Catálogo Luis Buñuel
Catálogo Luis Buñuel
Catálogo Luis Buñuel
1 Edio
Agosto de 2016
ISBN 978-85-66110-28-9
artigos
36 Fase Frana-Espanha (1929-1937)
Octavio Caruso
ensaios
Buuel, o autor e os temas
76 O cinema metafsico e religioso
Fernando Oriente
Biografia
L uis Bu u e l V ida e Obra 23
Salvador Dal e o poeta Federico Garca Lorca, entre outros artistas espanhis
criativos que viviam na Residncia de Estudantes. Os trs acabaram forman-
do um ncleo do surrealismo de vanguarda, e se transformando nos chama-
dos A Gerao dos 27.
Uma curiosidade dos anos estudantis que Luis se tornou um notrio hipnoti-
zador. Ele alegava que chegou a acalmar uma prostituta histrica somente atravs
da hipnose. O cineasta via conexes entre a hipnose e assistir filmes no cinema.
O arrebatamento pela stima arte acontece durante uma sesso de A Mor-
te Cansada (Der Mde Tod, 1921), de Fritz Lang, como chegou a afirmar em al-
gumas entrevistas. Os filmes que mais me influenciaram, contudo, so os de
Fritz Lang. Quando eu vi A Morte Cansada, eu descobri de repente que queria
fazer filmes. No eram as trs histrias que me moveram tanto, mas o epis-
dio principal a chegada do homem com o chapu preto, que de imediato
identifiquei como a Morte, e a cena no cemitrio. Tem algo nesse filme que me
toca profundamente; ilumina a minha vida e a minha viso de mundo. Este
sentimento ocorre toda vez que assisto a um filme de Lang, particularmente
os filmes Nibelungos, e Metrpolis (1927).
A mudana para Paris foi um acontecimento natural. Buuel realiza, ento,
uma srie de trabalhos relacionados ao cinema, incluindo assistncia de dire-
o para Jean Epstein. Passa a assistir religiosamente a trs filmes por dia e a
escrever crtica cinematogrfica em algumas publicaes. nesse momento
que comea uma colaborao com o escritor Ramn Gmez de la Serna em
um roteiro que sonhava ser seu primeiro filme, uma histria com seis cenas
chamada Los Caprichos, que nunca foi filmada.
Nesse instante de transio e encontro com o cinema, apaixona-se por
Jeanne Rucar Lefebvre, uma professora de ginstica, que foi medalhista olm-
pica. Eles se casaram em 1934 e ficaram juntos por toda a vida. Tiveram dois
filhos, Juan-Luis e Rafael.
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Mas em 1961, o General Franco, ansioso para dar suporte a cultura hispni-
ca decide convidar Buuel para retornar sua terra natal. E o realizador logo
mostra as caras novamente e morde a mo de quem o alimentou com o cho-
que de Viridiana, que foi banido da Espanha, considerado uma blasfmia,
apesar de vencer o prmio mximo no Festival de Cannes.
Viridiana inaugura o ltimo perodo da carreira do cineasta quando, em co-
laborao com o produtor Serge Silberman e o escritor Jean-Claude Carrire,
ele realiza sete obras-primas consecutivas, que marcam definitivamente seu
nome no panteo dos grandes autores do cinema.
Depois de declarar desde A Bela da Tarde (1967) que o prximo filme seria o
ltimo, ele finalmente cumpriu a promessa com Esse Obscuro Objeto do Desejo
(1977), que marca a despedida das telas em grande estilo. Antes de morrer no
dia 29 de julho de 1983 de cncer no fgado, Buuel escreveu sua autobiogra-
fia, intitulada Meu ltimo Suspiro, na qual chega a declarar que ficaria feliz em
queimar todas as cpias de todos os seus filmes.
Por mais que tenha tentado, com o passar dos anos, diminuir seu papel no
cinema, Luis Buuel um dos mais reverenciados e estudados diretores do
mundo com um legado que sobrevive inclume as vicissitudes do tempo.
Curiosidades
Tinha 1,71m.
Recebeu o apelido de O Flagelo da Burguesia, devido s constantes crticas ao
modo de vida da classe mdia e alta.
Tinha atrao por insetos, que aparecem invariavelmente em seus filmes.
Seus filmes normalmente incluem um animal em cena, que parecem intei-
ramente deslocados.
Satiriza ou ataca diretamente o estilo de vida burgus.
Discute sobre temas-tabu.
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Filmografia Completa
Um Co Andaluz (Un Chien Andalou, 1929)
A Idade do Ouro (Lge Dor, 1930)
Terra sem Po (Las Hurdes, 1933)
A Menina Raptada (Quin me Quiere a M?, 1936), codireo de Jos Luis Senz
de Heredia
Corao de Soldado (Centinela, Alerta!, 1937), codireo de Jean Grmillon
El Vaticano de Pio XII (1940)
Gran Casino (1947)
El Gran Calavera (1949)
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Fase Frana-Espanha
(1929-1937)
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retor que j havia comprovado ter coragem para enfrentar a batalha, as reais
condies lastimveis do povo rural, com o interesse bvio de provocar repul-
sa e revolta nos espectadores. Toda a equipe era formada por militantes da
causa, inclusive profissionais que j haviam sido presos na tentativa de docu-
mentar aquilo que os dignitrios da nao no desejavam que se tornasse p-
blico. Nesse intuito, a estratgia mais eficiente que a mensagem fosse passa-
da de forma objetiva, sucinta, potencializando o choque, uma vocao natural
que se mostrou parte intrnseca do repertrio de Buuel desde o corte do olho
com navalha, o carto de apresentao mais corajoso da histria do cinema.
sensacional a forma como o filme sutilmente trabalha o tema com admi-
rada reverncia, elemento perceptvel at mesmo na trilha sonora, mostran-
do os habitantes do local como valentes smbolos de resistncia, ao invs do
vis de coitadismo que compreensivelmente poderia ter sido utilizado. Em um
dos momentos mais impactantes, o narrador revela que o professor da regio
entrega os pes para as crianas, pedindo para que elas comam na sua pre-
sena, por medo de que, em suas casas, o alimento seja roubado pelos pais.
