Axel Munthe
Axel Munthe
Axel Munthe
ndice [esconder]
1 Seleo de Obras
2 Bibliografia
3 Referncias
4 Ligaes externas
Seleo de Obras[editar | editar cdigo-fonte]
Bref och skisser (1909)
Red Cross and Iron Cross (1916)
For Those Who Love Music (1918)
O livro de San Michele - no original Boken om San Michele (1929)
En gammal bok om mnniskor och djur (1931)
Homens e bichos - no original Memories and vagaris
Bibliografia[editar | editar cdigo-fonte]
The Story of Axel Munthe by G. Munthe and G. Uezkull (1953)
The Story of Axel Munthe, Capri and San Michele by A. Andrn
Boken Om Axel Munthes San Michele, Levente A S Erdeos, 1999, ISBN 9172033428
En osalig ande. Berttelsen om Axel Munthe, Bengt Jangfeldt, 2003. Traduzido par o
ingls por Harry Watson (Axel Munthe: The Road to San Michele), 2008, ISBN 978-1-
84511-720-7.
Referncias
Enciclopdia Nacional Sueca Axel Munthe
Ligaes externas[editar | editar cdigo-fonte]
Wikiquote
O Wikiquote possui citaes de ou sobre: Axel Munthe
Casa de Munthe
"O Livro" aquele que para mim nico - "O Livro de San Michele" de Axel Munthe
06/11/2012 by Paula
O meu convidado de hoje o nosso conhecido e simptico Fernando vora
Fernando vora autor do recentemente publicado Amor e Liberdade de Germana Pata-
Roxa. Antes editou A fonte de Mafamede, Como se de uma fbula se tratasse e
"No pas das porcas-saras". Nasceu em Faro, em 1965, tendo vivido entre o Algarve e
o Alentejo. tambm professor de Histria.
Quando fiz 12 anos os meus pais ofereceram-me O livro de San Michele. At ento
j tinha lido meia dzia de livros. Talvez umas aventuras dos cinco ou dos
sete, por quase obrigao geracional, os Esteiros de Soeiro Pereira Gomes,
porque me encantara com os excertos que ento povoavam os manuais do ciclo
preparatrio, e David Copperfield que encontrara em casa e porque ouvia falar de
Charles Dickens como um autor importante, coisa que se tinha que ler na vida, e
quanto antes melhor. Mas aquela prenda de anos era o primeiro livro, daqueles que
julgava com L grande, que verdadeiramente me ofereciam. E eu nunca ouvira falar,
sequer no autor. Devia ser bom, para os meus pais me oferecerem, pensei muito
justamente. Ainda por cima era o nmero um da coleo Dois Mundos, e se o tinham
escolhido para nmero um, por boa razo seria.
Lembro bem esses dias em que o li: era Vero, que Agosto o meu ms de
aniversrio, e estava na Zambujeira do Mar. Iniciei a leitura do Livro de San
Michele com alguma solenidade, cheio de expectativas de ser transportado para
outro mundo (como me acontecera, sobretudo, com os Esteiros). Mas a coisa ficou
difcil. Aquilo comeava com um rapaz sueco recm-formado em medicina que ia para a
ilha de Capri. Nas primeiras pginas havia uma carrada de italianismos que me
escapavam ao entendimento. O livro era, dir-se-ia em linguagem dos dias de hoje,
uma seca. E eu avanava nele devagarinho, muito devagarinho, apenas por obrigao
para com to importante presente. Ento, no incio do livro que j no era incio
de leitura, recebi na Zambujeira a visita dos meus pais (que belos hbitos esses
de passar frias aprendendo o mundo dos avs). Recordo que estava com o meu pai no
terrao da casa na Zambujeira, alcanando com o olhar as dunas para os lado dos
Alteirinhos, quando lhe confessei o meu problema: no estava a gostar do livro, era
um sacrifcio que fazia e parava logo passado duas ou trs pginas. Esperava que
ele me libertasse da penosa tarefa de o ler. Vais em que pgina?, perguntou-me o
meu pai. 47, respondi. E ele observou-me, com toda a naturalidade, como se fosse
uma lei da literatura (ou pelo menos dos leitores de livros):
- Um livro nunca se deixa antes de chegar pgina 100!
Convencido daquele princpio civilizacional, mas aliviado por j s ter de ler
pouco mais de cinquenta pginas, do mal o menos, retomei a leitura.
