Módulo II - Elementos de Fundação - Tubulões

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Fundao Profunda Tubulo

1. Definio

Os tubules so elementos
utilizados em fundaes
profundas que transmitem cargas
diretamente ao solo. Constituem-
se de um poo (fuste) de dimetro
variando de 0,7 a 2,0 m ou mais.
No final do fuste usual fazer um
alargamento de base, igual ou
maior do que 3 vezes o fuste, cuja
finalidade diminuir as tenses
no solo.

Solos Coesivos - Argilosos

Ao receber gua, tendem a se tornarem plsticos (surge a lama). Apresentam maior


grau de estabilidade quando secos.
Solos No Coesivos (Granulares)
Como solos no coesivos compreendem-se os solos compostos de pedras, pedregulhos,
cascalhos e areias, ou seja, de partculas grandes (grossas).

2. Classificao dos tubules

Os tubules sero classificados quanto a forma de execuo, em:

Tubulo a cu aberto
Tubulo a ar comprimido e,
Tubulo aberto mecanicamente (Mecanizado)

2.1 Tubulo a cu aberto

So abertos manualmente, em solos


coesivos, para no ocorrer
desmoronamento durante a escavao,
e acima do nvel dgua (N.A.).
Constitui-se da abertura de um poo
(fuste) com dimetro maior ou igual a
setenta centmetros (f 70 cm), para
possibilitar o acesso e trabalho do
operrio (poceiro).
Na parte inferior escavada uma base
(B) com dimetro aproximadamente
maior ou igual a trs vezes o dimetro
do fuste (B f). Em seguida so
colocadas as armaduras e
posteriormente
Caso o terreno natural no tenha
capacidade de permanecer sem fluir
(desbarrancar) para o poo pode-se
execut-lo com camisa pr-
moldada.

No caso de se ter de abrir base em


uma camada de areia pura existe o
perigo de desmoronamento do sino
por falta de coeso. Nesse caso
pode-se descer o tubulo com fuste
e base pr-moldados. Esse tipo de
execuo exige bastante cuidado
para se evitar desaprumo.

Outra possibilidade de se aprofundar o tubulo at atingir a camada que


possibilite o alargamento da base.
Evidentemente essa camada deve estar relativamente prxima da camada
de areia.

2.2 Tubulo a ar comprimido

Executado com utilizao de ar


comprimido com o objetivo de
eliminar a gua do poo. Esse tipo
deve ser utilizado quando a base est
abaixo do N.A
- Executado com a camisa pr-
moldado em mdulos que variam de
3 a 4 m. A cravao feita com a
utilizao de ar comprimido. O
limite de presso para esse tipo de
tubulo deve ser inferior a 3 kg/m2
(30 mca). Recomenda-se entretanto,
no passar de 3 Kg/m2, ou seja de
20 mca..

Dimetro mnimo de 1,2 m


De preferncia limitar altura
da base para evitar que ao
existir desmoronamento o
operrio no fique soterrado

Tubulo com base pr-moldada


como alternativa para os casos em
que no possvel alargar a base no
local (areia).
2.3 Tubulo escavado mecanicamente

A execuo do fuste feita com broca (mecanizada), podendo ter ou no


alargamento de base (depende do equipamento).
A execuo pode se feita abaixo ou acima do N.A. Esse tipo de tubulo
torna-se obrigatrio quando a coluna dgua atinge 30 m (limite de presso
para a utilizao de ar comprimido de 3 atm, isto , 30 m de coluna
dgua. Esse valor de profundidade fiscalizao intensa e deve ser evitado.
O tubulo mecanizado as vezes chamado de ESTACO. Os dimetros
mais comuns no mercado so de f 150 mm.

Os tubules ainda podem ser cheios ou vazados

3. Dimensionamento e Detalhamento dos vrios elementos que


compem o tubulo

3.1 Cabeote

a transio entre pilar e fuste propriamente dito.

Essa transio existe tambm nos


casos de tubulo vazado, entre bloco
e fuste. O objetivo do cabeote,
nesse caso, o de distribuir, ou
melhor, diminuir a tenso na biela de
compresso e, distribuir a carga de
contato entre o tubulo e o bloco
(quando existir).
Soluo para pilar folgado em termos de tenso no concreto.

Soluo para pilar Soluo para pilar com


folgado em termos de tenses altas no
tenso no concreto. concreto.