As famlias consideradas privilegiadas eram aquelas que tinham um porco ao
longo de um ano, refeio que durava cerca de trs dias. Carne de cabra era
rara, apenas quando alguma perdia o equilbrio nas ladeiras ngremes e era
encontrada morta. Infeces causadas por falta de higiene no tratamento de
picadas de cobra, ou o bcio que atinge crianas e adultos, parece no haver
escapatria para esses bravos desamparados. A morte o nico evento que
perturba a apatia miservel, corpos sendo carregados por longas distncias
para serem enterrados nos poucos cemitrios. J prximo do desfecho, entra-
mos em contato com anes selvagens e retardados frutos das frequentes re-
laes sexuais incestuosas, a cmera registra com a clara inteno de explorar
o medo do desconhecido, como se utilizasse o misticismo inerente histria
do local como fonte narrativa. Mas nada disso mais triste do que o relato de
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Fase Mexicana I
(1946-1953)
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ele realizou entre 1949 e 1953, perodo no qual se consolidou como um nome
de referncia da produo mexicana. poca em que realizou alguns filmes-
chave, mas tambm o perodo em que dirige seus trabalhos mais annimos
como parte do cabo de guerra com a indstria local.
El Gran Cavalera uma comdia familiar em que um rico vivo e alcola-
tra sustenta os filhos, o irmo e a cunhada. O irmo faz com que ele acredi-
te que est falido. Assim, os familiares precisaro arranjar um emprego para
se manter. um filme bem populista, como a premissa aponta, marcado por
uma alegria e otimismo que o realizador raramente deixava transparecer. Foi
um sucesso considervel no mercado latino (podemos ver ecos do filme, por
exemplo, no A Famlia Lero-Lero que Alberto Pieralisi realizou por aqui em 1953).
O filme encontra seus momentos mais fortes quando consegue unir a ideia de
atuao com a stira de classes sociais. Foi tambm a primeira oportunida-
de do diretor de trabalhar com alguns nomes, em particular Fernando Soler,
que se tornaria presena constante nos seus primeiros filmes mexicanos. Se as
concesses so bastante visveis, o clima do filme tambm no deixa de acres-
centar um elemento novo e bem-vindo a obra buueliana: ele realiza algumas
das suas melhores peas cmicas. O Gran Cavalera de Soler o primeiro da s-
rie de grandes personagens masculinos do perodo, j que se a fase francesa
memorvel pelas grandes personagens femininas, os mexicanos vo pelo ca-
minho oposto, mesmo que eles frequentemente se revelem incorrigveis idio-
tas prontos para atormentarem suas mulheres.
O sucesso de El Gran Cavalera permitiu a Buuel se aventurar numa obra
mais pessoal como Os Esquecidos, cujo tratamento duro e seco da delinqun-
cia juvenil lhe garantiu uma primeira entrada no universo do cinema de autor
europeu, no qual se estabeleceria uma dcada mais tarde. Junto com O Anjo
Exterminador , sem dvida, o filme de Buuel mais influente e raro encon-
trar um longa-metragem sobre crianas marginalizadas no qual a sombra de
L uis Bu u e l V ida e Obra 49
Os trs filmes que o cineasta realizou logo depois (Susana, A Filha do Engano
e Uma Mulher sem Amor) so provavelmente os trabalhos que ele tratava com
mais desprezo, no perdendo uma oportunidade para declarar Uma Mulher sem
Amor como o seu pior filme. Sem dvida, tratam-se de longas muito mais pr-
ximos da indstria local e com grandes dvidas com a tradio do melodrama
mexicano, e possvel sentir o esforo de Buuel para buscar uma conexo com
o material. A Filha do Engano, em particular, deve muito pouco ao seu realizador,
a despeito de uma atuao forte de Fernando Soler como o homem que deixa
a filha que ele acredita no ser dele com o bbado local e a assiste crescer com
amargor no corao. At a ambincia entre a pequena vila e o cassino sugere
mais o cinema local do que o de Buuel. Uma Mulher sem Amor, adaptado de
uma histria de Guy de Maupassant, em teoria mais interessante e a antipatia
de Buuel pelo ncleo familiar pode ser sentida na maneira como o caso que a
protagonista tivera anos antes e que serve de ponto de partida ao filme se reve-
lar mais importante e definidor do que sua posio de me de famlia.
