Moral Fundamental
Moral Fundamental
Moral Fundamental
exige; a primeira coisa em que se deve pensar no amor que Moral Theologv of Father Bernhard Hring, Studia Moralia 30 (1992), 3-
Deus nos professa, o que de ns exigem seus amorosos dons. 16, 227-287. Sobre a moral do "Kairs" e da "Histria
da Salvao": B. HRING, Existencialismo cristiano en la perspectiva de
Pois bem, Deus nos deu tudo em Cristo; Nele nos revelou as la Historia de la Salvacin: Vrios, Renovacin de la Teologia Moral,
ltimas profundezas de seu amor. Nesse amor de Cristo e por Madrid 1967, 167-188.
esse amor pede-nos um amor recproco, isto , pede-nos uma R. TREMBLAY, Cristo e la tnorale in alcuni documenti del Magisterio, Roma
40
Vinte e cinco anos depois de escrita essa profisso de percebi muito bem o grande esforo que ainda se requer para
cristocentrismo, Hring retorna ao escrito e ensinado e rea- apresentar de forma coerente e vlida os problemas princi-
firma sua opo assumida no comeo de sua caminhada pais, que implica a compreenso do chamamento do homem
teolgica: O nome de minha primeira exposio completa para a maturidade e capacidade de discernimento e recipro-
da Teologia Moral, A Lei de Cristo, se referia, evidentemente, cidade de um amor genuno. Estes problemas situam-se na
a Glatas 6,2, onde se acentua fortemente Cristo, que em sua prpria medula da teologia" . 46
referncia ao Esprito Santo. E um "cristocentrismo posta em A Lei de Cristo, em chave de "resposta" ao chama-
pneumatolgico" . 45
mento de Deus em Cristo, alcana seu pleno desenvolvi-
O cristocentrismo tambm tem muito a ver com a pecu- mento em Livres e Fiis em Cristo mediante a categoria moral
liaridade do pensamento moral tal como esboado por de "fidelidade criativa/livre" ou de "criatividade/liberdade
Hring em seus primeiros escritos e desenvolvido em outros fiel".
posteriores. No ano de 1971 ele declara: "Em todos os meus
escritos destes vinte e cinco ltimos anos procurei uma li- Mas antes de chegar a essa etapa da maturidade repre-
nha de pensamento personalista e existencial. No obstante, sentada pela obra Livres e Fiis em Cristo, preciso exami-
nar mais detalhadamente o projeto teolgico-moral refletido Ver B. HRING, Personalismo eristiano e Teologia Moral: Vrios: Renovacin
47
1. Importncia da obra
bibliografia de Hring composta de 106
livros e um nmero muito grande de artigos
(mais de 10 mil). Obviamente, nessa dilatada
produo existe uma grande diversidade de
temas, de gneros e de qualificao
cientfica.
Olhando isso em perspectiva histrica,
creio que a produo bibliogrfica de Hring
concentra-se em trs obras: Das Heilige und das
Gute (1950), que apresenta o texto de sua
dissertao doutoral; Das Gesetz Christi (1954), o
primeiro Manual de Teologia Moral; Livres e
Fiis em Cristo (1978-1981), o Manual da poca
ps-conciliar.
Tendo de escolher uma dentre elas, d-se
por suposto que a primeira est contida nas
duas ltimas; logo, a opo se concretiza
entre os dois manuais. H alguns que optam
por Livres e Fiis em Cristo, o Manual da
maturidade, configurado conforme as
exigncias do Conclio Vaticano II. Essa a
opo daqueles que pretendem analisar o
pensamento definitivo de Hring: em
moral fundamental, como o fez
magistralmente V. Gmez Mier ; em moral l
da paz e do
perdo queles 'Ibid., 24-25.
que vivem "F - Histria - Moral, 44.
54 BERNHARD HARING: UM
RENOVADOR DA MORAL da Silsia,
CATLICA
Vctor Sudetos,
Schurr, Hungria etc.
companheiro que em grande
de Hring quantidade se
nesse instalaram
apostolado, faz precariamente
uma descrio na Alemanha.
mais detalhada Hring foi dos
do mesmo: "A primeiros em
situao de captar essa
ps-guerra nova situao
tornou dentro da
necessria a Igreja na
misso entre Alemanha. Pela
os refugiados primeira vez
provenientes no vero de
1948 nos Eucaristia em
tornamos templos
missionrios- protestantes.
mochileiros. Pregamos em
Percorremos tabernas e at
povoado por mesmo em
povoado, sales de baile,
compartilhando como palestra
a misria dos particular,
exilados. dvamos o
Encontramos consolo da
famlias de oito absolvio sa-
pessoas cramental aos
empilhadas penitentes.
num s quarto, Constantement
muito beira e levvamos o
da loucura por Santssimo
ter perdido conosco, e ao
tudo, nos abrigar de
absolutamente qualquer
tudo na fuga. maneira em
Repartimos estreitas
com eles nosso cozinhas
po e durante a
celebramos noite,
pela primeira deixvamos o
vez desde os Santssimo no
tempos de parapeito da
Lutero a janela. No ano
seguinte prprio Hring
retornamos a destaca: "Tive
para assegur- oportunidade
los na f e para de pregar
formar comuni- muitos retiros
dades na e algumas
dispora (cf. At misses
14,20-22), paroquiais.
principal Precisamente,
resultado a partir da
dessa original experincia
ao das mis-
missionria"7.
A conexo de 7
V. SCHURR- M. VIDAL, O. C.,
A Lei de Cristo e de 20.
8
F. FERRERO, P Bernhard
toda a sua obra Hring (1912-1998),
Misionero y moralista,
com a pastoral Moralia 21 (1998), 231-
uma 240.
9
J.-R. FLECHA, P.
peculiaridade Bernhard Hring, un
de Hring. moralista sensible a la
pastoral, Ecclesia n.
Colocam-na 2.905/2.906 (1998), 6-7.
A LEI DE CRISTO: O MANUAL
acen- "ALTERNATIVO" DE TEOLOGIA
tuadamente MORAL 55
quase todos os
comentaristas, ses
de modo paroquiais,
especial F. quando ainda
Ferrero e J.-R.
8 era sacerdote
Flecha .9
O jovem, nasceu
em mim a publicada em
urgncia de 1954,
preparar um "ensinou-a
novo texto de profusamente
moral, que desde 1948 a
logo seria A futuros
Lei de Cristo, missionrios
publicada em redentoristas;
1954"I. tambm em
numerosas
conferncias e
2) Avanado nas cursos
aulas e nas especiais para
conferncias missionrios e
procos, em
A Lei de Cristo, exerccios
vinculada espirituais e
atividade dilogos com
pastoral do au- grupos de
tor, foi sendo clrigos e
gestada na leigos. Mais de
docncia e foi um acreditava
recebendo o que ia longe
contraste de demais na
pblico em renovao; mas
conferncias e o tempo
cursos demostrou a
especiais. retido da
Embora clarividncia
do autor de A depois de
Lei de Cristo"11. minha
experincia
pastoral tra-
0) Um esforo balhava
enorme
durante dez
horas por dia
Pode-se em A Lei de
imaginar a Cristo 12
.
dedicao que
B. Hring teve
de empregar na
preparao do 1
B. HARING, Carisma e
original. Ele Liberdade de esprito:
mesmo faz a se- Vrios, Ser Redentorista
hoje. Testemunhos sobre o
guinte Carisma, URB, 202.
anotao: 11
V. SCHURR - M. VIDAL, o.
C., 21.
12
F - Histria - Moral, 44.
56 BERNHARD HRING: UM em 1953.
RENOVADOR DA MORAL
CATLICA Atrasou-se a
publicao por
c) Publicao causa da opo
(1954) e de Hring em
difuso da favor de um
obra editor vtima de
represlia na
A Lei de Cristo poca do
foi publicada nazismo.
em 1954. O O prprio
original estava Hring acentua
j preparado esse detalhe,
que manifesta seu
sua ressurgimento.
sensibilidade Assim
para com as aconteceu. Num
pessoas que ano somente
sofrem por publicou trs
serem edies, ritmo
coerentes com que continuou
sua conscincia: nos anos
O texto estava seguintes . 13
O. C., 23.
centrada Na
15
Introduo
inteiramente traduo francesa: La
em Cristo, Loi du Christ I Tournai
,
distribudos da
obra no 3. Orientao
fundamenta1 23
menos do que
200.000
exemplares no Em seguida
original e nos so
apresentadas Moralidade
as grandes crist parte
orientaes da integrante da
moral tal como
apresentada Religio;
por Hring em conseqentem
sua obra A Lei ente a
de Cristo. As estrutura
pginas fundamental
citadas da tica crist
correspondem deve-se busc-
traduo
castelhana da la na forma
editora Herder essencial da
(Barcelona, Religio: se
1968). esta for
entendida
como dilogo
a) com Deus, a
Fundamenta Moral tem
o religiosa da uma estrutura
moral crist dialogal.
Creio que a
Hring riqueza e a
coloca, na
origem de sua 19F - Histria -
Moral, 47; cf. Uma
sntese autobiografia maneira
de entrevista, 49. "Uma
teolgico-mo- autobiografia maneira
de entrevista, 39.
ral, o princpio V. SCHURR - M.
21
Neste tratado
23
retomam-se
elementos publicados necessrio
no livro de V.
SCHURR - M. VIDAL, fundament-la
o. c., 25-44. nas prprias
A LEI DE CRISTO: O MANUAL
"ALTERNATIVO" DE TEOLOGIA bases da f. Por
59
MORAL
isso Hring
profundidade parte do
dessa intuio Mistrio da
bsica de Salvao, que
Hring aquilo ele resume na
que explica a palavra central
consistncia e da Bblia:
a influncia de "Basilia", o
sua sntese Reino. Este
teolgico- expressa tanto o
moral. "domnio" como
o "reinado" de
Deus, um
I) Uma moral do domnio e poder
Credo no pela fora,
Para evitar mas pelo amor.
que a doutrina "Reino do amor
moral crist se de Deus" a
transforme traduo
numa verdade repetida por
abstrata, com Hring. Esse
perigo de cair conceito e sua
numa casustica realidade
estril, como a entende
o Novo
Testamento definitivas:
penetra-o todo. pescadores que
O grande deixam suas
poder salvfico barcas e
de Deus chegou publicanos que
para ns em abandonam
Jesus e a todos suas mesas de
chama: os impostos;
pecadores, os homens que
publicanos, as esquecem suas
adlteras, os casas e suas
leprosos, a famlias para
gente ignorante seguir a Cristo.
do povo, o filho Esse novo
prdigo, o comeo, a
centurio mudana
romano e a radical da
mulher histria do
canania. mundo (e no
Transforma e simples
compromete, interioridade),
somente como o tornar-se-o
amor sabe fazer. manifestos em
Salvao e sua plenitude
perdio so no fim dos
realidades que tempos. Tudo
j acontecem. terminar bem.
