame com ponte rolante
e) Portal frame de
vão duplo
Fig. 2.4 – Vários tipos de portal frame (adaptado do relatório do projeto SECHALO, 2012)
Pórticos treliçados
Quando se pretende vencer vãos superiores a 50m a solução mais económica é habitualmente os
pórticos treliçados. Esta solução é mais eficaz comparativamente aos portal frame, podendo ir até vãos
na ordem dos 100 m. As formas típicas das treliças horizontais utilizadas neste tipo de pórticos são
apresentadas na Fig. 2.5 e na Fig. 2.6 ilustra-se um esquema estrutural do edifício onde este tipo de
pórticos é inserido.
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Fig. 2.5 – Formas típicas de treliças horizontais (adaptado do relatório do projeto SECHALO, 2012)
Fig. 2.6 – Esquema estrutural de um edifício com pórticos treliçados (adaptado do relatório do projeto SECHALO,
2012)
Fig. 2.7 – Esquemas estruturais de pórticos de vigas suportadas por cabos (adaptado do relatório do projeto
SECHALO, 2012)
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
2.2.1.4. Arcos
Os arcos possuem forma parabólica ou circular, sendo compostos por vigas em I. Os arcos são
solicitados essencialmente por esforços de compressão, devendo estes esforços ser resistidos pela
fundação do edifício ou pela introdução de tirantes entre as fundações. É apresentado um esquema
estrutural para ambas as situações na Fig. 2.8.
Componente horizontal
assegurada pelas fundações
Fig. 2.8 – Esquemas estruturais de arcos (adaptado do relatório do projeto SECHALO, 2012)
Fig. 2.9 – Exemplo de planta estrutural de um edifício metálico de vários pisos (adaptado do relatório do projeto
SECHALO, 2012)
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Fig. 2.10 – Classificação do pórtico metálico de vários pisos (adaptado do relatório do projeto SECHALO, 2012)
O sistema de contraventamento pode ser realizado por estrutura reticulada triangulada, ou por
elementos de betão armado, como paredes e/ou núcleo central de betão composto por caixa de escadas
e elevadores.
Num pórtico contraventado pode-se analisar separadamente o pórtico do sistema de contraventamento,
resistindo o pórtico apenas às cargas verticais e o sistema de contraventamento às ações horizontais. O
critério utilizado, segundo o documento de ECCS (2006), para identificar se o pórtico é contraventado
ou não contraventado é descrito da seguinte forma:
Na ausência de sistema de contraventamento: o pórtico é não contraventado;
Na presença de sistema de contraventamento;
• Se > 0,2 ñ : o pórtico é não contraventado; (1)
• Se ≤ 0,2 ñ : o pórtico é contraventado. (2)
Em que:
− flexibilidade lateral da estrutura com sistema de contraventamento
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
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AÇÕES A CONSIDERAR NO
DIMENSIONAMENTO
3.1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo apresentam-se, de forma resumida, as ações a considerar no dimensionamento de
pavilhões industriais, nomeadamente as sobrecargas, a ação do vento e da neve previstas no
Eurocódigo 1 (IPQ, 2009). Neste contexto, descreve-se também o formato das combinações de ações
previstas no Eurocódigo 0 (IPQ, 2009) que devem ser adotadas no projeto de estruturas.
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Pressão
externa
Pressão Pressão
interna interna
positiva negativa
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
O procedimento para a quantificação da ação do vento proposto pelo Quadro 5.1 da norma NP EN
1991-1-4 é apresentado na Fig. 3.2.
Fig. 3.2 – Procedimentos de cálculo para a determinação das ações do vento (adaptado de EC1-1-4, 2010)
A pressão exercida pelo vento nas superfícies exteriores, , é definida através da expressão (3):
= ( )× (3)
A pressão exercida pelo vento nas superfícies interiores, , é definida através da expressão (4):
= ( )× (4)
Sendo:
( ) – pressão dinâmica de pico
– altura de referência para a pressão (exterior/interior), altura da cumeeira no caso dos portal frame
– coeficiente de pressão (exterior/interior)
= (6)
= × ! "!#$ × ,% (7)
13
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Em que:
( ) – coeficiente de exposição à altura z
– pressão dinâmica de referência
– massa volúmica do ar, sendo o valor recomendado pela norma de 1,25 kg/m3
– valor de referência da velocidade do vento
! "!#$ – coeficiente de sazão, segundo a Nota 3 da cláusula NA-4.2(2)P, assume o valor 1.0
– valor básico da velocidade de referência do vento, determinado segundo a NA-4.2(1)P, Nota 2,
,%
sendo esta ilustrada na Tabela 3.1.
Tabela 3.3 – Determinação do valor básico da velocidade de referência do vento, ,% (adaptado de NA EC1-1-4,
2010)
Fig. 3.3 – Coeficiente de exposição, ( ), para % e &' unitários (Fig. NA-4.2 de EC1-1-4, 2010)
14
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
A categoria do terreno é definida através do Quadro NA – 4.1 da referida norma, Tabela 3.4.
Tabela 3.4 – Categorias de terreno e respetivos parâmetros (Quadro NA-4.1 de EC1-1-4, 2010)
Para o coeficiente de pressão interior, , não existindo aberturas no edifício, considera-se o valor
mais gravoso entre +0.2 e -0.3, conforme indicado na Nota 2 da cláusula 7.2.9(6) da referida norma.
Os coeficientes de pressão exterior, , dependem da configuração do pavilhão em estudo, sendo no
âmbito deste trabalho, o estudo de pavilhões industriais constituídos por portal frame, aplica-se o
procedimento a coberturas com duas vertentes:
Considerando apenas o vento na direção 0º uma vez que o objetivo é estudar o comportamento
dos pórticos no seu plano (Fig. 3.4);
Garantindo o adequado travamento na direção perpendicular.
Sendo também apenas determinados os coeficientes de pressão globais, , % , uma vez que não
existem elementos de pequenas dimensões (como por exemplo chaminés), para serem considerados os
coeficientes de pressão locais, , (Tabela 3.2 e 3.3).
Vertente de
barlavento
Vento
Vertente de
sotavento
Inclinação Vento
da
cobertura
15
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Tabela 3.5 – Coeficientes de pressão exterior para coberturas de duas vertentes (adaptado de EC1-1-4, 2010)
Tabela 3.6 – Coeficientes de pressão exterior para paredes verticais de edifícios de planta retangular (adaptado
de EC1-1-4, 2010)
Zona D E
h/d cpe,10
5 0.8 -0.7
1 0.8 -0.5
≤ 0,25 0.7 -0.3
Onde:
, – coeficiente de forma para a carga da neve;
– coeficiente de exposição, segundo o ponto 5.2(7) da norma toma o valor unitário;
O coeficiente de forma para a carga da neve depende do tipo e da inclinação da cobertura do edifício.
Apresentam-se na Fig. 3.5 e Tabela 3.7 os coeficientes de forma a adotar para uma cobertura de duas
vertentes. Sendo o caso (i) para disposições de carga de neve não deslocada e os casos (ii) e (iii) para
disposições de carga de neve deslocada.