Se a antipatia do realizador por A Filha do Engano e A Mulher sem Amor com-
preensvel, o mesmo no se pode dizer a respeito de Susana. Buuel jamais per-
doou o final altamente moralista com a punio da personagem-ttulo, uma
jovem desequilibrada que se infiltra no meio de uma boa famlia burguesa e
procede na tentativa em implodi-la ao flertar com todos os homens. Ele deseja-
va um final mais irnico, mas o plano final, com a famlia reunida, to artificial
e cnico que difcil perder seu sentido. O anjo exterminador Susana passou por
ali pronto a revelar a selvageria dos desejos contidos em cada membro da fam-
lia. Susana um dos filmes mais visualmente ricos de Buuel e a sensualidade
das suas imagens reforam a ideia de sexo como elemento pronto a desarranjar
o bom ncleo familiar. uma das crticas mais corrosivas do diretor.
Se estes trs trabalhos apontam muito para as frustaes de Buuel como
parte da indstria cinematogrfica mexicana, sobretudo num momento em
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que ele ainda no recebera carta branca para perseguir seus interesses, o seu
outro filme do binio 51/52, Subida ao Cu, talvez seja aquele que melhor equi-
libre as muitas foras em jogo nestes filmes. Road movie simblico e sem gran-
des pretenses realistas, Subida ao Cu coloca um jovem recm-casado na es-
trada para buscar o testamento de sua me, no percurso ser testado por uma
srie de interrupes e tentaes. A via-crcis buueliana no poderia ser mais
clara: o peso da responsabilidade familiar ao fim da estrada e uma srie de
prazeres mundanos para testar a resistncia do jovem casal. Algumas destas
interrupes at permitem ao cineasta exercitar sua imaginao com interl-
dios aos moldes dos que desenvolveria na sua longa parceria com Jean-Clau-
de Carrire, e o filme em geral mantm um foco notvel. um dos mais leves
e agradveis entre seus filmes mexicanos, mas tambm um dos mais irnicos.
A famlia ser o tema que o diretor revisita com frequncia nestes anos e as-
sim como Susana, Subida ao Cu lhe permite um ataque mordaz.
Porm, ser em 1953 que Luis Buuel conquistar de vez sua independn-
cia na indstria mexicana. Seus trs filmes lanados naquele ano, El, O Bruto
e Abismos da Paixo, sero, cada um a sua maneira, tragicomdias romnticas
de grande entrega e triunfos inegveis da sua imaginao. O Bruto remete aos
dramas sociais de John Ford nos seus tempos de parceria com o roteirista Du-
dley Nichols, com um conflito de classes altamente determinista filtrado por
uma lente expressionista. Os ocasionais momentos de ternura servindo como
um respiro em meio aspereza e inevitabilidade da ao. Produo cara, es-
trelada por Pedro Armendriz e Katy Jurado (astros mexicanos acostumados
a papeis menores em Hollywood), o filme notvel pela forma que a partir do
conflito social, Buuel costura uma teia de paixes mal resolvidas mais deli-
rante do que dos seus melodramas assumidos. O Bruto de Armendriz um
tipo turro contratado para ajudar a expulsar os moradores de uma rea de
classe mdia baixa pela especulao imobiliria. Ele pura energia no cana-
L uis Bu u e l V ida e Obra 53
profundamente em ns mesmos.
Luis Buuel
Me comparar com Goya loucura. Crticos falam de Goya
Fase Mexicana II
(1954-1960)
L uis Bu u e l V ida e Obra 61
1954 um ano chave para a carreira mexicana de Buuel. Foi nesse ano
que ele realizou A Iluso Viaja de Trem, lanado pouco tempo depois, e foi nes-
se perodo que ele viu o lanamento comercial de dois outros filmes cuja im-
portncia inegvel, ainda que pouco considerada: Robinson Crusoe, filmado
em coproduo com os EUA, em 1952; e Escravos do Rancor, filmado em 1953,
uma verso diferente para o romance de Emile Bront, que j havia origina-
do O Morro dos Ventos Uivantes (William Wyler, 1939). Com trs belos filmes
lanados no ano, dois deles projetos do corao filmados em anos anterio-
res, Buuel atinge uma marca indita desde que comeou a filmar no Mxico.
Este artigo pretende dar conta desse perodo rico que se inicia em 1954 e
vai at 1960. Esse s um recorte, entre outros possveis. Podemos definir, por
exemplo, trs fases mexicanas: a de gradual recuperao do prestgio (que iria
de 1947 a 1951), a de consolidao de um estilo (de 1952 a 1955), e a fase final
mexicana, de coprodues com a Frana, que se iniciaria com Assim a Aurora
e terminaria em Simo do Deserto (1965), um ano aps o comeo da fase final,
francesa, que teria um prembulo em Dirio de uma Camareira (1964). Aqui,
respeitando o recorte da editoria, adotaremos o ano de estreia comercial des-
ses filmes no local em que foram feitos, ou seja, predominantemente no M-
xico1. Pessoalmente, acho que o filme nasce em sua primeira exibio pblica 1
Usei como base o excelente material compilado por Javier Herrera
no livro Luis Buuel en su Archivo: de Los Olvidados a Viridiana, lanado
(o que alteraria o recorte presente aqui).
pelo Ministerio de Educacin, Cultura e Deporte da Espanha.
A Iluso Viaja de Trem um projeto mais comercial de Buuel. O que no
quer dizer que Buuel esteja ausente. Um de seus maiores atributos a capa-
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Coisa de mestre, e melodrama gnero nobre, que s pode ser filmado por
mestres. A faixa de leitura do melodrama muito estreita. Muitos nem conse-
guem ultrapassar a primeira fronteira, e boa parte dos que ultrapassam, aca-
bam ultrapassando tambm a segunda fronteira, saindo dos limites nobres
do melodrama e caindo no piegas.