Tipos de Transio

1.1 - Transio direta do pilar para o tubulo

Pilar retangular chegando diretamente no tubulo


Nesse caso torna-se necessrio fazer uma fretagem tanto no tubulo, quanto
no pilar. Alm disso, necessrio fazer um dimensionamento (verificao)
da seo de contato entre o tubulo e pilar (seo reduzida).

Fretagem do pilar

Z = [(P/a)*(a-)/2]*(1/tg)

Z = P*(1 /a)
3

As = Zd/fyd

Detalhe da armao
Majorar a armadura de fretagem em 25%, ou seja, 1,25*As e distribuir a
armadura na altura a. O fator 1,25 leva em conta que a armadura deveria
ser distribuda, a realidade, na altura o,8 de a e no na altura a.

Fretagem do Tubulo

Z = P*(1 b/)
3

As = Zd/fyd

Tambm majorar a armadura de fretagem em 25%, ou seja, 1,25*As para


distribuir a armadura na altura .
Detalhe da Fretagem

Observar que parte da armadura do tubulo, devido a forma retangular do


pilar, morre sem entrar no pilar, no podendo portanto, constituir-se em
armadura de espera.

Esse fato, associado ao reforo de


armadura decorrente do
dimensionamento da seo de
contato, exige a colocao de uma
gaiola de armao, de forma
retangular, na ligao tubulo -
pilar, constituindo assim a
transio entre as duas armaes.
1.2 Transio atravs de bloco

Nesse caso toda transio feita no bloco, que dever ser conveniente
fretado e ter altura suficiente de tal forma que permita a emenda das barras
do pilar com as barras do tubulo.

O clculo da armadura de fretagem anloga ao caso de transies direta


pilar tubulo.

Z = P * (1 a/b) , sendo a a menor dimenso e b a maior dimenso.


3

2. Tubulo Vazado

Detalhamento da Cabea

Caso o ngulo > 600 colocar armadura de fretagem adicional, como se o


tubulo fosse cheio.
Z = P * 1 = 0,25*P = P
2 tg 2 8

> 450

Armadura de fretagem
calculada como se o tubulo
fosse cheio

A altura y deve
proporcionar a ligao das
armaduras do pilar com as do
tubulo.

Caso essa altura seja insuficiente pode-se diminuir o comprimento de


ancoragem diminuindo a tenso no ao.

Detalhe da armao

As1 = Zd/fyd
Detalhamento com armadura perimetral (estribo)

Considerando o sistema de trelia da figura obtm-se:

q = carga distribuda no permetro = P/2r

p = presso radial atuante na armadura = q/tg

Considerando a frmula de tubos (ver figura acima) se obtm a trao


atuante nos estribos.

Z = p*r = q*r/tg = P*r = P .


2rtg 2tg

As = Zd/fyd = Pd .
2tg*fyd
Regio da transio do fuste para a base (caso de tubulo vazado)

Na transio do fuste para a base, no


caso de tubules vazados
recomendvel colocar uma armadura
de estribos que consiga absorver os
esforos de trao decorrentes da
abertura de carga do fuste para a base,
conforme indicado na figura.

Considerando uma abertura de 500 obtm-se:

Z = p*r = q*r/tg500 = P*r = P .


2rtg500 7,5

As = Zd/fyd = Pd .
7,5*fyd

Detalhamento anlogo ao do cabeote

Dimensionamento da base

O dimetro da base obtido dividindo-se a carga atuante pela tenso


admissvel do solo.

Abase = P/adm.solo = D2/4 D = (4P/adm)

Caso a base necessite ser uma falsa elipse, a rea dada por:

Abase = b2 + b*x = P/adm.solo


4
Fonte: Livro: Exerccio de Fundaes Urbano Rodrigues Alonso

Recomenda-se para esse caso a/b 2,5

Inclinao do sino

A transio do fuste para a base


feita atravs de uma superfcie
tronco-cnica, chamada sino.

A altura h determinada
atravs do ngulo

Os critrios utilizados para determinao de so dois:

a) Critrio utilizado pelos projetistas de concreto;

b) Critrio utilizado pelos projetistas de solos.

a) Critrio utilizado pelos projetistas de concreto o ngulo


determinado de maneira que as tenses de trao desenvolvidas na base
no ultrapassem fct/2 (resistncia do concreto trao direta).

fct = 0,9*fct,sp (fct,sp = resistncia trao indireta)

Na falta de ensaios para obteno de fct,sp pode ser tomado o seu valor
mdio fct,m

fct,m = 0,3*fck2/3 portanto, fct = 0,9*0,3*fck2/3 = 0,27*fck2/3


b) Critrio utilizado pelos especialistas em solos a adotada pelo critrio
recomendado pela NBR 6122 (item 8.2)