16
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Fig.3.5 – Coeficiente de forma para a carga da neve em coberturas de duas vertentes (adaptado de EC1-1-3,
2009)
Os valores característicos da carga da neve ao nível do solo, (+. ), são determinados com a seguinte
expressão do Anexo Nacional da norma NP EN 1991-1-3 (2009):
+. = /0 [1 + (4/500) ] (9)
Em que:
/0 – coeficiente que depende da zona de implantação do edifício (igual a 0,30 para a zona Z1, 0,20
para a zona Z2 e 0,10 para a zona Z3);
H – altitude do local, em metros.
Apresenta-se de seguida o mapeamento para a definição do coeficiente da zona de implantação (Fig.
3.6).
Fig.3.6 – Zonamento do território nacional para a ação da neve (adaptado de NA EC1-1-3, 2009)
17
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Com recurso ao Quadro A1.1 na presente norma definem-se os valores recomendados para os
coeficientes % , Tabela 3.8:
Tabela 3.8 – Valores recomendados para os coeficientes % (Adaptado de EC0, 2009)
Ação %
Sobrecargas em Edifícios com cobertura de Categoria H 0.0
Neve – Restantes Estados-Membros do CEN, em locais à altitude H > 1000 m acima do nível do mar 0.7
Neve – Restantes Estados-Membros do CEN, em locais à altitude H < 1000 m acima do nível do mar 0.5
Vento 0.6
Considerando estes coeficientes e os coeficientes parciais com base no Quadro NA-A1.2(B) da norma
NP EN 1990 (IPQ, 2009), obtêm-se os seguintes fatores de combinação (Tabela 3.9).
18
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Em que:
ELU AVB I – Combinação de ações onde a sobrecarga é a ação variável base;
ELU AVB W – Combinação de ações onde o vento é a ação variável base;
ELU AVB S – Combinação de ações onde a neve é a ação variável base;
ELU AVB W S (H>1000) – combinação onde o vento é a ação variável base combinado com neve em
casos de H>1000 m;
ELU AVB W S (H<1000) – combinação onde o vento é a ação variável base combinado com neve em
casos de H<1000 m;
ELU AVB S W – Combinação de ações onde a neve é a ação variável base combinada com vento.
19
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
20
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
4
ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE
PÓRTICOS METÁLICOS SEGUNDO O EC3
4.1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo, são apresentados os principais conceitos ligados à análise estrutural, à luz do
Eurocódigo 3, identificando os vários tipos de análise e as suas principais características, que
consistem no nível de simplificações adotadas face ao comportamento real da estrutura.
Posteriormente realizar-se-á um enfoque à consideração dos efeitos de segunda ordem e imperfeições
geométricas. Serão descritas, de forma resumida, as verificações de segurança efetuadas no
dimensionamento e será efetuada uma breve descrição dos programas de cálculo utilizados nos
estudos apresentados nos capítulos subsequentes deste trabalho.
21
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Apresenta-se de seguida o grau de precisão obtido por cada tipo de análise efetuado para simular o
comportamento de uma dada estrutura (Fig. 4.1).
Análise linear (elástica de primeira ordem)
Força
Análise linear de estabilidade
Nk
Análise avançada
(Análise não linear material e geométrica)
Deformação
Fig. 4.1 – Relações força-deslocamento obtidas com diferentes tipos de análise (adaptado de Trahair et al,2008)
22
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
E E
fL fL
E = GH⁄GI D E = GH⁄GI D
Modelo Elasto-plástico perfeito Modelo Elasto-plástico com endurecimento
Fig. 4.2 – Modelos de comportamento não linear do aço (adaptado de Simões, 2007)
Os efeitos fisicamente não lineares são considerados através de uma análise plástica (ver Fig. 4.1), que
se baseia em relações tensão-extensão não lineares, i.e., considera a existência de plastificação de
barras da estrutura, formadas através de rótulas plásticas, e consequentemente a existência de
redistribuição de esforços para zonas menos solicitadas. Este tipo de análise só é possível ser utilizado
se a estrutura for hiperstática e se esta possuir elementos cujas secções permitam elevada capacidade
de rotação para permitir a formação de rótulas plásticas.
23
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Se o desvio em relação à posição inicial indeformada for muito pequeno, o aumento dos esforços de
primeira ordem é desprezável, tendo assim a análise linear precisão suficiente. No entanto, se o desvio
da estrutura for tal que provoque um aumento significativo dos momentos de primeira ordem e agrave
esse desvio em relação à posição indeformada, a estrutura é classificada como sensível aos efeitos de
segunda ordem (efeitos geometricamente não lineares), sendo necessário atender à não linearidade
geométrica através de uma análise de segunda ordem (ver Fig. 4.1), onde as equações de equilíbrio são
desenvolvidas com base na geometria deformada da estrutura e em relações cinemáticas não lineares.
Conforme ilustrado na Fig. 4.5, os efeitos de segunda ordem podem ser distinguidos em dois tipos:
Efeitos globais (P-∆), resultam dos deslocamentos relativos das extremidades dos
elementos;
Efeitos locais (P-δ), resultam das deformações ao longo do comprimento do elemento.
Fig. 4.5 – Efeitos de segunda ordem locais e globais num portal frame (adaptado do relatório do projeto
SECHALO, 2012)
24
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Estes efeitos são originados devido ao deslocamento do pórtico, geram esforços adicionais, que levam
a uma redução da rigidez na estrutura, relativamente à determinada na análise de primeira ordem.
Efeitos Globais
Os efeitos globais de segunda ordem consistem nos efeitos provocados por deslocamentos nos topos
dos membros (como ilustrado na Fig. 4.6). Após a carga P ser aplicada no topo do pilar, este desloca-
se ∆ desde a sua posição inicial, assim este pilar encontra-se sujeito a um esforço axial devido à carga
P como também a um momento P.∆.
Efeitos Locais
Como anteriormente referido, os efeitos locais são devidos a deformações iniciais dos elementos em
relação à posição indeformada dos mesmos. Estas deformações iniciais podem ocorrer devido à
compressão e/ou momentos existentes nos elementos. Conforme se ilustra na Fig. 4.7, as
consequências devido aos efeitos locais consistem no aumento do momento fletor, isto quando a carga
axial for de compressão.
25
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Em que:
M − fator de carga pelo qual as ações de carga teriam de ser multiplicadas, para provocar a
instabilidade elástica global da estrutura
TU − valor de cálculo do carregamento vertical da estrutura ( para uma dada combinação de ações)
T − carga crítica de instabilidade global da estrutura num modo de encurvadura com deslocamentos
laterais, com base na rigidez elástica inicial
É usual, apesar de não especificado no EC3-1-1, denominar as estruturas de “estruturas sem
deslocamentos laterais” quando se verifiquem as condições (11) e (12),caso contrário são “estruturas
com deslocamentos laterais”.