No fundo, ningum presta em Escravos do Rancor, ningum confivel. Te-
mos de um lado os selvagens, que, por amor, desejam vingar e torturar. De ou-
tro, aqueles que se sujeitam aos jogos de poder e dominao por fraqueza de
carter. Filmar pessoas assim, dentro de situaes que exigem o pior delas, re-
quer uma perfeita sintonia. Um passo a mais e se cai no ramerro da chanta-
gem sentimental. Um passo a menos e sentimos a inadequao de tudo que
cerca o filme, e ele parece incompleto.
O amor louco, levado s ltimas consequncias, um tema bem surrealis-
ta, e por isso este filme est entre os que mais se filiam ao que Buuel, esse
cineasta que nunca filmou algo contrrio aos seus princpios, acreditava que
deveria ser uma representao da vida e da sociedade. Quando vemos o auto-
destrutivo Ricardo, sempre bbado de desiluso, defender Isabel, a tola que se
casou com o cruel Alejandro, e esta se virar para agradec-lo, o que se espera
num melodrama comum que o bbado seja tratado com uma certa integri-
dade, um nobre digno de pena, que de alguma forma entenda a mulher nesse
martrio que ter se casado com um tirano. No o que acontece aqui. Ricar-
do a maltrata, praticamente implorando para ser odiado, jamais desprezado.
Personagem tipicamente buueliano, Ricardo o centro desse melodrama re-
torcido (mais do que seu equivalente no romance, Hindley), embora no esteja
nem perto de ser um dos principais personagens. Penso que por ele, tambm,
um desiludido pela frustrao, por ter amado loucamente e ter perdido esse
amor, que Buuel se apaixonou pela histria e se apossou dela de tal maneira
que bobagem considerar o filme atpico em sua carreira (h tambm o uso de
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Tristo e Isolda, de Wagner, que Buuel adora e usa em outros filmes, incluin-
do Um Co Andaluz, como uma marca registrada de sua atrao pelo amor louco,
embora ele tenha reclamado que o produtor colocou msica em todo lugar).
Robinson Crusoe uma adaptao do romance de Daniel Defoe de que Buuel
no gostava. Primeiro filme do diretor em cores e o primeiro falado em ingls,
pode passar como uma aventura trivial, o que seria enganoso. Existe um mo-
mento tipicamente buueliano, tirando os sonhos e delrios que acometem o
nufrago de vez em quando. Crusoe ensina o catecismo a Sexta-Feira, o nati-
vo que encontrou na ilha deserta. A horas tantas, Sexta-feira questiona os en-
sinamentos do mestre, que colocado em xeque. Sua reao a de quem est
sem palavras para responder. Crusoe limita-se a cham-lo de ignorante, ao que
Sexta-feira sorri maliciosamente, fumando o cachimbo ofertado por Crusoe.
Nos anos seguintes, destacam-se Ensaio de um Crime e Nazarin. Ambos es-
to entre os melhores filmes de Buuel para dez entre uma dezena de crticos.
Representam o tipo de unanimidade da qual no se pode desdenhar rodri-
gueanamente, e so, ao lado de outras obras-primas do perodo mexicano (Os
Esquecidos, Susana, El O Alucinado e O Anjo Exterminador), Buuel na quintes-
sncia. Mas o injustamente desprezado O Rio e a Morte (1955), realizado pouco
antes de Ensaio de um Crime, no deve ser descartado. Trata da velha dualida-
de entre a tradio de morte de um povoado e o progresso da grande cidade.
Se Buuel carrega nas tintas no lado civilizado, com dilogos exageradamen-
te edificantes, sente-se bem vontade nas cenas no povoado, principalmen-
te nos flashbacks, quando retrata o que lhe chamou a ateno no Mxico, em
contraste com a Europa. um western admirvel na maior parte do tempo,
com uma forte sugesto homoertica no final.
Ensaio de um Crime comea com a infncia de Archibaldo de la Cruz, confor-
me ele a conta para uma enfermeira novia de um hospital pblico. Menino
insuportvel de to mimado, negligenciado pelos pais (mais interessados
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em viver a vida) e cuidado por uma bab. Esta ser vtima de seus primeiros
desejos, de morte e de sexo. Seu corpo, atingido fatalmente por uma bala da
revoluo que toma as ruas, est no cho de maneira sensual, meias de seda
ornando as pernas e mexendo com a imaginao do pequeno Archibaldo. A
partir dessa imagem despertadora, trs mulheres se envolvero com o adul-
to Archibaldo: Patrcia, Carlota e Lavnia. Cada uma representa um arqutipo
feminino: a safada, a me e a charmosa. Safada e me morrem pelo desejo de
Archibaldo. Lavnia poupada, mas um manequim com seu rosto e suas pro-
pores queimado no lugar. A ideia de substituio, presente j em Um Co
Andaluz, retorna a Buuel.