Os blocos de fundao podem ser dimensionados de tal maneira que o


ngulo , expresso em radianos e mostrado na Figura acima, satisfaa
equao:

tan adm.solo + 1
fct

adm.solo = tenso admissvel do terreno, em MPa

fct= tenso de trao no concreto

(fct = 0,4ftk < 0,8 MPa)

ftk = resistncia caracterstica trao do concreto, cujo valor pode ser


obtido a partir da resistncia caracterstica compresso (fck) pelas
equaes:

ftk = fck/10 para fck 18 MPa

ftk = 0,06 fck + 0,7 MPa para fck > 18 MPa

Desde que a base esteja no mnimo 30 cm dentro do mesmo solo, adotar-


se- = 600, independentemente da tenso no solo.

Exerccio: Projetar e dimensionar um tubulo para o pilar da figura, com


taxa admissvel no solo de 0,6 MPa (600 Kn/m2)
1. Clculo da rea da base

D = (4*P)/(*adm) = (4*1.200)/(*600) = 1,6 m


logo, no cabe na distncia at a divisa. Necessrio adotar uma falsa
elipse:

Inicialmente adotar b = 2*0,65 = 1,25 (no necessrio deixar folga, pois,


est a 12 metros de profundidade)

Portanto: Abase = b2 + b*x = P/adm.solo


4

3,1416*1,252 +1,25*x = 1.200/600 x 0,65 m


4

2. Clculo do dimetro do fuste (carga somente de compresso)

f = (4*P)/(*adm.conc) = (4*1.200)/(*0,85*15.000) = 0,35 m (adotar o


mnimo de 70 cm)
a = x + b = 0,65 + 1,25 = 1,90 m Verificao da relao de a/b =
1,90/1,25 = 1,52 < 2,5 (OK.)

3. Clculo da altura da base

H = (D )*tg600 = (1,9-0,7)*1,732/2 = 1,04 1,05 m


2

Dimensionamento do fuste

Esforos solicitantes:

Quando o tubulo no executado com base alargada admite-se que ele


esteja contido em um meio elstico que o solo.

Assim a determinao dos esforos solicitantes pode ser feito utilizando-se


as frmulas de vigas sobre apoios elsticos.

Titze e Sheriff fornecem tabelas de fcil manuseio e, que sero utilizadas


adiante.

importante ressaltar que, no caso de tubules executados com


alargamento de base pr-moldada, no recomendvel admitir-se o
confinamento do solo, uma vez que o preenchimento de vazios entre a
camisa do tubulo e o solo feito durante a execuo a medida que ocorra
a queda e desmoronamento das paredes do poo. Esse material no ,
portanto, compactado e, sua eficincia como elemento de consistncia
duvidosa.
No caso de tubulo executado com camisa pr-moldada importante
verificar se existe folga entre o fuste e poo. Caso haja esse vazio deve ser
injetado argamassa, de maneira a garantir o confinamento do solo ( o fuste
deve estar em contato com o solo).

A existncia dessa folga deve


ser verificada pelo engenheiro
da obra ou pela fiscalizao.

Aplicao das tabelas de Titze (anexo)

Consideraes sobre a hiptese de viga sobre apoio elstico aplicada para


tubules imersos em solo.

- Dentro dos limites de utilizao razovel admitir para o solo um


comportamento elstico ( );
- Os esforos nos tubules so pouco sensveis a uma variao da
caracterstica do solo uma vez que o coeficiente do solo funo de uma
raiz quarta;
- importante lembrar que a deformao do tubulo sensvel aos
parmetros do solo;
- As tabelas fornecem coeficientes com a variao linear ao longo da
profundidade, nos casos de areia e constantes ao longo da profundidade, no
caso de argilas.
Ct o coeficiente do solo (tf/m3)

- Indicaes do coeficiente de proporcionalidade fornecidas por Titze na


revista estrutura n. 3, tambm no livro de Sheriff Elastically fixed
structurs.

Amostrador SPT Mohr Coef. De Areia


Proporc.
Solo Compacidade n. de N m (tf/m4)
golpes
Areia Fofa 04 02 100 200 Muito fina
Pouco 5 10 35 200 400 Fina
compacta
Silte Compacidade 10 30 6 12 400 600 Mdia
mdia
Compacta 30 50 12 -24 600 1.000 Grossa
Areia Muito >50 >24 1.000 c/Pedregulho
compacta 2.000

Areia: Cx = Ct*x/t = m*x; sendo m = Ct/t


Alm disso, so fornecidos dois grficos, sendo um para esforo horizontal
atuante H (grfico da esquerda) e outro grfico para momento fletor atuante
M (grfico da direita).