Se os efeitos de segunda ordem globais forem significativos, o EC3 define duas formas possíveis de se
proceder a análise de segunda ordem:
Análise de segunda ordem avançada, que consiste numa análise não linear geométrica,
recorrendo a procedimentos sequenciais/iterativos, em que as equações de equilíbrio são
escritas na configuração deformada “ instantânea” do pórtico, que varia à medida que as
cargas vão sendo aplicadas à estrutura. Este tipo de análise requer a definição de
estratégias de resolução numérica que envolvem sempre procedimentos iterativos. Estas
análises são normalmente efetuadas através do método dos elementos finitos. Para a
obtenção de resultados de precisão elevada, é necessário recorrer a abordagens iterativas
que contabilizem a variação de esforços axiais atuantes, à medida que o carregamento
aumenta (dependência dos deslocamentos nodais). Sendo as imperfeições iniciais
incluídas neste tipo de análise, os efeitos P-∆ e os efeitos P-δ são adequadamente
contabilizados (Reis, Camotim, 2001);
Análise de segunda ordem simplificada, que implica por outras palavras, efetuar uma
análise de primeira ordem com adequada amplificação de forças horizontais (por
exemplo, devidas ao vento) e ainda das forças horizontais equivalentes às imperfeições.
Só é possível recorrer a este método em estruturas porticadas regulares com M ≥ 3,
onde o primeiro modo de instabilidade seja predominante. A amplificação é efetuada
através do seguinte fator:
X (13)
W
YOP
26
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Em que:
4U − valor de cálculo da ação horizontal total na base do piso, incluindo as forças horizontais
equivalentes transmitidas pelo piso
ZU − valor de cálculo da ação vertical total na base do piso
Na análise de um edifício, as imperfeições devem ser consideradas segundo as direções relevantes,
mas não simultaneamente.
27
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Em que:
ф% valor base definido por: ф% = 1/200; (16)
m é o numero de pilares num piso, que são submetidos a um esforço axial superior a 50% do valor
médio por pilar, no pórtico considerado.
Fig. 4.8 – Imperfeição geométrica equivalente global (desvio de verticalidade): EC3-1-1 (2010)
Fig. 4.9 – Imperfeições globais através de forças horizontais equivalentes (EC3-1-1, 2010)
28
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
equivalentes. No entanto, poderá desprezar-se o efeito das imperfeições locais na análise estrutural, no
caso de os elementos serem posteriormente sujeitos a uma verificação de estabilidade com base nas
verificações de segurança definidas na cláusula 6.3 de NP EN1993-1-1.
Em que:
c% amplitude máxima do deslocamento lateral inicial
L comprimento do elemento
Os valores de cálculo das amplitudes das imperfeições locais (c% /d), podem ser consultados no
Quadro 5.1 do EC3-1-1.
Fig. 4.10 – Imperfeições locais através de forças horizontais equivalentes (EC3-1-1, 2010)
29
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
análise, ainda não permitem uma utilização que contabilize, de forma controlada e eficiente, as
imperfeições e os efeitos de segunda ordem locais, para esta ser aplicada nos atuais gabinetes de
projeto.
Na prática, normalmente não se introduz a curvatura inicial nos elementos constituintes da estrutura
para contabilizar as imperfeições locais. Assim como os elementos finitos que consideram
deslocamentos laterais torsionais também não são usados na prática corrente. Portanto, os efeitos das
imperfeições locais devem ser controlados segundo as verificações de segurança definidos na cláusula
6.3 do EC3, sendo apenas considerados os efeitos globais P-∆ na análise.
Assim sendo, pode-se esquematizar as hipóteses possíveis de análise na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 – Métodos de análise global
Estruturas sem
Estruturas com deslocamentos laterais
deslocamentos laterais
Análise de 1ª
Ordem
30
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Em que:
4U − valor de cálculo da ação horizontal total na base do piso, incluindo as forças horizontais
equivalentes transmitidas pelo piso
ZU − valor de cálculo da ação vertical total na base do piso
ℎ altura do piso
oh,U − deslocamento horizontal relativo entre o topo e a base do piso, devido às ações horizontais de
cálculo (por exemplo, devidas ao vento) acrescidas das forças horizontais equivalentes às imperfeições
globais
& − rigidez lateral do pórtico
No caso de pórticos de vários pisos parâmetro de carga crítica deve ser calculado para todos os
andares, conforme se ilustra na Fig. 4.11.
Fig. 4.11 – Notações para modo de encurvadura lateral (Figura 5.1 do EC3-1-1, 2010)
31
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Onde:
\
M = ; e ,y
z{ U'P
%%kvlw
= |{
(23; 24)
Em que:
orhN − deslocamento no topo de cada pilar quando o pórtico é sujeito a uma força fictícia 4rhN
4rhN − força fictícia usada para determinar a rigidez do pórtico
eU − Máxima força axial nas travessas no Estado Limite Ultimo
e ,y − Carga crítica de Euler da travessa, para o vão definido pelas duas travessas (assumidas fixas
nos apoios)
} − Momento de inercia da travessa no plano do pórtico
d − Desenvolvimento definido pelas duas travessas de pilar a pilar (Vão/cosϴ)
ℎ − altura do pilar
Os parâmetros necessários para calcular M , !- são esquematizados na Fig. 4.12.
1 – Dimensões do Pórtico
Fig. 4.12 – Cálculo do parâmetro M pelo método proposto por Lim et al (2005)
32
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Par de vigas
Bielas
Vigas de
suporte
Fig. 4.13 – Subdivisão dos pórticos para método simplificado proposto pelo SCI (SCI, 2001)
Para cada combinação de ações analisada, o parâmetro de carga crítica deve ser calculado para todas
as subdivisões apresentadas, sendo o valor inferior usado, como representativo do pórtico, para essa
combinação de ações. Os esforços devem ser obtidos através de uma análise de primeira ordem
elástica.
33
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
O método será apenas apresentado para a subdivisão correspondente ao pilar externo e viga,
considerando o pilar fixo na base. A aplicação do método às restantes subdivisões, e diferentes tipos
de ligação na base pode ser consultada no capítulo 4 da publicação SCI P292.
O parâmetro de carga crítica (~ ) para o pilar externo duplamente apoiado na base e viga, pode ser
obtido recorrendo à seguinte expressão:
_U'P
~ = X,{ (25)
!•%,_€P !•a • b€O \‚
s
~ = ƒP ƒO (26)
j m• †•_,_y j m
ƒP,OP„… ƒO,OP„…
Em que:
E – modulo de elasticidade
} − momento de inércia do pilar no plano do pórtico
} − momento de inércia da viga no plano do pórtico
S – desenvolvimento da viga
h – altura do pilar
ŠO
‡ 0 # ˆ"
=
' !
R
‡ 0 " ‰ ‡"
= ‹
ŠP = 'O\
P
Œ
34
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Força
1º Deslocamento
Sub-incremento dU0 Trajetória de equilíbrio
2º incremento de força
Forças “ desequilibradas”
dFn Incremento de força dF0
1º incremento de força
Iterações
(sub-incrementos)
Deslocamento
Deslocamento
Sub-incremento dUn
Fig. 4.13 – Valores utilizados para cálculos não lineares (adaptado do Robot User’s Guide, 2013)
35
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
36
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
5
DESCRIÇÃO DOS CASOS DE
ESTUDO E ANÁLISES EFETUADAS
L
Fig. 5.1 – Geometria genérica dos pórticos estudados
Após a definição dos vários casos de estudo, foi realizada uma análise detalhada a um dos pórticos,
para avaliar a influência de vários parâmetros nos estudos a efetuar, sendo estes descritos abaixo:
Mudança da inclinação das travessas para 20%;
Introdução dos rigidificadores nas ligações travessa-pilar (Fig. 5.2);
Mudança da localização do edifício para Bragança, zona pouco povoada a uma altitude de
1000m, sendo as ações da neve de maior intensidade.
