Transfusão Sanguínea em Cães PDF

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CAMILA APICELLA

TRANSFUSO SANGUNEA EM CES

SO PAULO
2009
CAMILA APICELLA

FMU/FIAM-FAAM

TRANSFUSO SANGUNEA EM CES

Monografia realizada como


exigncia para concluso
da graduao em Medicina
Veterinria do Centro
Universitrio das
faculdades Metropolitanas
Unidas, sob orientao do
professor Msc Arnaldo
Rocha.

SO PAULO

2009
CAMILA APICELLA
FMU/FIAM-FAAM

TRANSFUSO SANGUNEA EM CES

Trabalho apresentado disciplina de


Clnica de Pequenos Animais do
curso de Medicina Veterinria do
Centro Universitrio das faculdades
Metropolitanas Unidas, sob
orientao do professor Msc Arnaldo
Rocha. Definido e aprovado em 18
de Dezembro de 2009, pela banca
examinadora constituda pelos
professores:

_______________________________________________________________
Prof. Dr. Arnaldo Rocha

FMU Orientador

Prof. Dra. Ana Claudia Balda

FMU- Examinadora

Dra. Juliana Vieira

HEMOVET- Examinadora
Dedico este trabalho aos meus pais Mario e Juliana
por se constiturem diferentemente enquanto
pessoas, igualmente belas e admirveis em
essncia, estmulos que me impulsionam a buscar
vida nova a cada dia, meus agradecimentos por
terem aceitado se privar de minha companhia pelos
estudos, concedendo a mim a oportunidade de me
realizar ainda mais.
AGRADECIMENTOS

Agradeo em primeiro lugar a Deus e aos meus pais, Mario e Juliana, por me
apoiarem durante todos estes anos, e durante toda minha vida. Meus irmos,
Giuliano e Leonardo, minhas cunhadas e todos da minha famlia, pois sempre
estiveram ao meu lado. Aos meus ces, pela importncia que eles tm na
minha vida, pois foram e continuam sendo amigos incondicionais, sempre me
recebendo com alegria, at nos momentos ruins, e isso com certeza no tem
preo. Agradeo a todos os animais que tive a oportunidade de acompanh-los
nos estgios, durante estes anos de faculdade, pois sem estes anjos eu no
teria aprendido muitas coisas. Agradeo tambm aos meus amigos e
companheiros de faculdade, em especial amiga Rita Tiano e amiga Patrcia
Gonsalez, que foram e sempre sero muito importantes em minha vida, e
amiga Cilmara que foi uma pessoa que muito me ajudou neste trabalho. No
poderia me esquecer das pessoas que me receberam como estagiria,
especialmente Simone, Leandro, Juliana, Luis e Karina do Hemovet, e ao
Joo, Mariana e Pacheco do Hospital Veterinrio Santa Ins. Agradeo aos
professores da faculdade, dos quais sentirei muita saudade. E agradeo ao
meu orientador, Professor Arnaldo Rocha, que me ajudou e me orientou na
concluso deste trabalho.
Chegar o dia em que todo homem conhecer o ntimo de um animal. E neste
dia, todo o crime contra o animal ser um crime contra a humanidade.
Leonardo da Vinci
RESUMO

A transfuso definida como uma terapia intravenosa com sangue total ou com
hemocomponentes, dependendo da disponibilidade e da indicao da
transfuso. A indicao mais freqente para a realizao da transfuso
sangunea para correo da anemia grave causada por hemorragia,
hemlise, eritropoiese ineficaz, anemia hemoltica auto-imune e neoplasia. Nas
ltimas dcadas a transfuso sangunea ganhou notoriedade como medida de
terapia emergencial na clnica de pequenos animais. O avano da tcnica de
hemoterapia e a maior segurana ao empreg-la esto relacionados com o
reconhecimento dos tipos sanguneos caninos e o teste de compatibilidade. Os
estudos sobre tipagem sangunea no Brasil ainda so escassos, sendo o teste
de compatibilidade sangunea a tcnica mais comumente utilizada com o intuito
de minimizar os riscos de reaes transfusionais.

Palavras-chave: Transfuso sangunea. Produtos sanguneos. Teste de


compatibilidade. Anemia.
ABSTRACT

Transfusion is defined as an intravenous therapy with whole blood or blood


components, depending on availability and indication of transfusion. The most
frequent indication for blood transfusion is to correct the severe anemia caused
by bleeding, hemolysis, ineffective erythropoiesis, hemolytic anemia,
autoimmune and cancer. In the last decades blood transfusion gained notoriety
emergency therapy measure in the clinic for small animals. The progress of
Hemotherapy and safe application are related to the identification of canine
blood types and compatibility test. Studies of blood typing in Brazil are still
scarce and the blood compatibility test technique the most commonly used in
order to minimize the risk of transfusion reactions.

Keywords: Blood transfusion. Blood product. Compatibility Test. Anemia.


LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Co recebendo transfuso sangunea 16


Figura 02: Co doador 17
Figura 03: Aparelho homogeneizador para coleta de sangue 22
Figura 04: Co doando sangue 23
Figura 05: Hemocomponentes 26
Figura 06: Sangue total fresco 27
Figura 07: Concentrado de hemcias 29
Figura 08: Concentrado de plaquetas 29
Figura 09: Homogeneizador de plaquetas 30
Figura 10: Plasma fresco congelado 32
Figura 11: Aparelho extrator de plasma 32
Figura 12: Centrifuga para bolsas de sangue 33
Figura 13: Reao transfusional de hipersensibilidade aguda 37
LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Tipos sanguneos caninos 19


Quadro 02: Descrio do teste de compatibilidade maior 21
Quadro 03: Produtos sanguneos: indicaes e doses 25
Quadro 04: Reposio de hemcias em pacientes crticos 28
Quadro 05: Transfuso de concentrado de plaquetas 31
Quadro 06: Manifestaes clnicas e tratamento das principais reaes 38
SUMRIO