J se tomam de- No final no se
cises encontrar a
grande A
vingana ("Dies autenticidade
irae"), um bblica de nosso
grande conceito, seu
moralismo, mas contedo
o esperanoso existencial
grito de universal,
salvao: missionrio e
"Maran-t", escatolgico,
vem, Senhor d estru-
Jesus, Vem!
60 BERNHARD HARING UM sua realidade
RENOVADOR DA MORAL
CATLICA
sempre atual,
porque nos diz:
tura e forma "Existe a
moral de grande
Hring, esperana; h
transformando- um futuro
a em "Boa absoluto!"
Notcia", termo O Reino de
que repete Deus se fez
constantement presente em
e. verdade Jesus de
que a Nazar. Ele
expresso a
"Basilia" "autobasilia"
Jesus a toma (Orgenes, cf.
de seu Lc 17,21). Os
ambiente Apstolos
judaico; mas falam dele
como do Mistrio de
"Kyrios" no Salvao", na
lugar de qual o sentido
"basilia", apologtico da
mas como sua Ressurreio
concretizao. cede lugar ao
O Reino de sentido
Cristo, o soteriolgico.
poder do amor A Ressurreio
mais forte do causa da
que a morte salvao. Por
realiza-se na ela, o Kyrios, o
Paixo, "amor pelos
Ressurreio, demais",
Ascenso, entrou
Pentecostes e definitivamente
na Segunda vitorioso no
Vinda de mundo, e abriu
Cristo. deste modo o
O Mistrio "eschatn":
Pascal polariza "De agora em
a ateno de diante vocs
Hring desde o vero o Filho
princpio. A ele do Homem
se deveu o sentado
interesse pela direita do
obra de Poderoso e vin-
Francisco do sobre as
Xavier nuvens do cu"
Durrwell, "A (Mt 26,64).
Ressurreio Partindo da
de Jesus, como Ressurreio
de Cristo dimenso, A
invade a Lei de Cristo
histria um uma Lei de
desejo de Graa. Uma
"sempre mais" moral
verdade, penetrada por
liberdade e Cristo no
amor. um pode tolerar a
processo de "coisificao"
personalizao da graa. No
rumo tolera que se
Parusia, para o fale dela como
definitivo de uma coisa.
aparecimento uma vida. Toda
da Pessoa de nossa vida
Cristo como penetrada por
"mega" do Cristo que, ao
mundo vivificar nosso
(Teilhard de ser, condiciona
Chardin). nosso agir de
Esses maneira que j
mistrios no sou eu
salvficos so quem age, mas
para Hring a virtude do
princpios e po-
culminncia de A LEI DE CRISTO: O MANUAL
"ALTERNATIVO" DE TEOLOGIA
toda a MORAL 61
Teologia,
tambm da der de Deus
Moral. Nessa que em mim
mesma ativa a
liberdade de sobre sua
filhos de Deus. validade ou
A forma na como uma srie
qual Hring de obrigaes
integrou em sua para consigo
moral a mesmo. No
doutrina sobre so tampouco,
os em seu
Sacramentos, conceito,
garante-lhes simples meios
um contato da graa para a
permanente vida moral,
com os atos da como
salvao; insinuavam
porque os nossos
mistrios catecismos com
salvficos nos seu plano de:
atingem nos f-
Sacramentos. mandamentos-
sacramentos.
A teologia Tampouco os v
sacramental de como sete fon-
Hring tes que nutrem
promoveu a vida crist
antes de tudo a em suas
renovao diversas fases.
litrgica da Aqui fala-se
Igreja. No primeiro de
enfoca os Cristo e da
Sacramentos Igreja como
do ponto de "Sacramento
vista cannico
original" (III, homem e
181-201; I, salvar sua
142-148) no alma, mas de
qual todos os estar a servio
Sacramentos da glria de
se baseiam em Deus.
seu conjunto. Contra o
Alm disso, perigo da
aparecem "horizontalidad
destacados e" Hring
como modos de sustenta que
culto em unio somente a
com Cristo, "verticalidade"
Sumo do imediato
Sacerdote. contato com
uma idia Deus pode dar
totalmente existncia e
original no consistncia
tratado moral dimenso
sobre os horizontal. Os
Sacramentos. Sacramentos
Sob o ttulo: so meio de
"Virtude da salvao no
Religio" os plano das
Sacramentos pessoas e das
integram-se no comunidades,
todo (II, 153- porque so
212). Sua fun- Mistrios. So
o primria presena e
no a da poder de Cristo
moral do velados sob os
sinais; todos e solidria for-
cada um so mando a Igreja
passagem pela (II, 153ss.), por
Morte e seu carter
Ressurreio personalstico
do Senhor e, (relao: Eu-
dessa forma, Tu com o
adorao "em nico Cristo.
Esprito e II, 168ss.).
verdade" (Jo Eles
4,23). estruturam o
Os edifcio de
Sacramentos Deus; colocam
realizam-se cada pedra e a
como salvao
62 BERNHARD HARING UM dimenso
RENOVADOR DA MORAL
CATLICA escatolgica
dos
transformam Sacramentos
em "pedra ele destaca
vida" da Igreja oportunamen-
(1Pd 2,5). So te, ao
realizaes da assinalar sua
Igreja e peculiaridade
acontecimento de "veladura"
s da sinal qi e
Comunidade reclama a
(Comunidade revelao; sua
do Batismo- caracterstica
Eucaristia- de ser sinais
Penitncia). no caminho
Tambm a para a Terra
Prometida e ao te Sacramentos
mesmo tempo e vida: Nesta
provises para deve
a viagem; experimentar-
assim como se a f e a
tambm so confiana nos
"foras do homens, a
mundo futuro" imagem do pai
(Hb 6,5) e j e o carinho da
posse me, o calor do
antecipada lar, a vivncia
daquilo que experimental de
vir (II, uma comida e
164ss.). sua "cele-
Na teologia brao", assim
de Hring como o respeito
expressa-se ao po. Os
com clareza conceitos cris-
que para se tos
fazer do fundamentais e
Sacramento um os smbolos da
meio de f requerem
salvao, tanto uma realizao
se deve cuidar anloga na
de sua validade vida, assim
("opus como nesta
operatum") deve plasmar-
como a f em se aquilo que
quem o recebe. se celebra em
necessrio torno do altar.
entretecer Essa exigncia
harmoniosamen supe a
compreensibilid mostra como
ade e beleza destacado
nos sinais precursor do
sacramentais e Vaticano II, que
nos seus ritos. deu corpo a
necessrio todas essas
reavaliar o exigncias.
carter Destacou o
kerigmtico sentido
dos kerigmtico
Sacramentos, dos
destacando Sacramentos e
mais e melhor a valorizou a
proclamao da proclamao da
Palavra em sua Palavra em sua
celebrao (no celebrao,
"administrao" para melhor
). Tambm ser responder
necessrio exigncia da f
prestar ateno nos que
idade de celebram.
quem os ce- Inclusive che-
lebram, porque gou a destacar
h fases da o valor salvfico
vida que extra-
aproximam e sacramental da
outras que, Proclamao
naturalmente, da Palavra,
afastam dos embora
Sacramentos. deixasse em p
Tudo isso as discusses
Hring nos acerca do
modo como se tambm fora do
realiza essa culto e tambm
eficcia fora dos
salvfica. mbitos
A LEI DE CRISTO: O MANUAL estritamente
"ALTERNATIVO" DE TEOLOGIA
MORAL 63 eclesiais.
Assim: quando
Hring situa o homem
corretamente desenvolve os
os Sacramentos bens da terra
em seu corpo para completar
doutrinal, to a obra criadora
alheio ao de Deus,
"sacramentalis quando ordena
mo" (nico com amor e
lugar do paz sua
encontro com famlia, quando
Cristo a abre novos
celebrao caminhos para
cultual). a justia social,
Tambm a vida quando
profana do reconhece e
cristo serve (embora
salvfica, no seja
quando se explicitamente)
baseia em a Cristo em seu
Cristo e na prximo. Nesse
Igreja como caso o prximo
"sacramento se transforma
original". A em
graa acontece "sacramento"
do Senhor, ou objeto da
melhor: chega espiritualidade.
a ser sinal de A moral no
salvao de um
Cristo. No ir- compartimento
mo, imagem e estanque dentro
representao do corpo
de Cristo, abre- teolgico. A
se para ns a moral deve
graa e estar aberta
recebemos o para as alturas,
Senhor (Mt em direo
25,34ss.). santidade como
Dentro da suprema meta e
sntese de uma objetivo. Seu
moral baseada ncleo central
na f ou no cre- deve ser o amor
do, queremos destinado a
destacar outra conseguir o
peculiaridade "sejam perfeitos
hringueriana; como o Pai de
a ubiqidade vocs..." ou o
da Espiritualidade "seguimento de
no esquema da Cristo at
Teologia Moral. radicalidade".
Hring repele Nesse
decididamente enfoque de
que o objeto da inefvel
moral sejam os afirmao
pecados, e as deve-se buscar
virtudes, o o entusiasmo
que abriu todos os ho-
caminho para mens, como
esse Manual mais tarde o
de Teologia afirmou o
Moral. A Conclio
santidade no Vaticano II
um conselho (Lumen Gentium,
dirigido boa 39-42). Ou
vontade de como disse o
alguns poucos, autor de A Lei de
mas uma Cristo: "O
chamada destino de
compromete- cada cristo,
dora para por sua vida
todos os em Cristo,
cristos, ou segui-lo de
melhor, para forma perfeita
e total".
64 BERNHARD HARING UM de "Deus em relao
RENOVADOR DA MORAL
CATLICA comigo". Entende
que a moral no
2) Uma moral de "algo que se pode
vida exercer" em forma
neutral ou sem se
Na moral de comprometer.