Apresenta-se na Tabela 5.1 as descrições e parâmetros gerais dos diferentes casos de estudo.
37
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
10 %
Presença de
Caso Localização H [m] L [m] ϴ [%]
Rigidificadores
1 Não Setúbal 5 20 10
2 Não Setúbal 9 20 10
2a Não Setúbal 9 20 20
2b Sim Setúbal 9 20 10
2c Não Bragança 9 20 10
3 Não Setúbal 9 25 10
4 Não Setúbal 9 32 10
5 Não Setúbal 9 40 10
38
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
ligações, foram considerados através da introdução de uma carga uniformemente distribuída de 0,45
kN/m2, na cobertura e nas fachadas do pavilhão industrial em estudo.
Ação do Vento
Na Tabela 5.3 apresentam-se os valores das ações do vento obtidas para os diferentes casos de estudo.
As zonas da cobertura e paredes podem ser visualizadas na Fig. 3.4, apresentada no Capítulo 3.
Quanto à convenção de sinais adotada para as zonas da cobertura, tomou-se o sinal positivo para
representar as ações ascendentes, sendo o sinal negativo associado a ações descendentes.
Relativamente às paredes, tomou-se o valor positivo para as ações aplicadas no sentido do vento (ver
Fig. 3.4)
Com o objetivo de identificar a combinação de ações que provoque maior compressão nos pilares,
considerou-se para a quantificação da ação do vento, a localização do pórtico na zona central do
pavilhão, uma vez que é neste local que as ações do vento provocam maior a pressão na cobertura.
Definiu-se W1 no caso das ações do vento que provocam maior efeito de sucção na cobertura (ação
ascendente) e W2 no caso que provoca maior efeito de pressão na cobertura (ações descendentes).
39
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Ações do vento consideradas nas vigas e pilares em cada caso de estudo [kN/m]
Cobertura Paredes
G H I J D E
W1 4.98 2.84 2.84 2.84 1.80 1.82
Caso 1
W2 -0.71 -0.71 1.42 1.42 3.22 0.40
W1 5.49 3.13 3.13 3.13 2.09 2.22
Caso 2
W2 -0.78 -0.78 1.57 1.57 3.66 0.65
W1 4.81 2.61 2.81 4.01 2.17 2.33
Caso 2a
W2 -1.20 -1.20 0.40 0.40 3.77 0.72
W1 5.49 3.13 3.13 3.13 2.09 2.22
Caso 2b
W2 -0.78 -0.78 1.57 1.57 3.66 0.65
W1 6.77 3.87 3.87 3.87 2.58 2.74
Caso 2c
W2 -0.97 -0.97 1.94 1.94 4.52 0.81
W1 5.52 3.15 3.15 3.15 2.10 2.23
Caso 3
W2 -0.79 -0.79 1.58 1.58 3.68 0.66
W1 5.55 3.17 3.17 3.17 2.02 2.07
Caso 4
W2 -0.79 -0.79 1.59 1.59 3.61 0.48
W1 5.61 3.21 3.21 3.21 2.02 2.03
Caso 5
W2 -0.80 -0.80 1.30 1.60 3.62 0.43
Ação da Neve
Apresenta-se de seguida as ações da neve determinadas para os diferentes casos de estudo, Tabela 5.4
e 5.5. Os valores apresentados são correspondentes ao plano horizontal da cobertura.
Tabela 5.4 – Ação da neve em Setúbal
40
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Combinação de Ações G I W1 W2 S1 S2 S3
ELU AVB I 1.35 1.5
ELU AVB W2 S1 1.35 1.5 0.75
Combinação de Ações G I W1 W2 S1 S2 S3
ELU AVB S1 W2 1.35 0.9 1.5
ELU AVB W2 S1 1.35 1.5 1.05
As restantes combinações provenientes dos restantes casos de carga como o W1, S2 e S3 também
foram consideradas, mas não são condicionantes no dimensionamento.
Conforme descrito no Capítulo 3, o fator de combinação de S1 é diferente no caso de estudo 2c, uma
vez que este é localizado a uma altitude de 1000 m.
41
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
A ação do vento é aplicada com uma carga pontual de 19kN ao nível dos pisos e 9,5kN ao nível da
cobertura.
O carregamento é esquematizado na Fig. 5.4.
42
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
20 kN/m 6 kN/m
9,5 kN
30 kN/m 18 kN/m
19 kN
30 kN/m 18 kN/m
19 kN
Reduziram-se as combinações de ações variáveis, dado que para a análise a efetuar apenas interessava
os esforços nos pilares, não sendo consideradas as combinações I2 e I3 apresentadas no ECCS.
43
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
consideradas nas verificações de segurança definidas na cláusula 6.3 do EC3-1-1. Utilizaram-se dois
métodos diferentes de inclusão das imperfeições geométricas globais na análise estrutural:
Consideração de uma inclinação inicial da estrutura;
Forças Horizontais Equivalentes.
Com os dados obtidos, realizou-se uma análise comparativa dos resultados com a finalidade de avaliar
a consistência entre os diferentes métodos adotados.
44
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
45
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
6
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
DOS PÓRTICOS DE UM PISO
6.1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos, através do estudo paramétrico efetuado nos
casos de estudo de um piso. Apresenta-se o valor do parâmetro de carga critica, através da análise à
encurvadura e, posteriormente, os valores obtidos a partir dos métodos simplificados, sendo efetuado
uma comparação, para determinar a precisão dos mesmos face ao valor exato. De seguida, apresentam-
se os esforços obtidos nas diferentes análises, com o objetivo de comparar e validar os métodos de
introdução de imperfeições geométricas e consideração de efeitos de segunda ordem globais.
Identifica-se também a influência destes nos valores dos esforços obtidos na análise linear.
47
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Através da observação das tabelas anteriores pode-se concluir, que para efetuar uma análise à
encurvadura nos programas de cálculo automático, deve-se efetuar uma discretização das barras no
mínimo em 3 elementos, onde as variações percentuais obtidas são inferiores a 1%. Isto deve-se ao
facto dos programas de cálculo automático, utilizarem uma modelação das barras baseada no método
de elementos finitos (MEF). Segundo Reis, Camotim (2001) sendo o MEF um método numérico, este
baseia-se numa matriz de rigidez aproximada, sendo necessário refinar os elementos das barras para se
obter uma aproximação da solução da matriz de rigidez exata. A diferença principal entre as matrizes
de rigidez exata e aproximada, consiste na forma como os seus coeficientes dependem do esforço de
compressão estabelecido nos elementos, sendo a dependência linear no caso da matriz aproximada e
não linear no caso da matriz exata. Deve-se “discretizar” as barras com um número de elementos
suficiente, na medida em que se deve obter uma adequada aproximação da deformada obtida através
do MEF em relação à deformada real (Fig. 6.1). No âmbito deste trabalho, as barras foram
discretizadas em 19 elementos obtendo-se precisão adequada para efeitos de comparação. No entanto,
a utilização de 3 elementos por barra é suficiente para a obtenção de resultados com precisão adequada
através da análise à encurvadura.