1 INTRODUO --------------------------------------------------------------------------------------- 13

2 REVISO DA LITERATURA -------------------------------------------------------------------- 15

2.1 Histrico -------------------------------------------------------------------------------------------- 15

2.2 Conceitos de Transfuso --------------------------------------------------------------------- 16

2.3 Seleo de Doadores -------------------------------------------------------------------------- 18

2.3.1 Doadores Terminais --------------------------------------------------------------------------- 19

2.4 Grupos Sanguneos ---------------------------------------------------------------------------- 20

2.4.1 Teste de Compatibilidade -------------------------------------------------------------------- 21

2.5 Quanto Doao -------------------------------------------------------------------------------- 23

2.5.1 Coleta ---------------------------------------------------------------------------------------------- 24

2.6 Produtos sanguneos -------------------------------------------------------------------------- 25

2.6.1 Sangue Total Fresco e Sangue Total Estocado --------------------------------------- 27

2.6.2 Papas de Hemcias --------------------------------------------------------------------------- 28

2.6.3 Concentrado de Plaquetas------------------------------------------------------------------- 30

2.6.4 Plasma Fresco Congelado, Plasma Congelado e Crioprecipitado ---------------- 32

2.7 Reaes Transfusionais ---------------------------------------------------------------------- 34

2.7.1 Reaes Transfusionais Imunolgicas Agudas ----------------------------------- 35

2.7.1.1 Reao Transfusional Hemoltica Aguda ------------------------------------------------- 35

2.7.1.2 Reao Transfusional Hemoltica Tardia ------------------------------------------------- 36

2.7.1.3 Reao de Hipersensibilidade Aguda ------------------------------------------------------ 37

2.7.1.4 Injria Pulmonar Aguda Relacionada Transfuso (TRALI) ---------------------- 40

2.7.1.5 Reaes de Sensibilidade Leucocitria/Plaquetria ---------------------------------- 40

2.7.2 Reaes Imunolgicas Tardias ---------------------------------------------------------- 41

2.7.2.1 Prpura Ps-Transfusional ---------------------------------------------------------------- 41

2.7.2.2 Isoeritrlise Neonatal----------------------------------------------------------------------------- 42


2.7.3 Reaes Transfusionais No Imunolgicas Agudas ----------------------------- 42

2.7.3.1 Sobrecarga Circulatria ------------------------------------------------------------------------- 42

2.7.3.2 Hemlise na Bolsa de Sangue --------------------------------------------------------------- 43

2.7.3.3 Contaminao Bacteriana ---------------------------------------------------------------------- 44

2.7.3.4 Toxicidade pelo Citrato -------------------------------------------------------------------------- 45

2.7.3.5 Coagulopatias -------------------------------------------------------------------------------------- 45

2.7.3.6 Hiperamonemia ------------------------------------------------------------------------------------ 46

2.7.3.7 Hipotermia ------------------------------------------------------------------------------------------- 46

2.7.4 Reaes Transfusionais No Imunolgicas tardias ------------------------------ 47

2.7.4.1Hemossiderose ------------------------------------------------------------------------------------- 47

2.7.4.2 Transmisso de Doenas Infecciosas ----------------------------------------------------- 48

3 CONCLUSO ---------------------------------------------------------------------------------------- 48

REFERNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------ 509


1 INTRODUO

O relacionamento entre seres humanos e seus animais de


estimao vem despertando o interesse de pesquisadores, veterinrios,
psiclogos, socilogos, alm do pblico em geral. O aumento do nmero
destes animais junto aos lares humanos impulsiona o mercado de produtos e
servios para os pets e ponto de partida para estudos de diversas naturezas,
sempre na tentativa de melhorar a qualidade de vida desses animais
(CASTILHO; CORTEZ, 2008).

A terapia com o uso de hemocomponentes oferece aos animais


criticamente enfermos o aumento na capacidade de transporte de oxignio,
melhora na hemostasia, corrige a hipoproteinemia e hipovolemia, alm de
reposio de imunidade passiva em neonatos que no receberam colostro
(KRISTENSEN; FELDMAN, 1995).

Os animais no devem ser submetidos transfuso sangunea sem


antes realizar tipagem sangunea ou teste de compatibilidade sangunea entre
o receptor e o doador, pois os riscos de reaes transfusionais existem e
podem colocar em risco a vida do paciente (BROWN; VAP, 2006).

No Brasil a maioria dos servios de hemoterapia veterinria


disponveis ainda pouco especializada, o que sugere algumas modificaes
na prtica dos hospitais veterinrios, incluindo em sua rotina programas de
coleta de sangue de ces doadores sadios, para atender a demanda dos
hospitais e clnicas veterinrias. O processamento das bolsas de sangue, que
vai fracionar o sangue em hemocomponentes, deve ser tambm levado em
considerao, visto que muitas vezes a indicao de transfuso sangunea no
necessariamente de sangue total, e sim de um de seus hemocomponentes
(LACERDA, 2008).

A terapia transfusional indicada para pacientes em diferentes


condies de sade, incluindo anemia, hemorragia, coagulopatia e
hipoproteinemia. Aps ser coletado do co doador, o sangue pode ser
imediatamente transfundido em um animal receptor, ou pode ser fracionado em
hemocomponentes. No entanto, a utilizao segura dos componentes
sanguneos requer o conhecimento dos grupos sanguneos e dos meios para
minimizar o risco de reaes transfusionais, incluindo o teste de
compatibilidade e triagem de ces doadores sadios (LANEVSCHI; WARDROP,
2001).

Tanto o sangue total quanto os hemocomponentes podem ser


usados logo aps a coleta como tambm podem ser usados aps serem
armazenados. Os hemocomponentes so preparados atravs de centrifugao
ou por afrese (ABRAMS-OGG, 2000).

Embora a transfuso sangunea seja considerada como uma terapia


capaz de salvar vidas, ela pode resultar em reaes transfusionais que
podero causar a morte do animal. Mesmo com a realizao do teste de
compatibilidade e da tipagem sangunea, ainda sim podem ocorrer reaes
transfusionais (HOHENHAUS, 2000).
2 REVISO DA LITERATURA

2.1 Histrico

A medicina da transfuso, uma cincia antiga, foi relatada pela


primeira vez no sculo XV, quando o Papa Inocente VIII recebeu sangue de
trs meninos exsanguinados, objetivando seu rejuvenescimento. Infelizmente,
tanto os meninos quanto o papa morreram. Mais tarde, sangue de um cordeiro
foi transfundido para um homem insano, para que seu carter fosse
melhorado. Esta transfuso foi um sucesso, porm mais tarde no mesmo ano
outro mdico foi acusado de assassinato, por ter transfundido sangue de
bezerro no mesmo homem por duas vezes, a primeira vez causando reao
transfusional bem documentada, e a segunda transfuso resultando na morte
do paciente. No foi seno 200 anos depois de tais episdios que a medicina
transfusional foi reavivada , quando James Blundell, em 1818, publicou a
primeira transfuso inter-seres humanos para a hemorragia aguda do ps-
parto. Entretanto, at que Landsteiner descobrisse e reconhecesse a
importncia do sistema ABO de grupos sanguneos, as reaes transfusionais
eram comuns, e freqentemente fatais. Os testes de reao cruzada efetuados
antes da administrao do sangue foram iniciados por Ottenberger em 1911, e
o primeiro banco de sangue humano foi estabelecido no Cook County
Hospital em Chicago, no ano de 1937. O incio da moderna medicina
transfusional veterinria ocorreu na dcada de 50, quando a existncia de
equipamentos apropriados tornou praticveis as transfuses, e nos ltimos
anos, tem ocorrido interesse cada vez mais intenso na pesquisa, e tambm nos
aspectos clnicos da medicina transfusional veterinria. Foram estabelecidos
pequenos bancos de sangue para pequenos animais (tanto comerciais quanto
sem fins lucrativos), e tambm foi fundada a Associao para a Medicina
Transfusional Veterinria (KRISTENSEN; FELDMAN, 1995).
A prtica da transfuso sangunea teve incio no sculo passado na
medicina humana e vem evoluindo desde ento. A primeira transfuso
sangunea entre seres humanos de que se tem registro ocorreu no sculo XVII.
Entretanto, foi somente no incio do sculo XX que as conquistas tecnolgicas
permitiram o uso mais difundido deste recurso. O reconhecimento das
diferenas entre os indivduos para a escolha do doador, o uso de
anticoagulantes durante a coleta e o domnio das tcnicas de esterilizao
foram fundamentais para esta evoluo. O fracionamento do sangue, que
permite o uso isolado de cada um de seus elementos, e a identificao das
doenas transmissveis representa os avanos mais recentes desta forma de
tratamento (LACERDA, 2008).