Escreve Bernadette Lyra, em texto presente no livro Um Jato na Contramo:
Buuel no Mxico (organizao de Eduardo Peuela Caizal):
Archibaldo. Mal a vtima lhe arrebatada, ele parte para outra. Que,
Buuel, apesar de ter a estrela Simone Signoret (Michel Piccoli s ser estrela
a partir dos anos 60, e ser ator constante na fase final de Buuel). Coprodu-
o Mxico-Frana, rodado no Mxico com histria ambientada na Amaz-
nia, apesar da estranheza de vermos personagens latino-americanos falando
em francs, artifcio que no funciona no tipo de registro com o qual Buuel
trabalha, o longa est longe de ser ruim (Buuel nunca realizou nada que no
fosse ao menos digno). De fato, muito melhor do que normalmente se fala/
escreve. Mas tem um raro problema em se tratando de Buuel: alguns persona-
gens so fragilmente construdos (apesar da colaborao do escritor Raymond
Queneau). Penso, sobretudo, na garota surda-muda e em seu pai (Bnard suge-
re que a deficincia est nos atores, respectivamente Charles Vanel e Michle
Girardon, mas tenho minhas dvidas), como tambm na prostituta vivida por
Signoret (que, segundo consta, preferia estar em Paris). No se entende direito
porque ela faz juras de amor aps ter apanhado de um homem que ela mesmo
antes havia denunciado para a polcia. Os sentimentos duram menos do que
uma hora, e uma srie de acontecimentos surgem meio mal explicados.
Em Assim a Aurora h elipses geniais, como a que envolve a personagem
de Lucia Bos e o mdico interpretado por Georges Marchal. Em uma cena
eles se conhecem, na prxima sequncia com o mdico eles j so amantes
h um tempo (talvez meses, pois ficamos sabendo num dilogo futuro que a
esposa do mdico se ausentou por quatro meses). Em La Mort en ce Jardin al-
gumas elipses no funcionam to bem. H, claro, os momentos buuelianos
para agradar os surrealistas (a cobra devorada por savas, a Bblia rasgada, o
delrio com o Arco do Triunfo a partir do qual a loucura e a perdio se apossa
dos cinco fugitivos na floresta, a furada no olho com uma caneta clara alu-
so a Um Co Andaluz), e no todo uma boa dose de aventura. seu segundo
filme em cores, tem uma srie de cenas muito boas, a repetio do tema da
frustrao (disfarada no final, mas ainda presente), e uma interessante par-
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tuprador, white trash. Um padre surge como instncia justa, que procura evi-
tar a selvageria do homem branco, e no frustrado como Nazarin. Quase no
fim, o fugitivo se encaminha para uma nova fuga, Evvie lhe diz: voc ainda
vai me ver na TV tocando clarinete. Esse o sonho da menina branca, mesmo
que ela tenha crescido em um ambiente pobre. Ao msico negro sobra ape-
nas a culpa por algo que ele no fez, e a certeza de que provavelmente nunca
aparecer na TV como artista. Buuel no o trata como santo, mas como um
homem de contradies, como todos os humanos. Do mesmo modo, Miller
ter a oportunidade de se redimir.
Grande filme, pleno de teso e carnalidade, tanto quanto os filmes de Shohei
Imamura, tanto quanto Susana, mais do que seus filmes dos anos 70, que tm
corpos nus com mais liberdade, o que mostra o quanto Buuel estava livre e
vontade nessa altura da carreira. Fosse feito hoje, provavelmente seria acu-
Srgio Alpendre crtico de cinema, professor, pesquisador e jor-
sado de pedofilia, quando no fundo muito mais complexo e inteligente do
nalista. Escreve na Folha de So Paulo e edita o site www.revistain-
que a acusao sugeriria. Mas tambm cruel, e nos lembra da velha associa- terludio.com.br. Mestre em Meios e Processos Audiovisuais pela
ECA USP. Doutorando em comunicao pela Anhembi-Morum-
o atribuda a Andr Bazin (que morreu antes do filme ser feito): Buuel, um
bi. Coordenador do Ncleo de Histria e Crtica da Escola Inspirato-
dos cineastas da crueldade. rium. Ministra cursos e oficinas de crtica por todo o Brasil.
Toda a minha vida eu fui incomodado por questes:
O cinema
metafsico e religioso
L uis Bu u e l V ida e Obra 77
A Desconstruo de Signos
Fernando Oriente
O cinema potico,
onrico e ertico
L uis Bu u e l V ida e Obra 89
va a verdade. Era o cinema dos falsrios. Buuel foi um grande representante des-
te cinema mais voltado para as questes do tempo, da memria e da existncia.
Em O Anjo Exterminador, obra-prima da fase mexicana, Buuel revela que
para aquela sociedade, a burguesia mexicana, o amour fou era impossvel,
pois todos estavam muito presos s convenes sociais e s suas respectivas
mscaras. Um recurso muito interessante utilizado neste filme foi a repetio
de cenas, para reiterar o automatismo da vida burguesa.
Embora a sociedade retratada no filme seja a mexicana, tal realidade pode ser
transposta para outras culturas. Por meio de um cinema altamente hispnico, Buuel
retratava temas universais, como o mundo das pulses e a crtica feroz s instituies.
Buuel ficou conhecido e reconhecido internacionalmente como o mestre do
surrealismo no cinema e inclusive fez uma parceria com o pintor Salvador Dal
em seus dois primeiros filmes: Um Co Andaluz (1929) e A Idade do Ouro (1930).
Porm, o surrealismo para Buuel era um meio e no um fim. Por meio do
surrealismo, o cineasta dissecou uma sociedade hipcrita, injusta, cruel e de-
vassou o mundo das pulses. Por meio de uma linguagem sbria e racional,
falou sobre o irracional, o ilgico, o inexplicvel, o incontrolvel. Compreen-
der Buuel entrar num mundo onrico, onde nem tudo pode ser explicado
ou entendido racionalmente. o mundo das pulses, dos desejos submersos,
do irracional e do ilgico.