Fig. 6.1 – Exemplo de discretização da estrutura em elementos finitos (adaptado de César, 2004)
48
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Caso de
Combinação αcr AE αcr EC3 αcr SCI αcr LIM
Estudo
ELU AVB I 15.31 15.61 12.19 11.83
1
ELU AVB W2 S1 27.50 47.98 25.28 20.35
ELU AVB I 7.20 6.83 5.89 5.35
2
ELU AVB W2 S1 11.82 18.29 8.20 8.21
ELU AVB I 8.57 7.97 6.86 6.19
2a
ELU AVB W2 S1 11.59 18.48 7.86 8.05
ELU AVB I 7.11 6.77 5.05 5.24
2b
ELU AVB W2 S1 11.75 18.25 7.05 8.09
ELU AVB S1 W2 10.91 19.82 8.89 8.31
2c
ELU AVB W2 S1 13.65 24.38 10.51 10.15
ELU AVB I 7.70 7.41 6.29 5.72
3
ELU AVB W2 S1 12.90 20.53 9.60 9.05
ELU AVB I 10.55 10.41 8.49 7.92
4
ELU AVB W2 S1 17.79 32.57 13.83 12.80
ELU AVB I 15.27 15.68 12.20 11.91
5
ELU AVB W2 S1 25.30 44.15 20.48 19.13
51
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
M
“M ,’U
1.8
1.6
1.4
1.2 AE
1 EC3
0.8 LIM
0.6 SCI
0.4
0.2
0
1 2 2a 2b 2c 3 4 5 Casos de estudo
Na Tabela 6.9 são apresentadas as variações percentuais do parâmetro M obtido através dos métodos
simplificados em relação ao valor exato (obtido pela análise à encurvadura) nas combinações ELU
AVB I e ELU AVB S1.
Tabela 6.9 – Variações percentuais do parâmetro M em relação ao valor exato nas combinações ELU AVB I e
ELU AVB S1 W2
1 2 2a 2b 2c 3 4 5
EC3 2% -5% -7% -5% 82% -4% -1% 3%
LIM -23% -26% -28% -26% -24% -26% -25% -22%
SCI -20% -18% -20% -30% -19% -18% -20% -20%
M
“M ,’U
1.8
1.6
1.4
1.2 AE
1 EC3
0.8 LIM
0.6 SCI
0.4
0.2
0
1 2 2a 2b 2c 3 4 5 Casos de estudo
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Na Tabela 6.10 são apresentadas as variações percentuais do parâmetro M obtido através dos
métodos simplificados em relação ao valor exato (obtido pela análise à encurvadura) nas combinações
ELU AVB W2 S1.
Tabela 6.10 – Variações percentuais do M em relação ao valor exato na combinação ELU AVB W2 S1
1 2 2a 2b 2c 3 4 5
EC3 75% 55% 59% 55% 80% 59% 83% 75%
LIM -26% -31% -31% -31% -25% -30% -28% -24%
SCI -8% -31% -32% -41% -23% -26% -22% -19%
6.2.4.2. Combinação de ações com ações laterais (ELU AVB W2 S1 e ELU AVB S1 W2)
Observando a Fig. 6.2 e 6.3 e a Tabela 6.9 e 6.10, verifica-se que existe uma grande discrepância entre
os valores obtidos pelo método simplificado do EC3, podendo este fornecer um parâmetro de carga
critica até 83% superior ao obtido pela análise de encurvadura, o que demonstra a não aplicabilidade
deste método para o caso de portal frames sujeitos a ações de vento. Por outro lado, verifica-se que
pelos outros dois métodos simplificados estudados (SCI e LIM), obtêm-se resultados conservativos e
aceitáveis.
A aplicação do método simplificado do SCI ao caso de estudo 2b fornece um valor mais conservativo
(cerca de 40%), dado que este se baseia na relação de rigidez entre o pilar e a viga, não tendo em conta
o efeito favorável da presença de um rigidificador de inércia variável.
Pode-se observar também, que os pórticos de todos os casos de estudo são classificados como
estruturas sem deslocamentos laterais para a combinação ELU AVB W2 S1 e ELU AVB S1 W2, no
método simplificado proposto pelo EC3 e análise à encurvadura, não existindo necessidade de
consideração dos efeitos de segunda ordem nestas combinações (com ações laterais).
53
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Tabela 6.13 – Desvio entre os resultados obtidos para análises efetuadas em Robot e SAP2000 (Caso 2)
Com I.G.
Tipo de Análise Combinação de ações Sem I.G.
F.H.E. ”ˆ"- "ˆ
54
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Apesar da estrutura ser claramente sensível aos efeitos de 2ªordem (αcr =7,20) na combinação de ações
considerada (ELU AVB I), observando a Tabela 6.11 por colunas, pode-se verificar que as
amplificações obtidas devido à consideração dos efeitos de 2ª ordem são reduzidas. Isto advém do
facto de não existirem nesta combinação ações laterais consideráveis que provoquem o agravamento
dos esforços de 1ªordem, uma vez que a estrutura é apenas solicitada pelas ações laterais devido às
imperfeições geométricas globais (no caso da utilização de F.H.E.), sendo estas de grandeza muito
diminuta. Conclui-se então que os efeitos de 2ª ordem não são suficientes para condicionar o
dimensionamento da estrutura.
Apresentam-se de seguida, os resultados obtidos para as combinações de ações em que a estrutura é
classificada como tendo deslocamentos laterais para os restantes casos de estudo. As conclusões
obtidas são semelhantes às apresentadas acima.
55
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Na Tabela 6.16 apresenta-se o desvio dos resultados obtidos com as análises com amplificação (2OS)
em relação à análise avançada (2OA) no caso de estudo 2a.
Tabela 6.16 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA (Caso 2a)
56
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Na Tabela 6.18 apresenta-se o desvio dos resultados obtidos com as análises com amplificação (2OS)
em relação à análise avançada (2OA) no caso de estudo 2b.
Tabela 6.18 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA (Caso 2b)
Na Tabela 6.20 apresenta-se o desvio dos resultados obtidos com as análises com amplificação (2OS)
em relação à análise avançada (2OA) no caso de estudo 3.
Tabela 6.20 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA (Caso 3)
57
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
segunda ordem, dado que apresentam vãos moderados (32 e 40 m) tendo sido condicionados pela
resistência e não por fenómenos de instabilidade.
Quanto aos pórticos dos casos de estudo 2a, 2b e 3, estes são classificados como estruturas com
deslocamentos laterais para a combinação ELU AVB I. No entanto, pela análise dos resultados do
estudo detalhado das diversas análises efetuadas, verificou-se o reduzido impacto dos efeitos de
segunda ordem, atingindo 1% de amplificação em comparação com os resultados da análise linear de
primeira ordem.
Relativamente à influência das imperfeições geométricas na análise, verifica-se um aumento reduzido
dos esforços (cerca de 2%), pelas razões descritas anteriormente.