A descoberta do sistema ABO dos grupos sanguneos em humanos


no ano de 1900 por Landsteiner estimulou a pesquisa dos grupos sanguneos
dos animais domsticos. Os grupos sanguneos caninos foram reconhecidos
pela primeira vez por Von Dungern e Hirszfeld em 1910, que definiram quatro
diferentes grupos sanguneos (ANDREWS, 2000).

2.2 Conceitos de transfuso

A transfuso sangunea considerada uma forma de transplante,


onde o sangue transplantado do doador para o receptor, com intuito de
aumentar a capacidade de oxigenao e de reestabelecer os valores normais
de protenas e plaquetas de coagulao (KRISTENSEN; FELDMAN, 1995).

Transfuso definida como uma terapia intravenosa com sangue


total ou hemoderivados (figura 01). O sangue total aquele que no foi
fracionado em vrios produtos, e os hemoderivados so os produtos obtidos
atravs da centrifugao e separao do sangue total (ABRAMS-OGG, 2000).
Figura 01: Co recebendo transfuso sangunea
Fonte: Hemovet, 2009.
2.3 Seleo de doadores

Os ces doadores devem ser adultos saudveis, entre um e oito


anos de idade, com peso mnimo de 27kg e temperamento dcil (figura 02).
Vacinao e vermifugao devem estar atualizadas, e os animais devem estar
livres de ectoparasitas. Alm do exame fsico antes da doao, deve-se
investigar se o co doador est livre de possveis doenas vinculadas pelo
sangue, devem ser negativos para Ehrlichia canis, Babesia canis, Dirofilaria
immitis, Borrelia burgdorferi, Brucella canis e Leishmania sp. A realizao de
um hemograma completo com contagem de plaquetas devem ser feitos a cada
doao sangunea. Os ces podem doar 450mL de sangue a cada 21 ou 28
dias sem suplementao de ferro. O mximo de volume que um co pode doar
sem suplementao de ferro de 16 a 18 ml/kg. O co pode doar uma mdia
de 22 ml/kg de sangue a cada 21 a 28 dias, mas nesses casos recomenda-se
a suplementao com ferro. Os ces que doam grandes volumes sanguneos
regularmente devem ser suplementados com sulfato ferroso (GOMES, 2008).

Figura 02: Co doador


Fonte: Canil Apicellas, 2008.
Os doadores no podem ter sido submetidos transfuso de sangue
e devem passar por exame fsico de rotina, bem como exames hematolgicos
e bioqumicos do soro. Devem ser vacinados e no devero apresentar
hemoparasitas e outras doenas infecciosas. Fmeas caninas e felinas
doadoras devem ser nulparas e castradas (BROWN; VAP, 2006).

A maior parte dos ces no requer sedao ou anestesia, porm, se


necessrio pode-se usar tranqilizao para conteno dos animais
(GONZLES; SILVA, 2008).

Os ces podem doar cerca de 15 a 20% do volume sanguneo. Calcula-se o


volume sanguneo estimado com a seguinte frmula:
Volume sanguneo estimado (Litros) = 0,08 0,09 x peso (Kg); ou seja, o
mximo a ser doado 16 a 18 mL/Kg. Os ces podem doar a cada 3 a 4
semanas, desde que recebam nutrio balanceada em quantidade adequada
(GONZLES; CERONI, 2008).

2.3.1 Doadores Terminais

So animais que sero eutanasiados, ou por conta de controle


animal, ou so animais de pesquisa, ou ainda animais com problemas de
comportamento ou desordens mdicas que no afetam a qualidade do sangue
doado. A vantagem de ter doadores terminais o grande volume de sangue
que pode ser coletado, a totalidade do sangue do doador (ABRAMS-OGG,
2000).
2.4 Grupos sanguneos

A classificao dos grupos ou tipos sanguneos est relacionada


com os antgenos espcie-especficos presentes na superfcie das hemcias
(THRALL, 2006).

O co possui 8 grupos sanguneos diferentes descritos no Quadro


01, identificados como antgenos eritrocitrios caninos (DEA). A transfuso dos
tipos sanguneos incompatveis DEA 1.1 e 1.2 pode resultar em hemlise.
Felizmente, so raros os anticorpos pr-formados contra estes determinantes
(KRISTENSEN; FELDMAN, 1995).

Quadro 01: Tipos sanguneos caninos

Nome atual Nome comum Incidncia na populao

DEA 1.1 A1 40%

DEA 1.2 A2 20%

DEA 3 B 5%

DEA 4 C 98%

DEA 5 D 25%

DEA 6 F 98%

DEA 7 Tr 45%

DEA 8 He 4%

Fonte: KRISTENSEN; FELDMAN, 2008.

Os grupos sanguneos mais importantes clinicamente so o DEA 1.1


e 1.2. A ocorrncia de anticorpos naturais, denominados aloanticorpos, desses
grupos no foi identificada. Assim, as reaes imunolgicas so raras em uma
primeira transfuso no co. Entretanto, se uma segunda transfuso de um
sangue DEA 1.1 positivo for administrada em um co DEA 1.1 negativo, uma
reao imunomediada hemoltica aguda poder destruir todas as hemcias
transfundidas em menos de 12 horas (GOMES, 2008).

Os ces negativos para DEA 1.1 e 1.2 no tm anticorpos de


ocorrncia natural contra os antgenos deste grupo, mas pode ocorrer a
formao de anticorpos se estes ces forem expostos ao sangue DEA 1.1 e 1.2
positivos. Os anticorpos formados contra DEA 1.1 ou DEA 1.2 aumentam o
risco de reao transfusional se um co negativo para estes tipos sanguneos
vier a receber uma segunda transfuso de sangue DEA 1.1 ou Dea 1.2
positivos (RENTKO; COTTER, 1996).

No Brasil a tipagem sangunea no uma prtica comum nas


clnicas e hospitais veterinrios. E o que se tem feito para diminuir os riscos de
reao transfusional a realizao do teste de compatibilidade.

2.4.1 Teste de Compatibilidade

A tipagem sangunea eficaz na identificao dos antgenos


presentes nas hemcias do paciente, porm no detecta os anticorpos
presentes entre o paciente e o doador, o que ser determinado pelo teste de
compatibilidade. Um resultado compatvel no significa necessariamente que o
doador e o receptor possuem o mesmo tipo sanguneo, mas indica que no
foram detectados anticorpos no soro do receptor contra as hemcias do
doador, e no detecta anticorpos contra plaquetas e leuccitos, previnindo
apenas a ocorrncia de reao transfusional hemoltica aguda e no as demais
reaes imunolgicas. O teste de compatibilidade deve ser realizado antes da
transfuso, mesmo que tenha sido feita a tipagem sangunea (GOMES, 2008).

No teste de compatibilidade maior, as clulas do doador so


incubadas junto ao soro do receptor, e vo detectar a formao ou no de
anticorpos contra as hemcias do doador. Quando incompatveis, ocorre a
aglutinao. Por estes motivos, o melhor seria sempre realizar a transfuso
autloga, onde o receptor e o doador so os mesmos, eliminando a
incompatibilidade imunolgica. Porm este tipo de transfuso no possvel, e
o paciente deve ento receber o sangue de um doador (KRISTENSEN;
FELDMAN, 1995).

O procedimento descrito no Quadro 02 o teste de compatibilidade


maior que avalia a aglutinao macroscpica e microscpica com soluo
salina, realizado na maioria dos laboratrios veterinrios.