Hring f e vida Para Hring a
sempre se encontram verdade uma
e se complementam. pessoa: Cristo. Por
Sua Teologia Moral isso a Teologia no
tem muito de pode conformar-se em
existencial, porque a transmitir um sistema
encara como cincia doutrinal, mas deve
tornar Cristo presente puros", fechada para
em suas imagens: as os demais. J nos
pessoas humanas. pntanos de Pripet da
Esse enfoque Rssia viu que era
vivencial o fez necessrio avaliar o
destacar em seu corpo sentido religioso dessa
doutrinal certos boa gente que,
pontos que queremos procurando salvar seu
apontar aqui conceito religioso,
brevemente: misturava com
muitas coisas
supersticiosas.
Seu conceito
Estamos diante duma
integral de pessoa.
outra caracterstica de
Deve-se ver o homem
Hring: quanto mais
inserido na realidade
compreensivo com os
de seu "conjunto
fracos e ignorantes,
social": ambiente e
tanto mais exigente
comunidade. Por isso
para com as elites
sua grande abertura
leigas da Igreja, das
no apostolado
quais exige sem
concreto, com grande
compaixo assumir
sentido para a pastoral
as responsabilidade
de conjunto. Partindo
que lhes
de sua prpria
correspondem,
doutrina moral, pode
especialmente, no
realizar-se em todos os
plano das realidades
ambiente. To distante
terrestres.
est do individualismo
nefasto como est
distante da idia da Assim como
Igreja como necessrio ver o
"comunidade de homem na sua
situao concreta de deve conquistar
seu "conjunto passo a passo, pela
social", da mesma inero da graa na
maneira vida do homem
MISTO: O MANUAL cristo.
"ALTERNATIVO" DE
TEOLOGIA MORAL bb
Para concretizar
esse pensamento,
\ ('se situ-lo em sua Hring recorre ao
dimenso temporal ou termo bblico "kairs"
histrica. o tempo favorvel,
lio mem vindo do o momento oportuno
passado, deve projetar- para a salvao.
se para o futu- Nesse conceito, o
cristianismo
ito momento religio do futuro.
presente. uma Aquele que se torna
natureza histrica, "simplesmente
din111 1.0, que conservador"
deve viver a perigoso para sua
plenitude do prpria existncia e
compromisso da ti,t razo de ser. Um
crist, porque deve cristianismo que
fazer de sua histria pretendesse retornar
uma histria s coisas do passado,
salvao. Isso estaria fora do
realiza-se num contexto. O
processo com cristianismo deve
dimenso afrontar sem medo as
cscatolgica. No novidades e o futuro.
algo que se consegue Sua convico
de uma vez por pessoal que hoje em
todas, mas que se dia, apesar de
determinadas comunidade,
dificuldades, a Igreja procurou sempre
est mais centrada no valorizar cada
"kairs" que nos indivduo. Todo
tempos do momento servia-lhe
moralismo, para isso. No se
espiritualismo e retirava de sua
individua- ctedra sem atender
as reclamaes
lismo.
pessoais de seus
alunos. Nunca foi
Dessa daqueles que viajam
concepo integral sem conversar com
da pessoa surge o os ocasionais
dilogo: companheiros.
comunicao e Atravs de todos
encontro vivo de esses caminhos
pessoas na palavra e ajuntou enormes
no amor. riquezas de
Comprometido com experincias prprias
milhares de pessoas, e alheias. Partindo
Hring teve sempre de sua concepo
tempo para todas e teolgica impe-se
para cada uma. uma pastoral de
Assim como se dimenso
projetou para a dialogal.
66 BERNHARD HARING UM Hring no
RENOVADOR DA MORAL
CATLICA
baseia sua
moral na idia
b) Estrutura da auto-
responsorial da perfeio
moral crist pessoal
como seu liberdade do
mestre homem dos
Steinbchel; quais nasce a
tampouco no responsabilidad
im- e, essa
perativo "salva caracterstica
tua alma"; humana a que
menos ainda nada pode
em mandato e substituir
lei plenamente e
como Kant que impede
, mas na tornar o
responsabilidade (I, homem um
80-101). Com nmero a mais
isso ele d a da srie ou uma
sua obra uma engrenagem da
perenidade maquinaria.
bblica e atua- O homem
lidade ao pessoa. Desde
mesmo tempo. seu prprio ser,
Responsabilidad como coisa
e e maturidade prpria de sua
pessoal o que natureza, lhe
exige o nosso vem o que por
sculo tcnico si e de si "res-
apesar de sua ponde", que vem
automatizao e de "res-
dos ponsabilidade".
computadores Mas somente h
eletrnicos. resposta quando
Acima das precede um
mquinas esto chamamento ao
o esprito e a "tu".
Esse processo adquirimos o
de inter-relao sentido de
pessoal base nossa
da respon- verdadeira
sabilidade,
abre-se ao dignidade como
Absoluto e nos pessoas e como
projeta para a irmos de todos
relao pessoal os homens e,
e responsvel por isso
com Deus. Esse mesmo, nossa
transcendente responsabilidad
chamamento e com eles, com
divino, surgido
o
do amor que se mundo e com o
volta para o cosmo todo,
outro como sado tudo da
"tu", torna-se Palavra criadora
de Deus.
imanente ao
enxertar-se, por Partindo
Cristo, na dessa idia
histria central da
humana, responsabilida
fazendo-a de se ramifica
histria do a Teologia
amor Moral de
salvfico em Hring em
torno de dois
ao. Por esse gran-
mistrio des ncleos: o
amoroso da chamamento
"Encarnao" de Cristo e a
resposta do ho-
mem. I EI DE CRISTO: O MANUAL
"ALTERNATIVO" DE TEOLOGIA
MORAL 67
i) O chamamento de
Cristo (I, 105-388)
A tica crist
no pode partir
somente do
homem. No
pode ser,
simplesmente,
antropolgica.
Seu ponto de
partida Cristo,
que nos
participa sua
vida e nos
chama para seu
seguimento. A
moral crist ,
conscientement
e, cristolgica.
Criados por
Deus e
recriados em
Cristo, levamos
a Lei de Cristo,
Lei do amor
em ns.
Vrios
aspectos da
moral perfilam e como
claramente a abertura do eu
partir dessa
concepo para o "ns" da
hringueriana: comunidade e
porta aberta ao
1. Cristo mundo, tal
como o
chama o
apresenta a
homem (I, Bblia.
107-134)
corpo e 0. O homem
alma contemplado
como pessoa em sua
individual nica dimenso
e como ser histrica (I, 135-
social. Defini- 141). No um
tiva superao simples
da equvoca espectador mas
dicotomia entre autor da his-
corpo e alma. tria na
o homem que prossecuo do
deve salvar-se, ideal supremo
ser pessoal- do homem na
espiritual em histria: o
corpo. Este Homem-Deus,
recupera seu Cristo, "Alfa e
valor na Omega".
existncia real 3. Destaca-se
do homem, o selo cultual
como princpio do homem
de cristo. A vida
individualizao conforme a
tica torna-se sacro). Dessa
culto (I, 142- relao com
148). Dessa Deus a tica
dimenso recebe sua
cltica do caracterstica
homem no personalista
mundo, baseada salvando-se com
no sacrifcio de isso o autntico
Cristo e dos humanismo.
sacramentos, Hring reserva
surge a para a boa
transcendncia secularidade o
da tica como terreno que lhe
glorificao de prprio, sem
Deus (o bom sacraliz-lo
epifania do todo.
68 BERNHARD HARING UM
.
praguejada de
RENOVADOR DA MORAL
CATLICA perigos.
4. De maneira
0. Em nosso
revolucionria situa-
mundo pressionado
se a liberdade humana
pelo pluralismo e cole-
(I, 149-174). Parece
tivismo, urgente
desconcertaste que a
educar para a
nova moral diga: deve
liberdade, insistindo na
insistir-se na
apreciao crist dos
liberdade mais que na
valores, o
simples obedincia
discernimento dos
lei e autoridade. A
espritos e a
velha atitude que
autonomia do ser
respondia ao cego
pessoal. No bastam
submetimento est
os imperativos, re-
querem-se motivos. nas quais se
No se esquece o fator fundamenta. Por isso a
ambiente ("ambiente Igreja deve admitir a
social"). A liberdade reta e s crtica.
do homem no Especial incumbncia
absoluta. Sua tm os leigos nesse
realidade sempre vem campo. " sua
marcada pelas obrigao manifestar
limitaes prprias do suas opinies no que
ser humano. diz respeito ao bem
Tampouco se nega da Igreja" (Lumen
que essa evoluo Gentium, 37). Educar
moral voltada a uma num so sentido de
educao para a crtica construtiva ser
liberdade estar o fruto de uma moral
submetida a graves de responsabilidade
fracassos e decepes, que dever promover
mas indispensvel uma participao res-
realiz-la para salvar o ponsvel em todos os
futuro. campos. A obedincia
pela autoridade deve
ceder o lugar
O problema atual obedincia por
de liberdade e convices.
autoridade Hring en-
cara com coragem e igualmente
prudncia. Deve-se positiva a apreciao
salvar o princpio da do fenmeno da onda
autoridade; mas esta mundial de protestos.
tem validade no pela Seria ingenuidade
autoridade em si ignorar que, em casos
mesma, mas pela isolados, foram
verdade e pela justia ocultas foras
revolucionrias e tam- a pblica manifestao
bm anrquicas as que de sua f", com a clara
moveram os distino entre verdade
surgimentos. Visto, e erro objetivos e
porm, o problema subjetivos. Com
em sua totalidade, "liberdade religiosa"
no se pode negar a no se expressa a
A LEI DE CRISTO: O MANUAL verdade do erro de
"ALTERNATIVO" DE TEOLOGIA
uma religio, mas se
MORAL 69
trata da pessoa como
decidida vontade da indivduo e como ser
juventude de contestar social com direito
as estruturas caducas e liberdade e obrigao
egosmos individuais e de buscar a verdade.
coletivos entronizados, Todas as pessoas e
para abrir caminhos a todas as comunidades
novas e melhores religiosas tm igual
formas de vida. Antes direito a expressar
de mais nada trata-se publicamente sua f.