A utilização de um aço da classe S355 permitiu reduzir os perfis para a dimensão imediatamente
inferior em quase todos os elementos (pilares e vigas) dos casos de estudo efetuados, existindo assim
ganhos económicos na utilização da classe S355 face à classe S275. Estas alterações conduziram no
entanto a um aumento de esbelteza dos pórticos, sendo estes consequentemente mais suscetíveis a
fenómenos de instabilidade. Este facto resultará provavelmente em efeitos de segunda ordem mais
significativos em comparação com os obtidos para os casos de estudo dimensionados com o aço da
58
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
classe S275, podendo introduzir alterações nas análises efetuadas. Apresenta-se de seguida a
identificação e o estudo das alterações verificadas.
6.4.2. DETERMINAÇÃO DO PARÂMETRO DE CARGA CRÍTICA PARA OS CASOS DE ESTUDO DIMENSIONADOS PARA
O AÇO DA CLASSE S355
Na Tabela 6.22 apresenta-se os resultados αcr obtidos pelos métodos simplificados e pela análise à
encurvadura.
Tabela 6.22 – Comparação dos αcr obtidos (S355)
Caso de Estudo Combinação αcr AE αcr EC3 αcr SCI αcr LIM
A redução da secção dos perfis, face à classe do aço S275, leva a que se verifique uma redução do
parâmetro de carga crítica dos pórticos em estudo, o que faz com que os casos de estudo 2a, 2c e 3
sejam classificados como estruturas com deslocamentos laterais, nas combinações com ações laterais
ELU AVB W2 S1 (e ELU AVB S1 W2 no caso 2c) quando efetuada uma análise à encurvadura. No
entanto, o método simplificado do EC3, como sobrestima o valor do parâmetro de carga crítica,
classifica “erradamente” os pórticos em estudo como uma estrutura sem deslocamentos laterais. Esta
situação não se verificava para os casos de estudo dimensionados para o aço S275, uma vez que apesar
da larga discrepância entre o método do EC3 e a análise à encurvadura, os pórticos eram classificados
como estruturas sem deslocamentos laterais em ambos os métodos. Avalia-se de seguida para estes
três casos de estudo a variação de esforços devido aos efeitos de segunda ordem.
59
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Na Tabela 6.24 apresenta-se o desvio dos resultados obtidos com as análises com amplificação (2OS)
em relação à análise avançada (2OA) para a combinação ELU AVB I no caso de estudo 2a.
Tabela 6.24 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA: ELU AVB I
(Caso 2a)
F.H.E. ”ˆ"- "ˆ
αcr EC3 -0.54% -0.55%
αcr Robot -0.55% -0.57%
Através da observação das Tabelas 6.23 e 6.24 pode-se concluir que as amplificações devidas à
consideração das imperfeições globais e efeitos de segunda ordem na combinação de ações ELU AVB
I são em tudo semelhantes ao estudado anteriormente, nos casos dimensionados com aço da classe
S275.
Apresenta-se na Tabela 6.25 os resultados obtidos para as diversas análises efetuadas para a
combinação ELU AVB W2 S1 no caso de estudo 2a.
Tabela 6.25 – Resultados obtidos para análises através de Robot: ELU AVB W2 S1 (Caso 2a)
60
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Na Tabela 6.26 apresenta-se o desvio dos resultados obtidos com as análises com amplificação (2OS)
em relação à análise avançada (2OA) para a combinação ELU AVB W2 S1 no caso de estudo 2a.
Tabela 6.26 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA:
ELU AVB W2 S1 (Caso 2a)
Relativamente aos aumentos verificados devido à consideração dos efeitos de segunda ordem, na
combinação ELU AVB W2 S1, onde existe presença de ações laterais, verifica-se um aumento da
ordem dos 8%. Este aumento verificado neste caso de estudo deve-se à utilização de um perfil mais
esbelto, notando-se aqui a uma maior influência dos fenómenos de instabilidade, em relação aos casos
de estudo utilizando o S275.
Como já referido, o método de análise de 2OS-EC3 não efetua amplificação das forças horizontais,
uma vez que o parâmetro M , obtido através do mesmo, assume o valor de 16.55 (ver Tabela 6.22),
fornecendo assim um desvio de cerca de 7% em relação à análise avançada (2OA). Sendo este um
indicativo de que a utilização do método de análise de 2OS, utilizando o parâmetro de carga critica
obtido pelo método simplificado proposto pelo EC3, poderá ser não conservativo e condicionar o
dimensionamento em primeira ordem.
Em relação aos aumentos de esforços devidos à introdução das imperfeições globais conclui-se que
estes são pequenos (na ordem dos 1%) em semelhança aos casos de estudo já analisados.
61
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Na Tabela 6.28 apresenta-se o desvio dos resultados obtidos com as análises com amplificação (2OS)
em relação à análise avançada (2OA) para a combinação ELU AVB S1 W2 no caso de estudo 2c.
Tabela 6.28 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA: ELU AVB S1
W2 (Caso 2c)
F.H.E. ”ˆ"- "ˆ
αcr EC3 -4.56% -4.55%
αcr Robot -1.45% -1.37%
Apresenta-se na Tabela 6.29 os resultados obtidos para as diversas análises efetuadas para a
combinação ELU AVB W2 S1 no caso de estudo 2c.
Tabela 6.29 – Resultados obtidos para análises através de Robot: ELU AVB W2 S1 (Caso 2c)
Na Tabela 6.30 apresenta-se o desvio dos resultados obtidos com as análises com amplificação (2OS)
em relação à análise avançada (2OA) para a combinação ELU AVB W2 S1 no caso de estudo 2c.
Tabela 6.30 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA:
ELU AVB W2 S1 (Caso 2c)
Neste caso de estudo em que a ação da neve tem maior intensidade, verifica-se que a estrutura é
classificada como tendo deslocamentos laterais em ambas as combinações de ações condicionantes.
62
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
No entanto estas amplificações são mais uma vez de intensidade reduzida chegando aos 5% na
combinação ELU AVB S1 W2 e aos 6% na combinação ELU AVB W2 S1, não sendo condicionantes
no dimensionamento da estrutura caso este fosse efetuado com base nos esforços de primeira ordem.
Verifica-se em ambas as combinações a inexistência de amplificação dos esforços no método de
análise de 2OS-EC3, sendo não conservativo em comparação com a análise de segunda ordem (2OA).
Apresentam-se de seguida os resultados obtidos para o caso de estudo 3 para observação, sendo as
conclusões obtidas idênticas ao caso de estudo 2a.
Na Tabela 6.32 apresenta-se o desvio dos resultados obtidos com as análises com amplificação (2OS)
em relação à análise avançada (2OA) para a combinação ELU AVB I no caso de estudo 3.
Tabela 6.32 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA: ELU AVB I
(Caso3)
F.H.E. ”ˆ"- "ˆ
αcr EC3 -1.21% -1.22%
αcr Robot -1.22% -1.24%
Apresenta-se na Tabela 6.33 os resultados obtidos para as diversas análises efetuadas para a
combinação ELU AVB W2 S1 no caso de estudo 3.