Quadro 02 Descrio do teste de compatibilidade maior


Procedimento
1. Obter uma amostra de sangue com EDTA e de soro (ou plasma) do receptor e uma amostra
de sangue com EDTA do doador ou da bolsa sangunea.
2. Lavagem das hemcias do receptor e do doador: colocar 0,2ml de sangue do doador e do
receptor em tubos de ensaio diferentes para cada um. Acrescentar 4,8ml de soluo salina
(NACL a 0,9%) em cada tubo. Centrifugar em 3.400rpm durante 1 minuto. Aps a
centrifugao, desprezar o sobrenadante. Repetir esse procedimento trs vezes. Aps a ltima
lavagem, desprezar o sobrenadante e ressuspender as hemcias com 2ml de soluo salina.
3. Realizar as seguintes misturas em tubos de ensaio diferentes:
Tubos 1 e 2: uma gota do soro do receptor com uma gota do sangue do doador
ressuspendido.
Tubos 3 e 4: controle: uma gota de soro do receptor com uma gota do sangue do
receptor ressuspendido.
4. Centrifugar os tubos 1 e 3 a uma rotao de 3.400rpm durante 1 minuto. Haver a formao
de um boto de sangue. Tentar dissolv-lo com movimentos sutis. Observar a formao ou no
de grumos (avaliao macroscpica). Colocar uma gota desta mistura em lmina e lamnula
para avaliao microscpica.
5. Tubos 2 e 4: incubar em banho-maria a 37 C durante 15 minutos. Repetir o procedimento
do item 4 aps esse perodo.
6. Interpretao dos resultados:
Avaliao macroscpica: observar a formao de grumos. A ausncia de grumos indica
que o teste compatvel, ou seja, o sangue do doador compatvel com o do receptor.
Comparar sempre o resultado com o tubo controle. Realizar tambm a avaliao
microscpica.
Avaliao microscpica: confirma-se um resultado positivo, ou seja, compatvel, com a
visualizao das hemcias separadamente, isto , sem a formao de grumos. Quando
h formao de grumos microscpicos, significa resultado incompatvel.
EDTA: cido etilenodiaminotetractico.
Fonte: GOMES, 2008.
2.5 Quanto Doao

A coleta do sangue feita atravs da veia jugular, e o animal


normalmente fica em decbito lateral. Antes da doao, aconselha-se palpar a
veia e em seguida realizar a assepsia do local. Durante a doao, o bom
estado do doador deve ser constantemente monitorado (colorao das
mucosas, pulso, frequncia respiratria). O comportamento tambm um
importante indicador de potenciais problemas que possam ocorrer durante o
procedimento. A bolsa de sangue deve ser frequentemente homogeneizada
durante a doao para evitar a formao de cogulos (figura 03). A doao
dura em torno de 3 a 10 minutos com vcuo e de 5 a 15 minutos sem vcuo em
ces (GONZLES; CERONI, 2008).

.
Figura 03: Aparelho homogeneizador para coleta se sangue.
Fonte: Hemovet, 2009.
2.5.1 Coleta

O sangue total coletado em bolsa de sangue contendo CPDA-1


(citrato-fosfato-dextrose-adenina) como anticoagulante, que so as mesmas
bolsas disponveis comercialmente para bancos de sangue humano. O volume
ideal de sangue para cada bolsa de 450mL em razo da proporo
sangue:anticoagulante. Caso seja necessrio coletar um volume menor de
sangue, deve-se ajustar a proporo de anticoagulante antes da venopuno
(63mL de CPDA-1 para cada 450mL de sangue). Essas bolsas garantem um
sistema fechado de coleta e separao, minimizando o risco de contaminao
bacteriana (GOMES, 2008).

O sangue deve ser coletado assepticamente por meio de


venipuntura jugular (figura 04). Os doadores no devem ser sedados com
acepromazina, pois esse medicamento interfere na funo plaquetria
(THRALL, 2006).

Figura 04: Co doando sangue


Fonte: Canil Peter White, 2009.
A coleta deve ser feita com agulha de grosso calibre, conectada a
um equipo e ao frasco coletor ou bolsa plstica vcuo (BABO, 1998).

Alguns cuidados devem ser tomados durante o procedimento, como


procurar fazer a coleta quando o animal estiver em jejum de 12 horas para
evitar a formao de rouleaux que pode complicar o teste de compatibilidade e
pode ainda causar ativao plaquetria. Realizar presso no local da
venipuno aps a doao durante 2 a 5 minutos para acelerar o processo de
coagulao, observar o animal aps a doao por 15 a 30 minutos (fraqueza,
mucosas plidas, pulso fraco e outros sinais de hipotenso), realizar
soroterapia, se necessria, com soluo salina ou solues cristalides
similares para reposio do volume doado, dividindo as doses para no causar
hemodiluio imediata. Procurar fazer com que o animal receba rao
industrializada e gua aps a doao e recomendar ao proprietrio que evite
exerccios fsicos intensos com o animal por alguns dias (GONZLES;
CERONI, 2008).

2.6 Produtos Sanguneos

Aps o sangue ser colhido em bolsas contendo anticoagulante


(figura 05), seus diferentes componentes podem ser processados (papas de
hemcias, plasma fresco congelado, plasma congelado, crioprecipitado,
crioplasma pobre e plasma rico em plaquetas). As indicaes e doses para
cada hemocomponente esto descritas no Quadro 03.
Quadro 03: Produtos sanguneos: indicaes e doses.

Produto Indicaes Dose Observaes


Anemia 20ml/kg para elevar Risco de sobrecarga
hipovolmica em 10% o de volume em
hematcrito (Ht) animais
Anemia com
Sangue total fresco normovolmicos
alteraes
hemostticas
(trombocitopenia e
coagulopatia)
Anemia 20ml/kg para elevar No preserva
Sangue total hipovolmica em 10% o Ht plaquetas e nem
estocado fatores de
coagulao
Concentrado de Anemia 10ml/kg para elevar Ideal para pacientes
hemcias em 10% o Ht normovolmicos
Trombocitopenia 1Ul/10kg, repetir, se Indicao
necessrio (dose teraputica e
Concentrado de
geralmente profiltica
plaquetas
recomendada:
10ml/kg)
Plasma rico em Trombocitopenia 1UI/10kg Risco de sobrecarga
plaquetas de volume
Coagulopatias 10 a 30ml/kg, repetir, Mltiplas transfuses
hereditrias e se necessrio (dose podem ser
adquiridas (CID, recomendada:10ml/k necessrias em
sepse, hepatopatia, g) razo da meia-vida
neoplasia, reduzida dos fatores
coagulopatia de coagulao
dilucional,
Plasma fresco
dicumarnicos)
congelado
Pancreatite aguda
Expansor de volume
(segunda opo)
Hipoproteinemia
Hipoglobulinemia
Hipoproteinemia 10 a 30ml/kg, repetir, Indicado no
se necessrio (dose tratamento das
Hipoglobulinemia
Plasma congelado geralmente hipoproteinemias a
recomendada:10ml/k curto prazo
g)
Hemofilia 1UI/10kg (repetir se Administrar 30 min.
Crioprecipitado necessrio) antes da cirurgia
Doena de Von
Willebrand
UI = unidade de hemocomponentes
Fonte: GOMES, 2008.
Figura 05: Hemocomponentes
Fonte: Hemovet, 2009.