Seus filmes da fase europeia que melhor resgataram a linguagem surrealista
ortodoxa de Um Co Andaluz e A Idade do Ouro foram A Via Lctea (1969), O Discreto
Charme da Burguesia (1972) e O Fantasma da Liberdade (1974). Buuel e Dal utiliza-
ram o mtodo da livre associao para elaborarem o roteiro de Um Co Andaluz.
Porm, toda a obra de Buuel apresenta elementos surrealistas, pois este
movimento se dedicava a falar da mais pura realidade por meio do absurdo.
Em filmes aparentemente mais convencionais, com uma estrutura mais li-
near, como A Bela da Tarde (1967) e Esse Obscuro Objeto do Desejo (1977) pode-
L uis Bu u e l V ida e Obra 91
Referncias bibliogrficas
Inclusive Buuel dirigiu uma verso do clebre romance ingls O Morro dos
MARQUES, Slvia. O cinema da paixo: Cultura espanhola nas telas. So Ventos Uivantes, com o ttulo de Abismos da Paixo, porque tal obra apresenta
Paulo: Editora Giostri, 2013.
Hispanismo e Erotismo: O cinema de Luis Buuel. So Paulo: Editora An-
elementos surrealistas.
nablume, 2010. Em suma: Buuel faz parte deste seleto rol de diretores indispensveis para
quem deseja realmente conhecer o melhor e mais profundo do cinema mun-
Slvia Marques professora universitria, blogueira e escritora.
Doutora e mestre em Comunicao e Semitica pela PUC/SP. Ba- dial. Por meio do hispnico, falou sobre o universal. Por meio do surrealismo,
charel em Cinema pela FAAP. Atriz pelo SENAC. Autora de 8 livros,
mostrou a realidade. Por meio da escassez de recursos tcnicos, elaborou a
entre eles, Hispanismo e Erotismo: O cinema de Luis Buuel, O ci-
nema da paixo: Cultura espanhola nas telas. Venceu sete concur- mais sofisticada e intrincada esttica.
sos literrios nos gneros dramaturgia, conto e poesia e concorreu
em 2013 ao prmio Jabuti na categoria Educao, com o livro Socio-
logia da Educao.
https://www.facebook.com/livrossilviamarques/?fref=ts
http://garotadesbocada.blogspot.com.br/
http://obviousmag.org/cinema_pensante/autor/
Algumas vezes, assistir a um
filme como ser estuprado.
Luis Buuel
Sexo sem religio como
cozinhar um ovo sem sal.
Pecado d mais chances
para o desejo.
100
O cinema poltico
L uis Bu u e l V ida e Obra 101
ta, monta uma mesinha e discretamente inicia uma bela refeio. Ao ouvir al-
gum bater porta, grita: Est ocupado!.
A inverso da lgica e do senso comum , em Buuel, a contribuio poltica
de suas ideias para um olhar cido e controverso aos padres sociais. Ele herda
a prtica da experincia de juventude com o movimento surrealista, no come-
o dos anos 1930, na Espanha, quando convivia com parceiros como Salvador
Dal, Andr Breton, Man Ray e Paul luard. Num trecho de suas memrias no
livro Meu ltimo Suspiro, o diretor explicita os objetivos daquela gerao:
Buuel era antiutpico o suficiente para saber que seus filmes no seriam
capazes de mudar a vida, mas isso jamais o impediu de tentar. Os preceitos
do surrealismo lhe serviram zombaria e crtica sem limites a todo tipo de
ncleo pelo qual sentisse algum grau de antipatia (burguesia e religio) ou
que se utilizasse perversamente de determinadas prerrogativas com intuitos
escusos ou egostas (sexo). Dentre tantos exemplos, num trio de filmes em
que vamos aqui nos deter brevemente: O Anjo Exterminador (Mxico, 1962), O
L uis Bu u e l V ida e Obra 103
rede como banheiro, insistindo nos seus rituais de alienao regados a marti-
Marcelo Miranda jornalista e crtico de cinema. Mora em Belo Ho-
ni seco ou praticando sadomasoquismo diante de padres atnitos. Amplian- rizonte e mestrando em Comunicao na UFMG. Colaborador de
diversas publicaes impressas e virtuais, como as revistas Cintica,
do o escopo de algumas palavras de Buuel, pode-se dizer que estes filmes
Interldio, Contracampo, Filme Cultura, Teorema e Revista de Cine-
falam da procura da verdade, da qual temos que fugir a partir do momento ma, os jornais Estado de So Paulo, Folha de So Paulo e Valor, e
em catlogos de retrospectivas e festivais de cinema. Coorganiza-
em que julgamos t-la encontrado no implacvel rito social. Falam da busca
dor do livro em dois volumes Revista de Cinema: Antologia (1954-
inexorvel, do acaso, da moral pessoal, do mistrio que convm respeitar.5 1957 / 1961-1964).
Eu s posso esperar pela
amnsia, aquela que pode
apagar uma vida inteira.
Luis Buuel
Eu fao filmes para mostrar
que o cinema no o melhor
de todos os mundos possveis.