do direito Moralmente bom
participao e co- to-somente aquilo
responsabiI idade na que surge da livre
vida cultural, social e aceitao do bem.
poltica. Jesus Cristo no
O tema da liberdade procedeu doutra
religiosa apresentado maneira ao convidar e
com clareza meridiana. ganhar seus discpulos
Descarta-se de todo o com toda a pacincia
velho princpio: (Dignitatis Humanae,
"Porque o erro no tem 11). Embora tenha-se
direitos, no se pode faltado no transcurso
permitir aos acatlicos da histria eclesistica
a este princpio segui-lo encontra eco
fundamental da no interior do homem.
liberdade religiosa, A lei interior da
"no obstante sempre conscincia como
se manteve a doutrina tambm o valor que se
da Igreja de que lhe apresenta ao juzo
ningum deve ser no so impessoais
forado f" (Ibidem, (juridicismo) mas
12). levam manifestao
O valor da pessoa do supremo Tu
humana responsvel (personalismo).
vai determinado pela Pessoa e
apreciao subjetiva responsabilidade
do bem. Esta surge da fundamentam-se na
maior ou menor conscincia. E este
preciso que lhe chamado da
oferece a conscincia conscincia pode
(I, 190-250), perceber-se e seguir-se
juntamente com a para a salvao
liberdade e o tambm fora da Igreja
conhecimento. A constituda num
conscincia exorta para cristianismo annimo
o bem e previne contra ou implcito. A Igreja
o mal. Por ela o cha- como insti-
mado de Cristo a
70 BERNHARD HARING UM
RENOVADOR DA MORAL
.
fidelidade
CATLICA conscincia e da
tuio no salvao.
possui, pois, o Afirmar o
monoplio da contrrio seria
verdade e da cair no
Ideologismo que tade e o corao
abundantemente do homem para
dominou entre o verdadeiro
bem, tal como a
cris- desenvolveu a
tos. tradio
No corpo agostiniana e,
doutrinal franciscana" (I,
hringuiano 197ss.). uma
sobre unidade
conscincia h imagem de
vrios aspectos Deus,
que o tornam experimentada
especialmente como paz ao
cristo e atual: fazer o bem.
Fazer o mal
produz um
a. A teoria integral afastamento e
da conscincia: "A ruptura
teoria integral dolorosos.
da conscincia
parte de dois Note-se, de
conceitos passagem, que
fundamentais: a se pode dar o
semelhana a caso de uma
Deus do desintegrao no
intelecto campo
prtico, no qual eticamente
insiste "neutro" ou misto
determinadame (psicotico); as
nte o tomismo, e conseqncias
a inclinao disso so as
natural da von- neuroses. O eu
no chega a ser encara a
pessoa na responsabilidade
medida pessoal a partir
necessria para de uma
responder pes- liberdade
soalmente a si criadora com
mesmo e ao abertura ao
mundo. "kairs" e ao
futuro, j no
b. Mudana de podem ter a
perspectiva dos importncia que
sistemas morais. Os tinham numa
sistemas morais moral
(probabiliorismo casustica,
, probabilismo penitencial e
etc.) querem jurdica. Por isso
ajudar a formar dentro dos trs
urna grandes tornos
conscincia que constituem
prtica em sua obra,
casos de dvida, somente lhes
medindo as dedica 12
propores de poucas pginas
liberdade e de (I, 237-249).
lei. Hring no "Essas normas
quer elimin- de prudncia
los, mas os so aplicveis
coloca no somente naque-
lugar que lhes les casos em que
corresponde. se trata de uma
Numa doutrina obrigao
moral que exclusivamente
A LEI DE CRISTO: O MANUAL
"ALTERNATIVO" DE TEOLOGIA MORAL
primeira deve
71 sempre se
ajustar, assim
legal." Diante como meu
da nova viso, relgio deve
por outra parte, ajustar-se
"hora oficial". Do
j no h quase encontro de
diferenas ambas as verda-
prticas entre des surge uma
um e outro srie de
sistema (I, 248). questes que a
c. Conscincia e nova Teologia
magistrio Moral deve
Nosso
eclesistico. reduzir a seu
mundo blasona: justo meio.
A prpria Tambm nisso a
conscincia a doutrina de
ltima regra Hring
subjetiva da sumamente
moralidade, precisa e clara e
tambm quando se deixa reduzir
a duas
inculpavelmente idias bsicas:
errnea. Bem!
Nem por isso 1)Embora o
deixa de existir a magistrio
verdade em si eclesistico
mesma; numa possa chegar
palavra, Deus: a verdade por si e
ltima norma ante si,
objetiva qual a aprendemos
ultimamente democrtica
algo muito est no
importante: ambiente, para
quando a f do facilitar essa
povo de Deus aceitao.
pode colaborar
para isso no
somente com a
sua aceitao, 2) A resposta do
mas tambm por
suas homem (1, 389-571)
contribuies
O "no" do pecado (1,
prvias
declarao da
autoridade. 391-443)
72 BERNHARD HRING: UM
RENOVADOR DA MORAL CATLICA
o "no", o
pecado. Por isso
mado? Uma se estuda
possibilidade detalhadamente
primeiro: a realidade de
essncia do uma "matria
pecado no objetivamente
leve". Ela
cristo (I, 393- mantm uma
426) e segundo: funo
as diversas demonstrativa:
formas que o assinala que,
pecado assume, em geral, a
especialmente violao no foi
os pecados contra a
orientao
capitais (I, 427- fundamental
443). em relao a
Notvel o que Deus. Para
se diz a Hring importa-
respeito da lhe muito este
essncia do detalhe, porque
pecado venial. somente
O "leve" no partindo dele se
resulta tanto coloca toda a
pela pequenez vida crist, em
da matria, toda a sua
quanto pela pureza integral,
imperfeio do sob o
ato humano, imperativo de
por uma "A Lei da
postura interna Graa". O
no importante no
decididamente est no fixar as
contrria a diferenas a
Deus. Com isso partir de uma
no se nega a medio
geogrfica Cristo exige de
entre o pecado ns a converso
mortal e o dando Ele
venial mesmo a
(legalismo), possibilidade
mas em de realiz-la.
esclarecer que O captulo
o decisivo est sobre a
na postura do converso o
esprito melhor da
conforme "a lei moral de Hring
do Esprito em por seu enfoque
Cristo Jesus" bblico, pela
(Rm 8,2) (I, 4- original
12ss.). fundamentao
e relao que
A converso (1, Cristo mesmo
455-571) assinala entre a
converso e o
Reino de Deus
Ao "no" se (Mc 1,15), pelas
contrape o caractersticas
"sim" como que a Teologia
resposta ao Moral de
chamado de Hring aponta e
Cristo. O pecado
um beco sem em especial seu
sada. Onde tratado sobre a
todas as portas converso:
se fecham, como individual,
somente Deus sacramental,
abre e liberta; solidria e
d-nos o futuro. cultual. A isso
ajuntam-se as fonte de vida e
trs "peas" do no
sacramento da simplesmente
penitncia: descarga de
contrio, pecados (I,
confisso e 534).
satisfao; mas Com o tomo II
no so comea-se a
I f IDE CRISTO: O MANUAL
"ALTERNATIVO" DE TEOLOGIA exposio da
MORAL 73 moral especial.
Entre os telogos
elas o mais moralistas
importante, discutia-se sobre
seno a ao se a Teologia
de Jesus: a Moral deve ser
absolvio e a antes de tudo
reconciliao. doutrina de
Por sua especial virtudes (conver-
atualidade so) ou de
queremos cha- normas
mar a ateno (obrigaes e
sobre alguns preceitos).
temas que ali se Hring opina
que no se trata
desenvolvem:
de uma
psicoterapia e
disjuntiva, mas
confisso (I, que necessrio
513-517), a conseguir uma
confisso por sntese que
devoo (I, abranja a
531), confisso, totalidade do
contedo da 487).
moral, e a busca, Dentro desse
atravs de sua plano geral
tese do adquirem
seguimento de relevncia as
Cristo, no exposies das
seguinte trs virtudes
itinerrio: 1) teologais e a
Dilogo amoroso virtude da
com Deus e com religio (II, 37-
o prximo; 2) 338). Quanto s
Sua realizao virtudes
concreta na teologais: a f
interioridade do aparece como
homem e nas fundamento de
realidades toda a
exteriores. Assim proclamao
se manifesta a crist e tambm
resposta ao de toda a vida
amoroso crist. Acentua-
chamado divino, se que hoje em
por meio do dia deve
"primeiro e amadurecer no
principal confronto com a
mandamento"; dialtica
vida em incrdula e que
comunho com no ser nunca
Deus (II, 35-338) algo j
e comunho conseguido, mas
fraternal com o que ser mister
prximo (II, 339- assegur-la em
contnua luta. A futuro absoluto,
esperana aparece garantindo
como positiva dessa maneira o
afirmao do prprio sentido
futuro religioso da vida e
e profano, e no libertando-a de
se refugia de todo perigo de
imediato na asfixia. Mas a
escatologia; mas caridade conquista
esta no est a palma. Ela
nunca ausente alma de toda a
porque a espe- Teologia Moral
rana abre-nos a de Hring,
brecha no tendo aqui seu
horizonte da captulo
vida atrs da especial.
qual se apoia o
74 BERNHARD HARING UM
.
morais atravs
RENOVADOR DA MORAL
CATLICA
de como situa o
culto a Deus ou
O fim ltimo
da criao a a virtude da religio
(II, 129-338). A
glria de Deus.
Seu sumo virtude da
Sacerdote religio o
Jesus Cristo. dinamismo das
Hring virtudes
consegue uma teologais para o
boa sntese visvel, para
entre as uma vida como
virtudes expresso
teologais e as visvel da f, da
esperana e da Deus insiste na
caridade para visibilidade e
glria de Deus vitalidade da
(Cf. 1Jo, 1,1ss.). resposta obra
No existe f visvel de Deus;
que no seja a a alma das
"doxa" (glria) virtudes morais,
de Deus que se que so
manifesta. Pela expresso da
esperana o respon-
homem honra a sabilidade no
Deus, que se tempo e no
gloria em suas espao, no
promessas, em corpo e na
sua fidelidade e comunidade,
em sua mise- responsabilidad
ricrdia. e que sempre
Verdadeiro deve ser
amor louvor a resposta a Deus.