2.6.1 Sangue Total Fresco e Sangue Total Estocado

O sangue total considerado fresco at 8 horas aps a coleta e em


temperatura ambiente (20 a 24oC), aps este perodo ele passa a ser chamado
de sangue total estocado, e deve ser mantido refrigerado (2 a 6 oC), e
permanece vivel por 35 dias quando mantido em CPDA-1, (ABRAMS-OGG,
2001).

O sangue total fresco (figura 06) contm hemcias, plaquetas,


fatores de coagulo e protenas sricas, e aps 2 a 4 horas de refrigerao,
as plaquetas no esto mais viveis (GOMES, 2008).

O sangue total fresco ou estocado tem como principal indicao a


hemorragia aguda, com a finalidade de repor as hemcias e restabelecer a
volemia. Porm pode-se usar sangue total fresco ou estocado em animais
anmicos e trombocitopnicos. J em pacientes trombocitopnicos no
anmicos, o sangue total contraindicado, devendo-se utilizar neste caso o
concentrado de plaquetas (HALDANE; ROBERTS, 2004).

A administrao do sangue total deve ser feita em at 4 horas para


diminuir o risco de contaminao e colonizao bacteriana. A velocidade de
administrao recomendada de 0,25ml/kg na primeira hora, e em seguida
passar para 10 a 20ml/kg/h em pacientes normovolmicos. Em pacientes
cardiopatas ou nefropatas, o cuidado deve ser maior por conta do risco de
sobrecarga circulatria, e nestes casos a velocidade de administrao deve ser
reduzida para 2 a 4ml/kg/h (GOMES, 2008).

Figura 06: Sangue total fresco


Fonte: Hemovet, 2009.

2.6.2 Papas de Hemcias

O concentrado de hemcias ou papas de hemcias (figura 07)


obtido na primeira centrifugao do sangue total, deve ser mantido refrigerado
(2 a 6oC), e permanece vivel por 20 dias quando mantido em CPDA-1. Est
indicado para pacientes com hemorragia crnica, eritropoiese ineficiente e
hemlise, ou seja, so pacientes anmicos normovolmicos. A transfuso de
hemcias normalmente indicada quando os valores de hemoglobinas
estiverem abaixo de 7g/dL (Quadro 04).

Quadro 04: Reposio de hemcias em pacientes crticos.

Transfuso de Hemcias Nvel de hemoglobina

Normalmente indicada < 7g/dL

Discusso 7 a 10g/dL

Raramente indicada > 10g/dL

Fonte: Gomes, 2008.

O concentrado de hemcias tem uma vantagem em relao ao


sangue total fresco ou estocado, pois repoem a mesma quantidade de
hemcias contida na bolsa, porm com menor volume, beneficiando os
pacientes cardiopatas e nefropatas. O volume de uma bolsa de papas de
hemcias tem entre 250 e 300ml, e o hematcrito varia de 55 a 80%,
dependendo do hematcrito do doador, do volume de plasma residual e da
quantidade de soluo preservativa presente na bolsa. Para diminuir a
viscosidade e facilitar o fluxo sanguneo, o concentrado de hemcias deve ser
diludo com NaCl a 0,9% aquecido antes do uso (10ml de NaCL a 0,9% para 30
a 40ml de concentrado de hemcias), e a velocidade de administrao deve
ser a mesma recomendada para o sangue total (GOMES, 2008).
Figura 07: Concentrado de hemcias.
Fonte: Hemovet, 2009.

2.6.3 Concentrado de plaquetas

O concentrado de plaquetas (figura 08) obtido atravs da


centrifugao do plasma rico em plaquetas (KRISTENSEN; FELDMAN, 1995).

Figura 08: Concentrado de plaquetas


Fonte: Hemovet, 2009.
A bolsa de concentrado de plaquetas contm volume de 50 a 70ml, tem
durao de 5 dias e deve ser mantida em temperatura ambiente (Figura 09) e
em constante agitao (ABRAMS-OGG, 2000).

Figura 09: Homogeneizador de plaquetas


Fonte: Hemovet, 2009.

A indicao primria do concentrado de plaquetas para pacientes


trombocitopnicos. Por ser de menor volume, quando comparada com o
sangue total e papas de hemcias, permite a transfuso de grandes
quantidades de plaquetas sem a transfuso simultnea de eritrcitos ou
plasma, diminuindo os riscos de reaes transfusionais (GOMES, 2008).

Se a perda ou disfuno plaquetria est provocando sangramento


contnuo indica-se transfuso de concentrado de plaquetas (HALDANE;
ROBERTS, 2004).

A transfuso de plaquetas pode ser teraputica, quando h


sangramento e a contagem de plaquetas for inferior a 50.000/ L, e profiltica
para prevenir o sangramento (Quadro 05), principalmente quando o animal for
passar por algum procedimento cirrgico.
Quadro 05: Transfuso de concentrado de plaquetas
Trombocitopenia
H sangramento?
Sim No
Plaquetas <50.000/L Transfuso profiltica

Paciente clnico Paciente cirrgico


Transfuso teraputica
<10.000/L <100.000/L
Fonte: GOMES, 2008.

A dose recomendada de um concentrado de plaquetas para cada


10kg de peso corporal, e a administrao pode ser feita em uma hora. No
deve ser aquecida ou resfriada por conta da alterao de sua funo
(ABRAMS-OGG, 2000).

2.6.4 Plasma Fresco Congelado, Plasma Congelado e Crioprecipitado

O plasma fresco congelado (figura 10) obtido pela centrifugao do


sangue total (figura 12), e deve ser armazenado a menos 20 oC em at 8 horas
aps a coleta para que possa preservar suas propriedades. Aps centrifugar o
sangue total, o plasma transferido para uma bolsa satlite, com auxlio do
extrator de plasma (figura 11). Suas caractersticas como fatores de
coagulao, albumina, antitrombina, protenas e antiproteases permanecem
viveis por at um ano. Aps um ano de armazenagem o plasma
denominado plasma congelado, pois diminuem as atividades de alguns fatores
de coagulao, mas preserva albumina e imunoglobulinas. O crioprecipitado
obtido pelo descongelamento lento do plasma fresco congelado, em
temperatura de 1 a 6oC com posterior centrifugao (GOMES, 2008).
Figura 10: Plasma fresco congelado
Fonte: Hemovet, 2009.

Figura 11 Aparelho extrator de plasma.


Fonte: Hemovet, 2009.
Figura 12: Centrifuga para bolsas de sangue.
Fonte: Hemovet, 2009.

2.7 Reaes Transfusionais

A ocorrncia de reaes transfusionais pode ser diminuda seguindo


as normas apropriadas do uso de produtos sanguneos. Um dos mtodos mais
importantes para evitar uma reao minimizar a transfuso de produtos
desnecessrios ao paciente. Aps a deciso de iniciar uma terapia
transfusional, o clnico deve escolher cuidadosamente o hemocomponente a
ser transfundido. Estudos recentes na medicina humana e veterinria tm
documentado um grande decrscimo do uso do sangue total, relacionado com
grande aumento do uso dos hemocomponentes fracionados do sangue para
terapia transfusional especfica (HOHENHAUS, 1992).

As manifestaes clnicas e o tratamento das principais reaes


transfusionais esto descritos no Quadro 06.