63
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Tabela 6.33 – Resultados obtidos para análises através de Robot: ELU AVB W2 S1 (Caso 3)
Na Tabela 6.34 apresenta-se o desvio dos resultados obtidos com as análises com amplificação (2OS)
em relação à análise avançada (2OA) para a combinação ELU AVB W2 S1 no caso de estudo 3.
Tabela 6.34 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA:
ELU AVB W2 S1 (Caso 3)
64
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
7
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
DO PÓRTICO DE VÁRIOS PISOS
Determinou-se o parâmetro de carga critica para todos os andares no método simplificado, sendo este
mais desfavorável para o primeiro andar, uma vez que a carga vertical assume maior grandeza neste
nível do pórtico. Adotou-se esse parâmetro como representativo dos vários andares na classificação da
estrutura. A estrutura é classificada como deslocamentos laterais em todas as combinações de ações.
Pode-se observar, uma boa aproximação entre o método simplificado proposto pelo EC3 e a análise à
encurvadura, sendo o erro na ordem dos 10%. No entanto, é de notar que este desvio é positivo sendo
um indicativo não conservativo do método simplificado do EC3, embora seja pequeno, traduz uma
sensibilidade aos efeitos de segunda ordem da estrutura ligeiramente superior do que a realidade. Será
posteriormente analisado o impacto que advém desta diferença nos esforços obtidos.
65
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Observa-se também, a coerência dos resultados obtidos acima com os resultados apresentados da
mesma análise efetuada pelo documento do ECCS.
Verificação de
Peça Perfil Combinação
Estabilidade
Elemento 1 HEB 220 0.50 Combinação 2
Elemento 2 HEB 220 0.60 Combinação 2
Elemento 3 HEB 220 0.46 Combinação 2
Elemento 4 HEB 260 0.85 Combinação 5
Elemento 5 HEB 260 0.44 Combinação 5
Elemento 6 HEB 260 0.18 Combinação 5
Elemento 7 HEB 260 0.78 Combinação 5
Elemento 8 HEB 260 0.37 Combinação 2
Elemento 9 HEB 260 0.15 Combinação 2
Elemento 10 HEB 220 0.79 Combinação 5
Elemento 11 HEB 220 0.65 Combinação 6
Elemento 12 HEB 220 0.49 Combinação 6
66
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Observa-se na Tabela 7.2 que a combinação de ações 5 provoca as maiores solicitações nos pilares
(internos e externos) do pórtico, sendo o tramo 4 o mais condicionante para a verificação de
estabilidade de acordo com o EC3 nos pilares internos HEB 260 e o tramo 10 nos pilares externos
HEB 220.
Com I.G.
Sem I.G.
”ˆ"-
Combinação
Tipo de Análise Localização F.H.E. "ˆ
de ações
Pilar 2 Pilar 4 Pilar 2 Pilar 4 Pilar 2 Pilar 4
1ª Ordem 1ºAndar Topo 91.3 81.8 100.2 86.5 100.2 86.5
2ª Ordem αcr EC3 1ºAndar Topo 106.5 89.8 117.1 95.4 117.1 95.5
Combinação 5
simplificada αcr AE 1ºAndar Topo 108.7 91.0 119.5 96.7 119.5 96.7
2ª Ordem avançada 1ºAndar Topo 106.6 89.5 117.2 95.2 117.2 95.2
Tabela 7.5 – Desvio entre os resultados obtidos para as análises 2OS em relação à análise 2OA
2ª Ordem αcr EC3 1ºAndar Topo -0.1% 0.3% -0.1% 0.3% -0.1% 0.3%
Combinação 5
simplificada αcr AE 1ºAndar Topo 1.9% 1.6% 1.9% 1.6% 1.9% 1.6%
Com I.G.
Sem I.G.
”ˆ"-
Combinação
Tipo de Análise Localização F.H.E. "ˆ
de ações
Pilar 2 Pilar 4 Pilar 2 Pilar 4 Pilar 2 Pilar 4
1ª Ordem 1ºAndar Topo - - 9.8% 5.8% 9.8% 5.8%
2ª Ordem αcr EC3 1ºAndar Topo - - 10.0% 6.2% 10.0% 6.3%
Combinação 5
simplificada αcr AE 1ºAndar Topo - - 9.9% 6.3% 10.0% 6.3%
2ª Ordem avançada 1ºAndar Topo - - 10.0% 6.3% 10.0% 6.3%
67
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
Desvio % entre
Combinação F.H.E e ∆
Tipo de Análise Localização
de ações
Pilar 2 Pilar 4
1ª Ordem 1ºAndar Topo 0% 0%
2ª Ordem αcr EC3 1ºAndar Topo 0% 0%
Combinação 5
simplificada αcr AE 1ºAndar Topo 0% 0%
2ª Ordem avançada 1ºAndar Topo 0% 0%
Na Tabela 7.6, verifica-se que introduzindo as imperfeições geométricas globais no pórtico, obtém-se
uma amplificação dos momentos fletores de 10% no topo do 1º andar do pilar 2 (elemento 4) e de 6%
no topo do 1º andar do pilar 4 (elemento 10). Este aumento advém da existência de razoáveis cargas de
compressão nas zonas em estudo, que quando se introduz as F.H.E. ou o deslocamento dos nós dos
pilares, traduz-se num aumento do momento fletor devido ao desvio dessas cargas de compressão.
A Tabela 7.7 demonstra coincidência entre amplificações obtidas pelos métodos utilizados para a
consideração dos efeitos de segunda ordem em ambos os pilares estudados.
68
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
8
CONCLUSÕES
8.1. CONCLUSÕES
Pretendeu-se através da realização deste trabalho, elaborar críticas e sugestões de cariz prático para a
análise global elástica de pórticos metálicos. Uma vez que atualmente ainda não é eficiente a
utilização, em gabinetes de projeto, de uma análise avançada para a consideração dos efeitos de
segunda ordem e imperfeições na totalidade, torna-se assim imprescindível o conhecimento
aprofundado das metodologias a utilizar, previstas pela norma Europeia para a consideração destes
efeitos na análise global.
Após o estudo paramétrico efetuado envolvendo um conjunto de portal frames de várias dimensões e
características, dimensionado de acordo com o EC3, em localizações distintas e um pórtico de vários
pisos retirado de um documento de referência, pode-se tecer algumas conclusões relativamente às
diversas metodologias de avaliação da mobilidade da estrutura, incorporação das imperfeições
geométricas globais e de consideração dos efeitos de segunda ordem.
As análises de segunda ordem efetuadas aos diversos pórticos foram classificadas em duas classes
distintas, sendo umas denominadas de análise de segunda ordem simplificada e outras de análise de
segunda ordem avançada. As análises diferem na consideração dos efeitos de segunda ordem, podendo
ser obtidos por amplificação das forças horizontais ou através de uma análise não linear geométrica,
respetivamente.
A análise de segunda ordem avançada pode ser facilmente realizada com recurso a um programa de
cálculo automático, sendo necessário apenas a introdução das imperfeições globais no modelo através
de forças horizontais equivalentes ou por deslocamentos dos nós da estrutura, podendo neste caso ser
deixado ao critério do utilizador a sua forma de introdução, uma vez que não existem vantagens de um
método sobre o outro, na análise de segunda ordem avançada.