Deus. A fora vital da
Em sntese: virtude da
as virtudes religio une
teologais dessa maneira
mostram religio (o
diretamente a sacro) com
Deus para que moral (o bem).
o homem lhe Simultnea
responda sua com a vida
revelao em religiosa e nela
Cristo e em originada, corre
todas as suas a vida moral,
obras. O culto a apontada na
segunda parte suas
do mandamento peculiaridades
principal e na e sua realidade.
segunda tbua
do declogo: A fora decisiva
"compreende o a caridade, o
amor ao amor a Deus
prximo e os que se expande
deveres no amor ao
estritamente prximo. O
morais em todos homem no
os campos da
atividade pode encontrar
terrena" (II, o seu
341). verdadeiro
Viver com "eu", seno no
Deus e trabalhar "tu". "Mas nem
no mundo no o amor a si
so coisas pa- mesmo nem o
ralelas, mas amor ao
muito unidas. A prximo podem
atuao moral alcanar a pro-
no mundo tem fundidade que
de ser tal que necessria
receba seus para que sejam
objetivos e duradouros e
motivaes do perfeitos, se
religioso, mas ambos no
conservando buscam e
plenamente descobrem seu
centro em
A LEI DE CRISTO: O MANUAL
"ALTERNATIVO" DE TEOLOGIA na teologia de
MORAL 75 Hring, mas que
a permeia toda
Deus" (II, 345). e lhe d a
Numa palavra culminncia.
ambos so uma Por isso
mesma coisa, pululam
no o objeto que tambm aqui
perseguem, mas extensas
da unidade e exposies a
fora psi- respeito da ca-
colgica de que ridade posta
procedem. concretamente
"Com um e a servio dos
mesmo amor demais, tanto
amamos a Deus de suas
e ao prximo: a necessidades
Deus por Deus, corporais (II,
a ns e ao pr- 376-393), como
ximo tambm tambm das
por Deus" espirituais (II,
(Santo 394-449). Entre
Agostinho). A estas ltimas
definitiva destaca-se o
medida a servio no
proximidade de apostolado
Cristo em ns catlico
(Jo 15,12). organizado (II,
A caridade 423-449) acen-
no um tuando-se
captulo a mais concretamente
vrios pontos, "mandato" e
como: que deixar que os
prefervel leigos assumam
organizar-se mais
mais em torno diretamente sua
do ambiente e responsabilidad
regio, do que e no mundo e
por estados e tambm sua
idade; que imediata
necessrio colaborao
assegurar com a
autonomia, hierarquia.
competncia e O tomo
iniciativa aos segundo finaliza
leigos; que se com a exposio
deve excluir o dos diversos
monoplio de pecados
organizaes contrrios
exclusivamente caridade:
catlicas. E
seduo,
quanto ao
escndalo,
debatido tema
cooperao no
da "Ao
pecado. Nesse
Catlica" como
contexto
organizao
com "mandato aparecem
hierrquico", situaes muito
Hring entende atuais
que seria emergentes de
melhor modas, arte e
prescindir do literatura
barata; colabo-
raes ilcitas de Deus concretiza-
mdicos, se nas virtudes
hoteleiros, teologais, no
economistas e culto e na
outros caridade e,
profissionais, finalmente na
finalizando com vida conforme
o problema da s virtudes morais
"comunho no (III , 23-672).
sagrado" com Dessa maneira
os no- e na Lei de
catlicos. Cristo no cabe
O "sim" como outra
resposta tambm elas
humana em esto
Cristo ao incorporadas ao
chamado de contedo do
BERNHARD HARING: UM RENOVADOR DA MORAL CATLICA
A LEI DE CRISTO: O MANUAL "ALTERNATIVO" DE TEOLOGIA MORAL 77
Essa tambm a
avaliao do mais 2
4cf. M. VIDAL, Moral de
destacado historiador da Atitudes I. Moral
Fundamental. Editora
Santurio, Aparecida
moral catlica na poca 1999, 122-124.
moderna, L. Vereecke: 25y CONGAR, Rflexion et
propos sur l'originalit d'une
"O Manual de B. thique chrtienne, Studia
Moralia 15 (1977), 31.
Hring A Lei de Cristo L. VEREECK, Historia de la
26
Uma autobiografia
28 ricordo de Bernhard Hring,
maneira de entrevista, So Rivista di Teologia
Paulo 1998, 39. Morale 30 (1998), 341.
82 BERNHARD onipresente. O
HRING. UM ttulo apresenta
RENOVADOR DA MORAL a orientao
CATLICA cristolgica
paulina: A Lei de
H dados Cristo (G1 6,2);
suficientes para uma "lei"
avaliar essa entendida como
afirmao. "vida" (A Lei de
Aponto apenas Cristo)30
. A pri-
dois: a meira frase do
"tonalidade" ou corpo da obra
o "esprito" esta: o centro,
comum que en- norma e fina-
volve toda a lidade da
obra; e a Teologia Moral
estruturao da crist Cristo . 31
Moral
Fundamental. A referncia da
Quanto ao moral crist ao
esprito ou Esprito. O Manual
tonalidade geral coloca como
da obra todos texto bblico de
reconheceram fachada o
em A Lei de Cristo versculo de Rm
um ar diferente 8,2: "A lei do
ao que se Esprito que d
respirava nos vida em Cristo
Manuais de Jesus libertou
moral voc da lei do
casustica. pecado e da
Basta assinalar morte". Muito
estes dois: bem se pode
aceitar que a
obra de Hring
A tonalidade faz passar a
cristolgica
apresentao da Paulo 1998,
42. A Lei de
31
disciplina e na
RENOVADOR DA MORAL CATLICA
biografia
d) Relao com intelectual de
"Livres e Fiis em um autor:
Cristo" escrever dois
Manuais di-
Para ponderar ferentes da
corretamente o mesma
significado de A disciplina com a
distncia de 25
Lei de Cristo anos entre eles.
imprescindvel
Num captulo
ter em conta um
ulterior entrarei
dado decisivo na
na anlise desse
biografia
segundo
intelectual de
Manual. Meu
seu autor.
interesse
Hring escreveu
centraliza-se
um segundo
agora sobre a
Manual de
discus-
Teologia Moral
so acerca da
na dcada de
continuidade ou
1970 e comeo
descontinuidade
de 80, com o
entre os dois
ttulo de Livres e
Manuais, com a
Fiis em Cristo . Tra-
36
conseqente
ta-se de um fato
repercusso que
inslito na
esta questo
histria de uma
tem para mas na
descobrir o configurao
significado de A interna; e Livres
Lei de Cristo. Esta e Fiis em Cristo
obra deve tambm rea-
ser avaliada em lizaria o novo
paradigma da
funo desse novo Teologia Moral
dado. exigido pelo
Vaticano II.
Tendo em conta
essa novidade de J. Querejazu
Livres e Fiis em Cris- reconhece que
to, o que resta de Hring, no
vlido em A Lei de primeiro
Cristo? No Manual, "foi
devera- pioneiro" e que
mos afirmar que no segundo
o segundo "continua
Manual frente da
"desacredita" o criatividade na
primeiro?
Teologia Moral
Dirigi dois catlica" ; "se A 37
o Portugus:
superao do Edies
Paulinas, So
primeiro Paulo 1984.
.1.
Manual (A Lei de
37
QUEREJAZU, o.
c., 314.
Cristo) pelo
segundo (Livres e A LEI DE CRISTO: O MANUAL
"ALTERNATIVO" DE TEOLOGIA
Fiis em Cristo), de MORAL 85
tal modo que A
Lei de Cristo expressou no
pertenceria a seu tempo o
uma etapa pr- pice do esprito
renovador, Livres
vaticana, no s e Fiis em Cristo,
temporalmente assim como toda
a sua obra, podia ir mais
proclama o longe, devido ao
esprito livre e que esta era uma
radical, o renovao
esprito retardada. Duas
profundo, mas causas provo-
acessvel, a cavam este lento
tmpera e rduo
teolgica e caminhar: em
teologal, as primeiro lugar, a
dimenses frrea oposio
espiritual e dos moralistas
eclesial que contrrios
devem renovao;
caracterizar a acrescente a
moral crist" .
38
resistncia
Contudo, oferecida por um
considera que A modelo moral
Lei de Cristo, ao vigente desde
menos no vrios sculos.
tratado da moral Em segundo
social que o lugar, o fato de
objeto de sua que a moral era
investigao, e
pertence etapa devedora de
pr-vaticana, no formulaes
sentido forte teolgicas
deste ltimo prvias, que a
adjetivo. Resume sustentam e do
sua argumen- cobertura. Ter
tao do de esperar que
seguinte modo: amadurea a
renovao geral
"Este Manual da teologia para
marca o limite que a moral
ao qual pode possa completar
chegar a reno- seu caminho.
vao moral. De Este problema
momento no se especialmente
intenso na moral V. Gmez Mier
social. A mantm
teologia deve semelhante
desfazer ainda
alguns ns postura, levando
teolgicos que, a argumentao
neste momento ao terreno
histrico, decisrio da
impedem o epistemologia e
acesso teolgico ampliando o
pleno s significado da
realidades
temporais, aos afirmao ao
sinais dos conjunto da
tempos, obra e
beligerncia 3
social e histrica 8
I
da f... precisam b
de uma base i
teolgica d
.
impossvel de ,
construir sem o 5
desbloqueio 9
prvio de 1
dualismo como a .
relao natural- 3
9
sobrenatural, I
histria humana- b
i
histria da d
salvao..., .
numa palavra, ,
paradigma
Deve-se
empregado em reconhecer que
A Lei de Cristo . 44
as razes
Essas apontadas por
afirmaes no esses dois
impedem de re- telogos
conhecer, como moralistas so
expressamente
de peso e i
d
parecem .
inclinar a ,
balana para a 1
afirmao da 6
descontinuidade 9
entre os dois .
Manuais de 4
Teologia Moral 2
/
e, b
conseqenteme i
nte, para a d
.
constatao da ,
superao do
1
paradigma 7
utilizado para A 1
Lei de Cristo. .
Contudo, atrevo- 4
me a apresentar 3
I
duas b
prospectivas que i
considero d
.
objetivas e que ,
matizam, se no
1
que mudam, 7
essa avaliao. 1
.