As reaes transfusionais so caracterizadas como imunolgicas ou


no imunolgicas, sendo posteriormente divididas como de ocorrncia aguda
ou tardia. Uma reao aguda ocorre mais comumente imediatamente ou horas
aps a transfuso, porm, em alguns casos pode ser manifestada aps 48
horas (STONE; COTTER, 1992).

2.7.1 Reaes Transfusionais Imunolgicas Agudas

2.7.1.1 Reao Transfusional Hemoltica Aguda

As manifestaes clnicas associados com a hemlise aguda


transfusional podem ser muito variveis. Os animais podem apresentar durante
ou aps a transfuso: pirexia, com aumento de 1 C, taquicardia, salivao,
tremores, fraqueza, mese, dispnia, colapso agudo, hipotenso, convulses e
taquicardia/bradicardia. Nenhum destes sinais patognomnico de hemlise
aguda, porm, a observao de possvel falncia renal com diminuio do
dbito urinrio, hemoglobinemia e hemoglobinria podem ser indcios mais
fortes, mas podem no ser diagnosticados com pequeno volume transfundido
(HOHENHAUS, 2000)

. O complexo antgeno-anticorpo formado entre as hemcias


transfundidas e os anticorpos do receptor estimula a ativao de vrios
sistemas. Alm do complemento, antgeno-anticorpo, ativa o fator XII, que
ativa o sistema de coagulao intrnseco, contribuindo para que substncias
trombticas sejam liberadas de leuccitos e plaquetas. Os fosfolpides
liberados da degradao da membrana eritrocitria possuem atividade pro
coagulante, favorecendo a ocorrncia de CID. A hemlise como fator individual
no capaz de acarretar em CID. A liberao de citocinas por moncitos
ativados tambm contribui para trombose. A transfuso de sangue incompatvel
pode levar a formao de micro trombos em rins, pulmes e capilares
intestinais. Freqentemente pode ser observada diarria sanguinolenta
secundria a trombose intestinal (BRECHER; TASWELL, 1991).

Substncias vasoativas causam dilatao arteriolar e aumento da


permeabilidade capilar, levando a hipotenso. Catecolaminas, como a
norepinefrina, so produzidas pelo sistema nervoso simptico e liberados pela
medula adrenal, em resposta a hipotenso. Estas catecolaminas acarretam em
vasoconstrio renal, intestinal, pulmonar e cutnea. A formao de trombos
pela CID, somada a vasoconstrio agrava os danos aos tecidos, resultando
em falncia aos rgos vitais (CAPON; SACHER, 1989).

2.7.1.2 Reao Transfusional Hemoltica Tardia

A reao de hemlise tardia resulta da opsonizao das hemcias


transfundidas por anticorpos IgG presentes no doador, com conseqente
destruio destas clulas pelo sistema monoctico fagocitrio no fgado e no
bao (GOMES, 2008).

Este tipo de hemlise, diferentemente da hemlise que ocorre dentro


dos vasos sanguneos, caracterizada como hemlise extravascular. Em ces
a hemlise tardia pode ser observada entre 3-5 dias aps a transfuso. A
hipertermia um dos sinais clnicos mais comumente observados, mas a
anorexia e ictercia tambm podem ser notadas. (PEARL; TOY; GIRISH, 1984).

Deve ser realizado o teste de compatibilidade sempre anteriormente


ao procedimento, desde a primeira transfuso para ces e gatos, pois os
grupos antignicos no esto totalmente esclarecidos e os anticorpos formam-
se em cerca de 4-10 dias aps a sensibilizao. importante salientar que
baixos ttulos de anticorpos podem no ser detectados no teste de
compatibilidade, e a reao de hemlise tardia poder ocorrer mesmo com um
resultado compatvel. Um teste compatvel significa apenas que no foram
encontrados anticorpos direcionados aos antgenos eritrocitrios nas hemcias
dos animais doadores. O teste no previne a sensibilizao aps a transfuso,
to pouco detecta anticorpos direcionados aos leuccitos e plaquetas (TSALIS;
GANIDOU, 2005).

2.7.1.3 Reao de Hipersensibilidade Aguda

Os sinais clnicos apresentados por animais com reao de


hipersensibilidade aguda podem variar de discretas alteraes na pele, at
graves manifestaes cardiopulmonares. A reao pode se manifestar nos
primeiros minutos da transfuso ou em at 24 horas. A urticria o sinal
clssico em ces (Figura 13), mas prurido, eritema, angioedema, mese,
dispnia, broncoconstrio e choque tambm ocorrem freqentemente
(HALDANE, 2004).

Na manifestao de qualquer sinal clnico o primeiro passo a ser


realizado a interrupo temporria da transfuso e a observao do animal.
Reaes como urticria, eritema, angioedema e prurido podem ser tratadas
com a administrao intravenosa ou subcutnea de dexametasona (0,5-1,0
mg/kg) ou difenidramina (2mg/kg/IM). Se os sinais cessarem aps o tratamento
a transfuso poder ser continuada cuidadosamente. Na ocorrncia de sinais
graves como choque, dispnia e broncoconstrio severa, a administrao de
dexametasona em doses elevadas (4-6mg/kg/IV) e de epinefrina
(0,01mg/kg/IV) tambm pode ser usada, e a interrupo da transfuso deve ser
mantida (ABRAMS-OGG, 2000).
Figura 13: Reao transfusional de hipersensibilidade aguda aps administrao
de plasma, caracterizada por edema de face.
Fonte: Hemovet, 2009.
Quadro 06: Manifestaes clnicas e tratamento das principais reaes transfusionais.

Reao Transfusional Manifestaes Clnicas Tratamento

Hipertermia Interromper a transfuso


Taquipnia Fluidoterapia,
Taquicardia, Dexametasona: 4 a 6mg/kg, IV
Hemoltica Aguda
Hemoglobinemia, Agente vasopressor: dopamina 2 a
Hemoglobinria 5 g/kg/min. em infuso contnua
Choque Furosemida: 2 a 4mg/kg/IV
Taquipnia Interromper a transfuso
Dispnia Fluidoterapia
mese Dexametasona: 0,5 a 1mg/kg, IM
Diarria ou IV
Hipersensibilidade aguda Salivao Difenidramina: 1mg/kg, IM
Urticria
Prurido
Angioedema
Eritema
Reaes transfusionais Hipertermia Interromper a transfuso
no hemolticas febris mese Dexametasona: 0,5 a 1mg, IM ou
(RTNF) Tremores IV
Hipertermia Interromper a transfuso
Taquipnia Remover todos os materiais e
Taquicardia produtos contaminados
Contaminao Bacteriana mese Realizar cultura de amostras do
Choque produto sangneo e do sangue do
paciente
Antibiticos de amplo espectro
Taquipnia Interromper a transfuso
Taquicardia Diurticos com ou sem
Ascite vasodilatador
Sobrecarga circulatria
Edema pulmonar Reiniciar a transfuso sangnea
Efuso pleural lentamente (preferncia:
concentrado de hemcias)
Hipocalcemia: tremores Administrar gluconato de clcio a
Hipertermia 10% na dose de 0,5 a 1,5 ml/kg,
Intoxicao ao citrato
mese IV, durante 5 a 10min
Arritmias cardacas Monitorar com ECG

ECG = eletrocardiograma; IM = Intra muscular; IV = Intravenosa.