110
Buuel para
contemporaneidade: legado
esttico e poltico do cineasta
L uis Bu u e l V ida e Obra 111
O Absurdo e a Realidade
Carol Almeida
quais somos crceres, saber ver e ler as imagens que ele prope justamente
como uma recusa de explicar um mundo que, quando se explica, de alguma
forma, tambm se submete. O cineasta aragons quis desde sempre libertar
a imagem para alm do sentido que esperamos dela, usando esse estranha-
mento como uma forma de estender nosso desconforto diante do que visto
para aquilo que tematizado em cena: os trs pilares aprisionadores da so-
ciedade como sempre a conhecemos, aristocracia, religio e patriarcado. Eis
a santssima trindade disposta sobre os mveis mais caros de recintos fecha-
dos: o pai, o filho e o esprito porco da burguesia. E a grande audcia do di-
retor espanhol no foi exatamente arranhar os crucifixos e a prataria dessas
pessoas da sala de jantar, mas sim debochar delas. A ironia que inaugurou seu
cinema, bem como aquela que esteve presente em seus filmes ps-anos 60,
foi e continua sendo tambm um de seus maiores atentados terroristas, nos
termos definidos pelo prprio diretor.
No de se estranhar que at hoje sua obra, seja essa do deboche, ou mes-
mo das imagens despidas de qualquer elaborao fictcia, como nas cenas de
crianas e adultos se tremendo e morrendo diante das cmeras em Terra sem
po (1933), ou mesmo ainda aquele de uma fabulao dolorosa sobre uma hu-
manidade incapaz de ser humana em filmes como Os Esquecidos (1950), tenha
incomodado e perturbado alguns setores da prpria crtica cinematogrfica
alinhados a um pensamento conservador. A lembrar do pouco afeto dispen-
sado pela imprensa norte-americana quando o espanhol ficou exilado nos
Estados Unidos entre 1938 e 1946. Mas um episdio particular, praticamente
inaugural da relao de seu cinema com o mundo, se tornaria a eptome do ir-
racional que povoaria os personagens dentro e fora de quadro. Trata-se da exi-
bio de A Idade do Ouro (1930) na famosa sala Studio 28, em Paris, quando or-
ganizaes integralistas, estimuladas por uma imprensa de direita, rasgaram
a tela do cinema e atacaram pessoas que estavam assistindo ao filme. Esse
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Rocha cresce quando colocada lado a lado com a do diretor espanhol. Ambas
lidam diretamente com a crtica direta institucionalizao (pela Igreja, Fa-
mlia ou Capital) dos mitos originais.
Mas o esplio de Don Luis excede a linguagem cinematogrfica. Sim, sua
obra criou cineclubes, mas mais do que isso, atravessou e constituiu o imagi-
nrio esttico/poltico de vrias geraes de artistas e pensadores. O caso da
literatura, por exemplo. preciso lembrar que o escritor cubano Alejo Carpen-
tier, antes de inaugurar aquilo que viria a se chamar de realismo maravilhoso
na literatura latino-americana, foi fortemente influenciado pelo movimento
surrealista do qual Buuel fazia parte e que este fato est ligado a um epis-
dio que quase passou despercebido pela Histria: em 1962, o ainda jovem es-
critor Gabriel Garca Mrquez enviou um roteiro de uma comdia surrealista
para Buuel filmar. Don Luis recusou. Poucos anos depois, aquele romancista
colombiano se tornaria internacionalmente famoso com os seus Cem Anos de
L uis Bu u e l V ida e Obra 117
Durao 17 minutos
Sinopse O filme no possui uma histria na ordem normal dos acontecimentos. Utiliza a lgica
Ele apresenta uma reunio de imagens onricas, encadeadas como se fossem um pesadelo, reple-
to de cenas metafricas.
Durao 60 minutos
Sinopse Um homem e uma mulher esto loucamente apaixonados, mas no conseguem consu-
mar esse amor. Primeiro, eles interrompem um cerimonial estranho cheio de bispos com os seus
Durao 30 minutos
Sinopse Em uma remota regio montanhosa da Espanha, os habitantes vivem em extrema po-
breza na dcada de 30. Eles sobrevivem sem as mnimas condies, em meio a doenas, desnutri-
El Gran Calavera
Mxico, 1949
Elenco Fernando Soler, Rosario Granados e Rubn Rojo
Durao 87 minutos
Sinopse Um rico vivo e alcolatra sustenta os filhos, o irmo e a cunhada. O irmo faz com que
ele acredite que est falido. Assim, os familiares precisaro arranjar um emprego para se manter.
Durao 85 minutos
Sinopse Nos subrbios da cidade do Mxico, um grupo de jovens delinquentes passa os dias co-
metendo pequenos roubos. Um fugitivo de um reformatrio, por ser mais velho e experiente, se
Durao 78 minutos
Sinopse Um modesto caixeiro-viajante passa por dificuldades econmicas. Um dia, ele encontra
sua esposa com outro homem. E passa a duvidar da paternidade de sua filha. Anos depois deci-
de procur-la.
Roteiro Manuel Reachi, Manuel Altolaguirre, Luis Buuel, Juan de La Cabada e Lilia Solano
Durao 85 minutos
Sinopse A lua de mel de um jovem casal interrompida quando o homem descobre que a sua
me ficou doente. O filho retorna para a casa e constata que seus irmos esto discutindo sobre
a herana. Em uma viagem de nibus para buscar o testamento, o jovem se depara com alguns
Durao 91 minutos
Sinopse Casal recebe a visita de ex-cavalario, criado junto com a esposa e ainda apaixonado por
ela. Ele rico agora e utiliza seu poder para se vingar dos que o desprezaram antes e conquistar a
Durao 90 minutos
Sinopse Ao saberem que o bonde 133, no qual trabalharam durante toda a vida, ser retirado de
servio, indo para o ferro-velho, dois amigos ficam bbados e decidem sequestr-lo. Nesta lti-
es sociais.