Em primeiro 4
lugar, a 4
/
compreenso b
da moral crist i
d
que Hring .
oferece em A Lei ,
de Cristo no de 1
7
cunho contrrio 2
.
40
V. Gm EZ MIER, O. c., 141-174. 4
4 5
1
!
b
/ i
b d
.
,
saberes
humanos
1 encontram-se j
7
1 verificadas em
. A Lei de Cristo.
4 No so, pois,
dois paradigmas
6
/
b distintos e,
i
d
menos ainda,
. contraditrios.
, Ao paradigma
1 deA Lei de Cristo
7 lhe conatural,
2
. e no estranha,
a "renovao"
CRISTO: O MANUAL
"ALTERNATIVO" DE do Conclio e da
TEOLOGIA MORAL 87 etapa ps-
conciliar.
'nela que o Em segundo
Conclio lugar, os
Vaticano II contedos
apresenta na morais deA Lei de
Optatam lotitts, 16. Cristo no
As exigncias recebem um
do Conclio tratamento
Vaticano II de contrrio ao
que a ioral esprito do Con-
crist se clio Vaticano II.
fundamente Conforme disse,
nas Sagradas os tratados de
Escrituras, moral concreta
ilumine .1 precisam ser
excelncia da adaptados s
vocao crist, mudanas da
seja uma realidade, a
proposta para inovaes
todo metodolgicas e
povo cristo, e s novas
dialogue com os
referncias (realidade,
bibliogrficas. metodologia e
Mas essa bibliografia).
adaptao Hring no o fez
algo conatural assim. Tomou
histria dos Ma- outra opo:
nuais de uma Fazer um novo
disciplina. H Manual. Quem
variao de ganhou fomos
paradigma ns; temos dois
quando h Manuais,
mudana de embora esse
cenrio meu parecer
epistemolgico no dois
e de paradigmas
compreenso da distintos de
realidade. Este Teologia Moral.
ltimo no Acrescento
acontece ao uma preferncia
comparar a pro- pessoal. A Lei de
posta de A Lei de Cristo tem melhor
Cristo e a organizao, maior
renovao profundidade
teolgico-moral filosfica, e mais
conciliar e ps- ampla
conciliar. documentao que
Das duas Livres e Fiis em
aproximaes Cristo. E, sobre-
precedentes tudo, prefiro sua
deduzo que A Lei Moral
de Cristo pode ter fundamental
evolucionado de do segundo
dentro a partir Manual.
de uma Mas no
refundio nas entremos no
trs direes terreno
que acabo de escorregadio de
anotar gostos e
preferncias.
Aceitemos, com do mundo, os
agradecimentos dons que Dele
a Deus, o fato de tinha recebido
Hring ter feito em abundncia.
frutificar, para o O parto
bem da Igreja e
88 BERNHARD HRING: UM sua obra
RENOVADOR DA MORAL CATLICA
merecem com
gmeo dos dois
toda justia, e
Manuais sinal
sem exagero
de sua
algum, o
criatividade, de
reconhecimento
sua
de pai da
laboriosidade e
Teologia Moral
de seu
catlica
inquebrantvel
contempornea" 4
empenho por 7
.
uma Teologia
Moral cada vez
mais conforme o
esprito do Evan-
gelho. Para uns
a obra definitiva
de Hring ser
Livres e Fiis em
Cristo. Para
alguns outros A
Lei de Cristo o
livro com o qual
Hring ser
identificado na
histria da
Teologia Moral
catlica. Para
todos, "sua
personalidade e
Em seguida fao
4 uma resenha de
O Concilio sua
dentro
atividade
do
Conclio. Termino
Vaticano II e a apontando as
principais
renovao da orientaes da
renovao
Teologia Moral: teolgico-moral
que nascem da
contribuies de letra e do esprito
do Vaticano II.
Bernhard Hring
: 1. Dimenses e etapas
na biografia de
este captulo
Hring
proponho-me
acentuar a
presena ativa A biografia
de Hring no pessoal e
Conclio Vaticano intelectual de
II, destacando de Hring possui
modo especial uma notvel
suas riqueza de
contribuies dimenses e se
para a opo desenvolveu
renovadora do numa srie de
Conclio com etapas, cada uma
relao das quais pode
Teologia Moral. constituir objeto
Comeo de uma
enquadrando especfica e
esse perodo particular
dentro das vrias anlise. Temos a
dimenses e vantagem de
etapas da bio- possuir mltiplos
grafia de Hring. dados de sua
rica IB. HARING, Memorias de
guerra de un sacerdote,
personalidade Barcelona 1978; F -
nas abundantes Histria -Moral, So Paulo
confisses 1990; Uma autobiografia
autobiogrficas maneira de entrevista, So
Paulo 1998.
'. Hring era,
como bom
90 BERNHARD no primeiro
HARING: UM captulo deste
RENOVADOR
CATLICA
DA MORAL
livro.
existencialista e A
como autntico especializao
profeta, uma na Universidade
pessoa pro- de Tubinga
pensa (1945-1947),
comunicao de onde se
experincias e relacionou com
dados K. Adam, R.
biogrficos , em
2
Guardini e Th.
funo da Steinbchel, que
mensagem que foi seu
desejava orientador da
transmitir. tese doutoral
Pontos sobre "o sacro e
importantes o bom". Nesta
de sua investigao
podemos dizer
trajetria que est "todo
biogrfica Hring" em
foram: sntese a ser
posteriormente
A experincia desenvolvida.
da II Guerra Foi nessa etapa
Mundial como quando se
soldado sanit- inseriu na
rio (1939-1945). "escola de
Sobre este Tubinga", e
perodo foi feita concebeu uma
uma referncia
forma nova de por ocasio de
expor a Teologia sua morte,
Moral. o calculou que
perodo passaram por
analisado no seus cursos
primeiro mais de 3.000
captulo. estudantes de
Teologia
Mora1 . Da
4
A etapa de
preparao, da pode-se
publicao afirmar que a
(1954) e da maior parte
assombrosa dos atuais
difuso de "A Lei professores
de Cristo", Manual dessa
alternativo aos disciplina
vigentes na foram alunos
Igreja catlica de
desde o Conclio 2"B. Hring era
molto comunicativo,
de Trento, pe- parlava volontieri anche
rodo estudado di se stesso e dei
no captulo suo lavoro" (L.
LORENZETTI, a. c., 342).
precedente. S.3
MAJORANO, Bernhard
Hring, libero e fedele, II
Regno 43 (1998), 503.
Os longos Cf. E COMPAGNONI, B.
4
de freqentar Centros
seus cursos, com Pastorais da
as salas frica, da sia
abarrotadas, no e da Amrica
esquecero Latina , o 10
"crise" da
encclica
"Humanae i] Ver seu livro: "Ich
Vitae" (1968) , 12 babe deine Trnen gesehen".
EinTrostbuch fr Kranke und
o processo ihre Wegbegleiter,
Freiburg-Basel-Wien
doutrinal a que 1993.
Cf. V. SCHURR - M. VIDAL,
foi submetido
12
O. c., 55-58.
pela CDF , e a
13 13
Ver seu livro: F -
"crise" do ano Histria - Moral, So Paulo
de 1989 em 1990, 81-111.
i Ver: M. VIDAL, Retos
4
torno do en la sociedad y en la
significado da Iglesia, Estella 1992, 7-
25 (",Qu est
cons- parando en la Iglesia
cincia moral e con la moral?"); M.
de seu SNCHEZ, El telogo
relacionamento moralista y su
com o comunin con la Iglesia. El
testimonio del P Hring,
Magistrio Efemrides Mexicana
8 (1990), 205-234.
eclesistico . 14
todos ns
conhecemos as
qualidades que
Deus lhe deu e
que ele soube,
com tenacidade
e com lucidez,
fazer frutificar.
Por isso damos
graas a Deus e Vaticano II o
assim entramos momento
na chave da supremo e marca
interpretao o znite na
que ele quis dar travessia
sua vida: a biogrfica de
chave do Hring. Com sua
Magnificat18. ativa
Detenho-me participao na
em seguida no preparao e no
perodo do desenvolvimento
Conclio do Concilio
Vaticano II. Sem Vaticano II,
querer diminuir Hring exerceu
a importncia influncia de
das restantes maior alcance
etapas e na Igreja e na
dimenses, sociedade. Essa
creio que a influncia vai
presena de alm do campo
Hring no da Teologia
Conclio Moral; abrange
Vaticano II todo o processo
constitui a de Renovao
interveno eclesial
mais decisiva propiciada pelo
para a re- Conclio Vaticano
novao da II. A dcada de
Teologia Moral. 60 (at 1968, ano
da publicao da
encclica
2. B. Hring no "Humanie
Conclio Vitae") a
Vaticano II dcada gloriosa
de Hring. Em
No meu modo 1963 o Papa
de entender, a Paulo VI
etapa do Conclio convidou-o a
pregar os HRING, Uma
autobiografia maneira de
exerccios entrevista, So Paulo
espirituais no 1998, I 86 18/bid., 6, 75.
Cf. J. DE LA TORRE,
Vaticano. Un ejemplo de alegria
cristiana, Vida Nueva n.
16Proyecto de una vida 2.146 (1998), 42.
lograda, Madrid 1996.
94 BERNHARD Concilio . 21
Em
HARING: UM primeiro lugar, o
RENOVADOR DA MORAL
conhecimento de
CATLICA
idiomas
modernos para
Sua
participao no se comunicar
Conclio foi com os bispos,
intensa e teve peritos e
uma significao jornalistas, e do
importante tanto latim para
na preparao redigir os
dos Documentos documentos. Em
conciliares como segundo lugar, a
na sensibilizao estima que seu
geral diante do nome tinha
Conclio , assim
19
entre muitos
como no bispos a partir
assessoramento de sua obra A Lei
de Cristo, adotada
a bispos,
individualmente como Manual de
ou em grupos Teologia Moral
nacionais ou em muitos
lingsticos. O seminrios, e da
prprio Hring fama divulgada
ps per escrito pelos numerosos
os traos mais sacerdotes e
relevantes desse seminaristas que
perodo de sua tinham
vida . 20
Convm freqentado suas
ter em conta dois aulas na
fatores que o Academia
ajudaram na Afonsiana.
tarefa durante o Hring foi
nomeado pelo 1998, 88-112. Pode-se
encontrar urna
Papa Joo XXIII exposio no-
consultor da autobiogrfica em V.