E, ento, aconteceu: apaixonei-me pelo Livro de San Michele. Talvez os doze anos
sejam a melhor altura para se ler um livro. Vive-se intensamente os personagens,
bebe-se avidamente a fico porque no se conhece ainda a realidade. Agora, que me
obrigam a pensar nisso, julgo que talvez poucas coisas tenham mudado tanto a minha
vida como O livro de San Michele. Pude comprov-lo quando h alguns anos, pouco
depois de ter passado a barreira psicolgica dos quarenta, me resolvi a rel-lo.
Descobri que quase todo eu estava ali. A minha admirao para com a bicharada
(pouco depois de ler o livro queria ser zologo, todos os meus livros vejo agora
tm algo a ver com bichos, mais que no seja no ttulo); o tremeluzir das noites
de luar mediterrneo, o balanar da vida entre as piadas do absurdo da existncia,
do amor e da liberdade; a eterna dvida sobre a existncia de duendes.
Convm dizer, a quem no conhece, que O livro de San Michele, um romance quase
autobiogrfico de Axel Munthe. Axel Munthe era mdico (tantos mdicos que deram
bons escritores!) sueco e viveu grande parte da vida em Capri (mas tambm em Paris
ou em Milo nos tempos da clera). Viveu com ricos e pobres, mas parece-me que
gostava particularmente de animais (um outro livro, muito giro, de Munthe,
Homens e bichos).
Hoje tenho a certeza que no morrerei sem visitar Capri e rumar villa San
Michele. Talvez por isso tenha vindo a adiar essa visita. Espero que a morte no me
finte neste particular. E ainda conservo na minha inocncia a lei da literatura que
o meu pai me ensinou, a tal das cem pginas. Talvez por isso escreva livros com
pouco mais de cem pginas, e goste de me certificar, discretamente que tento ser
educado, se os meus leitores concluram ou no a leitura dos ditos, o que tomo por
indicador seguro da qualidade dos mesmos.
Por isso percebero que tenha escolhido para o livro que para mim nico este O
Livro de San Michele" e no aquele que acho a maior obra-prima da literatura: Cem
anos de solido de Gabriel Garcia Mrquez.
Fernando vora
Posted in: Axel Munthe, Fernando vora, O Livro | | |
8 comentrios:
On 06 novembro, 2012 Paula disse...
Ol Fernando,
Revi-me um pouco neste texto em alguns pontos, nomeadamente em no abandonar um
livro antes das 100 pginas e o compromisso de ler um livro oferecido por algum de
quem gostamos :D
Eu como me fico preocupada quando recomendo um livro s minhas filhas :P fico
sempre a pensar: ser o adequado??, ser que vou fazer com que no gostem de
ler?? e falo sempre nisso das 100 pginas a elas
"O Livro de San Michele" no conheo. Os Cem anos de Solido... quem sabe um dia :D
Gostei do blogue
Lnea Bispo
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Este ms e com o apoio da Editorial Presena, temos um exemplar de "Querido
Mundo"para sortearmos entre os participantes da rubrica de Novembro. Este um
relato de Bana Alabed que nos d a conhecer a sua histria e a do seu povo.
Sinopse:
Quando Bana Alabed, uma menina de oito anos, acedeu ao Twitter para descrever os
horrores da guerra na Sria, onde ela e a famlia viviam, as suas mensagens
angustiantes emocionaram o mundo e deram voz a milhes de crianas inocentes.
A infncia feliz de Bana foi subitamente interrompida pela guerra civil no pas,
quando tinha apenas trs anos. Ao longo dos quatro anos seguintes, ela testemunhou
diariamente os efeitos de bombardeamentos, a destruio e o medo. Esta aterradora
experincia culminou no violento cerco de Aleppo em que Bana, os pais e os dois
irmos mais novos ficaram encurralados, com escasso acesso a alimentos, gua,
medicamentos e outros bens essenciais.
Bana Alabed nasceu em 2009, em Aleppo, Sria. Tornou-se conhecida escala global
pelos tweets que escreveu durante o cerco de Aleppo, em 2016, e pelos seus apelos
paz e ao fim de todos os conflitos armados no mundo. As suas mensagens no Twitter
granjearam-lhe legies de admiradores por toda a parte ao transmitirem uma notvel
viso dos horrores dirios infligidos cidade, desde os ataques areos, fome,
probabilidade de a famlia morrer. Em dezembro de 2016, Bana, os pais e os irmos
foram evacuados em segurana de Aleppo para a Turquia. Quando for grande, Bana
gostaria de ser professora, como a me. O pai advogado e ela tem dois irmos mais
novos, Noor e Mohamed. Querido Mundo o seu primeiro livro.