A seguir o significado dos vrios parmetros que se encontram na tabela:

pfic = H/(*t) = (H*t)/(*t2) = M/(*t2) - presso fictcia

Mfic = H*t momento fictcio

Onde:
= dimetro do fuste do tubulo ou da estaca;
t = profundidade do tubulo;
H = Fora horizontal aplicada no tubulo;
M = momento fletor aplicado no tubulo.

Comprimento elstico:

L1 = 4[(4*E*I)/(*Ct)] para Cx = cte Tabela I

L3 = 5[(E*I*t)/(*Ct)] para Cx variando linearmente Tabela III

Para entrar nos grficos, inicialmente, determina-se o coeficiente = t/L


(adimensional).

Em seguida calculam-se os valores de:

Presso no solo: pmax. = max*pfic; pi = i*pfic

Momento no fuste do tubulo: Mmax. = max*Mfic.; Mi = i*Mfic.


Deslocamento da cabea do tubulo: 0 = *(pfic./Ct);

Rotao na cabea do tubulo: tg0 = *[pfic./(Ct*t)];

ngulo da tangente curva de presso, em x=0: tg0 = *(pfic./t)

Para a determinao do momento final do tubulo devido aos esforos H e


M necessrio fazer uma somatria de carregamentos.

Exerccio: Determinar os esforos nos tubules da figura. Considerar


subsolo areia mdia.
Dados:
- Dimetro do tubulo: = 1,40 m
- Tubules iguais morrendo em ponta (sem alargamento de base)
- Esforo horizontal: H = 200 KN aplicado na altura do neuprene.

Esforos no nvel do terreno

Carga Vertical: N = 200*13 = 2.600 KN


Esforo horizontal: H = 100 KN
Momento Fletor: M = 100*15 = 1.500 KN.m

Pelas tabelas de titze, para areia mdia Cx = m*x

Amostrador SPT Mohr Coef. De Areia


Proporc.
Solo Compacidade n. de N m (tf/m4)
golpes
Areia Fofa 04 02 100 200 Muito fina
Pouco 5 10 35 200 400 Fina
compacta
Silte Compacidade 10 30 6 12 400 600 Mdia
mdia
Compacta 30 50 12 -24 600 1.000 Grossa
Areia Muito >50 >24 1.000 c/Pedregulho
compacta 2.000

Para solo: areia mdia, adotar m = 5005 KN/m4, Para x = t = 12 m (t


profundidade do tubulo)

Para solo: areia mdia, adotar m = 5005 KN/m4, Para x = t = 12 m (t


profundidade do tubulo)
Ct = 5.000*12 = 60.000 KN/m3

Em seguida calculam-se os valores de:


pfic =H/(*t) =

Mfic. = H*t =

Comprimento elstico:

L1 = 4[(4*E*I)/(*Ct)] para Cx = cte Tabela I

= t/L =

Com uso das tabelas obtm:

pmax. =

Mmax. =
Calculo da armadura para o fuste Flexo-compresso (Tabelas - Anexo)
Anexos
Tabelas do Titze
Abacos do Montoya
Bibliografia

1. http://www.arq.ufsc.br/~labcon/arq5661/Fundacoes3/estacaset.htm
2. Alonso, Urbano Rodrigues - Exerccios de Fundaes So Paulo Editora
Edgard Blcher 1983;
3. Morais, Marcelo da Cunha Estruturas de Fundaes So Paulo Ed. McGraw-
Hill do Brasil 1976;
4. Moliterno, Antnio Caderno de Muros de Arrimo Editora: Edgard Blcher
So Paulo 1980
5. http://www.ebanataw.com.br/roberto/percolacao/perc10.htm
6. http://www.portaldoconcreto.com.br/?pagina=ciclopicos
7. http://www.blokret.com.br/murosde.htm
8. http://www.murosterrae.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2
7&Itemid=31
9. Geosonda Paredes Diafragmma
http://www.geosonda.com.br/ParedeDiafragma.pdf
10.Roca Fundaes Parede diafragma -www.rocafundacoes.com.br/parede-
diafragma.asp
11.Associao Brasileira de engenharia de fundaes Parede diafragma -
www.abef.org.br/docs/manual/paredes_diafragma.pdf
12.Estacas Pranchas - http://sotecal.com.br/download/sotecal_epcatal.pdf
13.Specht, Luciano Pivoto Estacas -

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