SCHURR - M. VIDAL, o. c., 45-
Comisso 54.
preparatria do Aos dois fatores B.
21
com as posies
matrimonio"; conservadoras,
mais tarde foi naquele tempo
chefiadas por S.
includo nelas Tromp no esquema
por insinuao de "De Castitate et
Joo XXIII . Fez o23 Matrimonio" e por F.
X. Hrth no "De
que pde para ordine morar; este
melhorar aqueles ltimo, junto com A.
Vermeersch, tinha
dois esquemas , 24
tido muita influncia
mas esses na redao da
encclica "Casti
tiveram a mesma Connubii" de Pio XI.
sor- B. HARING, Uma
autobiografia maneira de
entrevista, So Paulo
1998, 93-94. )
tarde, K. gratamente
Rahner. impressionado
Enquanto tal, pelas contribui-
fez a redao es decisivas
final do c. 4 da do jesuta
Constituio norte-
"Lumen americano J. C.
Gentium", sobre Murray 29
numa
os leigos; influiu questo na qual
o Conclio Constituio "Lumen
Gentium": B. HARING, a.
adotou uma c., 385-386; Uma
mudana radical autobiografia maneira de
entrevista, So Paulo
na apresentao 1998, 99; V.
e na soluo em SCHURR - M. VIDAL, O. c., 47.
comparao Cf. B. HARING, a. c., 394-
28
"Tambm interveio
em relao numa reduzida
doutrina vi- subcomisso especial
gente no sculo para a redao do
importante
XIX". documento a respeito
25
Cf. B. HARING, a. c., 381- da liberdade reli-
382; V. SCHURR - M. VIDAL, O. giosa, cujo artfice foi
c., 46.
o telogo J. C.
Sobre sua atuao
26
Murray, S.J." (V. SCHURR -
durante o Conclio, M. VIDAL, o. c., 47).
ver: B. HARING, a. c., 383-
397; Uma autobiografia Ver o documentado e
30
HARING, La predicacin de la
mado "Texto de moral despus del Concilio
Zurich". Depois da Vaticano II, Madrid
1966; Teologia Moral en
primeira redao camino, Madrid 1969.
("texto de Malinas"), 34
Ver dados em: B. HARING,
fruto do amor, de um
amor pessoal e
responsvel. Por isso "O texto definitivo foi
37
sobretudo, os
Esta que alguns
bispos norte-
chamaram "a
americanos que
crise mais
criaram a
aguda do
situao ao
Conclio"
resolveu-se pater
mediante o texto Schematis XIII"
da nota 14 (em (Hring quase
GS, 51), a qual, o pai do
Esquema XIII, a
depois de atual "Gaudium
apontar alguns et
textos do Spes") .
42
Magistrio O prprio
eclesistico e de Hring
aludir "Comis- reconhece que
so para o seu trabalho no
estudo da Conclio foi
populao, a extenuante . 43
Mas tambm
famlia e a
reconhece que
natalidade", ter- "olhando para
mina deste trs, somente
modo: "Sendo consigo explicar-
este o estado da me a mim
doutrina do mesmo como
Magistrio consegui fazer
eclesistico, o todo esse
Sagrado Snodo trabalho,
respondendo
no pretende
que o Conclio
propor ime- era uma
diatamente experincia de
solues novidade to
concretas". grande que
A partir dos podia mobilizar
dados todas as
precedentes foras" . Se o
44
42
B. HARING, a. C., 390; V.
SCHURR - M. VIDAL, O. C.,
4
52. Junto com
3
B
outros
. moralistas
H procurou
A
R
explicitar os
I traos
N
G configuradores
,
de uma moral
a conforme o
.
esprito do
c Vaticano II. Para
.
, esse trabalho
dedicou vrios
3
8 de seus livros:
6 Linhas fundamentais
.
de uma Teologia
Moral crist; A
4
/ pregao da moral
b
i
depois do Concilio
d Vaticano II; Teologia
. moral em caminho.
,
Hring est
3 consciente de
9
7 que o Conclio
. Vaticano II no
o CONCLIO VATICANO II E A se ocupou
99
RENOVAO DA TEOLOGIA MORAL
expressamente
da Teologia sntese da vida
Moral num crist luz do
documento mistrio pascal
especfico sobre de Cristo. O
o tema. No mistrio pascal
obstante isso, revela a unidade
tambm est que existe entre
consciente de a glorificao de
que a renovao Deus e a
geral proposta salvao do
pelo Conclio homem. Desta
deve incidir no sorte surgir
campo da uma Teologia
Teologia Moral Moral na qual a
e marcar uma graa tenha a
mudana primazia e na
decisiva nesta qual a
parte do saber existncia
teolgico. Bom crist seja
conhecedor do considerada
esprito do antes de tudo
Vaticano II em dentro do
seu conjunto, esprito de
Hring faz um adorao e
percurso pelos glorificao de
grandes temas Deus.
conciliares e A
descobre a Constituio sobre
repercusso que a Igreja (LG)
esses podem ter ensina a
em funo de apresentar a
renovar a Teologia Moral
Teologia Moral: como uma
tarefa eclesial,
A tendo como
Constituio sobre a
liturgia (SC) objetivo a
orienta a moral formao de
a fazer uma todo o povo de
Deus. No necessrio
conceptvel a que o laicato
Teologia Moral cristo
como uma intervenha na
afirmao para formulao e na
a prtica do resoluo dos
confessionrio. pro-
100 BERNHARD HRING: UM
ao indicar que
RENOVADOR DA MORAL
preciso
CATLICA
promover a
unidade-na-
blemas morais. verdade atravs
Por outra da unidade-no-
parte, se no amor, exorta os
captulo quinto catlicos e os
da LG se afirma cristos
que todos os
separados a se
batizados so
chamados encontrarem no
perfeio, compromisso
necessrio pelas grandes
superar a causas da
dicotomia humanidade: a
entre Teologia vida, a
Moral e liberdade, a
teologia justia, a paz.
espiritual. A A Declarao sobre
Teologia Moral a liberdade religiosa
deve constituir- (DH) indica a
se como a necessidade de
doutrina da respeitar
vida crist em
via de seu ple- profundamente
no a reta
desenvolvimen conscincia dos
to. outros e de
aceitar a
O Decreto sobre o validade do
ecumenismo (UR), pressuposto de
que cada um da razo e, na
pode e deve medida do
decidir sempre possvel, os
e em tudo de motivos dos
acordo com sua atos que
conscincia. A realizam os
Declarao outros
sobre a homens.
liberdade reli-
A Constituio
giosa demostra pastoral sobre a Igreja
que a Igreja, fiel no mundo atual (GS)
ao seu divino introduz um
Mestre, tem o novo ar e uma
dever de nova
respeitar a obra metodologia na
do Esprito forma de
apresentar a
Santo no seio de
relao da f
toda a com as
humanidade e, realidades
mais humanas. Den-
concretamente, tro de um clima
no santurio da de vigilante
conscincia otimismo, de
pessoal. H dilogo sincero
aqui uma e de
colaboraes
mensagem
desinteressadas
clara para a , a Igreja faz
moral: suas as alegrias
necessrio viver e as
conforme uma inquietaes da
conscincia bem hora presente.
formada, uma Aos moralistas
conscincia que pedido agora
escute as razes um esprito
vigilante, uma
mente aberta e inteligncia
uma bem formada. A
O CONCLIO VATICANO II E A constituio GS
RENOVAO DA TEOLOGIA MORAL 101 representa para
a Teologia Moral
do futuro um
ensaio da nova
moral. A nova
Teologia Moral
procurar
apresentar uma
concepo hist-
rica e histrico-
salvfica da lei
moral e, por sua
vez, uma
teologia das
realidades
terrenas que
permita
capacitar os cris-
tos para
colaborar com
todos os homens
de boa vontade;
somente assim
seu testemunho
especial do
reino de Deus
no nos afastar,
mas nos far
comungar com o
mundo, isto ,
com os demais
homens.
Embora o
Conclio Vaticano
II no dissesse
nada explici- Teologia Moral,
tamente sobre a cuja exposio
Teologia Moral, cientfica,
bastaria nutrida com
pesquisar o maior
esprito geral do intensidade pela
Conclio para doutrina da
elaborar uma Sagrada Es-
profunda critura, dever
renovao da mostrar a
moral. Mas excelncia da
temos no vocao dos fiis
Conclio em Cristo e sua
algumas obrigao de
orientaes pre- produzir frutos
cisas sobre o na caridade para
modo de realizar a vida do
a renovao da mundo".
Teologia Moral. Hring
o texto do n. comentou muitas
16 do Decreto vezes, e com
sobre a carinho, esta
formao apresentao
sacerdotal (OT), que o Conclio
em cuja faz da moral
elaborao renovada
trabalhou de (melhor, da
forma direta e moral a ser
decisiva o Pe. renovada):
Hring. Diz
Moral
assim: "Tenha- nutrida com maior
se especial intensidade pela
cuidado em doutrina da Sagrada
Escritura: no
aperfeioar a basta justapor
ou acumular Escritura
citaes apresenta a
bblicas; doutrina moral
necessrio como lei de
enquadrar a Cristo e de seu
moral no amor, como lei
contexto da His- da graa, da f
tria da e do esprito de
Salvao, vida-emCristo-
culminada em Jesus, como lei
Cristo. A inscrita nos
Sagrada coraes.
102 BERNHARD HRING: UM Esta vocao
RENOVADOR DA MORAL CATLICA pessoal: cada um
chamado indi-
Exposio cientfica, vidualmente por
isto ,que tenha seu nome, nico
em conta os e insubstituvel;
dados das mas essa mesma
cincias humanas vocao tem um
e que se organize carter
como um essencialmente
autntico saber. O comunitrio:
Conclio pede que recebe-se no
a Teologia Moral seio da
no se reduza a comunidade e se
casusmos e a orienta para o
um recitatrio servio da
prtico. comunidade.