Fonte: GOMES, 2008.
2.7.1.4 Injria Pulmonar Aguda Relacionada Transfuso (TRALI)

Mais raramente a interao antgeno-anticorpo pode levar tambm


ao acmulo de leuccitos nos pulmes, resultando em sinais respiratrios
graves e choque. Este tipo de injria pulmonar, mais conhecido como TRALI
(Transfusion Reaction Lung Injury), tem sido documentado em humanos, mais
precisamente em pacientes politransfundidos e em mulheres multparas.
Embora no haja consenso definitivo, a TRALI considerada uma sria
complicao relacionada transfuso de hemocomponentes que contm
plasma. Esta reao caracterizada por insuficincia respiratria aguda,
edema pulmonar bilateral e severa hipoxemia, sem comprometimento cardaco,
ocorrendo durante ou dentro de 6 h aps a transfuso (WEBERT;
BLAJCHMAN, 2005).

2.7.1.5 Reaes de Sensibilidade Leucocitria/Plaquetria

As reaes de sensibilidade aos leuccitos e plaquetas so tambm


chamadas de reaes no hemolticas febris (RNHF). Na medicina humana
estas reaes so as complicaes mais comuns durante os procedimentos
transfusionais. As reaes de sensibilidade plaquetria podem ocorrer durante
a transfuso de sangue total e concentrado de plaquetas, j a sensibilidade
leucocitria ocorre mais comumente com a transfuso de sangue total e
plasma. Mais raramente o concentrado de hemcias pode levar a sensibilidade
leucocitria, pois este hemocomponente apresenta quantidades nfimas de
plasma e reduzidas de leuccitos (CHIARAMOTE, 2004).
O aumento de 1 C na temperatura corprea do animal quando
nenhum outro motivo de hipertermia encontrado, um dos sinais mais
freqentes da ocorrncia deste tipo de reao. A febre ocorre usualmente nos
primeiros 30 minutos de transfuso, podendo aumentar aps 08 horas aps
transfuso, perdurando por at 12 horas. A mese e tremores corpreos
tambm podem ser vistos (HEDDLE; KLAMA, 1999).

2.7.2 Reaes Imunolgicas Tardias

2.7.2.1 Prpura Ps-Transfusional

A PPT uma reao que leva ao quadro de trombocitopenia


(<10.000/l) em cerca de 1 semana aps a transfuso. A prpura ps-
transfusional um evento raro na medicina humana, e medicina veterinria a
incidncia deste tipo de reao desconhecida. A fisiopatologia da PPT est
relacionada com a formao de anticorpos anti-plaquetrios que se direcionam
tanto as plaquetas do doador quanto s do receptor, podendo a
trombocitopenia persistir entre 10 dias a dois meses (HARREL; KRISTENSEN,
1995).
2.7.2.2 Isoeritrlise Neonatal

A doena hemoltica do recm nascido ocorre como resultado da


sensibilizao das fmeas prenhes aos antgenos presentes na membrana
eritrocitria dos filhotes, que possuem grupos sanguneos incompatveis com
as mes. Nos ces, fmeas prenhes DEA1 negativas desenvolvem anticorpos
contra os antgenos eritrocitrios pertencentes a este grupo sanguneo aps o
nascimento de filhotes DEA1 positivos. Desta forma, em uma segunda
gestao, filhotes DEA1 nascidos desta mesma fmea podero adquirir os
anticorpos anti-DEA1 em grande quantidade ao consumirem o colostro nas
primeiras 24 horas de vida. Estes anticorpos possuem a capacidade de causar
hemlise severa nestes filhotes (HARREL; KRISTENSEN, 1995).

2.7.3 Reaes Transfusionais No Imunolgicas Agudas

2.7.3.1 Sobrecarga Circulatria

A sobrecarga circulatria o estado de hipervolemia induzida pela


administrao de grandes volumes sanguneos ou por infuso rpida em
pacientes normovolmicos. A terapia transfusional pode levar a edema
pulmonar agudo por sobrecarga de volume. O rpido aumento de volume
pouco tolerado por pacientes com comprometimento das funes cardaca,
renal, pulmonar e em pacientes com anemia crnica (ABRAMS-OGG, 2000).

De maneira geral os pacientes em sobrecarga circulatria


apresentam sinais cardiovasculares como taquicardia, taquipnia, dispnia,
ortopnia, cianose, hipertenso e tosse. Em casos graves edema pulmonar e
insuficincia cardaca congestiva podem ocorrer. A mese outro sinal que
pode aparecer pela infuso rpida de componentes sanguneos. O uso
apropriado da terapia transfusional e a velocidade adequada a cada paciente
so as melhores formas de prevenir uma sobrecarga circulatria. (HALDANE,
2004).

Na manifestao de sinais clnicos de sobrecarga circulatria a


transfuso deve ser interrompida e os sinais manifestados devem ser tratados.
A furosemida na dose de 2-8ml/kg IV pode ser utilizada para aliviar o edema
pulmonar. Em pacientes gravemente dispnicos a suplementao com oxignio
deve ser realizada. O uso de antiemticos est indicado para pacientes que
apresentem vmito (HALDANE, 2004).

2.7.3.2 Hemlise na Bolsa de Sangue

A hemlise pode ocorrer por alteraes osmticas, de temperatura


ou contaminao bacteriana. A hemlise osmtica na bolsa de sangue ou no
equipo de infuso pode resultar da adio de drogas ou solues
hipotnicas, como gua destilada e dextrose 5%. As hemcias podem ser
submetidas a hemlise mecnica se as unidades so expostas a temperaturas
imprprias durante o transporte, armazenamento, estocagem e manuseio. Os
componentes refrigerados em temperatura de 4 C no devem manter contato
com temperaturas inferiores, no devendo, portanto ser armazenados em
freezer ou transportados em contato direto com gelo. O choque trmico e
choque mecnico tambm influenciam na hemlise. O aquecimento destes
produtos em banho-maria deve ser evitado, pois o controle da temperatura
por vezes de pouca confiabilidade (HOHENHAUS, 2000).
2.7.3.3 Contaminao bacteriana

O sangue um timo substrato para o crescimento bacteriano. A


contaminao dos hemocomponentes pode ocorrer devido a vrios fatores. A
falha na antissepsia da pele durante a venopuno dos doadores, a entrada de
ar contaminado durante a coleta de sangue, a existncia de bacteremia
subclnica no doador e o armazenamento do sangue em local inadequado so
fatores comuns para contaminao bacteriana. O reaproveitamento da bolsa de
sangue, o tempo prolongado superior a 4 horas de transfuso e a utilizao de
banhos-maria para aquecimento das bolsas freqentemente acarretam em
contaminao do sangue (ABRAMS-OGG, 2000).

A multiplicao bacteriana mais acentuada em componentes


armazenados em temperatura ambiente (concentrado de plaquetas), sendo
bactrias gram-positivas (Staphylococcus e Streptococcus) mais isoladas
destes componentes. Bactrias gram-negativas (Pseudomonas, Yersinia,
Citrobacter e coliformes) so isoladas mais frequentemente de componentes
sob refrigerao. A multiplicao bacteriana na bolsa leva ao consumo de
oxignio, resulatndo em desnaturao da hemoglobina e lise eritrocitria,
ocasionando mudana de colorao na bolsa, formao de cogulos e
hemlise (HOHENHAUS, 2000).