A análise de segunda ordem simplificada pode ser efetuada através de um programa de cálculo mais
elementar, necessitando que seja determinado o parâmetro de carga crítica. Posto isto, a forma de
consideração das imperfeições globais deverá ser considerada através de forças horizontais
equivalentes uma vez que a amplificação é efetuada através do parâmetro de carga crítica, obtido na
respetiva combinação de ações. Sendo assim, é necessário apenas recorrer a um modelo da estrutura
indeformada, em que as amplificações são consideradas através dos fatores de amplificação das ações
para cada combinação de ações para a qual a estrutura seja classificada como estrutura com
deslocamentos laterais. Caso as imperfeições geométricas sejam introduzidas através de deformada
inicial, será necessário a criação de um modelo com deslocamentos amplificados para cada
69
Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
combinação de ações para a qual a estrutura seja classificada como estrutura com deslocamentos
laterais, o que torna impraticável este método de consideração das imperfeições geométricas.
Sendo necessário, a determinação do parâmetro de carga critica para recorrer a uma análise de segunda
ordem simplificada, apresenta-se de seguida as conclusões obtidas para a análise à encurvadura e as
diversas metodologias simplificadas utilizadas para a sua obtenção, nos casos de estudo analisados.
A análise de encurvadura efetuada nos programas de cálculo automático ROBOT e SAP2000
requerem uma discretização dos elementos de barra sujeitos a compressões. Os resultados permitem
concluir que são necessários 3 elementos por barra para determinar com rigor o parâmetro de carga
crítica. O recurso a esta análise permitiu aferir a validade dos métodos simplificados propostos pela
regulamentação Europeia.
Relativamente, à metodologia simplificada proposta pelo EC3 quando aplicada a portal frames,
verifica-se que, nas combinações de ações sem a presença de ações laterais, fornece resultados
consistentes com a análise de encurvadura, apresentando valores ligeiramente superiores em casos
onde a presença de esforços de compressão nas vigas do pórtico, sendo um indicativo de que este
método precise de um pequeno ajuste para atender aos esforços de compressão presente nas vigas
inclinadas. Quando existe a presença de ações laterais, este método fornece valores sobrestimados em
relação à análise de encurvadura em torno dos 70%, não sendo válido quando aplicado a pórticos do
tipo portal frame sujeito a ações do vento, situação verificada na maioria das construções em Portugal.
Por outro lado a aplicação desta metodologia ao pórtico de vários pisos conduz a resultados
consistentes para todas as combinações de ações (incluindo ou não ações laterais), no entanto
sobrestima em cerca de 10% os valores obtidos pela análise à encurvadura.
As metodologias simplificadas propostas na literatura para portal frames e consideradas neste trabalho
(metodologias SCI e LIM), apresentam rigor na definição do parâmetro de carga crítica, sendo este
cerca de 20% a 30% inferior à análise de encurvadura. No entanto, a metodologia proposta pelo SCI
fornece um valor mais conservativo (cerca de 40% inferior) no caso de estudo com a introdução de
rigidificadores na ligação viga/pilar, uma vez que depende da relação entre a rigidez da viga e do pilar,
não captando o efeito favorável da existência de um rigidificador de inércia variável na ligação.
A conclusão fundamental que se retira do estudo paramétrico efetuado é que o método para a obtenção
do parâmetro de carga crítica proposto pelo EC3 fornece resultados consistentes em pórticos regulares
onde ambos os pilares se encontram à compressão e as vigas horizontais são solicitadas por
carregamento uniforme. Este método simplificado apenas considera o efeito global provocado pelas
ações no pórtico, invalidando a sua utilização em portal frames sujeitos à ação do vento, uma vez que
a ação do vento em portal frames provoca efeitos ascendentes numa vertente da cobertura e
descendentes noutra (sendo estas inclinadas são originados esforços de compressão, reduzindo a
capacidade resistente das vigas). Esta situação juntamente com a imposição de cargas distribuídas de
intensidade diferente nos pilares, leva à existência de elementos mais solicitados que outros, levando o
método simplificado a sobrestimar o parâmetro de carga crítica.
Realizado o estudo das várias metodologias de avaliação do parâmetro de carga crítica, procedeu-se ao
estudo comparativo entre as várias abordagens previstas no EC3-1-1 para a incorporação das
imperfeições geométricas e efeitos de segunda ordem globais, avaliando a sua eficiência e precisão
quando aplicados a portal frame e ao pórtico de vários pisos.
A metodologia de incorporação das imperfeições globais através da introdução de forças horizontais
equivalentes fornece resultados bastante consistentes com a metodologia através da consideração de
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Projeto de Edifícios em Estrutura Metálica – Efeitos de 2ª Ordem
uma deformação inicial. No entanto, apresenta uma maior aplicabilidade face a esta última, como
referido anteriormente sendo que implica apenas a criação de um modelo indeformado.
Relativamente à análise simplificada, esta foi efetuada utilizando o parâmetro de carga crítica obtido
pelo método simplificado proposto pelo EC3 e pela análise à encurvadura, sendo ambos comparados
com a análise de segunda ordem avançada com o objetivo de validar um procedimento totalmente
baseado nas recomendações fornecidas pelo EC3 e outro em que o projetista opta por outro método
que entenda mais preciso para a determinação do parâmetro de carga crítica recorrendo na mesma à
análise de segunda ordem simplificada. Estas análises comparadas com a análise avançada permitiram
concluir que existe uma boa coerência entre as mesmas em todos os casos de estudo analisados.
Outra conclusão obtida no âmbito do estudo foi a observação da reduzida influência dos efeitos de
segunda ordem em portal frames. No entanto, foi alterada a classe do aço de S275 para S355 nos casos
de estudo de um piso para avaliar o ganho a nível de custos através da redução de um perfil nos pilares
e vigas em quase todos os casos de estudo. Este ganho traduziu-se na adoção de perfis mais esbeltos
no pórtico levando este a ser mais sensível a efeitos de segunda ordem. Assim sendo, realizou-se o
mesmo estudo verificando que a estrutura passou a ser em dois casos de estudo uma estrutura com
deslocamentos laterais nas combinações de ações com ações laterais, situação que não se verificava
com o aço S275 (todas as combinações com ações laterais apresentavam um parâmetro de carga crítica
superior a 10). Como a metodologia simplificada proposta pelo EC3 sobrestima (bastante) o valor do
parâmetro de carga critica neste tipo de combinação de ações, considera erradamente que a estrutura é
classificada como estrutura sem deslocamentos laterais, ignorando uma amplificação de cerca de 7%
quando comparada com a análise avançada. Este resultado não provocou alterações no
dimensionamento efetuado em análise elástica de primeira ordem, mas é um indicativo claro que a
metodologia proposta pelo EC3, baseada no método de Horne deverá sofrer alterações para poder ser
aplicada a casos de pórticos metálicos como os portal frames nos quais sejam usados aços de alta
resistência.
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perfis ainda mais esbeltos do que os adotados no presente trabalho. Este estudo será de grande
interesse dada a tendência crescente para a utilização de aços elevada resistência nas estruturas
metálicas.
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