Parabns Regina, tens 30 dias a partir de hoje para enviares os teus dados para o
mail do blogue:
[email protected]
Boas leituras,
Mia Alex
Elisabete Cavaco
Parabns vencedora!
Em segundo lugar s ler a sinopse deste livro me fez ficar sem flego, "Querido
Mundo" deve ser um livro arrebatador.
Boa semana!
;)
Terminei a leitura do livro "O Samurai Negro" de Joo Paulo Oliveira e Costa.
de Stacy Schiff.
Boa semana
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CARLOS BARBOSA =
Acabo de ler "O livro de San Michele", de Axel Munthe, o mdico sueco formado em
Paris, que atendeu a nobreza e a pobreza europeias do seu tempo, que amava e
cuidava de animais, admirador da msica de Schubert, que teve uma vida aventuresca
de quase um sculo. E que em Anacapri, aos dezoito anos, topou com seu projeto de
vida: a construo de uma casa com os escombros do antigo castelo do imperador
Tibrio. Dr. Munthe viveu seu sonho, o que o faz distante da mediocridade da vida
comum.
"No h nada para esquecer a prpria misria como escrever um livro; nada melhor
tambm quando no se pode dormir", ensina Munthe em um dos prefcios do livro.
"O livro de San Michele" uma autobiografia. Mas pode ser lido como um romance,
pois o leitor sente a verdade pulsar em suas pginas. Munthe no esconde suas
fraquezas, os episdios de ira, os erros cometidos como homem e como mdico, at
mesmo conta delitos cometidos ao longo da vida. No fala de seus amores carnais,
solteiro que foi. Mas conta de beijos roubados a monjas, em pleno claustro, ao p
do leito de outras monjas adoentadas, e se julga, ao final, na voz de um acusador
em seu julgamento no cu, como um libidinoso.
Trouxe o exemplar de "O livro de San Michele" (Ed. Globo, 1979, 14a edio) da
viagem a Cachoeira, na segunda-feira passada, descoberto que foi por Ruy Espinheira
Filho, um admirador da obra, em um sebo-caf da cidade. Agora que o li, espero pelo
poema que Ruy escreveu aps visitar recentemente San Michele, em Anacapri, em guas
italianas.
"Tive a audcia de escrever que no tinha medo da clera nem da morte. Menti. Desde
o comeo at o fim ambas me causaram um medo horrvel. Descrevi na primeira carta
como, meio asfixiado pelo cido fnico no trem vazio, desci de noite na Piazza
deserta, como cruzei na rua longas filas de carros e nibus cheios de cadveres a
caminho
do cemitrio da clera; e como passei toda a noite junto dos moribundos nos
miserveis bairros baixos. Mas calei-me sobre o que fiz duas horas depois da
chegada; como voltei estao, me informei ansiosamente do primeiro trem para
Roma, a Calbria, os Abruzzos, fosse para onde fosse, quanto mais longe melhor,
simplesmente para sair daquele inferno." Aqui, Munthe narra suas atribulaes como
mdico voluntrio durante a epidemia de clera em Npoles, referindo-se a seu livro
"Cartas de Npoles", em um dos captulos mais poderosos de "O livro de San
Michele", tido por muitos como "o livro da vida" e por outros tantos como "o livro
da morte".
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15.12.16
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Era agosto na Ericeira quando iniciei a leitura do O Livro de San Michele. Tinha
13 anos. Sabia apenas que, Axel Munthe era um mdico sueco e que tinha vivido
grande parte da vida em Capri. Tinha vivido com gente muito rica e muito pobre, mas
gostava sobretudo de animais (recordo aqui um outro livro, maravilhoso deste
escritor: Homens e bichos. Nunca esqueci a leitura destes livros. Pensei sempre
em visitar Capri e rumar direta a San Michele.
Digo ainda que nos grandes pases no perecveis da nossa memria, muitas
realidades, aparentemente diferentes, so uma nica cerimnia em honra.
A esta praia fui, pelos meus 38 anos, para ver com os meus olhos, como em certos
dias o portentoso vento desta zona dava nas velas dos barcos que tinham rodas, e
que pela praia fora, a grande velocidade se faziam hora do cho e no do mar.
Era afinal uma praia plena de audincia a que nos testemunhou falar de Axel e do
Monte de S. Michele. Falmos dos bichos tambm. Creio recordar ter sentido sobre a
lngua um sal que era fermento de um velho mundo que pressentira ter fora para
quebrar os cornos de quem o enfrentara e assim abrir as portas ao futuro.