A excelncia da
vocao dos fiis em Obrigao de
Cristo: antes de produzir frutos na
caridade para a vida
falar de do mundo:
obrigaes,
necessrio
explicar a a) a obrigao: no
excelncia da um imperativo
vocao crist. exterior, mas a
con- Teologia Moral.
seqncia No livro Pecado
(indicativo e secularizao (p.
consenqencial)
da excelsa 13-34 da
vocao crist; traduo
espanhola)
exps o que
0) produzir frutos na significa em
caridade: concreto essa
expresso de renova-
inspirao
bblica, sobretudo
joanina, que
orienta a vida
crist para uma
fecundidade
espiritual;
c) para a vida do
mundo, isto , em
solidariedade
com o
mundo dos
homens, com o
mundo que Deus
criou e que foi
remido em
Cristo.
Hring est
plenamente
convencido de
que o Conclio
Vaticano II
marcou uma
variao decisiva
na maneira de
entender o
significado e a
funo da
ONCLIO VATICANO II E A RENOVAO
DATEOLOGIA MORAL 103 autoridade para
a moral da
ao moral responsa-
exigida pelo bilidade
Vaticano II. Diz pessoal.
que consiste Da moral
num monoltica ao
leslocamento da pluralismo dos
nfase e de sistemas de
perspectivas. valores.
Estes so os des- Da moral do ato
locamentos que para a moral de
aponta: atitudes.
Da nfase
Da casustica sobre as
do confessionrio normas
para a moral de proibitivas
vida. nfase sobre as
Da viso normas-metas.
esttica da vida
para a moral Do
dinmica. essencialismo-
Da ordem objetivismo ao
moral baseada conhecimento
na natureza histrico da
para a moral pessoa.
enraizada na Da avaliao
histria moral
humana. individualista s
Das perspectivas da
perspectivas solidariedade
clericais s
perspectivas histrica da
profticas. salvao.
Da moral Da moral-
sanso para a
fechada na moral
pedaggica e decisivamente
pastoral. para que o
(Em sntese): Da Conclio a impu-
lei para o
Evangelho. sesse;
destrinchou o
O nome de significado das
Hring ficar orientaes
definitivamente conciliares;
associado re- colaborou de
novao da forma destacada e
Teologia Moral exemplar para
segundo o que a exigida
esprito do renovao
Conclio Vaticano conciliar seja
II. Ele a adiantou uma realidade
com sua obra A positiva neste
Lei de Cristo; ltimo tero do
interveio direta e sculo XX.
5
Livres e Fiis em Cristo:
O Manual "ps-conciliar" de Teologia Moral
326.
CH. E. CURRAN, "Free
4
contudo, no se
und Faithful in Christ". A
critical Evaluation, pode deixar de
Studia Moralia 20
(1982), 25-77. reconhecer que
5W. NETHOFEL,
Moraltheologie nach dem o termo "lei"
nos idiomas essas ex-
ocidentais presses tpicas
contm ainda tm sua origem
ressonncias no pensamento
heternomas e e na atitude
obrigacionistas. pessoal de
A categoria Hring.
de "Liberdade"
unida
"Fidelidade" b) O ambiente
corresponde cultural
melhor s
sensibilidades O "Sitz
da cultura Leben" ou
atual. De fato ambiente vital
as expresses de A Lei de Cristo
"liberdade fiel" a cultura
e "fidelidade alem,
livre" (ou plasmada
criativa) sobretudo nas
tornaram-se correntes
expresses filosficas da
tpicas que fenomenologia
vinculam for- e do
mas de ser e personalismo
atitudes bsicas da primeira
do cristo de metade deste
hoje em dia nos sculo. A
diversos traduo
campos de sua francesa
existncia. moderou o tom
Muitas vezes, germnico com
matizes de sido a traduo
clareza francesa de
cartesiana. Em
Livres e Fiis em 6
V. GMEZ MIER, o. c., 169;
Cristo h uma W. NETHFEL, o. c., 25-77
mudana de ("De la Ley de Cristo
a la Libertad de
cenrio. O Cristo"). D-lhe um
ambiente vital relevo especial a
a realidade e essa interpretao: P.
EMONET, De la loi la libert.
a cultura norte- Un exemple de l'evolution de
americanas. la morale: Bernhard Heiring,
Choisir n. 281
interessante (1983), 10-13.
anotar que de 7
Uma
autobiografia
Livres e Fiis em maneira de
Cristo no existe entrevista, So
ainda traduo Paulo 1998,
37-38. Cf. P.
8
para o francs , 8
EMONET, a. c., 13.
embora tenha
110 BERNHARD HRING: UM
notvel
RENOVADOR DA MORAL significado. A
CATLICA primeira edio
redigida em
que
A Lei de Cristo ingls, embora
serviu de caixa reescreva ele
de ressonncia mesmo a
e at de porta- edio alem,
voz para esta
obra. sobre a qual
mais adiante se
Esse faz uma
deslocamento "Sonderausgab
de cenrio e" (edio
constata-se em especial) cujo
detalhes de interesse foi
realado por V. conversos ao
Gmez Mier . 9
catolicismo) J.
O dilogo N. Newmann e
teolgico- V. S.
moral no se Solovyev"I.
estabelece
pre-
ferentemente c) A inteno do autor
com filsofos,
como sucedia
em A Lei de Cristo, Para
mas com evidenciar a
psiclogos e novidade do
antroplogos segundo Manual,
culturais (J. alm dos dados
Piaget, L. objetivos, est a
Kolhberg, E. inteno
Fromm, A. expressa do
Maslow, F. autor. Hring
Skinner etc.). empreendeu o
SeA Lei de Cristo fadigoso
tinha interesse trabalho de
especial em escrever um
assinalar que novo Manual
se situava na porque depois
tradio da de A Lei de Cristo
escola de havia sucedido
Tubinga, agora um
Livres e Fiis em acontecimento
Cristo "evoca especial: o
tambm a Conclio
inspirao Vaticano II. A
recebida de necessria
(dois grandes
Morale 30 (1998),
referncia ao 342.
Vaticano II
I IVRES E FIIS EM CRISTO: O
obrigou-o a MANUAL "PS-CONCILIAR" DE
escrever: Livres e TEOLOGIA MORAL 111
Fiis em Cristo, j
que esse Vinte e cinco
acontecimento anos depois da
eclesial iniciou publicao dos
uma "poca trs volumes
nova" e colocou
a todos, e que compem
tambm a minha obra A Lei
Hring, num de Cristo, procuro
"processo de de novo
aprendizagem"" oferecer uma
. o prprio exposio
Hring ex- completa da
pressou isso do Teologia Moral
seguinte modo: catlica. No
estou
9
V. GMEZ MIER, Sobre la descontente com
edicin especial
("Sonderausgabe") de minha obra
"Frei in Christus", La anterior, mas
Ciudad de Dios 205
(1992), 195-204. neste quarto de
Quantitativamente, sculo
supe um aumento
de 44 pginas sucederam
(somando prlogo e tantas coisas
suplementos).
FLECHA,
como em
Bernhard Hdring, un
moralista sensible a la
qualquer outro
pastoral, Ecclesia n.
2.905/2906 (8 e 15
sculo inteiro,
de agosto de 1998),
6.
ou talvez mais.
I IL. LORENZETTI, In
ricordo di Bernhard Ildring, Durante esses
Rivista di Teologia
anos no interesse
somente tive apaixonado pelo
oportunidade de terceiro mundo.
ver a acolhida Desde o trmino
em escala do Conclio,
mundial dada a gastei uma parte
minha obra A Lei considervel do
de Cristo, mas meu tempo e de
tambm me minhas frias
encontrei acadmicas
imerso no anuais
processo de trabalhando na
aprendizagem frica e na sia,
nico atravs do na Amrica
Conclio Latina e nos
Vaticano II e Estados Unidos.
atravs de Durante esses
minhas diversas anos adquiri
atividades que conscincia de
me permitiram que meus
escutar e me escritos eram
esforar nas ainda
respostas. O excessivamente
Conclio europeus.
ecumnico sen- Talvez este
sibilizou meu escrito reflita
j grande um homem
interesse pelo europeu com
ecumenismo, experincia na
aprofundou e Amrica do
ampliou meu Norte. Contudo,
sinto nestes a
momentos responsabilida-
profunda de e co-
simpatia e responsabilidad
preocupao e como
pelas gentes de conceitos-chave
todo o terceiro numa tica
mundo. crist para as
Espero que gentes de
esta nova nossos dias.
exposio Quero, contudo,
completa da verificar e
Teologia Moral aprofundar a
expresse com viso de
igual clareza e responsabilidad
urgncia a e em Jesus
dinmica Cristo
cristocntrica de prestando maior
A Lei de Cristo. O ateno a sua
Cristo que foi, experincia na
que veio e que liberdade e na
vir para nos fidelidade
manifestar o criativas.
Pai, atrai a Liberdade,
todos ns ao seu libertao e
amor libertador. fidelidade
Sinto um aninham no
profundo sentido interior dos
de continuidade "sinais dos
em meu esforo tempos".
para apresentar
112 BERNHARD HARING: UM 3. Contedo e
RENOVADOR DA MORAL Orientaes. A moral
CATLICA
crist sob a
perspectiva da
Tentamos
"liberdade fiel e
decifrar estes
criativa"
sinais na
comunidade,
escutando-nos
uns aos outros, a) Enfoque geral
partilhando
nossas A
experincias e
reflexes e perspectiva
entregando- bsica da
nos uns aos Teologia Moral
outros em de Hring est
Jesus Cristo. na integrao
Cada um de da atitude
ns possui religiosa e da
uma histria atitude tica na
especfica que existncia
nos confere
um lugar crist. Desde
particular na sua dissertao
janela da torre doutoral sobre
comum da qual "o sagrado e o
observamos os bem", Hring
acontecimento insistiu
s .
12
continuamente
em que a moral
crist uma
moral religiosa. em Cristo.
Por isso que A partir desse
entende a vida enfoque inicial
tica do cristo so fceis de
como a resposta
responsvel ao serem consta-
chamamento tados os traos
amoroso de bsicos que
Deus em Cristo. definem o
projeto
teolgico-moral
A estrutura de Hring:
dialogal da
moral crist
ope-se a todo I2Livres e Fiis em Cristo I, So
intento de Paulo 1984, 5-6.
entend-la e I IVRES E FIIS EM CRISTO: O
desvirtu-la MANUAL "PS-CONCILIAR" DE
113
reduzindo-a: TEOLOGIA MORAL
153.