Os cuidados durante a coleta, transporte, armazenamento e


transfuso so as melhores medidas preventivas para evitar o choque sptico.
Caso o animal apresente sinais compatveis com contaminao bacteriana
deve-se instituir o diagnstico diferencial com a reao hemoltica aguda. O
teste de compatibilidade e a tipagem sangunea ajudam o clnico a excluir a
hemlise por incompatibilidade sangunea. Amostras do receptor e da bolsa de
sangue devem ser coletadas imediatamente e enviadas para cultura
bacteriana, mas na possibilidade de sepse, cuidados de suporte e
antibioticoterapia de amplo espectro devem ser institudas (HARREL;
KRISTENSEN, 1995).
2.7.3.4 Toxicidade pelo Citrato

O citrato o anticoagulante mais utilizado nas bolsas de sangue. O


citrato na bolsa de sangue possui a capacidade de quelar o clcio srico do
receptor, levando a uma diminuio do clcio ionizado circulante. Com
adequado funcionamento heptico o citrato rapidamente convertido em
bicarbonato, porm, em pacientes com disfuno heptica ou na infuso rpida
de grande volume de sangue o paciente poder desenvolver hipocalcemia. Os
componentes como o sangue total e plasma fresco congelado possuem maior
concentrao de citrato (ROZANSKI; LAFORCADE, 2004).

Tremores, arritmia cardaca e mese so os sinais clnicos mais


relacionados a hipocalcemia. O clcio ionizado pode ser utilizado para
confirmao. A hipocalcemia transitria e rapidamente reversvel. A
velocidade de infuso deve ser diminuda e o eletrocardiograma deve ser
utilizado para acompanhamento do animal, principalmente nos casos em que
necessrio o tratamento com gluconato de clcio 10% (50-150mg/kg). O
gluconato de clcio no deve ser utilizado na mesma via de acesso da
transfuso sangunea, para evitar o contato do citrato com o clcio e a
conseqente formao de cogulo (ABRAMS-OGG, 2000).

2.7.3.5 Coagulopatias

A transfuso de grandes volumes de sangue estocado, deficientes


em plaquetas, fatores de coagulao (V, VIII e XI) e fibrinognio podem resultar
em coagulopatia dilucional. Especialmente em pacientes no trans-operatrio,
que recebem fluidoterapia agressiva e transfuso sangunea a coagulopatia
dilucional pode ser fator agravante do sangramento. Durante a anestesia a
baixa temperatura corprea prejudica a atuao dos fatores de coagulao, e a
fluidoterapia associada transfuso de grandes volumes sanguneos colabora
para instituio do sangramento. Nestes casos a transfuso de plaquetas e de
plasma fresco congelado tem efeito benfico para controle do sangramento
(ABRAMS-OGG, 2000).

2.7.3.6 Hiperamonemia

No sangue estocado os nveis de amnia se elevam e


eventualmente podem ser txicos para o paciente. Esta complicao rara,
sendo mais significante em animais com falncia heptica, no qual o fgado no
metaboliza e excreta a amnia de forma adequada. Quando se transfundem
pacientes com doenas hepticas, deve-se optar por sangue estocado por
curto perodo de tempo (GOMES, 2008).

2.7.3.7 Hipotermia

A infuso de hemocomponentes em baixas temperaturas (<4 C)


pode acarretar em significante hipotermia em filhotes e animais de pequeno
porte. Em animais adultos a hipotermia acontece geralmente na transfuso
massiva de hemocomponentes refrigerados (HALDANE, 2004).

A hipotermia severa pode resultar em arritmias cardacas e morte


sbita, caso a infuso seja realizada em rpida velocidade. Entretanto, o
aquecimento do animal geralmente suficiente para manuteno da
temperatura. Em transfuses de emergncia o aquecimento da bolsa de
sangue tambm pode ser realizado, desde que seja efetuado o controle preciso
da temperatura (37 C) e que se tomem os cuidados para evitar o contato da
bolsa com gua (ABRAMS-OGG, 2000).

2.7.4 Reaes Transfusionais No Imunolgicas tardias

2.7.4.1Hemossiderose

O excesso de ferro para os pacientes transfundidos uma


complicao rara na veterinria, j que ocorre como conseqncia de mltiplas
transfuses. Na medicina humana a hemossiderose irreversvel aps cerca
de 50-100 transfuses no mesmo paciente. Cada unidade de concentrado de
hemcias possui em mdia 200mg de ferro, em pacientes transfundidos
cronicamente ocorre o saturamento do ferro no sistema retculo endotelial,
passando o ferro a depositar-se nas clulas parenquimatosas. Depsitos de
ferro levam a destruio do tecido normal, substituindo-o por tecido fibrtico,
ocasionando leses funcionais em rgos como corao, fgado e glndulas
endcrinas. Na Medicina se utiliza a Desferoxamina como tratamento da
hemossiderose para reduzir os estoques corporais de ferro. Na veterinria, o
uso do sangue total para correo de trombocitopenia e coagulopatias em
pacientes no anmicos um dos fatores de risco para a hemossiderose
(HARREL; KRISTENSEN, 1995).
2.7.4.2 Transmisso de Doenas Infecciosas

A intercorrncia mais freqente na transfuso sangunea a


transmisso de doenas infecciosas. A grande maioria das clnicas veterinrias
no realiza os exames laboratoriais de seus doadores previamente a doao
de sangue. Os agentes infecciosos podem possuir um longo tempo de
incubao, no manifestar sinais em seus hospedeiros e podem permanecer
estveis no sangue estocado. Estudo realizado com ces doadores de sangue
provenientes de canis expositores demonstrou que 11% dos animais testados
para doenas infecciosas eram positivos para alguma delas, sem que
apresentassem nenhuma sintomatologia clnica (GONALVES; BATISTELA,
2006).

Os doadores devem ser negativos para os testes de doenas infecciosas


transmissveis pelo sangue. Os ces devem ser testados para Ehrlichiose,
Brucelose, Leishmaniose, Dirofilariose, Lyme, Babesiose e Ricketsioses. Todos
doadores devem possuir as vacinaes anuais atualizadas e os parmetros
hematolgicos devem estar dentro dos valores de referncia. Alteraes no
hemograma podem sugerir possveis doenas infecciosas sem que os animais
manifestem algum sintoma (ABRAMS-OGG, 2000).
3 Concluso

Conforme descrito pelos autores consultados, a transfuso


sangunea um procedimento muito importante como terapia de emergncia
na maioria dos casos, mas que deve ser realizado com os devidos cuidados
para que no ocorram reaes transfusionais indesejveis. A triagem de ces
doadores, as tcnicas de coleta, a correta centrifugao e o preparo dos
produtos sanguneos, bem como a forma de armazenamento e a administrao
contribuem para diminuir o risco de reao transfusional. O teste de
compatibilidade deve passar a ser mais utilizado nas clnicas e hospitais
veterinrios, juntamente com a tipagem sangunea, visto que a maior contra-
indicao da transfuso a incompatibilidade sangunea.

O nmero de ces que necessitam de transfuso sangunea muito


maior do que os estoques disponveis, fato este que deveria motivar mais
estudos nesta rea, e a abertura de novos bancos de sangue, possibilitando
assim atender a demanda por estes produtos.

O sangue doado usado para assegurar um direito primordial: O


direito vida. E cabe a ns tomarmos esta deciso, pela vida de nossos
animais.

O sangue o espelho da sade do animal.


REFERNCIAS

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