Durao 89 minutos
Sinopse Archibaldo presenteado na infncia com uma caixinha de msica que pretensamente
lhe daria poderes para eliminar seus inimigos. Coincidentemente assiste morte de sua ama en-
quanto testa os poderes da caixa e atribui o feito aos poderes desta. Adulto, marcado pelo epis-
dio, ele confessa ao chefe de polcia seus crimes, apresentando-se comoserial killer. Prmio Ariel,
Nazarin (Nazarn)
Mxico, 1959
Elenco Francisco Rabal, Marga Lpez e Rita Macedo
Durao 94 minutos
Sinopse O padre Nazarin tenta viver de forma honesta, segundo os princpios cristos. Humilde,
porm idealista, ele acaba abrigando Andara, uma prostituta que est fugindo da polcia e eles
Viridiana
Espanha/Mxico, 1961
Elenco Silvia Pinal, Francisco Rabal e Fernando Rey
Durao 90 minutos
Sinopse A novia Viridiana faz uma visita ao seu tio moribundo, atendendo a um pedido do pr-
prio. O pervertido homem, obcecado pela beleza da jovem, tenta seduzi-la de todas as formas.
Durao 95 minutos
Sinopse Um casal da elite da sociedade convida um grupo de amigos para um jantar em sua luxuo-
sa manso. Mas, depois do evento, eles descobrem que esto presos em uma sala. No h nada f-
sico que os prenda ali, mas ningum consegue sair do local. Seleo Oficial do Festival de Cannes.
Sinopse Uma camareira conseguiu emprego trabalhando para a famlia Monteil, que tem certas
peculiaridades. A patroa frgida, mas seu marido est sempre caando animais ou mulheres. O
pai de Madame Monteil tem um fetiche: sapatos femininos, e logo faz a camareira usar um deles.
Sinopse Uma jovem rica e bonita, porm infeliz. Ela ama seu marido, um mdico, mas eles no
so to ntimos quanto ela deseja. Ela procura um discreto bordel para realizar suas fantasias
erticas e conseguir o prazer que seu marido no consegue lhe dar. Vencedor do Leo de Ouro de
Durao 98 minutos
Sinopse Dois peregrinos saem para uma jornada pelo caminho de Santiago de Compostela, e
com Jesus, a Virgem Maria e at o prprio Diabo. Prmio Especial no Festival de Berlim.
Durao 95 minutos
Sinopse Aps a morte da me, uma rf entregue aos cuidados do respeitado Don Lope. O rela-
cionamento da jovem com o tutor vai se modificando, ele a seduz e os dois logo se tornam aman-
tes. Com a chegada de um jovem, o relacionamento do casal abalado. Indicado ao Oscar de Me-
Sinopse Seis pessoas da classe mdia burguesa se renem para jantar, mas so constantemente
interrompidos por uma srie de estranhos acontecimentos. Mistura de situaes reais da histria
com os sonhos e devaneios dos personagens, o filme se passa apenas durante uma tarde. Vence-
Sinopse No h uma narrativa em especial e sim situaes surreais, que comeam com o fants-
tico relato que se passou em Toledo, Espanha, em 1808. Um oficial de um exrcito napolenico
quis levar para a cama uma morta, mas ao abrir o caixo a falecida tinha um rosto que conserva-
va todo o seu frescor. Prmio de Melhor Filme Estrangeiro para Associao de Crticos e Jorna-
listas da Itlia.
Sinopse Um homem rico e sofisticado, que est entrando na 3 idade, tenta obsessivamente ga-
nhar os afetos de uma jovem de 18 anos. Assim ela manipula o desejo carnal dele e cada um ten-
ta ganhar absoluto controle sobre o outro. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Ro-
teiro Adaptado.
Ag r a d e c i m e n to s
Andre Vital
Eidil Fonseca
Filmoteca Espanhola
Marcelo Laffitte
Octvio Bezerra
Crditos
Curadoria
Sylvia Palma
Produo Executiva
Breno Lira Gomes
Assistente de Produo
Daniela Barbosa
Secretria de Produo
Glria Pereira
Projeto Grfico
Guilherme Lopes Moura
Web Designer
Fernando Alvarez
Marketing
Daniela Barbosa
23 de agosto a 4 de setembro de 2016
Monitoria
CAIXA Cultural Rio de Janeiro
Urion Castilho
Cinema 1
Yasmin Cavalcanti
Av. Almirante Barroso, 25, Centro
Alimentao Tel: 21 3980-3815
Silvia Nascimento
Vinheta
Fernanda Teixeira www.caixacultural.gov.br
Baixe o aplicativo CAIXA Cultural
Assessoria de Imprensa facebook.com/CaixaCulturalRioDeJaneiro
Mariana Bezerra
www.mostraluisbunuel.com.br
Gabi Moscardini
www.facebook.com/mostraluisbunuel
Registro Fotogrfico Alvar de Funcionamento da CAIXA Cultural RJ:
Miguel Pinheiro n 041667, de 31/03/2009, sem vencimento.
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